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Trabalho HM - Júlia Diniz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CENTRO DE MEMÓRIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG


DISCIPLINA HISTÓRIA DA MEDICINA
2º SEMESTRE DE 2023

HISTÓRIA DO OBJETO “MÁSCARA DE OMBRÉDANNE”

Júlia Moreira Diniz

Belo Horizonte
2023
1 - INTRODUÇÃO

O item museológico do Centro de Memória da Faculdade de Medicina da UFMG


(Cememor) escolhido por mim foi a Máscara de Ombrédanne, que consiste em um dos
primeiros modelos de inaladores anestésicos, originado na França, doado ao Cememor por
Jair Werner no ano de 1920.

Figura 1: Máscara de Ombrédanne exposta no Cememor. Fonte: autoria própria.

2 - CONTEXTUALIZAÇÃO

Tendo um olhar breve sobre a história da Anestesiologia, até o século XIX, as


anestesias eram feitas à base de álcool e pólvora, que eram administrados por via oral,
enquanto os pacientes eram segurados por assistentes e mordiam panos para não gritar
durante os procedimentos. Para se evitar a dor, também eram utilizadas diversas misturas
de substâncias extraídas de plantas, que, muitas vezes, tinham como consequência o óbito
dos pacientes por overdose. Em 1846, a anestesia com éter foi utilizada no Hospital Geral
de Massachusetts, nos Estados Unidos, pelo médico William Morton, e passou a ser usada
de maneira generalizada. Já em 1847, a anestesia com clorofórmio foi utilizada, pela
primeira vez, pelo médico escocês James Simpson, em Edimburgo, na Escócia. A inalação
desses vapores permitia, simultaneamente, a sedação e analgesia dos pacientes durante as
cirurgias, constituindo grande avanço na história da Medicina. O primeiro inalador consistiu
no inalador de éter de Morton, uma pequena esfera feita de cristal contendo uma esponja e
dois gargalos. Com o passar dos anos,
o equipamento foi aprimorado e
espalhou-se na Europa, onde
começaram a surgir novos dispositivos
anestésicos, como o inalador de éter de
Snow. Em 1877, para ajustar a
concentração do anestésico inalado,
Clover desenvolveu um inalador de éter
regulável e portátil. Nesse contexto, em
1908, o cirurgião parisiense Louis
Figura 2: Réplica do inalador de éter de Morton. Fonte: Ombrédanne, que defendia a
Replica Of Morton Ether Inhaler Photograph by Science necessidade da introdução intermitente
Photo Library - Pixels de ar fresco para impedir a
administração de misturas de gases que provocassem hipóxia, desenvolveu o dispositivo de
Ombrédanne, que consistia em uma modificação da máscara de Clover.

Figura 3: Máscara de Ombrédanne. Fonte: Objets rares et anciens (alainbrieux.com)

3 - DESENVOLVIMENTO

A Máscara de Ombrédanne é um equipamento médico inventado na França pelo


médico Louis Ombrédanne no início do século XX, com o objetivo de ser utilizado em
procedimentos cirúrgicos. Trata-se de um equipamento reconhecido por sua significativa
contribuição para a história da Medicina e da Anestesiologia, especialmente no contexto das
práticas cirúrgicas em contexto global. A máscara funciona como um inalador para
anestesia, sendo o clorofórmio e o éter os principais componentes líquidos a serem
controlados. A introdução desse dispositivo possibilitou a realização de cirurgias mais
complexas, marcando uma evolução significativa na prática da Medicina, notadamente após
a Segunda Guerra Mundial. Na época de sua invenção, a Máscara de Ombredanne causou
uma verdadeira revolução no campo da Medicina devido à sua eficácia e avanço científico,
uma vez que, diferentemente dos dispositivos inalatórios existentes na época, ela regulava
a quantidade de vapor de éter inspirado, a fração de ar exalado reinalado e a quantidade de
ar novo que era adicionada a cada inspiração. Vários países na Europa, bem como nas
Américas do Sul e do Norte, desenvolveram tratados explicativos e normas para garantir o
uso correto desse dispositivo. Sua notoriedade foi tão abrangente que a máscara continuou
a ser utilizada até meados do século XX em praticamente todo o mundo, especialmente em
países em desenvolvimento, devido à sua aplicação relativamente simples. No ano de 1937,
contudo, houve o surgimento dos vaporizadores, que, ao manterem o éter em temperatura
elevada e constante, forneciam o vapor de forma contínua e em concentração elevada e
permitiam ao operador administrar a concentração de gás anestésico pré-determinada.
Posteriormente, foram desenvolvidos ventiladores inalatórios até se chegarem nos
ventiladores de pressão positiva, que passaram por diversos aprimoramentos e inovações
tecnológicas até se transformarem nos dispositivos atuais.

Figura 4: Aparelho moderno de anestesia. Fonte:


Aparelho de Anestesia Drager Fabius Plus XL para
Locação (cleanmedical.com.br)
4 - CONCLUSÃO

Em pouco mais de um século, a progressão dos dispositivos para controlar gases


anestésicos foi de inaladores simples para complexos aparelhos anestésicos, impulsionada
pela demanda crescente de precisão nas misturas inaláveis. Finalmente, a integração do
ventilador ao aparelho de anestesia foi um passo decisivo, possibilitando ao anestesista a
realização de outras tarefas intraoperatórias. A Máscara de Ombrédanne, embora tenha
sido aprimorada e substituída por equipamentos mais modernos e eficientes, teve
importante papel durante sua invenção, uma vez que tratava-se de um dispositivo inalatório
mais eficiente, seguro e de fácil manuseio.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ROMERO-ÁVILA, Pablo; MÁRQUEZ-ESPINÓS, Carlos; CABRERA AFONSO, Juan R.


Historical development of the anesthetic machine: from Morton to the integration of the
mechanical ventilator. Brazilian Journal of Anesthesiology (English Edition), v. 71, n. 2, p.
148–161, Mar 2021. Acesso em: 29 nov 2023.

2. QUINTANA, V. C. C. A MUSEALIZAÇÃO DA MÁSCARA DE OMBREDANNE: a pesquisa


museológica na preservação de um objeto. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/230060/001131549.pdf . Acesso em: 29 nov
2023

3. CAZALAÀ, Jean-Bernard. Ombrédanne Inhaler 1908–1982(?). Anesthesiology, v. 117, n.


6, p. 1164–1164, 1 Dez 2012. Acesso em: 29 nov 2023.

4. DOS REIS JÚNIOR, Almiro. Carlos Parsloe (1919-2009) – In Memory. Brazilian Journal of
Anesthesiology, v. 59, n. 4, p. 496–519, Jul 2009. Acesso em: 29 nov 2023.

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