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Ilustração da capa: Imagem gratuita “Designed by Freepik”

Edição da imagem: Maria Gabriela da Silva

UMA BÚSSOLA, VÁRIOS CAMINHOS:

CADERNO DE ATIVIDADES COM SUGESTÕES PARA UTILIZAR A

ABORDAGEM TRIANGULAR NAS AULAS DE ARTE


MARIA GABRIELA DA SILVA
ANA CAROLINA RIGONI CARMO

UMA BÚSSOLA, VÁRIOS CAMINHOS:

CADERNO DE ATIVIDADES COM SUGESTÕES PARA UTILIZAR A

ABORDAGEM TRIANGULAR NAS AULAS DE ARTE

1ª EDIÇÃO

RIO DE JANEIRO, 2020


COLÉGIO PEDRO II

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA

BIBLIOTECA PROFESSORA SILVIA BECHER

CATALOGAÇÃO NA FONTE

S586 Silva, Maria Gabriela da


Uma bússola, vários caminhos: caderno de atividades com sugestões
para utilizar a abordagem triangular nas aulas de arte / Maria Gabriela da
Silva; Ana Carolina Rigoni Carmo. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Imperial Editora,
2020.
57 p.

Bibliografia: p. 53-54.

ISBN: 978-65-5930-085-3.

1. Arte – Estudo e ensino. 2. Arte na educação. 3. Artes


(Linguagem). 4. Abordagem triangular. I. Carmo, Ana Carolina Rigoni. II.
Título.

CDD 707

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Simone Alves – CRB-7: 5692.


Resumo

O produto educacional “Uma bússola, vários caminhos: Caderno de atividades com


sugestões para utilizar a Abordagem Triangular nas aulas de Arte” é resultado da
pesquisa “Ensino de Arte: Contribuições sobre a prática da Abordagem Triangular em
Teresópolis-RJ”, realizada no Mestrado Profissional em Educação Básica do Colégio
Pedro II. Trata-se de um aporte pedagógico para docentes da área de Arte e afins, no
intuito de auxiliá-los na construção de seus planejamentos e práticas de ensino
baseados na Abordagem Triangular (BARBOSA, 1994, 2010, 2014) em sala de aula.
Apresenta quatro atividades independentes abarcando o uso de imagens em Artes
Visuais e Música e desenvolvidas a partir das potencialidades apontadas no trabalho de
campo com professores de Arte da Rede Pública Municipal de Teresópolis-RJ,
comparadas à literatura que fundamenta a pesquisa, considerando também limitações
que o ambiente escolar impõe à prática pedagógica. A aplicabilidade das quatro
atividades foi avaliada por pares em oficina aberta a docentes e público em geral na Pró-
Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura (PROPGPEC), em São Cristóvão-
RJ, nos dias 19 e 26 de Novembro de 2019, cujas observações e sugestões ajudaram a
delinear o formato final deste produto educacional. As atividades destinam-se,
inicialmente, aos quatro anos finais do ensino fundamental mas é um convite a qualquer
viajante.

Palavras-chave: Arte-Educação; Ensino Fundamental; Linguagens Artísticas; Abordagem


Triangular.
SUMÁRIO

Apresentação 6

Abordagem Triangular, uma bússola 11

Atividade 01: Ditado com Imagens 19

Atividade 02: Cartão-Postal 26

Atividade 03: Retrato, Autorretrato e Selfie 36

Atividade 04: Paciência 44

Algumas palavras finais 53

Referências 54

Anexos 56

Fonte da ilustração: Designed by Freepik


APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Professor(a)
O produto educacional aqui apresentado faz parte da pesquisa “Ensino de Arte:
Contribuições sobre a prática da Abordagem Triangular em Teresópolis-RJ”
desenvolvida para o Mestrado Profissional em Práticas de Educação Básica (MPPEB), do
Colégio Pedro II, Campus São Cristóvão, entre os anos 2018 e 2020. Sua compreensão e
aplicabilidade independem da leitura da dissertação final da pesquisa, mas se enriquece
somado a ela.
O objetivo do Mestrado Profissional na área de Ensino é aproximar a produção
teórica acadêmica à prática em sala de aula e seu reverso, identificando questões de
estudo que possam ser pesquisadas no âmbito escolar e fomentadoras de propostas de
ação sobre o tema abordado por meio da construção de um produto educacional.

Os Mestrados Profissionais da Área de Ensino não são variações ou


adaptações dos Mestrados Acadêmicos já existentes na Área; são
intrinsecamente diferentes. Seu foco está na aplicação do conhecimento, ou
seja, na pesquisa aplicada e no desenvolvimento de produtos e processos
educacionais que sejam implementados em condições reais de ensino.
(CAPES, 2012, não paginado)

Essa orientação ancorou minha pesquisa sobre Abordagem Triangular


(BARBOSA, 1994, 2014, 2010) na figura do professor, pois acredito que ouvir suas
experiências no magistério seja uma forma de oportunizar trocas de saberes entre esses
profissionais. E trocar saberes é fundamental para atualizações em nossa profissão.
Além disso, acredito que um professor estimulado a novas leituras e práticas de ensino
acaba levando esse conhecimento às suas salas de aulas e alunos.
O produto educacional ‘‘Uma bússola, vários caminhos: Caderno de atividades
com sugestões para utilizar a Abordagem Triangular nas aulas de Arte’’ é resultado de
pesquisa bibliográfica sobre os pressupostos da Abordagem Triangular, de trabalho de
campo com professores de Arte da Rede Pública Municipal de Teresópolis-RJ, sistema
de ensino que faço parte enquanto docente, e, das minhas próprias percepções
enquanto professora-pesquisadora. Todos, cada um com seus olhares e bagagem
profissional, contribuíram para a conclusão dessa pesquisa aplicada.

6
O caderno de atividades foi pensado, a princípio, para ser uma contribuição à
prática do ensino em Arte de outros docentes da área, pois muitos professores
gostariam de tentar propostas pedagógicas diferentes em suas aulas ou são iniciantes
no magistério, com dúvidas sobre como trabalhar conteúdos em sala de aula.
Entretanto, no decorrer da pesquisa, ao analisar os dados do Censo da Educação
Básica de 2019 feito pelo INEP sobre a formação docente e a respectiva atuação no
magistério desses profissionais, me deparei com números preocupantes sobre o perfil
do professor que leciona Arte no Brasil sem a formação acadêmica necessária,
representados no gráfico a seguir pelos grupos 2, 3, 4 e 5.

Adequação da formação em Arte


Anos Finais - Censo 2019

10,2% Grupo 1
6,2% Grupo 2
37,4% Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
40,5%
5,7%

Fonte: Feito pela autora a partir de dados do INEP, 2020.

Enquanto os professores com licenciatura na disciplina que atua ou bacharelado


na área com complementação pedagógica constituem o grupo 1, concentrando
percentual de profissionais com formação adequada para atuação docente que
exercem, a soma dos grupos 2, 3, 4 e 5 - profissionais que não possuem formação
adequada para lecionar Artes no segundo segmento – expressam 62,6 % no território
nacional.
No entanto, o cômputo mais preocupante é formado pelos indicadores dos
grupos 3, 4 e 5, pois equivalem docentes sem nenhuma formação específica em Arte:
(grupo 3) 40,5% possuem licenciatura em outra área distinta de Artes, ou é bacharel em
disciplinas da base comum com complementação pedagógica distinta da área que
trabalha; (grupo 4) 6,2% possuem outras formações superiores diferentes dos grupos
anteriores; e (grupo 5) 10,2% são profissionais que não possuem formação em nível

7
superior. O grupo 2 concentra 5,7% possuem graduação na área na forma de
bacharelado, sem possuir licenciatura ou complementação pedagógica.
Diante do fato de tantos profissionais da educação atuarem na disciplina Arte
sem a formação adequada – licenciatura em uma das quatro linguagens artísticas (Artes
Visuais, Música, Teatro ou Dança) - este produto educacional atinge também esse
público, podendo ser útil para tais educadores que o censo demonstrou existir.
Cria a oportunidade, apesar do docente não possuir formação condizente para lecionar
a disciplina Arte, ter ao menos uma orientação teórico-prática pertinente à
conscientização artística-cultural crítica do aluno.
A intenção inicial era construir um produto educacional baseado nos
pressupostos da Abordagem Triangular junto às interpretações de seu uso pelos
professores de Arte da Rede Pública Municipal de Teresópolis-RJ, assim como as minhas
considerações, que trariam o olhar real da sala de sala às propostas presentes no
caderno de atividades. Infelizmente, não houve entre os docentes pesquisados
representantes de duas linguagens artísticas - Teatro e Dança - ficando uma lacuna
quanto às percepções e usos da Abordagem Triangular em suas áreas de formação.
Portanto, as atividades que constituem esse produto educacional baseiam-se nas Artes
Visuais (três atividades) e na Música (uma atividade) como linguagens para utilização de
imagens nos ambientes escolares.
Por sua vez, a articulação entre as linguagens Artes Visuais e Música, presente
em uma das atividades propostas no produto educacional, encontra-se fundamentada
pela unidade temática Artes Integradas da Base Nacional Curricular Comum (BNCC),
uma oportunidade interdisciplinar e de diálogo entre docentes de linguagens artísticas
diferentes, caso existam na escola. Tal atividade atende a um dos objetos de
conhecimento propostos para Artes Integradas – processos de criação – cuja habilidade
é “analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas
linguagens artísticas” (BRASIL, 2017, p. 211).
Trata-se de um aporte pedagógico constituído por 04 (quatro) atividades
independentes aplicáveis em sala de aula, baseadas na triangulação das ações ler,
contextualizar e fazer - conceitos da Abordagem Triangular, sistematizada por Ana Mae
Barbosa. As atividades apresentam conteúdos da disciplina Arte em associação a outras
questões presentes no cotidiano escolar, como uma forma de aproximar aquilo que se

8
estuda do dia-a-dia, da experiência discente enquanto partícipe de seu processo de
aprendizado (FREIRE, 2013). Assim, os temas subsidiaram o nome e o devir das
atividades, a seguir:

Nº da Atividade Nome da Atividade Tema

1 Ditado com Imagens Artes Visuais, Linguagens Artísticas e Escola

2 Cartão-Postal Artes Visuais e Cidade

3 Retrato, Autorretrato e Selfie Artes Visuais, Pessoas e Identidades

4 Paciência Artes Visuais, Música e Relações Cotidianas

Fonte: A autora com base nos dados da pesquisa vinculada ao produto educacional, 2020

A elaboração das atividades se baseou em algumas considerações apontadas na


pesquisa e importantes para o entendimento e prática da Abordagem triangular em
potencial, como a questão do fazer não ser sinônimo de releitura, a triangulação não
possuir hierarquia, os eixos interligados, a História da Arte não ser linear, ajudando a
desconstruir interpretações equivocadas que a Abordagem Triangular adquiriu ao longo
de sua experimentação no âmbito escolar:

Os principais enganos de interpretação da Abordagem/Proposta Triangular


não encontrei em teses ou dissertações, mas na prática de professores de
Arte ou em mal-intencionadas reformulações de caráter destrutivo. Trata-se
da identificação da Abordagem/Proposta Triangular com a releitura e do uso
da releitura como cópia. (BARBOSA, 2014, p. XXIX)

Cada atividade abarcou diferentes recursos visuais como meio de trabalhar a


alfabetização visual nas escolas, potencialidades apontadas na pesquisa, evidenciando
que o estudo da imagem não está restrito aos livros didáticos, mas a outros meios de
informação e comunicação presentes na Cultura Visual. A primeira atividade baseia-se
em desenhos e livros, a segunda em fotografias, a terceira em pinturas e desenhos e a
quarta utiliza-se de jornais, vídeo e música.

9
Estamos submersos em uma sociedade imagética, onde somos
constantemente produzidos por imagens. As imagens contribuem para a
composição dos olhares sociais e através delas percebemos as diversas
identidades e representações. Produzimos e interagimos com imagens que
expressam aquilo que pensamos sobre as coisas. (NUNES, 2010, p. 12)

Além de potencialidades, a pesquisa apresentou limitações do uso da


Abordagem Triangular no ambiente escolar, dado sensível mas de fundamental
importância, pois quem vivencia o cotidiano escolar sabe que muitos fatores pesam nas
escolhas das atividades a serem levadas às salas de aulas: espaço físico, materiais, tempo
de aula, perfil discente, entre outros. Este caderno de atividades levou em conta essas
limitações reais apontadas na pesquisa sobre ensino para propor um material acessível
a diferentes contextos educacionais.
As atividades são direcionadas do 6º ao 9º ano, séries que compõem o segundo
segmento do ensino fundamental. Todavia, por mais que a sugestão da atividade seja
para uma série em questão, o professor que desejar experimentá-la em suas salas de
aula terá total autonomia para formular adaptações ao seu contexto escolar. O objetivo
é justamente esse, lembrando uma fala de Barbosa (2010, p. 10) ao justificar a
adaptabilidade da Abordagem Triangular: “Trata-se de uma abordagem flexível. Exige
mudança frente ao contexto e enfatiza o contexto”. Além disso, cada atividade propõe,
além da sua descrição em si, outros caminhos para que novas relações possam existir.
Não pretende ser um material estanque, sem espaço para outros olhares e
caminhos; o intuito é a troca de reflexões e experiências docentes entre professores.
Portanto, não tem gabaritos. Convido vocês a conhecer a Abordagem Triangular e
vivenciar as quatro atividades em suas salas de aulas ...
Com carinho,
Prof.ª Maria Gabriela da Silva

10
Abordagem Triangular, uma bússola.

A Abordagem Triangular é, assim, um ponto de


partida, e principalmente uma espécie de bússola e
não uma bula, o que faz toda a diferença.
(MACHADO, 2010, p. 73)

Em 1991 Ana Mae Barbosa lançou a primeira edição do livro “A Imagem no


Ensino da Arte: anos oitenta e novos tempos”. A obra apresentava os pressupostos do
que hoje conhecemos por Abordagem Triangular, ou seja, uma proposta pós-moderna
que compreende a epistemologia da arte como interligação de três práticas necessárias
para a construção de um conhecimento crítico em Arte: leitura, contextualização e fazer
artístico. Sobre a tônica de sua proposta Barbosa (2014, p.4) disse neste livro: “busco
uma abordagem que torne a arte não só um instrumento do desenvolvimento das
crianças, mas principalmente um componente de sua herança cultural”.
Nos anos de experimentação que ajudaram a autora a sistematizar a diretriz
teórico-prática em três ações interligadas – ler, contextualizar, fazer – e no livro
publicado em 1991, difusor ao grande público dos pressupostos triangulares, a teoria foi
chamada de Metodologia Triangular (BARBOSA, 1992), termo que a autora ressignificou
adiante, pelo retorno de experiências docentes e pela resiliência da própria Ana Mae
Barbosa, ao perceber e reconhecer que metodologia compete à escolha do professor.

A metodologia de análise deve ser de escolha do professor e do fruidor, o


importante é que obras de arte sejam analisadas para que se aprenda a ler a
imagem e avaliá-la; esta leitura é enriquecida pela informação acerca do
contexto histórico, social, antropológica etc. (BARBOSA, 2014, p. 39)

A Abordagem Triangular foi experimentada no XIV Festival de Inverno em


Campos de Jordão-SP e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
(MAC-USP), onde a Ana Mae Barbosa sistematizou as ações triangulares de ler,
contextualizar e fazer, por meio de um programa intercultural onde a presença da
imagem era imprescindível para praticar leitura visual.
Segundo a autora, confabularam para a sistematização da Abordagem Triangular
três concepções educacionais artísticas: o DBAE, o Critical Studies e as Escuelas al Aire
Libre. Refutando críticas de que a Abordagem Triangular seria uma apropriação do

11
DBAE, Barbosa explicita que a AT é a proposta pós-moderna para a arte-Educação do
Brasil, enquanto o DBAE é a norte-americana, o Critical Studies a inglesa.
A principal questão defendida na Abordagem Triangular era a necessidade de
apresentar/utilizar imagens como meio de promover no leitor (aluno) experiências para
uma alfabetização visual, viabilizando uma formação artístico-cultural crítica. No
entanto, a presença de imagens (obras de artes) no ensino de Arte à época dos primeiros
passos da Abordagem Triangular era controversa no momento histórico da disciplina,
inclusive sendo rechaçada por muitos arte-educadores no final dos anos oitenta. Estes
ainda apresentavam influências da concepção moderna de Arte-Educação, herança da
Semana de Arte Moderna de 1922, do Movimento Escolinhas de Arte (1948) e da Escola
Nova, interpretadas, nem sempre, na proposta original.
Referindo-se ao cenário de ensino de Arte nesse período no Brasil, quando a
disciplina era denominada Educação Artística (LDB/1971), Azevedo (2010, p.84) diz sua
“versão”:
Eis aqui a minha versão da história: a Abordagem Triangular surgiu em um
tempo de pasteurização da ideia de livre expressão reforçada pela
representação do arte/educador como o mago das técnicas, estimulador da
sensibilidade, (...) era apenas uma figura que “decorava” as festas escolares e
comemorava o dia do folclore; aquele que, aos olhos dos colegas de
matemática, língua portuguesa, história e geografia, era visto como menos
importante, pois a Arte não era pensada nem como conhecimento nem como
cultura e sim, como mera atividade que não exigia esforço intelectual – era
fundamentada apenas em uma vaga ideia de criatividade.

A Abordagem Triangular criou condições pedagógicas para democratizar o


acesso de imagens de obras de arte nas escolas públicas, assim como a inserção da
História da Arte e outras contextualizações teóricas à disciplina. Junto da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação de 1996, que garantiu a obrigatoriedade da disciplina
Arte no currículo da Educação Básica, as ações triangulares “ler, contextualizar, fazer”
ajudaram a legitimar o papel docente no ensino de Arte na escola, assim como suas
metodologias, ressignificando os modelos de ensino e de aula em Arte-Educação.
Por concepção pedagógica para o ensino de Arte a Abordagem Triangular trazia
um olhar pós-modernista, ou seja, questionava as diretrizes modernistas vigentes na
arte-educação, sobretudo, em seu aspecto exagerado de conferir a auto-expressão
como único caminho para conhecer e praticar arte. Não desprezava as contribuições
modernistas mas propunha um fazer artístico mediado por outras duas ações

12
interligadas: ler e contextualizar imagens. Para Ana Mae Barbosa (1992, 2014) o
trabalho prático isolado não consegue dar ao aluno o conhecimento artístico necessário
para julgar qualidades de imagens de obra de arte ou produzidas pela cultura visual
cotidiana.

(...) as imagens são mediadoras de valores culturais e contém metáforas


nascidas da necessidade social de construir significados. Reconhecer essas
metáforas e seu valor em diferentes culturas, assim como estabelecer as
possibilidades de produzir outras, é uma das finalidades da educação para a
compreensão da cultura visual. (HERNANDEZ, 2000, p. 133)

Assim, como a produção artística sozinha não contribui para criar experiências
estéticas, as ações de contextualizar e ler uma obra/imagem também não traduzem
individualmente saberes sobre como se ensina e como se aprende Arte. Sua condição
epistemológica, segundo Barbosa (2014), só seria possível articulando as três ações.
Ferraz e Fusari (1999) explanam que no ensino de Arte no ambiente escolar
brasileiro coexistem várias tendências filosóficas e pedagógicas, onde uma abordagem
nem sempre substitui a anterior, acabam se misturando no mesmo espaço escolar,
apesar de representarem concepções de diferentes momentos históricos.
Assim, o exercício de ver e copiar fielmente modelos artísticos tão prezado pela
Escola Tradicional no início do século XX, a livre expressão defendida pela Escola Nova,
a repetição para alcançar a precisão praticada pela Educação Tecnicista da LDB/1971 e
o espontaneísmo genuíno discente defendido pelo “deixar fazer”1 após o período militar
no Brasil confabulavam nos chãos de escolas e nos pensamentos didáticos docentes no
final dos anos oitenta e início da década de noventa.
A Abordagem Triangular foi um questionamento ao modelo de Arte-Educação
que vigorava nas escolas – o modernista - ao defender um ensino que visava
compreensão artística e cultural cidadã, onde o aluno seria convidado a três ações
intrínsecas – leitura, contextualização e fazer, sendo esta última, complementada por
leituras de imagens e contextualizações de diversas naturezas do conhecimento
humano, diferenciando-se do “deixar fazer” da concepção modernista no Brasil.

1
Interpretação equivocada da concepção “Livre-expressão”, segundo Azevedo (2010, p.84), baseada nos
pensamentos de Herbert Read e Viktor Lowenfeld, base teórica das Escolinhas de Arte no Brasil, criadas
a partir de 1948.

13
Os professores de Arte vinham de uma formação polivalente, consequência da
implementação da LDB/1971, que tornou a disciplina Educação Artística obrigatória no
currículo das escolas brasileiras sem haver profissionais formados com licenciatura na
área para tal laboro. Não havia faculdades em Arte em 1971, sendo as primeiras abertas
em 1973, formando professores de Arte em dois anos, a chamada licenciatura curta, e
com perfil polivalente – eram responsáveis por ensinar diferentes linguagens artísticas.
A reação adversa ao novo – a Abordagem Triangular – por arte-educadores é
compreendida por Barbosa (2014) como protesto ao que não foram ensinados nos
cursos polivalentes na Educação Superior, já saturados pela múltipla e precária
formação: Artes Visuais, Música, Teatro, Desenho, Dança e Desenho Geométrico, ao
mesmo tempo, em única graduação. Desta forma, as incompreensões docentes sobre
levar imagens às salas de aulas para serem lidas pelos alunos e interpretadas em suas
criações artísticas explicam-se, em parte, por não terem tido em suas graduações aulas
sobre como e porque promover leitura de imagens aos alunos, como forma de
alfabetização visual.
A denominação ler utilizada na Abordagem Triangular expressa o
desdobramento de interrogar as imagens em nosso cotidiano, aquelas que são
apresentadas e/ou se mostram por si, não se restringindo apenas aos recintos escolares.
Significa ir além da ação biológica de olhar (PILLAR, 2012), ação praticada sem nos
darmos conta do que vimos. Ler é um desvelar de outras experiências cognitivas,
inclusive sensoriais, dando sentidos e significados às imagens no mundo.

Leitura da obra de arte é questionamento, é busca, é descoberta, é o


despertar da capacidade crítica, nunca a redução dos alunos a receptáculos
das informações do professor, (...). A educação cultural que se pretende com
a Proposta Triangular é uma educação crítica do conhecimento construído
pelo próprio aluno, com a mediação do professor, acerca do mundo visual e
não uma " educação bancária". (BARBOSA, 1998, p.40)

Um dos caminhos possíveis da contextualização é a História da Arte, mas sua


apresentação linear não configura-se para Ana Mae como a mais apropriada, pois a
intenção de “contextualizar é estabelecer relações” (1998, p. 38). Relações que podem
ser interdisciplinares, multiculturais, interculturais; o que se almeja ao contextualizar é
que o conhecimento artístico seja percebido pelo aluno como algo dinâmico, em
contínua transformação e inserido nas estruturas sociais. Assim, a obra de arte ou outra

14
imagem é apresentada ao leitor contemporâneo (de qualquer época) com direito de
interpretá-la na atualidade, sendo participante das relações entre contextos, e que
estes, históricos ou de outras naturezas, não sejam narrados, sempre narrados, como
disse Paulo Freire (2013) em crítica à educação bancária.

Nossa concepção de história da arte não é linear mas pretende contextualizar


a obra de arte no tempo e explorar suas circunstâncias. Em lugar de estarmos
preocupados em mostrar a chamada “evolução” das formas artísticas através
do tempo, pretendemos mostrar que a arte não está isolada de nosso
cotidiano, de nossa história pessoal. Apesar de ser um produto da fantasia e
imaginação, a arte não está separada da economia, política e dos padrões
sociais que operam na sociedade” (BARBOSA 2014, p.20)

Por sua vez, o conceito do fazer artístico, mantenedor da necessidade


modernista da expressão pela prática, adquire status de produção artística crítica, pois
está atrelado à conscientização da leitura visual e sua contextualização. Torna-se,
portanto, uma ação reflexiva e não apenas expressiva, como era na livre-expressão. Para
Barbosa, há uma certa confusão interpretativa desse eixo nos ambientes escolares - sua
equiparação ao exercício da releitura. Ana Amália Tavares Bastos Barbosa (2010, p. 144)
relata o seguinte sobre a palavra releitura:

E o fazer? Como ficou o fazer nessa nova abordagem do ensino da arte? Ficou
sendo a tal da releitura, mas de onde veio? Quem inventou? Conversei com
inúmeras pessoas que trabalham com releitura, professores/as de sala de
aula, e perguntei-lhes de onde vinha essa tal da releitura. Todos me disseram
que era da abordagem triangular. Li e reli o livro A imagem no ensino da arte,
da professora Ana Mae Barbosa, com a intenção de encontrar um momento
em que ela falasse dessa tal releitura. Não encontrei no texto, mas nas
legendas dos desenhos das crianças. Conversando com a própria Ana Mae
sobre a origem do termo releitura, ela me disse que provavelmente da
prática, do trabalho diário no museu.

O eixo triangular “fazer” não é sinônimo de releitura, sendo esta uma das
possibilidades dessa produção artística. Entretanto, reler uma obra requer que o
produto resultante desse processo seja algo transformado, recriado.
Quando escreveu o livro “A Imagem no Ensino da Arte: anos oitenta e novos
tempos”, entre 1989-1990, e publicado em 1991, Ana Mae Barbosa (2014, p.35) narrava
como o ensino de Arte estava sendo entendido e praticado na época. Portanto, em sua
fala “No Brasil tem dominado no ensino das artes plásticas o trabalho de atelier, isto é,
o fazer arte”, a autora se referia à prática da livre-expressão como vertente pedagógica.
Ao ler a mesma obra hoje, temos que relativizar tal passagem de tempo mas refletir

15
sobre quais mudanças ocorreram de fato nos ambientes escolares na
contemporaneidade. Desta reflexão perceberemos a pertinência dos pressupostos da
Abordagem Triangular nos dias de hoje e reinterpretá-la em novos horizontes.
Rizzi (2014, p. 338) apresenta seis sequências possíveis para experimentar os
eixos triangulares, flexibilizando os arranjos da Abordagem Triangular, uma
potencialidade a ser mais experimentada nas salas de aula, rearranjos que fazem parte
da minha experiência docente e presentes nesse produto educacional, através de quatro
atividades com distintas triangulações de ler, contextualizar, fazer.

Seis possibilidades de articulações triangulares segundo RIZZI (2014)

Sequência 01 Ler Fazer Contextualizar

Sequência 02 Fazer Ler Contextualizar

Sequência 03 Contextualizar Fazer Ler

Sequência 04 Ler Contextualizar Fazer

Sequência 05 Contextualizar Ler Fazer

Sequência 06 Fazer Contextualizar Ler

Fonte: Adaptado pela pesquisadora a partir do texto de RIZZI (2014, p.338). No texto
original a autora chama a ação de ler como “apreciar”

Estes múltiplos caminhos que as ações triangulares permitem ao mediar o


conhecimento artístico reforça a ideia da Abordagem Triangular não ser uma
metodologia fechada destinada ao uso docente em sala de aula, e sim uma diretriz
teórico-prática, pois ao articular leitura, contextualização e fazer à linguagem artística
Artes Visuais, Música, Teatro ou Dança, cada professor terá como interpretá-la às suas
aspirações pedagógicas, sendo, portanto, uma bússola para o ensino de Arte.
A metáfora da bussola dada à Abordagem Triangular e utilizada como norteadora
para esse produto educacional veio do texto “Sobre mapas e bússolas: apontamentos a
respeito da Abordagem Triangular” (MACHADO, 2010), presente no livro “A Abordagem
triangular no ensino das artes e culturas visuais”, organizado por Ana Mae Barbosa e
Fernanda Pereira da Cunha.
16
Fonte: Imagem gratuita do site Canva editada pela autora

De acordo com Regina Stela Machado a Abordagem Triangular não foi bula para
os arte-educadores no final dos anos oitenta e também não será na atualidade –
continua exigindo de quem a utiliza reinvenção e interpretações ao contexto de uso.
Por não propor um caminho único apresenta a condição plural como potencializadora
de novas possibilidades de se guiar pela leitura, contextualização e fazer, onde o norte
aponta para a necessidade da alfabetização visual crítica discente.

Uma bússola é extremamente útil nas mãos de alguém que que sabe que está
a caminho, que se sabe um viajante e que se dispõe a enfrentar obstáculos e
descobertas a cada instante, porque uma determinada intenção anima cada
passo e cada parada. Nas mãos de alguém que não está preparado para viajar,
uma bússola é inútil. (MACHADO, 2010, p. 73)

A metáfora da bússola nos mostra os múltiplos caminhos possíveis para quem se


aventurar na triangulação ler, contextualizar, fazer, sobretudo, evidencia que partir para
algum lugar depende da escolha de quem quiser sair do lugar. Seus três componentes
triangulares, por mais que expressem conceitos e significados nas ações interligadas,
exigem desdobramentos e escolhas individuais dos professores que os utilizam como
bússola para um saber artístico.
A Abordagem Triangular não serve para quem quer um manual, nem tem
caráter prescritivo. Requer o espírito livre, a disciplina investigativa e a
disposição corajosa para perceber o que se anuncia ao longo dos passos no
caminho, o que o mapa não mostra e a bússola não define: as escolhas e a
intenção do viajante. (MACHADO, 2010, p. 79)

Assim, este viajante terá nesta obra quatro opções de caminhos a serem
experimentados com seus alunos - oportunidades de descobertas e reinterpretações.

17
18
Fonte: Imagem gratuita do site Canva editada pela autora
 Tema: Artes Visuais, Linguagens Artísticas e Escola
 Descrição: ditado realizado pela pronúncia de palavras aleatórias ou de
determinado assunto, onde o aluno deverá desenhar o que cada palavra o fez
lembrar. Com as imagens desenhadas, será criado um livreto.
 Série sugerida: 6º ano, podendo ser adaptada para outras séries.
 Recursos Didáticos: caderno do aluno ou folha branca (ofício ou A4), lápis de
escrever, borracha, caneta esferográfica, canetinha, lápis de cor e/ou giz de cera.
 Duração: quatro aulas de 50 minutos cada
 Objetivos da atividade: incentivar o uso das imagens para construção de
pensamentos, narrativas e valorizar a leitura de livros.

Contexto da Atividade
A atividade “Ditado com Imagens” foi elaborada há alguns

Fonte da ilustração: Designed by Freepik


anos da intenção em trabalhar a produção escrita nas aulas
de arte a partir da observação de imagens, abarcando a
ludicidade no processo de escrever histórias pelos
alunos. Também objetivou mostrar que o exercício da
escrita e leitura pelos alunos não deve ficar a cargo de
uma única disciplina, “Português”, podendo a disciplina
“Arte” contribuir nesse processo de ensino-aprendizagem
por meio da criação, observação e interpretação de imagens.
E ao interpretarmos Barbosa (2014, p. 28) ao dizer que “Aprende-se a palavra
visualizando”, esse vocábulo gráfico torna-se imagem na imaginação da criança.
Considerando que histórias (escritas ou orais) podem ser criadas das imagens
que construímos em nossas memórias a partir de experiência sociais, o caminho da
atividade visa traçar “encontros” entre três formas de leituras desse mundo: escrita,
falada, visual. Afinal, como diz Ana Mae Barbosa (Ibid., p. 28), “Não se alfabetiza fazendo
apenas as crianças juntarem as letras. Há uma alfabetização cultural sem a qual a letra
pouco significa”.

19
“Ditado com Imagens” trata-se de um ditado

Fonte da ilustração:
envolvendo palavras escolhidas sobre um determinado

Designed by Freepik
assunto, onde o aluno deve desenhar em seu caderno uma
imagem que lembre cada palavra ditada, de preferência
representativa de uma experiência concreta. Após todas as
palavras serem ditas, o professor solicitará aos alunos que escrevam uma breve história
em forma de livreto com as imagens por eles desenhadas.
A atividade foi sugestionada para o 6º ano de escolaridade e o conjunto de
palavras escolhido para auxiliar o estudo do conceito de Arte, conteúdo apresentado
aos alunos para explicação das especificidades das quatro linguagens artísticas – Artes
Visuais, Música, Teatro e Dança, e onde, geralmente, o professor aborda a
particularidade de sua habilitação acadêmica e conhecimento. A proposta leva em
consideração o imaginário visual do aluno diante de palavras acerca dessas quatro
linguagens, além da percepção de Escola. Mas o tema é apenas uma sugestão de
trabalho, cada professor escolhe o seu de acordo com os conteúdos de seu
planejamento. Assim, as palavras que compõem essa proposta de atividade foram
embasadas pelo tema “Artes Visuais, Linguagens Artísticas e Escola”.
A sequência triangular utilizada nessa atividade foi fazer, ler, contextualizar. O
potencial desse desdobramento triangular encontra-se em realizar a leitura visual na
própria produção artística do aluno, pois, sendo o fazer artístico a primeira ação
triangular realizada, o que foi construído pela turma torna-se objeto de análise e
reflexão visual, tornando as ações de leitura e contextualização um estudo comparado
entre as obras discentes à livros infanto-juvenis. Converge ao pensamento de Ana Mae
Barbosa ao expor a necessidade de perceber o aluno enquanto partícipe no seu processo
de ensino-aprendizagem, e não como receptáculo de informações prontas: “A cognição
em arte emerge do envolvimento existencial e total do aluno. Não se pode impor um
corpo de informações emotivamente neutral” (2014, p. 39).
Assim, “Ditado com Imagens” propicia trabalhar em sala de aula sobre a
importância da imagem no processo de alfabetização de crianças, pois como diz Freire
(1989), aprendemos a ler o mundo antes de o interpretarmos por meio das palavras.
Também aborda entre os alunos como as imagens estão presentes em livros infanto-
juvenis e didáticos através de ilustrações, incentivando o leitor (aluno) a realizar leituras

20
visuais, incentivando o hábito da leitura em livros infantis e juvenis como um todo. Além
disso, o aluno, ao construir sua própria história em formato de livreto poderia se sentir
não somente leitor, mas autor de histórias.

Desenvolvimento da Atividade:
1º tempo de aula
O professor organizará previamente uma lista de palavras de diferentes assuntos
(Exemplo: substantivos, adjetivos, verbos, etc.) ou de grupos específicos de palavras
(Exemplos: palavras do universo escolar; palavras do corpo humano). Em seguida,
explicará à turma que a atividade consiste em um ditado onde palavras serão
pronunciadas e o aluno apenas desenhará o que a palavra o fez lembrar, não podendo
escrever a palavra verbalizada pelo docente.

Exemplo:

Se a palavra ditada for “chuva”, o


discente não escreverá chuva, como
normalmente acontece em ditados; ele
desenhará o que “chuva” o fez lembrar.
Fonte da ilustração: Elaborada pela
autora com recursos do Word

Palavra ditada: Chuva


Imagem desenhada:

Como cada aluno tem seu próprio tempo e lembrará imagens do seu repertório
de vida e experiências, é aconselhável que o professor enumere e escreva as palavras
pronunciadas no quadro, para quem se atrasar um pouco na ação de desenhar não se
perca na atividade ou esqueça de alguma palavra. Lembrando aos alunos que apenas
imagens (desenhos) precisam ser realizadas no caderno; as palavras ditadas não.

21
Fonte da ilustração: Designed by Freepik
A seleção das palavras fica a critério do professor. Se a atividade for desenvolvida
nos sextos anos recomenda-se o máximo de doze palavras, para os alunos não
dispersarem atenção. A pronúncia das palavras depende do termômetro da turma.
Como sugestão, o docente pode fazer um certo suspense, perguntando se os alunos já
estão prontos para a próxima palavra, a fim de despertar mais interesse na atividade.

As Palavras
Fonte da ilustração: Designed by Freepik

Artes Visuais, Museu, Imagem


Música, Voz, Instrumentos
Teatro, Personagem, Palco
Dança, Corpo, Coreografia

Após o ditado das 12 palavras o professor conversará com a turma sobre as


imagens que eles lembraram e desenharam, trocando informações do próprio conteúdo
da matéria, e conhecendo um pouco mais da realidade de seus alunos e suas
experiências de mundo, gostos e preferências artísticas.
O objetivo dessa etapa da atividade é vivenciar por meio das imagens as relações
que temos com as palavras, e o inverso, como as palavras verbalizadas possuem relação

22
com nosso imaginário e experiência de mundo. Assim, o mundo visual está ligado à
produção textual e vice-versa.

2º tempo de aula
Na etapa seguinte ao ditado com palavras, onde cada aluno desenhou imagens
correspondentes a sua experiência e lembranças, estas imagens servirão de repertório
para a criação de um texto. O aluno escolherá seguir a ordem das imagens criadas a
partir do ditado ou poderá utilizá-las a seu critério, na medida em que o texto é
construído e a história ganhe significado.

Vamos imaginar uma situação: a palavra ditada foi “chuva” e o aluno desenhou
“casa”, então “casa” será a palavra utilizada na produção textual, assim como o
desenho, pois, as imagens servirão como ilustrações das histórias criadas por cada
aluno. Ou seja, a palavra ditada foi chuva e o aluno desenhou uma casa, pois pensou
num abrigo que precisa ter quando chove. Então, no texto, deve aparecer a ideia da
casa, que foi o objeto desenhado.
Outro detalhe é que no processo de criação da história outras palavras e
conectivos deverão ser usados para o texto ganhar forma e sentido. Uma forma lúdica
de usar adjetivos, numerais, nomes próprios, entre outros.

23
Quando as histórias estiverem finalizadas no caderno do aluno, o objetivo será
elaborar um livreto com ela. Geralmente utilizo uma folha de papel ofício ou A4
dobradas ao meio na posição horizontal para ser a base do livreto. Na capa o aluno
escolherá o nome de sua história, fará uma ilustração nova que simbolize a narrativa ou
usará os desenhos feitos durante o ditado.

3º e 4º tempos de aula
A última etapa da atividade será um sarau literário, onde cada aluno terá
oportunidade de apresentar seu livreto e ler a história por ele criada. O evento poderá
ser exclusivo de cada turma, abranger as turmas da série que realizaram a atividade ou
extensivo à escola como um todo, se outros professores adotarem o projeto “Imagens
e textos” e trabalharem outras atividades em suas turmas.
Seria oportuno no dia do sarau que outros livros infanto-juvenis estivessem
expostos no recinto, para manuseio, leitura e outras descobertas pelos alunos ali
presentes. O sorteio de alguns títulos engrandeceria o evento e fecharia a atividade
proposta com chave de ouro.

Outros caminhos
 Ensaiar e encenar a história criada a partir do ditado com imagens;
 Conhecer e interpretar livros onde a história é contada somente por imagens, sem
palavras escritas;
 Realizar o ditado mostrando apenas imagens de objetos, lugares, animais, caso
queira trabalhar grupos temáticos;
 Criar personagens infanto-juvenis a partir das próprias características discentes;
 Gravar a voz do aluno narrando a história criada, como um áudio-book, intercalando
os momentos com sonoplastia.

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25
Fonte: Fotografia
Fonte: Fotografia dopessoal
do acervo acervo da
pessoal da autora
pesquisadora
 Tema: Artes Visuais e Cidade
 Descrição: elaboração de cartão-postal a partir de fotografias realizadas pelos
alunos em trabalho de campo para observar a natureza
 Série sugerida: 8º ano
 Recursos Didáticos: Smartphone ou celulares, editor de imagens, caderno discente,
modelo em branco de cartão-postal, exemplares físicos ou digitais de cartões-
postais.
 Duração: 3 aulas de 50 minutos cada2
 Objetivos da atividade: Observar a cidade e a natureza como campo de estudo;
conhecer a história e valorizar paisagens regionais; pesquisar e descrever o lugar
escolhido; valorizar para preservar os cenários fotografados.

Contexto da Atividade
A atividade “Cartão-Postal” foi desenvolvida a partir de duas experiências
advindas do exercício escolar ao trabalhar o movimento artístico Impressionista,
utilizando a Abordagem Triangular por meio dos seus eixos ler, contextualizar, fazer.
Para mostrar aos alunos os preceitos Impressionistas e a ruptura com os moldes
acadêmicos na virada do século XIX para o XX, era necessário perceber a luz natural solar
interferindo sobre as paisagens e objetos, modificando as “cores” de suas superfícies.
Observar a natureza ao ar livre, como os artistas impressionistas inovaram e fizeram,
seria fundamental para os alunos compreenderem como ao longo de um dia a incidência
de luz natural modifica a recepção de “cor-luz” em nossos olhos.
Da impossibilidade de passar um dia inteiro com a turma para realizar essa
experiência empírica ao ar livre e em diferentes localidades geográficas, a solução foi
propor que cada aluno a fizesse em seu cotidiano e registrasse, se possível, as paisagens
observadas por meio de fotografias digitais. Assim, as fotografias tiradas pelos alunos
por meio de seus smartphones conferiu ao componente fazer artístico o início da
atividade, e não o final, como muitas vezes é feito de forma errônea na interpretação
prática da Abordagem Triangular. A contextualização, baseada na História da Arte, foi

2
Elaborei essa atividade baseada na minha realidade curricular escolar de ter apenas 1 tempo de 50
minutos semanais com cada turma de oitavo ano. Nesse contexto essa atividade requer 3 semanas para
ser realizada.

26
mediada pelos registros fotográficos discentes além da própria vivência experiencial da
atividade em campo, proporcionando à explicação do Impressionismo nuances regionais
contemporâneas.
No exemplo exposto nesse caderno, as fotografias foram representações de
lugares escolhidos pelos alunos, registros locais de cenários naturais e ofícios da vida na
zona rural do município de Teresópolis-RJ. A ideia de fazer das imagens fotografadas
cartões-postais partiu de uma busca por exemplares destes sobre o interior da cidade
de Teresópolis-RJ, e a descoberta da sua inexistência nas bancas de jornais e internet.
Os exemplos encontrados remetem ao centro da cidade serrana. Já os postais mais
conhecidos trazem por homenagem imagens de parte da cidade do Rio de Janeiro: Cristo
Redentor, Pão de Açúcar, Baía da Guanabara.
Assim, ao considerar o tema “Artes Visuais e Cidade” como pano de fundo para
a atividade “Cartão-Postal” o propósito é mostrar as relações que existem ou poderiam
existir entre as Artes Visuais e o cotidiano de uma cidade, entre paisagens naturais ou
cenários construídos pelo homem, como arquiteturas, estátuas, etc. A sequência
triangular baseada no “fazer, contextualizar, ler” propicia à atividade um
desdobramento a partir da produção artística discente.

Desenvolvimento da Atividade

Preparando o trabalho de campo (aula anterior à atividade):

Solicite aos alunos que fotografem paisagens dos


lugares onde moram, transitam, passeiam,
Fonte da ilustração: Designed by Freepik

gostem de estar ou olhar. Os alunos deverão


levar as fotografias no smartphone ou celular
para próxima aula, ou levar fotografia antiga da
família, recorte de jornal, um desenho próprio,
caso não tenha tais equipamentos digitais. O
importante é escolher uma paisagem local.

27
1º tempo de aula
No início da aula sugere-se que o professor faça uma explicação de como nosso
“olhar” é mediado pelas imagens que estão na cidade onde habitamos, transitamos,
passeamos. São imagens naturais ou modificadas pela ação do homem e despertam
interesses diversos nas pessoas.
Os alunos são convidados a falar de suas fotografias, dos lugares que
representam, porque escolheram aquela imagem em detrimento de outras, qual sua
relação com aquele lugar. O professor pedirá que cada aluno escreva um pequeno texto
sobre o lugar fotografado (rua, montanha, bairro, etc.). O texto pode ser em forma de
poesia, cordel, crônica, dependerá do conteúdo da aula. Além dessa descrição
particular, uma pesquisa também poderá ser solicitada como complemento da
atividade, abarcando pesquisas de fotografias antigas na internet ou no acervo pessoal
das famílias, além de entrevistas com parentes e moradores locais.
A próxima fase da atividade será decidida pelo professor, de acordo
com o contexto social dos alunos. Os alunos que puderem imprimir a sua fotografia
assim farão para próxima aula. Os que não tiverem tal condição deverão transmitir as
imagens para o professor por meio da tecnologia mais acessível a ambos. O professor
que tiver meios de imprimir na própria escola assim procederá, ou fará em sua
residência. Essa etapa é bem particular a cada realidade escolar. O tamanho da imagem
deverá ser aproximadamente 10cmX15cm, suficiente para caber num cartão-postal.
Outra possibilidade é editar a fotografia no próprio smartphone dos alunos ou
laboratório de informática.

2º tempo de aula
Com as imagens impressas cada aluno receberá uma cópia em papel ofício ou A4
com o molde de um cartão-postal em branco. O professor explicará aos alunos o que é
um cartão-postal, qual sua relação com uma cidade, o que representa, como era
veiculado, que imagens geralmente estão ilustradas. No contexto da cidade Teresópolis-
RJ esse diálogo poderá ser sobre imagens antigas da cidade e como estão no presente,
mediando questões de preservação histórica e patrimonial além de potenciais turísticos.

28
Levar exemplares de cartões-postais físicos ou mostrar via exibição digital
enriquece o processo pedagógico e auxilia a percepção do aluno sobre as imagens que
geralmente ilustram a cidade homenageada, uma oportunidade para estudar e
conhecer outros municípios também, através de localização geográfica, aspectos
históricos e culturais, inclusive, de forma interdisciplinar.

Cartões-Postais sobre cidades e arquiteturas:

Fonte das três imagens: https://www.guiadasemana.com.br/viagens-


nacionais/galeria/cartoes-postais-imperdiveis-para-conhecer-no-brasil
Brasília - DF

Ouro Preto - MG

São Paulo - SP

29
Cartões-Postais sobre cidades e natureza:

Fonte das três imagens: https://www.guiadasemana.com.br/viagens-


nacionais/galeria/cartoes-postais-imperdiveis-para-conhecer-no-brasil
Cataratas do Iguaçu - Foz do Iguaçu, Paraná

Rio Amazonas – Manaus, Amazonas

Lençóis Maranhenses – Barreirinhas, Maranhão

O diálogo professor-aluno é de suma importância para a compreensão discente


sobre as transformações que acontecem nas cidades e a valorização do lugar onde
moram, refletindo sobre potenciais e carências de cada região.
Fonte da ilustração: Designed by Freepik

Teresópolis
Por que os cartões-postais da E no caso de Teresópolis-RJ, há
cidade do Rio de Janeiro cartão-postal da cidade? São
representam, em sua maioria, Rio de Janeiro recentes ou antigos? Quais
o Cristo Redentor, o Pão de seriam as imagens
Açúcar, a Baía da Guanabara? representativas do município?
Qual é o cartão-postal que Possui exemplares com
representa as zonas norte, imagens da zona rural? Como
oeste da cidade? Existem? era a cidade nesses cartões-
postais?

30
Teresópolis por Theresopolis

Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1390381187-carto-postal-
antigo-teresopolis-rj-jardim-santo-antonio-_JM

Fonte: https://portaldascolecoes.com.br/uplimg/img_A_132066_d34d4ca83dceb0190b022b78fe3ae83b.jpg

Analisar imagens representativas de lugares diferentes da cidade de Teresópolis-


RJ – distritos, bairros, ruas – possibilita ao aluno conhecer o município que habita por
meio de sua história habitacional, características geográficas e biológicas, aspectos de
sua produção econômica, além da relação artístico-cultural que a insere no contexto
estadual como cidade turística. Conduz à reflexão de potenciais turísticos aproveitados
e outros a desenvolver, e como a cidade planeja, recebe, comporta o fluxo turístico.

31
Teresópolis: Artes Visuais, Patrimônio Histórico e Turismo
Pesquisar como a linguagem Artes Visuais está presente pela cidade, entre
monumentos arquitetônicos, projetos culturais, espaços públicos, artistas, entre outras
manifestações, possibilita compreender a produção e preservação artístico-cultural
como meio de valorizar o município em seus contextos socioeconômicos, mas,
sobretudo, desvelar as relações que as pessoas possuem com cada lugar, um resgate de
memórias de seus habitantes e culturas locais.

Fonte: http://teresopolisempostais.blogspot.com/2018/10/praca-de-santa-teresa.html

Fonte:https://moraremteresopolis.com.br/quiosque Fonte:http://wanderleyperes.blogspot.com/2014
-das-lendas-vive/ /03/quiosque-das-lendas-o-mirante-da-
granja.html

Após o momento contextual os alunos criarão seus próprios cartões-postais, com


imagens dos lugares que representam seu habitat. Na frente do modelo em branco do
cartão-postal3 será destinado à fotografia tirada pelo aluno, nome do local, cidade, data.
No verso constará breve descrição da paisagem escolhida (poema, parte da pesquisa
escrita, um recado, etc.).

3
Disponível no anexo deste produto educacional

32
Exemplo:
Frente de cartão-postal com foto discente

Fonte: Fotografia discente do acervo pessoal da autora

Atrás do cartão-postal com foto discente

Escreva uma breve


descrição da imagem
do cartão-postal

Fonte: https://www.elo7.com.br/carimbos-cartao-postal-post-card/dp/597384

33
3º tempo de aula:
Construção de exposição dos cartões-postais criados e apresentação das
pesquisas escritas do lugar escolhido. A exposição poderá ser dentro de cada sala de
aula, no auditório da escola se existir, além de espaços externos, como pátios, praças
públicas. A culminância poderá ser uma organização dos cartões-postais em um livro
digital.

Outros caminhos
 Articular o estudo das imagens com o tema da preservação ambiental;
 Turismo local: conhecer o potencial turístico da sua região e elaborar um roteiro
turístico do bairro;
 Pesquisar lugares históricos que sejam tombados pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
(INEPAC) e dialogar sobre preservação de Patrimônio Histórico e Artístico;
 Criar um curta-metragem sobre esses monumentos naturais ou arquitetônicos;
 Conscientização sobre o ambiente onde os alunos habitam, estimulando soluções
para resolução de problemas locais;
 Pesquisar entre familiares e vizinhança memórias de lugares antigos visando
identificar lembranças pessoais e coletivas;
 Procurar nos arquivos familiares exemplares de cartões-postais e pesquisar sobre
os lugares representados.

34
35
Fonte: Imagem gratuita do site Canva editada pela autora
 Tema: Artes Visuais, Pessoas e Identidades
 Descrição: Perceber como as identidades sociais são construídas pelo estudo de
retratos, autorretratos e selfie`s ao longo da história da arte.
 Série sugerida: 9º ano
 Recursos Didáticos: Reproduções de pinturas sobre retratos e autorretratos; cópia
do poema “O Auto Retrato”4 de Mário Quintana, caderno do aluno, imagens de
selfie, folha branca A4, desenhos discentes.
 Duração: 3 aulas de 50 minutos5
 Objetivo da atividade: Dialogar sobre aparências, autoestima e bullying; contribuir
para a construção das identidades pessoal e coletiva dos alunos; conversar sobre
identidades sociais; debater sobre postagens de selfie`s nas redes sociais.

Contexto da Atividade
A atividade “Retrato, Autorretrato e Selfie” foi elaborada para trabalhar a
temática da formação da identidade individual e coletiva entre os alunos, considerando
a escola local de confluências de várias identidades sociais, nem sempre manifestadas
pela ótica da multiculturalidade e aceitação das diferenças pessoais.
Por meio da leitura visual de obras
pictóricas dos gêneros “retrato” e “autorretrato”
pretende-se pesquisar como algumas pessoas
representaram a si mesmas em determinadas
épocas ou como foram representadas pelos
pintores. Ou seja, abordar a autoimagem de pessoas
através da leitura de obras de arte comparadas às
selfie`s da contemporaneidade e como as pessoas são identificadas por terceiros
(retratos) ou por si mesmas (autorretratos) antigamente e nos dias atuais.

4
Como se trata de um poema escrito antes da reforma ortográfica da Língua Portuguesa, transcrevi a
escrita do título do poema de Mário Quintana como o autor o fez.
5
Essa atividade foi pensada a partir do meu contexto curricular escolar de ter apenas 1 tempo de 50
minutos semanais com cada turma de nono ano. Assim, essa atividade requer 3 semanas para ser
realizada.

36
A análise das representações plásticas pode abarcar questões de indumentárias,
alegorias que indiquem profissões, papéis e classes sociais, além da própria questão do
homem buscar diferentes formas de se representar ao longo da História da Arte. A
leitura das imagens pictóricas que representam retratos e autorretratos de diferentes
épocas da História da Arte permite contextualizações sobre quem eram as pessoas
representadas em cada época, porque eram representadas, como eram seus trajes, que
papéis ocupavam na sociedade, dentre outras possibilidades.

A analogia ao modo de autorrepresentação mais usado na contemporaneidade,


a selfie, o debate do retrato e do autorretrato ganha um viés digital e outras questões
são elencadas, por exemplo:
Como os alunos se veem e representam?

Como os alunos veem uns aos outros?

Há “padrões” de imagens de pessoas?

Se importam com a opinião dos outros


sobre a sua imagem?
Fonte da ilustração: Designed by Freepik

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A comparação de obras de arte de séculos e estilos artísticos diferentes
permitem trabalhar as mudanças estéticas que o corpo humano foi representado,
permitindo leituras formais sobre elementos plásticos, como linhas, cores, volumes.
Outra abordagem pode ser os padrões de beleza historicamente construídos pela
sociedade e como influenciam gostos e costumes entre as pessoas, inclusive por uso das
tecnologias, que muitas vezes veiculam valores e comportamentos perigosos entre
crianças e jovens, por exemplo, “brincadeiras tipo correntes” da Baleia Azul, Momo,
Homem Pateta, entre outras.
A triangulação foi planejada na sequência “ler, contextualizar, fazer”. Uma
potencialidade trabalhada nessa atividade é a contextualização não linear da História da
Arte, pois o objetivo é a comparação pictórica entre séculos e movimentos artísticos,
abarcando a contemporaneidade, através da fotografia digital.

Desenvolvimento da Atividade
1º tempo de aula
Antes de começar a atividade o professor explicará aos alunos que a aula será
sobre diferentes representações plásticas de rostos de pessoas, de diferentes épocas e
movimentos artísticos. A atividade inicia-se pela leitura visual de imagens de retratos e
autorretratos, distribuídas pelo professor em reproduções ou projetadas por slide/data
show, sem o professor explicar a diferença entre eles.
Os alunos deverão ser estimulados a perceber diferenças, semelhanças, uso de
traços, cores, quem seriam as pessoas representadas. Essa mediação se enriquece com
perguntas feitas pelo professor durante o processo de leitura das imagens e outras
proferidas pelos próprios alunos, enquanto observam os retratos e autorretratos.
Os exemplos apresentados como proposta de leitura nessa atividade baseiam-se
nos retratos e autorretratos de rostos da História da Arte internacional e nacional, além
de figuras da história política do Brasil, mas poderiam abarcar representações pictóricas
de corpo inteiro. A leitura de rostos é apenas uma forma de abordar a temática de
padrões de representação da figura humana no devir histórico e artístico.

38
Retratos: Monalisa e Mestiço

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/artes/mona-lisa.htm

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa10686/candido-portinari

Fonte das três imagens: http://www.museus.art.br/exposicao.htm


Autorretratos: Tarsila do Amaral, Djanira e Di Cavalcanti

Em seguida, o professor explica a diferença entre as duas formas de representação da


figura humana, tentando que os próprios alunos identifiquem tais peculiaridades:
retrato é a representação de alguém feito por uma outra pessoa (artista, fotógrafo); já
o autorretrato é uma autoimagem, ou seja, uma representação visual feita de si mesmo
pelo artista.

39
2º tempo de aula
A atividade prossegue com o professor abordando como as representações de
pessoas através de retratos e autorretratos são percepções sócio-históricas,
construídas, na maioria das vezes, por padrões de beleza e comportamento
característicos de uma sociedade. É possível realizar leituras de diferentes pontos de
vista observando nessas imagens objetos pessoais, símbolos de status social, alegorias
que representam virtudes ao retratado, entre outras. Juntos, professor e alunos
analisam alguns retratos e autorretratos levados na fase anterior.

Condecorações na indumentária de D. Pedro II Objetos da profissão de Portinari

Em analogia às selfie`s da contemporaneidade, registros fotográficos digitais,


democratizados pelo avanço das tecnologias de informação e comunicação, o professor
explicará que os retratos não eram tão acessíveis à camada menos abastada da
sociedade, antes do advento da fotografia.

Fazer artístico 1: Autorretrato literário


O professor entregará à turma cópia do poema “O Auto Retrato”6, do escritor
brasileiro Mário Quintana, para os alunos lerem individualmente a descrição do poeta
por meio do uso das palavras. Ou seja, uma descrição visual com palavras, um
autorretrato literário. A primeira proposta do fazer artístico é baseada no conceito de
autorretrato, onde o aluno deverá traduzir-se em versos, uma reflexão de si mesmo, de
sua autoimagem. Essa atividade pode ser acompanhada de uma selfie tirada pelo aluno

6
Como se trata de um poema escrito antes da reforma ortográfica da Língua Portuguesa, transcrevi a
escrita do título do poema de Mário Quintana como o autor o fez.
Disponível em: https://www.pensador.com/mario_quintana_auto_retrato/

40
na hora da atividade para se observar enquanto se descreve ou analisar selfie’s que já
estão na galeria de fotos discente.
O Auto-Retrato

No retrato que me faço


- traço a traço-
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
Fonte da ilustração: Designed by Freepik

às vezes me pinto coisas


de quem nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco –
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!

3º tempo de aula
Fazer artístico 2: Retrato - Amigo
A terceira aula é dedicada ao fazer artístico sobre o gênero de pintura retrato –
podendo ser chamada de “retrato-amigo”. A turma deverá se organizar em duplas ou
trios; cada aluno deverá escrever em seu próprio caderno caraterísticas físicas do colega
de dupla/trio que está à sua frente (cabelo, pele, olhos, etc.), destacando, inclusive, suas
preferências de cor, filmes, música, entre outros gostos, que serão objetos alegóricos
para interpretação iconográfica. No próximo passo, olhando seu “modelo vivo”, cada
aluno fará um retrato de seu colega escolhido, onde as anotações deverão estar
visualmente traduzidas no desenho construído.

41
Fonte da ilustração: Designed by Freepik
Após a realização dos desenhos a atividade propicia
o debate na turma sobre como lidamos com nossa auto-
imagem, se nos importamos com a opinião de outras
pessoas sobre nossas aparências, se o que dizem de nossa
imagem corresponde de fato como nos vemos.
Essa atividade oportuniza ir além e pesquisar
distúrbios de imagens nos jovens, como anorexia, bulimia, bullying, correntes virtuais
de automutilação (infelizmente uma realidade nas escolas), além de questões de
autoestima e aceitação pessoal. Estudar que “padrões” de beleza são culturalmente
construídos e propagados por mídias e veículos de comunicações, como revistas e
televisão, portanto, possuem finalidades específicas e quem são o público-alvo, que
devem estar atentos às armadilhas visuais.

Outros caminhos
 Pesquisar em revistas impressas “padrões” de beleza e comportamentos citados e
comercializados e como os alunos lidam com tantos estereótipos;
 Pesquisar como o rosto humano foi retratado em diferentes movimentos artísticos;
 Fazer autorretratos em caricaturas e/ou com diferentes expressões faciais;
 Elaborar um retrato comum da turma com pedaços recortados do autorretrato feito
por cada aluno, no estilo cubista;
 Criar rostos para personagens após leitura de obras literárias, de peças teatrais ou
dos próprios autores;
 Pesquisar a representação do corpo humano em letras de músicas.

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Fonte: Imagem gratuita do site Canva editada pela pesquisadora
 Tema: Artes Visuais, Música e relações cotidianas
 Descrição: Pesquisa a partir de notícias de jornais sobre ações humanas que
envolveram a prática da paciência ou sua ausência na resolução de problemas, para
a construção da empatia.
 Série sugerida: 7º ano
 Recursos Didáticos: Jornais, aparelho de som, cópia da letra da música “Paciência”
do Lenine, cartolina, sementes de flores, potes pequenos individuais ou jardineiras
coletivas, terra ou composto orgânico.
 Duração: 4 tempos de 50 minutos e possibilidade de construção de projeto ao
acompanhar o crescimento das sementes.
 Objetivos da atividade: Dialogar sobre situações cotidianas e o exercício de ter
paciência para resolver os problemas; perceber as diferenças e igualdades entre as
pessoas; aceitar as diferenças como forma de convívio humano; praticar a empatia
e ter paciência com as pessoas (casa, escola, amigos, professores, etc.).

Contexto da Atividade
A atividade “Paciência” é um desdobramento de dois exercícios da prática
pedagógica ao trabalhar com letra de música em salas de aulas:

Fonte: https://twitter.com/Lenineoficial
interpretação de letras de músicas para construção de
histórias visuais e análise de duas composições musicais
para a criação de poesias. Foi inspirada na composição
homônima do músico Lenine e pretende abordar relações
cotidianas entre pessoas partindo de experiências visuais e
musicais, linguagens artísticas distintas conceitualmente mas
interligadas na percepção de imagens como constructo de ideias, pensamentos,
sentimentos. Quem não imagina cenários e/ou situações ao ouvir uma música, ou
recorda momentos reais que uma canção eternizou?
Para compor esse caderno de atividades a proposta foi reelaborada para abarcar
a leitura visual em jornais, como uma forma de levar imagens de um meio de
comunicação da Cultura Visual para o interior das salas de aulas, lido muitas vezes na
correria do dia-a-dia, sem refletirmos sobre o que ali se apresenta visualmente.

44
A atividade elaborada para compor esse caderno de atividades trata-se de uma
pesquisa visual em jornais de diferentes dias e títulos, para os alunos pesquisarem
notícias que envolvam a questão “paciência”, debaterem o que é ter e agir com
paciência, para posteriormente recriarem uma capa de jornal sobre essas matérias,
reinterpretadas pelos seus pontos de vistas e pela música do Lenine. Em suma,
experienciar a leitura visual em um meio de comunicação de massa, reafirmando Pillar
(2012, p.79) ao dizer que “a palavra leitura tem sido empregada para denominar o que
fazemos ao refletir sobre o que estamos olhando”.
Pesquisando na internet imagens para

Fonte da ilustração: Designed by Freepik


ilustrar essa atividade, encontrei a seguinte
frase, de autoria desconhecida, “Paciência é o
intervalo entre a semente e a flor”. A relação com
sementes é cotidiana para
alunos que habitam uma zona agrícola, pois
muitos ajudam seus pais nas agriculturas
familiares, plantando, cuidando, colhendo, e
muitas vezes enfrentando frustações na colheita, devido às intempéries da natureza. O
desfecho dessa atividade propõe, portanto, o plantio de sementes desconhecidas, como
uma ação metafórica de que para conhecer é necessário cuidar e ter paciência, evitando
pré-conceitos sobre o que não se conhece.
A atividade foi sendo elaborada no ano de 2019, portanto antes da
existência da pandemia provocada pelo vírus Covid-19, mas pode ser adaptada ao tema.
Adequa-se à proposta de dialogar em sala de aula sobre a doença que “isolou” pessoas
em seus lares pelo mundo, que repentinamente paravam seus afazeres diários, para
simplesmente, esperar, sozinhos ou juntos em família.
A prática de “isolamento social” e “quarentena” exigiu das pessoas o exercício
da “paciência” que, em dia normais, nem sempre é percebido, praticado, refletido. Nos
telejornais muitas notícias foram veiculadas de pessoas cantando, pintando, encenando
situações, enfim, manifestando-se artisticamente em suas residências nesse período
incomum de distanciamento coletivo da sociedade.

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A triangulação proposta nessa proposta pedagógica baseia-se na sequência
“Contextualizar, ler, fazer”, lembrando que no âmbito escolar a contextualização
sempre permeia as ações de leitura e produção artística.

Desenvolvimento da Atividade
1º tempo de aula:
A atividade é sugerida para ser realizada em grupos. O professor deverá pedir
aos alunos que se organizem coletivamente no espaço da sala de aula. A atividade
começa pela pesquisa em jornais variados sobre acontecimentos reais que foram
resolvidos com paciência e outros que não tiveram o mesmo fim.

Fonte das ilustrações: Designed by Freepik

O importante é que os alunos em seus respectivos grupos dialoguem sobre o que


estão encontrando nos jornais, sobretudo nas imagens, recortando as informações
textuais e visuais que mais chamaram a atenção do grupo, analisando ou apontando
seus porquês. O professor tem papel fundamental na formulação de questões que
possam ajudar os alunos na compreensão leitora visual nos recursos didáticos utilizados
na atividade: jornais e letra da música.

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2º tempo de aula:
A segunda parte da atividade destina-se à audição e análise da música “Paciência”
do cantor e compositor Lenine. Sugere-se tocar a música duas vezes, a primeira para
“ouvir”, apenas, se apropriar da canção. Em seguida, o professor entrega aos alunos
cópias da letra da composição7 e repete a música, pedindo que todos acompanhem
através dos versos escritos. Após a audição da música8 e da leitura da composição,
propõe-se um diálogo sobre o que os alunos acharam, do que a composição está
falando, se já conheciam a música, se lembraram de alguma situação, quais trechos são
mais significativos para cada um.

Paciência

Mesmo quando tudo pede


Um pouco mais de calma Mesmo quando tudo pede
Até quando o corpo pede Um pouco mais de calma
Um pouco mais de alma Até quando o corpo pede
A vida não para Um pouco mais de alma
Enquanto o tempo Eu sei, a vida não para
Acelera e pede pressa A vida não para não
Eu me recuso, faço hora Será que é tempo
Vou na valsa Que lhe falta pra perceber?
A vida é tão rara Será que temos esse tempo
Enquanto todo mundo Pra perder?
Espera a cura do mal E quem quer saber?
E a loucura finge A vida é tão rara
Que isso tudo é normal Tão rara
Eu finjo ter paciência Mesmo quando tudo pede
O mundo vai girando Um pouco mais de calma
Cada vez mais veloz Até quando o corpo pede
A gente espera do mundo Um pouco mais de alma
E o mundo espera de nós Eu sei, a vida é tão rara
Um pouco mais de paciência A vida não para não
Será que é tempo A vida é tão rara
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo Fonte da letra: Compositores: Carlos Eduardo Carneiro De
Albuquerque Falcão / Oswaldo Lenine Macedo Pimentel
Pra perder? E quem quer saber?
Letra de Paciência © Universal Music Publishing Group
A vida é tão rara
Tão rara

7
Disponibilizada para impressão no anexo do produto educacional
8
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=je-RTYbzoEk

47
3º tempo de aula:
A terceira aula para a atividade é destinada à recriação de uma página de jornal
com as notícias selecionadas na aula anterior com a pesquisa visual sobre hábitos e
ações que demonstraram a paciência como escolha de agir. A página reelaborada pelos
grupos de alunos pode ser no próprio jornal utilizado na pesquisa, em cartolina, papel
pardo, em documento no Word, ou outra forma visual, a escolha de cada grupo junto
ao professor.
A intenção é que os grupos recriem nomes das manchetes e matérias
selecionadas nos jornais na pesquisa prévia em diferentes jornais, além de escolherem
o layout que sua nova capa terá. As notícias podem ser motivadas pela opinião dos
alunos do grupo, sugerindo desfechos diferentes para as reportagens selecionadas para
compor a nova capa de jornal. Cada grupo apresentará à turma o trabalho realizado e
quais foram as questões que o grupo quis transmitir com as novas matérias jornalísticas
sobre paciência e o cotidiano.

4º tempo de aula:

No último tempo de aula cada grupo receberá um envelope com uma semente
desconhecida e plantará em uma jardineira coletiva, pote ou lata, providenciado
antecipadamente, e cuidará para a planta germinar, cultivando “paciência”.

Fonte da ilustração: Designed by Freepik

A semente torna-se, portanto, metáfora para vislumbrar um recomeço, um novo


ciclo de vida. O texto abaixo representa um pensamento a ser dialogado com os alunos
ao receberem as sementes; pode estar colado no envelope entregue aos grupos de
alunos ou reproduzido para cada aluno, individualmente. As sementes podem ser de
flores, frutas, árvores e os alunos podem levar e trocar entre os grupos.

48
“Entender que tudo tem o seu tempo.
Que tudo vem a seu tempo necessário.
Para crescer. Brotar. Florescer.
Aceitar o ciclo da vida.
Observar o tempo passar.
Esperar o tempo certo.
Para plantar. Para colher.
Para agir. Para seguir.
Para aprender.’’

Sem autor definido


Fonte do texto: https://br.pinterest.com/pin/483714816224367017/
Fonte da ilustração: acervo da autora

Na oportunidade do teste dessa atividade escolhi sementes de flores variadas que


nascerão dessa experiência “entre a semente e a flor”. Se as sementes germinarem,
crescerem e florescerem, pois o imprevisto faz parte da natureza, os grupos poderão
identificar as flores plantadas observando o quadro feito pelo professor com as
embalagens das sementes. Então, descobrirão cores, formas, tamanhos, tempos
diferentes. Essas diferenças podem ser observadas somente na natureza? A diversidade
diante dos olhos torna-se chance para estudar na sala de aula diferenças e igualdades
humanas, um dos objetivos do ensino de Arte contemporâneo.

Fonte da ilustração: Designed by Freepik

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Cartaz feito como exemplo para a atividade

Qual é sua flor?

50
Fonte da ilustração: Designed by Freepik
Fonte das embalagens de sementes: Acervo da autora
Outros caminhos
 Fazer entrevistas com familiares sobre o que é ter paciência;
 Elaborar um documentário sobre como a paciência é percebida em ações
cotidianas;
 Estudar as divisões de um jornal (Manchete, Coluna, Editorial, etc.) por meio do
debate do tema “Paciência”, distribuindo pautas como uma redação de jornal,
abarcando setores da sociedade: esporte, cultura, política, economia.
 Trabalhar através de situações hipotéticas como os alunos resolveriam problemas
cotidianos, dilemas, conflitos que envolvessem decisões e paciência.
 Elaborar jogos que estimulassem respeitar a vez de falar, de ouvir, de esperar o
outro terminar uma ação.

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Algumas palavras finais...
Eis o convite, professores! Uma oportunidade de compartilhar com vocês, meus
pares de profissão, uma bússola e vários caminhos.
Esperamos que os conceitos da Abordagem Triangular dialogados neste caderno
de atividades possam motivar o experimento das quatro atividades propostas mas,
sobretudo, instigar o uso de imagens como mediação para o conhecimento discente
através das linguagens artísticas, sejam Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, mesmo
quando os ambientes escolares forem adversos.
Que as atividades em mãos sejam experimentadas por outros viajantes em novos
mapas escolares.

52
Fonte da ilustração: Designed by Freepik
Referências
AZEVEDO, Fernando Antônio Gonçalves de. A Abordagem Triangular no ensino das
Artes como teoria e a pesquisa como experiência criadora. 2014. 207f. Tese (Doutorado
em Educação) – Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2014.

______. Abordagem Triangular: bússola para os navegantes destemidos dos mares da


Arte/Educação. In: BARBOSA, Ana Mae; CUNHA, Fernanda Pereira da (orgs.). A
Abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais. 1ª ed. São Paulo: Cortez,
2010. p. 80-99.

BARBOSA, Ana Amália Tavares Bastos. Releitura, citação, apropriação ou o quê? In:
BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte/Educação Contemporânea: consonâncias
internacionais. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2010. p. 143-150.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. Anos oitenta e novos tempos. 2ª ed.
São Paulo: Editora Perspectiva, 1994.

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______. Ministério da Educação. Lei Federal 5692 de 11 de agosto de 1971. Fixa


Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília: MEC,
1971. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-
11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 19 de fevereiro de
2019.

______. Ministério da Educação. Lei Federal 9394 de 20 de dezembro de 1996.


Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 19
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COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Diretoria de


Avaliação. Comunicado no 001/2012 – Área de Ensino. Orientações para novos
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53
/images/stories/download/avaliacao/Criterios_APCNs_Ensino.pdf>. Acesso em 09 de
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FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia


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HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho.


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IAVELBERG, Rosa. Arte-educação modernista e pós-modernista: fluxos. Tese de livre


docência. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2015. 258
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Comparada. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2015.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA.


Censo da Educação Básica 2019. Brasília: MEC, 2020. Disponível em:
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MACHADO, Regina Stela. Sobre mapas e bússolas: apontamentos a respeito da


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RIZZI, Maria Christina de Souza. Caminhos metodológicos. In: BARBOSA, Ana Mae (org).
Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2012. p. 69-77.

______. Reflexões sobrea Abordagem Triangular do Ensino da Arte. In: BARBOSA, Ana
Mae (org.). Ensino da Arte: memória e história. São Paulo: Perspectiva, 2014. p. 335-
348.

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Anexos
Modelo de cartão-postal para impressão

Fonte: https://www.elo7.com.br/carimbos-cartao-postal-post-card/dp/597384

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Poema “O Auto-Retrato” de Mário Quintana para impressão

O Auto-Retrato
No retrato que me faço
- traço a traço-
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

Fonte da ilustração: Designed by Freepik


às vezes me pinto coisas
de quem nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco –
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!

Disponível em: https://www.pensador.com/mario_quintana_auto_retrato/

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Letra da música “Paciência” do cantor Lenine para impressão
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder? E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma Fonte da letra: https://www.youtube.com/watch?v=ibLf9P_xfyM
Eu sei, a vida é tão rara Compositores: Carlos Eduardo Carneiro De Albuquerque Falcão /
A vida não para não Oswaldo Lenine Macedo Pimentel
A vida é tão rara Letra de Paciência © Universal Music Publishing Group

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