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Coletânea Brasileira de Engenharia de Produção
Coletânea Brasileira de Engenharia de Produção
Coletânea Brasileira de Engenharia de Produção
de Engenharia
Produção
STELLATA EDITORA
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© 2018 – Stellata Editora
stellata.com.br
publicacao@stellata.com.br
Conselho Editorial
Prof. Dr. Pedro José Papandréa
Prof. Me. Alexandre Fonseca Torres
Prof. Me. Dalton Garcia Borges de Souza
Prof. Me. João Ederson Corrêa
Prof. Me. Juliana Helena Daroz Gaudencio
Prof. Me. Taynara Incerti de Paula
O conteúdo dos artigos científicos incluídos nesta publicação são de responsabilidade exclusiva dos
seus respectivos autores.
Apresentação
A Engenharia de Produção é, sem dúvida alguma, um dos cursos que mais cresceu
nos últimos anos no Brasil, contando hoje com 1088 cursos de graduação distribuídos
por todo território nacional. Este montante de cursos equivale a aproximadamente
17% de todos os cursos de Engenharia no Brasil. Dos 100.421 graduados em
Engenharia em 2017, 17.344 graduaram-se em Engenharia de Produção.
Evidentemente, junto com os cursos de graduação e o número de formados, cresceu
também a pesquisa e o interesse pelas assuntos e ferramentas amplamente
desenvolvidos e disseminados pela área.
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A RACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO EM UMA UNIDADE
FEDERAL DE SAÚDE POR MEIO DO DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO
DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO.
Resumo
Este artigo trata da problemática do processo de abastecimento de materiais e medicamentos
em um hospital federal do Rio de Janeiro, indicando como um dos principais motivos a
ineficiência das licitações procedidas por essa Unidade. O objetivo do estudo foi mapear o
fluxo da fase de planejamento das licitações do hospital núcleo da pesquisa e desenvolver um
Sistema de Informação customizado, visando racionalizar as etapas do certame licitatório e
possibilitar na melhoria do processo de abastecimento. Ao mensurar os resultados do estudo,
verificou-se uma redução significativa do tempo de execução da fase interna com a utilização
do Sistema de Informação proposto, mais expressivamente na etapa da pesquisa de preços.
Outro resultado relevante observado no estudo foi a diminuição da quantidade de tramitações
processuais, demonstrando uma maior padronização do fluxo e consequente delimitação de
competências dos setores e agentes envolvidos.
1. Introdução
1
PT/MS/GM n° 1.270, de 05 de agosto de 2005; publicada no D.O.U, em 08/08/2005, seção 1, pág. 40.
GESTÃO 8
Sistema Único de Saúde no município do Rio de Janeiro, declarado naquele período, através
do Decreto Federal n° 5.392, de 10 de março de 2005, refederalizando quatro unidades
hospitalares que estavam sendo gerenciado pelo município: os Hospitais do Andaraí, Cardoso
Fontes, de Ipanema e o da Lagoa. Além dessas quatro unidades, os Hospitais Federais de
Bonsucesso e Servidores do Estado também são vinculados ao Ministério da Saúde - MS.
A Portaria 188 de 30 de janeiro de 20082 delegou ao Departamento de Gestão Hospitalar a
coordenação e supervisão das atividades assistenciais, compras e contratações de grande vulto
envolvendo insumos comuns aos seis hospitais federais do Rio de Janeiro, assim como
distribuir as competências dos diretores dessas unidades hospitalares para realização de
aquisições e contratações.
Entretanto, há indícios de que as licitações procedidas pelo DGH e pelas unidades
hospitalares subordinadas não alcançam a eficiência esperada nas contratações públicas em
Saúde, principalmente no tocante a morosidade. Outrossim, a Controladoria Geral da União
apontou diversos problemas no processo logístico que serão demonstrados no decorrer do
estudo.
O Hospital Federal do Andaraí (HFA) é a unidade central do presente trabalho pela facilidade
no acesso às informações e a viabilidade de aplicabilidade do Sistema de Informação a ser
proposto, resultante da análise sobre o processo de trabalho dos setores administrativos desta
unidade hospitalar.
Em tempos de crise econômica e restrição orçamentária, o tema deste artigo ganha relevância
pela possibilidade de colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) decorrente da significativa
diminuição das pessoas assistidas por planos privados e consequente aumento da necessidade
das Unidades Públicas de Saúde, de acordo com reportagens recentes3.
Diante a problemática central do estudo, é proposta a análise do fluxo de informações dos
setores envolvidos diretamente na fase interna do processo logístico, visando buscar uma
solução com base na racionalização do processo de planejamento das licitações da referida
Unidade Hospitalar.
2
PT/MS/GM n° 188, de 30 de janeiro de 2008; publicada no D.O.U, em 31/01/2008, seção 1, pág. 78 e
republicada no D.O.U, em 26/03/2009, seção 1, pág. 38.
3
http://oglobo.globo.com/economia/meio-milhao-de-brasileiros-fica-sem-plano-de-saude-17807807
GESTÃO 9
2. Gestão da Logística Pública
GESTÃO 10
pesquisa de mercado para estimativa de preço de referência, elaboração de cláusulas
específicas em relação à logística de entrega e fiscalização do objeto.
Neste contexto, o Projeto Básico e o Termo de Referência são os instrumentos que
contemplam o planejamento do processo licitatório, sendo o Projeto Básico utilizado nas
modalidades de licitação previstas na Lei n. 8.666/93 e conceituado no Art. 64 da referida
norma. Já o Termo de Referência é usado na modalidade Pregão, tanto nas formas presencial
e eletrônica, e sua definição é prevista no § 25, do artigo 9, do Decreto n. 5.450/05.
Mendes (2008) afirma que não existem diferenças marcantes na finalidade do Projeto Básico
e do Termo de Referência, apenas as legislações supracitadas são diferentes. Ressalta também
que o agente público que possui a expertise de planejar utilizando o Projeto Básico não
encontrará maiores problemas em elaborar um Termo de Referência.
O entendimento da Tecnologia da Informação (TI) e sua aplicabilidade no pregão eletrônico é
um aspecto importante para o sucesso da pesquisa. Segundo Carvalho (1998), conceitua-se TI
como conjunto de hardware e software que executa as atividades de processamento de
informações, como coleta, transmissão, armazenagem, recuperação, manipulação e
apresentação.
3. Gestão da Informação
A gestão das informações geradas em uma organização é um dos desafios para o alcance da
eficiência administrativa, principalmente em grandes organizações como por exemplo, um
hospital, que possui diversos setores administrativos e assistenciais, com agentes de
formações multidisciplinares e inúmeros fluxos e processos de trabalho.
Almeida Neto (2012) atribui o significado de organização como empresa de qualquer porte,
pública ou privada, composta por setores, departamentos, colaboradores, processos e fluxos
de trabalho, intentando realizar uma atividade fim.
4
Art. 6. IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado,
para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento
do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos
métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos (...).
5
§ 2o O termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de propiciar avaliação do
custo pela administração diante de orçamento detalhado, definição dos métodos, estratégia de suprimento, valor
estimado em planilhas de acordo com o preço de mercado, cronograma físico-financeiro, se for o caso, critério
de aceitação do objeto, deveres do contratado e do contratante, procedimentos de fiscalização e gerenciamento
do contrato, prazo de execução e sanções, de forma clara, concisa e objetiva.
GESTÃO 11
O termo processo é definido como um conjunto de atividades existentes na organização. Já a
prática de mapear e analisar essas atividades tem como objetivo a eficiência processual, ou
seja, a otimização dos recursos necessários para alcançar o melhor resultado possível
(ALMEIDA NETO; 2012).
De acordo com Oliveira (2014, p. 24), sistema é o "conjunto de elementos que estão inter-
relacionados ou interativos" e gestão define-se como "atividades coordenadas para dirigir e
controlar uma organização". Desta forma, o conceito de Gestão Organizacional é abordado
por Oliveira (2014, p. 31) como "atividades coordenadas para dirigir e coordenar um grupo de
pessoas e instalações com responsabilidade, autoridade e relações definidas".
Para O´Brien (2004, p. 06), sistema de informação "é um conjunto organizado de pessoas,
hardware, software, redes de comunicações e recursos de dados que coleta, transforma e
dissemina informações em uma organização."
Barbosa (2008) aborda a Gestão da Informação como o tratamento da informação resultante
dos variados documentos elaborados e utilizados em uma organização. Já Moresi (2000)
destaca a essencialidade da informação para a adequada gestão de uma organização,
indicando a necessidade de perceber objetivamente os valores da informação e do sistema
informacional para alcançar a efetividade gerencial.
Segundo Alvarenga Neto (2002) o gerenciamento adequado da informação auxilia o
desenvolvimento da estratégia organizacional e as tecnologias da informação e comunicação
impulsionam a celeridade da geração, do tratamento e distribuição da informação.
De acordo com Sganderla (2012), processos com elevado grau de retrabalho e baixo valor
agregado das atividades, excessivas tramitações de papéis, falta de padronização ou
aplicabilidade do fluxo processual, dificuldades em atender os prazos e níveis de serviços
esperados, caracteriza-se como uma necessidade iminente de automação.
Entretanto, mesmo com as esperadas vantagens competitivas em uma automação processual,
Sganderla (2012) alerta que nem sempre a automação é benéfica, principalmente em se
tratando de processos com falhas na concepção sobre o negócio, baixa capacitação e
habilidade de execução dos agentes envolvidos, por problemas políticos que poderiam
fragilizar a aplicabilidade do processo automatizado.
GESTÃO 12
Informação pretendido, já que o objetivo é dirimir a problemática do trabalho com a
organização e racionalização do fluxo da informação.
Segundo Mendes (2008), de acordo com a Lei Geral de Licitações e Contratos e demais
normas correlatas, o processo licitatório é composto por três grandes fases: fase interna (ou
planejamento), fase externa e a fase contratual.
Vale ressaltar que as legislações pertinentes ao referido tema não determinam os setores
responsáveis por cada etapa do processo, tendo em vista as diversidades de organizações e
suas especificidades. Geralmente, as delimitações e atribuições são definidas por regimento
interno ou pela autoridade competente de cada órgão, tendo as normas correlatas como
parâmetros para a aplicabilidade do fluxo processual.
Outro aspecto relevante deste trabalho é a delimitação na elaboração de um Sistema de
Informação com os setores envolvidos na fase interna/planejamento da licitação da Unidade
Hospitalar núcleo da pesquisa, uma vez que na fase externa existe maior rigidez das normas
reguladoras e os certames são procedidos em sua maioria, pela modalidade Pregão, na forma
Eletrônica. Além disso, os procedimentos são realizados em Portais virtuais de Compras
Governamentais, podendo ser acompanhado por qualquer cidadão.
Altounian (2012) destaca a importância de atentar para a fase interna e considera a etapa mais
importante de um processo licitatório, pois é o momento em que se define as condições
necessárias como definições técnicas e orçamentárias, aspirando uma contratação futura em
que o real interesse público seja atendido.
A pesquisa teve como base, o mapeamento de processos realizados nos últimos 5 anos,
visando estabelecer um ponto de partida que permita alcançar resultados mais eficientes nos
processos licitatórios e consequente melhoria no fluxo da logística de abastecimento
hospitalar, em consonância com os objetivos do Lean Office, na busca da diminuição de
desperdícios e retrabalhos administrativos, tornando os fluxos mais enxutos (SERAPHIM;
SILVA; AGOSTINHO; 2010).
A técnica de modelagem de processos utilizada na presente pesquisa foi a Business Process
Modeling Notation (BPMN), que segundo Braconi e Oliveira (2013), apresenta uma notação
padronizada e de fácil compreensão por todos os agentes que participam do processo, além de
viabilizar a modelagem dos mais diversos tipos e naturezas de processos. Sganderla (2012)
destaca ainda que o BPMN representa o passo a passo do processo, propiciando a
aplicabilidade prática da pesquisa.
GESTÃO 13
Rodriguez e Caro (2012) ressaltam que o BPMN é a técnica mais utilizada no mercado para o
mapeamento de processos de negócios, por proporcionar maior qualidade e confiabilidade.
Nesta seara, Aguirre-Mayorga et al. (2012) destacam o notório avanço no crescimento da
expressividade do BPMN no meio dos negócios e da tecnologia da informação.
No decorrer do estudo, os fluxos foram elaborados através do modelador de processos Bizagi,
que de acordo com Brandão e Costa (2014), é uma ferramenta totalmente compatível com a
notação BPMN, já que permite ilustrar de forma prática e dinâmica, todas as etapas de um
processo sem necessidade de conhecimentos de programação.
6
Portal de Compras do Governo Federal disponível em: http://www.comprasgovernamentais.gov.br/
7
SIPAR disponível em: http://189.28.128.99/sipar/protocolo.php
GESTÃO 14
Tabela 1. Processos licitatórios gerenciados pelo DGH.
Total de
Total Abertura Data da
dias da Data do Aviso de Total de dias
PROCESSO UASG PR OBJETO de do última
fase Licitação (aproximadamente)
itens processo Homologação
interna
Testes
25001.032922/2011 HFA 01/12 laboratoriais 111 11/07/2011 436 21/09/12 06/05/13 655
2
Cânulas e
25001.036000/2011 HFL 03/12 50 25/07/2011 290 10/05/12 12/12/12 530
tubos
Corantes
25001.021189/2012 HFCF 20/13 9 11/04/2012 567 30/10/2013 06/02/2014 664
especiais
Fios
25001.020283/2013 HFA 23/13 52 17/04/2013 870 04/09/2015 19/01/2016 1007
Cirúrgicos
Etiquetas e
25001.060020/2012 HFA 46/13 21 17/09/2012 666 14/07/2014 17/11/2014 790
bobinas
Insumos de
25001.035444/2013 HFA 17/14 33 24/06/2013 416 13/08/2014 01/04/2015 646
Fisioterapia
Total de
Total Abertura Data da
dias da Data do Aviso de Total de dias
PROCESSO UASG PR OBJETO de do última
fase Licitação (aproximadamente)
itens processo Homologação
interna
Mon.
33367.003001/2014 HFA 120/15 10 06/05/2014 370 11/05/2015 04/08/2015 455
Invasiva
Mat. Med.
33367.004252/2014 HFA 124/15 52 30/06/2014 347 12/06/2015 16/11/2015 503
II
GESTÃO 16
cada etapa da fase interna/planejamento, tendo como referência o acompanhamento do
Sistema Integrado de Protocolo e Arquivo (SIPAR).
Ao analisar o mapeamento das cinco licitações selecionadas da Unidade Hospitalar
depreende-se como resultados gerais, que a média de tempo de execução da fase interna
desses certames iniciados em 2014 foi de 414,2 dias, tendo a etapa da pesquisa de mercado e
providências necessárias para a consolidação do Termo de Referência com o maior período de
realização, representando uma média de 248,4 dias, ou seja, 59,97 % da fase interna. Além
disso, observou-se uma média de 21,4 tramitações dos processos, sem seguir um padrão
definido.
Vale ratificar que a demora no planejamento do certame licitatório provoca frustrações nos
resultados das licitações, pois o elevado tempo decorrido entre a pesquisa mercadológica e a
realização da etapa de seleção das propostas na fase externa implica em divergência entre o
preço praticado no mercado, principalmente em época de ampla variação inflacionária,
resultando em cancelamento de vários itens e consequente desperdício do trabalho.
Consultando o Portal de Compras Governamentais (Comprasnet), com o fito de exemplificar
a referida problemática das cinco licitações iniciadas em 2014 e selecionadas para o presente
estudo, apenas duas foram encerradas totalmente, tendo o Pr. 106/2015 - HFA 56,25% dos
itens cancelados e o Pr. 120/2015 - HFA 30% dos itens cancelados, ou seja, uma média de
43,13% de frustração do processo licitatório.
Essa morosidade e frustrações dos itens nos processos licitatórios implicam na dificuldade do
abastecimento logístico racional, sendo informado pelo gestor de suprimentos da Unidade que
houve necessidade de proceder aquisições de mais de 500 itens por dispensas de licitação em
2014, representando cerca de 55% do total de materiais e medicamentos adquiridos pela
Unidade no ano.
Como uma das causas significativas para a problemática central do presente estudo, verificou-
se que a etapa inicial do processo até a pesquisa de mercado e demais providências pertinentes
para a consolidação do Termo de Referência foi a que apresentou maior dificuldades de
execução pelos agentes públicos, pois os problemas com as especificações dos materiais e a
falta de definição de competência impactaram na operacionalização da pesquisa de preços.
GESTÃO 17
3.5 Proposta de um Sistema de Informação
GESTÃO 18
mercadológica, visando ampliar as fontes e otimizar esta etapa, que é considerada uma das
mais importantes no processo licitatório.
Outra proposta sugerida no decorrer da pesquisa foi a aproximação da atuação do Setor de
Compras com a Câmara Técnica, no intuito de dirimir possíveis dúvidas técnicas dos insumos
no momento da definição dos valores estimados da licitação, objetivando auxiliar os
colaboradores administrativos para o êxito da fase de pesquisa de mercado.
Vale salientar que foi observado no presente estudo, indícios de fragilidades nas informações
de consumo dos materiais, das grades com descritivos defasados e dos incipientes sistemas de
gestão disponíveis na Unidade, principalmente no Serviço de Almoxarifado, justificando
assim, a exclusão na participação inicial do novo fluxo dos processos licitatórios.
No entanto, sugere-se que o Serviço de Almoxarifado passe a atuar futuramente no fluxo do
processo licitatório no momento da quantificação das grades, com a possibilidade de obter o
registro fidedigno do consumo desses insumos padronizados na Unidade.
A Administração, com a participação deste pesquisador, promoveu reuniões e capacitações
com os gestores e colaboradores dos setores envolvidos no processo logístico, no intuito de
elaborar um fluxo padrão para a realização dos processos licitatórios de materiais e
medicamentos, resultando no roteiro da Figura 1.
1. INÍCIO DO PROCESSO
Câmara Técnica/
FASE INTERNA PADRONIZADA DAS LICITAÇÕES EM 2015
Secomp
GESTÃO 19
5. PESQUISA DE MERCADO E TERMO DE REFERÊNCIA
Setor de Compras/
Câmara Técnica
5.1. Realizar a pesquisa de mercado no Portal de Compras Governamentais;
5.2. Realizar a Intenção de Registro de Preços;
5.3. Consolidar o Termo de Referência;
5.4. Encaminhar para a aprovação do Termo de Referência consolidado.
6. CIÊNCIA E PROSSEGUIMENTO
Suprimentos
Divisão de
6.1 Tomar ciência;
6.2 Encaminhar prosseguimento da elaboração da minuta de edital.
Compras
Setor de
GESTÃO 20
17. INÍCIO DA FASE EXTERNA
de Licitação
Permanente
Comissão
17.1 Publicar o edital final e proceder o início da fase externa. (FIM)
GESTÃO 21
4. Resultados gerais do mapeamento das licitações iniciadas em 2015 aplicando o
Sistema de Informação proposto
450 414.2
400
350
300 248.4
250 217
200
150 81.4 81.8
100 53.8 43 53.2
50 25 8.8 16.4 19.4 21.4 19
00 MÉDIA EM DIAS 2014
0
MÉDIA EM DIAS 2015
GESTÃO 22
Figura 3: Resultados em percentual do comparativo processual 2014 x 2015.
0.7
59.97%
0.6
0.5
37.70%
0.4
8
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 27 DE JUNHO DE 2014: Dispõe sobre os procedimentos
administrativos básicos para a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação de
serviços em geral.
GESTÃO 23
A introdução da Câmara Técnica/HFA nessa atividade demonstrou maior eficiência em
solucionar dúvidas em relação aos termos utilizados pela equipe assistencial, os nomes
comercializados e os descritivos encontrados no Portal de Compras Governamentais
(Comprasnet), tornando as pesquisas mercadológicas mais céleres e os preços mais fidedignos
com os praticados no mercado, segregando e especializando melhor as referidas funções.
Outro importante aspecto foi a nomeação de gestores capacitados nas áreas envolvidas no
estudo e interessados em participar no desenvolvimento de melhorias às rotinas
administrativas, contribuindo ativamente para a possibilidade de discussão e aplicabilidade do
presente trabalho, representando uma mudança de cultura na Unidade Hospitalar.
Em relação às demais etapas do planejamento, observa-se uma alteração percentual
significativa na fase Ajustes do edital final e demais providências, pois apesar de não
apresentar uma variação relevante em dias, essa atividade passou a ser a mais demorada nas
licitações de 2015, representando cerca de 38% em média, sendo que em 2014 essa etapa
consignava aproximadamente 20% do período do planejamento das licitações.
Essa mudança é compreendida pelo contexto da administração do Hospital, que iniciou vários
processos licitatórios no mesmo período e investiu maior esforço na resolução do gargalo da
época, que era a etapa da pesquisa de mercado e consolidação do termo de referência.
Todavia, este trabalho poderá servir como sugestão para uma adequação de estratégia da
Unidade em atuar na etapa Ajustes do edital final e demais providências, que representa o
maior percentual do processo, já que aparentemente o problema inicial da pesquisa foi sanado
com as deliberações adotadas neste estudo.
A análise jurídica também foi uma etapa da fase interna que apresentou uma variação
relevante no decorrer estudo, isso porque essa etapa é executada pela Consultoria Jurídica da
União - RJ, conforme estabelece a legislação vigente. Observa-se uma média de 43 dias para a
apreciação jurídica em 2014, passando para cerca de 53 dias em 2015.
Contudo, ao avaliar e comparar o percentual que a etapa da análise jurídica representa no
prazo processual, identifica-se um aspecto positivo nos resultados das novas licitações, tendo
em vista que em 2014 essa etapa representava cerca de 10% do período total da fase interna, e
em 2015 passou a denotar cerca de 25% do tempo de elaboração do planejamento.
Ou seja, considerando que a análise jurídica é uma atividade externa e fora do domínio da
Administração Hospitalar, pode-se concluir que os números ensejam no aumento da eficiência
das equipes que executam as demais fases que dependem exclusivamente das ações do órgão
estudado.
GESTÃO 24
Em relação ao resultado final do certame, apesar de não ser o foco principal do estudo, é
possível aferir a eficiência e efetividade desejada nesta pesquisa, pois o Pr. 101/2016-HFA
obteve a duração total de 316 dias, o único de todos os processos elencados neste trabalho,
finalizado dentro de um período anual, possibilitando assim demonstrar o potencial da
colaboração do Sistema de Informação institucionalizado em prol da racionalização dos
procedimentos licitatórios.
Outro resultado marcante do Pr. 101/2016-HFA foi o maior aproveitamento dos itens
homologados, já que apenas três dos vinte e três itens licitados foram cancelados,
representando cerca de 13% de frustração do processo, contra aproximadamente 43% em
média nos processos mapeados e iniciados em 2014. Os demais processos encontram-se na
execução da fase externa e ainda não possuem resultados definidos.
Assim sendo, a racionalização proposta no Sistema de Informação deste trabalho
proporcionou uma otimização e padronização do fluxo, maior celeridade na realização das
etapas da fase interna, diminuição das tramitações e no aumento da eficiência e efetividade da
pesquisa mercadológica, indicando em um maior aproveitamento dos certames licitatórios e
racionalização do processo de abastecimento da Unidade.
5. Conclusões
GESTÃO 25
consolidação do Termo de Referência. Em média, tal atividade demandava aproximadamente
60% do período total da fase interna, representando cerca de 248 dias.
A implementação do Sistema de Informação proposto nas licitações iniciadas em 2015
possibilitou mensurar resultados significativos, como a diminuição em média de 48% do
período dispensado para o planejamento dos novos certames, passando a durar em média 217
dias, maior aproveitamento dos itens licitados e diminuição do tempo total da realização do
processo licitatório, conforme aferido no Pr. 101/2016-HFA, que foi concluído em 316 dias,
ou seja, dentro de um exercício anual.
Outro aspecto positivo nos processos iniciados em 2015 com a utilização do Sistema de
Informação foi a diminuição de aproximadamente 10% da quantidade de tramitações dos
processos, demonstrando maior padronização das informações processuais e delimitação das
competências de cada setor.
A instituição de um setor administrativo que promovesse a interface com os setores
assistenciais para tratar de questões técnicas dos materiais, tanto na elaboração das grades,
como no auxílio na fase identificada como o maior gargalo, foi um fator considerado
marcante neste trabalho para a obtenção de resultados positivos com o Sistema de Informação
elaborado.
O advento da IN n. 05/2014 - MPOG, que estabeleceu diretrizes para a realização de pesquisa
mercadológica em geral, e a contratação da licença de um portal especializado em pesquisa de
preços também facilitou na operacionalidade e padronização desta atividade, podendo ser
considerado mais um aspecto que colaborou para a melhoria da fase interna.
Cumpre exaltar a nomeação durante o período desta pesquisa, dos novos gestores dos setores
pertencentes ao processo logístico, que demonstraram interesse e disponibilidade para a
participação de discussões de fluxos até resultar no modelo apresentado no presente trabalho.
Com o auxílio da tecnologia da informação e a busca contínua da virtualização dos processos
administrativos, o Sistema de Informação poderá ser adaptado futuramente à ferramentas
funcionais customizadas para o planejamento das licitações e no processo logístico hospitalar
em geral, além de viabilizar a utilização por outros órgãos públicos, representando uma
oportunidade de melhoria em suas licitações.
A padronização dos atos administrativos e a diminuição da margem de erros que a
aplicabilidade de um software poderá proporcionar, também podem ser consideradas
oportunidades relevantes para impulsionar o desenvolvimento de trabalhos futuros,
GESTÃO 26
colaborando assim com o avanço da eficiência da logística pública, no aumento do controle
social dos atos da administração e na oferta de serviços públicos mais dignos.
REFERÊNCIAS
AGUIRRE-MAYORGA, Hugo Santiago et al . Evaluation of Intégration Approaches
between ERP and BPM Systems. Ing. Univ., Bogotá , v. 16, n. 2, p. 415-431, Dec. 2012.
GESTÃO 27
file:///C:/Users/VINCIU~1/AppData/Local/Temp/1075-2556-1-PB.pdf> Acesso em: 14. Mar.
2016.
GESTÃO 28
Janeiro e dá outras providências. Disponível em
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt1270_05_08_2005.html>. Acesso em:
22 abr. 2014.
MUKAI, Toshio. Licitações e Contratos Públicos. 8 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2008.
GESTÃO 29
OLIVEIRA, Saulo Barbará. "Gestão Organizacional e Estratégica da Qualidade". In:
OLIVEIRA, Saulo Barbará (Org.). Gestão Por Processos: fundamentos, técnicas e modelos
de implementação: foco no sistema de gestão de qualidade com base na ISO 9000:2000. 2 ed.
- Rio de Janeiro : Qualitymark Editora, 2014.
SERAPHIM, Everton Cesar; Íris Bento da, SILVA; Osvaldo Luis, AGOSTINHO. Lean
Office em organizações militares de saúde: estudo de caso do Posto Médico da
Guarnição Militar de Campinas. Gestão & Produção, 2010, v.17, n.2, pp. 389-405.
GESTÃO 30
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ANÁLISE DA EVASÃO DE DISCENTES DO CURSO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR UTILIZANDO
CADEIA DE MARKOV
Resumo
A partir do cenário de grande evasão e baixa inserção dos alunos em cursos de graduação
de engenharia, nota-se que os estudos acerca de Cadeia de Markov podem contribuir de
maneira positiva, haja vista que, através desses, é possível que as Instituições de Ensino
Superior (IES) sejam capazes de acompanhar a permanência dos alunos no curso ao longo
do tempo. Desse modo, o presente trabalho teve como principal objetivo a aplicação dos
conceitos de processos estocásticos e Cadeia de Markov para determinar e analisar a
probabilidade de permanência dos discentes no curso de Engenharia de Produção em uma
Instituição de Ensino Superior, além de analisar a probabilidade de desistência, abandono e
de conclusão do curso. Após levantamentos de dados no setor de Registro e Controle
Acadêmico da IES, foi possível desenvolver a matriz de transição estocástica do processo,
formada pelas probabilidades de permanência, trancamento, abandono e formação dos
discentes do curso de Engenharia de Produção. Após as resoluções das equações
matriciais, utilizando o software MATLAB, os resultados mostraram que, a probabilidade
de um discente concluir o curso de Engenharia de Produção, é de 72,11%, 84,65%,
91,71%, 97,44% e 100% para os discentes que se encontram nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª séries
respectivamente. Notou-se ainda que a probabilidade de um discente do curso trancar a
matrícula nas duas primeiras séries é de, 7,49% e 8,79% respectivamente e que, a
probabilidade de um discente da 1ª série abandonar o curso é de 20,41%.
PESQUISA OPERACIONAL 32
1. Introdução
2. Referencial teórico
2.1. Processos estocásticos
Segundo Ynoguti (2011), os processos estocásticos podem ser classificados em termos dos
valores que podem assumir assim como dos instantes de tempo em que podem sofrer
mudanças. Estes processos podem ser classificados como processos de valor discreto e de
valor contínuo, assim como de processos de tempo discreto e tempo contínuo.
De acordo com o mesmo autor, um processo de valor discreto é quando todos os valores
possíveis para todos os instantes de tempo t de um processo X(t) é um conjunto contável, caso
contrário o processo é classificado como de valor contínuo. Já um processo estocástico de
tempo discreto X(t) é definido apenas para um conjunto de instantes de tempo tn= nT, onde
“T” é uma constante e “n” um inteiro; caso contrário, X(t) é definido como processo de tempo
contínuo.
De acordo com Taha (2008), um modo simples de determinar o tempo médio da primeira
passagem para todos os estados em uma matriz de “m” transições, “P”, é dada pela seguinte
equação:
µ!" = (I − N! )!! !, j ≠ i
Onde:
µ!" : Tempo médio do primeiro retorno para o estado j;
I: Matriz identidade (m-1);
Nj: Matriz de transição “P” menos sua j-ésima linha e sua j-ésima coluna do estado visado j;
!: Vetor coluna (m-1) com todos os elementos iguais a 1.
2.3. Análise de estados de absorventes
PESQUISA OPERACIONAL 34
Segundo Taha (2008), a análise de cadeias de Markov com estados absorventes pode ser
executada convenientemente usando matrizes. Em primeiro lugar, a cadeia de Markov é
dividida em outras matrizes da seguinte maneira:
N ⋮ A
P= ⋯ ⋮ ⋯
O ⋮ I
Onde:
N: Matriz de probabilidade de um estado de transição passar para outro de transição;
A: Matriz de probabilidade de passar do estado de transição para o estado absorvente;
I: Matriz identidade que possui todos os estados absorventes da cadeia;
O: Matriz nula.
Assim, a partir dos conceitos de tempo médio de passagem e da divisão da cadeia de Markov
em outras matrizes, é possível calcular a probabilidade de absorção, dada pela seguinte
equação:
M = (I − N! )!! A
Onde:
M: Probabilidade de absorção.
PESQUISA OPERACIONAL 35
mais as propriedades das mesmas, é preciso apontar alguns conceitos e definições pertinentes
a esses estados. Para desenvolvimentos deste estudo, foram levados em consideração apenas
quatro tipos diferentes de estados, são eles: estados comunicantes, recorrentes, de transição e
de absorção.
De acordo com Winston (2004), um estado é dito de transição se existe pelo menos um estado
j que é acessível a partir de i, contudo o estado i não é alcançável a partir do estado j. Os
estados recorrentes, ao contrário, são aqueles em que todos os estados que partem dele
retornam a ele. Dessa forma, é dito que se um estado não é de transição, ele é conhecido como
um estado recorrente.
A partir dos conhecimentos de Bueno (2008), diz-se que o diagrama de transição é conhecido
como representação gráfica de uma Cadeia de Markov. Neste diagrama, é possível observar
os estados, as transições e as probabilidades de transição, respectivamente, por !! e !!" , em
que i e j são índices que identificam os vários estados possíveis (assim, !!" é a probabilidade
de existir uma transição do estado !! para o estado !! ). A Figura 1 a seguir demonstra a
representação de um diagrama de transição:
PESQUISA OPERACIONAL 36
Figura 1 – Diagrama de transição
Nesta imagem, é possível observar que os estados estão sendo representados por círculos e as
transições são demonstradas através de setas.
Segundo Golmakani (2014), uma cadeia de Markov é chamada de absorvente se existe pelo
menos um estado absorvente, ou então se for possível, através de qualquer estado, alcançar
um estado absorvente (porém, não necessariamente em um único passo).
2.8. Matlab
PESQUISA OPERACIONAL 37
3. Métodos de pesquisa
3.1. Estratégia e classificação da pesquisa
O artigo se caracteriza como um estudo de caso, que de acordo com Gil (2010) é o estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de forma a obter um amplo e detalhado
conhecimento. Segundo Silva e Menezes (2005), o trabalho também se enquadra na categoria
de pesquisa quantitativa, uma vez que esta traduz números, opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las, requerendo o uso de técnicas estatísticas.
O artigo investiga a saída de alunos de uma IES através de métodos quantitativos, de forma a
analisá-las para serem solucionadas pela instituição em um futuro breve. A IES forneceu os
dados necessários sobre a movimentação de alunos do curso escolhido para análise.
O estudo foi realizado devido à lacuna de conhecimento sobre a probabilidade de um aluno
matriculado se formar ou abandonar o curso por exemplo.
O estudo teve etapas bem definidas que podem ser observadas na figura abaixo:
Montagem da
Iden'ficação do matriz e diagrama
problema Coleta de dados
de transição
PESQUISA OPERACIONAL 38
O estudo se inicia com a identificação do problema que surgiu através de membros da
instituição de ensino superior sobre o número de alunos que permanecem no curso e em quais
etapas do curso ocorrem mais abandonos, este é um conhecimento fundamental, em vista que
a partir deste é possível concentrar mais esforços para motivar os alunos nas etapas de maior
desistência.
Após isto, foram coletados dados para o desenvolvimento da matriz de transição e seu
diagrama. A partir da matriz de transição se aplicou o processo estocástico com a finalidade
de se obter as probabilidades estacionárias de absorção.
A partir de entrevistas com docentes e outros membros da IES se levantou a questão sobre a
permanência de alunos na instituição. Decidiu-se, então, focar o estudo no campus de ciência
e tecnologia da IES, mais especificamente no curso de Engenharia de Produção.
A coleta de dados foi realizada através do setor de Registro e Controle Acadêmico da
instituição, que forneceu o número de alunos matriculados, quantos trancaram o curso,
quantos desistiram, quantos repetiram o ano e o número de concluintes da graduação.
A partir dos dados fornecidos pela instituição de ensino foi elaborada uma matriz de transição,
com três estados de absorção, e com base nesta foi feito o diagrama de transição, o que
permite uma melhor visualização das mudanças de estado possíveis no modelo.
Para iniciar o processo estocástico se identifica quatro submatrizes da matriz de transição,
sendo estas: N, R, nula e identidade. Assumindo que cada submatriz encontrada seja
considerada como uma matriz, com o auxílio do MATLAB, são realizadas operações
características do processo estocástico. Iniciando pela subtração da matriz identidade de N
pela própria matriz N.
(I − N)
I: Matriz identidade.
N: Matriz N, probabilidade de transição entre um estado não absorvente para outro não
absorvente;
PESQUISA OPERACIONAL 39
A matriz obtida dessa subtração é invertida, como podemos ver na equação abaixo:
(I − N)!!
M: Matriz probabilística;
I: Matriz identidade.
N: Matriz N, probabilidade de transição entre um estado não absorvente para outro não
absorvente;
4. Resultados e Discussões
PESQUISA OPERACIONAL 40
4.3. Coleta de dados
O curso em estudo possui duração de 5 anos e cada série tem duração de um ano. Foram
solicitados e obtidos dados referentes às matrículas de todas as turmas dos anos de 2012,
2013, 2014 e 2015 do curso de Engenharia de Produção. Desta forma, para os períodos
estudados, existia apenas uma turma na 1ª série do curso para cada ano.
Com os dados coletados, foram realizadas médias aritméticas para encontrar o número médio
de alunos que se matriculavam, repetiam, trancavam e abandonavam o curso na 1ª, 2ª,3ª, 4ª e
5ª séries. Os valores obtidos da quantidade de alunos matriculados foram de 28, 35, 40 e 40,
respectivamente, para cada série do curso de Engenharia de Produção. Seguem os resultados,
Tabela 1, que foram utilizados para a elaboração dos estados da Cadeia de Markov analisados.
Tabela 1 – Dados sobre as matrículas de alunos nos anos de 2012, 2013, 2014 e 2015.
Observa-se que nos dados históricos apenas um discente na 1ª série trancou sua matrícula.
Destaca-se ainda o número alto de alunos que abandonam o curso na mesma série. Além
disso, notou-se uma baixíssima quantidade de alunos da 5ª série que não continuaram no
curso, apenas um a cada três turmas, e quando se fez a média o valor obtido foi praticamente
zero, adotando-se o mesmo.
PESQUISA OPERACIONAL 41
Figura 3 – Diagrama de transição com os estados de transição e de absorção.
!1 !2 !3 !4 !5 ! ! !
!1 0,0357 0,8214 0 0 0 0 0,1429 0
!2 0 0,0370 0,8889 0 0 0,0370 0,0370 0
!3 0 0 0,0286 0,9143 0 0,0286 0,0286 0
!4 0 0 0 0,025 0,95 0,025 0 0
!! = !5 0,975
0 0 0 0 0,025 0 0
! 0 0 0 0 0 1 0 0
! 0 0 0 0 0 0 1 0
! 0 0 0 0 0 0 0 1
Onde a matriz N, probabilidade de transição entre um estado não absorvente para outro não
absorvente, é: !1 !2 !3 !4 !5
!1 0,0357 0,8214 0 0 0
!2 0 0,0370 0,8889 0 0
N = !3 0 0 0,0286 0,9143 0
!4 0 0 0 0,025 0,95
!5 0 0 0 0 0,025
PESQUISA OPERACIONAL 42
E a matriz A, probabilidade de transição entre um estado não absorvente para um absorvente,
é: ! ! !
!1 0 0,1429 0
!2 0,0370 0,0370 0
A = !3 0,0286 0,0286 0
!4 0,025 0 0
!5 0 0 0,975
A Tabela 2 expõe a quantidade esperada em anos para cada discente até que o mesmo entre
em um estado de absorção. Estes valores foram obtidos através da soma dos tempos que cada
discente passa em um determinado estado, ou seja, a soma dos elementos de cada uma das
linhas da matriz fundamental, (I - N)-1.
Tabela 2 – Quantidade de anos esperados em cada estado antes da absorção.
Estado Anos esperados antes da Absorção
1ª série 4,2295
2ª série 3,7479
3ª série 2,9354
4ª série 1,0256
5ª série 1,0256
Fonte: Autores (2016)
PESQUISA OPERACIONAL 43
T A C
!1 0,0749 0,2041 0,7211
!2 0,0879 0,0656 0,8465
(I − N)!! . A = !3 0,0536 0,0294 0,9171
!4 0,0256 0 0,9744
!5 0 0 1
5. Conclusão
PESQUISA OPERACIONAL 44
em engenharia. Através dos cálculos realizados, foi possível atingir de forma satisfatória os
objetivos do estudo, determinando a probabilidade de permanência dos discentes no curso e
engenharia de produção e identificando quais estados de transição de maior evasão dos
alunos. Além da principal probabilidade, foi possível determinar também as probabilidades de
desistência, abandono e de conclusão do curso.
Os resultados mostraram que, a probabilidade de um discente concluir o curso de Engenharia
de Produção, é de 72,11%, 84,65%, 91,71%, 97,44% e 100% para os discentes que se
encontram nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª séries respectivamente. Nota-se ainda que a probabilidade de
um discente do curso trancar a matrícula nas duas primeiras séries é de, 7,49% e 8,79%
respectivamente e que, a probabilidade de um discente da 1ª série abandonar o curso é de
20,41%.
Em pesquisas futuras, algumas propostas se demonstram interessantes, destacando-se: a)
Realizar estudo buscando o número de alunos que possivelmente se formarão em um período
de alguns anos; b) Aplicar a metodologia em outros cursos da IES.
Por fim, salienta-se a existência de algumas limitações ao estudo como o número de alunos
que voltaram ao curso depois após o trancamento do mesmo. Haja vista que o departamento
da IES responsável não detinha estes dados.
REFERÊNCIAS
AMOS, G. MATLAB com aplicações em engenharia. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
PESQUISA OPERACIONAL 45
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PESQUISA OPERACIONAL 46
TAHA, H. A. Pesquisa operacional: uma visão geral. 8. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2008.
PESQUISA OPERACIONAL 47
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ANÁLISE DA QUALIDADE EM SERVIÇO POR MEIO DO SERVQUAL COM A
APLICAÇÃO DO TESTE DE WILCOXON
Resumo
O presente trabalho visa avaliar a qualidade do serviço prestado pela empresa concessionária
do transporte público no município de Ilhéus-BA, com base no modelo SERVQUAL, a
avaliação foi realizada segundo a perspectiva de alunos universitários que utilizam deste
serviço para se deslocarem até a universidade e retornarem a suas casas no final de suas
atividades. A pesquisa da qualidade do serviço foi realizada através de um survey com uma
amostra de 85 universitários usuárias do serviço. Para a análise dos dados, foi realizado o
cálculo do GAP entre expectativa e desempenho para cada item, juntamente com a utilização
do teste de significância de Wilcoxon para verificar se há diferença significativa. Após o
cálculo do GAP identificou–se que em todos os quesitos a percepção dos clientes em relação
ao desempenho do serviço prestado foi superado pela expectativa do serviço, o que representa
que os clientes estão insatisfeitos com o serviço prestado. Com base nos resultados, foi
possível concluir que o serviço prestado é considerado insatisfatório pela visão dos
universitários e a dimensão da qualidade que os entrevistados têm maior expectativa é
dimensão Confiabilidade.
1. Introdução
GESTÃO DA QUALIDADE 49
dessas reinvindicações, segundo Pujol (2014) foi à discrepância entre o custo das tarifas e a
qualidade de serviço prestado pelas empresas.
Investimentos na melhoria da qualidade do serviço de transporte coletivo podem diminuir
problemas como o da gestão de mobilidade nas cidades, como a lotação excessiva e podem
trazer um maior conforto para os usuários. Esses investimentos começam a ser realizados
quando os gestores compreendem que o serviço de transporte público é necessita de clientes
para sobreviver (ALVES; SILVA; VAN DER WAERDEN, 2012).
O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade do serviço prestado pela empresa
concessionária do transporte público no município de Ilhéus segundo as perspectivas dos
alunos universitários que utilizam deste serviço para se deslocarem até a universidade e
retornarem a suas casas no final de suas atividades. Pretende-se com os resultados deste
trabalho entender quais são os principais pontos fracos que necessitam ser melhorados.
Conhecer os itens e dimensões dos serviços prestados que são valorizados pelos usuários do
transporte público reduz a diferença entre a expectativa e a percepção dos clientes e ajuda a
traçar o perfil dos usuários do serviço para que o prestador de serviço possa identificar os
possíveis vieses da qualidade e direcionar esforços para a melhoria da qualidade do
transporte.
2. Qualidade em Serviços
GESTÃO DA QUALIDADE 50
Segundo Mondo e Fiates (2013), a imagem da organização é extremamente importante para
uma empresa de serviço, pois a imagem da empresa influencia na escolha do cliente e é
caracterizada pela combinação da qualidade funcional com a qualidade técnica. A qualidade
técnica resulta do que é recebido pelo cliente durante prestação do serviço, já a qualidade
funcional é definida como o nível de desempenho de como o cliente observou o serviço
prestado. Logo, o modelo proposto é a combinação desses três conceitos.
Cronin e Taylor (1992) criaram um modelo onde a expectativa do cliente é excluída,
conhecido como SERVPERF e este, portanto, é baseado apenas na percepção do usuário
perante o serviço prestado. Os autores do modelo justificam o mesmo caracterizando a
qualidade como uma atitude do consumidor em relação às dimensões do serviço, e para isso, a
qualidade deve ser mensurada a partir da percepção do usuário sobre o serviço prestado, e não
como a diferença entre a expectativa e o desempenho (SALOMI; MIGUEL; ABACKERLI,
2005).
Parasuraman, Zeithhaml e Berry (1985) desenvolveram o modelo de hiato de serviço para
explicar as principais fontes de insatisfação do cliente com o serviço, transformado na
ferramenta SERVQUAL. De acordo com Eleutério e Souza (2002), o SERVQUAL é para a
literatura uma das ferramentas mais indicada para a avaliação da qualidade de serviço. Esse
modelo foi criado por Zeithaml, Parasuraman e Berry (1985, 1988), e caracteriza-se pela
relação da expectativa do cliente, em relação a um serviço qualquer, e a percepção dos
usuários sobre o serviço prestado.
O modelo SERVQUAL é baseado em análise de 5 GAPS/lacunas que determina 4 pontos de
falha na qualidade de serviços: discrepância entre a expectativa do consumidor e a percepção
gerencial dessa expectativa (GAP 1); discrepância entre as percepções gerenciais sobre as
expectativas e as especificações dos padrões estabelecidos (GAP 2); discrepância entre o real
fornecimento e as especificações estabelecidas (GAP 3); discordância entre o conceito de
serviços e os sistemas de comunicação com o cliente (GAP4); e a diferença entre a
expectativa e as percepções dos clientes (GAP 5) (LUBECK et al. 2012; MOURA;
ALLIPRANDINI, 2004 ; LUBECK et al. 2012 ; SATOLO et al. 2005). O GAP 5 é reduzido
com a busca por melhorias nas outras quatro falhas (FITZSIMMONS; FITZSIMMONS,
2010).
GESTÃO DA QUALIDADE 51
Figura 1- Modelo GAP de Qualidade de Serviço
De acordo com Berlezzi e Zilber (2011), com o uso em diferentes serviços a ferramenta
SERVQUAL foi aprimorada. A principal mudança foi a redução das dimensões que saiu de
dez para 5, do modelo antigo permaneceram três dimensões, Tangíveis, Confiabilidade e
Presteza, foram criadas mais duas dimensões, Garantia (fusão das dimensões competência,
cortesia, credibilidades e segurança) e Empatia (agrupamento das dimensões acessibilidade,
comunicação e conhecimento do cliente). Logo, o modelo SERVQUAL definitivo, teve suas
dimensões assim definidas:
a) Tangíveis: condições das instalações físicas, equipamentos e pessoal;
b) Confiabilidade: nível de acuracidade do serviço prestado;
c) Presteza: agilidade do atendimento ao usuário.
d) Garantia: capacidade dos funcionários para passar credibilidade e confiança;
e) Empatia: tratamento da empresa ao usuário do serviço.
Diante do exposto, vale destacar que ainda existem outros modelos na literatura, entretanto a
presente pesquisa se utilizou do modelo de SERVQUAL, pois a pesquisa visa também
conhecer a expectativa do cliente em relação ao desempenho do serviço.
GESTÃO DA QUALIDADE 52
3. Método de Pesquisa
Quanto à natureza, a pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois após o levantamento
do embasamento teórico referente ao modelo de qualidade de serviços SERVQUAL, o mesmo
foi aplicado em forma de questionário aos estudantes usuários transporte coletivo da cidade de
Ilhéus–BA. O questionário seguiu os pressupostos da literatura, contento 5 dimensões e
questões sobre a expectativa do usuário com o serviço e a sua percepção sobre o mesmo. Esta
etapa de coleta de dados com os estudantes foi realizada por meio de um survey aplicado por
meio eletrônico, enviado a todos os estudantes da Universidade. Com base nas
recomendações de Forza (2002) este trabalho foi executado em sete etapas:
− 1ª etapa - levantamento dos conceitos teóricos: foi pesquisado os temas
qualidade em serviço e ferramentas para mensuração da qualidade;
− 5ª etapa - validação dos dados: a validação foi realizada por meio do cálculo
do alpha de cronbach para cada uma das dimensões da qualidade investigadas,
foram encontrados valores superiores a 0,6 para todas as dimensões avaliadas;
GESTÃO DA QUALIDADE 53
− 7ª etapa – conclusões - sugestões de melhorias para o serviço.
atrativos.
3 O espaço físico dos veículos deveria estar 25 O espaço físico dos veículos é limpo e
limpo e conservado. conservado.
4 Os veículos da empresa deveriam estar 26 Os veículos da empresa são conservados de
conservados de acordo com o serviço acordo com o serviço oferecido.
oferecido.
5 As empresas deveriam cumprir os horários 27 As empresas cumprem os horários das
das viagens. viagens.
6 Os funcionários das empresas de transporte 28 Os funcionários das empresas de transporte
deveriam ter interesse em resolver os demonstram interesse em resolver os
possíveis problemas dos clientes, possíveis problemas dos clientes, transmitindo
Confiabilidade
GESTÃO DA QUALIDADE 54
15 Os funcionários deveriam possuir 37 Os funcionários possuem conhecimentos para
conhecimentos para sanar possíveis sanar possíveis problemas tanto no embarque
problemas tanto no embarque e desembarque. e desembarque.
16 SOs empregados deveriam ser educados. 38 Os empregados são educados.
17 Os empregados deveriam obter suporte 39 Os empregados obtêm suporte adequado da
adequado da empresa (Treinamentos e empresa (Treinamentos e capacitações) para
capacitações) para cumprir suas tarefas cumprir suas tarefas adequadamente.
adequadamente.
18 Os funcionários da empresa deveriam tratar 40 Os funcionários da empresa tratam os clientes
os clientes com cortesia. com cortesia.
19 Os funcionários deveriam saber quais as 41 Os funcionários sabem quais são as
necessidades dos clientes. necessidades dos clientes.
20 As empresas deveriam interagir com os 42 As empresas interagem com os clientes,
clientes, buscando melhoria contínua na buscando melhoria contínua na prestação dos
Empatia
4. Resultados e Discussões
Para execução deste teste, atribuiu-se um nível de significância de 5% (Se p-valor ≤ 0,05,
rejeita-se H0, logo existe diferença significativa entre a qualidade percebida e a qualidade
GESTÃO DA QUALIDADE 55
desejada, caso, p > 0,05, aceita-se H0), os resultados o teste de Wilcoxon mostraram haver
diferença significativa entre as expectativas e o desempenho das variáveis estudadas.
Observou-se que, em todas as questões avaliadas um p-level < 0,05 confirmando assim que
existe um GAP entre a expectativa e o desempenho do serviço avaliado. As Figuras 2 a 6,
apresentadas abaixo, expõem os valores médios da expectativa dos clientes e do desempenho
do serviço prestado pelas empresas responsáveis pelo transporte coletivo urbano em estudo,
de acordo com as 5 (cinco) dimensões da qualidade classificadas pelo SERVQUAL. As
questões foram apresentadas no Quadro 1.
De acordo com a Figura 2, todas as perguntas apresentaram avaliações não satisfatórias, ou
seja, nessa dimensão, Aspectos Tangíveis, a expectativa superou o desempenho do serviço
prestado. Nesse caso o GAP, que é o resultado da diferença entre o desempenho do serviço
prestado e a expectativa do cliente, dará um resultado negativo, pois como exposto na Figura
2, a expectativa é muito maior que o desempenho do serviço. A Questão 3 (O espaço físico
dos veículos deveria estar bem limpos e conservados) atingiu nota máxima de expectativa
(Nota 7) e o menor desempenho (Questão 25), sendo o maior GAP dessa dimensão; a Questão
26 (Os veículos da empresa são conservados de acordo com o serviço oferecido) também
obteve a nota mínima no desempenho, mostrando problemas na sua execução. Com isso, as
empresas responsáveis pelo serviço prestado devem priorizar ações que melhorem o
desempenho nesse quesito.
Na Figura 4 são apresentadas as médias das questões pertencentes à dimensão Presteza. Nessa
dimensão, a expectativa também superou o desempenho em todas as questões. Ao observar a
Q12 (Os empregados da empresa deveriam estar sempre disponíveis em ajudar os clientes)
percebe-se que é a única questão que não obteve nota máxima entre as demais questões
referentes à expectativa. As questões Q32 (As empresas informam de maneira eficiente:
folhetos com horário e itinerário das linhas) e Q33 (As empresas dispõem de um atendimento
com agilidade) obtiveram a nota mínima em desempenho.
A Figura 5 refere-se à dimensão Garantia. Essa dimensão também apresenta GAP negativo
para cada um dos itens. Ao analisar a Figura 5 destaca-se que só a Q14 (Clientes deveriam ser
capazes de acreditar nos funcionários da empresa) não obteve nota máxima entre as questões
GESTÃO DA QUALIDADE 57
referentes à expectativa do serviço. Além disso, todas as questões pertencentes apresentaram a
mesma nota em relação ao desempenho nessa dimensão.
Na Figura 6, a qual se refere à dimensão Empatia, as questões Q42 (As empresas interagem
com os clientes, buscando melhoria contínua na prestação dos serviços) e Q43 (Os horários de
funcionamento do serviço são compatíveis com a necessidade dos clientes) tiveram nota
mínima em desempenho.
Como se pode observar nas Figuras, todos os itens apresentaram um GAP negativo, o que
significa que o serviço ofertado não é considerado satisfatório pelos clientes. Com isso, a
empresa deve realizar ações que diminuam essa lacuna entre a expectativa e o desempenho do
serviço prestado.
GESTÃO DA QUALIDADE 58
O Quadro 2 traz o cálculo do GAP, que é a diferença da mediana das respostas do
desempenho com a mediana da expectativa. Quando o GAP for positivo significa que o
desempenho do serviço prestado superou a expectativa do cliente, já quando o GAP for
negativo, isso é, considera-se que o serviço é insatisfatório. Para analisar o Quadro 2, deve-se
saber que o maior GAP quando o desempenho é maior do que a expectativa gera uma
diferença de 6 pontos positivos, e o maior GAP quando a expectativa é maior que o
desempenho gera uma diferença de -6 (seis pontos negativos).
GESTÃO DA QUALIDADE 59
Os funcionários possuem conhecimentos para sanar
Q15-Q37 7 2 -5
possíveis problemas tanto no embarque e desembarque.
Q16-Q38 Os empregados são educados. 7 2 -5
Os empregados obtêm suporte adequado da empresa
Q17-Q39 (Treinamentos e capacitações) para cumprir suas 7 2 -5
tarefas adequadamente.
Os funcionários da empresa tratam os clientes com
Q18-Q40 6 2 -4
cortesia.
Os funcionários sabem quais são as necessidades dos
Q19-Q41 5 2 -3
clientes.
As empresas interagem com os clientes, buscando
Q20-Q42 7 1 -6
melhoria contínua na prestação dos serviços.
Os horários de funcionamento do serviço são
Q21-Q43 7 1 -6
compatíveis com a necessidade dos clientes.
Q22-Q44 A empresa se preocupa com a acessibilidade. 7 2 -5
GESTÃO DA QUALIDADE 60
5. Conclusão
Esse estudo visou avaliar a qualidade do serviço prestado pelas empresas responsáveis pela
realização do serviço de transporte público da cidade de Ilhéus-Ba utilizando-se do ponto de
vista dos estudantes universitários, por meio de um questionário baseado na ferramenta
SERVQUAL para avaliação da qualidade por meio da diferença entre expectativa e
desempenho do serviço prestado. Com a análise do GAP entre a expectativa do usuário sobre
o serviço e a percepção com o desempenho do serviço realizado pelas empresas responsáveis
conclui-se que o serviço prestado por essas empresas está sendo considerado insatisfatório, na
visão dos estudantes, pois em todos os quesitos analisados a expectativa foi maior que o
desempenho do serviço.
A pesquisa se propôs a realizar, em um primeiro momento, um teste estatístico para verificar
se as diferenças entre expectativa e desempenho eram significativas considerando 5% de
significância estatística e utilizando o teste de Wilcoxon. Foi verificado que para todos os
itens avaliados havia diferença entre a expectativa dos usuários e a percepção com o
desempenho do serviço.
Depois de identificar que houve diferença entre expectativa e desempenho, foi avaliado quais
eram os itens com maior discrepância entre expectativa e desempenho, para isso, foi avaliada
a diferença entre as medianas das opiniões das expectativas dos usuários sobre determinado
item e o desempenho percebido. Foram identificados oito itens dos 22 avaliados com
discrepância máxima, máxima expectativa e menor desempenho. Os itens pertencem à quatro
das cinco dimensões avaliadas, apenas a dimensão Garantia não apresentou nenhum item com
discrepância máxima. A dimensão com mais itens com discrepância máxima entre
expectativa e desempenho foi a dimensão Confiabilidade, que é a dimensão que analisa o
nível de acuracidade do serviço prestado, indicando uma maior oportunidade de melhoria
nessa dimensão. Nessa dimensão todos os itens apresentaram expectativa máxima do usuário
com o serviço, podendo ser considerada como a dimensão mais valorizada pelos
entrevistados.
REFERÊNCIAS
ALVES, V. F. B.; SILVA, A. N. R. da; WAERDEN, P. van der. Técnicas Exploratórias para
Localizar Potenciais Usuários de Transporte Público Urbano. Journal of Transport
GESTÃO DA QUALIDADE 61
Literature, v. 6, 3, p. 180 – 203. 2012.
GESTÃO DA QUALIDADE 62
da Produção Científica de Alto Impacto para a Área de Administração no Brasil Até
2012, Motivo de Preocupação para os Pesquisadores de Marketing? IN: XXXVII
Encontro da ANPAD, 2013, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2013.
GESTÃO DA QUALIDADE 63
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ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA
FILIAL DE UMA GRÁFICA NA CIDADE DE MOSSORÓ/RN
Resumo
Segundo Motta e Calôba (2002) a permanência das empresas no mercado deve-se a fatores
relacionados à forma como as organizações planejam estrategicamente seus negócios e dão a
devida atenção às suas finanças. Nesse contexto o artigo visa o estudo de viabilidade
econômico-financeira de uma empresa do ramo gráfico em Russas no Ceará. Pretende-se
verificar a possibilidade da abertura de uma filial no estado do Rio Grande do Norte.
Inicialmente o estudo se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica, que nos deu aparatos
teóricos para o direcionamento da pesquisa, bem como, conhecimento de análise de
investimentos e os métodos de viabilidades econômico-financeiros que identificaram a
disponibilidade de abertura de uma filial na cidade de Mossoró-RN. Além da pesquisa
bibliográfica, utilizou-se de entrevistas com a proprietária do empreendimento e da gerente
administrativa para a coleta de dados necessários para o estudo de caso, caracterizando
também, como uma pesquisa exploratória. A aplicação dos resultados mostrou grande
possibilidade da empresa progredir com sua nova filial, pois forneceu VPL maior que 0 e uma
TIR maior que a taxa mínima de atratividade de 15%, o que permite concluir que o
empreendimento é viável do ponto de vista econômico-financeiro.
1. Introdução
De acordo com o SEBRAE (2014), as micro e pequenas empresas são as principais geradoras
de riqueza no Comércio no Brasil, respondendo por 53,4% do Produto Interno Bruto (PIB)
deste setor. No PIB da indústria, a participação das micro e pequenas empresas já são de
22,5%, bem próximo das médias empresas, 24,5%. No setor de Serviços, mais de um terço da
GESTÃO ECONÔMICA 65
produção nacional, 36,3%, têm origem nos pequenos negócio, totalizando27% de participação
do PIB brasileiro.
Nesse contexto o artigo visa o estudo de viabilidade econômico-financeira de uma empresa do
ramo gráfico em Russas no Ceará. Pretende-se verificar a possibilidade da abertura de uma
filial no estado do Rio Grande do Norte.
A empresa de pequeno porte, com um total de dezesseis funcionários, tem como atividade
econômica principal o comércio varejista de artigos de papelaria, além de produtos
customizados como caixas em MDF, adesivos, entre outros. A gráfica atende sua demanda de
acordo com cada pedido, ou seja, todos esses produtos são feitos sob encomenda de forma
personalizada, logo não existe estoque de produtos acabados, apenas estoque de matéria-
prima.
O artigo é estruturado com introdução, logo em seguida tem-se a fundamentação teórica com
os principais conceitos e definições relacionados à análise de investimentos, enfatizando a
operacionalização de métodos de análise de viabilidade econômico-financeira, como o Valor
Presente Líquido e a Taxa Interna de Retorno, além da construção do Fluxo de Caixa Livre.
Apósé apresentado a metodologia que foi usada e todos os dados coletados para tal análise.
Por fim têm-se os resultados discutidos, as conclusões dos autorese as recomendações para
trabalhos futuros.
2. Referencial teórico
2.1 Análise de investimentos
Segundo Motta e Calôba (2002) a permanência das empresas no mercado deve-se a fatores
relacionados à forma como as organizações planejam estrategicamente seus negócios e dão a
devida atenção às suas finanças. Para Lima et. al. (2008) e Moyen e Platikanov (2012), a
geração de riqueza é a base dos motivos que levam as empresas a realizarem investimentos,
buscando um retorno de valor ou riqueza, os investimentos deveram possuir retornos
superiores ao custo dos capitais neles empregados, proporcionando valores líquidos positivos,
agregando riqueza para o investidor e para os próprios investimentos.
Para Palepu, Healy e Bernard (2004) detalhamos uma analise financeira em quatro etapas, que
seguem:
− Análise estratégica do negócio para entender a posição competitiva da firma no ramo
que se insere, fatores de risco e de sucesso;
GESTÃO ECONÔMICA 66
− Análise contábil para apurar a eficácia da estratégia e da operação da empresa por
meio dos resultados passados;
− Análise financeira com a finalidade de examinar índices e geração de fluxo de caixa da
operação;
− Análise prospectiva para determinar previsões aproximadas da realidade futura do
negocio e determinar o seu valor.
Segundo Zandonadi, Rogers e Ribeiro o fluxo de caixa livre (FCL) é uma importante
ferramenta para auxiliar na tomada de decisão. O FCL utiliza o fluxo de caixa operacional,
assim o fluxo proveniente das operações da empresa após os impostos sem considerar a
estrutura de financiamento da empresa. Para o mesmo autor o total de dinheiro disponível na
empresa após considerar os investimentos e necessidades de capital de giro, assumindo que
não existe pagamento de juros. Deve ser adicionando também as despesas que não geram
saídas de caixa, por exemplo, a depreciação e a amortização.Para complementar a importância
do fluxo de caixa livre, temos que:
O fluxo de caixa livre de uma empresa deve ser igual ao seu fluxo de caixa de
financiamento. Ou seja, o total de dinheiro gerado pelas operações da empresa (mais
fluxo de caixa não-operacional, se existir) precisa ser igual ao pagamento líquido
para todos os credores e acionistas da empresa. Caso o fluxo de caixa livre seja
negativo, ele precisa ser igual aos investimentos (descontados impostos) providos
pelos credores e acionistas. (Copeland, 1990)
(=) Lucro antes de juros, impostos sobre o lucro, depreciação, amortização e exaustão (EBITDA)
GESTÃO ECONÔMICA 67
(=) Caixa Gerado pelas operações
(-) Investimentos
− Permanentes
VPL = - I + (1)
Onde:
− FCt: fluxo de caixa no t-ésimo período;
− I: investimento inicial;
− K: custo do capital ou taxa mínima de atratividade (TMA);
− t: tempo de desconto de cada entrada de caixa;
− n: tempo de desconto do último fluxo de caixa.
Podemos definir a TIR segundo Samanez (2002), como uma taxa hipotética de desconto que
anula o VPL, ou seja, é o valor de i que satisfaz à seguinte equação:
VPL= - I + =0 (2)
GESTÃO ECONÔMICA 68
Conforme Gitman (2002) o projeto é economicamente viável desde que a taxa de retorno
esperada seja maior que a taxa de retorno requerida, ou seja, se TIR > custo de oportunidade
do capital. Para uma melhor tomada de decisão usa-se:
− TIR > TMA, aceita-se o projeto;
− TIR < TMA, rejeita-se o projeto.
3. Metodologia
Inicialmente o estudo se deu por meio de uma pesquisa bibliográfica, que nos deu aparatos
teóricos para o direcionamento da pesquisa, bem como, conhecimento de análise de
investimentos e os métodos de viabilidades econômico-financeiros que identificaram a
disponibilidade de abertura de uma filial na cidade de Mossoró-RN.
Para Gil (2007) a pesquisa bibliográfica é classificada por ser desenvolvida tendo por base
material já elaborado, sendo sua fonte de pesquisa principalmente em livros e artigos
científicos. O estudo de caso é constituído de um profundo e exaustivo estudo de um ou mais
objetos de maneira que permita seu vasto e aprofundado conhecimento.
Além da pesquisa bibliográfica, utilizou-se de entrevistas com a proprietária do
empreendimento e da gerente administrativa para a coleta de dados necessários para o estudo
de caso, caracterizando também, como uma pesquisa exploratória.
A pesquisa exploratória busca explicitar o problema com mais familiaridade através de
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no assunto pesquisado, que
normalmente vem associada à pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2007).
Após a coleta dos dados, pode-se obter o Fluxo de Caixa Livre (FCL) da empresa, integrada
ao cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) e à Taxa Interna de Retorno (TIR), com objetivo
de realizar a análise de viabilidade econômico-financeira da empresa estudada. De forma a
facilitar a visualização dos resultados gerados, foram utilizadas planilhas eletrônicas do
software Microsoft Excel®.
GESTÃO ECONÔMICA 69
perto da matriz iria alavancar seus negócios. Sendo assim, o objeto de estudo do artigo a
avaliação da viabilidade econômico-financeira do novo empreendimento.
Abaixo estão dispostos os custos e despesas fixas e variáveis, bem como sua classificação:
Quadro 2 – Custos e despesas do período
CUSTOS E DESPESAS DO PERÍODO
ITEM VALOR CLASSIFICAÇÃO
Custo do material direto (mês 12) R$ 26.500,00 Custo Variável
Serviços de terceiros R$ 919,30 Custo Fixo
Manutenção R$ 2.441,00 Custo fixo
Internet e telefone R$ 148,53 Despesa fixa
Água - -
Energia Elétrica R$ 2.376,20 Custo fixo
Marketing R$ 634,99 Despesa fixa
Funcionários da administração R$ 15.875,11 Despesa fixa
Mão de obra R$ 15.000,00 Custo fixo
Material de escritório R$ 100,00 Despesa fixa
Fonte: Própria
GESTÃO ECONÔMICA 70
4.4. Cálculo do valor presente líquido e da taxa interna de retorno
O Valor presente líquido (VPL) foi calculado por 12 meses gerando um valor de
R$335.403,92, satisfazendo a condição de decisão para VPL > 0. Já a Taxa Interna de
Retorno (TIR), durante os 12 meses analisados originou um valor de 96%, bem maior que a
taxa mínima de atratividade estipulada pela proprietária do empreendimento.
A aplicação dos resultados mostrou grande possibilidade da empresa progredir com sua nova
filial, pois forneceu VPL maior que 0 e uma TIR maior que a taxa mínima de atratividade de
15%, o que permite concluir que o empreendimento é viável do ponto de vista econômico-
financeiro.
6. Considerações finais
O presente estudo obteve sua principal contribuição, pois considerou a análise de viabilidade
econômico-financeira para implantação de uma filial de uma gráfica na cidade de
Mossoró/RN. Trabalhou-se com as ferramentas de Fluxo de Caixa Livre, o Valor Presente
Líquido e a Taxa Interna de Retorno e percebeu-se que a implantação do novo
empreendimento é viável.
As expectativas dos gestores foram atendidas, pois os valores de fluxo de caixa projetados e o
Valor Presente Líquido calculados no artigo obtiveram um valor positivo em todos os
cenários. Assim, ressalta-se que as previsões obtidas no Fluxo de Caixa apresenta uma
confiabilidade alta perante acuracidade dos dados coletados.
REFERÊNCIAS
GESTÃO ECONÔMICA 71
COPELAND, Tom; KOLLER, Tim; MURRIN, Jack. Valuation: Measuring and managing
the value of companies. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1990.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
LIMA, JR. M. P. et. al. Simulação de Monte Carlo auxiliando a análise de viabilidade
econômica de projetos. In: Anais do Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Niterói,
2008;
PALEPU, Krishna G.; HEALY, Paul M.; BERNARD, Victor L. Business analysis e
valuation: using financial statements.3. ed. Ohio: Thomson Learning, 2004.
GESTÃO ECONÔMICA 72
2017.
GESTÃO ECONÔMICA 73
ANEXO
Tabela 1 - Fluxo de Caixa Livre
FILIAL MÊS 0 MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8 MÊS 9 MÊS 10 MÊS 11 MÊS 12
Fonte: Própria
GESTÃO ECONÔMICA 74
$BQÓUVMP
"/«-*4&%&7*"#*-*%"%&&$0/¼.*$0'*/"/$&*3"
%"*.1-"/5"±°0%&6."-0+"%&$"-±"%04
'&.*/*/04/"$*%"%&%&.03"%"/07"$&
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DA IMPLANTAÇÃO
DE UMA LOJA DE CALÇADOS FEMININOS NA CIDADE DE MORADA NOVA -
CE
Jose Wanderson Alexandre de Souza (UFC)
Letícia Késya Cavalcante Bezerra (UFC)
Bruna Raquel de Souza (UFC)
Mateus Porfírio de Moura Castro (UFC)
Rochelly Sirremes Pinto (UFC)
Resumo
O setor calçadista, vem passando por grandes transformações ao longo do tempo,
principalmente em relação a autonomia da mulher e no seu poder de compra que cresceu
significativamente, o que reforça a relevância de uma loja feminina de calçados. Com base
nestes fatos, o presente artigo tem como objetivo analisar a viabilidade econômico-financeira
na implantação de uma loja de calçados femininos, na cidade de Morada Nova, no estado do
Ceará. Nele é discutida a importância da análise de investimento como um instrumento
fundamental para a tomada de decisão, visto a necessidade de as empresas efetuarem um
estudo preliminar de seus retornos financeiros antes de investir o seu capital. Nesse contexto,
a metodologia do trabalho, consta de um estudo do mercado varejista de calçados, da análise
dos dados coletados, e de uma avaliação desses dados, com base em alguns métodos de
análise de investimento, sendo eles: Valor Presente Líquido (VPL), que apresentou o valor de
R$ 74.161,20, sendo considerado atrativo perante ao valor investido. A Taxa Interna de
Retorno (TIR) que resultou uma alíquota de retorno adquirido de 170% a.a. sobre o saldo
investido, superando a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) estimada para esse projeto, e o
Payback que apresentou um tempo de retorno de investimento de 1 ano. Com os resultados
obtidos, é possível afirmar que o projeto é viável, e que a empreendedora pode realizar um
financiamento bancário para arcar com o investimento inicial.
1. Introdução
Desde 2015 o Brasil tem passado por uma grave crise que assola o setor econômico do país.
GESTÃO ECONÔMICA 76
Um dos personagens de grande relevância para a recuperação econômica, são os novos
empreendimentos. Esses novos negócios acabam por gerar empregos, o que afeta diretamente
o crescimento econômico do país.
Com as dificuldades no setor econômico e tendo em vista que os hábitos dos brasileiros têm
mudado nos últimos anos, os novos empreendedores tendem a formar estratégias para
conquistar esse novo perfil de consumidores, que estão atentos a qualidade e ao preço dos
produtos ou serviços. As oportunidades para novos empreendimentos são muitas, porém
poucos empreendedores conseguem entender o mercado de atuação e acabam fechando seus
negócios em um curto período de tempo. Um dos pontos importantes quando se pensa em um
empreendimento, é a sua viabilidade econômico-financeira, e se o produto disponibilizado no
mercado será ou não aceito pelo “público alvo”, como é o caso do varejo calçadista.
O mercado varejista de calçados no Brasil, tem passado por um momento difícil devido à
crise. Dados da ABICALÇADOS (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados),
mostram que em 2016 o volume de vendas sofreu uma queda de 20% em relação ao ano de
2015.
Mesmo com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, esse setor tem apresentado um
leve crescimento em relação a 2016. Segundo IEMI Inteligência de Mercado, até o fim de
2017, o varejo de calçados deverá movimentar algo em torno de R$ 53,7 bilhões (valores
nominais) representando assim 5,6% a mais dos valores comercializados em 2016.
No que tange a demanda por calçados, as mulheres são as que mais compram calçados no
Brasil e no mundo, representando 20% a mais do que os homens. Estudos apontam que este
crescimento está diretamente relacionado ao fato de que nos últimos anos a mulher tem
ganhado espaço no mercado de trabalho brasileiro. Outro dado importante é que o
desemprego afetou menos as mulheres do que os homens nos últimos cinco anos. De acordo
com o IBGE, entre 2012 e 2016, o total de homens empregados sofreu redução de 6,4%,
contra 3,5% entre as mulheres.
O mercado de calçados femininos cresceu significativamente na última década. Segundo um
levantamento realizado pela Fecomércio SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo do Estado de São Paulo), mostra que no ano de 2014 a população brasileira gastou
mais de R$ 22 bilhões apenas com calçados, sendo as mulheres responsáveis por R$ 12
bilhões deste total.
Tendo em vista o crescimento da autonomia feminina e as expectativas de crescimento do
setor varejista de calçados, o presente artigo tem como objetivo analisar a viabilidade
GESTÃO ECONÔMICA 77
econômico-financeira na implantação de uma loja de calçados femininos, na cidade de
Morada Nova, no estado do Ceará, com base em alguns métodos de análise de investimento
como o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Payback.
2. Referencial Teórico
2.1 Análise de Investimento
“Um investimento é feito no pressuposto de gerar um resultado que supere o valor investido,
para compensar o risco de trocar um valor presente certo por um valor futuro com risco de sua
recuperação.” (PADOVEZE, 2003, p.465).
Dessa forma, a análise de investimento se torna uma ferramenta imprescindível para a tomada
de decisão, visto a necessidade de as empresas efetuarem um estudo prévio de seus retornos
financeiros antes de investir o seu capital.
GESTÃO ECONÔMICA 78
Segundo Weknke (2000), a definição de Taxa Mínima de Atratividade é “a taxa mínima de
retorno que o investidor pretende conseguir como rendimento ao realizar algum
investimento”.
Para Casarotto e Kopittke (2000), ao investir determinada quantidade de recurso financeiro
em um projeto com objetivo de expandir o capital, é importante avaliar se não poderia ser
obtido um maior retorno do mesmo capital através de outros projetos. O investimento deverá
no mínimo, render o valor da TMA, que é uma taxa de juros comparativa, equivalente à
rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco.
Lapponi (2000) define o Valor Presente Líquido (VPL) de uma análise de investimento como
a soma algébrica dos valores descontados do fluxo de caixa a ele associado. Ou seja, é a
diferença entre o valor presente das receitas e o valor presente dos gastos. Sua fórmula
algébrica pode ser expressa como:
Onde:
I = Investimento de capital na data zero (registrado com sinal negativo por se tratar de um
desembolso);
n = Número de períodos de análise (horizonte de planejamento);
FCt = Fluxos previstos de receitas (entradas) ou despesas (saídas) no período “t”;
j = Taxa Mínima de Atratividade. (TMA).
Vale ressaltar que o critério de decisão do método VPL é: se VPL > 0, então o projeto é viável
do ponto de vista econômico-financeiro.
De acordo com Rebelatto (2004), a TIR, é a taxa de desconto que iguala o valor presente
líquido (VPL) do investimento igual a zero. A TIR é a maior taxa que o investidor pode
requisitar um empréstimo para financiar o investimento sem ter prejuízo financeiro
(MENDONÇA, 2012).
A fórmula para se calcular a Taxa Interna de Retorno, pode ser expressa por:
GESTÃO ECONÔMICA 79
Onde:
I = o investimento de capital na data zero (registrado com sinal negativo por se tratar de um
desembolso);
n = Número de períodos de análise (horizonte de planejamento);
FCt = Fluxos previstos de receitas (entradas) ou despesas (saídas) no período “t”;
r = Taxa Interna de Retorno (TIR).
O critério de decisão, para a Taxa Interna de Retorno, é o seguinte: Se a TIR for maior que o
custo de capital (taxa mínima de atratividade), aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se o
projeto. Esse critério garante que a empresa esteja obtendo, pelo menos, sua taxa requerida de
retorno. Tal resultado deveria aumentar o valor de mercado da empresa e, consequentemente,
a riqueza dos seus proprietários (GITMAN, 2002).
2.3.4 Payback
Conforme Jordan (2014), payback é o período que precisamos esperar para receber o retorno
do investimento inicial. Dessa forma, quando uma empresa faz um investimento e quer saber
quando terá o retorno, ela utiliza o período payback, uma ferramenta cuja função é analisar o
tempo que vai demorar a receber o retorno do investimento.
Ainda de acordo com Jordan (2014), às regras que existem no período payback possuem
algumas deficiências, como por exemplo, no período payback se calcula apenas pela soma dos
fluxos de caixa futuros, ignorando assim o valor do dinheiro no tempo.
3. Metodologia
3.1 Caracterização da pesquisa
GESTÃO ECONÔMICA 80
O estudo foi desenvolvido na cidade de Morada Nova, no estado do Ceará, visando analisar a
viabilidade econômico-financeira na implementação de uma loja de calçados femininos. O
que motiva a empreendedora a investir nesse negócio são as suas vendas, que atualmente são
realizadas a partir das redes sociais e conta com um número significativo de clientes.
Com a finalidade de atender o público feminino das classes B, C e D a loja irá dispor de
produtos com preços populares além de peças de grifes. O bom atendimento será o ponto forte
da loja, tendo como objetivo fazer com que cada cliente se sinta especial e que a hora da
compra seja um momento inesquecível.
Com esse intuito, o estudo busca analisar se é ou não viável a abertura deste empreendimento
e para isso serão utilizadas algumas ferramentas da Engenharia Econômica que serão
abordadas posteriormente.
Através dos dados disponibilizados, verificou-se que o investimento inicial previsto para o
empreendimento é de R$ 19.371,15, sendo que 64% referem-se a investimentos pré-
operacionais como despesas de legalização, reforma, compra de móveis e equipamentos de
informática, além de peças para exposição dos calçados e aquisição de sistema de gestão. Já
os outros 36% referem-se ao capital de giro necessário para as operações iniciais da empresa.
A tabela 1 mostra detalhadamente esses gastos denominados investimento.
Após o levantamento mostrado acima, estimou-se o faturamento anual com três dos principais
produtos mais vendidos, e com isso projetou-se uma tabela com os produtos P1 ,P2, P3 e P4
sendo possível visualizar o faturamento total dos mesmos. Este faturamento foi estimado
tomando por base a demanda atual dos produtos vendidos por meio das redes sociais. Vale
ressaltar que a quantidade e o preço das peças foram especificados com base nos custos das
notas fiscais. Segue a tabela 2 de previsão de faturamento mostrando a quantidade de produtos
vendidos anualmente, o preço unitário de cada produto e suas respectivas receitas anuais.
GESTÃO ECONÔMICA 82
Tabela 2 - Previsão de Faturamento anual.
CUSTO PREÇO DE QUANT. RECEITA
PRODUTO
UNITÁRIO VENDA VENDIDOS ANUAL
P1 R$ 55,00 R$ 110,00 240 R$ 26.400,00
P2 R$ 35,00 R$ 70,00 150 R$ 10.500,00
P3 R$ 30,00 R$ 65,00 400 R$ 26.000,00
P4 R$ 50,00 R$ 100,00 100 R$ 10.000,00
Total em Compras R$ 35.450,00 Faturamento anual R$ 72.900,00
Fonte: Autores 2017
4.5 Financiamento
GESTÃO ECONÔMICA 84
A amortização é definida através da diferença entre a prestação e os juros.
Na tabela 6 está a demonstração dos resultados (DRE) com seus respectivos valores anuais,
assim como, o valor do lucro líquido da operação.
No atual cenário econômico do Brasil as empresas devem conhecer bem sobre gestão de
recursos financeiros, e para isso, o fluxo de caixa projetado é imprescindível quando se deseja
verificar se o saldo inicial de caixa, somado as entradas de um determinado período,
GESTÃO ECONÔMICA 85
diminuído dos desembolsos, representam excedentes ou escassez de recursos, evitando as
situações de falta de liquidez.
Tomando como base os valores de entradas e saídas dos recursos financeiros da empresa, é
possível conhecer e planejar as necessidades de caixa, retratando assim as estimativas de
pagamentos e recebimentos previstos para um período de tempo de 5 anos. Utilizando uma
taxa de 7,5% correspondente a um crescimento sustentado pela inflação anual, o fluxo de
caixa apresentado na tabela 7, denota o lucro operacional dos 5 anos, e mostra que a empresa
estudada possui independência financeira para saldar seus compromissos, visto que,
apresentou valores positivos em todos os 5 anos. Já na tabela 8 têm-se o fluxo de caixa livre
onde são descontados os juros e a amortização do financiamento mostrado na tabela 5 deste
artigo.
Tabela 7– Lucro operacional
Valor Invest. Inicial Capital de Receita Oper. Lucro Oper.
N Custo Oper.
financiado Giro
0 R$ 10.000,00 (R$ 12.299,34) (R$ 7.071,81) (R$ 9.371,15)
1 R$ 72.900,00 (R$ 54.542,65) R$ 18.357,35
2 R$ 78.367,50 (R$ 58.633,35) R$ 19.734,15
3 R$ 84.245,06 (R$ 63.030,85) R$ 21.214,21
4 R$ 90.563,44 (R$ 67.758,16) R$ 22.805,28
5 R$ 7.071,81 R$ 97.355,70 (R$ 72.840,03) R$ 31.587,48
Fonte: Autores 2017
GESTÃO ECONÔMICA 86
Através do Valor Presente Líquido estimado no período de 5 anos, têm-se o conhecimento do
benefício financeiro que o empreendimento oferece, uma vez que o valor do dinheiro vai
diminuindo ao longo do tempo. Para definir o VPL do empreendimento em estudo, foram
considerados: O valor do investimento inicial, a previsão do faturamento anual, os custos
operacionais e um lucro operacional. Aplicando a taxa de juros de 7,5% referente a taxa
SELIC (vigente em dezembro de 2017), foi possível obter um VPL de R$ 74.161,20, dado
disponível na tabela 8. Verificando o fluxo de caixa da tabela 7, pode-se observar que o VPL
atinge um valor positivo e consideravelmente atrativo, podendo assim ser um ótimo índice
para a tomada de decisão de investir neste empreendimento.
Tabela 8 - Resultados
4.10 Payback
O Payback considerado para definir qual será o tempo de retorno para este empreendimento
foi o Payback descontado, onde se considera o valor do dinheiro no tempo. A tabela 8 mostra
que após o cálculo de Payback, obteve-se que o tempo necessário para o retorno desde
investimento será de 1 ano, podendo ser considerado um excelente indicador para investir
neste negócio em Morada Nova – CE.
GESTÃO ECONÔMICA 87
5. Conclusão
Este estudo proporcionou uma análise econômico-financeira para a abertura de uma loja de
calçados femininos na cidade de Morada Nova, localizada no estado do Ceará, atendendo ao
objetivo proposto. Primeiramente foi realizado um estudo bibliográfico sobre o setor varejista
de calçados brasileiros e das ferramentas de análise de investimento.
A organização das etapas do trabalho foi imprescindível para a coleta dos dados necessários
para entender os anseios da empreendedora da Patty Calçados, conhecer a empresa,
caracterizar as despesas, quais os produtos, as formas de financiamento disponíveis para
ajudar no investimento inicial, e a partir daí foram aplicadas as ferramentas de análise
cabíveis, onde estão representados os três métodos de avaliação de investimento: VPL, TIR e
Payback.
Para auxiliar na gestão dos recursos financeiros do empreendimento, foi projetado o fluxo de
caixa da empresa, afim de verificar se o saldo inicial de caixa somado as entradas de um
período de 5 anos, diminuído dos desembolsos, representariam excedentes ou escassez de
recursos, evitando as situações de falta de liquidez. Os resultados foram satisfatórios.
Os cálculos realizados serviram para responder de forma prática se o empreendimento é ou
não viável, os resultados obtidos foram: um Valor Presente Líquido (VPL) de R$ 74.161,20,
uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 170% a.a., e um período necessário para o retorno
(Payback) de 1 ano. E de acordo com os objetivos propostos é possível afirmar que o
empreendimento é rentável e que vale apena fazer um financiamento para arcar com o
investimento inicial.
REFERÊNCIAS
GESTÃO ECONÔMICA 88
Fluxo de caixa o que é e como implantar – Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/fluxo-de-caixa-o-que-e-e-como-
implantar,b29e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD> Acesso em 09/12/2017.
SAMANEZ, Carlos Patrício. Engenharia econômica. São Paulo, Pearson Prentice Hall,
2009.
GESTÃO ECONÔMICA 89
Setor de calçados retoma crescimento, analisa IEMI inteligência de mercado - Disponível
em: <http://www.segs.com.br/demais/91032-setor-de-calcados-retoma-crescimento-analisa-
iemi-inteligencia-de-mercado.html >Acesso em 02/12/2017.
GESTÃO ECONÔMICA 90
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ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DA
QUALIDADE NUMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES DO ESTADO DO CEARÁ
Resumo
Com os consumidores cada vez mais exigentes e uma atmosfera competitiva, as organizações
necessitam de novas ferramentas de gestão com diretrizes capazes de atender as necessidades dos
consumidores. Neste contexto, encontram-se as indústrias de confecção, que tem sentido
fortemente os efeitos da competição global, tendo que oferecer um mix de produtos com
qualidade, e cada vez mais atraentes aos olhos do consumidor, com muito mais informação de
moda. Uma gestão de qualidade apresenta-se como pilar essencial, criando condições internas
que possibilitam às organizações um diferencial estratégico e garantem a sobrevivência das
empresas a longo prazo, através de uma abordagem na melhoria dos processos com intuito de
melhorar a qualidade de seus produtos. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo
analisar o processo de implantação de um sistema de gestão da qualidade em uma indústria de
confecções, desde seu nível de planejamento na alta gestão até o nível operacional, apontando os
principais desafios e resultados obtidos.
1. Introdução
O mercado de produtos e serviços passa por mudanças muito rápidas, reflexo da rápida evolução
social e tecnológica na humanidade. O consumidor busca encontrar nos produtos não somente
sua funcionalidade, mas também busca obter uma grande experiência. E com isso a elevação nos
padrões de qualidade aumentam, advindas de um mercado com clientes cada vez mais exigentes.
Isso faz com que algumas empresas até então aparentemente inexpugnáveis, podem devido às
rápidas mudanças, ter sua sobrevivência ameaçada (VICENTE FALCONI, 2014).
GESTÃO DA QUALIDADE 92
Na indústria têxtil e de confecção as empresas estão trabalhando para lançarem produtos cada vez
mais rápido, mas neste cenário de crescente oferta, o produto será atraente se estiver
adequado às exigências dos clientes. Nesse contexto, uma gestão da qualidade contribui
diretamente para esse propósito.
Para Paladini (2006), a necessidade pela qualidade de produtos e serviços, decorrente quase
sempre do aumento de concorrências de variadas naturezas, motivou uma transformação radical
no cenário. Diante desses novos desafios as organizações buscam diferencias estratégicos,
adotando novos modelos de gestão, onde normalmente alteram suas estruturas organizacionais.
O objetivo de estudo desse trabalho é analisar o processo de implantação de um sistema de gestão
de qualidade em uma indústria de confecções, que ocorre através de uma abordagem crescente
para o desenvolvimento dos recursos humanos, implementação de procedimentos e melhoria dos
processos, com o objetivo de crescer em produtividade e qualidade de seus produtos, através da
confiabilidade e eficiência dos processos internos da organização.
2. Referencial teórico
2.1. Conceito de qualidade
O conceito de qualidade evoluiu substancialmente ao longo das últimas décadas. Antes pensava-
se em qualidade apenas com relação ao produto final com uma abordagem de controle da
qualidade através de inspeção, agora este conceito é direcionado também aos processos
gerenciais, interligando todas as áreas da organização.
Vicente Falconi (2014), define qualidade como um produto ou serviço que atende perfeitamente,
de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo, as necessidades do
cliente.
Qualidade: Está diretamente ligada à satisfação do cliente interno ou externo. Medida por meio
das características da qualidade dos produtos ou serviços finais ou intermediários da empresa.
Inclui a qualidade do produto ou serviço (ausência de defeito e presença de características que
irão agradar o consumidor), a qualidade da rotina da empresa (previsibilidade e confiabilidade em
todas as operações), a qualidade do treinamento, qualidade da informação, a qualidade da
administração, etc; (FALCONI, 2014).
Contudo, o mercado precisou se adequar ao que o seu cliente pede, ou seja, teve que oferecer
GESTÃO DA QUALIDADE 93
produtos e serviços de qualidade à medida em que seu público ficava cada vez mais exigente.
Qualidade vai além de um produto de excelência. Qualidade é o resultado de todo um processo
produtivo, onde todos os envolvidos estão conscientes da importância de levar aos clientes um
produto de qualidade e à empresa um processo mais eficiente.
Para Juran (1990), chegar a um acordo sobre o que se entende por qualidade não é simples. Para
os gerentes, nenhuma definição sucinta é realmente precisa, mas uma dessas definições obteve
larga aceitação: qualidade é adequação ao uso.
Com essa definição, podemos observar que a qualidade sempre vai ser definida pelo cliente, já
que o mesmo é quem faz o “uso” e a última análise do produto ou serviço, definindo ou não sua
qualidade segundo a sua satisfação.
Paladini (2006), ainda explica esse conceito afirmando que tudo que contribui para essa
“adequação” é relevante. Do ponto de vista do produto, isso significa toda à diversidade de itens
que ele possa dispor para melhor se ajustar a sua efetiva utilização.
Uma empresa honesta só pode sobreviver dentro de uma sociedade se for para contribuir para a
satisfação das necessidades das pessoas. Esse é o seu objetivo principal. Sabendo disso, as
empresas sentem-se pressionadas a buscar modelos de gestão capazes de atender as exigências do
mercado atual, nesse sentido um sistema de gestão da qualidade apresenta-se como uma
oportunidade de gerar diferencial estratégico nas empresas.
Segundo Falconi (2014) o objetivo da utilização de uma gestão da qualidade total como
abordagem gerencial nas empresas, é justamente criar condições internas que garantam a
sobrevivência das organizações a longo prazo. Uma empresa com uma cultura voltada para à
qualidade de seus produtos e serviços assegura uma melhor experiência e satisfação para o
cliente, pois o cliente é a razão de uma empresa existir.
Não é mais possível garantir a sobrevivência da empresa apenas exigindo que as pessoas façam o
melhor que puderem, e depois apenas cobrar o resultado. O princípio da abordagem de uma
gestão da qualidade, baseia-se em métodos, onde todos sejam capazes de aprender e praticar,
utilizando-os na direção dos objetivos da empresa.
GESTÃO DA QUALIDADE 94
2.3. Cultura organizacional
3. Metodologia
A abordagem utilizada neste trabalho foi a qualitativa, de natureza básica com o objetivo
exploratório de tornar um problema ou uma visão mais explícita envolvendo um levantamento
bibliográfico.
Nesse contexto, Gil (2010), afirma que, o estudo de caso consiste no estudo profundo e exaustivo
de um ou poucos objetos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados. Yin (2005), ainda
afirma que deve haver estudos de caso exploratórios, estudo de caso descritivos ou estudos de
caso explanatórios.
Nesse sentido, o presente artigo caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso
simples.
Este método foi selecionado por permitir aos pesquisadores responder à complexidade da
GESTÃO DA QUALIDADE 95
pergunta adotada no contexto deste trabalho: quais os desafios no processo de implantação do
sistema de gestão da qualidade em uma indústria de confecção de grande porte?
A coleta de dados para estudo ocorreu a partir de uma revisão prévia de literatura, embasando os
pesquisadores para analisar o caso, explorando os desafios decorrentes do processo de
implementação da gestão da qualidade.
No caso constituiu-se a análise do campo em estudo e a coleta de dados em diferentes fontes de
forma que sustente o objeto de estudo em questão, que deu-se a partir de entrevista com o gestor
e observação aos agentes entrevistados.
4. Caracterização do caso
O planejamento para implantação do sistema de gestão da qualidade concentra-se nos níveis mais
altos da gestão da organização. Sabendo que interfere diretamente na estrutura organizacional.
GESTÃO DA QUALIDADE 96
Para iniciar com o processo de mudança e implantação da gestão da qualidade, o gestor da área
tomou como estratégia aceitar o desafio respondendo diretamente à gestão corporativa,
garantindo que seu trabalho fosse melhor aceito, possibilitando melhores resultados.
Nessa fase do planejamento, foi feito uma análise organizacional, onde foram levantados
questionamento para entender a cultura da empresa, perguntas como: tempo de atuação da
empresa no mercado, tipo de produto, estratégia de produção utilizada, qual o cliente, qual a
expectativa do cliente, etc. Sabendo disso, foi possível estabelecer um panorama da empresa.
Esses questionamentos possibilitam definir uma diretriz para obter sucesso na implantação, e
consequentemente no mercado.
Sendo assim, de acordo com a pesquisa observou-se que a empresa passava por um processo
migratório, onde mudava a estratégia de fabricar produtos para diferentes lojas, para ter um
cliente (loja) único, sendo esse cliente parte do mesmo grupo de empresas. Com isso, a
oportunidade de implantar o sistema de gestão da qualidade na empresa, iniciou-se com o
conhecimento da organização e do processo fabril. Encontrando desafios e oportunidades de
melhoria em uma organização de mais de 70 anos de mercado onde no seu operacional, muitas
pessoas para execução dos processos, pois trata-se de um modelo de negócio, em parte
expressiva, artesanal.
Portanto a gestão da área junto com as demais áreas da empresa atuaram juntos no processo de
implantação do novo sistema, porém encontrou-se um desafio dentro da alta administração, onde
a mesma se mostrou resistente ao processo de mudanças e com vícios culturais, não atendendo as
expectativas da governança corporativa. Para a implantação da gestão da qualidade foram
realizadas etapas seguindo a necessidade de resposta rápida da empresa, não seguindo um modelo
teórico geralmente recomendado.
a) Análise organizacional
A organização em estudo estabelecia sua qualidade de forma empírica, ou seja, baseada em
experiência, não media e consequentemente não tinha dados que pudessem fornecer informações
e apontar pontos de melhoria dentro do processo produtivo.
A medida que a organização não pensava sobre qualidade, as pessoas lá inseridas não eram
habituadas a tratar qualidade como um dos pontos principais para um produto de excelência, ou
seja não tratavam pontos de melhoria no produto de forma efetiva, evitando que voltassem
GESTÃO DA QUALIDADE 97
a aparecer. Como consequência, existe um desafio ao inserir uma cultura voltada para qualidade.
Portanto, a nova cultura tem por objetivo inserir a percepção da qualidade e sua importância por
toda à organização aos envolvidos com o processo produtivo, internamente e externamente, de
forma que todos estejam orientados para qualidade e melhoria contínua dos processos.
GESTÃO DA QUALIDADE 98
Em conversa com o gestor, pudemos observar que o processo hoje se encontra na etapa do, ou
seja, tratando com ação corretiva os índices mais críticos encontrados a partir dos indicadores
estabelecidos. E está iniciando a etapa check, onde está checando a eficiência dos processos,
identificando quais os de menor eficiência, caminhando para a etapa act, onde serão tomadas
ações para tratar desses indicadores, adiantando que o Registro de Não Conformidades (RNC),
Processo de Melhoria Contínua (PMC), e a produção de Procedimentos Operacionais
Padronizados (POP), serão uma das principais ações.
c) Estabelecimento de metas
Para estabelecer as metas foram utilizados tanto informações mercadológicas, observando como
está a concorrência, o público alvo, expectativas do público, como o conhecimento do próprio
gestor responsável pela gestão da qualidade entraram na pesquisa. Nessa etapa, foi de grande
importância o conhecimento do gestor no varejo de confecção, que serviu como base para o
estabelecimento de metas como: redução do percentual de peças produzidas de segunda
qualidade e percentual de retrabalho nos setores de costura. Tendo em vista o conhecimento de
mercado e levando em consideração o tipo de produto fabricado.
A percepção do cliente sobre o produto da empresa foi outro ponto chave no estabelecimento das
metas, a resposta do cliente foi importante para definir parâmetros da qualidade do produto,
sendo possível gerar planos de melhoria contínua, baseados nos novos padrões estabelecidos.
d) Recursoshumanos
O setor de recursos humanos atuou de forma intensa desde o início do processo de implantação.
Atuando de maneira que possibilitou a integração das áreas da empresa, mostrando o objetivo da
organização com a introdução de uma cultura voltada para qualidade.
Nesse sentido, a gestão de pessoas foi muito importante, sabendo que numa empresa com mais de
70 anos de atuação no mercado existe uma cultura comportamental muito forte. E para que as
áreas trabalhassem de forma harmônica com o mesmo propósito, algumas ações foram
determinantes como, exigência de acompanhamento dos indicadores por parte dos gestores,
treinamento dos colaboradores, conscientização da importância da melhoria dos processos e
melhoria da qualidade nos processos e produtos.
Com isso foi possível observar a evolução do colaborador dentro da organização, atuando com os
GESTÃO DA QUALIDADE 99
mesmos objetivos da empresa, onde houve uma percepção de desenvolvimento profissional,
através de capacitação, engajamento, e conhecimento da importância da estratégia adotada pela
organização.
e) Operacional
Ao se tratar de nível operacional, o desafio foi em relação a mudança cultural. Muitos dos
colaboradores estavam acomodados ao antigo modelo de gestão, então era notória a preocupação
dos mesmos em relação à mudança.
No entanto, existiram profissionais dispostos a enfrentar o desafio junto com a empresa, onde a
mesma sempre esteve disposta a investir nesse perfil de colaborador, que foram se adequando ao
novo modelo de gestão.
Portanto, a gestão de pessoas foi um fator crucial nessa etapa do processo junto a gestão da
qualidade, desde que o mesmo atuou junto a todos colaboradores da empresa no processo de
engajamento e treinamento quando necessário. No entanto o desafio é constante, à medida que
novos colaboradores entram na empresa existe a necessidade de integração ao processo de
mudança junto aos objetivos da organização.
6. Considerações finais
O artigo tem por finalidade analisar a implantação de um sistema de gestão da qualidade e seus
principais desafios em uma indústria de confecções, visto a grande importância do setor têxtil e
de vestuário na economia nacional.
Em virtude dos fatos e estudos apresentados, é seguro afirmar que perante um cenário de crise e
alta competitividade no mercado, é imprescindível a busca por ferramentas inovadoras que
auxiliem no desempenho das empresas. Dessa forma, a adoção de uma Gestão de Qualidade
apresenta-se como diferencial estratégico.
O trabalho foi desenvolvido através de um estudo caso simples, onde acompanhou-se uma
observação durante a implementação do sistema de gestão da qualidade dentro da organização,
assim como a reação dos colaboradores no que diz respeito a mudança organizacional.
Através das informações expostas, visualiza-se como um Sistema de Gestão da Qualidade está
interligado com a cultura organizacional de uma empresa, alterando a maneira de pensar e agir
GESTÃO DA QUALIDADE 100
dos membros da organização.
Constata-se que a gestão da qualidade buscou modificar o sistema gerencial como um todo,
atuando nos processos afim de obter eficiência e confiabilidade, seguido de uma maior
produtividade e aumento da qualidade no produto final, buscando a satisfação do cliente.
Portanto conclui-se que a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade é de fundamental
importância para organização, e que o envolvimento de gestores e lideranças é imprescindível
para a aceitação de uma cultura voltada para qualidade. Ainda conclui-se que é de grande
importância o entendimento e conscientização de todos da organização para que a gestão da
qualidade possa interagir com todas as áreas, possibilitando o alcance do objetivo principal de
satisfazer as necessidades das pessoas.
REFERÊNCIAS
Campos, Vicente Falconi. TQC: Controle da qualidade total (no estilo japonês). Nova Lima:
FALCONI Editora, 2014. 286p.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2a ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. 3a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo, 2010. JURAN, J.M. Juran na
liderança pela qualidade – Um guia para executivos. Livraria pioneira editora, SP. 1990.
GESTÃO DA QUALIDADE 101
PALADINI, Edson Pacheco. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2 Ed. 3 Reimp. Editora
Atlas, SP. 2006.
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APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DMAIC E DOS GRÁFICOS DE CONTROLE DE
SHEWART NO CONTROLE DE PROCESSOS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
INDÚSTRIA AÇUCAREIRA
Resumo
A globalização e o avanço tecnológico fizeram com que a satisfação das necessidades dos
clientes se tornasse um fator crucial para a permanência de qualquer empresa no mercado.
Sendo assim, considera-se que o controle do processo auxilia nesta permanecia, pois, possui o
intuito de reduzir metodicamente a variabilidade nas características da qualidade de interesse,
aumento da confiabilidade e minimização do custo do que está sendo produzido. Para isso,
pode-se utilizar os gráficos de controle de Shewart e a metodologia DMAIC que são
ferramentas para controle de processo. Aliado a esta ideia surgiu à proposta de aplicação
dessas duas metodologias para controle do processo em uma indústria açucareira situada
região da mata norte do Estado de Pernambuco. Sendo assim, foi possível acompanhar o
processo produtivo do açúcar, na empresa estudada, aplicar as fases da metodologia DMAIC e
ainda os gráficos de controle para observar a variabilidade das variáveis cor do açúcar e o pH
do caldo caleado. O estudo possibilitou o monitoramento de variáveis importantes do
processo produtivo do açúcar e mostrou-se relevante para implantação de um controle de
processo produção efetivo para a empresa, estudo de caso.
1. Introdução
De acordo com Bortoletto (2013), produto oriundo da cana de açúcar, o açúcar é um alimento
presente na cultura alimentar do brasileiro. São diversos tipos e maneiras de consumo,
incluindo o açúcar naturalmente presente em alimentos como nas frutas (frutose) e no leite
(lactose) e o açúcar que é adicionado a alimentos ou preparações culinárias como o açúcar de
2. Metodologia
A empresa que subsidiou a realização desta pesquisa situa-se na região da mata norte de
Pernambuco e atua no ramo de fabricação de açúcar, tendo como principais produtos os
açúcares: VHP (Very High Polarization) e cristal.
A empresa tem um tempo de safra de aproximadamente 180 dias, moendo de domingo a
domingo e com uma parada programada nas segundas-feiras, para pequenos reparos e limpeza
das máquinas.
3. Revisão bibliográfica.
3.1. Metodologia DMAIC e o Seis sigma
De acordo com Werkema (2010) seis sigmas trata-se de uma ferramenta estratégia gerencial
disciplinada e altamente quantitativa, que tem como objetivo a maximização da lucratividade
e da performance de uma empresa, através da melhoria de processo e produtos e da satisfação
dos clientes.
Assim, o sucesso empresarial pode ser traduzido pelos benefícios do método Seis Sigma,
como: redução de custos, melhoria de produtividade, crescimento da fatia de mercado,
retenção de clientes, redução de defeitos, mudança cultural, desenvolvimento de novos
produtos e serviços, conforme (PANDE, 2001).
LM =
LIC = -A×R̅
Onde:
= média das médias das amostras
A = coeficiente tabelado em função do número de elementos das amostras
R̅ = média das amplitudes das amostras
LM= R̅
LIC= R̅ ×
GESTÃO DA QUALIDADE 109
Onde:
R̅ = Média das amplitudes das amostras
, = Coeficientes tabelados em função do número de elementos da amostra.
4. Resultados e discussões
Foi proposto a aplicação dos gráficos de controle para identificação de causas atribuíveis no
processo produtivo do açúcar da empresa estudada, já que foi verificado que a mesma não
utiliza nenhuma forma de controle de características de qualidade importantes do seu produto
final.
Após observações no processo produtivo preferiu-se, em conjunto a aplicação dos gráficos de
controle de Shewart, usar a metodologia DMAIC, já que esta fornece uma estrutura
consistente para gerenciar mudanças e melhorias em uma organização em crescimento.
Logo, em sequência será apresentado como foram desenvolvidas os resultados e discussões
deste estudo a partir da aplicação das fases do DMAIC.
Após a fase de decantação, tem-se o lodo e caldo decantando que em seguida são filtrados. É
retirada uma amostra da torta para análise no laboratório industrial, sendo o resto utilizado
para adubo. O caldo filtrado, por sua vez, segue para a balança de caldo e daí é colocado
novamente no processo.
O caldo decantado vai para a caixa de evaporação, em seguida para o tanque de xarope (uma
amostra é retirada para análise) e depois para o vácuo de massa A. Posteriormente passa pelo
cristalizador de massa A e pela centrifuga de massa A. Dessa última etapa mencionada é
obtido o mel A e o açúcar A.
O mel A deve passar pelo vácuo de massa B, cristalizador de massa B e centrífuga de massa
B. Após a fase da centrífuga temos o mel B e o açúcar B. O açúcar B retorna ao processo
como semente de cozimento para a massa A. Em seguida o mel B segue para o vácuo de
massa C, cristalizador de massa C e centrífuga de massa C. Após esses processos obtém-se o
açúcar C que servirá de semente de cozimento para o vácuo de massa B e obtém-se o mel
final. Deste mel é recolhida uma mostra para análise e o restante segue para o tanque de mel
final que depois deve ser vendido para destilaria.
A etapa medir consistiu em coletar as amostras. Essa coleta é feita pela equipe de laboratório
industrial responsável pelo controle da qualidade do produto. As características de qualidade
do açúcar medidas são: Brix do xarope, cor do açúcar refinado, cor do açúcar cristal, brix do
mel final, pureza do mel final, ART mel final, pol da torta, pol do bagaço, umidade bagaço e
pH do caldo caleado.
Como mencionado anteriormente, as variáveis cor do açúcar e o pH do caldo caleado foram
as características de qualidade estudadas. Como estas características da qualidade podem ser
medidas dentro de uma escala contínua, os gráficos de controle a serem construídos são do
tipo por variáveis (gráfico e R).
Como mostra a Figura 4, as amostras do açúcar de cana são retiradas do setor produtivo e
levada para o laboratório industrial. Assim, ocorre a pesagem das amostras e adiciona-se
De acordo com a Figura 5 a amostra do caldo caleado é extraída do setor produtivo, é pesada,
e adicionada uma substância reagente “x”, e levada para o pHmetro. Após essas etapas, tem-
se o resultado do pH.
No intuito de mostrar a utilidade destes gráficos de controle partiu-se para construção dos
gráficos de controle por variáveis média e amplitude para cor do açúcar e pH do caldo
caleado.
As Figuras 6 mostra o gráfico para a amplitude dos dados coletados para a variável cor do
açúcar.
Ao analisar a Figura 6, percebe-se que o gráfico para a amplitude mostra que processo
encontra-se em controle para a característica cor do açúcar. Porém, deve-se ter especial
atenção para as mudanças bruscas dos dados nas amostras 5 e 7.
GESTÃO DA QUALIDADE 114
As Figuras 7 mostra o gráfico para média dos dados coletados para a variável cor do açúcar.
Em concordância com a Figura 9, apenas os pontos 10,14 e 18 estão dentro dos limites, e os
outros pontos além de estarem fora dos limites apresentam uma mudança brusca dos dados da
amostra. Pode-se dizer que este processo encontra- se fora de controle para os limites
estabelecidos para esta característica da qualidade.
É indicado que nestes casos seja observada no processo produtivo a interferência de alguns
fatores que podem influenciar no surgimento de causas atribuíveis, ou seja, causas que
estejam levando os pontos saírem dos limites de controle, bem como, ocasionando mudanças
bruscas nas amostras. Alguns destes fatores são: introdução de novos trabalhadores na linha
de produção; mudanças nos métodos, matéria-prima ou máquinas; erro do operador. Isso
demonstra que a empresa não tem uma preocupação com as variações do processo.
Com a melhoria proposta, sugere-se que a implantação dos gráficos de controle ocorra no
laboratório industrial e de sacarose, local onde é realizada a análise das amostras.
É indicado o desenvolvimento de atividades padrão para controlar o processo como: Coletar
dados; Calcular os limites de controle; Avaliar a estabilidade do processo; Avaliar a
capacidade do processo; Padronizar.
Vale salientar que, ao implantar a proposta e caso ocorra variabilidade fora do normal
indicado pelos gráficos, a área de controle do processo poderá usar de outras ferramentas para
investigação de possíveis causas atribuíveis, como: diagrama de Pareto, diagrama de
Ishikawa, matriz GUT, entre outras.
O objetivo do trabalho foi alcançado já que foi cumprida a proposta de utilizar a metodologia
DMAIC e os gráficos de Shewhart que tem como meta controlar o processo, aumentar a
produtividade, reduzir custos, entre outros benefícios, no caso, de produção do açúcar.
É importante frisar que o sistema de produção estudado, por ser contínuo e ininterrupto requer
uma operação padronizada e com controle de produção constante e robusto. Sendo assim,
imprescindível indicar a implementação dos gráficos de controle, pois estes podem fornecer
consistência na análise, melhorar as características de qualidade do produto (açúcar), e, além
disso, é uma ferramenta viável para a realidade da empresa, com facilidade de construção e de
visualização.
Logo, o objetivo geral da implantação da metodologia DMAIC e das cartas de controle é
preparar a empresa para o crescimento e capacitá-la a implantar o controle estatístico em seus
processos, a fim de fornecer seus produtos para seus clientes, que exigem certos padrões de
qualidade.
Propõe-se que após esta aplicação a empresa verifique a aplicabilidade da metodologia Seis
Sigma na empresa o que torna conveniente a continuidade deste trabalho.
REFERÊNCIAS
BORTOLETTO, Ana Paula.2013. Açúcar nos alimentos processados: como e por que
reduzir? Disponível em <https://idec.org.br/em-acao/artigo/acucar-nos-alimentos-
processados-como-e-por-que-reduzir>Acesso: 13 nov. 2018.
PANDE, Peter S. Estratégia seis sigma: como a GE, a Motorola e outras grandes empresas
estão aguçando seu desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
APÊNDICE
Tabela1: Tabela com as análises das amostras do cor do açúcar refinado
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APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE GESTÃO DE ESTOQUE EM UMA LOJA DE
INFORMÁTICA EM UMA CIDADE DO INTERIOR DO RIO GRANDE NORTE:
UM ESTUDO DE CASO
Resumo
O presente artigo refere-se a um estudo de gestão de estoque em uma loja de informática na
cidade de Baraúna, Rio Grande do Norte. Com o intuito de identificar e analisar possíveis falhas
nos procedimentos adotados pela empresa, e propor melhorias para os mesmos, inicialmente
realizou-se visitas à empresa, questionários aos integrantes e a partir de então foi realizado um
inventário geral, onde foi possível constatar alguns problemas e sugerir soluções para os mesmos.
Problemas esses como: baixo nível de acurácia, divergências nas quantidades dos itens do
estoque físico e contábil, alto número de produtos obsoletos, falta de procedimento padrão para o
desenvolvimento de atividades, entre outros. O plano de ação recomendado tem como objetivo
auxiliar na tomada de decisões para resolução dos problemas analisados.
1. Introdução
Diante do cenário competitivo que as empresas estão vivenciando, é de extrema relevância que
haja um diferencial para a sobrevivência perante a concorrência. Um aspecto que tem sido alvo
de bastante estudo é a gestão de estoques. É necessário um bom gerenciamento para que seja
possível reduzir os custos e potencializar a sua margem de lucro.
Slack et al. (2015) afirma que, o dilema da gestão de estoque é que apesar dos custos e de outras
desvantagens relacionadas à sua manutenção, eles facilitam a conciliação entre oferta e demanda.
GESTÃO ECONÔMICA 122
Por ser praticamente utópico prever a variação da demanda de forma precisa, torna-se cada vez
mais seguro que uma empresa mantenha um estoque, porém, muitas empresas não têm controlado
seus estoques de forma eficaz e acabam deixando faltar determinados produtos, e em outros casos
excedendo, contribuindo para o aumento dos custos e gerando obsolescência dos produtos.
Para um controle eficiente é necessário a realização de inventários periódicos, pois através deste é
possível identificar quantidade de itens armazenados, valor total do estoque, índice de acurácia,
quantidade de itens obsoletos, entre outros. Além de proporcionar conformidade dos itens
contabilizados no estoque físico com o contábil (sistema), contribuindo para as tomadas de
decisão.
Assim, o objetivo deste trabalho é identificar e analisar erros associados à gestão de estoque.
Logo, foi necessário mapear o fluxo de processos, realizar inventário geral, verificar o nível de
acurácia, quantificar os itens obsoletos, diante disto, foi proposto um plano de ação para possíveis
soluções dos problemas analisados.
2. Referencial teórico
Para a elaboração deste artigo, torna-se relevante a apresentação de alguns conceitos baseados em
uma revisão bibliográfica, tais que auxiliaram na compreensão de práticas de gestão de estoques.
Embora a manutenção de estoque traga vantagens como: segurança quanto ao aumento de preço e
demanda, eventuais problemas na produção, entre outras. Manter esse estoque acarreta custos.
Segundo Slack (2015) estes são: custos do capital de giro, custo de estocagem e custo do risco de
obsolescência.
O custo de capital de giro é expressado por Peinaldo (2007), como sendo talvez o componente
mais significativo do custo de manutenção de estoque. E é entendido como a falta de
remuneração pelo dinheiro parado, que poderia ter sido investido de outra forma.
Segundo Peinaldo (2007), custos relacionados a ocupação de espaço físico, são na maioria das
vezes representados em metro quadrado deste espaço ou aluguéis. Dentre custos com
movimentação e armazenagem de materiais pode – se citar iluminação, local adequado,
temperatura, sistema de segurança, entre outros. Para Morais (2012), o maior desafio das
empresas está em utilizar esses recursos de forma eficiente.
Um dos fatores que pode aumentar consideravelmente o custo do estoque é a obsolescência, que
compreende causas econômicas e funcionais de produtos e bens de produção. O termo
obsolescência refere-se ao desuso, que pode ser devido à depreciação física ou funcional de
produtos e equipamentos, e tem como uma de suas causas principais o avanço tecnológico. “A
obsolescência também pode causar prejuízo financeiro quando sai de moda ou não tem mais
demanda”. (Borwersox, et. Al, 2014)
O inventário é a contagem dos itens em estoque físico para comparação com informações
registradas em software. A finalidade é identificar se as quantidades dos itens em estoque
coincidem com os registros em relatórios ou sistema (contábil), avaliar a perda de produtos por
obsolescência, desaparecimento de itens, tomar conhecimento da avaliação do estoque em
moeda, etc.
De acordo com Peinaldo (2007), “Um inventário físico pode ser feito em intervalos de tempo
regulares, geralmente em períodos semestrais ou anuais no final do exercício fiscal, ou a qualquer
momento quando se julgar necessário em alguma ocasião”. O mesmo autor ainda ressalta que a
realização do inventário interrompe as atividades de venda ou produção de uma organização,
portanto deve-se levar o menor tempo possível.
Existe ainda a possibilidade de serem feitas contagens diárias de pequenas quantidades de itens
do estoque, isso é denominado inventário cíclico, no qual não é necessário interromper as
atividades da empresa e diminui a necessidade de um grande ajuste de estoque.
A partir do inventário pode-se extrair informações relevantes uma delas é o nível de acurácia que
Sheldon (2004), definiu como o índice de precisão dos registros de estoque, correspondendo a
uma medida de conformidade do saldo de um item verificado em mãos, comparado à quantidade
registrada no sistema de informação.
Waller (2006), afirma que a falta de acuracidade, aumenta não só os custos com estoque, como
também, prejudica o fluxo de trabalho e atividades. O autor ainda enfatiza que quanto mais
precisas forem as informações dos estoques, mais seguras serão as decisões acerca de seu
gerenciamento.
Martins e Laugeni (2006), definiram que a acuracidade pode ser calculada através do quociente
entre o valor dos itens corretos e o valor total dos itens representado na Figura 1, afirmando que
este fator conta como um complemento indispensável ao inventário empresarial.
3. Metodologia
Do ponto de vista de sua natureza a pesquisa classifica-se como aplicada, pois teve como objetivo
gerar competência para aplicação prática à solução de problemas característicos. A forma de
abordagem do problema caracteriza a pesquisa tanto como quantitativa, quanto qualitativa.
Sendo, qualitativa porque foram realizadas observações e questionários abertos, quantitativa pois,
com coleta de dados mensuráveis foi possível a aplicação de técnicas estatísticas. Assim,
Marques (2006) afirma que, pesquisas que envolvem aspectos qualitativos e quantitativos, mas,
com ênfase aos aspectos quantitativos, são denominadas quanti-qualitativa.
Analisando os procedimentos técnicos, a tipologia da pesquisa enquadra-se em estudo de caso.
“Em primeiro lugar, um estudo de caso é uma investigação de natureza empírica. Baseia-se fortemente em trabalho
de campo ou em análise documental. Estuda uma dada entidade no seu contexto real, tirando todo o partido possível
de fontes múltiplas de evidência como entrevistas, observações, documentos e artefatos. ” (YIN, 1984)
Logo, entende-se que um estudo de caso é alicerçado em atividades do dia-a-dia, através da
observação, entrevistas, visitas técnicas, de uma organização em suas circunstâncias reais.
4. Caracterização da empresa
A empresa selecionada para a realização do estudo foi uma empresa de pequeno porte na cidade
de Baraúna-RN, que atual no ramo de venda de produtos de informática desde 2003. O quadro de
funcionários da mesma é composto por cinco colaboradores, divididos em quatro departamentos:
vendas, almoxarifado, financeiro/adm e caixa.
De modo exploratório, foi possível coletar, analisar e interpretar os dados. Durante o estudo de
caso foram sugeridas e realizadas ações para melhoria dos processos da empresa, tais que seguem
apresentadas nos tópicos seguintes:
Durante a realização da pesquisa o estoque era constituído por 801 itens. Sua gama de produtos
além de diretamente relacionados à informática, também abrange vendas condicionadores de ar,
motores para portão e porteiro eletrônicos, cercas elétricas, TV’s, antenas, receptores e
acessórios, material de papelaria, transformadores, etc. Existiam dois softwares de
gerenciamento, onde parte dos produtos eram cadastros no software A e a outra parte no software
B.
O uso dos dois softwares acarreta algumas consequências: redundância nos dados de estoque,
ocasiona divergências entre o estoque físico e contábil, dificulta o gerenciamento eficiente do
estoque.
Além do mais, os colaboradores não eram adequadamente treinados para operar os softwares, não
existia também procedimento operacional padrão (POP) para realizações de atividades
relacionadas à gestão de estoque (Lançamentos de NF de entradas, cadastramento de produtos,
baixa de produto no estoque após realização da venda, etc.). Outra deficiência observada foi o
fato da não realização de inventários em intervalos pré-estabelecidos.
● Inventário;
Realizou-se um inventário geral, onde todos os itens do estoque foram contados um a um,
facilitando a comparação entre o estoque contábil (sistema) e o físico, de acordo com a Tabela 2,
em seguida suas quantidades foram atualizadas no sistema.
Como resolução do problema de produtos redundantes fez-se uma melhoria no sistema, tornando
possível a vinculação dos produtos através do NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), que
representa a natureza das mercadorias. Os produtos com redundância ou descontinuados no
sistema foram desativados.
Removeu-se a permissão de vender sem estoque, para não existir valores negativos nos dados ao
se extrair um relatório de inventários do sistema, facilitando a contagem. Determinou-se ainda
16,48%
83,52%
Diante dos problemas analisados, foram determinadas ações direcionadas a cada um deles através
da ferramenta da qualidade 5W1H, que segue representada no Quadro 1:
Quadro 1: 5W1H – Plano de ação para a loja de informática
Quando? Por quê?
O quê? (What) Onde? (Wher) Quem?(Who) Como? (How)
(When?) (Why)
Realizar uma
Empresa Para capacitar reunião com os
especializada os funcionários gestores e
Treinamento para os
Outubro de na área de para que funcionários
funcionários – gestão Na empresa
2017 cursos de tenham técnicas para ensinar
de estoque
gestão de de gestão de técnicas de
estoque estoque gestão de
estoque.
Para evitar
erros ao Escrever
Procedimento desempenhar detalhadamente
Outubro de Gestores da loja
Operacional Padrão Na empresa atividades, forma adequada
2017 de informática
(POP) padronizar de realizar
formas de atividades.
trabalho
Para evitar
erros de Determinando
Funcionário estoque e uma quantidade
Planejamento de
Na empresa Semanalmente externo ao setor aumentar x de itens
contagens periódicas
de estoque gradualmente o aleatórios para a
nível de contagem.
acurácia.
Para evitar o Direcionar cada
acúmulo de departamento
1º semestre de Proprietário da
Departamentalização Na empresa funções e para um
2018 empresa
sobrecarga de funcionário
trabalho capacitado para
Realizando
promoções caso
Para diminuir
o produto ainda
Determinar destino os custos de
Outubro de Gestores da esteja em
para os produtos Na empresa estoque e/ou
2017 empresa condições de
obsoletos recuperar o
uso, ou
valor investido
descartando de
forma adequada.
Fonte: Os autores (2017)
Executando o plano de ação proposto, a empresa pode diminuir os custos de estoque e obter
ganhos que podem ser traduzidos em vantagem competitiva.
7. Considerações finais
Este estudo de caso teve como objetivo diagnosticar e analisar erros de procedimentos das
operações relacionadas ao estoque e diante disto propor técnicas para melhoria da gestão de
estoque, para uma loja de produtos de informática, visando a melhoria das atividades
desenvolvidas e redução de custos. Em sua totalidade pode-se afirmar que tais objetivos foram
alcançados.
REFERÊNCIAS
BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, D.; BOWERSOX, J. Gestão Logística da Cadeia de
Suprimentos. 4 EDIÇÃO, AMGJ EDITORA, 2014.
DIAS, M. A. P.; Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. Ed. São Paulo:
Atlas. 1993.
MARQUES, Heitor Romero [et al]; Metodologia da pesquisa e do trabalho científico – Campo
Grande: UCDB, 2006.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
YIN, R. Case study research: design and methods. Newbury Park, CA: Sage, 1984.
"1-*$"±°0%01-"/&+".&/50&$0/530-&%"
130%6±°06.&456%0%&$"40&.&%*'*$"±°0
%&"-7&/"3*"/053*¬/(6-0.*/&*30
Fernando de Araújo
Fernando Lourenço de Souza
Luiz Fernando de Menezes
Mônica Morais Lima
APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO: UM ESTUDO
DE CASO EM EDIFICAÇÃO DE ALVENARIA NO TRIÂNGULO MINEIRO
Resumo
1. Introdução
Alvarenga (2017) mostra que a construção é o componente com maior queda dentre todos os
setores no Produto Interno Bruto (PIB) com 6,6%, acumulando, desde 2013, queda de 14,3%.
Tal queda se mostra preocupante, uma vez que a construção responde cerca de 50% dos
investimentos feitos na economia. Essa retração resulta em 2,7 milhões de vagas formais
GESTÃO DA PRODUÇÃO 139
existentes a menos no país, expressando uma queda de 35% em relação ao ano de 2013 (início
da queda produtiva no setor).
Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2015, quanto à
estrutura dos custos da construção, as despesas dos gastos com pessoal e consumo de
materiais somam 57,5% da participação total.
Teixeira (2010) é veemente ao afirmar a importância da indústria da construção civil para o
crescimento econômico, estando estes intimamente relacionados, tendo no crescimento do
primeiro, reflexões diretas no crescimento do segundo. Isso se deve à proporção de valor
adicionado às atividades, ao efeito multiplicador de renda e interdependência estrutural da
construção para com outros setores da economia.
Alvim (2013) afirma a necessidade de um planejamento e controle bem executados para
redução de erros e atrasos na construção civil. Disserta ainda sobre a necessidade de
indicadores e métodos de planejamentos bem estruturados como meios para completar as
atividades de obras com qualidade.
Miana (2007) acredita que há muitas possibilidades a serem estudadas para utilização de
ferramentas de administração na área de construção civil para tomada de decisões necessárias
de melhoria de produtividade. Ele diz que criar e implantar um sistema de Planejamento das
Necessidades de Materiais (MRP) na área civil requer esforço para coleta de dados.
Embora tenha relevância na economia brasileira, Saurin (1997) mostra que o setor de
construção é visto como uma indústria atrasada, com baixos patamares de produtividade e
também elevados índices de desperdício de recursos. Sua qualidade é considerada
insuficiente, estando bastante defasada quando comparada à manufatura.
Sob o cenário evidenciado e as claras dificuldades enfrentadas no setor, estudar o
planejamento e execução de sistemas produtivos é importante para correta gestão de recursos
humanos e materiais. Faz-se necessário o desenvolvimento de uma metodologia para
gerenciamento de recursos em canteiros de obras.
Além de um planejamento macro para toda a obra, ainda é preciso levar em consideração as
características das etapas de médio e curto prazo, de modo a perceber todas as intempéries
respectivas. O passo a passo das construções (fundação, alvenaria, instalação hidráulica e
elétrica, acabamento, entre outros), por vezes é feito concomitantes umas às outras, o que
aumenta a dificuldade de execução e consequentemente o planejamento das mesmas.
A etapa de alvenaria pode ser a base para que quase todas as outras etapas sejam feitas, logo
seu atraso, mal planejamento e execução erradas podem levar a prejuízos sequer calculados ao
GESTÃO DA PRODUÇÃO 140
dimensionar os gastos totais. Saber as características dessa etapa, o material necessário e a
sequência de atividades são cruciais para correta entrega da construção.
Portanto o objetivo geral desse artigo é mostrar as etapas necessárias para correto
planejamento e controle dentro da construção civil.
2. Referencial Teórico
Produtos padronizados
Nível de padronização dos produtos
Produtos sob medidas ou personalizados
Processos discretos;
Make-to-stock (MTS);
Make-to-order (MTO);
Processos em linha;
Bens;
Natureza dos produtos
Serviços.
Em que:
Ainda no âmbito de longo prazo, e para avaliar o desempenho da obra, em relação ao seu
custo orçado e seu custo efetivo, utiliza-se como indicador a Equação (2): Desvio de Custo,
cujo cálculo deve ser realizado pela gerência da obra ou pelo setor de orçamentos da empresa.
(COSTA et al, 2005).
(2)
Em que:
− considera os custos dos serviços e materiais obtidos a partir do
orçamento discriminado da obra;
(3)
(4)
Associado a esse planejamento de curto prazo temos o indicador da Equação (5): Percentagem
do Planejamento Concluído, este calculado pela razão dos trabalhos encerrados pelos totais
planejados, seu objetivo é avaliar a qualidade dos planos de curto prazo e identificar
problemas na execução das tarefas, assim orientando ações para serem implementadas.
(COSTA et al, 2005).
(5)
Variáveis:
3. Método de pesquisa
Este trabalho vale-se do método indutivo, partindo de um caso particular para generalização
do tema abordado, após coleta de dados particulares, adotando a observação para atingir
conhecimento científico. (GIL, 2008). É uma pesquisa científica básica, que segundo o
mesmo autor, objetiva gerar conhecimento útil e reaplicável para todos os interessados no
ramo estudado. Tecnicamente vale-se de pesquisa bibliográfica e estudo de caso de uma
empresa particular. Possui abordagem quantitativa em sua maior parte e qualitativa a fim de
entender os resultados quantitativos encontrados.
4. Estudo de caso
Para cada passo da edificação das paredes há matérias-primas e materiais diferenciados como:
- Matéria-prima: cimento, cal, areia, brita, tijolos, ferragem, água.
- Materiais de transformação: pá, carrinho de mão, colher de pedreiro, linha, betoneira.
- Materiais auxiliares: prumo, capacete, óculos, luva de PVC, botina, esquadro,
gabarito, andaime, prancha metálica para andaime, trena, bloco de espuma, régua.
Esse indicador mostra que até o momento a obra encontra-se com 89,38% da etapa de
alvenaria concluída, sendo o bloco A o mais completo com 89,27% seguidos do Bloco B e C,
com, respectivamente, 84,89% e 95,11%. Todos os pedreiros foram acompanhados
diariamente, sendo possível obter a relação entre as médias diárias apresentadas entre os seis
pedreiros nas atividades de marcação, alvenaria, chapisco e reboco. Na obra estudada, a média
diária de marcação foi de 34,66 m, alvenaria, 15,61 m², chapisco, 107,08 m², e reboco, 18,73
m². Tais médias foram encontradas excluindo os pedreiros que não atuaram na atividade, uma
vez que o valor nulo apenas expressa que ele estava alocado em outra função, e não que, não
tenha feito uma boa média diária. As médias estão apresentadas na Tabela 3.
4 0 0 80,48 16,07
Alvenaria
6 Chapisco Fim
Reboco
c/ adiant.
Alvenaria 20%
6
Cha. 50% Fim
Reboco
Ao se adiantar o chapisco restando 20% para o fim da etapa de Alvenaria e o reboco faltando
50% para o fim da etapa de Chapisco, tem-se um ganho de 3 dias no tempo total de execução.
Com os dados provenientes da Secretaria de Infraestrutura (2017), para cálculo dos custos de
mão de obra e materiais foi possível quantificar o custo para finalização da edificação da
alvenaria. Para a mão de obra de cada atividade são dados coeficientes de produtividade
(recomendados pelo órgão competente) e o preço médio por m² edificado por funcionário. A
multiplicação de ambos corresponde ao custo por m² de cada atividade. A Tabela 5 nos
mostra os valores obtidos para conclusão da etapa da edificação de alvenaria.
Tabela 5 – Custo em R$ por m² edificado de alvenaria
GESTÃO DA PRODUÇÃO 150
Mão de obra Alvenaria
Materiais Alvenaria
Encargos 3,70
Materiais Chapisco
Encargos 1,26
Materiais Reboco
Encargos 7,16
Ao todo nas etapas de alvenaria, chapisco e reboco serão gastos com mão de obra
R$349.325,06, com cimento 52.431,80 kg, 295,20 m³ de areia, 34.587,36 kg de cal hidratada
e 95.464 tijolos de bloco cerâmico furado (9x19x39) cm.
− Quantidade de empregados;
− Cálculos de indicadores;
Replanejamento da obra.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 154
Relatório de conclusão da etapa.
6. Considerações finais
REFERÊNCIAS
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APLICAÇÃO DOS MODELOS DE HOLT-WINTERS E REDE NEURAL
FEED-FORWARD NA PREVISÃO DA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
Resumo
O objetivo deste estudo foi realizar previsões da produção de petróleo e comparar a precisão
dos modelos Holt-Winters (HW) e rede neural (NNAR). Foram utilizados os modelos de
séries temporais (HW) ambas as versões e a (NNAR) com uso do software R, com base nos
dados retirados do sistema de gerenciamento de séries temporais do Banco Central do Brasil
(BCB). Os dados são referentes à produção de petróleo do Brasil entre janeiro de 2007 a
junho de 2017. As predições da produção de petróleo abrangeram o intervalo de julho a
setembro de 2017. As previsões dos modelos foram comparadas por meio das medidas de erro
MAD, MSD e MAPE, onde os resultados gerados pelos critérios de avaliação mostraram que
a (NNAR) é altamente precisa, assim superou todos os outros modelos. Para pesquisas futuras
sugerimos previsões fora da amostra de (1 até 12 meses) de um vasto número de séries
temporais.
1. Introdução
2. Petróleo
3. Holt-Winters (HW)
O modelo foi criado em 1960, por Winters este modelo de previsão é uma extensão do
modelo de Holt, assim apresenta um parâmetro a mais e equação complementar para a
sazonalidade (MAKRIDAKIS, 1976). Dentre suas principais vantagens são a sua simples
utilização (CHATFIELD, 1978; CHATFIELD; YAR, 1988; SILVER, 2000); o seu bom
desempenho, de modo geral e na prática (CHATFIELD; YAR, 1988); o baixo custo de
operação (NEWBOLD; GRANGER, 1974) e útil para prever como o modelo complexo de
Box-Jenkins (SILVER, 2000).
Nas últimas décadas, as redes neurais têm sido amplamente usadas como modelos de
previsões da demanda turística, financeiras e econômicas onde o seu desempenho de previsão
tem obtido altos níveis de acuracidade. A rede neural de Feed-forward constitui-se em
camadas: uma de entrada, uma de saída e, de modo geral uma ou mais camadas escondidas e a
capacidade de aprendizagem em reconhecer padrões desta rede neural possibilita ser utilizada
como um modelo de previsão aplicado nos negócios (LAW, 2000).
O modelo de rede neural usado nesta pesquisa pertence ao pacote do software R, denominado
forecast e o modelo de previsão presente no manual do pacote chama-se nnetar este modelo
funciona de forma semelhante aos neurônios do cérebro, assim a arquitetura da rede neural é
composta por camadas.
As entradas constituem a camada inferior e as saídas formam a camada superior é possível ter
camadas ocultas Hyndman, R. J., & Athanasopoulos, G. (2013). Atendendo as orientações de
Hyndman, R. J., & Athanasopoulos, G. (2013), que afirmam “O número de camadas ocultas e
o número de nós em cada camada oculta devem ser previamente especificados”.
Assim definimos p = 2, P = 2, size = 5 lambda = 3, decay = 0.28. Onde: p - Dimensão de
incorporação para séries temporais não sazonais; P - Número de atrasos sazonais utilizados
como insumos; size - Número de nós na camada oculta; lambda - Parâmetro de transformação
Box-Cox; decay - parâmetro de decaimento (HYNDMAN, Rob J. et al, 2017).
Diante da flexibilidade das redes neurais elas não tem um processo sistêmico para criação de
modelos, logo a obtenção de um modelo de rede neural robusto ocorre mediante a escolha de
um grande número de parâmetros que são obtidos experimentalmente, por meio, de tentativa e
erro (PALMER, MONTANO; SESÉ, 2006).
Este método foi utilizado neste estudo para selecionar a rede neural especificada aqui. Os
detalhes sobre o funcionamento do modelo nnetar pode ser visto na seção 9.3, em Hyndman e
Athanasopoulos (2013). A figura 1 apresenta a arquitetura geral de uma rede do tipo Feed-
forward.
5. Medida de precisão
A partir da explicação que devesse julgar a adaptação de qualquer medida de erro utilizada
pelo resultado gerado da precisão das previsões fora da amostra do modelo de previsão, assim
uma medida de erro para ser selecionada precisa aliar-se a finalidade da predição e os
objetivos dos decisores (MAKRIDAKIS, 1993).
O MAPE fornece os resultados em porcentagem que facilita a interpretação pelos decisores,
bem como gera um indicativo qualitativo da precisão do modelo de previsão testado
(FLORES, 1986; MAKRIDAKIS, 1993). O Mean Absolute Deviation (MAD) mesura a
acuracidade global e gera um indicativo da disseminação global em que todos os erros são
dados pesos iguais (LAW, 2000). A medida é mesurada nas mesmas unidades dos dados
históricos, além disso, é fácil para demonstrar aos tomadores de decisão por conta da
facilidade de cálculo (FLORES, 1986). Neste sentido MAD constitui-se uma das primeiras
medidas de erro, sendo singela de calcular e simples de compreender (BONETT; SEIER,
2003).
O Mean Squared Error (MSE) é uma medida comumente usada para ver a adaptação de um
método de previsão em relação aos dados e medir o desempenho das predições geradas, o
critério também é fácil de calcular e de modo geral um bom critério para medir o desempenho
de previsões da única série de tempo (CHATFIELD, 1988).
!!!
!"# = !
(9)
!!!
!"# = !!!
(10)
!!!/!
!"#$ = !
. 100, ! ≠ 0 (11)
6. Procedimentos metodológicos
Nesta seção descreve-se a coleta de dados e o pacote usado no ambiente de trabalho R studio.
Mês/Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Janeiro 1.822 1.865 1.973 2.077 2.213 2.316 2.143 2.134 2.568 2.428 2.801
Fevereiro 1.846 1.858 1.991 2.096 2.151 2.289 2.108 2.175 2.528 2.412 2.784
Março 1.854 1.835 2.024 2.112 2.165 2.169 1.946 2.203 2.503 2.345 2.647
Abril 1.822 1.885 2.022 2.163 2.141 2.106 2.016 2.224 2.484 2.377 2.649
Maio 1.804 1.902 2.039 2.158 2.162 2.136 2.084 2.278 2.498 2.587 2.768
Junho 1.867 1.917 1.982 2.127 2.228 2.127 2.195 2.338 2.485 2.659 2.794
Julho 1.853 1.912 1.992 2.141 2.161 2.116 2.067 2.365 2.559 2.681
Agosto 1.846 1.929 2.037 2.165 2.140 2.094 2.098 2.423 2.641 2.714
Setembro 1.812 1.946 2.070 2.077 2.188 2.006 2.183 2.455 2.481 2.779
Outubro 1.772 1.918 2.070 2.078 2.191 2.099 2.166 2.494 2.496 2.725
Novembro 1.799 1.891 2.066 2.180 2.271 2.134 2.170 2.457 2.457 2.720
Dezembro 1.894 1.924 2.079 2.271 2.301 2.198 2.197 2.596 2.619 2.847
Para fazer as previsões e comparar a capacidade preditiva dos modelos HW versões aditiva,
multiplicativa e rede neural, foi adotado com o apoio do software estatístico R. Procedeu-se as
análises de previsão e acuracidade das previsões no R studio que é uma extensão do ambiente
R, mediante o pacote forecast do R. Os cálculos das medidas de erro MAD, MAPE e MSD
também foram executados com o pacote forecast no R studio.
As funções em R utilizadas para prever os valores no curto prazo de três meses são
forecast.HoltWinters e nnetar, (HYNDMAN; KHANDAKAR, 2008; HYNDMAN, 2017). Já
Fonte: Elaborado pelos autores através do software R e com base em dados do BCB (2017)
Figura 3 - Previsão versão aditiva de julho até setembro de 2017, com intervalo de confiança de 95%
Figura 4 - Previsão versão multiplicativa de julho até setembro de 2017, com intervalo de confiança de 95%
Ano-2017
HW HW
Meses Dados reais Rede neural (NNAR)
aditiva multiplicativa
As medidas de erro MAPE, MAD e MSD apresentam a precisão dos modelos em comparação
com os dados reais. Uma característica óbvia na tabela 4, é que o modelo NNAR superou as
duas versões de HW, assim apresentou um MAPE inferior a 10% que é considerado pela
classificação de Lewis (1982), como previsão excelente.
Tabela 4 - Medidas de erro
O segundo melhor desempenho individual fica com HW versão multiplicativa isto com base
nos resultados dos critérios MAPE, MAD e MSD como pode ser observada na tabela 4.
7. Considerações finais
Quanto aos resultados obtidos na pesquisa, mostrou-se que a rede neural (NNAR) fornece
previsões, mais precisas da produção de petróleo, do que Holt-Winters (versões aditiva e
multiplicativa). Os resultados obtidos estão consistentes com o que foi constatado por Szoplik
(2015), que os modelos de previsão de rede neural superam os métodos de série de tempo em
termos de precisão.
Além disso, o MAPE de 1,66% deste estudo superou os resultados de MAPE (5,5%) obtidos
pela previsão complexa da rede neural modelo de perceptron multicamada (MPL) da demanda
de gás natural na pesquisa de (SZOPLIK, 2015). Isto indica que é viável a utilização do
modelo NNAR para prever a produção de petróleo. A pesquisa limitou-se em um único
horizonte de previsão (3) meses fora da amostra e uma única série temporal.
Para superar essa limitação sugere-se a estudos futuros executar a previsão de vários
horizontes de previsão (1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 meses à frente) e para essas predições
utilizar um amplo número de séries temporais (no mínimo dez) para constatar o nível de
generalização dos resultados verificados.
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".";¼/*$"
AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE
ESTATOR EM PLENA REGIÃO AMAZÔNICA
Resumo
No Brasil, em virtude de haver predominância de climas quentes e úmidos, especial atenção
deve ser dada à comprovada influência do desconforto térmico na disposição para o trabalho.
Sob esse aspecto, convém ressaltar que as condições térmicas dos ambientes laborais não
dependem sós do clima, mas também do calor introduzido pelas atividades desenvolvidas e
pelos equipamentos envolvidos nos processos, bem como pelas características construtivas do
ambiente e a sua capacidade de manter condições internas adequadas no que se refere ao
conforto térmico das pessoas. Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo
caracterizar os parâmetros corretos para a obtenção do conforto térmico, por meio de um
estudo de caso em um ambiente de fabricação de estatores em uma indústria, a partir das
queixas e reclamações formais dos respectivos ocupantes sobre desconforto térmico no
ambiente que executam suas atividades laborais. O trabalho foi desenvolvido no 2 °semestre
de 2016 em uma empresa de médio porte japonesa instalada no Polo industrial de
Manaus(PIM). Como metodologia, utilizaram-se resultados obtidos através da avaliação do
IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – conforme anexo 03 da NR 15.
Entende-se que a divulgação destes resultados deverá contribuir para fomentar ações de
proteção ao trabalhador em situações semelhantes.
1. Introdução
2. Revisão bibliográfica
2.1 Considerações gerais sobre “estresse” térmico
A palavra estresse é derivada da palavra em inglês Stress, cuja definição é: “um estado de
tensão mental ou emocional ou a tensão resultante de circunstâncias adversas ou muito
exigentes”.
A temperatura, em casos extremos de elevação ou redução, pode levar o trabalhador ao estado
psicofisiológico conhecido como estresse térmico. O estresse térmico, particularmente gerado
por calor, pode gerar várias consequências ao corpo do trabalhador, como: hipertermia,
Quando o ser humano se encontra envolto por temperaturas elevadas surgem sensações de
mal-estar que vão aumentando à medida que os sistemas termorreguladores promovem
internamente ações para resistir à pressão térmica exercida sobre o corpo. Nestas condições, a
satisfação do ser humano na execução do seu trabalho tende a diminuir, podendo inclusive
surgir problemas de saúde, segurança e produtividade. Perante tais situações, as patologias de
que o ser humano sofra agravar-se-ão, a probabilidade de acidentes aumenta, surgem
No Brasil, não existe uma legislação específica para tratar sobre conforto térmico nos
ambientes de trabalho, existe, porém, normas que caracterizam avaliações de exposição ao
calor, sendo uma delas a NR 15 – Atividades e operações insalubres, em seu anexo 03 –
Limites de tolerância para exposição ao calor, utilizada amplamente neste trabalho, e ainda a
NHO 6 Norma de Higiene Ocupacional – Avaliação da exposição Ocupacional ao calor e que
serão descritas a seguir:
- NR 15 – Atividades e Operações Insalubres.
- Anexo 03 – limites de tolerância para exposição ao calor.
1. A exposição ao calor, deve ser avaliada através do “Índice de Bulbo Úmido – Termômetro
de Globo” (IBUTG) definido pelas equações que seguem.
Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte
formula:
__
M = [Mt . Tt + Md . Td] /60
Sendo:
Mt – taxa de metabolismo no local de trabalho.
Tt – soma de tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
Md – taxa de metabolismo no local de descanso
Td – soma de tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso
_____
IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora determinado pela seguinte fórmula:
___
IBUTG = [IBUTGt . Tt + IBUTGd . Td]/60
Sendo:
IBUTGt – valor do IBUTG no local de trabalho.
IBUTGd – valor do IBUTG no local de descanso.
Tt e Td – como anteriormente definidos.
O índice WBGT: Wet bulb globe temperature, conhecido no Brasil como Índice de Bulbo
Úmido Termômetro de Globo, ou IBUTG, foi desenvolvido em 1957 por Yaglou e Minard.
Este índice é considerado o índice mais comum para avaliar estresse térmico tanto em
ambientes internos quanto externos (MORAN et al, 2001), e mais mundialmente usado
(BUDD, 2008).
O IBUTG foi desenvolvido pelo exército e marinha dos EUA, devido à ocorrência de surtos
graves de doenças relacionadas ao calor em campos de treinamento (BUDD, 2008).
Posteriormente foram realizados estudos em outros ambientes, e o IBUTG foi considerado
apropriado também para prevenir o estresse térmico em indústrias (PETERS, 1991). Em
1986, o método IBUTG foi definido pelo NIOSH (National Institute for Occupational Safety
ERGONOMIA E SEGURANÇA NO TRABALHO 181
and Health), como o critério para avaliar a exposição a ambientes quentes e avaliação de
estresse térmico.
3. Materiais e método
3.1 Materiais
Para o desenvolvimento deste artigo, adotamos o método quantitativo, pois fará uso de
indicadores numéricos normalizados, com o objetivo de compará-los com outros dados,
também numéricos. Onde serão necessários cálculos referentes á carga térmica dos ambientes
selecionados.
Este estudo foi realizado em uma empresa de médio porte japonesa instalada no Polo
industrial de Manaus (PIM). Atualmente, a organização conta com quadro de 100
colaboradores no processo de estator, e horário de funcionamento comercial, de segunda a
sexta.
Na linha de produção do estator, a peça necessita de aproximadamente 260ºC de temperatura
para ser curada.
3.2 Método
Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
Onde:
tbn = temperatura de bulbo úmido natural
tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco.
Foi analisado através da tabela supramencionada no anexo 03, quadro 3 da norma
regulamentadora 15.
A taxa de metabolismo da atividade analisada é considerada leve por ser de pé em bancada
tendo pequenos movimentos principalmente com os braços 175 kcal/h.
Coleta de dados ambientais:
Nesta pesquisa foram utilizados métodos de análise de estresse térmico normalizados pelas
ISO 7243 (1989) e ISO 7933 (2004). Para isso, fez-se necessário mensurar diversas variáveis
ambientais, para então aplicar os métodos normalizados. As seguintes variáveis ambientais
foram mensuradas: temperatura de bulbo seco (ºC), temperatura de bulbo úmido (ºC),
temperatura de globo (ºC).
4. Resultados e discussão
a) Dados ambiente I
A Tabela 4 destaca os dados do posto laboral “ambiente I e II”, que será utilizado como o
conjunto de dados.
Tabela 4: Dados quantificados
5. Conclusão
A partir dos valores obtidos nas medições, conclui-se que ficou caracterizado, no ambiente
estudado, que as condições termo ambientais eram insalubres, uma vez que em ambos os
ambientes selecionados os valores do IBUTG ultrapassaram os 26,7 °C estabelecidos como
limite, variando entre 28,2°C e 27,37°C. Para atender os objetivos deste trabalho, as medições
realizadas foram satisfatórias, uma vez que para uma avaliação técnica, na qual fossem
emitidos laudos e determinações. Portanto, para efeito das medições referidas neste estudo, o
ambiente é insalubre.
Este estudo permitiu também explicitar a subjetividade na percepção do calor, relacionada ao
conforto térmico, comprovada por meio dos cálculos e das respostas aos questionamentos
relativos ao ambiente laboral, principalmente no período da tarde, que estava realmente
quente e que as pessoas estavam percebendo o calor de forma ainda mais expressiva e
significativa.
È necessário estabelecer um ponto de atenuação médio que leve em consideração as
percepções subjetivas individuais para que todos que trabalham no setor possam se sentir
confortável termicamente.
A principal forma de atenuar as condições termo ambientais dos ambientes selecionados,
aconselha-se que seja introduzido um sistema de climatização, do qual se faz necessário
realizar avaliação estrutural do departamento e desenvolver estudos para dimensionar os
ERGONOMIA E SEGURANÇA NO TRABALHO 188
melhores sistemas e posicionamentos no espaço disponível, demandando tempo e despesas
significativas.
É de vital importância o acompanhamento médico regular, de forma que os indivíduos com
afecções cardiovasculares, respiratórias, renais e os obesos pertencentes a um grupo de risco e
expostos a o calor, podem ter seu estado de saúde agravado. Pois, ações para controle de
hipertensão e desidratação, dentre outros agravos, deverão ser incluídas no Programa de
Controle Medico e Saúde Ocupacional (PCMSO).
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363"*4#3"4*-&*304
CONTEXTUALIZAÇÃO E CRITICIDADE SOB A ÓTICA DA ERGONOMIA FRENTE
AOS TRABALHADORES RURAIS BRASILEIROS
Resumo
O artigo tem em sua perspectiva metodológica, estudar de modo qualitativo, exploratório e
bibliográfico, a questão relacionada aos riscos ergonômicos nos quais os trabalhadores rurais
brasileiros são submetidos. Destaca-se que essa atividade, juntamente com a construção civil e a
mineração são as que mais trazem riscos ergonômicos a saúde do trabalhador, necessitando,
portanto, o desenvolvimento de técnicas a fim de mitigar tais riscos. Concentra-se nessa
perspectiva, que embora a atividade agrícola seja de extrema importância para o Brasil, ainda há
poucos estudos que se dedicam a analisar os riscos de acidentes dos trabalhadores rurais no país.
Portanto, a condução da pesquisa se dá em seu objetivo, analisar os riscos ergonômicos da
atividade rural, com a finalidade de ressaltar sob a ótica da ergonomia, os riscos que esses
trabalhadores estão submetidos. Os acidentes que ocorrem na atividade laboral rural acontecem
devido a riscos ocupacionais, ergonômicos, biológicos e mecânicos, os quais afetam os membros
superiores, podendo afastar o trabalhador temporariamente ou incapacita-lo em determinados
casos. Concluiu-se que ainda há uma grande tarefa nessa área para os trabalhadores rurais,
sobretudo na questão relacionada à inserção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os
quais são escassos e não utilizados.
1. Introdução
O Brasil é uma grande potência na indústria primária. Retrata-se que a agricultura tem se tornado
maior fonte de exportação do país. Maranhão e Vieira Filho (2016) relatam que após a abertura
mercantil do país na década de 1990, o agronegócio despontou de maneira acentuada, gerando a
capacidade competitiva desse setor frente aos demais de economia doméstica.
2. Metodologia
2.1. Quanto à abordagem
A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa para a análise de dados, não se pautando pela
perspectiva numérica. Desse modo, possibilita maior compreensão do fenômeno a ser estudado.
Assim, essa abordagem auxilia a entender quais os riscos ergonômicos existentes na atividade
laboral rural.
Minayo (2007) expõe que tal metodologia de abordagem busca observar de maneira mais
profunda e complexa do porquê de tal problemática. Deste modo, permite-se por meio dela
explicar, descrever e compreender com precisão global e local sobre o objeto de estudo.
O método para o alcance dos objetivos se dá pela interpretação de Gil (2007). A pesquisa que
melhor atende aos anseios do foco exposto na introdução da obra é a pesquisa exploratória. Isto
porque, ela possibilita uma familiaridade maior com a problemática, podendo evidenciar maior
exposição de suas causas, fontes e consequências.
Ademais, a análise de riscos ergonômicos pode estar associada a diversos fatores, o que
demonstra a necessidade de uma maior compreensão, a fim de que possibilite ao cenário
acadêmico um reconhecimento dos riscos envolvidos, proporcionando uma possível intervenção
no campo real (FONSECA, 2002).
3. Resultados e discussões
3.1 Campo ergonômico
Para o International Ergonomics Association (IEA, 2009), a ergonomia pode ser dividida
em três tipos, a saber: físico – atrela-se e se caracteriza com as atividades realizadas pelo corpo
humano, adentram-se a esse tipo aspectos biomecânicos, fisiológicos, antropométricos. Permite-
se estudar por esse domínio a postura do trabalhador, movimentos que exigem repetições
contínuas, distúrbios musculoesqueléticos relacionados às atividades por ele desempenhadas.
Outro risco relacionado ao trabalhador, identificado por Martins e Ferreira (2015) é o cognitivo.
Observa-se que esse risco está intrinsicamente relacionado com a capacidade intelectual do
trabalhador. Desse modo, os processos mentais, a percepção, memória e processamento da
informação necessitam de serem analisados, uma vez que possuem impacto direto a agilidade de
resposta motora. Portanto, a carga de trabalho quando deveras excessiva, tende a prejudicar o
desempenho, sobretudo quando o trabalho está relacionado à interação humano-computador.
Ressalta-se que a principal causa para o surgimento desse risco é o estresse.
De acordo com o IEA (2009), o último domínio da ergonomia se dá no campo
organizacional. Nesse sentido, observa-se o que se busca por meio dela, a melhoria dos sistemas
sociotécnicos, política e processo, estrutura organizacional, projeto de trabalho, comunicações,
paradigmas de trabalho, gestão da qualidade, cultura organizacional e organização temporal.
Por intermédio das definições realizadas por Martins e Ferreira (2015) e do IEA (2009), pode-se
compreender que a ergonomia tem como intuito central o estudo do próprio comportamento
No trabalho de Fernandes (2014), percebe-se que a astúcia advinda de Leite, Cabral e Suett
(2007) dificultam a implantação e otimização da ergonomia com enfoque nos trabalhadores
rurais. Portanto, embora denote-se o Brasil como uma potência agrícola, a produtividade das
fazendas poderia ser acentuada, contudo, a ineficiência gerada não é causada pelo trabalhador,
mas na qualidade de infraestrutura fornecida para o seu trabalho.
Martins e Ferreira (2015), retrata que o trabalhador agrícola desempenha uma função de
contínuos e ascendentes riscos, os quais são considerados uma progressão à medida que a faixa
etária do indivíduo aumenta. Justifica-se tal perspectiva, por causa do excesso de esforço físico e
o alto consumo de energia humana despendida para a realização de determinada atividade.
Para Abrahão, Tereso e Gemma (2014), as peculiaridades presentes na atividade agrícola como a
exposição ao ar livre, onde as condições ambientais não podem ser controladas, potencializam o
risco ergonômico desses trabalhadores. Desta forma, Gemma (2008) ressalta que ao contrário do
ERGONOMIA E SEGURANÇA NO TRABALHO 199
que ocorre dentro da concepção de trabalho taylorista/fordista, o trabalhador rural é inserido e
sujeito a um ambiente mais complexo que exige uma múltipla variedade de posições para a
execução de tarefas.
Ademais, observa-se em Gemma (2008), uma crítica aos próprios estudos ergonômicos no setor
agropecuário. Segundo a autora, existe uma fragilidade nos estudos envolvendo os trabalhadores
rurais. Considera-se tal fato, por causa do grande enfoque dado ao desenvolvimento tecnológico,
análises de risco e estudo sobre o maquinário, mas existem de fato, apenas exceções que tratam
do próprio processo de trabalho.
Para a literatura estudada, expressa-se que a principal dificuldade existente no trabalho agrícola,
se centra na perspectiva de não estruturação das atividades, por causa da mobilidade física e
funcional dos trabalhadores, o que gera de maneira complexa a definição do posto de trabalho,
conforme a Figura 3 (RIBEIRO, 2005).
Não obstante, constata-se pela pesquisa de Leite, Cabral e Suett (2007) e Ribeiro (2005), a
irregularidade do solo, onde acentua a demanda por esforço físico para a execução da atividade
rural. Deste modo, Abrahão, Tereso e Gemma (2014), argumentam que o desconforto ambiental,
como também a higienização, além da heterogeneidade que essa atividade apresenta, indica
diversas divergências entre indicadores, desta maneira não permitindo uma análise
específica na relação de produtividade do trabalho.
Nesse contexto, assevera-se que o trabalhador agrícola, por ser uma profissão na qual a
atividade é ininterrupta e forçosa, tende a trazer implicações diretas e rápidas que nas demais
atividades, comparando-se apenas a construção civil e a atividade de mineração.
Portanto, conforme explicado por Costa et al. (2010), uma atividade comum e simples do
cotidiano do trabalhador rural, como a capina é extremamente arriscada. De acordo com Costa
et al. (2010), a postura adotada pelo trabalhador durante a execução dessa tarefa é de pequena
mobilidade corporal, sendo deveras fatigante quando comparado com esforços dinâmicos,
conforme a figura 4.
No artigo esboçado por Menegat e Fontana (2010, p. 55), os acidentes que mais ocorrem na
atividade rural são:
[...] quedas e agressões por animais de grande porte, como cavalos e vacas; amputação de dedo ao manusear máquina
de moer carne; fratura de membros inferiores ao tocar, por descuido, em correia do motor de máquina ligada;
cortes com ferramentas manuais; e amputação de dedo ao cortar lenha.
Observa-se, de acordo com os riscos encontrados pelos autores que os principais agravos a saúde,
se dá pela própria rotina de trabalho cansativa, o que atrapalha a cognição do trabalhador.
Portanto, considera-se que o descuido existente, também apresenta implicações ao cansaço na
execução de tarefas.
Cunha, Merino & Merino (2015), utilizaram em seu estudo um software de rastreamento de
movimentos em 3D com a finalidade de analisar a ergonomia do trabalho de extração da
mandioca.
Os autores encontraram que esses trabalhadores possuem uma grande possibilidade de contração
de distúrbios, sobretudo relacionados ao tronco e aos ombros, conforme a figura 5.
Ainda conforme Cunha, Merino & Merino (2015), expressa-se por meio do software que a
própria postura de extração da mandioca exige um grande esforço do corpo humano,
aumentando as tensões e possibilidade de lesões, conforme a figura 6.
[...]. Durante a extração manual da mandioca a postura adotada afeta extremamente a região lombar, sendo a
principal queixa dos trabalhadores e motivo para afastamento temporário da atividade. [...] a carga na coluna
vertebral é naturalmente maior nas cinco vertebras lombares. Com a postura adotada [...] a pressão nos discos da
coluna lombar é acentuada devido ao efeito alavanca. Em virtude da força aplicada para retirar a rama do solo,
há um considerável aumento da pressão nas cavidades abdominais, devido à contração dos músculos (CUNHA;
MERINO; MERINO, 2015, p. 68).
Contudo, vale ressaltar que não se pode analisar a ergonomia sem que observe o nível de
instrução e perfil socioeconômico do trabalhador, ou seja, quanto menor o nível de instrução,
consequentemente será maior o esforço demandado pelo trabalho. Desse modo, o esforço da
atividade agrícola gera um esforço não só físico como mental, o que entra em consonância com
os achados de Menegat e Fontana (2010).
De acordo com Costa et al. (2010) o ritmo intenso de atividade laboral na qual o trabalhador
rural se submete promove uma patologia que até então era encontrada na literatura somente aos
trabalhadores fabris, as Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares
Relacionadas com o Trabalho - LER/DORT. Martins e Ferreira (2015) ao debruçarem sobre
essa questão, expressam que tal fenômeno ocorre por causa da mecanização do processo
agrícola.
Gemma (2008) ao citar Pinzke (1997), assevera que a agricultura ao desenvolver um processo
de altíssima produtividade, faz com que as pressões sobre a atividade rural aumentem de
4. Considerações finais
A pesquisa demonstrou que ainda é necessário o estudo com maior amplificação no enfoque do
trabalhador rural, uma vez que grande parte dos estudos encontrados no país atém- se somente
ao design, riscos com agrotóxicos, mas não dão maior enfoque ao trabalhador rural, sendo ele, a
principal fonte de trabalho dentro da agricultura.
Argumenta-se que a ergonomia pode trazer melhorias a qualidade de vida e bem-estar na
realização da atividade laboral. Entretanto, denota-se que os estudos relacionados aos
trabalhadores rurais, em específico, tendem a apresentar peculiaridades devido ao próprio
exercício de suas funções. Dessa forma, retrato a necessidade de desenvolver por meio de
políticas públicas, incentivos legais quanto na área normativa para a melhoria das ferramentas, a
realização de tais atividades.
Portanto, a análise realizada pela pesquisa demonstrou que ainda há uma grande tarefa nessa
área para os trabalhadores rurais, sobretudo na questão relacionada à inserção de Equipamentos
de Proteção Individual (EPI), os quais são escassos e não utilizados. Percebe-se que a atividade
desempenhada por esses trabalhadores permite relacionar com as patologias encontradas.
Se expressa que ainda há poucos estudos relacionados a tal atividade laboral, demonstrando que
a academia deve permear-se de maneira mais aprofundada a fim de compreender a ergonomia e
quais técnicas podem auxiliar esses trabalhadores.
Por fim, conclui-se que o estudo ao apresentar os riscos ergonômicos do trabalho rural,
apresenta uma relação de que é necessários investimentos para a melhoria do próprio modo de
REFERÊNCIAS
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CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO - CEP, APLICADO À ANÁLISE DO
IMPACTO DA ADIÇÃO DE QUIRERA DE SOJA AO PROCESSO DE PRODUÇÃO
DE ÓLEO DEGOMADO, UM ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA
BENEFICIADORA EM RIO VERDE – GO
Resumo
O Controle Estatístico de Processo-CEP tem se mostrado importante metodologia para
controle de processos, identificação e eliminação de causas especiais melhorando assim os
processos. Assim, utilizou-se o CEP para análise do rendimento de óleo degomado de soja
quando se adiciona quirera de soja ao processo. Como metodologia tem-se estudo de caso,
este foi realizado em indústria produtora de farelo e óleo degomado de soja localizada em Rio
Verde-GO, o objeto de estudo foi selecionado em função da representatividade da empresa e
da região, já que Rio Verde é o município com maior volume de produção de soja do Estado
de Goiás, e Goiás é o quarto maior produtor do Brasil. Os dados foram coletados através de
pesquisa de campo, e foram processados através do software Action. Como resultados, foram
geradas cartas de controle que mostram que quando adicionado quirera, o processo fica menos
estável, o rendimento melhora em 0,11%, mas perde-se controle do processo aumentando a
variabilidade, e apresentando mais causas especiais. Conclui-se que a adição de quirera ao
processo pode não ser vantajosa uma vez que se perde o controle do processo, impactando a
qualidade do produto.
1. Introdução
O Brasil é um país claramente agrícola sendo a soja o grão de maior produtividade e destaque.
O grão soja é comercializado e distribuído interna e externamente, a cadeia produtiva agrupa
2. Fundamentação Teórica
O Brasil destaca-se mundialmente por sua produção agropecuária, sendo um país com
economia tipicamente agrícola, pujante e com resultados positivos ao longo dos anos.
Conforme pode ser observado na Tabela 1 abaixo, a produção de grãos no Brasil tem crescido
nos últimos anos, e a produtividade igualmente tem melhorado na maioria dos anos.
Silva, Lima e Batista (2011) afirmam ainda que após os anos 90, a agricultura do Brasil,
passou por uma forte onda de modernização reestruturando a cadeia de produção de grãos,
graças às novas tecnologias. Isto levou à melhoria na cadeia agroindustrial da soja,
contribuindo para o crescimento da renda, emprego e da exportação.
GESTÃO DA QUALIDADE 212
Do mesmo modo que a produção de grãos em geral, a produção de soja também vem
crescendo substancialmente nos últimos anos. Observando a Figura 1 pode-se notar a
evolução da produção do grão no Brasil nos últimos anos, chegando a quase 114 milhões de
toneladas colhidas. O grão soja é atualmente o tipo de grão mais produzido no Brasil.
De acordo com dados da CONAB (2017) a produção de soja corresponde a 49% da produção
total de grãos do Brasil, neste ano a safra de soja chegará a 113 milhões de toneladas.
O aumento na produtividade e melhoria dos resultados segundo Silva, Lima e Batista (2011)
tem relação com a geração de tecnologias aplicadas a produção, fazendo com que o Brasil se
tornasse o segundo maior produtor de soja do mundo.
Além de ser o segundo maior produtor, de acordo com o IMEA (2015) o Brasil é também o
segundo maior exportador de soja mundial, sendo a China destino de mais de 60% da soja em
grão mundialmente exportada, mercado em crescimento graças a utilização do farelo de soja
para alimentação animal. No mercado doméstico há presença de mais de 200 produtos à base
de soja, crescendo o mercado de bebidas à base do grão para atender novos conceitos de
alimentação, e também consumidores com intolerância à lactose. No setor energético, o óleo
de soja tem suprido mais de 75% da produção nacional do biocombustível.
Segundo Abiove (2018) o complexo de soja no Brasil tem fundamental papel para a economia
do país, movimentando em 2017 quase 32 bilhões de dólares apenas nas exportações de soja,
farelo e óleo, representando 14,6% das exportações totais do Brasil neste mesmo ano. Entre
GESTÃO DA QUALIDADE 213
2016 e 2017 o total das exportações brasileiras cresceu 17% enquanto às exportações do
complexo de soja cresceu 25%, superando assim o percentual de crescimento das exportações
nacionais. Demonstrando que o crescimento das exportações do complexo de soja está acima
do crescimento de outros setores da economia nacional. A sojicultura brasileira também é
responsável pela geração de 1,5 milhão de empregos em 17 Estados do País. Constatando-se
deste modo, a grande importância que o complexo de soja possui para a economia brasileira
na atualidade.
A região com maior volume de produção de soja é a região Centro Oeste, nesta região está o
Estado de Goiás que como visto tem se destacado com grandes volumes de produção.
De acordo com dados da CONAB (2017) está previsto para a safra 2017/2018 a produção de
12 milhões de toneladas de soja somente no Estado de Goiás, o correspondente a 10% de toda
a soja produzida no país.
No estado de Goiás especificamente no Sudoeste Goiano está localizado o município de Rio
Verde, atualmente uma das regiões com maior potencial agrícola do país com economia
Agroindustrial predominante.
A cidade de Rio Verde é a maior produtora em volume de soja do Estado de Goiás e uma das
principais beneficiadoras do grão, sozinho o município é responsável por quase 10% da soja
produzida no Estado (SED, 2017).
A cidade de Rio Verde também se destaca no processamento do grão dentre as 14 principais
unidades industriais beneficiadoras de soja do estado de Goiás, 21% estão alocadas no
Município de Rio Verde, além disto, 22% das empresas responsáveis por refino e envase de
óleo de soja do estado também se encontram na cidade (ABIOVE, 2018).
Assim, pode-se observar que tanto a produção quanto o beneficiamento de soja na cidade de
Rio Verde no Estado de Goiás têm significativa relevância, perante ao estado e ao país, sendo
o município grande responsável tanto pela produção quanto pelo beneficiamento de grãos,
produção de farelo e óleo degomado de soja, ratificando assim a importância do
desenvolvimento deste estudo, focado em utilizar CEP para a análise e melhoria dos
resultados desta importante cadeia produtiva.
Adiante no próximo tópico, abordar-se-á conceitos relativos ao CEP afim de compreender
esta técnica e como utiliza-la para os fins aos quais este estudo se destina.
3. Metodologia
4. Resultados Alcançados
Atualmente a indústria objeto deste estudo, produz principalmente farelo e óleo degomado de
soja. Produzindo cerca de 670 toneladas/dia de farelo e 170 ton. de óleo degomado de soja. Os
produtos são destinados ora para mercado interno, ora para mercado externo, dependendo das
demandas e preços ditados pelo mercado.
Figura 3 estão registradas 22 observações correspondentes aos casos em que houve adição de
quirera, e as demais 71 observações foram registradas na carta de controle presente na
Figura 4, correspondente aos dias de produção em que não houve adição de quirera, ou seja,
foram separados nas duas cartas dias em que houve adição de quirera e dias que não houve
adição para verificar como o rendimento da produção se comportava nas duas situações.
Na
Figura 3 pode-se observar que quando adicionada quirera ao processo, o processo fica menos
estável, apresentando variações significativas no rendimento. O rendimento médio é 0,11%
maior do que quando não se adiciona quirera, ou seja, quando se adiciona quirera o
rendimento tem um pequeno aumento, mas em contrapartida perde-se o controle do processo,
tem-se um processo bem menos estável, visivelmente menos homogêneo. Também se
observa, conforme Tabela 2, que a média do rendimento, linha central do gráfico, fica em
19,72% e o coeficiente de variação é de 4,72%, indicando variabilidade no processo. Nota-se,
além disso, que há um ponto fora de controle, e este provavelmente é consequência da adição
de quirera que elevou, no período observado, o rendimento do óleo.
Figura 3 – Gráfico de valores individuais - Rendimento de Óleo de Soja com adição de quirera
Dados do processo
Gráfico de Valores Individuais
Média 19,72%
Coeficiente de Variação 4,72%
Fonte: elaborado pela autora
Figura 4 – Gráfico de Valores Individuais – Rendimento de Óleo de soja sem adição de quirera
Figura 5 – Gráfico de Valores Individuais - processo estável – Rendimento de Óleo de soja sem adição de
quirera
21.23
21
20
19.6
19
18 17.98
2.0 1.996218
Amplitude Móvel
1.5
1.0
0.611025
0.5
0.0 0
Observando também a Tabela 3, pode-se notar que o rendimento médio do processo é 19,63%
e o coeficiente de variação é 3,57%, isto é, a variabilidade do processo é bem menor do que
quando adicionada quirera.
Tabela 3 - Medidas resumo para Gráfico de valores individuais - Rendimento de Óleo de Soja sem adição de
quirera
Dados do processo
Gráfico de Valores Individuais
Média 19,63%
Coeficiente de Variação 3,57%
Fonte: elaborado pela autora
GESTÃO DA QUALIDADE 222
Nota-se assim que, a adição de quirera pouco contribui para a melhoria do rendimento e ainda
perde-se controle do processo, gerando maior variabilidade e descontrole deste. Ao contrário
do que a empresa compreendia, a adição de quirera ao processo, reaproveitando resíduos que
seriam descartados não trazem contribuições significativas e mais prejudicam do que trazem
benefícios. Não sendo assim viável continuar com a adição de quirera, já que por não haver
controle adequado e padronização do processo de adição e por este resíduo não passar por
análise este pode ser causa de problemas de qualidade também observados nos produtos
produzidos pela empresa. Assim, a adição de quirera ao processo na verdade tem mais pontos
negativos do que positivos quebrando o paradigma de que sua utilização era vantajosa e
lucrativa para a organização.
5. Conclusões
Conclui-se que o CEP pode contribuir de inúmeras formas para a gestão das organizações,
neste caso utilizado para analisar o rendimento da produção de óleo degomado quando se
adiciona ou não quirera ao processo. Através do CEP pode se notar que ao contrário das
concepções da organização a quirera pouco contribui para o aumento do rendimento, e
quando adicionada ao processo faz com que este torne-se bem menos estável e deixa de estar
sob controle.
Sendo assim, a adição de quirera piora o controle do processo e não traz benefícios
significativos, podendo inclusive gerar problemas de qualidade nos produtos.
Futuramente pode-se também analisar a capacidade do processo através do cálculo do Cp e
Cpk após o estabelecimento de limites inferiores e superiores a ser considerados.
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7*"3&%&4/&63"*4"35*'*$*"*4
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO SETOR DE PAPEL E
CELULOSE BRASILEIRO: TESTANDO A INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS
MACROECONÔMICAS VIA REDES NEURAIS ARTIFICIAIS
Resumo
A avaliação de aspectos econômicos, patrimoniais e financeiros de setores da economia pode
ser feita através da análise dos indicadores econômico-financeiros que, quando previstos de
forma adequada, trazem grandes benefícios para a empresa e seus acionistas. Ao longo dos
últimos anos, diversos autores estudaram as relações entre esses indicadores e as variáveis
macroeconômicas. O objetivo desse artigo é averiguar, utilizando Redes Neurais, a influência
das variáveis: PIB, Taxa de câmbio, Taxa de juros e Inflação sobre o desempenho de quatro
empresas de capital aberto do setor de papel e celulose brasileiro: Fibria, Suzano Papel e
Celulose, Celulose Irani e Klabin. Para tal análise, foram aplicados dois modelos à base de
dados, um utilizando apenas o passado dos próprios indicadores e outro utilizando,
adicionalmente, as variáveis macroeconômicas. De acordo com os critérios de avaliação
utilizados, no período estudado, o desempenho das variáveis macroeconômicas mostrou-se
significante para prever as variações dos índices econômico-financeiros.
Abstract
The evaluation of economic, propertyand financial aspects of the economy can be made
through analysis of the Financial-Economic indicators that, when properly forecasted, can
bring great benefits to the company and its shareholders. Over the pastyears, several authors
have studied the relationship between these indicators and macroeconomic variables. This
paper will investigate, using Neural Networks, the influence of the following variables: GDP,
Exchange Rate, Interest Rate and Inflation, over the performance of four Brazilian Pulp and
1. Introdução
2. Revisão da Literatura
A indústria de papel e celulose é composta por dois grandes segmentos industriais que, apesar
de fazerem parte do mesmo setor, são totalmente diferentes um do outro. O primeiro deles é o
de celulose, o qual produz tipos diferentes de celulose e pastas. O segundo segmento
(1)
(2)
No modelo (1) o indicador depende apenas do seu passado. No modelo (2) além de depender
do seu passado depende de quatro variáveis macroeconômicas contemporâneas, são elas: O
PIB, a Taxa SELIC, a Taxa de Câmbio e o IPCA.
Os parâmetros envolvidos na definição de uma rede MLP vão desde o número de camada
intermediário, o número de neurônios nessas camadas, a definição de funções de ativação até
o algoritmo de treinamento. Neste caso, utilizamos apenas uma camada escondida e variamos
de 1 até 7 o número de neurônios nessa camada. Para as funções de ativação a tansig
(Hyperbolictangentsigmoid) e a logsig (Logarithmicsigmoid). E, para o algoritmo de
treinamento, traingdx (Gradientdescentbackpropagation com momentum e taxa adaptativa).
As configurações finais de cada rede basearam-se na escolha das métricas MAD, MAPE e
RMSE as redes que apresentaram as menores métricas foram utilizadas. A época igual a 3.000
e o erro para o treinamento próximo a 2%.
4. Resultados
A Figura 3 apresenta as estatísticas descritivas das variações dos indicadores utilizados neste
artigo.
Figura 3 - Estatística descritiva.
Figura 4 - Medidas de erro calculadas a partir dos erros de previsão obtidos pelas redes neurais.
Como podemos observar na Figura 4, para a grande maioria das variações dos índices de
desempenho econômico-financeiro as variáveis macroeconômicas trouxeram melhoras no
desempenho das redes neurais. Nesses casos as três medidas de erro apresentaram queda, na
comparação com os calculados utilizando os erros provenientes da rede com apenas uma
entrada (a própria série defasada). Para todas as variações dos índices de desempenho
econômico-financeiro, pelo menos duas das três medidas de aderência foram melhores para a
rede que utilizaram as variáveis macroeconômicas em suas entradas.
5. Conclusão
REFERÊNCIAS
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10%05«5&*4
DESENVOLVIMENTO DE PRENSA PARA PISOS PODOTÁTEIS
Resumo
O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) é critico para a concorrência entre as
organizações, principalmente aquelas em que inovações são intensamente demandadas por
seus clientes e mercados. Toda essa competitividade tem relação direta com a qualidade e o
caráter inovador dos produtos oferecidos, reforçando, assim, a importância do PDP como
vantagem competitiva. Existem na literatura diferentes modelos e metodologias propostas
para o desenvolvimento de novos produtos, cabem às empresas a buscar aquela que melhor se
adapte a sua realidade. Nesse contexto, o presente trabalho é o resultado de um estudo teórico/
prático no qual foi desenvolvido o projeto de uma prensa para pisos podotáteis. O resultado
prático foi atribuído ao esboço do novo produto e a construção do protótipo. Apesar de
constitui-se como experiência didática esse trabalho provou que com base em ideias simples e
inovadoras, podem-se idealizar produtos que vêm atender necessidades do mercado até então
desconhecidas.
1. Introdução
As transformações no cenário econômico geram uma concorrência nunca antes vista entre
organizações por efeito da globalização do produto e consumo. O sucesso na gestão do
sistema de desenvolvimento de produto é primordial para a competitividade e sobrevivência
de qualquer empresa nos tempos atuais. (CHENG & FILHO, 2007).
Assim, em uma economia globalizada, a vantagem no mercado de uma empresa está pautada
à sua capacidade de inserir novos produtos e serviços no mercado, apresentando
3. Metodologia aplicada
Figura 1
Figura 3
(3.2) Protótipo
Em seguida a seleção dos materiais e definição das medidas o processo de fabricação do
protótipo foi iniciado. Esta etapa representa não só o resultado da metodologia desenvolvida
Figura 4
Após a montagem da prensa realizou-se uma análise ergonômica para verificar pontos
importantes de adequação de acordo com a NR 17.
Constatou-se que existiam pontos intervenções ergonômicas importantes tanto do ponto de
vista visual quanto do ponto de vista de segurança para o operador ou quaisquer pessoas que
estejam próximas à prensa que são:
1) O enclausuramento das correntes, catracas, coroa e motor: evitar que operador ou
qualquer pessoa entre em contato que estas partes quando a prensa estiver em
funcionamento;
2) Para o acionamento da prensa utilizar dois botões que terão de ser apertados
simultaneamente: evitando assim que o colaborador ao acionar somente um botão,
coloque a outra mão dentro da prensa, podendo acorrer a prensagem de sua mão;
3) Instalação de um sensor em cada extremidade da base móvel: caso alguém coloque
a mão dentro da presa no momento de seu funcionamento, será parado o processo
de prensagem e a base móvel voltará a seu estado inicial;
5. Conclusão
REFERÊNCIAS
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ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS: ANÁLISE DO PROCESSO DE
CONFECÇÃO DE CAMISAS EM UMA MALHARIA NO MUNICÍPIO DE
REDENÇÃO-PA
Resumo
Baseado em uma realidade onde indústrias de confecção se cultivam alicerçadas pela
qualidade de seus produtos, apesar demonstrarem baixo uso das tradicionais ferramentas de
gestão de qualidade, este estudo foi realizado com o objetivo de conhecer o sistema de
qualidade na indústria de confecção, atreladas ao estudo de tempos, que é utilizado
principalmente na determinação de tempos-padrão e o estudo de movimentos, empregado na
melhoria de métodos de trabalho. A engenharia de métodos é a sistematização dos processos
de trabalho que tem o objetivo de solucionar problemas através da padronização das
operações. As informações acerca da produção são indispensáveis para o crescimento e
sucesso de uma organização. Desta forma, o estudo de tempos e movimentos se apresenta
como uma ferramenta de suma importância, pois através dela torna-se possível estabelecer a
duração de um determinado processo e das atividades que o constitui, bem como, determinar
a capacidade produtiva de uma empresa de pequeno porte do ramo de confecção situada no
município de Redenção-PA.
1. Introdução
Na conjuntura do mercado atual, é notório que o aumento da competividade tem feito com
que as empresas busquem, constantemente, a melhoria de seus processos, para que através do
aperfeiçoamento dos mesmos se possa ter o aumento da produtividade, apoiados na
diminuição dos custos de produção.
2. Revisão bibliográfica
O estudo de tempos e métodos, segundo Furlani (2017) pode ser definido como um estudo de
sistema que possui pontos identificáveis de entrada - transformação - saída, estabelecendo
padrões que facilitam as tomadas de decisões. Favorecendo, assim, o incremento da
produtividade e provendo de informações de tempos com o objetivo de analisar e decidir
sobre qual o melhor método a ser utilizado na produção.
A cronoanálise busca o tempo padrão que determina um tempo de produção onde, de acordo
com Anis (2010) o analista utilizará na determinação de parâmetros relativos à produtividade
e consequentemente da qualidade.
A indústria têxtil é uma cadeia com grande potencial de geração de renda e emprego. De
acordo com Neto e Gusmão (2008) a cadeia têxtil é uma extensa trama de suprimentos onde
cada fornecedor procura situar relações de parceria com seus clientes.
A prestação de serviços é a realização de um trabalho a ser oferecido ou contratado. Os
produtos e serviços têm um ciclo de vida influenciado e exigido por clientes, tanto o ciclo de
fabricação de um produto e duração de um serviço a ser entregue. O tempo estabelecido pelos
clientes para receberem seus produtos ou obterem rápido um serviço são fatores significativos
para a duração do ciclo de vida de um serviço, o que por vezes torna necessário se fazer uma
análise e um estudo de tempos e movimentos para identificação de problemas que podem
ocorrer e solucionar com eficiência mantendo a empresa na corrente competitiva.
Tempo normal para Toledo (2004), é o tempo requerido por um operário qualificado,
trabalhando no ritmo normal dos operários em geral sob supervisão hábil, para completar um
elemento, ciclo ou operação, seguindo um método preestabelecido. É o tempo dispendido para
a realização de uma atividade onde o trabalhador opera em ritmo normal sem levar em conta a
tolerância. Logo, para a realização do cálculo do tempo normal (TN), usa a seguinte equação:
!" = !"×!
Na equação acima, TN refere-se ao tempo normal fator de ritmo, TC é o tempo médio
cronometrado e V é a velocidade do operador.
Para calcular-se o tempo, faz-se necessário haver tolerâncias. A tolerância é entendida como o
tempo acrescentado ao tempo normal de uma atividade, com fim gratificante para pausas do
trabalhador devido à fadiga e às necessidades pessoais. O fator de tolerância (FT) pode ser
calculado através da seguinte equação:
1 !"#$% !"#$%&&%'(
!" = !=
1−! !"#$% !"#$#%ℎ!"#
Tempo padrão é o tempo que se determina seja necessário para um operário qualificado
trabalhando num ritmo normal e sujeito a demoras e a fadigas normais, para executar uma
quantidade definida de trabalho de uma quantidade especificada, seguindo um método
preestabelecido. É o tempo normalizado acrescido das tolerâncias para fadigas e demoras. É
calculado a partir da seguinte equação:
!" = !"×!"
2.2.5. Capacidade produtiva
A capacidade de produção de uma empresa pode ser definida quando se conhece o tempo
padrão das operações de um processo. Representando o potencial de produção da empresa.
Podendo ser calculada da seguinte forma:
ℎ!"#$ !"á!"#$ !" !"#$#%ℎ!
!" =
!"
Ou pela fórmula de capacidade produtiva global:
− !" = !" + !" + !"
3. Estudo de caso
O presente trabalho foi realizado em uma empresa de pequeno porte do ramo de confecção
têxtil, localizada no município de Redenção-PA. Especializada na confecção de peças em
geral, contando com 8 (oito) funcionários. Analisou-se os tempos e movimentos
desenvolvidos no processo de costura de camisas.
GESTÃO DA QUALIDADE 261
3.1. Estudo de tempo e movimento no posto de trabalho
Estudou-se como foco principal uma costureira, cronometrando seus tempos e observando seu
local de trabalho para as considerações a serem feitas. Na tabela 1 é apresentado o fator de
ritmo da funcionária:
4. Considerações finais
A empresa se mostra sendo uma das melhores no ramo têxtil na cidade de Redenção, tendo
uma boa capacidade atual de produção, no entanto com estudos de aprimoramentos essa
capacidade pode aumentar de forma significativa. Para isso é primordial que a gerencia do
estabelecimento entenda a importância de trazer conforto e motivação para os trabalhadores.
Conclui-se que para o aprimoramento do controle da confecção de camisas, fez-se importante
as técnicas de estudos de tempos e movimentos, as quais se fizeram por meio de obtenção da
análise de dados confiáveis. O estudo de todo o processo em trabalhos futuros, resultariam em
grandes benefícios à malharia, pois consequentemente traria informações preciosas ao
desempenho das atividades realizadas.
REFERÊNCIAS
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 12ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
TOLEDO, I. F. B. Tempos e Métodos. São Paulo, 8ª ed. Assessoria Escola Editora, 2004.
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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA ENERGIA RENOVÁVEL: UMA
REFLEXÃO DA SUA ABORDAGEM NOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIAS DA UFBA
Resumo
O presente trabalho apresenta uma análise e discussão da formação para a gestão da cadeia de
suprimentos da energia renovável nos cursos de pós-graduação em engenharias da
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Destaca-se a importância da cadeia de suprimentos
da energia renovável nos últimos anos, em especial, na região de atuação da UFBA, no estado
da Bahia. A metodologia de pesquisa é de tipo qualitativa, apresentando um estudo de caso
baseado na avaliação documental e análise de conteúdo. Para atingir o objetivo são avaliados
dois eixos principais dentro da oferta de formação da referida universidade. Primeiro, a oferta
de cursos de formação em engenharias, com ênfase nos tópicos de pesquisa dos cursos de pós-
graduação. Em segundo lugar, os grupos de pesquisa e laboratórios voltados de forma direta
ou indireta para o estudo da cadeia de suprimentos da energia renovável. Finalmente, são
extraídas e formuladas algumas considerações e recomendações baseadas na avaliação, as
quais são direcionadas para uma proposição na formação de profissionais adequada a suprir a
necessidade da gestão na cadeia de suprimentos da energia renovável.
1. Introdução
O estudo da cadeia de suprimentos tem sido uma parte importante nos processos de
implementação das energias renováveis, enquanto as distintas fontes de energia que na
atualidade reduzem o uso de fontes não renováveis. Dados recentes de produção e consumo
das energias no país publicados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no Balanço
Energético Nacional 2018 (ano base 2017), mostram que a participação das energias
renováveis na Matriz Energética Brasileira representou o 43,2%, uma percentagem muito
2. Metodologia
Considerando o objetivo do estudo, que busca a análise e discussão sobre uma abordagem das
pesquisas nos cursos de pós-graduação em engenharia da UFBA, é utilizada uma metodologia
de pesquisa qualitativa, com estudo de caso de tipo exploratório (YIN, 2013) baseado na
análise de conteúdo de coleção documental.
Para Yin (2013) o estudo de caso é útil quando o fenômeno a ser estudado é amplo e
complexo e não pode ser estudado fora do contexto onde ocorre naturalmente. A análise
exploratória dos cursos de engenharia da UFBA permite uma discussão das informações
preliminares que servirão para a geração de proposições, podendo estas ser estendidas a
contextos semelhantes.
Por outro lado, Krippendorff (2008) considera a análise de conteúdo como uma poderosa
ferramenta de pesquisa, na qual os dados não são interpretados como representações de
acontecimentos físicos, mas como textos, imagens e expressões que devem ser analisadas
considerando o significado e o contexto pelo qual foram criadas.
Para atingir o objetivo traçado são avaliados dois eixos principais dentro da oferta de
formação da referida universidade. Primeiro, a oferta de formação em engenharias, com
especial ênfase nos tópicos de pesquisa, sendo ela determinada pelo tópico da publicação das
dissertações e teses. Em segundo lugar, os grupos de pesquisa e laboratórios voltados de
forma direta ou indireta para o estudo da cadeia de suprimentos da energia renovável. Esta
avaliação servirá de base para a discussões e formulação de recomendações para o caso sob
estudo. Estas são direcionadas para uma proposição na formação de profissionais para suprir a
necessidade da cadeia de suprimentos da energia renovável, seja como oferta de disciplinas ou
cursos de curta duração.
A Cadeia de Suprimentos da Energia Renovável tem sido caracterizada pelos fluxos das
diversas fontes de energia disponíveis no mundo inteiro tais como o vento, o sol, a água e os
desperdícios orgânicos, florestais, residenciais e industriais. Segundo Wee et al. (2012) vários
No processo da cadeia de valor das energias renováveis (Figura 2), vários segmentos fazem
parte do desenvolvimento destas energias, os quais oferecem uma vantagem competitiva de
acordo com os processos internos e as atividades primarias e de apoio que se encontram na
cadeia. Estes segmentos encontram-se relacionados com o design, engenharia, monitoramento
e posta em marcha dos diversos projetos de energia renovável.
Pesquisa e Desenvolvimento
Engenharia de Projeto
Materia Prima
Distribuição
A etapa inicial de pesquisa pode envolver vários atores diferentes, desde organismos do
governo responsáveis pelo monitoramento da capacidade de geração energética, empresas
privadas de consultoria e/ou investimento e pesquisas acadêmicas. Como primeira etapa
fornece um ponto de partida da potencialidade de geração e o tipo de fonte mais adequada. A
Programa de Pós-Graduação
ü www.ppec.ufba.br
em Engenharia Civil (PPEC)
Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Estruturas ü www.estruturas.eng.ufba.br
(PPEE)
Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica ü ü www.ppgee.ufpa.br
(PPGEE)
Finalmente, um resumo sobre os principais tópicos das dissertações e teses apresentadas nos
últimos anos (período 2014-2016) é disponibilizado na Tabela 1. Como característica
principal, podemos identificar a diversidade na abrangência de tópicos de pesquisa. No
mencionado período, têm predominância os trabalhos que tratam da Modelagem e Simulação
como foco de estudo. Outro destaque, são os trabalhos relacionados com energias, onde os
focos em energia elétrica e a biomassa, englobam 27,89% dos trabalhos. Este último detalhe
demonstra a predominância destes tópicos de pesquisa nos últimos anos, sendo necessário dar
foco na formação de profissionais e pesquisadores sobre os conceitos, tecnologias e
tendências para a gestão de projetos de geração de energias renováveis.
Dos 44 laboratórios que possui a UFBA, destaca-se o Laboratório de Energia e Gás – LEN,
pertencente ao programa de Doutorado em Energia e Ambiente do CIENAM. O LEN articula
os setores energético e ambiental entre os pesquisadores de diversas áreas da indústria
mediante convênios e/ou parcerias com instituições ou empresas com a universidade. Assim,
está ligada aos programas de pós-graduação de Energia e Ambiente (CIENAM), Engenharia
Industrial (PEI) e o curso de especialização em Engenharia de Gás Natural (CEEGAN).
Os Grupos de Pesquisa estão focados nas áreas de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, o que
permite maior abrangência dos processos das ciências, energia e ambiente. Na entrada das
energias renováveis à matriz energética brasileira, o estudo por este tipo de fontes de energia
limpa tem incrementando-se nos últimos anos, sendo a biomassa um dos mais importantes na
indústria energética brasileira. No entanto, com o recente crescimento da energia eólica e
solar, as pesquisas ainda são maiores, mas requer um melhor entendimento sobre seus
processos de fluxo de energia, e como a sua cadeia de suprimentos tem valor para os
stakeholders.
Ao longo dos últimos anos, um maior número de países vem dando uma importância
estratégica ao desenvolvimento da indústria da energia renovável. No caso do Brasil, as
publicações envolvendo energias renováveis apontam que o setor deve continuar
experimentando um sólido crescimento nos próximos anos (PEREIRA JR et al., 2011;
POTTMAIER, 2013; GUERRA et al., 2015). A consolidação do setor também deve ser
acompanhada por uma formação de profissionais treinados para a gestão, pesquisas e
inovação do setor.
EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 277
Segundo Jennings et al. (2001) uma formação em engenharia para a energia renovável
responde às seguintes necessidades:
− Reciclagem de profissionais que desejem passar para a indústria de energias
renováveis;
− Reciclagem de técnicos e profissionais que desejem trabalhar neste domínio;
− Formação inicial de cientistas e engenheiros para conceber e desenvolver novos
sistemas de energias renováveis;
− Treinamento em tecnologia e política de energia renovável para financiadores,
investidores e analistas de políticas;
− Cursos de curta duração, sobre os serviços, desenvolvimento profissional sobre
aspetos da tecnologia e as políticas das energias renováveis;
− Experiência e recursos para as universidades sobre questões energéticas; e
− Informação contemporânea sobre as tecnologias de energias renovável para o público
em geral.
7. Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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PEREIRA Jr., A. O.; PEREIRA, A. S.; LA ROVERE, E. L.; BARATA, M. M. L.; VILLAR,
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POTTMAIER, D.; MELO, C. R.; SARTOR, M. N.; KUESTER, S.; AMADIO, T. M.;
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YIN, R. K. Case study: Design and methods. Thousand Oaks (CA): Sage publications,
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Daniely Vatras
Ademir José Demétrio
Emerson José Corazza
Gilson João dos Santos
Renato Cristofolini
INDICADORES DE DESEMPENHO: DESENVOLVIMENTO, APLICAÇÃO E
ACOMPANHAMENTO DE UM SISTEMA ORIENTADO PELO DMAIC EM UMA
EMPRESA DO SETOR TISSUE
Resumo
Os indicadores de desempenho são importantes ferramentas para mensuração de
performances, gerando informações essenciais para o processo decisório onde, além de
mudanças comportamentais e construção de conhecimentos, este instrumento de gestão
auxilia na identificação e correção de desvios ou problemas, o que acaba por influenciar
diretamente nos resultados de uma organização. O objetivo deste trabalho é, através de um
estudo de caso com observação participante, conhecido também como pesquisa-ação,
desenvolver, aplicar e acompanhar, por meio de uma experiência empresarial guiada pela
metodologia DMAIC, um conjunto de indicadores de desempenho no setor de engenharia de
uma empresa multinacional do setor tissue. A empresa em estudo possui um sistema de
bonificação para seus colaboradores por meio de uma avaliação que contempla certos
aspectos, entre eles o desempenho e, foi então que surgiu a necessidade deste estudo. Como
resultados obtiveram-se inputs para o sistema de bonificação, monitoramento mensal da
situação dos resultados do setor, identificação e aplicação de aperfeiçoamentos no processo,
melhoria nos resultados gerais e individuais de alguns indicadores, envolvimento dos
colaboradores e alta gestão, compreensão da importância da utilização desta ferramenta
gerencial e novos aprendizados a todos os envolvidos.
1. Introdução
Com o agravamento da competitividade empresarial a nível global, por novos mercados, mão
Deming (1990) em sua famosa frase “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que
não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”,
faz uma relação direta entre medição (objeto dos indicadores) e gerenciamento, destacando a
importância deste assunto quando visa-se o êxito.
A combinação de um conjunto de indicadores de desempenho resulta em um sistema de
avaliação de desempenho e viabiliza o gerenciamento por meio do acompanhamento dos seus
resultados ao longo do tempo. As tomadas de ações e decisões são oportunizadas por meio
das resultantes do sistema, entre elas: entendimento do processo, melhoria do controle e
planejamento, identificação de problemas e oportunidades, mapeamento de necessidades de
intervenção, mudança de comportamentos e envolvimento de pessoas (PAIM et al., 2011).
A utilização de indicadores dentro de um sistema bem estruturado demonstra possuir grande
efetividade quando o objetivo é a mudança de comportamentos humanos dentro das
organizações (SCHMIDT, 2006).
2.3. DMAIC
3. Metodologia
Devido às características desta pesquisa, o presente estudo aqui exposto foi caracterizado
como indutivo com abordagem quantitativa dos dados, de objetivo exploratório e de natureza
aplicada. O grau de intervenção na empresa analisada e a participação da pesquisadora nas
mudanças organizacionais tornaram a pesquisa-ação o método mais apropriado para este
estudo.
Para Yin (2001) o estudo de caso “é uma investigação empírica de um fenômeno
contemporâneo dentro de um contexto da vida real” e a pesquisa-ação se caracteriza como
uma modalidade especial do estudo de caso, denominada “observação participante”. Thiollent
(1985) destaca ainda que na pesquisa-ação os participantes representativos da situação e o
pesquisador estão envolvidos de modo participativo.
O foco deste estudo é o setor de engenharia de uma empresa multinacional com atuação de
mais 40 anos no Brasil, localizada na cidade de Joinville sendo líder mundial no fornecimento
b) SAP (Do idioma alemão, Systeme, Anwendungen und Produkte): utilizado, neste
contexto, exclusivamente para apontamento de horas nas atividades dos respectivos
projetos.
Os softwares citados anteriormente, apesar do grande volume de dados gerados, eram
utilizados apenas como visualizadores e operacionalizadores do processo. Estas características
acarretavam no desconhecimento dos gestores e colaboradores quanto a situação real do setor
e os possíveis problemas no processo, que influenciam diretamente em seus resultados.
3.3.1. Define
3.3.2. Measure
Nesta etapa foi identificada a necessidade de validação dos relatórios por parte dos líderes do
setor (mecânica, elétrica e software) antes da compilação dos indicadores porque, por
característica do processo interno, algumas atividades deveriam ser reavaliadas.
Decidiu-se, juntamente com os líderes e coordenador da área de engenharia, optar pela
disposição de todos os indicadores no mesmo arquivo padrão, onde é possível obter uma
rápida visualização de todos os dados e análise dos resultados. Além disso, desenvolveu-se
um arquivo com dados individuais e do setor em cada mês, possibilitando a visualização do
comportamento dos resultados ao longo de um período de tempo através da utilização de
gráficos de barras.
Para o processo de atualização dos indicadores mensalmente determinou-se uma sequência de
atividades, responsabilidades e prazos. A figura 3, no apêndice B, apresenta o modelo que foi
utilizado.
Como ferramenta para operacionalização e apresentação dos dados, optou-se pelo Excel
devido a sua característica de fácil manipulação e familiaridade dos colaboradores.
3.3.4. Improve
3.3.5. Control
4. Resultados e discussão
O índice de alterações na figura 10, por afetar seriamente o andamento do processo, necessita
de um alto controle dos seus resultados. Através da mensuração mensal foi possível observar
que os resultados se apresentam bem elevados, e isto faz com que os "sinais de alerta" sejam
direcionados para esse indicador, sendo que o motivo considerado no resultado é apenas o
erro direto do projetista.
Todos os indicadores possuem o item "resultado anual", é este que será utilizado no
preenchimento das avaliações de desempenho.
O painel da figura 13, no apêndice G, composto pelos principais indicadores e gráficos
compilados em um único local de fácil acesso, manuseio e visualização, também conhecido
como dashboard.
Ao divulgar os resultados exigiu-se um elevado nível de maturidade dos envolvidos, porque
foi liberado acesso aos resultados individuais da equipe, e isto acabou por gerar certo
desconforto e sentimento de culpa por resultados não favoráveis. Porém, ao conversar em
particular, o problema foi resolvido, e mais, um colaborador em específico melhorou
4. Conclusão
O objetivo deste estudo foi atingido após desenvolver, aplicar e controlar um sistema de
indicadores em um ambiente empresarial, podendo-se citar como síntese das constatações
obtidas, o fato de que o uso desta ferramenta gerencial conduz para o caminho de melhoria e
mudança, propiciando aos colaboradores conhecimento de sua performance,
autogerenciamento e correções de desvios. Cita-se também, a possibilidade de uso de um
suporte referencial em tomadas de decisões da alta gestão, fornecimento de inputs para a
avaliação de desempenho e necessidades de ação (planejamento, execução e controle).
Portanto, demonstra ser uma ferramenta ideal para posicionamento das empresas frente ao
cenário competitivo atual.
A utilização do método DMAIC para estruturar e organizar as etapas do trabalho, permitiu
uma boa definição e correto sequenciamento das atividades, onde a aplicação das fases,
orienta os projetos para a solução de problemas de forma lógica.
Para uma eficaz aplicação desta ferramenta gerencial, é fator determinante a forma como o
processo é transmitido aos envolvidos. Inserir os colaboradores em todo o processo, frisar a
FILHO, J.R. Definição e implantação de KPIs para auxiliar a gestão de uma empresa de
softwares. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção) Universidade Federal de
Uberlândia, Ituiutaba, 2017.
FRANZ, L.A. S.; TEN CATEN, C.S. Uma discussão quanto à relação entre os métodos
DMAIC e PDCA. III Semana de Engenharia de Produção e Transportes. Porto Alegre,
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MARTINS, P.G. LAUGENI, F.P. Administração da Produção. 3 ed., São Paulo, Saraiva,
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RUTHES, S.; CERETTA, P. S.; SONZA, I. B. Seis Sigma: melhoria da qualidade através da
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APÊNDICES
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INTERVENIÊNCIAS SOBRE A TEMÁTICA FÍSICO-CIBERNÉTICA EM TEMPOS
DE INDÚSTRIA 4.0
Resumo
Os sistemas produtivos tornam-se mais complexos com o passar do tempo. O objetivo deste
estudo é auxiliar os interessados nas mudanças tecnológicas da Indústria 4.0, analisando as
interveniências relacionadas as principais abordagens que a 4º. Revolução Industrial
apresenta. Esta pesquisa acadêmica utilizou o método da teoria fundamentada para direcionar
a coleta dos dados, sendo os tweets (micro comentários) do Twitter o repositório fonte. A
frase Industry 4.0 (Indústria 4.0) foi o parâmetro utilizado para extração. Os resultados
indicaram que a internet das coisas (Internet of Thinks - IoT) é, sem dúvida, o conceito mais
utilizado pelas pessoas quando comentando sobre a Indústria 4.0 no Twitter. A inteligência
artificial (Artificial Intelligence - AI), identicamente, ocupa posição de destaque entre os
temas mais citados. Concluiu-se que existe uma relação entre a manufatura e as novas
tecnologias digitais englobadas pela Indústria 4.0. Negócios e inovação encontram-se numa
faixa intermediaria, e, assim, se analisar por um âmbito geral, questões técnicas relacionadas
as categorias IoT e a IA possuem maior interesse nas discussões dos usuários em relação aos
processos de negócios e inovação.
1. Introdução
Nesta linha de raciocínio, argumenta-se que as novas possibilidades para interagir e expandir
as capacidades do mundo físico por meio da computação, comunicação e controle é um
elemento chave para futuros desenvolvimentos tecnológicos (BAHETI; GILL, 2011).
Os sistemas Físico-Cibernéticos ou Ciberfísicos são integrações de computação com
processos físicos. Computadores e redes integrados monitoram e controlam os processos
físicos, geralmente com loops de feedbacks, em que os processos físicos afetam os cálculos e
viceversa. Como um desafio intelectual, o sistema físico-cibernético é sobre a interseção, não
a união, física e cibernética (LEE, EDWARD A., 2010), ultrapassando domínios discretos e
contínuos. O domínio discreto ocorre quando a faixa de opção e exata. No domínio contínuo
as opções variam de zero ao infinito (STUDY.COM, 2018).
Os domínios representativos de aplicação do sistema físico-cibernético incluem dispositivos e
sistemas médicos, automóveis, robótica, aviação e outras infraestruturas críticas. Devido à
criticidade destes sistemas, muitas vezes eles são obrigados a ser de alta confiança (ZHANG
et al., 2013). Oportunidades e desafios para novas pesquisas incluem o projeto e o
desenvolvimento de aviões de última geração, veículos espaciais, veículos a gás e elétrico
(híbrido), condução urbana totalmente autônoma e próteses que permitem sinais cerebrais
para seu controle (BAHETI; GILL, 2011). Desta forma, a Indústria 4.0 abre oportunidades e
cria desafios para as organizações contemporâneas.
Nos países produtores, a elevação dos custos com transportes e energia, os riscos políticos,
sociais e ambientais e a elevação dos salários (DISTLER et al., 2014) associaram-se às
pressões por qualidade mais alta, maiores diversidades de produtos. Tais transformações nos
levam a chamada Indústria 4.0, caracterizada pelos grandes avanços da tecnologia da
informação ao longo de toda a cadeia de suprimentos (AZMEH; NADVI, 2014). Foi na
Alemanha que o termo
Tecnologia Funcionalidade
Dispositivos móveis
Sensores Inteligentes
Interfaces avançadas de interação Humana
Hardware
Impressão 3D
Interação de várias plataformas
Realidade aumentada e Wearables
Plataforma IoT (internet das coisas)
Software Tecnologias de localização geográfica
Autenticação e detecção de fraudes
2.2. IoT
A IoT surgiu dos avanços de várias áreas como de sistemas embarcados, microeletrônica,
comunicação e sensoriamento. Compreende uma extensão da internet atual, proporcionando
aos objetos maior capacidade computacional e de comunicação ao se conectarem à internet.
Para Chaouchi (2010), a IoT converge para a combinação de diversas tecnologias
complementares, viabilizando a integração dos objetos no ambiente físico. O Quadro 2 mostra
os blocos básicos para se construir esta abordagem:
Quadro 2 – Elementos e blocos básicos da IoT
Blocos básicos Descrição
Peterson e Davie (2011) definiram que a principal característica das redes de computadores é
a sua generalidade, significando que elas são construídas sobre dispositivos e não são
customizadas para fins específicos, tais como as redes de telefonia e televisão (TV). A IoT
tem alterado aos poucos o conceito de redes de computadores, neste sentido, é possível notar
a evolução do conceito. Neste contexto, e, hodiernamente, a principal característica das redes
de computadores é a analogia com a internet em que as coisas terão habilidades de
comunicação umas com as outras (PETERSON; DAVIE, 2011). Os objetos, ao estabelecerem
comunicação com outros dispositivos, manifestam o conceito de rede, a principal vertente da
IoT.
A unidade básica de hardware para um dispositivo IoT, de acordo com Ruiz et al. (2004),
apresentará uma das seguintes características:
a) unidade(s) de processamento;
b) unidade(s) de memória;
c) unidade(s) de comunicação e;
Novos desafios surgem a medida que são criadas aplicações para IoT. Press (2014) e Wang et
al. (2015) citam que os dados providos pelos objetos podem apresentar imperfeições que
poderão ser reparados no futuro. Nesta visão dos autores, a IoT será a nova revolução da
tecnologia da informação, não entendida como o fim, mas um meio de alcançar a computação
A manufatura na era digital é uma iniciativa que busca alcançar objetivos estratégicos para
fortalecer a integração dos principais processos das empresas. Segundo Miller (2005), as
empresas buscam abordagens e soluções para áreas bem delimitadas de negócios, na
manufatura digital existem poucas alternativas com potencial para transformar os negócios,
tornando o ambiente mais competitivos.
A forma como os produtos consumidos passarão a ser fabricados passa por uma
transformação radical. A manufatura na era digital, associado ao conceito de indústria 4.0,
impõe a internet das coisas para as empresas. O que era apenas imagem futurística está
acontecendo em tempo real, máquinas conversando entre si e com seres humanos. Abrem as
possibilidades de tomada de decisões e coleta de dados em um ambiente multidimensional em
que o volume dos bancos de dados alcança números inimagináveis a pouco tempo atrás, o Big
Data assume papel preponderante nos relatórios executivos das firmas.
Ainda nesta ótica, o Asset Intelligence Network (AIN) ou Facebook das máquinas torna-se
uma plataforma baseada em nuvem para manutenção de equipamentos. Os fabricantes das
máquinas e proprietários de ativos se unem e criam um ambiente digital. A peças que estavam
em manutenção, ao chegarem às máquinas, estarão carregadas com informações específicas,
controlando os equipamentos em função do que será necessário para seu melhor
funcionamento. A verificação da capacidade dos equipamentos realizarem o processo de
manufatura torna-se online.
A capacidade direciona vários processos organizacionais. O documento divulgado pelo Fórum
Econômico Mundial (WEF, 2012) descreve que a capacidade de inovar e fazê-lo em ritmo
acelerado é, talvez, o mais importante fator de sucesso de empresas e países no futuro. Nesta
perspectiva, e, no contexto da tecnologia digital, o universo da manufatura proporciona
ganhos de escala.
Assim, a manufatura na era digital caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias digitais de
forma a permitir o rápido desenvolvimento e fabricação de novos produtos, resposta rápida a
demanda e a melhoria e adequação em tempo real da produção e de suas cadeias de valor. A
3. Método de pesquisa
Esta pesquisa acadêmica utilizou o método da teoria fundamentada para coletar os dados nos
comentários do Twitter, utilizando a frase “Industry 4.0” como fator de extração. Trata-se de
um método que utiliza procedimentos sistemáticos de coleta e análise dos dados para gerar,
elaborar e validar fenômenos ou processos sociais. Em geral, este método é utilizado para
gerar teorias substantivas. Contudo, neste artigo utilizamos apenas a categoria principal
denominada Indústria 4.0 para extrair os dados do Twitter. A teoria fundamentada nos dados
A análise dos resultados baseou-se na análise da frequência das palavras. A Tabela 1 mostra a
classificação das 25 palavras com maior ocorrência no documento que componha os dados
extraídos do Twitter. Conforme já mencionado, estes dados são basicamente comentários
denominados micro comentários.
Observa-se que a temática Internet of Thinks (IoT) é sem dúvida a mais comentada pelas
pessoas ao citar a Indústria 4.0. A AI ocupa posição de destaque. A Figura 2 mostra o
relatório de nuvem de palavras que foram geradas advindas da Tabela 1 de frequência.
O relatório da frequência das palavras contidas nos dados extraídos do Twitter com o uso da
frase Industry 4.0 mostram que ao se falar da 4º. Revolução Industrial menciona-se IoT na
maioria dos comentários. Este fato comprova a literatura consultada dar ênfase nesta temática.
Analisando as primeiras colocações na classificação da Tabela 1, infere-se que existe uma
relação entre a manufatura e as novas tecnologias digitais da Indústria 4.0. Os negócios e a
inovação encontram-se numa faixa intermediaria, e, assim, se analisar por um âmbito geral,
conclui-se que questões técnicas relacionadas a IoT e a IA.
A extração dos comentários do Twitter foi obtida com a configuração temporal de uma
semana. Isso pode ser considerada uma limitação por que nesta semana falou-se mais sobre
um tema do que outro, podendo não ser sempre assim. Novas pesquisas podem coletar uma
faixa maior de comentários ao longo de alguns meses para obter resultados mais genéricos.
REFERÊNCIAS
AZMEH, Shamel; NADVI, Khalid. Asian firms and the restructuring of global value chains.
International Business Review, v. 23, p. 708–717, 2014.
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Boston Consulting Group, p. 14, 2014.
FREITAS, Matheus Menna Barreto Cardoso De; FRAGA, Manoela Adriana de Farias;
GEISSBAUER, Reinhard; VEDSO, Jesper; SCHRAUF, Stefan. Industry 4.0: building the
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LEAN OFFICE E GESTÃO DE PROJETOS: PESQUISA-AÇÃO EM UMA
EMPRESA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE
Resumo
A metodologia do escritório enxuto possibilita a eliminação de desperdícios, otimizando o
fluxo de informações continuamente, assim como a organização, a sinergia entre
colaboradores e a satisfação dos clientes. Alguns autores, na literatura, ratificam a necessidade
de eliminar desperdícios em áreas administrativas, e esta necessidade expande-se à medida
que existe um aumento na competitividade nos setores, obrigando assim, a redução de custos
e despesas fixas. Desta forma, este trabalho aplica conceitos de lean office em um projeto de
uma empresa desenvolvedora de software. Aliando conceitos de lean com os de gestão de
projetos de software, buscando a redução de desperdícios no fluxo de informação e
melhorando a comunicação entre as partes interessadas. Os resultados preliminares são
promissores, e as ferramentas de gestão, integração e controle mostraram-se eficientes em sua
proposta.
1. Introdução
2. Fundamentação teórica
2.1 A produção enxuta e o escritório enxuto
2 Redução de estoque.
De acordo com Womack e Jones (2004), a manufatura enxuta possui foco primordial nos
desperdícios, buscando sempre evitá-los. É possível definir desperdício, neste conceito, como
qualquer atividade realizada que não gera valor, mas utiliza recursos, impactando no custo.
Desta forma, é interessante identificar e classificar os tipos de atividades, como as que são
necessárias, as que não são necessárias e quais efetivamente agregam valor.
Com a ampla disseminação do conceito da manufatura enxuta e a necessidade das empresas
em serem mais competitivas, eliminando sempre que possível os elementos que não agregam
valor aos processos, surge o lean office (escritório enxuto), que é baseado na aplicação de
princípios e ferramentas do lean manufacturing aos processos administrativos das empresas
(OHNO, 1997, WOMACK; JONES, 2004, TURATI, 2007, TAPPING; SHUKER, 2010).
O lean office é um modelo de gestão focado em processos informacionais, ou seja, processos
não físicos, como a informação. Diferentemente, a produção enxuta está focada em processos
físicos vinculados a materiais (HERKOMMER; HERKOMMER, 2006), desta forma, para a
aplicação do lean office são necessárias algumas adaptações de ferramentas do lean
manufacturing. Segundo Roos e Paladini (2013), lean office é uma evolução adaptativa do
lean manufacturing, com uma diferença, o lean manufacturing foca em cenários de trabalho
bem visíveis, pois se trata de processos com fluxos físicos, já o lean office está voltado para
cenários de trabalho de difícil visualização, se tratando de processos envolvendo fluxos não
físicos.
A metodologia enxuta aplicada nos setores administrativas passa a ser de vital importância,
principalmente quando é verificado que 60% a 80% do capital envolvido para satisfazer a
demanda do cliente possui características administrativas (TAPPING; SHUKER, 2010). Desta
forma é necessário que as empresas, visando diferencial competitivo, minimize os
desperdícios e o tempo de resposta para o mercado. Tais oportunidades podem ser
concretizadas através da metodologia do lean office. Assim, é possível classificar os
desperdícios em sete grupos tradicionais, típicos do lean manufacturing, com as principais
causas de cada um deles (SALGADO et al., 2009):
− Superprodução: produzir a mais do que o solicitado pelo cliente e produzir por
antecipação da demanda;
− Espera: material e partes de operações procedentes, manutenção, ferramentas,
operadores e fila para operações adicionais;
− Transporte: movimento exagerado de peças, material e produtos, e movimentação
para armazenamento;
− Excesso de Processamento: superdimensionamento do processo e equipamentos, e
precisão desnecessária do produto ou processo;
− Inventário: excesso de estoque, filas e estoque entre operações;
− Movimentação Desnecessária: movimentos de curto alcance como alcançar,
reorganizar, contar e procurar;
− Defeitos: produtos que não atendem as qualidades requeridas, e material com origem
duvidosa.
3. Metodologia de pesquisa
Neste trabalho, será feito o uso da pesquisa-ação como metodologia de pesquisa científica.
Este método abrange muitas formas de trabalhos orientados para a ação e indica uma
diversidade na teoria e na prática entre os pesquisadores usuários deste método, fornecendo
várias opções, para os potenciais investigadores para o que pode ser apropriado para suas
questões de estudo (COUGHLAN; COGHLAN, 2002).
Coughlan e Coghlan (2002) apresentam uma sequência de passos para a condução da
pesquisa-ação. Cada ciclo do processo da pesquisa-ação acontece em cinco fases:
planejamento, coleta de dados, análise de dados, planejamento de ações, implementação de
ações, avaliação de resultados e geração de relatórios. O monitoramento é considerado uma
metafase, sendo uma fase que acompanha todas as fases do ciclo.
4. Objeto de estudo
Analisando o grande volume de tráfego de dados entre os servidores da empresa, foi sugerido
a instalação e utilização de software de controle de versão. A empresa já utilizava o software
Subversion®, porém o mesmo estava instalado em um servidor Windows Server 2008 e não
possuía manutenção, tampouco integração. Assim, o software Git® (Figura 4) foi proposto
para suprir esta carência, juntamente com sua interface de gerenciamento, o GitLab®.
A avaliação efetiva dos resultados ainda não foi conduzida, pois até o presente momento
nenhum projeto iniciado após a implantação dos conceitos lean office chegou a sua
finalização. Dessa forma, as avaliações de resultados só serão realizadas assim que um projeto
de software tenha sido finalizado.
Como forma de avaliação, serão utilizados também os relatórios de desenvolvimento gerado
pelo próprio software Redmine®, com diversas informações sobre cada etapa do projeto,
como o responsável, o tempo gasto, o volume de retrabalho e bugs. Além dos relatórios
gerados pelo sistema, questionários de avaliação serão enviados aos funcionários
6. Resultados
7. Conclusões
Este estudo explorou duas áreas de pesquisa que possuem oportunidades de contribuição na
literatura, sendo elas a gestão de projetos de software e o lean office. Este trabalho verificou
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES, CNPq e Fapemig por todo o suporte fornecido ao longo
deste estudo.
REFERÊNCIAS
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Organizacional na Gestão da Cadeia de Abastecimento. TMQ – Techniques,
Methodologies and Quality, Lisboa, 2012.
GREEF, Ana Carolina; FREITAS, Maria do Carmo Duarte; ROMANEL, Fabiano Barreto.
Lean Office: Operação, Gerenciamento e Tecnologias. São Paulo: Atlas, 2012. (224).
LIMA, P. N.; TEGNER, M. G.; NETO CORCINI, S. L. H.; VEIT, D. R. Lean Office na
prática: proposição e aplicação de método à luz do gerenciamento de processos. In: XXXV
Encontro Nacional de Engenharia de Produção, anais... 2015.
SALGADO, Eduardo Gomes; MELLO, Carlos Henrique Pereira; SILVA, Carlos Eduardo
Sanches; OLIVEIRA, Eduardo da Silva; ALMEIDA, Dagoberto Alves. Análise da aplicação
do mapeamento do fluxo de valor na identificação de desperdícios do processo de
desenvolvimento de produtos. Gestão da Produção. v. 16, n. 3, p. 344-356, 2009.
TAPPING, D.; SHUKER, T. Lean Office: Gerenciamento do Fluxo de Valor para Áreas
Administrativas - 8 passos para planejar, mapear e sustentar melhorias Lean nas áreas
administrativas. São Paulo: Editora Leopardo, 2010.
WOMACK, James Philip; JONES, D. T. Lean Thinking: Banish Waste and Create Wealth
in your Corporation. 1ª ed.; pg. 305, Universidade de Michigan. Editora Simon & Schuster,
1996.
WOMACK, James; JONES, Daniel; ROOS, Daniel. A Máquina que mudou o mundo. Ed.
10, Rio de Janeiro. Editora Campus Ltda, 2004.
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LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO E ROTEIRIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM
UMA DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS
Resumo
O objetivo do presente trabalho é mapear as atividades logísticas de uma empresa de
distribuição de bebidas localizada na cidade de Sumé – PB para reduzir os custos oriundos do
transporte de cargas por meio da otimização da roteirização. Através de visitas técnicas ao
empreendimento e reuniões com os responsáveis pelo setor logístico realizou-se a coleta de
dados para análise. Em sequência, utilizou-se a ferramenta online Google Maps, a fim de
obter as distâncias entre as cidades de abastecimento, além da visão da localização de cada
uma delas para auxiliar na montagem do novo projeto de roteirização. Com isso, através do
método do caminho mínimo foi possível modificar as rotas minimizando as distâncias
buscando sempre o menor percurso, causando impacto direto sobre os custos.
1. Introdução
2. Referencial teórico
2.1 Logística de distribuição
2.2 Roteirização
O transporte é considerado uma das funções logísticas de maior importância em uma empresa.
Além de estar atrelado à maior parcela de custos na organização, tem como função básica
proporcionar satisfação ao cliente, agregando valor ao seu produto e consequentemente
obtendo diferencial competitivo (BALLOU, 2006). Segundo Balou (2006, p. 149) “a
movimentação de cargas absorve de um a dois terços dos custos logísticos totais” e, portanto,
é preciso que se utilize um sistema de transporte eficiente e ao mesmo tempo com baixo
custo, o que por consequência contribuirá para uma maior competitividade e redução de
preços nos produtos.
De acordo com Simas (2013), o setor logístico no Brasil movimenta em torno de R$ 350
bilhões ao ano e este valor quase que duplicou nas últimas décadas, sendo responsável por
transportar 60% de tudo o que é produzido no país e ainda tem crescido quase o dobro do
Produto Interno Bruto (PIB). Para o autor, o custo logístico do Brasil está em torno de 12,8%
do PIB, número bastante acima de países como Estados Unidos com 8,2% e Europa com 9%.
− Objetivos: oferecer um serviço de qualidade aos clientes, sem repassar aos mesmos
altos custos operacionais;
− Restrições: cumprir as rotas assumidas com os clientes, não ultrapassar a carga horária
estabelecida com os motoristas e ajudantes e obedecer à legislação de transito
estabelecida por cada município, quanto à velocidade limite, horário de carga /
descarga, etc.
Conforme Hillier e Lieberman (2010), rede é definida como agrupamento de retas e pontos
interligados, onde as retas recebem como nomenclatura “arcos” e os pontos denominados
“nós”. Nesse sistema podemos encontrar arcos, redes e caminhos direcionados ou não. Por ser
um sistema que apresenta uma visão das correlações entre seus componentes, apresentando
variados algoritmos, que o torna aplicável nos problemas de diversos setores industriais,
públicos e privados visto que se trata de ambientes científicos, econômicos e sociais.
De acordo com Chopra e Meindl (2011), ao projetar a rede de distribuição, deve-se analisar
dois aspectos relacionados ao cliente, sendo eles o atendimento à necessidade do consumidor
e os custos envolvidos, que consequentemente impactam na lucratividade da empresa. Essa
rede sofre influências de medidas como variedade e disponibilidade dos produtos, tempo de
resposta ao cliente e entre outros, logística de transporte.
Mediante a existência de problemas que englobam correlação entre as variáveis, uma estrutura
adequada para análise e resolução destes são as chamadas “redes” ou também conhecidas
como “grafo”, o que torna a otimização em redes uma técnica essencial para a solução destes.
Algumas aplicações apresentam características de fluxo de materiais, produtos e quaisquer
itens entre os elementos da rede, podem-se perceber estas em problemas de transporte,
transmissões de comunicação de dados, água entre outros (ARENALES et al., 2007).
Complementando a variedade das aplicações da otimização em redes Hiller e Lieberman
(2010) citam problemas de minimização de distância, tempo e custo total, maximização de
fluxo de petróleo, veículos, projetos de redes de dutos.
3. Metodologia
4. Resultados e discussões
4.1. Informações sobre a empresa
É possível observar cada distância percorrida, sua origem e destino referente. Em algumas
cidades é necessário fazer mais de uma entrega, como é o caso de Monteiro, Juazeirinho e
Soledade. Somando todas as distâncias verificou-se que são percorridos no total 2508 km por
semana. Sendo assim, eles utilizam em média 836 litros de óleo diesel no abastecimento dos
caminhões, tendo em vista que eles percorrem 3 km com um litro de óleo.
Afim de melhor compreensão sobre o percurso montou-se um grafo para representar toda a
rede do esquema de roteirização utilizado pela empresa, exposto na figura a seguir.
Através dos dados coletados, elaborou-se uma rede com os caminhos percorridos,
representados por retas coloridas destacando cada rota, e suas respectivas distâncias em
quilômetros dispostas na legenda, os nós (cidades) estão representados por círculos. É válido
ressaltar que o percurso é o mesmo para a ida e o retorno. A partir disso pode-se ter uma
melhor visualização de como é feita a distribuição e possibilita traçar o menor percurso,
melhor caminho para ser seguido.
Com base no esquema atual de roteirização foi feito um estudo para analisar quais as
melhores formas de reorganizar o mesmo. Com o auxílio da ferramenta online Google Maps e
o método de pesquisa operacional, caminho mínimo, foi possível traçar estrategicamente os
menores percursos. A seguir serão expostos os resultados propostos:
Inicialmente após as novas alterações observou-se que foram reduzidas 3 (três) rotas, uma vez
que o esquema de roteirização atual da empresa possui 13(treze) rotas, e no esquema proposto
esse número foi reduzido para 9 (nove) rotas. Houve também uma economia em relação à
frota de caminhões. Nos dias quinta e sexta eram utilizados 3 (três) veículos, com a nova
proposta esse número é reduzido para 1 (um) na quinta e 2 (dois) na sexta.
Desse modo elaborou-se uma nova rede de distribuição que permite visualiza as melhorias
propostas de modo nítido e de simples entendimento. Observou-se que um houve uma
A partir dessa nova proposta é possível observar que na rota da segunda (cor azul) o retorno
não é feito pelo mesmo caminho, é feito através de um novo percurso, PB-214 que liga a
última cidade da entrega, Camalaú, até Sumé. Na rota da quarta (cor rosa) ao invés de voltar
fazendo o mesmo percurso, o caminhão retorna por uma estrada que liga São José dos
Cordeiros à Serra Branca e daí seguir para Sumé. Ainda na quarta em outra rota (cor verde), o
retorno também foi modificado de modo que o caminhão ao chegar no seu ultimo destino
volta para Sumé pela cidade de Serra Branca. Na quinta o retorno é feito pela PB-214 que liga
o Congo a Sumé. Na rota da sexta (cor lilás), a ultima cidade de entrega é Juazeirinho,
portanto o retorno é feito por Gurjão seguindo por serra Branca até Sumé.
A seguir serão descritas as propostas de melhoria, bem como as outras alterações que foram
efetuadas:
As demais rotas não foram alteradas, pois não houve necessidade de otimização nas mesmas.
Por fim, somando essas novas distâncias verificou-se que serão percorridos 1872 km por
semana. Sendo assim, serão utilizados aproximadamente 624 litros de óleo diesel no
abastecimento dos caminhões, gerando, portanto, uma economia de 212 litros referentes a
25,3 %. O combustível utilizado é o óleo diesel S10 que custa em média R$ 3,25, deste modo,
fazendo o percurso atual é gasto em média R$ 2.717,00 e aderindo a nova proposta o custo é
reduzido em R$ 689,00 semanais.
5. Considerações finais
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, V.; MEDEIROS, E.; MUROLO, A. Pesquisa Operacional. 3 ed. São Paulo:
Atlas, 1998.
Partyka, J.G. e Hall, R.W. (2000). On the road to service. OR/MS Today,
www.lionhrtpub.com. Acesso em 20/07/2017.
WANKE, Peter F.; MAGALHÃES, Andréa. Logística para micro e pequenas empresas. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
212 p.
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MINERAÇÃO DE TEXTO E SUA APLICAÇÃO EM MÍDIAS SOCIAIS: UMA ANÁLISE
BIBLIOMÉTRICA
1. Introdução
O uso de mídias sociais tem crescido rapidamente, em 2011, quatro entre cinco americanos visitaram
sites de mídia sociais e blogs (BARNES & LESCAULT, 2011). Números relevantes que mostraram o
aumento da popularidade e a importância dos meios de comunicação social. Além disso, a mídia social
tornou-se uma mercadoria neutra, utilizada tanto por homens quanto mulheres de todas as faixas
etárias (STROUD, 2008).
− Definição da amostra;
− Pesquisa da amostra;
− Identificação dos periódicos com maior número de artigos publicados;
− Identificação dos autores com maior número de publicações;
− Levantamento da cronologia de produção;
− Identificação do “núcleo de partida”.
2. Materiais e métodos
As buscas executadas na base de conhecimento Scopus, estruturadas no modelo de Costa (2010) foram
realizadas com intuito de encontrar trabalhos relacionados às redes sociais e suas relações, além disso,
não foram utilizados filtros de exclusão a fim de evitar a redução dos resultados, optando-se pela
maior amplitude possível. Desta forma, utilizando a chave de busca “text mining AND social media”
foram encontrados 218 resultados, com destaque para os anos de 2015, 2016 e 2017, que representam
mais da metade dos trabalhos analisados, conforme Figura 1.
Por conseguinte, seguiu-se analisar os países (Quadro 1) com maior quantidade de publicações.
Observa-se que a presença dos Estados Unidos na relação dos principais países com publicações
relacionadas é extremamente relevante, pois este possui a maior quantidade dos artigos da área.
País Publicações
Estados Unidos da América 91
China 28
Índia 23
Reino Unido 16
Itália 13
Austrália 12
Coréia do Sul 10
Áustria 6
Grécia 6
Hong Kong 6
Fonte: Elaboração própria
E nota-se a ausência do Brasil na relação acima mencionada, já que possui apenas um artigo, escrito
no idioma Inglês e publicado no exterior em 2015.
3. Resultados e discussão
Nesta etapa, destacaram-se os trabalhos de maior relevância para o tema proposto com relação aos
resultados apresentados anteriormente e também com base no número de citações dos mesmos.
Selecionou-se um total de dez artigos para realização da análise, conforme o Quadro 2, por serem
considerados os mais aderentes a aplicação das técnicas de mineração de texto e às redes sociais.
Estimating the helpfulness and economic impact of Ghose, A.; Ipeirotis, 2011 324
product reviews: Mining text and reviewer P.G.
characteristics
Social media brand community and consumer
behavior: Quantifying the relative impact of user- Goh, K.-Y.; Heng, 2013 210
Designing ranking systems for hotels on travel search Ghose, A.; Ipeirotis, 2012 129
engines by mining user-generated and crowdsourced P.G.; Li, B.
content
and France G.
Vehicle defect discovery from social media Abrahams, A.S.; Jiao, 2012 63
J.; Wang, G.A.; Fan,
W.
4. Conclusão
Este trabalho apresentou uma pesquisa sobre a aplicação da tecnologia de mineração de texto em
mídias sociais, com o objetivo de apresentar uma seleção de artigos como preâmbulo para uma análise
de trabalhos mais relevantes referentes ao tema proposto.
O modelo proposto por Costa (2010) mostrou-se adequado, pois oportuniza ao pesquisador uma
diretriz para iniciar-se uma pesquisa, sendo esta respaldada em trabalhos científicos com maior
relevância e credibilidade, com resultados obtidos a partir de refinamentos nas buscas relacionadas, o
que leva a identificação da área de pesquisa com maior número de artigos já publicados, maior número
de autores com publicações relacionadas, os países com maior aplicação científica do tema e ainda
podendo verificar e explorar a cronologia das produções.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES
pelo suporte financeiro a esta pesquisa.
REFERÊNCIAS
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O CRESCIMENTO DA ECONOMIA DO COMPARTILHAMENTO
(CONSUMO COLABORATIVO) NO BRASIL DE 2008 A 2018
Resumo
A economia compartilhada vem ganhando espaço no Brasil, segundo Zott (2011) por meio da
expansão de modelos de negócios que visam o compartilhamento, a troca e a revenda de
produtos e serviços. Assim, objetivando expandir o conhecimento sobre este fenômeno
econômico no Brasil, realizou-se um estudo em algumas das principais categorias entre os
anos de 2008 a 2018. De acordo com a pesquisa realizada, somando as cinco subdivisões de
consumo colaborativo selecionadas, em janeiro de 2018 quase noventa sites/aplicativos desse
tipo estão em funcionamento no país, sendo que aproximadamente quinze foram criados fora
do país e setenta e cinco foram criados por brasileiros. Com o avanço da tecnologia e o
advento da internet, os computadores, os smartphones e os tablets conectaram pessoas do
mundo todo em uma fração de segundos possibilitando transações entre esses indivíduos,
associadamente, o ambiente de recessão foi favorável para a economia do compartilhamento
no mundo e principalmente no Brasil, visto que as pessoas começaram a buscar formas de
diminuir seus gastos ou aumentar sua renda através do compartilhamento de bens e serviços.
Abstract
The sharing economy has been gaining ground in Brazil, according to Zott (2011), with the
expansion of business-oriented models of sharing, exchanging and reselling products and
services. Therefore, with the purpose of expanding the knowledge on this economic
phenomenon in Brazil, a study in some of the main categories between the years of 2008 to
2018 was performed. According to the survey, summing the five subdivisions of collaborative
1. Introdução
Consumir é um dos hábitos frequentes dos seres humanos que, segundo Da Silveira et al.
(2016), esteve voltado à sobrevivência, as necessidades e a proteção do ser humano no início
das civilizações. Conforme Bradshaw & Brook (2014), podemos observar o aumento do
consumo médio per capta de forma substancial a partir do século XX, pois além de atender as
necessidades básicas, passou a suprir também desejos, vontades e outras formas de satisfação
trazidas pelo consumo de bens e/ou serviços. No século XXI, o consumo vem de uma forma
mais consciente. A escassez de recursos, quer sejam financeiros e/ou naturais, se tornou cada
vez mais uma preocupação da sociedade, e é neste contexto que a economia colaborativa (ou
a economia do compartilhamento) ganha força, permitindo que indivíduos se conectem
através de plataformas digitais e realizem ações como compartilhamento, troca, empréstimos,
doações e aluguéis.
A expansão da economia compartilhada gerou um grande interesse da sociedade. Em 2016,
nos EUA, segundo o portal de inteligência de negócios statista, havia 44,8 milhões de pessoas
utilizando este tipo de serviço, e a previsão é que até 2021 o número de usuários irá aumentar
para 86,5 milhões. Conforme Vaughan, e Daverio (2016), estima-se que na Europa as
transações desses mercados podem ascender a 570 bilhões de euros até 2025, ante 28 bilhões
de euros em 2016. De acordo com estudo elaborado em 2016 pela escola de negócios IE
Business School em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o
Brasil é o líder da América Latina em iniciativas de economia colaborativa, tendo criado 32%
das empresas.
2. Revisão da Literatura
Em 1978, Marcus Felson e Joe L. Spaeth publicaram o primeiro artigo acadêmico sobre
economia do compartilhamento, o “Community Structure and Collaborative Consumption: A
routine activity approach”. Segundo Da Silveira et al. (2016), o artigo apresenta uma visão
mais voltada para o consumo em conjunto, onde pessoas com laços familiares ou com perfil
semelhante tendem a se envolver nesse tipo de atividade.
O artigo “Sharing”, publicado por Russell Belk, em 2009, no jornal da universidade de
Chicago, aborda o compartilhamento que envolve a participação de pessoas que desfrutam
dos benefícios do recurso compartilhado, com um limite de separação entre os envolvidos.
Para Belk, o compartilhamento dissolve limites interpessoais colocados pelo materialismo e
apego à posse.
Nessa seção apresentaremos uma timeline dos últimos dez anos contendo o resultado da
pesquisa. As cinco plataformas de consumo colaborativo que selecionamos são a de troca e
doação de livros e brinquedos, mobilidade/carona, trocas e serviços, crowdfunding
(financiamento coletivo) e a de acomodação.
Como pode ser visto na Figura 1, de 2008 a 2018 houve um crescimento significativo das
plataformas de economia compartilhada no Brasil.
- Plataforma de acomodação
1
Em junho de 2017 o site contava com 700 mil vendedores.
GESTÃO DO PRODUTO 378
Ela visa conectar pessoas com o desejo de alugar o seu apartamento ou quarto por temporada,
com um preço mais acessível e de maneira mais fácil e rápida. Um exemplo desses serviços é
o AirBnb, que possibilita a comunicação entre turistas e donos de imóveis, não precisando
desembolsar muito para se conseguir um local para se dormir ou até passar um final de
semana. O sucesso foi tanto que hoje é utilizado até para alugar um apartamento inteiro.
Fonte: Própria com base na pesquisa nos sites e aplicativos das respectivas plataformas
2
Dados de janeiro de 2018
GESTÃO DO PRODUTO 379
4. Conclusão
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O PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO IMOBILIÁRIA: UM ESTUDO DE CASO EM
UMA CIDADE LOCALIZADA NO SUL DE MINAS GERAIS
Resumo
Partindo-se da premissa de que cabe à gestão pública a função de prestar o serviço de
regularização de imóveis à população e auxiliar os munícipes quanto aos requisitos
necessários para executar sua missão, a pesquisa valeu-se do método do estudo de caso.
Buscou-se demonstrar como acontece a atuação da gestão pública no processo de
regularização imobiliária em uma cidade localizada no sul de Minas Gerais, bem como expor
as etapas do procedimento, a fim de verificar aspectos falhos e gargalos presentes em sua
execução. Com o objetivo de demonstrar a realidade que emerge na Prefeitura quanto à
prestação do serviço de regularização imobiliária e identificar pontos que podem ser
aperfeiçoados, contou-se com a realização de entrevistas dos diferentes atores envolvidos
nesse processo, entre eles os representantes da Prefeitura, do Cartório de Registro de Imóveis,
de engenheiros civil, além de clientes que tiveram a experiência de passar pelo processo de
regularização de seu imóvel. Foi realizada uma análise qualitativa dos dados coletados. Após
a etapa de entrevista, utilizou-se para análise dos dados o mapeamento de processos, a fim de
organizar, a partir da percepção dos diferentes atores da pesquisa, as etapas que compõem a
execução do serviço de regularização imobiliária e tornar possível a identificação de pontos
críticos. Observou-se como o serviço prestado pela prefeitura carece de melhorias. Procedeu-
se, por fim, a elaboração de recomendações para melhorias na execução do serviço em
questão. O estudo permitiu a ampliação do conhecimento teórico sobre o tema, além da
visualização empírica da realidade da regularização imobiliária na cidade.
É dever de todo cidadão cumprir com a regularização de seu imóvel, conforme as leis
municipais. O plano diretor, o código de obras, a lei orgânica municipal, a lei de uso e
ocupação do solo e o plano habitacional compõem algumas das principais ferramentas
utilizadas pela gestão pública no exercício dessa regularização (SANTOS, 2015).
Conforme Louro (2009), alguns instrumentos de qualidade, quando aplicados na gestão
pública, podem ser eficientes quanto à percepção de aspectos que podem ser aperfeiçoados
durante um processo que deve ser executado, proporcionando a visualização dos gargalos e
falhas existentes.
As dificuldades inerentes ao processo de registro de imóveis na cidade em estudo referem-se à
falta de compreensão dos munícipes quanto ao funcionamento desse processo, a dificuldade
interna - por parte do órgão público - quanto à inexistência de ferramentas que possibilitem
enxergar falhas e proporcionar qualidade ao serviço prestado, além do questionamento - por
parte da população - no que se refere às funções e a necessidade de inclusão do Cartório de
Registro de Imóveis neste processo.
Dessa maneira, os objetivos da pesquisa são demonstrar como ocorre a prestação do serviço
de regularização imobiliária na cidade, além de identificar e analisar pontos que podem ser
aperfeiçoados, no intuito de observar, pode meio de ferramentas de qualidade, quais as etapas
devem ser seguidas para se cumprir da melhor forma o procedimento. Para atingir tal
objetivo, foi necessário investigar todos os atores envolvidos nesse processo, quais sejam: o
Cartório de Registro de Imóveis, alguns escritórios de engenharia e alguns munícipes que
utilizaram esse serviço.
O estudo se justifica na medida em que não busca apenas entender como acontece o processo
de regularização imobiliária na cidade em estudo, mas também enxergar os gargalos desse
procedimento e suas possíveis falhas, mas proporcionar maior conscientização dos gestores
públicos com relação ao processo de regularização imobiliária.
2. Referencial Teórico
2.1 Gestão pública municipal
De acordo com Gomes, Silva e Silva (2003), a expansão urbana encontra-se intimamente
ligada ao fator de especulação imobiliária, ou seja, geralmente se vende, em primeiro lugar, os
lotes de pior localização e depois, a partir da ocupação do loteamento, as outras áreas
circunvizinhas vão sendo colocadas à venda. Porém, essas áreas passam a ter um valor
agregado, referente ao espaço até então já construído. A política habitacional implementada
pelo Estado Brasileiro, ao mesmo tempo em que propicia a moradia para uns, propicia renda
para outros, além de segregar alguns indivíduos.
O espaço urbano vem sendo construído através de uma articulação entre o capital e o Estado,
a qual privilegia as classes mais altas e de maior poder aquisitivo, deixando e esquecendo-se
da maior parcela da população, que é pobre, uma vez que apenas um número ínfimo dessa
população tem tido acesso ao crédito da casa própria, o que resulta na opção da cidade
clandestina, ilegal, pela favela, pelos cortiços, pela ocupação de áreas de riscos,
etc.(DORNELES, 2010).
Segundo Kotler (1998), define-se serviço como qualquer atividade intangível para solução de
um problema. Uma das principais características que permite a definição de um serviço
consiste em sua impossibilidade de ser estocado. O serviço é consumido em seu
fornecimento, não havendo possibilidade de armazená-lo. Outras características que permitem
a definição de serviços, dizem respeito à participação do cliente no processo de sua
realização, do contato entre o cliente e o prestador do serviço, de sua intangibilidade, entre
outras.
De acordo com Cardoso (2012), as prestações de serviços podem ser diferenciadas a partir de
seu público (apresentando baixo ou alto grau de interação e personalização com seus clientes),
a partir do tipo de atendimento (atender um grande público ao mesmo tempo ou uma pessoa
por vez), ou, ainda, por meio de serviços exclusivos ou customizados (atendendo cada cliente
de forma individualizada ou não).
3. Metodologia
A pesquisa é classificada como descritiva, devido à exposição de informações que buscam
embasar teoricamente o estudo e auxiliar a análise dos dados e da realidade alvo da pesquisa.
Sustentando-se a partir dos autores Pereira (2016) e Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), essa
abordagem teve o intuito de investigar os atores e processos envolvidos na atividade de
regularização imobiliária e identificar possíveis falhas, a fim de apresentar melhorias.
Quanto ao objetivo, a pesquisa é classificada como explicativa pelo fato de registrar fatos e
procedimentos, analisá-los e interpretá-los, uma vez que identifica os fatores que contribuem
ou afetam o processo para a realização do registro imobiliário.
A partir do levantamento das informações obtidas por meio das entrevistas realizadas com os
funcionários do cartório, tornou-se possível compreender qual é o papel desse órgão no
processo de regularização imobiliária e como funciona o processo nesse setor.
O Serviço Registral de Imóveis tem o papel de conferir autenticidade, segurança jurídica e
publicidade aos negócios jurídicos. Além disso, tem o dever de auxiliar as partes nos
processos de regularização registral, que, apesar de muitas vezes não ser iniciado lá, sempre
termina com o registro e a averbação. O cartório confere segurança, pois o ato por lá praticado
irá se perpetuar nos livros e arquivos da serventia, e publicidade, uma vez que as informações
poderão ser consultadas por todas as partes interessadas.
Com a Lei 6.015/73, cada imóvel deve possuir uma matrícula, que será aberta quando a parte
solicitar um registro ou uma averbação e não mais houver espaço no Livro das Transcrições.
Muitas dessas matrículas, devido às irregularidades antigas, dependem de uma regularização
registral, que ocorre quando a parte solicita um serviço no cartório. Quando a parte compra
um imóvel, em tese lavra-se uma escritura pública que deverá ser registrada para que assim
ocorra a transferência da propriedade. Após o registro desse imóvel, caso seja apenas um
terreno no qual será edificado um prédio, a construção deverá ser averbada na matrículas.
O processo inicia com a contratação de um engenheiro que irá elaborar um projeto de acordo
com as normas contidas no estatuto da cidade e no plano diretor. Esse projeto será
encaminhado até a prefeitura para que possa ser aprovado e concedido um Alvará para que a
parte possa dar inicio a construção. Desta maneira, torna-se possível perceber que o processo
não se inicia no cartório e sim na contratação de um engenheiro. Porém, muitas pessoas vão
até o cartório, onde são instruídas a procurar um engenheiro para dar inicio aos trabalhos.
Após a concessão do alvará, o interessado poderá iniciar a construção, sendo que, quando a
obra ficar pronta, deverá ser acionado o município para que verifique se a construção
respeitou o projeto aprovado para emissão do habite-se. O habite-se é uma certidão emitida
pela Prefeitura, informando que o imóvel em questão já está pronto para ser habitado. Quando
De acordo com o levantamento das informações por meio de entrevistas com engenheiros
civis, tornou-se possível perceber que não houve divergência nas opiniões e respostas
5 Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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Municípios. Brasil. Presidência da República. Brasília: MP, 2008. 44 p.
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PRODUÇÃO DE MADEIRA SINTÉTICA A PARTIR DA RECICLAGEM DE
RESÍDUOS PLÁSTICOS
Resumo
A consciência social acerca dos problemas ambientais vem crescendo e, com isso, a
necessidade de revisão dos valores do modelo de consumo da atualidade. O consumo
exacerbado decorrente do poder aquisitivo da população, bem como o descarte incorreto, faz
com que haja uma produção excessiva de resíduos sólidos plásticos e, assim, os impactos
ambientais provenientes desse consumo também crescem vertiginosamente. Este estudo,
segundo Greco et al. (2014), traz novos direcionamentos e alternativas para enfrentamento do
problema da produção de resíduos sólidos plásticos através da transformação dos mesmos em
madeira sintética. Material esse que se apresenta como possível substituto da madeira por
apresentar desempenho superior quando comparadas, além de trazer vantagens para o meio
ambiente e para a sociedade e, como consequência, a abertura de novas perspectivas
econômicas, sociais e ambientais através de parcerias com postos de coletas de materiais
recicláveis.
1. Introdução
Atualmente, verifica-se que a demanda por produtos que sejam sustentáveis e atrativos tem
aumentado. Isso implica em duas questões, de um lado nota-se positivamente uma tímida
transição da sociedade impulsionada pelo consumismo para uma sociedade que respeita e
aprecia os aspectos de ecoeficência e aparência, por outro, o aumento da oferta de produtos no
mercado sem uma preocupação mínima com os seus processos fabris, o que pode nos levar
2. Desenvolvimento
Tipo Aplicações
PP (Polipropileno)
Consiste na trituração do plástico que já foi devidamente separado. Processo caracterizado por
ser praticamente mecanizado em sua totalidade, sendo suficiente apenas uma pessoa para
abastecer a máquina com o resíduo plástico. Em alguns casos o plástico precisa ser cortado
em pedaços menores antes de ser levado à trituradora.
Após o plástico ser triturado, é levado para um tanque onde passará por um processo de
descontaminação e lavagem.
O aglutinador é uma espécie de batedeira de bolo grande que aquece o plástico pela fricção de
suas hélices, transformando-o em uma espécie de farinha. Em seguida, aplica-se água para
provocar um "choque térmico" que resulta na aglutinação: as moléculas dos polímeros se
contraem, aumentando sua densidade, transformado o plástico em grão.
2.1.5 Pigmentação
O processo de pigmentação é reservado para conferir a cor desejada ao material já aglutinado,
a pigmentação pode ou não acontecer e essa ocorrência varia de acordo com as especificações
do cliente.
3. Conclusão
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PRODUÇÃO DO CAFÉ ORIENTADA PELO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO: O
CASO DE UMA FAZENDA PRODUTORA DE CAFÉ CERTIFICADO
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo conhecer sobre o processo produtivo de café
certificado pela Utz Certified em uma fazenda do Centro Oeste de Minas Gerais. Realizou-se
uma pesquisa qualitativa, descritiva e caracterizada como um estudo de caso. Visando,
responder ao objetivo proposto utilizou-se como método de coleta de dados a entrevista com o
diretor geral da fazenda e a observação do processo produtivo do café. Concluiu-se que o
processo produtivo é composto por várias etapas, que devem ser minuciosamente cumpridas.
Além disso, o grande benefício da certificação foi o aumento da produtividade de sacas/ha.
Porém, na visão do diretor geral da propriedade, não houve grandes mudanças relacionadas a
diminuição dos custos de produção, nem na percepção do mercado para com o produto
ofertado.
1. Introdução
O café se tornou uma iguaria de qualidade certificada. E a inserção desta iguaria no mercado,
auxiliou na expansão de várias atividades, tanto no cultivo, consumo e na exportação. A
qualidade do produto a ser oferecido para o consumidor passa a ser para ele um motivo de
exigência. Os mercados deixaram de ser locais para se tornarem globais, e os consumidores
estão cada vez mais exigentes em relação a atributos ligados à segurança alimentar e a sua
qualidade (LEME, 2007).
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil é maior
produtor e exportador mundial de café, e é o segundo maior consumidor do produto,
apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,22 milhões de hectares. São cerca
de 287 mil produtores, divididos em aproximadamente 1.900 municípios que se distribuem
GESTÃO DA PRODUÇÃO 420
em 15 Estados (MAPA, 2017). Para a safra de 2017, estimou-se uma produção de 45.563,2
milhões sacas de café beneficiadas, destas, sendo produzidas 25,7 milhões de sacas no Sul de
Minas e Centro-Oeste de Minas Gerais (CONAB, 2017).
A certificação do café está ligada aos cuidados com o meio ambiente, mão de obra
qualificada, manejo, colheita, pós-colheita, beneficiamento e estocagem, tudo para que o
produto final chegue até o consumidor com sua origem e qualidade comprovada, após passar
por transformações que seguem para todos os departamentos da propriedade desde a parte
burocrática até o trabalho braçal.
Diante dos dados apresentados, percebe-se a importância da indústria cafeeira para o mercado
interno e para a economia do país. Neste sentido, o objetivo geral do presente estudo foi
conhecer sobre o processo produtivo de café certificado pela Utz Certified em uma fazenda do
município de Bambuí-MG. Especificamente, objetivou-se descrever o atual processo
produtivo do café certificado e a influência da certificação no produto, no mercado e na
comercialização do café.
O modo de certificação Utz Certified, teve seu início em 1997 por incentivo dos cafeicultores
da Guatemala em conjunto com uma torrefadora holandesa. É um programa de
sustentabilidade para café e chá, que permite que os fazendeiros possam melhorar a sua
produtividade, qualidade dos produtos e eficiência, cuidando das pessoas e do meio ambiente,
permitindo produzir mais com menor custo (UTZ, 2017).
O programa assegura que os produtos certificados atendam a critérios de agricultura eficiente
e produção responsável de forma orientada para o mercado. Além disso, as compras de café
certificado pela UTZ são totalmente rastreáveis por toda a cadeia de café, esta é uma forma de
dar aos compradores a garantia de que o café foi produzido de acordo com as exigências de
certificação (UTZ, 2017).
3. Metodologia
3.1. Tipo de pesquisa
4. Resultados e discussão
4.1. Processo produtivo do café certificado
A cafeicultura é uma das principais atividades desenvolvidas na propriedade, que passa por
diversos processos, que requerem muita atenção e dedicação, uma vez que se trata de uma
produção que obteve o título de certificada. Deste modo, apresenta-se a seguir as etapas do
processo produtivo do café certificado pela Utz Certified.
Para o plantio a terra é preparada com processo de agricultura de precisão, onde é feito
mapeamento da terra onde será a nova lavoura, corrigindo o solo de acordo com a sua
necessidade nutricional.
A compra das mudas é feita de empresas que também são certificadas e a escolha das mesmas
é feita de acordo com as variedades que são mais adequadas às condições climáticas da
região. Após a chegada das mudas é feito um processo de triagem identificando as que estão
aptas ao plantio. As que apresentam alguma inconformidade são separadas para quarentena,
onde há a recuperação da planta.
Demarcação da
área a ser
plantada
Preparaçã
o do solo
O Quarentena
Plantio Aplicação de
defensivos
Legenda
Cronograma: adubação,
Inicio capina, pulverização
Preparação
Processos
Amadurecimento
Decisão da planta
Processo manual
Colheita
Colheita manual Colhei
mecânica
ta
O período de amadurecimento (um ano) é onde a planta recebe os cuidados iniciais. Para as
lavouras novas a colheita só é feita a partir do segundo ano, sendo colhida manualmente, pois
a sua produtividade é baixa. A colheita manual é feita para estimular a produção, durante os
três primeiros anos, onde após esse período a colheita passa a ser mecanizada.
Colheita
Transporte
Lavagem e seleção
de café (Via úmida)
Qualificação
Tulhas
(Armazenamento)
Legenda
Início
Beneficiamento
Processos
Decisão
Carregamento
A colheita mecanizada é feita em três etapas onde, primeiro colhe-se com a lavoura cheia e
após é feito um repasse em toda a lavoura. Por último, recolhe-se manualmente os frutos
caídos ou que ficaram em algum galho. A máquina que colhe o café tem um compartimento
que enche até atingir sua capacidade total de armazenamento, assim que está completamente
carregado o café é repassado a um caminhão de apoio, que acompanha a máquina por toda a
Após a colheita, o café é levado rapidamente para o local de lavagem. Este processo é
denominado de via úmida, onde ocorre a preparação dos cafés despolpados e a separação dos
demais: cerejão, verde ou boia (FIGURA 4). Para o café despolpado é retirada a casca e da
mucilagem que é uma camada rica em açúcares, e encontra-se entre a casca e a semente do
café. Caso a mucilagem permaneça no fruto, pode acontecer o atraso da secagem e/ou
fermentar, criando fungos ou bactérias que interferem na qualidade do café.
A secagem do café dos tipos cerejão, verde e boia é feito no terreiro, até retirar um pouco de
umidade, sendo posteriormente levado para o secador, onde atinge a umidade ideal entre 11 e
12 % para armazenamento. Já o café despolpado ou desmucilado vai direto para o secador que
Na secagem o café é esparramado no terreiro em camadas finas sendo revolvido a cada hora.
O tempo de secagem no terreiro vária de dez a vinte dias, dependendo da umidade do café e
das condições climáticas, sendo separado por lotes. Para conferir a umidade do café de
terreiro, retira-se uma pequena amostra e coloca-se na máquina de aferir umidade. Quando o
café é secado no secador, o próprio equipamento já mantém essa informação. Após seco o
café vai direto para as tulhas de armazenamento (FIGURA 6).
As tulhas de armazenamento são compartimentos de madeira, que devem estar em locais
frescos, onde o café permanece em repouso de 15 a 20 dias. Este processo é necessário para
que o café crie uma homogeneidade, mantendo suas características naturais e teores de
umidade em torno de 11 a 12%. A propriedade tem 18 tulhas ao total, sendo que 12 delas tem
capacidade de 13.260 à 15.300 quilos de café, em média. As outras 6 possuem capacidade em
torno de 22.440 quilos, em média
Após o armazenamento em tempo de descanso o café vai para o beneficiamento (FIGURA 7).
No beneficiamento que ocorre a classificação do café, onde há a separação dos grãos de
acordo com a demanda do comprador. O café é beneficiado na medida em que se pode
completar os carregamentos.
Para prova do café fica a carga do degustador, que é responsável por segregar os tipos de café,
classificando-o quanto ao tipo de bebida que irá produzir. Para o processo de degustação,
retira-se uma amostra de aproximadamente 130 gramas de cada lote de café que é torrado,
moído, coado e colocado em 10 xícaras para prova, isto a fim de comparar e identificar
variações de bebidas em um único lote (FIGURA 9).
Com relação aos custos de produção, foi questionado se a certificação os fizeram diminuir ou
se os gestores já possuíam conhecimentos sobre os métodos de redução de custos, e não
houveram mudanças significativas. Segundo ele o processo de certificação não tem grande
influência na redução de custos, pois a exigência é visando uma maior organização, um modo
correto de se realizar as aplicações de defensivos. Ele ainda ressalta que as mudanças
significativas nos custos dependem mais do meio agronômico, onde há o conhecimento de
como se utilizar os produtos para conseguir produtividade.
Quando indagado sobre o processo de certificação ter influência sobre a perspectiva do
mercado, para a propriedade ele acredita que o mesmo não possui tanta importância com
relação ao mercado. Segundo o diretor geral da fazenda, quem inicia um processo de
certificação pensando apenas em mercado, pode não ter uma resposta tão interessante. Para
ele, quem corre atrás apenas de mercado, não está buscando atingir a essência da atividade
cafeeira.
Ainda relacionado ao mercado e a influência da certificação, quando questionado sobre a
intervenção no modo como o produto era negociado, o produtor afirma que não é a fazenda
que conduz a negociação. Segundo ele, todo produtor rural apenas cultiva e oferece o produto,
e quem dita o preço é o mercado. Porém, este é influenciado pela qualidade do produto
oferecido.
Por fim, realizou-se duas perguntas ao diretor geral da fazenda estudada. A primeira se ele
acreditava que a certificação poderia ser, no futuro, uma barreira para os cafeicultores que não
aderissem a algum tipo de certificação. A segunda, se ele acreditava que este fato, poderia
trazer oportunidades ou ameaças, já que, se futuramente o mercado for restrito, ainda haveria
a comercialização de café certificado e sem certificação.
Para o diretor geral da fazenda, a respostas dessas duas perguntas se mesclam. Segundo ele,
pode ser que em um futuro bem distante talvez a certificação se tornasse uma barreira.
Atualmente esta barreira só existe, quando se trata de exportação, onde há requisitos muito
maiores a serem cumpridos e uma qualidade a ser atingida.
GESTÃO DA PRODUÇÃO 432
O entrevistado ainda relata que o café de baixa qualidade fica retido no mercado interno, já
que o mercado externo demanda qualidade do produto. E, de acordo com ele, é justamente o
mercado interno, que o faz acreditar que produtores não certificados, não passarão por
problemas de comercialização tão cedo. Para o produtor, a mentalidade do consumidor
nacional, ainda é de consumir um café de baixa qualidade e de pouco valor agregado,
absorvendo totalmente o produto não certificado.
Em se tratando da comercialização, o diretor geral tem compradores qualificados inseridos
comercialmente em programas de compra como: processo de trava, onde consiste em vender
uma parte da produção por um preço fixo onde o produto será repassado ao valor estipulado
independente do período ou da oscilação do mercado. Todo produto certificado recebe uma
bonificação pela produção certificada com garantia de rastreabilidade “ágio ou prêmio” que
consiste no valor acrescido por saca que é pago pelo café que apresenta está em conformidade
com as especificações do certificado.
5. Considerações finai
REFERÊNCIAS
FUSCO, J. P. A. Tópicos emergentes em engenharia de produção. 1ª ed. São Paulo: Arte &
Ciência, 2002.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento de métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DA QUALIDADE EM SERVIÇOS
DE SEGURANÇA NA UFPE ATRAVÉS DO MODELO DE KANO
Resumo
O surgimento de várias opções de produtos e serviços, decorrentes da globalização e do
avanço tecnológico, tornou a satisfação das necessidades dos clientes um fator crucial para a
permanência de qualquer empresa. Considera-se que o processo de avaliar e mensurar a
qualidade de um serviço faz com que a organização conheça a sua problemática e a
classifique com o intuito de priorizar os atributos da qualidade. Para atingir este objetivo
pode-se utilizar o modelo de Kano que irá possibilitar o entendimento de como os clientes
avaliam e percebem os atributos da qualidade, que pode ser muito bem adaptado para a visão
destes sobre uma prestação de serviços. Sendo assim, objetivo deste trabalho é criar um
modelo de avaliação de qualidade em serviços que sirva de referência para futuros estudos na
área. Os métodos utilizados para este estudo foram: revisão bibliográfica, estudo de caso e
diagnóstico situacional através da aplicação de questionários. No que tange o diagnóstico
situacional, foi observado que o atributo “segurança” traria satisfação a 56% dos respondentes
e sua ausência traria insatisfação a 92%. Já em relação ao atributo “iluminação” uma melhoria
no desempenho deste traria satisfação a 56% dos respondentes, sua ausência deixaria 94% dos
respondentes insatisfeitos. Pode-se concluir que, a execução do presente trabalho
proporcionou maior entendimento acerca da temática proposta, além de evidenciar a
importância de mensurar os atributos da qualidade em serviços de segurança.
1. Introdução
2. Fundamentação teórica
2.1. Medir qualidade em serviços
Almeida (2013) explica que se pode entender por “qualidade em serviços” como a
capacidade, através das experiências vivenciadas pelos clientes, em satisfazer suas
necessidades, solucionar problemas e fornecer benefícios aos mesmos.
Medir qualidade em serviço é uma operação que requer bastante cuidado, pois, os serviços
são atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou indiretamente a
satisfazer necessidades humanas (MACHADO; QUEIROZ; MARTINS, 2006).
O elemento básico do processo de serviços é a seleção das especificações. Independente da
necessidade do cliente ser tangível ou intangível é importante considerar que todas as
declarações não técnicas que expressam a necessidade ou expectativa do cliente em relação ao
serviço prestado devem ser traduzidas em padrões de projeto (MARTINS et al., 2012).
Complementando a ideia exposta, Johnston e Clark (2012), cita que a avaliação da qualidade
surge ao longo do processo de prestação do serviço. Cada contato com um cliente é referido
como sendo um instante de verdade: uma oportunidade de satisfazê-lo ou não.
Para Lofgren e Wittel (2005) o modelo de Kano permite a compreensão de como os clientes
avaliam e percebem os atributos da qualidade, que pode ser muito bem adaptado para a visão
destes sobre uma prestação de serviços.
Complementando a ideia exposta, (TONTINI et al., 2008 ) cita que, o modelo de Kano propõe
a ligação entre desempenho e satisfação não linear, classificando os atributos como
obrigatórios, unidimensionais e atrativos. O modelo faz distinção entre todos os tipos de
atributos de produtos ou serviços que influenciam a satisfação e considera a relação não linear
entre desempenho e satisfação.
Kano et al. (1984), e Berger et al. (1993), sugerem que os atributos podem ser identificados
perguntando aos consumidores sobre sua reação ou satisfação, quando os atributos têm
A Figura 1 ilustra o Modelo de Kano, que é um modelo teórico baseado na ligação do grau de
desempenho (eixo horizontal) com o grau de satisfação (eixo vertical), sendo que cada
atributo resultante das diferentes relações entre os graus é descrito na sequência (exceção para
o atributo questionável, que não é representável no modelo teórico).
Analisando a Figura, podem-se definir os atributos conforme Löfgren e Witell (2005) que
estão listados a seguir:
a) Atributo atrativo (A): este atributo é ponto- chave para a satisfação do cliente se tiver alto
grau de desempenho trará plena satisfação, porém, não trará insatisfação ao cliente se não for
atendido;
b) Atributo obrigatório (O): se este não estiver presente ou se o grau de desempenho for
insuficiente, o cliente ficará insatisfeito, por outro lado, se estiver presente ou tiver grau de
desempenho suficiente, não trará satisfação;
De acordo com Silva e Menezes (2005), do ponto de vista da sua natureza, considera-se este
trabalho como uma pesquisa aplicada, pois têm como objetivo gerar conhecimentos para
aplicações práticas, já em observância aos objetivos, este se classifica como exploratório por
utilizar um estudo de caso e bibliográfico por fazer uso de revisões em livros e artigos sobre o
tema escolhido.
− Fase 2: Estudo de caso: Segundo (GIL, 1991) o estudo de caso é um método que se
caracteriza pela análise aprofundada e flexível de um ou poucos assuntos, objetivando
atingir alto grau de detalhamento na pesquisa. Neste trabalho, foram investigados os
atributos da qualidade em serviços de segurança na UFPE (Universidade Federal de
Com isso, foram avaliados os atributos da qualidade para assim, poder identificar
quais eram os atributos unidimensionais, obrigatório, atrativo, neutro, reverso e
questionável.
4. Resultados
5. Considerações finais
REFERÊNCIAS
ERTO, P.; VANACORE, A.; STAIANO, M. A service quality map based on Kano's
theory of attractive quality. The TQM Journal, v. 23,n° 2, p. 196 - 215, 2011.
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LEE, Y. C.; HUANG, S.Y.A new fuzzy concept approach for a new fuzzy concept on
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LEE Yu-Cheng; YEN HUANG, Sheng. A new fuzzy concept approach for Kano’s model.
Department of Technology Management, Chung Hua University, N. 707, Section 2, Wu Fu
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LOFGREN, M; WETTEL, L. Kano’s Theory of attractive quality and packaging. Quality
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LOFGREN, M.; WITELL, L. Two decades of using Kano’s theory of attractive quality: a
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MATZLER, K. et aI. "How to Delight Your Customers". journal of Product & Brand
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ZABOTTO, Cristina Nardin; SILVA, Sergio Luis da; BENZE, Benedito Galvão. Proposta de
utilização do Método Kano para otimizar as decisões de ideias de produtos no
desenvolvimento. Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações
Internacionais. Anais. São Paulo, 2013.
APÊNDICE
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$36;
RESÍDUOS SÓLIDOS - BAGAÇO - ATRAVÉS DA INOVAÇÃO: práticas sustentáveis
no processo de cerveja artesanal da Universidade Estadual de Santa Cruz
Resumo
A inovação torna-se uma imposição nas organizações, particularmente no processo industrial.
As indústrias são geradoras de "lixos" no final da cadeia produtiva da industrialização. Isso
revela a necessidade de descartar seus resíduos sólidos sustentavelmente, como um modelo
que impacte de maneira amena o meio natural, desde os inputs, processamentos e outputs. Sob
essa perspectiva, este trabalho analisou a produção de cerveja artesanal em um ambiente
acadêmico, com ênfase no rejeito do malte. Para o alcance desse propósito, identificou-se
todo o processo de produção, como também as práticas do reaproveitamento do malte. A
metodologia foi básica, exploratória, qualitativa, bibliográfica, telematizada, iconográfica e
documental. Os resultados refletiram o processo de inovador da reutilização do resíduo sólido
(bagaço) da cerveja artesanal. Antes, o procedimento do material de descarte era devolvido ao
meio ambiente sem nenhum tratamento. A inovação alcançada utilizou-se do bagaço do malte
na transformação de massa para pizza, além de outros produtos. Acredita-se que esses
resultados geram um sistema de inovação sustentável, promovendo o fomento de um outro
bem advindo da produção artesanal da cerveja e reduzindo os impactos ao ambiente.
1. Introdução
2. Metodologia
Uma investigação ao ser realizada deve, em princípio, apresentar resultados condizentes com
a realidade. Então, faz-se necessária empregar métodos que proporcionem o entendimento da
problemática envolvida. Pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem por
objetivo proporcionar respostas às perguntas e inquietações que são demandados pela
sociedade (GIL, 2010). Desta maneira, a investigação estruturou-se como: a) qualitativa, visto
que o pesquisador aborda definições, conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões
encontrados nos dados, ao invés de reuni-los para afirmar teorias, hipóteses e modelos
preconcebidos (RENEKER, 1993); b) básica, pois o estudo destina-se tanto à aprofundamento
e ampliação do conhecimento, sem nenhum direcionamento com possíveis benefícios, nem
para a solução de problemas práticos (GIL, 2010); e c) exploratória, uma vez que o
investigador desenvolve pressupostos, aumenta a familiaridade com o assunto e clarifica
conceitos (LAKATOS; MARCONI, 2010)
Ademais, como apoio ao projeto, recorreram-se aos seguintes instrumentos metodológicos de
trabalho: estudo de caso, fotografias, documental, pesquisa bibliográfica, e telematizada (site).
Buscou-se, ainda, catalogar, através de jornais da UESC - Universidade Estadual de Santa
Cruz, informações acerca da temática trabalhada. Todas notícias são de domínio público, além
de panfletos, cartazes e informativos oriundos do Núcleo de Estudos sobre Cervejas
Artesanais.
O objeto de estudo foi a UESC - especificamente o processo de industrialização de cerveja
artesanal, setor alimentício. Por fim, para o alcance do objetivo proposto, foram coletados
dados e informações, tanto dos acervos bibliográficos, quanto dos processos empresariais
desenvolvidas pela unidade em análise. Feito isso, interpretou e analisou-se o conjunto de
dados da pesquisa, que será apresentado a seguir.
3. Fundamentação teórica
3.1. Inovação
Assim, Costa e Góes (2014, p.2) apud Almeida (2009, p. 203), afirmam que:
4. Resultados e discussão
Fonte: http://www.uesc.br/nucleos/neca/
Por tudo explicitado acima, entende-se, pois, que o processo inovador de descarte do resíduo
sólido oriundo malte, como também processo de sustentabilidade na universidade, no eixo
Ilhéus-Itabuna pode ser caracterizado como inovador. Sabe-se que em outras instituições esse
processo já está bem desenvolvido. Com relação à sustentabilidade, o Núcleo realmente
propõe-se a trabalhar nos pressupostos dessa temática, quando reaproveita 100% dos resíduos
que iriam para a natureza, sendo transformados em pizza. No portal da UESC, de forma
pública, os pesquisadores envolvidos asseveram que buscam desperdício zero de insumos.
Na página da Universidade Estadual de Santa Cruz, um artigo intitulado "produção de cerveja
na UESC acaba em pizza" confirma, então, que a inovação e sustentabilidade são
desenvolvidas no âmbito acadêmico com possibilidade de aceitação e ampliação no âmbito
industrial, no eixo em que a UESC atua.
Partindo da vertente apresentada nesse estudo, pode-se notar que o fenômeno da inovação é
inerente à criação de novos produtos, mas também de novos processos. Isso acontece quando
se verifica a procura pela redução de resíduos na produção de cerveja artesanal do laboratório
de microcervejaria da UESC, o NECA, a partir de um inovador processo ao reutilizar 100%
(cem por cento) do bagaço do malte resultante do processo de produção. Como resultado,
gerou-se um subproduto: o fomento de uma massa de pizza aprovada pelos pesquisadores e
sem teor alcoólico, pois todo o álcool do processo permanece no líquido.
Tal resíduo, anterior a este processo, teria seu descarte no meio ambiente, implicando em
diversos impactos para o mesmo, e, transformando o que seria considerado “lixo” em produto
possível a ser comercializado. Por termo, a UESC está no direcionamento correto quando
busca desenvolver, no processo produtivo, uma sustentação baseada no tripé econômico-
social-ambiental.
REFERÊNCIAS
ALIYU, S.; BALA, M. Brewer's spent grain: A review of its potentials and applications.
African Journal of Biotechnology. v.10, n.3, p.324–331, 2011.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo, Atlas, 2010.
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TEORIA DAS RESTRIÇÕES: UM ESTUDO DE CASO EM UMA GRÁFICA NA
CIDADE DE RUSSAS-CE
Resumo
O presente texto é um estudo de caso, que tem como objetivo, a aplicação de conceitos da
teoria das restrições e do trabalho padronizado em uma gráfica situada em Russas – CE, de
maneira a promover a otimização de seu sistema produtivo, e indicar possíveis formas
aumentar sua lucratividade. Pelo artifício das teorias levantadas nesse estudo, fica clara a
importância do trabalho padronizado e da teoria das restrições, como meio de melhoria na
utilização e disponibilidade dos recursos, e consequentemente, um incremento nos lucros.
1. Introdução
A partir do surgimento da manufatura enxuta, no Japão após segunda guerra, tem feito às
empresas buscarem se adequar ao pensamento japonês de produzir mais com menos recursos,
mantendo-se com alta qualidade, sempre competitivas em relação ao mercado, reduzindo os
seus custos, sem esquecer, da segurança e condições adequadas para seus funcionários.
Neste artigo é proposta uma aplicação da teoria das restrições e trabalho padronizado em uma
gráfica, localizada na cidade de Russas-CE. A empresa tem como atividade principal a
comercialização de produtos de papelaria, e a prestação de serviço de transferência de
projetos para material MDF, portanto este serviço foi o destaque escolhido para a aplicação
das ferramentas citadas anteriormente, com o intuito de identificar qual é o recurso
limitante desse sistema, ou seja, o gargalo, aquela etapa que demanda mais recursos,
especialmente o tempo, provocando atraso em toda a sequência de procedimentos, podendo
causar perdas na produtividade e por consequência, prejuízos. Neste processo é direcionado
2. Referencial teórico
2.1. Definição de padrão
Padrão vem do latim “Patronus”, significando modelo a ser seguido, ou também, referência
para avaliação. Com esse objetivo foram criadas e introduzidas ao mundo moderno normas
que facilitam a padronização de produtos, serviços, entre outros. Assim Chiavenato (1987)
salienta que os fatores determinantes para a avaliação do desempenho são os padrões,
podendo ser tangíveis ou intangíveis, vagos ou específicos, mas sempre relacionados com o
resultado, bem como, os padrões e as normas proporcionam a compreensão daquilo que se
deverá fazer.
Segundo Campos (1992) o conceito de padrão expressa três formas de significado:
− O padrão é o instrumento básico do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do dia-a-dia;
Para Tosetto (2010) e Vieira (2004 apud SILVA; DUARTE; OLIVEIRA, 2004), a própria
sobrevivência humana depende da padronização há milhares de anos. No entanto,
inicialmente a padronização não envolvia o devido registro de processos, as pessoas
aprendiam de forma empírica, através de observações e memorizações de fenômenos e
comportamentos naturais, como as marés ou as estações climáticas. Com o decorrer do tempo
as primeiras sociedades criaram formas padronizadas de comunicação e interação como
idiomas, moedas, leis, de modo a facilitar as interações cotidianas.
Com a revolução industrial, houve mudanças tecnológicas e com isso grande impacto nos
processos produtivos. A produção artesanal deu espaço para uma produção mais mecanizada e
possibilitou o ganho de escala na fabricação, as organizações se tornaram maiores e mais
complexas e com o passar dos anos, transpassaram as fronteiras de suas regiões e seus países
de origem, se caracterizando como macro organizações, dessa forma o conhecimento das
atividades e dos processos não poderia mais ser guardado apenas na memória dos
colaboradores, devendo ser registrados e divulgados para que o processo produtivo forneça
resultados em conformidade com sua idealização, ou seja, com menos variabilidade (SILVA;
DUARTE; OLIVEIRA, 2004).
A regra básica da padronização de um processo é que a mesma deve ser feita com
participação de todos os envolvidos. Quem entende do trabalho é quem deve construir o
padrão. Claro que o mesmo deverá ser posteriormente visto e aprovado pelo chefe, mas, deve
sempre ser criado com a participação de quem executa o trabalho. Se não, o padrão não será
usado, não será seguido, se transformará num belo manual que nunca será realmente utilizado
(MYRRHA, 2004).
2.1.1. Padronização
Para que a produção seja programada, a Teoria das Restrições propõe a lógica Drum-Buffer-
Rope (Tambor-Pulmão-Corda), para que o processo a ser controlado seja definido.
Slack (2009) afirma que, como a maioria das estações não são perfeitamente balanceadas é
altamente provável que exista um gargalo no processo. O tambor é a programação de
atividades do recurso crítico, ou seja, a lista de tarefas que deverá ser executada no recurso
restritivo para que atenda a demanda de trabalho que será processado nele, com o objetivo de
atingir o maior fluxo. Caso a empresa não possua uma restrição interna, o tambor será a
própria demanda do mercado (SOUZA E BAPTISTA, 2010).
A continuidade e a sequencia de trabalho do recurso com restrição de capacidade (RCC) não
deve ser afetado pelas operações anteriores para que a empresa não perca faturamento por
paradas em recursos não restritivos. Para que esse RCC possa estar protegido, deve ser
instalado um estoque de peças antes do mesmo, que é chamado de Pulmão (SOUZA E
BAPTISTA, 2010).
Já a corda sinaliza para as operações iniciais do processo que elas liberem componentes ou
matérias primas para o mesmo ao ritmo determinado pelo tambor. Essa medida evita que
GESTÃO DA PRODUÇÃO 476
exista um excesso de estoque desnecessário no sistema, independente das operações iniciais
estarem ou não ociosas (SOUZA E BAPTISTA, 2010). Na figura 1 vemos uma demonstração
de um sistema Tambor-Pulmão-Corda, com suas localizações em um sistema:
Figura 1 – Processo com Tambor-Pulmão-Corda
3. Metodologia
Esse estudo classifica-se quanto aos objetivos como pesquisa exploratória e descritiva, pois
foi buscado o aprofundamento do assunto da teoria através de um levantamento bibliográfico
em livros e artigos para entender melhor o processo da empresa estudada e os problemas
relacionados a ele no estudo de caso realizado. Também foi observada a maneira como era
realizado o processo e entrevista feita com os responsáveis.
A pesquisa exploratória busca explicitar o problema com mais familiaridade através de
levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas experientes no assunto pesquisado, que
normalmente vem associada à pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Já a pesquisa descritiva
é utilizada para descrever uma população ou fenômenos utilizando técnicas padronizadas para
coletar os dados, como questionários e a observação sistemática (GIL, 2007).
Quanto aos procedimentos técnicos, classifica-se como pesquisa bibliográfica, que trouxe
subsídio para a aplicação da Teoria das Restrições e o trabalho padronizado. Já para o estudo
de caso foi coletado informações no ambiente da produção. A partir dos dados levantados foi
identificado o gargalo do processo e aplicado os passos propostos pela TOC, bem como
analisado o processo dentro das quatro ferramentas do trabalho padronizado homem,
máquina, material e método.
4. Estudo de caso
4.1. Caracterização da empresa
O estudo foi realizado em uma empresa do ramo gráfico de pequeno porte com um total de
quatorze funcionários, cuja atividade econômica principal é o comércio varejista de artigos de
papelaria, localizada na cidade de Russas-CE.
O processo a ser analisado foi a produção de produtos feitos com MDF (Medium Density
Fiberboard). Esse tipo de material é utilizado na fabricação de diversos tipos de produtos de
maneira rápida e com baixo custo como caixas, porta-retratos, quadros, dentre outros, o que
acaba despertando o interesse dos clientes quando procuram por objetos de decoração e/ou
utilidades domésticas.
A empresa trabalha com funcionários multifuncionais. Cada um tem a sua especialidade, mas
logo após serem contratados eles recebam treinamento para cada atividade que é realizada.
Logo, eles dificilmente ficam ociosos, pois estão sempre realizando alguma função diferente.
A gráfica atende sua demanda de acordo com cada pedido, ou seja, todos esses produtos são
feitos sob encomenda de forma personalizada, por isso não existe estoque de produtos
acabados, apenas estoque de matéria-prima.
Percebemos, durante a coleta dos dados, que não existia um padrão de atendimento ao cliente.
Então foi feita a análise e a proposição de um padrão a ser adotado pela empresa, sendo o
padrão demonstrado no fluxograma da Figura 2.
Quando o cliente faz o pedido do seu produto é feito um desenho no computador com todas as
dimensões e o designer, depois é feito um cálculo do tempo que irá levar para cortar a placa
de MDF e o cálculo do valor do material que será utilizado. Depois disso, é enviado para o
cliente o orçamento, se ele autorizar, o MDF é levado para a máquina de corte, em seguida é
O processo produtivo estudado é constituído por uma máquina de corte a laser para o corte da
placa de MDF, um computador para fazer o desenho com as dimensões do produto, por fim as
etapas de pintura e colagem são feitas manualmente. A gráfica tem uma disponibilidade de
2640 minutos semanais para programar sua produção, trabalhando em um turno de oito horas
de segunda a sexta e de quatro horas aos sábados.
Inicialmente, procurou-se identificar as restrições. Sabe-se que média da demanda por semana
é de 1250 unidades e o tempo disponível para a produção é de 2640 minutos, pois como todos
os funcionários podem realizar qualquer uma das funções, eles têm toda a carga horária de
trabalho disponível para produzir.
De acordo com as etapas de fabricação, foram coletados junto à empresa os tempos
necessários a cada etapa, mostrados no quadro a seguir:
GESTÃO DA PRODUÇÃO 479
Quadro 1 - Operações e tempos de execução
De posse dessas informações, foram calculados os tempos de produção em cada etapa para
atender a demanda, representados na tabela a seguir.
A etapa da pintura utiliza 300.000 minutos do tempo disponível da produção, sendo assim, ela
é a restrição do sistema.
Uma vez identificado o recurso crítico da linha produtiva, a Teoria das Restrições propõe que
devemos maximizar sua utilização. Este passo garante que todo o tempo semanal disponível
seja completamente utilizado, pois é a restrição quem dita a capacidade do sistema.
Para contornar a situação do gargalo, a empresa tomou a decisão de realocar até cinco
funcionários dos recursos não gargalos para essa etapa, visto que qualquer minuto perdido
nesse recurso é um minuto a menos da capacidade total do sistema. O controle da qualidade
também deve ser maior nessa etapa.
Sugere-se que a etapa anterior (corte) receba uma inspeção visual após terminada, para que
nenhuma peça defeituosa passe pela etapa da pintura. Ainda, a máquina de corte e o
computador devem receber sempre uma manutenção preventiva, com inspeção e lubrificação
diariamente, onde necessário, para não haver quebras ou falhas que impeçam a etapa de
pintura de receber material.
Para a subordinação dos demais recursos ao gargalo é necessário diminuir a produção nos
recursos não-gargalos, de maneira a otimizar a produção. Durante o processo de coleta dos
dados, verificou-se que os processos anteriores não liberam material para a pintura sem que
esta etapa esteja pronta para recebê-lo.
Para elevar-se a restrição, sugere-se avaliar a contratação de mais funcionários para a etapa de
pintura, com a aquisição de uma maior quantidade de matérias primas disponível para o
processo. Ainda, pode ser considerada a compra de uma pistola de pintura e pulverização (que
custa em média R$ 200,00) e uma estufa (com preço médio de R$ 800,00) para a tinta secar
5. Considerações finais
A partir do estudo realizado foi identificada a restrição nos processos internos da empresa,
através de informações obtidas pelos gestores e funcionários, verificou-se a necessidade de
melhorias contínuas na etapa da pintura, já que ela tem uma capacidade muito baixa de
processamento com apenas 1,08%, visando otimizar esse processo para não comprometer
todo o sistema.
Com as melhorias propostas pela implantação da TOC, a empresa pode analisar a
possibilidade de realocar seu quadro de pessoal e seus recursos de forma mais eficiente, sem
comprometer a produção, a fim de contribuir mais com os resultados.
Uma das propostas da TOC é a utilização de um estoque pulmão para proteger o gargalo,
porém, nesse caso, isso não pode ser aplicado, já que a gráfica trabalha com produtos
personalizados.
REFERÊNCIAS
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Fundação Christiano Ottoni, 1992.
COGAN, S. Contabilidade Gerencial: uma abordagem da teoria das restrições. São Paulo:
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GESTÃO DA PRODUÇÃO 482
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GUERREIRO, R. A meta da empresa: seu alcance sem mistérios. 2. ed. São Paulo: Atlas,
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TÓPICOS DE GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE: AVALIAÇÃO DE
CASOS MÚLTIPLOS NO SETOR HOTELEIRO
Resumo
Este artigo tem como objetivo identificar as diversas práticas de gestão ambiental adotadas por
três empreendimentos de pequeno, médio e de grande porte do setor hoteleiro de Campos dos
Goytacazes/RJ, além da relação com uso dos recursos naturais, a sustentabilidade ambiental e a
importância da adoção de um sistema de gestão ambiental para a materialização da
sustentabilidade ambiental nesse segmento. Para a realização da pesquisa, inicialmente foi feito
um levantamento bibliográfico a respeito da temática em questão, seguido de uma investigação
documental nos órgãos competentes para verificar o cumprimento da legislação ambiental por
parte das empresas investigadas. A coleta dos dados deu-se por meio de um questionário
direcionado aos gerentes de cada hotel, bem como entrevistas semiestruturadas a fim de se
identificar pontos interessantes com relação a práticas de gestão ambiental e responsabilidade
socioambiental, arquitetura e os principais impactos socioambientais, além do uso dos recursos
naturais, tendo estes apresentados discrepâncias sensíveis de um empreendimento para outro.
Dentre os impactos socioambientais registrados pelos hotéis em estudo, percebe-se que tais
impactos estão mais relacionados ao consumo de recursos naturais, tais como água e energia
elétrica, geração de diversos resíduos, como os sólidos e efluentes líquidos, fatores comumente
apontados na literatura relacionada.
1. Introdução
É possível observar uma mudança no modelo de gestão ambiental, inicialmente havia pouca ou
quase nenhuma preocupação das empresas voltadas para esta área, porém, as gestões atuais
Com base nos dados que serão levantados a partir de um questionário apresentado junto a três
hotéis, de grande, médio e pequeno porte, no município de Campos dos Goytacazes, o objetivo
deste trabalho é informações relevantes sobre a gestão ambiental, sua importância para a
promoção da sustentabilidade no setor hoteleiro, e realizar a comparação entre as diferentes
práticas ambientais adotadas.
2. Fundamentação Teórica
A questão ambiental vem sendo debatida em diversas conferências e documentos, como o Clube
de Roma, a Conferência de Estocolmo, o Relatório “Nosso Futuro Comum”, a ECO 92, o
Protocolo de Kyoto, dentre outros, com o intuito de buscar diretrizes que sejam sustentáveis para
o mundo. Alinhado a isso, as companhias perceberam a importância de relacionar os seus
produtos e serviços a este pensamento, assim, estas passaram a elaborar e adotar medidas
sustentáveis à sua linha produtiva.
A gestão ambiental, segundo May et al. (2003), pode ser caracterizada como um conjunto de
técnicas e ações que possibilitam o controle e a diminuição dos impactos que são resultantes de
um empreendimento, seja no serviço prestado ou em sua produção, em relação ao meio
ambiente.
Vale ressaltar que a ideologia do crescimento econômico não é questionada pela gestão
GESTÃO AMBIENTAL DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 487
ambiental. Esta se objetiva a manter a conservação dos recursos naturais equiparada ao alcance
da rentabilidade econômica (OLIVEIRA FILHO, 2004)
O governo tem grande participação neste processo ao incentivar empresas e indústrias a
adotarem práticas sustentáveis, além de aumentar a rigidez nas punições para as que infringem
as leis ambientais.
Segundo Leff (2001), a sustentabilidade ambiental tem a função de internalizar condições
ecológicas à produção, assegurando o futuro e a sobrevivência da humanidade. Dentre os
programas de sustentabilidade se destacam: empregos de sistemas de reuso da energia e da água,
comprovação da legalidade da origem da madeira utilizada em construções, utilização de energia
solar e priorizar o uso de materiais biodegradáveis, reciclados ou reutilizáveis (GASPAR &
BUSTILLO, 2016).
O setor hoteleiro vem apresentando uma preocupação com a questão ambiental é possível
observar que alguns estão adotando um comportamento diversificado seja na manutenção de
suas atividades seja no uso dos recursos naturais. Além de ser uma alternativa de redução de
custos, é uma estratégia competitiva em relação à concorrência, e há a mudança da imagem do
hotel em face ao cliente (SANTOS ET AL., 2005). Moraes (2008) afirma que estas atitudes
fazem com que o estabelecimento se torne mais atrativo para os turistas.
IHEI (1994) acredita que a adoção de práticas ambientais também agregam vantagens, como a
solução dos problemas ambientais regionais e globais, garantia de um ambiente seguro e
saudável de trabalho e evitar problemas com a legislação.
A melhoria da imagem perante aos clientes, a redução de consumo de água, energia e outros
insumos, redução de custos, o pré-requisito dos turistas voltados para a qualidade ambiental do
destino turístico também são abordados por outros autores, como: Butler (1991), Archer e
Cooper (2001), IHEI (1994), Bohdanowichz (2005) e Burgos et al. (2002).
Cooper (2000) disserta que as atividades hoteleiras tem uma relação complexa com o impacto
ambiental, uma vez que há descarte de resíduos, uso de água e energia, emissão de CFC,
contaminação de solo e da água, efluentes orgânicos, resíduos sólidos, entre outros.
A geração de resíduos sólidos por hotéis é grandiosa, como: restos de comida, embalagens,
resíduos de limpeza e manutenção. O consumo de água não administrado pode trazer impactos
em longo prazo, uma vez que este pode comprometer o usufruto de água da população local. O
consumo de energia elétrica está presente em quase todas as atividades hoteleiras, como serviços
oferecidos pelo meio de hospedagem, manutenção, conservação de produtos, dentre outros
(SANTOS ET AL., 2005).
Este trabalho tem natureza descritiva e exploratória. A metodologia utilizada foi fundamentada a
partir do referencial teórica e a discussão principal foi baseada pelo estudo de casos múltiplos,
no qual foram levantadas informações sobre o assunto em pauta dentro do contexto.
A utilização de casos múltiplos, segundo Yin (2001), resulta em resultados mais robustos e mais
convincentes. O trabalho tem como objetivo identificar e comparar as atividades sustentáveis
adotadas pelas redes de hotéis selecionadas.
Foram selecionados três empresas do segmento de hotelaria, situadas no município de Campos
dos Goytacazes/RJ, pela distinção do porte, sendo estes: pequeno, médio e grande.
O instrumento utilizado na coleta de dados foi uma entrevista por meio de um questionário de
Moraes (2008), Santos et al. (2005) e Ferreira (1999), como referência para elaboração do
questionário estruturado direcionado aos gerentes de cada hotel, como também entrevistas
semiestruturadas a fim de se identificar pontos interessantes para conduzir uma análise que
alcance o objetivo deste trabalho.
Os temas abordados serão: práticas de gestão ambiental e responsabilidade socioambiental,
arquitetura e os principais impactos socioambientais, além do uso dos recursos naturais.
O questionário contém perguntas direcionadas, além de possuir diversos fatores agregadores
como: abrir e facilitar o debate com o entrevistado; estimular o entrevistado a dar exemplos
práticos, dentre outros fatores. A partir das informações coletadas, desenvolveram-se
comparações e recomendações a respeito da gestão ambiental dos empreendimentos.
O hotel X, de grande porte e pertencente a uma rede internacional do setor de hotelaria, localiza-
se em um dos bairros de classe alta da cidade e também um bairro de concentração de
restaurante e casa de shows, ou seja, possui maior visibilidade quando comprado com os outros
em estudo. Este possui 296 quartos e oferece WiFi em todas as áreas e dispõe de um restaurante,
contando pratos regionais e internacionais e dispõe de estacionamento gratuito. De acordo com
os dados disponíveis no site do empreendimento, o estabelecimento possui os seguintes
serviços: Serviços/Sala de Bagagem; Berço disponível a pedido; Quartos para Deficientes;
Lavandaria/Limpeza a seco; Aceita os principais cartões de crédito; Estacionamento com
manobrista; Acessibilidade para Cadeira de Rodas; Serviço de limpeza diário; Business Center;
Fotocópias; Sala de Jogos, Recepção 24 horas; Estacionamento Gratuito, Garagem, WiFi grátis;
GESTÃO AMBIENTAL DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 489
Elevador.
Dentre as atividades sustentáveis desenvolvidas pelo hotel, pode-se destacar: a coleta seletiva
dos resíduos; trabalho educativo com os hóspedes; treinamentos para os colaboradores ficarem
envolvidos com a causa ambiental; utilização de produtos de limpeza biodegradável; reutilização
de água para irrigação de jardins; uso de aparelhos com baixo consumo de água e energia
elétrica e está em fase de aprovação do selo LEED® NC. A empresa foi vencedora do prêmio de
sustentabilidade Wyndham Green em 2016.
Já o hotel Y, de médio porte e grande experiência de mercado, localiza-se em uma avenida
importante para a cidade, além de esta ser uma saída para aqueles motoristas que vem pela BR-
101. Este possui 88 apartamentos, suítes, lavanderia, restaurante com capacidade para 100
pessoas, sala de convenção, recepção informatizada e TV fechada. Os apartamentos possuem as
seguintes facilidades: telefone; música ambiente; ar condicionado; TV; frigobar; banheira e
aquecimento central de água.
Quanto às práticas sustentáveis, o hotel realiza coleta seletiva de resíduos, treinamento dos
colaboradores no quesito ambiental e algumas práticas voltadas para a minimização do consumo
de energia elétrica, tais como: faz uso de lâmpadas com baixo nível de consumo e utiliza
sensores que, após a saída do hóspede, desligue automaticamente os elétricos domésticos
presentes nas unidades habitacionais.
Por fim, o hotel Z, de pequeno porte, localiza-se próximo a uma das faculdades mais antigas da
cidade, mas, ultimamente, vem passando por dificuldades financeiras devido à falta de
experiência em gerência, também pelo fato de ser um empreendimento de apenas um ano de
existência. Este possui 26 quartos e oferece aos hóspedes diversos serviços, entre eles um
completo e diversificado café da manhã, suítes com ar condicionado, TV's a Cabo, Frigobar, Wi-
Fi, acomodação para animais de pequeno porte e estacionamento privado para hóspedes.
Com relação às práticas sustentáveis, o hotel não possui práticas de alto escala no seu escopo,
fazendo apenas as práticas consideradas de “senso comum”, como: evitar maiores gastos de
água e energia, com lâmpadas com baixo nível de consumo e descarga de caixa acoplada. Este
não realiza coleta seletiva de resíduos, sendo estes descartados em conjunto e de forma
inadequada.
4. Resultados e Discussão
O questionário foi respondido pela gerente trainee da empresa, sendo que para a mesma o
conceito de responsabilidade social é essencial para que se assegurem fontes e recursos naturais
para as próximas gerações, além da busca pela redução ao máximo do impacto gerado pelas
atividades rotineiras sobre o meio ambiente.
Como pode ser observado, a empresa em questão possui uma política ambiental interna concisa
e bem estruturada, o que pode ser comprovado por um prêmio de sustentabilidade recebido no
ano de 2016. Apesar disso, não foi realizado um estudo de impacto ambiental do
empreendimento, sendo que este é uma das políticas discutidas pela gerência para o próximo
ano. Também pode ser observado que a empresa possui um sistema de gestão que busca cumprir
a legislação ambiental e adotar ações de sustentabilidade junto à sociedade.
Esta possui conhecimento do que seriam as normas da série ISO 14.000 e tem o objetivo de
obter essa certificação e, para tal, tem realizado monitoramentos periódicos em seu desempenho
no âmbito ambiental, sem deixar de salientar a falta de apoio do serviço público e os altos custos
para esta adequação, como tratamento de resíduos e uso de fontes de energias renováveis.
Quanto à fase de construção da estrutura física do hotel, a gerente não foi capaz de dar
informações sobre este processo pelo fato de que a obra foi realizada por uma empresa
terceirizada e a atual gerência ainda não fazia parte do grupo de trabalho, destacando o fato de
que não há previsões de crescimento futuro da instalação. No entanto, esta nos informou que não
há elementos para aumento de ventilação e iluminação natural para redução de consumo de
energia.
Como citado anteriormente, é realizada a coleta seletiva de resíduos sólidos e há a
quantificação/classificação destes resíduos com o intuito de acompanhar a sua geração, sempre
buscando a redução desse montante. Todavia, não há parceria com qualquer uma das quatro
cooperativas de catadores voltadas para coleta seletiva da cidade ou cooperativas de cidades
próximas.
Apesar da coleta realizada internamente, todos os resíduos são direcionados para o aterro
sanitário do município, localizado no distrito de Conselheiro Josino, tendo como justificativa a
falta de uma política de tratamento de resíduos da Prefeitura. O empreendimento não visa a
venda destes resíduos, com a justificativa de poucas empresas no setor, além de não possuir
instalações internas com o intuito de reciclagem para uso próprio.
GESTÃO AMBIENTAL DOS PROCESSOS PRODUTIVOS 491
4.2. Análise da entrevista do hotel Y
Para realizar-se uma comparação entre as medidas e práticas adotadas pelos três
empreendimentos hoteleiros em questão, as informações, obtidas a partir das entrevistas
realizadas com as respectivas gerências, foram compiladas no Quadro 1.
Com base no Quadro 1, pode-se afirmar que o hotel X é aquele que possui as melhores práticas
sustentáveis dentre os três, pois pratica gestão ambiental e política ambiental interna de forma
clara, e realiza ações voltadas para sustentabilidade junto a sociedade e seus colaboradores. Este
foi condecorado com o prêmio de sustentabilidade Wyndham Green em 2016 e está em fase de
aprovação do selo LEED® NC para realização de futuros empreendimentos da rede, com
orientação ambiental das edificações.
Apesar de realizar práticas semelhantes ao hotel X, o hotel Y localiza-se na segunda posição da
hierarquia devido a não realização de monitoramento periódico de desempenho ambiental,
prática esta que passará a ser adotada no ano de 2018, por meio do estudo de impacto ambiental
realizada recentemente, bem como a intenção de ser certificado com as normas da série ISO
14.000. Pode-se dizer que o empreendimento está seguindo um rumo adequado de práticas
5. Considerações finais
De acordo com os resultados obtidos, fica claro que o hotel X é o que possui o perfil
socioambiental mais sustentável entre os casos estudados e possui uma atitude proativa no que
diz respeito ao uso e conservação dos recursos naturais e a busca pela sustentabilidade em suas
atividades.
O hotel Y possui pontos elogiáveis quanto a sua política ambiental interna e isso se deve a
experiência do mesmo na coordenação de suas atividades. Assim, verifica-se que o hotel Y
realiza atividades que se aproximam da postura proativa, mas que ainda necessita da adoção de
algumas práticas e melhorias, no que diz respeito ao uso e conservação dos recursos naturais e
as práticas de sustentabilidade.
Já no caso do hotel Z, é perceptível a falta de conhecimento da área de sustentabilidade e de
política ambiental interna, o que acaba sendo muito preocupante para o meio ambiente, a
sociedade e para as atividades internas realizadas. Pode-se afirmar que a postura adotada é a
postura passiva, na qual não existem instrumentos de gestão ambiental, justificando as reduzidas
ações adotadas para simples cumprimento da legislação. Recomenda- se fortemente a adoção de
práticas sustentáveis e de gestão interna, para que, no futuro, o empreendimento melhore sua
posição nesse quesito.
Dentre os impactos socioambientais registrados pelos hotéis em estudo, percebe-se que tais
impactos estão mais relacionados ao consumo de recursos naturais, tais como água e energia
elétrica, geração de diversos resíduos, como os sólidos e efluentes líquidos, fatores comumente
apontados na literatura relacionada.
Agradecimentos
MAY, P. H., LUSTOSA, M. C., VINHA, V. Economia do meio ambiente: teoria e prática/
Peter H. May, Maria Cecília Lustosa da Vinha, organizadores. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2003 –
6ª reimpressão.
ROCHA, D. L.; BARRETO, G.M. Estudo básico sobre dimensionamento para geração
fotovoltaica (FV) em residências situadas na cidade de Campos dos Goytacazes – RJ.
Campos dos Goytacazes, 2016. Monografia de Engenharia Mecânica. Universidade Cândido
Mendes.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
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®/3/010-0*/%6453*"-%&."/"64 1*.
UTILIZAÇÃO DE SCANNER DE SEGURANÇA A LASER EM UM PROCESSO
METALÚRGICO, PARA ATENDIMENTO À NR-12 NO POLO INDUSTRIAL DE
MANAUS (PIM)
Resumo
O presente estudo aborda a importância da Norma Regulamentadora NR-12 e as medidas de
proteção do scanner de segurança a laser em um conjunto de prensas de conformação de
chapas metálicas, em função da relevância que os sistemas de segurança de máquinas e
equipamentos têm na busca de um ambiente de trabalho com mais proteção e menos riscos
para o trabalhador. O objetivo da pesquisa é avaliar a instalação do scanner de segurança a
laser na área do conjunto de prensas de conformação de chapas metálicas em conformidade
com a Norma Regulamentadora NR-12, identificando riscos operacionais, verificando as
aplicações da Norma e analisando a utilização do scanner de segurança a laser para obter
conhecimentos teóricos e práticos quanto à aplicação da Norma Regulamentadora NR-12 e a
utilização de Scanners de segurança a laser. A metodologia utilizada foi de revisão
bibliográfica de natureza qualitativa descritiva extraída de livros, revistas impressas e
digitalizadas, artigos e monografias, além da verificação da necessidade de instalação de um
scanner a laser em um conjunto de prensas de conformação de chapas metálicas em uma
indústria mecânica. Sistemas de segurança, como o scanner de segurança a laser, quando
aliados às leis de segurança, proporcionam um local de trabalho muito mais protegido e com
menos acidentes, mantendo íntegras as capacidades físicas e psicológicas do trabalhador.
1. Introdução
Uma das características mais marcantes de todo ser vivo é o senso de autopreservação. Ao
2. Revisão bibliográfica
2.1 A Segurança no Trabalho
Conforme Corrêa (2011), os scanners são um tipo de sistema de sensoriamento óptico muito
comum para monitoramento de áreas. Podem ser usados na inspeção de áreas para impedir o
início do ciclo quando houver pessoas na área de risco ou causar uma parada segura caso
alguém ou algo invada a área protegida.
De acordo com a Rockwell Automation (2016), os leitores de segurança a laser conseguem
criar um plano de detecção usando um espelho rotativo que desvia pulsos de luz sobre um
arco. Sendo assim, através do ângulo de rotação do espelho é possível determinar a
localização do objeto e a distância que o objeto está do scanner. Desta forma, é possível
determinar a posição exata do objeto.
Teixeira (2014), descreve que Os scanners de segurança servem para proteger equipamentos
ou pessoas, quando estes são detectados no seu campo de identificação. Assim que um objeto
é detectado, os scanners emitem um sinal de parada para a máquina protegida, o que causará
uma interrupção segura.
Conforme Martins & Damélio (2012),” Scanners podem, também, ser chamados de monitores
de área a laser. Uma das operações a que o scanner de segurança a laser se presta é o de
monitorar presença em uma determinada área, o que pode ser feito através de programação
prévia”. Desta forma, torna-se uma alternativa de proteção periférica para apontar o acesso
3. Materiais e métodos
4. Resultados e discussões
4.1 Implementação das Melhorias
4.1.1 Correção no posicionamento dos acionadores bimanuais
Antes das modificações, as áreas laterais das prensas eram livres para movimentação e
circulação. Após as alterações, foram confeccionadas e instaladas grades de proteção nas
laterais das prensas impedindo o acesso.
5. Conclusão
Essa pesquisa teve como objetivo avaliar a aplicação da Norma Regulamentadora NR-12 na
utilização do scanner de segurança a laser. Assim sendo, foi possível verificar a importância
que os sistemas de segurança têm no dia-a-dia dos trabalhadores de uma indústria, por
exemplo, que estão diariamente manuseando máquinas perigosas e, por vezes, em ambientes
insalubres.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 24 maio 2016.
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%044."351)0/&4
VENDAS NO VAREJO ELETRÔNICO (VIA INTERNET) NOS EUA ANTES E
DEPOIS DA POPULARIZAÇÃO DOS SMARTPHONES.
TESTE DA HIPÓTESE DE QUEBRA ESTRUTURAL
Resumo
O comércio eletrônico vem ganhando espaço considerável nas decisões dos consumidores e
vendedores. Para as empresas, as maiores vantagens ao uso do e-commerce são os custos
reduzidos associados ao amplo alcance de novos clientes, enquanto para os consumidores, a
vantagem está na comodidade, comparação de preços e potencial de redução de custos. O
avanço tecnológico, a criação e a popularização dos smartphones contribuíram para que o e-
commerce se tornasse uma nova prática de negócios. O objetivo deste artigo é analisar se
houve mudança no padrão das vendas no comércio eletrônico nos EUA no período em que os
smartphones tornaram-se populares no mundo todo. Para tal avaliação utilizamos o teste de
quebra estrutural elaborado por Zeileis et al. (2002). Os resultados do teste sugerem que
houve quebras estruturais na série analisada. O advento do smartphone, em conjunto com o
aprimoramento das tecnologias, pode ter contribuído para a mudança na participação do e-
commerce nas vendas do varejo nos EUA.
Abstract
E-commerce has been gaining considerable space in the decisions of consumers and sellers.
For the companies, the greatest advantages on e-commerce are the reduced costs associated
with the broad reach of new customers, while for the consumers, the most important
advantages are the convinience, the price comparison and potential cost reduction. The
technological advance, the creation and popularization of smartphones certainly have
contributed to the start of e-commerce as a new business practice. The purpose of this article
is to analyse whether there was a change in the sales pattern on e-commerce in the USA in the
period when smartphones have became popular around the world. For this we used the
1. Introdução
A evolução tecnológica, juntamente com seus impactos sobre os meios de comunicação teve
grande influência na construção de novos tipos de entretenimento e experiências de consumo.
Para Kohn e Moraes (2007), as tecnologias digitais possibilitaram uma nova dimensão dos
produtos, da transmissão de arquivo e acesso à informação, alterando os cenários econômico,
político e social. De acordo com Costa (2009), a velocidade com que a tecnologia evolui no
mundo impõe às economias uma nova realidade, na qual a plataforma tecnológica serve de
base para novas maneiras de distribuir conhecimento e para novas práticas de negócios entre
empresas e clientes.
Em busca de cada vez mais praticidade e conforto, as pessoas passaram a comprar sem sair de
casa, e muitas empresas criaram lojas virtuais para oferecer os seus produtos a esses
consumidores, começando, assim, o e-commerce. Segundo Vissotto (2013), o e-commerce
chegou como uma nova definição de mercado, um espaço na forma de comércio virtual.
Com o avanço da tecnologia, os smartphones supriram uma necessidade que passou a existir:
a demanda por informação e comunicação 24 horas por dia. Coutinho (2014) destaca que
graças aos smartphones tornou-se possível a comunicação em rede, em tempo real e
mobilidade. Com o novo aparelho é possível realizar a troca do mundo físico pelo mundo
virtual.
A evolução dos smartphones serviu de alavanca para que o e-commerce se tornasse cada vez
maior e fosse adotado por todos. A união dessas tecnologias gerou grandes transformações no
comportamento dos consumidores; com a comodidade oferecida por esse aparelho, as
interações interpessoais estão cada vez mais sendo substituídas pelas on-line, modificando
também o relacionamento entre empresas e clientes.
Este artigo tem como objetivo identificar se houve mudança no padrão – quebra estrutural –
das vendas no e-commerce nos EUA e observar se esta ocorreu no período em que os
2. Revisão da literatura
2.1. E-commerce
Fonte: Criação própria a partir dos dados coletados no artigo de Nakamura (2011).
Conforme previsto pelo relatório “Forrester Data: On-line Retail Forecast, 2017 to 2022”, o
comércio eletrônico representará 17% das vendas no varejo nos EUA até 2022. O
Departamento de Comércio dos EUA informou que a estimativa do comércio eletrônico do
terceiro trimestre de 2017 aumentou 15% em relação ao terceiro trimestre de 2016,
representando, assim, 8,4% das vendas totalizando US $ 107 bilhões.
2.2. Smartphones
O comércio eletrônico surgiu como um meio de facilitar as vendas, pois trouxe maior
comodidade aos consumidores. Essa atividade vai muito além de interatividade e conforto, o
que o faz crescer cada vez mais. O desenvolvimento do smartphone provocou uma revolução
e deu aos consumidores o poder de comprar à hora que quiserem e onde estiverem, conforme
descrito por Deshmukh et al. (2013). De acordo com Lessa (2001), com o m-commerce surgiu
um novo tipo de mercado para a venda de produtos e serviços que pode ser feita de forma
diferenciada, levando novos clientes a fazer compras eletrônicas, só que agora por meio dos
smartphones. Em um relatório sobre o futuro do e-commerce, a Deloitte afirma que a
disseminação mundial da internet por meio de desktops e smartphones está impulsionando a
expansão do e-commerce, e esse fato está revolucionando o panorama de vendas no varejo.
Conforme o relatório da Criteo, divulgado em fevereiro de 2016, a combinação de canais de
compra, o lançamento de novos modelos de telefone e a banda larga sem fio estão oferecendo
aos varejistas melhores opções para exibir seus produtos em dispositivos móveis e realizar
mais transações. As vendas via smartphones estão ganhando participação no mercado (market
share) a cada ano. De acordo com o relatório, nos EUA, a participação do celular no total do
e-commerce no quarto trimestre de 2015 foi de 60%; em igual período de 2014, o percentual
foi de 52%.
Assim como Zeileis et al. (2002), utilizamos regressões lineares para identificar pontos de
quebra estrutural na série temporal. Consideramos o modelo de regressão linear padrão:
y i = xiT β i + u i (i=1,2,...,n) (1)
A hipótese alternativa é de que pelo menos um coeficiente varia ao longo do tempo. Quando
os betas são diferentes, há um indício de uma mudança na estrutura da série temporal.
Segundo Zeileis et al. (2002), em muitas aplicações, é razoável supor que existam m pontos
de quebra; assim, existem m + 1 segmentos distintos na série temporal em que os coeficientes
de regressão são constantes e variam de segmento para segmento. Portanto, segundo Shikida
et al. (2016), podemos reescrever o modelo (1) para incorporar esses m + 1 segmentos em que
o β terá valores distintos:
yi = xiT β j + ui (i=ij-1,+1,...,ij, j=1,...,m+1) (3)
No qual j é o índice do segmento, ℘m ,n = {i1 ,..., im } denota o conjunto dos pontos de quebra
^ ^ ^
u T u − u (i )T u (i )
Fi = ^ ^
(4)
T
u (i ) u (i ) /(n − 2k )
As estatísticas F são então calculadas para i = nh ,..., n − nh (nh ≥ k ) . De acordo com Shikida et
Segundo Zeileis et al. (2003), dado o modelo (3) e uma m-partição n1 ,..., nm , as estimativas de
mínimos quadrados para β j podem ser facilmente obtidas. A soma residual mínima resultante
datar quebras estruturais é encontrar os pontos de interrupção iˆ1 ,..., iˆm que minimizam a
função objetiva:
(iˆ1 ,..., iˆm ) = arg min RSS (i1 ,..., im ) (6)
( i1 ,...,im )
Para mais detalhes sobre essa dinâmica algoritmo de programação pesquisar em Zeileis et al.
(2002), Shikida et al. (2016) e Bai e Perron (2003).
4. Resultados
PESQUISA OPERACIONAL 522
Para averiguar se houve uma mudança no padrão das vendas no e-commerce nos EUA,
utilizamos as variações trimestrais da participação das vendas via internet no varejo para o
mercado norte-americano do segundo trimestre de 2001 até o terceiro trimestre de 2017. Os
dados foram extraídos do site Census Bureau – Service Sector Statistics Division e estão
apresentados na Figura 1.
Figura 1 - Variações trimestrais da penetração do e-commerce de fev/2002 até nov/2017 nos EUA
Fonte: Criação própria a partir dos dados do Census Bureau - Service Sector Statistics Division.
Como pode ser observado na Figura 1, no quarto trimestre de 2002, se comparado ao mesmo
período do ano anterior, a penetração do e-commerce dos EUA apresentou o maior
Figura 2 - Variações trimestrais de fev/2000 até nov/2017- e-commerce nos EUA e período das quebras
estruturais.
Fonte: Criação própria a partir dos dados do Census Bureau - Service Sector Statistics Division.
Fonte: Elaboração própria com dados do The portal for statistics Statista.
5. Conclusão
A evolução dos smartphones foi primordial para que o e-commerce fosse de fato aceito. As
principais vantagens do e-commerce para as empresas são os custos reduzidos associados ao
alcance de novos clientes, e para os consumidores, a comodidade, poder de comparação de
preços e potencial de redução de custos. Assim, todas as partes envolvidas são beneficiadas
pelo m-commerce.
Conforme o resultado da métrica proposta por Zeileis et al. (2002) e aplicada às variações
trimestrais da participação das vendas via internet no varejo total do mercado norte-
americano, no último trimestre de 2007 ocorreu a primeira quebra estrutural na série
analisada. A crise econômica de 2008 teve influência sobre o comportamento do varejo no
período, sendo a possível responsável por essa quebra estrutural. No terceiro trimestre de
2014, a série apresentou a segunda quebra, e é justamente a partir dela que podemos perceber
um aumento mais expressivo da participação do m-commerce dentro das vendas do comércio
eletrônico. Vale ressaltar que 2014 foi o ano do ápice dos smartphones (lançamento do
Galaxy S5, dos iPhones 6 e 6Plus, por exemplo). Deste modo, temos indícios de que houve
mudança no padrão das vendas no e-commerce nos EUA próximo ao período em que os
smartphones tornaram-se populares, não só nos EUA, mas no mundo.
REFERÊNCIAS
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um estudo com consumidores." Perspectivas em Gestão & Conhecimento 7.1. 2017. P. 98-
111.
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dating of structural changes in practice. Computational Statistics & Data Analysis 44, no. 1
109-123. 2003.
530
Autores
Ademir José Demétrio
Possui graduação em Economia pela Universidade da Região de Joinville (1984), e mestrado em Relações
Econômicas e Sociais Internacionais pela Universidade do Minho (2002). Atualmente é professor titular da
Universidade da Região de Joinville e chefe de departamento da Universidade da Região de Joinville. Tem
experiência na área de Administração, com ênfase em Administração da Produção, atuando principalmente
nos seguintes temas: processo, economia, cooperativa, cooperativismo e desenvolvimento.
532
Cheila Tatiana de Almeida Santos
Graduação em Administração pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Especialista em Gestão de
Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Pós-graduação em Consultoria de Empresas pela Universidade
Estadual de Santa Cruz. Mestranda em Economia Regional e Políticas Públicas pela Universidade Estadual de
Santa Cruz. Grupo de pesquisa: Empreendedorismo, Gestão, Inovação, Estratégia e Competitividade e
Gerenciamento Sustentável.
533
Daniely Vatras
Graduada em Engenharia de Produção (Univille). Experiência profissional como estagiária na Empresa Rotafi
Tools do Brasil e Fabio Perini LTDA; Assistente de Custos na Empresa Fabio Perini LTDA, sendo responsável
pela atualização e monitoramento de preço standard dos itens que compõem os projetos, elaboração de
estimativas de custos e horas necessárias para projetos novos, monitoramento via SAP e Qlikview dos custos
dos projetos em andamento e elaboração de procedimentos do setor.
534
Emerson José Corazza
Graduação em Engenharia de Produção Mecânica (2008) pela Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
e Mestrado em Engenharia de Processos (2012) pela Universidade da Região de Joinville e Pós Graduação em
Engenharia de Segurança do Trabalho (2014) pela Sociedade Educacional de Santa Catarina - SOCIESC. Atua
como professor de carreira adjunto nos cursos de Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica da
UNIVILLE, no qual atua também como coordenador do curso, ministrando as disciplinas de Processo de
Fabricação Mecânica e Manutenção Industrial.
Fernando de Araújo
Doutor em Ciência e Tecnologia de Biocombustíveis (UFU/2016). Mestre em Engenharia Civil (UFU/2013);
Linha de Pesquisa: Planejamento e Operação de Transportes. Especialista MBA em Logística Empresarial
(UFU/2005). Graduado em Engenharia de Produção (Uniminas/2004). Professor Ajunto do Curso de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Uberlândia/UFU.
535
Geobervagner Albano da Silva
Graduando em Engenharia de Produção na Universidade Potiguar - UnP. Integrante do projeto de extensão
da UnP - Consultores E-Labora. Monitor da disciplina de Pesquisa Operacional na UNP em 2018. Participação
em eventos: XXIV SIMPEP – 2017; XXXV ENEGEP 2015; e VI SIMEP.
536
Jorge Luiz de Oliveira Regal
Graduado em Engenharia Civil pela Laureate International Universities (UNINORTE) e Pós graduando em
Engenharia de Segurança do Trabalho pela Laureate International Universities.
537
Letícia Késya Cavalcante Bezerra
Graduanda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Técnica em Finanças pela
Escola Estadual de Educação Profissional Osmira Eduardo de Castro, e atualmente participa do Grupo de
Estudo e Pesquisa em Logística (Glog), onde estuda a contribuição da logística nos diversos ramos da
sociedade.
538
Maryele Lázara Rezende
Graduada em Administração (2010) e especialista em Gestão Financeira e Controladoria (2012) ambos pela
Faculdade Padrão, possui MBA em Gestão Comercial pelo IPOG (2014) e mestrado pelo Programa de Pós-
Graduação em Gestão Organizacional da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão (PPGGO/UFG-RC)
(2017). Atua como professora do ensino básico técnico e tecnológico no Instituto Federal Goiano – Campus
Posse (IFGoiano) e como membro do Núcleo de Inclusão do Campus.
539
Natalí Clécia Santos de Figuerêdo
Graduanda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Campina Grande -UFCG, atua como
vice-presidente no Centro Acadêmico de Engenharia de Produção – CAEPRO. Participou como aluna
extensionista do Programa de Extensão – PROBEX/2015, intitulado: "Programa Olímpico para o Cariri
Paraibano - PROLCARIRI", no ano de 2015, tendo como coordenadora a Prof. Dra. Maria da Conceição Gomes
de Miranda.
Renato Cristofolini
Bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1982), Mestre em Ciência
e Engenharia de Materiais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1997) e Doutor em Engenharia
Mecânica pela UNICAMP (2009). Foi Instrutor com Mestrado no SENAI e atualmente é professor da
Universidade da Região de Joinville. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica e Produção, atuando
principalmente nos seguintes temas: compósitos, reofundição, conformação mecânica de metais, mecânica
dos sólidos, resistência dos materiais, vibrações, tixoconformação, usinagem convencional e CNC.
541
Vinicius de Lima e Silva Martins
Mestre em Gestão e Estratégia pela UFRRJ. Especialização em Pregão Eletrônico pela WPÓS. Especialização
em Formação de Gestores de Contratos pela WPÓS. Graduado em Administração pela UFRRJ. Atualmente
Subsecretário de Logística da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de São Gonçalo. Professor de
Licitações da ENAP, ESAF e CEPERJ, com ênfase em Pregão Eletrônico e na Formação de Pregoeiros, agentes
da área de Suprimentos, Gestores e Fiscais de Contratos".
542
Yasmin Leão Sodré
Graduanda em Engenharia de Produção na UVA, tendo uma graduação anterior de Bacharelado em Turismo,
também pela UVA. Atuou como Analista de Recursos Humanos nas empresas Odfjell Drilling e Archer, além
de ter um intercâmbio na Índia, onde trabalhou como Project Management Officer na empresa TATA
Consultancy Services. Atualmente trabalha como pesquisadora no Programa de Iniciação Científica da UVA
(PIC-UVA) e na área de Sales e Marketing da empresa Subsea 7.
543
STELLATA EDITORA