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Tipologia Da Cruz em Êxodo 17.15
Tipologia Da Cruz em Êxodo 17.15
Tipologia Da Cruz em Êxodo 17.15
Senhor a minha bandeira (x 17:15) uma frase sinttica com possveis desdobramentos tipolgicos, mas que apresenta vrias controvrsias de ordem textual na percope em que se encontra (x 17:816). O presente trabalho tem como escopo de anlise a expresso , o seu enredo imediato nessa percope e, de maneira mais especfica, o termo , primariamente em xodo 17:15 e, subsequentemente, em todo o Pentateuco, com breves aluses a outros textos escritursticos, tendo como objetivo final a deteco de uma tipologia cristolgica no cerne da expresso em voga. Palavras-chave: Bandeira; Sinal; Tipologia; Pentateuco
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Ps-graduado em Teologia Bblica pelo Centro Universitrio Adventista de So Paulo (Unasp). Bacharel em Comunicao Social, com habilitao em Jornalismo, pela UFMA-MA e em Teologia pelo Centro Universitrio Adventista de So Paulo (Unasp). E-mail: ograndeconflito@gmail.com 2 Mestre em Botnica pela Unesp. Ps-graduando em teologia bblica e estudos teolgicos. Professor do curso de ps-graduao em Sade preventiva e natural do Centro Universitrio Adventista de So Paulo (Unasp). Email: carlosepmello@hotmail.com
he Lord is my banner is a synthetic sentence with possible typological consequences, but presents several controverses of textual order in the pericope where it is founded (Ex 17:816). This paper aims to analyse the expression , its immediate plot in these pericope and, more specifically, the term ,first in Exodus 17:15 and after in the entire Pentateuch with brief allusions to other scriptural texts. The last goal of the paper is detecting a Christological typology in the heart of the expression in vogue. Keywords: Banner; Sign; Typology; Pentateuch
muito difcil interpretar a frase aplicando a expresso ao altar que Moiss construiu aps a batalha com os amalequitas em Refidim (FABRY, 1999, p. 437). Um dos problemas est no fato de que a tentativa de determinar, em xodo 17:15, a etimologia do termo ,donde deriva , considerada uma tarefa sem esperana (FABRY, 1999, p. 438). Outro problema, que agrava o anterior, est na expresso uma mo sobre o trono de Jav (FABRY, 1999, p. 438), que aparece no ltimo verso dessa percope (v. 16), j que a associao entre o nome do altar e sua interpretao nesse verso denominada enigmtica (SARNA, 1991, p. 71) e obscura (KEIL; DELITZSCH, 2006, p. 374), principalmente em funo do hapax legomenon3 .Todavia, apesar dos entraves lingusticos do texto aparentarem ser de car ter intransponvel, existem indcios tipolgicos que se tornam evidentes atravs de um mtodo comparativo, que podem se tornar a chave para uma compreenso mais significativa do que o autor quis dizer, trazendo nova importncia para a expresso nos dias de hoje. Neste contexto, o objetivo do estudo analisar a expresso expresso , partindo de uma anlise geral da percope que envolve a expresso basi lar da pesquisa, que tem como enredo imediato xodo 17:816, enfatizando, a posteriori, o termo ,primariamente em xodo 17:15 e, de maneira subsequente,
O termo aplica-se neste caso forma incomum da palavra , que pode ser interpretada como uma contrao de . Entretanto, no existe em toda a Bblia Hebraica nenhuma incidncia textual que reproduza de maneira exata o conjunto de letras ,sendo assim, embora o sentido estrito da construo hapax legomenon rejeite derivaes, a palavra morfolgica e estatisticamente nica.
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A expresso
A expresso , composta de uma conjuno ligada a um subs tantivo feminino singular, uma partcula preposicional, um substantivo masculino singular e um nome prprio, tem sido o centro de uma grande controvrsia interpretativa. A traduo Almeida Revista e Atualizada apresenta o conjunto de palavras hebraicas supracitado como um juramento: Porquanto o SENHOR jurou. Essa verso se d provavelmente em decorrncia da hiptese lingustica de um recitativo, equivalente ao grego, utilizado como um suposto antecedente de um discurso na composio .4 Conforme Barton (2001, p. 79), a melhor alternativa a traduo uma mo sobre a bandeira do Senhor, em decorrncia de uma longa discusso iniciada no sculo 17 por Johannes Clericus. O exegeta medieval apontou para a possibilidade de xodo 17:16 tratar-se de um texto corrompido em que teria o trocado por um em um equvoco escribal e, atravs desse artifcio retrico, Clericus tornou mais fcil estabelecer uma ponte semntica entre os versos 15 e 16. Brevard S. Childs (2004, p. 312)
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Para uma discusso sobre o uso do recitativo ver: Samuel Meier (1992, p. 19-21).
Kerygma, Engenheiro Coelho, SP, volume 7, nmero 2, p. 4354, 2 sem. de 2011
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concorda com essa alterao e a inclui como parte de seu comentrio do livro de xodo, categorizando-a como a alternativa mais plausvel. O argumento que aponta para a suposta coerncia de uma correo acadmica de para torna-se um silogismo non sequitur quando comparado aos documentos mais antigos, como a LXX, a Vulgata e as verses Samaritana e Siraca5. Nenhum destes textos menciona esta mudana proposta que, do ponto de vista lgico, bastante engenhosa (SARNA, 1991, p. 250). Uma boa possibilidade prximo literalidade do texto para seria: Porque a mo [de Amaleque] contra o trono de Deus, ou Porque a mo [se levantou] contra o trono de Deus, haver guerra do Senhor contra Amaleque de gerao em gerao. Em outras palavras, uma batalha de desdobramentos infinitos seria deflagrada contra Amaleque como consequncia natural de sua agresso ao povo de Deus. O ataque aos filhos de Deus uma agresso direta contra o trono do Senhor. De acordo com White (2005, p. 176) quando os homens de Amaleque caram sobre as cansadas e indefesas fileiras de Israel, selaram a sorte de sua nao.
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O significado de na Tor
O termo apresenta os seguintes significados no Pentateuco: bandeira, estandarte, haste ou sinal, sendo que em apenas um verso (Nm 26:10)
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Para uma verso bblica em sete idiomas do sculo 17 que inclua as quatro verses supracitadas ver Brian Walton (1656).
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Etimologia
Sendo que a raiz de encontrada apenas em hebraico, aramaico judaico, aramaico palestino-cristo e siraco (idiomas ligados ao hebraico), encontrar uma etimologia adequada para essa palavra representa um problema de difcil soluo ou, uma tarefa sem esperana, apesar disso existem algumas propostas hipotticas (FABRY, 1999, p. 438). Em um artigo publicado pelo Journal Biblical of Literature, Paul Haupt (1900, p. 68) prope uma palavra acadiana nu como norteamento para uma etimologia no hebraica para .Entretanto, Fabry (1999, p. 438) refuta
6 Quanto correspondncia biunvoca em sentido figurado do termo com e ver: FABRY, ns, v. 9, p. 439.
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essa proposta, afirmando que esse substantivo, com o sentido de elevao, deriva do verbo n, que pode ser associado a . Uma possibilidade etimolgica egpcia ventilada por Couroyer (1981, p. 1516), que prope n.t, cadeira, trono, interpretando como o trono de Jav. Mas, devido ao que j foi mencionado no tpico referente discusso de Johannes Clericus, essa tambm uma opo pouco provvel. Em suma, o estabelecimento de uma etimologia plausvel para permanece como um desafio lingustico-arqueolgico. Mas o sentido contextual permanece claro quando a palavra tratada comparativamente.
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O Comparative dictionary of Geez que dicionrio da lngua semtica geez (ou etope clssico) cita a palavra , acompanhada de uma srie de outros termos de equivalncia semtica que tambm trazem um sentido funcional que converge para sne. Ver: Wolf Leslau, Comparative dictionary of Geez: Geez-English, English-Geez, with an index of the Semitic roots, 61.
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como Moiss com os braos estendidos era um estandarte ou uma bandeira proclamando a vitria do Senhor, tambm o Cristo erguido na cruz foi a proclamao da vitria de Deus sobre o pecado.
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Consideraes finais
Note-se os pontos de interseco teolgico-textuais das seguintes frases: O Senhor a minha bandeira (x 17:15), a raiz de Jess que est posta por bandeira dos povos (Is 11:10), e do modo por que Moiss levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado (Jo 3:14) e eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo (Jo 12:32). Diante de tantos pontos de interseco, a tipologia da cruz, em xodo 17:15, surge como uma realidade factual de desdobramentos profundos. Cristo exaltado como uma bandeira que pode ser vista do alto de um monte e que servir como local de ajuntamento para toda humanidade, seja para misericrdia, seja para juzo.
Referncias bibliogrficas
BARTON, J.; MUDDIMAN, J. The Oxford Bible Commentary. Oxford, New York: Oxford University Press, 2001. BEEGLE, D. Moses, the servant of Yahweh. Grand Rapids: Eerdmans, 1972.
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WHITE, E. The story of patriarchs and prophets: as illustrated in the lives of Holy Men of Old. Nampa: Pacific Press, 2005. ZAKOVITCH, Y. Miracle. In: FREEDMAN, D. N. (Ed.). Anchor Bible dictionary. New York: Doubleday, 1992. v. 4.
Enviado dia 19/09/2011 Aceito dia 20/10/2011
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