Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Proteção e Obediência

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 123

lr,Ç®a®

6a` pü_¥`_-
F%fibffiL¥íà
ÍNDICE üüHuüÉ

Nota sobre a inoeda brasileira


Agradecimentos

Parte I
CENÁRIO E ORIGENS

Introdução
1. 0 panorama social da casa e da rua .........................

Parte 11
0 MUNDO DAS CRIADAS

2. O trabalho
3. Vidas privadas em lugares públicos ..........................

Parte 111
0 MUNDO DOS PATRÕES

4. Os patrões
5. Contágio e controle

Pós-escrito

Bibliografia
Ilustrações e mapas
Índice remissivo
NcmA sOBRE A MOEDA BRASILEIRA

Durante o século xix e parte do século xx, a moeda brasileira era o


mil-réis, grafado 1$000. 0 conto, correspondente a mil mil-réis, era grafa-
do 1:000$000. Entre 1860 e 1910, a cotação do mil-réis relativa à moeda
americana variou de 0,55 dólar no ponto mais alto (1863 e 1875) a 0,15 dó-
lar no ponto mais baixo (1898 e 1899); em 1910, o mil-réis valia 0,33 dólar.
AGRADEC[MENr]oS

Além de todas as outras coisas que um livro é e faz, ele celebra


aqueles que participaram de sua feitura. Em primeiro plano, o livro
homenageia os amigos e colegas que, pelo desejo de compreender
e penetrar seu sentido, aprovaram, sustentaram e encorajaram meus
esforços. Provavelmente, eu nunca me teria disposto a este projeto
se Amelia Humphries não me houvesse revelado, há muito tempo,
os prazeres e tormentos da leitura real de um texto. Mais recente-
mente, algumas conversas, às vezes breves, casuais ou aparentemente
voltadas para outros assuntos, com colegas historiadores do Mount
Holyoke College tornaram o ensino e a pesquisa em história uma
aventura ainda mais empolgante e arriscada. Penso em Eugenia Her-
bert, William MCFeely e Harold Garrett-Goodyear, que leram e co-
mentaram as primeiras versões. Graças às críticas oportunas e per-
ceptivas de Daphne Patai, muito aprendi e disso me beneficiei. Por
muitos anos, Inga Clendinnen se mostrou receptiva a cada fase des-
te livro com rara generosidade e discernimento. Sua influência en-
tremeia-se nestas páginas.
Para mim, nenhum aspecto do ofício do historiador confere pra-
zer mais profundo que a pesquisa, essa tentativa de recolher os frag-
mentos de um mundo passado, por meio de registros frágeis e in-
completos, porém surpreendentemente ricos e absorventes. Os fun-
cionários dos arquivos e bibliotecas do Rio de Janeiro ajudaram-
me repetidas vezes, tornando acessíveis os registros disponíveis. No
Arquivo Nacional, contei com os conhecimentos de Eliseu de Araú-
jo Lima, no que toca à organização e ao conteúdo do arquivo, e
com Rogério Másala Araújo, por sua paciência e persistência em
localizar material judiciário. No lnstituto Brasileiro de Geografia
e Estatística, Ada Maria Coarcy e Hespéria Zuma de Rosso torna-

/,
ram exeqüível a microfilmagem das listas manuscritas do censo de
1870 da freguesia de São Cristóvão. Robert Slenes, generosamente,
concedeu tempo de sua própria pesquisa para produzir microfilmes
daqueles registros. 0 Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
provou ser de inestimável valor, com suas extensivas coleções de ma-
nuscritos e iconografia. Os bibliotecários do lnstituto Histórico e
Geográfico Brasileiro atenderam sempre de forma cordial e presta-
tiva a meus pedidos. Sem ater-se a favores especiais mas, simples- Parte I
mente, no curso de seu trabalho diário, os bibliotecários e arquivis-
tas brasileiros tornaram o meu um trabalho produtivo e agradável. CENÁRIO E ORIGENS
Gilberto Ferrez conhece meu encanto em passar horas exami-
nando as primorosas fotografias de sua coleção e conversando so-
bre a cidade do Rio de Janeiro, que ambos procuramos, cada qual
a seu modo, revelar. As imagens colhidas que essas fotografias deli-
neiam permanecem vívidas, concorrendo para tornar concreta a ci-
dade de cem anos atrás. A José Sebastião Witter, ex-diretor do Ar-
quivo do Estado de São Paulo, ofereço calorosos agradecimentos
por tornar acessíveis edições essenciais dos códigos legais. Embo-
ra empenhados em suas próprias buscas, os colegas pesquisadores
Joseph Sweigart e Roderick Barman lembraram-se de passar-me des-
cobertas seletas pertinentes a meus interesses. Quanto ao diário par-
ticular que pude utilizar, agradeço a Guilherme P. Neves.
Uma bolsa de estudos da Fulbright-Hays concedida pelo Mi-
nistério de Educação dos Estados Unidos e uma outra outorgada
pela Organização dos Estados Americanos financiaram a pesquisa
no Brasil. A University of Texas forneceu condições para o proces-
samento de dados no computador. Um subsídio para pesquisa do
Mount Holyoke College permitiu-me completar a versão final.
Por último e em especial, este livro celebra as horas de traba-
lho partilhadas com Richard Graham.

Austin, Texas, 1987

Sandra Lauderdale Graham

2
INTRODUÇÃO

Este livro não trata somente das mulheres livres e escravas que
trabalhavam como criadas domésticas no Rio de Janeiro entre 1860
c 1910. Meu interesse inicial era resgatar as experiências das criadas
cm seu trabalho e em sua vida privada e vê-las como eram vistas
por seus patrões e como eles reagiam a elas. Por isso, as ações ex-
pressas em suas vidas e os significados que essas ações desvendam
-as ` `teias de significação" , na frase de Clifford Geertz -condu-
ziram rapidamente aos múltiplos e amplos contextos em que as cria-
das situavam suas vidas.t Este livro, portanto, além de examinar o
irabalho, os locais de trabalho e as relações das criadas com seus
r)atrões, trata também, em grande parte, da vida dos trabalhadores
pobres nos cortiços, da própria cidade e das transformações na vi-
da doméstica urbana. Ser uma criada significava sobretudo viver pro-
ximamente a um amo ou senhor; assim, compreender suas vidas re-
qiicr consideração dos pressupostos culturais que viabilizavam a vi-
cla doméstica cotidiana. As criadas atendiam às exigências de traba-
llio e obediência e, em troca, recebiam proteção. De sua parte, os
ici`hores as proviam nas necessidades diárias, cuidando delas quan-
do estavam doentes e proporcionando uma infinidade de favores ar-
hitrários que tornava concreto seu papel de patrões.
0 poder exercido pelos senhores sobre os dependentes no do-
iii(iiio da fami'lia e dos agregados da casa era privado e pessoal. Os
(lcpcndentes não podiam apelar para nenhuma instituição pública
em ,`ua defesa para contrabalançar o peso do poder privado ou tem-
Í}crar as decisões pessoais dos senhores. Ao contrário, o exercício
(lc *cu poder individual era corroborado pelas tradições da lei por-
i iiguesa e da eclesiástica, reforçadas pelas práticas locais de escravi-
(mt). No século xix, nenhuma instituição pública, fosse religiosa fos-

j
se civil, tomava o lugar de um patrono doméstico ou privado: não
havia, por exemplo, nenhum equivalente brasileiro das Poor L¢ws total de trabalhadores e cerca de 8% dos trabalhadores livres. Em
inglesas administradas pelas paróquias. A lgreja podia oferecer ca- 1906, eles chegavam a representar 6% do total de homens emprega-
ridade ou abrigo, mas apenas a uns poucos escolhidos - por exem- dos.3 No entanto, não os inclui'. Escolhi, em vez disso, as criadas,

plo, aqueles com permissão a pedir esmola -, nunca em extensão que ilustram com especial clareza outro lado do dilema que confron-
tava os chefes de família. Embora dependentes dos criados, eles os
e quantidade para todos os numerosos necessitados. No Brasil, ne-
nhum código legal regulava, em princípio, as relações entre senho-
encaravam com a mesma suspeição com que julgavam pobres e ne-
res e escravos. A lei e o costume, seja expressos formalmente ou in- gros em geral. Trazer "estranhos" para seus lares implicava risco.
terpretados informalmente, se articulavam para elevar a vontade do E, dentre os criados da casa, as mulheres representavam o maior
senhor à condição de autoridade suprema na unidade social brasi- risco, pois normalmente desempenhavam os papéis mais pessoais do
leira básica: a casa-família.2 Serviço doméstico. Consideravam-se as amas-de-leite - a quem os
Apesar das desigualdades firmemente estabelecidas, uma vida Patrões confiavam a vida e o bem-estar de seus filhos - passíveis
doméstica compartilhada impunha inevitáveis intimidades. Criados de infectá-los com doenças assustadoras. As amas-de-leite eram vistas
e senhores tinham de viver na presença constante uns dos outros, Como exemplos alarmantes do dilema que todos os criados repre-
reproduzindo na rotina diária as complexas e incontáveis permutas Sentavam. Devido ao lugar íntimo e, por isso mesmo, incongruente
simbólicas que os associavam. Os senhores dificilmente poderiam das criadas na vida da casa, a forma com que eram vistas e se lhes
evitar que os criados testemunhassem de perto os hábitos e aconte- reagia revela e destaca os padrões culturais que configuravam a vi-
da doméstica. Os esforços das criadas para manter certo grau de in-
cimentos privados da vida da familia. Nem tampouco os criados po-
deriam ocultar dos senhores suas idiossincrasias e preocupações. A dependência e privacidade, para além do controle ou da alçada do
familiaridade e suas necessárias conciliações ameaçavam solapar as Senhor, ainda que reconstituídos por indi'cios fragmentários, p'ermi-
diferenças tão zelosamente definidas dessas relações. São essas in- tem-nos rastrear aqueles padrões com mais precisão. Por serem mu-
terações, e os contínuos processos de ajustamento nas relações do- lheres na situação de criadas domésticas, arcavam com trabalhos ex-
mésticas, que procuro investigar. tras e com fardos e restrições que os homens não precisavam supor-
tar. Por essas razões, as mulheres são o assunto deste livro.
As imagens contrastantes da casa e da rua marcavam todos os
contextos da vida doméstica. Ali se situavam as pessoas da época A maioria das mulheres trabalhava, não apenas as escravas mas
e, daquele ponto espacial, interpretavam as ações e encontros coti- também as livres. Em 1870, um censo estimou em 63% o número de
dianos. A casa significava um domínio seguro e estável. À rua per-
mulheres livres engajadas em alguma ocupação remunerada, tal qual
tenciam as alianças incertas ou temporárias, nas quais a identidade 88q7o das escravas (tabela 1), sugerindo uma grande abundância de
mão-de-obra feminina disponi'vel na cidade. Em 1906, quase meta-
não podia ser presumida mas tinha de ser estabelecida. A rua era
de de todas as mulheres em idade de trabalho se declarara empregada.
um lugar suspeito, imprevisível, sujo e perigoso. Embora essas ca-
tegorias fossem reconhecidas por senhores e criados, os significa- Suas ocupações eram, na esmagadora maioria, subalternas. As
dos convencionais podiam ser revertidos ou se tornar ambíguos: para POucas mulheres em 1872 com trabalhos ``profissionais" inclui'am
as parteiras, freiras, professoras ou as que exerciam um ofício. Di-
os criados, a casa podia ser um local de injustiça, punição ou traba-
lho excessivo, enquanto a rua podia ser procurada como um local reito, medicina e serviço público estavam fechados a elas. Um pe-
de maior liberdade. Já os senhores enfrentavam os riscos inescapá- queno número disperso de mulheres ocupava-se do comércio, pro-
VaLvelmente como vendedoras na rua ou no mercado. Preferiam-se
veis de trazer criados desordeiros para os espaços ordenados da casa.
Excluí os criados deste estudo em parte por motivos práticos,
homens ou meninos para balconistas e caixas, embora umas poucas
mas também devido a considerações a respeito da natureza do tra- mulheres estrangeiras fossem proprietárias de lojas de confecção.
balho doméstico. Os homens constituíam aproximadamente um Um pouco mais comum eram as mulheres que trabalhavam na ma-
nufatura têxtil ou de vestuário, algumas em curtumes e indústrias
quarto de todos os criados do Rio de Janeiro em 1872. Os que tra-
balhavam em serviços domésticos compreendiam cerca de 15% do
de chapéu, outras em fábricas de botas e sapatos.4 Mas a maioria
das mulheres que trabalhava estava empregada como doméstica.

6
7
Durante a década de 1870, estima-se que entre 61 % e 65% das mu-
iiiimivii t:i`ciiii`r mais que o esboço de uma vida, raramente o detalhe
lheres trabalhadoras livres eram Servidoras domésticas, e, junto com
iiii ii iiii:iitcc. Uma escrava podia inclusive viver fora da jurisdição
cerca de 87q7o a 90% das escravas, as criadas compreendiam 71%
tlt` .`i`ii iimo, empregar-se como mão-de-obra e pagar uma soma fixa
de todas as mulheres trabalhadoras (tabela 2). Em 1870 e 1872, as
ii «`ii iii.t)i)rictário, guardando para si o que sobrasse, a fim de com-
criadas representavam cerca de 15% do total da população das fre-
iiiiH. i`timida e pagar o aluguel de um cômodo. Ou, ainda, uma es-
guesias urbanas do Rio de Janeiro. Em 1906, sua proporção na po- `'i nwi. ii`ndo sido por muito tempo a criada de uma só fami'lia, po-
pulação declinara levemente, Para cerca de 13% ; representando, po- tllii .`i.i. tríitada com afeição e respeito e recompensada com a liber-
rém, 76% das mulheres que trabalhavam, ainda constitui'am o maior
tlit(lc, ci`quanto uma mulher livre, com o direito de partir quando
grupo ocupacional. Podemos entender, então, o Rio de Janeiro co- iiiilw,`*i`, podia ser vista com desconfiança e receber pouca estima.
mo uma cidade onde, em 1870, 34 mil mulheres escravas e livres se
Nii n`i.(li(la em que as criadas trabalhavam e viviam sob condições
empregavam no serviço doméstico, e onde, em 1906, mais de 77 mil
hliiilliii.i```, havia pouco com que distinguir as mulheres livres das es-
mulheres trabalhavam como Criadas.5 A presença das criadas na vi-
i'i nvii`: tiuiilquer criada podia ser submetida por longo peri'odo a tra-
da diária da cidade era maciça.
ltiill`tt i`x:iii.qtivo, alojamentos úmidos, dieta inadequada ou doen-
0 âmbito de trabalho que Chamo doméstico inclui, em um ex-
\'m tiui` i`íii.á`cterizavam comumente a vida do trabalhador pobre. 0
tremo, as mucamas e amas-de-leite e, no outro, as carregadoras de
i'ii ii(ltt tl!i* criadas brasileiras demonstra que a situação de mulheres
água ocasionais, as lavadeiras e costureiras. Até mesmo as mulhe-
ti.iici.Íl'ii`:ii i`onfunde as categorias simplistas de escrava ou livre.6
res que vendiam frutas, verduras ou doces na ruà eram geraimente
Nt} i`iiini`nho de reconstituir as vidas das criadas, resisti à idéia
escravas que, com freqüência, desdobravam-se também em criadas
ilr i`i tii`iii.:`i. l`ii/.er uma montagem de características pessoais ou cons-
da casa durante parte do dia. A meio caminho estavam as cozinhei-
ii Hli ii l)it`gi.í`Í`ia da criada típica. Em vez disso, prefiro identificar
ras, copeiras e arrumadeiras. 0 que as distinguia não era apenas o
t`t'i iii` iiiull`i`rcs, dar-lhes um nome sempre que possi'vel e extrair o
valor aparente de seu trabalho para o bem-estar da família, refleti-
i utlit i'itiii hii*i` no detalhe da experiência vivida. A perspectiva deste
do no contato diário que cada uma tinha com os membros desta,
i``i u`ltt `i`i.í'i tlc``cobrir o âmbito de experiências possíveis que carac-
mas também o grau de supervisão. Uma mucama ou uma ama-de-
iri l/iii iiiiii iiiíis vidas. Em suas ações e reações, e nas dos outros,
leite, que entrava nos aposentos mais íntimos da família para servir
i`uil`.mm vi*liimbrar o que era incomum ou lugar-comum, provável
a patroa ou cuidar de uma criança, era a mais estreitamente vigiada
iiii in`.i nini`iiic possi'vel, tolerável ou claramente insuportável para
de todas. A cozinha e os trabalhos gerais da casa ocupavam o dia
itlm,1 }c`i`jt) impear o território de suas vidas a fim de descobrir suas
inteiro, e, por isso, essas criadas também testemunhavam as idas e
t]`i`t.i.iíii iv{`i i` o que estava a seu alcance como alternativas, tentan-
vindas da casa enquanto uma Patroa supervisionava suas tarefas ro-
ilit tll`i`i`i.iiir :iié onde chegavam os limites de sua situação. 0 desa-
tineiras. Em contraste, transportar água ou lavar roupa no chafariz
flii il`) lii`it`iii`tlor consiste em investigar tanto os padrões culturais
significava que algumas criadas trabalhavam fora da circunscrição
tiiit` Ii`i níivíiiii a dominação possível e disseminada quanto as ma-
da casa e do olhar da patroa. Lavadeiras e, o que era ainda mais
iifilt ii,` i`i`lí`` tiLi.iis as criadas conquistavam alguma independência.
comum, costureiras podiam trabalhar para diversas fami'lias duran-
( } I{itt ili` .kineiro fornece um cenário especialmente apropria-
te o dia enquanto viviam independentes em seus próprios lares.
ilit itiii ii t) i`,`i iitlo das servidoras domésticas. Como capital do lmpé-
Escolher as criadas como grupo ocupacional afasta o estereóti-
i lii r, iiiiii,` ii`i.tlc, da República, e sendo o principal porto e centro
po de que somente as escravas eram criadas ou de que o trabalho f-lmiiii'i`litt tltt r}rasiL, a proeminência da cidade durante os séculos
doméstico fosse exclusivamente das escravas. Em vez de uma hie-
*1` t. `` i`i`i.m:incceu incontestada. 0 imperador e os presidentes
rarquia de tipos de trabalho que separariam as mulheres livres das
M it`tltliiiiii. Mi`mbros do Parlamento, ministros de gabinete, con-
escravas, ou as mulheres negras das mais claras, o serviço domésti-
mlli('li m (li` I'`,`ií`do, juízes do Tribunal Superior, juntamente com
co atravessava essas diferenças. Mulheres das duas "condições" po-
Íiiii``ltiiH\i it`,` l`itii`iti.` e burocratas subalternos, conduziam a rotina
diam trabalhar uma ao lado da outra, e ambas em tarefas similares.
•lii. n`.ti.t`i`ii}` tli` l.`.mdo: Os grandes barões do café e seus agentes
0 fato de ser escrava - ter o Status legal de escrava - não deter-
il(t!iw|iwtun n iii.titl`ito por intermédio das firmas exportadoras da

8
9
cidade e dos armazéns a fim de abastecer o rico comércio atlântico, los de forma diversa. 0 encanamento doméstico alterou permanen-
em troca de escravos e mercadorias européias de luxo, as quais en- temente os tipos e locais de trabalho familiares às criadas. A demo-
travam no Brasil para satisfazer os gostos dispendiosos da elite lo- lição dos cortiços, projetada para elevar a cidade ao nível das capi-
cal. Ali residiam os ricos, em esplêndidas mansões permanentes ou tais européias, significou para as criadas a perda de vizinhanças fa-
em casas da cidade temporárias, supervisionando seus interesses eco- miliares ou locais compartilhados com outros trabalhadores pobres
nômicos e políticos. Essa elite impunha, igualmente, os padrões de da cidade.
conduta da vida doméstica, um modelo imitado, em menor escala, Outra razão me leva a escolher essas cinco décadas. Por con-
venção, os historiadores do Brasil moderno começam ou terminam
pelas famílias de meios modestos que, no entanto, queriam afetar
um ar de fidalguia. Era um estilo de vida que, em todas as suas va- suas obras com os anos 1888 ou 1889, época em que a escravidão
riantes, dependia dos criados não apenas para suprir as necessida- foi finalmente abolida e uma república federal tomou o lugar do
des da existência diária mas também para exibir uma posição social lmpério.7 Coloco esses eventos mais ou menos em meados do pe-
de privilégios. Ao mesmo tempo, o Rio de Janeiro apresentava um ríodo que escolhi, a fim de detectar não somente as rupturas mas
aspecto miserável, de lugar sórdido e insalubre, com ruas estreitas também as continuidades que, em seu próprio compasso, persisti-
e malcheirosas, cada vez mais comprimidas e apinhadas de corti- ram na vida cotidiana. A partir da década de 1860, o trabalho do-
méstico foi se tornando cada vez menos território de escravos. Mu-
ços. Era uma cidade de escravos, negros pobres e imigrantes euro-
lheres livres, brasileiras ou imigrantes, e escravas forras associavam-
peus também pobres. Os servidores domésticos ligavam esses dois
mundos dessemelhantes e justapostos. A cidade não era apenas o se às escravas restantes para suprir a demanda de criadas, de tal for-
ma que, já em 1872, pode-se calcular em cerca de dois terços as mu-
pano de fundo de suas vidas mas também configurava uma parte
integral de suas histórias. lheres livres no serviço doméstico do Rio de Janeiro (tabelas 3 e 4).
A vida das criadas e suas alterações estavam vinculadas à cida- Por intermédio das vidas das criadas, compreendemos a abolição
de; por isso, as datas relevantes que pontuavam a história dessas da escravatura não como é comumente interpretada - a preocupa-
mulheres também se referem a um período de reformas importan- ção dos fazendeiros em perder os escravos cuja labuta fornecia os
tes que modificaram a paisagem física e social da cidade entre 1860 produtos agrícolas para exportação -8 mas como um fenômeno
e 1910. Transformações visíveis durante a década de 1860 originaram- distintamente urbano no qual chefes de família afligiam-se ainda mais
se na década anterior. Em 1850 e 1855 as primeiras ondas de epide- com a inquietante erosão da autoridade pessoal, evidenciada e in-
mia tomaram conta da cidade. As significações atribuídas à presen- tensificada pela presença de doenças que levavam à morte, recean-
do, por isso, o contato com os servidores domésticos, considerados
ça obstinada da doença iriam refletir-se em todos os aspectos da vi-
da urbana pelo resto do século e começo do seguinte, identificando, portadores de infecção.9
de imediato, as criadas como os temidos portadores da moléstia. A As tensões entre casa e rua, expressas nas relações domésticas
reação inicial, porém, foi instituir uma Junta Central de Higiene Pú- entre criadas e senhores, expostas nas rotinas e crises da vida coti-
blica, prover as instalações necessárias para água encanada e iniciar diana, e suas alterações no tempo, são os temas deste livro.
a construção de um sistema subterrâneo de esgoto que alcançaria,
posteriormente, a maior parte da cidade. Na década de 1860, os pri-
meiros bondes possibilitaram à cidade expandir-se em novos subúr-
bios residenciais. Essas mudanças precoces iriam culminar em uma
reforma dramática do centro da cidade entre 1902 e 1910, quando
cortiços foram demolidos, ruas foram alargadas para permitir a en-
trada de luz e ar e a moléstia contagiosa foi finalmente contida. Tais
mudanças não constituíram apenas um pano de fundo nas vidas das
criadas: incidiram diretamente sobre elas. Considerando esses acon-
tecimentos do ponto de vista das domésticas, podemos compreendê-

20 2,

Im
/
0 PANORAMA SOCIAL
DA CASA E DA RUA

l'`,iii 1835, o pintor francês Jean Baptiste Debret, hóspede da


`'tii i`` Iii.iiiileira, representou em um desenho uma respeitável fami'-
llii th Rit) de Janeiro e seus criados em cortejo para a igreja.! 0
i`lit`li` tli` I`iimi'lia conduzia a procissão, organizada cuidadosamente,
it`p,iii{lti i)i`las duas filhas pequenas -perto de sua proteção -, em
ii`ti.Hi{l;i {i i`sposa e, depois, os criados (todos escravos), de acordo
i'i)iii ii i`tt*iç`ão social de cada um: a criada de quarto, a ama-de-leite
uii i ``+.`:uitk) a criança por ela amamentada, a servidora doméstica,
ii `'i lHtlti iii.incipal e, finalmente, dois meninos. Todos ostentavam
iii iiniiii.iiit)s apropriados para a ocasião: o chefe da família vestia
ii iuiH`{M.mc oficial completo de seu posto burocrático, com botas,
•iilti i+i`ii.`iii.ii c chapéu; as filhas e a mulher estavam ricamente ata-
vliiilii\. ^i i.oupas dos criados, embora européias, erari mais sim-
itlt`b i` iiii`ii`i* finas no corte e no tecido do que as de seus senhores,
liiililliiii`iiii` i)rojetadas para exibir as gradações de suas categorias
•iit`liii`. *i`iiiitos distinguiam a criada de quarto como a favorita en-
iit` m `i`i.viil()res: os outros todos estavam descalços. Um casaco e
`iiiii` lii`l,`:i ili`monstravam que ela possuía roupas reservadas apenas
imm `nii.. 'l'i.ii7.ia uma flor no cabelo, enquanto a ama-de-leite, de
iit`i tli.w.íil\`t).`, usava um pingente. Esses adornos, por sua vez,
ill-i iui`'iiivíiiii-i`as da jovem doméstica, que trajava um modesto ves-
llilit t'`iiiiiiiiíi(lt). 0 robusto escravo, de calças compridas e portan-
iln n p" ihi cliwa, também estava vestido para a rua, éom chapéu
e iiitli.it'i. in{i,` tii`m sapatos. Os meninos completavam a hierarquia
iuii ii,`iivii i`iilças compridas, enquanto o outro vestia roupas co-
iinim `lt. (iíih:Lll`{`: camisa larga e calções de algodão grosseiro.
l)tiltit`i itiniou não apenas uma família mas a unidade básica
il» ``lihi `i`i'i;il lii.íisileira: o lar. Conjunto de relações que continha

23
tanto os criados quanto a fami'lia - pessoas que ocupavam posi-
casa, injustamente duplicando o voto deste. Um voto por lar veio
ções amplamente desiguais -, o lar se situava em um contexto his-
a ser a fórmula explicitamente reconhecida.7 Além de conceder ao
tórico que investia o chefe de fami'lia de autoridade e responsabili-
lar um status político, a lei cancelava toda possibilidade de uma iden-
dade sobre todos os outros membros, inclusive os criados. Depen-
tidade civil independente para os criados.
dia de cada um prestar obediência apropriada a seu lugar, fosse co-
Se os brasileiros alternavam os termos família, morada ou fo-
cmoo-eospe::ac::::eme:dfilàhaoà,.f;sis.eá:.Taon:Frr.egda.d::couT.esxc.rxa,v:síd:.?: go para designar o lar, seü ponto de referência essencial era o agru-
de lar filiava-se à antiga tradição portuguesa, que havia muito esta- pamento de pessoas mutuamente dependentes e co-residentes.. Da
belecera o marido e pai como o chefe indispensável da fami'lia, o forma com que é descrito por contemporâneos, o lar era ``todas as
cabeça de casal. Mediante esse poder, ele administrava legalmente pessoas que occuparem habitualmente aquella morada, tanto as que
a propriedade da família, tanto da esposa quanto dos filhos ainda propriamente constitúem a família, como os aggregados e escravos" ,
solteiros, e concedia ou negava permissão para os filhos, ou mesmo
ou "um certo número de pessoas que, em razão de relações de pa-
rentesco, de subordinação ou de simples dependência, vivem em uma
para uma filha viúva, casar. Nem poderia ele recusar o exerci'cio dos
habitação ou parte de habitação, sob o poder, a direcção ou a pro-
poderes que o costume e a lei lhe haviam conferido, pois somente
com sua morte tal autoridade passaria de direito para sua mulher, tecção de um chefe [...] com economia comum".8 Um lar podia
ou, relativamente às crianças menores de idade, para um tutor.2 ocupar um cômodo, parte de uma casa ou toda ela, ou ainda trans-
A autoridade masculina não terminava no círculo imediato da ferir-se de uma mansão a outra, caso a família de um fazendeiro
família mas se estendia a todos os membros da casa. 0 chefe de e seus agregados domésticos se deslocassem da fazenda à casa da
fami'lia tinha, de acordo com a lei portuguesa, o direito de castigar cidade.9 0 lar continuava a ser o contexto social no qual os indiví-
fisicamente seu "criado, disci'pulo, mulher, filho ou escravo".3 Ao duos situavam suas vidas. Quando em 1906 os recenseadores tenta-
mesmo tempo, esperava-se que ele guardasse a honra das mulheres ram, pela primeira vez, contar os indivíduos em vez de os lares, en-
de seu lar, incluindo a honra das criadas. Qualquer homem que contraram resistência. Em conseqüência, reconheceram que contar
tentasse dormir ou casar com uma criada sem a permissão de seu os lares era "preferivel, nas condições actuaes do nosso meio [e] ac-
senhor ter-se-ia, outrora, arriscado ao exi'lio ou à morte. Significa- ceita com menos reluctancia pela população' ' . ]° Era como membros
de determinado lar que as pessoas se reconheciam e desejavam ser
tivamente, a lei estabelecia penas mais severas se ela servisse "por-
conhecidas.
tas a dentro", e menos duras se desempenhasse tarefas "fora de
casa",4 uma diferença que permaneceu, muito embora a penali- Embora a imagem culturalmente preferida de um lar requeres-
dade tivesse caído em desuso havia muito tempo, se é que alguma se numerosos criados, na verdade apenas a elite das famílias do Rio
vez tivesse sido de fato aplicada. Quanto aos escravos, o exerci'cio de Janeiro passava tão bem. A maioria das famílias sobrevivia sem
do poder pelos senhores continuou sem um regulamento formal, nenhum servidor. Pobres demais para sustentar dependentes, elas
supriam seu próprio serviço doméstico, ao passo que numerosas ou-
na ausência de um código legal especi'fico.5 Uma criada, fosse li-
vre fosse escrava, não vivia como pessoa independente, mas como tras mantinham uma única criada para ` `todo o serviço doméstico' '
membro do lar, sujeita à autoridade do senhor e objeto impli'cito ou seja, "lavar, engommar, e cozinhar".Í] As famílias também po-
de sua proteção. diam empregar, para trabalho diário ou temporário, domésticas que
não figuravam como verdadeiros membros do lar, tais como a cozi-
Que os criados fóssem membros desiguais de um lar demonsL
trava-o, ademais, a lei eleitoral brasileira. A lei negava a todos os nheira que ` `entrou de manhã e sahiu à noite" ou as lavadeiras que
dependentes-aquelesquenãoformavamumaeconomiaseparada pegavam de várias famílias roupa para lavar.12
- o direito de voto.6 Embora alguns criados homens ganhassem Poucos lares podiam pretender uma fieira de criados, enquan-
um salário que cobria os requisitos de renda mi'nima, não estavam io muitos -modestos mas dignos -geriam-se com apenas um ou
il()is. D. Joaquina Roza de Souza, que possuía três escravos em 1870,
qualifícados para votar, pois não possui'am propriedade. Presumia-
se que, como dependentes, iriam votar de acordo com o chefe da ct\iitratou Joaquim como jornaleiro, assim como Cypriana, mas
iiiimteve em casa como sua única criada a filha de dezoito anos de

24 25
Cypriana, Helena. No mesmo ano, um advogado alugou para ou-
tras fami'lias as suas cinco escravas, talvez como domésticas, fican- Mesmo em 1905 ou 1909, uma ``mocinha de cor" de dez a doze anos
do sem nenhuma criada para cuidar de sua própria casa.13 Em ainda ganhava cerca de quatro dólares para cuidar de uma criança.
1885, o juiz Anphilophio Botelho Freire de Carvalho explicou que Uma cozinheira recebia salário substancialmente maior, mas isso
haviasidoimpedidodeassumirumnovocargoemoutraprovi'ncia também variava. Uma ``senhora pobre" pediu 12,50 dólares para
cozinhar para uma ou duas pessoas, enquanto a outra mulher fo-
porque sua cozinheira, e única criada, cai'ra doente e não podia
viajar.`4 ram oferecidos 18,40 dólares por mês. Uma costureira que morasse
Contudo, número substancial de lares mantinha um corpo de na casa esperava receber em torno de dezoito dólares por coser a
criados.Conselhosdadosajovensdonasdecasatornavamclaroque mão e a máquina, enquanto uma lavadeira portuguesa pediu cerca
só o domici'lio, os móveis ou a comida eram mais importantes que de catorze dólares por seus serviços. Uma criada doméstica, assim
os criados.]5 Visitantes estrangeiros que descreveram a vida do co- como uma mulher que "lave, carregue água, venda doces" na rua,
meço do século xix no Brasil transmítiram, ,em suas impressões ca- ganhava entre oito e nove dólares. Para amamentar seus bebês, as
suais, a idéia de que uma "casa decente" contava, de modo geral, donas de casa pagavam às amas-de-leite os salários mais altos de
com seis ou mesmo dez ou doze criados.[6 Ainda em 1881, um re- todos: até vinte dólares por mês, além de casa e comida.2° À medi-
sidente francês frisava que uma fami'1ia precisava de, no mi'nimo, da que a mão-de-obra livre se tornava cada vez mais disponi'vel, os
cincoescravos:cozinheira,copeira,criadadequarto,lavadeiraeduas chefes de família supunham que iriam pagar, em salário, mais ou
mulheres para cuidar das crianças. D. Isabel Maria d'Almeida, rica menos o que pagavam previamente em taxas de aluguel de escravos
proprietária viúva e matriarca de uma fami'lia próspera e numero- para os mesmos serviços: treze dólares mensais para uma criada de
sa, mantinha doze criados: três mulheres livres e o restante escra- quarto, dezesseis dólares para uma ama-de-leite e doze dólares para
vos. Outro lar que, em 1882, ia se estabelecer procurou, de uma só serviços domésticos gerais, pelos preços de 1862.2`
vez, um conjunto de criados domésticos: uma criada de quarto, duas Não é fácil descobrir exatamente quantos lares no Rio de Ja-
copeiras e um jovem negro.`7 Em 1877, d. Leonor Loureiro geria neiro mantinham criados. 0 único rol de lares subsistente do censo
seularcomoitocriadas.Alémdacozinheiraedeumamulherpara de 1870 é o da freguesia de São Cristóvão. Apesar da presença de
duas fábricas e das atividades dos pescadores ao longo da bai'a, em
passar roupa, ela empregava as outras em serviço doméstico não es-
1870 São Cristóvão adquirira um caráter um pouco mais residen-
pecificado. Embora vivesse sem fami'lia, uma viúva, propríetária,
residente na travessa de São Luiz, mantinha duas criadas: uma mu- cial que as antigas freguesias do centro, onde abundavam firmas co-
merciais. Somente 249 famílias, ou lsq7o de todos os 1404 lares de
lher livre e a escrava desta, Felicidade.18
Por ser uma despesa sígnificativa no orçamento de um lar, o São Cristóvão, afirmaram ter criados que residiam no emprego em
custodoscriadosinfluenciavaaquantidadequeumafami'1iapodia 1870, o que parece suspeitosamente pouco. Estimou-se em 673 o nú-
mero de domésticos, entre homens e mulheres, escravos e livres, ou
permitir-se manter. Por uma estimativa, calculou-se que cinco es-
cravos alugados custariam para uma fami'1ia, em 1881, até 35 dóla- seja, apenas cerca de sVo do total da população de uma freguesia
res por mês. Outra estimativa foi mais modesta. Uma fami'lia que de 8566 pessoas. Decerto, o censo subestimou o número real de do-
vivia confortavelmente com dois criados em 1893, incluiu-os entre mésticos que viviam naquela freguesia. Pelo menos 392 lares men-
os "gêneros de primeira necessidade" de seu lar, gastando 107o da cionaram agregados ou escravos cujas ocupações não foram regis-
despesa mensal da casa, ou seja, cerca de sete dólares, enquanto o tradas. Ademais, ninguém se preocupou em especificar as tarefas
aluguel tomava 237o e a comida para sete pessoas, outros 377o.19 de 323 escravas em idade de trabalhar que aparecem no censo.22 Em
0 custo variava dentro de limites previsi'veis, de acordo com o tra- uma cidade onde o serviço doméstico era o trabalho mais plausi'vel
balho desempenhado pelo criado. Uma mocinha poderia ganhar o para os escravos e os pobres, ao menos uma parcela deles deve ter
equivalenteaquatrodólarespormêsparatomarcontadecrianças, trabalhado como criados na casa de seus amos. Havia escravas com
ao passo que uma mulher jovem de "bom comportamento" rece- bebês em três lares de São Cristóvão onde também se encontravam
biaaté7,50dólaresparaajudaracuidardeumbebêdedoismeses. cri\anças pequenas da própria família, sugerindo que essas muiheres
eram amas-de-leite. No entanto, nos registros manuscritos não se

26
27
atribuiuanenhumadastrêsprováveisamas-de-leiteumaocupação;
Fronteiras internas reiteravam as oposições entre casa e rua. Nas
por isso, suas reais funções permanecem incertas.23 Se cada um dos
392 lares com dependentes de ocupação ignorada tivesse indicado mansões, era ainda maior a separação entre o interior da casa, com
ao menos um deles como servidor doméstico, a porcentagem de la- seus muitos salões, salas de almoço e jantar, e as construções exter-
res com criados seria mais que o dobro, chegando a 457o. Os lares nas que abrigavam as galinhas, o gado, a lavanderia e os alojamen-
tos de escravos ou empregados. Por conveniência e para melhor su-
que especificaram os críados tinham uma média de três cada um.
Dois terços das fami'lias com criados possui'am um ou dois, e quase pervisionar a preparação dos alimentos e o serviço de mesa, a cozi-
um quinto delas desfrutava os serviços de até três, quatro ou cinco nha permaneceu parte estrutural da casa principal, enquanto todas
criados. Apenas duas fami'lias mantinham residências com amplos as outras dependências ocupavam o lado mais afastado do pátio ou
quadros de doze ou treze criados (ver tabela 5). quintal, bem atrás do jardim.27 Em casas mais modestas o mesmo
As categorias cajtz e rGm eram fundamentais para a ordem e o padrão se repetia em menor escala. 0 andar térreo de um sobrado
sentido da vida doméstica diária.24 A casa representava os espaços não terminava com a cozinha; em vez disso, a cozinha e os quartos
dos criados davam para um quintal com "galinhas, gatos, pássaros
privados e protegidos, que contrastavam com os lugares públicos
e desagradáveís, possivelmente perigosos, da rua. Os laços conheci- na gaiola, patos'', ou para um pequeno estábulo, se a família tives-
dos e confiáveis de parentesco pertenciam à casa, enquanto as rela- se coche e cavalo. Nas casas em que o local do estábulo e de arma-
zenagem ocupava o térreo, a cozinha e a despensa estavam localiza-
ções menos duradouras ou temporárias, que envolviam escolha e,
das na parte de trás do segundo piso, separadas da sala de jantar
por conseguinte, risco, associavam-se à rua. A casa distinguia da
família aquela sociedade desordenada, anônima e vulgar que fre- por um pátio. Junto à cozinha e assim afastado dos quartos da fa-
mília ficava um ou, às vezes, dois quartos de criado. Pelo menos
qüentava as praças públicas, as vendas e ruas. Assim, a casa e a rua
marcavam as coordenadas do mapa cultural pelo qual se podiam uma copa separava da cozinha e das áreas de serviço os aposentos
habitados pela família, e pegado à cozinha, nos fundos, estava o
perceber e compreender as experiências comuns e cotidianas, como
também reagir a elas. 0 que à primeira vista aparenta ser simples- cômodo dos empregados.28
mente o elemento contextual do lar e o ambíente fi'sico revela ter Nem todos os moradores tinham condições de residir em casas
significados mais matizados. que asseguravam tão completa privacidade. Os mais modestos vi-
Na pr.ática, a fronteira da casa com a rua, tal como era delimi-
viam em casas térreas de frente estreita, nas quais a sala voltava-se
tada pela arquitetura doméstica, podia adotar diversas formas. Nas diretamente para a rua, sem uma varanda para adorná-la, nem se-
partes mais novas da cidade, onde havia mais espaço, um jardim quer um portão conduzindo a um alpendre e entrada lateral. As vi-
murado com suas árvores e flores perfumadas, vicejantes com as sitas anunciavam-se dando com uma bengala nas ripas de madeira
"folhas escarlates da asa-de-papagaio ou [.. .] begônias azuis e ama- da porta ou batendo palmas. Quando uma janela ou porta se abria,
relas",25 graciosamente separava de uma quinta o barulho e a su- o visitante poderia chamar "ô de casa", e esperar a resposta: ``ô
de fora". Nas casas finas, as janelas envidraçadas, às vezes elegan-
jeira que aparentemente espreitavam lá fora. Em outras regiões da
cidade, de povoação mais densa, um único edifi'cio combinava es- tes lumieiras, abafavam o barulho das ruas ou o som de um piano
vizinho, embora mais comuns fossem os postigos de madeira que
paços comerciais e residenciais. Negociantes costumavam habitar,
comsuasfami'lias,umoudoisandaresacimadoníveltérreodaloja conferiam privacidade, silêncio e limpeza ao cômodo mas expulsa-
ou do armazém. A entrada para os andares superiores podia abrir- vam a luz e o ar.29 Em situação pior, os pobres que habitavam os
sedarua,comoumaentreasdiversasportasdaloja;ouentão,quan-
cortiços tinham poucos recursos para impedir a aglomeração que
dooespaçodearmazenagemparaoestoqueouparaumcocheocu- invadia seu espaço vital. Uma família inteira podia apinhar-se em
um único cômodo, talvez com seu próprio local para cozinhar, mas
pava o andar térreo, uma escada nos fundos conduzia aos alojamen-
tos da fami'1ia.26 De uma forma ou de outra, uma fronteira hori- muitas vezes compartilhando-o com outros inquilinos. Não existia
zontal separava o que ficava embaixo e era público do que ficava a mais elementar privacidade. Na melhor das hipóteses, cinqüenta
em címa e era privado. ou sessenta inquilinos tinham de ajeitar-se com a única latrina. Os
pobres banhavam-se em público, nos rios, no mar ou nos chafari-

28
29
conservavam a dupla segurança de uma liteira com cortinas e uma
zes.3° Embora a população do cortiço crescesse, as famíl criada negra que a acompanhava. Da década de 1860 em diante, as
nuavam a reivindicar um espaço próprio, dividindo e subdiv mulheres muitas vezes caminhavam pelo Passeio Público nos fins
os cômodos existentes a fim de garantir ao menos um de tarde amenos, com seus filhos e criadas.33 Uma família publi-
que separando. os cômodos uns dos outros" .3] Ainda couumanúncionoqualpediaumapretaque,alémdefazerserviço
ção da fronteira da casa com a rua fosse menos rígida decasaligeiro,levassesuasduasfilhasparaaescolasecundária.Uma
que o grau de riqueza decrescia, mesmo quando quase jovemviúvaem1886nãopodiatomarosbanhosdemarprescritos
era menos real ou reconhecida. pelomédicoporque,conformeexplicaçãosua,"nãotinhaumapes-
0 medo das ruas sem fiscalização gerava regulame soadeconfiançaparaacompanhá-1a".34Umamulhersensataleva-
punham outras fronteiras, as temporais. 0 comércio da vasuacriadaconsigosefossetomarumbonde.Afamíliaded.Car-
te
io durante o dia, quando todo tipo de gente podia legitimam memreconheceuqueelahavia``encorajado''oroubodeseuestojo
efetuar negócios, ganhar a vida, apreciar a companhia de seus pa- dejóiasquando,comseusfilhos,andaradebondedesacompanha-
res ou simplesmente ir e vir. À noite, porém, a vida na rua cessava da. É evidente que exibir proteção importava mais que tê-la de fa-
oficialmente, e esperava-se que as pessoas estivessem em casa. Para to,poisumamatronacontentava-secomumameninadeseteounove
marcar aquele momento, os sinos da igreja de São Francisco e do anosparaacompanhá-la."Aimagemdamulherprotegidadasvul-
mosteiro de São Bento tocavam as ave-marias - às dez horas no garidadesouperigosdaruaeravalorizadaprecisamenteporqueis-
verão e às nove no inverno - por meia hora, "para se recolherem sodistinguiaasmulheresdealgumaposiçãodasquetinhammenos
os cidadãos". Depois dessa hora, os que estivessem "parados na rua meios e enfrentavam sozinhas os riscos da rua.
sem motivo manifesto, ou dentro de taverna, botequim, e casa de Essacorrelaçãodemulheresescoltadasemulheressozinhascom
jogos", ficavam sujeitos à prisão ou a multas. Os escravos asnoçõesdecasaeruanãoapenasidentificavaclassessociaisampla-
Jari pelas ruas somente com permissão expressa de mentediferentesmastambémevidenciavadistinçõesadicionaisentre
e os cortiços trancavam seus portões para impedir a e criadasdecondiçãovariada.Certascriadas``conhecemasruas'',mas
cravos fugidos e intrusos desordeiros ou, talvez, p outraseramempregadassobcondiçãoexpressade``nãosahirárua''.
tro os próprios inquilinos. Durante as "horas de sil Paraascriadasacompanhantes,asquefaziamascomprasoudavam
mo o canto ``para facilitar o trabalho' ' devia parar. Arte recados, a vida da rua era normal. Outras. como a cozinheira preta
rários podiam carregar ferramentas na rua durante o d e a servidora doméstica de aluguel em 1855, ou a mocinha preta à
pois da Ave Maria" estas eram consideradas armas e, p procura de emprego em 1872. só podiam trabalhar "portas á den-
bidas. Ao menos assim era até 1878, quando o chefe de tro''.0lardeBernardoJoséFernandesem1870mantinhatrêsescra-
diu que o Rio de Janeiro se tornara cosmopolita e o c vasocupadascomo"serviçodacasa",enquantoencarregavaoúni-
car os sinos à noite parou. Contudo, o toq.ue de coescravoparaodesempenhodo"serviçodarua''.Ossenhorescon-
rio continuou a ser às dez horas. Botequins que p finavam algumas criadas no trabalho da casa porque o mundo exte-
tos até uma e meia da manhã, em violação flagra rior iria ou lhes causar dano ou tentá-las, mas nem todas as criadas
gal, nos sugerem que nem todos os cidadãos observa justificavamtaispreocupações.Considerava-sequemulheresmaisve-
ãe recolher' mesmo quando e,e ainda soava.32 lhas ou mais experientes seriam capazes de lidar com a rua, e para
A convicção de que a rua e a casa eram esferas s asmulheresmaisjovensporémmenosvalorizadasosriscosquasenão
mente diferentes exigia das mulheres um comport importavam.Assim,asfamíliasbrasileiras,imitandovelhastradições
apropriado. Segundo um historiador, os homens portuguesas,continuaramadistinguirosqueserviam``portasaden-
desfrutar "a camaradagem fácil da rua e da praça tro" dos que serviam "fora de casa".36 E, mediante essa diferença,
tiam política [...] e efetuavam negócios", mas as m o lar repartia as proteções que o definiam.
posição social que sa{ssem às ruas, mesmo durante Para reduzir os riscos inevitáveis de possuir criados, os quais,
panhadas de criadas, cuja presença estendia o ma como classe, pertenciam ao mundo da rua, algumas famílias prefe-
lar ao mundo lá fora. Até a metade do século, algum
3'
30
riam manter seus escravos como membros do lar. "Escravos da ca: competentes só se podiam encontrar por meio de amigos portugue-
sa" - os que nasciam e se criavam dentro do lar - ganhavam a ses ou brasileiros e não por meio de anúncios no Jor#a/ do Com-
confiança e eram valorizados como nenhum outro, de tal forma que merc!.o ou de agências.42
os pais ou avós podiam dar escravos de presente a membros mais Segundo alguns proprietários, empregar criados indicados por
jovens da família para garantir-1hes escravos conhecidos e confiá- agências só trazia mais problemas. Embora a prefeitura da cidade
veis quando, mais tarde, estabelecessem seu próprio lar. Em 1867, determinasse que essas agências. fossem licenciadas,43 muitos acha-
uma mulher deu a sua neta uma criada de 21 anos, uma mulata cha- vam que elas não se conduziam com honestidade ou, então, não li-
mada Placida. Além de dinheiro e mobiliário, um jovem re- davam com criados confiáveis. Em 1877, uma família que queria
cebeu de seu avô, dr. José Joaquin Guimarães, três escravos: Bru- uma mulher para cozinhar e lavar roupa recusou-se a aceitar qual-
na, uma copeira africana; Saturina, uma camareira de 28 anos; e quer uma que fosse enviada por agência. Dirigindo-se a suas leito-
Gregório, um cozinheiro crioulo.37 D. Leonor Loureiro podia con- ras, o jornal 4 n4Õe de F¢mí7!.¢ considerava as agências o último
siderar-se afortunada sendo a dona de um lar no qual ela e sua irmã recurso a que "a necessidade de momento nos obriga a recorrer".
haviam mantido quatro gerações de escravos. Em 1875, Serafina e Uma afirmação comum consistia em atribuir ao agente a intenção
a filha de dez anos continuavam, junto com outros criados, a viver de induzir o escravo a fugir de seu patrão e retornar à agência para
e a trabalhar o.nde a mãe e a avó haviam servido antes delas.38 ser novamente empregado enquanto o agente embolsava mais uma
Poucos lares conseguiam preservar continuidade tão tranqüili- taxa de colocação. Como uma espécie de resposta a essas acusações,
zadora, pois era comum que até mesmo escravos fossem alugados a Agência Portuguesa se anunciava em 1900 como firma "antiga
diretamente de outros lares. Mediante comunicação pessoal, famí- e bem conhecida", à qual as famílias pagavam uma comissão so-
lias de mesma posição social podiam trocar informações confiáveis mente após ser "bem servidas", ao passo que a Agência Francesa,
- favoráveis ou depreciativas - sobre criados conhecidos por am- mais nova, anunciara prudentemente, em 1877, ser "já bem conhe-
bas as partes. Embora essas transações não fossem geralmente re- cida por tratar legalmente" com o público: "não se retem nem um
gistradas, um acordo era às vezes firmado por escrito, revelando de- vintem à qualquer que não ficar empregada''.44
talhes de como ocorriam os outros. Uma senhora de "família no- Em 1879, uma autoridade relatava que em sua freguesia, San-
bre", descrita por viajantes ingleses em 1857, que tinha nove cria- to Antônio, diversas firmas vendiam ou alugavam escravos, um ne-
dos e muito pouco trabalho para mantê-los "longe da preguiça e gócio "repugnante' ' , dizia ele, que apenas duas ousavam conduzir
da fofoca" , indagou de seus conhecidos se alguém poderia dar-lhes abertamente. Do ponto de vista dessa autoridade, uma delas, per-
roupa para |avar.39 tencente a Antonio Gonçalves Pereira Guimarães, era de longe a
Na década de 1870, quando já predominavam as mulheres li- maior e a mais bem administrada, porém ``deixava muito a dese-
vres entre as criadas (tabelas 3 e 4), os patrões procuravam empre- jar". Conforme afirmava, Guimarães mantinha cerca de trinta es-
gados que pudessem trazer cartas com ` `boas referências de sua con- cravos amontoados em uma pequena área e chicoteava-os, mesmo
ducta" ou ``cartas de confiança ou informações de pessoas idoneas" , estando doentes.45 0utro agente, que atuava como intermediário no
especialmente se os ex-patrões tivessem mudado de cidade ou ido comércio interno de escravos na década de 1870, recebia-os de for-
para o exterior e não pudessem, assim, fazer recomendações de vi- necedores do Nordeste, vendendo alguns deles na cidade. 0 Fonse-
va voz. Da mesma forma como, já em 1851, um dono de escravos, ca da firma Duarte, da Fonseca e Companhia asseverava que, uma
quando anunciava a venda de uma ama-de-leite, sabia como mino- vez no Rio, os escravos a ele destinados, provindos do Pará, Bahia,
rar os temores de futuros empregadores declarando que estava ` `res- Pernambuco, Ceará e Espírito Santo, eram "vestidos, alimentados,
pondendo pela conducta" da escrava, mais tarde os patrões exigiam alojados e tratados do melhor modo possível, não o sendo menos
que criadas livres ``dêem fiador à sua conducta".4° Famílias que que em outras casas, e com certeza superior a algumas''. Em`bora
empregassem criados por intermédio de anúncios em jornal salien- os "[...] escravos doentes [fossem] recolhidos às melhores casas de
tavam ``ser inútil apresentar-se quem não pode dar boas informa- saúde que aqui existem [...]'', dentre os 38 enviados de Fortaleza
ções".41 Todavia, um residente estrangeiro afirmava que criados em 1879, 22 morreram. ` `Quanto aos fallecimentos" , escrevia Fon-

j2 33
secaaseusócÍo,``sentimostantoquantoosnossoscomittentes,não
porhumanidadecomoporquereconhecemosímportantesparaevi- aos criados, a aquisição de domésticos requeria considerações maís
tarasperdasdosamigos."OsregístrosdeFonsecaindicamque,
sutisquecustoedisponibilídade.Asfamfliasbaseavamsuasprefe-
dentreos22escravosquemorreram,dozeerammulherese,destas,
rênciasprimeironacondição-seumamulhereraescravaoulivre
pelomenosquatroeramdoméstícas.460utrascompanhias,sobre- - e na cor.52 As pessoas da época usavam os termos branca, par-
tudoas``mantidasporportuguezes",eramnotóriaspormandarcría-
daoupretaparadistinguiracordeumamulher.Umapretaoumu-
doslivresqueeram"preguíçosos,immoraes,carregadosdevi'cios
latapodiaserdescritasimplesmentecomo"mulherdecor".Àsve-
e quem sabe se de crímes".47
zes, cor e status eram vistos como coincidentes: "preta", apenas,
Apesardamáreputaçãodasagênciasemgeral,asfami'Iiascos-
designava,quaseexclusivamente,escrava;enquantoaexpressão``se-
tumavamrecorreraelas.Em1856,oministrodaJustiça,JoséTho-
nhora de cor" distinguia como livre uma mulher preta ou mulata,
masNabucodeAraújo,alugoupormês"apretaTertuliana"eo
mesmo que tivesse sido escrava; mas "branca" (muito embora esti-
agente coletou a costumeira comissão de 10%.48 Em " seís
vesseclaroquenemtodasasmulhereslívresfossembrancas)impli-
agêncíasocupavam-seemalugarescravos,algunsparaserviçosdo-
cava que aquela mulher nunca fora nem era escrava. Como reação
méstícos;dezanosdepoís,trêsnovasagêncíasseespecializavamem
às nuances de status e cor, os patrões compartilhavam uma prefe-
mão-de-obralívreÍmigrante,empregandoprincipalmentedoméstí-
rência declarada por criadas brancas, e eram ambivalentes em rela-
cas.AAgêncjaPortuguesaeaAgêncíaCentraldeEmigraçãoen-
ção às mulheres de cor livres, às quais eles não podiam dar tanto
contravam colocação para mulheres livres: cozínheiras alemãs ou
créditoquantoàsbrancasnempossuircomoescravas;nofinal,aca-
francesas,amas-de-1eíteportuguesas,umacostureiradecor,servi-
bavam se voltando para as escravas. Em seu guia médico de 1843,
dorasdomésticaselavadeiras.Nadécadade1870podíam-seobter
o dr. João Baptista lmbert reconhecia "que as amas brancas serião
atémesmomenínasnessasagências:aAgêncíaPortuguesatínhauma
emtodososrespeitospreferiveis",mas,salientava,elasnãoviceja-
mocinhadetrezeanosparaempregar,``chegadahápouco''dePor-
vam no clima quente tão bem quanto as africanas. Melhor escolher
tugal, que podía cuídar de críanças ou fazer serviço doméstico
uma``preta[...]moça,forteerobusta",conclui'a.Afascinaçãopor
leve.49
européias de pele clara permanecia, tanto que em 1896 a romancista
JúliaLopesdeAlmeida,ministrandoconselhosàsnoivas,apresen-
comescravasdomiésticasedepoíspassaramatrabalharcommulhe-
âssc==3raes£rdÊ:mse¥Qrt%rd90.u.raAsa±=S^a_g_e=tes,quepr£me£ronegocí&vam
tavaadescriçãoemtudoromantizadadaperfeitacriadadoméstica:
reslívres,indicamqueelesprosperavamequeaabolíçãodaescra-
uma raparíga sui'ça com "faces côr de nata e cabello côr de milho
vaturaem1888poucoafetouosmecanísmospelosquaisasfami'lias
maduro".53 A Agêncía Central precisava especialmente de mulhe-
arranjavamcriadas.Em"umafirmatinhamulheresemnúme-
res estrangeiras para preencher as vagas de cozinheira, babá ou, se
rosuficíenüaprover"pessoalafiançadoparatodososserviçosdo-
fàlasseportuguês,camareira.Eramtãoprocuradasas"senhorasmo-
méstícos:amasdeleíte,amasseccas,copeíras,arrumadeírasdeca-
s=ír`g:sa,dqet.as.,oeer=,oAm.Éa,féÉí-rÉ_:,:i_-€_-í_L_*i?:'.]%::#omoadveelrrsaãstífeGCuar ças pobres" no começo da década de 1870 que podiam "escolher
empregos" , afirmava outra agência, "para servirem em casa de fa-
marães,queoperaranaruadoLavradioem1879,continuavaaofe-
milias nobres [...] [onde] ganhe-se bons ordenados e adiantados".54
recercriadasdomesmolocalem1890.Nessaépoca,eleenfrentava
0s patrões faziam distinção entre mulheres mais velhas, expe-
acompetiçãodarecém-estabelecidaCompanhiaLocadoraProvídên-
rientes e confiáveis, e moças mais jovens, menos capazes mas tam-
cíaDoméstica,aqualgarantia"fornecercríadosnacíonaesoues-
bém, em última análíse, mais fáceís de ensinar. Famílias possuido-
trangeirosdeambosossexosparatodososservjçosdomésticos".
rasdeescravosestavamacostumadasacriá-laseeducá-las.Umapa-
Apesardacompetição,Guímarãesaparentementeprosperou,pois
troa contava com quatro meninas de oito a doze anos entre suas es-
em1895expandíraseusnegócíosparaoutrolocal.Aindanaatíva
cravas e considerava todas as quatro engajadas no serviço domésti-
em"elemudou-separaadispendiosaruaSetedeSetembro.51
co. Em 1870, a casa de São Cristóvão de d. 0lympia Amalia Mon-
0scriadosnãoeram,comcerteza,todosíguaís,enãoeraqual-
teiroin_clui'aentreseu§dependentesumameninadeoitoanos"apren-
quer um que servía. Quando as fami'Iias confiavam seu bem-estar dizdostrabalhosdomésticos".Mesmoapósaabolíçãodaescrava-
tura, os empregadores procuravam insistentemente menínas de dez
j4
jJ
oudozeanosporqueerammaisbaratas-apatroapodíafornecer
roupasouensiná-lasacosturaremlugardedar-lhesumsalárío.Por
vam os barcos que chegavam, desenvolveu-se um pequeno centro
outrolado,esperava-sequemulheres"maioresdequarentaannos"
c.omercial. Logo uma capela e um convento carmelita passaram a
ou de "meia idade" possui'ssem todas as qualidades de confiabili-
representar a autoridade sagrada da lgreja, seguidos em 1699 pelos
dadeecompetênciaquesuaidadefaziasupor.550spatrõesjulga-
armazéns do rei e uma casa da moeda. Em 1647, um pelourinho de
vamqueasmulheresmaisvelhascausariammenosproblemas,pois
havia menor possibilidade de ficarem grávidas ou trazerem bebês pedra foi erguido na praça, marcando o lugar em que se efetuava
a punição pública de escravos e criminosos e, assim, acrescentando
a reboque.
a autoridade civil e municipal às da lgreja e da Coroa. Ruas estrei-
Sobasuperfíciedeumapreferênciadeclaradapormulheresli-
tas e curtas cortavam a fáixa de terra firme a partir da praça na qual
vres, maduras e brancas - especialmente européias -, repontava
se localizavam as primeiras casas de negócios, enquanto as ruas re-
uma apreensão oposta. Enquanto a escravidão permitira ao menos
sidenciais contornavam a costa norte do morro do Castelo. Ao sul
a ilusão de que os senhores retinham o poder de conceder favores
desse centro, uma estrada percorria o litoral até Botafogo, margean-
oupunirseusescravos,osquaísnãotinhamnenhumaescolhaalém
do os mangues que protegiam as terras secas das águas profundas
deobedecer,nofimdadécadade1870adúvídaturvavaesseponto
da bai'a.58
devístaoutroraconfortadorenãointeiramenteinexato.Asmulhe-
0 terreno alagado delimitava fortemente as possibilidades de
reslivres,cadavezmaispresentes,nãopodiamsersujeitasaosmes-
futura expansão. A área plana entre os morros do Castelo, de São
mos controles. Mulheres de cor, mesmo se não fossem de fato es-
Bento e de Santo Antônio era quase toda composta de pântanos ou
cravas, e meninas que vivessem maís claramente sob a supervisão
dosenhorpareciamrepresentarmenorameaçaaessaordem.0que mangues. Üma cadeia de lagunas rasas separava do morro do Cas-
contavamaíseraaobediência-chamada,poreufemismo,de"boa telo o de Santo Antônio, enquanto lagunas espalhadas apartavam
conducta" ou "bons costumes''. Assim, até mesmo em 1905 uma Santo Antônio e Santa Teresa e também São Bento e Conceição.
Para o oeste, outra laguna invadia o que seria depois transformado
fami'lia ainda afirmaria: "prefere-se uma criada de côr".56
no campo de Santana, onde se encontrava com um braço de mar
SeabelezadeslumbrantedoRiodeJaneiro,àsmargensdabai'a
deGuanabara,ondemontanhasrecortadasapontavamparaocéu, da baía, o saco de São Diogo, que depois foi drenado e denomina-
exibindo vastas extensões de granito liso ou o entrelaçamento exu- do canal do Mangue.59 0 povoamento moveu-se, então, na única
berante da floresta tropical antes que ela mergulhasse de encontro direção possível: para o interior, rumo ao campo de Santana, ao
sul, à beira dos pântanos; e para oeste, desde a cadeia de lagunas
ao mar, encantava os viajantes do século xix, sua localização era
até ser impedido pelo braço de mar. Apesar da escassez de solo e
problemática e, por vezes, trai'a os moradores. Os montes arredon-
dados perto do mar emergiam de brejos ou mangues. Embora os das dificuldades de expansão, os colonos foram aos poucos trans-
formando as lagunas em terra firme, criando novas ruas ``palmo
perigosdosmanguescomolocaisdeprolíferaçãodemosquitostrans-
missoresdedoençasletaisnãofossemreconhecidospormaisdetre- a palmo" . A chegada da corte portuguesa em 1808 conferiu ímpeto
zentosanos,eraevidente,paraosprimeíroscolonosdoséculoxvi, renovado à drenagem de pântanos e ao aterro dos mangues. A área
assim adquirida em volta do campo de Santana permitiu que ali se
que os pântanos e mangues que cobriam a área entre o mar aberto
da bai'a e as escarpas do lado oeste impediam acesso conveniente edificassem novas residências no que era então chamado Cidade No-
aosriachosdeáguafrescaquedesci.ampelasmontanhas.Umpoço va, como também a construção de uma estrada que ligasse a parte
de custo elevado, engastado no granito do morro do Castelo, for- velha da cidade a São Cristóvão, onde iria residir a família real.6°
neciaágua-salobraeescassa-aopequenocontíngentedecolo- No Rio de Janeiro - edificado sobre entulho, que por sua vez
nos.57Afimdeutilizarasvantagensnaturaisdaenseadaeexpan- se assentava sobre rocha, acima de uma camada de água noimal-
dir-se,opovoadoprecisavadeumsi'tiomaisacessi'veleplano.Des- mente alta em que o mar penetrava -, poços de água doce para
uso doméstico não podiam ser escavados. A água de poço estava
Sémodo,acidadeportuáriaavançavaparaonorteaolongodafaí-
xaestreitadepraiaqueláhavia.NapraçadoCarmo,ondeatraca- reservada para irrigação ou limpeza das ruas, e só raramente um
i]oço cavado ``nas fraldas da montanha" acima do nível do mar for-
necia água para beber, cozinhar e tomar banho.6] Em lugar disso,
36
j7
a água doce dos rios da montanha, canalizada por meio de um aque-
duto e encanamentos de madeira, chegava até os chafarizes públi-
cos, atendendo à demanda da cidade. 0 primeiro e maior desses cha-
farizes, o da Carioca, batizado com o nome do rio que o alimenta-
va, foi iniciado em 1744, junto com a construção do aqueduto, e
terminado em 1750. No último trecho, um canal subterrâneo de cal-
cário transportava a água até outro chafariz, inaugurado pelo rei
em 1819 no campo de Santana, uma fonte de água bem-vinda para
aquela parte nova, e em expansão, da cidade.62
0 Rio de Janeiro de 1808, com quatro freguesias e no máximo
50 ou 60 mil almas para receber o rei, transformou-se até 1838 em
uma cidade com cerca de 100 mil pessoas que habitavam oito fre-
quesias. 0 crescimento inicial e espetacular que se séguiu à chegada
da corte manteve o ritmo: 228 743 pessoas em 1872 passaram a cer-
ca de 423 mil em 1890 e chegaram a 620 mil moradores e treze fre-
guesias em 1906. Em um século, a cidade decuplicara. Os africanos
-59 mil em 1849, poucos anos antes da extinção do tráfico negrei-
ro -, somados aos portugueses, italianos e espanhóis, que se tor-
naram mais notados na década de 1870, a maioria pobre e procu- Mapa 1. As linhas de bonde do centro e do subúrbio no Rio de Janeiro,1877.

rando trabalho, se aglomeravam na cidade. A eles vinham-se juntar


os pretos forros e os mulatos, ou então brasileiros brancos de ou- guiram concessões para estabelecer linhas suplementares, de tal for-
tras províncias e, em número menor, estrangeiros à caça de lucro, ma que em 1875 os bondes se movimentavam de um lado para ou-
com dinheiro ou talento para investir.63 tro por todo o centro da cidade, enquanto outros, saindo do largo
É claro, nem todos os que vinham ficavam. Ainda assim, sua do São Francisco, dirigiam-se ao subúrbio.65 Em poucos anos, os
presença, associada a uma tecnologia em grande parte importada, bondes haviam substituído as formas anteriores de transporte cole-
colaborou para transformar permanentemente a topografia e os tivo, as carruagens de grandes dimensões, conhecidas como diligên-
hábitos urbanos. Na metade do século, uns poucos chafarizes pú- cias, ônibus e gôndolas, e mesmo as populares balsas que transpor-
blicos não eram mais adequados para fornecer água a essa popula- tavam passageiros pela baía, de Botafogo ou São Cristóvão para o
ção subitamente aumentada. A década de 1860 testemunhou os Centro.66
esforços para canalizar água adicional de cerca de dez ou doze ria- Seguindo as linhas de bonde, as zonas residenciai§ aristocráti-
chos da montanha, pela primeira vez usando reservatórios para cas da cidade se expandiram por trás de um convento, pelas verten-
armazenar água. Um pouco antes, em 1857, o município contrata- tes íngremes do morro de Santa Teresa, e para além dos subúrbios
ra a City lmprovements Company, pertencente a ingleses, para ins- já estabelecidos de Botafogo e das Laranjeiras, até o recente Jar-
talar encanamentos por toda a ãrea urbana. Em 1860, graças a dim Botânico ou a amena e tranqüila Tijuca, na orla da floresta tro-
um suprimento maior e aos canos ingleses, a água tornou-se dispo- pical, da qual a área tomou o nome. Ao mesmo tempo, o centro
nível em torneiras nas esquinas, cerca de 670, e em 2 mil lares.64 da cidade cresceu sobre si mesmo, pois os cortiços multiplicavam-se
Um novo meio de transporte público expandiu a cidade quando nas regiões antigas, cada vez mais congestionadas, lar dos imigran-
os bondes puxados por mulas começaram seu serviço regular em tes recém-chegados, dos negros forros e dos escravos ao ganho. Os
1868. Incentivada pelo grande sucesso, a Botanical Garden Rail- 114 cortiços com seus 4003 habitantes, segundo dados da polícia em
way Company rapidamente instalou quilômetros de trilhos adicio- 1856, multiplicaram-se em 502 cortiços com 15 054 habitantes em
nais. Outras companhias, algumas brasileiras, solicitaram e conse- 1867, e em 1888 os moradores dos 1331 cortiços já eram 46 680.67

j8 39
A quantidade de cortiços não apenas aumentava mas também per-
manecia concentrada nas freguesias residenciais mais antigas do cen- Ainda que as fami'lias se empenhassem energicamente em pre-
tro da cidade. Santo Antônio, Santana, Santa Rita, Glória, fregue- servar as fronteiras que asseguravam o espaço doméstico, as forças
sias com o maior número de cortiços em 1856, continuavam a rece- da rua pareciam sempre passar dos limites. Elas defrontavam-se com
ber os que procuravam habitação barata. Enquanto morar em su- o seguinte dilema: a fim de constituir seus lares, precisavam trazer
búrbiosafastadoseraconsideradoelegantepelosquetinhammeios, criados que pertenciam ao mundo desordenado da rua para os es-
os pobres resolutamente tomarám conta das freguesias centrais, in- paços íntimos de suas casas. Não pertencendo à família nem sendo
tensificando a aglomeração que, por motivos de saúde e ordem pú- totalmente desconhecidos, os criados ocupavam espaço ambíguo e
blica, preocupava a polícia desde 1856.68 A expansão da cidade suspeito entre esses dois extremos. E então se formava o paradoxo
acentuava o congestionamento crescente do centro, duplo processo essencial: para que a casa funcionasse, ela tinha de tornar-se cons-
pelo qual os distritos ricos e pobres foram ficando cada vez maís tantemente vulnerável aos perigos da rua.
distanciados conforme avançava o século.
No centro da cidade, aquele lugar tão diverso e denso, ricos e
pobres eram justapostos sem discriminação. De um lado, carrua-
gens luxuosamente arreadas escoltadas por lacaios de libré, elegan-
tes cupês fechados puxados por dois cavalos ou cabriolés de duas
rodas, denominados tílburis, ainda transportavam damas finas e ca-
valheiros importantes em alta velocidade; de outro lado, os bondes
conduziam todos, inclusive os pobres. Diferentemente das balsas,
os bondes não ofereciam passagens a preços populares aos pobres
de pés descalços, embora às vezes os "sem-sapatos" pudessem via-
jar pagando menos no compartimento fechado das bagagens. Nos
carros abertos de seis bancos, os passageiros viajavam sentados la-
do a lado, quatro em cada banco, enquanto muítos passageiros se
seguravam precaríamente nos pingentes.69 Mesmo membros da eli-
te às vezes tomavam o bonde até o centro para fazer compras ou
cuidar dos negócios, como d. Carmen, da fami'1ia do barão de Co-
tegipe, fez em 1882.7° Diferenças de cor e posição social se encon-
travam brevemente nos bordéis. Um velho lembrava-se do Hotel Ra-
vot, onde ` `as mulheres de peignoir, sentadas ou debruçadas à jane-
la,chamavamefaziamsinaisàspessoasquepassavamnarua''.Ha-
viamulherespara``todasasbolsas",maisemcontaàvoltadoscor-
tiços, mais custosas perto das mansões imponentes na região do Ca-
tete, em Botafogo.7] Restaurantes simples e cafés aglomeravam-se
ao lado de estabelecimentos finos. Havia oficinas próximas às con-
feitarias elegantes com salões no segundo andar nos quais se servia
sorvete a uma clientela exclusiva.72 No entanto, raras vezes os en-
contros entre as classes eram mais que aproximações breves e su-
perficiais, pois em geral a mais sutil e inextirpável das barreiras -
a fala e o gesto - mantínha os "mais favorecídos pela fortuna"
distantes do resto.

40
4/
Parte 11
0 MUNDO DAS CRIADAS
2
0 TFLABALHO

A diversidade de tipos e lugares do trabalho doméstico deriva-


va do fato de que os lares, para funcionar, requeriam serviços que
somente mais tarde começaram a ser fornecidos por companhias de
serviços urbanos. Até 1860, as casas do Rio de Janeiro não eram
equipadas com água encanada nem com sistema de esgoto. Sendo
moradores da cidade, os habitantes não produziam a maior parte
dos alimentos que consumiam e nos trópicos, sem geladeiras, não
podiam estocar víveres, em qualquer quantidade ou variedade. Em
vez disso, os moradores contavam com as criadas para carregar água,
lavar roupa nos chafarizes públicos e fazer compras diárias. Os se-
nhores distinguiam entre o trabalho interno, o que se procedia den-
tro de casa, e o externo, que era feito nos chafarizes públicos ou
mercados. Presumia-se que as criadas enviadas às ruas e praças, ex-
postas aos grosseiros lugares públicos, eram mais velhas, resisten-
tes, traquejadas e, sobretudo, sexualmente experientes; por isso, se-
riam menos vulneráveis, enquanto as que se mantinham ` `portas a
dentro" eram as favoritas e, em conseqüência, as mais protegidas.
Para as criadas, porém, o trabalho e os locais de trabalho podiam
assumir sentidos opostos, revertendo ou neutralizando as designa-
ções tradicionais de seguro ou perigoso, limpo ou sujo, valorizado
ou depreciado. Mesmo as mudanças na tecnologia e nos transpor-
tes que vieram a alterar a natureza do serviço doméstico detinham
um significado ambivalente para as criadas. Os locais de trabalho
mapeavam um mundo definido com ambigüidade.
Dentro da casa, o trabalho se dava à volta da cozinha. De lá,
as cozinheiras mandavam para a família pratos que, como comida-
padrão, incluíam feijão-preto cozido com carne seca (o acompanha-
mento favorito para qualquer refeição), muitas vezes peixe -espe-

45
cialmente bacalhau -, arroz, às vezes verduras, carne cozida em da de 1880. Nos dois casos, porém, o êxito de uma cozinheira de-
fogo brando ou assada ou, ainda, frango ensopado com batatas.
pendia de sua habilidade para graduar e controlar a temperatura do
Ovos, presunto, vinho e pão podiam também fazer parte de uma forno. Ela podia, simplesmente, pôr a mão no forno e contar: se
refeição. Indispensável em todas as mesas brasileiras, ricas ou po- conseguisse chegar só até três, o forno estava quente, ao passo que
bres, era a farinha de mandioca, servida como acompanhamento, vinte significava um forno quase frio. Por outro método, colocava
para ser misturada ao feijão. Uma criada preparava o café, que os um pedacinho de papel no forno por quatro ou cinco minutos. Se
brasileiros costumavam tomar ao levantar, e servia pão e fruta, que então o papel tivesse escurecido, ela podia ter certeza de que o for-
se seguiam no meio da manhã.] Longas preparações resultavam no no estava quente o bastante para massas ou pão. Por isso, as bcas
almoço, o qual começava com uma "sopeira fumegante colocada cozinheiras ganhavam o título de "cozinheiras de forno e fogão",
em frente à dona da casa" e terminava com os doces caseiros que enquanto as que cozinhavam somente com panelas sobre o fogão
os visitantes estrangeiros achavam tão exóticos : goiabada, frutas cris- cram chamadas "cozinheiras do trivial". Mulheres talentosas reve-
talizadas -geralmente abacaxi ou cereja -ou docinhos delicados, lavam orgulho de considerar-se "perfeitas na sua arte".6 Todo
feitos com gemas, claras batidas e açúcar, segundo receitas portu- mundo prontamente concordou em que os fogões a gás, os quais
guesas. Finalmente, o café forte e doce, sorvido rapidamente das começavam a substituir os de lenha no começo da década de 1890
xicrinhas. No fim da tarde, a criada servia um chá ou jantar leve.2 - cerca de 490 familias adquiriram-nos no primeiro ano em que
Havia pratos favoritos preparados toda semana em alguns lares: às foram introduzidos -, eram "mais commodos e mais hygiêni-
quintas-feiras, feijoada; ou, às sextas-feiras, bacalhau, que havia fi- cos".7 Depois dessa época, até as cozinheiras do trivial melhoraram
cado de molho de catorze a vinte horas em água mudada periodica- seus resultados.
mente para retirar o sal grosso e, então, sido assado.3 Além dos talentos especiais necessários para administrar forno
Nos lares que podiam permitir-se luxo, as cozinheiras serviam, c fogão, as criadas também geriam, com sucesso variável, um sorti-
com consideravelmente menos esforço, comida importada ou já mento de pequenos utensílios. Mesmo para uma família pequena,
pronta de latas ou pacotes: biscoitos ingleses, cerveja, manteiga, patê os cardápios podiam ser refinados ao ponto de exigir uma cozinhei-
francês, trufas ou champignons. Do sul do Brasil vinham carnes já ra que fizesse malabarismos com cerca de "oito panelas para ali-
preparadas: língua de boi, rins guisados, carne condimentada ou lín- mentos refogados; além de uma para sopa, outra para ovos, uma
gua em conserva, "apresentada em pequenas latas".4 Em grandes para o leite, outra para doces, uma para chocolate [. . .] ", que eram
ocasiões, os brasileiros celebravam com festas verdadeiramente sun- csmaltadas e tinham vários formatos.8 Uma mesa oblonga de ma-
tuosas. No banquete de casamento oferecido em abril de 1889 para deíra resistente e grossa, com uma gaveta embaixo e prateleiras aci-
o corajoso e bem-sucedido abolicionista Joaquim Nabuco e sua noiva ma, proporcionava espaço suficiente para guardar os utensílios e tra-
Evelina Torres Soares Ribeiro, setenta convidados jantaram um ri- balhar. Além destes, em cozinhas mais caprichadas havia também
co menu de sopas, crustáceos, peixes, vitela, frango e saladas. Além armários, uma pia no lugar da bacia usual ou uma leiteira de cobre,
de champanha, os convidados podiam escolher entre dez vinhos e objetos muito caros para ser encontrados em todas as cozinhas. Ou-
degustar sobremesas saborosas e sortidas.5 0s preparativos, que du-
iros utensílios comuns exigiam tanta força quanto habilidade. So-
ravam dias, sem dúvida testavam os talentos até mesmo das mais bre uma laje de mármore, uma cozinheira ou criada da casa enrola-
habilidosas cozinheiras. va massa ou pão sovado; com moedores de metal, ela moía carne
As criadas que cozinhavam demonstravam ampla competência ou nozes. Para o trabalho mais pesado da moagem de milho ou ca-
não apenas nos pratos que preparavam mas também no equipamento l`é, utilizava um sólido pilão de madeira, cuja parte de baixo tinha
que usavam. Visto que cozinhar requeria ou o fogão ou o forno, cerca de noventa centímetros de altura e a mão, até bem mais de
a perícia de uma cozinheira era julgada de acordo com seus conhe- um metro.9 Nenhuma cozinha funcionava sem um estoque de jar-
cimentos de forno e fogão. Fogões a lenha ou carvão com grelhas ras de barro para água. Feitas de argila leve e porosa, a qual, para
de metal nas quais eram colocadas as panelas, sobre aberturas pró-
permitir evaporação, era queimada mas não vitrificada, variavam
prias, e forno.s de barro deram lugar aos fogões de ferro já na déca- i`m tamanho desde a talha fixa, de boca larga, que continha de qua-

46 47
diriamaentradadaluzedoareficariammofados-,amodadita-
renta a sessenta litros, passando pelas moringas, em que caberiam vatapetes,cortinasrendadasedrapejamentosdecoradoscomgros-
seisounovelitros,algumascomduasbiqueiras,atéoutrasnasquais sosdebruns,móveisestofados,paredesempapeladasetoalhascom-
caberiaumlitrooumais,quecontinhamáguadebeber.'°Ascria- pridas nas mesas das bibliotecas. Tudo isso precisava ser arejado
dassabiamqueatémesmoasmenoreserampesadasquandocheias, periodicamenteemdiassecoseensolarados.Cadeirascomassento
frágeis e quebradiças quando vazias. devime,sofásecamabemboraumpoucomenosluxuosos,revela-
Alémdosvariadostrabalhosnecessáriosnacozinhaatribuídos vam-se mais frescos no calor tropical.[4 0 mesmo ar salgado que
àsdomésticasnaadministraçãodamaioriadoslares,umaminoria embaçavaaprataeameaçavacombolortecidosemobíliaestofada
dentre as famílias do Rio de Janeiro dava-se ao luxo de empregar produziaumapelículaqueseassentavasobreasvidraças.Porisso,
uma copeira para servir e para cuidar da prataria, da louça fina e alimpezadosvidrosfiguravacomotarefaregulardasdomésticas,
doscristais.Nametadedoséculoxix,játinhampassadohaviamui- sobretudonosúltimosanosdoséculo,quandoovidro,emjanelas,
t.o os tempos em que, entre as pessoas educadas, marido, mulher,
portas,clarabóiaseladrilhos,começouasubstituirasantigasjane-
filhosedependentescomiamdomesmopratousandoosdedos,ou lasfechadascomrótulasdemadeira.Emlaresbemdirigidos,apre-
emqueumafamíliacomiacarnecomapenasduasoutrêsfacaspar-
em que uiiLa laLllllLa -V.,L.,LW V ....,. ____ _. `
_ ___!i_j^. À t,^i+a la mpea_11 Em Vez disso, sença dos criados assegurava que "os tapetes de`Jiam ser batidos,
tilhadasportodososconvidadosàvoltadamesa.[`Emvezdiss amobíliaencerada,asparedespintadasespanadas,[...]ascortinas
imensos aparadores, alguns com portas revestidas de vidro, con sacudidas de tempos em tempos".15
nham
LLLiaiLi pilhas de travessas
L/iili(+o e fileiras .de sopeiras
`-` ,---,----,-- i. _ J_eo^^-^.-.ar`+^
pratos. Antes
Tlaet Ailuminaçãodascasasdacidaderepresentavatambémumcon-
sua morte em 1873, a viúva Anna Angelica do Sacramento Bastos junto de tarefas. Até 1854, quando a iluminação a gás começou a
usaraparasuamesaporcelanabrancadealmoçoejantar,alémde setornaracessívelemalgumaspoucasruas,asfamíliasusavamlam-
taças,coposecompoteirasfeitosdecristal.Aforaumbaúcomum piões de óleo de peixe ou de baleia, com seu odor desagradável e
jogodeprataria,oinventáriodesuapropriedadeenumeravaumsor- resíduodecarbono,oucontavam,simplesmente,comvelas.Ascria-
timentodeduasdúziasdecolheresdesopaedechá,facas,garfos, dasajustavamospavios,limpavamosglobosdevidrogravado-
peças
r-3---_ de _ servir peixe e arroz, tudo de prata, um conjunto de facas
__ -_--^t`^ da -ra+a nçirçi n af,i'icar. numerosas bande.
às vezes grandes e graciosos -, que exigiam extremo cuidado no
deL.LLJl\,JLJ.t~+
\JI trinchar, ,um-a concha
-1 ---.- _ __ _ de prata para o açúcar, manuseio, e fabricavam velas.[6 Desde o começo da década de
jasdeprataecastiçais,tambémdeprata.[2Alémdalavagemese 1860,asfamíliasmaisricassolicitaramligaçõesdegásparasuasca-
cagem rotineira
+,\^.e-.` ------- __ da louça .e _dos _ cristais,
__.__|Á 1as ..,.criadas precisavam
:Áah^enmf.ntf.. lus
nara evita sas;assim,em1874até10milresidênciasestavamprovidasdeilu-
trarconstantementeaprataeguardá-lacuidadosamenteparaev
|J.i|L ||JLLOICLLiL,`r.i.`/ ..--- ir ------- `~ ` _ J_ _ _-- -'`-:, minaçãoagás"emtodaacasa"eatémesmo"nosaposentos''.Em-
• a deterioração, pois o metal embaçava rapidamente no ar úmido
bora os prédios públicos, tais como a Biblioteca Nacional, fossem
sa,gado. iluminadosporeletricidadedesde1885,antesdosprimeirosanosdo
Os espaços da vida da família __.
- sala,® quartos, escritório ^.
, _______^_-'--^É, séculoXXaluzelétricanãochegavaàscasasparticularesdoRiode
geravam tarefas
E'\,\ l+ , l* -..- _- -_ ----adicionais.
__ _ _. As . famíliasr ._ricas atravancavam
__._ _^^^-r,:+a`ram os
eflr pen! Janeiro.17 A iluminação a gás significava que ainda se exigia das
modos
LIL\,\+\,\J com+,+,+ uma
.------- profusão
• _ J __ de
J_ _ _ móveis
r^|^:.-. que necessitavam
a a^fáa miiitaQ vezes de serfinoespan
mo criadas,namaioriadascasas,alimpezadosglobosenegrecidosou
dos,lustradosearejados.Cadeirasesofás,muitasvezesde
UUD, luDiia`+uo -.+i~,.__.. _____ _ ____ -. 1 1 1 _ ±___L --,- l,A a remoção das marcas de fuligem das paredes.
noescurooujacarandá,mobiliáriodasaladejantarqueacomod€ Ascriadasdedentrodecasaeramresponsáveistambémporou-
va doze a dezesseis pessoas, pianos e armários para porcelana oc` trasocupações.Aama-de-leite,amucamaeacostureiraprestavam
navam
pavam asassaias salasUt;deVIDllaD
visitas .eU.
dej ..,.....
jantar. Cômodas
__.___ ____ _ sólidas e espaçosa serviçospessoaisaosmembrosdafamiliadopatrão.Quandopossí-
graciosaspenteadeiras,armários,grandesespelhoselavató-rios
giii`;iuoao |+-ll.L,~`+`+y.L~V, ______._ , _ _ _ J-__:+Á~:;`-Tc!rali vel, uma família preferia selecionar dentre as criadas de sua casa
jarrosebaciasdeporcelanaequipavamosdormitórios.Escabelo umaescravaquetivessedadoàluzrecentementeeusá-laparaama-
escrivaninhas,divãs,mesinhasdecanto,escarradeirasdeporcelai
lo.J.JY(4LLLLLii`*.u, _. , __, __
_ _ ___ _^.+..+aa i3 Ànf.c!çiT das advertêncii mentarascriançasdacasa;ou,então,alugava-seumaama-de-leite
ou
lJU prata tomavam
LJI cllcL os .---,-.
IVJLiJL-T `*.i espaçosr --j _restantes.`3
_-.` . 1 Apesar das-1=-^
_J_ __ advert
1'1m paramoraremcasa.Napiordashipóteses,confiavam-seascrian-
dequesedeveriaescolhermobiliárioadequadoaoclimaúmido
\+\, \1+^+, L,Y --' --_-- _ _
1_ ___1:_^|^-|a `Ialnd^ npQadn. aue im ças"àsmãosestranhasdeamas[alugadas]",queeramdepreciati-
evitando-se, por exemplo, cortinados de veludo pesado, que
49
48
vamente chamadas "mercenárias". Relatos de todos os lados dão
moldes-padrão; uma modista podia trabalhar com base ou em mol-
a impressão de que amas de um tipo ou de outro amamentaram to-
de impresso em papel de seda ou em um modelo talhado de acordo
dos os ``mais afortunados" nascidos nas últimas décadas do século
com as medidas da dona. Além da alta moda copiada da França
Xix. Em discurso ante o Congresso, um deputado elogiava a raça
para uma dona de casa elegante, as costureiras cortavam e ajusta-
negra, cujas mulheres "protegeram a todos nós durante a menini-
vam as roupas mais simples de toda a família. Quando as máquinas
ce, [. . .] serviram de ama, talvez à maioria dos Senhores Deputados" .
de costura se tornaram comuns no Rio de Janeiro, a partir da déca-
0 pintor modernista Emiliano di Cavalcanti, nascido em 1897, re-
da de 1870, os lares passaram a empregar menos costureiras em tem-
lembra que após "sete amas-de-leite, brancas, me acostumei com
po integral. Em vez disso, uma costureira trabalhava para diversas
os seios de Cristina, mulata fula, filha de uma escrava da famflia" `
famílias, uma de cada vez, "na casa deles". Ela poderia trabalhar
Em 1895, um estudante de medicina declarava que: "Todos nós con-
para uma "alguns dias da semana" ou "por dias ou meses" uma
servamos ainda bem ni'tido na memória o typo, genuinamente bra-
ou duas vezes por ano. Alguns lares, contudo, continuaram a que-
sileiro, da mãe preta, da mãe de leite. Em seus nédios braços uma
rer uma criada cuja tarefa principal era costurar, tal como um em
boa parte da geração actual articulou os primeiros sons".]8
que se iria treinar uma jovem ``aprendiz de costureira", de tal for-
As mucamas se designavam tarefas que as aproximavam inti-
ma que mesmo no final do século algumas mulheres podiam es-
mamente de suas patroas. Uma mucama negra deveria acompanhar
perar, caso fossem capazes de costurar a mão e a máquina ou de
a patroa em suas sai'das ou agir como companhia confiável enquan-
modelar feitios, morar na casa dos patrões trabalhando como cos-
to sua patroa se banhava no mar. Às vezes, tinha até mesmo de en-
[ureiras.2l
trar no mar. As empregadas que trabalhavam como acompanhan-
Cozinheiras, amas-de-leite, mucamas, costureiras -todas elas
tes de senhoras de idade as ajudavam a movimentar-se ou, talvez
mais importante, ouviam pacientemente suas memórias. Outras de- pertenciam aos domínios do trabalho portas adentro, trabalho que
as fazia testemunhas e, em certa medida, participantes na vida diá-
sincumbiam-se de tarefas como mandar um recado, comprar um par
ria do senhor e da senhora. Em contraste com as que permaneciam
de brincos ou trazer para casa uma peça de fazenda.]9 A mucama ` `atrás das portas" , os patrões com bom número de escravos ou cria-
Felizarda era responsável pelas roupas e jóias de sua patroa. Ela tal-
dos alugados reservavam outra categoria de trabalho para as domés-
vez ajudasse a apertar o fecho dos broches de ouro de d. Anna An-
ticas que "saíam às ruas". Estas incluíam as lavadeiras, as carrega-
gelica, colocasse seus brincos de diamante e correntes de ouro, des- doras de água e as que faziam compras no mercado ou de vendedo-
se corda ao reloginho de bolso de ouro ou recolocasse a tampa de
res locais. Três locais principais -o chafariz das Lavadeiras no cam-
prata do perfume. Conhecia a fragrância do sabonete de amêndoas
po de Santana, o chafariz no largo da Carioca e o mercado da cida-
ou usava ela própria a delicada caixinha de costura de ouro e mar-
de - tornaram-se lugares familiares e acessíveis para as criadas de
fim para adiantar uma bainha ou prender um botão. 0 serviço de
rua. Formando um triângulo de base larga, os três locais demarca-
uma mucama incluía pentear os cabelos de sua patroa, lavar e pas-
vam os limites exteriores da parte mais densamente habitada do cen-
sar suas roupas mais finas ou fazer plissados caprichosos em estilo
tro da cidade (ver mapa 2). 0 chafariz das Lavadeiras oferecia um
francês; chamados fwj;o#fe'. Felizarda ou mucamas como ela cata-
estabelecimento público para lavagem de roupa e bicas das quais as
vam piolho da cabeça de suas patroas ou lhes faziam cafuné, ador-
criadas tiravam água e a levavam para casa. 0 chafariz ocupava um
mecendo suas mimadas senhoras. Durante o almoço, uma criada
canto distante de um campo extenso no qual poucas árvores oculta-
freqüentemente``abanava[...]folhaslargasdebananeiraparaman-
vam suas linhas pesadas. Um pouco para sudoeste, situava-se o pe-
ter afastados moscas e mosquitos".20
sado chafariz da Carioca, aos pés do morro de Santo Antônio, on-
Tal como as criadas de quarto, as costureiras trabalhavam pró-
de recebia suas águas do altaneiro aqueduto. Carregadoras de água
ximas à dona da casa. Mulheres ricas que não compravam suas rou-
e lavadeiras compartilhavam suas bacias naturais de granito e suas
pas na Europa contavam com as modistas locais para imitar estilos bicas. À distância de cerca de um e meio quilômetro do campo de
do estrangeiro. As revístas de moda, com ilustrações coloridas, re-
Santana, atravessando toda a extensão das ruas do centro, o merca-
produziam os últimos modelos da estação ou traziam esboços de do, antes denominado simplesmente mercado do peixe, localizava-se

jo 5,
Morro da Saúde

":,,#));,,,,,,",,,,',,,),,))),,,,,(#,:,,`,íít
})}::`;;;;::N}\;}í}}:\}\;\í;`;;';;;;j\;:\;|X\\\:\,\,\,\,`;',',',',`,`,:í:;;j;`,\\\\\,t\'`:::::, M\
"`

+ ---- +- _i_
---- _ i._ __
=- - LI ---- i!+ - Já+
- = ------ +:lí ---- +!ÉL

= Pânti3no ±: J=; ..L±'11/'

------- +líL, __ _

\',,

Mapa 2. 0 centro do Rio de Janeiro, 1858.


à beira da baía, onde os barcos descarregavam cargas de alimentos espaçosos às vezes desfrutavam o luxo de um regato de água doce
e artigos vários de uso doméstico. Os fregueses chegavam ao mer- ou um raro poço. Com água e espaço para tinas de pedra no quin-
cado pela larga praça contígua, o largo do Paço.22 Embora a po- tal, essas casas forneciam às criadas um lcical privado para lavar
pulação crescesse e a cidade se expandisse, não se desenvolveu ne- roupa.26
nhum eixo central de fornecimento de água, bicas de lavandeira e Por necessidade, boa parte da vida doméstica havia sido orga-
mercado. Por isso, as criadas de rua cruzavam de um lado para ou- nizada em torno da obtenção diária de água potável. Do chafariz
tro todo o espaço físico da cidade. ou da torneira da esquina, a água era transportada de todos os
A lavagem de roupa era uma das principais ocupações na orga- modos e maneiras: "pela velha fraca e mirrada, arrastando-se pela
nização de qualquer lar. As famflias ricas usavam com liberalidade calçada com um balde de água na cabeça" , observada por um visi-
toda forma de roupa branca: fronhas simples ou bordadas, toalhas tante estrangeiro no fim da década de 1850, ou entregue mediante
de mão, guardanapos de linho, panos de prato, panos para dar bri- taxa em enormes barris de madeira instalados em carros de boi,
lho à louça, às xícaras e aos copos. Os que ministravam conselhos ou vendida em balde ou mesmo em copo nas praças públicas. Às
nesses assuntos recomendavam que se tivesse em casa panos em quan- vezes, era uma única criada quem, além de suas outras tarefas,
tidade suficiente para dar conta dos imprevistos - uma doença ou carregava toda a água necessária a uma casa pequena. Uma vez
tempos chuvosos, quando ``as lavadeiras faltam". Cada almoço e em casa, a água guardada em jarros de argila abastecia todas as
jantar requeria toalhas e guardanapos impecáveis, e o chá, uma toa- necessidades, com moderação. Desses jarros de argila vinha não
lha colorida e alegre. Uma mesa digna era posta sempre com a "in- apenas a água para a cozinha - de lavar louça e cozinhar - mas
defectível toalha branca adamascada' ' , que demandava "trabalho também para o uso pessoal da família. As criadas enchiam as ba-
especial de lavadeiras".23 Lavar, alvejar, secar e passar consumiam cias esmaltadas empregadas para fazer a barba e lavar-se e as gran-
a maior parte das muitas horas de trabalho doméstico. des tinas de madeira usadas para o banho, carregando jarra após
Para muitas criadas, a lavagem de roupas significava trabalhar jarra de água.27
nos chafarizes públicos. As casas geralmente careciam de uma fon- Em 1860, já passara a época em que os escravos equilibravam
te direta de água - poço ou água encanada - até as décadas de em suas cabeças os famosos "tigres" (barris de matéria fecal) em
1870 e 1880 e, em muitos lares, até muito mais tarde. Nas primeiras expedições noturnas ou diurnas, para despejá-los no mar ou em fos-
décadas do século xix, longe das regiões mais povoadas da cidade, sas -assinaladas por uma bandeira negra quando cheias, indican-
as lavadeiras batiam roupa nos regatos - o Catete, por exemplo, do que outra deveria ser usada -no campo de Santana. Antes, mes-
onde ele serpenteava gorgolejando desde as Laranjeiras e correndo mo quando o esgoto subterrâneo não existia ou quando servia ape-
sob a ponte. Com a água até os joelhos, elas batiam roupas nas pe- nas umas poucas casas, os chefes de família podiam contratar com-
dras lisas do leito do riacho. Carregando "enormes trouxas de rou- panhias particulares para esvaziar regularmente a matéria fecal ou
pa suja na cabeça", saíam da cidade bem cedo de manhã e volta- os resíduos da cozinha que se acumulavam em barris no fundo dos
vam só ao cair da tarde. Principalmente escravas, elas entregavam quintais, de tal forma que coletores pagos e carretas projetadas es-
as roupas bem passadas, ` `perfumadas com fragrância de rosas, jas- pecialmente para essa função substituíram os escravos.28 Mas os do-
mim, acácia cheirosa'', a acreditar em um relato.24 mésticos ainda incluíam entre suas tarefas a de esvaziar e limpar os
Já em meados do século, porém, as mulheres geralmente lava- urinóis e conservar em grau mínimo a sujeira e o mau cheiro dos
vam roupa nos chafarizes públicos. Ali, o bate-bate da roupa que restos não removidos diariamente, sobretudo nos dias abafados do
ia sendo sovada podia ser ouvido o dia inteiro. No campo de Santa- verão. Por nojo ou por indiferença, e apesar de um regulamento
na, fileiras de lavadeiras - duzentas em uma estimativa - lava- municipal de longa data que estipulava que ninguém deveria "lan-
vam vestimentas e roupa branca usando grandes bacias de madeira çar à rua corpos sólidos ou líquidos", as criadas decerto contribuíam
como tinas. Por sobre a grama rala, em moitas ou em varais estica- para a prática persistente, relatada por um servidor público local
dos entre as árvores, as mulheres estendiam as roupas para quarar em 1893, de despejar na rua, pela janela, "às sete ou oito horas da
e secar ao sol.25 As mansões da cidade ou as quintas com terrenos manhã [...] todas as imundícies possíveis de imaginar".29

j4 55
Outra séríe de tarefas representava maís carregamentos e an-
dançasparaascriadas.Afimdeabastecercomvi'verespereci'veis rias de esquina, abastecidas com "pilhas de carne-seca, bacalhau,
casas sem adegas frescas nem geladeiras para armazenamento, as sacos de feijão e arroz, [...] queijo de Minas", farinha de mandio-
criadassai'amtodasasmanhãsparafazercompras.0mercadoprin- ca, vinho tinto de Lisboa ou pequenos feixes de lenha, também com-
cipal,fornecedordacidadeinteira,ficavadefronteàbai'a,àbeira-
petiamcomomercado.Taislocaisfamiliaresemuitofreqüentados,
mar, "um edifi'cío grande e quadrado", com um portão em cada onde no começo da década de 1870 até mesmo um escravo podia
muro,juntoaedíficaçõesmenoreseumpátio.Umchafarizocupa- comprar na conta de sua patroa, forneciam os artigos de última ho-
va o pátio central, não como decoração mas como fonte de água raouasprovisõesregularesaoslaresquecompravamemquantida-
des pequenas demais para justificar uma ída ao mercado.34
%rcahliEapr£7r_oer,9o=i,nr=-f-e3r?T_efiJ.-iia¥s_i=f£aos`â:ell:Uadlaond:=.aâvaglutaa
dochafaríz,eraminstaladasasfileírasdebarracas,sombreadaspor 0 ponto de vísta predominante esposava a opinião de que as
grandesguarda-chuvasoutoldos.Aolongodasfileirasínternas,os ruas e praças públicas eram locais arriscados, onde os perigos po-
criadospodíamcomprarpeíxe,verduras,frutaseflores;nasbarra- diam ser fi'sicos, e portanto tangi'veís e ``reais", ou sociais, e por-
cas externas, compravam anímais vÍvos ~ frangos, leitões, pássa- tanto observáveís ou "supostos". Uma incursão pela cidade decer-
rosengaioladoseatémesmomacacos-,alémdeutensi'liosdeco- to obrigava as criadas a escolher seu caminho por entre ruas estrei-
. zinha e cerâmica loca].30
tas e tortuosas e expor-se à sujeira, ao tráfego e ao clima, que eram
Entreacasaearua,nasmargensemqueasduaszonasseen- bastantereais.Nasáreasdepovoaçãoantiga,arrancadasdopânta-
trecruzavam, estava a vÍzínhança, onde a reputação especi'fica de no, uma economia de esforço ímpusera ruas estreitas, a fim de abrir
uinlareraconhecidamasondeadiversidadeeocomércíodasruas frentesdiversasemumespaçopequenomas,comotempo,conges-
tambémprosperava.Certasprovisõessópodiamseradquiridasna tionado. Como era caracteri'stico, a distância entre as fachadas das
vÍzínhança:carne,pãoeleíte.Asdonasdecasa,eml88Lpodiam lojas de lados opostos da rua do Rosário ou rua da Alfândega era
envíarsuascriadasparacomprardeumdos160açouguesdacida- cerca de 3,6 metros, enquanto o leito da rua tínha apenas metade
de.Localizadosem"pontosconhecidos[...][vendíamcarne]aqual-
dessalargura.Adequadasnostemposemqueescravosapésupríam
querhora,ogenerodequeprecisa,daqualídadequedesejae,con- quasetodootransporte,essasruas,maistarde,maladmitiamapas-
formeahora,porpreçomaisoumenosbaixo".Emcompetiçãocom sagem de uma carruagem ao lado da outra, e mesmo assim só com-
os açougues, ambulantes vendiam carne fresca e miúdos de ave de
primindo-se contra as fachadas das casas ou lojas. Após 1860, as
porta em porta, de "tabuleiros e gamellas", ou apregoavam fran- carroças ?crescentaram-se ao congestionamento, substituindo a mão-
gos e mocotós de bezerro. As críadas domésticas recebiam o pão de-obra pesada dos escravos, que haviam carregado sacos de ses-
enviado das padarias ou compravam pão e biscoítos dos escravos sentaquilosdecafédosdepósitospara.osnavios.Nadécadade1870,
que,emdesobediêiiciaaosregulamentosdacidade,osvendiamnas
quandoosbondespuxadosaburroforneciamopríncipaltranspor-
ruas.Todamanhãbemcedo,ascriadascompravamoleitedodia tepúblico,opedestremuitasvezesprecisavaentrarrapidamenteem
naporta,deumvendedorqueconduziasuavacapelasruas.Uma umalojaoucomprimir-secontraumacasaparaevitarqueumbon-
criadatraziaumapanela,eavacaeraordenhadalámesmo."Por de o ferisse. A multidão de compradores na elegante rua do Ouvi-
todososlados,osvendedoresambulantescarregandocestas,latas dor impeliu a Câmara Municipal, em 1891, a banir as carruagens
ou potes de vídro apregoavam doces, sorvetes, cigarros e fósforos desdeamanhãbemcedoatétardedanoíte.ApenasalargaruaDi-
oufazendasdeluxo.Muitasvezes,vendiamprodutosdequitanda. reita dava passagem desafogada a carruagens, coches e ti'1buris,35
Algunsoferecíamcafétorradooumoi'do,oumesmogelo,aopasso embora sua presença, especialmente no largo do Paço, aumentasse
queoutrosseespecíalizavamemvenderjornaís,garrafasvazíasou a confusão e o risco para criados com fardos pesados que atraves-
cebolas.320scriadosdacasapodiamouvÍ-Iosaproximar-se,poÍs sassem a pé de um lado para o outro do mercado adjacente.
osvendedores"apregoavamsuasmercadoriasemvozesvígorosas'',
Emumacídadesemesgotosnemremoçãodelixo,asruasacu-
cmaT:anvea£rc:aetfoms_o^u.:ât_raÀ,?:a_T_f-iiú=c_õ'ãie.=`r:eI:=;3!'%:3asa£s=:| mulavam os refugos e, de modo geral, apresentavam um "aspecto
ma,negociavamnovãodasportasoujanelasabertas.Asmercea-
dedeteríoração''.Carcaçasabandonadasnaruaexalavamumchei-
ro fétido que, conforme se acredítava, transmítía doenças. Tantos
j6
ulll- -1 ---------- _ j7
animais mortos se acumulavam que, em 1881, o editor de uma re-
telhados e sacadas caía nos passantes.4] Para as lavadeiras, a esta-
vista científica sugeriu que fossem recolhidos para a produção de
ção das chuvas significava que a roupa para lavar, já por si incômo-
fertilizantes, desse modo fornecendo uma "pequena indústria" adi-
da de carregar, precisava ser protegida dos respingos de lama de car-
cional aos pobres que fariam a coleta.36 Para tratar do problema
roças e carretas. Cem dias chuvosos por ano, em média, dificulta-
da sujeira causada por lixo, animais pútridos, águas servidas e resí-
vam seus esforços de lavar e secar as roupas em tempo. Alguns anos
duos humanos, as ruas mais bem construídas inclinavam-se para um
eram piores. Os 235 dias de chuva em 1890 converteram a secagem
bueiro central que, supostamente, escoava todo o refugo e a água
de roupas em úm empreendimento quase irrealizável e deve ter le-
da chuva, embora durante os aguaceiros o transbordamento se trans- vado a cidade inteira a andar com roupas úmidas ou sujas. Lavar
formasse em uma "corrente de água" e durante o tempo seco o sol roupas ao ar livre, quando a temperatura de inverno caía para dez
tropical causticante agravasse ainda mais o apodrecimento e o fe-
graus, era trabalho duro.42
dor. Em anos posteriores, quando equipes noturnas de trabalho lim-
Todas as criadas que saíam à rua levavam sua carga de traba-
pavam as ruas ``quer chova quer não'',37 como proclamavam os lho árduo. Transportar água, lavar roupa nos chafarizes públicos
funcionários públicos, todo mundo, inclusive os criados, passou a
ou sair dos cortiços para entregar a roupa lavada significava que
circular mais facilmente.
as lavadeiras tinham de equilibrar fardos pesados e volumosos so-
Pelas ruas apinhadas, ``pavimentadas de forma miserável e ir-
bre a cabeça enquanto percorriam seu caminho através da cidade.
regular'', imundas e infectas, caminhavam penosamente as cria-
Exceto no caso das famílias que viviam afortunadamente próximas
das.38 E andavam, em qualquer estação, insuficientemente trajadas.
ao mercado, as compras diárias também representavam para a cria-
Na melhor das hipóteses, iam calçadas com tamancos; o mais das
da um longo caminho até lá, no "extremo mais longínquo do po-
vezes andavam como os outros pobres: descalças. É verdade que,
voamento" . A volta podia ser bastante atribulada se ela carregasse
no verão, as criadas se sentiam à vontade com suas roupas leves mes-
cestas cheias e um frango vivo amarrado pelos pés.43
mo sem usar uma sombrinha, enquanto as senhoras apertavam-se Além de exigir das criadas um trabalho penoso, associado a lo-
em espartilhos sob as camadas do vestido ajustado ao estilo euro-
cais sujos e arriscados, os senhores expunham algumas delas às amea-
peu; mas, no inverno úmido, tremiam de frio, desprotegidas contra ças que tornavam socialmente perigosos os lugares públicos. As dis-
a friagem intensa que se abatia sobre a cidade.39
cussões de rua podiam transformar-se em brigas, com os punhos,
0 clima impunha outras preocupações às criadas de rua. No
cabos de vassoura ou mesmo facas como armas. Em geral, as ofen-
alto verão, o calor podia ser intenso. Os habitantes sabiam que uma
sas eram verbais. Palavras rudes assobiadas ou gritadas às mulhe-
hora da tarde era o momento mais quente do dia e que o calor iria
res, e freqüentemente por mulheres, visavam a insultar. A lingua-
diminuir após as quatro. As compras deviam ser feitas de manhã
gem da rua era provocativamente sexual e racial. Em vez da expres-
cedo, pois depois do meio-dia a venda de carne e peixe frescos na são comum "puta e vaca", a escrava mulata Lucrecia Esmeria do
rua era proibida, uma vez que os produtos teriam de ficar tempo
Sacramento ouviu alguém escarnecer dela com a expressão escato-
demasiado sob o sol causticante. Por boas razões, os funcionários
lógica "viscondessa de Pica-pau" . Em alta voz, ouvida possivelmente
da saúde pública procuravam acelerar o transporte da carne do aba-
por todo o quarteirão, uma mulher desabafou sua raiva contra o
tedouro, a qual freqüentemente ficava estragando nos vagões de trem
proprietário de uma escrava lavadeira a qual ela acusava de ter rou-
sob o calor opressivo antes de chegar aos açougues da cidade e a bado uma blusa: "ladrão, velhaco, que dormia com as escravas, [...]
seus clientes domésticos. Nos meses de pior calor, de outubro a mar- filho da puta, sacana''.44 A torrente de queixas e prisões que retra-
ço, o lixo era coletado antes das onze da manhã; na estação mais ta a vida de rua, abundante em bêbados, homens e mulheres em-
fresca, a coleta era feita por volta do meio-dia,4° no momento em briagados, desordeiros e vagabundos, não era tudo exagero ou ale-
que as criadas abriam caminho de um lado para outro no mercado. gações criadas para justificar as importunações da polícia.45 Segun-
0 tempo seco expunha as criadas a ruas poeirentas e alarmantes, do numerosos relatos, não apenas a linguagem mas também o com-
pois se acreditava que a poeira carregasse a febre amarela; em dias
portamento nas ruas eram grosseiros ou insinuativos. Em 1870, um
chuvosos, a água das calhas de cobre que se projetavam de sob os rapaz escravo foi acusado de "cometer um ato indecente" , e em 1895

58 j9
a "preta magra" Olinda Maria da Conceição foi incriminada por demasiado e adicionando a quantidade certa de açúcar. Embora es-
praticar "actos imoraes na rua".46 Embora os moradores da cida- sa tranqüila rotina fosse amiúde quebrada pela confusão barulhen-
de se recusassem repetidamente a aprovar uma lei contra a prosti- ta dos pratos que passavam rapidamente, pelas moscas que precisa-
tuição, consideravam repugnante as prostitutas que andavam "nas vam ser espantadas, pela necessidade de fornecer mais colheres pa-
ruas centraes" ou que descaradamente se exibiam "seminuas" nas ra servir ou por reclamações exaltadas e inesperadas, as criadas de-
portas e janelas.47 Criadas que saíam para as tarefas domésticas veriam continuar a servir a refeição até o final.5° Para uma cozi-
eram facilmente confundidas com "mulheres da rua" . Podemos sus- nheira ou copeira, a produção de um repasto envolvia uma demons-
peitar que ao menos algumas das mulheres que, quando interroga- tração de talentos na qual ela encontrava uma prova de orgulho por
das, se identificavam como cozinheiras ou domésticas eram criadas seu sucesso e uma maneira de afirmar-se em face dos outros.
erroneamente acusadas de ser "mulheres públicas", ao passo que As criadas pessoais - camareiras e amas-de-leite - podiam as-
outras trabalhavani em ambas as profissões, sendo muito provável pirar a ser recompensadas com afeição ou confiança. No curso de
que desejassem passar-se por criadas apropriadamente emprega- seu trabalho, essas criadas atravessavam com freqüência os espaços
das.48 Estar na rua sem uma companhia adequada era suficiente pa- da casa exclusivos dos membros da família e mantinham com estes
ra levantar suspeitas sobre a intenção de uma mulher e sua moral. um contato diário. Por meio da infinidade de pequenas atenções que
Os patrões não se importavam com que as criadas testemunhas- prestavam aos patrões, podiam testemunhar de perto o lazer e a ri-
sem diariamente ou mesmo viessem a ser vítimas das ofensas da rua. queza, que pertenciam a uma classe da qual elas, por serem pobres
Ademais, tinham por certo que elas, uma vez fora da jurisdição de e serviçais, permaneceriam para sempre e de todo afastadas. Ainda
sua autoridade paternal, seguramente incidiriam em maus hábitos. assim, elas sensatamente se identificavam com as famílias às quais
Em 1872, um patrão candidamente denegou qualquer responsabili- pertenciam. Ser uma mucama ou ama trazia recompensas tangíveis
dade por sua escrava: não poderia responder por sua conduta quando - entendidas como tais por ambos os lados - em retribuição por
ela saía para fazer compras ou vender verduras.49 0s ricos evitavam um serviço apreciado: podiam receber um atavio ou ornamento que
as cenas que julgavam desagradáveis enviando os criados em seu lu- significasse um status especial, como, por exemplo, um lenço de se-
gar. E mandavam uns de preferência a outros. da para atar o cabelo ou um par de chinelas; uma excursão ou, às
Quando os patrões reservavam o trabalho dentro de casa para vezes, até uma longa viagem, como quando d. Alice Neves de Mou-
criadas escolhidas, não apenas as protegiam de trabalhos pesados ra embarcou para Montevidéu, em janeiro de 1891, com seu filho
e embates grosseiros, conforme os julgavam, mas também conce- de dois meses, a ama-de-leite e o filho desta; ou, talvez, um casa-
diam um favor. Como os que tinham autoridade consideravam o mento com o escravo preferido do patrão. Por serem as mais privi-
trabalho dentro de casa algo que requeria mais habilidade e sensibi- legiadas dentre as criadas, as mucamas, embora fossem escravas,
lidade, as criadas encontravam mais satisfação em desempenhar-se podiam talvez esperar a alforria.5[ Conforme os escravos iam di-
bem em tarefas valorizadas. Uma refeição representava uma proe- minuindo em número e não eram substituídos por outros nos lares
za na qual a empregada apresentava discretamente seus talentos em do Rio de Janeiro, as criadas pessoais que serviam por toda a vida
servir à mesa tanto à família quanto a seus convidados. Em tais oca- e estavam ligadas à família do patrão por fortes laços de lealdade
siões, era a representante da casa. Servir à mesa supunha uma segu- e privilégio foram gradualmente desaparecendo. No entanto, as cria-
rança suprema da parte da copeira, a qual, sob o olhar dos convi- das favoritas continuaram a existir, de forma ligeiramente diferen-
dados, começava por colocar uma sopeira fumegante sobre a mesa te. A mulher livre, ama-seca das diversas crianças de uma família,
e depois retirava os pratos usados e distribuía os limpos, sem esque- podia manter um lugar na casa mesmo muito depois que as crianças
cer de dispor a cabeça do peixe em uma direção e a perna do carnei- tivessem crescido, como uma velha e respeitada figura que merecia
ro em outra. Após ter servido diversos pratos e carregado as pesa- afeição e cuidados.
das compoteiras de vidro junto com as outras sobremesas, trazia o As criadas compreendiam depressa tanto o significado de ser
café em uma bandeja, equilibrando-a cuidadosamente em um bra- designadas para certo tipo de trabalho de preferência a outro quan-
ço ao mesmo tempo em que vertia o café nas xícaras, sem enchê-las to os privilégios conferidos ou negados ou os riscos impostos. Pro-

60 6,
vavelmente, elas o mais das vezes aceitavam as diferenças sem refle- fas. Era tão comum que o jantar incluísse convidados de última ho-
xão, como parte de seu trabalho, parte com a qual lidavam todos ra que, visivelmente, a presença destes era tratada de modo infor-
os dias. Ao mesmo tempo, no entanto, temos alguns vestígios de mal. Em 1873, o senador João Maurício Wanderley havia sido con-
condutas ou procedimentos das criadas que sugerem que o trabalho vidado por um colega para "tomar uma colher de sopa, sem a me-
e os locais de trabalho assumiam significados outros que não aque- nor cerimonia, [...] hoje''. Com igual informalidade, o mesmo se-
1es admitidos pelos patrões, e, nessa medida, seus mundos se torna- nador, então um membro do gabinete, convidou o ex-ministro João
vam distintos. Alfredo Correia de Oliveira para "partilhar nosso jantar'' , hoje, ``se
0 trabalho na cozinha era acalorado, sujo e cansativo, mesmo não tem destino''.54 Embora o fluxo contínuo de visitas sociais que
quando dentro de casa. Até os pratos mais comuns requeriam pre- se estendiam pela hora do chá não afetasse nada de especial, isso
parações laboriosas e sanguinolentas. Com um corte pequeno e pre- significava, necessariamente, trabalho dobrado e apressado para as
ciso na veia do pescoço do frango, a cozinheira o matava e sangra- i`riadas. Quando a comezaina acabava e a limpeza da cozinha esta-
va rapidamente, chámuscava-o, depenava-o e, então, aprontava-o va feita, só então a cozinheira ou empregada terminava seu dia, ape-
para cozinhar. Ou, em uma tábua de cozinha, cortava e retirava dos iias cinco ou seis horas antes de começar o próximo.
ossos fatias de carne para assar. Durante horas, cozinhava lenta- As criadas da casa contavam com um rígido programa de tra-
mente o açúcar mascavo em largos tachos de cobre, mexendo e ex- balho, sobretudo em casas abonadas geridas por uma patroa eficien-
perimentando até chegar ao ponto em que aquela massa escura de ie. Sendo o Rio de Janeiro a capital imperial, os horários domésti-
melaço se convertia em açúcar branco e seco. Cuidadosamente, es- cos e as reuniões oficiais eram planejados para se ajustarem uns aos
colhia o arroz, jogando fora grãozinhos de sujeira e lavando-o vá- ()utros. As sessões do Congresso iam do meio-dia às quatro ou, ex-
rias vezes. Com uma garrafa, esmigalhava os torrões` duros de sal, cepcionalmente, às cinco, ao passo que o Supremo Tribunal se reu-
tornando-o fino. Ou, ainda, batia o feijão para separar os grãos da i`ia das dez às duas, de tal forma que as criadas serviam o jantar
sua fina vagem seca.52 Além disso, as condições em que trabalha- liem cedo, às vezes às duas horas, mas em geral no fim da tarde.'
va raramente correspondiam aos padrões recomendáveis. Poucas co- Qualquer que fosse o horário combinado, uma mulher de família
zinhas tinham uma despensa "bem ventilada, com chão de cimen- r)restigiosa cuidava para que a hora das refeições fosse sempre ob-
to''. Em vez de um guarda-comida pendente do teto, uma proteção `crvada e outras atividades não eram desculpa para atrasos - nem
mínima contra formigas, baratas e moscas, ou ganchos nos quais da família nem, muito menos, das criadas.55 Uma patroa podia exi-
dependurar a carne seca e o toicinho, as criadas se debatiam com gir que sua cozinheira, com os cardápios já fixados para aquela se-
alimentos azedos, rançosos ou mofados. Embora algumas domésti- inana, repartisse entre os diversos dias as tarefas adicionais de es-
cas trabalhassem em cozinhas onde as paredes eram "[. ..] cobertas l`regar o chão da cozinha e polir o fogão e as torneiras; havia ainda,
de azulejos, o chão assoalhado" , e onde a janela dava para um "belo iiara a copeira, trabalhos como escovar botas e sapatos todos os dias
e grande ja.rdim' ' , muitas outras deparavam com cozinhas ` `sem te- i`, se sobrasse tempo, limpar os candeeiros e os armários ou encerar
to nem piso", ou com algumas em que o lixo empilhado no pátio {)s móveis. Uma criada de quarto que diariamente espanasse os quar-
emanava "miasmas" perigosos. Elas lutavam contra a ``lama ne- i os e à tarde saísse com as crianças podia também lavar a roupa das
gra" dos quintais de terra batida, que não escoavam a água direito; i`rianças às segundas e terças, remendar roupa branca às quartas,
ou, então, a cozinha em que trabalhavam não ficava longe da ` `fos- levar as crianças para um passeio durante toda a quinta e, por fim,
Sa aberta, entupida de imundície".53 i}assar roupa às sextas e sábados.56 Provavelmente, poucas casas
A jornada longa e rigorosa de uma criada começava antes do {.ram dirigidas de forma tão precisa, pois decerto muitas criadas en-
amanhecer no inverno, quando o sol só aparecia após as seis horas. i`ontravam maneiras de resistir à imposição de horário tão rígido.
Desde a chegada da vaca leiteira de manhã cedo até a ceia, às nove Mas estas podiam ser as exigências.
ou dez horas da noite, a qual terminava a série de refeições diária, Dentro de casa, onde os patrões projetavam seu senso de segu-
a cozinheir`a alternava períodos agitados de preparações com mo- i.ança, a criada tinha razões para sentir-se confinada ou vulnerável.
mentos mais vagarosos em que poderia ocupar-se em outras tare- 1 Jma doméstica sabia como manter-se somente nas áreas de servi-

62 ój
ço, despensa, cozinha e quintal, enquanto os recintos confortáveis uma patroa vigilante, a criada possuía o conhecimento do local e
- salas de visita, salas de jantar, varandas - estavam proibidos
a oportunidade de tratar de seus interesses. Se estivesse seriamente
para ela, a não ser que determinado trabalho ou uma incumbência
súbita justificasse sua intrusão. Jamais poderia ela demonstrar fa- preocupada com um peri'odo menstrual atrasado, poderia ir ao ven-
dedor de ervas perto da igreja procurar um "remédio". Ela sabia
miliaridade ou pretender algum direito sobre aquelas salas, embora
onde comprar amuletos e onde, em casos de sérios apertos, encon-
conhecesse minuciosamente o conteúdo de cada armário ou gaveta.
trar o feiticeiro, o qual convocava as forças da magia branca e ne-
Tão deliberada era a distinção entre sala e cozinha que o roman-
cista Bernardo Guimarães descreveu criadas que se classificavam gra em seu favor. Se era a ação e o risco da rua o que buscava, po-
dia apostar, como fez a lavadeira Carolina Alves em 1906, no jogo
como pertencentes à cozinha e não à sala.57 Por outro lado, aque-
do bicho, administrado pelo vendedor de cartões-postais que ope-
las partes da casa designadas para trabalho nunca pertenciam ex-
rava à porta do barbeiro. No começo da década de 1870, toda vez
jlusivamente aos criados, e a dona da casa ou as crianças iam e
vinham sem cerimônia. Tendo seu trabalho sempre supervisionado que uma incumbência qualquer levava a escrava Belmira à rua da
Carioca, ela se detinha na casa de uma amiga para um bate-papo
e seu comportamento sempre observado, uma criada de quarto ou
Pela janela aberta.59
uma ama-de-leite raramente escapava da presença vigilante de seus
As criadas compartilhavam entre si, e com todos cujo trabalho
patrões. Ela sabia ser alerta, cuidadosa de evitar reprimenda ou pu- também levava às ruas, a vida que acontecia lá fora. A vida das ruas
nição aflitiva. Precisamente porque o trabalho dentro de casa tra-
zia proximidade com os mais poderosos, dos quais não tinha o di- propiciava a formação de um mundo social mais autêntico e íntimo
entre os que se consideravam iguais. Longe da vigilância que ocor-
reito de discordar, a criada podia ser vítima da raiva da patroa ou
ria no trabalho portas adentro, uma mulher esperava cruzar com
sofrer abuso sexual do patrão ou de seu filho. Podia ser sempre
acusada de roubar "[...] guardanapos, colherinhas, facas, peque- putros criados envolvidos em suas tarefas ou, a caminho de alguma
incumbência, encontrar-se rapidamente, em hora e lugar pre-
nas peças de porcelana, roupas de criança e de adulto, ou jóias".58
determinado, com amigos ou um namorado. Dessa maneira, as ruas
Ao invés de proteção, a reclusão na casa podia ocultar o isolamento
se tornaram local de encontro para um amplo e diverso segmento
ou o aviltamento das criadas. No domi'nio da autoridade exercida
dos pobres da cidade.
no âmbito privado, uma empregada podia sentir-se desnorteada ou
As compras domésticas ocasionavam repetido contato com ven-
desamparada.
dedores que eram também escravos ou que pertenciam às classes mais
Assim como as criadas freqüentemente descobriam que as ca-
baixas dentre os livres. As mulheres negociavam tanto com homens
sas de seus patrões eram locais ofensivos, desrespeitosos ou perni-
ciosos, revertendo assim a conotação usual da casa como lugar se- quanto com outras mulheres. Pelo menos alguns dentre os escravos
licenciados enviados à rua para vender aviamentos ou badulaques
guro, também os significados da rua podiam ser invertidos. A cida-
eram mulheres. Em 1861, por exemplo, a licença da negra perten-
de fornecia um ambiente contrastante ao que portas adentro era im-
cente a Felix Martins Corrêa foi renovada para que ela continuasse
posto pelos patrões. Para as criadas que saíam, os lugares públicos
a vender "miudezas e quinquilharias de armarinhos" . Dois anos mais
para além das casas - ruas e praças - vieram a ser mapeados de tarde, outra escrava foi licenciada por sua ama, Rosalina Soares,
acordo com suas experiências, decompostos em uma paisagem co-
nhecida de sons; cheiros e imagens familiares. Cada criada podia que morava na rua Paulo Mattos, para vender "quinquilharias' ' na
rua.6° Era um pouco mais comum as criadas comprarem de mulhe-
estabelecer um caminho favorito pelas ruas, no qual marcos reco-
res que arrendavam barracas do mercado, tal como Maria Luiza da
nheci'veis davam orientação ou fixavam a distância de um ponto a
Conceição, que em 1879 vendia frutas e legumes.6[ Das muitas mu-
outro. Elas conferiam a certos locais um significado particular. Ruas
lheres que apregoavam produtos de quitanda ou outros das cestas
sujas e congestionadas, onde se apinhavam todos os tipos de lojas,
residências particulares, armazéns e edifícios públicos, podiam ser que habilmente equilibravam na cabeça, as criadas domésticas ad-
quiriam pêssegos, abacaxis, cebolas ou verduras. Outra mulher, fo-
postas em ordem pelos sentidos individuais que uma criada a elas tografada na virada do século, suas mãos enrijecidas pelo traba-
atribui'a. Naquele mundo, por um momento fora da jurisdição de
lho, vendia miúdos de ave de uma caixa que carregava presa por

64
6j
L
uma corrente à volta do pescoço.62 Na maioria das vezes, porém, iros eram estabelecidos, postos à prova, apreciados. Assim, as cria-
as criadas negociavam com os homens que preenchiam os quadros das atribuíam aos locais externos de trabalho significados próprios.
de vendedores. A experiência nem sempre invertia tão claramente as definições
Até mesmo com as lojas da vizinhança e com os vendedores ÍJe casa e rua como locais seguros ou perigosos. Com freqüência,
de rua conhecidos, as criadas precisavam negociar em situações bas- as criadas se encontravam em situações altamente problemáticas em
tante agressivas . Fazer o mercado demandava certa estratégia ou mui- que a inventividade ou uma determinação absoluta era a única saí-
ta pechincha, se ela contava dar conta dos pedidos da dona de casa da. Se algumas mulheres consideravam a rua um lugar de vida mun-
ou tencionava guardar um pequeno troco para si mesma.63 Ser da dana, e se outras se tornavam rebeldes ou petulantes sob a proteção
mesma condição social ou racial dificilmente era garantia contra restritiva da casa, todas pagavam por sua liberdade.
transações duvidosas dos vendedores, os quais vendiam caro ou até As criadas nunca escapavam por completo da vigilância da ca-
enganavam completamente o incauto. As criadas arriscavam-se a sa. 0 mundo da rua era um local apinhado de gente, onde se era
comprar carne ou pão mal pesados, e, quando o preço da carne do- t)bservado de perto e onde os segredos não eram mantidos por mui-
brou de repente em dez anos, entre 1890 e 1900, e quase triplicou io tempo. Um vizinho ou parente da família que por ali passasse
num período mais breve, o peso verdadeiro e um preço justo fa- iiodia ver de relance o comportamento inconveniente de uma criada
ziam diferença.64 As criadas cautelosas prestavam atenção nos co- L`, mais tarde, contar à família. A mulher que se demorava na bica,
merciantes que sabidamente vendiam leite aguado, pão preparado prolongando seu trabalho a fim de desfrutar a companhia dos que
com farinha podre ou carne em decomposição;65 procuravam por *c juntavam ali, arriscava-se a ser retida em casa por uma patroa
vendedores confiáveis que sabiam que elas não estavam para brin- i`sperta que frustrava as expectativas da empregada contratando ho-
cadeiras. Se eram rápidas para discernir qualidade e peremptórias, inens para entregar a água no lugar dela.67 A rua impunha suas pró-
podiam então lidar com segurança naquele mundo predominante- i)rias regras e sua própria vigilância, ao menos de forma intermiten-
mente masculino. Com essa firmeza, vinha tanto o risco quanto a ic. Uma noite de verão em 1855, a escrava Benedicta foi presa "por
satisfação. *er encontrada fora de horas" fora da casa de seu senhor, general
Lavar roupa no chafariz apinhado ou nos tanques do cortiço, ^utero. Por toda a cidade, inspetores locais se distribuíam em cada
ou entrar na fila para encher os jarros de água, trazia seus próprios I)airro para ficar de olho nos moradores, investigar queixas, fazer
prazeres sociais. As roupas a secar ou quarar ao sol implicavam lon- i.cspeitar os regulamentos municipais e relatar "qualquer occorrên-
gas esperas para as lavadeiras, tempo suficiente para lavar suas pró- i:ia extraordinaria''.68 A liberdade das ruas era limitada.
prias roupas ou cuidar de suas crianças, trazidas até o local da lava- Para Belmira, a jovem escrava doméstica que em 1872 perten-
gem ou deixadas a correr num pátio. Lavar roupa propiciava a opor- i:ia a Francisco da Veiga Abreu, residente em Santa Teresa, a liber-
tunidade para a camaradagem. Por algumas horas ou mesmo um tlade das ruas acarretou pressupostos evidentes e socialmente degra-
dia inteiro, as mulheres sentiam-se livres da necessidade de com- ilantes. Embora tivesse pertencido originalmente aos pais de Abreu,
portar-se com deferência e mover-se silenciosamente. Ao invés dis- ir.`t ando na família havia muitos anos e sendo estritamente uma criada
so, no local do chafariz tinia a tagarelice e o som do trabalho. As tloméstica, ela não era mais tão protegida. Conforme o relato de
carregadoras de água que esperavam na fila da fonte ou da bica po- ^breu, Belmira ia regularmente às compras e, às vezes, apregoava
diam desfrutar de tempo para conversar ou flertar.66 Salvo por en- l`rutas e verduras. Um vizinho se lembrava de ter visto Belmira acom-
contros com homens que também podiam vir buscar água, as ex- iií`nhar a filha da família em caminhadas e passeios fora de casa.
cursões ao chafariz ou à torneira do bairro, diferentemente das com- 1 jm ourives português recordava que Belmira viera uma vez à sua
pras, envolviam as mulheres em um mundo sobretudo feminino. A lt)ja, mandada pelo amo, apanhar um par de brincos para a filha
vida da rua engajava as criadas em uma comunidade maior que o i.lcle. Mais tarde, em seu testemunho perante o tribunal, o ourives
lar ou a vizinhança. As ruas e as praças públicas podiam oferecer ;`crcscentou que supunha que Belmira não era virgem; ``[. . .] basta-
um ambiente muito mais igualitário que as casas dos patrões. A iden- v[i andar na rua para presumir isto".69 Apenas porque uma criada
tidade individual se formava e encontrava expressão; laços com ou- `.ra cnviada à rua para pequenos serviços, já se podia ter por certo

66 67
que ela não era virgem. Estando tal suposição implícita, essa mu- i`scravos da casa ` `todos sabiam antes de mim e de minha mulher" .
lher não merecia nem necessitava proteção. Paradoxalmente, a cria- Como castigo e para "dar exemplo aos outros escravos'', mandou
da, sem ser virgem, com sua presença protetora transferia para a a ama-de-leite embora e resolveu vender seu namorado.
filha virgem da casa a pureza e segurança do lar. Para Belmira, o Para além do lar no qual trabalhavam, os criados podiam pro-
direito de ir e vir com alguma independência teve um preço. Não curar na vizinhança pessoas com que construir um mundo social mais
sabemos se era correta a suposição casual mas incontestada do ou- amplo. E na vizinhança havia certamente outros criados. Se outras
vires. Também não sabemos se tal suposição importava profunda- freguesias da cidade se aproximavam dos padrões residenciais de São
mente para Belmira. Mas ela não deve ter ignorado totalmente o Cristóvão, então nenhum bairro carecia totalmente de criados e ne-
que estava sendo dito a respeito de si. nhum lar estava perceptivelmente apartado de todos os outros.72 0s
De sua parte, as criadas da casa tinham suas próprias maneiras criados de casas vizinhas podiam, assim, manter contatos continua-
de evitar o que consideravam exigências excessivas. Ainda que os dos uns com os outros ou, ao menos, encontrar-se de passagem. Até
altivos conselheiros de Estado comentassem que "Não ha quem ig- mesmo uma mulher que trabalhasse como única criada de uma fa-
nore que no governo de uma casa tem o amo frequentes vezes ne- mília, ou uma que geralmente ficasse dentro de casa, tinha cons-
cessidade de ordenar aos seos creados pequenos serviços de nature- ciência da presença de outras criadas por perto.
za transitória" , havia casos em que um criado recusava-se a ir além A ausência de serviços urbanos básicos se havia associado às
de sua especialidade. Segundo um francês residente havia tempos atribuições do trabalho do lar para conformàr-se a rotinas reconhe-
no Rio, os escravos nunca resistiam abertamente nem contestavam cíveis e previsíveis. Não obstante, as transformações na vida diária
uma ordem exorbitante, mas recorriam a outros subterfúgios. As se acumulavam, conforme a tecnologia ou os serviços urbanos re-
patroas sabem bem, ele dizia, que não podem pedir a uma cozinhei- centemente estabelecidos se tornavam mais difundidos. A água en-
ra ajuda na limpeza da casa e que as escravas ocupadas com as rou- canada e o sistema subterrâneo de esgotos possibilitaram um forne-
pa`s ou com as crianças jamais consentirão em lavar um parquete. cimento de água reforçado e mais confiável e, combinados à uma
Ou então elas o farão "bem mal, sujando tudo, paredes e corti- rede de transportes públicos, alteraram gradualmente a natureza do
nas".7° Essas serviçais tinham sempre pronta a resposta: não é nos- serviço doméstico e, a partir daí, do trabalho exigi`do dos criados.
so serviço. Quando havia só uma criada encarregada de executar todo Serviços urbanos aperfeiçoados apareceram pouco a pouco durante
o serviço, ela não tinha esse pretexto conveniente, é claro, mas ain- o espaço de várias décadas. As famílias mais ricas, ou as que viviam
da assim ela podia trabalhar devagar e fazer tudo malfeito. Em ma- em subúrbios mais espaçosos e de povoação mais recente, desfruta-
téria de resistência passiva, os escravos, por ironia, contavam com ram esses serviços primeiro; outros, somente mais tarde, e alguns,
uma vantagem sobre os criados livres, que podiam ser despedidos. nunca. No entanto, pode-se dizer que um espírito de mudança e re-
Já os escravos, discorria o francês, tinham pouco incentivo para tra- novação caracterizou o Rio de Janeiro nas décadas de 1860 e, so-
balhar bem mas iriam sempre ser alimentados, abrigados e vestidos, bretudo,1870. Na década de 1880, modificações substanciais eram
pois, afinal de contas, representavam um investimento. amplamente visíveis. Casas "com água dentro e gaz" ou com um
Em 1859, uma ama-de-leite escrava escapou do isolamento da quintal espaçoso e "com tanque e repuxo [...] com abundancia
casa de seu senhor tomando por namorado o escravo Bonifacio, alu- d'agua encanada" podiam ser obtidas já em 1875, ao passo que dez
gado pelo mesmo amo a uma família da vizinhança.7] Bonifacio vi- anos mais tarde, em algumas casas, até os criados podiam contar
nha visitá-la todas as noites, esgueirando-se pelos quintais da vizi- com um banheiro para uso próprio.73 Inovações que se traduziam
nhança depois do toque de recolher e indo dormir com a amante em arranjos domésticos alterados tinham, para as criadas (embora
na mesma cama que ela compartilhava com a criança de peito. A novamente para algumas mais cedo do que para outras), a conse-
escrava pagou caro por seus prazeres ilícitos quando o dono desco- qüência de modificar os locais e contextos sociais de trabalho.
briu-a "já abarrotada" e sua filha doente por causa do leite altera- A água encanada foi fundamental para reformular a vida do-
do. Ele pareceu ficar tão ofendido (mas não surpreso) pelo com- méstica. As obras urbanas que levaram a água para os lares indivi-
portamento da ama quanto pelo logro que sofrera, pois os outros duais ou os equiparam com escoadouros e esgotos modificaram o

68 69
tricamente arranjado, com uma fonte pequena e ornamental, cer-
}trabalhodascriadas.Emboraaspilhasderoupabrancaevestimen- cado por uma grade de ferro forjado e trancado à noite, substi-
tas não tenham diminuído, menos criadas se arrastavam pela cida-
de carregando pesados fardos de roupa suja, pois algumas tinham tuía o movimento e a agitação daquele pitoresco local das lavadei-
a conveniência de poder lavar em casa. A água encanada também ras.78 Em menor escala, a lavagem coletiva de roupas continuava
noscortiços,massemomesmosentidojubilosocomqueascriadas
diminuiu ou alterou a mão-de-obra gasta em conservar limpas as
famílias da cidade. Na década de 1880, os que tinham condições fi-
haviam audaciosamente aclamado como suas as fontes públicas e
nanceiras possuíam salas de banho completas e aparelhadas de mo- as praças. Em vez disso, trabalhavam mais horas dentro de casa,
do elegante, com banheiras de porcelana.74 Mas os benefícios eram emquintaisoupátiosmurados,comsuaofertaambivalentedepro-
equívocos. Embora as criadas não mais carregassem intermináveis teção, a qual também admitia a presença crítica e intrusa da dona
de casa.
jarros de água para encher bacias, agora elas esfregavam pias e ba-
Se, por um lado, durante as décadas de 1870 e 1880 alguns lo-
nheiras que sujavam facilmente, tomando cuidado em não 1ascar
suas superfícies frágeis e em seguida enxugando tudo como sempre cais de trabalho aos poucos deixavam de ser lugares muito freqüen-
haviam feito. Em casas com encanamento, as ¢omésticas lidavam tadoseagitados,poroutro,oRiodeJaneiroestavaexpandindo-se.
com freqüentes entupimentos dos esgotos, e a falta de água persis- As linhas de bonde se entrecruzavam nas regiões mais antigas da
tia, séria o suficiente para forçar as autoridades da cidade a reco- cidade ou ligavam-nas a bairros ainda esparsamente povoados. Os
mendar que a água fosse usada "só para o essencial", estimulando bondes traziam os subúrbios antes distantes (sobretudo os que eram
as queixas a se tornar mais encarniçadas. 0 efeito abrasador da se- inalcançáveis pela balsa, como o Jardim Botânico e a Tijuca) para
ca em outubro de 1878 levou "centenas de pessoas [a se juntar] to- maispertodocentro,estimulandoainstalaçãoderesidênciasainda
da noite e toda manhã à volta das torneiras do largo da Carioca" , mais longe. Nos amplos subúrbios, as famílias moravam em casas
e a água foi racionada.75 Encanamento mal instalado, reservatórios mais espaçosas, nas quais terrenos maiores permitiam o cultivo de
descobertos, com alta concentração de bactérias, o corte de água um jardim ou gramado, em contraste com os cômodos de habita-
durante o dia, "justamente quando o serviço domestico mais preci- ção sobre uma loja que eram típicos das apinhadas partes antigas
sa de agua", ou a falta de água em regiões inteiras da cidade por- da cidade. Assim, mais famílias procuravam criadas que poderiam
trabalhar e viver longe das áreas mais de classe baixa, no centro da
que os canos não haviam sido instalados ainda significavam que nem
todas as criadas receberam igual oportunidade nesses supostos me- cidade - longe dos locais a que, por pobreza, raça ou laços de fa-
lhoramentos.76 0s urinóis e a remoção de dejetos contratada por milia,ascriadasdeclaravam-sefiéis.ComocriadanaTijucaem1899,
Antonia Mendez precisava ir de bonde um longo percurso desde o
particulares continuaram a existir pelo século xX adentro.
Contrapostas às conseqüências sociais, as vantagens da nova trabalho até a parte mais antiga da cidade, perto do campo de San-
tecnologia pareciam ainda menos evidentes. Para muitas criadas, as tana, para encontrar seu amado.79 Para essas mesmas mulheres, o
mudanças no trabalho representavam um mundo social concomi- mercadopúblicotambémficoumaisdistante,exigindocaminhadas
tantemente mais estreito. À proporção que as idas ao chafariz ou maislongasemaistempocomacompradeprodutosfrescos.Éver-
às bicas próximas se tornavam desnecessárias, as domésticas encon- dade que ganharam tempo livre, mas, uma vez em casa, ainda ti-
travam menos pretextos de escapar dos limites da casa para a vida nhamdeterminarastarefascostumeirasnoquesobravadodia.Na
mais aberta da rua. Perderam para sempre os chafarizes como lo- ausência de feiras de rua locais, as domésticas continuaram a "vir
cais favoritos, onde elas não somente trabalhavam mas também pas- dos subúrbios para fazer compras diariamente".8° Embora os po-
savam momentos importantes de sua vida pessoal. As bacias de pe- bres,eentreelesascriadas,nãotivessemcondiçõesdetodososdias
dra do largo da Carioca deixaram de ser local de reunião e se tor- pagar os duzentos réis (ou seja, dez centavos de dólar) do bilhete
naram simples cenário de fundo para o tráfego apressado que pas- dobonde,podiamfazê-lodevezemquando.Aparentemente.asla-
sava. Por volta de 1890, não havia sequer uma única lavadeira à vadeiras, como a que foi fotografada na rua Camerino em 1890,
vista.77 Antes disso, o "chafariz das lavadeiras" do campo de San- descansando seu fardo no chão enquanto esperava, contavam to-
tana já havia sido totalmente removido. Em 1870, um jardim sime- inar um bonde. Em 1913, a presença dessas passageiras deu origem

7,
70
a um regulamento que proibia o transporte de ``roupas servidas"
nos carros coletivos, regra a que os motorneiros e o público não da-
vam nenhuma atenção.8] Embora o percurso sobre trilhos fosse
uma condução mais suave, nada impedia que uma mula se assustas-
se e arremetesse de cabeça contra uma banca de esquina. No geral,
porém, os bondes provaram ser mais seguros que as antigas carrua- 3
gens coletivas. Raros eram os acidentes como um que ocorreu em
1868, quando diversos passageiros se machucaram, inclusive a es- VIDAS PRIVZ4DAS
crava Anna, lavadeira, que, grávida, estava em seu caminho das La- EM I:UGARES PÚBLICOS
ranjeiras para a cidade.82 Embora fossem mais seguros e demandas-
sem menos esforço que andar, os bondes impediam uma mulher de
entrar casualmente em uma mercearia para bater papo, e a paisa-
gem populosa e imediata com a qual se deparava quando andava
a pé tornava-se distante e menos vivaz quando vista de bonde. Mas Um dia de maio de 1899, Salvador Barbará, espanhol de 36 anos
é fácil exagerar as mudanças ocorridas, e por isso torna-se necessá-
que imigrara no Rio de Janeiro, se viu acusado de ter invadido um
rio ter em mente que a vida urbana alterou-se de forma lenta e irre- cômodo de aluguel no campo de Santana. Um empregado do corti-
gular. Nenhuma parte da cidade e nenhum lar mudou da noite para ço viu Salvador entrar no quarto 4 com uma chave ` `justamente igual
o dia, de modo que mesmo no fim do século muitas criadas conti- a da dona do quarto". Sem ter logo encontrado "seu patrão", o
nuaram a trabalhar da maneira antiga. empregado chamou a polícia. Tanto o empregado quanto o proprie-
tário que alugava os cômodos consideraram suspeita a presença de
Salvador, pois eles sabiam que o quarto pertencia à ausente Anto-
nia Mendez. Segundo o proprietário, Salvador alimentou suas sus-
peitas parecendo, no começo, estar "muito atrapalhado" e, depois,
insistindo em "que não tinha que dar explicações" . 0 proprietário
e o empregado persuadiram a polícia a prender Salvador. Este, por
sua vez, deu ao incidente uma cor completamente diferente. Asse-
verava que aquele quarto era sua residência. "Que tendo feito as
pazes' ' com sua ` `amásia' ' Antonia Mendez e "para economizar di-
nheiro" entre eles, Antonia lhe passara a chave do quarto que ela
alugava e lhe dera licença para dormir ali. Salvador havia ido lá nos
i'iltimos quatro dias mas quando chegara naquela tarde para mudar
de roupas e descansar a polícia o prendera. Ele instou a polícia a
conferir suas declarações com Antonia, pois esta iria defendê-lo. Não
.`abendo exatamente o lugar em que Antonia trabalhava, pediu à po-
lícia que a procurasse.
É evidente que não tentaram, ou tentaram sem êxito, pois só
três dias depois Antonia apareceu na delegacia de polícia, e por sua
própria iniciativa. Ela não contou como ela sabia que devia. procu-
rar por Salvador ali, mas na mesma hora ela reconheceu que Salva-
{lor era seu amásio e que lhe dera a chave, autorizando-o a deixar
Suas coisas lá. Segundo seu relato, Salvador, longe de ter invadido

7? 7j
seu quarto, estava-lhe fazendo um favor. Empregada como domés- lhes outorgava uma medida ainda mais segura de respeitabilidade.
tica na distante Tijuca, um considerável trajeto de bonde até o cam- Sabemos que Salvador se considerava um homem honesto que tra-
po de Santana, Antonia só podia ir até seu cômodó de vez em quan- balhava para viver, uma reputação que ele prezava. Como Salva-
do -"ella só vem no quarto de oito em oito dias", o empregado dor, Antonia se colocava à parte dos "vagabundos" e mendigos,
do alojamento havia dito -; por isso, cabia a Salvador tomar con- pois também mantinha um emprego com um patrão cujo nome e
ta dos haveres que ela lá guardava. Convencida pela confirmação endereço ela podia fornecer. 0 emprego lhe permitia alugar um quar-
de Antonia, a polícia libertou Salvador. Este expressou seu alívio to, e ninguém expressara nenhuma queixa contra ela. Ademais, as-
por ter "provado sua idoneidade" , pois, conforme afirmou, "sem- sim como Salvador e ao contrário dos policiais que o prenderam,
pre foi um homem honesto e trabalhador".] Ao final, a polícia fi- Antonia sabia ler e, de modo um tanto vacilante, escrever seu no-
cou satisfeita por não ter ocorrido nenhuma invasão. Antonia e Sal- me.4 Assim, segura de sua posição e de sua habilidade para fazer-
vador puderam prosseguir o curso normal de suas vidas. se ouvir, apresentou-se à poli'cia em defesa de Salvador.
0 caso aparentemente trivial do quarto de Antonia pode des- Apesar das circunstâncias específicas, em um contexto social
vendar significados mais amplos. Acima de tudo, Antonia, uma cria- mais amplo a vida de Antonia e Salvador, conforme expressa por
da que residia no serviço, conduzia uma vida particular inteiramen- aquele breve relato, não parecia estranha nem extraordinária. An-
te separada da casa do sr. Carlos Coutinho, onde trabalhava. E o tonia é uma figura mais que plausível, pois, embora seus modos de-
fazia energicamente: percorria o longo trajeto de bonde desde os su- terminados e sua energia a distinguissem, ela também ilustrava a si-
búrbios até o centro, onde ela sabia, ou descobriu, que era possível tuação de outras criadas. Mesmo antes da abolição da escravatura,
alugar cômodos em torno da praça; economizava dinheiro suficien- as domésticas que residiam na casa dos patrões logravam conseguir
te para pagar o aluguel, o equivalente a até cinco dólares por mês, horários e locais nos quais poderiam conduzir suas vidas particula-
de um salário que provavelmente estava em oito dólares. E tudo is- res longe do trabalho. E elas o faziam em número considerável, ao
so quando o trabalho lhe deixava algum tempo (uma vez a cada oi- ponto de levar os advogados e leigos que projetavam os contratos
to dias, na melhor das hipóteses) para desfrutar a independência que de locação nas décadas de 1880 e 1890 a procurar regular o serviço
preservava com tanto zelo.2 Aparentemente, Antonia alugara um doméstico, precisamente para proibir as criadas que "dormissem no
quarto só para si, antes mesmo de juntar-se a Salvador e não ape- emprego" de "alugar um quarto em qualquer outro alojamento"
nas por causa deste. Mais tarde, veio a incluir Salvador, como seu e, antes de 1888, para proibir uma escrava doméstica de, "ainda mes-
amante, naquela precária vida autônoma que ela estabelecera. mo com autorização de seu senhor'', "estabelecer residencia pro-
Apesar das circunstâncias negativas, tanto Antonia quanto Sal- pria''.5 Não obstante os Conselheiros de Estado acabassem por se
vador reivindicaram, com sucesso, respeitabilidade. Até o incidente decidir contra muitos desses projetos de regulamentação , baseando-se
com o quarto, nenhum dos dois achara necessário explicar ao pro- em fundamentos legais, eles estavam de acordo -e sua concordân-
prietário nem seu relacionamento nem o fato de que pretendiam re- cia nesse ponto atestava o costume - em que medidas preventivas
partir um quarto. Ambos compreendiam, no entanto, que reconhe- deveriam ser tomadas para coibir tanto "os abusos muito frequen-
cer seu relacionamento lhes conferia identidade e legitimidade: Sal- tes" quanto as negligências de seus deveres da parte de criadas, por
vador poderia usar o quarto legalmente; Antonia não seria tomada "sahirem a passeio ou a negocio principalmente a noite, sem licen-
por prostituta. Decérto, concluiu a polícia no êurso das investiga- ça dos amos" .6 É impossível saber quantas criadas, eomo Antonia,
ções, "n'essa qualidade [„.] [de] amante de Salvador'', era natural mantinham residência dupla. As que o faziam, acrescentando tam-
que Antonia lhe desse chavé.3 Eihbóra estivessem juntos havia pou- bém as que de vez em quando desviavam algum tempo de serviço
co tempo, seus esforços para ``economizar" e o cuidado mútuo de para si mesmas, eram numerosas o suficiente para inspirar cuida-
suas posses - o fato de que cada um deles possuía alguns bens ou dos e reações dos empregadores.
mobília - sublinhavam a respeitabilidade pessoal e indicavam uma Além daquelas cujas árduas rotinas de trabalho eram vigiadas
consciência de planos futuros e uma intenção de permanecer juntos. de perto e que, por isso, precisavam manter clandestinas suas vidas
Sua união não podia ser tida como casual ou transitória. 0 trabalho privadas, existiam outras que de hábito residiam fora da casa de seus

74 7j
patrões, conduzindo abertamente suas próprias vidas. Boa quanti- guma coisa de sua vida pessoal. Embora o estilo de vida de cada
dade de mulheres voltava para suas próprias casas à noite, tão logo pobresediferenciassedosdemais,talsituaçãonãoera,nunca,éevi-
terminava o serviço. Eram as que dormiam fora`. Outras tinham pa- dente. escolhida. Os pobres não elegiam as características de sua exis-
ra si uma noite inteira por semana, normalmente aos domingos. Ou- tência; a pobreza impunha ou exagerava os problemas que enfren-
tras ainda - cerca da metade das criadas identificadas em São Cris- tavam. Mas, em sua maneira própria de lidar com esses problemas,
tóvão em 1870 - levavam vida independente,7 trabalhando como construíam um repertório de significados e maneiras de agir que mui-
diaristas para diversas famílias ou pegando roupa para lavar, ou, ain- tas vezes diferia do dos mais ricos. As criadas compartilhavam com
da, costurar. Até mesmo escravas algumas vezes moravam assim, tal os outros pobres suas necessidades e soluções. Como todos os que
como três que foram contadas no censo de São Cristóvão de 1870 contavam com um patrão para ter segurança, as criadas conheciam
ou como a escrava Rita que, na década de 1880, morava sozinha e a precariedade de sua posição; por isso, a preservação de alianças
"alug[ou]-se por sua conta''.8 Escravas que ganhassem uma soma comgentenasmesmascondiçõesserviacomoprecaução.Assim,sua
diária superior à exigida pelo amo podiam alugar quartos diretamente frágil independência, com elementos de auto-afirmação e adapta-
ou sublocá-los de pessoas livres - situação bastante comum segun- ção,eraumasegurançacontraavulnerabilidade.Importaentãodes-
do a vista da polícia, ao ponto de justificar uma lei municipal con- cobrir o modo de vida do pobre com seus elementos de vivência da
tra tais práticas. Dessa maneira vivia certo número de lavadeiras ou rua, com vestimentas diferenciadas, no carnaval, em um extremo,
amas-de-leite, conforme a expressão de um jurista do século xix, e nas rotinas da vida familiar, no outro. Antonia e seu cômodo for-
"quase que isentas da sujeição dominical, quase livres".9 necem um ponto de partida.
Fosse qual fosse o grau de independência e respeitabilidade que Em contraste com os bem-nascidos da cidade. resguardados do
criadas como Antonia Mendez pudessem reivindicar para si, elas tam- olhar público em suas carruagens fechadas, atrás de suas mansões
bém enfrentavam limitações intransigentes. Consideradas enquan- muradas ou dentro de igrejas requintadas, as vidas dos trabalhado-
to grupo, as criadas pertenciam à classe dos trabalhadores pobres respobrespertenciamaomundodarua.Aliencontravamdiversão,
urbanos, junto com os carregadores, mascates e vendedores do mer- combinavam encontros ou se reuniam por acaso nos ambientes aces-
cado, todos aqueles que empregavam de foma intermitente sua força síveis e familiares das praças, parques e mercados. Mais arejados
de trabalho. Por outro lado, os trabalhadores pobres distinguiam queosúmidos,escuroseabafadoscômodosdoscortiçosouasfilei-
a si mesmos e eram vistos pelos outros como diferentes dos mendi- ras de casas miseráveis, os pontos de encontro nos pátios abertos
e esquinas os atraíam. Os pobres compartilhavam esses lugares não
gos, dos vagabundos, das prostitutas e das pessoas doentes e rejei-
tadas. 0 fato de trabalhar conferia lugar identificável e respeitável apenas com parentes mas também com vizinhos e iguais, ou com
na sociedade, ainda que modesto. Era um lugar obtido graças aos os que perambulavam sem teto pelas ruas. Assim, para os pobres
vínculos de dependência dos trabalhadores com um patrão, cone- os lugares predominantemente sociais, onde forjavam relações e se
xões que outorgavam uma identidade social negada aos desempre- associavam em atividades que os aproximavam uns aos outros, eram
os locais públicos da rua, duplamente familiares para as mulheres
gados pobres, os quais permaneciam anônimos. Dessa maneira, os
trabalhadores pobres, sobretudo as criadas que pertenciam de for- que saíam no curso regular de seu trabalho de criadas.
ma evidente a determinado patrão, permaneciam firmemente liga- Em termos de dia-a-dia, os lugares mais freqüentados eram a
dos àqueles para quem trabalhavam. No entanto, para as serviçais taverna ou a venda da esquina. Ambas serviam igualmente bem co-
mo pontos de encontro casuais, onde as pessoas iam tanto conver-
que ao menos parcialmente se evadiam às imposições da autoridade
sar e beber quanto adquirir comestíveis. As duas vendiam víveres
patriarcal, sua independência medida, oblíqua, revelava-lhes possi-
bilidades de conduzir vidas privadas. eartigosdiversos,"apreçosexagerados",segundoasfontesdaépo-
Se como empregadas nas casas de outras pessoas as criadas ca, assim como bebidas alcoólicas fortes que eram tomadas no bal-
cão. As tavernas, com freqüência estrategicamente situadas na en-
podemservistasdentrodeummundoconfortável,precisamosbuscá-
las no contexto dos pobrçs, aos quais por nascimento, parentesco trada de um cortiço, tal como uma na rua do Rezende em 1879, ofe-
ou meios econômicos elas pertenciam, se pretendemos recuperar al- reciam crédito aos inquilinos, como forma de encorajá-los, ou obri-

77
76
gá-los, a permanecer em certo cortiço em vez de mudar-se para ou- c`ortiços maiores a funcionar quase como entidades auto-suficíentes.
tro. Os homens lá se reuniam mais freqüentemente. Menos mulhe-
Nos fundos, encontrava-se uma série de oficinas: "alfaiates, sapa-
res o faziam, embora a compra de algum artigo necessário à casa
teiros, marceneiros, carpinteiros, pintores, funileiros, assim como
fosse um pretexto bem-vindo para demorar-se lá. Uma velha criada
uma casa de pasto".]5 Dessa forma, inquilim que exerciam algum
queequilibravaumaenormetinadeáguasujanacabeçaparaesvaziá- típo de ofi'cio tinham alojamentos baratos em que podiam desen-
la na praia tinha toda noite o ``hábito de visitar as vendas" para
volver suas atividades, talvez evitando assim as licenças obrigató-
beber. Graças a um processo de 1870, sabemos que uma jovem ne-
rias da cidade, ao mesmo tempo em que os outros inquilinos po-
gra marcava seus encontros na venda gerida por um português no diam contar com alguém conhecido para consertos necessários. Em
campo de Santana. Lá, ela podia deixar sua lata de água, para enchê-
menor escala, os quiosques que vendiam fósforos, café ou, segun-
la mais tarde na bica mais próxima; assim, ficava livre para passear
do se dizia, bebidas alcoólicas baratas nas esquinas movimentadas
um pouco com seu soldado.]° Depois do trabalho, os homens be-
e nas praças da cidade forneciam lugares informais onde um traba-
biam aguardente barata nas tavernas ao ar livre, enquanto as mu-
Ihador, em seu caminho para casa, poderia parar, talvez a fim de
lheres e crianças podiam tagarelar pelas janelas abertas ou se en-
cncontrar-se rapidamente com uma criada que tivesse sai'do para de-
contrar fora e conversar até a hora de ir para cama."
sincumbir-se de alguma tarefa.16
As horas gastas na taverna indispunham os habitantes locais
A igreja - ou melhor, os espaços abertos em frente e à volta
contra os inspetores do quarteirão e a polícia, aumentando seu sen-
da igreja - rívalizava com a taverna e a venda da esquina como
so de camaradagem. As tavernas não apenas não fechavam às dez
segundo local para ponto de encontro. Ao contrário da taverna, po-
ou onze horas, indo contra as regras de licenciamento, mas tam-
rém, o adro era dominado pela presença de mulheres. As moças fi-
bém despertavam atenção por seu movimento às vezes tumultuado.
cavam de encontrar-se com os namorados ali. 0 vendedor de ervas,
Os fregueses - segundo a poli'cia - provocavam desordem com
c.onsultado a respeito de doenças, receitava os ingredientes necessá-
sua "algazarra" e palavras obscenas gritadas em a]tas vozes. "Gen-
rios para curar ou para induzir um aborto.`7 No ``mercado de amu-
te de todas as condições", "de moralidade duvidosa", "até escra-
letos", as mulheres compravam todo tipo de figuras de cera ou ma-
vos e pessoas suspeitas", se reunia lá dentro, transbordando para
deira, imagens de santos e amuletos. Manuela, vividamente retrata-
a rua.'2
danorelatodoresidentefrancêsCharlesExpillyem1863comosendo
Espertamente, o dono de um armazém que vendia "quinqui-
umaescravademasiadovivazparasermantidacomocriadadequar-
lharias' ' atraía multidões tendo músicos para tocar em seu estabele-
to e enviada, em vez disso, a vender frutas na rua, foi ao mercado
cimento, embora assegurasse ao inspetor local que nunca passaria
comprar novos talismãs. Substituindo os antigos, os quais com o
das nove da noite. Às vezes, um cortiço abrigava uma taverna den-
tempo haviam perdido seus poderes, e parando para entrar na igre-
tro de seus portões, a qual assim lograva ficar aberta "dia e noite' ',
como uma no "grande cortiço" da rua General Caldwell em 1876.'3 ja, onde acendeu três velas e mergulhou os talismãs na água benta,
Manuela podia então acreditar ter repelido as influências maléficas
Um funcionário da saúde pública afirmou em 1882 que, todos os
dias, de uma população de 300 mil pessoas cerca de 60 mil bebiam que iriam interferir em sua intenção de encontrar de novo o estran-
"álcool barato" em alguma das 2812 tavernas da cidade.]4 Quer o geiro atraente a quem esperava vender os saborosos pêssegos que
estado de ânimo dos bebedores costumasse se tornar intratável ou guardara com cuidado, exclusivamente para ele. As mais numero-
sas no mercado eram as amas-de-1eite, que lá podiam comprar amu-
violento quer permanecessem apenas barulhentos, isso não sabemos.
letos para si ou para os bebês de que cuidavam, contra os reconhe-
Para as autoridades, o mero fato de que tantas pessoas freqüentas-
cidos perigos da doença.18
sem as tavernas fazia a bebida parecer excessiva e, por isso, perni-
Durante todo o ano, principalmente à noite, nas ruas e praças
ciosa, ao passo que a taverna podia ser, ao menos para alguns, sim-
acessi'veis àqueles que se hospedavam no centro, incontáveis barra-
plesmente um ponto de encontro local.
cas ofereciam divertimento: apostas de um vintém em cavalinhos
E havia também outros ambientes. Os cortiços forneciam ser-
de madeira que se moviam mecanicamente em ci'rculo - "um jogo
viços que fortaleciam a autoconfiança do pobre ou capacitavam os
a semelhança da roleta" com sua ``esperança de lucro" -, ou uma

78
79
vre,nãorecebeunenhumdosgestosdeamizadequeampararamHo-
proeza de acrobacia, ou uma volta de balão. As autoridades muni- norata. Como costureira em 1876, Maria Francisca trabalhou pri-
cipais já haviam tentado banir os "círculos", baseando-se na pre-
meiro em um lugar, depois em outro, de modo que nenhum laço
missa de que eles corrompiam a moral das crianças "e mesmo [to-
deafeiçãoourazõesparaamizadeaprendiamaumbairro.Naver-
mam] tempo a escravos, que deixando estes as casas de seus senho-
dade, em um dos empregos em que estivera, ela afirmara com fir-
res ahy passão horas em prejuizo dos mesmos" .[9 Mas os jogos de
meza "não se dar com os vizinhos" .22 Antonia Mendez e Salvador
apostasprovaramsermuitopopularesepersistentes,eapolíciade-
Barbarátalveztenhamencontradoaindamaissolidariedadepelofato
sistiu. Além de diversão, essas barraquinhas proporcionavam a oca-
de haver ambos imigrado da Espanha. A ajuda entre os imigrantes
sião e o lugar para encontros, casuais ou previstos.
recém-vindos se manifestava claramente, ao ponto de produzir nos
Amizade e apoio , lealdade ou afabilidade, encontravam expres-
brasileirossentimentosdedesdémquandosereferiamao"louvavel
são nas relações conduzidas com mais intimidade. Quando em 1906
empenho com que os portuguezes se protegem mutuamente entre
d. Maria Coelho disse a sua criada que esta deveria procurar outro
nós".23
lugar para dar à luz a seu filho, Etelvina sem demora recebeu o sa-
Protegidas por uma paisagem de lugares familiares e estando
lário devido e se foi. Mas, em vez de ficar sozinha no quarto que
nacompanhiadeiguais,asmulheresarriscavamexpressõesmaisau-
alugou, ela foi alguns dias depois para o rancho pertencente a um
daciosas de sua personalidade do que permitiria seu trabalho como
amigoemquempodiaconfiar.EsteeraPedro,umoperáriopobre,
criadas.Umacorrentedeourocobiçada,umlongoxaledecoresvi-
quelheproporcionoucompanhiaeumlugarparaficar.Etelvinadisse vas ou um par de chinelas de uma mulher pobre traduziam um sen-
ter tido um aborto acidental, enquanto outros a acusaram, sem pro-
so de glamour, ou uma visão de si mesma como pessoa sexual. Um
vas, de infanticídio. Pedro a assistiu durante essa provação, dizen-
turbantedemusselinabrancaemacia,oudesedavermelhabrilhan-
do que ela chegara a sua casa com "dor de estômago" e que, por
te,tomavasuainspiraçãoàÁfrica.24Seopadrãoelitizadodebele-
isso,elesaíraembuscaderemédio.Quandovoltou,Etelvinaestava
za feminina consistia em "tres cousas brancas: a pelle, os dentes,
sentada na cama e lhe mostrou um "pano com um pouco de sangue
as mãos", e em "tres cousas pretas: os cabellos, os cylios, e as so-
qualhado" -prova de um aborto acidental, conforme Pedro afir- brancelhas", os pobres, muitas vezes de pele escura, entendiam de
mou. Segundo seu testemunho, a história de que ela abortara pre-
mododiferente.Nocursodeseudepoimentoparao``divórcio''que
meditadamente ou mesmo cometera infanticídio era uma mentira
"espalhada por alguém que desejava se vingar dela" .2° A amizade os ex-escravos Rufino Baleta e Henriqueta Maria da Conceição so-
licitaram em 1857, Rufino declarou considerar sua mulher uma "pre-
também fez diferença para a escrava Honorata, forçada na década
ta bonita e de ellegante estatura".25
de 1860 e no começo da de 1870 a dividir seu tempo entre o traba-
Nenhuma outra expressão de vida de rua ou de identidade co-
lho doméstico e a prostituição, pois nem sempre conseguia ganhar
letiva suplantava a celebração do carnaval, pois nenhuma outra em-
tantoquantooexigidoporsuaama.0cocheiroquecostumavalevá-
pregava as energias e a imaginação tão intensamente nem revelava
la e trazê-la de seus "encontros" , e que testemunhara as reprimen-
aconsciênciapopularcomtantavivacidade.Começandocomativi-
das que ela recebia por chegar tarde ou por trazer muito pouco di-
dades em pontos i§olados e então se espalhando até envolver toda
nheiro,ajudava-aaevitaressascenasemprestando-lhedinheiropa-
a cidade na folia, o carnaval extrapolava as fronteiras da vizinhan-
raperfazerseu"jornal",aquantiadevidaàpatroa.Outrohomem,
ça para transformar-se em demonstração tipicamente popular. Em
o qual dormia com Honorata e sabia ser ela virtualmente forçada
vez dos laços de parentesco ou dos vínculos entre amigos ou vizi-
a entregar tudo que recebia, guardava algum dinheiro para lhe dar
nhosquesurgiamnocortiço,tavernaouadro,ocarnavalafirmava
quando estivessem juntos, pretendendo conservá-lo, conforme di- uma unidade mais indefinida, porém mais abrangente, entre os po-
zia,apenasparaela.Umrelacionamentoregularsedesenvolveucom
bres da cidade. Pela troça dirigida a seus superiores sociais, os po-
outro cliente que a seguia por todo lugar, "encontrando-a onde quer
bres se colocavam à parte.
que fosse trabalhar", exceto em uma casa na qual, dizia ele, "por No começo do século xix, o carnaval consistira no entrudo, sig-
causa de minha cor", não podia ir.2[ Algumas mulheres tinham
nificando, literalmente, achincalhar ou ridicularizar alguém. Pelas
existência mais solitária. Maria Francisca da Conceição, mulher li-
8,
80
ruas passavam pessoas que atiravam, alegremente, bolas de cera i`t)stumeira labuta do pobre. A fim de manter a ordem, os senhores
cheias de perfume, água ou vinagré; arremessavam farinha por co- tlc cscravos impunham tarefas constantes, mesmo quando o ritmo
nes de papel ou jogavam água de cuias de madeira. Os foliões fa- tli` trabalho teria permitido uma pausa. Como tinham aguda neces-
ziam pouco do comportamento socialmente sóbrio e respeitável, para *idade de trabalhar para ganhar o mínimo suficiente à subsistência,
isso usando fantasias de palhaço, bobo ou dançarino.26 0 entrudo tis pobres também acabavam labutando durante longas jornadas.
não isentava ninguém de suas brincadeiras, de tal forma que os res- I)i` modo geral, um dia santo aqui e ali ou umas poucas horas de
peitáveis e em geral altivos podiam ser surpreendidos com um boca- l.t)Iga aos domingos era tudo a que a maioria podia aspirar. Para
do de farinha ou um borrifo de água perfumada. Ninguém era ex- iis criadas, os domingos e feriados decerto costumavam dar mais tra-
cluído das brincadeiras de carnaval. Todos podiam participar - pre- lti`lho que o resto da semana. Mas durante o carnaval as rotinas do
tos, brancos, escravos, livres, mulheres, homens -, uma multidão "viço doméstico, fosse cozinhar, ou cuidar das crianças, viravam
arruaceira que fazia troça da ordem pública e da boa conduta. i`()iifusão, pois as criadas se juntavam aos foliões. Até mesmo às
Da brincadeira e da licença derivavam coloridas inversões de i`i`iadas habitualmente circunscritas à casa se permitia (ou elas pró-
condição social, raça, sexo e respeitabilidade. Máscaras foram pri- iii'iíis o conseguiam) passar algum tempo nas ruas. Três dias intei-
meiro introduzidas no carnaval do Rio de Janeiro em 1834, vindas i.t}+` sem trabalho, três dias inteiros de desordem visível, desferidos
da França. ``Graves e jocosas, de cera superfina [ou] papelão", re- ii{} coração de um mundo que considerava seu paradigma de ordem
presentavam animais -uma cara de gato ou de porco, um bico de `{}cial a relação entre amo e escravo e, portanto, de trabalho.
papagaio -ou narizes falsos. Logo as pessoas começaram a apare- Durante o carnaval, os pobres declaravam, pública e triunfal-
cer com fantasias, caprichosas e muitas vezes escandalosas , uma brin- mcnte, a rua se# território, deslocando assim as distinções conven-
cadeira imaginativa mais que uma imitação precisa. Os caracteres i'it}nais de casa e de rua. Para os pobres e os serviçais, para quem
tradicionais do carnaval incluíam o diabo, a prostituta, palhaços e ti.` i)adrões de trabalho e vida diária rotineiramente pertenciam à rua,
lacaios, um marquês ou senhor feudal. Os pobres, e os negros entre t` carnaval não invertia a rotina, antes a celebrava e exagerava. Me-
eles, se mascaravam de aristocratas coloniais em cetim vistoso e pe- tliiinte essas celebrações, as pessoas comuns conferiam a seu modo
rucas empoadas. Sobretudo no final do século, os homens se liber- (lc vida uma legitimidade normalmente negada. Convertiam as ruas
tavam brevemente dos fardos onerosos de sua autoridade e desfila- i`tmhecidas em lugares festivos e cintilantes, decorando-as com ga-
vam vestidos de mulher, em geral prostitutas ou noivas. Podiam até llios de árvore, bandeiras e lanternas suspensas dos postes. Com a
mesmo comprar fàlsos ` `peitos de senhoras para vestir-se de mulher' ' . l`iincadeira das seringas de água e das bombas de farinha, o entru-
Em 1911, ridicularizar as ordens religiosas era levado tão a sério que tlti c.çcarnecia dos perigos da rua. As pessoas se aglomeravam no
foi proibido vestir-se de padre.27 É plausível que os trajes extrava- i`i`iilro comercial da cidade, reuniam-se para ver os fogos de artifí-
gantes feitos de "lã e seda cassa" com ``flores ao cabello e luvas'', i`iti no largo da Constituição ou aplaudiam o malabarista que fazia
em completa violação à vestimenta apropriada de uma criada, indi- ` ` iiclas ruas verdadeiros prodígios de acrobacia' ' . Charangas, gente
cassem, segundo testemunhas de acusação e defesa, que Honorata l`i`niasiada ou grandes desfiles intensificavam, com mais movimen-
ou era uma prostituta ou estava usando uma fantasia de carnaval.28 l{i, inais cor e mais som, o rebuliço habitual das ruas.3° Por três
Na ambigüidade que era o carnaval, as mulheres podiam aparecer iliüs os pobres iam à rua não para labutar no serviço de outros, mas
em vestidos ousados e fantasias provocantes sem comprometer se- i){ii.a governá-la com sua presença impudente, espalhafatosa. Para
riamente nem sua modéstia nem sua respeitabilidade. 0 disfarce fa- ti riovo, a rua então continuava rua, só que o era mais e mais -
zia troça da ordem hierárquica convertendo os signos habituais pa- cmgcradamente, excessivamente rua.
ra identificação e reação aos outros -comportamento, cor da pele Também para seus superiores, o carnaval não rompia -ao con-
e roupa - em algo irremediavelmente ambíguo.29 1 rúrio, afirmava -a interpretação estabelecida de casa. As pessoas
0 carnaval durava os três movimentados dias antes da Quares- i'ii`u`` ` `mais afastadas'' (a frase indicava privilégio) conservavam suas
ma, e por três dias isso significava principalmente que não se traba- Mi,`i)citas sobre a contaminação vinda das ruas. Acompanhavam os
lhava. Esse feriado alterava profundamente os longos períodos da dc.`l`iles das janelas do andar de cima ou de vestíbulos, protegidas

82 83
m Liiitoridades municipais proibiram o entrudo com a penalidade
das multidões agitadas e indisciplinadas. Os ricos não se associavam ili` tiiic "qualquer pessoa que jogar incorrerá na pena de quatro a
àsfestividadesdaruamasconduziamsuasprópriascelebrações,po- 12 mil-réis ou dois a oito dias na prisão". A punição visava sobre-
rémportasadentro.Emhotéisouclubesprivados,"asmelhoresfa- (\iilo ao escravo, o qual automaticamente pegava oito dias de ca-
mílias"divertiamseusconvidadosembailesesplêndidosnosquais, tlciii "caso o seu senhor não o mandar castigar no calabouço com
com roupas suntuosas, fantasiavam-se em segurança, entre os que i`i`iii açoites". Os inspetores locais recebiam a autoridade de confis-
consideravamseusiguais,ouquaseiguais,apesardasmáscaras.Mes- i'iu. (iuaisquer bolas de cera que localizassem. Além disso, o regula-
mo a classe média conseguia oferecer um baile modesto com ceia mm proibia todas as pessoas de ficarem fora entre dez da noite
"de 1$600 com direito a uma garrafa de `Bordéus' ou de `Lisboa'
c tiiiatro da madrugada ou de aparecerem na rua "com máscara" .
epãoàvontade''.3]Portrásdasgelosiasdemadeiratrabalhadaque ( ) chcfe de polícia requisitava mais cem policiais "para os dias de
vedavam as janelas e sacadas ou dos vestmulos - isto é, por trás t.iitriido".36 Que a proibição não tenha conseguido reprimir os ex-
da segurança da casa - alguns esguichavam seringas de água no i`c**os anuais daquela temporada depõe em favor da resistência po-
passanteconfiado.Nasfronteirasdacasacomarua,osprotegidos itiilar. Em 1887, as autoridades tornaram a advertir que o entrudo,
atacavam a rua.32 ' .ii\{i prejud;cial á saúde publica e opposto á civilização e bons ha-
No entanto, a elite do Rio de Janeiro fazia mais que retirar-se l`ih» da população", devia ser ``extinguido", embora em 1893 o
daloucuradocarnavalderua.Algunssoavamumclamordeoposi- i.ci`(`m-formado governo republicano , provavelmente com astuto in-
çãoqueanualmenteserviadecontrapontoaoalvoroçopopular.Sua i ..i.c`sse próprio, aprovasse por decreto "na epoca propria o diverti-
oposiçãovalecomomedidatantodaameaçaquealgunspercebiam niciiio denominado `carnaval' ". Em 1907, a polícia mais uma vez
nocarnavalquantodadeterminaçãopopulardequeadesordemde- (limibuiu circulares para prevenir o aparecimento do "pernicioso
via ter seu dia, pois aquela oposição falhava. Os oponentes desde- ioHo de entrudo". A Câmara Mmicipal emitiu regulamentos, ano
nhavam o carnaval "com todos os seus excessos e exibição baru- iii}t'" ano, até que a proibição adquiriu uma qualidade carnavalesca
lhenta e vulgar". Era "a estação desavergonhada, [...] um desper- ile í`utocaricatura,37 ao passo que a travessura e a mascarada Con-
dício de tempo e dinheiro", uma época de "indumentárias leves e i iiiiiavam. Nessa medida, o povo e a vida das ruas tinham seu dia.
desfilesexuberantes''.Osquedesejavambani-loviamosparticipan- Apesar de toda a exuberância, o carnaval não era espontâneo.
tes como ``vagabundos preguiçosos" ou, pior ainda, como a "mais ^ l]rincadeira e os exageros seriam impossíveis sem consciência e
licenciosa e indecorosa classe de pessoas da cidade", que executa- i cl'li`xão.38 Com suas sérias chacotas, os trabalhadores expressavam
vam "indecências na roupa e na conduta" .33 0 bispo desaprovava iiii`ii aguda consciência de lhes ter sido destinado o lugar "menos
seriamente os foliões. "Como todos sabem", pregava ele em 1877, li`vt`rccido" e instruíam os outros em como encarar aquela baixa
aSantaVirgemMaria"foiignobilesacrilegamentedesacatadaem ` tiiii!ição. Com suas reviravoltas jocosas na ordem estabelecida, eles
effigie pelas ruas e praças desta côrte durante o carnaval [...]." ii(iicncialmente a rompiam. Com essas alegres violações dos gestos
ParaumapartedoscidadãosdoRiodeJaneiro,ocarnavalnãoape- ilc (li`l`erência e obediência, as pessoas comuns revelavam que seu
nastransformavaosperigosadmitidosdaruaemalegriainofensiva ` iMi`rioi.tamento habitual não era nem poderia ser autêntico. 0 car-
mas também dava licença para o grosseiro, o imoral, o ímpio, isto i nMil apresentava -e os que de fato exerciam autoridade compreen-
é, o anárquico. A tais pessoas a ameaça do carnaval parecia illm perfeitamente -uma consciência popular. Mediante fanta-
evidente.35 `lii*, alegorias, brincadeiras, músicas e exageros, os pobres repre-
As brincadeiras de carnaval eram consideradas ameaçadoras o `ciili`vam as tensões entre a casa e a rua.
bastante para provocar ações de punição contra os foliões. Por to- ^ Quarta-feira de Cinzas, antídoto para a desordem, punha um
do o século xix e já no seguinte, os opositores identificavam o en- l'lm íibrupto ao carnaval e marcava o começo do austero período
trudo como o real problema e se esforçavam para suprimi-1o. Os `ln (Jiiaresma. A palavra carnaval, derivada do italiano antigo, Sig-
regulamentos municipais já censuravam o entrudo desde a década iiil.ii`iiva também ``o abandono da carne", iniciação de um jejum
de 1830. Em meados do século xix, a polícia "empregou energia tim iu`tecipava a festa da Páscoa.39 0 tempo dedicado à folia tinha
[...] [em] uma persistente campanha contra o entrudo". Em 1853,
85
84
um fim prefixado, além do qual os excessos do carnaval não po- i]redeterminados poderia toda a propriedade ser designada ao côn-
diam continuar. Assim delimitada, qualquer ameaça à ordem já nas- juge sobrevivente ou a algum outro herdeiro escolhido. Dessa for-
cia extinta. 0 carnaval fornecia um período seguro, sem perigo du- ma, a lei assegurava que a propriedade seria preservada em primei-
radouro para os ricos e sem proveito verdadeiro para os pobres. ro lugar entre os que tinham laços de sangue, assim protegendo e
Sendo um tempo fora do tempo, extraordinário e estritamente perpetuando a posição da fami'lia.
circunscrito, o carnaval era apenas um breve contraponto às preo- Visto que o casamento determinava o acesso à propriedade her-
cupações constantes da vida diária. Nunca de todo dependentes no dada, as regras para o matrimônio haviam sido elaboradas a fim de
serviço de seus patrões, as criadas compartilhavam com os pobres prevenir uniões que produzissem herdeiros inadequados e, por con-
não apenas as festividades da rua mas também a conduta comum `cguinte, desviassem a propriedade familiar para uma linhagem se-
da vida de família. Elas também formavam suas famílias: arranja- cundária. Já que as mulheres dificilmente podem negar a maternida-
vam amantes ou maridos, viviam a experiência da gravidez e cria- dc tal qual os homens podem negar a paternidade, as regras do casa-
vam suas crianças. Às vezes, podemos entrevê-las como filhas ou inento cerceavam necessária e particularmente as mulheres. As que
irmãs. Embora desejassem reproduzir os modelos da vida familiar t ivessem relações amorosas socialmente "inconvenientes ' ' arriscavam-
aprovados pela cultura, a pobreza restringia sua capacidade de fazê- w a gerar herdeiros impróprios. Por esse cálculo, a virgindade ao casar-
lo ou moderava suas razões para tentar. Em vez disso, essas mulhe- `c provava que a mulher não gerara um herdeiro ilegítimo ou indese-
res ajustavam os padrões tradicionais às circunstâncias da pobreza iado nem estava grávida de um. A mesma lógica protegia a mulher
e do serviço doméstico: Para destacar o que era característico em ilc ter de casar contra sua vontade com um sedutor inadequado. Em
suas vidas pessoais, é necessário colocá-las no contexto das defini- 1 iigar disso, como compensação por sua virgindade perdida a mulher
ções formais e expectativas convencionais. iiodia exigir que o sedutor a contemplasse com um dote, capacitando-a
0 ideal de família presumia um lar patriarcal, extenso, funda- ii conseguir um partido apropriado. Desde 1603, a lei estipulava que
do no casamento estabelecido legalmente. Assim, familia e casamento i) dote seria uma quantia ` `arbitrada pelo julgador, segundo sua qua-
desempenhavam o papel de pedra angular para todo o edifício so- lidade, fazenda, e condição de seu pai", ou, se fosse menor de idade
cial, escorado pelas instituições mantenedoras da lei civil e canôni- c seduzida por seu próprio tutor, "em dobro, que ella merece, segun-
ca. 0 status legal (e também moral) era concedido exclusivamente do a qualidade de sua pessoa".43 Pela mesma lei, os homens se pro-
aos .casamentos celebrados por um padre católico e "por palavras icgiam das mulheres de posição inferior que usassem sua condição
de presente á portas da lgreja", e apenas quando se reuniam todos ``cxual comprometida para explorar indevidamente um sedutor de clas-
os requisitos para o casamento.4° Embora realizado como sacra- `c social superior, pois uma mulher não podia demandar mais do que
mento ritual da lgreja, o casamento tomava de empréstimo da lei íi posição social de sua família permitia. A lei também considerava
secular muito de seu significado. Sobretudo porque determinava os :is mulheres pessoas sexualmente responsáveis - não apenas seduzi-
herdeiros, o casamento controlava a divisão e a distribuição da pro- das mas sedutoras. Se uma menor de idade dormisse com um homem
priedade familiar. Por meio da lei, o Estado, em vez de deixar tais t)u casasse sem a permissão dos pais, contestando assim, a estes, a
assuntos a critério individual, retinha autoridade sobre a proprie- :iutoridade legítima sobre a propriedade que iria ser transmitida a
dade conjugal e a herança. Recusando a inteira liberdade testamen- t]uaisquer filhos nascidos daquela união, a filha poderia ser comple-
tária, a lei determinava que família e propriedade deveriam perma- i amente deserdada. No entanto, se casasse ` `melhor e mais honrada-
necer indissoluvelmente unidas: em caso de morte, dois terços da iiiente' ' do que lhe assegurava a ascendência, melhorando assim a po-
propriedade pessoal passava primeiro para os descendentes, depois \ição de sua família, ela perderia apenas parte de sua herança.44 Gra-
para os ascendentes ou, por fim, para um parente colateral. Uma Çiis ao casamento, a posição social e a propriedade se mantinham en-
pessoa podia dispor livremente apenas do terço restante.4] Se não i rclaçadas com segurança. Pelo menos, essas eram as suposições que
houvesse contrato antenupcial (irrevogável tão logo o casamento fos- `i` formulavam a respeito do casamento.
se consumado) estipulando o contrário, a propriedade do casal per- Mas no mundo real das criadas do Rio de Janeiro os costumes
(encia a ambos igualmente.42 Apenas se não existissem herdeiros i'i`lacionados ao casamento e à família operavam de forma um pou-

86 87
casar sem as provas habituais.49 0s africanos, cujas práticas reli-
co diferente. A maioria dessas mulheres não era casada. No come-
Ço da década de 1870, de dois terços a três quartos eram solteiras, giosas eram bastante menosprezadas, no entanto, só poderiam ca-
ao passo que cerca de apenas um terço a um quinto eram casadas sar na lgreja Católica, e apenas depois de demonstrar um conheci-
ou viúvas. Havia variações, é claro. A esmagadora maioria das cria- mento rudimentar da fé, decerto um gesto de aquiescência mais que
das residentes no emprego na freguesia de São Cristóvão -95% de mudança de crenças.5° Aqueles que professassem um credo di-
- era solteira, enquanto entre as que levavam vida independente ferente do catolicismo - sobretudo os imigrantes - enfrentavam
apenas 53% eram solteiras. Embora o número de mulheres casadas severa discriminação até 1861, quando o Estado afinal concordou
e viúvas entre as empregadas fosse consideravelmente menor que en- em reconhecer em seus aspectos civis as uniões realizadas em outras
tre os chefes de família naquela freguesia, da qual a maioria era ca- lgrejas. A exigência de que os menores de 21 anos fornecessem per-
sada, seu número não diferia substancialmente da população geral missão dos pais redigida em cartório impunha mais uma dificulda-
de aos pobres livres que queriam casar mas não conseguiam ou ve-
(tabelas 9 e io).45
As razões que explicam o porquê de a maioria da população rificar sua filiação ou localizar seus pais, ao passo que os escravos,
não conseguir casar são fáceis de descobrir. Os requisitos de habili- de qualquer idade, só podiam casar com permissão expressa de seus
tação conspiravam para adiar, se não para frustrar inteiramente, as senhores.5l Em 1906, proporcionalmente mais pessoas eram casa-
tentativas de casar. Os que provinham de freguesias longínquas ou das, ou haviam alguma vez sido casadas, do que em 1872, devendo-
do exterior, aqueles cujos pais não eram conhecidos, ou cujo para- se isso, talvez, a mudanças na lei que permitiam o casamento civil,
deiro estivesse perdido ou aqueles cujo local ou data de nascimento o que começou em 1890.52 Mesmo assim, cerca de metade de todas
fossem incertos dificilmente poderiam reunir as provas necessárias as pessoas em idade de casamento no Rio de Janeiro ainda era con-
à habilitação. 0 fardo das provas recaía pesadamente sobre os po- tada como solteiras (tabela 10).
bres, pois era mais provável que fossem filhos ilegítimos, careces- 0 mais surpreendente não é que tão poucas criadas se casavam
sem em geral da capacidade social ou da instrução necessária para mas sim que, considerados os obstáculos, tantas o fizessem. Podería-
conseguir os documentos adequados e não tivessem condições de pa- mos pensar que, para os pobres sem propriedade substancial, o casa-
mento, acarretando uma teia de responsabilidades e restrições legais,
gar as taxas, oficiais e oficiosas, que estimulavam as autoridades a
transcrever as páginas dos certificados. Podiam-se conceder dispen- listas de ofensas e restrições ou disputas por herança, dificilmente
sas; não como direito mas como favor, dependendo do caso indivi- seria algo com que valesse a pena se incomodar. Mas, ao contrário,
dual.46 Embora a lgreja, a fim de encorajar os pobres a casar, ti- parecequeocasamento,precisamenteporquetraziaimplicaçõestanto
vesse o poder de ``desobrigar livremente" , pelo visto esse livremen- para a propriedade quanto para a respeitabilidade, importava pro-
te não significava gratuitamente, pois os registros das paróquias ano- fundamente, como os pobres tornavam bem claro. Com agudeza,
tavam em minúcia todo arranjo ao lado da taxa correspondente. Os os escravos forros Henriqueta Maria da Conceição e Rufino Maria
dezesseis ou dezessete selos necessários, mais as taxas, custavam até Baleta compreenderam que a propriedade ocupava lugar central e
o equivalente a 35 dólares.47 E qualquer um que casasse clandesti- disputado em seu casamento. Divergiam até na questão da aquisi-
namente, ou permitisse que alguém o fizesse, corria o risco de ser ção da liberdade de Rufino. A fim de que Henriqueta e Rufino pu-
multado e preso.48 dessem unir-se "em legitimas nupcias" -assim como ``obedecen-
Ironicamente, em relação a isso os escravos nascidos na África do o impulso de seu coração' ' , conforme acrescentou ela -, Henri-
encontravam simplificados os requisitos para o casamento, pois a queta afirmava haver pago a alforria de Rufino. Este asseverava ter
lgreja lavou as mãos ante o problema de imaginar como os escra- comprado sua liberdade com dinheiro que ele próprio economiza-
vos poderiam obter da África os documentos que pertenciam, de ra, embora reconhecesse que, "sendo captivo e temendo ter em seu
modo tão característico, à cultura e à língua ibéricas. Segundo con- poder dinheiro" , dera-o a Henriqueta para guardar, pois ela, já li-
cluiu a lgreja, um africano que se considerasse casado em "sua ter- berta, podia apresentá-lo em segurança ao amo de Rufino. Uma vez
ra" de acordo com os ritos locais -ritos tão diferenciados das prá- casados, Rufino considerava que Henriqueta devia transmitir-lhe me-
licas cristãs que não tinham validade -podia receber permissão para tade do que ganhava; para ele, isso seria simplesmente o cumpri-

88
89
mento de sua obrigação como esposa, de acordo com o que Rufino littiiii`m de casar com uma mulher que não fosse virgem quando ele
designava "a lei dos brancos" , segundo a qual "de tudo que a mu- M Hi`du7.iu. Em 1870, a lei não mencionava o que era cônjuge "apro-
lher tivesse a metade seria do marido" . Henriqueta não questiona- iii'iudo" ou de "qualidade" ou "condição" adequada; em vez dis-
va esse ponto mas exigia que fosse aplicado com igualdade. Henri- Hti, compreendia o` casamento como uma panacéia "capaz de sanar
queta insistia em que Rufino deveria trabalhar e em que a metade ii}tlos as irregularidades entre homem e mulher [...]''.55 Na ausên-
do que ele ganhasse seria destinado a ela "para que a lei de branco i`li` dc casamento, um dote compulsório a compensava, como sem-
pudesse observar-se justamente' ' . Apesar de sua conversa sobre ` `co- iirc acontecera. Em lugar de ambos, a lei impôs uma multa -gesto
munhão de bens'', todas as suas despesas, ela acusava, provinham ii`ti ineficaz em desagravar as apreensões tradicionais a respeito da
da metade de seus ganhos. Ela afirmava que Rufino "até hia mexer liiiliagem quanto em compensar a honra perdida. Em 1890, o novo
nas gavetas para tirar o dinheiro que achasse" . Juntos, entretanto, ( 'údigo Penal eliminava todas as medidas compensatórias e, em vez
haviam conseguido propriedade em quantidade suficiente para jus- tli`Iiis, punia o sedutor com a prisão.56 0 completo deslocamento de
tificar uma separação legal, ao passo que se não houvesse conside- l'`iini'lia e propriedade para virtude e punição deixava os problemas
rações sobre bens Henriqueta poderia ter simplesmente partido. Em tlL. mulheres pobres e ricas sem solução legal.
1857, após dois anos de casamento, concederam a Henriqueta a se- Apesar da mudança de ênfase da lei, na prática os costumes
paração e o "direito a meação dos bens''.53 i`i`iigos persistiram -ou, ao menos, assim o desejavam as mulhe-
Embora o casamento funcionasse para regular a propriedade i.i`s ppbres. As que tinham poucos recursos mas eram "honestas"
herdada, os pais não casados não negligenciavam necessariamente litirganhavam duro por um casamento, ou com a sua virtude ou com
sua preocupação sobre a herança. Mediante o reconhecimento em \iin magro dote. Às vezes, um ajudava a obter o outro. No começo
cartório, esses pais podiam assegurar às crianças ilegítimas o direito tlt] século xx, as apelações ao costume de Alsira Felisberta da Con-
a sua propriedade. Um casal de pobres que continuaram a viver jun- ccição e de Angelica Barboza Ribeiro foram ambas bem-sucedidas.
tos embora não se tivessem casado legalmente reconheceu seus dois l)csde o começo as coisas não tinham saído bem para a preta Alsi-
filhos em 1880. A mãe muitas vezes registrava o reconhecimento de i-ii. Em resposta à advertência de sua mãe de que Antonio Cespedes
seus filhos sem designar o pai, habilitando-os a herdar apenas dela, l}àirbosa Sobrinho, um telegrafista, nunca casaria com ela, Alsira
como fez Camilla Josefina Voituron em 1864. 0 pai fazia isso com {lcf.endeu a si mesma e a ele: "disia-lhe que elle não distinguia co-
menos freqüência. Em 1871, quatro anos depois do nascimento de ri`s' ' . Do ponto de vista racial, Alsira se acreditava segura. Não con-
sua filha Amelia, Francisco Ferreira da Silva reconheceu-a legalmen- iava, porém, com o fato de que Antonio já fosse casado. Por isso,
te. Francisco achou necessário mencionar que a mãe, não nomea- tiuando perdeu a virgindade e seus pais insistiram em ``reparar o
da, era uma mulher livre, indicando assim que Amelia nascera livre mal por ele feito" , tornou-se necessário encontrar alguma outra so-
(a cor da criança decerto sugeria que sua mãe podia ter sido uma lução. Por fim, Antonio "propôs dotar" Alsira. Satisfeitos, Alsira
escrava) e, qualificada para herdar propriedade.54 c seus pais aceitaram.57 0 caso de Angelica resolveu-se de modo di-
Nas' décadas de 1860 e 1870, os significados tradicionais de pro- l`crente. Apesar de sua insistência e das exortações de seu pai, irmão
priedade, virgindade e casamento se haviam alterado: agora, o ca- c "outros" para que João Cardoso de Albuquerque, um operário
samentó preservava não apenas a propriedade mas também a virtu- de obra de cantaria, reparasse o mal de havê-1a deflorado casando-
de. A àociedade não mais tratava a copulação ou a sedução como t;e com ela, João opunha-se afirmando que Angelica não era virgem
"e por isso com ella não se quer casar" . Concordou em desposá-la
sobretudó timá ámçaça à linhagem e à propriedade familiares. Em
uma sociedade mais cómplexa e um pouco mais fluida, a sedução Sc um exame médico provasse que ela havia sido recentemente de-
violava a mulher em si mesma e sua felicidade. A virgindade da mu- l`lorada. 0 relato do clínico (o exame foi realizado na "plena luz
lher, se antes afastava a apreensão por herdeiros impróprios, em mea- do dia") corroborou Angelica, e em 14 de setembro de 1910 apres-
dos do século xix também implicava virtude, uma qualificação mo- tiadamente realizaram-se as núpcias.58
ral para o casamento. Uma sedução que roubasse à mulher sua vir- Na virada do século, nem todas as mulheres que voltavam suas
tude requeria o casamento como compensação, e a lei dispensava o i`speranças para o casamento conseguiram sucesso. Embora Olym-

90 9,
pio Gomes da Silva reconhecesse ter deflorado Laura da Cruz Al- realidade era mais variada. Valeria a pena fazer um esboço, ainda
meida na noite em que compareceram juntos a um baile na casa da que parcial, dos tipos de família que elas mantinham, não apenas
irmã dele na primavera de 1909, ele adiava sempre o casamento, até
para afastar a idéia do suposto isolamento de suas vidas mas tam-
o dia em que, conforme dizia, teria "dinheiro para sua installação' ' . bém para delinear alguma coisa da substância emocional destas e
0 pai de Laura, um operário, insistia em uma cerimônia imediata. registrar as adaptações que essas mulheres faziam.64
Para Laura, o casamento decerto representava uma solução, pois As criadas freqüentemente formavam famílias fundadas em
nem Olympio nem seu pai, que vivia "em estado de miserabilida- uniões informais. A costureira Rita de Jesus, escrava forra nascida
de" , podiam proporcionar um dote adequado para atrair qualquer em Moçambique, foi descrita como a companheira de Antonio do
outro marido.59 De modo similar, a acusação de sedução de Tibur- Espírito Santo e alistada no censo de 1870 como moradora do corti-
cia Sebastiana da Conceição contra Manoel Afonso, em 1909, foi
ço da praça Dom Pedro i. Em outra família, a solteira Antonia da
frustrada apesar de um exame médico favorável e da insistência do Costa vivia com Benedito José da Costa, também solteiro (por coin-
pai da moça. Descrito como ``pessoa que vive em estado de muita cidência ambos tomaram seu sobrenome de seu local de nascimento
pobreza", o pai não podia dotar sua filha, e sem um dote as pers- na África, a Costa da Mina), e com o filho deles, Bernardo. Da mes-
pectivas de casamento da "preta e robusta" Tiburcia se toldaram.6° ma maneira, Bemvindo e sua mulher Marcelina Correa Buena, am-
Embora Laura e Tiburcia não tenham conseguido arranjar casamen- bos dados por solteiros, e seus dois filhos compunham outra famí-
tos nem dotes, elas procederam com a razoável expectativa de que lia na freguesia de São Cristóvão. Permanecem um enigma lares para
o costume lhes seria favorável e de que o casamento, nunca separa- os quais o censo não mencionou nenhum laço de parentesco mas
do das preocupações com a propriedade, seria a meta lógica de mu- nos quais um homem e uma mulher solteiros, de idade próxima, e
lheres pobres mas decentes. crianças aparentemente viviam como uma família sem, entretanto,
Além de proteger e redistribuir a propriedade, o casamento ou- compartilhar o mesmo sobrenome.65 Parcerias que não eram san-
torgava um nome de família e denotava conexão com outras pes- cionadas pela lei religiosa nem pela civil e talvez fossem desconheci-
soas -isto é, o casamento provia uma identidade social.convincen- das até dos patrões, caso a mulher guardasse em segredo os deta-
te. Circundando também os despossuídos com uma aura de estabi- lhes de sua vida pessoal, podem não ter sido registradas nas listas
lidade e respeitabilidade, o casamento era importante. Mais uma vez, do censo. Em 1870 em São Cristóvão, apenas duas mulheres viviam
em 1857 Rufino Maria Baleta considerou justificado repreender sua em uniões consensuais explícitas; mas, se incluírmos aquelas que vi-
mulher, a qual comprometera a aparência de casal decente saindo viam em lares nos quais prováveis companheiros podem ser identi-
``na rua mesmo a noite e indo as ave marias voltava dez e as vezes
ficados, então chegaremos a contar 49, ou seja, em torno de 5q7o
onze horas da noite' ' , participando de ` `danças e divertimentos' ' na de todas as criadas daquela freguesia (tabela 9).
companhia de uma amiga, comportamento que, segundo ele, era Às vezes, solteiros que tinham filhos juntavam-se para formar
"feio e não proprio de uma mulher tão honesta como ella''.6] Ou-
família. Em um cômodo do cortiço Mauá, em 1870, a lavadeira
tros utilizavam como munição a imagem de respeitabilidade pela qual Euphrasia Maria da Conceição e seus dois filhos viviam com um
zelava Rufino: de acordo com o testemunho de diversos vizinhos, homem solteiro e seu filho pequeno, além de duas crianças órfãs
em 1870 uma mulher resolveu terminar uma altercação na rua com
que o casal recolhera recentemente. Uma viúva, Libania Maria En-
esta estocada certeira: ``Você não é mulher [para discutir] comigo; carnação Flores, com seus três filhos, unira sua famflia à de um viúvo
sou uma mulher casada".62 Respeitabilidade mediante o casamen- com dois filhos.66 Podemos concluir de forma plausível que, além
to era uma moeda forte, que valia a pena adquirir. E, como o sa- de criar as crianças, esses casais juntavam-se para enfrentar suas ne-
biam Antonia Mendez e outras, as uniões que se aproximavam do cessidades econômicas e proporcionar-se assistência e companhei-
casamento também podiam conferir legitimidade. rismo. Havia provavelmente um pouco de cada um desses motivos
Embora valorizados e imitados, os modelos convencionais de na união dos dois escravos forros Felicianna Catherina Goze e Joze
casamento e família não eram a única alternativa de vida familiar Antonio Pinto da Costa, os quais, já com seus sessenta anos, conti-
entre os pobres.63 Nas vidas pessoais conduzidas pelas criadas, a nuavam a trabalhar mas já eram velhos demais para gerar filhos.67

92 93
0 mais comum eram criadas que mantinham fami'lias mas eram itL.Iti preço de sua liberdade concordou em ficar por tempo mais longo
mães solteiras. Em São Cristóvão, pelo menos um quinto de todas t! cttm salário menor para ter o direito de manter "um filho menor
as domésticas solteiras que moravam sozinhas tinha crianças consi- i\i suas costas".7[ Em 1870, as crianças acompanhavam pelo me-
go (tabela 9). Os registros da paróquia inscreveram como ilegítimas iit)`` 7% das criadas que moravam no emprego (tabela 9). 0 fardo
um terço de todas as crianças batizadas em 1884, o que dá uma in- ili` t;cr mãe solteira era talvez aliviado no contexto de um lar grande.
dicação aproximada de quão freqüentes eram as mulheres solteiras t `{)ino mães de família, essas mulheres se tornavam responsáveis pe-
que geravam e criavam seus filhos. E, muitas vezes, mais de um. lm i`rianças que delas dependiam e que com elas aprendiam como
Dentre as 47 escravas e mulheres pobres que deram entrada na ala i.#ir em relação aos outros e como criar suas próprias famílias no
de caridade da maternidade da cidade em 1881, apenas duas eram l'u( l'ro.
casadas. Dentre as restantes, 33 já haviam dado à luz antes a no De forma similar, mesmo as escravas que viviam como domés-
mínimo uma criança.68 Em 1870, Candida Roza da Silva, costurei- iii`iis na casa de seus amos podiam ter direito a uma família pró-
ra de 42 anos, dirigia seu próprio lar na rua do Bonfim, com cinco i.i.ia. Carolina, uma criada de quarto, e seu marido David, o cozi-
crianças que trabalhavam, todas, inclusive a filha, a qual também iihciro, foram listados em 1870 como casal dentre os escravos do-
era costureira. Outra costureira, Guilhermina d'Souza Machado, de iiié,sticos da mansão de Henrique Mangeon. A escrava alugada Del-
trinta anos, tinha dois filhos, os quais ela conseguiu mandar para l`ina tinha um marido que vivia longe dela, em outra casa, talvez
a escola, além de uma terceira criança que não era dela. Paula Ma- `.`parados por decisão do patrão e não por escolha. Pode ser que
ria Barreto, doméstica e pobre, morava com seus quatro filhos, as- i] marido a visitasse sempre que possível, mas sua importância era
sim como Maria Jacintha de Nazaret, outra solteira, cujo filho mais `lil`erente por não morar com ela. Sendo mãe solteira, Marianna ti-
novo tinha um sobrenome distinto dos outros três, sugerindo que i`ha duas crianças consigo cada uma com um sobrenome diferente.
a criança tinha um pai diferente. A lavadeira viúva Engracia Maria Um lar referiu-se a uma de suas escravas, Carolina, como mãe de
da Conceição, que morreu com 56 anos, exatamente quando estava iima menina ainda não batizada, para a qual eles não haviam dado
sendo realizado o censo, morava na rua dos Lazaros com sua filha i`ome e da qual indicaram a idade simplesmente como "menor de
de doze anos, uma neta de catorze e um sobrinho de dezenove.69 w`te" . A escrava Josepha tinha com ela sua filha Florinda, que ha-
Naqueles lares maiores em que trabalhavam e moravam, as cria- via sido batizada ``como se fôra de ventre livre".72 Já que os lares
das às vezes levavam consigo filhos ou netos. 0 serviço doméstico, iicgligenciavam com freqüência a necessidade de providenciar infor-
mais que o trabalho no campo ou na fábrica, possibilitava às mu- mações completas sobre os dependentes, em pai.ticular sobre os es-
lheres manter os filhos junto de si. As crianças podiam brincar no cravos, e já que as relações de família não eram muitas vezes expli-
chafariz enquaiito a mãe esfregava ou secava a roupa, ou, quando citadas, e o historiador tem de inferi-las, outros laços de parentesco
ia à rua fazer algum serviço, a mulher embalava suavemente seu be- i)or certo existiam, mas não podem ser recuperados com segurança.
bê nas dobras de seu xale enquanto andava.7° Quatro gerações de A imagem prontamente evocada das criadas como seres total-
criadas permaneceram juntas no lar de d. Leonor, embora em 1874, inente isolados nas casas de seus patrões requer algumas especifica-
quando Olympia estava com dez anos, sua bisavó Quitéria já tives- ções, pois mesmo as mulheres que não tinham companheiros ou fi-
se morrido havia algum tempo. Até mesmo crianças pequenas po- Ihos não moravam necessariamente sem um parente. Às vezes, um
diam ser postas no trabalho para fazer algum servicinho doméstico, irmão ou irmã, um dos pais ou um dos avós estava presente. Esse
de modo que a africana Maria, doméstica de sessenta anos, manti- i`ra o caso da preta de dezesseis anos Amelia Carolina do Soccorro
vera consigo a filha e a neta de onze anos, ambas trabalhando co- tiue em 1870 morava no cortiço Mauá com três irmãos e a avó, uma
mo domésticas. Outra família até preferia que suas duas criadas (co- i`scrava forra, e contribuía com seu trabalho de costureira para as
zinheira e arrumadeira) fossem mãe e filha, talvez uma maneira de despesas do lar. 0 inventário do espólio de Anna Maria da Concei-
cncorajar as criadas domésticas a permanecer após a abolição. Nem ção demonstra que a jovem escrava Julia, separada de sua mãe e
iodos os patrões viam vantagens em manter os filhos de suas cria- "não sabendo fazer couza alguã", foi sem sucesso alugada, como
das, dc forma que uma escrava contratada em 1881 para trabalhar doméstica, de uma casa a outra, durante dois anos. Quando seu pai

94 95
apareceu, quase se esgotara o prazo a ela concedido para obter o mas permanecia constante em seu afeto. Além do que a carta des-
preço devido de sua alforria, de acordo com o testamento de sua creve, o próprio fato de mandar uma carta à filha confirmava que
ama morta. Ele "tomou conta della", pagando os nove meses de Florença não se encontrava completamente só no mundo. Ela rei-
salário ainda não saldados, de forma que em 1859 Julia pudesse ser vindicava um lugar entre os seus. Não era apenas uma escrava que
libertada.73 Mesmo quando uma criada não tinha laços de família pertencia a um amo; era também uma mãe, com razões para enviar
no local onde residia, ela podia viver entre famílias de sua classe. ilma carta a sua fi|ha.75
Os lares de São Cristóvão incluíam entre seus dependentes cerca de Uma separação mais longa apartara da filha Victoriana os es-
27 escravos e trinta famílias agregadas, e nas grandes casas muitas cravos Maria Lourindo da Conceição e seu marido Casemiro, quan-
vezes havia mais de uma criada. Para as outras criadas residentes, do estes foram vendidos a novos proprietários no extremo sul do
as relações de família com seus iguais podiam ocupar espaço diário Brasil. Trinta anos depois, em 1860, com seu marido já morto e ela
em sua experiência de vida. Até certo ponto, testemunhavam e par- alforriada, Maria Lourindo resolveu procurar sua filha. "Possuin-
ticipavam de intercâmbios que tornavam importante para elas a vi- do uma pequena fortuna", orgulhava-se de poder libertar a filha
da de família e o parentesco.74 ou, talvez, os netos - ela não tinha a menor idéia de quais cami-
Ao mesmo tempo, porém, qualquer descrição da vida de famí- nhos tomara a vida de Victoriana.76 Depois de tantos anos separa-
lia deve reconhecer que os escravos e os pobres tinham menos po- das, mãe e filha podiam não ser mais pessoas que se conhecessem
der de controlar as circunstâncias de suas vidas, suportando uma nem figuras importantes e confortadoras na vida uma da outra, mas
cota alta de separações. Apesar das privações que conheciam, po- para Maria Lourindo a liberdade e o dinheiro significavam a possi-
demos discernir tanto o empenho com o qual algumas famílias pre- bilidade de restabelecer os laços de família, sempre duradouros e
servavam seus laços quanto um pouco da profunda frustração que valorizados.
a escravidão e a pobreza impunham. Florença da Silva ditou a um Graças a registros de tribunal, podemos rastrear com grande
escrevente pago (o qual, porém, mal sabia escrever, a julgar pela precisão os passos com que a preta forra Maria Anna de Souza do
ortografia e pela gramática) uma mensagem que enviou à filha Bal- Bomfim confirmou seus laços de sangue e conseguiu a libertação
bina, em abril de 1862. As duas mulheres eram escravas. Florença, de sua filha Felicidade. Mãe e filha foram separadas na Bahia em
sabendo que Balbina agora pertencia a outro amo e localizando seu 1868, quando Maria Anna veio para o Rio de Janeiro e sua filha,
novo endereço, mandou uma carta a fim de reassegurá-1a de que então com vinte anos, foi vendida separadamente. Logo após sua
estava fazendo todos os esforços para garantir sua libertação: ` ` [. . .] chegada, Maria Anna pediu ao traficante de escravos português Joa-
por isso escrevo a V dando noticia minha, e lhe dizer que estou for- quim Antonio da Cunha Guimarães que localizasse sua filha. Quan-
cejando para tua lhe berdade pois Escrivo tão bem a teo sinhor nes- do soube que Felicidade estava em Ouro Preto, Maria Anna finan-
ta aocazião [...]". "Tudo a teo bemfico", prometia Florença. "Na ciou a viagem de Guimarães até lá, para que, ``por compra ou por
mas tenho alhe dizer. Sô que sou sua mai que muito te estima muito qualquer outra tranzação, conseguisse a venda della'', trazendo-a
e muito.'' Tendo por certa sua separação, Florença reagia de modo para o Rio e, "facilitando-lhe os meios, podel-a libertar". Dentro
a superar o fato, ainda mais duro, do cativeiro de sua filha. Con- de poucos meses, Guimarães vendeu Felicidade a Antonio Viêtas,
fiante de que mediante seus esforços um futuro melhor as esperava, um comerciante com armazém no centro da cidade. Por quase um
aconselhava Balbina a tratar bem seu amo para que ele, algum dia, ano, Felicidade viveu com sua mãe na rua da Saúde, 146, enquanto
concordasse com sua libertação. Ternamente, reafirmava seu amor Maria Anna pagava o "aluguel" mensal de 30 mil-réis, referente às
de mãe. Ao mesmo tempo, Florença censurava a filha por não ter prestações pela compra de sua filha. Quando por dois meses Maria
respondido a uma carta anterior. Dessa vez, insistia em receber uma Anna não conseguiu fazer os pagamentos, Viêtas levou Felicidade
resposta sem demora, pois "eu já estou velha e quem estou procu- "para seu poder", suspendendo a permissão de viver "em compa-
rando por tu e tú não por mim". Florença presumia que nada im- nhia de sua mãe". Nesse momento, Maria Anna resolveu agir. In-
pediria Balbina de responder, se esta realmente o desejasse. Seu re- do à polícia, acusou Viêtas de haver colocado Felicidade em "cár-
lacionamento não era, certamente, perfeito. Florença reconhecia isso cere privado' ' e revogado a liberdade já concedida. Por fim, as par-

96 97
tes concordaram, fora do tribunal, em que as duas mulheres paga-
metido, receberiam bom tratamento contanto que pudessem pagar
riam com seu trabalho conjunto o preço completo da compra, os
oS ``módicos preços".79
juros devidos e as despesas, "por meios de serviços pessoais e do- Todas as mulheres enfrentavam os perigos do parto, mas para
mésticos [...] durante o prazo de três anos [...] à razão de 42 mil-
as pobres, já enfraquecidas pela saúde debilitada, pela dieta inade-
réis por mês". Viêtas, de sua parte, reconheceria formalmente a li-
quada ou pelo trabalho árduo, os perigos do parto se multiplica-
berdade de Felicidade, não apenas depois de haver recebido a quan-
vam, aumentando os problemas que eram forçadas a agüentar. Fe-
tia devida completa mas "desde já". Assim, após quase dois anos
to em posição sentada, útero rompido, septicemia representavam sé-
e meio de esforço persistente, Maria Anna foi reunida a sua filha
rio risco. Infecções após a gravidez podiam causar coma e convul-
quando, em 27 de março de 1871, o juiz municipal declarou Felici- sões e, então, a morte. Outras mulheres enfrentavam as ``cruéis do-
dade livre.77
res" infligidas por partos com instrumentos -15% , segundo os re-
Fatos que marcavam o ciclo de vida de todas as mulheres tor-
gistros de duas clínicas maternais de caridade no Rio de 1881.8° Em
navam-se acentuados para as criadas, que tal qual outras mulheres
1861, a escrava Eugenia foi retirada do trabalho doméstico no Rio
pobres também davam à luz, enfrentavam doenças, cuidavam dos de Janeiro e enviada para a fazenda, ``um pouco cansada" . Apesar
filhos ou presenciavam a morte, sem dispor de recursos como as
dos xaropes de óleo de fígado de bacalhau e um fortificado com fer-
mulheres mais bem posicionadas. Elas criavam soluções próprias
ro, ela morreu alguns dias após ter dado à luz uma filha, ao que
e assim configuravam um estilo de vida. Embora não saibamos
parece não por causa do próprio parto, mas por causa de uma "an-
quantas crianças gerava uma mulher brasileira no século xix ou tiga moléstia" e de uma febre prolongada. Depois de cinco partos
no começo do século xx nem o número de gestações, abortos e
bem-sucedidos Emiliana, em 1869, uma mulher pobre, perdeu sua
partos de natimortos que lhe podiam ocorrer (nem possui'mos ta- sexta criança ao nascer. Ainda com leite e "sendo obrigada a traba-
xas confiáveis de mortalidade infantil), podemos rastrear as expe-
lhar para ter o necessário á sua subsistência", ela partiu após doze
riências de certas mulheres, colhidas com base em indíeios frag-
dias, sob forte chuva, para a Santa Casa, à procura de uma criança
mentários, para descobrir quais os seus problemas e como elas os
para amamentar mediante pagamento. Dentro de duas semanas, caiu
resolviam.
doente. Sua recuperação de uma grave doença respiratória prova-
Proeminentes entre suas preocupações eram as questões essen-
velmente se deveu tanto aos remédios quanto à nutrição que recebia
ciais da gravidez e do parto. Enquanto os médicos podiam assistir
no hospital: frango e ovos; por certo não era esse o alimento que
os partos nos lares das mulheres ricas, as parteiras auxiliavam os
podia proporcionar a si mesma na vida cotidiana. 0 médico notou
partos de mulheres de todas as classes. Em certa época, uma cruz sua fraca constituição.8t Como as outras, eram as conseqüências da
negra pintada no portal indicara que naquela casa se encontrava uma
pobreza que haviam posto em perigo suas vidas.
parteira. No Rio de Janeiro do século Xix, algumas delas, como ma- As mulheres pobres enfrentavam a gravidez e a doença sem que
dame Joanna Beau ou madame Cocural, apresentavam-se como pos-
existissem nem hospitais nem clínicas adequados a suas necessida-
suidoras de diploma de parteira recebido em Paris ou treinamento
des. Com certeza, a sabedoria tradicional difundida pelas revistas
pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.78 Impossibilitadas femininas apenas zombava de sua situação. As reportagens admoes-
de custear as dispendiosas francesas, as mulheres pobres recorriam
tavam que as mulheres grávidas deveriam comer sobretudo "boa
às numerosas parteiras que não afirmavam ter nenhum treinamen-
carne, sopa, pão, vinho' ' , evitar os alimentos pesados à base de ami-
to especial além da experiência. Os diversos termos usados para es-
do e não dormir em quartos sem ventilação, especialmente em sítios
sas parteiras não licenciadas - algumas delas escravas - acusam
baixos e áreas úmidas. Recomendava-se o exercício moderado, des-
seu uso comum: ``curiosas", "aparadeiras" ou ``comadres". Co-
de que a mulher não andasse de bonde nem subisse e descesse esca-
mo alternativa, as mulheres podiam escolher dar à luz na Casa de
das muitas vezes. Tais conselhos eram inúteis às mulheres trabalha-
Maternidade. Em 1880, madame Daure recebia em sua maternida-
doras, que viviam em quartos apinhados e úmidos e permaneciam
de qualquer pessoa pobre, "pensionistas, tanto escravos como pes-
longas horas a cozinhar para os outros ou carregavam fardos pesa-
soas livres"; em "quartos separados" as mulheres, segundo o pro-
dos de roupa para entregar. Com muita probabilidade, nenhuma

98 99
criada ficava na cama por sete dias após o parto, ao contrário do
que as mulheres desocupadas eram encorajadas a fazer.82 No fim de 17 mil crianças do Rio de Janeiro foram abandonadas dessa ma-
da década de 1870, surgiram esforços maís sérios para fundar uma neira. Às vezes uma mãe voltava. Depois de ter um filho, Alfredo,
maternidade que pudesse proporcionar às mulheres pobres, inclusi- em julho de 1860, Marianna Vitorina de Vasconcellos ficou grave-
veàsescravas,os"cuidadoseabrigosindispensaveis,queentrenós, mente enferma e incapaz de trabalhar para sustentá-lo e cuidar de-
só é privilegio das mais abastadas''. Compelida a cumprir sua obri- le; por isso, deixou-o no orfanato. Quando se recuperou, porém,
gação(estabelecidapelatradiçãoegeralmenteignorada)dezelarpelo voltou para procurar seu filho. Mais tarde, a fim de "aliviar sua
"bem-estar de seus municipes pobres'', a Câmara Municipal admi- consciência' ', como disse ela, reconheceu Alfredo legalmente como
nistrava uma ala de maternidade que durou só dois anos, de 1881 filho.88 Dizia-se que as mulheres pobres, tendo de deixar anonima-
a1883.EspremidoentrealasdedoençascontagiosasnaCasadaSaú- mente seus filhos com as freiras da Santa Casa, ou as escravas que
de, em uma rua estreita, portanto congestíonada e insalubre, o hos- eram forçadas pelos patrões a fazê-lo tentavam depois empregar-se
como amas-de-leite, esperançosas de amamentar seus próprios
pital, segundo se alegava, consumia os fundos públicos sem real-
mente suprir as necessidades das mulheres.83 Só em 1901 o dr. Mon- filhos.89

corvo Filho, por longo tempo devotado à causa da saúde pública, Além de confrontar os perigos que a gravidez e o parto ocasio-
abriuseulnstitutodeProteçãoeBem-estardalnfânciacomoobje- navam, as mulheres pobres viam morrer com mais freqüência do
tivo de prestar cuídados médicos básicos e fornecer orientação ao que as mais abastadas seus filhos recém-nascidos ou bem pequenos.
Isso acontecia por causa de condições exacerbadas pela pobreza, as
pobre, especialmente as mulheres e crianças, incluindo exames mé-
dicos gratuitos durante a gravidez e assistência para partos em ca- quais as mulheres pobres eram completamente impotentes para al-
terar.9° Nutrição falha ou habitação úmida e insalubre tornavam os
sa.84Maisambiciosoemais.oem-sucedidoqueseupredecessorpa-
trocinado pelo munici'pio, no peri'odo de abril de 1904 a agosto de pobres especialmente vulneráveis à tuberculose e à disenteria, cau-
sa3 comuns de morte entre as crianças pequenas. No fim da década
1905 os médicos de sua cli'níca atenderam a cerca de 606 pacientes,
de 1870, os médicos reagiam alarmados ao que eles entendiam co-
inclusive mulheres de cor e imigrantes, trataram 72 mulheres com
mo uma incidência extremamente alta de mortalidade infantil.9] Os
Problemas ginecológicos e assistiram quase trezentos partos.85
pretos e mulatos caíam vítimas da tuberculose em números dema-
Quanto às mulheres que desejavam interromper sua gravidez, siado altos, tanto crianças quanto adultos. A tuberculose se disse-
os métodos de aborto eram "conhecidos e utilizados", conforme
minava, agravada por condições que um médico descrevia como "os
reconheceram os doutores da Academia lmperial de Medicina em
excessos de trabalho [...] sem o repouso necessario, sem uma ali-
i885.86 Maria Roza da Silva, que dava consultas sobre "remédios
mentação reparadora [...] [em uma] atmosphera viciada nas casas
caseiros"para"irregularidadesdemenstruação",sugeriachádeal- e officinas insalubres, escuras, mal ventiladas, [...] saturado de hu-
fazema adoçado com mel ou, quando era necessário alguma coisa midade, pobre de oxygênio". Os pais podiam transmitir a moléstia
mais forte, feijão-preto sem sal, tomado com o estômago vazio. Em a seus filhos. Os médicos estimavam taxas de mortalidade mais al-
uma freguesia do Rio de Janeiro, o vendedor de ervas local contri- tas para os escravos, atribuindo isso ao fato de que eles eram ``me-
bui'a com uma receita dele mesmo para um ``purgante": sulfato de nos bem alimentados, vestidos com menos conforto e curados com
magnésia fervido com penas, tomado para criar atrito no ventre na menos cuidados em suas molestias". Uma estimativa para o peri'o-
época da menstruação, ou, em vez disso, erva-cidreira, poejo seco do de 1867 a 1871 demonstra que as crianças, sobretudo os bebês
e alho, todos esmagados com óleo de amêndoa doce.87 É provável de poucos dias a um mês de idade, morriam por saúde precária ou
que as parteiras, mediante certo preço, fosse persuadidas a realizar cuidados inadequados, mais que por doenças especi'ficas. Dentre 859
abortos. bebês, em torno de 755 morreram de "fraqueza congenital" antes
Mulheres sem outras opções, que se sentiam forçadas a deci- de alcançar um mês de vida. 0 tétano e doenças da digestão causa-
dir que não poderiam cuidar de um recém-nascido, deixavam-no vam mortes também, enquanto as crianças abandonadas provavcl-
na "roda" da Santa Casa de Misericórdia. Entre 1859 e 1908, mais mente morriam de "afta" ou sapinho.92 Nem a sobrevivência de-
pois dos primeiros tempos de vida significava que uma criança pos-
00
/0/
sui'sse boa saúde. Em 1910, um estudo conduzido entre as crianças ra tomado a fim de que não recusasse amamentar o filho de sua pa-
aprendizes na lmprensa Nacional e na Casa da Moeda revelou tu- troa. Na rua, bom número de mulheres espíritas exercia seus negó-
berculose, no mi'nimo incipiente, em 75% delas.93 As serviçais que cios, oferecendo consultas por um preço fixo: Galdinha na rua da
criavam seus próprios filhos o faziam com tremendas dificuldades. Alfândega, a preta Rosalina na rua da América ou, ainda, Zizenha
Elas podiam esperar conhecer a dor de vê-1os morrer ou o sofrimento Viúva na rua Senhor de Matozinhos. Nos primeiros anos deste sé-
de vê-los lutar contra as doenças. culo, o preto Samuel, que já fora cozinheiro, ia de casa em casa pa-
Quando defrontados com a morte, os pobres enterravam os seus ra ``fazer passes [. ..]".96 De maneiras mais discretas e individuais,
da melhor maneira que podiam, e o enterro, como tudo o mais que as pessoas usavam amuletos para procurar as forças que iriam in-
o pobre fazia, era, de algum modo, público. A Santa Casa realiza- tervir contra o perigo ou influenciar em relações pessoais do modo
va funerais, incluindo atestado de óbito, caixão e carro fúnebre, com desejado. A figa, de origem africana, prometia saúde e longevida-
ampla variedade de preços. Pagava-se por um funeral de "primeira de, a romã trazia fertilidade, e um cilindro de prata protegia contra
classe" a quantia correspondente a 189 dólares, ao passo que um o azar ou contra a paixão que transtorna o coração. Amuletos de
funeral de "oitava classe" custava muito menos. Por até menos, os fabricação grosseira, confeccionados com pedacinhos de palha de
escravos podiam ser enterrados em caixões alugados. Dos cinco ce- milho, colares de conchas, dentes de animais, dentes de alho ou ca-
mitérios da cidade, dois eram públicos e reservados aos escravos e roços de azeitona, eram colocados nas crianças para protegê-las da
aos pobres. Os mendigos errantes, sem parentes, vizinhos nem com- doença.97
panheiros de trabalho para enterrá-los qúando seus corpos eram "en- As práticas que se baseavam primordialmente na iniciativa pes-
contrados nas ruas ou na praia'', eram depositados na necrópole soal a fim de invocar as forças que podiam intervir induziam ao me-
da cidade.94 nos à ilusão de uma atuação e controle, em um mundo no qual a
A aflição, a presença constante da doença ou a tensão variá-
pobreza e a dependência tornavam a estabilidade precária ou, na
vel de enfrentar os problemas diários com poucos recur.sos mate- melhor das hipóteses, temporária. Mesmo assim, os pobres se viam
Íiais tornavam os sentimentos de insegurança e apreensão reações colocados contra uma cultura maior que, de modo expli'cito, via com
inevitáveis entre as criadas e os pobres. 0 perigo ou o sofrimento desagrado a crença no mundo dos espíritos ou a julgava perniciosa.
exigiam uma ação especial para restaurar o controle ou precaver-se Em 1876, as autoridades municipais recusaram permissão a Adela
do mal. Para agir assim, os pobres se orientavam de acordo com Neval, que queria dar "consultas de magnetismo, espiritismo e so-
construções culturais específicas. Com o fito de comandar as for- nambula" em sua casa na rua Gonçalves Dias. "Além da imorali-
ças que curavam, protegiam ou vingavam, eles tomavam iniciati- dade que preside a estas consultas", declararam eles, "em vez de
vas que freqüentemente envolviam o solicitante em uma relação ser úteis, sáo na verdade prejudiciais àqueles que recorrem a elas."
direta com um feiticeiro, com um espi'rita ou - na companhia de No entanto, podia-se confiar que a polícia, a qual talvez acreditasse
outros - com a representação completa de uma cerimônia de can- nos poderes dos espíritas ou ao menos temesse interferir, não os
domblé, procurando entrar em transe e receber o orixá. Embora incomodaria.98
a casa de um espírita ou o terreiro de uma alta mãe-de-santo não Seria grave erro de interpretação das experiências de vida das
fossem indicados por sinais visi'veis, eram prontamente reconheci- criadas desconsiderar suas vidas privadas. As turbulentas horas de
dos pelos que procuravam seus rituaís, e podía-se ouvir o soar dos diversão na praça pública, na taverna local ou nos três dias anár-
tambores por todo o bairro.95 Podia-se achar o feiticeiro em "uma
quicos do carnaval eram momentos relevantes para configurar uma
dessas ruas estreitas e immundas da cidade nova". Outros pratica- individualidade entre iguais e longe da presença vigilante e desigual
vam em ``salas sujas, vendo pelas paredes os elefantes, as flechas,
dos patrões. Era um mundo compartilhado por escravas, ex-escravas
os arcos pintados, tropeçando em montes de ervas e lagartos se- e mulheres livres, umas brasileiras e outras estrangeiras, um mundo
cos", e por toda a parte o cheiro de suor. A tais lugares uma mãe
partilhado com os homens e com os pobres da rua e do cortiço. En-
escrava e ama-de-leite ia apressada à procura de conselhos ou in- tremeadas nesses momentos, estavam as preocupações constantes
formações que pudessem fazê-la reencontrar seu bebê, que lhe fo- com a família, de tal forma que a vida privada e a pública nunca

02 03
estavam de todo separadas. As criadas carregavam as ansiedades em
relação à gravidez, parto, doença, fílhos, companheiros e maridos,
para dentro de seus locais de trabalho, advertência insistente para
os patrões de que as criadas eram na verdade pessoas com vidas com-
pletas, vidas essas parcialmente vividas fora de sua jurisdição. Con-
tra a sombra projetada pela autoridade dos patrões e pela rotina de
trabalho, devemos relembrar o quarto de Antonia.

1. Um funcionário do governo saindo de casa com sua família,


década de 1820.

2. Chafariz das Lavadeiras no campo de Santana, 1835.


04
4. Mercado do peixe, c.1880.

3. Rua do Ouvidor.

5. Uma vaca é ordenhada em frente à porta de casa.


8. Lavadeiras e carregadoras de água
no chafariz do largo da Carioca, 1844.

6. Vendedora de miudezas, c.1895.

7. Quitandeiras, c. 1895. 9. Chafariz do largo da Carioca, (`.1890. A praça


tornou-se retorno para os bondes, e as lavadeiras desapareceram.
10. 0 entrudo no carnaval, década de 1820.

12. Uma ama-de-leite e a criança que ela amamentara, c. 1860.

11. Uma mulher coloca uma criança na Rod¢,1856.


Parte 111

13. ` `Febre amarella deu agora


0 MUNDO
a visitar teatros", 1876. DOS BUTRÕES

14. Uma negra equilibra


um fardo de roupa na cabeça
enquanto caminha
pela avenida Central, c. 1910.
4

0S BUTRÕES

A conduta da vida doméstica era incomodamente pessoal. Inu-


meráveis intercâmbios diários dentro dos estreitos limites das casas
da cidade acentuavam as tensões observadas entre quem era e quem
não era da famflia. Onde ninguém podia manter-se inteiramente afas-
tado da presença quase contínua do outro, sua dependência mútua
mas desigual se tornava constrangedoramente imediata. Tendo de
fiar-se em mulheres que, por lhes ser estranhas, não obtinham sua
confiança para os serviços que mantinham a casa e tornavam con-
cretos seus privilégios, os patrões se tornavam constantemente
vulneráveis.Í
A relação da dona da casa com suas criadas exemplificava essa
tensão. Ditava o costume que, como esposa, ela deveria supervisio-
nar a direção do lar, encarregando-se também de tomar conta das
criadas - embora uma jovem esposa tenha empregado uma criada,
"uma senhora branca de caráter correto e com inteligência suficiente
[.. .]" , para aprender dela como executar os deveres de dona de ca-
sa. Uma criada experiente, com uma maneira própria de fazer o ser-
viço, podia tentar fazer valer sua voz nos assuntos do lar. Para con-
firmar sua perícia e reforçar seu comando sobre as criadas e os es-
paços dã casa, a patroa freqüentemente executava ela mesma algu-
ma tarefa doméstica. Por tradição, as mulheres brasileiras prepara-
vam as sot)remesas caprichadas que deleitavam seus convidados, ou
então a salada seria "feita pelas mãós de uma das senhoras da ca-
sa" . Outras costuravam, ou a máqüina, fazendo roupas ordinárias
para os dependentes, ou a mão, bordando finos conjuntos de roupa
de cama e mesa.2 A dona de casa também manifestava claramente
a desconfiança com que via as criadas. A cautela aconselhava que
a patroa acompanhasse a criada para supervisionar as compras,

107
pois a senhora tinha por certo que a cozinheira faria a "compra de viam. Como disse o capitão Antonio José Coelho de Albuquerquc
uma ave mais cara" e, assim, ultrapassaria as "despezas estipula- em 1880: "[...] a fim de mantê-1os em obediência, preciso alimentá-
das" . No entanto, a experiência ensinava que ser muito "antipathi- los à noite''.6 Em 1870, expressando-se de forma um pouco dife-
ca e abusiva" provocava a sai'da das criadas, enquanto demonstrar rente, d. Felice Augusta Carvalho e Silva relatou ao recenseador que
muito "da nos'S'`a condescendencia bonachona' ' levava ao desrespei- tanto a jovem viúva, uma mulher livre descrita como agregada, que
to.3 Escrevendo para uma seção popular de um jornal do Rio de lavava, cozinhava, passava e costurava para ela, quanto o bebê de
Janeiro em 1878, o dramaturgo José Joaquirp França Júnior publi- sete meses dessa empregada ` `vivem de favor por penna que tive em
cava desenhos da vida doméstica nos quais satirizava a oposição entre ver a pobreza della mais isto enquanto se portar bem, trabalhar al-
patroa e criada. Um chiste que poderia ser trivial ganhava seu tem- guma cousa que valha a penna de dar alem de comida algum salá-
rio' ' . Segundo a revista 4 A4õc c7e F¢mí./z.¢, o objetivo das donas de
pero em uma cena arquitetada para parecer incomodamente fami-
liar aos leitores, em que uma dona de casa se queixava calorosamente casa era manter entre suas criadas ``disciplina [e] boa ordem" .7 Per-
a outra de como sua cozinheira, entre outras faltas, quebrara tal mutar responsabilidade por serviço, proteção por obediência -es-
quantidade de louça que ela, a patroa, estava pensando em vender sas eram as expectativas.
a doméstica para o lugar mais distante possível. Ao mesmo tempo, Para as criadas, a proteção tomava a forma das necessidades
essa mesma criada, que era cozinheira, lavadeira e arrumadeira, con- diárias: um quarto, alguma roupa, comida. Um quarto de empre-
tava a uma vizinha que sua patroa destinava apenas uma quantia gada raramente, ou nunca, correspondia ao estilo decorado riscado
miserável às compras.4 Como retratava sombriamente o humor de de branco e azul prescrito para os alojamentos ideais, mas a patroa
França Júnior, cada qual encontrara recursos para retaliação: con- podia exigir que sua criada o mantivesse arrumado porque ``sou eu
tra a ameaça de venda, a criada podia recorrer à fofoca, causando quem forneço tudo' ' . Com muita freqüência, esses alojamentos im-
prejuízo à imagem pública de sua senhora com uma observação cer- provisados estavam abaixo dos limites toleráveis de saúde ou de lim-
teira. Havia a insinuação de que a louça quebrada, se o relato da peza. Os contemporâneos que desaprovavam tais condições afirma-
vam: "Vemos em casas aliás ricas os escravos amontoados em im-
patroa não estava exagerado, podia ser uma negligência subversiva
de uma escrava ressentida. mundas senzalas ou em aposentos humidos, escuros e sem a menor
No contínuo equilibrar-e-desequilibrar das relações domésticas , ventilação. Outras vezes [...] dormindo em corredores, expostos ás
patrões e criadas eram forçados a alguma acomodação, a fim de aco- correntes de ar [...]".8 Nas últimas décadas do século, a arquitetu-
lher e mediar suas diferenças. A vida doméstica girava em torno de ra doméstica começou com mais freqüência a levar em conta os cria-
uma série de expectativas - articuladas em atos e algumas vezes ex- dos, incluindo quartos para eles, embora mesmo as grandes casas
plicitadas - que exprimiam as distintas obrigações de cada parte. em geral só contivessem um aposento para empregados. Em 1896,
Os patrões eram responsáveis por prover os cuidados básicos - co- uma graciosa residência em Laranjeiras descrita no Jor#o/ cJo Com-
mida, abrigo, alguma roupa, remédios na doença. Em troca do que merci.o, com três salas e cinco quartos, possuía apenas um quarto
alguns descreviam como o dever paternal de ministrar uma "educa- para as criadas. Casas que se equiparam com banheiros "ingleses"
ção moral e religiosa", eles exigiam que os dependentes retribui's- completos para o patrão e sua família ofereciam, talvez, uma latri-
sem com obediência. No fim da década de 1860, o proeminente ju- na comum para as criadas. E uma doméstica podia acumular seus
rista Agostinho Marques Perdigão Malheiro defendia - seguindo pertences próprios. Em 1892, uma cama de ferro, prateleiras, uma
a lei romana e descrevendo os modelos do agir correto - que o pa- mesa, um baú trancável e uma caixa coberta de veludo cabiam no
trão detivesse a responsabilidade de atuar como "protector, defen- quarto de Eva Pereira de Carvalho, a "preta'' no lar de Antonia
sor, pai que tinha a obrigação de alimentar [...]" mesmo os escra- Magalhães, na rua Frei Caneca, 94, na Cidade Nova.9
vos forros. Em troca, o liberto lhe devia "serviços pessoaes" e po- Se muitos dentre os pobres tinham apenas trapos para vestir,
dia ser punido se fosse "ingrato" ou se recusasse a ``cumprir suas levando a Câmara Municipal a ordenar em 1870 que nas ruas as pes-
obrigações".5 0s patrões, na medida em que cumprissem suas res- soas deviam usar "vestes decentes, isto é, não deixando patente qual-
ponsabilidades, pretendiam exercer autoridade sobre os que os ser- quer parte do corpo que offenda a honestidade e moral publica",

JO9
08
os contemporâneos consideravam que as criadas andavam "traja- das provisões ou uma despensa trancada tornava difícil o roubo di-
das com decência, como regra geral". ]° Para substituir vestidos que reto de grandes quantidades, mas, em pequena escala, as criadas po-
haviam queimado, as criadas Violante e Julia receberam, de acordo diam variar o que comiam.
com o espólio de sua patroa morta em 1858, varas de algodão co- Os patrões reconheciam que, para uma criança ser saudável,
mum e, para as camisas, uma peça de "algodão americano", um a ama-de-leite precisava de alimento "um pouco mais nutritivo".
pouco mais fino. Uma viajante achou grotescos os negros que viu, Mas sua dieta não deveria ser totalmente diferente do que a ama
"enfiad.os nas roupas européias usadas de seus patrões". Ordiná-
costumava comer, pois a uma mulher acostumada a alimentos "me-
rias ou gastas, as roupas ainda podiam ser coloridas: "saia de risca- nos delicados não se deverá absolutamente dar por unico alimento
do e palitó de chita [velho] com mangas curtas" ou "uma saia roxa gallinhas". Alho, cebola crua, alimentos picantes ou comidas gor-
de chita, e palitot azul marinho com pintas brancas".]] Embora durosas, como carne de porco, iriam passar para seu leite e provo-
suas roupas identificassem as criadas com os pobres e dependentes, car na criança de peito "digestivos irritantes". Nem deveria a ama
trajes especiais podiam distinguir as criadas mais valorizadas -tal comer todas as frutas que desejasse. Seu alimento devia ser fácil de
como as duas escravas amas-de-leite fotografadas por volta de 1860, digerir: carne cozida e legumes, sopas grossas, nenhum álcool.t5
vestindo trajes europeus elegantes adornados por um xale ou capa Dentre os temores que rondavam a imaginação do Rio de Ja-
e jóias, reminiscentes da criada de quarto da pintura de Debret, que neiro do século Xix, o medo da doença predominava. Com freqüên-
usava sapatos e um casaco. Suas roupas, mais esmeradas, desviavam- cia, a doença representava epidemias mortais, moléstias respirató-
se da fórmula de vestuário da criada: "simples mas decente, sem rias debilitadoras (sobretudo a tuberculose), disenteria crônica ou
luxo mas limpamente".12 anemia extrema. Além dessas, as mulheres sofriam os perigos roti-
Segundo uma tese de um estudante de medicina escrita em 1865, neiros do parto e das subseqüentes infecções. Tomar a sério as doen-
a dieta habitual do pobre consistia principalmente em feijão-preto ças dos dependentes, fornecendo remédios e médicos, era para os
cozido na gordura, às vezes com um pouco de carne seca, sardinhas patrões uma responsabilidade essencial que nenhum podia negligen-
ou bacalhau, e misturado com farinha de mandioca. Se em quanti- ciar. No entanto, cuidados mínimos dispensados apressadamente não
dade adequada, essa poderia ser nutricionalmente adequada. Legu- perfaziam seu dever. 0 que contava era a zelosa demonstração de
mes, verduras e raízes comuns, como batata-doce, inhame, abobri- atenção preocupada. Embora Francisco Peixoto de Lacerda Wer-
nha, couve, nabo, agrião, quiabo, amaranto (também chamado fe- neck, um proprietário de terras influente e rico, falasse como fa-
degosa), e frutas, como banana ou laranja, contribuíam para o al- zendeiro, ao instruir seu filho ele evocou um imperativo que se apli-
moço. Café ou água quente adoçada e pão perfaziam a refeição ma- cava igualmente em ambientes urbanos, tanto para dependentes li-
tinal e a ceia noturna. 0 vinho, a bebida preferida, era caro demais vres quanto para escravos: "Nas moléstias devem ser tratados com
para dar aos criados e, quando oferecido, estava provavelmente di- todo o cuidado e humanidade".]6 Em 1870, um chefe de familia ex-
luído com álcool ordinário, mel ou água. Í3 Alguns contemporâneos plicou ao recenseador municipal que mais de três criadas residiam
acreditavam que muita carne produzia ` `paixões violentas e desen- normalmente em sua casa da cidade mas que ` `as outras haviam ido
freadas" , ou fazia as pessoas tornarem-se "corajosas e independen- ao doutor por causa de doenças e lá foram retidas para tomar medi-
tes". Por conseguinte, a dieta recomendada para o escravo era o camentos" . ]7 Dependentes demasiado doentes para ser tratados em
legume, que "embota o agulhão das paixões" tornando-o ``docil casa podiam ser levados à Casa de Saúde ou à ala de caridade da
e compassivo" enquanto produzia nele ``pusilanimidade [e] servi- Santa Casa da Misericórdia, onde, por exemplo, cerca de 25 mil es-
lismo". Outros sustentavam com clareza que a carne era "o princi- cravos foram tratados durante o período de 1852 a 1888, ao mesmo
pio essencialmente nutritivo [...] o unico que serve [para] renova- tempo em que as mulheres pobres ou escravas usufruíam as instala-
mento orgânico". ]4 As criadas domésticas, diferentemente dos tra- Ções gratuitas do hospital maternal municipal durante a breve exis-
balhadores rurais ou dos vendedores de rua, tinham a oportunida- tência deste.]8 No fim da década de 1850, Aguida Maria da Con-
de de beliscar ou separar comida para si mesmas enquanto prepara- ceição pagara à Santa Casa 1$200 diários durante 109 dias para tra-
vam as refeições ou jogavam fora os restos. Um cálculo apertado tar uma mocinha escrava. Alguns anos mais tarde, o mesmo hospi-

0 /'
tal fornecia um dia de tratamento para um escravo, que incluía o dem hierárquica, atenção aos doentes, o trabalho e, por fim, a reza
aluguel de uma rede de dormir. Patrões bem relacionados ajudavam- que reunia todos sob uma autoridade mais alta - do que a chama-
se mutuamente no cuidado das criadas, como quando o médico de da matinal dos escravos de uma fazenda. Conforme documentou
d. Anna Maria da Conceição, o qual cuidou dos escravos domésti- um fazendeiro:
cos da casa desta sem nada cobrar por anos a fio, recebeu em 1863
0 administrador, meia hora antes de romper o dia, deve mandar to-
agradecimentos afetuosos no testamento de d. Anna.19
car chamada, à qual acodem de pronto, e a um ponto já designado
Em 1868, depois de um malogrado tratamento com um médi- toda a escravatura dos diversos trabalhos; formam-se com separação
co, o patrão de uma escrava enviou-a para a enfermaria pública da dos dois sexos, e por altura, ficando os mais altos à direita, e as mu-
Faculdade de Medicina, de tílburi, pois uma paralisia em suas per- lheres defronte dos homens. Oé feitores tomam o centro; passa-lhe uma
nas a impedia de andar. Cerca de vinte dias antes, a carruagem pú- revista para ver os que faltam, tomando nota se por doentes, se por
blica na qual ela viajava arremessara e ferira os passageiros. No dia omissão ou fuga; dá alta aos restabelecidos do hospital, e recolhe a
seguinte, Anna, então grávida de seis meses, perdia o bebê. Seguiu- ele os que se acham enfermos; ob§erva se eles têm a ferramenta pró-
se intenso sangramento uterino, depois anemia, até que ela perdeu priadotrabalhododia,cujaordemdeveserdadadevéspera.Imedia-
toda sensibilidade nas pernas e ficou extremamente debilitada. Após tamente os mandará persignar-se e rezar duas ou três orações, seguin-
dois dias de uma dieta restauradora, com carne no almoço e no jan- do logo ao seu destino com o feitor na retaguarda.22
tar, junto com vinho, café e pão, a sensibilidade de suas pernas re- Na cidade do Rio de Janeiro, a bênção semanal imitava palida-
tornou, e depois de quatro dias ela estava andando com assistência; mente o ritual rural. Num pequeno drama semanal descrito ao juiz
uma semana mais tarde, andava com segurança, sentia-se forte e em em 1871, Maria Elenteria de Albuquerque ordenava que sua escra-
boa saúde.20
va, com freqüência alugada a outros, retornasse todo domingo "com
0 mesmo médico da saúde pública que cuidou de Anna tam-
o fim de tomar-lhe a benção''. A escrava, queixava-se a patroa,
bém tratou outras mulheres que não tinham patrões conscienciosos. "Cumpria muito irregularmente".23
Quando Delfina Rosa Pereira continuou a trabalhar como lavadei- Além da demonstração rotineira e repetida de cuidados e auto-
ra, "como de costume" , o que começara como gastroenterite e pús-
ridade, em ocasiões especiais - para marcar um nascimento ou ba-
tulas hemorrágicas sob a pele - o resultado de uma viagem de dois
tismo, no leito de morte ou na leitura do testamento - os patrões
meses para o Brasil provinda de Portugal, alimentando-se de pouco
concediam recompensas maiores aos criados por seu serviço dedi-
mais que biscoitos, carne salgada e água salobra -transformou-se
cado. A escravidão, especialmente, oferecia oportunidades de recom-
em tifo e escorbuto agudo, com a perda de sangue negro, que não
coagulava. Foi aos poucos melhorando com remédios e uma dieta pensar os escravos merecedores com a liberdade, uma promessa de
liberdade, presentes ou cuidados por toda a vida. "A fim de demons-
de caldo de carne e grandes quantidades de vinho e suco de limão.
trar-lhe meu reconhecimento, e o mesmo sentimento da parte de mi-
Carne, ovos cozidos, vinho e café removeram os sintomas que Ja-
nha esposa" , o dr. Francisco de Paula Barboza Leite Brandão con-
nuaria Amelia Cabral atribuía ao fato de, sendo viúva, sua pobreza
cedeu à preta Clementina "sua liberdade para que ela possa uisu-
a obrigar a "servir de criada em uma casa humida e baixa, onde,
além de um excessivo trabalho, [...] vivia sob a influencia de más fruí-la [...] em troca dos bons serviços que ofereceu, sobretudo o
condições hygiênicas".2[ Os cuidados, que proporcionavam às mu- cuidado e a paciência que teve com meu filho Antonio Torquato
lheres pobres a proteção da qual necessitavam, também serviam pa- durantealongaeperigosadoençaqueelesofreuemsuainfância."
ra reforçar as desigualdades, perpetuando um inalterável ciclo de ArecompensadeClementinaveiosomenteapóslongosanosdeser-
dependência. viço. Ela calculava que sua idade seria então quarenta anos, quase
Para ser convincente, o cuidado com os dependentes precisava velha para uma escrava, com poucos anos pela frente para gozar
ser testemunhado por todos os que levavam a sério o papel de pro- sua nova liberdade.24 Demonstrando o laço entre patrão e ama-de-
tetor. Por ser claramente funcional, nenhuma ocasião representava leite,umfazendeironascidonoRiodeJaneirodemandavaem1883
com mais evidência o quadro vivo das relações paternalistas - or- que,"seaindaexisteapretalsabellibertaquemeamamentou,dei-

'2 3
xo-lhe a quantia de 200 mil réis e espero que continuará a morar
imobiliários a seus ex-escravos, provavelmente porque aquelas ou-
na fazenda [...] onde reside [...]''. Maria Bernarda Esteves, freira
tras pessoas destinadas a ser herdeiros no futuro haviam protes-
no convento da Ajuda, ao fazer seu testamento em 1864 cumpriu
tado.29
modestamente seu dever em relação aos diversos escravos domésti-
Uma vez que a escravidão foi extinta e a liberdade não era mais
cos "d'ahi" com uma "esmola" de vinte ou cinqüenta mil-réis pa-
o prêmio cobiçado, os patrões continuaram a recompensar as cria-
ra cada um.25 0utros proprietários que concediam a liberdade a
das livres com propriedade ou dinheiro. Em 1909, concedeu-se a Au-
seus escravos o faziam não tanto porque eles o merecessem, segun-
do diziam, mas ``por razões de generosidade". Sem falar em lem- gusta Hansen o direito de guardar para si as ` `jóias, mobilia de quarto
branças, a viúva Francisca Joaquina de Souza Ramos concedeu em da mesma, roupa de uso e pertences' ' que usara como criada na ca-
1881 a ``liberdade que se fará effectiva logo apois minha morte aos
sa de seu empregador. Na ocasião da morte de Severino Antonio
Correa, seus criados receberam todos uma pequena quantidade de
meus velhos escravos'', os quais eram em número de dez, alguns
dinheiro, mera lembrança em comparação à renda mensal que a an-
nascidos na África, os outros crioulos brasileiros. Também acres-
tiga ama-de-1eite Emilia recebeu em 1911 do patrão que ela ama-
centou fundos suficientes para que cinco missas pudessem ser reza-
mentara.3° Assim como as escravas, também as mulheres livres ti-
das por suas almas.26 0utro senhor do Rio de Janeiro, ao que pa-
rece sem razão para pagar imposto, registrava secamente em seu diá- nham de esperar por suas recompensas, firmemente instruídas no
rio que, em ls de janeiro de 1886, ele entregara à "parda Narcisa princípio de que apenas o serviço por toda a vida merecia uma com-
a carta de liberdade [. . .] desistindo, na mesma, dos serviços das duas pensação excepcional.
ingenuas, as filhas da mesma Narcisa' ' . Ele cuidava de observar que
Gestos benevolentes confirmavam - ante uma audiência de tes-
a carta estava registrada no cartório e que, desse modo, se encon- temunhas familiares, advogados e os próprios criados - a autori-
trava isento de pagar a taxa por escravos.27 dade conjugada ao poder de conceder ou negar favores tangíveis.
Por meio de atos apresentados e expressos de modo formal, os pa-
0s patrões podiam especificar legados elaborados. Além de con-
trões estabeleciam firmemente os limites que as relações informais
ceder liberdade a seus escravos, João Martins Vianna em 1861 dei-
xou donativos de duzentos e de quinhentos mil-réis, assim como ins- de todos os dias iriam, de outra forma, erodir aos poucos. Levando
truções e dinheiro para um testamenteiro "comprar uma casa para a ostentação dos cuidados com os criados para ambientes ainda mais
visíveis, em 1864 toda a cidade iria satisfazer-se com "um acto de
[m]eus escravos morarem e uso [. . .] enquanto elles vivem sendo ha-
beis a dispor desta casa o ultimo que ficar' ' . José Pinto Ferreira dei- summa moralidade e, portanto, edificante" que teve lugar na igre-
xou para sua empregada - a quem se referia como ` `Albina de tal' ' , ja, onde "uma familia, composta de cinco pessoas, pai, mãe e tres
sugerindo que ele não se lembrava ou não sabia se ela tinha um so- filhos, ajoelhada aos pés do altar recebia das mãos do sacerdote a
brenome -"[.. .] em recompensa dos bons serviços que lhe tem pres- carta que os libertava do captiveiro e em seguida a benção nupcial
tado, a sua casa, [. ..] todos os moveis, roupas, prata e mais objetos que unia os chefes dessa familia".3í Em uma única cena, a presen-
do uso [...]''.28 0 riquíssimo Lourenço de Souza Meirelles, soltei- ça do padre, do patrão, dos dependentes e, na família escrava, dos
ro, sem herdeiros diretos e, portanto, com permissão da lei para dis- pais e filhos repetia à perfeição a ordenação da autoridade. Tam-
bém em anos posteriores, os abastados iriam demonstrar em reu-
por livremente de sua propriedade, revelou os limites toleráveis da
largueza paternal, quando legou à "parda Virgolina", liberta por niões públicas seu interesse pelos pobres. Em 1903, em um ato para
sua vontade desde 1850, "em attenção à boa vontade com que sem- levantar fundos para uma clínica destinada aos pobres, um comitê
de "beneméritas" patrocinou uma festa ao ar livre e um concerto.
pre se tinha prestado ao meu serviço" a "casa sobrado [...] para
a residencia della" e os rendimentos de dez apólices até sua morte, Escolheram, apropriadamente, o jardim exuberante e cercado da pra-
quando a propriedade passaria para outros, nomeados herdeiros. ça da República (antigo campo de Santana) como local: do outro
Ademais, ele distribuía oito casas a todos os seus outros escravos, lado da rua ficava a clínica, perto das casas lúgubres, cômodos alu-
a quem alforriou. Alguns meses após ditar o testamento, Lourenço gados e cortiços das áreas mais pobres da cidade. Os pobres assisti-
restringia sua herança em um codicilo, retirando todos os legados ram à festa do lado de fora de uma grade alta de ferro fundido. Os
que estavam do lado de dentro representavam as duas casas do Con-
114
//5
gresso, a imprensa e inúmeras associações prestigiosas. Até o presi- quanto subentendem as noções sobre poder familiar e prestígio. 0
dente da República apareceu. Todos concordavam em que as senho- lar típico contava com seis membros da família, expandindo-se esse
ras haviam organizado "uma tarde encantadora, destinada a miti- número para nove quando se incluíam os criados. A maioria das
gar os sofrimentos de muitas crianças".32 Dessa forma, cumpriam famílias tinha crianças, freqüentemente três e raramente mais que
os ricos os seus deveres sociais, espelhando autoridade e caridade seis. As famílias grandes e extensas eram poucas. Tais famílias, po-
tanto para si mesmos quanto para aqueles a quem pretendiam aju- rém, podiam divergir quando a autoridade de um se sobrepunha à
dar, ao mesmo tempo em que reforçavam os laços de obediência do outro. Quando a irmã do dono vinha com seu marido morar na
e gratidão que tornavam a vida diária exeqüível para ambos os lados. mesma casa, trazendo seus criados, para dentro daquele lar, ou quan-
Quando se procura reconstituir as crenças e preceitos de uma do uma viúva vivia com filhos também viúvos e com os netos, cada
cultura diferente em suas premissas e remota no tempo, há o perigo
qual com seus variados escravos e criados livres, podia haver con-
de julgar cínicos ou impostores conscientes seus participantes. Con- fusão sobre quem dava as ordens, com que prioridade e em que si-
sideradas dessa forma, as relações domésticas teriam sido de má-fé. tuação.35
Mas os patrões compreendiam suas ações como apropriadas a ex- Nem sempre havia em todos os lares uma dona de çasa para
pressar responsabilidade e, para muitos , consideração ou afeição por orientar os criados. Homens sem esposas contavam sobretudo com
alguns criados. Podemos supor que os homens daquela época com- as governantas. Um viúvo com uma casa bastante grande procura-
portavam-se mais ou menos sinceramente, com uma medida de cál- va "uma senhora de idonea capacidade para tomar conta" de seu
culo tolerável para ambos os lados. Tornam-se convincentes os re- lar, alguém que também "saiba coser e cortar roupa de homem,
1atos que na década de 1860 o reputado jurista Malheiro fez sobre
crianças e escravos". Outro cavalheiro desejava entregar "toda a
senhores que libertavam seus escravos "só por humanidade, ou em responsabilidade" de sua casa a uma "mulher de meia-idade res-
reconhecimento de serviços", e sobre a "bondade e caridade pro-
peitável que entendesse muito bem da direção de uma casa" . Uma
verbiais das senhoras brasileiras" pelos escravos que elas haviam cria- família com muitos criados podia empregar uma mulher simples-
do.33 E os criados se convenceram da realidade destes sentimentos. mente para ajudar no trabalho de supervisionar uma casa ampla,
Algumas criadas pediam, inclusive, que os vínculos que apropria- enquanto outras eram contratadas para esse serviço "na ausência
damente ligavam patrões e criados homens também fossem estendi- da dona" ou porque ela "[...] sahe durante o dia".36 A presença
dos a elas. Em vez de salários mais altos ou menos horas de traba- de uma governanta contratada alterava a dinâmica social do traba-
lho, uma criada preferia uma ``casa de tratamento" ou ser "esti- lho doméstico, pois, embora assumisse o papel da patroa na dire-
mada como pessoa da familia". Duas mulheres brancas, irmãs ór-
Ção das tarefas dos criados, ela podia também tornar-se a interme-
fãs, que anunciaram pelo jornal sua oferta de trabalho em 1877, afir- diária entre os criados e a família.
mavam não desejar "gratificação" por costurar e fazer serviço do-
Um homem que vivia sem nenhuma família criava uma situa-
méstico leve pedindo ``somente serem tratadas como pessoas da fa-
ção duplamente ambígua para uma criada. Não era raro que ela se
mília",34 pois procuravam a segurança que um lar podia dar. tornasse anfitriã, dona de casa ou amante. Era a mulher "de 35 anos,
Contudo, era fato que a maioria dos lares desempenhava de for- viçosa e de pele escura' ' que ` `preside à mesa, desincumbe-se de ou-
ma imperfeita as responsabilidades assumidas. A capacidade de um tros deveres de uma dona de casa" e fazia as vezes de esposa para
lar para transmitir um senso de autoridade e proteção se fundamen- um mercador bem-sucedido e solteiro do Rio de Janeiro, descrito
tava no pressuposto de que ele era patriarcal e abastado; mas na
por um visitante americano em 1867. Em 1890, uma mulher cons-
realidade a maioria desviava-se desse padrão, muitas vezes conside- cientemente escolheu proteger-se da possibilidade desse tipo de en-
ravelmente. Em 1870 em São Cristóvão, menos da metade das resi- volvimento. Sendo viúva e "honesta' ' , trabalharia apenas para um
dências com criadas era dirigida por casais. Em sua maioria, mu- "senhor viuvo e com filhos" ou para um casal.37 0`abastado An-
lheres ou homens sós atuavam como chefes da casa, com uma auto- tonio Hernandez, sem filhos nem outros parentes, vivera com seus
ridade talvez menos convincente que aquela de que se reveste um dois escravos. Mediante seu testamento, em 1862 ele libertou Ca-
casal. Amiúde, as famflias de São Cristóvão não eram tão grandes therina e Felix por ``bons serviços" , legando a cada um a renda de

JJ6 JJ7
apólices do governo. Catherina prevaleceu na solicitude de Anto-
nio.Comoumtributoàintimidadecompartilhada,Antoniodeixou- l.iivores, ou ambos, com pagamento em dinheiro. 0 fato de uma mu-
lhe "todos os objectos de meu uso em minha casa [...] menos os ll`cr ser escrava ou livre não determinava se ela receberia um salário
meus papeis", junto com seus "lenços e roupa branca"; Felix, por i"i dinheiro. Enquanto alguns patrões reconheciam que para cria-
sua vez, receberia a liberdade somente depois que a subsistência de das de primeira classe eles precisariam anunciar que em suas casas
•`paga-se bem" ou "não se faz questão de preço'', outros, mesmo
Catherinafossegarantida.QuandoCatherinaficou``doentedealie-
nação mental' ', Antonio a libertou imediatamente, tomando medi- iir)ós o término da escravidão, compensavam as mocinhas dizendo
"trata-se bem e fornece-se vestuário". Em 1900, uma família ofe-
das para custear com os ti'tulos sua estada no hospital até que ela
•melhorasse e pudesse então conduzir sua própria vida.38 Se os la- rccia a uma menina "branca ou de cor" que tomasse conta de dois
çosformadosentreAntonioeCatherinaencontravampoucooune- l)ebês "boa comida, roupa e bom tratamento''. Essas famflias se-
nhum respaldo social, é provável que se tenham desenvolvido com guiam uma tradição provinda de Portugal, onde um dependente com
aparente inevitabilidade, resultado tanto da proximídade díária de rnenos de doze anos não podia demandar salário se o patrão o ali-
senhorecriadaquantodasnecessidades,vulnerabilidadesegenero- mentasse e vestisse.42
sidades de cada um. Enquanto as mulheres livres podiam renunciar aos salários tendo
Nem todos os lares possui'am os recursos que permitiriam ou cm vista o bem-estar pessoal, as escravas podiam trabalhar por di-
promoveriamocuidadoadequadoparacomdependentes.Seamaio- nheiro. Embora os abolicionistas, preocupados em desacreditar o
riadosquecontratavamcriadospodiafornecer-lhesopadrãoespe- apelo escravista, argumentassem que os escravos não tinham incen-
rado de comida, roupa e abrigo, havia outros - balconístas, arte- tivo para trabalhar, pois continuariam a ser alimentados, abrigados
sãos ou mesmo lavadeiras e costureiras, alguns morando em corti- e vestidos pelo simples fato de que representavam um investimento,
ços - com criadas em seus lares que provavelmente consideravam os patrões viam a situação de outra forma. As amas-de-leite, acusa-
sua manutenção um ônus.39 Patrões fidalgos mas empobrecidos vam eles, sabidamente tiravam vantagem do fato de ser tão neces-
tampoucooferecíamsegurançaconfiável.AsduasdomésticasdeMa- sárias e cobravam altas taxas. Elas "só querem dinheiro" e, por is-
chadodeAssisnãoprecisavamtomarcontademuitacoisaemseu so, "abandonam os próprios filhos" a fim de amamentar outros por
lar. 0 inventário da propriedade de Machado, após sua morte em uma quantia substancial.43 0 valor de um escravo era prontamen-
1908,mencionaalgumamobi'lia,todavelhaouemmáscondições, te calculado com base na renda que se po.deria extrair de seu traba-
e um sortimento de vidrarias, talheres e peças de servir. Talvez elas lho. A partir dai', os escravos compravam sua alforria com o pró-
espanassem os mil e tantos livros de sua biblioteca. Como epitáfio prio trabalho, segundo preços acordados formalmente. Na década
adequadoaessemestredafinaíronia,Machadonãoapenasomítiu de 1870, Fumina, de 24 anos, podia comprar sua liberdade pelo equi-
qualquer pequeno donativo às duas criadas (o que havia de ações valente a dezoito dólares mensais durante um período de três anos,
e apólices foi para a filha de sua sobrinha) mas também descurou ao passo que Eva, cujo "serviço seria compatível com sua idade"
de pagar os salários devidos pelos dois meses antes de sua morte.4° de 59 anos, combinou o preço de sua liberdade por apenas nove dó-
Talvez não por coincidência, a patroa que em 1871 foi acusada de lares mensais.44 A escrava Maria Joaquina, que morava sozinha em
pôr sua escrava a viver entre a prostituição e o serviço doméstico um cortiço na rua São Luiz Gonzaga, trabalhava como lavadeira
equeserecusouatratar-lheainfecçãorespiratóriadescreveu-seco- e pagava a seu proprietário, em dinheiro, uma parte do que ganha-
mopobre,àsvezespegandoroupaparalavar.Semdispordemeios, va, vivendo do restante. Que ela o fizesse porque "tem licença de
aparentemente não sentia nenhuma obrigação de sustentar sua es- seo Senhor" diminuía um pouco sua posição independente. Da mes-
crava, embora contasse desesperadamente com ela como a princi- ma maneira, em 1876 um tino para negócios conferira à lavadeira
pal fonte de renda.4l escrava Leocadia, uma mulata clara, a permissão "para residir on-
Acordospossi'veisnacidadepodiamacabarpordiluiraindamais de melhor convier dentro da capital", em troca de uma soma men-
a relação ideal entre patrão e criados. No contexto de uma econo- sal fixa de cerca de dezoito dólares, coletada por seu amo.45
mia monetãria, os patrões combinavam remuneração em bens ou Mas tais arranjos tinham conseqüências, pois um amo podia
negar responsabilidade por seu escravo. "[...] d'ella recebo jornal

/J8 J/9
diario", declarou Manoel Jorge Gomes de Mattos em 1865, "e na-
datinhacomaroupaqueamesmalavava".Clientesinsatisfeitos, go tempo prometida por sua patroa, e, em vez disso, foi vendida
aconselhavaele,deveriamtratardesuasreclamaçõescomaprópria pela irmã desta a um traficante de escravos em 1874.5° Atos de afir-
lavadeira. Desse ponto de vista, as escravas não eram muito dife- mação podiam levar a uma dependência ainda maior na ajuda e pro-
rentesdaslavadeirasecostureiraslivresqueviviamporsÍpróprias, teção dos novos donos que as socorriam em situações infelizes.
semodireitosegurodaproteçãodeumpatrão.Umadiscussãocom As mulheres livres podiam simplesmente ir embora se assim o
uma freguesa "que não queria pagar a roupa entregue" fez a mu- quisessem. E, segundo os patrões, elas o faziam com regularidade.
lhér livre Amelía Francisca ir parar na cadeia em 1906, depois que Alguns diziam que as criadas não ficavam mais que "oito ou dez
as duas tiveram "uma troca de palavras".46 0 outro lado da moe- dias"; outros, que um mês era o usual. Em 1881, uma revista femi-
daeraqueosamosperdiamodireitodeesperarlealdade,eissocon- nina afirmava que as criadas "alugadas entram e sahem quasi que
tribui'a para a desconfiança que eles já sentiam. diariamente" . As criadas que dormiam fora eram acusadas de tra-
As proteções tradicionais ou o pagamento em gêneros, combi- balhar por somente alguns dias, o tempo suficiente para ganhar al-
nado com salários, proporcionavam uma continuidade que suavi- guma confiança, ir embora uma noite depois de receber o dinheiro
zou a transição formal do trabalho escravo para o livre. Apesar do das compras do dia seguinte e nunca mais voltar. As patroas alega-
contrato configurado em termos monetários com o qual todos con- vam que as criadas se aproveitavam da rivalidade entre elas, colo-
cordavam, a dona de casa considerava "seus fâmulos'' aqueles a cando-as umas contra as outras e permitindo-se ser ` `induzidas por
quem pagava. Um ano após a abolíção, os Conselheiros de Estado sugestões extranhas" de outras donas de casa para conseguir "uma
afirmavamcomconfiançaque``nenhumempenhohumano''podia mais vantajosa colocação" . Em vez de receber deferência das cria-
invalidarasdiferençasentreosenhorquetinhao"direitodeman- das, os patrões acreditavam que elas "iam de loja em loja e de por-
darporquepaga"eocriadoquetemo``deverdeobedecerporque ta em porta no cortiço espalhando má vontade, atribuindo todo o
recebe».47 mal àqueles que lhes pagavam ou, mesmo, dizendo que não eram
0s próprios criados encontravam formas de negociar com tal pagas''. Elas "não conhecem razão, nem percebem o que seja leal-
autoridadeeassimdesequilibrararelaçãoprecáriadasrelaçõesdo- dade" . "Na hora da rixa com os amantes, emquanto não apparece
mésticas.Umaportuguesaqueem1875queriatrabalharváriosdias outro, batem à porta das casas de familia e perguntam se aqui é que
por semana costurando e passando roupa branca declarou os limi- precisa de criada."5] Em 1882, contudo, o próprio relatório do mi-
tes que fixava para sua subordinação: "Vou cumprir com os meus nistro da Justiça reconhecia que não eram incomuns os casos em
deveres, mas desejo não ser maltratada". Se seus termos não che- que "o mau trato e a falta de pagamento dos salários justificam quei-
gavamadesafiaraordemestabelecida,algumacoisanamaneiradi- xas".52 Essa declaração reiterava que os acordos eram recíprocos
reta com que reconhecia a natureza daquela relação indicava que e deixava tais assuntos abertos à negociação.
elatencionavacumpriroquedizia.Outramulherlivre,procurando Mas os patrões se sentiam desafiados quando as mulheres li-
umacolocaçãocomoama-secaem1882,"desejavaserútílemalgo vres insistiam em sua reivindicação de uma existência separada, ` `dor-
que não fosse servil".48 A mãe escrava Florença da Silva, que pu- mindo fora". Em 1877, uma jovem livre, habilitada a cozinhar e
nha fé em táticas, exortava sua filha a que ``trate os teos senhores fazer compras, declarou que só aceitaria uma posição com a condi-
muito bem para elles ter dó de V para me ajudar na pretensões em ção de "dormir fora''. Durante as décadas de 1880 e 1890, as mulhe-
que eu estou de obter a sua liberdade della". As tentativas de Flo- res continuaram a insistir. Para muitas, isso equivalia a ` `trabalhar
rençaresultaramemqueoantigopatrãodesuafilhaescreveuaseu durante o dia' ', ou, como a cozinheira experiente que procurava em-
novoamopara``saberseconsenteemdar-lhealiberdadeeporquan- prego em 1882, trabalhar "entrando de manhã e sahindo à noite";
to".49 Mesmo as escravas negociavam pela fuga as situações que para outras, porém, isso significava uma noite por semana longe dos
julgavamintoleráveis,comofezHonoratanofimdadécadade1860, patrões, "dormir fora aos domingos".53 Todas essas eram expressões
recusando-seatrabalharemumacasaparaondehaviasidoenviada novas na linguagem dos acordos e os empregadores ouviam nelas
porsuaama;ouSerafina,quandolhenegaramaliberdadeporlon- um amortecer da autoridade que resultava do agregamento físico
no lar. Saindo à noite, as criadas escapavam a sua jurisdição. Per-
20
J2J
cebendo a necessidade de negociar, alguns patrões tomavam a dian- responsabilidades que definiam seu papel. 0 processo dirigia-se con-
teira concedendo que uma criada dormisse fora ou dizendo não se tra a patroa por ter "[...] affrouxado o laço de respeito e obedien-
importar. Outros, resistindo à erosão dos hábitos antigos, exigiam cia que a devia ligar a [sua escrava]" . A patroa não fez muito para
severamente uma criada que "dorme em casa de patrões" ou, en- negar as acusações sobre o uso "illicito e immoral" de sua escrava.
tão, permitiriam que ela dormisse fora aos domingos apenas.54 0 Em vez disso, apresentou-se como pessoa que "vivia honestamen-
Conselho de Estado, o corpo de homens prudentes e respeitáveis que
te, com recato, havendo ordem, respeito, e decencia".59 No final,
aconselhava o imperador em todos os assuptos sérios, em 1889 con-
o tribunal concedeu-1he o direito sobre a escrava mas admoestou que
vinha em que as mulheres que "passam a noite fora sem [. ..] licen-
uma falha futura no cumprimento de suas responsabilidades traria
ça" dos empregadores davam razões suficientes para serem despe- uma repreensão.
didas, embora a demissão fosse uma ruptura que eles não justifi- Em outra situação, uma patroa foi acusada de violência ine-
cassem facilmente.55 Sobretudo na virada do século, os emprega-
quívoca. Em 1896, Alice, de doze anos, viu-se enredada em uma re-
dores se opunham às reivindicações das criadas, exigindo que elas
1ação ameaçadora (e, para ela, inescapável) com as duas mulheres
dormissem "no aluguel" ou declarando simplesmente que uma mu-
para as quais trabalhava. Na casa destas, "seu serviço consiste ser
lher ``não dorme fora".56 Ainda se encontravam aquiescentes. Em
ama seca de uma criança de sete mezes, em varrer a casa, lavar a
1909, uma delas fez publicar um anúncio de emprego que resumia
roupa de criança, e copeira, e fazer compras na rua [. ..]". Confor-
tudo que os patrões pudessem desejar de uma criada. Descrevia-se
me foi registrado, ela sofria graves maus-tratos físicos. Uma das mu-
como ``esmeradamente educada por familia respeitável" , "dando
lheres, segundo acusações, "castiga barbaramente" a menina, jo-
referencias de seu comportamento até por escripto' '. Estava dispo-
gou água fervente em suas pernas e alimentava-a inadequadamen-
nível como empregada, dizia, ` `para casa de tratamento, para todo
te. Apesar da evidência visível de "cicatrizes, feridas, cortes" , o medo
o serviço interno domestico, não sahe à rua e dorme em casa dos impediu Alice de corroborar as acusações feitas contra a patroa por
Patrões".57 vizinhos e lojistas. A corte, no entanto, tendo jurisdição sobre ela
Além de um desempenho imperfeito da autoridade doméstica,
por ser menor e órfã, interveio para retirá-la daquela casa.6°
alguns amos falhavam visivelmente em cumprir os deveres a que os 0 dr. Antonio Alves de Azevedo Nogueira desviou-se em ou-
obrigava sua posição. Vistas por seus iguais, tais violações exigiam
tra direção. Para que a vida doméstica fosse administrável, esperava-
correção. Em 1883, a escrava Deolinda argumentou perante uma
se que os amos mantivessem uma postura correta e distanciada de
corte de apelação que ela deveria ser alforriada. Baseava seu pedido
suas criadas. Não obstante, as ligações sexuais entre senhor e criada
no princípio (aceito por todos) de que um escravo abandonado se
eram toleradas com facilidade, desde que sua notoriedade não pre-
tornava livre ppr omissão. Por dois anos, dizia, seu patrão não ha-
judicasse o poder dos senhores para impor respeito ou que a pro-
via nem trqtàqó suas doenças nem fornecido vestuário; ademais,
priedade não fosse transferida para mãos impróprias. Mas, aman-
deixara-a"Vivêiforadesubjeiçãodominical".Sozinha,tiveramuita
do abertamente a escrava Marcellina, Nogueira ofendera as sensibi-
dificuldade Í}ara sustentar-se, pois uma doença ocular a impedia de
lidades públicas, além de manchar a honra da família e dissipar a
trabalhar coúm regularidade. Não tendo um amo identificável que
propriedade familiar. Quando tomou por amante a escrava que ser-
assumisse a responsabilidade por ela, a condição de escrava perdia
vira como mucama de sua mulher, alforriando-a e montando-lhe
o sentido. 0 juiz declarou Deolinda livre.58 Em 1872, uma corte de
casa, ele désconsiderou afrontosamente as diferenças que, pelo en-
apelação considerou co_nveniçnte intimar Maria Elenteria de Albu-
t'endimento geíal; iriám e deveriam separá-los irrevogavelmente. Co-
querque "pela má condiéão de süá e§crava;;. Nenhuma lei proibia mo se isso não fosse súficiente, Nogueira havia "dissipado a fortu-
explicitamente a prostituição oú ó usÓ de éscravas como prostitu-
na do casal de forma desleal" e "reduzido [sua esposa] de sua opu-
tas; no entanto, a prostituição de sua doméstica era a questão apa-
lência anterior quase à miséria' ' , defraudando-a de propriedade le-
rente. Seu crime não era contra a escrava ou mesmo contra a moral
gitimamente sua, como viúva que herdara as posses de seu primeiro
pública, mas contra o padrão que definia um comportamento pa- marido. Todo mundo (com exceção t.alvez de Antonio) logo esque-
ternal correto. Tendo abusado de sua escrava, ela transgredira as
ccu Marcellina. Mas o juiz e os colegas condenaram Antonio por

22 23
sua grave infração de comportamento. Em 1887, o tribunal emóar-
goutodaapropriedade,enquantooagentedeAntonioapresentou As criadas que moravam nas casas de seus patrões experimen-
como evidência indicíadora as cartas que Antonio enviara a Mar- tavam muito agudamente as profundas tensões que caracterizavam
cellina,contendomensagensternasesaudosas.0quecomeçouco- a relação senhor/criada como algo pessoal e próximo, talvez dura-
mo uma indiscrição que devia ser coberta pelo manto do silêncio douro, mas nunca uma relação entre iguais que confiavam um no
masculino se tornara uma séria transgressão que até os amigos se outro. A proximidade permitia recordar ternamente amas-de-leite
recusavam a continuar desconsiderando; assim, seus colegas acaba- mas também dava vez à suspeita e ao ressentimento com que os pa-
ram por testemunhar contra ele. Totalmente desacreditado, Anto- trões consideravam as criadas. Para eles, os laços com as criadas
nio partiu para a Europa.6l eram necessariamente instáveis, pois a desconfiança (que chegava
Emboraexcepcional,ocasodeNogueiranãofoiúnico.0com- a desprezo) contra aquelas com as quais contavam para a manuten-
portamentodeJoãoRodriguesPereirad'Almeidalevousuamulher ção da família e do lar ressoava com ambivalência, exigindo reite-
a solicítar da lgreja, em 1872, uma separação permanente quando radas confirmações de confiabilidade e lealdade das criadas. Decer-
o caso amoroso dele com Eduviges se tornou conhecido. Almeida to, o vínculo que unia família e criados continha um sentido dife-
compraraessaescrava,"moçabonitaevistosa'',entãocom23anos, rente quando as criadas viviam em sua própria casa ou trabalha-
paraseramucamadesuamulher.Doisanosdepois,Eduvigesdava vam para uma família apenas esporadicamente. A família não po-
àluzumfilhodeAlmeída.Eleentãoconcedeu-lhealiberdade,alu- dia então esperar o mesmo serviço 1eal e devotado, nem a criada
gou-lhe uma casa e abandonou esposa e filha para viver com ela. os mesmos favores que um relacionamento mais próximo ou longo
Rejeitada publicamente pelo marido e desprovida de meios, Anna mereceria. Mas mesmo os laços mais fracos requeriam que tanto os
Figueirad'Almeidaalegouquenãotinhaescolhasenãovoltarpara patrões quanto as criadas cumprissem suas obrigações reci'procas,
a casa de seu pai, o senador e minístro do Supremo Tribunal Jerô- ainda que apenas minimamente.
nimoMartinianoFigueiradeMello.Almeidanãocontestouopedi-
dodeseparaçãolegal,queenvolviadívisãodapropriedadequepos-
sui'amemcomum;negou,porém,quea"mulata[fosse]acausada
desarmoniaentreeles''.Naépocaemqueotribunaleclesiásticocon-
cedeu a d. Anna sua petição, em 1874, Eduviges e Almeida ].á se
havíam separado. Segundo uma testemunha, quando Almeida pa-
rou de sustentá-la ela o deixou, "convolando aos novos amores".62
Se os senhores fossem vistos abusando de sua autoridade com
condutairresponsávelouinadequada,pondoassimemriscoalegi-
timidade de todo o sistema, podia haver intromissão no habitual-
mente sacrossanto domínio do lar, e o transgressor podia ser ad-
moestadoporoutrosdesuaclasse.63Aautoridadesobreosdepen-
dentes tinha limites. Em compensação, ninguém considerou negli-
gência quando em 1906 a dona de casa Maria Coelho, tendo uma
criadagrávidaqueiriadaràluzembreveenãoquerendoincomo-
dar-secomoproblemadeassisti-laemseuparto,recomendouque
ela``deviaarranjarforaumquartoondedar-sealuz".Emborasua
"recomendação''equivalesseaumarecusadedesempenharseupa-
pel protetor, d. Maria tinha o poder de fazê-lo, assim como pôde,
mais tarde, decidir-se a reempregar a mulher, depois que o parto
fora feito e a criança morrera.64

24
25
5
CONTÁGIO
E CONTROLE

Começàndonadécadade1870econtinuandopelasduasseguin-
tes, as estruturas da autoridade tradicional foram severamente pos-
tas à prova. A abolição da escravatura veio em maio de 1888, após
longa expectativa. Essa expectativa tivera tempo de penetrar e mo-
dificar a vivência cotidiana. Desde 1831, quando o Brasil decretara
com relutância o fim do tráfico negreiro com a África, e sobretudo
nos primeiros anos da década de 1850, quando a legislação entrop
em vigor, os proprietários de escravos reconheciam que a escravi-
dão estava condenada. Visto que os escravos no Brasil morriam mais
do que se reproduziam, sem a importação de novos contingentes a
escravidão não podia perpetuar-se. Os brasileiros continuaram a
comprar e vender escravos, a instalar fazendas que contavam com
mão-de-obra escrava e a aumentar o preço desta com lances especu-
lativos, agindo de forma que parecia negar que a escravidão pudes-
se jamais terminar. Mas no começo da década de 1870 essa recusa
a aceitar o fim da escravatura se tornava aceitação resignada. 0 Con-
gresso já se preparava para a abolição quando planejou o primeiro
censo nacional para descobrir quantas mulheres escravas em idade
de ter filhos iriam procriar novas gerações de escravos e, o que mais
importava, para avaliar a população total de escravos a fim de cal-
cular o custo de uma possível indenização. Em 1871, o Parlamento
aprovoualeiqueabriuocaminhoparaaliberdade.ALeiRioBran-
co, também chamada Lei do Ventre Livre, declarava livres todas as
crianças que dali por diante nascessem de mães escravas, com a con-
dição de que servissem o dono de sua mãe até a idade de 21 anos.
Estando sob a autoridade do senhor até sua maioridade, continua-
va a ser responsabilidade deste a óriação e educação dessas crian-
ças.] Uma escravidão ambígua persistia.

127
No Rio de Janeiro, a escravidão pouco a pouco chegava ao fim.
prietários autorizavam seus escravos a empregar-se como jornalei-
A população escrava da cidade caiu de uma estimativa de 100 mil ros na rua, acertando seus próprios trabalhos e pagamento. A Câ-
no fim da década de 1860`para 30 mil em 1885 e para apenas 7488 mara Municipal dava instruções de como esses escravos deveriam
em 1887, fosse por fuga ou morte, fosse por revenda às lucrativas .`er licenciados. Além de registrar um dono para garantir o compor-
regiões cafeeiras, fosse por alforria concedida ou comprada.2 Em tamento do escravo, este deveria usar "uma chapa de metal nume-
uma cidade onde 90% das escravas eram criadas domésticas, o de- rada, a qual deverá andar sempre em lugar visivel' ' , para identificá-
clínio do número de escravos poderia levar a crer em um desequilí- lo e justificar sua presença na rua. Mas se estivesse na rua depois
brio na oferta de criadas para os lares urbanos, mas na verdade es- das sete da noite, esperava-se que o escravo tivesse consigo uma per-
tes foram pouco afetados. Desde a década de 1870, grande número missão por escrito de seu senhor.4
de mulheres livres contribuíra para engrossar as fileiras das criadas A responsabilidade implicava seu corolário: o controle. Este
domésticas, e as escravas libertas que permaneceram no Rio de Ja- articulava-se com o fato fundamental de que uma pessoa possuía
neiro quase com certeza continuaram como domésticas. A mudan- - comprava e vendia - outra. 0 amo procurava deter o controle
ça de uma mão-de-obra mista, escrava e livre, para uma força de sobre toda a vida do escravo, dirigindo não apenas sua vida de tra-
trabalho totalmente livre veio gradualmente, de tal forma que na balho, os horários, as punições ou recompensas, mas também to-
época da abolição as primeiras tateantes adaptações a um novo re- dos os outros aspectos. Os senhores deixavam a marca de seu poder
gime já estavam bem encaminhadas na capital. claramente impressa nas biografias de seus escravos. Por exemplo,
No entanto, o avizinhamento da abolição colocou em questão uma criança que fora libertada no batismo ainda era tratada como
bem mais do que o número existente de escravos. A escravidão, com- cscrava em 1870, e alugada para fora do lar em que trabalhavam
binada com a autoridade paternal, estabelecera o paradigma para to- sua mãe e sua irmã. Em 1876, Nicolao, que por ser escravo só podia
das as relações entre senhor e criado. Os senhores assumiam toda a éasar mediante permissão de seu senhor, e a alforriada Felipa Ma-
autoridade individual, pessoal e quase privada sobre escravos e de- ria Carneiro receberam resposta negativa ao pedido de "bençãos nup-
pendentes, e aceitavam a responsabilidade por eles, embora, como ciais" com a explicação concisa de "hora imprópria" . Somente em
vimos acima, houvesse limites socialmente impostos ao abuso do po- 1869 a lei proibiu que se separasse, por motivo de venda, marido
der privado. Um pequeno incidente exemplifica um pouco do signi- c mulher, ou da criança o pai ou a mãe, revelando o que havia sido
ficado da responsabilidade pessoal compreendida em termos de es- uma prática comum e levando os senhores a não registrar o paren-
cravidão. Em 1873, as autoridades enviaram ao depósito público de tesco entre os escravos nos censos de 1870 e 1872.5 Até mesmo a
propriedades não reclamadas o escravo Albano, que aparentemente vida emotiva e sexual do escravo pertencia à jurisdição do amo. Os
estava abandonado. Ele tornou-se violento, conseguindo armar-se
que administravam as questões de saúde nas décadas de 1870 e 1880
de ` ` ferros' ' com os quais atacava brutalmente outros escravos e ofi- instruíam informalmente que as relações sexuais de uma ama-de-
ciais da polícia. A fim de contê-1o, as autoridades o transferiram para leite deveriam ser "ou prohibidas ou permittidas com grande parci-
o calabouço da Casa de Correção. Mais tarde, o proprietário apare- inonia' ' , baseando-se no argumento de que seu leite sofreria altera-
ceu para reivindicar seu escravo, o qual foi prontamente liberado
ções danosas com as ` `emoções vividas, pezares e paixões extremas" .
mediante o pagamento de pequena multa. Ninguém levantou a ques- 0 controle podia estender-se até a velhice do escravo. Em 1870, doen-
tão de se Albano ainda era um perigo; em princípio, contanto que le e sem forças para trabalhar, Leonida Rosa do Amor Divino so-
o amo o tomasse sob sua responsabilidade, a demonstração de violên- brevivia o melhor que podia como indigente, pedindo esmolas para
cia do escravo não conceriiia às autoridades . Como precaução de ro-
r)agar um lugar na casa em que morava, onde antigamente servira.6
tina, quando se empregava uma escrava ou se alugava de alguém uma A condição escrava permeava e corroía todas as relações so-
ama-de-1eite os patrões pediam que ela "dê fiador à sua conducta' ' ciais, atingindo as pessoas livres. A fim de obter a licença municipal
ou encontrasse alguém para ` `responder pela conducta" .3 A admis- iiecessária, as pessoas livres que se empregavam como jornaleiros
são de responsabilidade pessoal pelo comportamento do escravo tam- l.orneciam uma garantia ou referência, tal qual faziam os escravos.
bém aparecia, ao menos idealmente, em situações nas quais os pro- lJma comédia de papéis invertidos aconteceu quando um africano

28 29
Se na década de 1850 a epidemia campeava com fúria incomum,
alforriado assinou facilmente seu pedido de licença enquanto seu outras moléstias, em menor escala, poderiam ser mencionadas. A
fiador mal conseguiu escrever o próprio nome e, além do mais, tra- varíola e a escarlatina se abateram intermitentes sobre a cidade de
tou o negro por "senhor". A convicção de que a criadagem escra- 1820 em diante, enquanto antes a coqueluche, a zamparina -uma
va só podia ser empregada com segurança quando seu comporta-
gripe paralisante -, febres e conjuntivites já haviam extorquido seu
mento havia sido garantido por alguém com autoridade alastrou-se tributo. '° Com freqüência crescente, naquele porto densamente po-
também para as mulheres livres, de tal sorte que uma cozinheira voado e sempre a aumentar, a população era vítima de recorrentes
estrangeira e uma ama-de-leite branca deveriam fornecer "boas re- |`rupções de doenças, ou pelo menos assim parecia aos habitantes
ferencias de sua conducta".7 0 poder do patrão para determinar locais, os quais computavam a aritmética da morte pelos números
os acontecimentos da vida intervinha na existência de pessoas livres
absolutos dos que morriam. Tifo, varíola, malária, "febres perni-
e persistia após a emancipação geral. Assim, a aproximação gra-
ciosas" e sarampo se seguiam. Com flutuações -3357 mortes por
dual da abolição não pressagiou rupturas profundas na vida do- varíola em 1887, ou 2056 por malária em 1889, ou 973 por febre
méstica urbana. Mas o declínio gradativo e discernível dos núme- tifóide entre 1883 e 1889 -, estas doenças persistiram até o século
ros de escravos, e mais o já esperado fim da escravidão, tornou evi- seguinte. A tuberculose pulmonar logo foi reconhecida a matadora
dente aos patrões que ao menos alguns esteios da autoridade esta- mais eficiente, constante e infatigável: 1577 mortes em 1868, em con-
vam afrouxando.
traste com apenas 453 por febre maligna ou 321 por tifo nesse mes-
Ao mesmo tempo, outro ponto pressionava dolorosamente a
mo ano , A tuberculose foi a principal c¢c" morfás em 1888, tomando
questão da ordem pública. Desde a metade do século um novo fa- 1990 vidas, e essa doença fez em média 2 mil mortos por ano entre
tor se impusera na experiência dos residentes locais, modificando
1860 e 1890.]]
sua visão dos "menos abastados". A partir de 1850, a doença e a A presença imediata da doença fez-se sentir conforme a morte
morte atingiram em ondas epidêmicas uma população vulnerável. se toi.nava diária e exaustivamente familiar para todos. A apreen-
A febre amarela, ausente do Brasil desde 1696, reapareceu no Rio são se disseminou, derivada menos da contagem dos mortos que das
de Janeiro em 1849, tornando-se epidemia um ano mais tarde. Em razões aduzidas para explicar a supremacia alarmante da moléstia.
1850, 4160 pessoas morreram; no ano seguinte, apenas 471 ; em 1852,
De início, pensou-se que ` `miasmas" que empesteavam o ar, por meio
o número de mortes atingia 1943. Em três anos, mais de 6500 pes-
dos quais a doença se propagava, vinham do lixo - resíduos dei-
soas haviam sido vitimadas pela febre amarela. Esta arraigou-se na xados nas ruas e praias, nos abatedouros e cemitérios, nas valas
cidade, devastando irregularmente a população pelo século seguin- abertas que transportavam todos os tipos de dejetos, inclusive ex-
te adentro. Após poucas ou nenhuma morte na metade da década crementos.]2 0s contemporâneos viam a cidade como um local
de 1860, o número de vítimas tornou a crescer nas décadas de 1870 imundo onde o lixo acumulado engendrava doenças e espalhava a
e de 1880. A pior onda veio entre 1890 e 1895, quando 14 944 mor-
contaminação.
reram da doença, e em 1896 a Comissão do Saneamento registrou
Essa explicação levou as autoridades públicas a agir. Embora
resignada que a "febre amarela é agora constante". Entre 1850 e
nas vésperas das epidemias de febre amarela e cólera o Brasil não
1901 no Rio de Janeiro, o número assombroso de 56 mil pessoas
tivesse "a mínima organização sanitária" , o governo imperial esta-
morreu de.febre amarela.8
beleceu às pressas no Rio de Janeiro, em 1850, a Junta.Central de
Em meados do inverno de 1855, identificou-se o primeiro ca- Higiene Pública e comissões de saúde pública subordinadas em ca-
so de cólera na cidade. Alastrando-se rapidamente pela população, da freguesia, para combater a febre amarela.[3 A Câmara Munici-
a cólera já matara 2700 pessoas até o fim de novembro. Menos
pal muito tarde e desleixadamente assumiu a tarefa de remover o
de um ano depois, em abril de 1856, quando a epidemia já se esgo- lixo, ou, mais precisamente, legislou sobre a coleta. Enquanto os
tara, quase 5 mil pessoas haviam morrido, mais da metade escra- senhores abonados continuavam a enviar os criados para jogar o
vos. Os observadores ingleses deixaram claro que entre os mortos lixo nas praias, outros, seja porque não tivessem criados, seja por
os pretos e as ``pessoas de caminhos mais humildes na vida" eram
indiferença, ainda jogavam água servida, ou pior, na rua. Um edi-
os mais numerosos.9
3,
30
tal de 1863 recomendava que "os pobres que não tiverem servos" [da cidade] depende principalmente da extincção dos pantanos, fó-
deveriam dar seu nome e endereço ao inspetor a fim de que o lixo cos perenes desse latejo incessante que nos flagela' ' . Os autores dessa
fosse removido de suas casas pelos limpadores de rua. Visando a análise propunham audaciosamente drenar o subsolo, desafio tre-
uma maneira mais moderna e permanente de livrar da sujeira casas mendo para a engenharia, o qual nunca se enfrentou."
Essas duas ameaças - a abolição e o contágio - faziam con-
e ruas, o governo contratou a empresa inglesa City lmprovements
vergir a atenção para os criados domésticos, que não apenas abran-
Company em 1857 para instalar uma rede subterrânea de água e es-
giam o maior grupo de trabalhadores da cidade mas também mora-
gotos.]4 Ambos os projetos eram coerentes com o ponto de vista
vam nas zonas mais imundas e, ainda mais significativo, entravam
de que a remoção do lixo iria remover a fonte de miasma e doença.
nos lares dos abastados. Qualquer desordem que a abolição pudes-
Durante a década de 1860, com a atenção do governo v()ltada
se ocasionar, qualquer infecção originada em miasmas não perten-
para a Guerra do Paraguai, aplicou-se pouca energia nova nas ini- ciam apenas ao mundo da rua - seriam trazidos pelos criados para
ciativas da saúde pública. Foi somente após os elevados números
os espaços protegidos da vida doméstica.
de mortes de febre amarela no começo da década de 1870 -mais
Os homens poderosos consideravam a regulamentação dos cria-
de 3500 em 1873 e mais de 3 mil em 1876, quando a ameaçadora
dos fundamental para a ordem social porque estes afetavam a "paz,
figura da Morte era retratada popularmente a presidir o carnaval
tranquilidade e bem estar das familias, base de toda a organização
daquele ano - que o governo renovou esforços para fazer da cida-
social".19 Em 1882, o ministro da Justiça, lutando por um contra-
de um local salubre.[5 Dois comitês organizados em 1874 e 1876 so-
to formal e legal que iria regular o serviço doméstico, instou sobre
licitaram medidas sanitárias, repetições necessárias mas sem criati-
a necessidade de "moralizar a classe dos servidores domesticos e ga-
vidade daquelas de vinte anos antes: água potável, limpeza das ruas, rantir o bem estar da população que lhes proporciona meios de sub-
um sistema de esgoto adequado. Os críticos argumentavam de for- sistencia". Apelando para as leis formalmente prescritas, os ricos
ma persuasiva que os melhoramentos contribuíam para trazer mais
pretendiam comprar tanto paz de espírito quanto serviços ao pagar
doença. Representativo desses protestos, transcrevemos o depoimen- os salários das domésticas. 0 ministro da Justiça julgava que a ne-
to de um médico que condenava os "esgotos publicos, unico fóco cessidade de regulamentação se tornava "cada vez mais clamoro-
que adquiria revigor com a falta de chuvas, demorando no encana- sa" conforme declinava a população escrava.2°
mento matérias putrefatas e despejando na atmosphera das ruas e Em 1889, os conselheiros de Estado identificavam claramente
no interior dos domicilios os elementos da intoxicação putrida".16 a razão fundamental para a regulamentação imediata. A abolição
0utros tiravam conclusões mais ousadas. Segundo esses, as próprias expunha sob nova luz os conflitos inevitáveis entre as classes, ao mes-
escavações feitas para colocar os canos explicavam a epidemia que mo tempo em que alteravoa as regras que haviam reprimido esses con-
varria a cidade de forma recorrente, pois elas expunham a terra su- flitos. "Entre nós nunca se cogitou de uma tal necessidade [...] no
ja e carregada de pestilência utilizada outrora para aterrar as áreas regimen da escravidão até ha pouco em vigor." Porém, o fim da
pantanosas sobre as quais se estabelecera o Rio de Janeiro." En- escravidão era visto como um fato que ferira as "condições de vida
tendido dessa maneira, o problema se tornava mais complexo e con- familiar" , causando ` `instabilidade". Na condição de porta-vozes
traditório do que apenas expandir ou melhorar a drenagem de esgo- do lmpério, os conselheiros prontamente reconheceram como cor-
to. Os pântanos haviam sido sucessivamente cobertos pelos "lixos retas as "condições desiguaes" e como inevitáveis os ``conflitos"
residuaes retirados das habitações e das ruas" , e, sem se ter nenhum resultantes entre as ``classes inferiores e superiores da sociedade" .
projeto para remover a água do subsolo, o aterro a absorvia, pare- Uma regulamentação que estabelecesse obrigações e direitos mútuos
cendo seco na superfície mas continuando úmido nos níveis inferio- provaria não ser tarefa simples, preveniam eles, por causa do ``per-
res. Os altos índices de água parcialmente salgada que continha bac- manente antagonismo em que communmente se manifestão' ' . Con-
térias e matéria orgânica produziam a insalubridade. Os contempo- flito que, segundo descreviam, se originava da recusa de cada uma
râneos distintos e instruídos supunham que a doença se originava das classes de se conduzir de acordo com o lugar que lhe cabia na
nesse solo infectado. Seguia-se a conclusão de que "a salubridade sociedade. A classe baixa sempre deseja ` `a maxima liberdade e uma

32 33
Agravavam-se as ansiedades quando se identificavam os pobres
igualdade impossivel", enquanto a classe alta é levada por sua ri- em geral, e as criadas em particular, como portadoras do contágio.
queza, seu nascimento superior, seus títulos e suas "elevações so- Tal visão não se configurou de uma só vez, mas nas últimas déca-
ciais" a "habitos imperiosos".2l das do século a velha imagem do cortiço como um ambiente preju-
A profunda ambivalência que caracterizava a autoridade tra- dicial desapareceu, sendo substituída pela imagem dos moradores
dicional havia sido redefinida como "conflito", mas ainda assim do cortiço contaminados e contaminando incessantemente toda a
os patrões continuavam dependentes dos criados para fomecçr a suas
população da cidade a não ser que fossem removidos: os morado-
casas todos os serviços imagináveis, básicos ou triviais. À propor- res, não os cortiços, se tornaram os agentes de doenças. A meta-
ção que seu controle sobre os escravos diminuía, a imagem terna- morfose final de despossuídos em perigosos ocorreu à medida que
mente lembrada da mucama favorita competia com uma figura mais a doença física se tornava indistinta do contágio moral. Já em 1855,
agressiva. As mucamas valiam "por seu contacto mais intimo com o inspetor da freguesia de Santa Rita dirigira a atenção do público
a familia, em cujo seio havião sido creados e pela qual modelavão
para os cortiços, onde em ``pequenos quartos habita uma grande
seus habitos e inclinações" , mas eram também descritas como "es-
população das classes menos abastadas" , que ameaçava não somente
sas desgraçadas mulheres e sobretudo as escravas, que se prestem
a saúde pública mas também a "moralidade dos costumes" . Quase
a serem amas de leite, não tem educação alguma [. . .] ãeus sentimen- nos mesmos termos, o influente barão do Lavradio, presidente da
tos são pouco desenvolvidos".22 Ao mesmo tempo em que os ve- Junta Central de Higiene Pública, em 1878, justapunha a contami-
readores admoestavam a família a tratar as criadas "com bondade nação física e moral: as condições dos cortiços eram tão ruins, es-
e caridade, não castigando physicamente, respeitando em sua hon- creveu ele, que "muitos dos seus habitantes estão ja sepultados em
ra" e fornecendo-lhes ``commodo saudavel'', outros viam as cria- vida", e nos cortiços "constituem-se fócos de doenças dissemina-
das como o meio pelo qual se introduzia ` `na família gente estranha
das na parte da população mais condensada" . A moléstia ia atrás
e, quase sempre, indisposta contra nós", bem conhecida por seus da imoralidade: os cortiços promovem "a propagação de vicios e
``desafios e mentiras''.23 Ironicamente, à medida que as mulheres
crimes affrontosos a moral e segurança publica".27
livres, tão solicitadas nas décadas anteriores, se tornavam mais dis- Em todos os níveis, as autoridades irmanavam a doença ao cri-
poníveis, os patrões se faziam mais inquietos. As criadas não eram me. A Sociedade de Higiene advertia contra os quartos alugados,
mais membros do lar, mas estranhas cuja presença era perturbado-
que seriam ``causa de males, cuja repressão depende da policia, [. ..]
ra e nas quais não se podia confiar. Tão logo eram contratadas, iam Ímde a miseria e a immundicie se consorciam para a geração da mo-
embora, ` `alegando contrariedades" ou buscando salários mais al-
lestia e do crime" . Em 1867, os cortiços eram para o chefe de polí-
tos em outros lugares.24
cia "o theatro de crimes, o valhacouto de criminosos, e fócos de
0 fim da escravidão também significava que as pessoas podiam infecção".28 A Comissão do Saneamento do Rio de Janeiro insta-
escolher não trabalhar. Para os que se preocupavam em manter uma va por sua erradicação; caso contrário, eles iriam persistir como "ver-
sociedade ordenada e ordenável, era uma presença perturbadora ` `nes-
dadeiras posilgas de miseria, lupanares hediondos de devassidão e
ta capital gente desoccupada em grande quantidade",25 pois aquela
conciliábulos terriveis de crin}es, perigos sociaes que aggravam [. ..]
massa de homens e mulheres nem tinha patrões nem, por conseguin-
todas as molestias contagiosas e epidemicas' '. As autoridades defi-
te, posição regular na sociedade. 0 "grande numero" que vivia em
` `vagabundagem intermittente' ', sem trabalho fixo, colocava um pro- niam facilmente os habitantes dos cortiços, os pobres - "trabalha-
dores, carroceiros, homens ao ganho, catraieiros, caixeiros de bo-
blema que exigia medidas apropriadas de controle. Sobretudo, os ` `va- degas, lavadeiras, costureiras de baixa freguezia, mulheres da vida
gabundos" ameaçavam a segurança doméstica, pois essas pessoas des- reles" -, como os responsáveis pela doença, pelo crime e pela
qualificadas conseguiam enganar os patrões e se empregavam como imoralidade.29
criados. ` `Illudem facilmente a boa fé dos amos, allegando falsas ap- 0s pobres e seus cortiços apinhados haviam antes pertencido
tidões' ', acusavam as autoridades. Se ocasionalmente se empregavam,
ao mundo da rua, aquele mundo mantido`à distância pelos residen-
seu irresponsável "desejo de desfructar no ócio o salário acumula-
tes que com seus jardins murados e janelas fechadas com persianas
do" 1ogo tornava a colocá-los no rol dos desempregados.26
3j
34
Podíamresguardar-sedasu].eira,doscheirosedosbarulhoseque
contavamcomascríadasparafazeraslígaçõesnecessáríaseeram,
assim,capazesdepreservarailusãodeautoproteção.Apartírda
üamaísterri'velealarmantetransmissoradedoenças.Apartir
dametadedoséculo,apareceramimagensdivergentesdaama-de-
metade do século, as lavadeíras, costureiras e, principalmente, as
Ieite.Elanãoeramaísaencarnaçãodoalimentoedoscuidadosafe-
amas-de-Ieite, que entravam nas casas de fami'lia, eram ídentífica-
tiiosos; tornou-se também um espectro da doença medonha. Com
dasComoportadorasdedoenças.Nadécadade1880,àmedidaque
oleitedeseucorpopodiainfectaroinocentecomtuberculose,ou
maís fami'lías empregavam mulheres livres que moravam fora, oS
aúmesmosi'filis.Asmoléstiasqueantesospatrõesconsideravam
laços díretos com os cortiços não podíam ser evitados.
seudevercuídar,comoosi'mbolomaísdramáticodoscuídadosde-
Oschefesdefami'IíadoRiodeJaneírocomeçaramasepreocu-
vidosaosdependentes,vieramaserconsideradasimportaçõestrans-
ParSeríamenftcomasmulheresdoscortíçosquerecolhiamroupa
portadaspelascriadas,sobretudopelasamas-de-leite,paradentro
paralavar.mElaslavavamnastinascomunitáríasdocortiço,colo-
decasasoutroraprotegidas.Fossemquaisfossemasperturbações
candoasroupasparasecarportodaavoltadopátiocentral,"e
faz[em]ocoradourodopropriotelhado,dasjanellaseportas".AS que as criadas comuns provocassem quando Íam embora, desobe-
decíamoufurtavam,tudoÍssoempalideciaaoladodaatemoríza-
seguídasqueíxasdoscídadãoscontraessacenaabagunçada-al-
dora presença da ama-de-leite que podía contaminar.
gunsdízíammesmo"ímoral"-emvoltadoschafarizespúblícos
haviamlevadoosregulamentosmunicípaísaproibiraslavadeíras
Emcontrastetalvezcomseusparesnocampo,oschefesdefa-
mi'liadacidadenãocostumavamcriardesdeainfânciaasescravas
dePendurarroupasparasecarnocampodeSantana.3]Noscortí-
quepoderíammaístardeservirdeamas-de-leite.Atéem1893,ape-
çoS,Porém,essadesordemtambémveioaserconsíderadaperígo-
sardasadvertêncíasaospatrõesdequeelesdeveriamescolherco-
sa.Carecendodeescoamentoadequado,aáguasujaeensaboada
mo amas-de-leite "mulheres cuja origem e vida são bem conheci-
transbordava,exalandoum"cheírofétído".A]gunschegavamaafir-
das,críasdecasa,porexemplo",ascondiçõesurbanasnãopermi-
marqueo"máocheíro"desprendia-sede"materiasinfectasnarou-
tiamescruti'niotãomínucíoso.Enquantoasmulheresdocampo,li-
PaSuja"tantoquantodaáguaservida.Emambososcasos,acredí-
vresdamáculadavídanocortiço,podiamserespecíalmentevalori-
tava-Sequearoupalavadanoscortiçosostornava"verdadeirosfó-
zadas,amaioriacontavacommulherescontratadaslocalmente,es-
CoSdemíasmas",ameaçandoasaúdedavizínhança.32Pioreram
cravas ou livres. Embora determinadas fami'lías pudessem conser-
aslavadeirasque,semimportar-secomumapossi'velcontaminação,
indíscríminadamente``misturamaroupadetodaagente,semdís- var memórias ternas de algumas mulheres, o ponto de vista com-
tíncção".Contraessesabusos,aspatroasdeviamescolher"como partilhado pela maioria endossava a idéia de que as amas-de-1eíte
contratadas eram "mulheres da classe baíxa". Pior aínda, "vivem
maxímocuidado"1avadeirasdeáreasafastadas,onde,acreditava-
noscortiços"."Aama-de-leitetornou-seovi'nculodiretoentreum
Se,a"águacorr[e]abundantemente"eonde,vivendoemcasasmaío-
res,tivessemespaçoparasecarasroupase-graçasacírcunstân- mundoabrigadoeconfortáveleavidanarua,ínfectadadedoen-
Ciasmenosmíseráveis~usassemmaissabão.Comosoluçãoprátí- ças,centradanoscortiços.Essasmulheresvinhamdoscortiçospa-
ra as casas de fami'Iia; ou, em outras situações, as fami'1ias envia-
Ca,aCâmaraMunicipalresolveu,em1881,proibíraperigosa``mís-
turadasroupas"e,em1891,decídiupermitíraosínquílínosdosCor- vamseusbebês(ouosbebêsdesuascriadas)paravivercomaama-
tiçoslavarsomentesuasroupasnastinascomunítárias.33Pareceim- de-1eite,àsvezespormuitosmeses,expondo-osaosperigosdeca-
sasdesconhecidasousujase,comtodaaprobabilidade,tendoacer-
Possi'velqueessasproíbiçõestenhamsídoobservadas,mas,sejaCo-
tezadequeascriançascompartilhavamoleitedamulherqueasama-
mofor,opontodevístasobreaslavadeirasdecortiçoesobreoS
mentava com outros bebês também postos sob seus cuidados. Es-
locaisdelavagemcomosi'tíosÍnsalubresjáseapoderaradamaíoria.
creveu um médico em 1879: "Já tenho vísto amas que criam filhos
Daformamaisinsídíosa,entendía-sequeasdoençastransmiti-
de importantes e abastadas familias [...] nos cortiços".35
dasPe]osmoradoresdoscortíçospenetravamocernemaisi'ntímo
davídadafami'1ia.Porqueelanutriaorecém-nascidodesdeosPri- 0spaisjustificadamentesepreocupavamcomasaltastaxasde
meíroscprecáríosmomentos,aama-de-1eiteto-rnou-separaosPa- mortalidadeentreascriançaspequenas:410mortesparacadamil
nascímentosbem-sucedídosentreascriançasdeatéseteanosem1871
eraumnúmerohabítualnoRiodeJaneíro.Dentreasdoençaspas-
/36
/37
sadas às crianças e atribuídas às amas-de-leite estavam a framboe-
sia, a escrófula, a elefantíase e, a mais ameaçadora de todas, a sífi- veria possuir " [. . .] predicados moraes de tal ordem que possam im-
lis. Os pais também reconheciam a ameaça constante da tuberculo- pressionar favoravelmente o pequeno ser". Mas a visão expressa pela
se pulmonar, que podia ser passada para seus bebês pelas mulheres maioria a respeito das amas-de-leite sustentava que em sua maior
que os amamentavam. Além de transmitir toda pestilência origina- parte eram mulheres "cujos habitos e posições nem sempre as col-
da nos cortiços, acreditava-se que as amas-de-leite tinham doenças locam ao abrigo dos vicios", ou cujos "máos costumes" eram im-
peculiares a si, sobretudo doenças crônicas de pele.36 putáveis a sua herança como "pretos estupidos importados d'Afri-
As doenças típicas associadas aos cortiços haviam tido a van- ca". Maria Graham, uma inglesa que esteve no Rio de Janeiro no
tagem de ser ostensivas: o mau cheiro dos pátios era inequívoco; começo do século xix, escreveu que as mães cuidadosas preferiam
febre amarela, cólera, tifo se abatiam rápidos e inconfundi'veis. Mas levar seus filhos aos bailes a deixá-los sozinhos com amas escravas,
"[...] cujos hábitos eram tão depravados e as práticas tão imorais
as amas-de-leite infectavam as crianças com doenças que não eram
detectáveis à primeira vista mas que permaneciam, segundo se pen- [...]" que chegavam a destruir as crianças.39 Tais amas também
sava, insidiosamente latentes por anos e anos.37 eram irresponsáveis. Algumas contaminavam propositalmente seu
Às famílias abastadas e educadas os médicos ministravam con- leite usando álcool, tabaco ou certos remédios. Outras estragavam
selhos detalhados sobre os atributos ideais de uma ama-de-leite. Em- o leite ficando grávidas, algo que ``nem sempre evitão mas que cer-
bora dissessem que as ` `amas brancas serião a todos os respeitos pre- tamente procurão sempre esconder e negar" .4° Com certeza, das dé-
feriveis'', estas eram menos adequadas no calor dos trópicos que cadas de 1860 e 1870 em diante, homens importantes tornaram cla-
as pretas, cuja ` `saude prospéra nas regiões calidas". Assim, um mé- ra sua posição: as amas-de-leite eram uma presença fisicamente con-
dico insistia em que se escolhesse uma "preta [.. .] moça, forte e ro- taminadora, e, se não imoral, como era provável, também causa-
busta'', enquanto outro achava as mulatas melhores que as bran- riam contaminação social. Em todas as ocasiões, deveriam ser vis-
cas; sobretudo as louras. 0 leite, além de ser abundante e inodoro, tas com suspeita.
deveria "jorrar de cinco a oito orifícios, ser adocicado, primeiro Na década de 1880, quando a preocupação com as moléstias
aguado e azulado na cor, quando testado, e então tornando-se branco intrusivas reforçava a apreensão pelas conseqüências sociais da abo-
e ficando mais grosso". Uma ama-de-leite satisfatória tinha seios lição, um paternalismo de velho estilo que permitira que os patrões
bem desenvolvidos, "os mamilos nem rígidos nem moles, nem mui- agissem em relação aos escravos e aos dependentes pobres com be-
to pontudos nem retraídos". "Seíos pyriformes" eram os melho- nevolência quando obedeciam e raiva quando desobedeciam não mais
res; seios grandes demais sufocavam a criança e com freqüência ti- parecia uma solução à altura dos graves problemas sociais que amea-
nham muito pouco leite; seios pequenos forneciam leite ralo tanto çavam a cidade. Desordeiros e infectados, os pobres apinhados em
em qualidade quanto em quantidade. Muito importante era que os seus cortiços não eram mais um problema passível de solução em
seios deveriam ser "sem fendas ou producções ulcerosas". Mas es- nível individual. Sua presença exigia medidas públicas mais severas.
sas figuras ideais eram raras. Os médicos também recomendavam As soluções específicas propostas eram coerentes com os perigos tais
que o corpo da mulher fosse examinado, a fim de verificar se tinha como os contemporâneos os identificavam. À medida que os mora-
espinha reta e nenhum sinal de ossos quebrados, pois a falta de si- dores e as autoridades públicas tentavam encurralar o "miasma"
metria corporal possivelmente indicava raquitismo, problemas na que alimentava o contágio, eles vieram a, gradual e irrevogavelmente,
espinha, epilepsia, efeitos da sífilis ou escrófula - todos estados fixar a atenção naqueles recantos do centro da cidade que concen-
transmissíveis, cau§ando na criança uma vida de doenças.38 travam mais umidade, onde o sol e o vento menos penetravam -
Assim como os pobres que habitavam os cortiços vieram a ser nos cortiços. Encravados nas partes mais congestionadas e velhas
vistos como contaminados no corpo e no espírito, as amas-de-leite, da cidade, em terra outrora arrebatada ao mangue, os pobres dos
com reconhecida influência sobre as crianças, podiam ameaçar-lhes cortiços viviam em "quartos feitos com madeiras usadas e velhas"
o bem-estar tanto moral quanto físico. Por isso, "nenhum mau há- e ``sem condições higiênicas". 0 solo úmido, repleto de miasmas,
bito congênito ou adquirido' ' podia ser permitido. Uma mulher de- e a falta de condições higiênicas originavam os "sítios onde os pri-
meiros casos de doença infecciosa apareceram e se desenvolveram
38
39
em epidemias".4] Um verdadeiro "pavor do contágio"42 se apode-
nos, seu próprio apinhamento produzia mais sujeira e umidade, as-
rou da imaginação local, concentrando nos cortiços as apreensões.
sim (conforme se julgava) intensificando os miasmas.48 Segundo
Qualquer solução que não atacasse de imediato os perigos parecia uma queixa dirigida à Câmara Municipal pela Junta Central de Hi-
lamentavelmente inadequada, quase negligente.
giene Pública no verão de 1875, em certo cortiço a sujeira que se
Autoridades públicas preocupadas começaram a tentar saber
empilhava em um buraco no centro do pátio, as latrinas imundas
quantos cortiços havia em cada freguesia e quantos moradores ha- e as carcaças deixadas a apodrecer ameaçavam com a febre amarela
via em cada cômodo. Em 1879, o presidente da Comissão Sanitária
todos os duzentos inquilinos. Os cortiços se tornaram aqueles ` ` [. . .]
da freguesia de Santo Antônio estimou que os cortiços abrigavam
repugnantes fócos de peste, que tão prejudiciais tem sido à salubri-
cerca de um terço da população do Rio de Janeiro. Conquanto seus
dade desta mísera capital [. . .] ' ', onde ` `só n'um cortiço da rua For-
próprios números para um dos dois distritos em sua freguesia cor- mosa sahiram 15 cadaveres em 17 dias", vítimas da febre amarela.
roboravam o que afirmara, os números de toda a cidade totaliza-
Ano após ano, os inspetores locais confirmavam que as moléstias
vam a população dos cortiços em 15 054 em 1867, 21929 em 1869
contagiosas provinham, se não unicamente, pelo menos inicial e prin-
e 46 680 em 1888 -isto é, entre 117o e 16Q7o da população.43 Em-
Cipalmente dos cortiços.49
bora a estimativa do oficial de Santo Antônio talvez fosse exagera-
Lá pelo fim do verão de 1880, a polícia anunciou o fechamen-
da, era amplamente compartilhada sua impressão de que a popula-
to total de um cortiço, ordenando que ele deveria ser "evacuado
ção de moradores de cortiço e o número total de cortiços entrin- e desinfetado e o lixo removido''. A Junta Central de Saúde Públi-
cheirados no centro da cidade cresceram de maneira assustadora.
ca também se empenhou em paralisar a construção de cortiços adi-
Sem dúvida, a massa de moradores de cortiços aumentara em nú-
cionais antes que estes se tornassem o "theatro das dolorosas sce-
meros absolutos, mais que triplicando nos vinte anos entre 1867 e
nas que presenciamos nas épocas de epidemias que assolão de pre-
1888, com a pior concentração de cortiços principalmente na área
ferencia os moradores da cidade nova".5° Tais recursos teriam pa-
decadenteemvoltadocampodeSantanaenocanaldoMangue-
recido suficientes se apenas os pobres tivessem sofrido e morrido.
ainda conhecida como Cidade Nova. Nesse peri'odo, a freguesia de
Mas a febre amarela atacava sem distinções todas as classes, até
Santanarespondiapormaisdeumquartoaumterçodapopulação
mesmo os ricos. Conforme a caricatura da Revj.s/¢ J//#s/r¢d¢, a
total dos cortiços da cidade.44 "febre amarella'', vestida de cortesã, "deu agora em visitar os tea-
0sinquilinosmoravamcomprimidosemquartospequenos,ge- tros". E esse não era o único contágio insidioso. A tuberculose
ralmente duas a três pessoas em um cômodo, embora as autorida- ` `continu[a] a fazer grandes estragos atacando infelizmente a todas
des públicas insistissem em que os números registrados subestima-
as classes de sociedade, não isentando nenhuma edade, nem pro-
vam a locação real. Os regulamentos da cidade limitavam a ocupa-
fissão, nem sexo, nivellando todas as nacionalidades, condições e
ção nos cortiços a duas pessoas por quarto - mas alguns abriga- cores". Ao menos um médico percebeu que a taxa de mortalidade
vam sete.45 0s 54 inquilinos (homens, mulheres e crianças) dos 24
entre os habitantes do cortiço excedia a dos outros em seu distrito,
quartos de um cortiço em 1869 partilhavam uma única torneira e enquanto os porta-vozes do município lamentavam que os cortiços
duas latrinas; em 1895, os 343 moradores de outro cortiço tinham
eram sempre tanto "o ponto de partida" quanto o lugar onde ter-
apenas seis latrinas e uma torneira. A população dos cortiços cres-
minavam as epidemias. Mas a preocupação mais urgente estava as-
cia, comprimíndo mais quartos nos cortiços existentes. Estes podiam
sociada às vítimas dos "quarteirões mais ricos e salubres da cida-
ser ocultados da visão do público e dos inspetores detrás das dissi-
de".5] Essa situação trouxe para o primeiro plano o problema do
muladoras fachadas de prédios mais imponentes, enquanto a ver-
controle dos criados.
dadeira entrada se fazia por uma casa particular ou hotel.46 Repro-
Durante as décadas de 1880 e 1890, a prefeitura do Rio de
duzindoemoutrasfreguesiasomodelodeSantana,oscortiçospro-
Janeiro e os ministérios do governo imperial e republicano encar-
liferavam: 502 em 1867; 642 doís anos depois; 1331 em 1888.47
regados de dirigir a administração da cidade receberam e avalia-
Àproporçãoqueaindamaiscortiçossemultiplicavamemáreas ram numerosas propostas para registrar e regular o trabalho do-
já úmidas e insalubres, construi'dos onde o lixo aterrara os pânta- méstico.52 As várias propostas concordavam nos termos básicos e

40 J4J
já conhecidos; no entanto, as reciprocidades eram agora definidas
formalmente. As obrigações de uma criada importavam em obede- i)ítra eliminar os perigos daquela presença contagiosa, a ama-de-1eite
cer ao patrão em todas as ordens "li'citas", ser respeitosa e realizar infectada.
o trabalho com "díligencia e zelo". Além disso, podia ser conside- Em 1873, José Pereira Rego, barão do Lavradio e presidente
rada responsável por estrago ou perda de propriedade pertencente da Junta Central de Higiene Pública, declarara à Academia Brasi-
ao patrão. De sua parte, os patrões deveriam proporcionar "bom leira de Medicina que dois "momentosos" problemas de saúde apre-
tratamento", quarto e comida e um acordo sobre o salário. Se uma scntavam-se ao lmpério: o ``aleitamento por amas mercenárias" e
criada sofresse prejuízo ou ofensa por defender seu patrão, deveria í` necessidade de um sistema público de esgoto. Em 1876, o dr. Car-
ser recompensada. 0 patrão providenciaria primeíros socorros ou Ios Arthur Moncorvo de Figueiredo (empenhado, como depois seu
cuidados hospitalares em caso de doença da empregada. Para can- l`ilho, na questão da melhoria da saúde do pobre) formulava o pri-
celar o contrato cada uma das partes deveria conceder à outra uma meiro "regulamento das amas de leite" . À regulamentação propos-
notificação com quinze dias de antecedência, embora em circuns- ta ele vinculava sua mais ambiciosa tentativa: abrir a primeira clíni-
tâncias especiais se pudesse terminá-lo imediatamente. Uma criada ca que oferecesse exames médicos gratuitos às amqs-de-leite.56
podia ser despedida de pronto "se commeter furto, roubo ou outro 0 exemplo dado por Moncorvo de Figueiredo e por seu filho
delicto, ou praticar actos contrarios à moral e ao decoro".53 Inver- animou outros à ação. Um grupo de cidadãos formou uma "Asso-
samente, uma criada podia ir embora sem aviso prévio se o patrão ciação do Saneamento" em 1879. Por "saneamento" eles compreen-
cometesse "actos immoraes" ou a maltratasse fisicamente. Os no- diam exames físicos das amas-de-leite. Em todas as freguesias fo-
mes de todas as empregadas seriam arquivados em um registro cen- ram abertos consultórios nos quais as mulheres podiam ser exami-
tral, e as amas-de-leite apresentariam, adicionalmente, atestados mé- nadas sem nenhuma taxa. Os jornais diários anunciaram os locais
dicos. Além disso, exígir-se-ia que as agências de `empregos se regis- e horários. Nenhuma ama apareceu.57 Um terceiro esforço teve ape-
trassem e provassem sua confiabilidade. 0 histórico profissional de nas curto sucesso: em 1884, a Câmara Municipal geria um "Institu-
cada trabalhador deveria ser registrado em uma caderneta, na qual to de Amas de Leite". A instituição exigia que todas as mulheres,
o empregador iria expor as razões para a sai'da de uma criada e co- escravas ou livres, tivessem um certificado baseado em exame con-
mentar sua conduta, sobretudo sua "moralidade", capacitando as- duzido por um médico do lnstituto, válido por apenas três meses,
sim os futuros patrões a conhecer o passado dos "intrusos" que se quando a mulher seria então reexaminada. 0 lnstituto serviria co-
apresentavam procurando trabalho. Por último, os contratos iriam mo local de seleção, mantendo listas das que estivessem qualifica-
assegurar aquele elemento indefinível mas fundamental da conduta das para trabalhar como amas-de-1eite e registrando o número de
correta: uma criada deveria "respeitar aos amos" e, por qualquer partos que cada mulher tivera e a data de nascimento de seu último
"falta de respeito" ou por ser "insolente e insubordínada", pode- filho. Dois meses após ser fundado, o lnstituto suspendeu comple-
ria ser legitimamente punida ou despedida. Um projeto sugeriu que tamente seu serviço. No mesmo ano, chegou à Câmara Municipal
até mesmo os "sintomas de gravidez" justificavam demissão ime- uma proposta de estabelecer uma única comissão médica para exa-
diata.54 minar "carnes verdes, matadouros, açougues, estabulos de vaccas,
Embora o ministro da Justiça houvesse insistido em que algo e amas de leite".58 A derradeira veio em 1907; caso tivesse sido
precisava ser feito para proteger os patrões de ficar expostos "aos aprovada por lei, teria exigido exames compulsórios de qualquer
perigos de ter ao seu serviço pessoas contagiadas", em 1889 os con- ama-de-leite que residisse com uma família ou que aceitasse bebês
selheiros de Estado lançavam uma nota cautelosa. Aconselhavam em sua casa e só permitiria que uma mulher tomasse conta de uma
que, quaisquer que fossem as medidas adotadas, elas deveriam ser única criança por vez. Procurando assegurar-se de que a ama-de-
facilmente aceitáveis ``por parte da população e sem grandes per- leite estaria livre de doenças que poderiam contaminar uma crian-
turbações dos habitos familiares entre nós".55 0 risco de ``distúr- ça, os médicos que propuseram a lei também pretendiam, pela pri-
bios" indesejáveis impôs uma pausa às tentativas de regularização, meira vez, proteger as amas-de-leite de contrair infecção das crian-
mas não antes de os chefes de fami'lia proporem medidas adicionais ças amamentadas estipulando que estas também precisavam ser
examinadas.59
142
J43
0 debate público não apenas levantara suspeitas sobre a ama- uma questão pública mais ampla no âmbito da jurisdição do gover-
de-leite como figura ameaçadora mas também começou a modifi- no local. Os funcionários públicos municipais reagiram mediante re-
car a imagem de si mesmas que as mulheres tinham como mães. Em formas que iriam remodelar tanto a paisagem física quanto a so-
1843, o dr. Imbert admitia que, por preferível que fosse a alimenta- cial. Uma demolição completa dos cortiços envolveria necessaria-
ção pelo seio materno, não se podia exigir que as brasileiras - mu- mente o governo local em uma ação que seria coletiva e pública.
lheres ``delicadas e nervosas" que precisavam lutar contra o calor As locações de serviço tornariam explícitos e obrigatórios os acor-
tropical excessivo, o qual "exgota as forças vitaes e irrita o systema dos que por tanto tempo haviam sido realizados informalmente; ao
nervoso" , e freqüentemente se casavam muito jovens -agüentas- mesmo tempo, os exames de saúde institucionalizariam as advertên-
sem ``as fadigas de huma amamentação prolongada sem grave de- cias que patrões e doutores haviam proferido durante anos. No fun-
trimento de sua saude" . Médicos e políticos posteriores foram me- do, essas medidas eram adaptações dos antigos hábitos e pretendiam
iios tolerantes. Foram severamente acusadas as mulheres que, ou escorar a costumeira autoridade do lar e estendê-la a situações no-
porsuavaidadeemedodeperderabelezadesuaaparência,ou``pe- vas e perturbadoras, mas também essas soluções mais recentes de-
loscaprichosdamodaeprazeressociaes'',ouporser``levadaspela
pendiam do governo local ou do apoio ministerial para ser imple-
ostentação, ou pelo desejo de gozarem mais facilmente os prazeres mentadas e executadas. Se os chefes de famflia desviavam-se de sua
davida[...]",entregavamseusfilhosaamas-de-leitealugadas.``Nos-
prerrogativa de exercer o poder privado, eles o faziam no empenho
sas patricias" não apenas ` `evitão os primeiros deveres maternaes' ' de garantir a segurança da casa contra a rua. Não previam, porém,
mas também submetiam seus filhos aos "[. . .] immensos perigos da todas as conseqüências da tentativa de conjugar o poder público e
amamentação mercenaria [...] a transmissão de graves enfermida- os objetivos particulares.
des[...]" e os expunham moralmente à ``inoculação de vicios e ha- No final de 1870, os esforços do município para sanear ou de-
bitos repugnantes [...]."6° Em 1879, já se dissera o suficiente para molir os cortiços haviam produzido mais agitação que resultados
que aparecesse uma nova revista, .4 A4Õe c7e Famj./j.¢. Almejando in- tangíveis, e o que foi alcançado pouco tranqüilizou um público in-
fluenciarassenhorasemquecumprissemadequadamenteseupapel
quieto.63 Sem ter alternativas, locatários expulsos de áreas conde-
materno, a revista defendia que as mulheres, nascidas para ser mães, nadas simplesmente se aglomeravam em outros cortiços, de tal for-
deveriamempenhar-setantoemsuavocaçãoquefizessemqualquer ma que os quartos, em vez de seis a oito pessoas, continham de de-
sacrífício necessário. Algum tempo depois, outra revista que pre- zoito a vinte ` `cosinhando e dormindo no mesmo lugar' ' . Um ` `cor-
tendia libertar a mulher de uma vida apenas fútil e comodista exal- tiço que tinha cem habitantes, tem hoje trezentos' ' , informava a Ga-
tava a maternidade como um papel a ser valorizado, algo que trazia zef¢ d¢ r¢rde em 1884. E seus moradores resistiam: os locatários
satisfação e que não se devía evitar.6l em Santana adiavam o fechamento do cortiço mantendo os portões
Como resultado dessas preocupações intensificadas a respeito trancados a todos os que não morassem ali. Outros "tres grandes
da transmissão de doenças e a reorientação do papel da mulher, os cortiços [. . .] resistem a ordem e não foram fechados pela policia" .64
paissópassaramaconfiarseusfilhosaamas-de-leitealugadasquan- 0 famoso e temido cortiço "Cabeça de Porco' ' tornou-se o sím-
do isso era inevitável. "Cota", escrevia Rui Barbosa sobre sua mu- bolo da resistência, desafiando todas as ordens de fechamento por
lher em 1880, "está de pé mas doente. 0 Dr. Felix continua a vel-a cerca de 53 anos. Com 4 mil habitantes, muitos dos quais, segundo
diariamente. Minha filhinha recemnascida vae mal e sou forçado se acreditava, recrutados entre os "capoeiras e criminosos" e "víti-
a tomar ama aqui. É o que me chega!", lamentava-se ele. Outra mas do pauperismo", o Cabeça de Porco consistia em um número
mãe, doente e incapaz de amamentar seu segundo filho, nascido no desconhecido de barracos amontoados ao longo da velha rua de San-
inverno de 1888, só passou relutantemente a responsabilidade para tana, desde que ela saía da praça até atingir a orla marítima e os
a preta alugada, Maria, depois de haver tentado aleitá-lo por mais armazéns do porto. No começo de 1893, um dos primeiros prefeitos
de duas semanas.62 da cidade sob a República, Candido Barata Ribeiro, finalmente pôs
A conexão entre o contágio e os cortiços, os pobres e os cria- um fim ao cortiço. Em janeiro daquele ano, os moradores haviam
dos levara os critérios de ordem e controle a ser reformulados como ignorado uma ordem de fechamento. Visto que eles tornaram pú-

144 4j
blico seu intento de impedir a demolição, o prefeito "requisitou a
aforçanecessariaparagarantirasuadeliberação".Nanoítede26 poder novo e, por conseguinte, em mãos incertas. Apanhado nesse
dejaneiro,BarataRibeiroeumaequipedetrabalhadores-alguns dilema, o impulso de renovação recuava. Os cidadãos continuavam
disseramtrezentos;outros,150~começaramademolição.Porto- a enfrentar a ameaça dos cortiços e do contágio como sempre ti-
daanoite,sobumcalorsufocante,usavamsuaspicaretas,suposta- nham feito. Durante os meses quentes e abafados do verão, os mais
menteentregandoosmóveisehaverespessoaísaseusproprietários, abastados deixavam a cidade, esperando escapar à pior infecção.
enquanto a infantaria cercava o cortiço e a cavalaría guardava as T'or balsa e trem, dirigiam-se a Petrópolis, onde a família imperial
travessaseomorronosfundos.Pelamanhã,haviamreduzidoocor- lambém tinha seu palácio de verão, situado nas montanhas de cli-
tiçoapó.0Ri.oJvewsrelatavaque"essecortiçotemsidopormui- ma ameno, longe da cidade contaminada. As criadas pessoais, as
totempoumfocodeinfecçãoparatodaavizinhança,esuadestrui- amas-de-leite ou uma governanta ocasional podiam acompanhar seus
ção dessa maneira será louvada com entusíasmo".65 r)atrões a seu refúgio, mas a maioria dos pobres desafortunados fi-i
0smoradoresnãoeramosúnicosaimpedirareforma.AAca- cava para trás, vítimas em números desproporcionalmente altos da
demia Brasileira de Medicina, nunca indiferente às questões coti- doença que se alastrava no calor úmido do verão.68
dianas,emprestouseuapoioàcondenaçãodoscortiços,"verdadei- Enquanto os projetos para demolir os cortiços estavam sendo
rosnínhosdafebreamarelaedetodasasfebresinfecciosas[...][e] abandonados ou sempre adiados, os esforços para regulamentar o
devicíosedecrimes",salientandoofatodequeoscortiços``estão serviço doméstico enfrentavam outras objeções. 0 Conselho de Es-
aindaempéparaattestaremaproteçãoeodesleixodacamaramu- tado concluiu que a noção de contrato de trabalho não era viável,
nicipapAindamaisculpadoseramos"nobres"indiferentesque, pois essa prática nunca obteria aceitação entre os patrões. Os che-
comaconivênciadosvereadores,adquíriam"rendasfabulosas"dos fes de família, reconheciam eles, não tolerariam restrições em seus
aluguéisqueextrai'amàcustadopovo,"envenenandolêntaepro- "hábitos domésticos" impostas de fora.
gressivamente a saude de uma população". A Câmara, conforme Além disso, a questão de qual autoridade pública iria supervi-
aacusação,estavamaísinteressadaemqistribuircargosdoqueem sionar e fazer vigorar os regulamentos levou à dissensão. No curso
prover o bem-estar público e violou seus próprios regulamentos ao da década de 1880, alguns propuseram que esse poder coubesse à
permítír um "espantoso desenvolvímento dos cortiços", até mes- polícia e a inspetores locais nomeados pelo chefe de polícia. A polí-
mo no centro da cidade.66 cia concordou: esta " [. . .] tem a faculdade de lhes cassar as caderne-
0soficiaisdasaúdepúblíca,empenhando-seemexecutarasor- tas [das criadas] [. . .] ' ' em caso de infração, até que elas fossem sub-
dens de renovação ou demolição, investiam com firmeza contra o metidas a quaisquer punições que fossem impostas.69 0utros fica-
que chamavam com sarcasmo "valiosos patronatos" ou "protec- ram menos satisfeitos, sobretudo porque esse regulamento ameaça-
ções".Em1896,aComissãodoSaneamentodoRiodeJaneirocon- va a privacidade do lar, a esfera de dominação dos patrões, antes
denoua"acanhadaorientaçãodapropriedadeurbana.Osgrandes incontestada. Ao comentar as tentativas de registrar as criadas na
proprietaríos,aindamaisqueospequenos,resistemaquaesquerin- polícia em Buenos Aires, um jornal, embora reconhecesse que ` `um
novações e preferem soffrer serios e avultados prejuizos a concor- regulamento similar tem muitos defensores" no Rio de Janeiro, con-
rer voluntaria e solicitamente para a execução de medidas sanita- denava tal supervisão como algo "injustificado e perigoso'', um
rias, que a ninguem seríam mais proveitosas do que a elles". Mas ` `abuso de autoridade" que conduziria a uma "interferência intole-
"quebrar este predominio" dos vereadores municípais e dos pro-
rável" por parte da polícia. A controvérsia continuou. 0 esquema
prietários"nãoéfacilnemsemperigos",advertíamosmédicosda brevemente estabelecido em 1888 evitava a polícia, procurando, em
Academia de Medicina.67 lugar disso, criar um departamento especial que agiria com a auto-
Aíntervençãopública,ficavaclaro,podiaserrealizadaapenas ridade da Câmara Municipal.7° Um ano mais tarde, quando o lm-
àsexpensasdapropriedadeprivada,etentativasdecolocarocon- pério caiu, esse regulamento caducou.
trolesocialcomoquestãopúblicairiamsímultaneamentegerarum 0 problema continuou a ser de atribuição de poder. Desde o
início das longas deliberações que atravessaram a década de 1880,
146
147
os conselheiros de Estado consíderavam os contratos estipulados
legalmente "completamente inadmissi'veis" , visto que tais regula- Lemos considerava fundamental para a sociedade republicana a li-
mentos iriam permitir perigosos excessos da autoridade públíca, berdade de trabalhar em qualquer profissão escolhida. Contestar essa
poissuaexecução"excedeaalçadadaCamaraMunicipaledapo- liberdade era contestar a iniciativa e a responsabilidade individual.
Iicia" e impediria "o livre exercicio da actividade individual" res- ``Taes regulamentos" , argumentava, "só servem para agravar e sis-
tringindoa"liberdadedetrabalho"dapessoa.Osconselheiroscon- tematizar a opressão dos fracos pelos fortes, instituindo uma nova
denavamapropostadascadernetas,aqualiría,conformediziam, escravidão. "73 No final das contas, os argumentos filosóficos pro-
sujeítar as criadas a "uma odiosa e excepcional inspecção e vigi- vavelmente exerciam menos força que as considerações pragmáticas.
lanciadasautoridades",aomesmotempoemqueseimpediriauma Enquanto os líderes republicanos substituíam ou remodelavam
fami'lia de trazer para seu lar quem ela escolhesse, com ou sem as instituições do governo no começo da década de 1890, os cida-
a caderneta. Consideravam que as cadernetas seriam danosas aos dãos continuavam suas tentativas de regulamentar o serviço domés-
patrões e Ínsistiam em que estes não deveriam ter permissão de fa- tico. A polícia relatava as "reclamações insistentes da opinião pú-
zer anotações nelas. Se ali escrevessem comentários, arriscar-se-iam blica" contra o status do serviço doméstico, o qual não oferecia ga-
a ser levados ao tribunal por "calumnía e ínjuria", em casos que rantias nem ao patrão nem ao empregado; a polícia lembrava ao
frustariam a defesa, pois as únicas testemunhas das "occorrencias prefeito que ela nada podia fazer sem uma lei municipal.74 A pres-
havidas no intimo do lar domestico" seriam outros membros da são aumentava, até que finalmente, em 1896, a Câmara Municipal
fami'lia, os quais não podíam depor.7l fez um derradeiro esforço para instituir um regulamento que crias-
Portrásdessasquestõesexistiaumaoutramaisprofundamen- se um registro municipal sob a administração do departamento de
teenraizada.Setaisregrasfossemexecutadas,entãoexigiriadosche- estatística. 0 regulamento demandava que as criadas levassem con-
fesdefamiliaquepermitissem"visitasdomiciliariasedevassasim- sigo uma caderneta para registrar os comentários dos patrões e as
pertinentes" pela poli'cia.72 A própria noção de um contrato escri- razões das demissões. A postura foi aprovada mas nunca entrou em
toimplicavaumequilibrioentredireitose'devereseumacordode vigor, visto que nenhuma repartição governamental se achava dis-
quecadaparteiriacumprirostermosestabelecídos.Naprática,os posta a pô-la em prática. Tampouco a Câmara Municipal levou a
patrões se recusavam a abandonar sua supervisão pessoal, mesmo cabo a sugestão de sancionar ou estabelecer agências particulares
queimprecisa,emtrocadeacordoslegaisqueerammaisdefinidos que, mediante uma taxa, assumiriam perante a família responsabi-
mas que obrigavam as duas partes. Mais que qualquer outra consi- lidade pelas criadas que forneciam.75
deração, era a violação da privacidade doméstica e da autorídade Ministros, conselheiros de Estado. policiais, vereadores, advo-
pessoalquepreveniaospatrõescontraaregulamentaçãopúblicado gados, negociantes, cidadãos - todos haviain acabado por retirar suas
trabalho doméstico. propostas de formalizar e fixar legalmente a relação entre patrão e
Com o fim do lmpério, em 1889, novas vozes, algumas menos criada. No lugar de uma caderneta, eles pediam "cartas de confian-
equi'vocasqueasouvidasatéentão,contestavamaprópriaidéíade ça ou informações de pessoas idoneas' ' ou procuravam criadas repu-
regulamentaçãopública.Agorautilizandoalínguagemdoliberalís- tadas como "de confiança" ou "de conducta afiançada".76 A regu-
mo(queestavanamoda),osoponentesdosregulamentostrabalha- lamentação das domésticas continuou a ser objeto de negociação pri-
vamparaosmesmosfins.0juristaTristãodeAlencarAraripeJú- vada e de controle pessoal. Haviam sido detidos os esforços iniciais
nior,em1891,afirmavaque"nenhumarazãodeordempúblicaexís- de transferir a responsabilidade para as autoridades públicas e assim
te que justifique a limitação desse direito [...]" de trabalhar. Uma fortalecer a ordem. Ao mesmo tempo, o receio da abolição diminuí-
oposiçãoresolutacristalizou-seemtornodarecentementeestabele- ra. Embora a escravatura não mais definisse as relações próprias da
cidagarantíaconstitucionstqueasseguravaolivreexerci'ciodequal- ordem paternalista, os padrões globais da cultura haviam aparente-
querprofissão,umtemadeprofundosignificadologoapósaaboli- mente se alargado para acomodar a mudança. 0 fim da escravidão
ção,quandoaRepúblicarecém-constituídaqueriadesembaraçar-se não enfraquecera nem aquelas noções fundamentais que distinguiam
dasassociaçõescomaescravidãoeolmpérío.0positivistaMiguel dos patrões os trabalhadores nem as conexões que os vinculavam. Um
sentido tolerável de ordem prevalecera, apesar da abolição.
48
49
Na questão das amas-de-leite, a nova república encontrava-se
iguaimente PouCo disposta a intervir. Repetindo decisões tomadas di` para se tornar amas-de-leite. Como resultado desses exames, os
duranteolmpério,ogovernoínvalídavaoudesconsideravaaspos- médicos recusaram a aprovação mais a brasileiras que a imigrantes
turas municipaís que estabeleciam padrões de saúde para as amas- c rejeitaram proporcionalmente mais brancas que mulatas ou ne-
de.ieite.77 Ademaís, exames de saúde compulsórios nas amas-de- gras. Dentre 442 mulheres -ou seja, 48% das que foram examina-
ieite demandariam a existência de clínicas, pessoal habilitado e até
das e rejeitadas como fisicamente inaptas a amamentar -, eles iden-
iit`icaram como sintomas comuns ou causas da falta de saúde: cor-
mesmopoli'CiaParalevarajulgamentoepunirasqueserecusassem
i.imento vaginal, tuberculose, infecções urinárias, leite insuficiente
a obedecer. Embora o governo e os patrões reconhecessem que os
ou ralo, sífilis, infecções de pele ou abscessos e anemia. "Immundi-
perigos impostos por amas-de-Ieite doentes justíficavam soluções
ce extrema" impediu nove mulheres de ser aprovadas; outras reve-
maisamplasqueasqueoschefesdefami'liapodiamfornecerdando
lavam sinais de alcoolismo ou de ``atrophia da mama''. 0 dr. José
?as-S`í,S-t_êrãciíaAa^S=+S-e^TP_r_e_g_a_fo_s_oude":tinqà-os:á;i-:éii::í::à::UiL£nu- Jayme de Almeida Pires foi levado a concluir que as mulheres que
tervenção do Estado nesses assuntos domésticos i'ntímos e o desa-
se empregariam como amas-de-leite eram elas mesmas "victimas da
parecimentodaautorídadeprivadaqueseseguiriaeramclaramente má nutrição e da miseria".79
Ínaceitáveís. Moncorvo de Figueiredo e outros colegas, os primei-
A saúde ruim provou não ser a única razão pela quai algumas
ros a fundar Cli'nícas de Saúde, haviam-se enganado em relação à
mulheres saíram da clínica sem seus certificados. Uma vez lá, 34 mu-
reação pública. Embora fossem fundações prívadas estabelecidas lheres se recusaram a passar pelo necessário exame ginecológico.8°
príncípa|menteParaprotegerasaúdedosrícos,suasproposiçõesin- Sua recusa trouxe à baila a declaração feita por um defensor dos
vadiam zonas que tanto os patrões quan'to as críadas, por diferen- exames compulsórios, que escrevera logo após a abolição: "Se já
tes razões, Preferiam manter invioladas. era difficil proceder-se a um exame rigoroso nas amas escravas de
Comosexamescompulsórioscompletamentederrotados,ascli'- outros tempos, muito mais se torna agora, em que as mulheres não
nicas vo|untárias gratuitas preencheram parte das lacunas. Seguin- se prestarão a inspecção minusiosa das regiões mais reconditas de
do o exemplo de Seu Pai, Moncorvo Filho fundou seu próprio dis- seu corpo [.. .]" .8' Assim como os chefes de família haviam manti-
pensárío em 1901, na rua Visconde do Río Branco, perto da praça do distância das intrusivas inspeções da polícia, também as mulhe-
da República, em um esforço para oferecer cuidados médicos gra- res pre.servavam seus corpos de exames intrometidos. Em 1881, na
tuitoseassístênciaPrátícaaospobresdacidade,sobretudoascrían- primeira clínica a oferecer exames voluntários gratuitos, nenhuma
ças. inciuídos nos serviços oferecidos por sua cli'rica estavam os exa- mulher apareceu. Mas os tempos, e a atitude das mulheres, muda-
mes médicos Para as amas-de-leíte. No entanto, a fim de evítar no ram. Entre 1901 e 1908, 866 mulheres se submeteram ao exame. Uma
futuroanecessidadedeempregaramas-de-leite,MoncoívoFílhopre- mulher, ` `moça muito asseiada [e com] leite de primeiro filho' ' , po-
tendía tornar acessi'Vel, sempre que necessário, o leite de vaca inte- dia então anunciar-se no jornal para empregar-se como ama-de-leite
grai (testado contra a tuberculose) como um substituto para o alei- com "attestado medico" , enquanto outra anunciava ter uma "re-
tamento materno. Embora o pai não tivesse conseguído atrair pa- ferencia do Dr. Moncorvo". Gradualmente as mulheres foram se
cientes,ofilhoalcançouPelomenosumsucessomodesto.Moncor- decidindopelasvantagensdosexamesmédicosquepodiamconfirmá-
vo Fiiho tornou Sua cli'nica acessível mediante horários dilatados e las como amas-de-leite confiáveis.82
uma |oca|ização Conveníente. 0 que é maís importante, ele atendia Se os chefes de família continuavam sem os empecilhos legais
aospobresemgeral.Asmulheresláiamparaoscuidadospré-natais dos contratos ou regulamentos referentes às criadas e amas-de-leite,
ouparareceberleiteesterilízado,destínadoàscriançasdebilitadas. as questões de ordem e saúde - nas quais moralidade, crime e doen-
OsmédicosdaCli'nicaadministravamtratamentomédicoecirúrgi- ça se entrelaçavam - tomavam vulto como problemas perturbado-
co aos doentes, dístribui'am roupas, sapatos e comida e aplícavam res da ordem pública. Por volta de 1900, a preocupaçãQ com contá-
vacinas.78 gio e controle provocou um conflito manifesto entre os cidadãos
"responsáveis" e os moradores de cortiços.
Aiémdotrabalhoparaospobres,entre1901e1908osmédícos
da cli'níca examinaram -918 mulheres que queriam atestados de saú-L A fim de refrear esse conflito e impor a ordem, os reformistas
voltaram suas energias para refazer a paisagem urbana, impelidos
50
J5J
por novas idéias de ordem social. No fim da década de 1880, as au- reira Passos tivera sucesso em atropelar interesses particulares de
toridades e os cidadãos expressaram inéditas apreensões a respeito longa data.
de bêbados, ladrões, arruaceiros e vagabundos. Os políticos escre- Alguma coisa do desígnio que estava por trás dos planos da
veram sobre os "desordeiros que abundam nesta cidade, escravos transformação pode ser percebida em outras reformas desencadea-
e assassinos", afirmando que ` `a força policial, odiada por esta classe das por Pereira Passos entre 1902 e 1906. Ele pretendia extinguir
de gente, [...] era impotente para manter a ordem". Debatiam-se os "males arraigados que davão a nota deprimente do atrazo da nos-
leis e penalidades contra "o uso de armas prohibidas" ou contra sa civilização" . Dentre esses males, o prefeito incluía os vendedores
` `vadios, vagabundos e desordeiros" . Cada vez mais, os jornais no-
de loteria da cidade, que "[...] incomod[am] com infernal gritaria
ticiavam prisões de homens e mulheres por perturbação da ordem e [dão à] cidade o aspecto de uma tavolagem"; desejava proibir "os
ou por bebedeira. A polícia opinou contra a criação de um mercado grosseiros costumes do carnaval", impedir que os vendedores de leite
ao ar livre perto da igreja de Santana, o qual iria tornar-se, segundo levassem suas vacas de porta em porta e vetar que se criassem por-
diziam, "o canto de vagabundos, desordeiros e gatunos [...] [e] o cos no centro da cidade ou que se pendurasse a carne nas portas
jogo de azar vai reaparecer".83 0 vocabulário para descrever tais dos açougues.85 Em lugar disso, a cidade deveria indicar sua "civi-
atos mudou, e tanto os cidadãos quanto as autoridades perceberam lização" e vir a assemelhar-se às capitais européias, tal como eram
que a ordem pública não estava assegurada. 0 crime não consistia imaginadas. Sendo vulgares e indisciplinados, os pobres deveriam
tanto em atos de violência pessoal ou contra a propriedade. 0 cri- ser mantidos fora das vistas do público. Ao menos, essa era a espe-
me era, principalmente, social: perturbação da ordem pública, apos- rança de Pereira Passos.
tas em jogos de azar e, sobretudo, a vagabundagem eram vistas co- Se alguns continuaram a agir como de costume, vendendo lei-
mo uma ameaça. A vadiagem, quando aplicada à mulher, implica- te, criando porcos, encharcando seus companheiros de folia no car-
va prostituição. Apesar das repetidas tentativas de proibir a prosti- naval e simplesmente ignorando as leis inconvenientes, em outras
tuição, nenhuma lei específica vedava sua prática. Em vez disso, as camadas os regulamentos sociais encontravam firme e inflexível re-
mulheres suspeitas de ser prostitutas eram inculpadas como vaga- sistência. Em 1902, médicos pesquisadores anunciaram ao mundo
bundas e provocadoras de desordem.84 0 significado social de "va- a descoberta de que um mosquito transmitia a febre amarela e de
gabunda", porém, ia muito além da prostituição. Uma vez que a que, portanto, a eliminação das larvas do inseto significaria a extin-
escravidão terminara e um amo não era mais responsável por de- ção da doença.86 No Rio de Janeiro, formou-se uma brigada de
pendentes, o "vagabundo" designava aquela incômoda classe de pes- 1500 homens para inspecionar os esgotos, reservatórios de água ao
soas que não tinham posição social legi'tima, e qué viviam fora da ar livre, sarjetas e viveiros de peixes; e, em 1906, uma equipe de 72
sociedade ordenada. Os reformistas encetaram com zelo a tarefa de médicos auxiliados por estudantes de medicina desinfetaram "to-
varrer das ruas os desordeiros e vagabundos, por meio de prisões das as casas do Distrito Federal". A campanha contra o mosquito
e, principalmente, da destruição de bairros onde os pobres haviam esbarrou em forte oposição. Deputados afirmavam que "as liber-
por longo tempo fixado seu senso de comunidade e onde as criadas dades dos cidadãos estavam ameaçadas" pelos médicos intrometi-
continuavam a conduzir suas vidas separadas. dos e membros da brigada.87
T fom#:orrá?p;ffàvaffes:àgT#ab:g#g:=Tat:iàraãeds#std;à,ma. :rg:: No entanto, os congressistas provaram ser oponentes mode-
rados, quando comparados aos revoltosos cuja ira alastrou-se em
lidade na virada do século, quando os refomadores finalmente ad- 1904 contra uma lei que, pela primeira vez, tornava compulsó-
quiriram ou assumiram os poderes necessários para agir. Durante ria a vacinação óontra a varíola.88 0s conflitos começaram no
os seis meses e.m que a mais ampla demolição foi realizada, o pre- largo do São Francisco, onde oradores incitavam à desobediência
féito da cidade, Francisco Pereira Passos, suspendeu a Câmara Mu- civil. A polícia tentou dispersar a multidão que se aglomerava;
nicipal, sflenciando assim quaisquer vozes de oposição que pode- esta, ao contrário, aumentou, segundo um relato, para 3 ou 4 mil
riam ter-se declamdo oficialmente contra seus planos de varredu- pessoas, inclusive "trabalhadores honestos" e gente "respeitável' ' ,
ra. Com vistas a usurpar para fins públicos o poder privado, Pe- "membros de diversas classes'', até que o protesto explodiu em

52 53

LI-T_
violência. No quarto dia, o Exército foi chamado, e a insurreição
cado central precisava de uma reforma. Em 1908, inaugurava-se um
cessou.89
mercado novo e reluzente, a pequena distância do anterior e tam-
A vacinação compulsória contra a vari'ola foi anunciada exata-
bém na orla da baía, no limite extremo da cidade, localização con-
mente quando chegava ao auge a demolição dos cortiços, dando aos
veniente para o desembarque do porto mas não para a maioria dos
pobres razões em dobro para juntar-se à rebelião.9° Tendo o mun-
moradores da cidade ou para suas criadas.94
do social dos cortiços e da vizinhança desabado, a vacinação obri-
Como sempre, os ricos continuaram a fazer tentativas de se iso-
gatória invadia seus corpos. Eles entendiam que a vacinação, assim
larem e se protegerem. Onde antes maciços morros de granito ha-
como antes os exames médicos para as amas-de-leite, ameaçava o
viam separado da cidade ao longo da baía as praias de mar alto ao
último domi'nio do controle privado -seus corpos. A imprensa sa-
sul, dois túneis passaram a ligá-las. 0 primeiro, em 1892, e o segun-
bia como manipular os temores populares, mostrando imagens de
do, em 1906, iam da praia de Botafogo a Copacabana e Leme, am-
corpos transformados em laboratórios experimentais para o cultivo
de "colonias microbianas" ou questionando ``que especie de droga pliando bastante a área potencial da cidade e expandindo-a para zo-
nas mais frescas e saudáveis.95 Casas finas logo apareceriam nesses
é essa que vae entrar a pulso em nosso organismo?".91 Longe de
subúrbios voltados para o mar. É claro que, mais tarde, os pobres
parecer uma bem-vinda prevenção contra o contágio, para os sem-
se seguiriam para fornecer criadas e serviços, com suas favelas frá-
teto a vacinação representava uma derradeira e intolerável invasão
em sua privacidade, um genuíno ataque à "liberdade individual''. geis, empoleiradas nos morros circundantes, mas, por certo perío-
do, os moradores se acreditaram a salvo da infecção e da pobreza.
Contra esse pano de fundo de protestos, fracos ou clamorosos,
Contudo, nenhuma mudança na paisagem do Rio de Janeiro
a reformulação da paisagem da cidade foi adiante. Os planejadores
simbolizou tão bem a intenção dos reformadores de erradicar a doen-
acreditavam que o novo traçado da cidade iria impedir futuras epi-
demias, pois a expunha às brisas marítimas e continha projetos de ça e a pobreza quanto a larga avenida Central. Estendendo-se desde
as docas, na praça Mauá, ao norte, em direção ao sul da baía, a
áreas residenciais construídas com ordem. Além da limpeza do ca-
avenida fez com que a parte mais antiga da cidade, de tantos edifí-
nal do Mangue, adornado com uma dupla fileira de palmeiras-reais,
cios esquálidos, fosse atravessada por uma via elegante, deixando
e dos trabalhos de completa reconstrução do porto, terminados em
entrar no centro a luz do sol e as brisas marinhas. Lampiões de fino
1911, os engenheiros municipais alargaram algumas ruas, retifica-
ferro fundido postavam-se no centro da avenida, brilhando à noite;
ram outras, eliminaram muitas e abriram vias adicionais para criar
e, dos dois lados, edifícios requintados exibiam fachadas esmera-
novos acessos e construir novos edifícios na congestionada e des-
das. Mais além, onde a avenida encontrava o mar, um aterro alar-
moronada Cidade Nova.92 Aproveitando o espi'rito de reforma, mo-
radores respeitáveis competiam para ter alargadas suas ruas. Tur- gava a margem da baía para permitir a construção da sinuosa ave-
nida Beira-Mar, até o final de Botafogo. Ao longo da avenida, mu-
mas de trabalhadores cavavam poços a fim de fornecer água para
lheres bem vestidas passeavam na companhia de homens abasta-
limpeza das ruas, ajardinavam parques, pavimentavam ruas e pra-
dos.96 0 belo e suntuoso Teatro Municipal, inaugurado com pom-
ças. Perto da rua da Carioca, onde o velho chafariz havia outrora
atrai'do tantas lavadeiras buliçosas , inaugurou-se um mercado de flo- pa condigna em 1909, voltava-se para o mar, no começo da avenida
Central. Com as escadas e pilares interiores construídos de finos már-
res. Na mesma região da cidade, a administração Pereira Passos
mores importados e com o palco e os camarotes ornamentados de
construiu cerca de 120 casas, habitações baratas projetadas para a
detalhes folheados a ouro, o teatro era dedicado à busca de alta cul-
classe trabalhadora.93 As criadas que faziam as compras ainda ca-
tura por parte de uma elite.97 A promíscua mixórdia de cinqüenta
minhavam até o velho mercado e a Câmara Muricipal recusava-se
anos antes havia sido, finalmente, trazida à ordem.
a aprovar mercados locais mais convenientes, pois ``nossa popula-
Em 1910, quase oitenta anos se haviam passado desde que o
ção não se acha preparada para a manutenção dos mercados ao ar
artista francês apresentara seu retrato de uma família do Rio de Ja-
livre" , onde, segundo afirmavam, a experiência demonstrara que
"as autoridades precisavam interferir constantemente para manter neiro indo à igreja, com cada membro disposto de acordo com sua
limpos esses locais" . Reconheciam, contudo, que o velho e sujo mer- posição, exibindo o adereço conveniente, da cozinheira à ama-de-
1eite, e evocando a distinção cuidadosamente preservada entre a ca-

JJ4 55
sa e a rua. Desde então, a epidemia mostrara sua face terrível, a
escravidão acabara e a República substituíra o lmpério. Embora re-
conhecível, a família pintada por Debret não mais representava a
única e mais apropriada metáfora da sociedade. Uma imagem am-
pliada - correspondente à própria paisagem urbana - expressava
de modo mais preciso uma compreensão alterada da vida social. Mais
complexa, a nova imagem tornava também mais explícito o confli- PÓS-ESCRITTO
to entre a casa e a rua, entre ricos e pobres, que a antiga noção de
família se empenhara em negar. Embora retesadas ou afrouxadas
pelas mudanças, as teias de autoridade e controle doméstico, em ne-
nhum lugar mais visíveis que na relação entre patrões e criadas, per-
maneceram.

Em 1961, um Encontro Nacional das Jovens Empregadas Do-


mésticas reuniu-se no Rio de Janeiro, com o fito de formar uma as-
sociação, cujo primeiro passo seria transformar-se em um sindicato
legalmente reconhecido. 0 encontro lançou um "Manifesto às Pa-
troas" no qual as empregadas declaravam seus direitos e deveres,
da forma como elas pretendiam que fossem compreendidos. Como
o primeiro destes direitos, elas esperavam ser tratadas com "amor,
respeito e compreensão dentro da casa em que trabàlham, sendo con-
sideradas membro da família...". Em troca, entre os deveres que
destacaram, elas garantiam "guardar os segredos da família da qual
nos consideramos membros' '.
0 Estado de S. Paulo, 4 de £evereíro de 1961.,
CorreJ.o da M¢#AÕ, 4 de fevereiro de 1961.

56 157
NcmAS

ABREVIAÇÕES

ACM-RJ Arquivo da Cúria Metropolitana, Rio de Janeiro


AGC-RJ Arquivo Geral da Cidade, Rio de Janeiro
AGC-RJ, SI ArquivoGeraldaCidade,RiodeJaneiro,Seçãolconográfica
AIHGB Arquivo do lnstituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
Rio de Janeiro
Almanak Laemmert Almanak administrativo, mercantil e industrial do Rio
de Janeiro
AN Arquivo Nacional, Rio de Janeiro
ANSPE Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Seção do Poder
Executivo
ANSPJ Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Seção do Poder Judiciário
ANSPJ' CPO Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Seção do Poder
Judiciário, Cartório do Primeiro Ofício
ANSPJ, CSO Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Seção do Poder
Judiciário, Cartório do Segundo Ofício
Arrolamento sc, 1870 Brazil, Directoria Geral de Estatística, Arrolamento da
população do Município da Côrte (São Cristovão) 1870,
Ms, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio
de Janeiro, Departamento de Documentação e Referência
Civil Code, 1916 Joseph Wheless, trad., 7lfte O.ví./ Codc o/ Brazi./ [J9Jó]
Código Criminal José Antonio de Araújo Filgueiras Junior, ed., Co'dí.go
do lmpério, 1876 Criminal do lmpério do Brasil
Código de Posturas, Rio de Janeiro, Camara Municipal, Códz.go de Pos!fwrfls
1870 da llma. Camara Municipal do Rio de Janeiro e editaes
da mesma Camara
Código de Posturas, Rio de Janeiro, Intendencia Municipal do Districto Federal,
1894 Código de Posturas, Leis, Decretos, Edit?es ? Resoluções da
lntendencia Municipal do Districto Federal
Código Penal, 1890 Antonio Bento de Faria, ,4##oÍoções fÁcor[.co-pr¢fi.c¢§
ao Código Penal do Brasil de accordo com a dout!ina e
legislação e a jurisprudencia, nacionaes_e. estran?eiras,
sóguido de um appendice contendo as leis em vigor e
que lhe são referentes...

59
CódJ.go p4J./JZJPJ.Ho, Candido Mendes de Almeida, comp. e ed., Cód;.go
lo xix, a benevolência e a punição pudessem ser separadas ou que a força física fos-
1870 Philippino; ou ordenações e leis do reino de portugal,
se a deterioração de um paternalismo mais benigno. 0 poder que exigia como justifi-
recopilados por mandado d'el-rey D. Philippe 1. 14 ed.
cativa uma ostentação da solicitude e dos cuidados pelo escravo era o mesmo poder
segundo a primeira de 1603 e a nona de Coimbra de
que permitia a coerção e nela se baseava.
1824 Addicionada com diversas notas...
(3) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Rccc#searmcHÍo c7a popzt/aíç¢~o do Jm-
Constituições Sebasti\ão Mo"e]iio da, V±de, Constituições primeiras do
perio do Brazil a que se procedeu no dia 1 ? de agosto de 1872 (Kío de ]ímü+ioiLeu-
primeiras.1853 Arcebispado da Bahia. Feitas e ordenadas pelo.~ zinger, 1873-6), Município Neutro, pp. 1-33 (daqui em diante, citado como Recem
Sebastião Monteiro da Vide. 5? Arcebispo do dito s'came#fo, /872); Brazil [Directoria Geral de Estatística] , Recens'eame#fo do Jtz.o de
Arcebispado e do Conselho de Sua Magestade: Propostas Janeiro (Districto FederaD realizado em 20 de setembro de 1906 (Bj+o d£ ]í±ndiio.. 0£-
e aceitas em o synodo Diocesano que o dito Senhor ficina da Estatística, 1907), pp. 181-317 (daqui em diante, citado como Recemse~
celebrou em 12 de junho do anno de 1707. Impressas em mento do Rio de Janeiro, 1906).
Lisboa no anno de 1719 e em Coimbra em 1720...
(4) Em 1891, um observador estimou que a manufatura no Rio de Janeiro ocu-
HAHR Hispanic American Historical Review
pava 2 mil mulheres. Uma tecelagem de algodão e lã, por exemplo, empregava ses-
/C Jornal do Commercio senta mulheres e 47 crianças como operários. Em seu relatório anual de 1878, uma
Leis do Brasil Bra.sil, Le±s. estaLt"tos etc., Coleção das Leis do Brasil fiação arrolava 65 mulheres e meninas entre seus 343 trabalhadores. 0 número de
Recenseamento, Brazil, Directoria Geral de Estatística. Jiece#seamem/o mulheres aumentou para 145 de um total de 451 trabalhadoi.es nessa fábrica em 1882,
1872 da população do lmpério do Braz:Íl a que se procedeu e, em 1891, 392 dos 928 operários eram mulheres e meninas. Em 1907, os estabeleci-
no dia 1? de agosto de 1872 mentos manufatureiros no Rio de Janeiro totalizavam 671, incluindo 22 fábricas têxteis.
Recenseamento do Brazil, [Directoria Geral de Estatística] , Recenseamento Centro lndustrial do Brasil, £e Brc's!./. Se§ rí.cÁesse§ #¢fwre//cs, 6'es j.#dwsír!.es, vol.
Rio de Janeiro. 1906 do Rio de Janeiro (Districto Federal) realizado em 20 de iii: J#dg4sfrí.e mamz//acíwrí.ére (Rio de Janeiro: Imprimerie M. Orosco, 1909), pp. xvii-
setembro de 1906 xix, 36-7; Christopher Columbus Andrews, Bmzí./.. ;.Ís co#cÍ;.fj.o# a„dprospecís', 3?
ed. (Nova York: D. Appleton & Co.,1891), p. 39; Companhia Brasil lndustrial, Re-
jie/cÍ/orí.o, J870 Brazil, Directoria Geral de Estat]'stica, Re/aJori.o /¢/orz.o... J878 (Rio de Janeiro: Moreira, Maximino,1878), p. 8; Re/ar/ori.o... /882
apresentado ao Ministro e Secretario d'Estado dos (Rio de Janeiro: Moreira, Maximino, 1882), p. 8; Companhia de Fiação e Tecela-
Negocios do lmperio pela Commissão encarregada da gem Brazil lndustrial, Rc/¢Íor!.o. . . J89J (Rio de Janeiro: Leuzinger, 1891), p. 6; so-
direcção dos trabalhos do arrolamento da população do bre as condições de trabalho dos operários da indústria têxtil, incluindo as mulheres,
Municipio da Côrte a que se procedeu em abril de 1870 vçr S+a:n+€y -Stdm, The Brazilian cotton manufacture.. textile enterprise in an u_n.de.r_-
RIHGB Revista do lnstituto Histórico e Geográf tco Brasileiro deve/oped area, J850-J950 (Cambridge: Harvard University Press,1957), pp. 51 -65;
"Iã:tiÀ MímLai La,hmevei Lobo, História do Rio de Janeiro: do capital comercial ap_
cap!.Í¢/ [.#dwír[.¢/ eJ#¢#cei.ro, 2 vols. (Rio de Janeiro: iBMEc, 1978), fornece um perffl
INTRODUÇÃO (pp. 15-2;2,) estatístico detalhado da cidade durante as últimas décadas do século xix, incluindo
as transformações na mão-de-obra.
(1) Clifford Geertz, "Thick description: toward an interpretative theory of cul- (5) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Rc/¢forí.o apre§e#facJo ¢o M/.#í.5Ííro
t"ie" , in The interpretation of cultures, selected essays (NCNa. York.. Baistic Books, e Sec;e;ário d'Estado dos Negocios do lmperio pela Commissão encarregada da di-
1973), p. 5.
recção dos trabalhos do arrolamento da população do Municipio_d_a Côrte. a_gue se
(2) Para uma história intelectual do paternalismo inglês e de suas projeções pú- procedcw cm oõri./ de J870 (Rio de Janeiro: Perseverança, 1871), Mappas A-K, s. p.
blicas, ver David Roberts, Pofema/ísm Í.# ear/y Vz.c/ori.a# E#g/a#d (New Brunswick,
(daquiemdiante,citadocomoRe/¢for!.o,J870);Recems%me#Ío,/87?,MunicipioNeu-
NT: Rutgers University Press, 1979); com respeito à relação entre lei e costume, o Bra-
tro, pp.1-33; Rece#seamc/?fo do R[.o de Ja#e!.ro, /906. pp.174-317. 0 Rio de Janeiro
sil difere profundamente do sul dos Estados Unidos descrito por Eugene Genovese, do século xix, com sua preponderância de criadas, não é um caso raro. Nos Estados
Roll, Jordan, roll.. th world the slaves made O`oNa. York.. Pím+heon,1974). em qLue Unidos, até 1870, 50% das mulheres empregadas eram criadas, ao passo que na ln-
a lei e o costume eram distintos, alternativas para as quais amos e escravos podiam
glaterraumaemcadaseismulhereseradomésticae,dentreassolteiras,umaemcada
recorrer. Contestando Genovese, James Oakes, 7lúc "/;.#g r¢ce.. ¢ Á;.síor}. o/4mcrí.- cinco. Daniel E. Sutherland, Amew.c¢#s o#d íÁeí.r sen;¢#Ís.. domcsfi.c serw.ce í.# fAe
ca# s/¢vcAo/deü (Nova York: Alfred A. Knopf, 1982), não distingue entre lei e cos- Umz.ícdSfafcs/ro/MJ800foJ920(BatonRougeeLondres:LouisianaStateUniversity
tume, mas entre um paternalismo benevolente das zonas mais aristocráticas e mais Press, 1981), p. 45; Thereza M. MCBride, rfte dome§f;.c revo/wÍ;.o#.. fÃc Ã4oder"J.zar-
antigas e outro cada vez mais severo. conforme a escravidão avançava para o oeste, tionàfho;sáho,dserviceinEng,andandFrance,182o-192oQtcNa_,__Yor_k..PÍ)+_mes&
sob proprietários mais recentes e rústicos. Meu ponto de vista é que o paternalismo Meier, 1976), p. 34. Sarah C. Maza demonstra que na França do fim do século xviii
sempre teve seu lado feio e grosseiro: o direitc; de punir com raiva, a recusa a conce-
as mulheres se tornaram progressivamente maioria entre os criados domésticos, os
der cuidados ou favores ou as formas mais obviamente brutais ou perversas de maus-
quais chegavam a ser um quinto da força de trabalho adulta, Serva#Ís a#d masfers
tratos físicos. Estaríamos enganados se acreditássemos que, para o Brasil do sécu- :n eíghteánth_century France.. the uses of ,oya,ty tpri"ceton UrL+Nerst+y Press, L98S],

60 J6J
pp. 25, 277-8. Ver também Cissie Fairchilds, Domesíí.c ememj.eJ.. serva#Ís ¢#d ÍÁejr
masfem;.#O/dRegJ.meFm#c€(Baltimore:TheJohnsHopkinsUniversityPress,1983). (2) A lei não confirma`;a o que a tradição garantia; fixava apenas aqueles limi-
(6) A rejeição por John V. Lombardi de uma definíção ]egal do status do es- tes da autoridade do cabeça de casal que eram coerentes com a proteção dos direitos
cravo como uma categoria necessariamente signíficativa para descrever ou explícar de propriedade da mulher e dos filhos. As restrições apareciam espalhadas pelo có-
a experiência social em favor de outras categorias tai§ como raça ou ocupação in- digo; ver Candido Mendes de Almeida, comp. e ed. , Cód;.go PAj./J.ppí.#o,. ow Ordema-
fluenciou os fundamentos deste estudo e as conclusões a que chegueí, ver "Compa- ções e leis
-14 ed. do reino
segundo de Portugal,
a primeira recopilados
de 1603 porCoimbra
e a nona de mandadoded'el-rey _P.. Philippe
1824. Addicionada 1.
c±y
rative slave system§ in the Americas: a critical review", in Richard Graham e Peter
H. Smith (eds.), New approac#es ft) £úr/!.# 4meri.cam Ã;.Sftw (Austin: University of dJ.verú¢s #ofa§. . . (Rio de Janeiro: Typ. do lnstituto Philomathico, 1870), Liv. 1, Tit.
Texas Press, 1974), pp. 156-74. Em estilo diverso, João José Reis demonstra de for- Lxxxviii, par. 6; Liv. 4, Tit. xcv, nn. 2 e 5; Liv. 5, Tit. xxii (daqui em diante citado
maconvincentequeaetniae,atécertoponto,aidentidadereligiosa,maisqueacon- como Co'di.go PÁ!./;.pp;.#o, J870). Cito a edição de 1870 porque as notas de Almeida
dição de escravo ou de liberto p€rs€, originaram as relações de lealdade e, por con- explicam ou especificam a lei portuguesa tal como era praticada no Brasil; essa edi-
seguinte, a rebelião que ele analisou, "Slave rebellion in Brazil: the African Muslim ção posterior inclui muitas das leis portuguesas e brasileiras que alteraram o código
uprising in Bahia,1835" (tese de doutoramento, University of Minnesota,1983) [jie- de 1603. 0 Código Philippino continuou a ser a base da lei civil no Brasil até 1916,
b_:I_i_q_?_erf:_avanoi?ra.si,:.a_históriago,evantedosma,ês(Brasíhi=;;:;çà€i;-Íe`-iáo quando o país promulgou seu próprio código civil. 0 novo código incorporava as
escrito sobre a sociedade da cana-de-açúcar do Brasil colonial e as conotações eco- velhas restrições ao poder do cabeça de casal. Joseph Wheless, trad., 7lÁe C/.vi./ Codc
o/BrazJ./ [J9jó] (St. Louis: Thomas Law Book Co.,1920); o cabeça de um lar ou
T3ô_T:_C~a_S_._±:S:?+11:.S.tuTtp.S.Chw?rtz,5ugarplantationsinthefor;a;i-;;';i-B;iii_
/J.aw Soci.eíji Cambridge Latin American Series, 52 (Cambridge University Press, 1985), familia podia também ser indicado como o senhor ou senhora, ou como o amo que
p_p=__2S|2_-_3.|S|:5_r_ed.o_s_i_r.ternos...erg_en_hoseescravosnasoc-iedadeco|ó;iáíiói=i:- provia a subsistência de seus dependentes.
nhia das Letras,1988)], conclui de forma análoga que o sígnificado de ser escravo (3) Cód!.go PW/ippJ.#o. /870, Liv. 5, Tit. xxxvi, par.1. 0 direito de castigar
ou negro livre oscilava em um co#ÍJ.#wm de situações e experiências que, de manei- era reafirmado na lei criminal brasileira. [José Antonio de] Araújo Filgueiras Ju-
rasvárias,permitia,denegavaouqualificavaaconcessãodaalforria,comdistinções nior, ed. , Códi.go Crim[.#¢/ do JmpeH'o do Brasj./, 2? ed. (Rio de Janeiro: Laemmert,
não apenas percebidas pelos escravos mas também reconhecidas pelos senhores. 1876), Art. 14, par. 6 (daqui em diante, citado como CódJ.go Cri.mí.#cÍ/ do Jmpew.o,
(7) Emília Viotti da Costa, Da Se#z¢/a à co/Ôn!.a, Corpo e Alma do Brasil, 19 1876).
(São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1966), pp. 456-67; para um aprofundamen- (4) Código Philippino,1870, ü:N. 5, T.T1. xxiv.
to dessa visão anterior, ver sua obra posterior r:be Broz;./j.aD Empi.re (University of (5) Somente em 1867 Agostinho Marques Perdigão Malheiro publicou seu li-
Chicago Press,1985), p.171; Maria Odila Leite da Silva Dias, Owofj.di.a#o e poder vro A escravidão no Brasil: ensaio histórico-jurídico-social , 3 pa,ites Çm L voh. (Fti+o
de Janeiro: Typ. Nacional, 1866-7), esboço para um código de lei que iria regular
€To5`ã?_.Fa.U!° .n.Or
1984), pp. 10, 125; S±CuloFernandes,
Florestan XIX_ - Apa77!e
Gertrudes
iNegrode Jesus
i.w (Sã;o~pauio=
Bmz/./J.a# Fi:a:iir£éii:€,
5oc!.eJy, trad. de Jac- a escravidão baseado na lei romana, na lei civil e criminal tal como praticada no Bra-
queline D. Skíles, A. Brunel e Arthur Rothwell, ed. Phillis B. Eveleth (Nova York: sil, e nos costumes locais. Esse código nunca foi criado, mas o Congresso chegou
Columbia University Pre§s,1969), pp.1-54; Raymundo Faoro, Os dowos dopoder.. a aprovar algumas leis isoladas. Notavelmente a lei de 1869 proibia a separação en-
f.o*r_m3ç_!_:_!o_P.?Lt:o_na.to_P.o|.í'ico.?rqsi|çiro_,_2y6|s.,2çed.(iór::Ãiéói:é..-õ|rãü*:à tre marido e mulher e entre pais e filhos, assim como a venda de escravos em leilões.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1975), ii, pp. 452-70.
Em 1871, a Lei Rio Branco, ou Lei do Ventre Livre, declarava livres todas as crian-
(8) Ver, por exemplo, Stanley Steip, yai5:go#mf.. ¢ BrúizJ./J.a# cojíJee cow#/}J,
ças nascidas, dali por diante, de mães escravas. Brasil, Leis, estatutos etc., Co/eçó.o
J850-J900 (Cambridge: Harvard University Press, 1957), pp. 250-76; Warren Dean,
das Z,eJ.§ do Bra§!./, Lei 1695, 15 de setembro de 1869, Art. ii e i, e Lei 2040, 28 de
5!oç!a{o^...??_r?z!!ia^nplan!ation_system,.1820-192o(Staiió;dunivetiityi-r-e5;,Tii;õ', setembro de 1871, Art. i (daqui em diante, citado como Z,ei.s do Br¢sJ.0.
pp. 88-193; Jacob Gorender, 0 e§cr4w}.Smo co/omj.a/ (São Paulo: Ática, 1978), pp.
(6) Decisão 57, Reino, 19 de junho de 1822, Cap. i, par. 8, apresentado em Fran-
555-72; Costa, Z)a Senza/ar, pp. 446-55; Richard Graham, "Causes for the abolition
cisco Belisário Soares de Souza, 0 si.§fema e/ej.Íor¢/ #o Jmpérí.o, 2! ed„ Coleção Ber-
of negro slavery in Brazil: an interpretative essay". Hj.Spa#j.c .4merj.caw HJ.J/orJ.ca/
nardo Pereira de Vasconcelos, Série Estudos Jurídicos ,18 (Brasília: Senado Federal,
Revi.ew, 46 (May 1966), pp. 123-37 (daqui em diante, cítada como H4Jlji).
1979), pp. 178-9; Z,ci.s do Bmsí./, Lei 387, 18 de agosto de 1846, Tit. i, Cap. ii, art.
(9) Tony Judt, "A clown in royal purple: social history and the historians",
3 e ç . ÍLereza M. MCBride, The domestic revolution.. the modernization of house-
frz.Sfory WorksÃop, 7 (Spring 1979), pp. 66-94, argumenta que a história social pode
holdserviceinEnglandandFrance,1820-1920(Nc)va.York..HOLmes&Mejiei,}976.),
e deve ser colocada no contexto dos eventos econômicos e políticos maiores.
p. 15 , descreve situação parecida na França e na lnglaterra no século xix; os domés-
ticos, em ambas as sociedades, foram os últimos grupos a adquirir direito de voto.
1. 0 PANORAMA SOCIAL DA CASA E DA RUA (pp. 2341) (7) Z,eí.s do Brasz./, Lei 387, 19 de agosto de 1846, art. 107.
(8) Re/¢/orí.o, j870, p. 4; LeÁs do Br¢sj./, Decreto 4856, 30 de dezembro de 1871,
Regulamento, Cap. 1, Art. 3, par. 1; Rio de Janeiro, Câmara Municipal, Cód!.go
(1) Debret veio ao Brasil em lsl6 como membro da missão cultural francesa
convidada por d. João vi. Jean Baptiste Debret, VojJoge p;.ffores'qwe cf Ãj.Sforj.q%e de-Posturas da llma. Camara Municipal do Rio de Janeiro e editaes da mesma Ca-
auBr`ésil,.ouséjo¥rg'.±na_rtistefrançaisauBrésii,3;ois.-(PaLr£s..iimíniJáát-f;i- mam Qio de Janeiro: Laemmert, 1870), Secção Segunda, Policia, Tit. ix, par. 3 (da-
res, Imprimeurs de L'Institut de France, 1834-9), ii, Planche 5 e pp. 31-2. quji ei diímte à+í*do como Código de Posturas, 1870D., F_ecen:eap}_entp do P!? de
J¢#cJ.ro, /906, pp. 10, 33 e, para exemplos, 36-7. No Brasil, o significado multiface-

62 63
tado do lar, ou fogo, assemelha-se aos conceitos chave dom#s' e Áos'Ía/, em que cada àtado em Robeit Co"a.d, The destruction of Brazilian slavery, 1850-1888 (Berke-
um deles significava tanto família quanto casa e continha elementos de cozinha, fo- ley: University of California Press, 1972), p. 50 e nota. Ver também Appendix iv,
"Salaries and cost of living, Rio de Janeiro", in J. C. Oakenfull, Er¢zÍ./ !.# J9/2 (Lon-
go, bens e terras, filhos e a aliança conjugal, descrito por Emmanuel Le Roy Ladu-
r£e, in Montaillou.. the promised land of error, trzLà. de BaibaLraL BraLy (NovaL York.. dres: Atkinson, 1913), pp. 436-7. De modo geral, os valores de câmbio são calcula-
Braziller, 1978), pp. 24-52, 179. dos usando-se o "Appendix: statistical tables: exchange value of the milreis in U.S.
(9) Dr. Antonio Joaquim Fortes Bustamante, casa n? 21 a 25, rua do Retiro dollars, 1821-1930'', in Julian Smith Duncan, P%b/í.c a#d pr;.wíe oper¢Ír.o# o/ /Ae
Saudoso,149 quarteirão, e José Maria Chaves, casa n? 41, praça de D. Pedro i, 8? /oí./wa)Js i.# Brazí./, Studies ii} History, Economics and Public Law, 367 (Nova York:
quarteirão, e Maria José Quintella, casa n? 6, Estalagem Mauá, rua do Costume, Columbia University Press, 1932), p. 183.
29 quarteirão, Brazil, Directoria Geral de Estatística, Arrolamento da população do (21) JC, 2 de julho de 1862; "Table 19: Rio de Janeiro all slave monthly hire
Municipio da Côrte (São Cristóvão) 1870, Ms, Instituto Brasileiro de Geografia e Es- rates, 1835-1888", in Pedro Carvalho de Mello, "The economics of labor in Brazi-
tatística, Rio de Janeiro, Departamento de Documentação e Referência (daqui em lian coffee plantations, 1850-1888" (tese de doutoramento, University of Chicago,
diante, citado como Arrolamento sc, 1870). 977), p. 66.
(1CJD Recenseamento do Rio de Janeiro, 1906. p. 10. (22) Embora o censo de 1870 tenha sido conduzido em todas as freguesias da
(11) Por exemplo, Jo/#a/ cÍo Commerc!.o, 28 de agosto de 1872, 2 de julho de cidade, somente os resultados manuscritos de São Cristóvão foram localizados. Os
1862 (daqui em diante, citado como JÇ). números, as tabelas e a discussão que apresento aqui se baseiam em minha análise
(12) JC, 26 de julho de 1882, dentre as mulheres de São Cristóvão que mora- dessa relação de lares. Para fins de recenseamento, a freguesia foi dividida em dezes-
vam independentes e trabalhüvam como domésticas, 70% eram costureiras e 23% seis quarteirões (na verdade, agrupamentos irregulares de ruas), dois dos quais estão
lavavam ou passavam roup,-i. Arrolamento sc, 1870. faltando, fazendo que meus resultados totais difiram dos que se encontram no resu-
(13) D. Joaquina Roza de Souza, casa n? C, rua Bella de São João, 59 quartei- mo publicado do censo. No começo do relatório de cada quarteirão, aparece um rol
rão, e Americo Brazilio Pacheco, casa n? 8, rua Bella de São João, 3? quarteirão, de todas as ruas e endereços, indicando os estabelecimentos comerciais, os edifícios
Arrolamento sc, 1870. públicos e as residências particulares. Arrolamento sc, 1870; Rc/¢forj.o, J870.
(i4) Anphilophio Freire de Carvalho para João Mauricio Wànderley, barão (23) Antonio Dias da Silva, casa n? [ilegível] , rua São Luiz Gonzaga, 109 quar-
de Cotegipe, São João da Barra, 16 de setembro de 1885, Arquivo do lnstituto His- teirão, e d. Maria Thomazia Pereira da Silva, casa n? 1, rua da Alegria,139 quartei-
tórico e Geográfico Brasileiro, Coleção Cotegipe, L. 13, D. 46 (daqui em diante, ci- rão, Arrolamento sc, 1870.
tado como AiHGB). (2A;) aiHberto Freyre, Sobrados e mucambos; decadêrcia _do pa_t.riarc?do.r^u,r.a`l
(15) "A educação da mulher'', A Á4õc de Fam;./í.¢, janeiro de 1881, p. 19; Júlia e dese#vo/vi.me#fo cJo wrõa#o, 3? ed., 2 vols. (Rio de Janeiro: José Olympio,1961),
Lopes de Almeida, Z,;.vro doLs #o!.ws, 3? ed. (Rio de Janeiro: Companhia Nacional i, pp. 33-48, foi o primeiro a sugerir a dualidade de "casa e rua". Extrai' a elabora-
Editora, 1869), p. 157. ção desses
•navais, conceitos,
malandros aplicados
e heróis: aouma
para Brasil contemporâneo,
sociologia debrasileiro.,
do dilema Roberto Da 2çMatta, Car-
.ed.. (F¢io
(16) Louis François de Tollenare, No/as domz.#;.c¢es. romad¢s dwr¢H/c wma
residencia em Portugal e no Brasil nos annos de 1816,1817. e 1818 .... (FLecjLfe.. " ]or- de Janeiro: Zahar.1981), pp. 71-5, adaptando-os ao Rio de Janeiro do século xix.
nal do Recife",1905), p. 248; Robert Walsh, JVoíi.ceS o/Brúrzj./ j.# J828 a#d /829, (25) Louis Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz, A /.o#r#e); j.m Bmz;./, 2? ed. (Bos-
2 vols. (Londres: Frederick Westley e A. H. Davis, 1830), i, p. 467; Daniel P. Kid- ton: Ticknor and Fields,1868), p. 53; Kidder e Fletcher, Brazz./, pp.101-2,163; Adolfo
dei e lírmes C. FLehcher, Brazil and the Brazilians portrayed in historícal and des- Morales de los Rios Filho, 0 jtí.o de Jar#cz.ro i.mperi.cÍ/ (Rio de Janeiro: "A Noite" ,
crz.pJjve §*cÍcÃe§, 9: ed. rev. (Londre§: Sampson Low, Marston, Searle, and Riving- 1946), pp. 21-2.
ton, 1879), p. 169. (26) Kidder e Fletcher. Brozi./, p. 27; Inventário, Anna Angelica do Sacramen-
(17) Louis Couty, £'c§c/ov¢ge cr4/ Brés;./ (Paris: Guillaumen, 1881), p. 43; d. to Bastos, Rio de Janeiro, 1873, ANspi, Caixa 82, N. 400, fls. 9-15; Inventário, An-
Isabel Maria d'Almeida, casa n9 2A. rua de Maruhy, 69 quarteirão, Arrolamento tonia Maria do Espirito Santo Albuquerque, Rio de Janeiro,1871, ANsp], Maço 448,
sc, 1870; /C', 1? de julho de 1882. N. 6261, fl. 6; Karl Hermann Konrad Burmeister, Vi.agem ¢o Bn¢si./ aímve'§ da§ pro-
(18) Juizo de Direito da 1 ? Vara Civel, ré, Serafina (preta), Rio de Janeiro, víncias .do R;o de Janeiro e Minas Gerais, visando especialmente a história natur_a.l
1882, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Seção do Poder Judiciário, Maço 555, N. do§ dísfri.fos a%rj.d;.ama#fti/cros, trad. Manoel Salvaterra e Hubert Schoenfeldt, Bi-
3498, fl. 22 (daqui em diante, citado como ANsp]); d. Rosinda Roza Ferreira de Al- blioteca Histórica Brasileira, 19, primeira publicação em 1853 (São Paulo: Martins,
meida, casa n? 3, travessa de São Luiz, 2? quarteirão, Arrolamento sc, 1870. 1952:), p. 4]., Tho"íTs Ewbímk, Lif :e in Brazil.. or a journal of g vis_it t?_t_h.: land.^o,f
(19) Couty, Z,'cs'c/avage, p. 43; Léo de Affonseca Junior; 0 c%sÍo de vi.da #¢ íÁe cocoar a#d ÍAep¢/m (1866; reimpr. Detroit: Blaine Ethridge Books,1971), p. 286;
c;.d¢cJe do jt!.o d€ Jo#eí+o (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1920), pp. 4,14,16,18. Debret, Voyage, iii, Planche 14.
(20) Os salários permaneceram perceptivelmente estáveis durante o período de (27) "Planta de uma casa de chácara do Rio de Janeiro na segunda metade
1860 a 1910, apesar das fases de inflação acentuada. Os que foram citados aqui in- do século xix", in Freyre, Sobrcídos e mwcombos, i, pp. 169, 175, 189; "A mãe es-
cluíam quarto e comida. /C, 2 de julho de 1862, 28 de agosto de 1872, 4 e 11 de crava", 4 j`4lõe de F¢mí./;.a, novembro de 1879, p. 174.
julho de 1877,1? de julho de 1882, 13 de julho de 1887, 2 e 16 de julho de 1890, (28) Ewbank, £;/e !.# Bmzz./, p. 85; Antonio Martins de Azevedo Pimentel, Qwae§
2 de setembro de 1905, 5 de outubro de 1909; Gaze/¢ da rartJc, 5 de janeiro de 1881, os melhoramentos hygienicos que devem ser introduzidos no Rio de Janeiro, para

64 65
for«ar esta cÍ.daide maí.s Jarwdavc/... (Rio de Janeiro: Moreira Maximino,1884), p. (37) Doação de escravos, Rio de Janeiro, 1867, ANsp], Cartório do Primeiro
111; Debret, Vo}J¢ge, iii, Planche 42 e pp. 213-4, Planche 43 e p. 216; Kidder e Flet- Ofício, Escrituras, Liv. 300, fls. 86, 67 (daqui em diante, citado como ANspi, cpo).
cher, Brúzi./, p. 162; 8. Ribeiro de Freitas, ``Hygiene da habitação: os corredores (38) Juizo de Direito da 1 : Vara Civel, ré, Serafina ®reta), Rio de Janeiro,
longos e as alcovas das casas do Rio de Janeiro' ' , jievÁ§Ía do§ Com§Ín/cíon€sr, 7 (agosto 1882, ANspi, Maço 555, N. 3498, fls. 4v, 7l-7lv, 123-123v.
de 1886), pp.110-1; Carlos A. C. Lemos, CozJ.#Ãos, e/c. Um e§J#do sobre ¢§ zo#cr§ (39) Kidder e Fletcher, Br¢zz./, p. 169.
de serw.Ço dar c¢sapar#/á§fa, Debates, 94 (São Paulo: Perspectiva, 1976), pp. 105-49. (40) /C, 7 de agosto de 1872, 5 de julho de 1884, 4 de julho de 1895, 21 de
(29) Burmeister, f/;.agcm, p. 47; Debret, Vo}Jage, iii, Planche 42 e pp. 213-5; julho de 1851.
' (41) /C, 18 de julho de 1877.
Pimentel, Owaes os me/Aorczme»íos, p.111; Ewbank, £iJe z.n Brazz./, pp. 86-7; Ina
von Binzer (pseudônimo de Ulla Von Eck?), <4/cgrí.¢s e frj.síeza§ de Í/ma edwcador¢ (42) Charles Expilly, £e Brésí./ fe/ q% 'i./ esJ, 3 ? ed. (Paris: Charlieu et Huillery,
a/emõ Ho Br¢§i./, trad. Alice Rossi e Luisita de Gama Cerqueira (São Paulo: Anhem- 1864), p. 183. De fato, os anúncios de jornal eram cada vez mais utilizados por to-
bi', 1956), pp. 22, 55-6; fotografias, casa da família Teixeira, Rio de Janeiro, 1918, dos os que participavam no intercâmbio de serviço doméstico: patrões perspectivos,
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Coleção da Família Carneiro Leão Tei- donos de escravos, negociantes de escravos, agências de empregos e as próprias cria-
xeira (daqui em diante, citado como AGc-R]). das. Em qualquer dia, o jornal mais importante, o /omo/ do Commcrcr'o, com cir-
(30) Presidente, Commissão Sanitaria„. Santo Antorio, para o Presidente da culação de 15 mil leitores em 1875, publicava até 170 anúncios a respeito de criadas,
Junta Central e Hygiene Publica, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-RÍ, ao passo que em 1851 o número havia sido 28 e em 1864,134. 77ze Empz+e o/Brazi./
Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 49; Fiscal de Santo Anto- at the Universal Exhibition of 1876 in Philadelphia (Ttío de ]a.nelro.. l"peiLal lnsti+u-
nio para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, AGc-R], Estalagens e cortiços; Reque- to Artistico, 1876), p. 225; Waldir Ribeiro do Val, Geogr¢//.¢ de MacÁado de 4ssi.s
rimentos e outros papeis relativos á existencia e á fiscalização sanitaria e de costumes (Rio de Janeiro: São José, 1977), p. 88.
dessas habitações collectivas,1834-1880, Cod. 43-1-25, fl. 88v; Relação das casas de (43) Para pedidos de licenças, ver: AGc-Ri, Escravidão e Escravos ao ganho,
commodos e estalagem, Rio de Janeiro, 1896, AGc-Rj, Documentação Avulsa; Ha- 1863 a 1867, Cod. 6-1-54.
bitações collectivas,1901-1906, Cod. 44-2-11; Mappa [São José], AGc-Ri, Habitações (44) /C,11 de julho de 1877; ``A educação da mulher", A Mõe de F¢mí./!.c7,
collectivas; Notas estatísticas, de 19 a 10 de setembro de 1895, Cod. 44-2-10, fl.1; fevereiro de 1881, p. 29; /C, 5 de maio de 1900; Expilly, £c Brési./, pp.172-3,179,
Cód!.go de Posfctr¢5!, J870, Secção Segunda, Policia, Tit. iv, par. 5. 182-3; JC, 4 de julho de 1877.
(31) Presidente, Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da (45) Presidente, Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da
Junta Central de Hygiene Publica, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-Ri, Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-R],
Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 30. Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fls. 4l-41v, 47; JC, 2 de julho
(3Z) Código Philippino. 1870, üN.1, "t. Lxv, p&r .14 e n. 3., Código de Pos- de 1862.
fwna§, J870, Secção Segunda, Policia, Tit. ix, par. 20, e Tit. iv, par.1; para um exem- (46) Joaquim da Fonseca Barbosa para Luiz Rjbeiro da Cunha, Rio de Janei-
plo de escravo acompanhado na rua porque já passara da hora do toque de recolher, ro, 9 de fevereiro de 1879,1? de fevereiro de 1879, e Luiz Ribeiro da Cunha para
ver 69 Distrito Criminal, Furto de escravo, ré, Severiana Maria da Conceição, Rio Joaquim da Fonseca Barbosa, Fortaleza, 25 de fevereiro de 1879, in Joaquim da Fon-
de Janeiro,1882, ANspJ, Caixa 1736, N. 5191, fl.10v.; Juizo do Supremo Tribunal, seca Barbosa, Copiador, 28 de março de 1878-4 de outubro de 1879; Certificados
Revista Civel, ré, Maria Elenteria de Albuquerque, Rio de Janeiro, 1872, ANsp], Ma- de Óbito, Santa Casa de Misericórdia, Rio de Janeiro,1878-1879, todos no Juiz do
ço 23, N. 472, fl. 80, 82v; J. F. de Mello Barreto e Hermeto Lima, fJi.Sfórj.a darpo/Í- Comercio da 1? Vara, réu, Duarte, Fonseca & Cia., Rio de Janeiro,1881, i"spJ, Ma-
cia do Rio de Janeiro: aspectos da cidade e da vida carioca. 1831-1870, 3 voris. (Rí!o ço 3149, N. 4530. Cada um dos agentes acusava o outro de práticas de negócio insa-
de Janeiro: "A Noite'', 1942), iii, pp. 102-3; a acusação contra os transgressores foi tisfatórias: Fonseca, de poucos cuidados com os escravos e de baixo nível de vendas;
feita em setembro de 1877 por um policial em suas rondas notumas, "Infracção de seu associado, de haver enviado escravos doentes. Em 1881, o caso foi mandado pa-
Posturas. Sacramento.1870-1879", Aoc.Ri, Cod. 9-2-35, fl. 51. ra o Maranhão, a uma corte de apelação.
(33) Gilberto Freyre, "Social life in Brazil in the middle of the nineteenth cen- (47) Proposta de João [Branho?] Muniz ao Conselho de lntendência da Capi-
tury", flAHR, 5 (1922), p. 612; Ewbank, £Í/e !.# Bmzg./, pp. 89-91; Kidder e Flet- tal Federal, Bio de Janeiro [c.1892] , AGc-Ri, Documentação Avulsa, Serviço Domes-
cher, Broz;./, pp. 88-9. tico,1882-1904; Serrarias,1875-1911, Cod. 50-1-41.\
(34) JC, 2 de julho de 1851; Eugenio Rebello, "Da vida sedentaria e de seus (48) Contrato de aluguel entre José Thomas Nabuco de Araújo e Casa Narcizo
inconvenientes anti-hygienicos", R€vi.sf¢ de H);gí.e#e, setembro de 1886, p. 188. e Silva, Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 1856, AiHGB, Coleção Senador Nabuco, L.
(35) Joaquim Elisio Pereira Marinho para João Mauricio Wanderley, barão 383 [nova catalogação]; Expilly, Le Brés!./, p. 172.
de Cotegipe, Bahia,11 de novembro de 1882, AiHGB, Coleção Cotegipe, L. 37, D. (49` Almanak administrativo, mercantil e industrial. . . do Rio de Janeiro (N+o
163; /C, 19 de julho de 1882.
(36) Para exemplos, ver Comei.o Merc¢MÍz./, 15 de dezembro de 1857; /C, 4 de iea::n;ier,:;,L,aáT,má:t::::,o.).dpepi86,6ig,,f7d2e(:ua.qh:i::|dsi;?,te;ài:aadgo.:,o.mdoe4.'8;írgg
julho de 1855, 2 de julho de 1862, 28 de agosto de 1872, 25 de julho de 1877; Bernar- de agosto de 1872. A frase "chegado há pouco" aparecia freqüentemente em anún-
do José Fernandes, casa n9 2-H, rua de Maruhy, 69 quarteirão, Arrolamento sc, cios para artigos comuns -tecidos, sapatos etc. - como aparecera para escravos,
1&]0., Código Philippino,1870, LjN. 5, TLt. xxN. sublinhando a percepção que se tinha de ambos como mercadorias.

66 167
(50) JC, 5 de maio de 1900. Rio de Janeiro, 20 de março de 1878, AGc-R], Abastecimento d'Agua; Canalização
(51) Presidente, Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da Geral,1832-1903, Cod. 51-1-14, fls. 39-40.
Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-Rj, (62) Rosauro Mariano da Silva, "A luta pela água", in Silva, Ri.o de Jo#eJ.ro
Relatorios sobre aíjsumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 41 ; 4/m¢#ak £aemmerí, em seus quatrocentos anos, pp. 311-]].. Ma.iLa. Graha.m, Journal of a voyage to Bra-
1885, p. 536; 189(), pp. 641,1915; 1895, p. 694; 1900, p. 483; 1910, p. 837. zil and residence there, during part of the years 1821,1822,1823 (L82A., rejxmFii . No-
(52) Embora nenhum recenseamento especificasse a ocupação pela cor, pode- va York: Praeger, 1969), pp. 167, 169; Noronha Santos, ``Anotações", in Santos,
mos formar uma idéia aproximada da proporção de mulheres brancas e pretas me- Memórias para servir à história, i, p . 9rl ., Wtish, Notices of Brazil,i, rJp . S06-] ., Bui-
diante a observação das nacionalidades das mulheres em geral e os locais de nasci- meister, Vi.agem, p. 51; Rios Filho, 0 RÍ.o dc J¢#eí.ro, p. 77.
mento das criadas em particular; ver tabelas 6, 7 e 8. (63) ]ohnL"ccock, Notes on Rio de Janeiro and the southern parts of Brazil;
(S?) ]oã;o Ba,pri+sta A. Tmbert, Guia medico das mães de familia, ou a infancia taken during a residence of ten years in that country, from 1808 to lsl8 (Loridies..
considerada na sua hygiene, suas molestias e tratamentos (Río de ]a;"üiio.. Typ. Fra;n- Samuel Leigh,1820), p. 41; "Mappa da População do Municipio da Côrte, Mappa
ceza, 1843), p. 51; Almeida, £i.t;ro da§ #oÍ.ws, p. 157. das s Freguezias da Cidade,1838", Ministerio do Reino e do lmperio (Mappas da
(54) /C, 7 de agosto de 1872. População), Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, Caixa 761, Pacote 1 (daqui em dian-
(55) Juizo de Direito da 1? Vara Civel, ré, Serafina (preta), Rio de Janeiro, te, citado como AN); Jzece#seamc#Jo, /872, Municipio Neutro, "Quadros Gerais",
1882, ANsii, Maço 555, N. 3498, fl. 22; d. 0lympia Amalia Monteiro, casa n? 10. pp. 58-61 ; Brazil, Directoria Geral de Estatística, Rece#seameHÍo Gcra/ do Repwõ/z.-
rua de São Januario, 89 quarteirão, Ai.rolamento sc, 1870; JC, 25 de julho de 1877, ca dos Estados Unidos do Braz.il em 31 de dezembro de 1890: Districto Federal (c;rida-
16 de julho de 1890, 5 de maio de 1900, 4 de julho de 1895, 13 de setembro de 1905. de do Rio de Janeiro) (Rio de Janeiro: Typ. Leuzinger, 1895), pp. 401, 423-5; Rece#-
(56) /C, 4 de julho e 11 de julho de 1877,19 de julho de 1882, 2 de setembro seame#/o do Ri.o de Ja#eí+o, J906, pp. 178-306, 390-1 ; o recenseamento de 1849 foi
de 1905. reimpr.esso sob o título "Recenseamento da população existente no Municipio Neu-
(57) Fernando Nascimento Silva, ``Dados de geografia carioca", e mapa ane- tro no fim do anno de 1849, organizado por freguezias, seus fogos, districtos e quar-
xo de Eduardo Canabrava Barreiros, "Cartograma conjectural da cidade do Rio de teirões; e nestes distribuidos por classes de sexo, condição, naturalidade, idade e es-
Janeiro na época de sua fundação'', pp. 29-38 e [393]; Lygia Maria Cavalcanti Ber- tado, não se incluindo nestas duas ultimas a população escrava; pelo Dr. Roberto
nardes, "Posição geográfica do Rio de Janeiro", pp. 19-28; e Cláudio Bardy, "0 Haddock Lobo", in Correí.o A4erc¢#fí./, 7 de janeiro de 1851, p. 4; a respeito da imi-
século xvi (da fundação até o fim)", p. 60, todos in Fernando Nascimento Silva, gração européia para o Brasil, ver também Thomas W. Merrick e Douglas H. Gra-
ed., Rio de Janeiro em seus quatrocentos anos.. formação e desenvolvimento da ci- trzim, Population and economic deve[opment in Brazil,1800 to the present (Ba.+riimo-
d¢dc (Rio de Janeiro: Distribuidora Record, 1965). re: The Johns Hopkins University Press,1979), pp. 37, 90-1.
(58) Gilbefto Ferrez, A praça 15 de Novembro, antigo largo do Carmo (RLo (64) Antonio Martins de Azevedo Pimentel, S%Z)sz.di.os pora o esíc/do cía A)Jgi.e-
de Janeiro: Riotur Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro, 1978), pp. #c do Ri.o de Ja#ei.ro (Rio de Janeiro: Gaspar da Silva,1890), pp. 179, 273 ; Ministe-
9-10 e estampas 1-6; Francisco Agenor de Noronha Santos, "Anotações", in Luiz rio da Agricultura, Commercio e Obras Publicas, Re/aíorí.o, 1883, p. 112; Federico
GorLçaL+ves dos Sa.ritos |:Paidie PererecaL] , Memórias para servir à história do reino do Tjrsboa. de Ma.ia., Histórico sobre o abastecimento de agua à Capital do lmperío des-
Bros!./, 2 vols., Reconquista do Brasil, n9s 36 e 37, primeira publicação em 1825 (Be- de J86/-/889 (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1889), p. 19; Marc Ferrez, Abas-
lo Horizonte e São Paulo: Itatiaia e Universidade de São Paulo, 1981), i, p. 88; Pres- tecimento d'agua [c. 1890], Arquivo Geral da Cidade, Rio de Janeiro, Seção lcono-
ton James, "Rio de Janeiro and São Paulo", GeogrcrpÁr.co/Rev;.cw, 23 (1935), p. 283. gráfica (daqui em diante citado como AGc-R], si), é um ensaio fotográfico que retra-
(59) Edna Mascarenhas Sant'Anna, ` `Anexo i: As transformações ocorridas no ta as melhorias no fornecimento de água -nascentes, condutos e locais de armaze-
trecho ocupado atualmente pela área central' ' , in Brazil, Instituto Brasileiro de Geo- namento. Um historiador argumentou que o ` `privilégio de receber água encanada' ' ,
grafia e Estatística, Conselho Nacional de Geografia, Serviço Nacional de Recensea- limitado, durante muitos anos, a alguns moradores, foi ampliado somente quando
memto, Divisão de Geograi£±a., A área central da cidade do Rio de Janeiro (BLío de novos mananciais passaram a ser aproveitados. Silva, "A luta pela agua", in Silva,
Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estati'stica, 1967), pp. 45-7; Torquato Rio de Jarieiro em seus quatrocentos anos, p. 32;0.
XíNier Mor[te;iio T:aipai3ós ,... Estudos de hygiene; a cidade do Rio de Janeiro; pri- (65) "Nova planta indicadora da cidade do Rio de Janeiro e suburbios" , orga-
mcí.r¢ porJc,. Íerr¢s, ¢g#ai§, e ar€§,. j.dc'j.¢s/j.#aes (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, nizada por Alexandre Speltz, 1877; "Planta da Cidade do Rio de Janeiro e de uma
1895), pp. 44-6.
parte dos suburbios", organizada pelo major E. de Maschek [post.1885]; "Mappa
(60) Na década de 1860, a cidade ainda estava drenando esse "vasto pânta- das linhas da Companhia Botanical Garden Rail Road ,... [c. 1890]", in Rio de Ja-
no" , o campo de Santana; ver Adolpho Bezerra de Menezes, 0 Govcrm e a Com¢ra neiio, BLbliotecaL NaLCLonal, Album cartográftco do Rio de Janeiro, séculos XVIIl
Municipal da Côrte. Artigos publicados na "Reforma" (Rio de lariejrio.. T:yp. da ` `FLe- e JrlJr, organizado por Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha (Rio de Janeiro: Bi-
forma", 1873), pp. 53-4. büoteca Na.cíorLal, \9]1)., The Empire of Brazil at the Universal Exhibition, pp. 334-6.,
(61) 714e Br;.fi.sA a#dAmerí.c¢# A4lo;./, 8 de janeiro de 1879, p. 2; Rio de Janeiro, Agenor Francisco Noronha Santos fornece uma história do transporte no Rio de Ja-
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 0 R!.o dc Jo#eí.ro e s'e#s pre/cztos, vol. 3, neiro, documentada de modo amplo e detalhado: Mei.os cJe Íra#sporfe #o R!.o dc /¢-
Evo/wÇÕo c/rba#ísía d¢ cj.d¢dc (Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Ja- #eí.ro. jzísfo'r;.a e /cg;.s/açõo, 2 vols. em 1 (Rio de Janeiro: Typ. do "Jornal do Com-
neiro, 1977), p. 26; Junta Central de Hygiene Pública para o Ministerio do lmperio, mercio", Rodrigues & C.,1934), especialmente a seção sobre os bondes do centro,

68 69
i, pp. 257-464; para um relato mais curto e acessível, baseado em Santos, ver Char-
(4) JC,1? de janeiro de 1871 ; Richard Graham, Brí.Í¢[.M ¢#d fÃc o#sef o/mo-
les Julius Dunlop, Os me;.os dc Ír4#§por/c do Rí.o a#Í;.go (Rio de Janeiro: Grupo de
dernJ.zafJ.o# J.# J}razJ./, J850-J9J4, Cambridge Latin American Studies, 4 (Cambridge
Planejamento Gráfico, 1973), pp. 30-9.
University Press,1968), pp.112-3; RÍ.o New, 24 de janeiro de 1883.
(66) Santos, Mejos de fra#sporfe, i, pp. 213-33, 395-411; ii, pp. 257-66; vagões
(5) Nabuco, Me# /;.vro, p. 23; Carolina Nabuco, 7lfie /z/c o/Joaqwi.m Naõwco,
de bonde puxados por mulas, com degraus e uma porta na parte traseira, foram fo-
trad. e ed. Ronald Hilton, primeira publicação em 1928 (Stanford University Press,
tografados por Marc Ferrez, "Largo do São Francisco de Paula, c.1865", em Gil-
950)' p. 195.
beito Feirez, ed., 0 Rio antigo do fotógrafo Marc Ferrez; paisagens e tipos huma-
(6) Ewbank, £z/e J.m Brazi./, p. 286; Felippe Neri Colaço, 0 come/ACJ.ro d¢/a-
#o§ do RJ.o dc JaHej.ro, J86j-/9J8 (São Paulo: Ex Libris, 1984), p. 140.
mJ./J.¢ óra5i./eJ.m (Rio de Janeiro: Garnier, 1883), p. 43; Nabuco, Mew /J.vro, p. 19;
(67) Mappa N.12, ``Relação dos cortiços existentes na Côrte, com designação JC, 7 de agosto de 1872.
de seu numero e população, por sexos, estados, nacionalidades e profissões", in Re-
(7) Charles Julius Dunlop, Swbsí'di.os pw¢ a Ai.§fór;.a do Jtí.o de Ja#ej.ro (Rio
latorio do Chefe de Policia da Côrte, Annexo D, Brazil, Ministerio da Justiça, Re/aL
de Janeiro: Rio Antigo, 1957), p. 145; Júlia Lopes de Almeida, Z,i.vro das #oí.vos,
for;.o,1856, s. p.; Mappa 7, "Mappa demonstrativo do numero de cortiços e mora-
3? ed. (Rio de Janeiro: Typ. da Companhia Nacional Editora, 1896), p. 99; JC, 4
dores dos mesmos, existentes nas freguezias da Côrte" , in Relatorio do Chefe de Po-
de setembro de 1860, 5 de fevereiro de 1882.
licia da Côrte, Annexo 8, Relatorios de Diversas Autoridades, Brazil, Ministerio da
(8) Almeida, Z,!.vro das #oi.va§, p. 165; Exposição ` `A cozinha no Rio antigo' ' ,
Justiça, Re/oíor;.o, 1867, p. 69; Pimentel, Swbsí.dj.os, pp. 187-8.
Museu Histórico da Cidade, Rio de Janeiro, 4 de julho-3 de agosto de 1980.
(68) Relatorio do Chefe de Policia da Côrte, Annexo D, Brazil, Ministerio da
(9) Collaço, Co#se/Ácj.ro, pp. 44-5; Ewbank, £i/e Í.m Br¢zÍ./, pp. 286, 359-60;
]ustiça, Relatorio, 1856, s. p.
Inventário, Aguida Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1859, ANspi, Caixa 78, N.
(69) Santos, Me;.os dc Ím#fporfe, i, pp. 108-9, 153-6; Charles Hastings Dent, 332, fl. 3v; exposição "A cozinha no Rio antigo".
A_year in Brazíl with notes on abolition of slavery, the finances of the Empire, reli-
(10) Ewbank, Z,j/e !.# Bmzi./, pp. 357-60; exposição "A cozinha no Rio antigo" .
gí.o#, meícreo/og}J, maí#r¢/A;.§for);, eíc. (Londres: K. Paul, Trench,1886), pp. 236-7;
(11) Henry Koster, rrave/§ z.# Br¢zz./, ed. e intr. C. Harvey Gardiner, primeira
Ewbank, £;/e J.# Brfliz;./, p. 63; Dunlop, 0§ meí.os, pp. 19-24, 36.
publicação em lsl7 (Carbondale,111. : Southern lllinois University Press, 1966), pp.
(70) Joaquim Elisio Pereira Marinho para João Mauricio Wanderley, barão de 17' 97-8.
Cotegipe, Bahia,11 de novembro de 1882, AiHGB, Coleção Cotegipe, L. 37, D.163.
(12) Fotografias do interior da casa da família Carneiro Leão Teixeira, Rio de
(71) Gilberto Freyre, Ordem eprogre§§o, 2 vols. (Rio de Janeiro: José Olym- Janeiro, 1918, AGc.Ri, Coleção da Famlia Carneiro Leão Teixeira; Inventário, An-
pio. 1959), i, p. 94; José Lopes da Silva Trovão, Dj§c#rso pro/erí.do na seF§Õo do na Angelica do Sacramento Bastos, Rio de Janeiro, 1873, ANsp], Caixa 82, N. 400,
Senado Federal de 11 de setembro de 1895 sobre o trabalho das crianças (Eti+o de ]8r
fls. 3v-4.
neiro: Imprensa Nacional, 1896), p. 24.
(13) Inventário, Aguida Maria da Conceição, riio de Janeiro, 1859, ANspJ, Cai-
(7Z) ]ames MCEaidden Ga,ston, Hunting a home in Brazil. The agricultural re- xa 78, N. 332, fl. 3v; Inventário, Alexandrina Maria da Conceição, Rio de Janeiro,
sgurce: a_nd other characteristics of the country; also, the manriers and customs of
1863, ANspJ, Caixa 83, N. 416, fl. 77; Inventário, Anna Angelica do Sacramento Bas-
/Áe Í.#Áab;./a#Ís (Filadélfia: King and Baird Printers, 1867), pp. 19-20.
tos, Rio de Janeiro, 1873, ANspi, Caixa 82, N. 400, fls. 3-3v, 11, 32v; J. Walsth Ro-
drigH£s,MobiliáriodoBrasilantigo(evoluçãodecadeirasluso-brasileira?O«São~:ari_o...
Companhia Editora Nacional, 1958), estampas 40-2; Fotografias. casa da famlia Tei-
2. 0 TRABALHO (pp. 4S-7Z)
xeira, Rio de Janeiro, 1918, AGc-R], Coleção da Família Carneiro Leão Teixeira.
(14) Almeida, £J.vm d¢s #o!.w§, pp. 158-60; Marc Ferrez, fotografias do inte-
(1) Louis Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz, A /.owr#cy z.H j}raz;./, 2? ed. (Bos- rior da quinta da condessa D'Eu, Rio de Janeiro, 1886, Gilberto Ferrez e Weston
ton: Ticknor and Fields, 1868), pp. 72-3; Antonio Martins de Azevedo Pimentel, Qw¢e§
] . Nae£,-Pioneer photographers ofi Brazil, 1840-1920 0`ova Yoi±.. Th3. CTte: £er
os melhoramentos hygienicos que devem ser introduzidos no Rio de Janeiro, para
lnter-American Relations, 1976), pp. 132-3; mobiliário de cana-da-índia do século
for#ar e§/¢ cí.dadc maj.§ §o2idarve/... (Rio de Janeiro: Moreira Maximino, 1884), p.
xix, em exposição no Museu da Cidade, Rio de Janeiro, e no Museu da Fundação
130; Charles Expilly, Le j}rés/./ Íe/ qw 'i./ e§f, 3 ? ed. (Paris: Charlieu et Huillery, 1864),
Carlos Costa Pinto, Salvador, Bahia.
p. 173; A. S. Q. , 0 cozJ.#Ác!.ro c docc/.ro pop#/ar (Rio de Janeiro: Quaresma,1927),
(15) Ewbank, £!/e !.M Br¢z!./, pp. 59, 86; Karl Hermann Konrad Burmeister,
p. 373; Daniel P. Kidder e James C. Fletcher, Brozj./ ¢#d fÁc Br¢z!./í.¢Ms porfr¢)JecJ Viag;m áo Brazii átr;vés das províricias do Rio de Janeiro e Minas .G.er.ais, v`is~aTdo
Í.# Áz.sfor;.ca/ a#d dcscripf/.ve skefcÁc§, 9 9 ed. rev. (I,ondres: Sampson Low, Marston,
esricialmenteahistórianaturaldosdistritosauridiamantüeros,ti?d.yanoe.À`:a+v:-
Searle, and Rivington, 1879), p. 173.
terra e Hubert Schoenfeldt, Biblioteca Histórica Brasileira, 19, primeira publicação
(2) Carolina Nabuco, A4:ew /J.vro dc cozÍ.#Á¢ (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, em 1853 (São Paüo: Martins, 1952), p. 47; Augusto César Malta, fotografia do quarto-
\9]7), Fip. 2]-8., "omas Ewbímk, Lif ie in Brazil.. or a journal of a visit to the land
escritório do barão do Rio Branco, 1912, Ferrez e Naef, Pi.o#eer p#ofogr¢pAers, p.
o/fÁc cocoa a#d fAepa/m (1856; reimpr. Detroit: Blaine Ethridge Books,1971), p.
140; Fotografias, casa da fanflia Teixeira, Rio de Janeiro,1918, AGc-RJ, Coleção da
136; Carlos Delgado de Carvalho, HJ.§fór;.a da cz.d¢de do Ri.o de J¢#ez.ro (Rio de Ja-
Família Carneiro Leão Teixeira; podem-se contemplar exemplos de paredes pinta-
neiro: F. Alves, 1926), p. 109.
das de forma decorativa, com imagens de frutas, pássaros, paisagens rurais e índios
(?) A. S. Q., 0 cozinheiro e doceiro popular, p. 373. brasileiros, no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, outrora a casa de Antonio Cle-

/70 7,
mentePinto,barãodeNovaFriburgo,construídoporvoltade1860;Collaço,Cow
se[heiro, p. 43. aw Bre's'!./, 3 vols. (Paris: Firmin Didot Frêres, Imprimeurs de L'Institut de France,
(16)MyriamEllis,4Ó¢/é;.a#o,Bntzs'i./co/oW(SãoPaulo:Melhoramentos,1969), 1834-9), i, Planche 22 e p. 39; ii, Planche 48 e pp.147-8.
pp.136-43;Dunlop,S#óSúJfos,pp.11,22-3,34,38-9;MaxFleiuss,Hi.S/órj.¢daci.da- (25) Mzria, Grahím, Journal of a voyage to Brazil and residence there, during
par/ o/ fAc }Jcar5 /82J, J822, /823 (1824; reimpr. Nova York: Praeger, 1969), pp.
7=sd:nR£3mdenja:âír,o.{,3S:r.ítAo~Í`ej3.:_r.aó:fresúá,.:á;d,á,c;`í::ts#=upb=u£o,..s#e,+ah:ra&c%ea=
tos [1928]), p. 190; globos de iluininação expostos no Museu da Fundação Carlos
167-9; Burmeister, yí.agem, pp. 28, 42, 51; Ewbank, £j/c /.# Brazí./. pp.113-4; P.
Costa Pinto, Salvador, Bahia.
G. Bertichem, 0 Jtí.o dc J¢#e!.ro e sews arraz)a/desí, J856, intr. e notas Gilberto Ferrez
(17) AGc-Rj, Illuminação Particular; Requerimentos de particulares solicítan- (Rio de Janeiro: Kosmos, 1976), p. 43; Adolfo Morales de los Rios Filho, 0 Ri.o de
do canalização do gaz para illuminação domiciliar, 1861-1863 e 1864, Cod. 9-1-7,
/a#cz.ro i.mper;.a/ (Rio de Janeiro: "A Noite", 1946), pp. 77-9.
fls.2-5,6,10-11,16,eElectricidade;Fiscalização,1906,Cod.42-3-75,fls.28,57-58,
(26) "Planta de uma casa de chácara do Rio de Janeiro na segunda metade
61,63,72;Dunlop,S#ó5/'d/.os,pp.67-8,150-1;RetJ/.S~dofCo#f/r#c/oreg,60ulho
do séçulo xix" , Ln Gílberio Frevre, Sobrados e mucambos,. decadência do patriar-
de 1886), p. 90; /C`, 20 de março de 1875.
cado r%ra/ c dese#vo/v;.i#c#Ío do z/rbar#o, 3? ed., 2 vols. (Rio de Janeiro: José Olym-
(18) 4 Ma~c de Fom/.//.o, março de 1879, p. 44; íbid., maio de 1879, pp. 65-6;
DiscursodeAlvaroBaptista,29dejulhode1921,inBrazil,Congresso,Câmarados pio, 1961), i, p. 189., Max Fleiuss, História administrativa do Brasil, 2? eó. (Rio de
Janeiro: Melhoramentos [1925]), p. 206; ver, por exemplo, a área de serviço da Casa
Deputados,4#¢Á5,1921,vi,633;EmilianodiCavalcanti,yí.¢gemdam/.#Aav/.da(Rio
de Rui Barbosa, rua São Clemente, 134, Rio de Janeiro; Junta Central de Hygiene
deJaneiro:CivilizaçãoBrasileira,1955),p.27;JoséModestodeSouzaJuníor,Z)o
Pública para o Ministerio do lmperio, Rio de Janeiro, 20 de março de 1878, AGc-Rj,
reg;."%%dofnflcem-#@c/.doJ...(RiodeJaneiro,ImprensaGutenberg,1895),
Abastecimento d'Agua; Canalização Geral, 1832-1903, Cod. 51-1-14, fls. 39-40.
p.45.Amas-de-leiteremuneradasnãoeramsíngularidadedoBrasiLverGeorgeD.
Sussman,"Thewet-nursingbusinessinnineteenth-centuryFrance",Fre#cÃHi.sto- (27) Ewbank, £i/e !.# Bmzí./, pi). 280-1 ; Rios Filho, Rj.o de Ja#ei.ro, p. 78; Her-
bert H. Smith, Brazí./.. fAe 4mazo# ¢"d ÍÁc coflsí (Nova York: Scribner's, 1879), p.
r#Cea£?#U%:eas;cgp:L:77,5Ç):,PoP,.Ásno?:Z\8^.=e..SS::§-íi_l-iii-i::.t~i;;:s".#í;;:;`h.e`w'e:rneu%:n::S%,:.
49] ., Chíri\es Haist+ngs De;ri:t, A year in Brazil with notes on abolition of slavery, the
#eiJJ É "% /7JJ-" Urbana: University of lllinois, 1982).
f iinances of the Empire, religion, meteorology, natural history. etc. (Londies.. K. Pa;uÀ,
(19)Viajantesehístoriadoresconcordamemquesomenteapartirdasdécadas
Trench, 1886), p. 237; fotografia do largo da Carioca, Luiz Edmundo da Costa, 0
de1850e1860asmulheresdeposiçãocomeçaramasairdecasaparafreqüentardí-
vertimentospúblicos,andarpeloPasseioPúblicooutomarbanhosdemar.VerPe- R;.o dc Ja#ei.ro do mc4( Íempo, 3 vols. (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938),
ii, p. 705; AGc-R], Abastecimento d'Agua; Venda publica ,... 1869-1881, Cod. 51-1-31,
dnrholacBaldE,o.==Tfsct3o:n:aa,so.cáa4[`do_Br.a.sÍ!:ÍS_Íi,çi,í-,vÍ?s:ila`fr,usa;``'#ã'oupe&=,a.r;à.e=pe=
nhia Editora Nacional,1940), p. 234; Ewbank, £z/e !.m Br4z;./, pp. 81. 88-9; Kjdder fls. 6, 10; Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria
eFletcher,Bm%pp.88-9,91;EugenioRebello,"DavidasedentariaedeseusinL de Albuquerque, Rio de Janeiro. 1872, ANsp], Maço 23, N. 472, fl. 84v; Inventário,
conveníentesanti-hygienicos",Rev;.s~defrygi.e#e,setembrode1886,p.188;Côrte Aguida Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1859, ANsp], Caixa 78, N. 332, fl. 3v.
deApelação,AcçãodeLiberdadepelaBelmíraporseucurador,réu,Franciscoda (ZS) ]osé Peitiiia. T`ego, Esboço histórico das epidemias que tem grassado na
Veiga Abreu, Rio de Janeiro, 1872, ANspt, Maço 216, N. 1740, fl. 40v. cidade do Rio de Janeiro desde 1830 a 1870 (Río àe ]a,neiro.. Typ. Naitiioníil, l&]Z).
(20)Inventário,AnnaAngelicadoSacramentoBastos,RiodeJaneiro,1873, pp. 207-8; Antonio Martins de Azevedo Pimentel, Swbsj.dí.osporfl o csfwdo dar Ãygí.c-
ANspL Caixa 82, N. 400, fls. 4, 10v, 13-13v, 38; Museu da Fundação Carlos Costa #e do R;.o de J¢Hei.ro (Rio de Janeiro: Gaspar da Silva, 1890), pp. 165, 224; Vicente
Pinto, Salvador, Bahia; Gilberto Freyre, "Socist life in Brazil in the middle of the Rodrigues para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1856, AGc-R],
ndíoneÊ:==L:,htcTenndtu=yo";..H£ãT8:_S~(`:3_22.i:;`6i]_`.,:õ~ha*-e;ExU:iÃiL;:%u.i`%er=:°ea=às::#ees Limpeza publica,1856-1861, Cod. 31-1-37, fl. 2; Edital,13 de fevereiro de 1863, Có-
doBm#trad.deGastãoPenalva,2?ed.,Série5?,Brasiliana,56,primeirapubli- dí.go d€ Post#r¢5', J870, permitia que se despejasse matéria fecal nas praias somente
cação em 1863 (São Paulo: Companhia Edítora Nacional, 1977), pp. 366-7; Adele após as seis da tarde; as companhias particulares que iriam remover o lixo, a água
Tpoa"":soü,rtnsdtio=is:TáR%\nenpa<r::ie`nÁe.auJ-_Bf_ei`:`;,-`ãy;;--õi;=_`ir_:;;;âpo=i.g,:noaI£(#reí`s€.. servida e a matéria fecal estavam arroladas no A/ma#ak £¢emmerí, 1860, p. 747,
Paul Ollendorf, 1883), p. 58; m 2 de julho de 1862, 7 de agosto de 1872. por exemplo.
(21) 4 E5i/af¢~o, 15 de maio de 1879, p. 1; Kidder e Fletcher, j}/¢z/./, p. 168; (29) Rio de Janeiro, Intendencia Municipal do Districto Federal, Co'di.go dc Pos-
m 2 de janeiro de 1871, 28 de agosto de 1872, 20 de março de 1875, 4 de julho turas, Leis, Decretos, Editaes e Resoluções da lntendencia Municipal do Districto Fe-
de 1877, 25 de julho de 1877, 13 de julho de 1887, 2 de julho de 1890. cíera/ (Rio de Janeiro: Mont'Averne. 1894), Secção Segunda, Policia, Tit. ii, par. 11
(22)Ostrêslocaisestãoindicadosnomapa"AcidadedoRiodeJaneironos (daqui em diante, citado como CócJJ.go dc Posf#rúis, J894); Proposta de Alexis Gary
meadosdoséculoxix,baseadanaPlantaGarnierde1852",inEduardoCanabrava Cia.,18 de agosto de 1885, Ack-Ri, Limpeza Pública e lncineração de Lixo,1878-1886,
Cod. 31-2-8, fl. 9; Relatório de Serviço da Limpeza,1893, AGc-Ri, Cod. 38-3-41, fl. 8.
B#=eã:eo,s=nA.t!a.:?_a.:`:?!u^çÉ_:±r_rgFa_dÉ-iiáFà_í-ãà_Éíi;uà:eaJa'nL=;,=:=nusaQ,?o:|a5n6a5?r,ag%
(RiodeJaneiro:InstitutoHistórícoeGeográficoBrasileiro,1965),prancha16,p.21. (30) Smith, Bmzi./, pp. 485-6; Ewbank, Z,;/e j.# Br¢z;./, p. 87; Agassiz e Agassiz,
(23)Inventário,AnnaAngelícadoSacramentoBastos,RíodeJaneiro,187} Á /.o#r#e}., p. 82; Kidder e Fletcher, Brflrz;./, p. 170; Maria Yedda Leite Linhares, fJj.s-
ANspi. Caixa 82, N. 400, fl. 4; Alineida, £z.vro das #o!.v¢s, pp. 25-6; Collaço, Con tóriadoabastecimento;umaproblemáticaemquestão(1530-1918),CoheçãoEs+"dos
selheir,o^,.pp,.. f i:-8., ¥_ahuco, Meu livro : :: -ii. sobre o Desenvolvimento Agrícola, vol. 5 03rasília: Binagri,1979), pp.159-74,194-213;
a fotografia de Marc Ferrez, "Doca e mercado da praia do Peixe, c. 1880", tirada
tísteDebret,voyagepittoresqueitàÉi;;ãúe-;JÉ;;âií`::`SéJ%'uurzá,'uP;::.'k`,ee&fi?a%gapà
%e¥dvdoevraeqF,ne;ttct#::n3,rDaz:,££.:^í~t3:.Éjb&nn+,.Fífieí~n.Prazí,,pm.,]e&nBup. da água, retrata os barcos de um mastro que traziam mercadorias através da baía para
o mercado e, na margem, os compradores, in Gilberto Ferrez, ed., 0 j{Í.o

/72
J73
a,n8`ã:-o,gd,o8fitostãóogrpag3u\o#Erf-##r:`Z_..|PoaRiE:ge-ns|e£t|PoshumanosdoRiodeJaneiro,
/865-J9W (São Paulo: Ex-Líbris, 1984), p. 36.
(38) Kidder e Fletcher, Brazí./, p. 27; Francisco Agenor de Noronha Santos,
(30Secretaria,MinisteríodaJustiça,Consultas,ConselhodeEstado,Secção Chorgr.aph.ia qo Distr!cto Federal (cidade do Rio de Ja;eiro), 3? ed. ("+o de ]íini;;
deJustíça,RíodeJaneíro,25dejulhode1881,ArquívoNacíonal,SeçãodoPoder
ro: Benjamin de Aguila, 1913), p. 363.
Executivo,Caixa558,Pac.3(daqüemdiante,cítadocomoANspE);Acc-Rj,Carnes...
(?9) ¥ÇFçr e_Fetcher? Brazil, pp.12S ,133., Código de Posturas, 1870, Secção
VolantffdeCarneseMíudos,1855-1903,Cod.53-4-12,fls.9,42,77,83,93;para
Segunda, Policia, Tit. iv, Art. 6.
f'ostod=r#&arscdFe.r=enzdindoFr.=rÉ,;:ufRÉ^;n:_vo,i.à_r±_àf_r':;is'á?:`i;_|às42àrlt:3à3,v%ie:avr#
(40) L. Cruls, 0 c/Í.m¢ do Rí.o de /a#ci.ro (Rio de Janeiro: H. Lombaerts &
Comp., Impressores do Observatorio,1892), p. 24; Edital, 25 de novembro de 1875,
#£#1&=e"=I`r`evz:rnnd:£orreazieóíí`;dpra,;9;::;,o-`a:;f_íÊ_`::_fF%rec;_cFaerrtreesz:ep:i.sftle:|Vuefll,
espe.cíalmenft"Vendedorademíudezas",e"Baianas.',pp.106e107;petiçãode
díversospadeírosparaaCamaraMunjcípal,RiodeJaneíro,14defevereirode1861, çódigo_ de Posturas, 1894., Almeidai, Livro das noivas, p. 92., rela.t6rlo sem titulo so'-
bre saúde pública, c. 1893, AGc.RT, Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod.
ecomentárioanexo,19demarçode1861,AGc-Ri,CommerciodePão,1841-1907,
38-2-32, fls. 93, 95; Rio de Janeiro, Camara Municipal, Sessão 36, 8 de novembro
Cod.58436,fls.34-35;FiscdparaaCamaraMuricipal,RiodeJaneiro,11demarço
de 18]?.,.`83l.etim d.a I_llustrissima Camara Municipal da Côrte,1&]9, p. 2;S.
de 1880, AGc-Ri, Infracção de Posturas; Sacramento, 1870-1879 Cod. 9-2-35, fls.
(41) Pimentel, SwGsj.d!.oS, p. 172; Ewbank, £i/e Í.# Brflzi./, p. 87.
2-2v;AGc-Ri,CommerciodeLeite,1850-1879,Cod.58-4-45,fl.21;JoséAli'pioGou-
(42) Pimentel, Owaes o§ mc/*orümeH/os, p. 107; Cruls, 0 c/;.ma, pp. 23, 54-5.
1art,"AlgunsdadossôbreocomércioambulantedoleítenoRiodeJaneíronosécu-
(43) Miguel de Piero Machado e Francisco Pinto de Santa Valle para a Camara
',og:14X;,,i:::is`ga33|len=i%io;t-Éiãf;AC-:L-:_UGr_=LgS!co_o`3%rea3i;e#:%a(an:ír|o-jnuon=:uãe Municipal, Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1890, AGc.Ri, Diversos Mercados,184J-
1964), p. 31 (daqui em díante, citada como jiJfJGB).
1902,Cod.61-1-24,fl.14;RiodeJaneiro.Codí//.c¢ÇÕoSaHjta'rí.a,Postura,1899,p.6.
(32)RiodeJaneíro,PrefeituradoDístrictoFederal,Codí/í.caçôoS¢#J./a'rJ.a, (44) Juizo do 4? Distrito Criminal, réu, Luiz Ferreira de A]meida, Rio de Ja-
/884-/9/J(RiodeJaneiro:Officinado"Paíz",1913),p.44;BrazwConselhoNa-
neiro,1873, ANspi, Caixa 1747, N. 5564, fl. 2; Juizo Municipal da 1? Vara, ré, Jo-
cíonddeEstatística,.4##a'rJ.oeg/oíi'S/Í.codoBrast4/908J9#2vols.(RíodeJaneiL
sefina Carolina das Dores, Rio de Janeiro,1865, ANspi, Maço 791, N.16027, fl. 2v-3.
ro:Typ.daEstatística,1916-7),ii,p."Ewbank,£í/eÍ.#Bm%pp.93,95-6,324;
(45) Como exemplos, ver Ci.darde do RÍ.o, para janeiro e fevereiro de 1889, es-
pecialmente 7 de fevereiro de 1889 e 16 de fevereiro de 1889; Subdelegado de Policia,
síz.4/.owrm€y,pp.82-3;AGc.Ri,CommerciodeCafé,1848a188|Cod.58-4-42,
¥irjo%r%:ye:epsirà2_,j..TÀ°G..í_sÉs:i_LÉÉsi=f.of.:_UuaÀ%_:K£;J?:.:_n3_:apz.i_'4_iFPÀ9g2is::-.6k3g2a4si 1 ? Districto do Engenho Velho, ré, Lauriana Maria da Conceição, Rio de Janeiro,
fls.17,19,38;AGc-R},CommerciodeGêlo,1847-1862.Cod.5844Lfl.18;Costa,
1890, ANspJ, Maço 80, N. 1584, fls. 7-7v, 12v; Juizo da 20? Pretoria, ré, 0linda Ma-
0 Rio, ., pp. 48, 80, 96.
ria da Conceição, Rio de Janeiro, 1895, ANspi, Caixa 1372, N. 9649, fls. 2, 5-5v, 7.
@ Kidder e Fletcher, Bmz/./, p. 167; Dent, Á m /.w Bhz4 p. 187. (46) Juizo Municipal da 29 Vara Civel, ré, Emilia Julia da Conceição, Rio de
(30TouÍssant-Samson,"Parísí.e##e,p.61;KiddereFletcher,Bhz%p.125; Janeiro, 1870, ANsp], Maço 885, N. 833, fl. 12; Juizo da 20? Pretoria, ré, 0linda
JuizodoSupremoTribunstdeJustiça,Reví§taCivel,ré,MariaElenteriadeAlbu-
Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1895, ANspi, Caixa 1372, N. 9649, fl.5.
querque. Rio de Janeiro. 1872, ANspJ, Maço 23, N. 472, fl. 65v.
(47) Chefe da Delegacia de Policia para a Camara Municipal, Rio de Janeiro,
®Ewbank,%*Bm!z%pp.84-5,AGc-RJ,si,RuasePraçasdoCentro,1904 13 de novembro de 1888, AGc-Ri, Cod. 48-4-61, fl.1; Chefe de Policia para o Pre-
[fotografian.69kDent,4ymí.mEh#4p.22;KíddereFletcher,Bm4pp.28-30, feito, Rjo de Janeiro,10 de janeiro de 1900, AGc-Ri, Cod. 48-4-62, fls. l-1v; Petjção
38-9;CristopherColumbusAndrews,iBn4!€Í./..i.Ísco#di./!.owa#dpno§pec/s,3:ed.avova
para a Camara dos Deputados, Rio de Janeiro, 2 de junho de 1879, com 759 assina-
turas. AGc-Ri, Cod. 48-4-63, fl. 2; Parecer da Comissão de Saúde Pública, Rjo de
ilheB#aí;eTmh:nadg%*:;rãh:;:ci;;'Íj:ouÃ:`r;;kc£c-:_aí,;:ti£iS_;,thHeucn:ffngt;,h:£:.
inorBk:a3;.ÀT%,ea`goric£,£u:á,lr-i:fiJ';,:o:.f;.'::ii:e._S`_S`[33ean;Ssrtoosf:cH"tn3:inegd.a#oo=e Janeiro, 19 de agosto de 1879, AGc-Ri, Cod. 48-4-63, fl. 3; "Annexo H: Relatorío
tDhpe.Tg-n2#ranasdt%ggr%oattEieiÉaÊÉ`tfv.#^£_ãf.::c¥!8S5#o?füt_rhdepc£%%s:..,a%]o;, do Presídente da Junta de Hygiene Pública" , in Brazil, Ministerio do lmperío, Re/a-
pp.10-2;verasfotografiasdeMarcFerrez,``0centrodoRiodeJaneíro,c.1885", Íorí.o, 1870, p. 7 e n.
mostrandoadensidadedeedifícioseruasestreítas,"RuadoOuvidor,c.1890",e
"RuaDíreita,c.187q188¢1890",ínFerrez,0Ri.oawfJ.godó%güMarcFm (48) Subdelegado de Policia, 1 ? Districto do Engenho Velho, ré, Lauriana Ma-
ria da Conceição, Rio de Janeiro, 1890, ANsp], Maço 80, N. 1584. fls. 7-7v, 12v; Jui-
rcz, pp. 54-5, 56 e 51-3.
zo da 20? Pretoria, ré, Olínda Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1895, ANspi, Cai-
(3T6#Pc£he:':ta:i#ndwo°s%aann'%:€:rnneÂy::U,n,!.t_!e.W.Orl.d.!romviennatoBrazw, xa 1372, N. 9649, fls. 2, 5-5v, 7.
(49) Côrte de Apelação, Acção de Liberdade pela Belmíra por seu curador, réu,
çih+::;rT.:eh:`ÊHbcrh:#:.%:\:Sri;Í:;.s"i:::Ãs!i:^US_Í`í:2r:::(j::mmdrveíse..nvnoar%roatztí£e
lllustratedLibrary1852]).p.16;AgassizeAgassiz,4/.owmejJ,p.50;JuntaCentrd
Francisco da Veiga Abreu. Rio de Janeiro, 1872, ANspJ, Maço 216, N. 1740, fl. 33v.
deHygienePúbti®p"aCamaraMunicipal,RjodeJameiro,17defevereirode1876
(50) Extraído de "Regras de servir a mesa", CozÍ.HÁci.ro #ací.o#a/ (Rio de Ja-
AGc-Ri,CarneseMatadouros;ServiçoSanitário,1853-1909,Cod.53-4-10,fl.45;0
neiro: Garnier [c. 1900]), citado em Luis da Camara Cascudo, ed., A#Ío/ogi.¢ da a/J.-
Auxi,i,%:rT:aÀlng#?'t-ria"n^ac_i_à_ÍÉ-,,_-;-`:-e:_f:f:uàe",.8.í,l,%:=2o8C.
me#Íaçõo #o Br¢§J./ (Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977), pp. 27-30;
t%,c.=;,A±e.Sa%=%o,±S±==±ocçÉãàdaãTá:,ɱ.`of:v:ÉD.g±í=:o:,Éep4:==ft_e,3unhode"66, AL\erandre ,oSS ¥e].o ¥oraís Fí]ho. Festas e tradíções popu,ares do B;à:í;, 3€ ed:.
p.49;AGc-Ri,RelatoriodeServiçodaLimpeza,RiodeJaneiro,189}Cod.38-3-41, revista, notas de Luis da Camara Cascudo, primeira publicação em 1888 (Rio de Ja-
nüs,.,:Vit8.:É,t,mAc%%eaz=.:i,ri,-?,Éo::-u__a-i`o:.'of_L:fio=,UÀaG_ec-JR=resr°ê.',%LCB°£,£3.%:âi neiro: Briguiet,1946), p. 21; Ina von Binzer ®seudônimo de Ulla Von Eck?), Á/c-
dí,i;Pfeiffer,4womaH'S/.o#mezp.19;Touissant-Samson,C/#eParígJ.ew#e,p.62.
grias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil, tia.d. Aü+ce Rossti e LriLsj+ta, de
Gama Cerqueira (São Paulo: Anhembi', 1956), p. 25.

74
7j
(51) Maurice Rugendas, yo}J¢gc P;.Ífor€s'qwe cJa#s /e Bre'S!./, trad. M. de Gol- cle Apelação, Acção de Liberdade pela Belmira por seu curador, réu, Francisco da
bery (Paris: Engelmann,1835), 2e Div., Planche 7, "Négresses de Rio -Janeiro";
Veiga Abreu, Rio de Janeiro, 1872, ANspj, Maço 216, N. 1740, fl. 37.
Augusto José Pereira das Neves, Meu nascimento e factos mais notaveis da minha
(60) Entre 1860 e 1863, apenas duas mulheres, vendedoras de aviamentos e ba-
vida [1835-1909], Ms, na possessão de Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Ne-
dulaques, conseguiram adquirir novas licenças. Felix Martins Corrêa para a Camara
ves, Rio de Janeiro, foi-me gentilmente cedido, apontamentos de janeiro de 1891,
Municipal, Rio de Janeiro, 1861, AGc-Ri, Escravos ao ganho, 1860 e 1861, Cod.
fl. 162; Debret, Vo}Jage, ii, Planche 6; Souza Junior, Do regz.mc# aí/Í.men/ar, p. 44;
6-1-52, fl. 146; de Rosalina Soares para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 1863,
Carta de Liberdade, Rio de Janeiro,1875, ANspi, cso, Escrituras, Liv.114, fl. 62v;
^Gc-Ri, Escravidão e Escravos ao ganho,1863-1867, Cod. 6-1-54, fl. 71.
Kidder e Fletcher, Bmzj./, p. 134.
(61) AGc-R], Mercado da Candelaria,1870-1879, Cod. 61-2-17, fl.101,102; AGc-
(52) Pfeiffer, 4 womo# 's'/.o#me)J, p. 42; Collaço, Co#sc/Áejro, p. 44; Nabuco, Rj, Barracas, Barracões e Barraquinhos, 1846... 1863-1865, Cod. 58-3-36, fl. 25.
Meu livro, p. 9.
(62) Kidder e Fletcher, BrazJ./, p. 167; em São Cristóvão, 32 mulheres livres
(53) Almeida, £í.vro das #o!.vas, pp. 165-6; Ewbank, LÍ/e !.# Braz/./, p. 287; In- c oito escravas trabalhavam como quitandeiras: Arrolamento sc, 1870; "Vendedo-
vcntário, Aguida Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1859, ANspj, Caixa 78, N. 332,
ra de miudezas", in Costa, 0 Rí.o, i, p. 128.
n . 372v., Franc+sco de Pa;Üa Címd]ido, Relatorio sobre as medidas da salubridade re-
(63) Kidder e Fletcher, Br¢zÍ./, p. 172.
c/omúídospc/¢ c/.dadc do Jtj.o cJe Jo#ej.ro (Rio de Janeiro,1851), s. p. , citado in Frey-
(64) Propostas para regulamentar a venda de pães, à Camara Municipal, Rio
re, SoZ)r¢dos e mwcomõos, i, p. 208; Pimentel, S%Z)Ls.J.d!.os, p.181.
de Janeiro, 1861 e 1892, AGc-R], Commercio de pão, 1841-1907, Cod. 58-4-36, fls.
(54) Rio de Janeiro, Inspectoria geral da illuminação da Côrte, razJe/¢ dos Ão- 38, 129; Acusado para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 10 de março de 1879,
ras de acender e apagar os combustadores publicos (Ftiio de ]a.ndiro.. lmprensa Na-
^Gc-R], Infracção de Posturas, Sacramento, 1870-1879, Cod. 9-2-35, fl. 29; José Luiz
cional,1889), p.15; Goulart, ``Alguns dados'', jtJfJGB, p. 31; Carvalho, jJ;.sfo'r!.a
STyã; de Burihões Cíiiva.Xhio, A verdadeira população d_a_ f`idade .?o Rio de Janeiro
da c;.dúrdc, p. 109; João Maurício Wanderley, barão de Cotegipe, para João Alfredo
(Rio de Janeiro: Typ. do "Jornal do Commercio", 1901), p. 45.
Correia de Oliveira, Rio de Janeiro, 3 de julho [de 1875], cópia datilografada, AiHGB,
(65) Goulart, "Alguns dados'' , RJHGB, 34-5; Veterinario Municipal para a
Coleção Cotegipe, L. 50, D. 108: João José de Oliveira Junqueira para João Mauri-
Camara Municipal, Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1889, AGc-Ri, Commercio
cio Wanderley, barão de Cotegipe, Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1873, AiHGB,
de Leite,1856-1895, Cod. 59-1-7, fls. 57-8; Presidente da Comissão Sanitaria... San-
Coleção Cotegipe, L. 31, D. 45.
to Antonio, para o Presidente da Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro,
(55) Brazil, Congresso, Camara dos Deputados, Ma##a/par/amc#Íczr, reg;.me#fo 23 de dezembro de 1879, AGc-R], Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod.
j.#fer#o cJa Ccrmam dos Depwf¢dos. . . (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1887), Art.
38-2-32,fl.39v;ReclamaçãoapresentadapelaSociedadeCosmopolitaProtectorados
57, p. 22; ch. vii, ``Organização judiciária", in Brazil, Ministerio da Justiça, JVo/j'-
Empregados em Padarias. Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1902. AGc-Rj, Com-
cia histórica dos serviços, instituições e estabelecimentos pertencentes a esta reparti-
mercio de pão.1841-1907, Cod. 58-4-36, fls.145-6. Junta Central de Hygiene Públi-
ção, elaborada por ordem do respectivo ministro, Dr. Amaro Cavalcanti (Rio de ]a.- ca para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 10 de abril de 1864; do Director do
neiro: Imprensa Nacional, 1898), p. 40; Nabuco, Mcw /i.vro, p. 27.
Matadouro Público para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 30 de novembro de
(56) A]meida, £i.wo da§ #oi.vas, pp. 78-9. 1881, AGc-R], Carnes e matadouros... serviço sanitario,1853-1909, Cod. 53-4-10, fls.
(57) Bernardo Guimarães, 4 e§crova Jsawra, primeira publicação em 1875 (Be- 30-30v, 76.
lo Horizonte: Itatiaia, 1977), pp. 37, 74.
(66) Ewbank, LÍ/e !.m Brazi./, p. 94; Everardo Backheuser, Habí./ações popw/a-
(58) Embora freqüente, a violência contra as criadas domésticas é difi'cil de do-
re5 aüo de Janeiro: Imprensa Nacional, 1906), p. 109; Kidder e Fletcher, Bmzi./, p. 174.
cumentar, exceto quando tão aberrante pelos padrões da época que vizinhos e tribu-
(67) Kidder e Fletcher, Brflízi./, p. 174.
nal interferiam -por exemplo, ver Juizo da 5? Circumscripção, Inquerito, ré, Stel-
(68) Chefe de Policia da Côrte para o Ministro da Justiça, Rio de Janeiro, 3
la Bandeira, Rio de Janeiro,1896, ANspJ, Maço 2279, N.1334, fls. 2v-4,10v-ll,18.
.de janeiro de 1855, ANspE, IJ6-219, Secção da Policia, Côrte, 1855, Caso N9 16; Jo-
Roubos por criadas são difíceis de documentar, pois os empregadores, apesar de suas
_;;,,_;:áo dos actos
sé Marcellino e attríbuíções
Pereira que competem
de Vasconcellos, Rcgi.mcníoa dos
esta;.„specfor€s
c.,as_se de de
f¥Tc.í.o`naríos.tp;:
qwarfe!.rõo o#
acusações, raramente consideravam que valia a pena levar as criadas a julgamento;
mas, para exemplos de acusações comuns, ver João [Branho?] Muniz para Conselho
de Janeiro: Typ. e Livraria de Bernardo Xavier Pinto de Souza, 1862), pp. 1-16.
de lntendencia da Capital Federal, Rio de Janeiro [c. 1892], AGc-Ri, Documentação
(69)CôrtedeApelação,AcçãodeLiberdadepelaBelmiraporseucurador,réu,
Avulsa; Serviço Domestico,1882-1904; Serrarias,1875-1911, Cod. 50-1-41 ; "Servi-
Francisco da Veiga Abreu, Rio de Janeiro,1872, ANspJ, Maço 216, N.1740, fls. 41,
ço domestico", 0 CommeHíflrz.o, ser. iii, n. 10 (fevereiro de 1905), p. 149; R!.o Ncws,
33v' 21.
24 de janeiro de 1893, p. 4.
(70) Consulta, Conselho de Estado Secção do lmperio, Rio de Janeiro, 5 de
(59) Juizo da 3: Pretoria Criminal, Inquerito sobre defloramento da menor, agosto de 1889, AGc-Ri, Serviço Domestico; Projectos de posturas e parece-
ré [s;.c], Maria dos Anjos Almeida, Rio de Janeiro, 1900, ANsp], Maço 958, N. 6012,
res do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janeiro, 1881-
fls. 8-8v,10; Expilly, Mw/Ácr€§, pp. 84-5; "A mãe escrava", 4 Mj5c de Famz./z.a, maio
1889, Cod. 50-1-43; Louis Couty, L'esc/¢wge aw Bre'sí./ (Paris: Guillaumen,1881),
de 1880, p. 77; Paulo Barreto ®seudônimo de João do Rio), j4s re/!.g;.o~es do jií.o (1906;
pp. 44-5.
reimpr. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1951), p. 36; Juizo da 9? Pretoria, ré,
(71) Adriano José de Figueiredo para Antonio Ferreira Viana,13 de abril de
Carolina Alves, Rio de Janeiro, 1906, ANspi, Maço 1015, N. 2138, fls. 3, 4v; Côrte
1859, Rio de Janeiro, AiHGB, L. 508, D. 14.

176 J77
(72) Arrolamento sc, 1870.
(73) JC, 20 de março de 1875, 31 de julho de 1884, 11 de novembro de 1896. (2) C!.dade do jii.o,15 de fevereiro de 1889; Proposta de Olegario Pinto Ferrei-
ra Morado para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 26 de março de 1885, AGc-RT,
(74) /C, 5 de fevereiro de 1882.
Casas para classes pobres... 1885, Cod. 46-4-55, fl. 4; Delegacia de Policia da 99
(]S).PedeTico.Usbeq de Mara, Histórico sobre o abastecimento de agua à ca-
Circumscripção Urbana, réu, Salvador Barbará, Rio de Janeiro,1899, ANspi, Caixa
Í:it.a^l dno. Impe{io~d?sqe..186l-189? (RLío de lane3ro.. IrrLprensa Nacional, 1-889), Éb. 1069, N. 50, fl. 8.
3-19; Pimentel, SwZ}sÍ.dí.osÍ, pp. 261, 273-4; Inspector Geral para a Camara Munici-
pal, Rio de Janeiro, 16 de março de 1869, AGc-Ri, Abastecimento d'Agua; Inspec- (3) Delegacia de Polícia da 9! Circumscripção Urbana, réu, Salvador Barba-
rá, Rio de Janeiro, 1899, ANsp], Caixa 1069, N. 50, fl. 6. Outro caso em que ter um
ção Geral,1860-1899, Cod. 51-1-30, fl. 7; 7lJ!eBri./ís'* a#d4mer;.ca# Ma;./, 24 de março
de 1878, p. 4; J?/.o JVcw, 24 de outubro de 1879, p. 2. amante fomeceu legitimidade contra a acusação de vagabundagem encontra-se in Juizo
da 39 Pretoria, ré, Amelia Francisca Alves, Rio de Janeiro, 1903. ANspJ, Caixa 1080,
(76) Rego, Esboço, p. 206; Rio de Janeiro, Commissão do Saneamento, Relato-
rios apresentados...1896 (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1896), p. 36; JC,11 N. 3950.
de novembro de 1896, p. 2. Moradores de Villa lsabel para Camara Municipal, Rio (4) Delegacia de Policia da 9: Circumscripção Urbana, réu, Salvador Barba-
deJaneiro,7dejaneirodel884;DirectordeHygieneeAssistenciapúblicaparaopre- rá, Rio de Janeiro, 1899, ANspj, Caixa 1069, N. 50, fls. 7v-8.
feito,RiodeJaneiro,5desetembrode1893;eMoradoresdeCopacabanaparaoPre- (5) Officio do Chefe de Policia e projecto do subdelegado, Rio de Janeiro, 16
feito, Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1903, AGc-Ri, Abastecimento d'Agua; Cana- de janeiro de 1890, AGc-Ri, Serviço domestico na freguezia da Lagôa, Cod. 50-1-46;
lização Geral,1832-1903, Cod. 51-1-14, fls. 49, 50, 66. Esburacar ruas para instalar Projecto de postura da Camara Municipal, Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1885,
condutosgeravaoutrosinconveníentesequeixas.DirectordasObrasMunicipaespa- AGc-R], Serviços domesticos; Projectos de posturas sobre a locação de serviços do-
ra a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 21 de dezemt)ro de 1866, AGc-Ri, Abasteci- mesticos no Municipio Neutro,1884,1885,1888, 1891 e 1896, Cod. 50-1-47, Art.
mento d'Agua; Canalização Geral, 1832-1903, Cod. 51-1-14, fl. 16. 44' fl. 3.

(77) Marc Ferrez, Fotografia do largo da Carioca, AGc-Ri, si, Coleção Emilio (6) Consulta, Conselho do Estado, Secções Reunidas de Justiça e lmperio, Rio
Brondi, i, e seu "Largo da Carioca, c. 1890", in Ferrez, 0 jií.o a#fi.go do/ofógna/o de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-R], Cod. 50-1-43.
Marc Ferrez, pp. 58-9, 190. (7) 0 verdadeiro número era 459, ou seja, 47%. Arrolamento sc,1870.
(78) Cláudio Bardy, "0 século xix", in Fernando Nascimento Silva, ed., jií.o (8) Arrolamento sc, 1870; Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Ci-
d.e_JTa_:_e_i.:_:_e±.s:r:q.u.atroc_entos.anes:formaçãoedesenvoivimentoài;;á:ái;i:!;:;o vel, ré, Maria Dias de Abreu, Rio de Janeiro, 1887, ANsp], Maço 30, N. 676, fls.
de Janeiro: Distribuidora Record, 1965), p. 117; Gilberto Ferrez, ,4 mwi.ft) /ea/ e Ae- 4v-5.
r.1i::ci,d`ad:d:.São§e_b_astif_odoRiodeJaneiro;quatrosécuio;deexpàri;áó-;;;o- (9) Secretaria de Policia da Côrte para a Camara Municipal, Rio de Janeiro.
/wÇÕo (Paris: Marcel Mouillot. 1965), p. 220; Fragmento de uma carta da Camara 19 de março de 1860, AGc-RT, Escravidão e escravos ao ganho, 1860, Cod. 61-1-37,
Municipal, Rio de Janeiro,16 de maio de 1865, AGc-Ri, Documentação Avulsa; La- fl. 1; Agostinho Marques Perdigão Malheiro, A e§cr¢vJ.dôo #o Bm§i./.. em§arí.o
vanderias,1863-1893,Cod.45-4-34;doMinistrodaAgriculturaparaolnspectorGeral, AJ.§fórJ.co-j%rúdJ.co-ó'ocJ.a/, 3 partes em 1 vol. (Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1866),
Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1867, AGc-Ri, Abastecimento d'Agua; Chafari- 111, Tit.11' Cap.111, P.115.

zes,1832-1879, Cod. 51-1-11, fl. 53. (10) Presidente da Comis§ão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente,
Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-
(79) Delegacia de Policia da 9? Circumscripção Urbana, réu, Salvador Barba-
rá, Rio de Janeiro, 1899, ANspi, Caixa 1069, N. 50, fls. 3, 8. R], Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2~32, fl. 31v; Thomas Ewbank,
Life in Brazil: or a journal of a visit to the land of the cocoa and the palm (18S6..
(80)MigueldePíeroMachadoeFranciscoPintodeSantaValleparaaCamara
Municipal, Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1890, Açc-R], Diversos Mercados, reimpr. Detroit: Blaine Ethridge Books,1971), p.116: Juizo da 2? Vara Criminal.
1843-1902, Cod. 61-1-24, fl. 14. Injurias Verbaes, réu, Francisco Barbosa, Rio de Janeiro, 1870, ANspJ, Maço 872,
N. 4630.
(81) "Rua Carneirino", c. 1890, AGc-Ri, si, Fotos do Rio de Janeiro; Decreto
1476,15 de janeiro de 1913, Art. 5, 6, citado em Agenor Francisco Noronha Santos, (11) Luiz Edmundo da Costa, 0 Rí.o dc J¢#ez.ro do mew Íempo, 3 vols. (Rio
de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938), ii, 418.
r!_e:o~:_:::_:_:sF.ort.?.noR.io.de_Janeiro.História-eiegisiação,2vo+;:-;:-iiÉ;;âe
Janeiro: Typ. do "Jornal do Commercio", Rodrígues & C., 1934), ii, p. 167. (12) Pedido do proprietário de uma taverna para que esta permanecesse aber-
(82) 7l*e Brj.//.S* a#d4merí.ca# Moj-/, 24 de setembro de 1877, p. 3; João Vicente ta depois das dez da noite, e resposta do secretário de polícia, Rio de Janeiro, 1874,
T|?rr_esH.o:r`?:m,_A_n_n?:riodeobservaçõesco,hidasnasenfiermarià:dé'cii-ó;a`á;ó-iáa AGc-R], Casas de Negocios; Licenças commerciaes, 1843-1894, Cod. 53-3-54, fls. 42,
daRaculdadedeMedicinaen?1868(R:íodelane£ro..Alve=,1869),ó=:;*:iõ,-=:~2iii. 45; Guarda Urbana, Rio de Janeiro, 8 de setembro de 1877, AGc-R], Infração de pos-
tura§, Sacramento,1870-1879, Cod. 9-2-35, fls. 50-51, Secretaria de Policia da Côr-
te para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 1876, AGc-R], Esta-
3. VIDAS PRIVADAS EM LUGARES PÚBLICOS ®p. 73-104) lagem com casa de commercio,1876, Cod. 43-1-24, fl. 2; Fiscal para a Camara Mu-
nicipal, Rio de Janeiro,19 de abril de 1876, AGc-Rj, Estalagens e cortiços,1834-1880,
Cod. 43-1-25, fls. 60-62.
(1) Delegacia de Policia da 9? Circumscrípção Urbana, réu, Salvador Barba-
rá, Rio de Janeiro, 1899, ANspi, Caixa 1069, N. 50, fls. 2-4, 6, 7v, 8-9v. (13) Luiz Dormitzer para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 13 de julho
de 1877, AGc-Ri, InfracçãQ de posturas, Sacramento,1870-1879, Cod. 9-2-35, fl. 50;

/78
79
Secretaria de Policia da Côrte para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 22 de feve- (z6)hanBa,ptiisteDebie`,Voyagepit!or?squ_:et.his¥:iqu¥?r_Pr`é_S_i±_2±.5.é.-.
reiro de 1876, AGc-Ri, Estalagem com casa de commercio, 1876, Cod. 43-1-24, fl. 2. /.ow d'wn ¢rf!.sfe/m#Çai.s aw Bre'si./, 3 vols. (Paris: Firmin Didot Frêres, Imprimeurs
(14) Antonio Martins de Azevedo Pimentel, Q%úres o§ mc/Áorame#fos Á)JgJ.C- de L'Institut de France,1834-9), ii, Planche 33; RevJ.sfa JJwsrfrada,1, 9 (1876), ca-
nicos. quf dev_ey ser introduzidos no Rio de Janeir-o, para torrmr esta cidad; riais pa; ibid., 17, 640 (1892), pp. 4-5; Carlos Delgado de Carvalho, frJ.stóri¢ da cj.dade
sa#c7¢ve/... (Rio de Janeiro: Moreira, Maximino, 1884), pp. 132-3. do J3i.o dc Ja#ej.ro (Rio de Janeiro: F. Alves, 1926), p. 98.
(15) Presidente da Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente (27) Adolfo Morales de los Rios Filho, 0 R!.o de Ja#ei.ro i.mperid (Rio de
da Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGC- Janeiro: "A Noite", 1946), pp. 330-1; Rew.sfa JJwsfrada, 17, 640 (1892), pp. 4-5;
RJ, Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 32; Fiscal para a Ca- para uma fotografi'a rara de um grupo de escravos no camaval, vestidos com rou-
mara Municipal. Rio de Janeiro,11 de fevereiro de 1865, AGc-Ri, Habitações Col- pas de realeza, ver [?] Christianoff, "Slaves at Camival, Quitanda Street, Rio de
1ectivas, estalagens ou "cortíços", 1885, 1864-1866 e 1868, Cod. 44-2-7, fl. 8. Janeiro, Brazil, 1868", in H. L. Hoffenberg, JV!.#efeeHfft-ce#fwry Sowf# 4mer..c¢
(16) AGc-Ri, Kiosques,1880-1889, Cod. 45-4-21; Augusto César Malta, foto- •.# p#ofogr¢pÃ5 0Vova York: Dover Publications, 1982), plate 153; Eneida de Mo-
grafia de trabalhadores na frente do quiosque dos Arcos,1911, in Herculano Gomes raes, Jri.S!o'ri.a do c"wd c¢ri.oca (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1958),
Mathias,J}b/ów.ai./ÍÁsi/r¢dodoRÍ.ode/a#c!.ro(RiodeJaneiro:EdiçõesdeOuo,1965), p. 106.
p. 270. (28) Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria
(17) Juizo do 239 Districto Federal, Defloramento, réu, Manuel Afonso, Rio de Albuquerque, Rio de Janeiro, 1872, ANspT, Maço 23, N. 472, fl. 71v.
de Janeiro,1909, ANspi, Caixa 778, N.1001, fl. 5; Juizo da 3e Pretoria Criminal, (29)Aleiportuguesaantigaprescreviaumavestimentaapropriadaparacada
Inquerito sobre defloramento da menor, réu [sj.c], Maria dos Anjos Almeira, Rio ocupação ou posição social e considerava passível de punição a venda ou troca de
de Janeiro, 1900, ANspí, Maço 958, N. 6012, fl. 10. certosartigosdovestuário.Damesmaforma,umhomemoumulherquesevestisse
(18) Charles Expil]y, Mw/Áeres c coL§Í%me§ do Bfi¢6r;./, trad. Gastão Penalva, Série em trajes do sexo oposto cometia falta grave. Em 1689, todas as máscaras foram
5 :, Brasiliana, 56, 29 ed. , primeira publicação em 1863 (São Paulo: Companhia Edi- banidasdePortugual,mesmonasfestividades.Emboraentreosbrasileiros,em1870,
tora Nacional, 1977), pp. 84-5, 87. a fantasia não fosse mais considerada falta passível de punição, ela podia trazer à
(19) Pedidos de licenças, Rio de Janeiro,10 de outubro de 1878, 4 de fevereiro bailaseusignificadoantigo.Mesmoem1870,cometerumcrimeestandodisfarçado
de 1890; Delegado de Policia, Rio de Janeiro [1879], AGc-Ri, Diversões publicas, de forma a não ser reconhecido era, pela lei, considerado um agravante do crime
1870-1891, Cod. 42-3-19, fls. 46, 54,107; Fiscal para a Camara Municipal, Rio de e resultava em penalidade mais rígida. Cód!.go P*i./J.ppz.#o, J870, Liv 5, Tit. xxxiv,
Janeiro, 16 de fevereiro de 1861, AGc-Ri, Diversões publicas, 1860-1864, Cod. n.4;C'ódi.goCri.mi.WdoJmperi.o,J876,Art.16,par.16.0trajenãoapenasidenti-
42-3-13, fl. 198v. ficavaosexomas,visivelmente,indicavaposiçãosocial,alémdeser"necessariopa-
(20) Delegacia de Policia da 3? Circumscripção Suburbana, Inquerito sobre raseuserviço";poressarazão,nãopodiaserpenhorado(Códi.goP#J./J.jJPJ.#o,J870,
desaparecimento de um recemnascido, ré, Etelvina de Aguila, Rio de Janeiro, 1906, Liv. 3, Tit. Lxxxvi, par. 23), pois isso implicava que as roupas poderiam cair em
ANspJ, Caixa 741, N. 354, fls. 3-4, 5, 7-7v; in R. W. Malcomson, "Infanticide in the mãos inadequadas, capacitando pessoas comuns a imitar a nobreza.
eighteenth century", J. S. Cockburn, Cr;.me i.H E#g/aHd, /5jo-JSOO (Princeton Uni- (30) Revásw J/wsímd¢, 9, 373 (1884), pp. 4-5; J. F. de Mello Barreto e Herine-
versity Press,1977), pp.187-209, argumenta que as criadas, em tentativas desespera- toTi:;,'ri`i;;ir-iii;-ioiici;dóRioàeJarfiro...fts?e^c.t.o`sdacida?e^.ed.a^v€i.d3:c^ar::^:::
das de conservar sua posição em lares que não tolerariam o fato de elas terem filhos, J83J-J870, 3 vols. (Rio de Janeiro: "A Noite", 1942), ii, pp. 197, 305; Ri.o Jvews,
estavam entre as que mais freqüentemente cometiam infanticídio na lnglaterra. 24 de janeiro de 1883, p. 2; Pedidos para a Camara Municipal [1875?], AQc-Rj, Car-
(21) Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, ré, Maria Elenteria de Albuquer- naval, Cod. 40-3-86, fls. 2-3. Para os pobres do Rio, o carnaval era uma afirmação
que, Rio de Janeiro, 1876, ANspi, Maço 23, N. 472, fls. 67v, 7lv, 73-74V. eumalegitimaçãodeseudomíniosobreavidadaruaeumaexpressãodeprotesto,
(22) Juizo de Direito do 7? Districto Criminal, Ofensas fisicas, ré, Elisa Bene- maisqueumainversãodepapéisouuindesabafo-emborafossetudoissotambém
dita de Almeida, Rio de Janeiro, 1876, ANspi, Caixa 404, N. 1310, fl. 10. -, o que sugere tanto as similaridades quanto as diferenças com outras interpreta-
(23) Delegacia de Policia da 9? Circumscripção Urbana, réu, Salvador Barba- çõesdeoutrasfestividades.Comparar:NatalieZemonDavis,"Womenontop",in
rá. Rio de Janeiro,1899, ANspi, Caixa 1069, N. 50, fls. 4, 8; Juizo da 2i Vara Crimi- SocJ.ef)J ari c"m ..w ear/y modem Fra#ce (Stanford University Press, 1979), pP.
nal, réu, Francisco Barbosa, Rio de Janeiro, 1870, ANspi, Maço 872, N. 4630, fl. 39. 124-51,BarbaraA.Babcock,"Introduction".pp.14-27,RogerD.AbrahamseRi-
(24) Juizo da á? Vara Civel. Divorcio, réu, Rufino Maria Baleta, Rio de Ja- chard Bauman, "Ranges of festival behavior", pp. 193-208, e James L. Peacock,
neiro, 1857, ANspJ, Caixa 877, N. 686; Louis Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz, A "Symbolicreversalandsocialhistory:transvestitesandclownsofJava",pp.209-24,
/-owme}J J.n Bmzi./, 2: ed. (Boston: Ticknor and Fields, 1868), pp. 82-3; Expilly. Á4W- to-ãi:ulíÉ:{-i:iã:rÉii;ciék,ed.iLntr„Therevers,P_,e__yor!d..sy.Tb_o_l!c,!r#Lr_Si#S'
/Áere§, p. 84; Ina von Binzer ®seudônimo de Ulla Von Eck?), J4/egrJ.a§ e frJ.fíez" i.n W awd 5'oci.efy (Ithaca: Cornell University Press, 1978); Octavio Paz, ``The I)ay
de wma edwc¢dona a/cmõ #o Bra6Í;./, trad. Alice Rossi e Luisita da Gama Cerqueira of the Dead", in rfte /aóyr!." o/so/itwde, trad. Lysander Kemp (Londres: Allen
(São Paulo: Anhembi', 1956), p. 34; Adele Toussaint-Samson, Um PürÉJ.e#sie " Bre'JJ-/ Lane, 1967), pp. 39-56.
av# p4ofogr¢pÁ;.e§ orz.g;.#a/es (Paris: Paul Ollendorff, 1883), pp. 44-6.
(31)Revi.sfaJ/wsfr¢da,9,373(1884),pp.4-5;AlexandreJoséMeloMoraisFi-
(25) 0 Se*o Fcmí.#;.#o, 9 de junho de 1889, p. 4; Juizo da 2? Vara Civel, Di- lho, Fes!fls e fr¢di.Ções popw/arres do Br¢sj./, 3? ed. rev., notas de Luis da Camara
vorcio, réu, Rufino Maria Baleta, Rio de Janeiro, 1857, ANspi, Caixa 877, N. 686. Cascudo, primeira publicação em 1888 (Rio de Janeiro: Briguiet,1946), pp. 31-2.

180 8/
(32) Rios Filho, 0 R;.o de J¢#ez.ro, p. 330. Que os ricos promovessem bailes Hc=seaun`o'yí;o-ái;o-õ;;i;;-ciieór_ou.eíl2de`j:.n^ho?3~^a^n£.`:`e^.]:°`]:].%,Prà=SàaesE:=
ArcebtipadoedocorMod:5uaMage.S!a:_e:=.P.:,:!OAS:a:.e"a^C:]í:a,S7en#°,%r°eds:a:í:;
com portas fechadas era coerente com as outras celebrações que conduziam nos lo-
cais exclusivos de igrejas requintadas. Entre os convidados, podiam ser vistos mem- L!.sóoa m awno de " e em C'oi.móm em J720... (São Paulo: Typ. "2 de dezem-
bros da família real, ministros e diplomatas. Assim foi a festa em honra de Nossa bro",1853}Liv.1,Tit.68,n.293(daquiemdiantçcitadocomoCo#sfi.Jwi.çõesprí.-
Senhora da Glória. Carvalho, JJ!.SJo'ri.¢ dúí C;.dadc, p. 93. A opulenta decoração de mei.rff,J853).AautoridadedasConsfi.Jw!.Çõespri.mei.msedaLeiCanônicaestendeu-se
igreja na Páscoa -cortinas vermelhas fimbriadas de ouro, centenas de velas, pirâ- até o Brasil independente por Decreto e Resolução. 3 de novembro de 1827 e reco-
mides de flores - formava um rico pano de fundo para a reencenação da subida mendadaporAviso,25dejunhode1828,citadoinM.J.deCamposPorto,Reper
ao Calvário, conduzida por oficiais da Guarda Nacional. Georges Raeders, comp. T:oerfoo&do:%gui5,=*:ve,cLc;eãi`a:t-i:;-dãid:ii-úaté,8_7±4__C±_o_f?:`:rf:|Qon...\£=h"£nl:eliscli:|I.
e trad., 0 co/!de dc GoZ)!.#e" #o BraLs;./ (São Paulo: Secretaria da Cultura, Ciência p.191.Queocasamentoprecisavarealizar-senaigrejaerasubstanciadonaleicivil;
e Tecnologia, Conselho Estadual de Cultura, 1976), pp. 59-60. Todo ano, em de- verCodJ.goPAi./i.ppJ.mJ870,Liv,4.Tit.xLvi,n.3.Até1890,ALeiCanônicaesta-
zembro, uma missa solene era celebrada na catedral no aniversário do imperador pe- beleciaasqualificaçõeseprocedimentosparacasartdcomohaviamsidocolocados
ranteacongregaçãodaelitedà§ociedadedoRiodeJaneiro,enquantoláforatropas nasConsf!.fwjçõespr!.mei+a5,J85J,Liv.1,Tit.64,n.269,270,272;asqualificações
em trajes de desfile mantinham afastados os curiosos. Ida Pfeiffer, 4 woma# '§/.owr- também podem ser encontradas, de forma resumida, in Manoel do Monte Rodri-
ney round the world, from Vienna to Brazil, Chili, Tahiti, China, Hindostan, Persia guesd'Araujo,EJemeHfosded!+ei.foeac/esi.asfi.coemre/açõoa'díscí.%gera/da"
o#d Ás/.a +WÍ.#or, 2 i ed. (Londres: [Office of the Natíonal lllustrated Library,1852]), ecomapp/i.caçõo¢oswsosdai.gre/.adoBrasn3vols.(RiodeJaneiro:Livrariade
Antonio Gonçalves Guimarães, 1857-9), ii, p. 195. 0 casamento civil também esta-
pp. 21-4. Ver também a descrição de Toussaint-Samson das mulheres em "gra„de
/oí./efíc" , acompanhadas pelos filhos e criadas, assistindo de suas janelas à procissão va vinculado ao fornecimento de provas equivalentes, ver # do Br4s!./, Decreto
do Corpo de Deus e São Jorge, C/#e Pürí.sJ.e##es p. 77. 181,24dejaneirode1890,Cap.i,Art.1-5,Cap.ivArt.24,25;Co'di.goC""
Parte Especial, Livro i, Título i, Art. 180-188.
(33) J?i.o Jvews,15 de janeiro de 1883, p. 4, e 24 de janeiro de 1883, pp. 2, 4.
(34) Pedro Maria de Lacerda, bispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, P¢s- (41)Comorigensremotasnatradiçãoibérica,aleiportuguesacompiladaem
fora/, n9 23 (14 de março de 1877) (Rio de Janeiro: Typ. do Apostolo,1877), in Car- 1603comonomeOrde#açõcsP*i./Íppi.naspermaneceuemefeitonoBrasilatélgü
tas Pastorais de D. Pedro Maria de Lacerda,1870-1879, Arquivo da Cúria Metropo- quandofoipromulgadoumCódigoCivilqueconsolidavaodireitodafamiliatd
litana, Rio de Janeiro, Caixa i (daqui em diante, citado como ACM-RJ), p. 3. comoerapraticadonoBrasil.Atéentão,umpesadocorpusdeleisesubseqüentes
revisõesprotegiaapropriedadedodote,governavao§direitosedeveresadministra-
(35) José Maria de Medeiros (1849-1925), "Cena de Carnaval", c. 1895, e
``Cena de Carnaval", 1898, exibidas na Exposição "Universo do Carnaval: ima- tivosquecadacônjugeexerciasobreapropriedadeconjugal,estabeleciaalinhade
sucessãoouespecificavaasreivindicaçõesàpropriedadequeosherdeiroslegítimos
gens 6 reflexões; pinturas, desenhos, fotografias e máscaras'', organizada por Ro-
ebastardospodiamfazer;verCód!.goPfti./Ípp!.no,J870,Liv.4,Tit.Lxxii;Tit.xcvi;
berto Da Matta, Acervo Galeria de Arte, Rio de Janeiro, 24 de fevereiro-3l de
CódJ.goCi.vi.J,"ParteEspecial,Livroiv,Tit.i,art.1576;Tit.ii,art1603.So-
março de 1981.
mentesenenhumparenteconsangüíneosobrevivesse,ou,apartirde1916,senenhum
(36) Códi.go de Posfwra5, /870, Secção Seéunda, Poiicia, Tit. viii, Art. 2, pro-
dosfilhos,netos,paisouavóssobrevivessem,poderiaumcônjugeherdaraquantia
mulgado em 1838; Américo Fluminense [pseudônimo], ``0 carnaval no Rjo'., jKo§-
inteiradapropriedadedofalecido;queoCódigoCivilde1916aumentasseaquanti-
mos, 4, 2 (fevereiro 1907), s. p.; aviso enviado por um fiscal, freguesia da Candelá-
dadedepropriedadedisponíveldeumterçoparametadenosdáamedidadoafrou-
ria, 4 de fevereiro de 1853, citado in Melo Morais Filho, Fcs/os, p. 30, e in Moraes,
xamentocautelosodessalongatradição,Códi.goP"i.ppi.#o,J870,Liv.4,Tit.xciv;
frj.sfóri.a do c¢r#arva/, p. 23; do Chefe de Policia da Côrte para o ministro da Justiça,
Co'di.go Cjv!./. j9J6, Parte Especial, Livro iv, Tit. ii, art.1611.
Rio de Jane`iro. 3 de fevereiro de 1854, ANspE, Indice de correspondencia recebida,
(42)Apropriedadedocasalpodiaserpossuídaouemcomunhãodebens,ou
1854' IJ,-80.
emseparaçãodebens,ouemseparaçãoparcial;Cód!.goP#J.Ji.pp!.#o,"Liv4,Tit.
(37) Presidente, Camara Murricipal, para os lnspetores Paroquiais, Rio de Ja- xiLvi-xivii;Códi.goC"%ParteEspecial,Livroi,Tit.iii,art.256-277.flidaMet-
neiro, 14 de fevereiro de 1887, AGc-Ri, Carnaval, Cod. 40-3-87, CódJ.go de PosÍw-
calfdemonstracomoocasamento,apropriedadeeaherançaeramdeterminantesnas
r¢§, J894, Decreto 4,14 de janeiro de 1893, Art.1; Circulares da Directoria Geral
finançasdasfamilias:"Thefamiliesofplanters,peasants,andslaves:strategiesfor
de Policia Administrativa, Archivo e Estati'stica para os lnspetores, Río de Janeiro,
sulvivalinSantanadeParnaíba,Brazil,1720-1820''(tesededoutoramentqUniversity
AGc-RJ, Repressão do jogo de entrudo, circulares de 1906 e 1907, Cod. 49-4-45; Pos-
ofTexas,Austin,1983)paraumdiscernimentopenetrantedessasquestões,verElea-
tura, Rio de Janeiro, 9 de março de 1875, AGc-RT, Camaval, Cod. 40-3-86; Moraes, norSearlç"Seigneurialcontrolofwomen'smarriage:theantecedentsandfunction
História do carnaval, Fip. 25-6. •iá;ii-Õádiiá phi,ipp_i_no, ,870, Liv . S, T`lt. xxl-Xxml.
ofmerchetinEngland",PnsfWPnesenf,82(fevereirode1979),pp.3-43.
(38) Escrevendo sobre máscaras, trajes e figurinos, Victor Turner, rfte/or€§f
?f^.symbo,s.. aspects of Ndembu ritua, (|thz`c,a.. Corne,| Uriversity Press. |9é7,' p. (44) Ibid., Liv. 4, Tit. Lxxxviii.
103, argumenta que o exagero constitui uma forma de abstração, pois o que é exage- (45)AporcentagemdechefesdefamiliacasadosemSãoCristóvãoera56,Ar-
rado "transforma-se em objeto de reflexão". rolamentosc,1870.0jtecei#eamento,J872apresentavaocupaçãorelacionadacom
(39) Melo Morais Filho, Fesf4s, p. 27. estadocivilsomenteparaasmulhereslivres,enãoparaasescravas,eoRecemsea-
(40_) _Seba;st£ão Mo"eiro da Vide, Constituições primeiras do Arcebispado da menfodoRi.odeJ¢#e!.ro,"nãofomecianenhumainformaçãosobreocupação
Bahia. Feitas e ordenadas pelo.. . Sebastião Monteiro da Vide, 5? Arcebispó do dito relacionada a estado civil.

J83
82
{f6)^?r=_sil,De?isõesq?PovernodolmperiodoBrasil,AN£sol38,1Sdeabm (57) Juizo da 3? Circumscripção, Defloramento, réu, Antonio Cespedes Bar-
de1851.Aomenosalgunsclérigosdealtaposiçãonahierarquiadalgrejaargumen-
tavam que as taxas cobradas pela execução dos sacramentos deveriam ser uniformes liosa Sobrinho, Rio de Janeiro,1901, ANspi, Caixa 745, N. 358, fls. 4, 8.
em todas as paróquias e que, se regulados pela lei civil, todos os abusos de clérigos (58) Juizo do 259 Districto Policial, Defloramento, réu, João Cardoso de Al-
locais terminariam. Um bispo achava, porém, que os sacramentos deveriam ser aces- l)uquerque, Rio de Janeiro, 1910, ANsp], Caixa 756, N. 534, fls. 2, 4-4v, 14.
si'veis sem nenhuma taxa, com os fiéis ofertando apenas o que quisessem ou pudes- (59) Juizo da m Pretoria, 169 Districto Policial, Inquerito Policial, ré, Lau-
sem dar: "Annexo C: Relatorios dos Reverendos Prelados Diocesanos, Officio do ra da Cruz Almeida, Rio de Janeiro,1909, ANspi, Caixa 1156, N. 4895, fls. 2-2v,
Reverendo Bispo de Marianna", in Ministerío do lmperio, Re/¢for/.o, 1867, p. ii, e 5-5v' 15.

JZc/¢/orJ.o, 1868, pp. 39-40. (60) Juizo do 23? Districto Federal, Defloramento, réu, Manoel Afonso, Rio
de Janeiro,1909, ANsp], Caixa 778, N.1001, fls. 2, 4, 5-5v,17.
(47)Bulapapal,26dejaneirode1790,citadainihtôrioManueldeMeloCastro
e Mendonça, "Memória econômica-politica da capitania de São Paulo... 1800", (61) Juizo da 2? Vara Civel, Divorcio, réu, Rufino Maria Baleta, Rio de Ja-
reimpr. A#¢j.s do M%sew P#%/!.sfa,15 (1961), cap. 2., par.13. ACM-Ri Visitas Pasto- iieiro, 1857, ANspi, Caixa 877, N. 686.
rais,1845-1892,contémprovasedisposiçõesdecasamento:ver,porexemplo,1855, (62) Juizo Municipal da 2: Vara Civel, Injurias Verbaes, ré, Emilia Julia da
Liv.35,fls.1,2v.Em1870,umpaianalfabetopermitiuquesuafilhadequinzeanos Conceição, Rio de Janeiro, 1870, ANsp], Maço 885, N. 833, fl. 16v.
casassecomJoséFerraz,"porserpessoadebonscostumesetrabalhador'',inHabi- (63) Os historiadores começam a examinar ind'cios que desafiam o ponto
1itação matrimonial, José Ferraz e Maria Candida da Silva, Rio de Janeiro, 11 de de vista estabelecido de que a maioria dos brasileiros vivia em familias grandes.
janeiro de 1870, ACM-Ri. Visitas Pastorais, 1845-1892, fl. 9.
Ver Elizabeth Kuznesof, "Household composition and headship as related to changes
in modes of production: São Paulo 1765 a 1836'', Comparflf;.vc Síwdz.es Í.m Soci.cf);
tt_8_)_=C_ógi_5?
a dominação portuguesaCrimina,_do |mpe_rio,
o Tesouro Real ,876, A`"a24|-2;é,
podia confiscar n. ,87.,
propriedade dota.| como sob
ofensor a#d H!.sfor}i, 22 (January 1980), pp. 100-1; Donald Ramos. "Marriage and the
ou seu direito de herança, Porto, Reperíor;.o, p. 190. family in colonial Vila Rica", HAHR, 55 (May 1975), pp. 200-25; Iraci del Nero
(49) Consfi./w!.fõe5pri.mej+4s, /8jJ, Liv.1, Tit. 71, n. 34.
da Costa, "A estrutura familial e domiciliária em Vila Rica no alvorecer do século
(50)Z,c}.5doBm!S/./,Lei1144,11desetembrode1861,Art.1,2;Consf!.Jwi.Ções
xix" . Revista do lnstituto de Estudos Brasileiros, L9 (19]]), pp..25: 2;], 3!. ??i
prj.me/+¢Ú, /8J3, Liv. 1, Tít. 71, n. 304. muito tempo ignorada, há também a estimativa registrada por John Luccock, JVo-
(51) Ibid., n. 303.
tes on Rió d;Janeiro and the southern parts of Brazil; taken during a residence
(52) Quando a República foi estabelecida e a lgreja e o Estado foram separa- of ten years in that country, from 1808 to 1818 (Lon+e.s.. S?"€.l Leígh, LP20P,
p. 41, o qual demonstra que no Rio de Janeiro cerca de 4 mil mulheres encabeça-
?g?,a.s^uAn_í??S__C=i_Vis|P_a?S_=^amaJecebertota|saLé-ã-á?_,iJrii,ã:`ãi=i,Visi;:5:.yc=.i=
181, 24 de janeiro de 1890. vam lares.
(53) Juizo da 2? Vara Civel, Divorcío, réu, Rufino Maria Baleta, Rio de Ja- (64) Em uma tentativa de corrigir o ponto de vista de que os escravos america-
neiro, 1857, ANspi, Caixa 877, n9 686. nos não formavam nem mantinham familias com casal estável, Herbert G. Gutman,
(54) Perfilhação, Rio de Janeiro, 1880, ANspL Cartório do Segundo Ofi'cio, Es- The black f iamily in slavery and f reedom, 1750-1925 0`oNa Vp:k:. Pa.r[+heon B?oks,
crituras, LÍv. 245, fls. 50v-55 (daqui em diante, citado como ANspi, cso); Perfilha- 1976),erranaoutradireção.Tendolocalizadoedestacadofami'liasescravasnucleares
ção, Rio de Janeíro,1864, ANspi. cpo, Escrituras, Liv. 291, fl. 25; Perfilhação, Rio ou grandes, Gutman implicitamente deprecia famílias com um só pai ou qualquer
de Janeiro,1871, ANspi, cpo, Escrituras, Liv. 317, fls. 27-27v; Perfilhação, Rio de outro agrupamento de parentes que poderia considerar-se a si mesmo uma família.
Janeiro, 1880, ANspi, cso, Escrituras, Liv. 245, fl. 42. A questão não é julgar algumas famílias como mais verdadeiramente familias que
(`S^5r).mc.ón3`Êg.°oP^h:'_íP^P:n_°_..l^8h7.0.LÊ.V..5.."i._Xxii:L.2.Nemeram±n£ieqüentes outras, mas, em vez disso, descobrir quais laços de parentesco eram possíveis, quais
osdefloramentos.Paraoano1885,odr.ManoelThomazCoelho,4wn#¢r;.oM# podiamsereerammantidos,e,nomelhordoscasos,saberossignificadosquetinham.
co BraL5!./e!.ro, 1886, p. 32, responsável pela divisão médica da poli'cia do Rio de Ja- (65) Antonio do Espirito Santo, [casa n? ?] Estalagem, praça de D. Pedro
neiro,relatouqueosmédicosdapolíciahaviamrealizado55examesdedefloramen- i, 6? quarteirão; Bernardo José da Costa, casa n9 L, rua São Luiz Gonzaga, m
to.Presumivelmente,essescasosrepresentavamapenasasmulheresqueprocuraram quarteirão; Bemvindo, casa n9 24A, rua José Clemente, 5? quarteirão; e Pedro An-
intervençãodaJustiça,aopassoqueoutrasmulhereschegavamasoluçõesparticula- tonio Lino, casa n? 1, rua da lmperial Quinta, 89 quarteirão, Arrolamento sc,1870.
res ou nem sequer tentavam alguma coisa. 0 modo brasileiro de dar nomes pode atrapalhar o historiador social: ver Maria
(56) Uma multa foi, pela prímeira vez, decretada em 1860, Brazil, Decí.#e5 L"izÁL MSLicimio, A cidade de São Paulo.. povoamento e população, 1750-1850 (Unii-
dcoriGm%,:n,oR,dÃo:mripe,r,i.og=.B:a.à£il:_5_yi.so:::á6ÍÃ-,-2_3:ãei;tiãrvo'du.".L8`ão:ã%%ge= versidade de São Paulo. 1974), pp. 70-3.
Cr7.mj.#a/,J876,Art.219,222,226-227;AntorioBentodeFaria,4##o/a£o~esf*eorí.co- (66) José da Silva Vieira, casa n9 40, Estalagem Mauá, rua dos Lazaros, 2?
P:a%tdípcna:;:°ncn°::!g„°no:e^na^l.+::_B_r_:_:i:l_deacc.o.rdo.-;;;-;io-u;i';;';.;e.;#a%:Ceu;:ruí;_ quarteirão, e Carlos Rodrigues Coelho, casa n? 17, rua de Aurora, 7? quarteirão,
Pv%dne,naci^a:,_n:LC:o_nãa_es__e,=:r?ngeira::se_guiioáe-;j-ai;iti;';;c-.`:::n`;ràc,:,Usr:S: Arrolamento sc, 1870.
vHingQorQeQnq+u^flqeo.Snã\or^eqre.n:e_s..:,,_4é,?á,_2vii:.iiiã:â;;`;waiãír`o:.`.:ca'c.+:nuthuo'#L`%efrmo (67) Joze Antonio Pinto da Costa, casa n? 22, praça das Mangueiras, 99 quar-
teirão, Arrolamento sc, 1870.
io8£oS,S:ntos-29,,Artffi,|68(daqiÊ-ei--ái=i:i,_ã"£ü{.cLovir`àtá;gooREeen`i;,
1890D. (68) Brazil, Secretaria d'Estado dos Negocios do lmperio, Diretoria, Secção
de Estatística, rr¢ba/*o§ da secçõo dc csfcrfi'sf!.c" /886 (Rio de Janeiro: Imprensa

184 85
Nacional,1887),p.870númerototaldecriançasbatizadasfoi7729;destas,2568
erainilegítimas.Mappademonstrativodomovimentodepartosnamatemidade,Rio para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 1847, AGc-Ri. Parteiras, 1820-1878, Cod.
de Janeiro, abril-dezembro de 1881, AGc-Ri, Casas de Maternidade, Cod. 46-2-32, 47-1-47, fl. 12; Madame Cocural para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 23 de
fls. 14-15. dezembro de 1879. AGc-RL Parteiras, 1879, Cod. 47-1-50; um total de dezoito par-
(69) Candida Roza da Sílva, casa ng 12, rua do Bomfim, 5? quarteirão; Gui- teiras estava listado no j4/ma#¢k Z,aemmerJ,1880, pp. 644-5.
lhermína d'Souza Machado, casa n? 95 8, rua de D. Pedro i, 79 quarteirão; Paula (79) Fazenda, "Roda", pp. 172-3; 4/ma#a* M"4 1880, p. 700.
MariaBarieto,casan?5,ruadalmperialQuinta,89quarteirão;MariaJacinthade (80)Neves,Meunascimento,fl.129;Mappademonstrativodomovimentode
[N?]azaret,casan?4,EstalagemMauá,ruadosLazaros,29quarteirão;eEngracia partos na maternidade municipal, Rio de Janeiro, abril-dezembro de 1881. AGc-Rh
Maria da [Conceição?], casa n9 3L Estalagem Mauá, rua dos Lazaros, 29 quartei- Casas de Maternidade, Cod. 46-2-32, fl.14; "Maternidade", 0 Commení¢ri.o, ser.
rão, Arrolamento sc. 1870. Já que mesmo familias de classe alta davam diferentes iii, 6 (outubro de 1905), p. 105.
sobrenomes a seus filhos, a inferência não pode ser feita sempre com certeza. (81)FranciscoPeixotodeLacerdaWemeckparaJoãoBaptistaLeiteCia.,Mon-
te Alegre,16 de fevereiro de 1861, AN, Papéis da família Werneck, Cod.112, vol.
(70) Agassiz e Agassiz, ,4 /.owr#c};, p. 84.
3, fls. 245, 247, 256, 257, 262; João Vicente Torres Homem, E/emenfos de c/i.m.co
(71) Juizo de Direito da 1? Vara Civel, ré, Serafina ®reta} Rio de Janeiro,
1882,ANspt,Maço555,N.3498,fls.4v,15,22,71-74;JoãoAntoniodeBarros,ca- med!.caL (Rio de Janeiro: Alves, 1870), p. 737.
sa n? E [C?], rua de Beinfica, m quarteirão, Arrolamento sc,1870: JC.16 de ou- (82) "Palestra do medico", 4 Mõe de Farmi./i.a, março de 1881, pp. 33-4; Fe-
tubrode1909;LocaçãodeServiçoeCartadeLiberdade,RiodeJaneiro,1881,ANspi, 1ippeNeriCollaço,0come%mda/ami./!.aZmüi./e!.r¢(RiodeJaneiro:Garnier,1883),
cpo, Escrituras, Liv. 375, fl. 91. Comparar a situação das doméstícas, que podíam p. 199.
manterosfilhosconsigo,àdasoperáríasfrancesas,queeramforçadasadeixarseus (83)JoséRodriguesdosSantosparaaCamaraMunicipal,RiodeJaneiro,4de
filhos com amas-de-leite, in George D. Sussman, "The wet-nursing business in janeiro de 1877, AGc-Rj, Matemidade e casa de saude, 1877-1899. Cod. 46-2-32, fl.
4;JoséRodriguesdosSantosparaCamaraMunicipal,RiodeJaneiro[c.1883],AGc-
nineteenth-century France" , FrewcÁ fri.Síor7.cd Sf#d/.e59 9 (1975), pp. 304-28.
R],Maternidade,Cod.46-2-33,fl.2;RelatoriodaComissãodeTesourariadaCama-
(72)HenriqueMangeon,casan93A,ruadeVianna,79quarteirão;JoséEmí-
ra Municipal, 20 de fevereiro de 1883, AGc-R], Maternidade Municipal, 1883-1884.
lío Pinto Leite Braga, casa n9 8, rua da Feira, 29 quarteirão; Francisco Severiano
Cod. 46-2-34. Mesmo em 1898, a Câmara Municipal ainda não havia fundado uma
Machado, casa lA, rua de Bemfica,119 quarteirão; D. Antonia Maria dos Santos
maternidade.Quandoordenadaafazê-lopelogovernofederal,aCâmaraaindaassim
[Farrucho],casan9111,CampodeSãoCristóvão,69quarteirão;eJoãoFernandes
recusou. Ver Ministro da Justiça e do lnterior para Prefeito, Rio de Janeiro, 18 de
deMattosLima,casan?54,ruadosLazaros,29quarteirão,Arrolamentosc,1870.
janeirode1898,ePrefeitoparaDirectordeObraseTransporte.3defevereirode1898,
(73) Izabel Maria, casa n9 23, Estalagem Mauá, rua dos Lazaros, 29 quartei- AGc-RL Maternidade e casa de saude, 1877-1899, Cod. 46-2-32, fls. 55, 57.
rão,Arrolamentosc,1870;Inventário,AnnaMaríadaConceição,RiodeJaneiro,
(84)ArthurMoncorvoFilho.D¢assi.sfenci.¢pwZ)/i.camRJ.ode"üepam.-
1863, ANspi, Caixa 3617, N. 55, fls. 16, 23v, 88v.
cw/¢rme% da assi.sfeHcftz ¢' i.n/awci.a... (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1907),
(74)CompararessainterpretaçãoparaoRiodeJaneirocomTheresaM.MCBri-
pp. 8-11.
dFe,,aTn%_d,oR#n%i.C,rnevx,':.t,i_on€_t!h.:_T,á_d.e;n;iãit;_;;-?ii;ui:'ã;ov,;::#i:eç`iFÊ:gL;a#a:à
(85) "Maternidade", pp. 101-7.
Framcç /820-J920 0Vova York: Holmes & Meier, 1976), pp. 56, 84, e com David
(86)LuizCorrêadeAzevedo,"MemorialidanaAcademialmperialdeMedi-
cina...ascausasdamortalidadedascrianças'',4#H¢esBraz!.//.ensesdeMedz.c!.#a,21
¥:a£,%%#ã,#:#y3_a_:.ee_k_.:.::|m,e,n.;;ii;íiist-i,c'sve'#iyc:'inJ:;á#t,;a;:z%guAa%=
raírc##e7n%]m92n°„(oN=.Va~Y.°Àr^k...9_X5?rdun±ve£sit.-y*:,-i-5;.i)-,.:`:`iusu,.==£gam£omre=s
(1869), p. 120.
argumentain que as criadas se encontravam isoladas da familia e dos amigos.
(87) Juizo da 3? Pretoria Criminal, Inquerito sobre defloramento da menor,
(75)FlorençadaSilvaparaBalbinadaSilva,CidadedoGrãoMogol,14deabril ré[si.c|,MariadosAnjosAlmeida,RiodeJaneiro,1900,ANspj,Maço958,N.6012,
de1862,AN,PapéisdafamilíaWerneck,Cod.112,vol.8,CartasAvulsas,fl.13-q. fls. 8-8v,10,11.
(76) Maria L,ourindo, morando na provi'ncia do Rio Grande do Sul, colocou (88) A roda era uma prateleira, a base de um cilindro rotativo. Do lado da
um anúncio em um jornal de Pernambuco, próximo ao local onde vivera com sua rua,víveresouumacriançapodiamsercolocadosnaroda,ocilindrorodava,eal-
famfliacomoescravosdosr.JeronymolgnaciodeAlbuquerqueMaranhão,pedin-
guém do lado de dentro recebia o que fora colocado, de modo que nenhuma das
doinformaçõessobreVíctoriana,D%dePer#amówco,12denovembrode1860, partes era visível à outra. Comum nos conventos de ordens enclausuradas, a roda
p.4. 'soi=|O.u;,'ô`#s-sáã:5`i:à;`á;i;ã-ài;_éãi_ãàà_i_-_Éxp_osto_s.[±?t_e_'_?r_eir?=ÉP^"n^d`=.ç.fo,=o.T:FÊ=
tornou-senoBrásilumainstituiçãosocial.VerFazenda,"Aroda",p.155;Ubaldo
(77) Juizo de Direito da 2? Vara Civel, réu, Antonio Viêtas da Costa, Rio de
Janeiro, 1870, ANsph Maço 872, N. 4645, fls. 2, 4, 6-8v, 13v-15v, 17, 22v, 23v, de Matos Duarte, 1959), p. 228; Perfilhação, Rio de Janeiro, 1860, ANspL cpo, Es-
24v-25, 69, 7l-71v, 73, 81,109-109v, llov-lll. crituras, Liv. 281, fls. 22-22v.
(78) Augusto José Pereira das Neves, Meu nascimento e factos mais notaveis (89) A. J. R. Russell-Wood, Fi.d¢/gos a#d p#i./a#Jropi.sts % Sanfa Casa d¢
damínhavida[1835-1909],Ms,empossedeGuilhermePauloCastagnolíPereiradas MjserJ.córdi.a o/ Bawq, J550-" (Berkeley: University of Califomia Press,1968),
Neves,RiodeJaneiro,fl.116,descreveopartodesuafílhaemcasa,semparteira, p.316;Soares,0passardo,p.48,listaossaláriospagospai.aasmulheresquetraba-
pois"nãohouvetempodechamar".JoséVieiraFazenda,"Aroda(casadosexpos- lhavam como amas-de-leite na Santa Casa.
tos)", jiJfJGB, tomo Lxxi, vol.118, parte ii (1908), p.172; Madame Joanna Beau (90)Emumtemponoqualasmulheresdeclassemédiamuitasvezesperdiam
suascrianças,commuitomaisfreqüênciaamorteprematurachamavaosfilhosdos

186 187
pobres.Decincofilhasnafami'liadeummédicomilitar,todasasquaishavíamcasa-
doetidofilhos,trêsderamàluzcriançasquemorreramnosprimeirosdiasapóso ro, 20 de dezembro de 1876, AGc-Ri, Espiritismo e sonambulismo, 1876-1883, Cod.
nascimento ou antes de atingir os seis anos. Uma delas, Alice, enfrentou a morte 43-1-6, fls. 1-2; Barreto, 4s Re/Í.gi.Õcs, p. 200.
de quatro de seus sete filhos, enquanto sua irmã Josefina perdera dois, e ambas as
mulheres eram ainda jovens o suficiente para esperar mais gestações. Neves, Meu
nascímento, fls. 121-2, referindo-se ao peri'odo 1887-1908. 4. OS PA7-RÕES (pp. 107-25)
(:^:)-:_o::}_::`Í_:_3:¥o:Apo.ntaméntossobreaó;;tà,idadedacidadedoRio
dner,Jma:,eri:on:::::co:!a;r_mJe_n_t:3!T_c_r:?nçasesob;;_ífo;i-íe-;;_íi;£a`íááa%oR:o (1) Para estudos sobre as relações paternalistas alhures que ajudaram a dar
pr/.mejroq#a/r;.ew#r.odepoi.Sdorece#se¢memfo/%em/672(RíodeJaneiro:Typ. forma a minha compreensão do caso brasileiro e a esclarecê-la, ver Howard Newby,
Nacional, 1878), pp. 20-1, 67.
"The deferential dialectic" , Compamfi.ve Sfwdi.e5 i.# Soc!.eí}J a#d Hj.síor}J, 17 (April

(%2}^%:?=.?]_e=_F]r_a=çisc.oesepor.dÊ_Noronhasantos,Chorographiadom- iri`ç:):i:: -:içà:.:--iitiici ioycé, work. _society. qnd po±itics.. th.: _=i_t_±:Le.. onf_:P.e
t,r::t,o.%e=_ii:i<dÉa_d.:dDo_£_:o__!fJÉ:,!ro,,3_?_ed=irii5-ãi-;;:éi:ã:.V£f:i#.`rdueuAugs: '1-;áõ;:É:ái:i-Ge;é;ese,Ro,í,Jordàn,ro,,..theWor,dthe?,avesTgdie=P`_o:a_:`olk_...
/mp i.# /# Vj.cfori.aw EHg/and avew Brunswick N]: Rutgers University Press,
la, 1913), pp, 156-9: jie/afor/.o, J870, p. 23; Rego, 4pon/amewfos, pp. 20+
(93) Arthur Moncorvo Filho, "A tuberculose e as collectividades infantis", -Éi:riái-üiàof là"es
Pantheon, 1974), oake;, oThe
examina ru,ing race..
paternalismo noa contexto
histo,y ot_Americap
da escravidãosla:ehol.Pe:?
no sul dos
A Ordem Social, 3 (1911), pp. 67-]0.
(94) J. C. Oakenfull, Braz# j.# " (Londres: Atkinson,1913), p.132; Inven- `i`ól*s;,-;ii;Ià:"eacríttoriGeeltz,Theinterpretatiop_3fctlíures,sçl?:_teg`?T_3rs_
0{ova York: Alfred A. Knopf, 1982), desafia Genovese. Nas questões de cultura
tário, Aguida Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1859, ANspt, Caixa 78, N. 332,
(Nova York: Basic Books, 1973); E. P. Thompson, "Patrician society, plebeian
F±:o42£eTah:pfr:?:ena°"f.:Tr::::::_th.e..yr:Vers.;Í:S;ii-ti';;`';f.i'87~6;#;i'i£iei3p.h4i'a
(RiodeJaneirolmperiallnstitutoArtístico,1876),p.476;"N?10:Mappadosobi- culture", Jowm¢/ o/Soci.a/ H!.sfor}L 7 (Summer 1974), pp. 382-404; Maurice Gode-
tosdeescravossepultadosnosCemeteriosdaSantaCasadeMisericordia,...",Jieh lier, in "Economic structures of pre-capitalist societies", palestra,19 de março de
torio' 1870. 1979,UniversityofTexas,Austin,desenvolveuanoçãodeum"idiomadeinterpre-
(95) Embora o catolícismo continuasse a ser a religíão oficial até 1890, as tação", isto é, os significados que as pessoas conferem aos eventos. Estes, argu-
pessoas podiam participar de outros cultos religiosos, contanto que os locais de mentou Godelier, são parte do processo de percepção da vida social, não estruturas
culto não aparentassem ser, exteriormente, templos e que não se exibissem objetos mas maneiras de agir e compreender; a respeito de sua discussão sobre dominância,
ofensivos à relígião oficial, à moralidade ou à boa conduta. Ver Cód;.go Crj.m/.#a/, ver Maurice Godelier, "Infra-structures, societies and history' ' , Cwrreri 4#fftropo-
/876, Art. 276-9; Co'dj.go PeHa/, J890, Art. 185-6. Ainda não foi escrita nenhuma /ogy, 19 (December 1978), pp. 763-71.
história inteiramente satisfatória que reconstrui'sse e interpretasse não apenas os (2) JC, 1852, citado in Daniel P. Kidder e James C. Fletcher, Brazw and r*e
sistemas de crença mas também as ações, práticas, rituais e cerimônias referentes Brazil`i-a':rir;;iy;dinhistoricalanddescriptiv?sfetche:,_?ç3?::e:.(Lo_m±es...`S_=^p^-
à macumba, ao candomblé, ao espiritismo e ao feíticeirismo. 0 registro histórico son Low, Marston, Searle, and Rivington, 1879), p. 255; Júlia Lopes de Almeida,
que tornaria possi'vel essa reconstrução não é fácil de conseguir. A exposição mais Z,j.vro da5 noi.vas, 3? ed. (Rio de Janeiro: Companhia Nacional Editora,1896), p.
aceitável das influências africanas negras na experiência religiosa brasileira conti- 'çó{iá;;;:':Ãíe_i;;;;;t';;;tàzasdeuma-áducado_raa,_ey,g_n_o__Brasi!:rad.A;ti+ceFLossí
94; 4 Mõe de ftrm;./Í.« janeiro de 1881, p.12; Ina von Binzer (pseudônimo de Ulla

T#=íant%rnr%%::nfa%í:,:„'„:.!:;^A_f.ri:_a~n.re.l.ig`ioris~ef.i;.±i-|.:--teõ;a~r;.a-.;;c`;oO|o`gu;.:f
% z.#/€rpre/¢f!.o#s o/ cÍ.vÍ./j.za/i.om, trad. Helen Sebba (Baltimore: The Johns Hop- e Luisita da Gama Cerqueira (São Paulo: Anhembí, 1956), p. 99.
kins University Press, 1978), baseada em pesquísa iniciada em 1938. A presença (3) Almeida, L!.vro d¢s noí.i;as, pp. 92,121.
constantedaculturaafricanatrazidaporescravosparaoRiodeJaneironaprimei- (4) José Joaquim França Junior, "Visitas" e "Visinhos", in Fo/heíj.ns (Rio
ra metade do século xix é um dos temas princípais examinados por Mary C. Ka- de Janeiro: Typ. da "Gazeta de Noticias',',1878), pp. 45,113; para uma crítica a
rasch, S/atJe /!/c ü ji!.o de Ja#e!+o, JSO8-Jsjo (Princeton University Press, 1987), FrançaJuniorcomomedíocredramatistamasfonteútilparaohistoriador,verRo-
ver especialmente pp. 261-72, 284-7. derick J. Barman, "Politics on the stage: the late Brazilian empire as dramatized by
França Junior", Lwso-Brasi./ei.ro Revi.ew, 13 (Winter 1976), pp. 244-60.
{36)n`:?^=Dã.e``:S_C=_V_='_':_4Mã€.d€Ramilia,"íodem80,p.17,enovembro
de1879,p.174;PauloBarreto®seudônimo,JoãodoRio),4sre/!.gí.Õerdo"(1906; (5) Agostinho Marques Perdigão Malheiro, 4 escr¢v!.dõo #o Brasj./.. e#sai.o
reimp. Rio de Janeíro: Organízação Simões,1951), pp. 36, 200-1. *i.sfo'ri.co-/.%r!'di.co-siocj.a/, 3 partes em 1 vol. (Rio de Janeiro: Typ. Nacional,1866-7),
(97) Museu da Fundação Carlos Costa Pinto, Salvador, Bahia; amuletos fei- i, Secção v, Art.1, par.146, pp.183-5,187; iii, Tit. ii, Cap. iii, p.119.
tosemcasaforamcoletadosporMoncorvoFilhodascriançastrazídasàsuaclínica (6)Juizoda1?VaradeOrphãos,Inventário,AntoniaLuizadosSantosAlbu-
edescritasinArthurMoncorvoFilho,"Amuletoseabusões",inArthurMoncorvo querque, Rio de Janeiro, 1880, ANsp], Caixa 4003, N. 237, fl. 36.
F%:,%td%.::Ans;S.í=taenn.C^i.:^á`ir!a_rc_i_:,.hy.giÉ::;~;.;Í;!;:"ãsv#ãe:`í£=sL:::n'f%rc%s (7) Luiz Francisco da Silva, casa 105A, praça de Dom Pedro i, 6? quarteirão,
r:£:í.Z:#`nonD<i:!e.¥=`i`:.M`o,::,orvo,-i-9oi:i_9Ãi.ii:;:;';U&-n.e#o:'ic=p.r:%:%:\aos. Arrolamentosc,1870;"Aeducaçãodamulher",j4Á4ãedeFami./!.a,janeirode1881,
nal, 1907), p. 55: Expilly, A4#/Ãeres, pp. 85-6. P.2°.(8)Aimeida,£i.v7.odaü#oz.vos,pp.163-4;AntonioCorrêadeSouzaCosta,A#
(98) Adela Neval para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 12 de dezembro
de1876;JuntaCentraldeHygíenePúblicaparaaCamaraMunicipal,RiodeJanei- mentãçà;_ã;;-rieúsaac,assepobredoRiod_e_J_pneiro_:suainfluênciasôbreames-
m¢ c/asse (Rio de Janeiro: Perseverança,1865), p. 31.

88 89
(9) JC, 31 de julho de 1884,11 de novembro de 1896, Juizo da 5? Pretoria
ri.verSÕoFr¢#ci.sco/romSaóar¢'ft)%5ea,2vols.(Londres:TinsleyBrothers,1869),
cívei, ré, Eva de tal, Rio de Janeiro, 1892, ANspt, Maço 1334, N. 6852.
i,pp.237-9,relataoagrupamentodecercade1100escravosnaminadeMorroVe-
(io) CócJJ.go de Pos/wr¢J, J870, Secção Segunda, Policia, Tit. iv, art. 6; Kid-
der e Fletcher, BJ¢z;./, p. 133. lho em Minas Gerais, o qual terminou com toda a companhia assistindo à missa;
Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria de Albu-
(i i) Juizo do Supremo Tribunal de Justíça, ré, Maria Elenteria de Albuquer-
que, Rio de Janeiro, 1872, ANspJ, Maço, 23, N. 472, fl. 65; Inventário, Anna Maria querque, Rio de Janeiro, 1872, ANspj, Maço 23, N. 472, fls. 63v-64.
da conceição, ANspJ, Caixa 3617, N. 55, fl. 24; Ida Pfeiffer, 4 woma#'f /.oww (24) Carta da Liberdade, Rio de Janeiro,1875, ANspi, cso, Escrituras, Liv. 114,
r:_:Jnd^ :|_e`%r::,.f:?r `yi:nTa to 'B_r.a_zi,, çh_i,i, Tahiti, Chi;a' Hi;óã;;án: -ã;;;;:, fl. 62v.
a#d4s/.¢Á#"2!ed.(Londres:[OfficeoftheNationallllustratedLibrary,1852]), (25)ManoelJacinthoCarneiroNogueiradaGama,Te5famcm(Fregueziade
Santa Thereza [Valença, Rio de Janeiro]: Typ. de Santa Rosa,1883), pp. 3,10; Jui-
p. i7; anúncio de procura de uma escrava fugida, JC, 20 de março de 1875; Juizo
da 3? Circumscripção, Inquerito policial, ré, Maria Luiza da Conceição, Rio de Ja- zo do Tesouro Nacional, Maria Bernarda Esteves, Rio de Janeiro, 1864, ANspL lns-
neiro, 1899, ANsPJ, Caixa 732, N. 20, fl. 3. crição Verba Testamentaria, Liv. 4, N. 203, fl. 228.
(26) Para exemplos, ver Carta de liberdade, Rio de Janeiro, 1880, ANspL cso,
{L^Z!^P£:::^¥^SS%.of!`rí5eT:.eTpansãod?fot.ograftanoBrasii,sécuioxix(Füo
de Taneiro: Funarte,1980), p. 45. As roupas das duas amas contrastam com o estilo Escrituras, Liv. 245, fls. 5v-6; Carta de Liberdade, Rio de Janeiro, 1871, ANspi,
afrícano ~ turbante branco, colares de contas, camisa larga de algodão -trajado cpo, Escrituras, Liv. 317, fls. 30-30v; Juizo da Provedoria, Francisca Joaquina de
peia vendedora de rua mostrada na mesma página; para a data, ver também Pedro Souza Ramos,1881, ANspL Conta Testamentaria, Caixa 361, N. 307, fls. 4v,12.
Vasques,Z)omPedroJJeo/ofogm/J.a#oBraJJ./(RíodeJaneiro:FundaçãóRoberto (27) Augusto José Pereira das Neves, Meu nascimento e factos mais notaveis
Marinho e Companhia lnternacional de Seguros [1986]), p. 24; Juizo do Supremo daminhavida[1835-1909],Ms,empossedeGuilhermePauloCastagnoliPereiradas
Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria de Albuquerque, Rio de Ja- Neves, Rio de Janeiro, fls. 123-4.
neiro, 1872, ANsPJ, Maço 23, N. 472, fls. 65, 88, 92. (28) Juizo do Tesouro Nacional, João Martins Vianna, Rio de Janeiro,1861,
(i3) Costa, Alimentação, pp. 33-6. ANspi, Inscrição Verba Testamentaria, Liv. 2, N. 118, fl. 136; Juizo do Tesouro Na-
(i4) Francisco Fernandes Padilha, Owd o regí.me# a/;.mewm daJ c/asJ€S po- cional, José Pinto Ferreira, Rio de Janeiro, 1865, ANspj, Inscrição Verba Testamen-
b_:::_go^Fí_o.3,e~^]=a:_eí]r::Quqg.a:mo,estíasquemóíscommu;;;nt_;:;;s£ã;.ern;;e taria, Liv. 5, N.124, fl.141.
e:,_asT7._Q^:_e^:e:a.çbõ=_d^e.ca:soa.,.ípaqe:e.en~cont;ão.ç.ntreesseregí;;;.;_mo:,=;;í~ás;â\í (29) Inventário, Lourenço Souza Meirelles, Rio de Janeiro, 1870, ANsph Cai-
de ]aneiro: Laemmert, 1853), p. 14; Costa, 4/!.me#fafõo, pp. 12-3. xa 1418, N. 520, fls. 153, 155v-156v, 162v.
(]L_5)~]]~°.f?„BL?.P.:`!S_t=±..|TbeTt.Puiamedicodasriãe;àifia-;ii-ià,ouainfiancia (30) Eduardo von Lyvel, Rio de Janeiro, 1909, ANspL lnscrição Verba Testa-
c_o_ns.id.e,r.a.da_s_ua.3y£g.ie-n:,_s_uf:T.o|ç?tia_s.etratarrentosqtiíod{|ti+á;|_:..-i-y_P:'F|_iJ:= mentaria, vol. 92, N. 61, fl. 63v; Severino Antonio Correa. Rio de Janeiro,1909,
za, i843), Pi). 55-6; Thomaz Eboli, DJSseríaçõo s'oóre a A".c#e.. of pre/.wj.zos q% ANsph lnscrição Verba Testamentaria, vol. 92, N. 50, fl. 5lv; [?], Rio de Janeiro,
c¢wF4rm #m4 ma' a/J.me#façõo (Rio de Janeiro: Popular, 1880), pp. 9-10. 1911, ANspJ, Inscrição Verba Testamentaria, vol. 95, N. 217, fl. 2v.
(i6)FranciscoPeixotodeLacerdaWerneck,MemorJ.aSoóma/#nd¢ÇÕodewma (31) CorreJ.o Mcrca#fi./,16 de maio de 1864, p.1.
f,a~z_e_n_df_n_a,£::.v::::a:.:_5í:_g,e{:neíro,suaadTínístração,eé;à:íã.e_;~ã;;.de„;;; (32) "0 festival da Praça da Republica, 8 de setembro de 1903"; 4rc#b de
/flzer fl5p/¢n/¢ÇõeI, 5Wfls Co/*eJ.faJ, efc., efc. (Rio de Janeiro: Laemmert, 1847), p. 4ssi.sfenc!.a a' Jn/a#c!.¢, 2, 7-9 0ulho-setembro de 1903), p. 147.
181. (33) Malheiro, .4 escmv!.dõo /jo Brasi./, iii, Tit. ii. pp.115-6,118.
(i7) Dr. Antonio Joaquim Fortes Bustamante, casa n? 21 a 25, rua do Retiro (34) JC, 2 de julho de 1890, 2 de setembro de 1905, 5 de outubro de 1909, 4
Saudoso, 149 quarteirão, Arrolamento sc, 1870. e 11 de julho de 1877.
(18.)hr.b?1^dEO. S=?=_es,,num. ?écylp no _roteiro da caridade.. o hospital da Miseri_ (35) As criadas às quais me refiro aqui incluem as 516 domésticas residentes
c`oí€d.i`a._,8`5n2:::5h2:_S_ubÀs_,2i_o_s_P_rí4ric?s(Füio.de,&mdiio.."iéi_nri-ião.€ói:=ãrãí`:,.,-, nacasadospatrõesquepodiamseridentificadascomomembrosdeumlarespecífi-
ig52), p. i95; Mappa demonstrativo do movimento de partos da maternidade muni- co, Arrolamento sc, 1870; João Gomes d'Campos Luzano Freitas, chefe de famí-
cipai, Rio de Janeiro. abril a dezembro de 1881, AGc-Ri, Casas de maternidade, Cod. lia,casanç23,ruadaAurora,6?quarteirão;JoãoAntonioAlvesBotelho,casan9
46-2-32, fls. 14-15. 10A, rua do Bomfim, 69 quarteirão; d. Isabel Maria d'Almeida, casa n9 2A, rua
(ig) Inventário, Aguida Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1859, ANspi, Cai- de Maruhy, 6? quarteirão. Arrolamento sc, 1870; Neves, Meu nascimento, 7 de fe-
xa 78, N. 332, fl. 240; Inventário, Anna Maria da Conceição, Rio de Janeiro, 1863, vereiro de 1892, fl. 168.
ANspj, Caixa 3617, N. 55, fls. 90v, 28.
(36) JC, 2 de julho de 1851, 26 de janeiro de 1850,18 de julho de 1877, 14
C2.0) !,??3:.::C_e_?_t= ,Iorr.es _HOTe.m: Annuario de observações colhidas nas en- Jê;;)",`a=:s-ticÉ=itiãió&:ton_,FuntingahoTeiT'P_rf_:,!,r_T_h_::5rÀic.::t.:^rt:e:,
de agosto de 1872, 18 de julho de 1855.
f_::ya.r:gs_.derc!i_n_ic_ar:e^dicad:_F_ar|dadedeMedicinaem|séó7:É|;-i;'|_::;;,r..-i;_
ves,1869), Caso n. 30, pp. 288-91.
sourc`e-s':nJf::~;e;-ã;a_r:c_t-;;is-t;;;-;;.thecou;try„,so,-:h,e_`manre-rES_a'nrdc`uost^o_r`S``ohf_
(2i) Ibid., caso n? 33, pp. 307-13; caso n9 35, pp. 326-9. % !.#*aói.fúr#fs (Filadélfia: King and Baird Printers,1867), p. 225; JC,19 de julho
(22) Werneck, Áfcmor7.o, pp. 179-80. de 1882, 2 de julho de 1890.
(Z:)^,#h¢*^:,T+^"_*]r:.f:!l]°ra.tions ?.f the highlands of the Brazii; with a fúu (38) Juizo da Provedoria, Antonio Hernandes, Rio de Janeiro, 1863, ANspL
accountofthego|danddiamondmines.A,so,canóeingdojn,;bój,=;ã;;-;i;gJrue;,
Conta de Thesouro, Caixa 386, N. 1247, fls. 3, 4v-5, 7-7v; Juizo do Tesouro Na-

90 J9J
cional, Antonio Hernandes, Rio de Janeiro, 1861, ANspj, Inscrição+Verba Testamen-
(54) JC, 4 de julho de 1877, 28 de agosto de 1872, 2 e 9 de julho de 1890, 5
taria, Liv. 3, N. 61, fl§. 77-78.
de maio de 1900, 2 de julho de 1890.
(39) Arrolamento sc, 1870. (55) Consulta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Justiça e lmperio,
(40) Juizo da Provedoria e Residuos, Inventário, Joaquim Maria Machado de Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-R], João Alfredo Correia de Oliveira, 18
Assis, Rio de Janeiro, 1908, ANspi, Caixa 3892, N. 1, fls. 3-4.
de outubro de 1889, Cod. 51-1-43.
(41) Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria
(56) JC, 5 de maio de 1900, 22 de maio de 1900, 2 de setembro de 1905, 2 de
de Albuquerque, Rio de Janeiro, 1872, ANspi, Maço 23, N. 472, fl. 63.
julho de 1890.
(42) JC, 16 de julho e 23 de julho de 1890, 5 de maio de 1900, 8 de junho de
(57) /C, 5 de outubro de 1909.
1900., Código Philippino,1870, Liv. 4, Tít. xxix. pai.1, n.1.
(58) Lei.s do Bmis!./, Decreto 2433, 15 de junho de 1859, Cap. iv, Art. 85; em-
(43) Louis Couty, £ 'e5c/ai;age ar# Bré§;./ (Paris: Guillaumen,1881), p. 44; 4 boraporfmotribunalrecusasseaDeolindasualiberdade,seuprocesso,estendendo-se
Mãe de Familia, rrLaío de 18]9, p. 73.
por 180 páginas, foi considerado suficientemente sério para chegar a uma corte de
(44) Locação de Serviço e Carta de Liberdade, Rio de Janeiro, 1878 e 1874, apelação;SupremoTribunaldeJustiça,RevistaCivel,ré,Deolindaporseucurador,
ANspT, cpo, Escrituras, Liv. 353, fl. 35 e Liv. 337, fl. 23v.
Rio de Janeiro.1883, ANspT, Maço 410, N. 4763, fls. 1, 6.
(45) Maria Joaquina, casa A do cortiço, rua São Luiz Gonzaga,11? quartei-
(59)JuizodoSupremoTribunaldeJustiça.RevistaCivel,ré,MariaElenteria
rão, Arrolamento sc, 1870; Juizo de Direito do 79 Districto Criminal, Ofensas fisi-
de Albuquerque, Rio de Janeiro, 1872, fflspi, Maço 23, N. 472, fls. 14-14v, 17,106v,
cas, ré, Elisa Benedita de Almeida, Rio de Janeiro, 1876, ANspi, Caixa 404, N. 1310,
133;comrespeitoàacusaçãodeuso"illicitoeimmoral"doescravo,verMalheiro,
fl. 23.
EScravi.dõo #o Brasi./, i, Sec. 3?, Art. iib par. 95, n. 8 e n. 507.
(46) Juizo Municipal da 1 ? Vara, Injurias Verbaes, ré, Josefina das Dores, Rio (60) Juizo da 5ç Circumscripção, Inquerito. ré, Stella Bandeira, Rio de Janei-
de Janeiro, 1865, AGc-Ri, Maço 791, N. 16027, fls. 2-2v, 6v; Habeas Corpus, ré, Amelia
ro,1896, ANspi, Maço 2279, N.1334, fls 2v-4,10v-11,18.
Francisca Alves, Rio de Janeiro, 1906, ANsp], Maço 932, N. 4224, fls. 2v-3, 5-5v.
(61)AfotografiadeMarcelina,naqualelaaparececomposerígida,mostra-a
(47) Almeida, L;.wo cJ¢s #oi.w§, p. 79; Consulta, Conselho de Estado, Secções ricamente trajada com um vestido longo de seda escura com anquinhas, um jaleco
Reunidas de Justiça e lmperio, Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-Ri, Serviço
enfeitado com um filete de contas fechado no colarinho por um camafeu, nas mãos
Domestico; Projectos de posturas e pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço
umleque.Seubustoproeminenteeacinturadelgadasugeremousodeumesparti-
domestico no Rio de Janeiro, 1881-1889, Cod. 50-1-43.
lho apertado sob a roupa. Ela transmite uma imagem séria que talvez desvende o
(48) JC, 20 de março de 1875, 19 de fevereiro de 1882. mundo conflitivo em que havia entrado: não sendo mais uma criada, nunca perten-
(49) Florença da Silva para Balbina da Silva, Cidade de Grão Mogol, 14 de ceriacomfacilidadeaomundodeseusenhor.JuizoMunicipal,ComarcadeVassou-
abril de 1862, AN, Papéis da fami'Iia Werneck, Cod. 112, vol. 8, Cartas Avulsas, fl.
ras,Embargo,réu,AntonioAlvesdeAzevedoNogueira,1887.CartóriodoPrimei-
13-q; Manoel Esteves Ottoni para João Vieira Machado da Cunha, Philadelphia, Minas
ro Ofício, Vassouras, Rio de Janeiro, Processos Diversos, fls. 2-2v,18-21, 24, 28,
Gerais, 9 de janeiro de 1863, AN, Papéis da famma Werneck, Cod. 112, vol. 8, Doc.
29-32v, 38, 46. Robert W. Slenes partilhou, generosamente, esse caso comigo.
47.
(62) Juizo Ecclesiastico, réu, João Rodrigues Pereira d'Almeida, Rio de Ja-
(50) Juizo do Supremo Tribunal de Justiça, Revista Civel, ré, Maria Elenteria neiro, 1874. ACM-RL Libelos de Divorcio, 1870-1879, Caixa 3A, fls. 2, 4v, 10, 21,
de Albuquerque, Rio de Janeiro, 1872, ANspi, Maço 23, N. 472, fl. 87v; Juizo de
68v.
Direito da 1? Vara Civel, ré, Serafina ®reta), Rio de Janeiro,1882, ANsp], Maço
(63)Eudiriaque,dentreosparadoxosqueasrelaçõespaternalistasproduziam,
\;\JJJ \J\^ \*"\\+ `1`^-, _ -.------ I __ •_ J__ J_ +_J^ J:,^;+^ ,^rt+,'_
555, N. 3498, fls. 58-59v.
aquestãodalegitimidadeeracentral.Despojandoascriadasdetododireitocontí-
(51) João [Branho?] Muniz para Conselho de lntendencia da Capital Federal, nuo a uma existência independente, os que dominavam negavam a si mesmos, por
Rio de Janeiro [c. 1892], AGc-R], Documentação Avulsa; Serviço Domestico,
ironia,apossibilidadederecet)erdeseussubordinadosqualquerconfirmaçãovolun-
1882-1904; Serrarias,1875-1911, Cod. 50-1-41; João Alfredo Correia de Oliveira,
tária ou convincente de sua autoridade. Sem uma legitimidade conferida dessa for-
18 de outubro de 1889, in Consulta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Justi-
ma, os amos precisavam justificar seu poder real mediante uma exibição de gestos
ça e lmperio, Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-Ri, Serviço Domestico; Pro- benevolentes que mascarassem o conflito fundamental entre amo e criada.
jectos de posturas e pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no (64) Delegacia da Policia da 3: Circumscripção Suburbana, Inquerito sobre
Rio de Janeiro, 1881-1889, Cod. 50-1-43; "Educação da mulher", .4 Mõe de FamJ.-
desaparecimentodeumrecemnascido,ré,EtelvinadeAguia,CampoGrande,1906,
/Í.¢, janeiro de 1881, p.19; Consulta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Jus-
Caixa 741, N. 354, fls. 5, 7.
tiça e lmperio, Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-R], Serviço Domestico; Pro-
jectos de posturas e pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no
Rio de Janeiro, 1881-1889, Cod. 50-1-43; "Serviço domestico", 0 Commemfar!.o,
5. CONTÁGI0 E CONTROLE (pp. L2]-56h
pp.148-51.
(52) Ministerio da Justiça, R€/a/orz.o, 1882, p. 197. (1)RobertConrad,71*desímcf;.o#o/BrazJ./i.¢nsMry,J850-J888(Berkeley:
(53) JC, 4 de julho de 1877, 26 de julho de 1882, 23 de julho de 1884, 2 de UniversityofCaliforniaPress,1972),pp.20-46;Sessãode3deagostode1870,Bra-
julho de 1890. zil,Congresso,CamaradosDeputados,4#ajs,1870,iv,21;Z,e*doBrflsi./,Lei2040,

92 93
28 de setembro de 1871, Art.1, que permitia aos amos a opção de terminar sua res-
i atistica pathologica e mortuaria, Brazil, Ministerio do lmperio, Re/aforz.o,1869, p.
ponsabilidadesobreascriançasescravasquandoestasatingissemaidadedeoitoanos, 2; Annexo E, Relatorio sobre os trabalhos da lnspectoria Geral de Hygiene. Brazil,
embora aparentemente poucos o fizessem.
Ministerio do lmperio, Re/a/or;.o, 1888, p. 11; J. P. Favilla Nunes, E§/afí.sÍ;.c¢ do
(2) Agostinho Marques Perdígão Malheiro, J4 c§cmv/.dôo m Brfl§/./.. em§¢;.o Rlo de Janeiro e serviços concernentes á salubridade publica da cidade do Rio de
Ài.sfór;.co-/.#ríJ!.co-5ocj.a/, 3 partes em 1 vol. (Rio de Janeiro: Typ. Nacional.1866-7),
./aneJ.ro (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885), p. 8. Estatísticas básicas sobre
iii, Tit. i, Cap. vii, pp. 208-10; Joaquím Norberto de Souza Silva, JwesfJ.g¢fõeJ so-
tloenças fatais também podem ser encontradas in: José Pereira Rego, n¢:emorj.a Ái.§-
b+r^e.+o_sjr^e_ce]:s_e]a_T:Tt_:_sdapopul:ç.ãog.e:aideimperioede;;d;'i;;:ó;;;i=;-ã;;;;;i
Iorica das epidemias da febre amarella e cholera-morbo que têm reinado no Brazil
t::t?d?s^_d^esd?_o.st?m_pos:oioniaisatéhojefeiti;semvirtudedo.av;s;-á;i;-der-ri;;_
(Rio de Janeiro: Typ. Nacional,1873); Barbosa e Rezende, Servjços dc §a#de. i, p.
Çoc7eJ870...(RiodeJaneiro:Perseverança,1870),p.166;Brazil,MinisteríodaAgri- 449.
cultura, Comercio e Obras Publicas, Re/afor/.o,1886, p. 34; it)id.,1888, p. 24. Im-
(12) Rio de Janeiro, Commissão do Saneamento, Re/afow.os, pp. 14-43, resu-
postos mais altos cobrados sobre a propriedade de escravos na capital encorajaram ine um relatório anterior, de 1856. Só em 1903 é que os experimentos médicos no
um pouco os donos a vendê-los ou libertá-los, Z,ei.S do Bra5!./, Lei 1507, 26 de setem- Brasil confirmaram a hipótese anterior de que o mosquito Áec7cs era o portador da
bro de 1867, Art. 18. tebre a.maieÀaL. Na.ncy SRpçin. Beginnings of Brazilian science: Oswaldo Cruz, medi-
(3) Supremo Tribunal de Justiça, Habeas Corpus, réu [s/.c], Albano (escravo), ca/ rescarcÁ o#dpo/7.c)J, /890-J920 (Nova York: Science History Publications,1981),
RÍo de Janeiro,1873, ANspT, Maço 1718, N. 2312; /C, 21 de julho de 1851, 7 de agos-
pp. 59, 143.
to de 1872.
(13) Z,ej.s do Brosi./, Decreto 598, 14 de setembro de 1850, criou a Junta Cen-
(4) Cód;.go de PofJ#raJ, /870, Secção Segunda, Policia, Tít. vii, par. 5-6. tral de Hygiene Pública a fim de aconselhar o governo sobre as medidas necessárias
(5) Pedro João Mauger, casa n9 29A 1, rua Retiro Saudoso,14? quarteirão, para melhorar a saúde pública; Barbosa e Rezende, Serví.Ço§ de s¢wde, i, pp. 61-3,
Arrolamento sc,1870; Regístro de Casamento, 1876, Registros da Paróquia de Santa 66. Ver também Santos, CAorograpAJ.¢, p.166, para uma útil listagem das principais
Rita, Rio de Janeíro, Liv. 7, fl.114v; Z,eJf do Br4JJ./, Leí 1695,15 de setembro de instituições de saúde pública e suas datas de fundação; Geraldo F. Sampaio, ``Sa-
1869, Art. 2. neamento das cidades brasileiras" , in Leonildo Ribeiro, organizador, Medi.cJ.#cÍ Mo
(6) Francisco Luíz da Gama Roza, frygJ.em do cas¢memJo (Rio de Janeiro: Leu- Bra§J./ (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1940), pp. 191-2, descreve brevemente
z:In?:_e:='.:J:P,_p:_8']i:_:|o_¥,rpo+Pisse.;taçfoso_breah;ii:ri.::;iiüzvàs-ã=e as primeiras invenções inglesas no campo dos esgotos que seriam adotadas mais tar-
c¢#£am #m¢ mó ¢/Í.mew/açôo (Rio de Janeiro: Popular, 1880), p. 7; Thiago Jose dos de no Brasil. Para comparar Rio e São Paulo, ver John Allen Blount, "The public
Passos, casa ng 102, rua de São Luiz Gonzaga, 99 quarteirão, e Guilhermina Pereira health movement in São Paulo, Brazil: a history of the sanitary service, 1892-1918"
Dias da Silva, casa n9 8D, rua São Januario, 89 quarteirão, Arrolamento sc, 1870. (tese de doutoramento, Tulane University, 1971).
(7) AGc-Rt, Africanos livres ao ganho,1855-1880, Cod. 39-1-30, fls. 6,11; AGc- (14) Edital, 24 de março de 1863, Códi.go dc Po§Íwras, /870, p.114; Z,eí.s do
R], Ganhadores livres, 1837-1873, Cod. 44-1-27, fl. 15; /C, 5 de julho de 1884. Brfl§;./, Decreto 1929, 16 de abril de 1857.
t~&>]:ons3é_P]=r*a_Pegp,Fsgo.çghEt_o_r_ícodasepíàemíàsq;e.t_;;g;ã;;ó;.na (15) Nunes, Esía/J.sÍJ.ca, p. 5; jievJ.sf¢ J/w§fr¢d¢, 1, 10 (4 de março de 1876),
C:dna?emdo€.RDi.o._d:=:_a_ne^ir_o__d_e.:díe_!:30a`i87^o("iod_e_-ianá"é.:+;;.-*;ú:"~::;V&]'õ, 4? capa.
pp.170-5;FranciscoAgenordeNoronhaSantos,C*orogr¢pÁJ.¢doO!.5fr!.cft)Federa/ (16) Rio de Janeiro, Commissão de Melhoramentos, Prí'mei.ro re/afor7.o da Com-
t`cÉ:aqe"d.oof:o|d_eTJ_a_n_s:r_o,,_3_?_ed:(PloFe_lanerioiBeú&Éi;-ài-iiiii:,';,-.,vgii,;-Éup.. missão de Melhoramentos da cidade do Rio de Janeiro , 2 voÀs. em 1 (Ttiio de la,néiiro..
162, 164; Rio de Janeiro, Commissão do Saneamento, Jie/¢/ori.os arpresew/ardos ao Typ. Nacional, 1875-6); Torquato Xavier Monteiro Tapajós ,... Esíwdos de Ayg!.e,ie,.
E.x_m_._5:_,P_r_:_pr_e!:_ito_¥urici_pa|.pe|o:Drs..Manoe,íi;-t;;i-n;-ie-rre;,-;:'i;;;;:ii*;é a cidade do Rio de Janeíro; primeira parte.. terras, aguas e ares; idéias finaes (Ê{io
de Janeiro: Imprensa Nacíonal,1895), p. 233. Quanto a bueiros entupidos como uma
qa_c_o_p_:_is`s+ão,.eNrn.o^g=`Andra_d_e._reiatorem3ideago:tái;-iirió(üi-:dr:;:=¢;:oç..
ImprensaNacional,1896),pp.6-7;DonaldCooper,"OswaldoCruzandtheimpact das causas da febre amarela, ver a discussão sobre o período de 1860-4, in Portugal,
oFt_y_:T:r:?ve=_::_B_raziI_&=_+story,.,_,|_heBu"átin`oftheTüi;n:-ó;i-v-;r_si-;;iÃ:ã;:;| Prímeiro annuario de estatistica, p.16.
Farczf/fj/, 26 aebruary 1967), pp. 49-52. (1]) Rego, Esboço, p. l]S., ]osê Pereiia Rego. Apontamentos sobre a mortali-
(9)PlacidoBarbosaeCassioBarbosadeRezende.Os5e"/.Çosde£awdep#Ó/Í.- dade da cidade do Rio de Janeiro particularmente das crianças e sobre o movimento
cTa-::._B_r.aTS±_e_S_P_e_C_ia`|`r:nte:a-c_ig_a_dedoR_ipdeJaneiro..,808-,;ói:i;-óis;-(#:'áe de sua população no primeiro quatriennio depois do recenseamento feito em 1872
Janeiro: Imprensa Nacional, 1909), i, p. 79; "Report of the cholera", 15 0ctober (Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1878), p. 59n.
1855, Great Britain, Foreign Office, Fo 13/331,198v, citado in Donald Cooper, "The (18) Tapajós, Esfwdos de Ã}Ígi.c#€, pp. 46, 235; Rio de Janeiro, Commissão
`newblackdeath':cholerainBrazil,1855-1856'',Soc7.WScÍ.e#cej7}.s/orjJ,100Vinter do Saneamento, j?e/aforj.os, pp. 29, 73; José Ricardo Pires de Almeida, Informa-
1896), pp. 480, 479-81. Ções... Junta Central de Hygiene Pública...1879, AGc-R}, Relatorios sobre assump-
tos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 16; José Felíx da Cunha Menezes, H}igje#c re/¢Íi.w
(10) Santos, C¢orogr¢pÃ;.a, pp. 162-3; Rego, Es'ÓoÇo, p. 170.
ao s¢#ecíme#Ío da ci.darcJe do R;.o de J¢#ci.ro (Rio de Janeiro: Villeneuve, 1890).
(11) Aureliano Goriçalves de Souza Portugal, Pr;.meí.m aH##ar;.o cJe es'fafj.Sri-ca
d_?^m_o_?r?g42.-sa_n_ita,r,ia_d_ac_,!da_d_eqe_Ri_o_deJadeirà(R:iod:i;íi;r-í|=p=ãi:;*:_ (19) Consulta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Justiça e lmperio,
Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-Ri, Serviço Domestico; Projectos de pos-
cional,1890), pp. 66, 78, 82, 88,157; ``Mappa 1: Mappa da mortalidade do Río de
turas e pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janei-
Janeiroduranteoanode1868",inAnnexoF:Oficíodomedicoencarregadodaes-
ro, 1881-1889, Cod. 50-1-43.

J94 9j
(20) Brazil, Ministerio da Justiça, Rc/¢for/.o, 1882, pp. 195-6. Foíogra/!.e£¢Íei.#amer;.kavo#J860b;.sAewfe,KonzeptundRealisationvonAusstel-
(21) Consulta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Justiça e lmperio, lung und Katalog, Erika Billeter, und Übersetzung der spanischen Texte, Bert Som-
Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-R], Serviço Domestico; Projectos de pos-
mer, Kunsthaus Zurich, 20 de agosto-15 de novembro de 1981 (Berna: Benteli,1981),
turas e pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janei-
P.49.(3o)EmsãoCristóvãoemi870,55qodas106lavadeirasquelevavamVidain-
ro, 1881-1889, Cod. 50-1-43.
(22_)IoséModestodeSouza]uníor,Doregimenalimentardosrecemnoscidos... dependente residiam em quartos alugados em cortiços. Arrolamento sc, 1870.
(Rio de Janeiro: Imprensa Gutenberg,1895), p. 44; 4 Mõe cJe Fami./z.a, maio de 1879,
(31) Antonio Martins de Azevedo Pimentel, S%bs!.d!.ospam o csf#do d¢ A);gi.e-
p. 73.
ne do R!.o de Ja#€!.ro (Rio de Janeiro: Gaspar da Silva,1890), p.193; Rio de Janeiro,
(23) Projecto de postura sobre a locação de serviços domesticos no Municipio ire£e;ituríLdoDLstritóFederíL\,AlbumdacidadedoRíodeJaneiro...`orqmep.ora±ivo
-i;primeirocentenariodaindependenciadoBrasil,_18_2?-1?22.("pde.]&néiio^.._=_?r_-
Neutro, Camara Municipal para Ministerio do lmperio, 29 de agosto de 1885, AGc-
R], Serviço Domestico; Projectos de posturas e pareceres do Conselho d'Estado so-
lo Witte,1922), s. p.; e Luiz Edmundo da Costa, 0 jzí.o de Jamez.ro do me# Í€mpo,
bre o serviço domestico no Rio de Janeiro, 1881-1889, Cod. 50-1-43; "A educação
3 vols. (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938), iii, p. 859, contêm fotografias
da mulher", 4 n4:Õe cJe Fomi./!.a. janeiro de 1881, pp. 19, 32.
de roupa a secar em pátios dos cortiços; Edital,17 de abril de 1866, Cód!.go de Pos-
(24) Brazil, Ministerio da Justiça, Re/a/or/.o, 1882, p. 197. /wrflLs, J870; fragmento de uma carta, Sala das Sessões [Câmara Municipal?|, Rio
(25) Evaristo de Moraes para lntendencia Municipal, Rio de Janeiro, 19 de de Janeiro, 16 de maio de 1865, AGc-Rj, Documentação Avulsa, Lavanderias,
março de 1892, AGc-Ri, Serviço Domestico; Propostas ,... 1884-1906, Cod. 48-4-56,
1863-1893, Cod. 45-4-34.
fl. 18.
(32) Commissão Sanitaria da Gloria para Junta Central de Hygiene Pública,
(26) Brazil, Ministerio da Justiça, Re/aforj.o,1882, p.197. Esse ponto de vista
Rio de Janeiro, 8 de maio de 1880, AGc-Ri, Salubridade do Rio de Janeiro e com-
era também expresso por aqueles que apoiavam as proteções governamentais à in-
missões sanitarias, freguezias de Gloria, Lagôa e Gavea,1864-1899, Cod. 8-4-25, fl.
dústria. Eles argumentavam que o trabalho industrial iria "moralizar' ' os brasileiros
6; Proposta ao Prefeito do Districto Federal, Rio de Janeiro, 12 de julho de 1893,
e erradicar a presença de vagabundos indolentes: "Nas fabricas, que são em minia-
AGc-Ri, Documentação Avulsa, Lavanderias, 1863-1893.
turaarepresentaçãodoEstado,ooperarioestásujeitoaumadisciplinarigorosaque
(33) Francisco Soares de Andrea para [?], Rio de Janeiro,19 de agosto de 1872,
vai inoculando em seu espiríto respeito aos superiores. [...] Educado nesses princi-
AGc-R], Documentação Avulsa, Lavanderias, 1863-1893, Cod. 45-4-34; Projecto de
pios, o operario transmite-os a seus filhos, implanta no seio da familia a mesma or-
dem e regularidade que aprendeu na officina [...] [0] cidadão respeita a§ autorida- postura sobre lavagem de roupa, Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1881, aprovado
em 19 de dezembro de 1881, AGc-Ri, Lavagem de roupa; cópia do projecto de pos-
des constituidas como [o] operario respeita o patrão. [. . .] Cidadãos educados no res-
tura,1881, Cod. 46-1-1; Júlia Lopes de Almeida, |!.vro das no!.v¢s (Rio de Janeiro:
peito e obediência aos superiores. [...] [não] perturbam a ordem publica". Associa-
Typ. da Companhia Nacional,1896), p. 20; R!.o New5, 24 de outubro de 1881, p.
çãolndustrial,RiodeJaneiro,0Íroóa/Áo#ac;.o#ar/ese%sacJversa'rf.os(RiodeJanei-
2; Edital, 28 de julho de 1891, Art. 2, Códj.go de Posíwr¢s, J894, pp. 320-1.
ro: Leuzinger, 1881), pp. 165-6.
(34) Relatório sem título sobre saúde pública, c. 1893, AGc-Ri, Relatorios so-
(27) Fiscal da Freguezia de Santa Rita para a Camara Muricipal, Rio de Ja-
bre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 107; Rego, Apo#rame#fos, p. 34; José
neiro,1? de agosto de 1855, AGc-Ri, Habitações collectivas, estalagens, ou cortiços,
JaymedeAlmeidaPires,Nwfri.zffmerce#ari.a5especi.a/menfe#oBrflsj./0üterói:Ame-
1855, 1864-1866, 1868, Cod. 44-2-7, fl. 1; Rego, .4ponfame#JoS, pp. 22, 71.
rino, 1906), p. 32.
(28) Sociedade de Hygiene do Brasil, J3e/¢/orz.o ¢prese#fcrdo #a se§s'Õo 4r##Í.-
vne::|a_ri: -|: 23,_d.e jynpo |P93 pe,o s_ecretario gera, inte;ino Dr. Car,os Auri;;_ó--àe (35) JC, 2 de julho de 1890, 28 de agosto de 1872; Candida Maria da Silva,
casa n9 8F, rua de São Januario, 8? quarteirão, Arrolamento sc, 1870; Peçanha da
Br!.fo e S;./w (Rio de Janeiro: Barreiros, 1893), p. 10; Relatorio do Chefe de Policía
Silva, "Memoria ou observações... sobre a amamentação e as amas de leite", A#-
da Côrte, in Annexo 8, Relatorios de Diversas Autoridades, Brazil, Ministerio da
#¢es Bmzi.J!.e#5'es de Medi.c!.na, 21 (1869), p. 256; José Jayme de Almeida Pires, 4ma5
]ustíça„ Relatorio,1867, p. SS.
d€ /ei.¢ (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional. 1909), p. 7; 4 Mõe de Fam!./i.¢, junho
(29) Rio de Janeiro, Commissão do Saneamento, Re/¢/orf.os, p. 38; Everardo
de 1879, p. 82.
Backheuser, "Onde moram os pobres", Re#asceHça, 2, 13 (março de 1905), p. 89.
Os imigrantes, como grupo facilmente identificável, também recebiam uma pecha (36) José Pereira Rego, barão do Lavradio, discurso para a Academia Brasi-
leira de Medicina, 1873, citado in Arthur Moncorvo Filho, H!.síorj.co do profecçõo
de reprovação. De acordo com um relato, os mais de quatrocentos alemães na fre-
-6;-:ió:-ói."eresari.MCBriàe,Thedomesticrevglutiep:t.he.ri?derni.z€tjo.nof.P.o:
à !.#/o#ci.a no Bms!./, J500-J922 (Rio de Janeiro: Paulo, Pongetti e Cia.,1926), pp.
guesia da Glória moravam em "[...] pessimas accomodações em um grande cortiço
vsé'hãiàáeÀ;ceinEng,andandFrance,,820-,920o`ovaYork.:H?hmes&Mdwer,`19]6',_
[. . .] verdadeiro fóco de miasmas |. . .] [e] doenças perniciosas". Infectados com a fe-
bre amarela, representavam um perigo público; Companhia Praça da Glória para
a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1878, AGc-Ri, Mercado da p. 26, descreve uma preocupação análoga na França e na lnglaterra com relação a
confiar as crianças a amas-de-leite que podiam transmitir tuberculose e sífilis.
Gloria,1844-1904, Cod. 61-12-4, fl. 31; Fiscal da Gloria para a Camara Municipal,
Rio de Janeiro, 17 de abril de 1874, AGc-Ri, Mercado da Gloria, 1844-1904, Cod. (37)Estudosmédicosdemonstraramque,umavezrecebidosdasamas-de-leite,
os "germes da doença permanecem, como se incubados no organismo, para desen-
61-2-4, fl. 23; Augusto Stahl, fotógrafo, retrata a praça principal da Glória em 1865
volverem-se depois de muitos anos" . Peçanha da Silva, "Memoria ou observações. ..
e o grande edifício quadrado do mercado que foi transformado em cortiço, in
sobre a amamentação e as amas de leite", p. 253.

196 197
Í Mappa [São José], AGc-RT, Habitações collectivas; Notas estatisticas,1?-10 de setem-
(.38) .]oão BíLp.tista A. lmben, Guia médico das mães de familia, ou a inf iancia
considf:a.9pnasuphygiene.suasmolestiasetratamentosQiodelímeiHio..Typ:Fran- bro de 1895, Cod. 44-2-10, fl.1 ; Presidente, Comissão Sanitaria... Santo Antonio,
ceza, 1843), pp. 51-2; Eboli, Z)!.5{Úerf¢ÇÔo, pp. 6-7; Carlos Vasconcellos, "Amas de para o Presidente da Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de de-
leite", jteyJ.§Ía de H);gJ.e#e, i, 2 ¢unho de 1886), pp. 60, 63. r,cmbro de 1879, AGc-Rj, Relatorios sobre assum.ptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fls.
(39) Vasconcellos, "Amas de leite'', p. 59; discurso de Rego, 1873, citado in 30-31; Pimentel, Sz/bsz'd/.os, p. 186.
Moncorvo Filho, ZIÁr/or;.co, p. 69; Antonio Nunes de Gouvêa Portugal, J#/#e#cJ.a (47) "Mappa 7: Mappa demonstrativo do numero de cortiços e moradores dos
da cdwcflrçôo pÃ}J§j.m c7o Áomcm... (Rio de Janeiro: Laemmert,1853), p.18; Maria iiiesmos, existentes nas freguezias da Côrte", in Relatorio do Chefe de Policia da
Côrte, Annexo 8, Relatorios de Diversas Autoridades, Brazil, Ministerio da Justiça,
çr.:±ar: _J_ou!p?l_ of a voyage to Brazjl and residence there, during pari of the years
/82J, J&22, J823 (1824; i.eimpr. Nova York: Praeger, 1969), p. 273. Re/¢Íorí.o, 1867, p. 69: Pimentel, Sa(Z)s;.dí.os, pp. 187-8.
(40) "Palestra do medico sobre amas de leite'', Á n4ãe de Fami./;.o, julho de (48) Presidente, Conrissão Sanitaria. . . Santo Antonio, para o presidente da Junta
1879, p. 89; relatório sem título sobre amas-de-leite, c. 1893, AGc-Ri, Relatorios m Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc-R], Rela-
bre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 107; Rego, discuso,1873, citado in Mon- torios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 49; Comissão Sanitaria de San-
corvo Filho, Hi.s'forf.co, p. 69. ta Anna, 6 de fevereiro de 1880, AGc-R], Habitações collectivas, estalagens ou corti-
(41) Presídente, Comissão Sanitaria... Santo Antonío, para o Presidente da ços,1875-1881,1883-1885, Cod. 44-2-8, fl.105; Luiz Raphael Vieira Souto e Anto-
Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc- nio Domingues dos Santos Silva, Memorial, Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 1885,
R], Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fls. 29v-3l; Junta Central ^Gc-R], Casas para operarios e classes pobres, 1885, Cod. 46-4-56.
de Hygiene Pública para Camara Municipal, Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1875, (49) Junta Central de Hygiene Pública para a Camara Municipal, Rio de Ja-
AGc-R], Estalagens e cortiços; Requerimentos e outros papeis relativos á existencia neiro, 6 de março de 1874, AGc-R], Febre amarella, medidas hygienicas, 1873-1874,
e á fiscalização sanitaria e de costumes dessas habitações collectivas,1834-1880, Cod. Cod. 43-3-28; Jorge Mirandola Filho, Parecer aprovado pela Junta Central de Hygiene
43-1-25, fl. 51. Pública, Rio de Janeiro, 2 de maio de 1883, AGc-R], Casas para operarios e classes
(42) Tomei emprestada a frase de Emmanuel Le Roy Ladurie, Mo#Ía!.//ow.. ÍÃe pobres, Cod. 46-4-48; Reví.sía J/wsfr¢do, i, 5 (29 de janeiro de 1876), pp. 3, 8. Para
prom!.§gd /¢#d o/crror, trad. Barbara Bray OVova York: G. Braziller, 1978), p. 221, cxemplos, ver: Comissão Sanitaria de Santo Antonio para a Junta Central de Hygie-
que atribui o medo do contágio em Montaillou à onda de pragas após 1348. ne Pública, Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1880, AGc-R], Estalagens e cortiços, Re-
(43) Presidente, Comissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da querimentos e outros papeis relativos á existencia e á fiscalização sanitaria e de cos-
Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc- tumes dessas habitações collectivas,1834-1880, Cod. 43-1-25, fl. 90; Commissão Sa-
Ri, Relatoríos sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fls. 30, 28, 56. Para esti- nitaria de São Cristovão, Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1880, AGc-RT, Salubrida-
mativas da cidade inteira, ver: "Mappa 7: Mappa demonstrativo do numero de cor- de do Rio de Janeiro e commissões sanitarhs...1865-1900, fls. 27-9; cartas da Santa
tiços e moradores dos mesmo§, existentes nas freguezias da Côrte'', in Relatorio do Casa, inspetores de freguezia, policia e da Junta Central de Hygiene Pública para
Chefe de Policia da Côrte, Annexo 8, Relatorios de Diversas Autoridades, in Brazil, a Camara Municipal, notificando-lhe as mortes por febre amarella, janeiro-março
Ministerio da Justiça, Jie/aíorf.o, 1867, p. 69; Pimentel, Swbsj.cJj.oS, pp. 187-8. Por- de 1880, AGc-Rj, Febre amarella; Varios papeis sobre providencias adoptadas con-
que os números do censo não correspondem exatamente aos anos em que foram con- tra a epidemia da febre amarella e meios prophylacticos, 1873-1881, Cod. 43-3-29.
tados os cortiços, deduzi as porcentagens usando a seguinte base de números ou esti- (50) Secretaria de Policia da Côrte para a Junta Central de Hygiene Pública,
mativas de população: "N.1: Mappa da população do Municipio da Côrte, no mez Rio de Janeiro, 3 de março de 1880, AGc-R], Estalagens e cortiços; Requerimentos
de abril de 1870", in Jte/a/orJ.o,1870, s. p.; ReceM§e4me#Ío, /87?`, Municipio Neu- e outros papeis relativos á existencia e á fiscalização sanitaria e de costumes dessas
tro, pp. 1-33; J. P. Favílla Nunes, "A população do Municipio Neutro", RcvJ.sía habitações collectivas, estalagens, ou cortiços,1875-1881,1883-1885, Cod. 44-2-8,
da Soci.edade de GeograpÃÍ.a, 1886, pp. 27-9; Brazil, Directoria Geral de Estatística, fl. 1; ibid., 1890, 1892, 1893, Cod. 44-2-9.
R_ecenseamentogeraldaRepúblicadosEstadosunidosdoBrazilern3ldedezembró (51) Jteví.§f¢ J//wsfr¢da, 1, 12 (18 de março de 1876), 4i capa; Luiz da Silva
Brandão, Oficio do medico encarregado da estatistica pathologica e mortuaria, An-
qe^^1.8`90.. Dpt.r!ct_o Federal (cidade do Rio de Janeiro) (Río de ]a,n¢ho.. Le"ringei,
1895), pp. 424-5. nexo F, in Brazil, Ministerio do lmperio, Re/afo#.o, 1869, p. 2; Manoel Thomaz Coelho
(44) Pimentel, SwZ}§;.dJ.oS, pp. 187-8; Ministerio da Justiça, Rc/a/or;.o, 1867, para a Secretaria de Policia da Côrte, Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1868, AGc-
p. 69. Ri, Habitações collectivas, estalagens, ou cortiços, 1855, 1864-1866, 1868, Cod.
(45) Presidente, Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da 44-2-7, fls. 15-16; Luiz Raphael Vieira Souto e Antonio Domingues dos Santos Sil-
Junta Central de Hygiene Públíca, Rio de Janeiro, 23 de dezembro de 1879, AGc- va, Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 1885, AGc-Ri, Casas para operarios e classes po-
RJ, Relatorios sobre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 49; Fiscal de Santo An- bres, 1885, Cod. 46-4-56.
tonio para a Camara Municipal, Rio de Janeíro, AGc-RJ, Estalagens e cortiços; Re- (52) A noção de fiador era largamente utilizada; a expressão precisa utilizada
querimentos e outros papeis relatívos á existencia e á fiscalização sanitaria e de cos- aqui para expressar aquela noção vem do Cód!.go de Posfwr¢s, J870, Secção Segun-
tumes dessas habitações collectivas, 1834-1880, Cod. 43-1-25, fl. 88v. da, Policia, Tit. ix, par. 16. 0 estratagema de um contrato legal não era exatamen-
(46) Relação das casas de commodos e estalagem, Rio de Janeiro, 1896, AGc- te inovador. Os patrões que procuravam assegurar a ordem em tempos novos e pro-
R], Documentação Avulsa; Habitações collectivas, 1901-1906, Cod. 44-2-11; blemáticos voltavam-se para as velhas soluções. A lei portuguesa. que havia sido

98 99
'
aplicada para contratar e despedir a mãodeLobra agrícola, inspirou as propoBtas quE (61) Moncorvo Filho, H !ormo, pp.109-11; ver .4 Mõe de Fami./!.a, março,
iriam regular o trabalho doméstico urbano . Até mesmo os termos precisos que fixa- maio e novembro de 1879; 0 Qwi.Hze cJe Novemõro do Sem Femí.ü/.no. Rio de Janei-
vain as extensas responsabilidades das criadas ou as limitadas responsabiljdades dos ro, 3Ú, n?9 5-7, 9,12 (agosto de 1892-março de 1896). A lei portuguesa instruía que
patrões eram modificações das tradições feudais portugiiesas. Ver Co'di.go Pftí./i.pp/.- as mulheres eram obrigadas a tomr conta do filho e educá-lo, incluindo amamentá-
7zo, J870, Liv. 4, Tit. xx]x-xxxv. especialmente xxxi. No Bra§il, tanto a instituição lo,atéaidadedetrêsanos,emboraosbrasileiro6entendessemqueaobrigaçãovígia
da escravidão quanto as formas de controle ai)ós a aboüção derivaram, ao menos somente no prmeiro ano de vida da criaTiça. Algumas mulheres eram isenta§ de ama-
até certo ponto, da lei portuguesa medieval, fornecendo continuidade à transição da mentar: as que eram muito doentes ou fracas ou aB que não tinham leite suficiente,
escravidão para a sociedade pósúbolição. Os patrões brasileiios do século xix não mulheres da aristocracia; e mulheres tão pobres que precisavam trabalhai para manter-
foram os únicos que propuseram essas soluções. Ver MCBride, 77ig dome5Íí.c rgvo/w- se. C.ódi.go PÁí./í.pp;no. J870, Liv. 4, Tit. xcix, par. 1, p. 986n. Ênfase parecida na
Íjon, p. 22, em que a autora se refere a um ` `sistema de licenças de trabalho' ' e "es- aLmamentação de preferência a usar ams-de-leite alugadas ocorreu na França e na
quemas posteriores de agências de emprego" no fim do século xix na França. lnglaterra no século xviH e no xix, mas por razões diferent€5. Ver Lawrence Stone,
(53) Para exemplos, ver ACK`-R], Serviço Domestico; Propo§tas... 1884-1906, iie family, sex and mari.iage in Erigland, 1500-1800 CLor`+es.. WeLdcrL:éLd.:m^à.N1-
Cod. 48456; e Aü=-Rj, Serviço Domestico; Projectos de posturas„.1884,1885,1888, colson. 1977), pp. 426-32; Edward Shorter, 7l#e maAmg o/f*c modgrn/omJ-/}J 01ova
1891 e 1896, Cod. 50-1-47. York: Basic Books. 1975), pp. 191-9.
(54) Regu]amentação proposta adotada, Camara Municipal, Rio de Janeiro, (62) Ru Barbosa para Maria Luiza Vianna Ferreira Bandeira, Rio de Janeiro,
22 de novembro de 1888, e remeúdo para o Ministerio do lmperio,17 de dezembro 25 de junho de 1880, Casa de Rui Barbosa, sem número; Augusto José Pereira das
de 1888, AGc-Ri, Serviços Domesticos„. Cod. 50-1-45, fls. 2, 3; Jeronymo de Assis Neves, Meu nascimento e factos mais notavcis da minha vida [1835-1909], Ms, em
Pinto Freitas e Companhia para a Camara Municipal, Rio de Janciro, 29 de agosto pos§e de Guilherme Paulo Castagnoli Pereíra das Neves, Rio de Jaiieiro, fl. 139.
de 1887, AGc-Rj, Documentação Avulsa: Serviço Domestico, 1882-1904; Serrarias, (63) Tentaüvas de remover ou sanear os cortiços, e os comentários públicos
1875-1911, Cod. 50-l-4i; Projecto à Camara Municipal, 29 de agosto de 1885, AGc- que essas tentativas ocasionaram. cstão exeinplificadas nos textos seguintes: Projec-
R], Serviço Domestico; Projectos de posturas...1884,1885,1888,1891 e 1896, Cod. to de Posturas sobre cortiços, aceito em setembro de 1881 pela Cainara Municipal,
50-147, fl. 3. Rio de Janeiro, AGc-R], Habitações collectivas, e§talagens ou cortiços, 1875-1881,
(55) Brazil, Ministerio da Justiça, Ji€/aíorí.o,1882, p. 197; Consulta. Conse- 1883-1885 , Cod. 44-2-8, fls. 52-54v; R!o News. 24 de dezembro de 1879, p. 2; Gazem
lho de Estado, Sessões Reunidas de Justiça c lmperio, Rio de Janeiro, 5 de agosto de jvoíi.ci.as, 9 de janeiro de 1884, p. 2; Convocações da Comissão Vaccinicosanitana
de 1889, AGc-RT, Serviço Domestico; Projectos de posturas e pareceres do Consglho da Gloiia, Rio de Janeiro, 8 de outubro de 1885, AGc-R], Comissão Vacina da Glo-
d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janeiro, 1881-1889, Cod. 50-143. ria,1884, Cod. 8-3-19; AGc-R], Habitações collectivas,1906; papeis, plantas... Morro
(5® Rego, discurso, 1873, citado in Moncorvo Filho, Í7ísíorí.fo, i)p. 68-70; sobre do Castello, Cod. 44-2-12, fls. 8-14. Pedidos i)ara consertos, limpeza, modificações
a instalação da primeira Çlínica, pp. 88-9; Pire§, 4múü dc /ez.Í€, p. 1 ; Carlos Arthur ou demolição aparecem em AGc-Ri, Habitações collec vas, estalagens, ou cortiços,
Moncorvo de Figueiredo, "Projecto de regulamento das amas de leite' ', GczÕ€fa Mc- 1875-1881,1883-1885, Cod. 44-2-8; ibid.,1890,1892,1893, Cod. 44-2-9; Estalagens
dica da Bahia, 1876. pp. 498-504. c cortiços; Requerimentos e outros papeis relativos á existencia e á fiscalização sani-
(57) Relatado in A j`4Õe dc Fcrm./í.cí, janeiro de 1880, pp. 2-3. taria e de costumes dessas habitações collectivas,1834-1880, Cod. 43-1-25, especial-
(58) José Guilherme Lisboa para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 30 de mente fls. 25-121.
abril de 1885, AGc-Rj, Docuinentação Avulsa,1885-1912; Instituto de amas de leite, (64) Gflzem da raide,16 de fcvereiro de ls84, p. i; 20 de fevereiro de 1884,
1885, Cod. 44-2-60; Francisco Rebello de Carvalho para a Camara Municipal, Rio p.1;CommissãoSanitariadeSantaAnnaparaaJuntaCentraldeHygienePública,
de Janeiro, 31 de julho de 1884, AGc-RT, Instituto municipal de amas de ]eite, Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 1880, AGc-R], Estalagens e cortiços; Requerimentos
1884-1885, Cod. 41-140, fls. 3-5; Rio de Janeiro, Camara Municipal, Sessão de 17 e outros papeis relativos á existencia e á fiscalização sanítaria e de costumes de§sas
de julho de 1884, Í}o/cÍÍ'm,1884, p.19; ibid., Sessão de 19 de agosto de 1884, Bo/c- habitações collecüvas. 1834-1880, Cod. 43-1-25, fls. 99-99v; G¢zefa dc NoÍJ'cffls, 7
Íi'm, 1884, p. 60; AGc-R]. Projecto de organização do pcssoal medico da Camara Mu- -dás;rLckier;riacedo.BarataRibeiro,administraçãodopTim~eiro.prep:tL:±::
de janeiio de 1884, i). 2.
nicjpal; exame de carncs-verdes, estabulos de vaccas e serviço de amas de leite, 1884,
Cod. 48-4-3. DÍ.s#~ Fedem/ (Rio de Janeiro: Departamento Admmistratívo do Serviço Público,
(59) Pires, 4mas de /e/./e, pp. 7-10; Arthur Moncorvo Filho, Dfl fl5sísÍ€Hc;apw- 1955), pp. 20-9; idem, E/cmérí-de5 carí.ocas (Rio dc Janeiro: Companhia Brasileira
blíca no Rio de Janeiro e porticularmenie da.assistericia á inj:ancia.. . (RJ\o de [ameÀ- de Artes Giáficas, 1943), pp. 25-6; Acc-Ri, Cortiços e estalagens; i)apeis relativos a
ro: Imprensa Nacional, 1907), p. 22: João Branho Muniz para o Conselho da lnten- demoliçãodecortiçoseestalagensexistemesnoRiodeJaneiro,1892-1899,Cod.4145;
dencia da Capital Federal. Rio de Janeiro [c. 1892], AGc-Ri, Documentação Avulsa; ``A cidade do Rio de Janciio nos meados do século xix, baseada iia Planta Gamier,
Serviço domestico,1882-1904; Serrarias,1875-1911, Cod. 50-1-41. 1852",inEduardoCambiavaBarreiros,Af/asdaevo/wÇÕo#roawadacidadedojIJo
(60) Imbert, Gw/.a iwedí'co. pp. 49-50; J. A. C. Nabuoo de Araújo, citado in dg Jame!ro,. en§ai.o, Jj65-J965 (Rio de Janeiro: Insütuto Histórico e Geográfico Bra-
Moncorvo Filho, Hi.ir/orí.co, p. 60; Rego, discurso,1873, citado in Moncorvo-Filho, sileiro,1965). prancha 16, p. 21; JC, 27 de janeiro de 1893, p. 1; jiJ.o News, 31 de
H:j§Íon-co. p. 68; Nicolao Joaquim Moreira, ` `Duas palavras sobre a educação moral ianeiro de 1893, p. 4; 0 prefeito inspirou uma musiquinha que brincava com seu
da mulher ,... ", 4##4cs ,Brflzi.//enses de Mcdi.ci.#a, 20 (1868), p. 103. nome, baraía, e uma revista publicou na capa uma enome cabeça de porco em

200 20,
uma travessa, com uma lágrim nos olhos e um barata feia e gorda m testa; jievü-
ta lllustrada,18, 656 (1893). p. \. (74) Sccretaria de Policia da Capital Federal para o Presidente da lntendencia
Municipal, Rio de-Janeiro, 7 de mio de 1891, AGc.R], I)ocumentação Avulsa, Scr-
(66) Fernmdo Francisoo da Costa Ferraz, `'A 9alubridade da Cai)ital do lm-
viço Domestico,1882-1904; SeiTarias,1875-1911, Cod. 50-1-41.
perio e os coitiços' ', .4ünacg iBrúzi./fcmes de Á4ri/cjna, 35 (1884), i]p. 445 , 451, 458,
(75) Quanto à regulamentação de 1896, ver Rio de Jmeiro, Intendencia Muni-
464-5.
cipal da Chpital Federal, Sessão de 15 de junho de 1896, iBo/€/Í.m. abril a setembro
(67) Presidente. Commissão Sanitaria... Santo Antonio, para o Presidente da de 1896, p. 38; ibid., Sessão de 24 de outubro de 1896, Decreto 45, 24 de outubro
Junta Central de Hygiene Pública, Rio de Janeiro. 23 dc dczembro de 1879, AGc-
de 1896, Í}o/cfí.m, outubro a dezembro de 1896, p. 15; Regulamento para o serviço
R]. Relatorios §ot]re assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fl. 31; Rio de Janciro,
domestico no Districto Federal, Decreto 284, 15 dc junho de 1896, AGc-R]. Docu-
Commissão do Saneamento, jic/aíor;os, p. 10; Ferraz, "A salubridade", p. 446.
mcntação Avulsa, Serviço I)omesüco,1882-1904; Serranas,1875-1911, Cod. 50-1-41;
(68) Sérgio Buarque de Holanda, ed. , HÜíórJ.¢ gerfl/ da c!.v;/jzú!ÇÕo órflisí./e/.ra, João Branho Muniz para o Presidente da lntendencia da Capital Federal, Rio de Ja-
tomo n; 0 ,Brffi./ moHárgwí.co, vol. m; jigações e Íra"t7£Õ€s, 29 ed. (São Paulo: Di- neiro, 30 de janeiro de 1903, AGc-Rj, Documentação Avulsa, Serviço Domestico,
fusão Européia do Livro,1969), pp.15-6, 23, 53; ibid„ vol. v; Oo i.mpér/o ô rcpü'- 1882-1904; SeiTaria8,1875-1911, Cod. 50-1-41. A lei subseqüente especificava os ter-
b//.ca (São Paulo: Djfusão Européia do Livro,1972), p.151 ; ver também a fotogra- mos contratuais para emi.regar criadas: Ci.v;/ codc, /9/6, Book iii, Tit. v, cap. iv,
fia de cariocas que desembarcam da bal§a paia pegar o trem no fudo da baía, onde Sec. ii, art.1216-1236; Z,eíg do Brasi./, Decreto 16107, 30 de julho de 1923, e Decre-
começava a subida para Pctrópolis, in NOFw õóc#/o, /900-/9/0, i, pp. 30-1; JC,1? to 3078, 27 de fevcreiro de 1941. As duas últimas leis continuaram sem vigorar, e
de janeiro de 1896. p. 15, trazia, por exemplo, um anúncio para govemanta que acom- a lei de 1941 foi revogada dois anos depois; ver Emilio Gonçalves, Empregacíos do-
panhasse fàmflia a Petrópolis no verão. mé§Íi.co§.. dowírJ.na, Jegíg/flfõo e/wrí5p"dé#ci.a (São Paulo: Edições LTr. , 1973) , pp.
(69) Propostas para a Camara Municipal, Rio de Janeiro, 5 de maio de 1881 18-22, 89.91.
e 23 de março de 1884; Scci.etana de Policia para o Ministro do lmperio, Rio de Ja- (76) JC, 4 de julho de 1895, 2 de setembro de 1905, 22 de maio de 1900.
neiro, 8 de fevereiro de 1889, AGc-Rr, Serviço Domestico; Projectos dc posturas e (77) Arthur Moncorvo Filho, "Exames de amas de leíte do 'Disi)ensario Mon-
pareceres do Conselho d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janeiro, corvo' ", /4n.#i.vos de i4s§ÍFíencja a' Jm/¢ncja, 2, 10-2 (outubroúezemt)ro de 1903),
1881-1889, Cbd. 50-1-43.
p.167; £e/S do Br4§z./, Decreto 5117,18 de janeiro de 1904, Art.1; ibid., Decreto
(70) jai.o iv€w, 5 de fevereiro de 1888, p. 2; Rcgulamento proposto adotado, 5154, 3 de março de 1904, Art. 1.
Camara Municipal, Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1888, e remetido para o Mi- (78) MoncoNo Filho, Z}a ¢srí.Síemcí.ap#Z)/!.c4, pp. 8-11 ; idem, fJí§Íorico, p. 140;
nisterio do lmperio,17 de dezembro de 1888, AGc-Ri, Serviço§ Domesticos.. Cod. Arqw;vos dc As§ísíe#cÍ.a d JU¢ncí.fl, 2, 7-9 Gulho-setembro de 1903), págim de ros-
50-145. fl. 3. to; Arthur Moncorvo Filho , J7ygi.eüe pwb/i'ca. Da a/!.me#Ía£ão pe/o /ei.l€, commwnJ.-
(71) Consu]ta, Conselho de Estado, Secções Reunidas de Justiça e lmperio, caçâo apresentada á Socledade Scientif ica Protectora da lrif ancía em novembro de
Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1889, AGc-Ri, Scrviço Domestico; Projecto§ de po8- J902 (São Paulo: Espindola, Siqueiia, 1903), pp. 5, 7, 17, 20-3.
turas g parecere§ do Consemo d'Estado sotjre o serviço domestico no EJo de Janei- (79) Piies, Amag de /ei'!c, pp. 3-5.
ro, 1881 -1889, Cod. 50-1-43 . A intere8§ante reportagem de um jornal do Recifc que (80) Ibid.. p. 3.
dizia que "[...] a matricula de amas e outros criados particulares tem se nos feito (81) Relatório sem dtulo sobre as amas de leite, c, 1893, AGc-RJ, Relatorio§ so-
§cntir os embaraço8 ci.iados pela má vontadg dos 'criados' que. pela ignorância pe- bre assumptos de hygiene, Cod. 38-2-32, fls. 107-108.
culisr. fogem e negam-se à observancia dessa lei, alegando ser isso nova form de (82) JC, 5 de outubro de 1909, 3 de setembro de 1909. A sa]a de exames do
escravidão" é um enigma. Aparentemente. as autoridades do Recife obtiveram inj- disi)ensário, anti-séi)tica e bem equipada. e a equipe médica, vestida de branco e com
cialmEnte êxito em conseguir ima leí para o registro de domésticas. No Rio, onde um ar profissional, talvez aumentassem a predisposição e a confiança das mulheres
os registros nunca começaram a ser feitos, a oportunidade para uma oposição publi- para submeter-se aos exame8. Ver fotografias, "Noticiário", ArcÁJvos d€ Aflstfe"-
camente manifesú pelas criadas nunca se apresentou. 0 Bí.nócw/o, 14 de janeiro de ci.a ó J+{Íamcja 2,10-2 (outubro-dezembro de 1903), p.191.
1888. p. 2, citado in Gilberto Freyre, Ordem ej)rogreÉÚo, 2 vols. (Rio de Janeiro: (83) Discuso de JUvaro Caminha, 5 de setembro de 1887, Brazil, Congresso,
José Olympio, 1959), i, p. 224. Camara dos Deputados. AnaÁs, 1887, v. p. 19; CÍ.dade do J{Í.o. janeiro-fevereiro de
1889, e§pecialmente 7 e 16 de fevereiro de 1889; Con§elho Municipal para o Ministe-
(72) Consulta, Conselho de Estado. Secção do lmperic}, Rio de Janeiro, 10 de
janeiro de 1882, AGc-RJ, Serviço Domcstico; Projectos de posturas e pareceres do rio do lnterior, Rio de Janeiro, 5 de julho de 1894, AGc-Ri, Feim e pequenos mer-
Cons¢lho d'Estado sobre o serviço domestico no Rio de Janeiro,1881-1889, Cod. cados, 1848-1916, Cod. 61-2-5, fl. 23. Para uma malsucedida tentativa dos espanhóis
50-1-43 ' de refazer a vida social reformmdo a paisagem ver lnga Clendinnen, "Landscape
and world view: the survivàl of Yucatec Maya culture under Spanish conquest" , Com-
(73) Tristao de Alencar Ararjpe Junior para o ministro do lnterior, comentá-
rio na margcm in lntendencia Municipal para o Ministro do lnterior, Rio de Janei. paraf!.ve Síwdíef !.n Soci.cÍ}Í ¢nd Hísíory, 22 (July 1980), pp. 374.93. Tomo emprest8-
ro,18 de maio de 1891, Aac-RÍ, Serviço Domestico; Propostas ,... 1884-1906, Cod, da a exi)regsão . .reformar a paisagem' . de Renato 1. Rosaldo, ``The rhetoric of con-
4e4-5_6, n. 14; Mignel Lemos, A liberdade de profissâo e o regulamento para o ser- trol: Ilongots viewed as natural bandits and wi]d india.ns" , in Barbara A. Bat)cock,
yí'Ço domcõíí.co (Rio de Janejro: Typ. Central, 1890), p. 1. ed. e Lm:Ü ., The reversible world.. symbolic inversion in art and society (lthhicai.. Cor-
nell University Press, 1978), pp. 240-57.

202 203
(84) Delegacia de Policia da 20? arcumscrii)ção Urbana, ré, Balbína mguel
DomingosAlfredo,RiodeJaneiro,1905,ANspi,Maço1565,N.9156;Juizoda3aPre- p. ZÊ, S4; MAxpld:uss, Hlstória da cidade do Rio de Janeiro (Dlstrito FederaD., resu-
toria, Té, Anelia Francisa Alves Río de Jan€iro, i903, ANspi, CaiJia 1080, N. 3950. mo c7/.dacíi.co (São Paulo: Melhoramen[os [1928|), p. 225.

(85) Francisco Pereira Passos, "Relatorio do Prefeito do Districto Federal ao (93) Moradores da rua Frei Caneca para o Prefeito, Conselho Municipal, Rio
Consellio Municipal,1? de seiembro de 1903", in An#aGJ do Com% M#WJ.cJpa/ de Janeiro, 8 de fevereiro de 1905, ÁGc-Ri, Documentação Avulsa, vol. ii, Limpeza
eJ}'#opsedes%rrfló¢/flo5(RiodeJaneiro:Typ.do"Jor"1doCommercio",1904), publica,188]-1909, Cod. 31-1-32; Fleiuss, Jzfsíórú do c/.dade, p. 225; Santos. C#o-
p.25;paraumalistagemcompletadosregulamentosmunicipaisquealmejavmfa- rogr¢pÁ!.a, pp. 46-7, resumiu as i)rincipais renovaçôes ft'sicas executadas pela admi-
zerdoRiou"cídadesaneada,vgrRiodeJaneiro,PrefeituTadoDistrictoFederal, nistração Passos; Rio de Janeiro, Prefeitua da Cidade do Rio de Janeiro, 0 j?i.o
Cod/#caçõo ji¢n/./a'ri.a, /884-J9Ü (Rio de Janeirct: Officina do "Paiz". 1913), PP. deJaneiroeseuprefieitos,vo\.3,Evoluçãourbanistadacidade(Rioàe]aneiro..Pre-
21-43. feitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977), pp. 26-7.
(86) Stepan, jgegínni.#gs o/ 6r@i./.'aw iFc/e#ce, pp. 59, 143. (94) Brazil, Conselho Sui)erior de Saude Piiblica, Pür€cercs soZ)re os meí.os dc
(87) J. C. Oakenfull, Brflzi.//# mz Üondre8: Atkjnson.1913), p. 23. A cam- melhorar as cordições das habitações destinadas ás classes pobres qRjm de ]a:meiro..
panhacomraafebreamarelaenvolviaínspeçõesedesínfecçãoemdoriciliospriva- Imprensa Nacional, 1886), p. 25; Luiz Raphael Vieira Souto e Antonio Domingues
dos e o isolamento ou hospitalização de quaisqucT pessoas que já estivessem doen- dos Santos Silva, Memorial, Rio de Jaiiciro. 24 de janeiro de 1885, AGc-Ri, Casas
tes; ver Barbosa e Rczende, Serviçc]S de Sawde, i, pp.144-51. paTa operarios e classe§ pobre§,1885, Cod. 46-4-56; Laemmert e Cia., P/a#íc] da c/.-
(88) Z,eü do Bms!./, Lei 1261, 31 de outubro de 1904. Para um relato de cam-
dade do Rio de Janelro e suburbios q`1o de lane±ro: Laemmert |1889])., Memorsnào
i)anhasanterioresdevacínaçãocontraavari'01a,verMoncorvoFilho,frÉ/or/co,pp. interno, Ministerio do lnterior, Rio de Janeiro, 20 de junho de 1891. Acc-Ri, Casas
46-8; Rela[orío do lnspector Gcral do lnstituto Vaccjníco, in Anncxo F, Relatoi.io para operarios e classcs pobres,1891, Cod. 464-61, fls. 20-1. A questão do cortiço
do Presidentc da Junta Central de Hygiene Pública, in Brazi[, Ministerio do lmpe- era também poli'tica. pois os interesses privados rivalizavam com o governo munici-
rio, j{e/flíori.i?, 1884: ibid., 1885; Baibosa e Rezende, ftrví.fof dc sawde, i, p. 442; i)al e o nacional por poderes recém-estabelecidos. Uma lei de 1882 concedia isenção
Nunes, ,Es/aíB/i.ca, pp. 31-2, dá números sobre os que receberam voluntanamente de impostos e o direito de desapropriar terra privada em troca de se demoluem corti-
a Vacina entfc 1872 e 1885; Cooper, "Oswaldo Cruz aiid the impact of yellow fe- ços, indenizando os proprietários e construindo habitações populares no lugar, ao
ver", pp. 49-52. passo que em 1893 o govemo municipal assumiu responsabilidade direta, £eí.§ do
jBmsj./, Lei 3151, 9 de dezembro de 1882; ibid., Decreto 32, 29 de março de 1893.
Prefeítura do Districto Federal para a Directoria Geral de Policia Administrativa,
p.2.(89)COJmJ.odaJwaw*Õ,6denovembrode19",p.1;12denovembi.ode1904
Archivo e Estatística, Rio de Janeiro, 10 de outubro de 1904, AGc-Ri, Feiras e pe-
(90) A interpretação comum naquela época dizia que incitadores do i)ovo ha-
viam explorado a ``credulídade das pessoas", tirando vantagem da incerteza a res- quenos mermdos,1848-1916, Cod. 61-2-5, fl8. 34-34v. Para uma interpretação dife-
peitodaleiechamando-a"umataqueàliberdadeíndividual"unicamentepara"per- rente da questão da habitação, ver Lia de Aquino Carvalho, ` `Contribuição ao estu-
turbaraord¢mpública''.VerRaymundoAustregesilodeAthayde,PemmPffsos, do das habitaçôes populares, Rio de Janeiro: 1886-1906" (dissertação de mestrado,
onrfi.ogr:or_-d_o^£!:_±J.ane,ro:3!oçrffiaehistó`"-;-ãíi;:-;#ã|-í.,`:ú'o:|;e:,'[|u;ã;;, Universidade Federal Fluminense, 1980).

pP.255-78,especialmentepp.257,260,267-9;BarbosaeRezende,S€rvJÇoJdpSaü- (95) Rio de Janeiro, Prefeitura. R/.o de JaHe!.ro, vol. 3: £vo/Üfôo Ürd¢#J.sía,
de, i, p. 442. Dentre o§ jornais do Rio, somente o Correi.o da iwa#*Õ noticiou os p.9.
i)rotestos em detalhe: 19-18 de novembro de 1904. Alguns víam nos acontecimentos (96) Bell, Beautlfiul Rio, p. 21= B.ío de ]&neiro, PTe£eltura, Rio de Janelro, vol.
um conspiração anti-republicana destinada a desacredítar o governo e restaurar a 3.. Evolução urbanista, Frp` 18. 21., Carlos Delg&do de Carvalho, Histórla da cidade
do ji/o de Jflneí.ro (Rio de Janeiro: F. Alves, 1926), pp . 120-1 ; Fotos de Rio de Janei-
T.i.o==JTUT`_a_S_Yer¢.À.Ca|dosocastro,Re|ato"o:üb=i_ós-ckmã_ãe-nã;:#;,-::.
(Rio dc Janeiro: Imprensa Nacional, 1904). Robert Nachman, `.Po§ítivism and rcL ro, AGc-Ri. si; para uma extraordinária história fotográfica da construção da aveni-
volutioninBrazil'sFmstRepubljc:the1904Revolt",Z7!eÁmer!.caJ,34,1(July1977), da. Ce"ir,al, ver Maic Fçr[ez, 0 álbum da avenida Central: um documento fotográfi-
Pp.30-9,sugerequearebelíãoeratambémumprotestopopu]ar;TerezaMeade,"`Ci- co da construção da avenida Rio Branco, Rio de Janeiro. 1903-1906, .mtioduçã;o de
viüzingRiodeJaneíro'..thepublíchealthcampaignandriotof1904",Jowmdo/ Gilberto Ferrez e ensaio de Paulo S. Santos (São Paulo.. Ex Libris, 1983), espc"l-
Soci.d fíuJory, 20 0Vinter 1986), pp. 301-22. vincula as questõe5 da demolição dos mente pp.16-7, 50-3; Marc Ferrez, "Avenida Beira Mar. c.1906", in Ferrcz, 0 jii.o
cortiço8 e as rebeliõcs. antigo dofiotógraLfo MaTc Ferrez, pp. 195,198-9, 202-3; Augusto Césa{ Ma\®, "Àve-
nida Central, circa 1906" , in H. L. Hoffenberg. NjucíeeüíA-cc#Í%ry Sow(Ã +4merica
p.].(91)Comemd¢Á¢a%2denovembrodei9o4,p.1;5denovembrode1904, jm pAoíogrflpÁs OVova York: Dcwer Publications, 1982), frontispi'cio.

(92) Rio de Janeiro, Prefeitura Municipal, Planta da cidade do Rio de Janc+ (97) Para fotografias, ver Rio de Janeiro, Prefeitura, jt!-o de Ja#€i.ro, vol. 3:
ro,indicandoosmelhoramento§emexecução,I905,BensonLatinAmericanCollec- Evo/wfõo wróa"J'f!ti, pp. 3148; ``0 Teatro Municipal, num vista paia o norte da
tion, University of Texas, at Austiii; Marc Feri.ez, "Cand do Mangue, c. 1905", avenida Central" , in Ferrez, 0 ó/Õwm da úítJcn/da Ceníra/, p. 35 , e, à direita, em pi.i-
t:"c#Inbn=,:ÇDI:_ez,._e:_.:_?Ri:_?rt.!g_'?_áé-fri:úkMi=c_Fe_rvr£:a#:::e';s`e=iJià meiro plano, notar a mulher negra com um fardo de roupa equilibrado sobre a cabe-
Áwmaao5doRÍodeJane/.ro,/8Ój-J9W(SãoPaulo:ExLib[js,1984),pp.158-9;Alu- ça enquanto caminha pela rua.
red Gray Bell, 7lÁe óc¢wfüTW R/o dc Ja#ei.ro (Londres.. Heinemman |1914]),

204 20j
T:ABEIAS

1. Mulheres empregadas. considerando-se toga: as mulheres em


idade de traballw no Rio de Janeiro, 1870-1910. ern porcentagem

Livre Escrava Livre Escrava

Trabalham 63 88 58 89 49
Ocupação
3712 42 11 51
não declarada
100 100 100 100 100
Total . (45 018) (16217) (58667) (16 501) (208 879)

Fontes:
{a) Brazil, Directoria Geral de Estatística, j{e/aíor[.o ¢pre5eníado ao
Min£l;íiíóeiãtáió_ à:És,ado dos Negocios do lmpepo pela.Co~mTÜ:go
•;;;a~;;ig;iia-áa-direcçãodostrabalhosóogrr?l?m.e_n!g±.Po`Pul.açã3_d_Om¥:_-
-;.iíEpi:°áàcôr,eadúeseproceder_e,nabri,dei87o(Ríoàe]8Ú`Siro..Typ.

Perseverança, 1871), Mappas A-K, s. p.


(Ó) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Rece#seflmewío dcrpopw/a-
ção i:o' i-ririr;o do Brazii a que se proc=d_e_f t..no d:a..l: ,d`e `af_:_s:3_q.e_ !:I:
(Rio de Janeiro: Typ. de G. Lcuzinger & Filhos, 1873-6), Municipio Neu-
tro, pp.1-33,
(c) Brazil [Dii.ectoria Geral de Estatística], Recemseamenío do j{jo de
Jane.:;á-(i;i;-r,.:to FederaD rea,izado em 20 de se_tep,bro de 1906 CTti+o de
Janeiro: Officina da Estatística,1907), pp.174-317,
Noías.. Por todo o livro, quando se fala da cidade do Rio de Janeiro refere-
seàsfreguesiasurbanasdoMunicípioNeutroouDistritoFederal.Em1870
e 1872, elas eram: Sacramento, São José, Candelaria, Santa Rita, Santo
Antonio, Espírito Santo, Engenho Velho, São Cristóvão, Gloria, Lagôa;
em 1906, incluíam também: Gavea, Engenho Novo, Santa Tereza, Gam-
bôa, Andarahy, Tijuca e Meyer.

207
Porquc os números publicados dos censos dos anos de 1870 e 1872
3. Condlção legal das criadas no Rlo de Janeiro, 1870 e 1872.
ou não eram coerentes no agrupamento i" idade utilizado ou não eram em porcentagem
suficientemente completos , de forma que eu pudesse reordenar cálculos, pre-
ciseí definir de maneira um tanto arbitrária a idade de trabalho da popula-
ção. Com relação à população de 1870, estabeleci a idade de trabalho para
meninas e mulheres escravas como sendo oito anos em diante e para as mu-
lheres livres, quinze anos ou mais. Para 1872 e 1906, com números disponí-
veis para cada idade, considerei todas as mulheres a partir dos onze anos
de idade parte potencial da população trabalhadora.
Os números absolutos estão entre parênteses.
Fontes:

2. Ocupação das mulheres empregadas no Rio de Janeíro, (a) "N.1, Mappa da população do Municii)io da Côrte", in Biazil,
l)irectoria Geral de Estatística, Re/aíor!.o flpr€senfado ao Mi.#r.stro e SecJe-
1870-1906, em porcentagem
-ó';; t;;i;ihás
;:-r;;-ã-ã do arroian;ento
riegocios do império da popuiação
pe[a do Muriíc_ipio
Commiss_ão dad_a.d:.:er_ã.:.
_e_ncqrre?adf Côrte :^q.::

Livre Escrava Total Livre EscTava Tolal # procedew em aww d€ J670 (Rio de Janeiro: Typ. Perseveraiiça, 1871),
S.P.(ó)BraziLDirectoriaGerddeEstatística,Recenfea"mdapoPw/a-
Serviço
doméstico 61 90 71 65 87 72
Costureira ção áo' i-;Áiii;:;;ió Bra7;ii a que se procsdf:..no d:a..l: ,d`e `a,g_:_S:3._d..e~ lx::`:
26 8 20
Jomaleira (Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos, 1873-6), Municipio Neu-
354
Manufatura tro, pp. 1-32.
924
Comércio Noía.. Os números absolutos estão entre parênteses.
Profissional
Proprietária
Astcultura
Outros 1 4. Condição legal das criadas em São Cristóvão, 1870,
ern porcentagem
100 100 100 100 100 100 1oo
Total ,__ ___, _J _ _ . Morando nci en.prego Independerites Totap|
(28 537) (14 347) (42 884) (33 886) (14 672) (48 558) (101 496)
Livre
Fontes: Ex-esci.ava
Escrava
(úr) Brazil, Directoria Geral de Estati'stica, ,Re/a/or/.o apreSejí/ado ao
Mínistro e .SeFret_ario d'Estado dos Negocios do lmperio p;la ó;;;-;s;Jo 100
Total (516)
err:?rreg?da_d^adirecçãodostraba!hosdoarrolamentodapopulaçãodoMu-
nrcipiodacôrt?_a_que_seprocedeuemabrilde]870(Ríti€I;r+e;mo..Typ.
Fo#/e.. Brazil, Directoiia Geral de Estatística, Arrolamento da população
Perseverança, 1871), Mappas A-K, s. p.
do Municipio da Côrte (São Cristovão) 1870, Ms, Instituto Brasileiro de
(Õ) Brazil, Directoria Geral de Estatística, jzeceweflmem/o dapop#/fl- Geografia e Estatística. Rio de Janeiio, Departamento de I)ocumentação
ç,ã`3 d? Ipiper.io dp Bra?1l a que se procedeu no dia 1 ? de agosto-d; 1872 e Referência.
(Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos, 1873-6), Municipio Neu- JVofa; 0 número de casos está colocado entre parênteses.
tro, pp. 1-33.
(c) Brazil [Directoria Geral de Estatística], jtccem§€am€mío do R!.o de
J.anei.ro (D_Êt_ri:to Fed:rar) realizado em 20 Je setembro de 190: (Río ie
Janeiro: Officina da Estatístíca, 1907), pp. 174-317.
jvo/¢.. Os números absolutos estão entre parênteses.

208, 209
5. Lares de São Cristóvão com criadas declaradas, 1870
Porcentagem Porcentagem
N9de
de de
criadas N9de Porcentagem
lares todos
P0r lares cumulativa
C0m os lares
lar
criadas na freguesia

Total 249 100 100 18

Fo7!íe.. Brazil, Irirectoria Geral de Estatística, Arrolamento da população


do Municipio da Côrte (São Cristóvão) 1870, Ms, Instituto Brasileirci de
Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, Departamento de Documentação
e Referência. ;--. í::

Êê

CX=

=:
E>

210
8. Nacionalidade das criadas llvres no Rio de Janelro, 1870-1906,
em porcentagem
187U] 1872b | 9o6C

Brasileira 77
Estrangeira
Africana
Portuguesa , outras
100 100 100
(590) (22 094) (77 294)
Fontes:

(cí) Brazil, Directoria Geral de Estatí§tica, Arrolamento da poi)ulação


do Mutricipio da Côrte (São Cristó.vão) 1870, Ms, Instituto BrasiJeiro de
Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, Departamento de Documentação
e Referência.
(Ó) Brazil, Directoria Geral de Estatística, jzcce#scame7?Ío da popw/a-
ção do lmperio do Brazil a que se procedeu no dia 1 ? de agosto de 1872 (Rjio
de Janeiro: Typ. de G. I£uzinger & Filhos, 1873-6), Municipio N¢utro, pi). 3-33.
(c) Brazil, Directoria Geral de Estatística, j?cceMseamgHfo do J2i.o de
Janeiro (Districto FederaD realizado em 20 de setembro de 1906 (Rio de
Janeiro: Officina da Estatística,1907), pp. 181-317.
Noía§.. Niímeros d€ 1870 referem-se somente à freguesia de São Cris-
tóvão; número`s de 1872 e 1906 referem-se a todas as freguesias urbanas da
cidade. Números absolutos estão entre parênteses.

9. Estado civil das criadas no Rio de Janeiro, 1870 e 1872, em porcentagem


São cristóvão,1870a Todas as
Morarido no lndependentes Total freguesias
emprego - urbanas, ]872b
Solteira 88 32 65 68
Solteira com 7 21 9
Crlança
Subtotal 95 53 74 68

Casada ou viúva 4 37 21 32
Uniões
consensuais 1 10 5

100 100 100 100


(471) (457) (928) (31860)
Fontes:

(a) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Arrolamento da população


do Municipio da Côrte (São Cristóvão) 1870, Ms, Instituto Brasileiro de

2,3
Geografia e Estati.stica, Rio de Janeiro, Departamento de Documentação junho do anno de 1707. Impressas em Lisboa no anno de 1719 e em Coirn-
Óm em J720„. (São Paulo: Typ. "2 de dezembro", 1853). Liv. i, Tit. 64,
e Referência.
n9 267., Brasil, Leis. esta`utos etc., Collecção das leis do Brasll a`Lo àe ]zL-
(b) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Rcce7isc¢mem da popw/¢-
neiro: Imprensa Nacional,1808), Decreto lsl . 24 de janeiro de 1890, Cap.
ção à; imperío do Braúi a q_ue se proc=d_±„rio d:a^.l: ,!e `a.go::3 |e_ !:]_3
ii. Art. 8; Joseph Wheless, trad., 77!e C!.vj/ Code o/ Bmzi./ [/9/6| (St.
(Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos, 1873-6), Municipio Neu-
I.ouis: Thomas Law Book Co., 1920), SpeciaJ Part, Book i, Tit. i, art. 183,
tro, pp, 1-33.
Noías.. Os totais de 1870 incluem mulheres escravas e livres. 0 estado par. 12.
Os números de 1872 combinam população livre e escrava. 0 censo de
civil das escravas não fc)i fornecido no censo de 1872; assim, os tc)tais de
1872 não apresenta o estado civil conforme a idade. Por comeguinte, fiz
1872 incluem apenas mulher€s livres.
a estimativa da população solteira subtraindo do total todos com menos
de dezesseis aiios. Isso pode levar à conclusão de que todas as pessoas casa-
das ou viúvas (inham dezesseis anos ou mais quando, na verdade, algumas
10. Estado civil de todas as pessoas em idade de casamento no certamente não o tinham. Contudo, apenas o censo de 1890 apresenta o
Rio de Jarniro, 1872-1906, em porcentagem estado civil vinculado à idade precisa. 0 censo de 1872 divide a população
|872a l890b | 906C em cinco grupos de idade, e o censo de 1906 a divíde em maiores ou meno-
res de quinze aiios. Para esses dois censos, considerei pessoas em idade de
Solteiro casamento as que, em ambos os sexos, tinham dezesseis anos ou mais. Mi-
Casado nha decisão parece justificada pelo fato de que, em 1890, somente dezoito
Viúvo homens e 34 mulheres com menos de dezesseis ou catorze anos, respectiva-
mente, foram listados como casados e, em 1906, somente 47 pessoas com
menos de dezesseis`anc)s foram listadas como casadas.
Os númcros absolutos estão entre parênteses.

Fontes:

(a) Brazil, Directoria Geral de Estatística, Jzecenseamenío da pop#/a-


ção io lmperlo do Brazil a que sç procfdr..no d.Ia__1: ,!e `a.gos:o. qe 1`?72
(Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos, 1873-6), Municipio Neu-
tro, pp. 1-32, 58-9.
(b)Brazil,DirectoriaGeraldeEstatística,Rccemeflm€#ÍoGenz/dojze-
pública dos Estados Unidos do Brazil_em ? 1 ge dFzem_bro ge lç90.. D¥::i.c`-
ío Fcdera/ (cÍ.cúde do Ri.o dé Jawejro) (Rio de Janeiro: Tyi). Leuzinger, 1895),
pp. 49-87.
(c) Brazil [Directoria Geral de Estatística], Recens€4menfo do J?!.o de
Jane;Tó (Distrrito Federao realizado em 20 de setembro de 1906 (Bio de
Janeiro: Officina da Estatística,1907), pp. 90-1.
No/as. A idade legal para o casamento variou dumnte esse peiíodo. Em
1872,comai)ermissãodospaisoudetutorlegal,asmulherespodiamcasar-se
a partir de doze anos e os homens, catorze; em 1890, a idade legal subira
para catorze no caso das mulheres e dezesseis no dos hcimens; em 1916, tor-
nou a subir: dez€sseis para mulheres e dezoito para homens , refletindo prá-
ticas que eram mais visíveis, se não mais comuns, em 1906. Sobre idade
de casamento , ver Scbastião Monteiro da Vide , Co#sí!.ftií£Õe5 prJ.mei.ras do
Arcebispado da Bahia e ordenadas i}elo. . . Sebas!iãp M_of tteiro dTa V!de, 5 ?
Arcel)ipo do dito Arcebispado e do Conselhp de_Su? Magfs.tade: Pro.p.cNi`-
tas e a;eitas em o synodo I)iocesano que o dito Serihor celebrou em 12 de

2,4 2,5
BIBLIOGRAFIA

ARQUIVOS E MATERIAIS MANUSCRITOS

ATquivo da Cúria Metropolitam. Rio de Janeiro.


Arquivo do lnstituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro.
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
Arquivo Nacional. Rio de Janeiro.
Benson Latin American Collgction, University of Texas at Austin. Austin, Texas.
Cartório do Primeiro Ofício. Vassouras, Rio de Janeiro.
Instituto Brasileíro de Geografia e Estatística, Departamento de Documentação e Re-
ferência. Rio de Janeiro.
Neves, Augusto José Pereria das. Meu nascimento e factos mais notaveis da minha
vida [1835-1909|, Ms, em posse de Guilherme Paulo Castagnoli Pereira das Ne-
ves, Rio de Janeiro.

EXPoslçõES

Exposição "A cozinha no Rio antigo", Museu Histórico da Cidade, Rio de Janeiro,
4 de julho-3 dc agosto de 1980.
Exposição "Universo do Carnaval: imagens e reflexões; i)inturas, desenhos, foto-
grafias e máscaras". Organizada por Roberto Da Matta. Acervo Galeria de
Aite, Rio de Janeiro, 24 de fevereiro-31 de março de 1981.
Museu da Fundação Carlos Costa Pinto. Salvador, Bahia.

PUBLICAçÕES GOVERNAMENTAIS

Brazil. Congre§so. Câmara dos Deputados. J4ma;§.


Congiesso. CÂrriara dos Deputados. Manual parlamentar, regimento interno da
Camarfl dos Depw/ados.„ Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1887.
ConseLho NacLo"-] de EstaLística.. Anuário estanstico do Brasil. 1908-1912. 2 vo\s.
Rio de Janciro: Typ. da Estati'stica, 1916-7.
Conse\ho Superioi de Sí`ude Publ±cz\. Pareceres sobre os rnelos de melhorar as

217
condições das hal)iíações destinadas ás classes pobres . Tr\o de ]ímçlic>'.1m:pieT+ ';á`t-,:íi;;iri-àé,ro
Prefeitura do Districtocentenar,o
Federal. 4da independencia
/Ó#m dojii.o
da ci.dflde do Brasi,, 1822-1922
de Janei.ro.' . Bj+o óe
commemo-
sa Nacional, 1886.
Decisões do Governc) do lmperio do Brazil. Janeiro: Paulo Witte, 1922.
Diiectoiia.Geral dj3Estatistiica.. Rece"seamento da população do lmperio do Brazil Prefeitura do Dismcto Federal. C'od!/icaçõo 5anirarí¢, J684-/9/3. Rio de Janei-
aqueseprocedeunodiaIPdeagostodeI872.Riodç]*neíio..Le`iziT\8er,1873-6. ro: Officina do "Paiz",1913,
[Directoria Geral de Estatística.] j}cc€nscamcnío do Jlí.o c7e /anei.ro (OJ.sín.c}o Fe-
deraD realizado em 20 de selembro de 1906. Rio de laneíro: O£tiicha. da Bsta-
tística, 1907. OUTROS MATERIAIS PUBLICADOS E TESES
Diiec\orin Gei8;1 àJ3 T3stSástící±, Recenseamento Geral da Republica dos Estados
Unidos do Brazil em 31 dezembro 1890; Districto Federal (cidade do Rio de Abrahams. Roger D. e Richard Bauman. "Ranges of festival behavior" . In rfie re-
Jane;ro). Rio de Janeiro: I.¢uzinger, 1895. tierf/Zi/e worJd. s}Jmóo/m i.wcr5i.on in arr amd Soci.eJ}7. Ed. e introd. Barbara A.
D-iieÊtorií\ Cleid de Bstatisficfi. Relatorio apresentado ao MlnÉtro e Secretano d'Es- Babcock. Ithaca: Comell Universíty Press, 1978, pp. 193-208.
iado dos Negocios do lmperio pela Commissão encarregada da dírecção dos Affonseca Junior, Léo de. 0 cM" da v;da m ci.dade do jii.o de Jam€iro. Rio de Ja-
lrabalhos do arrolamento da população do Munícípio da Côrte a que se i)roce- neiro: Imprensa Nacional, 1920.
deu em abrll de 1870. Rio de Janeiro: Typ. PerseveraJiçí.,1871. Agassiz, Louis e Elizabeth Cary Agassiz. 4 /.o#mey !.n Braz/./. 2' ed. Boston: Tick-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conselho Nacional de Estati.stica. nor and Fields,1868.
Serviço Nacional de Recenseamento . Divisão de Geografia. A a.rea ce#Íra/ da Alma-;ãkããi'l:riit-ràiljà:mercan,i,e,ndustm,-.doR,odeJane,ro.Rlodela:m€\Io..
cÍ.c7ode c}o J?i.o de J¢rzei-ro. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Laemmert,1860-1910.
Estat]'stica, 1967. Almeida, Candido Mendes de, comp. e ed. Co'di.go Pfti./i.ppmo,. ow Orden¢fôes e /cí5
Le;tis, estsit"+os e+£. Coleção das Leis do Brasi[. ã:o` ,-e=;-;;
-ség;rio i;,tugal.
a primei;a récop'iadas
àe ,6ó3 porCo_ímb_ra
e a nór,a de mandado de_1_8?4.
d'el-rey_ P. Ph!:ppe 1. :4
Ad.q"_,on.a£a^ el
Com
Ministerio da Agricultura, Commercio e Obras Publicas. Jte/aíón.o, 1883Ú.
M:i""+erio da lustiça. Notk:Ía historka dos serviços, insíiluições e estabelecimeri- dívei5as noJaf.,. Rio de Janeiro: Typ. do lnstituto Philomathico, 1870.
tos pertericentes a esta rq}artjção, elaborada por ordem do respectivo rriínis- A]meida, Júlía Lopes de. £i.vro das noívas. 3! ed. Rio de Janeiro: Typ. da Compa-
fro, Dr. 4maro Cavfl/camfí.. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1898. nhia Nacional Editora,1896.
Ministerio da Justiça. Rc/aíor/o, 1856-1882. Andrews, Christopher Columbus. Brflz!./.. i.Ís cowdi./i.on ¢Hd prospecJs. 3: ed. Nova
York: D. Api)leton & Co.,1891.
Ministerio do lmperio. Jie/aíori-o, 1869-1888.
Secietana d'Estado dos Negocios do lmperio. Dircctoria, Secção de Estatística. -ç'ãL:1a=ã:;i-ii;;_á;-aíia_,i:iij-aecornapp,uuçÊ?aos_usos_da.'greJ!a_]o.P.r.as!I.
Araújo,ManoeldoMonteRodriguesd'.E/emenJofdedírei-!occc/esíasíicoemre/a-
Traballws da secção de estaíúsíica. . . 1886 . Rio de ] aneiio.. lm:prensz\ Nàc+onal,
3 vols. Rio de Janeiro: Livraria dç Antonio Gonçalves Guimarães, 1857-9.
1887.
A. S. Q. 0 cozi.n^cm e docei.ro popw/a/. Rio de Janeiro: Quaiesma, 1927.
Rio de Janeiro. Biblioteca Nacional. A/bwm c.flrfogra`/Í.co do jz;o de /aMeí.ro, sécíí/as
Associação lndustTial, Rio de Janei[o. 0 Íraó% #aci.owa/ e sew£ adv€rsarJ.os. Rio
Y7't+/ e Jr/Jf. Organizado por Lygia de Fonseca Fernandgs da Cunha. Rio de
de Janeiro: Leiizinger,1881.
Jaiieiro: Biblioteca Nacional, 1971.
Athayde, Raymundo Austregesilo de. Perei.m Pa5Sos, o r€/omador do Rio de Ja-
Camara. M"riic}ipal. Bole[im da lllma. Camara Municipal da Côrte. \8]9.
neJro.. ó;og/qPa e ftísío'ri.a. Rio de Janeiro: "A Noite" [1944|.
Camaià M:nricLpd. Codigo de posturas da lllma. Camara Municipal do Rio de
0 ,4tcr[./!.ador d¢ Jr!dwsfría Naci.o#a/, 9 (fevereiro de 1881).
Janeiro e editaes da mesma Camara. Rio de ]aneiro.. Laemmert. 1870.
Azevedo, Luiz Coirêa de. "Memoiia lida na Academia lmperial de Medicina... as
Comíss-ao de Melhoramentos . Primelro re[aiorio da Comrriissão de MelhoramentcN
Caiisasdamortalidadedascriança§''.A#naesBraz//i.en5e5deA¢tii.c;nfl,21(1869),
dacidadedoRiodeJaneiro.2voLs.em1.Riode1aneiTo-.Tvp.Nac]+onal,187S-6.
pp. 112-22.
Comíssão do Saneame"o. Rela[orlos apresentados ao E}cm. Sr. Dr. Pref ielto Mu-
Babcoçk,BarbaraA.,ed.eintr.7.ftereverfiókwor/d..Sjimào/i.c;nvers!.on/.warfawd
nicipal pelos Drs. Manoel Victorino Pereira, i)resíderite da commissão, e Nuno
J}oc!.€f);. Ithaca: Comell University Press, 1978.
de Andrade, relaior em 3] de agosio de 1896. R±o de larLdro= lmprensa N&cio-
Backheuser, Evcrardo. fradi.façõef popw/arÉS. Rio de Janciro: Imprensa Nacional,
nal, 1896.
1906.
Inspectoria geral da illuminação da Côrte. 7bóc/a c7úg Áortü de acemder e cípagar
os comõwsíadorcs piíb/i.co5. Rio de Janeiro! Imprensa Nacional, 1889. É=bo;:?;àecl::Tea:a:§S,oP3b::s;;àãeeáaeszceenná:,áàslp3"(,Tàrçdo"dae"à:op5!à,?cp;nso}áía-
Intendencia Municipal da Capital Federa]. Bo/cfí.m, 1896. ii,: -es_p`;clá,héri;ó-icidade do Rio de Janeiro, ,8o8-,9o7-Z voLs. Rlo de lsr
Intendencia Municipal do Districto Federal. Cddi.go de Pos/wms, £ejs, D€creíoS, neiro: Imprensa Nacioml, 1909.
Ediiaes e Resoluções da lntendericía Municipaí do Districto Federal. Rio de Bardy, Cláudio.
'úi::-;i;;' . t: "0 século xviem
i; -óe-jitàiro (daséus
fundação até o fim)",
quatrocentos "0 século
ano_s: xvii"
fery:açã? e "0 sé-
ê d_f:?T
Janeiro: Mont'Averne, 1894.
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 0 Ji;o de Janejro c Jigctspre/pi./oS. 4 volB. vo/w.meMcíac;dade,Ed.FemandoNascimentoSilva.RiodeJaneiro:Distri-
Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977. buidora Record, 1965, pp. 49-79, 102-24.

2,8 2J9
Barman, Roderick J. "Politics on the stagc: thc late Brazílian cmpire as di'amatized
Centro lndu§trial do Brasil. Le Bre'sÍ./. Scs ri.cAgssc5 nafwrÉ.//es, ses j#dwS/ri.2s. 3 vols.
by França Junior". £z/fo-jBraz;/Í.an fzevi.cw, 13 (Winter 197®. pp. 244-60.
Rio de Janeiro: Imprimerie M. Orosco, L909.
Barreiros, Eduardo Canabrava. ,4//aü da evo/wfa~o wrba#a d# cÍ.dcide do .RÍ.o de Ja-
C/dade do Ri.o. Rio de Janeiro, 1889.
meí+o.. eM§aí.o, /J6j-/965. Rio de Janeiro; Instituto Histórico e Geográfico Bra-
Clendinnen. Inga. ` `Landscape and world view: the survival of Yucatec Maya cultu-
sileiro, 1965.
re under Spanish conquest' ' . Comp¢r¢fi`v€ S/wd/.es i.n Soc!.efy ¢nd Hjsíorj/, 22
_. "Cartograma conjectural da cidade di} Rio de Janeiro na época de sua funda-
(July 1980), pp. 374-93.
çaio" . In Rlo de Janeiro erri seus quairocentos ancis.. formação e desenvolvi- Coelho, Manoel Thomaz. [Relatório sem ti'tulo| Annwar;o jwecí/co Bms!.íei'ro, 1886,
m€7!Ío c74 c7.dadc. Ed. Femando Nascimento Si]va. Rio dc Janeiro; Distrjbui-
p. 32.
dora Record, 1965 [p. 393]. Collaço, Felippe Neri. 0 conúc/Áe/.ro da/amí.//a brasí./eí.ra. Rio de Janeiro: Gamier,
Barrgto, J. F. de Mello e Herme[o Ljma. flí5/órí'a da po/!.cí.a do R/.o dc Jc]#cjn).. os- 1883.
pectos da cidade e da vida carioca. 1831-1870. 3 voÀs. Rio de ]çineiio.. " A Noi- Companhia Brasil lndu§trial. j{e/afori`o... J878. Rio de Janeiro: Morcira, Maximi-
te„, 1942. no, 1878.
BarTeto, Paulo (psçudômmo, João do Rio). A§ re//.gJ.o~es do Ji/.o. 1906; reimpr. Rio _. j?c/aíor/.o... J882. Rio de Janeiro: Moreira, Maximino, 1882.
de Janeiro: Organização Simões, 1951. Comi)anhia de Fiação e Tecelagem Brazil lndustrial. ,Re/¢Íor!.o. . . J6gJ . Rio de Janei-
T3astiide,TLogE[..The_AfricanreligionsofBrazil:lowardasociologyoftheinterpene- ro: Leuzingcr, 1891.
fmíí.o# o/ cÍ.v;./Ízaf;om. Trad. Helen Sebba. Baltimore: "e Johns Hopkins Uni- Co""d , Robe[t. The destruction of Brazilian slavery, 1850-1888. BÇTkeley.. Urive[-
versity Press, 1978. sity of Califomia Press, 1972.
Bell, A]ured Gray. rúe óeaz/Íj/%/ R;o de Ja#e(.ro. Londres: Heinemann [1914]. Cooper, Donald. "Oswaldo Cruz and the impact of yellow fevcr on Brazilian his-
Bemardes, Lygia Maria Cavalcantj. "Posíção geográfica do Rio de Janeíro". In Jii.o toTy" . The Bulletin of the Tularn Unlversity Medical Faculty, % (Fehruírry
de Janeiro em seus quairocentos anos; formação e desenvolvlmento da cidade. 1967), pp. 49-52.
Ed. Femando Nascimento Silva. Rio de Janeiro: Distribuidora Record,1965, _. "The new .black dcath' : cholera in Brazil. 1855-1856" . SocÍ'¢/ ScÍ.eücc JIüfor)J,
pp. 19-28. 10 (Winter 1986), i)p. 467-88.
Bertichem, P. G. 0 ji/`o de /¢Me;ro e s€w§ arrú!óa/de§, /8J6. Introd. e notas de Gil- Cc)rrcJ'o da Á4lc!nÁÔ. Rio de Janeiro, 1904, 1964.
berto FeiTez. Rio de Janeiro: Kosmos, 1976. Correi.o Mema#ÍÍ./. Rio de Janeiro,1851,1857J58.
Blount. John Allen. "The public health movement in São Paulo, Brazil. A history Cogb, A.nJ!.nm Corre8\ de Souza. Alimentação de que usa a classe pobre do Rio de
of the sanitaiy service,1892-1918". Ph. D. diss, Tulane University,1971. Jamc;ro e swa i.rL#wéncja sôbre a mesma c/a§Se. Rio de Janeiro: Typ. Perseve-
The Bri[ish and Ainerican Mail. B`ío de ]E.rLgíro, \&]7-9. rança, 1865.
Bumeister. Karl Hermam Konrad. yi.agc" ao Braf/./ a/ravés dQ§ prov/'mcí.af do j?Í.o Costa, Emilia Viottí da. Da fc#za/a à co/Õ#i-a. Corpo e Alma do Brasil, 19. São Pau-
de Janeiro e Minas Gerais. visando especialmente a história riaiural dos dlstri- lo: Difusão Européia do Livro, 1966.
fo§ ¢#rí.dí.amaHÍütcros. Trad. Manoel Salvaterra e Hubert Schoenfeldt. Bib]io- _. 7lüe Erazj/í.a# Empí.rc. University of Chicago Press, 1985.
teca Histórica Brasileira,19. Primeira publicação em 1853. São Paulo: Mar- Costa, Iraci del Nero da. "A estrutura familial e domiciliária em Vila Rica no alvo-
iecer do séc`+lo xix" ` Revista do lnstituto de Estudos Brasileiros,19 (\y7T),
tins, 1952.
Burior\. P;ChíLidF . Exploratloris of the híghlands of the Braz;il; wtih a full accourit pp. 17-34.
Costa, Luiz Edmundo da. 0 Rjo d€ ,Jane;ro c7o mcw Ícmpo. 3 vols. Rio de Janeiro:
of the_g.old_and diamond mines. Also. conoeirig down 1500 miles of the great
Imprensa Nacional, 1938.
rí.vcr §õo FrflncÉco /ro" ScíÍ)ard Ío ÍAc sefl. 2 vols. Londres: Tinsley Brothers,
Couty, Louis. L'esc/¢vag€ aw Bre'sí./. Paris: Guillaumen, 1881.
1869.
Cruls, L. 0 c/!-ma do Ri.o de Ja#ciro. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & Comp., Im-
Ca]mon, Pedro. f£Üfón`a soc/.a/ do Br4§!./. Série 51, Brasiliana, 83 . São Paulo: Com-
pressores do Observatório, 1892.
panhia Edítora Nacional, 1940.
Da. Nia:+ia., FLoberto. C`arnavais, malandros e heróls.. para uma socio[ogía do dilerna
Carvalho, Carlos Delgado de. fJi.síór;.a dfl c/dadg do Rí.o dc Janei.ro, Rio de Janeiro:
Õra5j/ci.ro. 2? ed. Rio dc Janeiro: Zahar,1981.
F. Alves, 1926.
Davis, Natalie Zemon. Socjcíy aMCJ cw/Íwre !.m ear/y modem Fra#ce. Stanford Uni-
Carvalho, José Luiz Sayão de Bulhões. ,4 tJ€rdad€jJt7 pop#/afGo da c/.dflde do .Rí.o
versity Press, 1979.
de /ane/.ro. Rio de Janeiro.. Typ. do "Jornal do Commercio", 1901.
Dea;n, Warren. Rio Claro.. a Brazilian plantation system, 1820-1920. Stan£oid Urii-
Carvalho, Lia de Aquino. "Contribuição ao estudo das habitações populares, Rio
versity Press, 1976.
dc Janeiro: 1886-1906". Tcse de mestrado, Universidade Federal Fluminense, Debiet. iedn Baptiiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil, ou Sé]our d.un
1980. aríjsíc /mn£ai.s aw Í}rés!./. 3 vols. Paris: Firmin Didot Frêres, Imprimeurs de
Cascudo, Luis da Camara, ed . 4HÍo/ogí'fl d4 fl/i.me#Íarfffo no Brfl5!-/. Rio de Janeiro: L'Institut de France, 1834-9.
Livros Técnicos e Cienti'ficos, 1977. Dc"` Chai\c;s HastirLgs. A year in Brazil, with notes on abolition of slavery, the ft
Castre, A. A\. Ca:Tdoso. Relatorio sobre os crimes de novembro„. Rio de ]aneLro.. nances of the Emi)ire, religion. rmteorology, natural history , etc. Londies.. K.
Imprensa Nacional, 1904. Paul, Trench, 1886.

220 22,
Diario de Pernambuco. Red{e, 1860. Ferrez, Gilberto. ed. rj# Brú!zi-/ o/Íldward Hí./deõr¢#c7Í. Rio de Janeiro: Distribui-
di Cavalcanti, Emiliano. r!.agem da mi.Mfia i//dúí. Rio de Janeiro: Civilização Brasi- dora Record, s. d.
leira, 1955. _. e WestorL I . Nat€£ . Pioneer photographers of Braz}l. 1840-1920. Nova.York:.
DiaJs, Maiia Od+1a, Le]it€ díL SHysi. Quotldiano e poder em São Paulo no século XIX The Ceiiter for lnter-American Relations, 1976.
-AHa Gcrfrwdes Í7e Jesws. São Paulo: Brasiliense, 1984. Feirez. "c. 0 álbum da avenida Central: um documento fotográíico da cori_stru-
D`mcan, ]utiÂn Smi:th. Public arid privale oi)eratior3 of the railways in Brazil . S\u- fôo da avc#i.d4 RÍ.o Br"co, RÍ.o de Ja#ciro, J9®-/906. Intiod. de Gilberto Ferrez
dies in History, Economics, and Public Law, 367. Nova York: Columbia Uni- e ensaio de Paulo S. Santos. São Paulo: Ex Libris, 1983.
``0 festival da Praça da Republica, 8 de setembro 1903". ArcÁi.vo de AssjsícMcia ¢'
versity Press, 1932.
Dunlop, Charles Julius. Os wc;os de /mrzsjporíe do Jti'o Úmfí.go. Rio de Janeiro: Gru- JH/anc;fl, 2, 7-9 üulho-§etembro de 1903), pp. 147-8,
Figueiredo, Carlos Arthur MoncoTvo de. "Projecto de Regulamento das Amas de
po de Planejamento Gráfico, 1973.
Leite". Gazeía Mrifca dfl B¢Áú, 1876, pp. 498-504.
_. Subsídios para a histórla do Rio de Janeiro . Rio de ]aneiio-. Río Ari:riigo , 19S] .
Filgueiras Junior, [José Antonio de] Araú]o, ed. C'Ódjgo Crí.m!.#¢/ do Jmpcr!.o cÍo
TlboNi,Thc>r"z. Dissertação sobre a hygiene: os prejuízos que causam uma rrió a[i-
J}/úÜ;/. 2? ed. Rio de Janeiro: Laemmert, 1876.
wen/açõo. Rio de Janeiro: Popular, 1880.
"A educação da mulher". 4 ,Wõ€ de Famí./ja, janeiro-fevgreiro de 1881, pp. 5-29. Fleiuss , Max. j7í§Iori¢ ¢dmi.njJíra/i.va do J}rüs;/. 2? ed. Rio de Janeiro : Melhoramen-
tos (1925].
Ellis, Myriam. A bfl/c'i.a Ho j}rflsí./ co/o#j¢/. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
._. Hisíom da cídade do Rici de Janeiro (Distrito Federar) , iesumo dLàa;cÜco . Sao
The Emi}Ire of Brazíl ar the Universal Exhibltion of 1876 in Philadelphia. Riio de
Paulo: Melhoramentos (1928].
Janeiro: Imperial lnstituto Artistico, 1876.
Fluininense, /hérico [pseudônimo] . "0 carnaval no Rio" . Kosmos, 4, 2 (fevereiro
4 Esfafõo. Rio de Janeiro, 1879.
de 1907), s. p.
0 Esiado de S. Pau[o. São P&"1o. 1961. Fo/ogr4#e Z,¢Íei.#amcrJ.ka tJom /860 Zi/.s bcwfe. Konzept und Realisation von Ausstel-
Ewbari.k,Thcimí[s. Life in Brazil: or a journal of a visit to the land of the ccicoa and lung und Katalog, Erika Billeter und Übersetzung der spanischen Texte, Bert
/Ãe po/m.1856; reimpr. Dctroit: Blaine Ethridge Books,1971. Sommer. Kunsthaus Zurich, 20 de agosto-15 de novembro de 1981. Bema: Ben-
Expilly, Charle§. Z.e Bréfí./ Íe/ q#'!./ e§/. 3? ed. Pans: Charlieu et Huillery, 1864. tell,1981.
._. Mulheres e costumes do Brasll. Trans. Gastào Pena+va. 2? ed. Séne 5€ , Bras±- França Junior, Joaquim José. Fo/*eJí.%s. Rio de Janeiro: Typ. da ``Gazeta de Noti-
liana, 56. Primeira publicação em 1863. São Paulo.. Companhia Editora Na- cias", 1878.
cional, 1977. Freitü, 8. Ribeiro. ` `Hígiene da habítação: os corredores longos e as alcovas das ca-
Fairdhl]ds, C-nsjie. Domestic enemies: servarits and their masters in Old Reglme France . sasdoRiodeJaneiro''.RcvisíadosCons/"Íorcs.7(agostode1886),pp.110-2.
Baltimoi.e: Thc Johns Hopkins Uriversity Press, 1983. FTeyre, Gilberto. Ordcm eprogrefso. 2 vols. Rio de Janeiro: José Olympio.1959.
Fa:oro, T+zi}rrri:w"do. Os donos do poder: f oTi'riiição do i]atronato pol(tico brasileiro . :. Éobrados e mucaml)os: decadência do patriarcado niral e desenvolvimerito do
2 vols. 2! ed. Porto Alegre: Globo, e São Paulo: Editora da Universidade de wrõfl#o. 2 vols. 3? ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961.
São Paulo, 1975. _. "Social life in Brazil in the middle of the nineteenth century" . flísziani.c .4me-
Faii&, Antoriio Bcn:to de. Amotações theorico-praíicas ao Código Penal do Brasil rican Historic:al Revíew, S (L9Z2), T)Íp. S9lJ530.
de ac:cordo com a doutrina e leglslação e a jurisprudencia, nacionaes e estrari- Gama, Manoel Jacintho Cameiio Nogueira da. Te5Íame7!Ío. Freguezia de Santa The-
reza [Valença, Rio de Janeiro]: Typ` de Santa Rosa, 1883.
geiras, seguído de um appendice conteridci as leis em vigor e que lhe são refe-
rcmfes... 2 vols. 49 ed. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro dos Santos. 1929. Gastcín,IarisMCFadàen.HuntingahomeinBrazil.Theagmulturalreso¥rfesapd
FazeT\da, Iosé Vieúa. "A roàa (casa àos eRpostos|" . Revista do lnstituto Hisiórico other characteristics of the country; ako, the manners and custorris of ihe iriha-
bí.ÍanÁg. Filadélfia: King and Baird Printers, 1867.
Gcognúí}co Br#J!./ei.ro, tomo Lxxi, vol.118, parte ii (1908), pp.153-81.
O¢zcía dfl raHde. Rio de JanEiro,1881,1884.
Fer"n:àes, FrorestíLn. Tl.e Negro in Brazillan society. |A integração do negro na so-
Gazeíc! de Noíjc/as. Rio de Janeiro, 1884.
cÍ.edade dc c/assgs. 3: ed. São Paulo, Átjca, 1979.] Trad. Jacqueline D. Skiles,
Geertz, Clifford. 77m J.MÍcrpreí¢Íi.on o/cw/Íwre§, sc/ecíçd cssajJ§. Nova York: Basic
A. Brunel e Arthur Rothwell. Ed. Phyllis B. Eveleth. Nova York: Columbia
Books, 1973.
University Press. 1969.
GcnoNese. Euge"e D. Roll, Jordan, roll: the world the slaves made` NoviLYork.. Pan-
Ferraz, Fernando Francisco da Costa. "A salubridade da capital do lmperio e os
theon, 1974.
coitiços" . Annaes Brazilienses de Medicina, 35 (1884), pp. 443-69.
Godelier, Maurice. ` `Economic striitures of pre<apitalist societies". Lecture, 19 March
Fe[rez. Gílher®o. A muito leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,.
1979, University of Texas at Austm.
quairo séculos de expansão e evolução. Paris= Marcel Mc.uillot, \965. _. "Infrastructures, societies and history". CwrrcHí ,4#!Áropc)/og}Í, 19 (dezem-
_. A praça 15 de Novembro, anlígo largo do Carmo. Rio àe ]&ndio-. Bjir*"i T3;m- bro de 1978), pp. 763-71.
presa de Turismo do Munici'pio do Rio de JanciTo, 1978. GOT\çaNes, Em[l`io , Empregados domésticos: doutrina. legis[ação e jurisprudência.
_. ed . 0 Rio a"Ílgo do foiógrqfo Marc Ferrez: paisageri5 e tli)os hümarios do Rio São Paulo: Edições LTr, 1973.
de Janeiro. 1865-1918. São Paulo: Bx LLbris, L984. Gorender, Jacob. 0 e6t.rat7ísrMo co/onú/. São Paulo, Ática, 1978.

2J2 223
Goulart, José Ali'pio. "Alguns dados sobre o comércio ambulante do leite no Ri(t
deJaneirodoséculoxix''.jiev*/adoJauf/mJofJi.5íórí.co€Geogúj}coBrast- I ,(`ii\os. Cailos À. C. Cozinl.as. eic. Um estudo sobre as zonas de servlço da casa
/g!.ro, 263 (abril-junho 1964), pp. 31-54. paw/b/a. Debates, 94, São Paulo: Perspectiva, 1976.
chma=h,o¥b±:.,J.o.:'n,a.|.o.f?_v_o_ya.é_ó_t.oBraz"apgres|dencet,nre,du"ngpariof I ,u`i\\c)s , Miig)iel. A llberdade de profissão e o regulamento para o serviço domestico .
'h_e y_=_r_s_ |P2|_, .|8?2. | g23 . |824., reimpt . Nova Yori. i;.ãã:';£;. Rio de Janeiro: Typ. Central, 1890.
c3rahH`m_:|R,_í:r=q.B:,ainandt_he?nsetofmódemizationi;-É;ai;,:o,i;o:í;íá.c"- 1 i. I`oy Ladurie, Emmanuel, iwonJa/.//ow.. ÍÁeprom/.scd /a#d o/frror. Trad. Barbara
bridge Latin Amencan Studies, 4. Camtiridge Umversity Press. 1968. Bray. Nova York: Braziller, 1978.
_. "Causes for the abolition of negro slavery in Brazil: an mteipretiye essay". 1 l iihnres , Mana Yedda Leite. fJi.s/o'rí.a cJo ¢óairJecí'menío,. wma proó¢máíí.ctí em q!ief-
/flo (/530-/9/®. Coleçãc) Estudos sobre o Desenvolvimento Agrícola, vol. 5.
fl.S?.anT_
Guimarâes, A me`ricap
Bernardo. Hstoricgl
4 effn3va Review,
Jsawra. 4i publicaçâo
Primeira o`aay ig66;,-i;i:i:i:.-;i.
em 1875. Belo Hori. Brasília: Binagri, 1979.
zoTite.' Itatiaia, 1977. 1.iibo , Eulália Maria Lahmeyer . J7Àgfóri-a do JZí.o de /anez.ro.. do c¢pitú}/ comerfi.a/ ao
Gutman,HcrbertG.2l¢eB/ack/ami'/yi.#5/mryand/mgdom,J750-J9L2j.NovaYoi-k: capllal induslrial e financeiro. 2 vols. Rio de ]arieiro= iBMBc,1978.
Pantheon, 1976. 1,t`mbardi, John V. ` `Compa[ative slave systems in the Americas: a critical review' ' .
Ho£Ee=b^e.:3_,E_._.|:N!neteeTt~h_-_centurysouthAmericainphoiograplw.Nova¥ork= In New aj)proacÁes /o Z,c!Íi.# 4merJ'caM ÁÂsíor}.. Ed. Richard Graham e Pcter
Dover Publications, 1982. H. Smith. Austin: University of Texas Press, 1974, pp. 156-74.
H01an±:_SÍ=.5i_o_Puaique àe., ed` História geral da cwilização brasilem tomo m 0 1,\w:ock, ]ohn. Notes on Rio de Janelro and the southerri parts of Brazií; tçikeri du-
BQ:=.S±±¥_oníá_rq.¥,co,v.o^\=[..;Reações_etransações:2êád:á{í:.í=u,,:`5ít.=::ó ririg a residence of ten years in thai couniry, frorn 1808 to lsl8 . LOT+dies'. Sa`-
Européia do Livro, 1969. muel Leigh, 1820.
-~.=:`r,H`^Ü:g±,.:e^r?_l?_:_C,i,V,ilizaç~ã~ob:asi!eira_,toTrJoii..OBrasilmonárquico,voL M[i¢ed_o, Popeito` Barata Ribelro, administração do prímeiro i}ref ieito do Disirito
v; Z)o Í.mpéri.o à repw'Ó//ca. São Paulo: Difusâo Européia do Livro, 1972. friÉrra/. Rio dc Janeiro: I)epartamento Administrativo do Serviço Público, 1955.
Home=..^].p_==~v_í.c_ej=±e_To=esA.npua.ríg_deobservriõ_e=_:or,í,j_dá;n~::vnÀ;::;a.;,ü,, _, E/emé`r/d€s car!'oca§. Rio de Janeíro: Companhia Brasileira de Artes Gráficas,
d.eR£nicamedkadaFaculdadedeMedicinaen;186i.:.i:o~ó;Éu;:iJ::....ÃN.:;. 1 943 .
1869. .1 MÕc dc F4mz./!.a. Rio de Janeiro, 1879-81.
•.A mãe escrava". 4 M6c dc Fa77w'/Í.c7, novembro de 1879-maio de 1880, pp.165-77.
E:le.mentgs _de _clini:a medica... Ftio de ]aT\eüo.. A`+yes,18]0.
1mbert::==o_B_&ptiispA\.Guiamçdicodasmãesd;fii;riiii-a;;uainfanciaxonsideru` Mulcolmson, Patricia E. EHg/í§Á /awfldrp§tFff.. a soc!.a/ ÁÚíor}i, Jsjo-J930. Urbana
d.a.n:o%.ahygíene,suasmo,estíase,ratamen;os.Txí;:;;&:eví:;.:F;;.„E;U&.:¢:: e Chicago: Uriversity of lllinois Press, 1986.
za, 1843. Mulcolmson. R. W. "Infanticide in the eighteenth century". In Cr!.me /.w E#g/and,
Jaines,Preston.``RiodeJaneiroandSãoPaulo".OeograpÁÍ.cfl/jieví.ew,23(1933), /jJO-JSOO. Ed. J. S, Cockbum. Prmeton University Press,1977, i)i).187-209.
pp. 271-98. Molheiro, Agostinho Marques Perdigão. A e§cr4t/Ídôo no Brúst/.. c7üai.o Áísíórico-
Joma/ do C`owmerci.o. Rio dg Janeiro, 1850-1910. /'w//JÍ.coÜoc!.a/. 3 parte§ em 1 vol. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1866-7.
loyce,:~d_1r`irc::.y?,rk`..so¢¥tyandpoliticsühecultureofthefaciorymlalervicw. Mara, Federico Lisboa dc. fJisíór;co soõrc o aõasteci'mcHÍo dc agm Ó Capí.Ía/ do
r;afl £#g/flm7. New Brunswick NJ: Rutgers University PTEss, 1980. lmpeTio desde 1861-1889. Rio de laneiro.. Imp[ensç\ NacLo"l, L889.
Jiidt, Tony. ``A clown in royal purple: social history and the h]storians", HÉ/ow Mflrcílio, Maria Luiza. A c`i'dad€ de SÕo Pa#/o; povoa"cn/o e pop#/aüo, / 7jo-/850.
WrorAÜAop 7 (Spring 1979), pi). 66-94. Universidade de São Paulo, 1974.
Kaiasch,MaryC.S/avc/Í/eúJimdeJaneí.ro,/8a8-/850.PrincetonUniversityPrcw "Moternidade". 0 Com"G#f¢rio, ser. iiT, 6 (outubro de 1905), pp. 101-7.
1987. Motliias, Herculano Gomes. HÍsJór;¢ i./zti7/rada cJo jR!-o de J4#ei.ro. Rio de Janeiro:
KEfzm~a:m_,~P:_vi±_±_.S.%.e.n.d_a.y^sg.week:_womenanddomesiicserviceinmdw"all- Edições de Ouro, 1965.
zi.ng 4merí.ca, J870-J920. Nova York: Cüford Uníversity I.ress, 1978. MuzEL, Saiah C. Servariís and masters in eighteenih-century France: the uses of lo-
Kidder_,_p_&_mJíe|_f:_?__,.a"e5C._FLetçreT:Braz,,and;;éi;riiài,-ii;;à'p-okr.a.;e`í,'n.kis'or|- }J¢/Í)J. Princeton University Press, 1983.
ca/Wdeffrjpí/veGkcíctief.9?ed.rey.LondTcs:SampsonLow,Marston,Searl¢. MCB[.ide , Th:£[esa. M. The dorriestic revolution.. íhe modemization of household ser-
and Rivington, 1879. vice ln England and France, 1820-1920. Ncwa Yoik: Holmes & Meier, L916.
TK;ossoy_,^±:x..P:?ens..e.gpansãodafotografiianoBrasil,séculoXIX.PÚodeW
Mc@de, Teresa. " `avilizing R]o de Janeiro': the public health campaign and riot
neii`o: Funarte, 1980. of 1904". Jo#ma/ o/ Soc;a/ fri.síory, 20 (Winter 1986), pp. 301-22.
Kostcr,Heiiry.7taveArü.Braz//.Ed.eintrod.C.HarveyGai.diner.Primeirapu" Mi.l[o. Pedro Carvalho de. ` `The economics of labor in Brazilian coffec plantations,
cação em 1817. Carbondale,111.: Southem lmnois University Press, 1966. 1850-1888". Ph. D. diss„ Universíty of Chicago. 1977.
Kuznesof, Elizabeth. "HousehoH composition and headship as related to chanBCH Mendonça, Antônio Manuel de Melo Castro e. ` `Memória econômjca-poh'tica da ca-
in modes of pToductíon: São Paulo. 1765 to 1836". Compan"w Sfwdlt..ç /n pitania de São Paulo.. . 1800" . reimpr. AH4Ás do Mh#z{ P"/i§Ía, 15 (1961), s. p.
SocieJy awd flí5Jor}t, 22 (Jaiiuaiy 1980). pp. 78-108. Mi`ne7,es, Adolpho Bezerra de. 0 Govc7.Ho € a Cam¢m M#~Á.ií}a/ da Côrle. 4rJJ.gos
LaemT=_t_e_PF. .?!a_n_Ía da cidade do R,o dé Jía;eirá é-á;buTbíos. R|o óe |om„„ publicados na "Reforma.'` Rio de laneíro.. Typ. da "Re£oma" , Lsl3.
Laemert [1889]. Mcnezes, José Felix da Cunha. Jryg/€nc r€/aí!-va cro saneamenfo d¢ ci.dade do Jii.o
de /¢wci'ro. Rio de Janeiro: Vmenewe, 1890.

224
225
Merríck , Thoma6 W. e Douglas H. Graham. Popw/aíi.on aBd ecowomi'c deve/opmen/ •'l'.l..im `lu iiwtll`'(`.'. A M4e de Fam!./!.a, março de 1881, pp. 33-4.
J.m Br4zi./, J800 Ío /*€pre§enf. Baltimore: The Johiis Hopkins University Pre69 , " r.l..i i i `ln Hi.illi`i` Hobre amas de leit€", Á ^4Ôe de Famí`/ja, julho de 1879. p. 89.
1979.
MÊtcalf, Alida. "The famlies of planters, peasants, and slaves: stratedes for Survl- miiii., lu nii``lw l'orolra. '.Relatorio do Prefeito do Districto Federal ao Con§elho
M iHili li"I , 1 ',` dc BCLembro 1903' ' . In Ámaes do Conse/Áo 4íf(r».c!Pa/ e Synoj}-
val in Smtana de Parnaíba, Brazil, 1720-1820' '. Ph. D. diEs. , University of Texaq
at Austin, 1983.
t. Í/. ,w/M `J'rwbaMo§. Rlo de Janeiro: Typ. do "Jornal do Commercio. 1904,
Moncorvoflílho.Àn:hui.DaassisienciapublicanoRiodeJanelroeparticularmenie 1,',' '4 H2'

da a5Si.stc»c/.a c!' i.q/cÍ7zc7`cz„. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907.


lw ,1 h iwlii. J/'/m /4byríü/# o/so/í.Íwde. Trad. Lysander Kemp. Londres: Allen La-
_. `.Exames de amas de leitc do `Dispensario Moncorvo' ". ,4rcÁi'vos de ,4§sÁst w. ','',7.

Íenc/.o Ó JvaHci.a, 2, 10-2 (outubro-dezembro de 1903), pp. 167-73. 1.. w . i` h . lmw 1 „ ..Symbolic reversal and social hístory: transvestites snd clowns

_. Historico da protecção á infancia no Brasil, 1500-] 922 . F`ío de lírn£iio.. Pa:H\o , `il li`vi\" , li\ The reversible world: symbolic inversíon ín art and society. Ed.
Pongetti e Cia„ 1926. li ii i i iil . lliirbnra A. Babcock. Ithaca: Cornell University Press,1978, pp. 209-24.

_. Hyglene publica. Da alirrientação pelo lelte, cor"unicação apresentada á So- 1'.. iilu . l`lw ..\ woman's joumey round the world, from Vienna io Brazil, Chili.
ciedade Scíen!iftca Protectora da lnfancia erri rwvembro de 1902 . SÃ8;o Pa:"lo.. / i///Í/l, Í Yi`/iü, fJ!.#cÍo§Í4ü, Perfí.a, aHdAs/.a Mi.#or. 29 ed. Londres: [Office of
Espindola, Síquejra, 1903. tliii Niiiltiml lllustrated Library, 1852].

_. "A tuberculose e as collectividade§ infantis". A Ordcm Soci.ci/, 3 (1911), pp. I.l.wpiil.il , ^i`ittnio Martins de Azevedo. QÍíacs os m€/horameníos Á}Jgjen/.cof ¢£íg de-
67-70. `'diii ,wr li.troduzidos no Rio de Janeiro. para tornar esta cidade mals sauda-
Moncorvo Filho, Arthur et al. ASszg#Mc!.a ó J.n/aHci.a, Ajíg!.cne i.Va7if!./ á mões po- `'//„ l`lo de JaneiTo: Moreira, Maximino, 1884.
bres; corüeremías reallzadas rio Disperisario Moncorvo, 1901-1907. B:ío de ]o. \iilt,`l(Ilc)s para o estudo da hygiene do Rio de Janeíro. R±o de ]&ndro', Gaspa;i
neiro: Imprensa Nacional, 1907, \lH Hllvo, 1890.

Moraes, Eneida de. HJsíór;a do camava/ cflrioco. Rio de Janeiro: Civflização Brasl. 1'1 i m ,li"ó J(`yme de Almeida. ,4mas de /ei.Íe. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1909.
leira, 1958. ~////'/#w.ç mercenarjas espcc;a/me„Íe #o Bras]./. Niterói: Typ. Amerino,1906,
Morais Filho, Alexandre José Melo. Fesfas c Írad!.Ço-esj7opi//are§ do B/w!./. 3? cd. l.m iu , M , I , de C8;mpos. Reperiorio de leglslaçâo ecclesiastlca desde 1500 até 1874 .
rev. Notaj5 de LuiB da Camara Cascudo. Primeira publicaçâo em 1888. Rio de l{l`i de Janelro: Garnier, 1875.
Janeiro: Briguiet, 1946. l'm n"nl, ^ntonio Nunes de Gouvêa. Jü/weMc!.a da €dwcaçõo pÁ+!gí.c¢ do ftomcm.
Moreira, Nicolao Joaquim. "Duas palavras sobre a educação moral da mulher ,... '' . ltli\ di` Janeiro: Laemmert. 1853.
Annaes Brazl[ierises de Medicina. 20 (1868), pp. 96-loJ . 1'iii1iiHHl,^`irelianoGonçalvc§deSouza.Prí.meJo4mzmri.od€2síarisíí'"dgmog7.¢pÃo-
Nabuco, Carolina, rjze /ffe o/Joaqwí.m Naówco. Trad. e ed. Ronald Hilton. Primel- `ri//i//Ür/.¢ do cJdade do J{i.o de Jcznejro. Rio de Janeiro : Imprensa Nacional , 1890.
ra publicação em 1928. Stanford University Press, 1950, • 1 il/////z~ dL] Novcmóro do Sgxo Fem!.m.flo. Rio de Janeiro, 1892-6.
_. Meu livro de cozinha. Rio de ]aneiro= Nova Fronteir&, 1977. l.ii.`ilci M, (1corges, comp. e trad. 0 conde cíc Gobí'nea" Üo Bras!./. São Paulo: Secre-
Nachman, Robert. `.Positivism and revolution in Brazil'§ First Rçpublic: the 1904 ii`i`lii dD Cultua, Ciência e Tecnologia. Conselho Estadual de ailtura,1976.
Revolt". 7lfic .4merí.ca§, 34 (July 1977), pp. 30-9. 11 u iiiiiH, l)onald. "Marriage and the family in colonial Vila Rica" . J7íspa#z.c Amcn.-
Newby, Howard. "The deferential dialectic". C.owparaíJ.ve Síwdi.es J'# Socí.ÇÍ+r and /i(//] H/síor!.ca/ Rey!.ew, 55 (May 1975), p. 200-25.
HÍ.sfor}Í, 17 (April 1975), pp. 139-64. llqli.ll`i, Eugenlo. ``Da vida sedentaria e de seus inconvenientes anti-hygienico§".
Nosso Século,1900-190] , i. #{w/Sía dc Hygi.e#e, Betembro de 1886, pp. 184-8.
"Noticiano" . .4mÁ/`vas dé AssÁsíe#cja ó J+{rancí.a, 2, io-2 (outiibro-dcz"nbro de 1903),
llnw\`. l`.Hé Pereiir&. Apon[amei.tos sobre a mortalk]ade da cidade do Rio de Janeir?
pp. 191-5. i)iirilcu[armente das crianças e sobre o movlmerito de sua população no_pri-
NunRs, I . P . Fa:w-"8i. Estatistica do Río de Janeiro e serviços concernentes á salubrl- /)i{i//oqwóír/.e#njodepoísdorece#scflmcnío/cJ`ÍoemJ872.RiodeJaneiro:Typ.
dadepwb//.ca da cjdade do jzí.o tJe Jancí.ro. Rio de Janeiro: Inprensa Nacional , Níicioml, 1878.
1885. . l.*Nboço historico das epidemlas que tem grassado rio cidade do Rio de Janeiro
•`A população do Municipio Neutro". Rev;sía da Socí'edcide tíe Geogr¢pÁ/o, 1886,
//i'.çde /8JO ¢ J870. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1872.
pp. 27-9. . Memorrii historica das epidemias da febre amarella e cholera-rnorbo que têm
Oakenfull. J. C. B/azí./ i.# J9/2. Londres: Atkinson, 1913. rti/nado no ,BrarJ./. R]o de Janeiro: Typ. Nacional, 1873.
08Lke8, ]ames. The rullng race: a hislciry of American slavelwíders. NÇw York.. A.\-
l`iilH, .loao José. "Slave rebellion in Brazil: the African Muslim uprising in Bahia,
fred A. Knopf, 1982.
1835", Ph. D. diss., University of Minnesota, 1983.
Padilha, Francisco Fernandes. gw¢/ o regí.mcn ¢/!-me#Ídr dff c/as§cs poóres do J2/.o
/ttw/ú`m dos CoMsírwcíor€s, julho de 1886.
de Janeiro? Çftiaes as mo[estias que mais commummeme grassão en[re ellas?
/(tw/L`m ///wÚ/r¢da. Rio de Janciro, 1876-93,
Que relações de causa[idade se ernontrão entre esse regimen e molestias? Pjio Illbclro, Leonidio, org. Médfcí.m Mo ,Brflzí`/. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1940.
de Janeiro: Laemmert, 1853. `/'/7o J{/o ~ew¢. Rio de Janeiro, 1879-93.

226 227
Rios Filho, Adolfo Morales de los. 0 R;o de /¢Mc/.ro /mperí.a/. Rjo de Janciro: "A Silva, Rosauro Mai.iano da. "A lm pela água" . In jtj.o de /anci.ro em sc" qwaíro-
Noite", 1946. centos anos.. f iormação e desenvolvimenio da cidade. Bd. Fem;ar.do Nascrien-
Roberts, David. Pff/crna/í.sm Í.H €ar/y yí.cforjan Eng/a„d. Ngw Burnswick, NJ: Rut- to Silva. Rio de Janeiro: Distribuidora Rccord,1965, pp. 311-37.
gers Univer§ity Press, 1979. Smith, Herbert H. Ert]z/./.` /Ãe ,4mazo# amd ÍÃe coasf. Nova York: Scribner's, 1879.
Rodriç"es, ]. Wasth. Mobiliano do Brasil antigo (evolução de cadeiras luso- Soares, Ubaldo. 0 passcído ÁcróJ'co da CaFa dos ,gxposíos. Rjo de Janeiro: Funda-
Õrüfí/e/.rtzF). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958.
ção Ronião de Matos Duarte, 1959.
Rosaldo, Renato 1. "The rhetoric of coiitrol: Ilongots viewed as natural bandits and _. Um século no roteiro da carídade: o hospital da Mlsericórdia. 1852-1952` Sub-
¥i:d ``Td'an?"= |n. Tme rev_erlib|e Wor|d, synibo,w ,nversion 'n a„ and sáà;éi;;. sÍ'dí.os ÁÍ.sÍo'rí.coS. Rio de Janeiro: "Jornal do Commercío", 1952.
Ed. e introd. Barbara A. Babcock. Ithaca: Comen Umversity Press,1978, pp. Socicdade de Higiene do Brasil. jie/¢/orí'o flprff€#Íado no Sc5sõo aHni`versar;a c/e 2j
240-57_ de junho 1893 pelo secreiarici geriil interirio Dr. Carlos Augusto de Brito e Sil-
Roza, Francisco Lui'z da Gama. H)Jgwnp do c.asa"e#Ío. Rio de Janejro: Leuzinger, t/úr. Rio de Janeiro: Barreiros, 1893.
1876. Souza, Francisco Belisário Soares de. 0 sÁ9/€ma c/€i.Íora/ #o Jmpc'ri.o. 2 ? ed, Coleção
Rugendas, Maurice. yo)Jag€p;ÍJor€jrqw€ dams /e ,Bre'Úi./. Trad. M. de Golbery. París : Bernardo Perem de Vasconcelos, Série Estudos Jurídicos, 18. Primeíra publi-
Englemann, 1835. cação ern 1872. Brasilia: Senado Federal, 1979.
EL"ssR+I-y_oo_d, A. I . FL. Fidalgos and philantroptsts. the Santa Casa da Miserk:órdia Sou2a Junior, José Modesto de. Do /egí.mérw a/í.me#Íar dos rcfem#asc!-doír. . . Rio de
o/ BaÁJa, /550-/75J. Berkeley: Uníversity of California Press,1968. Janeiro: Imprensa Gutc.nberg, 1895.
Sampaio, Geraldo F. ` `Saneamemo das cidades brasileiras" . In Medí.cÍ.na mo Brúü;/.
Stún, S\çmley ] . The Brazilian cotton manufacture: iextile enterprise in an underde-
Organizado por Leomdio Ribeiro. Rio de Janejro: Imprensa Nacional, 1940, vc/oped ar€a, /850-J9JO. Cambridge: Harvard University Press, 1957.
pp. 190-208. _. Vassouras.' a Brazilian coffiee coun[y, 1850-1900. Cambridge= Hi\rvaTd Uri-
Sant'Anna, Edna Mascarenhas. ``Amexo r As transfoimações ocorridas no trecho versity Press, 1957.
ocupado atualmente pela área central' ' . In j4 ár" ce#/r¢/ da ci.dade do J?m de Stepan , Namcy ` Beginníngs of Brazilían science: Oswaldo Cruz. rnedical research and
Janeí.ro. Brasil, Instituto Brasilciro de Geografia e Estatística, Con§elho Na-
po/Í.cy, J890-/9?O. Nova York: Science History Put)lications,1981.
cional de Geografia. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- S\or.e, LÜw[Çnce. The f iami[y, sex and marriage ln England, 1500-1800. Lcíndies.. Wei-
ti'stica, 1967, pp. 45-7.
denfeld and Nicolson, 1977.
Santos, Francisco AgeTior de Noronha. C#orograpA/a do Di.5íri.cÚ Fcdera/ (c!dad€
Sussman, George D. ` `The wet-nursing business in nincteenth€entury Trance" . f+g%cÁ
do Jii.o de /amei.ro). 3: ed. Rio de Janeiro: Emjamin de Aguila, 1913.
Ilistorical Studies, 9 (L975). pp` 304-28.
_.¥ei.osdetran_sportenoRndeJanelro.Hw§tóriaelegislação:2.vc;1s.eml.Trm
_. Selling mother's milk: the wet-nursing business in Prance, 1715-1914 ` UTba"a..
de Janeiro: Typ. do "Jomal do CommeTcío", Rodrigues & Cia., 1934.
University of lllinois, 1982.
Santos,LuizGonçalvesdos(PadrePerercca).iwcmórjaspmóewüóÀKfórí.acÍor€J.m
Sutherland, Daniel E. Amerí.cflm ¢nc7 /*eí.r õervúíM/s.. domesíi.c £rervi.ce Í.n fA€ C/w;fed
do Brasí./. 2 vols. Reconquista do Brasil, n. s., n9 § 36 e 37. Primeira publicação S!a/e5/rom /8tm Ío /920. Baton Rouge e Londres: Louisiana State University
em1825.EeloHorizonteeSãoPaulo:ItatiaiaeUniversidadedeSãoPaulo,1981. Press,1981.
schwTtz,. StTn.B. Sugqr p|anta,ions ,n the f iormat,on of Brazi|'an -s;Já;: iiái:- Tírpajós, Torq'ua:to Xa:vieT Mo"¢Àro . Estudos de hygiene.. a cidade do Rio de Janei-
bridge Latin Amerícan Series, 52. Cambridge Universíty Press, 1985. [Segre- ro; primeira parte.. terras, aguas e ares,. idéias f inaes. R:\o de ] aneiro= Imprensz\
do5 í.Üremos.. e#gcmAos c e§cravos ma socíedfld€ co/o#i-4/. Companhia das Lc- Nacional, 1895.
tras, 1988.]
Thompson, E. P. "Patrician society, plcbeian culture". Jowr#a/ o/Soci.a/ fJri/orjJ,
Scarle, Eleanor. "Seigneurial control of women' s marríage.. the antecedents aiid func-
7 (Summer 1974), pi). 382-405.
tíonofmerchetinEngland".Paõíawdpresení,82(fevereirode1979),pp,3-43. Tollenare, Louis François de. jvo/as dom!.Mí-caes. romaczas dwrcíníc #mo res!.deHcÍ.a
"Serviço domestico". 0 Comm€#Íú!ri.o, ser. iii, nç 10 (fevereúo de 1906), pp.148-51.
ern Porlugal e no Brasi[ nos annos de 1816.1817. e 1818... Recífe.. "]c/rriti
0 Sero Fcmí.#!.#o, 9 de junho de 1889.
do Recife", 1905.
Shortcr, Edward. r4e maÁi.ng o/ÍÁe modcm/awi/p. Nova York: Basic Books. 1975.
Toussa;int-Sam:8on, AdeÀe. Une Parisienne au Brésil avec photographies originales.
Silva, Fernando Nascimento. "Dados de geografia carioca'.. In jRÍ.o de Ja#ei.ro em
Paris: Paul Ollendorff, 1883.
¥.us?uatroce:itosanos:formaçãoedesenvolvimerilodacidade.EÁ);.Femando Trovão, ]osé Lopes d& Snya. Dircurso proferldo na sessão do Senado Federal de
Nascimento Silva. Rio de Janeiro: Distribuidora Record, 1965, pp. 29-38. 11 de seiembro de 1895 sobre o lrabalho das crianças. Ttiio de la:neíio.. lmpien-
Silva,JoaquimNorbertodeSouza.Jnv€s/!.gfl£Õc5jroàrco5recemame#Íosda,pc}pw-
sa Nacional, 1896.
lffp_o_?erald.o.ITP?r:oedecadaprov,nc,adepersitemtadosdesá;;;tre#iás T\irrier, Vicü>i. The fiorest of symbo[s.. aspecis of Ndeml)u ritual` lthaj*.. ComexI
c.oion.iais gté iwje f eiias em virtude do avk]o áe i5 de março de i87ó:. . -i;: -áe
University Press, 1967.
Janeiro: Typ. Perseverança, 1870.
Val, Waldir Ribeiro do. Geogm#a dc Mac*ú!do de ,4§§Ás. Rio de Janeiro: São José,
Silva, L. A. "A remoção do lixo". R€vÍ.5ía fJ}tg!.e#e, junho de 1886, pp. 49-52.
1977.
Silva, Peçanha da. "Memoria ou oüservações... sobre a amamentação e as amas de
Vasconcenos, Carlo8. "Amas de leite". Revís/a de ZJ}gÁ3#e, i, 2 0unho de 1886),
leite", A##aeJ Brfrzí/íe#sef c7e A4cdJ.fi.na, 21 (1869), pp. 253-6.
pp. 59-63.

228 229
Vasconcellos, José Marcelino Pereira de. Jicgí.meMÍo doú Í."pecíort.s dc 4rS/aríe!.rõo
ou collecção dos actos e atiribuições que competern a esta classe de funciona-
n.o§. Rio de Janeiro; Typ, e Livraria de Bernardo Xavier Pinto de Souza, 1862.
Vasquez, Pedro. Z)om Pgdro Jr € a /oíognq/Za no Bras!./. Rio de Janeiro: Fundação
Roberto Marinho e Conpanhia lnternacional de Seguros [19S6|.
VLàe,SebasüãoMo"eiiioda.Corutituiçõesprlmei"doArcebispadodaBahia.Feltas
e ordenadas pelo„. Sebastião Mor[1eiro da Vide, 5? Arcebispo do dito Arce-
bispado e do Conselho de Sua Magestade: Proposias e acelías em o synodo
Diocesano que o dito Serihor celebrou em 12 de jwmho do anrio de 1707. Irri- II]USTRAÇÕES E MARAS
pressas em Lisboa no anno 1719 e em Coímbra em 1720... Sao Pa;"o`` Typ.
``2 de Dezembro", 1853.

von Binzer, Ina ®8eudônimo de Ulla Von Eck?) . A/Çgriaü e /ri§Ígzas de wma cdwca-
dom aA>mõ no ,Bras//, Trad. Alice Ros§i e Luisita dc Gama Cerqueim. São Paulo:
Anhembí, 1956.
Walsh, Robert. jvoíi.ca5 o/Íimzj/ /# /828 and J829. 2 vols. London: Frederick Wes-
tley e A. H. Davis, 1830.
Werneck, Francisco Pcixoto de Lacerda. Memor;a Foóre fl jfndafõo de wma /azem ILUSTRAÇÕES
da na provlncia do Rio de Janeiro, sua adnrinístração. e épochas em que de-
tJcm/4zcr agz)/aníoço-ég, 5«as co/ti;fos, gíc., c/c. Rio de Janeiro: Laemmert, i . "Un employé du governement sortant avec sa famille" ("Um fun-
1847. cíonário do governo passeando com a familia"), década de 1820, in Jean
Whele§s, Joseph, trad. r*e C/.v!./ Codc o/ÍJrazj/ [/9J6]. St. Louis: Thomas l.aw Book Beip+iste_Debret, Voyage pittoresque et historique au Brésil , c" Séiour d 'un
Co" 1920. arí/§fc/m#Çaí`s a% Brégj/ (Paris: Fimin Didot Frêres, Imprimeurs de L'Ins-
titut de France, 1834-39), ii, Planche 5.
2. Chafáriz das lavadeiras no campo de Santana, 1835, de Carl Wi-
lhem von Theremin, in Gilberto Ferrez, A 7#zijío /e¢/ e Acro'z.cfl c.!.dacJe cÍ€

5±P *bfptião_do Rio de Janeiro; quatro séculos de exi)ansão e evoiução


(Paris: Marcel Mouillot, 1965).
3. Rua do Ouvidor, aquarela de Eduard HiJdebrandt, in Gilberto Fer-
rez, ed., The Brazil of Eduard Hildebrandt (Rio d€ ]a:neÀro.` Distiibui\dora
Record, s. d.).
4. Mercado do peixe, c. 1880, fotografia de Marc Ferrez, in Gilberto
Femez, e.d.,_O R!o a_ntigo do fotógraf o Marc Ferrez: paisageris e tipos hu-
ma#oS cÍo J!i.o cJe /a#ei.ro, /865-j9J8 (São Paulo: Ex Libris, 1984).
5. Vaca sendo ordenhada na porta de casa, desenho a lápis de Charles
Expilly, c. 1866, in Gilberto Ferrez, A m#z`fo /eo/ e Aerói.ca ci.dade de SÕ0

5e_bastpo do Rio de Janeiro; quairo séculos de expansão e evolução (Ptis..


Marcel Mouillot, 1965).
6. Vendedora de miudezas, c.1895. fotografia de Marc Ferrez, in Gil-
t:eT+:oFeirei,e_d.,0RioantigodofotógrqfoMarcFerrez:Paisagerisetipos
Á#"am do jzi.o de /a#ei.ro, /8ÓJ-/9J& (São Paulo: Ex Libris, 1984).
7. Quitandeiras, c. 1895, fotografia de Marc Ferrez, em Gilberto Fer-
rçz., ep.,_O Ri_o antigo do fotógrafo Marc Ferrez: paisagens e tipos huma-
#o§ do jli.o cíe /¢#e/.ro, Jsõ5-/9/8 (São Paulo: Ex Libris, 1984).
8. Lavadeiras e carregadoras de água no chafariz do Largo da Cario-
ca, c.1844, aquarela de Eduardo Hüdebrandt, in Gilberto Ferrez, ,4 m#Í./o
le.al e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Jamiro; quaíro séculos
de gxz}aHsÕo e evo/wfôo (Paris: Marcel Mouillot, 1965).

230 23,
9. Chafariz do largo da Carioca, c. 1890. A praça tomou-se retorno
para os bondes, e as lavadeiras desai)areceram. Fotografia de Marc Ferrez,
Ln Gjixhe_ito Feirez, ed. , 0 Rio antigo do fotógrafo Marc Ferrez: paisagens
e /JZ}oS A#ma#oJ do JZJ.o de JaHe/.ro, J86f-/9J8 (São Paulo: Ex Libris, 1984).
10. 0 entrudo no Carnaval, década de 1820, in Jean Baptiste Debret,
Voyage pittoresque et histonque au Brésil, ou Séjour d'un artiste français
aw Brág;./ (Paris: Firmin Didot Frêres, Imprimeurs de L'Institut de France,
1834-9), ii, Planche 33. ÍNDICE REMISSIVO
11. Mulher deixando o filho na Roda,1856, in Thomas Ewbank, Z,J/e
inBrazil:orajournalofavisittothelandofthecocoaandthepalm(18S6.,
reimpr. Detroit: Blaine Ethridge Books, 1971).
12. Ama-de-leite, fotografia de Joaquim Ferreira Vilela, c. 1860, in
Pedro Vasquez , Z)om Pgc7ro JJ e ¢/ofograrM no E/úu/./ (Rio de Janeiro: Fun-
dação Roberto Marinho [e] Companhia lntemacional de Seguros [1986]).
13. ``Febre amarella deu agora a visitar os teatros", J?cvÁsfa J//#sfrçí- abolição da escmvatura, amizade eittre os i)obres, 80-J
do, i, 12 (18 de março de 1876). chegada de, 127 amuletos, 65. 79, 103
14. Negra equílibra um fardo de roupa na cabeça enquanto caminha como fenômeno urbano, 20-1 mercado de, 79
e criadas residentes no lar, 75 Aranpc Júnior, Tristão de, 148
pela avenida Central, c. 1910, fotografia de Marc Ferrez, jn Marc Ferrez, efeito nas rclações domésticas, i20, 152 Àssociação SaTutáTia, 143
0 álbuy. da avenida Central: um documento fotográfiico da construção da e emprego das criadas, 34, 94-5
avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, 1903-1906 . ln.rod. de GTlberto Fe:riez ponto de vista dos at)olicionistaÉ sobre o§ e§- balsas, 40
e ensaio de Paulo S. Santos (São Paulcw Ex Libris, 1983). cravos.119 bebida, 78-9
c recusa dc exame§ de saúde, 151 bênção,113
c recusa de trabalhar, 134 bonde§
e relacionamento com a ordem social, alteração no (rabaLho das cnadas, 69,
MAPAS 129-30, 133, 149
71-2
aborto
como novo meio de t[anspor£e, 20, 3840, 57
por meio de crvas, 79, 80, 100, 112
1. As linhas de bonde do centro e do subúrbio no Rio de Janeiro, 1877 . transporte de ricos e i)obres, 40-1
agências de aluguel, 32-4
2. 0 ccntro do Río de Janeiro, 1858, 52-3. Botanical Garden Railway Company, 38
ag3ncias para empregar criadas, 33-5
agregadas, 24, 27
Cabcça de Porco, cortíço, deinolição do, 1¢5-6
água
cadernetas
encanada, 20-1. 38, 69. 70,132
para regulamentar o trabalho dag cnadas,
fornecida pelos chafarizes, 36-7. 54-5
142, 147-8, 149
amasde-lei(e, 18
candomblé. 102
como agente§ de infecção. 136-9. 143-4
Carioca, Largo da, 51, 70
atributcis morais e físLcos. 138
cafnaval, 82Ú
contratadas paTa a Santa Ca§a, 10]
e identidade do i)obre, 77. 81-2
dleta de,111
carresadoias de água,18, 51, 55, 66, 70
dmças de, 150-1
Casa
favorita entre as c[iadas, 61. 147
fronteiras intcma3, 28-30, 61, 63-4
imagens de,17,119.134,136-7,143
na pintu[a de Debret, 23 sisnificado da, revertido, 67
casa e rua
qualidades raÁ:iri§, 35
rçgulamentação de, 1434, 150-1 como categorias organizadoras. 16. 28. 64
restnçõe€ a relações sexuais, 129 fronteira ent[e, 28
sa]ários de, 26-7 sentidos rcvertidos, 66-7
scrviços pes§oais, 49-51 casmento
sua independência, 76 con"o. 86-7
subcstiDadas no recenseamento, 27 e propriedade, 86-7
vigiadas de perto, 18, 64 regras que o govemam, 86, 88-9
vínculo entre coniço§ e riqueza, 137 c respeitabílidade, 89. 92

232 2j3
chafarizes criadas dc quarto coini]rando a crédjto, 57 Igreja'
como fontes de água, 38. 56. 70-1 favorita entre as críadas. 60-1,147 e casamento, 86, 88
contratada§ através de agências, 334
c"no ]ocal de lavagem de rciupa, 51, 66, 70-1 imagem negativa de, 134 e poder do amo, 15ú
enterro de, 102
chefe da casa. na pintua de Debret, 23 igreja, pát]o da, cotno ]ocal de encontro, 79
ganho de salário, 7Ó, li8-9
autoridade do, 16, 24-5 programa de traba]ho de, 63 Imbert, João Baptista A.. 35. 144
oomo nembros do lar, 234
Cidade Nova roupag de,110 imigrantes
morando independentes, 40, 75-6, 120
cortiços e doenças concentrados na, 140-1 serviço Íntmo da fam'Lia, 50-1 bra§ileiros, 38
como mLicma8, 61
pãntanos aterrados, 37 vigiadas de pcrto, 18, 64 como parteiras, 98 contratado§ através de agencia6, 34
renovada. 154 criadas rcsidentes na casa dos patiõe§ m coriço8, 4o
pcrmis6ão para ¢asar, 88-9
aty lmprovement Company, )8, 132 c aboiiçao, 75 estrmgciroa, 20, 38, 89
prererenciü para contratar, 35
cólera, epidcmia de. 130 com famflias, 88, 93-6 Bomaricdade entre, 81
rccompcnsadas,113-5
com]ssão dc saúde pública, 131 v]da privada de, 74 infanticídio,.80
scparsçao c propriedade, 90
compríü, 56-8, 64-5. 71 criadas vlúvas no c€nEo de 1870, 88 inquiünoB. v. cortiços
e§CJavo
contrato§ de trabalho, 147-8 crlados homem. 16-7, 23 inspeu)res
abandomdo, 122
copeira. 18, 48. 60-1, 63 crianças e fiscalizaçao da vida do coitiço. 78. 135,
código legal ausen.e no Brasil, 16, 24
cortlço8 dc cri3das, 27, 93-5,137 140-1
cTiadas, númcm de, 18, 21, 27
aglomcração cm. 29, 140, 145 cuidados médicos i)aia, 100 estereótipo dB cnada, 18-9 opõcm-se ao entrudo, 85
autcLsuficicntes. 78-9 doenças de, 101-2 famílias sepaiadas. 95-7 é rcgulamentação de domésticaJi, 147
concentrados em fregue5ias centrais, 40 ilegítimas e herança, 90 Liberdade comprada, 89, 97-8 Imtitúto das Amas de L€ite, 143
com criada§, ] i8-9 órfãs, 100-1 tráfico: africano, 127; intcmo, 33-4 Instituto de Pnotcção e Bem-Estar da Criança,
escravos e negros morando em, 40,1[9 valor do, cflculo,119 100
escurog e sen ü, 77 Dcbrct, Jean BaDtisbe. 2] espiritualLsta8, 102-3
coino fontes de infe€ção, crime, 135, 136-7, pinttira de, 23,110.156 exame§ de Baúdc recusados, 151 Jomal do ComTriercio
139-41, 146 dcver paoemo,108-9,111, ] 12,115,118,122-3. Exiimy, Charle8, 79 anúncios procumndo criadas, 33, 167 n 42
como locais de lavagem de roupa. 71,136 ]25 cir¢ulaçao do, 167 # ¢2
pertencei]tes a pegsoas influcnteg, 146 Di Cavdcanti, EmiHano, 50 família e famlLias, v. /Õ. casamento, criançaE. Junta Central de Higiene Pública
população crescente dos, 20, 29-30. 40, dleta divórcio entrc escravos fundação, 20, 131
13940 das criadas e dos pobres, 19, 101-10 de criadas, 86, 93-5 en rehção aos cortlços, 135, 141
cost ras,18, 49, jo-l, 76.116 como cura para doenças, 99, 112 ideal legú de, 86 em relaçâo às ama§de-lei(e, 143
como tran§missora§ dc dcienças, 135,6 reconendada para mulhercs grávida§, 99 dcü pobres, 77
gdário§ de, 27 divórcio entre escravos. 89-90 relacionamento§ nao indicados no censo, 95 lar
co2inheiras (e cozinhar),18, 45-8. 51, 62-3 doença, 20, 21,146-7 fcbie amarela definição, 23-5
salffio de, 27 "tadosa: como `ma ameaça para a ordem comun nos cortiços, 141 e número de cnadais. 25-8
criadas socid, 133; devasta a cidadc, 130-1 mortcs causadas. pela.130,131,141 hvadeirm.18. 71-2,118
contrataT, 18-9. 25Jí, 32-6, 129-30 ligada ao crime, 135 reapaJece i]o Rio de Janeiro,130 üpectos sociais da lavagem de roupa. 66 ,
cüsto das, 26-7 do.mçsR, v. lb. verbetes próprio8, p. ex. . {eb[e bansmitida por mosquto, 153 condiçõcs dc trabalho, 59, 66
hierarquia entrc, 18-9. 23+, 31-2 amare]a, tuberculose etc. fciticeiro, 6í. 102 lavavsm noE chafarize8, 51, 54.j, 69-70
inúeração social das, 25, 69, 94-5 causadas poT ainas-d€-leite, 136-8 fmos ilcgítimos morsndo independenteã. 76
mantendo residência dupla, 7Ó-5 cntie a§ criança6, 101-2 e herEnça, 90 gdários de, 27
morando com os patrões, 75, 88, 94-6 cuidados durantc, como dever patemo, númcro de, 94 como transmissoraj! de doençaE. 135ó
número de, 17-8, 27U 111-2 França Junior, José Joaq m, 108 Lavradio, barao de, v. José Pereira Rego
ocupação dag. v. ve/Õeíes zhncípr;ar de escravos em tráíico interno, 33 lcl
e par[o, 99-100 0azeia da Tarde. 145 ausencia de um ¢ód]go de escravos, 16. 24
preferencüs para ¢ontratar. 35<
como protetorü, 30-2 dormH for& Ckm, CHfford, is eleitoral, 24-5

que domian fora, 75-6, 121-2 como condição de ciriprego, ]21 govemanta,117 escravo rom&no, 108
r&ça daB, 18 crlada§, 75-6, 121 governmte, 147-8 referente às criadd£ portas a dcndo e fora
recmpensadas,113-5 dote, 91-2 gravidez do pobre, 98, 99-100 de casa, 24
regu]amentos das, 133, 141-2, 147-9 Guimuãcôi Bmardo, 64 reforçando o Poder do scnhor. 15-6, 24
reslstindo À autoridBde, 67.8 emprego de criadas, 18-9. 25-6, 32-6, 129-30 c tiansferêncla da propriedade da famíüa,
entcrro de pobrcg c escravo8, ]02 habltAçm dcü põbr€s. 19 86-7
S/a/ws lcgd da8. 18-9
"lei dos brancos" e propriedade coinunal. 90
traballio portas a dentro e fora de casa, 31, cntrudo, 8]-3 comd caua4 dc doençaÉ, 99, 109
45-51, 54", 634 opo§içao a, 84-5 herança, 86-7, 90 Lemog, Migucl, 148-9
como tTatismi§soras dc domça8, 135 escaTlatim,131 hlemrqulA entre as criadas, 23-4, 31-2 liberd3de
vegtmenta das, 58 escmva8 comprad& pclo e§cravo, 89, 97-8
•`da casa'', 31-2 concedlda como recompen§a para o§ escra-
cnadas casadag cm relaçãa à popuhção, 88-9 idade preferida das crladas a serem contrata-
das. 35-6 vos.113-4

2J4 23J
liberdade testamentám e propricdade, 86-7
fiscmzaçao da vida da rua. 78, 80
Limpeza Sexual
opõe-se ao entrudo, 84-5 tTabnho doméstico
como traba]ho dentro de casa, 48-9 abLiso, 64 variedade de, dcfinição,18
propriedade comunal e a ` `ti dos brancos. ' ' 90
relacões de criadas,1]7,123-4,129 tuberculo§e,1}1
prosútutas e prostituição, 41, 74, 76, 82,152
Machado de Asus, Joaquim Maria, 1 ls e trabalho doméstico, 60, 80 sffilis, 137 ¢ntre os ncgros,101-2
A Mãe de Famflia sistema de csgotos, 20, 57-8, 69, 132 atacava todas as classcs, 141
como violação do dcver patcrml, ]22-3
conselhos sobrc criadas, 33, 109 transfciTmou a vida ootidjaJ`a, 69 transrutida pelas amas-d¢-leite, 137
imagens de muJhcres, 144 Sociedade de Higiene, 135
quartos alugados, 75-6, 80
mães sol.eiras. 934 subúrbios, 40 uniões conBensuai§, 92-3
quiosques, 79
malária, J3i
quiandeira, v. vendedores
Mangue, canal do, 37. 140, 154 tavernas vagabundcH, 134, 152
manufatum como ocupação para mulheres, 1 7 raça como critéi]o para emi)regar, 35-6 e vida de [ua dos pobres, 77i} valoi]zação da re§peitabilidade, 74, 76, 89, 92
inaternidade. a]a de caridade, 94, 98-100 tifo.131 van'ola, 131
da populaçao da cidade, 20
mercado, 5]-2, 56, 77, 154-5
rebelião conúa a vacinação coiitra varíola, 1 54 toque de rc"lher, 30 vacinações provo;ani rebeLião. 1534
"Imasma"
recensc-ntos trabdhando venda da esquim, c vida do pobre. 77-8
como causa de infecção, J31-2, 139-4[ de 1870,17-8, 27-8, 76: feitua do, 165 # 22 horas, 19, 62-3 vendcdores, 18, 56, 65-6
Moncorvo de Figueiredo, Carlos Arthu, dr. , mulheres, no ccnso, 17-8 Ventre Livre, [Ái do, 127
de 1872, 17-8, 21
143, 150
de l90ó, J7-8
trabalho vesiimenta daji criada§, 23, 58, 81, 109-10
MoncoNo Filho. Arthur, dr„ ]00, 150 dentro de casa, 45-51. 60-1, 63-4, v. /ó. ccL na pintura de Debret,110
Rego, José Pereira ®arão do Lavradio), 135,
morte r€iras. costuTeiras, criadas de quarto, co, violência contra as criadaâ, 123, 175 n 58
143
causd de, entrc crianças, 101-2 regulamentos zinheiras virgindade
na infancia, 98, 101-2, 137-8 na rua, 51, 54-9, v. Íb. carregadora§ de água, e elegibilidade paTa casar, 87, 91
das masde-leibe, 143, 150
taxa mtre moradores dc cortiço, 141 das criadas doméstica8, 142, 147-9 compra6, lavadeira§ mudamça de significado da. 90-1
mucama, v. criada de quarto remoçao de Jixo, 55, J3l-2
mulheres RepúbHca, a, 19, 21. 85, 148-9
iinagen§ alteradas da§, 144 Rcpública, praça da, v. Campo de Sant.Anna
mulheTes livTes
Rio Branc®, Lci. 127
como criadas,17-8. 21, 61,128
RÉo de Janeiro
coniraiadas através de agências, 33-5
caJacten'8ticas do, 19-20, 36~7, 132
predoininantes ent[e as criadas. 32 ix]pulaçao do, 38. 128
preferidas para empregar-se, ]5 reformulação da paisagem do, 151-6
Rio News, 146
oÇupações , v. verbeies próprias "roda" m Santa Casa de Misericórdia, Ick)-l
como apresentadas t]o oenso, 17-8 iiia, v. ÍZ). casa e rua
comportamento adequado i)ara mulhere§ [ia,
pântano§ 30-1
povoamento inicial da cidade, 37 lugar perigoso, 57, 59ffl
Paragua], Guerra do, 132 observadas de per[o, 67
parteiras, 98 p€rtencia aos pobres, 64-5, 77-8, 79-80, 83
partci, 98-9. 100
Passcio Público. 31 3aláríos das criadas, 26-7, 76,118-9
paternalismo, 160 # 2, 192 u 63 Sant'Anna, Campo de,
Perdisao Malheiro, Agostinho Marques, 108, bairro dos pobre§, 71, 73-4, 78,115,140
116
como local de lavagem de roupa. 51, 54, 70,
Pereira Passos, FranciBco, ]52-3 136
pobres pântanoB aterrados, 37-8
no c€ntro da cidade, 40-1 Santa Casa de Miser]córdia. 99,100-1.102, I 11
estilo de v]da dos, 20-1. 76-8, 82, 83, 85J5, São Cristovão, freguesia de, 37, 40
88, 100-]
população e estrutura dos lares, 27-8, 69, 76,
como perígosos, 134ú 88.116-7
pOç08, 36-7 sedução, 87, 90-1
poder dos amos, 15, ]28-9. 147-8, 149 separação (divórcjo), 90
po][cia scrvjço doméstico, v. wrúeíe5pJóprfos, p. ex. ,
controle das doméstica8, 147 coziúeiras, [avadeiras, amasde-leitc etc.

236
237
ESTA OBRA FOI COM POSTA PE1-A H ELV E -
TICA PRODUÇÓES EDITORIAIS F`M F.N-
GLISHTIMESEIMPRESSAPELACRÁFICA
EDITORA BISORDI EM OFF-SET PARA A
BDITORA SCHV.'ARGZ BM MARÇO DE
1992_
Copyrigh[ © 1988 by Cambridge University Press

Título origmal:
House and street
The dornestic workl of servqris and rriasters
iri nírieteerithu:eritury Rio de Janeiro
publicado pelo Press Syndicate of the University
of Cambridge em 1988

Cal,a:
Ettore Bottlni
sobie Rio de Ja":lro 1844,
aquarela de Eduard Hildebrandt
Preparação:
Mário ".lela
Revisão:
- Henrique sllveíra Neves
Ceciília Ramos

Dados ln\cTnacionais de CaLahgaça() m Publicaçáo Íc ipl


(Câmara Brasileira do Liwri sP` Buszl)

Graham. Sandra Laderdab 1943


ProLeção Ê obediênaa criatlase seus p.[õcs no Rio de Ja-
neirQ1860-1910/SandraljiudeídaleGraham:mduçãoVivnm
B(\`i -São Pnulo Companhiadas [J=tra* 1992.

BibJiograíiQ

isBr; 85-7164-239-9

J , Empregadcts domés`LcoS -Rio de Ja[ieiro (Ri) 2 EscTa-


vcts -Rio de Jariciro (Rjl 3 Mülheres . Rjo de JaneLro (Rj) -Con-

diçõ3s scriais 4 Tiabalho c irabalhadorcs . Rio de Janeiro m)


1. Titulo.

cDD.33l 11720981531

Iiidices par& ca[álogo sisiemáiico.


1 RiodcJanciio Cidadc Criaclascpitrões33l 11720981531
2 Ricide Janem C.idaLle -Empíegadas domes[icas
33111720981531

1992

Editora Schwarcz Ltda.


Rua Tupi. 522
01223 - São Pau]o - sp
Telefone: (011) 826-1822
Fax: (011) 826-5523

Você também pode gostar