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BNCC-português-Regência Verbal e Crase-2020
BNCC-português-Regência Verbal e Crase-2020
BNCC-português-Regência Verbal e Crase-2020
De onde partir
Preposições
Pronomes relativos
Transitividade verbal
Teoria
Regência
A regência é a relação de dependência entre os verbos e seus complementos, podendo acontecer direta
(sem preposição) ou indiretamente (com preposição). Em outras palavras, o fundamental consiste em
observar seo verbo pede preposição e qual preposição deve ser utilizada.
A regência é estabelecida, principalmente, pelos elementos:
● Conectivos: preposições;
● Pronomes relativos;
● Transitividade do verbo.
Transitividade verbal
Para entender melhor os casos de regência, é necessário ressaltar alguns pontos:
Verbos transitivos diretos (VTD): apresentam complemento (objeto direto) sem auxílio de
preposição.Ex.: Rita ama flores.
João encontrou a família no feriado.
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Regência verbal e crase
Obs.: Pode acontecer, eventualmente, de o objeto direto vir preposicionado. Veja alguns
exemplos: Estimo a meus alunos. (ênfase)
Ao Palmeiras o Guarani venceu. (evitar confundir o sujeito com o O.D.)
Obs.: Se o objeto indireto for representado por uma oração, o emprego da preposição é
facultativo. Ex.: Preciso ir ao mercado. / Preciso de ir ao mercado.
Verbos transitivos diretos e indiretos (VTDI): apresentam, ao mesmo tempo, objeto direto e objeto
indiretocomo complementos.
Ex.: Entreguei a encomenda (OD) ao Pedro (OI).
Prefiro salgado (OD) a doce (OI).
Obs.: Nesses casos, “contentes” e “atenta” funcionam como predicativo do sujeito. Não confunda com
objeto.
Polissemia é um conceito da área da linguística com origem no termo grego polysemos, que significa "algo
que tem muitos significados". Dessa forma, dentro da estrutura sintática, um verbo pode levar à mudança
de significado e apresentar diversas formas de acordo com a sua regência. Vejamos os principais verbos e
suascolocações:
Aspirar
Aspirava o perfume das flores. (sentido de inalar – verbo transitivo direto)
Aspirava ao cargo de professor. (sentido de almejar – verbo transitivo indireto)
Assistir
Os médicos assistiram os acidentados naquele dia. (sentido de ajudar, prestar assistência – verbo transitivo
direto). Ex.: Não pude assistir ao filme “Titanic” porque a sessão estava esgotada. (sentido de ver, presenciar
– verbo transitivo indireto)
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Regência verbal e crase
Agradar
Ela sempre agradava o gatinho. (sentido de acariciar/”mimar” – verbo transitivo
direto)O festival agradou ao público. (sentido de satisfazer – verbo transitivo indireto)
Esquecer/lembrar
João esqueceu o horário da reunião. (quando não há o pronome, é transitivo
direto)João se esqueceu do horário da reunião. (quando pronominal, transitivo
indireto)
*o mesmo vale para o verbo “lembrar”.
Implicar
Infrações de trânsito implicam sérias multas. (sentido de acarretar – verbo transitivo direto)
Aquele senhor implicava sempre com os garotos da vizinhança. (sentido de indispor-se com alguém ou algo
– verbo transitivo indireto)
Namorar
Ricardo namora Luiza. (o verbo namorar é transitivo direto sempre)
Obs.: É comum, na oralidade ou em contextos coloquiais, empregarmos a preposição “com” (Ricardo namora
com Luiza). No entanto, segundo a norma culta, esse emprego é incorreto.
Precisar
Era difícil precisar a hora em que o ocorreu o roubo. (sentido de indicar com exatidão – verbo transitivo direto)
Precisava de muito dinheiro para pagar a conta. (sentido de necessitar – verbo transitivo indireto)
Preferir
Minha irmã prefere frutas a legumes. (o verbo preferir é sempre transitivo direto indireto e rege a preposição
“a”)
Obs.: É comum, coloquialmente, usarmos a estrutura “preferir x do que y”. No entanto, do ponto de vista da
norma culta, essa construção está incorreta.
Visar
Não foi possível visar todas as páginas daquele contrato. (sentido de dar visto – verbo transitivo
direto)Sempre visou a um cargo político. (sentido de pretender – verbo transitivo indireto)
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Regência verbal e crase
Paralelismo
Já entendemos o conceito geral de regência verbal e os principais casos de polissemia de verbos.
Seguiremosesta aula, então, aprofundando a temática principal e suas particularidades como o paralelismo
sintático e apreposição antes do pronome relativo “que”.
Um texto necessita de parágrafos organizados com uma devida progressão temática, e, também, de
elementos coesivos para uma boa estruturação; dessa forma, alguns mecanismos da gramática são
desenvolvidos paragarantir essa coerência, tal como o paralelismo regencial.
Entende-se que paralelismo tem, por significação, semelhança, correspondência entre duas coisas ou
entre ideias e opiniões. Assim, sua definição na sintaxe acontece quando as construções de frases e
orações sãosemelhantes, sendo feitas, dentro da regência, por verbos que se assemelham.
Na frase acima, há a presença de dois verbos (“ver” – transitivo direto; “gostar” – transitivo indireto) que
possuem transitividades diferentes; desse modo, verbos com regências diferentes não podem possuir o
mesmo complemento. A frase, então, ficaria certa deste modo:
Primeiramente, um pronome relativo é uma classe de pronomes que substituem um termo da oração anterior
e estabelecem relação entre duas orações. Os pronomes podem ser variáveis e invariáveis e são os seguintes:
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Regência verbal e crase
É importante lembrar que a preposição deve estar presente em frases complexas, se exigida pelo verbo,
diantedos pronomes relativos, que são aqueles que relacionam uma oração a outra. Vejamos um exemplo:
As moças as quais você saiu ontem ligaram agora.
Deve-se atentar à transitividade do verbo sair que, apesar de ser intransitivo, possui um complemento
nominal (as moças); dessa forma, quem sai, sai com alguém ou algo, o que demonstra a utilização incorreta
da preposição. Se a frase quer dizer que “Você saiu com as moças ontem; as moças ligaram agora”, a
forma certa seria:
As moças com as quais você saiu ontem ligaram agora.
Agora não ficou difícil entender essa parte da gramática, certo? Para fixar o conteúdo apresentado em aula,
resolveremos as questões abaixo.
Uso da crase
A crase é a contração de duas vogais “a” e é marcada pelo acento grave (`). Esse fenômeno ocorre quando
há a contração da preposição “a” com:
• artigo “a(s)” - Ex.: Fui à praia.
• “a” inicial do pronome relativo “a(s) qual(is)” - Ex.: A praia à qual fui era incrível.
• “a” inicial dos pronomes demonstrativos “aquele”; “aquela” e “aquilo” - Ex.: Fui àquela praia sobre a
qual falamos.
Regra Geral
Haverá crase quando for possível cumprir os três critérios a seguir:
1. O termo antecedente exigir preposição “a”.
2. O termo posterior pertencer ao gênero feminino.
3. Termo posterior poder ser definido.
Dica: Para não haver dúvidas sobre o emprego da crase, é possível substituir a palavra no feminino por no
masculino. Dessa forma, se o “a” virar “ao”, haverá crase diante da palavra feminina. Veja os exemplos:
• Entreguei os livros ao professor. -> Entreguei os livros à professora.
• Pedi silêncio aos meninos que brincavam no play. -> Pedi silêncio às meninas que brincavam no play.
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Regência verbal e crase
Importante!
Só haverá crase diante de palavras no feminino que podem ser definidas; ou seja, que admitem o artigo “a”.
Veja o exemplo:
• Dei o presente a ela. (“a” = preposição)
• Entreguei a carteira a uma menina. (“a” = preposição)
Não ocorrerá crase, nesses casos, porque, embora o pronome “ela” e o artigo indefinido “uma” sejam
femininos, eles não podem ser definidos pelo artigo “a”. Se fizermos a troca pelo masculino, veremos que
nãoserá possível empregar o “ao”:
• Dei o presente ao ele. -> Dei o presente a ele.
• Entreguei a carteira ao um menino. -> Entreguei a carteira a um menino.
Dica: Quando houver dúvida sobre o emprego da crase nesses casos, devemos substituir o verbo que
indica movimento pelo verbo “voltar”: surgindo a preposição “da” (de + a), haverá crase; surgindo a
preposição “de” (sem a contração), não haverá. Observe:
• Fui à Inglaterra. -> Voltei DA Inglaterra.
• Fui a Brasília. -> Voltei DE Brasília.
• Fui a Salvador. -> Voltei DE Salvador.
• Fui à Salvador de Jorge Amado. -> Voltei DA Salvador de Jorge Amado.
Diante de verbos
Ex.: O presidente começou a falar.
Os meninos foram obrigados a voltar mais cedo.
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Regência verbal e crase
Obs.: A preposição “até” é a única que admite a preposição “a”. Nesses casos, a crase será facultativa:
• Andei até a praia.
• Andei até à praia.
Importante!
Quando ficar implícita a expressão “moda de” após o “a”, mesmo diante de palavra masculina, o “à” será
craseado. Ex.: Pedimos o filé á Oswaldo Aranha.
Na indicação de horas
Ex.: A aula será às 9 horas.
Saímos às 14 horas.
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Regência verbal e crase
Obs.: Como veremos a seguir, diante de pronomes possessivos e de tratamento femininos, a crase será
facultativa.
Na expressão “a pena”
Ex.: Todo o sacrifício valeu a pena.
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Regência verbal e crase
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Regência verbal e crase
Exercícios
a) II, III, IV
b) I, II, III
c) I, III, IV
d) I, III
e) I, II
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Regência verbal e crase
5.
A prática da gramática não deve estar desvinculada da percepção das diferenças na produção de
sentido, encaminhadas pela língua no processo de comunicação.
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Regência verbal e crase
Gabaritos
1. B
“Assistir”, quando no sentido de ver, observar, é verbo transitivo indireto, necessitando de preposição.
2. E
Necessita de preposição antes do pronome relativo. B) necessita de preposição antes do senhor, por
ser um verbo transitivo indireto. C) a preposição correta seria “do” ou “à”. D) usar o pronome oblíquo,
nesse caso, traz ao pensamento que o livro faz referência à pessoa e não que a pessoa se referiu ao
livro.
3. A
Visar, no sentido de almejar, deve ter uma preposição, por ser verbo transitivo indireto.
4. A
I) O pronome “toda” não admite artigo. Portanto, não pode haver crase, sendo “a” apenas preposição.
II) “Qualquer” não admite artigo. Portanto, há apenas a preposição.
IV) Não há crase diante de verbos.
5. A
O verbo “combater” pode admitir duas regências, como transitivo direto e intransitivo. Assim, na
primeira ocorrência não haverá utilização do acento grave porque “sombra” é um objeto direto,
portanto, complemento verbal que não necessita de preposição para ligar-se ao verbo. No segundo
caso, admite crase porque a palavra “sombra” é um adjunto adverbial de modo.
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