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O Universo Esta Consigo

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ÍNDICE

Introdução 11

Capítulo 1: Temos um poder oculto 17


Capítulo 2: Somos quem sonha o nosso sonho 35
Capítulo 3: Estamos sempre a ser orientados,
mesmo que não pareça 55
Capítulo 4: As nossas vibrações são mais fortes
do que as nossas palavras 69
Capítulo 5: O Universo é rápido quando nos
divertimos! 87
Capítulo 6: Os obstáculos são desvios no caminho certo 101
Capítulo 7: A certeza abre­‑nos o caminho para
o que desejamos 115
Capítulo 8: O Universo fala de maneiras
misteriosas 133
Capítulo 9: A unidade liberta­‑nos 149
Capítulo 10: Somos o Universo 167
Capítulo 11: Quando julgar que se entregou,
entregue­‑se mais 181
Capítulo 12: Seja um instrumento para o amor 193

Agradecimentos 205

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À minha querida amiga Micaela, obrigada por seres
a minha companheira de caminhada espiritual.

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I N TR O D UÇÃ O

Na primavera de 2015, tive um colapso nervoso numa


aula de yoga. De repente, a meio de uma saudação ao
Sol, o terror e a ansiedade dominaram­‑me. Sentei­‑me no
tapete para recuperar o fôlego. Foi então que senti uma
dor terrível no pescoço, e fiquei com o lado esquerdo do
rosto e o braço dormentes. Comecei a descontrolar­‑me.
Saí da aula, liguei ao meu marido e marquei uma consulta
de urgência no médico.
No espaço de 24 horas fora submetida a várias resso‑
nâncias magnéticas e análises ao sangue. A espera pelos
resultados foi dos momentos mais assustadores de toda
a minha vida.
Quando os resultados finalmente chegaram, fiquei
perdida. Não havia diagnóstico para os meus sintomas
físi­cos e, em última análise, os médicos consideraram o
episódio um ataque de pânico. Mas a experiência parecia
não fazer qualquer sentido. Naquele momento da minha
vida, tinha um marido espantoso que me apoiava, uma
carreira que ia de vento em popa, um corpo saudável e
uma família que me adorava. Com efeito, tinha uma vida
com que nunca sonhara. Passara uma década a desenvol‑
ver a prática espiritual, a sarar feridas antigas e a aprofun‑
dar a minha fé. E, finalmente, estava livre, ou assim julgava.

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Na semana que se seguiu consegui recompor­‑me, mas


continuava bastante preocupada com o motivo que levara
à situação. Não conseguia entender o que se passara, pelo
que me virei para a meditação, de modo a alcançar a minha
sabedoria interna e alguma orientação. Ao sair do silêncio
profundo comecei a escrever no meu diário. As palavras
jorraram para a folha: «Trata­‑se da tua resistência ao amor
e à liberdade. O negrume no teu interior está a resistir à
felicidade.»
Fiquei espantada com o que escrevera. Poderia aquela
intensa dor física ser realmente a minha resistência ao
amor? Durante anos pensei que seria feliz e livre assim
que resolvesse as minhas feridas passadas. Seria feliz e
livre assim que estabelecesse a sensação de segurança.
E seria feliz e livre assim que aprofundasse a minha
ligação espiritual. A felicidade e a liberdade tinham­‑se,
deveras, estabelecido graças ao meu empenho no cresci‑
mento pessoal e no percurso espiritual. O mundo exterior
começou a refletir o meu estado positivo interno e a vida
fluía maravilhosamente. Depois, certo como um relógio,
o medo presente no meu íntimo fez tudo o que pôde para
resistir ao amor e à luz dos quais eu passara a depender.
Observei atentamente esta resistência de modo a com‑
preender e a reconhecer a sua presença. Depois de muita
exploração percebi que é a resistência ao amor que nos
mantém no escuro. É por causa dessa resistência que
ficamos presos a padrões que nos impedem de medrar.
Talvez note que sente alívio regular com meditação, ora‑
ções, afirmações positivas, terapia ou qualquer outro tipo
de crescimento pessoal, mas acaba por sabotar essa tão
boa sensação com uma crença limitadora, um comentário

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INTRODUÇÃO

negativo ou um padrão viciante. A experiência continua


a ocorrer pois assim que nos viramos para a luz, a luz
dentro de nós resiste­‑lhe.
Mesmo quando nos comprometemos a procurar amor
e felicidade, amiúde temos dificuldade em abdicar do
medo do qual nos habituámos a depender. Damos um
objetivo à nossa dor, acreditando que o esforço e o sofri‑
mento são necessários para obter êxito, ou para garantir a
alegria, ou para ter uma vida com sentido, e sentimo­‑nos
seguros num estado de conflito e controlo. Acreditamos,
inconscientemente, que para ficarmos vivos, não importa
quão grande pareça o amor, temos de nos agarrar aos
nossos mecanismos de proteção.
Podemos estar a fazer tudo o que podemos para criar
liberdade, entrar no fluxo e libertar os hábitos assentes no
medo, mas é provável que assim que sintamos alguma
liberdade sejamos bloqueados pela sombra do medo que
reside abaixo da superfície. Talvez ainda não tenha reco‑
nhecido o padrão, mas quando isso acontecer poderá dar
início à jornada a caminho da liberdade. Isso deve­‑se ao
facto de o principal motivo para a nossa infelicidade ser de
uma simplicidade desarmante: nós resistimos à felicidade.
Sigmund Freud interessou­‑se pelo fenómeno da resis‑
tência quando muitos dos seus pacientes não melhora‑
vam. Certa noite, num sonho, ocorreu­‑lhe que um dos
pacientes não melhorava porque não queria melhorar.
O sonho levou­‑o a dedicar grande parte da sua prática à
análise dessa resistência, que se tornou uma das bases
dos seus tratamentos.
Ao contrário do paciente de Freud, assim que abriu este
livro, caro leitor, comprometeu­‑se em acordar do medo

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e sincronizar­‑se com o amor. Esse é um compromisso


imenso. Não obstante, a presença do medo em si fará o
possível por mantê­‑lo encurralado na dor e no negrume.
Esse medo é a raiz de todos os seus problemas e sensa‑
ção de distanciamento. Para realmente aceitar o amor do
Universo terá de encarar a sua resistência e abdicar de
um sistema de pensamento que identificou erroneamente
como sendo a segurança e a base da sua vida.

LIÇÃO UNIVERSAL: PARA SERMOS LIVRES


TEMOS DE RECONHECER A RESISTÊNCIA.

Temos de reconhecer que ao mesmo tempo que con‑


tamos com uma mentalidade milagrosa, uma necessi‑
dade de estar em paz, temos igualmente em nós uma
mente errada que diz: «Eu não quero ser livre. Eu não
quero abdicar do julgamento. Eu não quero dar asas
ao controlo.»
O modo mais profundo de praticar a libertação da
resistência é ver claramente que não a queremos perder.
Quando aceitamos que somos viciados no medo, pode‑
mos perdoar­‑nos de tudo o que aconteceu no passado e
dos desvios para o medo que continuaremos a fazer no
nosso caminho espiritual. Podemos perdoar­‑nos por não
sermos perfeitos e podemos perdoar­‑nos por nos agarrar‑
mos a padrões antigos. Celebrar este nosso lado negro é
uma forma de sarar a nossa resistência. O texto metafísico
A Course in Miracles (Um Curso em Milagres) diz: «Não
devemos procurar o sentido do amor, mas sim procurar
remover todas as barreiras à presença do amor.»

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INTRODUÇÃO

No meu caso, assim que aceitei o medo, o pânico


desvaneceu­‑se. Ao abraçar o medo, e ao libertar o desejo
de ser livre, abriu­‑se­‑me um caminho ainda maior para a
liberdade. Hoje já não resisto ao amor e tenho fé de que
a energia do Universo está sempre ao meu dispor.
Também você pode ter essa liberdade. Ao embarcar nas
orações, nas práticas e nas meditações de cura presentes
neste livro, aquilo que mais o ajudará será olhar para o seu
medo com amor e decidir que não é uma mentalidade que
esteja disposto a manter. Tomar essa decisão vai abrir­‑lhe
o caminho para a felicidade.
É preciso prática para libertar a sua antiga mentali‑
dade e acolher uma nova, mas terá muito menos «tra‑
balho» do que possa imaginar. A prática mais útil é a de
entrega ao amor do Universo. Cada capítulo deste livro vai
apresentar­‑lhe orações, afirmações e exercícios simples
que o apoiam a abdicar dos seus pensamentos e ener‑
gia de medo, e a abraçar a mentalidade certa. É impor‑
tante que não exagere cada prática. Limite­‑se a levá­‑la a
cabo. Poderá deparar­‑se com uma ou duas práticas que
encontrem eco em si e talvez decida repeti­‑las com mais
frequência. O caminho perfeito irá tornar­‑se evidente e
poderá então mapear o seu percurso. Contudo, ao invés
de o limitar a um plano específico ou de o sobrecarregar
com ferramentas, optei por lhe apresentar uma orientação
que o recorda daquilo que mais deseja: liberdade relati‑
vamente ao medo, para que possa voltar à paz. Quanto
mais for recordado daquilo que deseja, mais abraçará
a capacidade de o receber.
Estar num caminho espiritual não se trata de ser o
melhor meditador, nem a pessoa mais bondosa, nem

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a mais esclarecida. A prática tem que ver com a entrega


ao amor tão amiúde quanto possível. É esse o objetivo
deste livro.
Encontra bastantes exercícios nestas páginas. Pode esco‑
lher realizá­‑los a todos ou pode apaixonar­‑se por alguns
em particular. Não há uma forma correta ou errada de os
aplicar. Basta manter­‑se aberto e repetir os exercícios que
o inspirarem. Se aplicar diariamente uma lição, oração ou
meditação deste livro, irá experienciar uma ligação mais
profunda ao Universo, algo que resultará numa mudança
milagrosa. Assim sendo, mantenha­‑se simples e saiba que
quanto mais investir, mais receberá em troca. Tal como
dizem nas comunidades dos 12 Passos: «Isto resulta se
o trabalharmos.»
Portanto, hoje peço­‑lhe que abrace a sua resistência,
perdoe­‑se por ser inconsistente com a sua prática (ou por
não ter, de todo, uma prática) e entregue­‑se à orientação
que tem à sua frente. Inicie cada capítulo de mente aberta
e receberá aquilo de que precisa. Basta que tenha vontade
de libertar aquilo que o impede de viver em harmonia com
a energia do amor. Vire a página e lembre­‑se de perma‑
necer aberto a novas ideias. Seja paciente e acredite que
o Universo está consigo.

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C AP ÍT ULO 1

T EMO S UM
P ODER OC ULTO

Aos 16 anos de idade debati­‑me com a depressão. Na altura


não sabia o motivo por que estava deprimida, mas os meus
sentimentos de medo, ansiedade e tristeza eram inegá‑
veis. A minha depressão foi insidiosa; apareceu vinda do
nada e, para todos os efeitos, sem motivo. Incapaz de me
livrar deste problema, procurei orientação junto da minha
mãe. Hippie, meditadora e praticante de yoga, ela parti‑
lhou comigo a ferramenta em que acreditava: meditação.
Sentou­‑me numa almofada de meditação e disse que «Este
é o caminho.»
A minha mãe ensinou­‑me o mantra dela: So, Ham,
So, Ham. Sugeriu que meditasse pelo menos 5 minutos
por dia para sentir alívio da depressão. Eu estava de tal
modo atolada na tristeza que teria feito tudo o que ela
me dissesse para fazer, pelo que dei início à prática de
meditação. Para minha surpresa tive uma sensação de alí‑
vio instantânea. Este contentamento imediato fez­‑me

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regressar constantemente à almofada de meditação em


busca de mais.
Duas semanas depois de iniciar a minha prática fui
passar o fim de semana com o meu namorado a uma
casa de praia. Assim que chegámos comecei a sentir­
‑me assoberbada pela velha sensação de depressão e de
medo. Virei­‑me para o meu namorado e disse: «Desculpa,
mas tenho que meditar.» Dirigi­‑me então a um pequeno
quarto no primeiro andar de uma casa onde nunca esti‑
vera. Sentei­‑me no escuro, na cama imaculada, e dei início
ao meu mantra: So, Ham, So, Ham. Não tinha ideia do
que significava o mantra, mas sabia que me fazia sentir
melhor. So, Ham, So, Ham. Passado 1 minuto a respirar
e a recitar o mantra aconteceu algo milagroso. Sem saber
de onde veio, senti um manto quente de energia calo‑
rosa a envolver­‑me. As minhas extremidades começaram
a formigar e a ansiedade e a depressão dissiparam­‑se.
Foi a maior sensação de paz que alguma vez experienciei.
Estava em sintonia com uma presença maior do que qual‑
quer coisa que alguma vez tivesse encontrado. Descobrira
o meu poder oculto.
Lembro­‑me desta experiência como se fosse ontem.
Foi o momento em que percebi que tinha o poder de me
ligar a uma força calorosa de energia que estava muito para
lá da minha mente lógica e do meu estado físico. Foi a pri‑
meira vez na minha vida que me senti realmente a salvo.
Saí do quarto de hóspedes e desci as escadas ao encon‑
tro do meu namorado. Estava com a energia mais leve,
os olhos tranquilos, o espírito rejuvenescido. Ele olhou­
‑me e disse: «O que te aconteceu? Pareces tão lúcida.»
«Meditação», respondi.

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Fui diligente quanto à prática de meditação durante


vários meses, mas quando me sentia melhor começava a
desleixar­‑me. Fui ficando viciada na segurança, no poder e
na excitação proporcionados pelos êxitos externos e pelas
formas mundanas de felicidade. Procurei segurança e
amor em relações românticas. Procurei realização e satis‑
fação na minha carreira. E procurei nas drogas aquele
ponto alto que em tempos encontrara na almofada de
meditação. Escolhi o mundo exterior como fonte de amor
e virei as costas à energia do Universo.
Devido a uma série de decisões equivocadas de pro‑
curar segurança fora de mim, mergulhei num poço
escuro. Voltei a encontrar­‑me numa depressão profunda,
mas, desta vez, ela era ampliada pelo vício e pela ver‑
gonha. Foi então que, certa manhã, sentada no chão do
meu apartamento, com as drogas e o álcool a perderem o
efeito, invoquei a ligação energética que em tempos tivera.
Procurei o mantra da minha mãe e comecei a recitar,
So, Ham, So, Ham, So, Ham. De imediato, como se não
houvesse passado tempo nenhum, voltei a reunir­‑me a
esse sentimento de amor. Foi como se asas invisíveis de
um anjo me tivessem elevado daquele chão para assim
me ajudarem a entrar num novo modo de vida, longe
daquele medo que escolhera. Mais uma vez, encontrei
a minha saída.
Nesse dia, assumi um compromisso: jurei que nunca
mais voltaria as costas à verdadeira fonte de amor. Durante
a última década empreendi uma viagem espiritual para
fortalecer a minha relação com essa fonte. Este amor de
que falo é conhecido por muitos como Deus, espírito, ver‑
dade ou consciência. No nosso léxico moderno, há quem

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se refira a isso como sendo «o Universo». Ao longo deste


livro utilizarei esses termos alternadamente.
A relação que tenho com esta energia é o que de mais
importante tenho na vida. Sem ela perco o meu poder,
o meu objetivo e a minha ligação ao amor. Ligo­‑me todos
os dias a esta presença de amor através da oração, da medi‑
tação, de práticas de presença, e de ligações calorosas para
comigo e para com os outros. Responsabilizo­‑me pelo
mundo que crio, fazendo do amor um hábito, e acalento
essa ligação diariamente. É por isso que, mesmo após
décadas de estudo espiritual, continuo a ter de procurar
o amor todos os dias. Trata­‑se de um compromisso para
a vida e a boa notícia é que se vai tornado muito mais
fácil. À semelhança de qualquer hábito novo, quanto
mais o praticarmos, mais divertido se torna. Hoje tenho
uma relação espantosa com o Universo, que, por sua vez,
nunca me desilude.

LIÇÃO UNIVERSAL: A NOSSA FELICIDADE, O NOSSO ÊXITO


E A NOSSA SEGURANÇA PODEM SER AVALIADOS PELA
CAPACIDADE GENUÍNA DE NOS SINTONIZARMOS
COM A VIBRAÇÃO CALOROSA DO UNIVERSO.

Muitas pessoas sentem­‑se infelizes, inseguras e malsuce‑


didas porque se esqueceram onde está a verdadeira feli‑
cidade, segurança e sucesso. Recordar onde se encontra
o nosso verdadeiro poder une­‑nos ao Universo, de modo a
que possamos apreciar devidamente os milagres da vida.
E, sobretudo, para que a sua felicidade possa ser uma
expressão de alegria que eleva o mundo.

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Todos temos direito à alegria. É a separação do amor


que nos bloqueia esse acesso. O caminho de volta ao
amor tem início ao compreendermos como, logo à par‑
tida, nos desligámos. Cada um desliga­‑se de um modo
muito próprio. De alguma maneira, negamos o amor do
Universo e escolhemos o medo do mundo. Escolhemos
prender­‑nos aos medos nas notícias, aos medos nas salas
de aulas, aos medos nas nossas casas. Separamo­‑nos do
amor do Universo dando um objetivo à dor e pensando
que o poder vem de fontes externas. Negamos o poder do
amor e afastamo­‑nos da fé por medo. Esquecemos por
completo o amor.
O texto metafísico Um Curso em Milagres ensina que
«A presença do medo é sinal de que confiamos na nossa
força.» Trata­‑se de uma mensagem profunda e lembro­‑me
de ter respirado fundo da primeira vez que a li. Estarmos
separados do amor significa que negamos a presença de
um poder superior (a presença do Universo) e aprende‑
mos a confiar no nosso poder para nos sentirmos seguros.
Assim que escolhemos desligar­‑nos da presença calorosa
do Universo, perdemos de vista a segurança, a estabi‑
lidade e a orientação clara que poderíamos ter à nossa
disposição. Assim que nos realinhamos com o amor
e deixamos de contar com a nossa força, o rumo claro
apresenta­‑se. A presença do amor vai sempre expulsar
o medo.
Estar em uníssono com a energia do Universo é como
uma dança maravilhosa em que confiamos de tal maneira
no nosso parceiro, que nos entregamos totalmente ao
ritmo da música. Quando começamos a dançar com a
energia do Universo, a nossa vida flui com naturalidade,

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há uma sincronicidade incrível que se apresenta, as solu‑


ções criativas tornam­‑se abundantes e experienciamos
liberdade.
A minha amiga Carla é um excelente exemplo do que
acontece quando nos realinhamos com a presença do
Universo. Carla cresceu numa família que recompen‑
sava o êxito externo acima de tudo o resto e acreditava
que se devia fazer o que fosse preciso para o alcançar.
Consequentemente, ela tinha a crença arraigada de que
a busca incessante, o stress e a luta era o que levava ao
sucesso. Passou uma década a edificar uma carreira pode‑
rosa através de muita pressão, controlo e manipulação
de resultados. Acreditava que quanto mais se esforçasse,
mas bem­‑sucedida, feliz e segura seria. A sua energia
inclemente levou­‑a a desenvolver uma carreira externa‑
mente impressionante. Então, certo dia, no auge da car‑
reira, Carla teve um esgotamento nervoso e tudo ruiu.
Foi levada para a urgência e obrigada a ficar de baixa
para recuperar. O mundo como ela o conhecia chegava
ao fim.
A meio da recuperação aconteceu algo a Carla que
lhe alterou a vida para sempre. Certa manhã, acordou e
deixou­‑se ficar na cama. Nessa imobilidade recordou uma
oração que a avó lhe ensinara em criança. Era a oração de
São Francisco de Assis:

Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz.


Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

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Onde houver erro, que eu leve a verdade.


Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Sem saber porquê, ela sentiu­‑se levada a dizer esta ora‑


ção em voz alta. Depois levantou­‑se e prosseguiu com a
sua vida. Embora o dia tivesse começado normalmente,
as coisas aceleraram com o passar das horas. Sentou­‑se ao
computador e apareceu­‑lhe um e­‑mail no ecrã. A mensa‑
gem continha um link para um blogue que eu escrevera.
Fora­‑lhe reencaminhado por um amigo com quem não
falava há anos. O assunto era «O êxito vem de dentro».
Isso chamou a atenção de Carla. Abriu o e­‑mail e seguiu
o link até um vídeo no meu site, onde eu oferecia dicas
para chegar ao êxito através de práticas espirituais. Carla
continuava sem fazer ideia do motivo por que recebera
aquele e­‑mail, quem eu era ou mesmo por que decidira
aceder ao meu site. Só sabia que uma voz inegável dentro
dela lhe gritava: «Vê o vídeo!»
Carla assistiu, ficando com a sensação que eu falava
diretamente com ela. No dia seguinte estava numa livraria,
à procura de um romance, quando, de repente, um livro
de não­‑ficção lhe caiu aos pés. Era o meu livro Pode Causar

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Milagres*. Reconheceu­‑me o rosto na capa e riu­‑se da sin‑


cronicidade. Não tinha como negar aquele momento, pelo
que comprou o livro e começou de imediato a prática de
40 dias.
Trinta dias depois da prática, Carla passeava pelo
Facebook quando uma publicação minha lhe apareceu no
ecrã, referindo que eu estaria na cidade dela dali a duas
semanas, para fazer uma apresentação. Adquiriu de ime‑
diato o bilhete.
Carla assistiu à sessão e ficou calada durante as per‑
guntas. Não tinha qualquer interesse em ser vista ou
ouvida, sobretudo porque todo aquele mundo da autoa‑
juda continuava a ser uma novidade para ela. Depois
perguntei: «Quem aqui presente já completou a prática
dos 40 dias do Pode Causar Milagres?» Nesse momento,
Carla apercebeu­‑se de que estava no seu 40.o dia! Invo‑
luntariamente, a mão dela ergueu­‑se e eu convidei­‑a a
levantar­‑se e a partilhar a sua experiência. Começou por
dizer que não fazia ideia de como aquele e­‑mail original
lhe chegara à caixa de entrada, ou como o livro caíra da
prateleira, ou como o anúncio do Facebook lhe aparecera
no ecrã 10 dias antes de eu chegar. Disse ainda que gra‑
ças à jornada encetada com o livro, fora levada a aceitar
que o seu anterior modo de vida já não resultava. Fora
levada a fazer novas escolhas. Anunciou então a uma sala
cheia de estranhos que ia despedir­‑se do seu emprego
stressante e regressar à escola para estudar nutrição, um
tema que ela sempre quisera aprofundar. Disse ainda:
«Há 40 dias encontrava­‑me numa depressão profunda,

* May Cause Miracles, no original. Edição portuguesa pela Pergaminho, 2013.

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e hoje sei que, tal como diz a Gabrielle, o Universo está


comigo.»
A história de Carla recorda­‑nos de que, quando nos
rendemos ao poder do Universo, somos sempre guiados
até exatamente aquilo de que precisamos. O momento
em que disse a oração de São Francisco de Assis foi o
momento em que ela deixou de depender da sua própria
força e pediu inconscientemente ajuda ao Universo.
A sincronicidade, a orientação, a cura e a abundância
estão sempre disponíveis. Só temos de nos sintonizar com
a energia do Universo para entrarmos no fluxo da energia
calorosa que nos apoia. Quando estamos alinhados com
esta energia, a vida torna­‑se um sonho feliz.

LIÇÃO UNIVERSAL: QUANDO RENDEMOS A NOSSA VONTADE


AO PODER DO UNIVERSO, RECEBEMOS MILAGRES.

Outra forma de nos rendermos ao poder do Universo


é sermos claros quanto à forma como as histórias e as
crenças que carregamos connosco ditam as nossas expe‑
riências.
Um Curso em Milagres ensina­‑nos que projeção é per‑
ceção. Isto significa que as histórias que projetamos na
mente são as que percecionamos na vida. Com um exce‑
lente professor do Curso chamado Gary Renard aprende
uma bela metáfora. Imagine que está no cinema, a ver um
filme assustador. O filme encontra­‑se naquele momento
em que vai acontecer algo muito mau. Sabe que, se a
personagem principal dobrar a esquina, vai correr risco
de vida. Está a atirar pipocas ao ecrã e a gritar: «Não faças

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isso! Não vires aí!» Gary sugere que pensemos nisto como
sendo a forma como vivemos a nossa vida. Estamos a
olhar para o ecrã de cinema que é a nossa vida e gritamos:
«Não voltes a essa relação! Não aceites esse emprego ter‑
rível! Não tomes essa bebida!» Mas acabamos por voltar
sempre a ficar presos na mesma cena de terror.
A nossa projeção é a nossa perceção. Eis um excelente
exemplo de como uma antiga linha narrativa assusta‑
dora — algo que pensei ter sarado —, regressou décadas
depois.
No liceu nunca fiz parte de uma claque. Tinha muitos
amigos que tocavam em bandas e fumavam droga nas
caves dos pais. Adorava­‑os, mas sempre me senti uma
estranha, pois não tinha um grupo de amigas. A expe‑
riência levou­‑me a criar uma narrativa interna que pro‑
jetei na minha vida: eu era uma estranha e nunca teria
um grupo de amigas. Essa projeção tornou­‑se a minha
perceção durante muitos anos.
Depois, por volta dos 25 anos, comecei a fazer workshops
e palestras para grandes grupos de mulheres. Com o tempo
tive centenas de mulheres a conviver comigo. A narrativa
começou a sarar e aceitei que fazia parte de um grupo de
mulheres de mentalidade semelhante à minha.
Quando estava certa de que sarara a minha antiga per‑
ceção de medo, apercebi­‑me de que não estava completa‑
mente livre dessa narrativa. O problema é que as nossas
narrativas de medo são insidiosas. Elas vivem na nossa
mente e nas nossas células; residem no nosso subcons‑
ciente. Quando pensamos que estamos curados da falsa
projeção, CATRAPUM! A coisa mais simples pode atirar­
‑nos de volta ao velho medo. Nesse ponto da minha vida

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tinha muitas amigas e sentia­‑me segura quanto às minhas


ligações. Contudo, havia uma conhecida com quem nunca
estabelecera uma verdadeira ligação. Era sempre sim‑
pática, mas nunca pareceu calorosa ou autêntica. Havia
qualquer coisa na personalidade dela que ativava a minha
velha narrativa do medo. Convidava-nos, todos os anos,
para uma grande festa. A narrativa do medo regressava,
sempre, cerca de um mês antes da festa. Começava a
pensar que não seria convidada para a festa. Comentava
isso com o meu marido, com os meus amigos e com toda
a gente que me desse ouvidos. O meu diálogo interno
era: Os convites já foram enviados e eu não vou ser convi‑
dada. Então, tal como esperava, os e­‑mails com os convites
foram enviados e eu não recebi! Senti­‑me profundamente
triste. A angústia adolescente de ser posta de parte voltou
à superfície. Fiquei zangada e perturbada.
Isso levou­‑me a uma espiral de frustração. Comecei
a dizer aos meus amigos como me sentia incomodada
por não ter sido convidada para a festa. Era uma adulta a
agir com um comportamento infantil. Certa manhã acor‑
dei deprimida. A primeira coisa que me ocorreu foi: Não
sou suficientemente boa. Sou uma pária. Felizmente, nessa
altura da minha vida tinha consciência espiritual sufi‑
ciente para olhar para a narrativa e decidir vê­‑la por outra
perspetiva. Em voz alta disse para comigo: «Obrigado,
Universo, por me ajudares a sarar. Perdoo este pensa‑
mento e, no seu lugar, escolho ver amor.» Depois pros‑
segui com a minha vida.
Mais tarde almocei com um amigo, a quem referi que
não fora convidada para a festa. Ele riu­‑se e disse: «Estás
maluca? É claro que foste convidada! Envia­‑lhe uma

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O U N I V E R S O E S TÁ C O N S I G O

mensagem e vê o que aconteceu.» Como nessa manhã


dissera a oração, tive a humildade de o escutar. Saiu­‑me
uma reação involuntária: «Está bem. Eu envio­‑lhe uma
mensagem.» Peguei no telefone e enviei uma mensagem
de texto: «Então, como estás? Não recebi o convite para a
tua festa. Espero que esteja tudo bem entre nós.» Passados
segundos tinha uma resposta: «O quê?! É claro que foste
convidada! Enviei o e­‑mail a partir de uma conta nova, por
isso vê na caixa de spam.» Confirmei a caixa de spam e,
obviamente… lá estava o convite.
Esta história ilustra perfeitamente o modo como a pro‑
jeção cria a perceção. Como estava tão embrenhada na nar‑
rativa de que era uma estranha e não fora convidada, não
estava aberta à possibilidade de que o e­‑mail pudesse estar
na caixa de spam. Ao pensar na quantidade de e­‑mails que
são filtrados, este seria um cenário óbvio. Como estava
imersa nessa história, cortei a ligação a possibilidades
calorosas e entregara­‑me ao medo.
A energia flui para onde dirigimos a atenção. O meu
foco e a minha atenção haviam sido de tal modo negati‑
vos que eliminara a possibilidade de amor. Depois, assim
que disse a oração, abri a consciência à receção de novas
informações. Foi o meu escape da projeção de medo.
A boa notícia é que é simples sair das projeções de
medo. Gary, o professor do Curso com a metáfora acertada
sobre o cinema, sugere que pensemos no que acontece‑
ria se entrássemos na sala de projeção e trocássemos a
bobina. O que aconteceria se mudássemos a projeção?
O que veríamos?

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