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Sagrada Cozinha Dos Orixás

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Sagrada Cozinha dos orixás –Parte IV

Nesta edição, irei descrever as comidas propriamente dita. Porém, é importante reforçar que
para que estas sejam de fato sacralizadas é necessário que sejam respeitados todos os
preceitos e fundamentos nas quais toda e qualquer "comida-de-santo" exige. Lembrando que
este blog não tem, nem terá, a intenção de discutir fundamentos religiosos; afinal, no meu ver,
fundamentos são passados de Pai/Mãe para filhos. Pra mim , Marcelo, cada nação possui seu
fundamento e seu valor e, eu, as respeito. Sendo assim, tentarei me dedicar ao máximo para
que estas "matérias" relacionadas a comidas de santo possam esclarecer e ajudar todos os
irmãos, das principais nações africanas existentes no Brasil.

A maior e mais conhecida cozinha ritual africana, no Brasil, é a "Cozinha Iyoruba", da nação
Keto. Portanto começamos a essa matéria divulgando os principais pratos que nossos
ancestrais advindos desta nação que nos deixaram como herança cultural e espiritual. A
cozinha "Alaketu" pode, tranquilamente, ser chamada de cozinha baiana, já que esta nação é a
maior e mais difundida em todo território nacional.

ABARÁ:

Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta,
sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado
à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. No candomblé, é
comida-de-santo, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji.

ABERÉM:

Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em


água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas.(No candomblé, é comida-de-santo,
oferecida a Omulu e Osùmàrè)
ABRAZO:

Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado,


frito em azeite-de-dendê.

ABALÁ

É um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá, Xango e
Yewá, quando feita de massa de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá nanã. Este
alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela maioria dos nordestinos e
chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã.

Abalá de Milho VerdeAbalá de milho - O milho verde é ralado e à massa resultante émisturada
ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha" da
própria casca do milho, atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento
submersas em água fervente por um período de 15 minutos.

Abaláde carimã:

O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias para obter
uma massa chamada de carimã, misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar.
Esta massa é colocada em "palha de aguedé" (bananeira), atados nas extremidades. As
pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 25
minutos.
ACAÇÁ:

é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou
vermelho, que fica de molho em água de um dia para ooutro, e deve ser depois passado em
um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de
mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um
copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha
de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar
tudo harmonioso.Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar
dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e
virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado.

O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.Todos os orixás recebem o acaçá como
oferenda.

ACAÇA AMARELO:

feito com farinha de milho vermelho enrolado na folha de bananeira da mesma forma que o
acaça branco. É servido a Exu e Logun-Ede.

ACARAJE:

Comida ritual da orixáIansã. Na África, é chamado de àkàràque significa bola de fogo,


enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só,
acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”.O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um
bolinho característico do candomblé. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação
de Xangôcom suas esposas, Oxume Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a
esses orixás. Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é
considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora
não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-
santo.O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em
pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirar toda a
casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa
massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal.O segredo para o acarajé ficar macio é o
tempo que se bate a massa. Quando a massa está no ponto, fica com a aparência de espuma.
Para fritar, use uma panela funda com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce.Normalmente
usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para
moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para
fritar.Esse primeiro acarajésempre é oferecido a Exupela primazia que tem no candomblé.O
acará Oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato
de sobremesana forma arredondada e ornado com nove ou sete camarões defumados,
cercado de nove pequenos acarás, simbolizando “mensan orum” nove Planetas. (Orum-Aye,
José Benistes).O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal
preferido e cercado com seis ou doze pequenos acarás de igual formato.Os seguintes são fritos
normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos e seus adeptos.

ADO:

É uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com
azeite de dendêe mel, é oferecido principalmente à OrixáOxum.

AJABÓ:

É comida ritual do Orixá Xango Ayra.


É feito com seis ou doze quiabos cortado em “lasca”, batido com três clara de ovos até formar
um musse, regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela
forrada com massa de acaçáou pirão de farinha de mandioca, ornado com doze quiabos
inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis Orobôs.A mesma
oferenda pode ser oferecida a outras qualidades de Xangô, todavia acrescenta-se azeite
de dendêe substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés ou corta-se o
quiabo em pequenas rodelas, com seis ou doze quiabos, em algumas casas com oito
quiabos, coloca-se em uma tigela e acrescenta-se água fresca, bate-se com os dedos até
ele espumar e ficar digamos ligado, a diferença que ele é ofertado em uma tigela ou uma
gamela redonda.
AMALÁ:

Écomida ritual votiva do OrixáXangô, Iansã, Obá. éfeito com quiabos frescos, cortados em jogo
da velha (#) levar ao fogo com tempero de camarao,cebola, gengibre ralados fritos no dende,
ao corar o tempero jogar o quiabo, que não poderá ter sido molhado antes.Ir misturando sem
por agua.Vai pingando vagarosamente gotas de agua, e batendo o amalá como se estivesse
batendo um bolo, para que este cresça.Quando estiver bem cozido, servir em gamela forrada
com pirao de farinha com dende. Esteamala serve apenas para Sango, no caso de Ayrá leva
tudo acima, menos o dende e o pirao que forra a gamela é feito de farinha de acasá.Aos
Amalás poderao ser adicionados o Peito de boi cortado em cubos grandes, a rabada, a costela
e a garganta, tudo do boi, para cada caso usa-se uma destas carnes.Rabada:
prosperidade,Peito: justiça,Costela: feitiçaria,Garganta: casos de saúde.Sempre que for servir o
amala de Sango deverá por ao lado uma vasilha branca com ajabó

AXOXÔ OU OXOXÔ:

É como é conhecida acomida ritual dos Orixás Oxóssi e Ogum no candomblé, que consiste em
milho vermelho cozido. Quando oferendado para o orixaogumé refogado com cebola
ralada, camarão seco defumado, sal e azeite de dendê. Quando oferendado para
orixáoxóssio milho cozido é misturado com melaço (Mel de cana de açúcar), não confundir
com mel de abelha que é o grande ewodeste orixá, enfeitado com fatias de coco sem casca.

Nota. Esta mesma oferenda pode ser consagrado à Olokun.


CARURU:

O caruru, servido no rigor dos terreiros, é acompanhado de preceitos que viram ações
propiciatórias das divindades gêmeas que, são filhos de Xangô com Iansã ou de Xangô com
Oxum.O caruru é colocado sobre a esteira. As crianças são convidadas a comer do caruru, e
todos, ao mesmo tempo. Ritual que re-memoriza fartura, ancestralidade e vida sagrada.
Consiste dequiabos cortado bem miúdo,azeite de dendê, cebolas raladas, camarões
secos(algunsmoídos), castanhas e amendoins torrados emoídos, sal, gengibre ralada. Pode ser
acrescentado também frango desfiado.

DEBURU:

É a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma
panela, em alguns lugares com óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso
peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca colocada em um alguidar
(vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco.

EBÔ:

Palavra oriunda do Yorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun
(branco) Oxalá, dentro das religiões afro-brasileiras. É o milho branco cozido sem tempero e
sem sal.
EBÔYA:

eboia ou fava de Iemanjá é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com cebola,
camarão, azeite de dendê ou azeite doce. A mesma oferenda pode ser preparada com o milho
branco na falta da fava, todavia recebe o nome de Dibô, possuindo o mesmo valor ritual. É
uma comida oferecida especificamente ao orixá Iemanjá, podendo ser vista nos rituais de ori,
bori e assentamento de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.

ERÃN PETERÊ:

Eranpeterê ou simplesmente peterancomo é comumente chamado pelo povo de santo é o


nome da comida ritual votiva, pertinente á vários rituais e orixásda cultura afro
brasileira. Preparado com carne fresca de preferência dos rituais de sacrifícios, sal e
rapidamente frita no azeite de dendê, em caso do orixáser funfun, deve-se substituir o
sal pela cebola e o dendêpor azeite doce e oferecido ao orixáregente da obrigação,
independente do ixé.A mesma comida ritual recheada de camarão defumado, chamado
popularmente xinxinou moqueca de carne é servida normalmente aos adeptos do
candomblé nas festas de barracão, sendo uma comida votiva ao orixáAkueran(oxossi)por ter
ligação ao eran (carne).
EKURU:

É uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé, feijão
fradinho sem casca triturado, envolto em folhas de bananeira como o acaçáe cozido no vapor.
A única diferença é que nesta comida substitueo azeite-de-dendê por azeitedôce(Oleode
oliva) ou banha do Ori.

IPETÉ:
É um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do
candomblé, oferecida especialmente ao orixa Oxun.Inhame, azeite de dendê, cebola raladas,
camarão sêco e defumado, gengibre ralado, camarões frescos inteiros e cozidos para enfeitar e
sal.Também oferecido ao Orixá Oxaguian, substituindo o dendê por azeite doce na festa do
Pilão.

Preparo: Tirar a casca do inhame e cortar em pedaços pequenos, cozinhar ao ponto de


amassar com um garfo, colocar os temperos e um pouquinho de sal e bater com uma colher de
pau até ficar no ponto de um purê.Colocar em uma tigela e enfeitar com os camarões inteiros.

LELÊ:
Iguaria africana, doce feito com quirela de milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de
coco. Oferecido aos Orixás Oba e Ewa e Ode.Em uma panela coloque água e o pacote
do milho quebradinho chamado de xerem, deixe de molho num periodo de meia hora.
Escorra a água e coloque outra, (uma quantidade que cubra todo o milho) com o cravo, a
canela em pau, açúcar, sal e leve ao fogo ate virar um mingau durinho, quando já estiver
durinho, acrescente o leite do coco.
MUNGANZÁ:
Mugunzá, ou mucunzácomo é chamado pelo povo do santo é o nome da comida ritual
votiva, pertinente aos orixás oxalá, oxaguian, oxalufan e o ikise lembarenganga, tanto no
candomblé como na umbanda. (De mucunzá, do quimb. mu’kunza, ‘milho cozido’)
“Dicionário Aurélio”.
Alimento ritual feita de grãos de milho branco, cozidos em água sem sal e com açúcar, algumas
vezes com leite de coco e de gado, com pequena quantidade de “água de flor de laranjeira”,
servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás bem compactada em forma de ebô.

ALUÁ:
Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar
ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem
africana.

Farofa:
Farofa ou mi-ami-ami é um nome comum a vários tipos de comidas rituais votivas, feita de
uma mistura, que tem como base farinha de mandioca, “farinha de pau ou farinha de guerra”.
Esta comida ritual sagrada, também é um alimento ritual e muito apreciada pela maioria do
povo do santo da cultura Nago-Vodum.

Tipos de farofa:

Farofa-de-dendê, farofa amarela, farofa vermelha, farofa de azeite ou farofa de bamba

São nomes comumente chamadopelo povo do santo em sua variada apresentação a depender
do ritual que esteja acontecendo. Normalmente é chamada de farofa de dendêa farofa servida
aos adeptos e participantes do candomblé, feita com farinha, azeite de dendê, camarão seco,
cebola e sal,vista sempre no ritual do olubajé.Os outros tipos são denominações para rituais
pertinentes a limpeza de corpo, padêde exu, sasanha, afexu, axexêetc. Também oferecido para
alguns orixase preparadas só com azeite de dendê e sal.
Farofa branca, farofa de agua ou farofa de egum, são farofas preparadas só com água e
sal.Determinados orixasfunfunsapreciam esta iguaria e algus preferem sem sal.

Farofa branca:
Farofa de mel ou mi-ami-ami owiné uma farofa preparada com farinha e mel de abelha, muito
utilizada nos rituais de erê, ibeji, osaine oxun, comumente visto nos carurus dos santos
gêmeos e devoção a São Cosme e São Damião, Crispime Crispiniano.

Farofa de cachaça ou mi-ami-ami otiné uma farofa preparada com farinha e cachaça, muito
utilizada nos rituais de exu, padê e limpeza de corpo. O povo do santo também chamam de
farofa de cachaça toda farofa feita com aguardentes, vinhos ou qualquer bebida alcoólica.

Furá, bolinhos, ou bola de:

Arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho... etc. é o nome da comida ritual votiva,
pertinente á vários rituais e orixas da cultura afro brasileira denominado de candomblé.Este
alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo, bori, assentamento de cabeça,
axexê, apanan, feitura de santo, sasanha etc.

Tipos:
Bolas de arroz.
O Arroz é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma colher de
pauaté soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta
comida ritual é para os orixásfunfunse rituais de bori, assentamento de cabeça.
Bolas de farinha.

Em um alguidá coloca-se a farinha, depois a águae modela os bolos de forma arredondada


com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de corpo e axexê.

Bolas de inhame:

O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado em pilão, ou com a ponta de
um garfo, em seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os bolos de forma
arredondada com as mãos. Esta comida ritual é muito apreciada pelos orixásoxaguian,
oxalufan, oxalá, yemanjae entra em vários rituais como bori, assentamento de cabeça, axexê,
apanan, feiturade santo, sasanha etc...

Bolinhos de dendê.
Em um alguidár coloca-se a farinha, depois a água, azeite de dendêe modela osbolos de forma
arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza decorpo, axexêe oferenda ao
orixá Exu.
Bolinhos de Egun.
Em um alguidár coloca-se a farinha, depois a água com aguardente e modela osbolos de
forma arredondada com as mãos e acrescenta um pequeno pedaço decarvão vegetal. Esta
comida ritual é para limpeza de corpo, axexêe Egum.

Bolinhos de Yemanjá.
O Arroz ou milho branco é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido
com uma colher de pau até soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma
arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori,
assentamento de cabeça, em especial como o nome já diz é oferecido para o orixá Yemanjá.

Bolinho de tapioca.
A tapioca e colocada em leite de coco e açúcar até ficar pastoso, depois batido com uma
colher de pau até soltar da panela e depois sova, em seguida formar os bolos de forma
arredondada ou alongada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixásfunfunse
rituais de bori, assentamento de cabeça. Os de formas alongadas são fritos em azeite ou
óleo, sendo carinhosamente oferendado aos ibejise apreciados pelo povo do santo. Nota
Este mesmo bolinho é vendido nos tabuleiros das baianas de acarajécom o nome de punheta
ou bolinho de estudante.
O que come cada Orixá e por quê?
Para um melhor entendimento sobre o que é oferecido a cada orixá, antes precisamos
conhecer um pouco melhor das sua
principais características. Assim, a sacralização dos
alimentos, bem como de tudo que lhes é oferecido, torna se realmente uma fonte de axé. No
meu ver, para que aconteça essa sacralização, antes porém, é necessário que haja, entre o
homem e o orixá, uma
sintonia e uma afinidade que, acredito, somente ser possível através
do amor, carinho, respeito e, principalmente, do fundamento que lhe é passado pelo seu
Babalorixá.

EXÚ O COMUNICADOR

Pade de dendê
Exu é a figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano dos orixás, o senhor do
principio e da transformação. Deus da terra e do fogo. Ele é a ordem, aquele que se multiplica e
se transforma na unidade elementar da existência humana. Todos que
tem uma vida próspera no
Candomblé sabem cultuar Exu. Nenhum sacerdote da religião pode negar que quem traz
dinheiro para o terreiro é Exu, e que uma farofa cobrindo a rua (sua moradia) opera os maiores
milagres emergênciais. Esta farofa tem como constituinte na sua preparação o azeite de dendê, esta é a
principal comida do orixá Exu, é uma representação do alimento diário. Sua preparação se dá através da
mistura de farinha de mandioca grossa com azeite de dendê, em quantidades proporcionais. Exú
come detudo, contando que esteja regado com muito azeite de dendê e ataré, pimenta. Exu recebe
ainda, pratos á base de milho vermelho torrado, feijão preto torrado no dendê e farofas de vários
tipos: farofa de mel, de água, de cachaça, de vinho, de champanhe, de cerveja embora se saiba
que, como “dono do azeite”, a farofa de azeite é sua iguaria preferida.

OGUM O GUERREIRO

A maior de todas as guerras, que se trava desde os primórdios da humanidade, é a luta pela
sobrevivência. Ogum consagrou-se um grande guerreiro porque sempre conduziu a humanidade na luta
pelo sustento, pelo pão e pelo progresso.
Desbravador e corajoso não tardou em ser coroado rei. Conquistou vários territórios e foi
saudado com fervor em toda África negra. Ogum é guerreiro que, além de caminhar
incansavelmente sobre a terra, arranca dela seu sustento e divide com outros orixás como
Oxaguiã, o gosto pelo inhame, com a diferença que Ogum prefere assado, ou seja, a comida que
o serve é menos elaborada e por isso vem de encontro as suas características. Aquele que está
frente a grandes batalhas pode recorrer a Ogum, ofertando-lhe o pão de cada dia (inhame),
assado em brasa e deixado em uma longa e plana estrada, que é muito bem aceito por este
orixá.
A ele se oferece inhame assado, milho torrado e aluá ( bebida fermentada de rapadura de
gengibre), inhame assado e espetado com taliscas de Mariwo, como também come o inhame
simplesmente cortado ao meio, passado mel e dendê. Recebe feijão preto em forma de feijoada,
milho vermelho torrado e enfeitado com coco . Acredita-se que os Orixás guerreiros comem
também cru ou torrado pois eles não tem tempo de esperar...

OSSAIM - O DONO DAS FOLHAS

Kó sí ewé, kò sì orixá, ou seja, (sem folha não há orixá). Ossain conhece os segredos e as
palavras que despertam o poder das folhas, é conheci
do como um grande feiticeiro. Quem
busca cura em tratamentos medicinais não deve esquecer-se desse orixá, deixando no centro de uma
mata fechada uma grande cumbuca de barro com milho vermelho, lascas de fumo, camarões secos,
regados com o perfume e aroma do mel e do dendê. Recebe,ainda, o efó ( refogado de vários tipos de
folha, como a taioba, a mostarda e a folha de quiabo).

OXUMARÉ-O ORIXÁ DO MOVIMENTO

BANANA DA TERRA

Quando se visualiza o arco- íris, é possível sentir a presença de Oxummaréo orixá de todos os
movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará,
porque o universo é dinâmico e a terra também se encontra em constante movimento. Não é
possível imaginar o planeta terra sem movimentos, translação e rotação; Oxumaré é o eixo do
mundo, os adeptos que almejam o equilíbrio se curvam a esse orixá ofertando-lhe uma rica
farofa de dendê com ovos cozidos. Gosta de massa de batata doce e da banana da terra frita no
dendê.

NANÃ - A ANCIÃ
Nanã é a Deusa dos mistérios
,
Sua origem é simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua(Deus das águas salgadas)
separou a água parada que já existia, libertou do “saco da criação" a terra, no ponto de contato
desses dois elementos formou-se a lama nos pântanos, local onde se encontram os maiores
segredos de Nanã. Senhora de muitas conchas Nanã sintetiza a morte. As grandes mulheres do
Candomblé se reverenciam a esse orixá por toda trajetória de suas vidas, fazendo com queo
tempo de sua existência se estenda. Aos sábados no cair da noite sempre iam ao mangue
oferecer uma comida chamada Andaré. Trata-se de um vatapá de feijão fradinho, sem adição de dendê.
O ritual não aparece no momento de oferecer a comida, mas no momento de prepará-la,
pois aí se sente sua presença. Aprecia também o acaçá dissolvido em água de mel, o
omitorô(água do cozimento da canjica com mel), Efôé uma comida ritual e da culinária baiana ,
pode ser feita com folha de mostarda ou da folha chamada língua de vaca .

OXUM - A DONA DA FECUNDIDADE E DAS ÁGUAS

Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios. Vaidosa, é a mais importante entre as
mulheres da cidade, é a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino.
As mulheres que querem engravidar se recordam de Oxum, presenteando-a com uma bacia de
louça contendo Omolocum (feijão fradinho, dendê, camarão seco, cebola e ovos inteiros cozidos).
Quando seu pedido é atendido levam até uma nascente de água doce bijuterias como forma de
agradecimento. Oxum adora ser lembrada. Come também o ipeté, comida a base de inhame
temperada com camarão e dendê. Ado -é uma comida ritual feita de milho vermelho torrado e
moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel.

Na parte masculina êle veste azul claro e na feminina amarelo ouro. Suas ferramentas ( IBÁ ) levam sete
espadas pequenas, amarelas, sete ofas pequenos, amarelos; usa arco e flecha, um leque e uma trombeta
( berrante ) , mas delicado. Seus bichos são o faisão, canário da terra, coelho e periquito. LOGUN não
come frangos, e sim galo e galinha garnizé, porco da índia, tatu e bode castrado.

LOGUNEDÉ DONO DA RIQUEZA E BELEZA

É o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e de Oxóssi, Deus da terra e da água. É sem
dúvida, um dos mais belos orixás do Candomblé já que a beleza é uma das principais
características de seus pais. O caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logunedé reúne os
domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudoque se sabe a seu respeito gira em torno de sua
paternidade. Como sua principal característica é a beleza, as pessoas recorrem a ele quando
querem ser notadas, pois a alquimia de oferecer-lhe milho cozido, com feijão fradinho
acompanhado de um peixe assado em folha de bananeira transfere a este indivíduo o encanto
deste orixá.

IANSÃ - OIÁ - MULHER GUERREIRA

O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Niger, é importante e atravessa todo país.
Rasgado espalha-se pelas principais cidades através de seus afluentes e por esse motivo
tornou-se conhecido pelo nome de Odò Oya, já que na língua iorubá ya, significa rasgar,
espalhar. Esse rio riu e é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove
céus, dos nove filhos, do rio de nove braços, Iansã. Embora seja saudada como a deusa do rio Niger,
esta relacionada ao elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos
contraditórios, pois nasce daágua e do fogo, da tempestade, do raio que corta o céu no meio da chuva, é
a filha do fogo.A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que
fecha sem chover. Iansã é lembrada como a senhora dos nove partos. O número nove é parte
integrante de seu nome e aparece em várias passagens de sua história. Mas com nove acarajés (sua
comida) pode-se conseguir vencer grandes batalhas e atingir as maiores dadivas junto a Iansã.
Esta deusa também se alimenta de farofa de mandioca refogada no dendê,camarão defumado e
cebola ralada tudo levado ao fogo com uma pitada de sal.

OBÁ -O ORIXÁ DO CIÚME

Uma das mulheres de Xangô, recebe abará - feijão fradinho descascado e moído com cebola,
camarão e dendê, envolvido em folha de bananeira e cozido no vapor.

EWÁ - DEUSA DA BELEZA

Gosta de banana da terra e batata doce. Em algumas casas recebe feijão fradinho com coco e dendê.
IEMANJÁ - A RAINHA DO MAR

A grande rainha de todas as água do mundo sejam elas doces ou salgadas, dos rios ou dos
mares, a deusa sincretizada no Brasil como protetora dos navegantes e pescadores. Diferente
do que todos pensam, Yemanja é cultuada na África em rio de água doce, que leva seu nome,
somente no Brasil ela foi unificada as águas salgadas, as grandes sacerdotisas ressaltam que o
correto lugar para o culto desse orixá é o encontro de águas, salgadas e doces. Na Bahia os
devotos de Yemanja oferecem a ela Eboya, uma refeição a base de canjica molho de camarão
defumado, cebola ralada e azeite doce. Fazendo seus pedidos de proteção e boa pesca.

XANGÔ - ORIXÁ DA JUSTIÇA E DO PODER.

Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder e morre
em nome do poder. Rei absoluto, forte e imbatível. O prazer desse orixá é o poder, ele manda nos
poderosos, manda em seu reino e em reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis, não existe uma
hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais energia que o outro, apenas Oxalá, que representa o
patriarca da religião e é o orixá mais velho , goza certa. O amalá é a comida mais elaborada do
Candomblé. Representa dignidade e o poder de Xangô é a própria organização do reino de Oió (cidade
da África). Este preparo compõe-se de quiabo, dendê, pó de
camarão seco, cebola e gengibre, todos os ingredientes levados ao fogo bem apurados, posteriormente
servido em gamela (forma de madeira), os pedidos de justiça ao evocar Xangôsão inúmeros. Gosta de
mesa farta.
OXALÁ – O CRIADOR

Na África, todos os orixás relacionados a criação são designados pelos nomes de Orixalá, ou seja, (o
grande orixá), que nas terras de Igbó e Iféé cultuado como Obatalá, o rei do pano branco. Eram cerca de
154 os orixás, mas no Brasil, a quantidade se reduz
significativamente, sendo que dois orixás Olúfón, rei de Ifon (Oxalufã), o bom comedor de
inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), tornam-se suas exp
ressões mais conhecidas. Oxalá é o Deus
que cria; aquele que veste branco, o sábio, que prega a paz. Na turbulenta movimentação das
grandes cidades os òmo orixá (filho do deus), encontram a paz, a serenidade e o equilíbrio para
o recomeço de uma nova jorna
da alimentando-o com uma grande bacia de canjica branca cozida – Ebô. Come também inhame, arroz
branco e acaçá. Não come dendê e sal

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