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Letícia Schroeder Schwabe
Letícia Schroeder Schwabe
Letícia Schroeder Schwabe
Joinville
2019
LETÍCIA SCHROEDER SCHWABE
Joinville
2019
LETÍCIA SCHROEDER SCHWABE
Banca Examinadora:
________________________
Dr. ª Christiane Wenck Nogueira Fernandes
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Dr. Marcelo Heidemann
Membro da banca
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Eng. Marcelo Possamai
Membro da banca
Arteris Litoral Sul
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Valdir e Enilde, por todo o apoio para que
fosse possível me dedicar de forma integral à Universidade. Serei eternamente grata por tudo
que fizeram e fazem por mim e presto meus sinceros agradecimentos por todos os valores
passados e que me tornaram a pessoa que sou hoje. Este trabalho também é de vocês.
Ao meu irmão Leandro, por ter sido um exemplo de esforço e dedicação aos estudos e
à vida profissional e a toda minha família, por estar sempre presente e torcendo pelo meu
sucesso.
Um agradecimento especial ao meu noivo e melhor amigo, Eduardo, que esteve
comigo antes mesmo do início desta caminhada na universidade. Palavras não descrevem a
importância de tê-lo ao meu lado e a felicidade em poder vencer mais esta etapa juntos. Estendo
meus agradecimentos também aos meus sogros, Hercílio e Neiva, que me acolheram como filha
e fazem parte desta trajetória.
À minha orientadora, Prof.ª Dr. ª Christiane Wenck Nogueira Fernandes, por ter
acreditado neste trabalho e ter me conduzido à conclusão desta importante etapa em minha vida
estudantil.
À NK Engenharia de Transportes, em especial aos engenheiros Newton Walter Gava,
Marcos Real Dalcin e Tiago dos Santos Dias, por terem disponibilizado os softwares
necessários ao desenvolvimento desse trabalho e terem sido tão receptivos em todas as minhas
visitas à empresa em São Paulo. Muito obrigada!!!
Gostaria de destacar e agradecer mais uma vez ao engenheiro Marcos pelas longas
explicações e todo o suporte durante o aprendizado das ferramentas e no entendimento de todos
os conceitos aplicados.
À Arteris Litoral Sul, pela disponibilidade das informações e sobretudo, ao meu
coordenador, Marcelo Possamai, pelo apoio ao longo do desenvolvimento desse trabalho e
também pela compreensão todas as vezes que precisei me ausentar devido à universidade.
Aproveito para agradecer pela oportunidade de me desenvolver como profissional e indivíduo
dentro de uma empresa referência na área de concessões rodoviárias.
Por fim, agradeço a Universidade Federal de Santa Catarina e a todos os professores e
colegas que de alguma forma fizeram parte desta jornada.
“O começo de todas as ciências é o espanto de as coisas serem o que são”.
(Aristóteles)
RESUMO
Historically, the Brazilian transport matrix is focused on the road modal. However, the
conditions of the available infrastructure do not follow the development of large cities, which
often sattle around the highways and use them as access routes for their daily commuting,
creating elements that are not consistent with the service level class of these locations, which
drastically reduce the level of safety and often results in congestions. Given the context, the
present study aims at the comparative study of the current scenario and three other proposals to
be implemented in the road segment under the urban influence of the city of Joinville. The
objective of the study is on the intersections of the margins of highway BR-101/SC with Ottokar
Doerffel and Minas Gerais streets. For traffic simulations, the AIMSUN software associated
with the HCS 2000 program was used to measure service levels. The evaluated horizon starts
in the project year, defined as 2020 and extends until the year 2032, date of the end of the
concession contract of the segment under study.
Keywords: Road modal. Level of service. Congestions. AIMSUN. HCS 2000. Concession.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 14
2.1 CONCESSÃO DAS RODOVIAS BRASILEIRAS ................................................... 14
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 34
3.1 OBTENÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS ...................................................... 34
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 77
APÊNDICE A – PLANILHAS DE CONTAGEM .................................................................. 81
1 INTRODUÇÃO
O enfoque da avaliação deste trabalho está nas interseções de duas passagens inferiores
do segmento em estudo, locais em que a interface entre a rodovia e o meio urbano acarreta,
constantemente, em congestionamentos. O objetivo é avaliar alternativas capazes de melhorar
a fluidez do tráfego na região.
Dada a complexidade do problema, a utilização de softwares de simulação de tráfego
surge como uma alternativa a ser explorada, que permite a avaliação de diferentes propostas
para o mesmo segmento. Para este estudo, será aplicado o método de análise microscópica
disponível no Advanced Interactive Microscopic Simulator for Urban and Non-urban Networks
(AIMSUN). Após simulação dos cenários propostos, extraem-se os dados para determinação
do nível de serviço das interseções através do HCS (Highway Capacity Software).
1.1 OBJETIVOS
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As rodovias federais são cedidas pelo poder público ao operador privado que tenha
vencido o processo de licitação pública. Ao término da licitação, é findado o contrato de
concessão, documento no qual são definidos todos os investimentos previstos, o prazo para o
término do contrato, o número e a localização das praças de pedágio, os critérios adotados para
quaisquer reajustes de tarifa, dentre diversas outras regras claramente estabelecidas e que serão
fiscalizadas pela ANTT, autarquia federal responsável pela regulação das atividades de
exploração da infraestrutura rodoviária (IPEA, 2018).
Nesse contrato, uma das mais importantes ferramentas é a definição do Programa de
Exploração da Rodovia (PER).
Dessa forma, com a assinatura do contrato, as partes concordam que a tarifa inicial
de pedágio cobre os custos operacionais, os investimentos e apresenta uma margem de lucro
satisfatória ao operador privado, ou seja, o contrato está em Equilíbrio Econômico Financeiro
(EEF) (IPEA, 2018).
Conforme citado anteriormente, as obras a serem executadas estão previstas no PER.
No entanto, ao longo dos anos, houve uma evolução regulatório dos contratos de concessão
findados no Brasil, estabelecendo outras ferramentas para a viabilização de novos
16
O volume de tráfego (ou fluxo de tráfego) é definido como o número de veículos que
passam por uma seção de uma via em um determinado intervalo de tempo, usualmente expresso
em veículos/dia (vpd) ou veículos/hora (vph) e calculado para um período de tempo
representativo, que na maioria dos casos é adotado como 1 (um) ano (DNIT, 2006b).
Os conceitos de volume frequentemente utilizados são:
Volume Médio Diário (VMD): expressa a média diária do volume de tráfego em
determinada seção para diferentes períodos;
Volume Médio Diário Anual (VMDa): é a soma de todos os volumes diários
registrados ao longo de um ano em dada seção de uma via, dividida por 365;
Volume Médio Diário Mensal (VMDm): para um determinado trecho, representa
o valor médio de veículos trafegando no mês, dividido pelo número de dias deste
período;
Volume Médio Diário Semanal (VMDs): a totalidade de veículos trafegando em
uma semana dividida por 7;
Volume Médio Diário em um Dia de Semana (VMDd): número total de veículos
trafegando em um dia da semana.
O mais utilizado dentre os volumes médios é o VMD ou VMDa. Os demais são
comumente empregados como amostras que precisarão ser ajustadas e expandidas para que o
VMDa possa ser determinado a partir de contagens de tráfego, abordadas na seção 2.3.4.
Contudo, para garantir que o resultado seja realista, é imprescindível conhecer a
variação generalizada dos volumes de tráfego.
existentes. No entanto, por estarem relacionadas à diversos fatores inerentes a localização e tipo
da rodovia, não apresentam uma tendência uniforme (DNIT, 2006b);
f) Variações especiais: este tipo de variação é tido como previsível e acontece em casos
de eventos como jogos de futebol, festas, feriados, dentre outros acontecimentos relacionados
com a região de inserção da rodovia (DNIT, 2008).
Como forma de mitigar o impacto das variações no volume de tráfego, a American
Association Of State Highway and Transportation Officials (AASHTO, 2001) considera que,
para o projeto de rodovias, as condições de operação devem ser baseadas em volumes de tráfego
representativos de um período de tempo inferior a um dia, usualmente igual a uma hora,
conforme exposto na sequência.
O VHP é definido como o volume de tráfego durante uma hora. A escolha desse fator
pelo projetista deve ser cautelosa, uma vez que um valor horário baixo representaria uma perda
qualitativa significativa da operação da rodovia, mas, em contrapartida, valores muito elevados
podem inviabilizar o projeto devido à um custo excessivo (GOMES, 2004).
Segundo Andrade et al. (2013), a boa prática admite um VHP expresso em termos do
maior fluxo de tráfego horário continuamente observado ao longo de um ano de operação,
porém, prevendo um número n de horas mais carregadas. Nesse período, a qualidade do serviço
poderá ser inferior ao padrão estabelecido.
Não existe ainda um consenso entre os estudiosos para determinação do número n. É
sabido apenas que seu valor pode mudar de acordo com a legislação e normativas do local em
que se insere o projeto. Nos Estados Unidos, é comum a adoção do fluxo observado na 30ª hora
mais carregada do ano, enquanto no Brasil, o usual é a utilização da 50ª hora para determinação
de um fator denominado K 50 , inclusive permitido pelos contratos de concessão em vigência no
país (ANDRADE et al., 2013).
Segundo DNIT (2006b), esse fator é determinado como o quinquagésimo maior
volume horário observado ao longo do intervalo de 1 (um) ano em razão do VMDa do mesmo
período.
Sendo assim, o VHP é determinado pela seguinte equação:
Onde,
VMDa𝐴𝐻 = Volume médio diário anual para o ano de projeto (ou ano horizonte)
K 50 = Volume da 50ª hora mais carregada do ano em razão do VMDa do período
VP24
fpd = (2)
VPh
Onde,
fpd = fator de expansão diário
VP24 = volume de veículos durante as 24 horas do dia
VPh = volume de veículos durante as “h” horas de pesquisa
23
V𝑃𝑠
fps = (3)
VPd
Onde,
fps = fator de expansão semanal de um dia específico da semana
V𝑃𝑠 = volume de veículos durante os 7 dias da semana
VPd = volume de veículos durante o dia determinado
V𝑃𝑚
fpm = (4)
VPs
Onde,
fps = fator de expansão mensal
VPm = volume de veículos durante o mês determinado
V𝑃𝑠 = volume de veículos durante os 7 dias da semana
d) Fator de expansão sazonal: o fator de expansão sazonal, também citado como fator
de correção sazonal mensal, consiste na relação entre o tráfego de cada mês com o tráfego
médio diário anual e é obtido pela equação:
𝑉𝑀𝐷𝑎
f𝑎 = (5)
𝑉𝑀𝐷𝑚
24
Onde,
f𝑎 = fator de expansão sazonal
VMDa = volume médio diário anual
VMDm = volume médio diário mensal
Onde,
TNn = tráfego no ano “n”
TNo = tráfego no ano base
g = taxa de crescimento do tráfego
t = período de projeção
2.3.8 Capacidade
A capacidade de uma via está relacionada com dois fatores básicos: o número de
veículos circulando e o tempo em que isto ocorre. O resultado é expresso em termos do número
máximo de veículos que podem trafegar em determinada faixa de tráfego ou segmento de uma
via em um certo período de tempo sob condições predominantes de tráfego, de pista e de
controle (DNIT, 2006b).
Conforme exposto por Demarchi (2000), com base nas proposições do Highway
Capacity Manual (HCM), referência americana em estudos de tráfego recomendada pelo DNIT
no Brasil, a capacidade da rodovia é fortemente influenciada pela sua geometria, por fatores
relativos ao tráfego e por fatores ambientais e precisa ser estudada em termos de segmentos
homogêneos, definidos como segmentos nos quais as características físicas e de tráfego são
semelhantes.
No entanto, diferente do que acontece na determinação do nível de serviço (NS), sua
análise não traduz as condições de tráfego de forma completa, uma vez que para sua
determinação são considerados somente o número de veículos circulando e o tempo dessa
circulação, sem ponderar fatores relativos à condição com que este tráfego ocorre (DNIT,
2006b).
Segundo DNER (1999), o volume de serviço está relacionado com os fluxos de tráfego
que podem ser dispostos nos diferentes níveis de serviço, ou seja, representa o máximo volume
de tráfego ao qual as condições do nível de serviço proposto ainda são verificadas.
No desenvolvimento de projetos rodoviários, a decisão pelo nível de serviço adotado
é tomada pelo projetista de acordo com o tipo de rodovia e sua localização, dentre outros fatores
particulares de cada projeto.
Embora o HCM não seja específico quanto ao nível de serviço que deve ser adotado
no planejamento de rodovias, a Tabela 1 apresentada abaixo foi desenvolvida pelo DNER
(1999), para auxiliar no processo de tomada de decisão e é resultado da relação entre níveis de
serviço, seus respectivos volumes de tráfego e critérios para graus aceitáveis de
congestionamento.
28
Definido o nível de serviço a ser alcançado, cabe ao projetista verificar os meios para
comportar o volume de tráfego existente sem comprometer a qualidade da operação.
Nesse contexto, são avaliadas propostas operacionais de engenharia com ênfase em
ferramentas de controle de tráfego como, por exemplo, a sinalização semafórica, estabelecida
como ponto de partida para as análises a serem apresentadas no capítulo de estudo de caso.
reflete os fluxos de veículos de maneira generalizada baseado nas relações entre fluxo,
densidade e velocidade. Embora não represente os detalhes acerca dos veículos trafegando, é
capaz de realizar uma avaliação integrada do sistema, seção a seção;
b) Simulação microscópica: os modelos de simulação em escala microscópica
replicam o comportamento dos veículos individualmente, observadas suas interações entre si e
com os dispositivos da via, com base em teorias de perseguição de veículos e de troca de faixas.
Nesse tipo de abordagem, o foco está na reação do motorista ao estímulo decorrente do seu
entorno;
c) Simulação mesoscópica: diferente do que acontece nos modelos de simulação
microscópica, a abordagem mesoscópica, embora busque um tratamento individualizado,
realiza uma análise dos veículos como parte das correntes de tráfego, formando pelotões que se
deslocam pelo sistema viário. Sua aplicabilidade é limitada, utilizada em áreas estritamente
urbanas e vias interrompidas.
Nesse contexto, é importante destacar que a validade dos dados verificados nos
simuladores depende fortemente do conhecimento do comportamento atual e futuro do trânsito
na região em estudo.
Atualmente estão disponíveis no mercado várias ferramentas de simulação, utilizadas
de acordo com o objetivo e a disponibilidade. O software Simulation Of Urban Mobility
(SUMO), desenvolvido no Instituto de Sistemas de Transporte, é um simulador de código
aberto, assim como o Intelligent Transportation System for Urban Mobility (ITSUMO),
projetado no Brasil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ambos os programas,
embora livres, exigem um conhecimento mais aprofundado em linguagens de programação por
parte do projetista (HALLMANN, 2011).
Da mesma forma, existem softwares comerciais já consolidados no âmbito da
engenharia de transportes, como o AIMSUN, disponibilizado de acordo com a licença adquirida
e que apresenta uma interface completa e moderna (FRATAR, 2019), escolhido para a análise
a ser desenvolvida no presente trabalho.
2.4.2 AIMSUN
Conforme exposto por Barceló (2010), o AIMSUN foi implementado com base em
três modelos comportamentais: car-following, lane-changing e gap-acceptance.
A teoria do modelo car-following considera a manutenção de uma distância mínima
segura entre veículos que aumenta linearmente com a velocidade da via. Além disso, é expressa
por uma equação de estímulo versus resposta, em que a velocidade do veículo é influenciada
pelo estímulo que o motorista recebe do automóvel à sua frente.
Segundo Barceló (2010), o modelo de lane-changing, está relacionado com o
comportamento do motorista no momento da troca de faixa. Cada vez que a simulação é
atualizada, o programa realiza duas perguntas, sendo a primeira delas: a troca de faixas é
necessária? A resposta requer a análise rápida das condições de tráfego, ou seja, se haverá
alguma melhora para o motorista como resultado da troca de pista, em termos de velocidade e
comprimento de fila.
Na etapa seguinte o software questiona: é possível a troca de faixas? Nesse momento
são introduzidas as regras de gap-acceptance, que servem como base para que o movimento de
troca de faixa aconteça de maneira segura, ou seja, dependendo da análise de probabilidade do
software em identificar uma oportunidade, em algum instante da simulação, que permita esse
movimento (BARCELO, 2010).
Dessa forma, para a construção de um modelo na ferramenta, são necessárias
informações básicas da via, como largura, existência de acostamento, faixas de aceleração ou
desaceleração, permissões de conversão em cada interseção, número de faixas, dentre outros
parâmetros (TSS, 2014).
É importante destacar que cada veículo é tratado de forma individual e carrega
informações comportamentais definidas na entrada do sistema e que permanecem constante
durante todo o trajeto (BARCELÓ, 2010).
Cabe salientar que o programa permite a análise semafórica, através do carregamento
de semáforos e sua configuração com o tempo de início e duração de cada plano, o tamanho do
ciclo, a duração da fase amarela e a integração entre interseções.
O resultado consiste em uma simulação gráfica contínua, representativa do tráfego na
rede viária, além da possibilidade de extração de dados como: volume, velocidade, tempo de
viagens, atrasos e paradas, entrelaçamentos, divergências, convergências, tamanho máximo de
fila, dentre diversos outros parâmetros utilizados de acordo com o objetivo do estudo (TSS,
2014).
32
A alocação da demanda pode ser feita de duas formas: através de Matrizes Origem e
Destino (OD), ou por estados de trânsito, que dependem de informações interligadas a outros
softwares e, portanto, não aconselhado para cenários complexos. A metodologia utilizada nesse
trabalho consiste na criação de matrizes OD, abordadas na seção seguinte.
Segundo Peixoto (2013), existem diferente métodos empregados para obtenção de uma
Matriz OD, divididos entre modelos de estimativa direta simples e modelos de estimativa
utilizando contagem volumétrica.
Os métodos de estimativa direta simples (ou métodos diretos) são aqueles baseados
em pesquisas de origem e destino. Segundo Guerra (2011), os de maior destaque são os
seguintes:
Pesquisas de observação;
Pesquisas de entrevista pessoal domiciliar;
Pesquisa de abordagem;
Pesquisa por telefone.
Em todos os casos, são elaborados questionários e entrevistados os indivíduos que
trafegam pelas zonas do estudo para análise da tendência de viagens.
Segundo IPEA (2017), estes questionários buscam obter informações como:
Locais de origem, destino e residência do entrevistado;
Tipologia do veículo;
Motivo da viagem;
Dados da carga transportada, se aplicável;
Dados da rota.
Em muitos casos, dependendo da abrangência do local sendo estudado, estas pesquisas
podem ser custosas e nem sempre serão representativas de todos os pares possíveis de viagens
(GUERRA, 2011).
Para o método via contagem volumétrica de tráfego, são necessárias contagens de
fluxo observadas nas rodovias em um determinado período de tempo, sejam estas obtidas por
postos permanentes ou através de pesquisa realizada em locais específicos, como por exemplo,
em interseções (PEIXOTO, 2013).
Com base nos volumes obtidos nas contagens, procura-se dimensionar a Matriz OD
de forma a reproduzir os fluxos observados. Segundo Peixoto (2013), a validade dos dados
depende da disponibilidade de contagens em um percentual significativo da malha viária sendo
estudada.
34
3 METODOLOGIA
7. Avaliação dos níveis de serviço: com base nos dados extraídos da simulação,
procede-se com o cálculo dos níveis de serviço conforme metodologia disposta
no HCM (TRANSPORTATION RESEARCH BOARD – TRB, 2000) com
auxílio do software Highway Capacity Software (HCS);
8. Avaliação dos resultados e conclusões: análise dos resultados obtidos e
considerações finais.
37
4 ESTUDO DE CASO
4.1 LOCALIZAÇÃO
O ponto A está situado na interseção das marginais da Rodovia BR-101/SC com a rua
Ottokar Doerffel, parte da malha viária do município de Joinville. Da mesma forma, o ponto B
representa a interseção entre a marginal rodoviária e a rua Minas Gerais.
Movimento 1: saída da rodovia principal sentido sul para acesso à via marginal;
Movimento 2: veículos da via marginal sul convergindo à direita na rua Ottokar
Doerffel;
Movimento 3: veículos seguindo na via marginal sul;
Movimento 4: veículos da via marginal sul convergindo à esquerda na rua
Ottokar Doerfell ao norte;
Movimento 5: veículos em manobra de retorno da via marginal sul para a via
marginal norte;
Movimento 6: veículos da rua Ottokar Doerffel ao sul convergindo à direita
para acessar a via marginal;
Movimento 7: veículos da rua Ottokar Doerffel ao sul seguindo à rua Ottokar
Doerffel ao norte;
Movimento 8: veículos da rua Ottokar Doerffel ao sul convergindo à esquerda
para acesso à via marginal norte.
Figura 9 – Movimentos 1 ao 8
Figura 10 – Movimentos 9 ao 15
Figura 11 – Movimentos 16 ao 19
Figura 12 – Movimentos 20 ao 23
Movimento 24: saída da pista principal sentido sul para via marginal próximo
ao km 43.
Figura 13 – Movimento 24
Movimento 25: acesso da via marginal para a pista principal sentido norte
próximo ao km 44.
Figura 14 – Movimento 25
Figura 15 – Movimentos 26 e 27
Figura 16 – Movimentos 28 ao 32
Dessa forma, realizou-se a projeção dos dados de demanda com base nas taxas de
crescimento apresentadas no último relatório de monitoração de nível de serviço cedido pela
Concessionária Arteris Litoral Sul. Os dados são provenientes da avaliação das tendências de
evolução das demandas de tráfego na Rodovia e são apresentadas na Tabela 3.
Inseridas as vias, a conexão entre elas foi realizada através de nós na rede, onde se
definem as permissões de conversão: livre, pare, dê a preferência ou configurações para
controle semafórico. O sistema ilustra o caminho a ser percorrido pelo veículo através de
flechas, conforme apresentado na Figura 18. A rede completa pode ser verificada no Apêndice
D.
48
em que está inserido vão em sua direção. Nesse caso, os movimentos 2, 11 e 14. A soma desses
volumes representa um parâmetro quantitativo da atratividade desse centróide quando
comparado aos demais. Quanto maior a soma, maior será sua capacidade de atrair veículos e,
portanto, maior será a alocação de volume para aquele ponto.
Contudo, essa abordagem implica em algumas incertezas, que podem ser minimizadas
por uma segunda etapa de análise baseada no comparativo entre os volumes totais de origem e
destino obtidos na matriz para cada centróide com os volumes observados nas contagens de
tráfego.
Por exemplo, pela Figura 20, é sabido que o volume total de veículos que efetivamente
acessou a rua Minas Gerais Sul, representada pelo ponto vermelho, é igual à soma dos
movimentos 16 e 18.
Esse valor percentual é representado pelo fator K 50 , calculado pelo volume da 50ª hora
mais carregada do ano em razão do VMDA do mesmo período, obtidos através das contagens
permanentes da Praça de Pedágio do km 79.
Dessa forma, os 50 (cinquenta) maiores volumes observados ao longo do ano foram
ordenados e o quinquagésimo maior valor obtido dividido pelo VMDA do mesmo período:
4.026
K 50 = (41.682,32) ∗ 100 = 9,659%
ℎ0 ²
𝑛∗ = [𝑛0 ∗ ] (8)
ℎ∗²
Onde,
ho = largura do intervalo inicial;
𝑛0 = número inicial de replicações;
t = distribuição t de student;
s = desvio padrão amostral;
𝑛∗ = número de replicações necessárias;
ℎ∗ = largura do intervalo predefinido.
Dessa forma, com base em uma primeira simulação executada para um número piloto
de dez replicações, foram extraídas as contagens por seção da via e calculados os valores da
média e do desvio padrão. Os resultados são apresentados no Apêndice E. Foram consideradas
apenas as seções próximas às interseções que afetariam o cálculo dos níveis de serviço.
Ante o exposto, considerou-se o maior desvio padrão observado (s=37,829) para obter
uma precisão h* de dez veículos sob confiança estatística de 90%. O número de simulações
necessárias é de aproximadamente 48 (quarenta e oito).
37,829
ℎ𝑜 = 1,833 ∗ = 21,93
√10
21,93²
𝑛∗ = [10 ∗ ] = 48,09
10²
55
Cabe destacar que o HCS 2000 não funciona em apenas uma plataforma, sendo
necessária a escolha pela extensão que se aplica à situação sendo analisada. Como a primeira
avaliação se deu para a rede existente, utiliza-se a extensão de avaliação para interseções não
sinalizadas.
Na Figura 26 é apresentada a interface gráfica do programa e a janela onde são
inseridos os dados de volume extraídos do AIMSUN.
Observa-se que os dados são inseridos em um campo único, sem a diferenciação por
veículos leves ou pesados. Essa divisão pode ser feita através de um campo de ajuste dentro do
programa, onde é indicado o percentual do volume total ocupado por veículos pesados.
Contudo, como no local em estudo esse dado não é constante e igual para todas as interseções,
optou-se pela introdução do volume em veículos equivalentes, também denominado como
unidades de carro de passeio (UCP), ou seja, o volume de veículos leves foi somado ao volume
de veículos pesados multiplicado pelo fator de ajuste, igual a 1,50, conforme instrução do HCM
(TRB, 2000).
57
Considerando o segmento em estudo, procedeu-se com a análise para cada uma das
cinco interseções, sendo quatro na região da rua Ottokar Doerffel e uma na região da rua Minas
Gerais, conforme identificadas na Figura 28. Os resultados de nível de serviço obtidos são
apresentados na Tabela 5.
4.4.1 ALTERNATIVA A
4.4.2 ALTERNATIVA B
Figura 36 – Diagrama de barras interseções da rua Ottokar Doerffel com as vias marginais
Tempo decorrido
0 13 17 19 23 39 43 63 67
(em segundos)
E1 13 4 50
E2 19 4 20 24
E3 13 4 50
E4 39 4 24
E5 17 46 4
E6 17 46 4
E7 23 16 4 24
E8 43 20 4
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4
Fonte: Autora (2019).
No primeiro estágio, os movimentos das vias marginais (E1 e E3) são liberados de
forma conjunta, porém, interceptados no semáforo abaixo da passagem inferior (E5 e E6). No
segundo momento, os semáforos das vias marginais são interrompidos, e esse fluxo é liberado.
No terceiro estágio, os usuários com origem na rua Ottokar Doerffel sentido sul (E7)
recebem o direito de passagem, após interrupção do movimento de veículos na via marginal do
mesmo sentido (E2).
No quarto e último estágio, a última aproximação restante recebe o direito de
passagem, permitindo que os veículos com origem na rua Ottokar Doerffel sentido norte (E8)
acessem o sistema após bloqueio do movimento de veículos na via marginal do mesmo sentido
(E4).
O diagrama de barras do conjunto semafórico seguinte, localizado nas aproximações
da rua Minas Gerais com a via marginal no sentido sul é apresentado na Figura 38.
66
Figura 38 – Diagrama de barras interseção da rua Minas Gerais com as vias marginais
Tempo decorrido
0 26 30 41 45
(em segundos)
G1 26 4 15
G2 30 11 4
Estágio 1 Estágio 2
Fonte: Autora (2019).
interseções E1, E3 e G3, situadas nas vias marginais e que têm seu fluxo interrompido durante
parte do tempo de ciclo.
Em síntese, para a estimativa do comprimento de fila, são necessários:
Tempo de atraso médio por veículo: fornecido pelo HCS 2000;
Volume horário de projeto passante pela aproximação em análise: obtido
através dos dados extraídos do AIMSUN;
Comprimento médio de veículos leves: adotado 5,80 m para veículos de projeto
tipo leves (DNIT, 2005);
Comprimento médio de veículos pesados: adotado 12,20 m para veículos de
projeto tipo caminhões e ônibus longos (DNIT, 2005);
Espaço entre veículos parados: adotou-se o valor de 1,0 m, por ser o parâmetro
empiricamente admitido por empresas da área de transportes.
A primeira etapa do cálculo consistiu na determinação do número de veículos em fila
devido ao tempo médio de atraso da aproximação, conforme equação:
𝑇𝑚 ∗VHP
𝑁𝑣 = (9)
3600
Onde,
𝑁𝑣 = Número de veículos em fila;
𝑇𝑚 = Tempo médio de atraso por veículo (s);
VHP = Volume horário de projeto (ucp/h).
Onde,
𝐿𝑚 = Comprimento médio do veículo equivalente (m);
𝑉𝐻𝑃𝑙𝑒𝑣𝑒𝑠 = Volume horário de projeto veículos leves (ucp/h);
𝑉𝐻𝑃𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑜𝑠 = Volume horário de projeto veículos pesados (ucp/h);
𝐿𝑉𝐿 = Comprimento médio veículo leve (m);
𝐿𝑉𝑃 = Comprimento médio veículo pesado (m).
69
Marginal Sul x
53,40 578,00 160,00 12 9 7,19 86,25 64,69
Ottokar Doerffel
Marginal Norte
x Ottokar 32,90 611,00 47,00 8 5 6,26 50,06 31,29
Doerffel
Marginal Sul x
21,90 245,00 16,00 3 3 6,19 18,58 18,58
Minas Gerais
Marginal Sul x
31,70 273,00 31,00 4 3 6,45 25,81 19,36
Minas Gerais
Fonte: Autora (2019).
Como os valores calculados empiricamente são superiores aos obtidos pelo AIMSUM,
optou-se pela análise comparativa entre os referidos valores e as distâncias entre a aproximação
e o acesso de entrada ou saída da rodovia mais próximo, conforme Tabela 10.
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Dessa forma, definiram-se os anos, por interseção, em que pelo menos uma das
aproximações atingiu o nível E, representativo de um fluxo altamente instável e de velocidades
bastante reduzidas. O intuito era propor novas medidas que fossem implantadas até o final desse
prazo, evitando o colapso total do fluxo quando atingido o nível F.
Nas Tabelas 11 e 12 são apresentados, por interseção, o nível de serviço e o ano em
que, no mínimo, uma das interseções atingiu o nível E. Para o caso das interseções 1 e 5, no
cruzamento da marginal norte com a rua Ottokar Doerffel e no cruzamento da marginal sul com
a rua Minas Gerais, respectivamente, mesmo ao final do contrato de concessão, em 2032, o
limite de nível de serviço D não foi ultrapassado.
Tabela 11 – Ano limite de operação semafórica sem novas alterações das interseções 1 a 4
Nível de
Aproximação Aproximação
Interseção Ano Serviço
principal secundária
Final
1 2032 D A C
2 2025 A E C
3 2024 E A D
4 2025 A E C
Fonte: Autora (2019).
Diante dos resultados, estudou-se uma terceira alternativa para atendimento dos
parâmetros de nível de serviço em todas as interseções a partir do ano de 2024 e até, no mínimo,
o ano de 2032.
4.4.3 ALTERNATIVA C
Na região da rua Minas Gerais não foram analisadas novas alterações, uma vez que a
implantação de semáforos se mostrou operante em níveis aceitáveis até o término do período,
em 2032.
Procedeu-se com o carregamento da nova geometria no software de simulação. O
resultado da alteração é ilustrado na Figura 40. Os viadutos estão indicados na cor azul.
Assim sendo, os semáforos foram reprogramados e mais uma vez avaliados os níveis
de serviço. O diagrama de estágios permaneceu inalterado, tendo sido proposto somente um
novo diagrama de barras, conforme Figura 41.
Para essa configuração, os tempos de verde dos semáforos da rua Ottokar Doerffel,
movimentos E7 e E8, são superiores aos tempos dos movimentos com origem nas vias
marginais, E1 e E3.
Os resultados de nível de serviço são apresentados nas Tabela 13 e 14, considerando
os volumes projetados para o ano de 2032.
Dessa forma, conclui-se que a construção dos viadutos para transposição das vias
marginais em conjunto com a reprogramação dos semáforos é suficiente para atender os
parâmetros de nível de serviço até 2032, data do término do contrato de concessão do trecho
analisado.
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5 ANÁLISE DE RESULTADOS
Para análises futuras relacionadas ao tema desse trabalho, sugere-se que os dados de
contagem sejam refeitos com a possibilidade de serem contabilizados todos em uma mesma
data e para o maior período de tempo possível. Entende-se que esse tipo de tratamento melhora
a assertividade do dimensionamento da matriz de origem e destino para implementação no
software de simulação.
Ainda, recomenda-se a avaliação do segmento agregando uma extensão maior do
viário do município, uma vez que podem ser estudadas rotas alternativas capazes de desafogar
o tráfego de veículos na interface entre as ruas municipais e o fluxo rodoviário.
Por fim, entende-se que duas importantes etapas seriam a verificação das obras
necessárias para atendimento das propostas feitas nesse trabalho com base na geometria hoje
existente no local, avaliando principalmente a possibilidade de utilizar a estrutura atual, assim
como a análise socioeconômica das alternativas, correlacionando o ganho para a sociedade com
os custos diretos das obras.
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REFERÊNCIAS
ARTERIS LITORAL SUL. Projeções de fluxo rodoviário. Acesso em 27 set. 2019. [mimeo].
HIGHWAY CAPACITY SOFTWARE. Software para cálculo dos níveis de serviço. 2019.
LAW, A. M. Simulation modeling and analysis. 5. ed. New York: MCGRAW-HILL, 2015.
PEIXOTO, A.G. Método para a construção de uma matriz de origem e destino utilizando
algoritmo para localização de trechos para a realização das pesquisas. 2013. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
212 p.
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