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Geração Menos Resíduos - Cartilha Do Professor II Edição

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Projeto Geração Menos Resíduos

Cartilha do Professor

Texto
Márcio Augusto Monteiro

Produção Gráfica
Luciana Martins Arantes

Belo Horizonte, 2013


Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)
Adriano Magalhães Chaves
Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam)
Zuleika Stela Chiacchio Torquetti
Diretor de Gestão de Resíduos
Renato Teixeira Brandão
Gerente de Resíduos Sólidos Urbanos
Francisco Pinto da Fonseca
Supervisor do Termo de Parceria 022/2008
Renato Teixeira Brandão
Supervisor Adjunto do Termo de Parceria 022/2008
Luiz Gonzaga Rezende Bernardo

Equipe FIP- Programa Minas sem lixões (MSL) - Termo de Parceria 022/2008
Coordenação Geral
Magda Pires de Oliveira e Silva
Coordenação Técnica
Eualdo Lima Pinheiro
Luiza Helena Pinto
Vera Christina Vaz Lanza

Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam


Cidade Administrativa Tancredo Neves - Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n.º- Serra Verde - Edifício Minas,
1.º Andar
30630-900-Belo Horizonte/MG -Tel: (31) 3915-1101 - feam@feam.br / www.feam.br

Programa Minas Sem lixões /Fundação Israel Pinheiro-FIP


Av. Belém, 40 - Esplanada-30285-010-Belo Horizonte/MG
Tel.: (31) 3281-5845 / minassemlixoes@israelpinheiro.org.br / www.minassemlixoes.org.br

M775p Monteiro, Márcio Augusto.


Projeto geração menos resíduos : cartilha do professor / Márcio
Augusto Monteiro. Produção Gráfica Luciana Martins Arantes. -- 2. ed. rev.
ampl. -- Belo Horizonte : Fundação Estadual do Meio Ambiente : Fundação
Israel Pinheiro, 2013.
42 p. ; il.

1. Educação Ambiental. 2. Resíduo sólido urbano. 3. Reciclagem. I.


Monteiro, Márcio Augusto. II. Arantes, Luciana Martins. III. Programa
Minas sem Lixões. IV. Fundação Estadual do Meio Ambiente.

CDU - 37:504
Sumário
Projeto Geração Menos Resíduos........................................................................................................ 04
Orientações.............................................................................................................................................. 05
Apresentação............................................................................................................................................ 06
Introdução................................................................................................................................................. 08
O que é lixo? ............................................................................................................................................ 13
De que é composto NOSSO LIXO?.................................................................................................... 18
Para onde vai NOSSO LIXO? ............................................................................................................. 24
Quais problemas ocorrem quando não nos preocupamos com o NOSSO LIXO?...................... 28
O que podemos fazer para melhorar os problemas causados pelo NOSSO LIXO?................ 31
Colocando em prática o que aprendemos! ......................................................................................... 39
Projeto Geração Menos Resíduos
OBJETIVO ESPECÍFICO:promover o estabelecimento de novos referenciais de conduta em relação
à gestão de resíduos sólidos urbanos a partir da elaboração de projetos embasados em princípios e
legislações ambientais aplicados ao ambiente escolar.

PROJETO: destina-se a promover a reflexão de alunos e profissionais da área de educação sobre a


responsabilidade de cada um na construção não somente de um “distante” futuro sustentável mas
também, e principalmente, de um presente, destacando os aspectos de cidadania na conservação e
preservação do meio ambiente.

DESPERTAR REFLETIR AGIR

Termo de parceria - Fundação Israel Pinheiro (FIP)


e Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam)

O Programa Minas sem lixões foi criado em agosto de 2003 pela Fundação Estadual do Meio Ambiente
(Feam) para apoiar os municípios mineiros na implementação de políticas públicas voltadas para a
gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos.

Para ampliar as possibilidades de articulação entre o Estado, municípios, inciativa privada, sociedade
civil organizada (terceiro setor) e cidadãos no alcance na melhoria da qualidade de vida da população,
em 2008, a Feam firmou parceria com a Fundação Israel Pinheiro (FIP) na gestão compartilhada do
Programa Minas sem lixões, por meio da assinatura do Termo de Parceria 22/2008.

04
Orientações
“...ao estudo crítico corresponde um ensino igualmente crítico
que demanda necessariamente uma forma crítica de
compreender e de realizar a leitura da palavra e a leitura do
1
mundo, leitura do texto e leitura do contexto...”

Caros Colegas, este material tem como principal objetivo fornecer subsídios para se abordar, de
forma crítica, dois temas - a geração de resíduos e a nossa responsabilidade sobre eles - que servirão
de apoio para o desenvolvimento do projeto Geração Menos Resíduos.

Para isso, alguns conceitos relativos a essa temática são apresentados em 5 capítulos:
- O que é lixo?
- De que é composto NOSSO LIXO?
- Para onde vai NOSSO LIXO?
- O que podemos fazer para diminuir os problemas causados pelo NOSSO LIXO?
- Quais problemas ocorrem quando não nos preocupamos com o NOSSO LIXO?

O conteúdo é apresentado tentando aproximar a informação trabalhada com a realidade do aluno,


buscando “fazer sentido” o aprendizado e promover um efetivo conhecimento.

Para a construção desse conhecimento (relação extremamente sensível


entre desafio e habilidade2 - gráfico ao lado ), além de exercícios e
constante promoção de reflexões, no fim de cada capítulo, são sugeridas
algumas alternativas de interdisciplinaridade.

Em busca de uma melhoria na construção desse conhecimento, pequenas


adaptações são propostas no processo de aprendizado existente nas
escolas.

Assim, não se espera criar um novo conteúdo específico e, sim, trabalhar, ou melhor, adaptar o que já
existe nas diversas disciplinas com esse tema presente em nossas vidas - o resíduo - e que reflete a
forma como a sociedade se organiza.

Também é apresentada uma proposta de orientação para elaboração de projetos no último capítulo -
Colocando em prática o que aprendemos! - que tem por principal finalidade a aplicação dos
conhecimentos adquiridos dentro da realidade do aluno, ou seja, dentro de seu espaço de convivência.
(“...o objetivo fundamental dos estudos é o conhecimento e intervenção da realidade...”3)

Por fim, solicitamos a vocês - profissionais da educação - uma análise de todo o trabalho (Projeto,
materiais, capacitações, dentre outros) em busca de uma melhoria constante e aplicação de ações
eficientes. Desde já agradecemos pelo empenho e esperamos realizar, juntos, um belo trabalho.

1Freire, Paulo (1993). Professora sim, tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D'água, 127 p
2 Em um desafio muito fácil o indivíduo não será despertado para o “desconhecido” e o fluxo do conhecimento não será construído, se
permanecendo na zona de conforto (região cinza). Em um muito difícil o indivíduo pode não conseguir realizar a tarefa por limitações
em suas habilidades (região lilás), segundo Chaves (2008) em “Esculpindo Líderes de Equipes”).
3 Zabala, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo. Porto Alegre: Atmed.2002.

05
Apresentação Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(CF/1988 )

A ssuntos relacionados ao meio ambiente vêm assumindo, cada vez mais, destaque na organização
da sociedade promovendo um questionamento sobre o modelo comportamental do ser humano: o homem
é o único ser racional existente e, também, grande ator responsável pela promoção de desequilíbrios
ambientais.

Educador: Embora sempre ocorreram, principalmente a partir da Revolução


Industrial há cerca de 300 anos, as intervenções humanas sobre o meio
ambiente se tornaram mais evidentes, tanto na exploração dos recursos
naturais por busca de matéria-prima, quanto nos processos de produção e na
geração dos resíduos.

Com a produção em larga escala, necessitou-se de maiores quantidades de


matéria-prima aumentando-se, assim, as explorações de recursos naturais e,
muitas vezes, do consumo de fontes de energia e de outros insumos. É comum,
também, nos processos de produção, a existência de rejeitos que representam
tudo aquilo que sobrou e não pode ser mais utilizado nesse sistema.

Dentre os temas abordados, os resíduos (lixo) merecem destaque. Eles constituem grandes fontes de
poluição e representam um retrato da forma como a sociedade se organiza.

Educador: No lixo podem ser encontrados produtos, como lâmpadas


fluorescentes, pilhas e baterias que contêm metais pesados, a matéria
orgânica presente pode produzir chorume e, muitas vezes, serve para
mostrar relação de desperdício. O lixo pode poluir o solo, a água e o ar. “O lixo
é um retrato em branco e preto da forma com que a sociedade se organiza e
1
produz, e principalmente, distribui, ou concentra”

1
Resíduos Sólidos: plano de gestão de resíduos sólidos urbanos: guia do profissional em treinamento: nível 2/ Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental (org.) Belo Horizonte: ReCESA,2007)

06
Quando manipulados de forma inadequada, os resíduos causam uma série de impactos ambientais.
Desde o local onde são gerados até sua disposição final fica evidente que a forma como se trata o “lixo”
em uma sociedade não é a causa de um problema ambiental, e, sim, o reflexo de um modelo
comportamental indevido. 2

Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, resultante de atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.

Neste contexto, a informação é a grande promotora de mudanças no comportamento da sociedade e,


para se agir com civilidade, é preciso associá-la a questões éticas.

Educador: A informação quando bem trabalhada se transforma em conhecimento.

O conhecimento quando associado a valores que refletem uma boa e sadia convivência com o
próximo se transforma em escolhas conscientes.

Responsabilidades

Responsabilidades Responsabilidades

Responsabilidades ESCOLHAS Responsabilidades

CONHECIMENTO

“...a inteligência em seu sentido mais amplo significa a capacidade de penetrar na


3
compreensão das coisas e fazer escolhas...”

2
Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais: licenciamento ambiental/ Ministério do Meio Ambiente -
Brasília: MMA,2009
3
ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos, Campinas, SP 1998 Papirus.

07
Introdução:
Tudo começou há cerca de 14 bilhões de anos com uma
grande explosão segundo a teoria do “Big Bang”. Essa
explosão espalhou seus “destroços” em todas as
direções. Alguns estudiosos afirmam que esses
“destroços”, ao longo do tempo, foram se juntando
dando origem a tudo o que existe no Universo.

Segundo essa ideia, o planeta Terra se formou há


aproximadamente 4,6 bilhões de anos e vem passando por
grandes transformações.

Educador: Das transformações de efeito natural podemos citar, por exemplo, duas
teorias que se complementam - a da Deriva dos continentes e a das Placas tectônicas que
explicam como ocorreram algumas dessas transformações.

Verificam-se, ainda, transformações provocadas pelo homem, também chamadas de ações


antrópicas.

Nesse cenário, há aproximadamente 2 milhões de anos, começou a se desenvolver uma espécie que,
inicialmente, se comportava como um animal selvagem e se destacou entre as demais por possuir a
capacidade de pensar: o ser humano.

Educador: Homo sapiens, pertencente ao gênero Homo, família Hominidae, taxonomicamente


- latim: "homem sábio".

Atualmente existe cerca de 7 bilhões de pessoas no mundo. No Brasil existem 183.987.291


pessoas localizadas em 5564 municípios.
Fonte: http://www.ibge.gov.br acesso em 24 de março de 2011.

08
O fato de pensar fez o ser humano se sobressair em relação aos outros animais. Permitiu a manipulação
do fogo, a criação de ferramentas, o desenvolvimento da agricultura e da escrita e,dentre outros, todo
o avanço tecnológico hoje observado.

Entretanto, no desenvolvimento de suas atividades, o homem produz alterações ao seu redor como, por
exemplo, as modificações ocorridas no solo ao se plantar e as moradias e estradas que são construídas
em cima de ambientes naturais.

Educador: Sociedade é um conjunto de pessoas que compartilham comportamentos


(interesses, regras e preocupações) e que se interagem.

Na agricultura podemos citar como exemplos de ações modificadoras do meio natural a


monocultura, a irrigação intensiva e a “desnutrição do solo” em função do cultivo contínuo e não
diversificado. Tanto as estradas quanto as moradias representam, dentre outros,
impermeabilização do solo provocando enchentes.

Todos esses exemplos também atuam de forma a suprimir a vegetação nativa.

Nessas atividades, muitas vezes, são gerados resíduos.


Alguns em doses não significativas e outros em quantidade
prejudicial ao equilíbrio do Planeta.

Educador: O equilíbrio é consequência das interações


entre um conjunto de processos: a atmosfera, por
exemplo, é a porção gasosa do nosso planeta; a
hidrosfera, a líquida; biosfera, a relativa aos seres vivos;
a litosfera é a camada sólida externa da Terra e todas
elas são influenciadas e influenciam-se mutuamente.

09
Verificando nossos conhecimentos - Vnc1
1) Exemplifique alguma situação que demonstre a busca
pelo equilíbrio no Planeta:

Educador: Os movimentos que ocorrem na natureza são


sempre em busca ou em função da promoção do
equilíbrio como, por exemplo os relâmpagos, os
ventos,as massas de ar, as correntes marítimas. Esse é o
mecanismo que permite a existência dos ciclos
biogeoquímicos, as reações químicas, dentre outros.

2) Na sua casa, você faz alguma ação para ajudar no


equilíbrio do Planeta? Qual?

Educador: Quando não se desperdiça água, comida,


energia, ao se consumir conscientemente, dentre
outros.

Educador: Sugestões de interdisciplinaridade I: Homem e Natureza

Português: Texto 01, na página 10: O Lixo, de Luís Fernando Veríssimo. Além
dos aspectos inerentes à disciplina, mostrar aos alunos as relações existentes
entre o comportamento das pessoas e seus resíduos gerados demonstrado no
texto, identificando e, principalmente, valorizando ações que demonstrem
valores morais tais como respeito com o próximo por exemplo, embalar cacos
de vidro para não machucar o funcionário que faz a coleta.

Geografia: por meio de comentários e explicações sobre a formação e evolução


do planeta, inserir a ideia de equilíbrio na natureza. Paisagem natural, artificial
e equilíbrio natural.

Ciências: relacionar a evolução do ser humano com a produção de resíduos.

Ensino Religioso: homem, planeta e relações de respeito.

10
O Lixo (Luís Fernando Veríssimo)

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se
falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu
lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às
vezes sobra...
- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

11
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a
poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da
pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida
privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social.
Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?

Fonte: http://literal.terra.com.br/verissimo/porelemesmo/porelemesmo_lixo.shtml?
porelemesmo acesso em 15 de junho de 2011
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1005 acesso em 15 de
junho de 2011
Originalmente pulicada em O Analista de Bagé. L&PM, 1981

12
O que é lixo?
L ixo é todo resíduo resultante das atividades
humanas. Existe uma variedade de resíduos que nós
geramos: em casa, no serviço, nos trajetos que
percorremos, nos momentos de lazer, quando ficamos
doentes e em várias outras situações.

Basicamente, podemos
verificar que o lixo é aquilo
que não queremos mais
possuir e jogamos fora.

Educador: A seguir são listadas algumas definições encontradas para resíduos


sólidos:

“Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem
como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
(ABNT NBR 10004:2004)

“Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, resultantes das atividades


humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre
outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais”
(FUNASA, 2006)

“Lixo ou Resíduo Sólido são restos das atividades humanas, considerados pelos
geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no
estado sólido, semissólido ou líquido, desde que não seja passível de tratamento
convencional” ... “é tudo aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis,
velhas e sem valor”.
(IBAM,2001)

13
Educador: Pode-se afirmar que os resíduos sólidos urbanos possuem características
diferenciadas nas comunidades onde são gerados, variando em função de uma série de fatores
como, por exemplo, quantidade de habitantes, seus costumes, nível educacional e poder
aquisitivo deles; estações do ano e presença de festividades locais, dentre outros.

CAPÍTULO II:DA CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


(Lei n.º 18031/2009)
Art. 5.º - Os resíduos sólidos serão classificados quanto à natureza e à origem, com vistas a
atribuir responsabilidades e dar-lhes a adequada destinação.
§ 1.º - Quanto à natureza, os resíduos sólidos serão classificados como:
I - resíduos Classe I - Perigosos aqueles que, em função de suas características de toxicidade,
corrosividade, reatividade, inflamabilidade, patogenicidade ou explosividade apresentem
significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental;

II - resíduos Classe II Não perigosos, sendo:


a) Resíduos Classe II-A - Não inertes aqueles que não se enquadram nas classificações de
Resíduos Classe I - Perigosos ou de Resíduos Classe II-B - Inertes, nos termos desta Lei,
podendo apresentar propriedades tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em água;
b) Resíduos Classe II-B - Inertes aqueles que, quando amostrados de forma representativa e
submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou desionizada, à temperatura
ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores
aos padrões de potabilidade de água vigentes, excetuando-se os padrões de aspecto, cor,
turbidez e sabor.

§ 2.º - Quanto à origem, os resíduos sólidos serão classificados como:


I - de geração difusa os produzidos, individual ou coletivamente, por geradores dispersos e não
identificáveis, por ação humana ou animal ou por fenômenos naturais, abrangendo os resíduos
sólidos domiciliares, os resíduos sólidos pós-consumo e aqueles provenientes da limpeza pública;
II - de geração determinada os produzidos por gerador específico e identificável.

Será que, após jogarmos fora um


produto, não somos mais
responsáveis por ele? Será que
tudo que jogamos fora não tem
mais utilidade?
?
14
Educador: O fato de se eliminar um resíduo não faz com que percamos nossa responsabilidade sobre
ele. Se fosse assim, uma indústria que poluísse um rio, por exemplo, não seria responsabilizada.

O descarte de produtos está diretamente relacionado às características da população que o gerou.


O que é considerado resíduo para alguns é, muitas vezes, reutilizado ou reciclado por outros.
Reutilização é o aproveitamento dos resíduos sem que estes sofram quaisquer tipos de alterações.
Reciclagem consiste na transformação dos resíduos para fabricação de novos produtos. Tem como
principal objetivo reintroduzir os resíduos no ciclo produtivo, mas também propicia outras
vantagens tais como: preservação de recursos naturais, economia de energia, geração de emprego e
renda.

Na Lei n.º 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos é citado:
Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser
implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos nesta
Seção.
Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno
dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de:
I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o
uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos
previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do
Suasa, ou em normas técnicas;
II - pilhas e baterias;
III - pneus;
IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
§ 1.º Na forma do disposto em regulamento ou em acordos setoriais e termos de compromisso
firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas previstos no caput serão
estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais
produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde
pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados.
§ 4.º Os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores,
dos produtos e das embalagens a que se referem os incisos I a VI do caput, e de outros produtos ou
embalagens objeto de logística reversa, na forma do § 1o.
Art. 35. Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos e na aplicação do art. 33, os consumidores são obrigados a:
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados;
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou
devolução.

15
Em média cada brasileiro gera ½ kg de lixo por dia, ou seja, em uma semana 3,5Kg, em um mês cerca de
15Kg e 180Kg em um ano.

VOCÊ SABE por que este valor não é fixo?

? Será que EU gero isso tudo de resíduos? Será que posso


gerar menos? Como?

Educador:TABELA 01: Geração per capita


Fonte: (IBAM, 2001)

População urbana Geração per capita


Tamanho da cidade
(habitantes) (Hg/hab./dia)
Pequena Até 30 mil 0,50
Média De 30 mil a 500 mil De 0,5 a 0,80
Grande De 500 mil a 5 milhões De 0,80 a 1,00
Magalópole Acima de 5 milhões Acima de 1,00

A produção média de resíduos sólidos urbanos da América Latina é:


- resíduos sólidos urbanos 0,9Kg/hab./dia
- resíduos de serviços de saúde 3,0Kg/leito/dia
- resíduos perigosos 5,0Kg/leito/dia
- Média nacional de resíduos de serviços de saúde 2,63Kg/leito/dia
(Manual de saneamento. 3. ed. Re. Brasília: Funasa, 2006)

Verificando nossos conhecimentos - Vnc2


1.Marque os itens que são encontrados no lixo de sua casa:

Papel higiênico Guardanapo de papel

Plástico Orgânico (restos de comida)

Papel Lâmpada fluorescente


Isopor
Vidro
Pilha Metal
Outros

16
Matéria-prima é o principal material utilizado em
um sistema de produção e insumos são os bens e Tome Nota!
serviços necessários à execução de um projeto.
O ciclo de vida de um produto é a
série de etapas que envolvem o
desenvolvimento do produto, a
VOCÊ SABE qual foi a matéria-prima utilizada obtenção de matéria-prima e
para se produzir a carteira que você esta insumos, o processo produtivo, o
sentado? Na produção dela foi gerado algum consumo, o descarte e a
resíduo? disposição final.

Educador: O objetivo dessa atividade é fazer com que o aluno perceba que na utilização da
maioria dos produtos foi realizado um processo de produção e, também, gerado algum tipo de
resíduo. Dessa forma, deve-se introduzir a noção de consumo consciente.

Educador: Sugestões de interdisciplinaridade II: Processos de produção

- Geografia: Processos de produção (da matéria-prima aos resíduos) de determinados


objetos encontrados na sala de aula (por exemplo, a carteira).
Com auxílio de um mapa, identificar cidades dentro da classificação indicada na tabela 01
e seus impactos (Resíduos Sólidos Urbanos RSU ) em um pré-determinado raio próximo
à cidade que está sendo desenvolvido esse projeto.

- História: Revolução Industrial e aumento do consumo e da produção de resíduos.

- Matemática: Com o auxílio da Tabela 01, calcule quanto de lixo é produzido na sua
família por dia. E em um mês? E em um ano? Calcule quanto é gerado de lixo em sua cidade
por dia.

Video: A História das Coisas

A história das coisas

www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw acesso em 12dez2012


(Acesso em 12/12/2012)

17
Aterro Sanitário
Fonte:www.comunique9.com.br/2008/10/bradesco-banco-do-planeta.html
D
Colocan
o que adpo em prática
rendemo
s!
41
MEIO AMBIENTE
E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL

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