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Introdução

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Introdução

A diarreia aguda ainda é uma das afecções com maior incidência e que possui uma das
maiores taxas de mortalidades em países subdesenvolvidos, principalmente em crianças.
Existe notável diferença nessa incidência entre os países ditos desenvolvidos e os
subdesenvolvidos, ocorrendo nestes últimos de 3 a 9 vezes mais em populações abaixo
dos 5 anos de idade. Segundo a base internacional de dados médicos UpTpDate, estima-
se cerca de 1 bilhão de casos e de 4 a 6 milhões de mortes por ano (12.600 mortes por
dia) somente em crianças na África, Ásia e América Latina. Trata-se, portanto, de uma
grande causa de morbimortalidade nessas regiões. Além disso, a diarreia
aguda contribui para elevadas taxas de desnutrição energético-proteica infantil.

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Fundamentos teóricos

1.1.As doenças diarreicas agudas (DDA)

As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um grupo de doenças infecciosas


gastrointestinais. São caracterizadas por uma síndrome em que há ocorrência de no
mínimo três episódios de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da
consistência das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode ser
acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em geral, são doenças
autolimitadas com duração de até 14 dias.
Em alguns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como disenteria. A
depender do agente causador da doença e de características individuais dos pacientes, as
DDA podem evoluir clinicamente para quadros de desidratação que variam de leve a
grave.
A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser causada por medicamentos,
como antibióticos, laxantes e quimioterápicos utilizados para tratamento de câncer,
ingestão de grandes quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de
bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não infecciosas também
podem desencadear diarreia, como a doença de Chron, as colites ulcerosas, a doença
celíaca, a síndrome do intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao
glúten.
Importante: Se tratadas incorretamente ou não tratadas, as doenças diarreicas agudas
podem levar à desidratação grave e ao distúrbio hidroeletrolítico, podendo ocorrer óbito,
principalmente quando associadas à desnutrição ou à imunodepressão.

2.Causas
As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por diferentes
microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas, como os protozoários)
que geram a gastroenterite – inflamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago
e o intestino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos contaminados,
contato com objetos contaminados e também pode ocorrer pelo contato com outras
pessoas, por meio de mãos contaminadas, e contato de pessoas com animais.

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3.Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas?

Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode manifestar sinais e sintomas
das doenças diarreicas agudas após a contaminação.

No entanto, alguns comportamentos podem colocar as pessoas em risco e facilitar a


contaminação como:

Ingestão de água sem tratamento adequado;


Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência, do preparo e
armazenamento;
Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e derivados;
Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou malcozidos;
Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada;
Viagem a locais em que as condições de saneamento e de higiene sejam
precárias;
Falta de higiene pessoal.

4.Sinais e Sintomas

Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no período de 24hrs


(diminuição da consistência das fezes – fezes líquidas ou amolecidas e aumento do
número de evacuações) podendo ser acompanhados de:

Cólicas abdominais;
Dor abdominal;
Febre;
Sangue ou muco nas fezes;
Náusea;
Vômitos.

5.Complicações

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A principal complicação é a desidratação, que se não for corrigida rápida e
adequadamente, em grande parte dos casos, especialmente em crianças e idosos, pode
causar complicações mais graves.
O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediatamente ao serviço de saúde se
não melhorar ou se apresentar qualquer um dos sinais e sintomas:
Piora da diarreia;
Vômitos repetidos;
Muita sede;
Recusa de alimentos;
Sangue nas fezes;
Diminuição da urina.

6.Diagnóstico
O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganismos causadores da
DDA é realizado apenas por exame laboratorial por meio de exames parasitológicos de
fezes, cultura de bactérias (coprocultura) e pesquisa de vírus.
O diagnóstico laboratorial é importante para determinar o perfil de agentes etiológicos
circulantes em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as medidas de
controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe de vigilância epidemiológica
do município para coleta de amostras.
Importante: As fezes devem ser coletadas antes da administração de antibióticos e
outros medicamentos ao paciente. Recomenda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por
paciente.
O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem sempre é possível,
uma vez que há uma grande dificuldade para a realização das coletas de fezes, o que se
deve, entre outras questões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais
de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes.
Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem esclarecido quanto à
relevância da coleta de fezes, especialmente na ocorrência de surtos, casos com
desidratação grave, casos que apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera
a fim de possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia.
Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença para outras pessoas.

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A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande importância para a identificação
de agentes circulantes e, especialmente em caso de surtos, para se identificar o agente
causador do surto, bem como a fonte da contaminação.

7.Prevenção
As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institucionais de saneamento e
de saúde, além de ações individuais que devem ser adotadas pela população:
Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou
ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após utilizar transporte público ou tocar
superfícies que possam estar sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua,
antes e depois de amamentar e trocar fraldas;
Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação
de alimentos;
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e
outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados);
Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de
hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes
de usar);
Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo a “boca” estreita para
evitar a recontaminação;
Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou
beber;
Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principalmente carnes, pescados
e mariscos) e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento,
sejam precárias;
Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando não houver coleta de
lixo, este deve ser enterrado em local apropriado;
Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, enterre as fezes sempre
longe dos cursos de água;
Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno aumenta a resistência das
crianças contra as diarreias.

8.Tratamento
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O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta na prevenção e na rápida
correção da desidratação por meio da ingestão de líquidos e solução de sais de
reidratação oral (SRO) ou fluidos endovenosos, dependendo do estado de hidratação e
da gravidade do caso.

Por isso, apenas após a avaliação clínica do paciente, o tratamento adequado deve ser
estabelecido, conforme os planos A, B e C descritos abaixo. Para indicar o tratamento é
imprescindível a avaliação clínica do paciente e do seu estado de hidratação.

A abordagem clínica constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início


dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco ou sangue nas fezes,
febre, náuseas e vômitos; presença de doenças crônicas; verificação se há parentes ou
conhecidos que também adoeceram com os mesmos sinais/sintomas.

O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidratação, é importante para


avaliar a presença de desidratação e a instituição do tratamento adequado, além disso, o
paciente deve ser pesado, sempre que possível. Se não houver dificuldade de deglutição
e o paciente estiver consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se
aumentar a ingestão de líquidos, especialmente de água.

Observação: O Tratamento com antibiótico deve ser reservado apenas para os casos de
DDA com sangue ou muco nas fezes (disenteria) e comprometimento do estado geral ou
em caso de cólera com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico.

PLANO A
Consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente hidratado para realizar no domicílio:
Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo solução de SRO
principalmente após cada episódio de diarreia, pois dessa forma evita-se a desidratação;
Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleitamento materno;
Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou apresente piora da
diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, sangue nas fezes ou
diminuição da diurese;
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para reconhecer os sinais de
desidratação; preparar adequadamente e administrar a solução de SRO e praticar ações

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de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
higienização dos alimentos);
Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.

PLANO B
Consiste em três etapas direcionadas ao paciente com desidratação, porém sem
gravidade, com capacidade de ingerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na
Unidade de Saúde, onde deve permanecer até a reidratação completa.
Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volumes e aumento da oferta e
da frequência aos poucos.
A quantidade a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser administrada
continuamente até que desapareçam os sinais da desidratação;
Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B termina quando desaparecem
os sinais de desidratação, a partir de quando se deve adotar ou retornar ao Plano A;
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para reconhecer os sinais de
desidratação; preparar adequadamente e administrar a solução de SRO e praticar ações
de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
higienização dos alimentos).

PLANO C
Consiste em duas fases de reidratação endovenosa destinada ao paciente com
desidratação grave. Nessa situação o paciente deverá ser transferido o mais
rapidamente possível. Os primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos
e já devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao serviço
hospitalar de saúde.
Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida e de manutenção);
O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem os sinais de choque,
repetir a prescrição; caso contrário, iniciar balanço hídrico com as mesmas soluções
preconizadas;
Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e frequentes, tão logo o
paciente aceite. Isso acelera a sua recuperação e reduz drasticamente o risco de
complicações;

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Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver hidratado, com boa
tolerância à solução de SRO e sem vômitos.

Conclusão

A diarreia aguda, apesar de muitas vezes ser associada a uma afecção “inofensiva”, é
muito comum e em casos graves pode causar rápida desidratação e levar à morte –
especialmente em crianças. É importante que o manejo da doença seja feito
criteriosamente desde o início, com atenção especial a populações carentes e que vivem
em ambientes em condições precárias de higiene. Algo que deve sempre ser levado em
consideração é a epidemiologia da doença, uma vez que surtos coletivos são comuns e
até endêmicos em determinadas regiões.

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Referências Bibliográficas

Diarreia Aguda: Quais as Causas, Tipos, Sinais e Sintomas?


(eumedicoresidente.com.br)

Doenças diarreicas agudas (DDA) — Ministério da Saúde (www.gov.br)

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