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SOUZA

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SOUZA, Vanessa; SACCOL, Machado.

Introdução à gestão ambiental

Noções gerais da profissão – definição e histórico


Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deverá apresentar os seguintes aprendiza-dos:  Reconhecer
a cronologia dos principais eventos da evolução histórica da preocupação ambiental
que impulsionaram o surgi-mento da gestão ambiental.
 Identificar conceitos e práticas de sustentabilidade.  Relacionar o contexto
econômico e meio ambiente diante da pro-fissão de gestor ambiental.
Introdução
As demandas desenfreadas que surgiram por conta do crescimento da população e do
desenvolvimento industrial desordenado geraram grandes impactos ambientais. Em
função disso, a preocupação am-biental foi alavancada nas três últimas décadas do
século XX, sen-do direcionada para um estudo mais amplo no século XXI. Nessa
perspectiva, nasceu a necessidade da criação dos cursos de Gestão Ambiental, que
formam profissionais detentores de competências e habilidades a serviço da promoção
de um desenvolvimento mais sustentável. Neste texto, você vai estudar a linha
cronológica dos acontecimen-tos que modificaram os paradigmas ambientais e vai se
familiarizar com os conceitos essenciais de gestão ambiental.
A linha do tempo e a preocupação ambiental
Neste texto, você aprenderá sobre alguns eventos que modificaram de forma
significativa o modo de pensar e agir sobre as questões ambientais. A preocupação
com as questões ambientais iniciou a partir da década de 60. Anteriormente a este
período, tivemos, de forma isolada, em 1947, a fundação da UICN – União
Internacional para a Conservação da Natureza, na Suíça, organização fundada com o
objetivo de influenciar ideias de conser-vação da natureza. Década de 1960 – A década
de 1960 ficou conhecida pelo conflito entre preservacionistas e desenvolvimentistas. O
debate iniciou-se com a publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em
1962, que trouxe um alerta sobre a utilização de pesticidas na agricultura. Este fato
levou a preocupações ambientais inéditas para uma parcela da opinião pública
americana, que visualizou o impacto das ativi-dades antrópicas sobre o meio
ambiente. O livro impulsionou uma inversão na política nacional sobre os pesticidas,
levando a uma proibição nacional do DDT (e de outros pesticidas). Os movimentos
ambientalistas levaram à criação da Environmental Protection Agency – EPA, Agência
Americana de Proteção Ambiental.
O DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) é um inseticida barato e altamente
eficiente a curto prazo, mas, a longo prazo, tem efeitos prejudiciais à saúde humana,
podendo ocasionar câncer em seres humanos e interferir na vida animal, causando o
aumento de mortalidade entre os pássaros.
Também em 1968, surgiu o Clube de Roma, no qual um grupo de pessoas
formado por empresários, diplomatas, cientistas, educadores, humanistas,
economistas e altos funcionários governamentais de dez países diversos se reuniu para
tratar de assuntos relacionados ao uso indiscriminado dos re-cursos naturais do meio
ambiente em termos mundiais. Década de 1970 – Em 1972, um grupo de cientistas do
Massachusetts
Institute of Technology – MIT, que assessorava o Clube de Roma, alertou sobre os
riscos do crescimento econômico contínuo baseado na exploração de recursos naturais
não renováveis. Utilizando modelos matemáticos, o MIT chegou à conclusão de que o
planeta Terra não suportaria o crescimento po-pulacional devido às pressões geradas
sobre os recursos naturais e energéticos e ao aumento da poluição, mesmo tendo em
conta o avanço tecnológico. As projeções afirmavam o esgotamento desses recursos
em poucas décadas, e o relatório afirmava que somente o crescimento zero e a gestão
dos recursos finitos poderiam salvar o planeta. Muitas das previsões do relatório não
se concretizaram, e outras permanecem como um cenário possível, para o qual a
humanidade ainda não encontrou soluções. No entanto, o documento foi im-portante
para chamar a atenção sobre o impacto da exploração dos recursos e degradação do
meio ambiente, despertando a consciência ecológica mundial. A I Conferência Mundial
sobre Meio Ambiente, organizada pela Organi-zação das Nações Unidas – ONU, em
1972, foi um reflexo disso (NASCI-MENTO; LEMOS; MELLO, 2008).
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A I Conferência Mundial sobre Meio Ambiente ficou conhecida como a Conferência de
Estocolmo, por ter sido realizada na capital da Suécia. A ONU – Organização das
Nações Unidas – é uma organização internacional for-mada por países que se reuniram
voluntariamente para trabalhar pela paz e pelo de-senvolvimento mundial.
No final da década de 70, pode-se dizer que iniciou a fase da regulamen-tação e do
controle ambiental, e poluir passou a ser considerado crime em diversos países.
Juntamente com isso surgiu o primeiro selo ambiental, o selo Blue Angel, lançado na
Alemanha com o objetivo de rotular produtos ambien-talmente corretos. Este selo é
utilizado até hoje para certificar a sustentabili-dade dos produtos (ver Fig. 1).
Década de 1980 – No início da década de 1980, a ONU retomou o debate sobre as
questões ambientais, e foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento com o intuito de reavaliar as questões críticas relativas ao meio
ambiente e reformular propostas no sentido de fazer as mu-danças necessárias para
garantir um desenvolvimento sustentável. A partir desta comissão, foi criada a
declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável – o
Relatório Brundtland, publicado com o título “Nosso Futuro Comum”. Essa nova
percepção de desenvolvimento e limites necessários ao uso dos bens esgotáveis
deixou claro a necessidade de equilíbrio, com limites para o bem-estar da sociedade,
assim como para utilização dos recursos naturais. Na década de 80, iniciou o controle
ambiental através das legislações e fiscalizações, as quais tinham por objetivo
controlar a instalação de novas in-dústrias e estabelecer condicionantes para seu
funcionamento. Nesta década, o enfoque foi para o controle da poluição, o que muitos
chamavam controle de “final de tubo” por focar no tratamento dos poluentes gerados
através de processos e equipamentos que minimizassem os poluentes gerados a um
nível aceitável. Um importante marco ambiental na história foi em 1985, quando um
con-junto de países se reuniu manifestando preocupação quanto aos impactos ge-
rados pela redução da camada de ozônio. Desta convenção, surgiu o Protocolo de
Montreal, que entrou em vigor em 1o de janeiro de 1989.
Fique por dentro dos assuntos sobre proteção da camada de ozônio acessando: http://
www.protocolodemontreal.org.br/eficiente/sites/protocolodemontreal.org.br/pt-br/
home.php
Década de 1990 – Na década de 1990, já havia uma consciência comum sobre a
necessidade de preservação ambiental e constância na equação de desenvolvimento
versus sustentabilidade do planeta. Em 1992, líderes mundiais de 108 países reuniram-
se no Rio de Janeiro e realizaram a conferência mundial conhecida como Cúpula da
Terra ou Rio-92. Os fundamentos deste evento foram baseados em cinco documentos:
Convenção da Diversidade Biológica, Convenção sobre as Mudanças Climá-ticas,
Princípios sobre Florestas, Declaração do Rio e Agenda 21.
Outro marco importante na década de 90 foi a Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas, na qual, em 1997, foi anunciado o Proto-colo de
Quioto, que estabelecia metas para a redução das emissões dos gases do efeito estufa.
Na década de 1990, também entraram em vigor as normas britânicas
BS 7750-Specification for Environment Management Systems, que serviram de base
para a elaboração de um sistema de normas ambientais em nível mundial, a série ISO
14000. A integração entre a série ISO 14000 e a série ISO 9000, de gestão da
qualidade, representou um avanço em relação à con-servação ambiental e ao
desenvolvimento sob bases sustentáveis.
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ISO 14001: A ABNT NBR ISO 14000 é uma norma certificadora que especifica os requi-
sitos de um Sistema de Gestão Ambiental e permite a uma organização desenvolver e
praticar políticas e metas ambientalmente sustentáveis. A norma leva em conta as-
pectos ambientais influenciados pela organização e outros passíveis de serem contro-
lados por ela.
Como você pode perceber, a introdução da gestão ambiental e a adoção
de códigos de conduta modificaram a postura reativa das empresas – a preo-cupação
empresarial que buscava meios de evitar multas e autos de infração dos órgãos
fiscalizadores –, que passaram a se preocupar com sua imagem da empresa perante as
questões ambientais. Surge a preocupação com a preservação do meio ambiente,
tendo em vista a otimização de processos produtivos e a redução dos impactos
ambientais gerados. Século XXI – Após 10 anos da Rio-92, em 2002, foi realizada pela
ONU, em Johanesburgo, na África do Sul, a Cúpula Mundial sobre o Desenvol-vimento
Sustentável, também conhecida como Rio+10. Nesta conferência, trataram-se, além de
aspectos ambientais, de aspectos sociais. Foram de-batidas questões sobre
fornecimento de água, saneamento básico, energia, saúde, agricultura e
biodiversidade e teve início a busca por medidas para reduzir o número de pessoas
que vivem abaixo da linha da pobreza (com aproximadamente 1 dólar por dia) até
2015. Os países participantes acor-daram em reduzir em 50% o número de pessoas
que não possuía acesso à água potável e a saneamento básico. Além deste acordo,
houve a busca por colocar em prática a Agenda 21 e cobrar posições sobre os
compromissos firmados na ECO-92. Em 2012, ocorre, no Rio de Janeiro, a Rio+20,
Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, com a participação de 193 países que
fazem parte da ONU. Considera-se que esta foi a segunda etapa da Cú-pula da Terra
(ECO-92), cujos temas principais foram dois: a economia verde no contexto do
desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional
para o desenvolvimento sustentável. Houve vários desfechos para a Rio+20; um
documento final de 53 pá-ginas, acordado por 188 países, dita o caminho para a
cooperação interna-cional sobre desenvolvimento sustentável. Além disso, governos,
empresários e outros parceiros da sociedade civil registraram mais de 700
compromissos com ações concretas que proporcionem resultados para responder a
necessi-dades específicas, como energia sustentável e transporte. Os compromissos
assumidos no Rio incluem 50 bilhões de dólares que ajudarão um bilhão de pessoas a
ter acesso à energia sustentável. O setor empresarial, que há 20 anos esteve
praticamente ausente na Rio-92, durante a Rio+20 liderou a realização de
compromissos voluntários, reconhecendo o valor do capital natural e se
comprometendo a usar os re-cursos naturais de forma responsável.
De acordo com a declaração do coordenador do programa de mudanças climáticas e
energia do WWF Brasil, o resultado da conferência foi “fraquíssimo”. “O cenário após a
COP 18 é muito incerto para uma grande parte da população mun-dial, para a
economia global e para a biodiversidade e os ecossistemas. O tempo é o re-curso mais
precioso agora e está cada vez mais escasso. As respostas e decisões daqui para frente
terão de ser muito mais fortes e incisivas, e as ações, mais rápidas”, afirmou.
Em 2014, ocorreu em Lima, no Peru, a 20a Conferência das Partes da Con-venção –
Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima (COP 20). O objetivo da conferência foi
analisar e propor diversas ações para conter o aumento da temperatura global e,
consequentemente, mitigar os impactos da mudança do clima. O evento iniciou com
avanços significativos, como o anúncio do com-promisso de redução de Estados
Unidos, China e União Europeia, que, juntos, respondem por mais de 50% das
emissões mundiais de GEE.
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GEE: Gases integrantes da atmosfera, de origem natural ou antrópica (quando pro-
duzidos pelo homem), que absorvem e reemitem radiação infravermelha para a su-
perfície da Terra e para a atmosfera, causando o efeito estufa. O vapor d’água (H2
dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), o óxido nitroso (N2 O), o metano (CH4O),
o) e o ozônio (O3) são os principais GEEs na atmosfera. Existem também na atmosfera
GEEs to-talmente produzidos por atividades humanas, como os halocarbonetos e
outras subs-tâncias com cloro e bromo, objeto do Protocolo de Montreal. O Protocolo
de Quioto também aborda o hexafluoreto de enxofre (SF6), além de duas famílias de
gases: os hidrofluorocarbonetos (HFC) e os perfluorocarbonetos (PFC). Entre os gases
do efeito estufa que estão aumentando de concentração, o dióxido de carbono, o
metano e o óxido nitroso são os mais importantes.
Em 2015, a busca por ações efetivas para a redução dos efeitos climáticos e para a
contenção do aumento da temperatura do planeta continuou com a COP 21, na
França, em Paris. A conferência resultou no documento chamado Acordo de Paris, no
qual os países representantes reiteraram compromissos que visam manter o
aquecimento global “muito abaixo de 2o C”, buscando ainda “esforços para limitar o
aumento da temperatura a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais ̈. Por todos os fatos
estudados, você pode observar que, do início do século XX até 1972, predominavam
ações do tipo reativas com o meio ambiente, sem considerar qualquer conceito de
prevenção, o que inicia “timidamente” a partir da Conferência Mundial das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo, em 1972, e se estende até meados de
1990. A partir deste período, a preocupação ambiental ganha um novo conceito
com a Rio-92: passa-se a considerar meio ambiente como tudo aquilo que está
inserido no contexto da vida, o que amplia o escopo de conservação dos recursos
naturais para questões socioambientais. Com isso, entra-se em uma fase proativa que
se estabelece a partir do século XXI.
Desenvolvimento sustentável
Neste texto, será apresentado a você o conceito de desenvolvimento susten-tável, que
está inserido em uma série de fundamentos indispensáveis ao seu conhecimento de
gestor ambiental. É importante compreender a totalidade e a complexidade da
expressão “desenvolvimento sustentável”. Para isso, serão abordados, inicialmente, al-
guns conceitos individuais:
 Desenvolvimento: significa um estágio econômico, social ou político de determinada
comunidade, o qual é caracterizado por altos índices de rendimento dos fatores de
produtos, ou seja, dos recursos naturais, do capital e do trabalho (FERREIRA, 1986).
 Crescimento: relaciona-se à expansão da escala das dimensões físicas do sistema
econômico (GOODLAND apud BELLA, 1996).
 Sustentável: possui dois significados: o primeiro, estático, que é “impedir que caia,
suportar, apoiar, conservar, manter e proteger”; o segundo significado é dinâmico e
positivo: “favorecer, auxiliar, esti-mular, incitar e instigar” (BELLA, 1996).
Além dos conceitos evidenciados anteriormente, existem percepções asso-ciadas ao
que realmente se possa considerar um desenvolvimento sustentável. Uma delas
estabelece que, no desenvolvimento sustentável, as relações entre ambiente e
desenvolvimento estão integradas e que deve existir um cuidado entre as políticas de
desenvolvimento e as atividades setoriais, que devem levar em consideração os limites
existentes para renovação dos recursos naturais. Isso faria com que os padrões
ambientais fossem estabelecidos em bases ecológicas a partir da noção da capacidade
de suporte dos ecossistemas, con-forme definido por Ivan Carlos Maglio. É possível
observar que o desenvolvimento sustentável passou a repre-sentar o progresso
econômico associado à utilização adequada dos recursos naturais, promovendo a
melhoria na qualidade de vida da população. Na busca por esse progresso sustentado,
surge a necessidade de se avaliar o sistema socioeconômico atual de maneira a
verificar se realmente evolui em direção à sustentabilidade em todos os seus âmbitos.
Essa ideia foi ampla-mente apoiada a partir da criação da Agenda 21 Global, na Rio 92.
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Para ampliar seu conhecimento sobre a Agenda 21, acesse: http://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global
Relações do sistema econômico com o meio ambiente
O sistema econômico, considerado como um organismo vivo e complexo, não atua
independentemente do sistema natural que o sustenta (MUELLER, 2007). Ao contrário,
o sistema econômico interage com o meio ambiente ex-traindo recursos naturais
(componentes estruturais dos ecossistemas) e devol-vendo resíduos. Em razão do
enfoque dado pelas diferentes vertentes teóricas de tratamento das questões
ambientais, privilegia-se apenas a dinâmica do sistema econômico ou as interfaces
entre este e o meio ambiente. O fato é que um esquema analítico focado somente nas
relações existentes dentro da “caixa” que representa o sistema econômico será
fatalmente reducionista e limitado, dado que o meio ambiente interage com a
economia como forne-cedor de insumos e receptor de dejetos/resíduos resultantes
dos processos de produção e consumo (ver Fig. 2). Além disso, o sistema econômico
atua em um determinado espaço, alte-rando-o consideravelmente devido a sua
expansão. Assim, pode-se dizer que a economia apresenta impactos sobre o meio
ambiente, os quais se devem à escala (tamanho, dimensão) do sistema econômico e
ao estilo dominante de crescimento econômico (modo como o sistema econômico se
expande).

Diante de toda preocupação ambiental, o desenvolvimento sustentável tornou-se a


principal alternativa de desenvolvimento socioeconômico da so-ciedade atual. O
desenvolvimento sustentável procura satisfazer as necessidades da ge-ração atual sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfa-zerem as suas próprias
necessidades.
Conservação e preservação ambiental
Dentro dos conceitos ambientais, é importante deixar clara a diferença entre
conservação e preservação ambiental. O preservacionismo e o conservacionismo são
correntes ideológicas que
surgiram no fim do século XIX, nos Estados Unidos. Com posicionamento contra o
desenvolvimentismo – uma concepção que defende o crescimento econômico a
qualquer custo, desconsiderando os impactos ao ambiente na-tural e o esgotamento
de recursos naturais –, estas duas correntes se contra-põem no que diz respeito à
relação entre o meio ambiente e a nossa espécie. O preservacionismo aborda a
proteção da natureza independentemente de seu valor econômico e/ou utilitário,
apontando o homem como o causador da quebra desse “equilíbrio”. De caráter
explicitamente protetor, propõe a criação de santuários intocáveis, sem sofrer
interferências relativas aos avanços do progresso e sua consequente degradação. De
posição considerada mais radical, este movimento foi responsável pela criação de
parques nacio-nais, como o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados
Unidos. (LIMA, 2008). O conservacionismo contempla o amor à natureza aliado a seu
uso racional e manejo criterioso pela nossa espécie, a qual executa um papel de gestão
e parte integrante do processo. Podendo ser identificado como o meio-termo entre o
preservacionismo e o desenvolvimentismo, o pensamento conserva-cionista
caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas e é alicerce de políticas de
desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um modelo de
desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje que não destrua os recursos
necessários às gerações futuras. Redução do uso de maté-rias-primas, o uso de
energias renováveis, a redução do crescimento popula-

Formação em gestão ambiental


A área de conhecimento e trabalho intitulada “Gestão Ambiental” vem cau-sando
muita confusão entre os especialistas em meio ambiente. A dúvida se inicia com a
pergunta: afinal, o que é gestão ambiental? Gestão ambiental é a área que deve
promover o desenvolvimento susten-tável, ou seja, a utilização dos recursos naturais
de forma mais consciente e por meio de técnicas não poluentes ou que produzam o
menor impacto pos-sível ao meio ambiente.
Formação em gestão ambiental
A área de conhecimento e trabalho intitulada “Gestão Ambiental” vem cau-sando
muita confusão entre os especialistas em meio ambiente. A dúvida se inicia com a
pergunta: afinal, o que é gestão ambiental? Gestão ambiental é a área que deve
promover o desenvolvimento susten-tável, ou seja, a utilização dos recursos naturais
de forma mais consciente e por meio de técnicas não poluentes ou que produzam o
menor impacto pos-sível ao meio ambiente.
Áreas de conhecimento do profissional
As áreas de conhecimento de um gestor ambiental são definidas como espe-cificidades
dentro de uma determinada área profissional ou eixo tecnológico, visando ao
desenvolvimento, à aplicação, à socialização de novas tecnolo-gias, à gestão de
processos e à produção de bens e serviços. A organização curricular deve possibilitar a
compreensão crítica e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais
resultantes da interferência do homem na natureza em virtude dos processos de
produção e de acumulação de bens. Esse conhecimento interdisciplinar se faz
necessário frente à demanda e à atuação do profissional, a qual é vasta devido aos
diversos aspectos asso-ciados às atividades humanas e industriais que podem causar
contaminação na água, no ar e no solo, assim como modificações, muitas vezes
irreversíveis, na fauna e flora. O currículo de gestão ambiental varia de acordo com a
instituição que oferece o curso e do grau conferido (bacharelado ou tecnólogo).
Abaixo, algumas das disciplinas específicas que compõem o currículo de formação
profissional e suas diretrizes:
Análise de Riscos Ambientais Industriais: busca desenvolver no aluno a habilidade de
analisar e avaliar as condições de segurança para o pa-trimônio, público e privado,
para as pessoas e para o meio ambiente, de forma que os riscos associados às
instalações, operações e atividades avaliadas possam ser controlados com o objetivo
de prevenir acidentes.
Aspectos Socioambientais Regionais: tem por objetivo investigar a re-lação entre
desenvolvimento regional e meio ambiente da perspectiva de dimensões ecológicas,
econômicas, políticas, sociais e culturais.
Avaliação de Aspectos e Impactos Ambientais: tem por finalidade desenvolver a
prática de identificar aspectos e impactos gerados por processos produtivos, produtos
ou serviços e direcionar metodologias de avaliação do nível destes, assim como elencar
possíveis medidas mitigadoras.
Certificação e Auditoria Ambiental: busca promover o aprendizado multidisciplinar
necessário para o desempenho das atividades de audi-toria e certificação ambiental
nos mais variados campos de atuação do profissional da gestão ambiental.
 Comunicação Empresarial: trabalha fundamentos da comunicação para conversação
e apresentação em público, promovendo o desen-volvimento de técnicas e estratégias
de comunicação oral para desen-volver no profissional habilidades de comunicação no
meio em que está inserido, além de direcionar o planejamento de reuniões,
apresentações e seminários.
 Controle de Parâmetros Ambientais Industriais: trata de poluentes am-bientais,
métodos de análise, parâmetros de controle e amostragem.
 Ecologia: proporciona aos alunos uma base teórica para compreender a importância
da ecologia e da biodiversidade para a manutenção do ecossistema e da vida humana,
bem como identificar fatores que a ameaçam e conhecer algumas formas de manejar a
biodiversidade, vi-sando a sua conservação.
 Educação Ambiental: aborda a questão ambiental e seus desdobra-mentos
educativos, contribuindo para capacitar os acadêmicos para os desafios que hoje se
apresentam na constituição das práticas de edu-cação ambiental.
 Geoprocessamento: provê conhecimentos gerais sobre o uso de geotec-nologias no
planejamento ambiental e na elaboração de soluções para problemas ambientais
espacialmente distribuídos.
 Gestão de Projetos Ambientais: propicia noções fundamentais sobre a produção do
conhecimento cientifico, ressaltando a importância da teoria do conhecimento e do
uso de técnicas de pesquisa, bem como as diferentes formas de fazê-la em projetos
ambientais.
 Gestão de Recursos Energéticos: proporciona aos alunos subsídios para
compreensão e aquisição de conhecimentos básicos sobre recursos energéticos. Busca
compreender os principais tipos de energia e re-cursos energéticos, as tecnologias
básicas de exploração, suas potencia-lidades e eficiências, seus impactos ambientais,
sociais e econômicos,
solucionar problemas simples e aplicar corretamente os princípios da mecânica na sua
área de formação.
 Gestão de Recursos Hídricos: provê conhecimentos fundamentais sobre a dinâmica
hidrológica e hidrogeologia das bacias hidrográficas, bem como os mecanismos e
ferramentas de gestão integrada e partici-pativa das aguas atualmente vigentes no
Brasil.
 Gestão e Tratamento de Efluentes: permite ao aluno o entendimento sobre a
caracterização de efluentes líquidos, análise de seus possíveis impactos ao meio
ambiente, identificação de suas fontes, além de apre-sentar alternativas de prevenção
e controle.
 Gestão e Tratamento de Emissões: provê conhecimentos básicos sobre a poluição
atmosférica e os procedimentos de gestão ambiental apli-cados ao controle e ao
monitoramento de poluentes atmosféricos em fontes móveis e estacionárias.
 Legislação Ambiental: Fomentar no aluno o interesse e o entendimento das
principais normas legais e regulamentações que regem a matéria ambiental em
âmbitos federal, estadual e municipal.
 Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos: apresenta conhecimentos básicos sobre o
tratamento e a disposição adequada destes poluentes, assim como desenvolve no
profissional habilidades de atuar como agente multiplicador através de instrumentos
adequados para sensi-bilizar e conscientizar a sociedade sobre a necessidade de
repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e recusar produtos que agridam o meio am-biente.
 Planejamento Ambiental e Economia: transmite conhecimentos de ad-ministração e
seus principais conceitos, formas de planejamento admi-nistrativo e meios a avaliação
da viabilidade econômica.
 Química Ambiental: relaciona os fundamentos da química com as de-mais áreas de
conhecimento, de modo a consolidá-los na aquisição dos conhecimentos necessários
no campo da gestão ambiental que preo-cupam a sociedade atual, compreendendo
suas dinâmicas e seus papéis no ambiente.
Recuperação de Áreas Degradadas: apresenta as principais técnicas de recuperação de
áreas degradadas, bem como as medidas mitigadoras dos principais empreendimentos
de infraestrutura.
 Responsabilidade Social e Meio Ambiente: busca desenvolver con-ceitos que têm por
objetivo inserir a sociedade no contexto ambiental.
Sistema de Gestão Ambiental: tem como objetivo desenvolver a visão sistêmica e o
conhecimento de sistemas de gestão ambiental de acordo com a norma NBR ISO
14001:2004, bem como discutir o processo de implantação da mesma em diferentes
tipos de organizações.
A grade curricular ainda pode conter disciplinas de Administração, Me-todologia de
Pesquisa, Cálculo, Química Geral, Gestão da Qualidade, Gestão de Projetos e Gestão de
Pessoas. O grande desafio é formar profissionais com conhecimento multidisciplinar e
detentores de métodos e técnicas inovadoras e não poluentes, que sejam capazes de
atuar de forma sustentável nos mais diversos setores da sociedade. É importante
ressaltar que, após a formação em graduação, o profissional
poderá se especializar nas distintas áreas específicas de sua formação. Quanto ao
mercado de trabalho, o profissional da área de gestão ambiental pode tra-balhar em
empresas privadas, órgãos públicos e no terceiro setor.
O que é um gestor ambiental?
Perante toda demanda para atender o desenvolvimento sustentável, faz-se ne-cessária
a implementação de um conjunto de ações envolvendo o controle efetivo da poluição,
a garantia da qualidade ambiental de produtos, processos e serviços, o uso racional
dos recursos naturais e o impacto positivo na qua-lidade de vida dos trabalhadores,
dos consumidores e da sociedade como um todo. Nesse contexto, surge o gestor
ambiental, um profissional com conheci-mento multidisciplinar atento à relação do ser
humano com o meio ambiente e formado para compatibilizar três grandes áreas, a
econômica, a social e a ambiental. O gestor ambiental estará apto, por exemplo, a
identificar o im-pacto causado e decidir qual tecnologia utilizar para solucionar a
problemá-tica apresentada, estará capacitado a desenvolver projetos de melhoria e de
inovações, sempre de acordo com a legislação vigente, assim como atuar em sistemas
de gestão. Dessa forma, é possível citá-lo como um Administrador do Meio Ambiente.
Para um desempenho eficaz, é importante que o profissional possua capa-cidade de
gerenciamento e facilidade em comandar equipes, habilidade para analisar e
desenvolver pesquisas, interesse na proteção ambiental e desenvol-vimento
sustentável do planeta, facilidade para analisar e criar soluções para problemas
ambientais nos segmentos públicos e privados

Mudanças a partir da ecoeficiência e da sustentabilidade


A ecoeficiência é um conceito trazido pela World Business Council for Sustainable
Development (WBCSD) e surgiu em 1991, após a publicação do livro Changing Course.
Este conceito diz que, para atingir a ecoeficiência, de-vemos prestar serviços e oferecer
bens necessários para as pessoas sem causar poluição, sem retirar os recursos em
excesso e respeitando a capacidade d sustentação do nosso planeta. Já o conceito de
sustentabilidade surgiu a partir da criação do documento chamado Estratégia Mundial
para a Conservação da Natureza elaborado pela União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN), pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas
(PNU-MA) e pelo World Wildlife Fund (WWF). A sustentabilidade é a capacidade de
atender as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gera-ções
futuras de atenderem suas próprias necessidade Por meio da ecoeficiência, busca-se
reduzir o consumo de recursos como materiais, água e energia, reduzir o impacto
causado na natureza por causa dos gases poluentes e efluentes lançados nos rios e
melhorar o valor de um produto ou serviço oferecendo preço mais justo e utilizando
menos os re-cursos da natureza. A sustentabilidade trabalha a favor do bem-estar
geral por meio da utilização racional dos recursos sem produzir a desigualdade e
causar pobreza por essa exploração excessiva. Uma empresa sustentável deve gerar
melhorias para a comunidade de seu entorno, melhorando a qualidade de vida,
trazendo renda para os moradores locais e preservando o ambiente natural. O
desenvolvimento sustentável tem como função proporcionar de-senvolvimento
humano; distribuição justa dos recursos naturais; desenvolvi-mento trazendo saúde e
qualidade de vida com as conexões entre economia, ecologia, tecnologia, política e
sociedade. Pode-se citar como exemplos de políticas sustentáveis a agricultura
orgânica, o manejo florestal, a reciclagem, a produção de energia limpa, entre outros
(NASCIMENTO, 2009). A ecoefi-ciência e a sustentabilidade são extremamente
necessárias para o reequilíbrio.

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