2007ME ThiagoCatoia
2007ME ThiagoCatoia
2007ME ThiagoCatoia
THIAGO CATOIA
São Carlos
2007
THIAGO CATOIA
Área de concentração:
Engenharia de Estruturas
Orientador:
Prof. Dr. Jefferson B. L. Liborio
São Carlos
2007
Ficha catalográfica preparada pela
Seção de Tratamento da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Catoia, Thiago
C366L Ladrilhos e revestimentos hidráulicos de alto
desempenho / Thiago Catoia ; orientador Jefferson B. L.
Liborio. –- São Carlos, 2007.
A Deus por estar sempre ao meu lado, e me proporcionar saúde e disposição em mais esta
etapa de minha vida.
Aos meus pais, Lucia Helena Catoia e Roberto Carlos Catoia, pelos paradigmas básicos de
amor, carinho, respeito, responsabilidade, dignidade e doação.
À minha amiga e irmã Bruna Catoia pelo apoio, incentivo na pesquisa, e companheirismo no
desenvolvimento de relatórios e dissertação, estando sempre disposta a me auxiliar.
À minha amiga e irmã Micheli Catoia, pelo incentivo e apoio, contribuindo com todo seu
amor e carinho.
Aos meus irmãos, Denise Aparecida Pim e Fabio Rodrigues Pim, pelo apoio e amizade
sempre dedicados a mim.
A meu amor, Regina Candeloro Grabarz, pelo apoio, incentivo e compreensão, pela
indispensável contribuição nos ensaios de caracterização, por estar sempre presente e disposta a
ajudar seja qual for o trabalho, e pelo amor dedicado a mim. Aos seus acolhedores pais, Sandra
Janete Candeloro e Mendel Grabarz, pelo apoio e incentivo, sempre me proporcionando momentos
felizes.
Ao meu orientador e amigo Prof. Dr. Jefferson Benedicto Libardi Liborio, pela valiosa
oportunidade concedida, pela confiança depositada em mim desde o início deste trabalho, e por
sempre valorizar minha dedicação.
Ao Prof. Dr. Libânio Miranda Pinheiro, pela sempre valorização do meu esforço acadêmico e
dedicação experimental.
Ao Luciano Guimarães Monteiro de Castro e Sorandra Jane Candeloro Zaupa, pelo apoio
na participação do 48º Congresso Brasileiro do Concreto, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro.
Ao meu amigo Romeu Lui Filho, por estar sempre pronto a me auxiliar na manutenção e
utilização de computadores e maquinários eletro-eletrônicos.
Ao Isaías de Oliveira Junior, pela dedicação a minha família, contagiando a todos com sua
serenidade e amor ao próximo.
Aos colegas que fizeram e fazem parte do Laboratório de Materiais Avançados à Base de
Cimento (LMABC): Alessandra Lorenzetti de Castro, José Américo Alves Salvador Filho, Rodrigo
Vieira da Conceição, Giuliano Romagnolo, Samir Costa Fagury, Fernanda Giannotti da Silva,
Valdirene Maria Lima, Fernanda Leal Costenaro, Fernando Mazzeo Grande, Romel Dias Vanderlei,
Vanessa Silveira Silva, Sandra Maria de Lima, Rafaelle Tiboni, Gerusa de Cássia Salado, Marcelo
Sartorio, Carlos Eduardo Jun Futida, Érika Mieko Uagaia, José Luiz Camarero Neto, pela harmoniosa
convivência e salutar troca de informação.
Aos técnicos, Jorge Brabo, Renato Antonio da Silva e Marco Valério Antônio, pela
colaboração no programa experimental.
Ao Wilson Moreira e Vandira Cascimiro dos Santos, pela cuidadosa e cotidiana limpeza do
LMABC.
À Rosi Aparecida Jordão Rodrigues, Antônio Valdir Carneiro e Sylvia Helena Morette, da
secretaria do departamento de Engenharia de Estrutura, pelos auxílios prestados.
Ao Prof. Dr. Hoberto Hieaki Tsunaki, ao Prof. Dr. Benedito Di Giacomo, ao Pós Doutorando
Fabricio Tadeu Paziani, e ao técnico Luiz Neves, do Laboratório de Metrologia do Departamento de
Engenharia Mecânica (LAMAFE – SEM – EESC – USP), pelo auxílio nos ensaios de expansão por
cura e retração por secagem.
Ao Prof. Tit. José Eduardo Rodrigues e ao Pós Doutorando Rogério Pinto Ribeiro, do
Laboratório de Rochas Ornamentais do Departamento de Geotecnia (SGS – EESC – USP), pelo
auxílio e discussão dos ensaios de desgaste por abrasão.
Ao Prof. Dr. Arthur Belford Powell e ao técnico Adilson Rocini, do Laboratório de Laminação
do Departamento Petrologia e Metalogenia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da
Universidade Estadual Paulista de Rio Claro (DPM – IGCE – UNESP/RC), pelo auxílio nos ensaios de
desgaste por abrasão.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
# - Malha de peneiras
A - Área da seção transversal do corpo-de-prova
a - Agregado
a/a - Relação água/aglomerante
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
Abs - Teor de absorção de água
a/c - Relação água/cimento
ad - Adição
AFt - Etringita
AFm - Monossulfoaluminato de cálcio hidratado
agl - Aglomerante (cimento + adição)
ASTM - American Society for Testing and Materials
b - Largura da placa ao longo da ruptura
C - Consumo de material
C2S - Silicato dicálcico ou belita
C3A - Aluminato tricálcico ou aluminato
C3S - Silicato tricálcico ou alita
C4AF - Ferroaluminato tetracálcico ou ferrita
CAD - Concreto de alto desempenho
CAR - Concreto de alta resistência
CH; Ca(OH)2 - Portlandita ou hidróxido de cálcio
CP - Cimento Portland
CPB 40 - Cimento Portland Branco Estrutural com classe de resistência de 40 MPa
CPFT - Porcentagem acumulada de partículas menores que DP
CP V ARI (Plus) - Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
CP V ARI RS - Cimento Portland de Alta Resistência Inicial Resistente a Sulfatos
CR - Carga de ruptura
C-S-H - Silicato de cálcio hidratado
d - Diâmetro do corpo-de-prova
DL - Diâmetro da maior partícula
DP - Diâmetro da partícula
DS - Diâmetro da menor partícula
∆ε - Intervalo de deformação específica
∆l - Deslocamento
∆σ - Intervalo de tensão de compressão
E - Módulo de Elasticidade
EC - Teor de expansão por cura
ε - Deformação específica
EESC - Escola de Engenharia de São Carlos
x
SUMÁRIO
RESUMO i
ABSTRACT iii
LISTA DE FIGURAS v
LISTA DE TABELAS vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ix
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Considerações gerais 1
1.2. Justificativa e importância do trabalho 1
1.3. Objetivos 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3
2.1. Concreto de alto desempenho 3
2.1.1. Definições 3
2.1.2. Histórico 5
2.1.3. Aplicações 8
2.1.4. Materiais 9
2.1.4.1. Agregado 9
2.1.4.2. Cimento 13
2.1.4.3. Adição 18
2.1.4.4. Água de amassamento 23
2.1.4.5. Aditivo 25
2.1.4.6. Pigmento 28
2.1.5. Empacotamento de partículas 30
2.2. Ladrilhos e revestimentos hidráulicos 36
2.2.1. Definições 36
2.2.2. Histórico 37
2.2.3. Produção atual 39
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL 45
3.1. Caracterização de agregados miúdos 45
3.2. Empacotamento de partículas 46
3.3. Determinação da massa específica de aglomerantes 47
3.4. Determinação do teor de sólidos de aditivos líquidos 47
3.5. Ensaio de consistência em mesa cadente 47
3.6. Determinação da massa específica da argamassa fresca 48
3.7. Moldagem e preparo de corpos-de-prova cilíndricos 49
3.8. Ensaios mecânicos de corpos-de-prova cilíndricos 50
3.9. Determinação do módulo de elasticidade de corpos-de-prova cilíndricos 53
3.10. Moldagem e cura de ladrilhos hidráulicos 54
3.11. Ensaio dimensional e visual de ladrilhos hidráulicos 58
3.12. Ensaio de flexão de ladrilhos hidráulicos 58
xii
1. INTRODUÇÃO
Enquanto numa fábrica de cerâmica a média diária de produção por pessoa é de 10 mil m2,
em empresas de ladrilhos não passa de 20 m2, justificada pela mão de obra artesanal. Com isso, seu
preço não é módico: peças de 20 x 20, 15 x 15, 10 x 10 e 5 x 5 centímetros custam entre R$ 1,50 e
R$ 6,00 a unidade. Modelos que compõem barrados são vendidos aproximadamente a R$ 28,00 o
metro linear. Esses custos poderiam então atingir valores, como os preços de março de 2003, de R$
150,00/m2, evidenciando que o uso desse material se deve hoje aos saudosistas e abastados, visto
que a implantação final ultrapassaria hoje R$ 200,00/m2 (MEDEIROS, CAPPI e PALHAIS, 2003).
Com isso, esse material não apresenta competitividade com outros revestimentos como os
porcelanatos, granitos, e qualquer outro revestimento cerâmico, que podem inclusive imitar os
mosaicos bizantinos. Daí a importância da pesquisa, que visa contribuir com a melhora do produto e
da produção, podendo levar os ladrilhos hidráulicos a uma maior diversidade de aplicação e a uma
melhor competitividade no mercado.
1.3. Objetivos:
O presente trabalho tem como objetivo produzir revestimentos hidráulicos para piso e
paredes, de alto desempenho e alta resistência, a partir de toda tecnologia existente utilizada no
desenvolvimento do concreto de alto desempenho.
De maneira mais específica pretende-se elaborar, produzir e avaliar revestimentos
hidráulicos obtidos por moldagem, com elevada resistência à compressão, elevado módulo de
elasticidade, resistentes à abrasão, de baixíssima absorção, com baixa retração por secagem,
resistentes a ação química, resistentes à flexão, e com bom acabamento superficial.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.1. Definições:
A grande maioria dos autores da expressão "concreto de alto desempenho" argumenta que
ela é muito vaga, pois a definição e a medida de desempenho de um concreto não podem ser obtidas
precisamente.
Segundo Aitcin (2000), um concreto de alto desempenho (CAD) é essencialmente um
concreto tendo relação água/aglomerante baixa. O valor de 0,40 é sugerido como limite entre um
concreto comum e um de alto desempenho. Apesar de ser um valor arbitrário, adota-o como limite ao
considerar muito difícil, se não impossível, trabalhar e lançar um concreto com relação
água/aglomerante menor ou igual a 0,40, feito com cimento Portland encontrado no mercado, sem o
uso de aditivos superplastificantes. Além disso, esse valor se aproxima do valor teórico que garante a
completa hidratação do cimento Portland proposto por Powers em 1968.
O conceito de CAD é bastante variado, diversas definições vêm sendo apresentadas desde
que o CAD foi proposto e variam de acordo com cada país ou centro de pesquisa. Uma definição
bastante usada é dada por Zia (1993)1 apud Lobo e Ferraris (1998): "um concreto que encontra
desempenho especial e requisitos de uniformidade que nem sempre podem ser obtidos usando
ingredientes convencionais, processos de mistura tradicionais e práticas de cura típicas". Outras
definições estabelecidas, que variam de acordo com cada país e centro de pesquisa, são
apresentadas a seguir:
a) SHPR – Strategic Highway Research Program (1991):
• resistências à compressão axial simples:
o idade de 4 horas ≥ 20MPa;
o idade de 24 horas ≥ 35MPa;
o idade de 28dias ≥ 70MPa;
• fator de durabilidade maior que 80%, para ciclos gelo e degelo;
• o CAD deve ter relação água/aglomerante < 0,35 kg/kg.
As definições da SHRP, no que se refere à resistência, durabilidade e características da
mistura foram desenvolvidas para construção de pavimentos rodoviários.
b) NIST / ACI – National Institute of Standards and Technology / American Concrete Institute
(1990):
1
ZIA, P. (1993). High performance concrete in severe environments. American Concrete Institute. Detroit: SP-
140, p.iii.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O CAD é um concreto que apresenta propriedades e uniformidade que não podem ser
obtidas rotineiramente utilizando apenas constituintes e misturadores normais, lançamento
convencional e necessitam de práticas de cura especiais. Como exemplos dessas propriedades, têm-
se:
• fácil lançamento e compactação sem segregação;
• propriedades mecânicas melhoradas a longas idades;
• altas resistências mecânicas nas primeiras idades;
• alta dureza superficial;
• estabilidade volumétrica;
• vida útil longa em meios ambientes severos.
Esses exemplos pressupõem que esse conjunto de condições não pode ser atingido pelos
concretos convencionais.
c) Universidade de Tóquio (1990):
Nesta definição, o CAD é caracterizado como um “concreto compensador” das práticas de
pouca qualidade nas construções e nos detalhes construtivos e, que por si só, promova as seguintes
características:
• capacidade de preencher as fôrmas com pouco ou nenhum esforço externo de compactação
(auto-adensável);
• mistura coesiva com baixa segregação;
• que origine pouquíssimas fissuras nas pequenas idades devido à retração e deformações
térmicas;
• que proporcione resistência mecânica suficiente a longas idades e baixa permeabilidade.
Esta definição é um reflexo de que os japoneses enfatizam que tanto as facilidades de
construção, resistência e durabilidade do concreto devam ser evidenciadas.
d) PCI – Prestressed Concrete Institute / Committee on Durability (1994):
O CAD é um concreto com ou sem sílica ativa e que tem relação a/c < 0,38, resistência à
compressão acima de 55,2 MPa (8000 psi) e permeabilidade menor que 50% (medida pelos métodos
AASHTO T-259 ou T-277) das misturas convencionais.
e) CERF – Civil Engineering Research Foundation (1994):
O CAD e o concreto convencional diferem entre si pelas seguintes características:
• facilidade de lançamento e compactação;
• atinge altas resistências em pequenas idades;
• apresenta propriedades melhoradas tais como: resistência mecânica a longas idades,
resistência à abrasão ou carga de impacto e, baixa permeabilidade;
• apresenta estabilidade de volume e forma, e menos fissuras que o concreto convencional;
• é mais durável que concreto convencional quando sujeito a ataque químico, gelo e degelo ou
alta temperatura;
• apresenta características de durabilidade.
Para Liborio (2002), o concreto de alto desempenho “deve ser entendido como um material,
cientificamente produzido, que atende as expectativas do cliente do ponto de vista estrutural, da
estética, de durabilidade frente ao meio ambiente atual e futuro, para fins pré-determinados. Deve ser
econômico (custo/benefício) e propiciar vantagens frente a outras alternativas tecnológicas”. Essa
última observação é feita a fim de se evitar a panacéia.
Portanto, a idéia de se fazer um CAD está relacionada com um concreto durável, com a
satisfação do usuário e com o seguro de vida da empresa.
Assim como há numerosas definições para o CAD, há diferentes tipos de CAD. Geralmente
o termo CAD se refere a um concreto com uma variedade de propriedades e características
melhoradas. Embora possa haver outras propriedades específicas, na maioria das vezes elas são
baseadas na resistência à compressão simples, medidas em corpos-de-prova cilíndricos e assim se
utiliza o termo concreto de alta resistência (CAR). Entretanto, em todos os casos, os concretos
apresentam baixa relação água/aglomerante.
2.1.2. Histórico:
Em meados dos anos 60, os projetistas estavam satisfeitos com a execução de estruturas
de concreto com resistências variando de 15 MPa a 20 MPa, as quais eram consideradas seguras e
econômicas. Além disso, os produtores de concreto estavam ganhando dinheiro suficiente com a
venda do mesmo para a construção de estruturas do tipo horizontal.
Foi no início dos anos 60, na cidade de Chicago, que o trabalho de um projetista corajoso
em conjunto com um produtor de concreto inovador começou a usar pequenas quantidades
significativas de concreto de alta resistência em estruturas importantes (FREEDMAN, 19712 apud
AITCIN, 2000).
Deve-se lembrar que os cimentos e aditivos disponíveis naquele tempo não eram tão
adequados à manufatura do concreto de alta resistência como alguns desses materiais utilizados
atualmente. Os cimentos eram mais grossos que os atuais e os redutores de água usados eram, em
sua maioria, baseados em lignossulfonatos, os quais variavam consideravelmente em composição e
pureza e, conseqüentemente, geravam uma variação significativa nas características de
desempenho. Além disso, esses redutores possuem uma forte tendência para a incorporação de ar e
retardar a pega quando utilizados em grandes quantidades. Também, vale ressaltar que a utilização
da cinza volante em quantidades significativas em concreto dosado na central estava apenas
começando, pois os produtores desse material estavam iniciando a garantia da qualidade e da
consistência do mesmo e o potencial econômico da cinza volante de boa qualidade ainda não tinha
sido percebido.
Para que fosse possível o início da utilização do concreto de alta resistência, os produtores
de concreto pediam permissão aos proprietários das altas construções que estavam sendo
executadas para inserirem, sem custo adicional, uma ou duas colunas feitas de concreto experimental
2
FREEDMAN, S. (1971). High strength concrete. Portland Cement Association. Skokie, I.L., 19p.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
6 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3
HATTORI, K. (1981). Experiences with Mighty Superplasticizer in Japan, ACI SP-62, p.37-66.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
quando se adiciona mais água à mistura. Como o tempo durante o qual a primeira geração de
superplastificantes efetivamente fluidificava o concreto era limitado, eles eram adicionados na obra
imediatamente antes do lançamento do concreto.
Durante os anos 80, as dosagens de superplastificantes foram aumentadas pouco a pouco,
até que se percebeu que eles poderiam ser usados como excelentes redutores de água. Eles eram
mais poderosos que os lignossulfonatos e poderiam ser usados em quantidades maiores sem que
nenhum retardamento significativo pudesse ocorrer e sem que fosse incorporado ar em quantidades
excessivas ao concreto.
Enquanto maiores dosagens de superplastificantes eram usadas, a relação a/a diminuía e o
problema com a perda de abatimento tornava-se cada vez mais importante. Com a utilização de altas
dosagens desses superplastificantes, descobriu-se que era possível fabricar concretos com relação
a/a de até 0,30 e ainda obter abatimento inicial de 200 mm. Porém, para superar o problema da perda
de abatimento, os fabricantes desses aditivos desenvolveram fórmulas de superplastificantes
incorporados com retardadores de pega.
Quando os superplastificantes começaram a ser utilizados como redutores de água, a
relação a/a de 0,30 era considerada uma “barreira psicológica”, ou seja, esse valor correspondia à
mínima relação água/aglomerante adequada à hidratação do cimento Portland usado na mistura.
Entretanto, com uma seleção cuidadosa do cimento e do superplastificante permitiu-se, inicialmente,
a redução da relação a/a para 0,30, depois para 0,27, 0,25 e, por fim, até uma relação de 0,23 que
permitiu obter um concreto com resistência à compressão de 130 MPa (GODFREY, 19874 apud
AITCIN, 2000).
A sílica ativa começou a ser utilizada como material cimentício suplementar do concreto no
final dos anos 70 na Escandinávia. Na América do Norte, sua utilização como tal material se deu
apenas no início dos anos 80. De acordo com Aitcin (2000), a sílica ativa teve uma rápida aceitação
em quase todo o mundo em menos de cinco anos devido aos primeiros resultados interessantes
obtidos pelos escandinavos no concreto usual, às descobertas na Dinamarca através do
microconcreto, e ao esforço significativo de pesquisa no início dos anos 80 em vários países do
mundo. O seu uso permite produzir concretos trabalháveis com resistências à compressão de até 200
MPa.
Atualmente, a aceitação e o uso do CAD estão crescendo devagar em todo o mundo, porém
o seu uso corresponde a uma porcentagem muito baixa no mercado do concreto. Dentre os países
que lançaram importantes programas de pesquisa específicos sobre o CAD no final dos anos 80
estão os Estados Unidos, Noruega, Canadá, França, Suíça, Austrália, Japão, Coréia, China e Taiwan.
A fabricação e utilização do concreto de alto desempenho não são mais um desafio, pois já
existem muitas informações disponíveis em seminários, simpósios, cursos de curta duração e artigos
publicados em vários jornais.
4
GODFREY, K.A.Jr. (1987). Concrete strength record jumps 36 %. Civil Engineering, October 84-6.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.3. Aplicações:
A utilização do CAD iniciou nos anos 70, quando a resistência à compressão dos concretos
usados nos pilares de alguns edifícios era maior do que a dos concretos comuns usados na
construção. Tornou-se evidente e legítimo chamar esses novos concretos de “concreto de alta
resistência” e eles passaram a serem utilizados porque suas resistências eram maiores que as dos
concretos produzidos naquela época. De fato, esses concretos eram apenas concretos usuais mais
desenvolvidos, quando comparados aos padrões atuais. A sua confecção era feita com a mesma
tecnologia usada para a produção dos concretos usuais, porém uma melhor seleção dos materiais a
serem empregados era realizada.
Quando os aditivos superplastificantes começaram a ser utilizados para reduzir a relação
água/cimento ou água/aglomerante, descobriu-se que, além de serem usados como lubrificantes para
concretos usuais, eles forneciam características melhoradas aos concretos com menor relação a/c ou
a/a. Essas características correspondem a: uma fluidez mais elevada, um módulo de elasticidade
mais alto, uma maior resistência à flexão, uma menor permeabilidade, uma melhor resistência à
abrasão e uma maior durabilidade. Foi a partir daí que a expressão “concreto de alto desempenho”
passou a ser mais utilizada.
A aplicação do CAD nas obras da construção civil aumentou nos últimos anos, devido ao
aumento na procura por um concreto mais durável na tentativa de prolongar a vida útil e reduzir os
custos com manutenção das estruturas de concreto.
O CAD transforma o concreto comum em um material com melhor desempenho, o que
permite aos projetistas usarem-no eficientemente em estruturas cada vez mais esbeltas. Os
arquitetos utilizam o CAD em edifícios altos com a intenção de projetar lajes menos espessas e
colunas esbeltas, além de ser esteticamente mais interessante; as colunas de concreto com
diâmetros menores em construções com grande altura implicam em maiores espaços úteis e,
conseqüentemente, em mais lucros para os proprietários. O gosto pelo uso do CAD pelos
empreiteiros deve-se a desfôrma mais rápida dos elementos estruturais. No caso das pontes, o CAD
permite a construção de pilares e tabuleiros compostos por elementos mais esbeltos e elegantes e
que podem ser harmoniosamente inseridos na natureza (AITCIN, 2000).
O CAD, além de reduzir a fissuração e a retração, aumenta a rigidez da estrutura em
construções de grande altura e, com isso, diminui as deflexões dos membros de concreto. Para a
aplicação do CAD em pilares de grandes edifícios, a rigidez transversal de toda a estrutura é
aumentada, reduzindo a oscilação lateral causada pela ação do vento e aumentando o conforto dos
usuários. Como o CAD permite a construção de estruturas mais esbeltas, sua utilização em
construções de grande altura reduz a quantidade de armadura a ser utilizada e, conseqüentemente, o
peso próprio da estrutura. Dessa maneira, as estruturas compostas de CAD podem ser construídas
em solos com menor capacidade de suporte.
Vale ressaltar que o CAD mantém a versatilidade do concreto usual, porém sua resistência
e durabilidade se assemelham a uma rocha natural que, neste caso, pode ser facilmente modelada,
reforçada com barras de aço protendidas ou pós-tensionadas com cabos ou misturada com todos os
tipos de fibras.
Nas aplicações de sucesso que envolve o CAD estão algumas obras internacionais:
• edifício Water Tower Place, Chicago (1970);
• plataforma submarina Gullfaks da Noruega (1981);
• viaduto Sylans e Glacières, França (1986);
• ponte da Île de Ré, França (1988);
• ponte Montée St-Rémi, Montreal, Canadá (1993);
• plataforma submarina Hibernia, Newfoundland, Canadá (1996);
• ponte Confederação entre a ilha Prince Edward e New Brunswick, Canadá (1997);
• edifício Petronas Towers, Kuala Lumpur, Malásia (1999);
• edifício TAIPEI, Taiwan (2003).
No Brasil, na cidade de São Paulo, alcançou-se o recorde em concreto colorido de alto
desempenho, com resistência média à compressão de 125 MPa e relação água/cimento de 0,19, na
construção do edifício e-Tower, concluído em 2005. (HELENE, 2003).
Os critérios para a decisão da utilização de um determinado material estrutural estão
relacionados com a tipologia estrutural, a função, a localização e as considerações econômicas
locais, dentre outros, após serem considerados os prós e os contras de cada material. Nos projetos
citados acima, diferentes fatores que influenciam o CAD foram considerados, incluindo a resistência à
compressão, que tem influenciado no uso do concreto de alto desempenho por razões econômicas.
2.1.4. Materiais:
2.1.4.1. Agregados:
Freqüentemente, os agregados são considerados como um material de enchimento inerte
do concreto por não fazerem parte das reações químicas complexas com a água. No entanto, devido
ao crescente conhecimento a cerca do papel desempenhado por eles na determinação de muitas
propriedades importantes do concreto, este ponto de vista tradicional vem sendo seriamente
questionado (MEHTA e MONTEIRO, 1994).
Os agregados, de uma maneira geral, são classificados de acordo com a dimensão máxima
das partículas em dois grupos: agregados miúdos e agregados graúdos. De acordo com a NBR
7211:1983, o agregado miúdo é definido como a “areia de origem natural ou resultante do britamento
de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos grãos passam pela peneira ABNT 4,8 mm e ficam
retidos na peneira ABNT 0,075 mm”; já os agregados correspondem ao “pedregulho ou brita
proveniente de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos grãos passam por uma peneira de
malha quadrada com abertura nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT 4,8 mm”.
A escolha do agregado é de fundamental importância para a preparação do concreto de alto
desempenho ou de elevada resistência: no estado endurecido, os agregados podem influenciar a
resistência, a estabilidade dimensional e a durabilidade do concreto; no estado fresco, eles têm papel
5
SCRIVINER, K.L. (1989). The microstructure of concrete. The American Ceramic Society – Materials
Science of Concrete. Westerville: edited by SKALNY, J.P., p.127-162.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11
ROCHA-MATRIZ
Porosidade/ Composição
massa específica mineralógica
Características da partícula:
•tamanho; •Resistência à compressão;
•forma; •resistência à abrasão;
•textura. •módulo de elasticidade;
•sanidade ou durabilidade.
superfície mais áspera resulte em maiores forças de aderência entre as partículas de agregado e da
matriz de cimento.
Mehta e Monteiro (1994) citam evidências de que, pelo menos nas primeiras idades, a
resistência do concreto, em particular a resistência à flexão, pode ser afetada pela textura superficial
do agregado e que texturas mais ásperas favorecem a formação de uma aderência mecânica forte
entre a pasta de cimento e o agregado. Em idades mais avançadas, esse efeito não é tão importante,
pois ocorre o desenvolvimento de uma forte aderência química entre a pasta e o agregado.
A aderência pasta-agregado ocorre a partir do intertravamento do agregado com a pasta de
cimento hidratada, devido à aspereza da superfície das partículas de agregado. Ela é influenciada por
outras propriedades físicas e químicas do agregado, relacionadas com sua composição química e
mineralógica e com a condição eletrostática da superfície. Aparentemente, a relação entre a
resistência de aderência e a resistência da pasta de cimento aumenta com o tempo. No caso dos
concretos de alta resistência, a interface entre o agregado e a pasta de cimento que o envolve pode
ser considerada um local onde a ruptura tende a se localizar, pois o agregado significa uma
descontinuidade, dando origem a um efeito parede.
Reação álcali-agregado:
Durante os últimos anos, tem-se observado um número cada vez maior de reações
químicas entre o agregado e a pasta de cimento hidratada que o envolve. A reação mais
freqüentemente observada ocorre entre os constituintes de sílica ativa do agregado e os álcalis do
cimento Portland. Na literatura recente, este fenômeno é conhecido como reação álcali-sílica e se
manifesta através da expansão, fissuração, pipocamentos e exsudação de um líquido fluido viscoso
álcali-silicoso, levando à perda de resistência, elasticidade e durabilidade do concreto.
Dependendo do tempo, da temperatura e do tamanho das partículas, Mehta e Monteiro
(1994) consideram como agregados reativos a álcalis todos os silicatos ou minerais de sílica, sílica
hidratada (opala) ou amorfa (obsidiana, vidro de sílica), mesmo um grande número desses minerais
reagindo num grau insignificante. Por outro lado, feldspatos, piroxênios, anfibólios, micas e quartzos,
que são minerais constituintes dos granitos, gnaisses, xistos, arenitos e basaltos, são classificados
como minerais não reativos.
A reatividade dos álcalis do cimento com a sílica presente no inerte é afetada pela
concentração de álcalis na superfície reativa (uma função do teor de álcalis do cimento), pela
concentração das características geométricas das partículas e de sua porosidade, pela concentração
da quantidade de água livre da pasta de cimento e de sua permeabilidade, pelo efeito
molhagem/secagem e pelo aumento da temperatura entre, pelo menos, 10°C e 40°C (fato que
acelera a reação) (SILVA, 2000).
A reação álcali-sílica começa com o ataque dos minerais silicosos do agregado pelos
hidróxidos alcalinos resultantes dos álcalis do cimento. Com isso, um gel de álcali-silicato é formado
nos poros dos agregados (local onde está presente a sílica) ou na superfície das partículas. No último
local, cria-se uma zona de alteração superficial característica, levando à destruição da aderência
entre o inerte e a pasta de cimento que o envolve (NEVILLE, 1997).
Esse gel, do tipo “expansão ilimitada”, tende a absorver água e, ao se expandir, gera
tensões internas que podem levar à expansão, fissuração e desagregação do concreto. Parte do gel,
relativamente mole, é posteriormente lixiviado pela água e depositado sobre as fissuras formadas
pelo inchamento dos agregados.
Na prática, acredita-se que conteúdos alcalinos no cimento menores ou iguais a 0,60% de
Na2O equivalente são suficientes para impedir danos devidos à reação álcali-agregado, independente
do tipo de agregado reativo; na Alemanha e Inglaterra, considera-se que o conteúdo total de álcalis
do concreto, provenientes de todas as fontes, deverá estar abaixo de 3 kg/m3 para que não ocorram
danos decorrentes de tais reações. Porém, em casos de concretos com grandes consumos de
cimento, até mesmo quantidades inferiores a 0,60% de álcalis no cimento podem ser prejudiciais
(MEHTA e MONTEIRO, 1994).
2.1.4.2. Cimento:
De acordo com a norma americana ASTM C150:1991 o cimento Portland é definido como
um aglomerante hidráulico resultante da moagem do clínquer, o qual consiste basicamente de
silicatos de cálcio hidráulicos com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como produto de adição.
É obtido a partir da calcinação e clinquerização de uma mistura de calcário e argila em proporções
adequadas. A qualidade final do produto depende da matéria-prima utilizada, das adições feitas
posteriormente à calcinação e do grau de finura atingido pela moagem.
Os cimentos Portland são especificados de acordo com sua composição química, tipo de
adições e propriedades físicas (finura, expansibilidade, tempo de pega, falsa pega, resistência à
compressão, calor de hidratação, perda ao fogo e massa específica).
Fabricação:
O processo de fabricação do cimento Portland consiste basicamente da moagem da
matéria-prima (calcário e argila), da boa mistura das proporções adequadas entre esses materiais e
da queima dessa mistura em um forno rotativo até uma temperatura próxima a 1450°C. Ao alcançar
essa temperatura, o material sofre uma fusão que provoca a formação de pelotas conhecidas como
clínquer, que é resfriado e moído até a obtenção de um pó bem fino. A mistura e moagem das
matérias-primas podem ser feitas tanto na presença de água quanto a seco originando os processos
denominados por via úmida e por via seca, respectivamente (NEVILLE, 1997).
Durante a moagem do clínquer, adiciona-se um teor mínimo de gesso a fim de controlar o
tempo de pega do cimento, ou seja, o tempo de início das reações do aglomerante com a água. Sem
essa adição, o clínquer puro sofre pega instantânea, provocando o endurecimento irreversível da
mistura.
O clínquer, por sua vez, é um material complexo com múltiplas fases, cujas características e
propriedades dependem da composição da matéria-prima moída e da pirotecnologia que transforma
essa matéria-prima em fases de silicatos de cálcio e de aluminatos de cálcio e de ferro. Do ponto de
vista da composição, o clínquer sai do forno rotativo como uma mistura de duas fases de silicatos
bem cristalinos (C3S e C2S) e uma fase intersticial composta por C3A e C4AF, além de algumas
poucas impurezas (periclásio - MgO, óxido de cálcio calcinado endurecido - CaO e sulfatos alcalinos).
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
14 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
do C3A depende de alguns fatores, como temperatura, relação água/sólido, área específica do
composto, processo de mistura, tamanho da amostra a ser hidratada e presença de aditivos e
adições.
Devido à sua elevada reatividade, a velocidade de reação de C3A é muito alta. A hidratação
da fase ferrita (C4AF) ocorre paralelamente à hidratação do C3A, com a formação de fases
semelhantes (estringita e monossulfoaluminato), no entanto o C4AF nunca reage rapidamente.
Hidratação do cimento Portland:
A pasta de cimento hidratada contida nos concretos convencionais é constituída das fases
sólidas: silicato de cálcio hidratado (C-S-H), etringita (AFt), monossulfoaluminato (AFm) e hidróxido de
cálcio ou portlandita (CH). Deve-se ressaltar que as reações de hidratação do cimento Portland são
influenciadas pela finura do cimento, pela temperatura na qual se desenvolvem as reações e pela
composição do clinquer utilizado (LIBORIO, 1999).
Levando-se em conta que o cimento é composto de uma mistura heterogênea de vários
compostos, o processo de hidratação consiste de reações simultâneas ocorrendo entre os compostos
anidro e a água, porém os compostos não hidratam com mesma velocidade. Paulon (1991) cita que
os aluminatos, por exemplo, hidratam bem mais cedo do que os silicatos. A perda de consistência e a
pega da pasta de cimento estão diretamente ligadas às reações envolvendo os aluminatos. Os
silicatos por sua vez, têm um papel nas características do endurecimento da pasta.
O mecanismo de hidratação do cimento Portland pode ser representado como indicado na
Figura 2.2. É muito importante atentar para o fato de que alterações nesse processo, por exemplo,
um processo inadequado de cura, poderá significar um desenvolvimento inadequado da
microestrutura.
6
SCRIVINER, K.L. (1989). The microstructure of concrete. The American Ceramic Society – Materials
Science of Concrete. Westerville: edited by SKALNY, J.P., p.127-162.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
Tabela 2.3 – Significado físico das reações básicas de hidratação do cimento Portland
(JAWED, SKALNY & YOUNG, 19837 apud MELO, 2000)
Estágio da Importância nas
Processo químico Processo físico
reação propriedades mecânicas
• Dissolução inicial rápida
dos sulfatos alcalinos e • Mudanças na composição
• Alta taxa de evolução da fase líquida podem
Primeiros minutos aluminatos.
de calor. influenciar a subseqüente
• Hidratação inicial do C3S.
pega.
• Formação de AFt.
• Diminuição dos silicatos,
• Formação dos • Formação das fases AFt e
mas aumento na
2+. produtos de hidratação AFm pode influenciar a pega
concentração de íons Ca
Primeiras horas inicial. e a trabalhabilidade.
• Começo da formação dos
(período de • Baixa taxa de • Hidratação dos silicatos de
núcleos de CH e C-S-H.
indução) 2+ evolução de calor. cálcio determina o início de
• Concentração de íons Ca
• Contínuo aumento da pega ao final do período de
atinge o nível de indução.
viscosidade.
supersaturação.
• Reação química rápida do • Rápida formação de
• Mudança de consistência
De 3 a 12 horas, C3S para formar C-S-H e hidratos produz a
plástica para rígida (início e
aproximadamente CH. solidificação e redução
fim de pega).
(estágio de • Diminuição da da porosidade.
aceleração) • Desenvolvimento de
supersaturação dos íons • Alta taxa de evolução
2+ resistências iniciais.
Ca . de calor.
• Desenvolvimento contínuo
• Formação de C-S-H e CH • Diminui a evolução de
da resistência.
controlada por difusão. calor.
• Diminuição da fluência.
• Recristalização da AFt • Contínuo decréscimo
Estágio após a •A porosidade e a
para AFm e alguma da porosidade.
aceleração morfologia do sistema
polimerização dos silicatos. • Formação de ligações
hidratado determinam a
• A hidratação do C2S torna- partícula-partícula e
resistência final, estabilidade
se significante. pasta-agregado.
volumétrica e durabilidade.
7
JAWED, I.; SKALNY, J.; YOUNG, J.F. (1983). Hydration of portland cement. Structure and Performance of
Cements. London: Ed. Barbes, P. Applied Science Publishers.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
18 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 2.4 – Relação entre a dimensão das partículas de cimento e o tempo de hidratação
(TAYLOR, 19928 apud SILVA, 2000)
Dimensão da partícula (µm) Tempo de hidratação (dias)
0,43 a 0,47 1
1,7 a 2,6 7
3,5 a 5,4 28
6,1 a 8,9 150
> 45 Difícil
> 75 Nunca se hidrata
2.1.4.3. Adição:
As adições podem ser adicionadas aos cimentos em dosagens específicas ou inseridas nos
cimentos ainda na fábrica como é o caso dos cimentos com resistência a sulfatos que possuem um
teor de escória (de alto forno) em sua composição. Apresenta-se a seguir um pouco sobre a escoria e
outras adições pozolânicas.
Escória:
Segundo a NBR 11172:1989, a escória é definida como um material vítreo que possui
propriedades hidráulicas latentes, ou seja, quando finamente moída e misturada com a água, é capaz
de reagir e endurecer. Consiste essencialmente de partículas finas de sílica vítrea, modificada
consideravelmente pela presença de grandes quantidades de íons cálcio, magnésio e alumínio,
conforme mostra a Tabela 2.5.
8
TAYLOR, H.F.W. (1992). Cement Chemistry, 2nd ed. London: Academic Press Ltd.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19
de ligas de ferro-silício. O silício e suas ligas são produzidos em fornos de arco elétrico imerso onde o
quartzo é reduzido na presença de carvão (e ferro durante a produção das ligas de ferro-silício).
Durante a redução do quartzo puro, um subóxido de silício, SiO, se desprende na forma de gás, se
oxida e condensa em um material composto de partículas esféricas extremamente pequenas, com
aspecto vítreo e muito reativas: dióxido de sílica amorfa (SiO2). Segundo Liborio (2002), a sílica é
comercialmente encontrada de três formas: não densificada ou no estado natural (material
proveniente diretamente do filtro coletor), densificada (partículas beneficiadas pela aglomeração) e
lama (suspensão aquosa com teor de sólidos de 50%).
A qualidade da sílica ativa depende de vários fatores, dentre eles o processo de produção,
da forma de operação da fabricação, do processo de coleta do pó, dos meios de redução, da matéria-
prima e do tipo de forno utilizado.
A sílica, dependendo da natureza do material e do processo de produção empregado, pode
ser considerada um material altamente pozolânico, de mediana e até de baixa atividade pozolânica. A
pozolanicidade da sílica é uma função de sua característica amorfa, de sua granulometria e de sua
área específica.
Em termos de composição química, a sílica ativa pode ser qualificada como quase pura,
pois suas partículas possuem altos teores de sílica amorfa quando comparado à presença de
pequenas quantidades de alumina, ferro, cálcio, álcalis, carbono, dentre outros. O teor de sílica
amorfa no subproduto é função do teor de sílica contido nas ligas e ou metais produzidos nas
indústrias: quanto maior for o teor de silício da liga, maior será o teor de SiO2 da sílica ativa. Por
exemplo, a sílica ativa produzida durante a fabricação do silício metálico geralmente contém mais de
90% de SiO2, enquanto a sílica ativa produzida durante a fabricação de uma liga de 75% de Fe-Si
tem teor de SiO2 superior a 85% (AITCIN, 2000). Uma vez que as matérias-primas usadas na
fabricação do silício e do ferro-silício são muito puras, a sílica ativa coletada num dado forno tem,
usualmente, uma composição consistente.
Na Tabela 2.6, apresentam-se os limites estabelecidos pela NBR 13956:1997 para as
características físicas e químicas de uma sílica ativa. Os métodos de ensaios de laboratório exigíveis
na especificação de uma sílica para uso em pastas de cimento, argamassas e concretos, bem como
adição durante a fabricação do cimento Portland são descritos na NBR 13957:1997. Os métodos de
ensaio abrangidos por essa norma são as determinações do teor de sólidos em lama de sílica ativa,
do teor de SiO2, da umidade, da perda ao fogo, do equivalente alcalino em Na2O e do resíduo na
peneira 45 µm.
Tabela 2.6 – Características da sílica ativa para uso como adição (NBR 13956:1997)
Parâmetro Unidade Limite
SiO2 % ≥ 85,0
Umidade(*) % ≤ 3,0
Perda ao fogo % ≤ 6,0
Equivalente alcalino em Na2O % ≤ 1,5
Resíduo na peneira # 325 (> 45µm) % ≤ 10,0
± 2% do valor declarado
Teor de sólidos em lama(∝) %
pelo fabricante
≥ 15000
Área específica B.E.T.(&) m2/kg
≤ 30000
( )
* Não se aplica à sílica ativa na forma de lama.
(∝)
Só se aplica à sílica ativa na forma de lama.
(&)
Ensaio facultativo.
sítios de nucleação e a ligação dos grãos de cimento e das partículas de sílica com os produtos de
reação são aumentados.
Assim, com a introdução de sílica ativa nos concretos, as propriedades mecânicas e a
trabalhabilidade dos mesmos são melhoradas, enquanto a permeabilidade e a porosidade capilar são
reduzidas. Com o refinamento dos poros, a zona de interface entre o agregado e a pasta de cimento
com sílica é drasticamente reduzida e a exsudação interna e superficial da mistura é minimizada.
Tudo isso leva a um alto desempenho do concreto com conseqüente aumento de sua durabilidade.
Metacaulinita:
A metaculinita é um material amorfo reativo, de origem pozolânica, obtido a partir da
calcinação (tratamento térmico entre 600ºC e 900ºC) do argilomineral caulinita.
Argilas calcinadas têm sido utilizadas como pozolana desde os tempos antigos e têm sido
mais acessíveis que as pozolanas de origem vulcânica ou de rochas sedimentares ricas em sílica
principalmente porque a argila encontra-se extensamente distribuída sob a superfície terrestre. A
metacaulinita é obtida pela calcinação de argilas ricas em caulinita. No entanto, nem toda argila
calcinada torna-se metacaulinita porque o comportamento dos argilominerais, sob temperatura,
depende muito da sua estrutura, composição, tamanho dos cristais e grau de cristalinidade (TAYLOR,
1997).
As argilas empregadas na fabricação de pozolanas procedem de depósitos de superfície,
mais frequentemente de idade Quaternária ou Recente. Derivam de alterações intempéricas de
rochas de origem diversas, geralmente portadoras de significativas quantidades de minerais
silicoaluminosos, notadamente feldspatos. Além desses depósitos gerados são também importantes
aqueles formados através do transporte de acúmulos de sedimentos argilosos nas regiões
topograficamente mais baixas ou nas planícies aluviares dos rios (ZAMPIERI, 1993).
Do ponto de vista mineralógico, as argilas se caracterizam por constituírem-se em grande
parte de minerais específicos, denominados minerais de argila ou argilominerais ocorrendo
normalmente associados a outros minerais e materiais tais como quartzo, feldspato, micas, óxidos e
hidróxidos de ferro e alumínio, carbonatos, matéria orgânica, etc. Os argilominerais são produtos de
alterações de rochas seja por ação das intempéries ou em decorrência de processos hidrotérmicos de
baixa temperatura. Apresentam-se fisicamente caracterizados por dimensões bastante reduzidas e
um estado preferencial cristalino. Quimicamente são aluminosilicatos hidratados contendo outros
elementos como magnésio, ferro, cálcio, potássio, sódio, etc. (ZAMPIERI, 1989).
A obtenção da metacaulinita é feita somente a partir do argilomineral caulinita ou, mais
comumente, a partir da argila caulinita, ou seja, argila onde a caulinita se encontra em maiores
proporções. As argilas usadas na produção de pozolanas geralmente contêm 50 a 65 % de SiO2 e, de
17 a 38 % de Al2O3 (SANTOS, 1966).
A metacaulinita produzida atualmente no Brasil é obtida a partir da argila caulinítica:
primeiramente o material é seco e homogeneizado, em seguida é encaminhado ao forno rotativo com
temperatura de queima de 750º C (aproximadamente), após calcinação o produto é resfriado
bruscamente para evitar a recristalização do material e manter a máxima reatividade da pozolana,
finalmente o produto é moído. Além da temperatura de calcinação, outro fator importante na obtenção
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 23
Tabela 2.7 – Limites de material pozolânico para uso como adição (NBR 12653:1992 Classe N)
Parâmetro Unidade Limite
SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 % ≥ 70,0
Umidade % ≤ 3,0
Perda ao fogo % ≤ 10,0
Álcalis disponíveis % ≤ 1,5
Resíduo na peneira # 325 (> 45 µm) % ≤ 34,0
A água pode estar presente de várias formas na pasta de cimento Portland endurecida e
sua classificação é feita de acordo com o grau de dificuldade com o qual ela pode ser removida do
concreto (MELO, 2000):
• a água capilar é considerada como o volume de água que está livre da influência das forças
de atração exercidas pela superfície sólida. É subdividida em água livre e água retida. A água
livre corresponde àquela encontrada nos vazios grandes (diâmetros superiores a 50 nm),
sendo sua remoção isenta de alterações de volume. A água retida por tensão capilar é
encontrada nos pequenos capilares (diâmetros variando entre 5 nm e 50nm) e sua remoção
causa a retração do sistema;
• a água adsorvida se localiza próxima à superfície do sólido, isto é, fica sob influência de
forças de atração e as moléculas de água estão fisicamente adsorvidas na superfície dos
sólidos da pasta, sendo perdida quando a umidade relativa estiver em torno de 30%. A perda
desta água gera a retração do sistema por secagem;
• a água interlamelar, também conhecida como água de gel, está associada à estrutura do
silicato de cálcio hidratado (C-S-H), ligada por pontes de hidrogênio. Só ocorre a perda dessa
água caso a umidade relativa caia para abaixo de 11%, o que pode causar uma retração
considerável na estrutura do C-S-H;
• a água quimicamente combinada, também denominada água de cristalização, corresponde à
água considerada como parte definitiva da estrutura de vários produtos hidratados de
cimento. Ela não é perdida durante a secagem, mas só é liberada quando os produtos
hidratados são decompostos por aquecimento.
2.1.4.5. Aditivo:
Apresenta-se uma breve descrição sobre os aditivos. Em seguida, será feito um estudo
mais detalhado a cerca dos aditivos superplastificantes (SP), já que este é o tipo de aditivo mais
comumente empregado na produção de CAD.
A norma brasileira NBR 11768:1992 define os aditivos como “produtos que adicionados em
pequena quantidade a concretos de cimento Portland modificam algumas de suas propriedades, no
sentido de melhor adequá-las a determinadas condições”. Distinguem-se pela ação principal de três
maneiras: ação física, ação química e ação físico-química. Além disso, as substâncias ativas das
formulações dos aditivos podem ser orgânicas ou inorgânicas, distribuídas num veículo líquido,
pastoso ou sólido.
Mehta e Monteiro (1994) dividem, de forma ampla, as substâncias empregadas como
aditivos em dois tipos: substâncias que começam a agir instantaneamente sobre o sistema água-
cimento, através da modificação da tensão superficial da água e pela adsorção das partículas de
cimento à superfície; e substâncias que se dissociam em seus íons constituintes afetando, dessa
maneira, as reações químicas entre os compostos do cimento e a água, de alguns minutos até
algumas horas após sua adição.
Os aditivos são classificados de acordo com sua função principal, embora algumas vezes
sejam mencionadas suas ações secundárias. Na classificação, são considerados aditivos os produtos
adicionados ao cimento em doses de até 5%. No Brasil, a NBR 11768:1992 engloba todos os aditivos
e apresenta a seguinte classificação: P: plastificantes, R: retardador, A: acelerador, PR: plastificante
retardador, PA: plastificante acelerador, IAR: incorporador de ar, SP: superplastificante, SPR:
superplastificante retardador, SPA: superplastificante acelerador.
A NBR 10908:1986 prescreve métodos para determinação do pH, do teor de sólidos, da
massa específica e do teor de cloretos dos aditivos. A NBR 12317:1992 determina os ensaios que
devem ser realizados para análise comparativa ao concreto de referência (sem aditivo) quanto à
redução de água, ao tempo de pega, à exsudação, às resistências à compressão e à tração por
compressão diametral ou tração na flexão e à variação de comprimento.
A eficiência de qualquer aditivo varia de acordo com a dosagem do concreto e também com
os constituintes da mistura, especialmente das propriedades do cimento. Com alguns aditivos, deve-
se considerar a quantidade de sólidos e não a massa total do aditivo na forma líquida (NEVILLE,
1997). No que diz respeito ao teor de água presente nos aditivos, este deve ser deduzido do valor
total da água de amassamento da mistura.
Dentre algumas finalidades pelas quais os aditivos são empregados nos concretos e
argamassas destacam-se: aumento da trabalhabilidade sem aumento do consumo de água; redução
do consumo de água, mantendo a mesma trabalhabilidade: obtenção de resistências mecânicas
maiores; redução do consumo de água e de cimento, na mesma proporção, mantendo a mesma
trabalhabilidade e as mesmas resistências; aumento das resistências iniciais; retardação ou
aceleração do tempo de início de pega; e redução da segregação, importante para o lançamento a
grandes alturas (concreto bombeável). No estado endurecido, os aditivos podem modificar as
propriedades dos concretos e argamassas através do aumento da durabilidade frente à ação físico-
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
26 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Superplastificantes:
Segundo a NBR 11768:1992 os aditivos superplastificantes (tipo SP), também chamados de
aditivos redutores de água de alta eficiência pela norma americana ASTM C494:1992, são definidos
como produtos que aumentam o índice de consistência do concreto mantendo-se a quantidade de
água de amassamento constante, ou ainda, como os produtos que possibilitam a redução mínima de
12% da água de amassamento na produção de um concreto com uma dada consistência.
De acordo com Neville (1997), os superplastificantes são polímeros orgânicos
hidrossolúveis obtidos sinteticamente por um complexo processo de polimerização utilizado para a
obtenção de moléculas longas com elevada massa molecular e, portanto, relativamente caros.
Porém, ao serem produzidos para um fim específico, suas características, em relação ao
comprimento das moléculas, são otimizadas para um mínimo de entrelaçamento necessário tornando,
assim, a aplicação do produto mais viável.
Os tipos de superplastificantes mais importantes disponíveis no mercado são os
lignosulfonados modificados, as resinas de naftaleno-formaldeído sulfonado, a resina de melamina-
formaldeído sulfonada e o éter-carboxílico modificado. Outros polímeros que apresentam
propriedades de redução de água e fluidificação do concreto também podem ser usados como
aditivos superplastificantes.
Os aditivos superplastificantes são adicionados aos concretos quando se deseja obter uma
alta trabalhabilidade com menor quantidade de água de amassamento, permitindo maior flexibilidade
nas relações água/cimento e, assim, tornado-se um potencial para elevadas resistências. Essa
redução da água de amassamento é geralmente necessária para aumentar a trabalhabilidade do
concreto sem o acréscimo de água, para produzir resistências maiores para uma dada
trabalhabilidade e para planejar dosagens de concreto de baixas relações água/cimento por razões
de durabilidade.
2.1.4.6. Pigmento:
A coloração integral do concreto, seja dosado em central, pré-moldado, argamassas ou
blocos, transforma a aparência fria e monótona natural do concreto em tons alegres, harmoniosos e
agradáveis. Os pigmentos oferecem uma instigante ferramenta de cores para ser usada no projeto de
edificações e na sua interação com o ambiente. A química moderna tornou disponível um número
razoável de colorantes a baixo custo com desempenho confiável e duradouro, cujo uso adequado
pode oferecer uma coloração para toda a vida útil do concreto ou argamassa, dispensando a
manutenção.
Os pigmentos para a aplicação em produtos à base de cimento ou outros materiais
cimentantes tais como a cal e o gesso, deve ser completamente estáveis em relação aos álcalis,
eficientes e resistentes às intempéries. Devem ser também relativamente baratos, contudo ter um alto
poder de coloração para proporcionar um rendimento satisfatório.
Uma das principais classes de colorantes, os pigmentos à base de óxido de ferro,
contempla todos estes critérios citados. Pigmentos de óxido de ferro podem ser distinguidos em duas
subcategorias, os naturais e os sintéticos.
Os óxidos de ferro naturais, como o nome indica, são as hematitas (vermelho), limonitas
(amarelos), e magnetitas (pretos). Seus teores de óxido de ferro são relativamente baixos, enquanto
que o material restante em sua composição é inerte e sem valor de coloração. Os óxidos de ferro
naturais, algumas vezes remetem a cores minerais, sendo assim designados tais como âmbar, sienna
e ocre.
Estes óxidos de ferro naturais estão sendo substituídos pelos novos óxidos sintéticos, que
oferecem maior grau de pureza na sua composição, uniformidade mais consistente, grande
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29
diversidade de tons, e capacidade maior de coloração. Apesar de serem mais caros, suas
propriedades proporcionam maior economia no produto final.
Os óxidos de ferro sintéticos amarelos provem nuances do “creme” até o amarelo. Estes
são produzidos por meio de processos de redução orgânica (LEWIS, 1987). Estes óxidos têm formato
alongado, o que pode aumentar o imbricamento entre as partículas do concreto, e por conseqüência
aumentar o fator a/c da mistura.
Os pigmentos sintéticos pretos podem gerar tons desde o cinza claro até tonalidades como
o carvão. A fabricação do óxido de ferro preto pode ser obtida por processos análogos aos utilizados
para a fabricação do óxido de ferro amarelo. Este pigmento também pode ser obtido pela redução do
óxido de ferro amarelo, ou da hematita.
Óxidos de ferro sintéticos (puros) vermelhos podem ser encontrados em gamas de cores,
desde o amarelado “terracota” até os azulados “borgonha”, com uma larga seleção de tons
intermediários. Lewis (1987) cita que os óxidos de ferro vermelhos podem ser obtidos por meio
processos de calcinação dos pigmentos amarelos ou pretos. Em geral as partículas dos óxidos de
ferro vermelhos são menores que 3 µm, e seu formato arredondado contribui com o empacotamento
das partículas constituintes do concreto.
Tons como bronze ou marrom podem ser conseguidos com misturas entre os três
pigmentos básicos de óxido de ferro. Estes também podem ser obtidos por precipitação direta ou pela
redução controlada do óxido de ferro preto (LEWIS, 1987).
O óxido de cromo verde é igualmente satisfatório na utilização em produtos à base de
cimento (comparável aos pigmentos de óxido de ferro), porém são mais caros. Em projetos especiais,
onde o custo é secundário, podem ser utilizados pigmentos tais como óxido hidratado de cromo verde
(turquesa), níquel-titânio verde (tom canário), e aluminato de cobalto azul. Entretanto, os óxidos de
ferro e, em um grau menor, os óxidos de cromo verde são os únicos colorantes inorgânicos
encontrados para pigmentação do concreto, apesar de os demais pigmentos citados anteriormente
serem considerados perfeitamente seguros para coloração de concretos e argamassas.
Alguns outros colorantes com utilização limitada em produtos à base de cimento são
amplamente mencionados, tais como os carbonos solúveis em água pretos, as fitalocianinas solúveis
em água verdes e o azul ultramarino. Muitos outros colorantes orgânicos e inorgânicos devem ser
restritos a áreas internas, incluindo a fitalocianina azul, devido sua baixa durabilidade frente aos raios
ultravioleta.
Pigmentos hidrofóbicos tais como os carbonos negros e as fitalocianinas verdes devem ser
convertidos em pigmentos hidrofílicos. Para tanto, devem ser aplicados agentes dispersantes próprios
para utilização em materiais à base de cimento. Comercialmente é vendida uma grande variedade de
colorantes com estas propriedades.
Diversos fatores influenciam a coloração do concreto e da argamassa. O cimento cinza,
além de tornar o concreto com aparência suja e lavada, tira o brilho de qualquer pigmento utilizado.
Por esta razão, elementos de concreto fabricados com cimento Portland comum não produzem cores
vivas como os fabricados com cimento branco. Porém, o ganho de brilho da cor obtido pelo uso de
cimento branco depende do pigmento utilizado. No caso dos pigmentos de cor preta, não existe
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
30 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
teoricamente diferença na utilização de cimento cinza ou branco. No caso das cores vermelha e
marrom, a diferença é discreta, e quando se utiliza pigmento amarelo ou azul, a diferença é evidente.
Na coloração do concreto, não são os agregados que são pigmentados, mas sim a pasta de
cimento, a qual forma uma película em torno das partículas dos agregados. De acordo com Kohnert
(1997) um concreto com maior consumo de cimento, com a mesma concentração de pigmento (em
porcentagem da massa de cimento), terá uma coloração mais intensa que um concreto com consumo
menor.
Ao adicionar quantidades de pigmentos no traço de concreto, inicialmente a intensidade da
cor varia linearmente com a concentração de pigmento. Porém, quanto maior a concentração de
pigmentos chega-se a uma taxa em que sua adição não promove maiores alterações na cor, ponto de
saturação, da superfície, tornando-se antieconômico (KOHNERT, 1997).
a) b) c)
d) e)
Figura 2.3 – Modelo de empacotamento de partículas – Caso a), com ocupação média de 67% do
volume de vazios, num sistema monodisperso; caso b) teoricamente, uma condição para a máxima
condição de empacotamento; caso c) ausência de quantidade de finos; caso d) ausência de
partículas grandes e, caso e) um empacotamento deficiente
(OLIVEIRA et al., 2000)
onde: Pe = conteúdo de sólido presente em qualquer unidade de volume que o contenha (partículas
mais volume de vazios entre partículas).
A porosidade (Po) é o volume de vazios entre as partículas, expresso em fração do volume,
e o volume efetivamente ocupado pelas partículas (Vef) é:
1 1
Vef = =
(1 − P0 ) Pf
onde: ρbulk = massa de sólido dividida pelo volume total do sistema (partículas+porosidade);
ρs = massa do sólido dividida pelo volume realmente ocupado pelo sólido.
Segundo Oliveira et al. (2000), de uma maneira geral, empacotamentos reais (estruturas de
empacotamento aleatórias) de monodispersões esféricas ocorrerão sempre com o mesmo fator de
empacotamento (Pf ≈ 0,60 - 0,64), apesar de ser teoricamente possível obter valores superiores, no
caso de estruturas ordenadas (Pf ≤ 0,74). Entretanto, uma série de fatores pode alterar essa
condição.
Os fatores que afetam o empacotamento de partículas são apresentados a seguir:
Distribuição granulométrica:
A distribuição granulométrica altera a condição de monodispersão, esse fato permite que se
atinja valores próximos a 1, até o caso das monodispersões, com um teor elevado, notoriamente ao
redor de 67%.
Preenchimento:
O preenchimento de vazios com partículas menores que aqueles existentes numa
monodispersão, realmente diminuem em muito os vazios. No entanto, se nesse instante se
introduzirem partículas maiores que esses vazios, se formarão outros vazios, pelo deslocamento das
partículas maiores de uma posição original, como visto na Figura 2.3, (caso e), o que poderá levar a
um aumento na porosidade e diminuição da eficiência do empacotamento. Portanto a seqüência de
preenchimento dos vazios existentes entre as partículas, ou melhor, a ditribuição granulométrica do
sistema, determina o aumento ou não da densidade de empacotamento da monodispersão, como
visto na Figura 2.3.
Morfologia das partículas:
A morfologia das partículas é outro fator importante, e sendo um fator de forma torna-se
interessante que seja analisado. Quanto mais alongada for a partícula, menor será a densidade de
empacotamento de uma distribuição que a contenha, conforme Figura 2.4. Quanto menores forem
essas partículas, maior esse efeito, em função da maior área superficial específica.
0,6
0,5
Partículas monodispersas
0,4
0,0 0,5 1,0
Arredondamento Relativo
Figura 2.4 – Relação qualitativa existente entre densidade relativa e o arredondamento relativo para
empacotamentos monodispersos aleatórios de partículas
(GERMAN, 19929 apud OLIVEIRA et al, 2000)
% de padras P1
Aproximação por polinômio
21,6
combinação P1 x P2
Massa obtida pela
21,5
21,4
21,3
21,2
57,5% P1 + 42,5% P2
21,1
21,0
0 20 40 60 80 100
% de Pedra P1
9
GERMAN, R.M. (1992). The role of particle packing density in powder injection molding. BROOKES, C.A.
Reviews on Powder Metallurgy and Physical Ceramics, v.5, p.81-110.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33
0,68
Densidade relativa
0,60
0,56
0,52
0,44
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Fração em volume de partículas grossas
Porosidade interna:
A porosidade interna das partículas também influencia na obtenção do empacotamento de
partículas. Oliveira et al. (2000) menciona que é necessário que se utilizem partículas densas, com a
menor porosidade possível. Isto posto, nos sistemas com cimento Portland, é possível que se faça
uma dopagem do material conforme Liborio (2004) transformando uma partícula com poros abertos
em um material denso, além de proporcionar uma textura superficial, tanto para as partículas porosas
quanto para as densas, que facilite a aderência entre as partículas, melhorando inclusive a zona de
interface entre os materiais, conforme se observa na Figura 2.7.
10
GERMAN, R.M. (1992). The role of particle packing density in powder injection molding. BROOKES, C.A.
Reviews on Powder Metallurgy and Physical Ceramics, v.5, p.81-110.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
34 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Efeito parede:
Esse efeito é pronunciado, e interfere no empacotamento, quando a relação entre o
tamanho de partículas for muito grande, ou seja, quando as partículas pequenas, em alta quantidade,
estiverem adjacentes aos agregados de grande tamanho e puderem ser considerados como
superfícies planas. Segundo Liborio (1990), nesse caso a porosidade nessa região será maior que
em outras regiões restantes do volume considerado. A Figura 2.8 demonstra que em regiões
próximas a armadura pode ocorrer o efeito parede das partículas de agregados com a barra de aço.
O efeito parede também pode ocorrer em regiões próximas à fôrma. Na Figura 2.9 (b) se
pode observar a tendência de ocorrer maiores vazios, na disposição aleatória das partículas de
diferentes tamanhos, em regiões adjacentes a superfície plana do recipiente.
Técnicas de compactação:
Os fatores que afetam o empacotamento apresentados até aqui dizem respeito às
características do sistema de partículas, no entanto, a maneira como essas partículas são colocadas
em suas devidas posições também interfere no empacotamento.
Para ilustrar esse conceito, imagina-se um sistema de partículas densas e esféricas, no qual
suas partículas sejam distribuídas em dois recipientes (iguais) de maneiras distintas:
a) as partículas dessa distribuição são subdivididas em suas monodispersões, formando
camadas sucessivas de partículas de um único diâmetro como na Figura 2.9 (a);
b) as partículas são depositadas aleatoriamente e o recipiente é submetido a vibração
possibilitando que as partículas se movimentem, atingindo assim suas posições de equilíbrio
no empacotamento como apresentado na Figura 2.9 (b).
Assim percebe-se que a mesma distribuição pode gerar empacotamentos distintos
dependendo da técnica de compactação empregada, pois no caso (b) as partículas menores ocupam
os espaços entre as partículas maiores, otimizando o empacotamento. A faixa azul representa a
redução do espaço ocupado pelas partículas no caso (a).
(a) (b)
Figura 2.9 – Comparação de modelos com mesma distribuição granulométrica e empacotamentos
distintos: (a) camadas monodispersas; (b) empacotamento aleatório submetido a vibração
(OLIVEIRA et al., 2000)
2.2.1. Definições:
A origem do nome desse tipo de revestimento está relacionada com o material utilizado em
sua fabricação, pois se utiliza um aglomerante hidráulico (cimento Portland) que adquire resistência
com a adição de água (hidratação do cimento), e disso decorre o nome de ladrilho “hidráulico”. A
Figura 2.10 apresenta alguns ladrilhos hidráulicos.
A NBR 9457:1986 define ladrilho hidráulico como placa de concreto de alta resistência ao
desgaste para acabamento de paredes e pisos internos e externos, contendo uma superfície com
textura lisa ou em relevo, colorido ou não, de formato quadrado, retangular ou outra forma geométrica
definida.
Segundo a NBR 9457:1986 o ladrilho hidráulico possui três partes:
• Face aparente: superfície do ladrilho pertencente à camada superior com textura lisa ou em
relevo, colorido ou não.
• Camada inferior: parte do ladrilho que contém a superfície destinada ao seu assentamento.
• Camada intermediária: parte do ladrilho que fica entre as camadas superiores e inferiores.
Além da NBR 9457:1986 que trata da especificação dos ladrilhos hidráulicos ainda existe
outras duas normas referentes a esse revestimento, a NBR 9458:1986 que se refere ao procedimento
de assentamento de ladrilhos hidráulicos, e a NBR 9459:1986 que padroniza formatos e dimensões
dos ladrilhos hidráulicos. Entretanto como a presente pesquisa tenta expandir a aplicação da
tecnologia dos concretos de alto desempenho para a produção de ladrilhos e revestimentos
hidráulicos não serão seguidas todas as especificações indicadas pelas normas, pois essas normas
não acompanharam o desenvolvimento tecnológico das argamassas e concretos de alto
desempenho, que podem trazer benefícios tanto para o produto como para o processo produtivo dos
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 37
ladrilhos hidráulicos. Mas mesmo assim as normas serão de grande valia para definir métodos de
avaliação e controle dos revestimentos produzidos.
2.2.2. Histórico:
A produção dos revestimentos se inicia com a escolha do molde onde serão depositadas
manualmente as porções de tinta, uma camada de cimento seco e outra de argamassa. O resto
lembra o ofício de uma quituteira: desfôrmar, deixar repousando, imergir em água, dispor em um
armário para “curtir”.
Quanto mais hábil e experiente o artesão, maior será a qualidade do ladrilho fabricado, pois
como os moldes são preenchidos com diferentes cores ainda frescas pode ocorrer a mistura das
cores nos diferentes, e muitas vezes estreitos, compartimentos do molde, desmanchando o desenho
elaborado, por isso também os revestimentos com desenhos mais elaborados apresentam maiores
custos (MACHADO, 2005).
Os desenhos dos ladrilhos são composições de tintas prensadas que ocupam metade da
espessura da peça e tem como base pó de mármore e outros pigmentos (óxidos de ferro), ilustrados
na Figura 2.16, os quais também compõem o rejunte.
As cores são colocadas no molde de forma a não se misturarem umas com as outras, há
casos em que os desenhos exigem que a tinta seja despejada gota a gota. A Figura 2.17 ilustra o
preparo das tintas.
O trabalho manual deixa moroso o feitio e exige profissionais ultra qualificados tanto na
produção quanto na aplicação do material. O assentamento precisa ser realizado com a argamassa
de assentamento (nivelamento) ainda mole, já que o processo manual não padroniza a altura das
placas, o que obriga o nivelamento. A instalação deve ser a última etapa da obra: depois de fixados,
os ladrilhos recebem uma camada de resina, só aplicada quando não há risco de poeira. O rejunte é
feito por um pequeno filete, de no máximo 1 milímetro de espessura, com a mesma composição da
tinta para evitar quebras no desenho (MEDEIROS, CAPPI e PALHAIS, 2003).
O ciclo para a produção dos revestimentos hidráulicos é de aproximadamente 20 dias,
tornando-o assim, um material artesanal. A produção atual dos ladrilhos hidráulicos apresenta as
seguintes características:
• Produção artesanal e manual peça a peça.
• Necessidade de profissionais ultra qualificados.
• Técnica baseada no empirismo com pouco cientificismo.
• Produção de peças personalizadas.
• Ocupação de grandes áreas para armazenagem das peças na produção.
• Secagem de maneira natural sem qualquer processo de aceleração de cura.
• Dispensa qualquer processo de queima.
• Baixa produtividade.
• Produção sob encomenda.
A seguir estão numeradas as etapas da produção e aplicação dos ladrilhos hidráulicos:
a) Escolha da forma e molde de ferro de acordo com o tipo de revestimento desejado.
b) Utilização de fôrma de ferro com molde para despejo da tinta.
c) Retirada do molde e a camada de tinta recebe uma porção de cimento seco que elimina o
excesso de água.
d) Colocação da camada de argamassa.
e) Prensagem do conjunto.
f) Desfôrma da peça.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
42 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uso da fôrma de ferro com Prensagem do conjunto Desfôrma das peças após
molde para despejar as após retirada do molde e prensagem com mesma
tintas e posterior colocação colocação de cimento seco intensidade com a tentativa
de cimento seco para e argamassa. de regularizar a espessura
eliminar excesso de água. das peças.
Repouso das peças por 12 Imersão dos ladrilhos em Nova secagem por quase
horas após retirada do água por cerca de 8 horas 20 dias após retirada dos
molde, etapa que ocupa boa após o repouso. tanques de imersão.
parte do espaço das
fábricas.
Figura 2.18 – Etapas do processo de fabricação dos ladrilhos hidráulicos
Também são produzidos ladrilhos hidráulicos sem figuras e desenhos, o que elimina a etapa
de montagem dos adornos no processo produtivo, por isso esses revestimentos hidráulicos possuem
preços menores. Na Figura 2.19 são apresentados ladrilhos produzidos artesanalmente com
diferentes desenhos e texturas.
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Composição granulométrica:
A determinação da composição granulométrica dos agregados foi realizada de acordo com
recomendações da NBR 7217:1987, utilizando peneiras que atendem a NBR 5734:1980 com
aberturas de 4,8 mm, 2,4 mm, 1,2 mm, 0,6 mm, 0,3 mm, 0,15 mm, 0,075 mm e 0,037 mm. A
dimensão máxima característica e o módulo de finura foram determinados utilizando a composição
granulométrica obtida. A dimensão máxima característica corresponde à abertura nominal, em
milímetros, da malha da peneira na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada
igual ou imediatamente inferior a 5 % em massa. O módulo de finura corresponde a soma das
porcentagens retidas acumuladas em massa do agregado, nas peneiras utilizadas, dividida por 100.
Massa específica:
Definida como a relação entre a massa do agregado seco em estufa e o volume igual do
sólido, a massa específica dos agregados foi determinada de acordo com a NBR 9776:1987, medindo
a massa do material seco em uma balança de resolução de 0,1 g e o volume determinado pelo
deslocamento de água no frasco de Chapman.
Número de angulosidade:
O conceito de angulosidade está relacionado com a norma inglesa BS 812:1975 Part 1. O
número de angulosidade corresponde à diferença da subtração entre 67 (porcentagem de volume
sólido do agregado mais arredondado) e a porcentagem de volume de sólidos em um recipiente
preenchido com agregado segundo um procedimento estabelecido. Quanto maior o número
(diferença entre as porcentagens de volume), mais anguloso é o agregado, sendo que o número de
angulosidade varia entre 0 e 11. Comparando-se agregados semelhantes com diferentes números de
angulosidade verifica-se que o teor de vazios diminui à medida que diminui o número de
angulosidade.
Modelo 1:
O Modelo 1 é o método indicado por Helene e Terzian (1992), que consiste na
determinação experimental da massa unitária no estado compactado seco (NBR 7810:1983) de
diferentes combinações de proporções dos dois componentes em que se deseja obter o melhor
empacotamento. A melhor proporção entre os componentes é aquela que apresentar a maior massa
unitária, pois representa a melhor condição de preenchimento dos vazios entre as partículas. É
possível determinar a melhor proporção entre dois componentes e em seguida fixar esta proporção
para compor com um terceiro componente e assim sucessivamente, desde que as composições
sigam a ordem decrescente das dimensões dos componentes.
Modelo 2:
Este modelo consiste em determinar a fração de cheios (Fch) de um componente através da
relação entre a massa unitária no estado compactado seco (γcomp.) e a massa específica (ρ), para em
seguida obter a fração de vazios (Fvz) ocupada pelo agregado e então determinar a quantidade de um
componente com partículas menores necessária para preencher os vazios entre as partículas do
componente inicial, relações indicadas por Bomfim (2005). Este modele permite compor dois
componentes e após a determinação da massa específica e da massa unitária no estado compactado
seco da mistura retornar ao início do processo e compor um terceiro componente e assim
sucessivamente, partindo do componente com partículas maiores para o componente com partículas
menores.
Modelo 3:
O Modelo 3 é o modelo de Alfred, descrito por Oliveira et al. (2000), que consiste em
estabelecer uma porcentagem acumulada de partículas (CPFT) menores que um determinado
diâmetro DP (diâmetro da partícula), de acordo com a equação a seguir:
D q − DS q
CPFT = P q × 100
D −D q
L S
onde: DL = diâmetro da maior partícula;
Ds = diâmetro da menor partícula;
q = módulo ou coeficiente de distribuição, que de acordo com Funk e Dinger (1993)11 apud
Oliveira et al (2000) assume o valor de 0,37 para os casos de máxima densidade de empacotamento.
11
FUNK, J.E.; DINGER, D.R. (1993). Particle packing, part IV: computer modeling of particle packing
phenomena. Interceram, v.42, n.3, p.150-152.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
48 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
A mistura dos materiais, assim como a medida de consistência em mesa cadente foi
realizada a temperatura de 25 ± 5 ºC e umidade ambiente.
A massa específica da argamassa fresca foi determinada de acordo com a NBR 9833:1987,
utilizando um recipiente de 3 dm3 e um vibrador de agulha. O recipiente foi cheio com argamassa
utilizando adensamento vibratório, e a massa medida após regularização de superfície. Através da
relação entre a massa de argamassa contida no recipiente e o volume do recipiente obteve-se a
massa específica da argamassa no estado fresco.
A retificação dos corpos-de-prova foi executada de acordo com a NBR 5738:1994, com o
intuito de promover a regularização de superfícies, consistindo na remoção de uma fina camada de
material da superfície a ser preparada, proporcionando uma superfície lisa e livre de ondulações e
abaulamentos, reduzindo concentração de tensões durantes os ensaios mecânicos. A diferença entre
corpo-de-prova retificado e não retificado está demonstrado na Figura 3.3.
Figura 3.3 – Corpos-de-prova com topo retificado (esquerda) e não retificado (direita)
Foi possível comprovar a validade dos ensaios de compressão axial simples através da
análise de ruptura dos corpos-de-prova, sendo a ruptura em forma cônica, apresentada na Figura 3.6,
a que representa a correta distribuição de tensões no corpo-de-prova durante as solicitações.
Foi possível comprovar a validade dos ensaios de compressão diametral através da análise
de ruptura dos corpos-de-prova, sendo a ruptura colunar no centro do corpo-de-prova, demonstrada
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
METODOLOGIA EXPERIMENTAL 53
na Figura 3.8, a que representa a correta atuação das cargas nos corpo-de-prova durante as
solicitações.
A base metálica possibilita uma rigidez adequada para moldagem, além de suportar um
grande número de ciclos de moldagem e permitir uma fácil desmoldagem depois da retirada das
cantoneiras laterais. O ângulo de 90 graus formado entre a chapa e a cantoneiras resulta em
revestimentos com cantos vivos como os porcelanatos com laterais retificadas comercialmente
encontrados atualmente. Para impedir a entrada de finos entre a chapa e as cantoneiras utilizou-se
um adesivo de silicone que garantiu a estanqueidade da fôrma. Utilizou-se também desmoldante
somente nas cantoneiras para impedir a aderência do aço com a argamassa.
Foram elaboradas fôrmas para produção de peças quadradas com dimensão de 20 cm e de
peças retangulares de 20 x 100 cm, ambas com possibilidades de 10 e 25 mm de espessura
possibilitada pela troca de cantoneiras com diferentes alturas. Essas possibilidades de dimensões e
espessuras são necessárias para moldagem de revestimentos de diferentes dimensões requeridas
para realização de diferentes tipos de ensaios.
A moldagem dos ladrilhos hidráulicos foi realizada com o auxílio de um vibrador de agulha
regularizando, espalhando e compactando a argamassa na fôrma conforme ilustra a Figura 3.12.
carregamento controlada e igual a 1,0 MPa/s. A Figura 3.14 mostra a prensa juntamente com o
dispositivo, utilizado para submeter as placas a flexão, ajustado no pórtico de altura regulável.
Tomou-se o cuidado de posicionar a parte acabada das peças para cima para simular a
solicitação dos ladrilhos hidráulicos após assentamento, também se pode observar na Figura 3.15 o
posicionamento de borrachas entre os apoios e a placa para possibilitar uma melhor transferência de
carga, distribuindo-as uniformemente e minimizando possíveis erros de ensaios ocasionados por
concentração de tensões.
A ruptura das placas no terço central mostrada na Figura 3.16 permitiu a validação dos
ensaios das placas de revestimento hidráulicos submetidos a flexão, pois esse tipo de ruptura
representa a correta solicitação das placas e confirma a ausência de falhas no processo de
moldagem.
Figura 3.16 – Ruptura no terço central dos ladrilhos hidráulicos solicitados à flexão
Para avaliar a resistência ao desgaste por abrasão dos ladrilhos hidráulicos utilizou-se a
NBR 12042:1992, o ensaio consiste em submeter corpos-de-prova da mesma amostra a desgaste em
disco giratório de material duro, alimentado com abrasivo (areia quartzosa), o desgaste é indicado
pela média da redução da espessura, em milímetros, de dois corpos-de-prova após um percurso
equivalente a 1000 m. O equipamento utilizado é a máquina Amsler, também chamada de Tribômetro
Amsler, apresentada na Figura 3.17.
com disco rotativo diamantado, de 500 mm de diâmetro, refrigerado por jato de água. A Figura 3.18
ilustra o processo de corte das peças utilizadas no ensaio de desgaste por abrasão.
Figura 3.18 – Corte de peça com serra policorte e disco rotativo diamantado (Ø 500 mm)
Após as medidas os dois corpos-de-prova foram colocados na máquina Amsler, onde ficam
dispostos diametralmente opostos, sob carga de 66 N em um disco de ferro fundido, com 2 m de
perímetro no centro dos corpos-de-prova. A Figura 3.20 apresenta a disposição dos corpos-de-prova
sobre o disco metálico durante o ensaio, além de detalhar um corpo-de-prova sendo solicitado à
abrasão.
O disco é alimentado com areia normal IPT 50 (areia quartzosa, passante na peneira de
malha quadrada com abertura de 0,6 mm e retida na peneira de malha quadrada com abertura de 0,3
mm) com vazão de 72 cm3/min e posto a girar com 30 rpm, enquanto os corpos-de-prova rotacionam
a 0,6 rpm em torno de seu próprio eixo perpendicular a superfície de contato.
Após o equivalente a 500 m e 1000 m de percurso, os corpos-de-prova foram limpos com
escova macia e sua espessura novamente registrada, nos mesmos quatro pontos, com o relógio
comparador. Após os 500 m iniciais os dois corpos-de-prova foram recolocados na máquina, com as
posições trocadas.
O desgaste em cada corpo-de-prova é determinado pela média dos desgastes nos quatro
pontos medidos (diferença entre a medida inicial de espessura e a medida após percurso de 1000 m),
e o desgaste dos revestimentos produzidos com argamassa clara e escura determinado pela média
dos desgastes dos dois corpos-de-prova ensaiados em cada idade.
O ensaio para determinação da absorção de água dos ladrilhos hidráulicos foi realizado
seguindo recomendações da NBR 9778:1987 e da NBR 13818:1997 (Anexo B). Inicialmente foram
moldados ladrilhos hidráulicos com dimensões de 20 x 20 cm e espessura de 10 mm, após a
desmoldagem as peças foram encaminhadas para cura por imersão, posicionadas verticalmente com
o nível de água de aproximadamente 5 cm acima das placas. Na data do ensaio as peças foram
retiradas da cura e após secagem de superfície com toalha absorvente foi determinada a massa
saturada com superfície seca de cada peça em balança com resolução de 0,01 % da massa da peça,
em seguida as peças foram encaminhas para a estufa e mantidas por 24 horas a temperatura de 60 ±
5 ºC onde atingiram constância de massa em pesagens com intervalo de 4 horas, então as peças
foram retiradas da estufa e após equilíbrio térmico (25 ± 5 ºC) foi determinada a massa seca de cada
peça na mesma balança utilizada na medida anterior.
A absorção de água em cada peça de ladrilho hidráulico foi determinada utilizando a
equações a seguir:
m1 − m 2
Abs = ⋅ 100
m2
O ensaio de retração por secagem foi realizado conjuntamente com o ensaio de absorção
de água medindo as peças de revestimentos hidráulicos saturadas com superfície seca, nas duas
direções com dimensões de 20 cm. O equipamento utilizado para medição foi uma torre eletrônica de
medição com resolução de 5 x 10-6 m sobre base plane, onde as peças de ladrilhos hidráulicos foram
apoiadas antes de serem medidas como se pode ver na Figura 3.21.
Como se buscava a determinação da variação de dimensão das peças por direção optou-se
por apoiar uma das faces e através de medidas pontuais na face oposta, determinar a variação nessa
direção. Então nas datas de ensaio foram marcados 3 pontos em cada direção, onde foram
realizadas 3 medições por ponto antes a após a secagem das peças, a variação das médias das três
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
METODOLOGIA EXPERIMENTAL 65
medições possibilitou determinação da retração por ponto, sendo a média das retrações dos 3 pontos
a retração naquela direção, e a média da retração nas 2 direções de 20 cm a retração de cada peça.
Apesar da dificuldade de medida de variações consideravelmente pequenas comparadas
com as dimensões das peças, as médias aritméticas de um grande número de medidas possibilitou a
determinação da retração por secagem dos ladrilhos hidráulicos.
Visando resultados de ensaios representativos à utilização desses revestimentos as peças
foram aquecidas somente até 60º C que simula a temperatura alcançada por esses revestimentos
expostos a insolação, também se tomou o cuidado em determinar primeiramente a massa e
dimensões da peça saturada, pois o aquecimento das peças pode simular uma cura térmica e alterar
as características do revestimento pela aceleração do processo de hidratação do cimento, por esse
mesmo motivo foram moldadas e ensaiadas diferentes peças para as idades de 3 e 28 dias, para o
aquecimento das peças durante a secagem na primeira idade não alterar as medidas de absorção e
retração por secagem na idade posterior.
A retração por secagem foi determinada utilizando a equações a seguir:
l 2 − l1
RS = ⋅ 100
l1
Como mostra a Figura 3.22 foi utilizada uma serra policorte com disco rotativo diamantado
de 110 mm de diâmetro e refrigeração por jato de água, para cortar peças de 20 x 20 cm e 10 mm de
espessura em peças menores de aproximadamente 10 x 10 cm.
Figura 3.22 – Corte de peça com serra policorte e disco rotativo diamantado (Ø 110 mm)
Na data dos ensaios as peças foram imersas verticalmente nas soluções definidas, contidas
por recipientes de vidro (Becker), onde permaneceram por 12 dias a uma profundidade de 25 ± 2 mm,
a temperatura de 25 ± 5 ºC. As análises visuais foram realizadas antes da imersão e após a retirada
das peças das soluções, mediante lavagem e permanência das peças a temperatura e umidade
ambiente por 24 horas.
Segundo a NBR 13818:1997 (Anexo H), para a classe de reagentes dos produtos químicos
domésticos, tendo o cloreto de amônia como agente agressivo, e dos produtos para tratamento de
água de piscina, tendo o hipoclorito de sódio como agente agressivo, este ensaio representa um
tempo previsto de ataque químico de 24 horas.
Antes da imersão das peças foi determinado o pH de cada solução utilizando papel
indicador de pH, a solução de cloreto de amônia apresentou pH 8, e a solução de hipoclorito de sódio
apresentou pH 7.
Foram submetidas à ação química e analisadas 3 peças por ensaio, sendo avaliados os
revestimentos produzidas com argamassas clara e escura nas duas idades de ensaio definidas (3 e
28 dias).
4. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
Este item contém as etapas do procedimento experimental realizado, que visa a produção e
avaliação de ladrilhos hidráulicos. Iniciou-se caracterizando os agregados e os demais materiais
empregados na pesquisa, em seguida é apresentado um estudo de dosagem com base no estudo de
empacotamento de partículas, e a caracterização das argamassas elaboradas. É apresentada
também uma avaliação completa dos revestimentos hidráulicos desenvolvidos, além de relatar alguns
testes práticos e o calculo do custo dos materiais que compõem esses revestimentos.
Como fator relevante para a escolha dos agregados além de ser utilizada a granulometria foi
levado em conta a disponibilidade comercial dos agregados na região da cidade de São Carlos, e a
morfologia das partículas que os compõem, pois agregados mais arredondados possuem menor área
superficial e supostamente necessitam de menos água para molhá-los, o que pode reduzir a
quantidade de água no produto final podendo aumentar a resistência mecânica e refinar a
porosidade.
Os ladrilhos hidráulicos por se tratar de um revestimento com pequena espessura,
comparado com revestimentos em que são empregados micro-concretos e argamassas, necessitam
de um maior refinamento no estudo granulométrico de seus agregados. Por essa razão na
distribuição granulométrica dos agregados selecionados, assim como na determinação do módulo de
finura e da dimensão máxima do agregado foram consideradas duas peneiras adicionais (0,075 mm e
0,037 mm) que não são comumente utilizadas no estudo de agregados (NBR 7217:1987) destinados
à argamassa e concretos.
Os agregados convencionais que serão utilizados neste estudo são:
• areia Itaporanga: areia quartzosa de cava retirada de uma jazida próxima a cidade de São
Carlos proveniente da mineradora Itaporanga;
• areia Descalvado: areia quartzosa proveniente de uma mineradora situada na cidade de
Descalvado na região de São Carlos.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
68 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
Areia Itaporanga:
A distribuição granulométrica e a curva granulométrica da areia Itaporanga estão
demonstradas na Tabela 4.1 e na Figura 4.1 respectivamente, constando também na Figura 4.1 os
limites granulométricos da areia muito fina (zona 1).
80%
Limites
60%
40%
20%
0%
0,037 0,075 0.15 0.3 0.6 1.2 2.4 4.8 6.3 9.5
Abertura das Peneiras (mm)
Pode-se considerar que a areia Itaporanga se enquadra na zona 1 (areia muito fina);
Demais resultados:
• módulo de finura = 3, 28 (NBR 7217:1987 considerando peneiras adicionais)
• dimensão máxima do agregado = 0,6 mm (NBR 7217:1987 considerando peneiras adicionais)
• massa específica = 2,63 kg/dm3 (NBR 9776:1987);
• massa unitária no estado solto = 1,47 kg/dm3 (NBR 7251:1982);
Areia Descalvado:
A distribuição granulométrica e a curva granulométrica da areia Descalvado estão
demonstradas na Tabela 4.2 e na Figura 4.2 respectivamente, constando também na Figura 4.2 os
limites granulométricos da areia muito fina (zona 1).
Limites
60%
40%
20%
0%
0,037 0,075 0.15 0.3 0.6 1.2 2.4 4.8 6.3 9.5
Abertura das Peneiras (mm)
A curva granulométrica da areia Descalvado fica abaixo da zona 1 (areia muito fina);
Demais resultados:
• módulo de finura = 2, 14 (NBR 7217:1987 considerando peneiras adicionais)
• dimensão máxima do agregado = 0,3 mm (NBR 7217:1987 considerando peneiras adicionais)
• massa específica = 2,63 kg/dm3 (NBR 9776:1987);
• massa unitária no estado solto = 1,38 kg/dm3 (NBR 7251:1982);
Areia Jundu:
O agregado denominado nesse trabalho de areia Jundu, se trata de um agregado bem mais
fino que os agregados geralmente utilizados na construção civil, é uma areia quartzosa
comercializada pela Mineração Jundu Ltda, que foi escolhida por apresentar partículas menores que
as partículas presentes nas demais areias utilizadas (Itaporanga e Descalvado). A areia Jundu foi
utilizada para melhorar o empacotamento das partículas do traço, melhorando a continuidade das
dimensões das partículas dos agregados com a dos aglomerantes, além de melhor preencher os
vazios existentes entre as partículas maiores de agregado e melhorar o acabamento superficial dos
ladrilhos, fator importante na produção de revestimentos.
Algumas características da areia Jundu estão a seguir, sendo sua composição química
apresentada na tabela seguinte:
• massa específica = 2,63 kg/dm3 (NBR 9776:1987);
• teor de material retido na malha 500 (abertura de 25 µm) = 0,7 %
• perda ao fogo = 0,08 %.
4.1.2. Cimento:
CPB 40 Estrutural:
O CPB 40 Estrutural, é um cimento Portland branco com classe de resistência de 40 MPa,
composto por clinque branco + sulfatos de cálcio (75 a 100 %) e calcário (0 a 25 %) segundo a NBR
12989:1993. Este cimento foi escolhido principalmente pela vantagem estética buscando vantagens
decorativas.
As informações técnicas do CPB 40 Estrutural, produzido e comercializado pela Votorantim
Cimentos estão expressas na Tabela 4.4.
Apesar de não denominado como alta resistência inicial (ARI) este cimento possui altas
resistências a poucas idades.
CP V ARI RS:
O CP V ARI RS é um cimento Portland de alta resistência inicial, composto por clinque +
sulfatos de cálcio (95 a 100 %) e calcário (0 a 5 %) segundo a NBR 5733:1991 e como é resistente a
sulfatos possui adição de escória segundo a NBR 5737:1992. Este cimento foi escolhido pela alta
resistência inicial e também por possuir escória em sua composição, pois a escória além de atribuir
resistência a sulfatos diminui o calor de hidratação comparado com o cimento ARI sem escória. Outro
fator importante na escolha do CP V ARI RS está relacionado a mistura produzida, pois nesse caso
tem-se a possibilidade de substituir a adição (escória) e usando o CP V ARI Plus como base adaptar
a mistura a resistir a outro agente agressivo, essa substituição de adição causaria menos alterações
no produto do que se fosse escolhido o cimento ARI sem adição e fosse necessário inserir adições.
As informações técnicas do CP V ARI RS, produzido e comercializado pela Holcim Brasil
S.A. estão expressas na Tabela 4.5.
4.1.3. Adição:
juntamente com o cimento CPB 40 Estrutural (branco) compondo uma mistura clara, e a sílica ativa
de ferro silício (SFS), que será utilizada juntamente com o cimento CP V ARI RS (acinzentado)
compondo uma mistura mais escura. Produzindo uma mistura clara e outra mais escura pretende-se
utilizar a mistura clara (CPB 40 + MB) para realçar a coloração dos pigmentos, principalmente os
mais claros, e combinar a mistura mais escura (CP V ARI RS + SFS) com pigmentos mais escuros ou
ainda elaborar outra tonalidade com os pigmentos mais claros.
Cabe ressaltar que esta escolha foi direcionada a realização da presente pesquisa,
entretanto os diversos tipos de adições podem propiciar muitas combinações com os cimentos
comercializados disponibilizando um grande número de possibilidades para diferentes tipos de
aplicações.
Metacaulinita:
A metacaulinita utilizada é produzida e comercializada pela Metacaulim do Brasil Ltda, cuja
composição química é apresentada na Tabela 4.6 e algumas de suas características estão a seguir:
• massa específica = 2,60 kg/dm3;
• área específica = 30.000 m2/kg (BET);
4.1.4. Aditivo:
ADVA Cast:
O aditivo superplastificante ADVA Cast é comercializado pela Grace Brasil Ltda, cujos
dados técnicos apresentam-se na Tabela 4.8.
GLENIUM 51:
O aditivo superplastificante GLENIUM 51 é comercializado pela MBT Brasil Indústria e
Comércio Ltda, cujos dados técnicos apresentam-se na Tabela 4.9.
4.1.5. Pigmento:
• Estado endurecido:
o alta durabilidade da coloração;
o melhora nas características de acabamento;
o realce na coloração.
O pigmento líquido RHEOCOLOR, de aspecto pastoso, tem como função principal a
coloração e como base química a dispersão de pigmentos inorgânicos (óxidos de ferro). Algumas
características e as cores disponíveis do produto estão apresentadas na Tabela 4.10.
As cores podem ser utilizadas para se criar um leque de opções de cores, desde as
descritas no catálogo de cores até as desenvolvidas in loco.
Modelo 1:
Para determinar a melhor proporção entre as areias Itaporanga e Descalvado,
estabeleceram-se diversas combinações de proporções com variação de 10 %, em seguida mediu-se
a massa unitária no estado seco (NBR 7810:1983) de cada combinação como indicado na Tabela
4.11.
Na Figura 4.3 pode-se observar a variação da massa unitária no estado compactado seco
de acordo com as diferentes combinações entre as areias Itaporanga e Descalvado.
1,700
1,690
Massa unitária
1,680
1,670
1,660
1,650
100/0 90/10 80/20 70/30 60/40 50/50
Composição de areias Itaporanga/Descalvado
Figura 4.3 – Variação da massa unitária nas diversas proporções entre as areias
No Modelo 1, de acordo com a Figura 4.3 pode-se concluir que a melhor proporção entre as
areias é a composta por 80 % de areia Itaporanga e 20 % de areia Descalvado, pois foi essa a
proporção que apresentou maior massa unitária no estado compactado seco (1,687 kg/dm3) e
consequentemente proporcionou um maior preenchimento dos vazios existentes entre as partículas
de agregado. Entretanto não se conhece o comportamento da massa unitária no intervalo entre as
diversas proporções, que se desejado poderia ser refinado principalmente no intervalo entre as
combinações 80/20 e 70/30 onde pode estar localizado o pico da curva.
Modelo 2:
Para determinar a proporção entre as areias Itaporanga e Descalvado pelo Modelo 2,
seguiu-se a marcha de cálculos a seguir:
• Determinação da fração de cheios Fch:
γ (Itaporanga)comp. 1,66
Fch = = = 0,631
ρItaporanga 2,63
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
78 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
• Determinação da massa de cada areia para ocupar um volume de V = 3 dm3 (fixado para
possibilitar o ensaio de determinação da massa unitária no estado compactado seco):
o areia Itaporanga: mItaporanga = γ (Itaporang a)comp. × V = 1,66 × 3 = 4,98 Kg
m Descalvado 1,76
o areia Itaporanga: × 100 = × 100 = 26 %
m total 6,74
Modelo 3:
Neste modelo foi determinada uma distribuição granulométrica utilizando a equação
proposta por Alfred com os diâmetros das partículas correspondentes aos diâmetros com quantidade
mais significativas no estudo da granulometria dos agregados selecionados, de forma a obter uma
curva granulométrica possível de ser montada utilizando os agregados selecionados, e compatível
com os outros modelos do estudo de empacotamento dos agregados. Na Tabela 4.12 encontra-se os
resultados da equação de Alfred com os parâmetros DL = 0,6 mm, DS = 0,037 mm e q = 0,37, assim
como a distribuição granulométrica.
Na Tabela 4.4 o valor das porcentagens por diâmetro da partícula (DP) não corresponde ao
valor por abertura das peneiras, pois para aplicar a equação corretamente, o diâmetro da partícula
equivale ao diâmetro que passa pela abertura da peneira e não o diâmetro das partículas que ficam
retidas na peneira, por isso os valores estão defasado de um diâmetro.
Após a determinação da distribuição granulométrica do Modelo 3 foram separadas as
partículas de acordo com o diâmetro das peneiras e em seguida misturadas nas proporções indicadas
na Tabela 4.12 para se obter um agregado com a distribuição granulométrica calculada, em seguida
foi realizado o ensaio para determinação da massa unitária no estado compactado seco que resultou
em 1,724 kg/dm3.
Tabela 4.13 – Valores da massa unitária no estado compactado seco (NBR 7810:1983)
Massa unitária no estado
Componente ou
compactado seco
composição
(kg/dm3)
Areia Itaporanga 1,660
Areia Descalvado 1,589
Composição Modelo 1 1,687
Composição Modelo 2 1,689
Distribuição Modelo 3 1,724
100%
90%
80%
% Retida Acumulada
70%
60%
50% Areia Itaporanga
Modelo 2 se após a determinação da massa unitária das proporções pré-definidas fosse refinada as
medições entre as proporções que alcançaram melhor resultado. Entretanto o Modelo 2 utilizando
cálculos e medições práticas apresentou a melhor composição com um menor numero de ensaios.
Portanto a proporção entre as areias Itaporanga e Descalvado adotada é de 74 % de areia Itaporanga
e 26 % de areia Descalvado obtida através do Modelo 2.
Analisando as curvas granulométricas da Figura 4.4 e os valores da massa unitária no
estado compactado seco da Tabela 4.13, percebe-se nitidamente a importância do estudo de
empacotamento dos agregados, pois as curvas granulométricas dos agregados estão nos extremos
das distribuições granulométricas das composições e apresentam valor da massa unitária (no estado
compactado seco) inferior aos das composições, portanto a composição das areias minimiza os
vazios existentes entre as partículas de agregado, aumentando a massa unitária no estado
compactado seco. Com a minimização dos vazios que seriam preenchidos com as partículas de
cimento (aglomerantes) ocorrerá a redução do consumo de aglomerantes no traço da argamassa que
será utilizada na produção dos revestimentos hidráulicos.
resistência a compressão axial simples das argamassas por ser um parâmetro de fácil medida e uma
das principais características das argamassas e concretos.
Nos traços variou-se apenas a composição dos agregados, fixando o restante das
variáveis para possibilitar a verificação do desempenho do novo empacotamento através da
comparação direta com o anterior. O traço 1:m (aglomerante:agregado) foi fixo em 1:2 utilizando 10 %
de sílica ativa de ferro silício em substituição volumétrica do cimento (CP V ARI RS) selecionado, a
relação água aglomerante utilizada foi 0,32 sem considerar a quantidade de água do aditivo
superplastificante ADVA Cast utilizado em 0,8 % referente a massa de aglomerante. Na Tabela 4.14
está indicada as características de cada traço assim como o resultado dos ensaios de compressão
axila simples realizados as idades de 3, 7 e 28 dias.
De acordo com os resultados dos ensaios mecânicos apresentados na Tabela 4.14 pode-se
concluir que a substituição de 10 % dos agregados (areias Itaporanga e Descalvado) pela areia
Jundu melhorou ainda mais o empacotamento da mistura, aumentando a resistência à compressão
simples da argamassa em aproximadamente 10 %. Além do aumento de resistência mecânica
também se pôde verificar, durante o processo de mistura dos materiais, a melhora da coesão da
argamassa sem perda significativa de consistência. Portanto será adotado o novo empacotamento,
composto por 67 % de areia Itaporanga, 23 % de areia Descalvado e 10 % de areia Jundu.
Tomou-se o cuidado em padronizar o tempo entre o contato dos aglomerantes com a água
e a medida de consistência (12 minutos), para garantir que o tempo de hidratação do cimento não
influa no desempenho do aditivo.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL 85
Cada ordem de mistura foi testada tanto utilizando aglomerantes claros (CPB 40 + MB),
quanto aglomerantes escuros (CP V ARI RS + SFS) com cada um dos dois aditivos pré-selecionados
(ADVA Cast e GLENIUM 51). Em ambas misturas (clara e escura) e com os dois aditivos utilizados, a
ordem de mistura que proporcionou o maior espalhamento em mesa cadente foi a ordem de mistura
1, proporcionando o melhor desempenho dos aditivos. Portanto a ordem de mistura adotada é a
ordem de mistura 1.
12
Informação fornecida por LIBORIO, J.B.L. em São Carlos/SP em junho de 2006.
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
86 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
35
30
Espalhamento (cm)
25
20
15
2,00%
10 2,25%
2,50%
5
0
5 10 15 20 25 30 35
Tempo (minutos)
Figura 4.5 – Espalhamento da mistura clara (CPB 40 + MB) com GLENIUM 51
35
30
Espalhamento (cm)
25
20
15 2,00%
2,25%
10
2,50%
5 2,30%
0
5 10 15 20 25 30 35
Tempo (minutos)
Figura 4.6 – Espalhamento da mistura clara (CPB 40 + MB) com ADVA Cast
Comparando os teores 2,00, 2,25 e 2,50 % de aditivo das Figuras 4.5 e 4.6 pode-se
observar, pelos espalhamentos atingidos, que o aditivo superplastificante ADVA Cast apresentou
melhor desempenho na mistura clara. Na Figura 4.5 o aumento do teor do aditivo superplastificante
LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL 87
35
30
Espalhamento (cm)
25
20
15
10 1,25%
1,50%
5 1,75%
0
5 10 15 20 25 30 35
Tempo (minutos)
Figura 4.7 – Espalhamento da mistura escura (CP V ARI RS + SFS) com GLENIUM 51
35
30
Espalhamento (cm)
25
20
15
1,25%
10 1,50%
1,75%
5
1,60%
0
5 10 15 20 25 30 35
Tempo (minutos)
Figura 4.8 – Espalhamento da mistura escura (CP V ARI RS + SFS) com ADVA Cast
Comparando os teores 1,25, 1,50 e 1,75 % de aditivo das Figuras 4.7 e 4.8, observa-se que
o aditivo GLENIUM 51 apresentou melhor desempenho no menor teor (1,25 %) e o aditivo ADVA Cast
apresentou melhor desempenho no maior teor (1,75 %). No teor intermediário (1,50 %) o aditivo
ADVA Cast se apresentou melhor na primeira medida (10 min), já na ultima medida (30 min) foi o
aditivo GLENIUM 51, igualando os espalhamentos aos 20 min. Para definir o aditivo compararam-se
os teores que proporcionaram medidas de consistência mais próximas à consistência desejada, deste
modo o aditivo que apresentou o melhor desempenho na argamassa escura, foi o aditivo
superplastificante ADVA Cast.
Na Figura 4.8 apresenta-se também os resultados das medidas de espalhamento em mesa
cadente da argamassa com teor igual a 1,60 %, que foi testado tentando obter o teor mínimo de
aditivo que apresente a consistência especificada.
Portanto na confecção da argamassa composta pelo cimento CP V ARI RS juntamente com
a Sílica de Ferro Silício, adotou-se o aditivo superplastificante ADVA Cast em 1,60 % da massa de
aglomerante, com relação água/aglomerante de 0,30.
Cabe ressaltar que os dois aditivos superplastificantes testados apresentaram bom
rendimento e que a avaliação aqui apresentada, de modo algum, representa que um aditivo é melhor
que o outro, pois a avaliação dos aditivos depende dos materiais selecionados e das características
desejadas.
Apesar do teor de aditivo ser maior que o geralmente utilizado na produção de concretos e
argamassa, deve-se levar em conta a aplicação final dessa argamassa, pois esses maiores teores de
aditivo não acarretam mudança significativa no custo final dos elementos de revestimento.
A necessidade do emprego de um maior teor de aditivo superplastificante na mistura clara
para atingir a mesma plasticidade da mistura escura, deve-se a maior área especifica dos
aglomerantes claros (CPB 40: 500 m2/kg; MB: 30000 m2/kg) em comparação com os aglomerantes
escuros (CP V ARI RS: 350 m2/kg; SFS: 20000 m2/kg), pois seria necessária uma maior quantidade
de água para “molhar” uma quantidade maior de superfície, mas como fixou-se a água foi necessário
mais aditivo.
Figura 4.9 – Elementos (30 x 8 x 3 cm) com argamassa clara com e sem pigmento
Já o pigmento mais escuro foi incorporado na mistura escura, pois nesse caso a coloração
do cimento não altera a coloração do pigmento, isso pode ser verificado na Figura 4.10 onde abaixo
se encontra um elemento moldado com a mistura escura sem pigmento e acima está um elemento
moldado com a mesma mistura com incorporação do pigmento 3987.
Figura 4.10 – Elementos (30 x 8 x 3 cm) com argamassa escura com e sem pigmento
O ensaio visual teve início na desmoldagem das peças, quando se verificou a coincidência
das peças com o molde, sem ocorrência de falhas de moldagem ou existência de argamassa
impregnada na fôrma após desmoldagem. A superfície aparente esperada foi alcançada
Na produção atual dos ladrilhos hidráulicos, para se obter ladrilhos com figuras, as
argamassas com diferentes pigmentos são misturadas ainda frescas com auxílio de moldes
metálicos, isso torna a produção artesanal, pois as peças devem ser feitas uma a uma, exigindo
profissionais ultra qualificados e tornando lenta a produção, que reflete no custo final do produto.
Uma alternativa para acelerar o processo produtivo desses revestimentos decorados, seria
utilizar peças em forma de desenhos ou figuras, previamente moldados com argamassa. A união de
argamassas de diferentes idades poderia minimizar o trabalho e possibilitar maiores alternativas na
produção de peças com figuras decorativas, além de propiciar a obtenção de efeitos inovadores.
Esse processo de junção de peças de diferentes idades é facilitado pela utilização de
adições aglomerantes, como é o caso da sílica ativa Fe-Si e da metacaulinita, e o conseqüente
tratamento da zona de interface possibilitado pelo efeito micro-filer e pela reação pozolânica. Fagury
(2002) demonstrou que a utilização de a sílica ativa Fe-Si possibilita o tratamento da zona de
interface permitindo que a ligação de um concreto de alto desempenho (novo) com um concreto
convencional (velho), seja mais resistente que o próprio concreto convencional.
Para verificar a possibilidade de junção de peças produzidas com a argamassa
desenvolvida nessa pesquisa, inicialmente moldaram-se elementos hidráulicos em fôrma plástica com
a argamassa clara e diferentes pigmentos, em seguida os elementos foram cortados com serra
policorte com disco rotativo diamantado, de 500 mm de diâmetro, refrigerado por jato de água e,
posicionados na fôrma ocupando metade do espaço, por fim a metade vazia das fôrmas foi
preenchida com argamassa clara composta com outros pigmentos para facilitar a análise da interface.
A Figura 4.11 apresenta as etapas do processo acima descrito.
Após moldagem e cura, as peças foram desmoldadas, quando foi possível comprovar a
possibilidade da junção dos elementos hidráulicos de diferentes idades, pois a interface entre a peça
velha e a nova apresentou-se regular e contínua sem qualquer irregularidade ou falha de moldagem.
A Figura 4.12 apresenta os elementos após a junção, demonstrando a boa qualidade da interface de
união.
Os ladrilhos hidráulicos são revestimentos moldados a frio que possuem toda a espessura,
ou parte dela, composta pelo mesmo material (argamassa), diferente da maioria dos revestimentos
cerâmicos que apresentam somente uma película esmaltada na superfície aparente. Essa
característica possibilita que esses revestimentos hidráulicos sejam recuperados após o desgaste da
superfície aparente.
Através da análise da superfície restaurada do ladrilho é possível dizer que a vida útil
desses revestimentos pode ser prolongada, utilizando um processo de polimento já difundido no
mercado. Processos semelhantes ao descrito são utilizados em pisos de madeira, em rochas
ornamentais e até mesmo em concretos polidos.
Portanto, quando os revestimentos hidráulicos chegam ao fim de sua vida útil, após um
grande tempo de utilização, eles podem ser recuperados sem qualquer perda de suas características
ornamentais e mecânicas, pois as características da argamassa são semelhantes em toda a
espessura do revestimento.
Para uma análise inicial do custo dos revestimentos desenvolvidos nesse estudo,
determinou-se o custo dos materiais que compõem os revestimentos produzidos com argamassa
clara e escura. Primeiramente determinou-se o custo de material por metro cúbico de cada
argamassa, em seguida considerou-se a espessura dos revestimentos igual a 10 mm para o cálculo
do custo de material por metro quadrado de cada tipo de revestimento.
Nessa análise inicial não foram consideradas as perdas de argamassa, o custo de fôrmas,
ou qualquer custo produtivo como mão-de-obra, maquinário, infra-estrutura ou impostos. Outro fator
que não foi considerado foi o custo de pigmentos, devido a grande variedade de combinações e
teores possíveis. Portanto foi determinado o custo dos revestimentos caracterizados, produzidos com
argamassa clara e escura.
Na Tabela 4.17 e na Tabela 4.18 que seguem, estão detalhados os materiais utilizados em
cada mistura, seus respectivos preços por unidade de venda e por Kg, o consumo e custo de cada
material por metro cúbico de argamassa e por metro quadrado de revestimento, além do custo total
de materiais por metro cúbico de argamassa e por metro quadrado de revestimento.
Apesar do custo por metro cúbico de argamassa ser maior que o custo de concretos ou
argamassa convencionais, ele não representa um custo elevado dos revestimentos devido a seu
emprego final e a sua espessura reduzida. Também cabe ressaltar que apesar do custo da
metacaulinita ser inferior ao da sílica ativa Fe-Si, o custo da argamassa clara é superior devido ao
maior custo do cimento Portland branco estrutural e sua maior representatividade no custo final da
argamassa.
5.1. Conclusões:
Inicialmente foi utilizado o ensaio de Kantro para medir o desempenho e determinar o teor
de aditivo superplastificante em cada mistura. O ensaio de Kantro consiste na realização de um
ensaio de abatimento com uma pequena quantidade de pasta de cimento em um minitronco de cone,
com o objetivo de analisar a variação de plasticidade da mistura em função do tempo, fixando-se a
água e variando o teor de aditivo. Entretanto, após a medida do desempenho dos aditivos com cada
composição de aglomerante e determinação dos respectivos pontos de saturação, verificou-se que os
teores de saturação encontrados eram insuficientes para proporcionar as plasticidades desejadas.
Então após muitos testes e execução de traços com a tentativa de obter maiores
plasticidades, percebeu-se que ao inserir os aditivos na mistura com agregados e aglomerantes, os
aditivos continuaram aumentando a plasticidade da mistura mesmo com teores de aditivo maiores
que os teores de saturação anteriormente determinados no ensaio de Kantro. Assim, optou-se por
medir o desempenho dos aditivos diretamente na medida de consistência da argamassa em mesa
cadente, possibilitando o conhecimento do comportamento do aditivo conjuntamente com o restante
dos materiais selecionados.
O ensaio de Kantro é um importante método de medida do comportamento dos aditivos,
apresentando-se eficaz quando aplicado a teores de aditivos mais comumente utilizados. Na presente
pesquisa este ensaio não possibilitou a medida correta do comportamento dos aditivos devido aos
maiores teores medidos, pois ao fixar a relação água/aglomerante, para realização do ensaio, não foi
possível analisar o maior intervalo de valores dos teores, ultrapassando o valor limite de medida
oferecido pelo ensaio.
Outras considerações importantes são apresentadas a seguir:
a) A utilização das adições e do aditivo conferiu uma alta coesão à argamassa que mesmo com
uma baixa relação água/aglomerante apresentou a plasticidade desejada. A incorporação de finos
como as adições, a areia Jundu e até mesmo os sólidos dos aditivos contribuíram para o bom
acabamento superficial obtido.
b) Comparando a resistência à compressão simples das misturas com CP V ARI RS e SFS
apresentadas nas Tabelas 4.14 e 4.15, pode-se observar que uma redução de 0,02 (0,32→0,30) na
relação água/aglomerante e um aumento no teor de aditivo (0,8→1,6) resultou em um grande
aumento de resistência (aproximadamente 10 MPa).
c) De acordo com os resultados dos ensaios mecânicos apresentados na Tabela 4.15, percebe-
se que a argamassa clara apresenta resistência mecânica inferior à argamassa escura, e levando em
conta o fato das cores dos pigmentos mais claros serem melhores realçados quando inseridos na
mistura clara, e que esses pigmentos necessitam de mais água de amassamento que os pigmentos
mais escuros devido a diferença no formato das partículas que os compõem, pode-se dizer que os
revestimentos mais claros apresentarão resistências inferiores aos revestimentos mais escuros.
d) A alta resistência mecânica alcançada, já nas primeiras idades de ensaio, pelas argamassas
caracterizadas, além de indicar o refinamento da porosidade da argamassa, pode possibilitar a
desmoldagem rápida dos revestimentos, acelerando o processo de fabricação e permitindo o maior
reuso das fôrmas.
e) A utilização de um processo de cura térmica poderia acelerar o processo de hidratação do
cimento e reação das adições que compõem as argamassas, possibilitando a desmoldagem ainda
mais rápida (horas) dos revestimentos, beneficiando a produção em escala industrial.
f) Os pigmentos utilizados dispersaram-se rapidamente na mistura, proporcionando uma boa
homogeneidade da mesma no estado fresco, além de alcançar tons bem próximos aos indicados no
catalogo das dispersões de pigmentos selecionados.
g) A implementação de fibras (metálicas ou não metálicas) nas argamassas desenvolvidas
poderia aumentar consideravelmente a resistência à flexão dos revestimentos hidráulicos,
possibilitando seu emprego a aplicações específicas. Mediante aumento da espessura e emprego de
armadura seria possível utilizar esses revestimentos como pisos elevados.
h) Uma solução para aumentar a resistência dos revestimentos ao desgaste por abrasão seria
utilizar agregados maiores na produção das argamassas (concreto), pois como o desgaste por
abrasão em rochas como o granito é inferior a 1 mm, a utilização de agregados de rochas com esta
resistência aumentaria consideravelmente a resistência ao desgaste da argamassa (concreto).
Entretanto além da NBR 9457:1986 limitar os agregados a granulometria correspondente a peneira
da ABNT nº 14, praticamente a dimensão das maiores partículas das areias convencionais
selecionadas na pesquisa, a utilização de agregados maiores poderia deixá-los aparente após
moldagem ou desgaste, prejudicando as características ornamentais dos ladrilhos hidráulicos, e
inviabilizar o processo de restauração proposto.
i) A implementação de agregados graúdos na argamassa elaborada, produzindo concretos ou
micro-concretos, possibilita produção de pavimentos.
j) No ensaio de ação químico tentou-se determinar a perda de massa por ataque químico,
entretanto não foi possível avaliar esse parâmetro pelo ganho de massa das argamassas durante o
processo de hidratação, verificado em corpos-de-prova de referência mantidos em cura por imersão
no mesmo período de ação química. Esse ganho de massa das argamassas durante o processo de
hidratação, diminui os vazios da mistura, refinando a porosidade e diminuindo a absorção de água,
como verificado nos ensaios de absorção de água realizados em diferentes idades.
k) Os revestimentos hidráulicos, produzidos com a argamassa de alto desempenho elaborada,
com 10 mm de espessura mostraram-se suficientes para atender as necessidades práticas, não
sendo necessária espessura de 20 mm como especificada pela NBR 9457:1986.
l) Pela análise do estudo inicial de custo de material dos revestimentos, pode-se dizer que os
revestimentos desenvolvidos apresentam potencialidade de competitividade no mercado,
principalmente se forem levados em conta o desempenho obtido como fator de durabilidade e
economia de manutenção.
m) Apesar dos revestimentos constituídos de argamassa produzida com CP V ARI RS
apresentaram menor custo, são os revestimentos constituídos de argamassa produzida com CPB 40
Estrutural que apresentam maior procura no mercado, devido ao realce da coloração. Entretanto os
revestimentos produzidos com argamassa escura podem ser destinados a ambientes com maiores
áreas ou a aplicações onde o fator decorativo não é predominante entre as características
especificadas.
n) Pigmentos mais caros, que não são empregados nos concretos pela inviabilidade econômica
devido ao alto uso de material, podem ser empregados nesses revestimentos hidráulicos, pois devido
a sua reduzida espessura tornam os pigmentos menos significativos no custo final do produto,
aumentando ainda mais a variedade de cores.
o) Levando em conta o processo utilizado na moldagem dos revestimentos hidráulicos
estudados, pode-se dizer que é possível estabelecer um processo de produção em escala industrial
utilizando maquinário específico para automação da produção.
p) Os revestimentos hidráulicos podem ser produzidos por moldagem ou prensagem, como as
argamassas neste estudo foram desenvolvidas para atender a fluidez necessária para uma boa
condição de moldagem, é possível reduzir a relação água/aglomerante das argamassas se os
revestimentos forem produzidos por prensagem, e assim melhorar ainda mais as características dos
revestimentos.
q) Para correta avaliação e controle de qualidade dos ladrilhos hidráulicos é de fundamental
importância a atualização das referentes normas, e detalhamento de métodos de ensaio específicos,
pois alguns métodos de avaliação para revestimentos cerâmicos e rochas ornamentais não
possibilitam uma boa avaliação dos revestimentos hidráulicos.
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LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO
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