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 17/11/2020 - Língua Inglesa

Afinal, o que é língua franca?


ILF ou ELF

O termo ‘inglês como língua franca’, representado pelo acrônimo


ILF ou em inglês ELF (English as a lingua franca), refere-se à
ideia de que a língua inglesa hoje é mais utilizada em situações
que envolvem falantes não nativos de inglês do que em
situações em que nativos se comunicam. Ou seja, ela não
pertence àquela comunidade de falantes específica, nem à corte
inglesa. Ela é franca, neutra, pertence a quem dela fizer uso. A
BNCC, documento oficial que estabelece habilidades e
competências a serem desenvolvidas na educação básica,
enfatiza a importância de se esclarecer aos alunos essa
característica do inglês como língua franca.

Língua franca, ensino e identidade

Para o professor de língua inglesa é essencial perceber que a


língua é social, que ela revela muito da cultura e dos costumes
de cada região em que é falada. A língua revela a identidade de
um povo. Ao falar, a pessoa revela de onde vem, país, classe
social, cultura, estudo, gênero, profissão. À medida em que cada
um se expressa, muitas características típicas da sua cultura
são reveladas: comportamentos, gestos, sotaques, escolhas de
palavras, todos são fatores reveladores. Se a língua é parte da
identidade, essa identidade no contato com uma cultura
estrangeira é reafirmada, repensada e reconstruída. Por isso é
fundamental perceber a importância do uso e do ensino da
língua inglesa como língua franca. O professor ensina uma
língua com a qual o aluno irá se comunicar tanto para falar com
falantes nativos como para falar com estrangeiros. É
comprovado que hoje a língua inglesa apresenta mais falantes
não-nativos do que nativos.

Inglês internacional, global ou mundial

H. Douglas Brown há alguns anos utilizou a expressão


International English para falar dessa característica de língua a
ser utilizada além das fronteiras de onde é falada por
nativos. World English é o termo que Ragajopalan adotou para
explicar a condição da língua inglesa como língua internacional,
que não pertence a nenhuma nação. Segundo esse autor, a
língua inglesa deixou de ser monopólio dessa ou daquela nação,
ela pertence a quem dela fizer uso. Da mesma forma, David
Crystal utiliza o termo Global English para explicar o fato de que
essa língua é falada em todo o globo. Todos os três autores, que
sao referências para formaçao de professores e estudos de
metodologia de língua inglesa, discorrem sobre esse aspecto da
língua inglesa, o de ser falada no mundo todo por diferentes
comunidades que precisam se comunicar, buscando uma
neutralidade de sotaques e gírias para que falantes não nativos
cheguem a um denominador comum para a comunicação.
Preparar os alunos para enfrentar essa realidade é fundamental.
Lembrar que não existe um único código, uma única maneira de
falar inglês, um único sotaque a ser considerado o correto, é
essencial.

Qual a variante correta de língua inglesa para o ensino?

Respeitar as diferentes variantes e características culturais é


fundamental para a comunicação. Ao considerar a aprendizagem
de língua materna, parece natural que existam variações, pois
somos um país rico em características singulares que definem
cada cultura local e cada variante linguística. Diferenciamos
naturalmente um gaúcho de um mineiro ou de um carioca. Na
língua estrangeira, especialmente o inglês, essa variação
carrega uma amplitude ainda maior, dado o número de falantes
nativos e não nativos que existem hoje. Sendo assim, nao existe
a variante correta para ensinar em sala de aula, como em
qualquer outra língua, mesmo a nossa língua portuguesa, não
existe o sotaque perfeito ou o mais correto. Existem variantes
que decorrem do ambiente, da cidade, da cultura, do contexto.
Mas nenhuma variante está errada em sua pronúncia ou escolha
vocabular.

Nas palavras de Falcão,

“É, então, fundamental que o professor compreenda essa


relevância e repasse para o aluno a ideia de que não existe a
variante ‘certa’ ou ‘errada’, e que não se deve aprender apenas
esta ou aquela variação por ser mais popular, ou menos
transmitida pelas mídias sociais.”

Carvalho explica e aconselha:

“A meu ver, esse preconceito em torno das diversidades da


língua resulta, em parte, do contato inicial do estudante com o
seu instrutor, seja qual for sua tendência linguística. Empatia,
segurança, prestatividade e até mesmo um bom timbre de voz
influenciam na compreensão, por isso é comum estranhar a
pronúncia de um falante que não tenha todas essas qualidades.
Desvincule-se de todo preconceito e vício. Não entre nessa de
ficar escolhendo com quem gostaria de conversar ou o que
ouvir. Na época em que vivemos, marcada pela globalização
econômica e cultural, devemos estar preparados para falar (e
ouvir) o mundo.”
Somos seres únicos, cheios de singularidades

É importante considerar que cada um de nós possui uma


singularidade riquíssima de valores e vivências. E ao nos
comunicarmos com outras pessoas, estrangeiros ou não,
estamos entrando em contato com essa ampla gama de
características, crenças, valores, histórias que vêm junto com a
fala, no ato da comunicação. Utilizar uma língua internacional é
importante para acessar e entrar em contato com o mundo todo,
mas lembrar que essas singularidades estão presentes e devem
ser respeitadas é fundamental na comunicação por meio da
língua inglesa. Como afirma Morin, “A humanidade é ao mesmo
tempo una e múltipla. Sua riqueza está na diversidade das
culturas, mas podemos e devemos nos comunicar dentro da
mesma identidade terrestre.” Pertencemos ao mesmo planeta e
podemos nos comunicar com o mundo todo por meio dessa
língua franca, o inglês, basta que respeitemos e estejamos
abertos para compreender toda a bagagem riquíssima que
acompanha o contato com o outro.

CARVALHO, Ulysses Britânico ou Americano, qual dos dois devo


estudar? Disponível em: http://www.teclasap.com.br/britanico-
ou-americano/ Acesso em 19/09/2017.

FALCÃO, Cristiane Vieira; DA SILVA, Ewerton Felix. AS


VARIANTES DA LÍNGUA INGLESA EM SALA DE AULA: UMA
ABORDAGEM DIDÁTICO-PEDAGÓGICA. Disponível em
http://www.editorarealize.com.br/revistas/eniduepb/trabalhos/Modalid
Acesso em 19/09/2017

GIMENEZ, T.; CALVO, L. C. S.; EL KADRI, M. S. et al. (2015). Inglês


como língua franca: desenvolvimentos recentes. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n3/1984-6398-rbla-15-03-
00593.pdf> Acesso em: 20 de abril de 2020.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do


Futuro. 3.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO,2001.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. O inglês como língua internacional na


prática docente. In: LIMA, Diógenes Cândido de. (org.) Ensino e
aprendizagem de Língua Inglesa – conversas com especialistas.
São Paulo: Parábola Editoria, 2009.

RITCHIE, Harry. It’s time to challenge the notion that there is


only one way to speak English. Disponível em:
https://www.theguardian.com/books/2013/dec/31/one-way-
speak-english-standard-spoken-british-linguistics-chomsky

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