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Trick or Treat - The Immortality

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Copyright © 2023 Thaíssa Almeida

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos de imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Revisão: Lidiane Mastello


Capa: Bruna Silva
Diagramação Digital: Autora Jack AF

Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei n. 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição digital / Criado no Brasil.


Dezembro de 2023
Playlist
Nota da Autora
Capítulo 1 - Amaya
Capítulo 2 - Kaleb
Capítulo 3 - Killian
Capítulo 4 - Amaya
Capítulo 5 - Amaya
Capítulo 6 - Amaya
Contatos
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AVISO DE GATILHOS
(Recomendado ler antes de iniciar a leitura do livro)

Caro leitor, acho extremamente necessário


avisá-los sobre alguns assuntos importantes
para o seu bem-estar.
Este livro não é recomendado para
menores de 18 anos, contém gatilhos
como: linguagem imprópria, sexo explícito, cenas de terror
que podem engatilhar pesadelos e morte.
“Às vezes coisas terríveis acontecem com pessoas maravilhosas.”
Damon Salvatore
Olho para os meus pés, notando todo meu corpo tingido de vermelho quando um zumbido
alto ecoa em meus ouvidos, fazendo-me levar minhas mãos até eles para tampá-los. Mas mesmo
assim, consigo ouvir Kaleb gritando com Killian enquanto a menina ao lado dos dois tenta fazê-
los parar de gritar.
Começo a caminhar em direção a eles que logo se endireitam, observando-me aproximar
de todos como se eu fosse um bicho. Bem, talvez eu seja.
— Maya... — Minha mão acerta o rosto de Kaleb.
— Vocês vão explicar o que está acontecendo comigo, o que fizeram de mim. — Avanço
até Killian batendo em seu peitoral manchado de sangue seco. Ele segura meus pulsos sorrindo e
sou pega de surpresa com seus lábios se juntando aos meus em um beijo rápido. Resmungo,
tentando me soltar dos seus braços fortes e assim que nossos lábios se separam eu o empurro
para longe de mim. Lágrimas começam a brotar em meus olhos, mil sentimentos rodeando minha
cabeça. Nem me sinto eu mesma e isso me preocupa. — Esse era o prêmio do jogo da morte, não
era? — questiono. — Vocês armaram tudo isso. — Com a visão embaçada, olho para os três
encarando-me. Cada um carrega em seu olhar um sentimento diferente. A garota está me olhando
com pena, Kaleb com medo e Killian parece... feliz. Sem ouvir nenhuma resposta para as minhas
perguntas, passo correndo entre eles.
Quando chego até a porta, entrando na casa onde nunca deveria ter entrado, os gêmeos
juntamente com a menina aparecem na minha frente. Olho para trás sem entender e sinto meu
coração acelerar novamente. Não há ninguém atrás de mim, eles não estão mais lá, estão aqui na
minha frente e passaram por mim sem que ao menos percebesse.
— Me deixem em paz. — Confusa, agarro minha toalha enrolada no meu corpo
encharcada de sangue. — Por favor, me deixem ir embora. — A garota se aproxima de mim e
dou um passo para trás com medo dela, deles e até mesmo de mim.
— Eu sinto muito, Maya. — Ela não tenta me alcançar quando continuo me afastando,
chegando até uma parede ou móvel.
— Sente muito pelo quê? — Minhas costas batem em algo duro e as lágrimas escorrem
pela minha bochecha.
— Acho que o que a minha irmã quis dizer é parabéns, você é uma vampira agora. Sabe,
assim como eu, Kaleb e Katrina. — Uma vampira. De repente todos os filmes e séries em que
assisti condizem em como estou me sentindo, em como acabei de matar um homem. É isso que
eu sou, uma vampira? Oh, meu Deus...
— Cala a porra da boca, Killian — Kaleb grita e empurra seu irmão.
— Vai se foder! Você quer que eu diga o que pra ela? Oh, me desculpe por ter feito de
você uma imortal? — Kaleb começa a se aproximar de mim quando Killian vai até um armário
de bebidas pegando um uísque.
— Saia de perto de mim — aviso, o pânico e o medo se instalando dentro de mim.
— Eu só quero te ajudar, Maya. — Balanço a cabeça negando. Ajudar com o quê? O que
mais eles poderiam fazer. Eu sou uma assassina agora, matei aquele homem, bebi o sangue dele
da mesma forma com que bebo água.
— Isso, aproveita e já peça pra ela desligar a humanidade, aposto que ela vai entender
tudo e vai sentar no seu pau assim como fez no meu ontem à noite. — No mesmo segundo e em
uma velocidade fora do comum Kaleb vai até o seu irmão e o empurra contra a parede. A garota,
que agora sei que é irmã deles, sai de perto de mim indo até eles para separá-los quando
aproveito para ir até a sala para procurar minhas roupas. Eu não posso sair daqui toda suja de
sangue e por mais que alguém me veja assim um dia após o Halloween, esse sangue é real, a cor
é real e o cheiro é inconfundível com sangue verdadeiro.
Acho minhas roupas atrás do sofá e as embolo, levando comigo até o banheiro. Ainda
ouço as discussões vindo do outro cômodo e apresso meus passos. Meu braço bate na lateral da
porta do banheiro e só assim percebo que já estou no lugar. Olho para trás, notando que acabei de
sair da sala. Como diabos já cheguei ao banheiro tão rápido? A lembrança deles saindo lá de fora
e depois Kaleb partindo para cima do seu irmão com rapidez me atinge. Não, não, não, isso não
existe. É impossível! Eu estou errada, eles estão errados e isso é loucura. Deve ter uma
explicação, devo estar doente ou algo do tipo.
— Você não está doente. — Surpresa, olho para o lado quando a voz da garota escorada
na porta chega até mim. Katrina está vestindo uma legging grossa preta e botas brancas com um
salto grosso. Seu cabelo também é escuro, como o dos seus irmãos, mas o rosto dela é diferente,
parece mais fino e angelical.
— Como você sabe que eu estava pensando nisso? — Encaro-a, apertando minhas roupas
em minhas mãos.
— Porque foi a mesma coisa que pensei quando acordei como você. — Ela sorri.
— Como eu... — Em instantes ela está parada bem na minha frente, os olhos escuros
ficando estranhamente sérios. Ela tira uma seringa grossa do bolso da jaqueta e coloca a mão
sobre o meu ombro, fazendo-me olhar a agulha perto demais do meu pescoço.
— Uma vampira! — A agulha perfura minha pele e antes mesmo de soltar um grito,
minhas pernas enfraquecem e meu corpo amolece. — Bons sonhos, querida.

Eu sou uma vampira.


Na minha cabeça isso ainda não existe, afinal todo mundo cresce sabendo que são coisas
de filmes, livros e séries. Mas lá no fundo da minha mente todos os fatos apontam para a única
verdade que eu não quero acreditar.
Umedeço meus lábios mais secos que o normal enquanto tento manter meus olhos abertos
por mais de 3 segundos. Quando era pequena mamãe sempre me dizia que se eu não comece
feijão, legumes e frutas, eu iria ficar fraca e consequentemente doente. Eu sempre obedeci,
porque não queria ficar fraca e não poder mais brincar ou ir à escola. No entanto, agora estou me
sentindo exatamente assim, fraca e incapaz de levantar ao menos um dedo.
Sinto um metal gelado sobre meus pulsos e tornozelos, minha garganta está seca e todos
os meus pensamentos agora estão em apenas uma coisa: sangue.
Metade da ideia de sentir ou ao menos me imaginar me alimentando de sangue me enoja,
mas a outra faz minha boca salivar e meu estômago roncar de fome enquanto meus olhos se
fecham imaginando a minha última refeição. Não um prato de comida, mas sim o sangue dócil e
quente daquele homem.
— Você fez isso com ela, então agora vai lidar com as consequências. — É a voz de
Kaleb. Tento fixar o olhar mais acima de mim, no entanto, meu pescoço cai mole batendo a
cabeça no chão. A voz parece vir de perto. O medo de antes volta a me dominar. Eles vão me
matar? A irmã deles parecia tão gentil e do nada ela enfiou uma agulha no meu pescoço e agora
estou aqui, provavelmente algemada e à mercê de qualquer um.
— Eu já lidei com tudo, você que não está vendo. — Killian. É a porra do Killian, é
possível diferenciar ele do seu gêmeo também pelo tom de voz e as palavras nada gentis que ele
frequentemente usa.
— O jogo da morte tinha apenas dois propósitos, Killian. Esse era o nosso combinado. —
Ouço uma risada. — Nós iríamos nos divertir na festa e no final do jogo quem ganhasse se
tornaria nossa presa. Me diga, como a transformou? — Kaleb pergunta.
— Coloquei meu veneno na bebida que fiz pra ela na festa. — Mas é claro. Merda, como
eu sou idiota. Ele estava todo seco e fingindo que eu nem estava lá quando na verdade estava
batizando a minha bebida.
— Eu vou matar vocês, vou denunciar vocês pra polícia e... — Minha frase é cortada
quando ouço uma porta provavelmente de ferro se abrindo.
— Pode até tentar, mas não irá conseguir e quanto a polícia, eles vão achar que você é
alguma louca que fugiu do hospício. Afinal, vampiros não existem, freira. — Mordo meu lábio,
sentindo algumas partes do meu corpo se restabelecendo, voltando a si. Kaleb e Killian entram
no meu campo de visão e quando meus olhos se encontram com os deles tudo dentro de mim
evapora. A raiva, o medo e a confusão desesperadora de sentimentos em conflito, tudo se vai,
deixando apenas a leve sensação de que estou bem, que estou salva de qualquer coisa.
Desde quando morava com os meus pais, eu sempre fui uma garota estudiosa, trabalhadora
e sonhadora. Sempre lutei pelas minhas próprias batalhas e sempre fui dona de mim. A verdade é
que nunca precisei ter ninguém para me amparar ou me salvar, sempre me salvei sozinha e fui a
única a me salvar. Mas agora, olhando para os dois homens na minha frente, tudo o que desejo é
ser salva desse lugar escuro e sombrio. Desejo que ambos me levem para longe daqui e digam
que tudo vai ficar bem, que tudo vai acabar e que irei acordar desse pesadelo. E quando meus
olhos se abrirem, Kaleb e Killian ainda estarão ao meu lado, ainda serão os reis da BEU e eu
ainda serei apenas eu, Amaya Kelce.
— Nós precisamos conversar, Maya. — Kaleb se abaixa, olhando-me com uma certa
confusão nos olhos.
— Eu não quero! — Killian fica em pé atrás de seu irmão, as veias chamativas dos seus
braços salteando devido à força com que ele está apertando algo em suas mãos.
— Como Killian disse anteriormente, nós somos vampiros e por causa dele você também é
uma agora. — Solto uma risada sarcástica de como ele apenas jogou a merda no ventilador como
se isso fosse uma coisa comum do dia a dia. — Não era pra isso ter acontecido, mas... — Puxo a
corrente do meu pulso direito.
— Mas ele envenenou a minha bebida e depois me matou me mordendo? — Kaleb
concorda e juro por Deus que quero enfiar uma faca neles e depois em mim. — Eu não quero ser
como vocês, não quero matar outra pessoa e não quero viver assim. — Começo a chorar com
medo de como a minha vida será daqui pra frente. — Kaleb, por favor, você tem que reverter
isso. Eu não posso ficar assim, meus pais... — Eles não suportariam me ver ser uma assassina.
— Isso é impossível. Mas se quiser morrer existem algumas formas de fazer isso
acontecer, freira. — Killian se abaixa, colocando-se ao lado de Kaleb. — Vamos começar com as
mais legais: jogar você em um poço de verbena até que morra envenenada, matá-la de fome,
enfiar uma estaca no seu coração ou arrancá-lo. — Ele abre um sorriso para mim enquanto me
observa chorar em puro desespero. — E então tem a opção mais inteligente. — Ouço um barulho
alto de algo pingando no chão e rapidamente olho para os lados, tentando ver a única coisa que
me traz de volta os sentidos: sangue. Killian retira sua mão direita de trás das costas e então eu
vejo a bolsa de sangue pingando. O líquido começa a pingar sobre o meu colo e o meu corpo
arrepia, sentindo o sangue vermelho em contato com a minha pele. Minhas presas apontam
afiadas e prontas para rasgar esse plástico ou qualquer outra coisa que entrar na minha frente. —
A opção de continuar sendo uma vampira imortal e ter todas as bolsas de sangue que quiser. —
Killian traz a bolsa de sangue sobre a minha boca e quando duas gotas do líquido caem sobre os
meus lábios, puxo meus braços das correntes e agarro a mão dele, trazendo-a até a minha boca.
Meus dedos apertam cada vez mais forte a sua mão e puxo minhas pernas para cima
arrebentando as correntes de ferro que me prendiam.
Quando a bolsa está quase vazia eu me levanto e empurro Killian para longe tomando de
sua mão, sugando cada pequena gota até que tudo que posso sentir é o sabor delicioso em meus
lábios. Meus batimentos ficam acelerados, meus olhos ávidos e tudo que o meu estranho cérebro
pensa agora é em como eu gostaria de ter outra bolsa dessa.
— Por que aquela garota enfiou uma agulha no meu pescoço, vocês estão planejando me
matar, é isso? Por isso me prenderam aqui? — pergunto, ajeitando a roupa suja no meu corpo. Os
dois parecem nunca terem me visto antes enquanto me observam jogar a bolsa de sangue vazia
no chão.
— Katrina é nossa irmã e ela queria apenas nos ajudar, por isso injetou verbena em você e
a trouxe para o banker. — As escolhas que Killian me deu anteriormente voltam a me assombrar
e sei que esse é o momento de fazer a minha escolha. — Estava falando sério quando disse que
iria te ajudar, Maya. Você não precisa escolher a morte — Kaleb comenta.
— Por que fizeram isso comigo? Por que eu fui a escolhida para ser a refeição de vocês e
depois ainda fizeram de mim uma vampira? — Paro na frente dos dois, querendo levar a sério
meu pensamento de enfiar uma faca em ambos.
— Porque você é nossa desde o primeiro dia que colocou a porra dos pés na BEU e
ninguém jamais vai tomar o que é meu ou do meu irmão. Por isso fiz de você uma imortal, para
ficar conosco para toda maldita vida, quer você queira ou não. — Irritada finjo ignorar suas
palavras quando leva tudo de mim para não partir para cima dos dois e matá-los eu mesma.
No entanto, resolvo ser inteligente e começo a correr em direção à porta que deixaram
aberta. Assim que alcanço sinto meus braços sendo puxados para trás por Kaleb e Killian que se
colocam ao meu lado quando nós três paramos de frente com um homem, uma mulher alta e
claro, Katrina.
— O que vocês estão fazendo aqui?
A parte mais fácil de ser um vampiro é que podemos manipular as pessoas para o nosso
próprio benefício. O lado difícil é que por sermos imortais nós vemos o quão ruim a vida de um
ser humano normal pode ser.
Meu irmão e eu temos 21 anos há 104 anos e desde que nossos pais nos fizeram imortais a
vida tem sido um carrossel de conhecimentos. Eles nos ensinaram a caçar nossa comida,
ensinaram sobre a nossa dieta de sangue humano e como fingir ser um ser humano comum sem
levantar suspeitas. Nós sempre ficamos para trás, escondidos e reservados da vida cotidiana para
não chamar a atenção. Ser um imortal é o melhor presente que já ganhei, mas desde que
entramos na BEU por alguns momentos sonhei em como seria bom ser alguém normal, ser
alguém que pudesse sair com Amaya sem ter medo de machucá-la ou fazer dela a nossa refeição
do ano.
Desde que Killian e eu fomos transformados, nós dois criamos um elo imparável e com
isso começamos a compartilhar não só coisas simples como também as mulheres com que já
estivemos ao longo dos anos. No começo foi bem difícil lidar com o cheiro do sangue quente
correndo nas veias delas, era a mesma coisa de esfregar a nossa comida favorita na nossa cara e
dizer que não devemos comer. Mas com o passar do tempo nós dois aprendemos a controlar a
nossa sede com a restrição que nossos pais colocaram para nos alimentar apenas de sangue de
animais e a cada 6 meses sangue humano. Porém, apenas de bolsas do hemocentro de Fairbanks
ou qualquer outra cidade que já moramos anteriormente.
Meu irmão gêmeo e eu já tivemos problemas anteriormente com a nossa restrição de
sangue, principalmente Killian que adora quebrar todas as malditas regras que alguém opõe. Às
vezes ele ainda sai dizendo que irá caçar, mas o conheço mais que o suficiente e sei que ele se
alimenta de algumas meninas da BEU e as fazem esquecer do momento que tiveram juntos. O
problema em si é que se Killian voltar a consumir sangue humano regularmente, ele voltará aos
hábitos que nós dois tivemos por alguns anos atrás, onde tudo que me recordo é de cenas que não
gostaria de ver novamente. Cenas essas que fizeram nossos pais trabalharem duro para
esconderem os mais de 200 corpos espalhados pelo nosso país, onde Killian e eu só vivíamos
para saborear a próxima refeição sem nos preocupar se seríamos pegos ou não.
Na noite passada, quando meu irmão mordeu Maya depois da nossa foda, eu simplesmente
não consegui fazê-lo parar, na verdade, também me alimentei dela sem saber que Killian tinha
dado seu veneno para ela. Tudo isso foi um erro, mas minha cabeça insiste em dizer que não.
Quando Maya chegou na BEU automaticamente algo dentro de mim e Killian mudou. Nós
queríamos nos aproximar dela, fazer da ruiva o nosso objeto sexual favorito, porém, decidimos
fingir que ela nunca existiu para nenhum de nós dois. Sabíamos que aquilo era diferente de tudo
o que vivemos antes e então era mais fácil para gente fazer dela uma ninguém para nós quando
no fundo tudo que queríamos era foder a boceta e a bunda dela até o esquecimento.
E o pior disso era saber que Maya também estava interessada em nós dois, sempre nos
observando de longe com aquele fogo nos olhos azuis. Um fogo que nós estávamos dispostos a
acender ainda mais. Mas novamente, isso era um problema e um risco para a nossa sanidade. E
agora Killian e talvez até eu fodemos com tudo. Literalmente tudo.
— Esse é o plano de vocês? — Maya pergunta, olhando-me seriamente. Assim que
pressionamos Katrina a dizer o que fez com Amaya e ela finalmente contou que injetou verbena
nela e a trancou no banker, Killian e eu paramos de discutir o fato de quem foi o culpado ou o
que devemos fazer com a ruiva e fomos diretamente para o local.
Confesso que Killian não está se importando muito com a questão dela ser uma nova
vampira que não fazia nem ideia que isso existia de verdade. O negócio do meu irmão fodido da
cabeça, é que ele apenas decidiu que Maya seria nossa para sempre e simplesmente decidiu
transformá-la para ela não ter o direito de dizer um não depois da noite de ontem. O merdinha
tem problemas com confiança já que ele não gostou nada da ideia de ter se tornado um vampiro
imortal. Além é claro, do fato dele não poder foder as mulheres e deixá-las conscientes de tudo o
que rolou.
— Essa garota está me irritando — Katrina comenta enquanto todos entram na nossa casa.
— Cala a boca, Kat — intervenho.
Assim que Maya foi alimentada com a bolsa de sangue que trouxemos, ela tentou fugir do
banker, porém nós fomos mais rápidos que ela e a seguramos bem a tempo dos nossos pais nos
pegarem. O nosso plano era basicamente tirá-la da cidade e voltarmos para lidar com a chegada
dos Blakes.
No entanto, agora que a porra da minha família inteira sabe sobre a festa de ontem e
principalmente sobre a ruiva, eles nos pararam e nos trouxeram para casa.
— Sentem todos — minha mãe diz com a mesma calma de sempre. Ela prende seu cabelo
escuro em um rabo de cavalo alto e se senta no sofá ao lado do meu pai, os dois olhando para
Amaya que não para de olhar para todos os lados como se a casa fosse engoli-la.
— Querida, você está bem? Precisa de alguma coisa? — meu pai pergunta a Maya,
enquanto Katrina revira os olhos pela décima vez somente hoje. Eu já consigo perceber um
ciúmes surgindo visto que minha irmã é a princesa soberana dessa casa.
— Preciso que me expliquem por que estou aqui e não no dormitório da faculdade onde é
a minha casa — responde Amaya, nada feliz por estar presa conosco. Killian que está sentado ao
meu lado começa a sorrir e juro por Deus que estou a ponto de socá-lo de novo.
— Porque você é uma imortal agora, uma vampira e como foi transformada pelos meus
filhos é obrigação nossa te apresentar esse mundo e a sua nova vida — meu pai explica. — Eu
sei que tudo parece intenso e estranho demais, mas agora tudo que precisa é da nossa ajuda. No
entanto, nós não temos tempo para explicar tudo nos mínimos detalhes porque estamos indo
embora. — Levanto-me com as últimas palavras ditas pelo meu pai.
— O quê? — Saio do meu assento surpreso por estarem insistindo nisso.
— Os Blakes foram responsáveis pelos assassinatos do Halloween no passado. Eles
sequestraram e mataram muitas pessoas que até hoje tem famílias residente em Fairbanks, não
podemos nos dar ao luxo de sermos ligados a eles novamente. — A família Blake é como um clã
amaldiçoado da linhagem dos imortais e meus pais juntamente com a nossa família eram muito
próximo a eles antigamente. Quando os Blakes resolveram se rebelar contra os vampiros
originais que deram origem a nossa linhagem, minha família se afastou deles já que eles
começaram a destruir tudo e todos que cruzaram seu caminho somente para chamar atenção das
pessoas para a família original, a fim de revelar quem realmente somos para o mundo.
Meus avós, assim como outros familiares, foram incriminados pelos Blakes e entregues
para a família original, acusando-os de serem eles os responsáveis por toda desgraça que se
sucedeu para os imortais naquela época. Quando a nossa família decidiu ficar do lado certo, da
família original, os Blakes decidiram atacar todos e com isso mataram toda a minha família,
fazendo com que os meus pais fugissem deles para outro país.
— Eu não irei com vocês — aviso.
— Como não? Eles já devem estar de olho na gente há um bom tempo. Ficar é um risco,
um que não estou disposto a correr somente para ver meus filhos morrerem — minha mãe diz,
encarando-me seriamente. Eu sei que ambos querem cuidar de nós e não deixar assuntos
passados atingirem meu irmãos, mas agora as coisas são diferentes.
— Olhe para ela, pai... — aponto para Amaya — ela está confusa e mal sabe o que é e por
mais que isso não seja culpa minha, não vou deixá-la aqui para ser morta pelos Blakes. —
Amaya olha para baixo, onde suas mãos estão entrelaçadas.
— E daí que eles nos acharam? Até quando vamos continuar fugindo deles, mudando de
cidade e se escondendo feitos ratos de esgoto? — Maya arregala os olhos bonitos.
— Olhe a boca — minha mãe adverte Killian que não parece satisfeito embora esteja
certo.
— Nada disso estaria acontecendo agora se não tivesse transformado essa menina —
Katrina retruca, agindo como a mimada que ela é. Minha irmã foi transformada quando também
completou 21 anos e atualmente tem 98 anos.
— Essa nem é a questão, Kat. — Meu irmão entra no meio da conversa, começando a se
irritar com a insistência de Katrina.
— E qual é a questão, querido? — minha mãe pergunta.
— Kaleb e eu estamos cansados de ficar fugindo. Nós queremos ficar e mesmo se eu não
tivesse transformado Amaya, nada mudaria a minha opinião. Vocês podem ir e nós cuidaremos
de tudo por aqui. — Fico surpreso com as palavras de Killian, porque sendo quem ele sempre
foi, em um momento desse meu irmão mandaria logo um foda-se e partiria daqui como minha
mãe e pai quer.
— Vocês são dois idiotas completos. Não percebem que não temos como lutar contra os
Blakes? Eles estão em 7 vampiros com décadas de idade, não dá nem mesmo para comparar —
Kat nos lembra, embora tenhamos a noção disso há muito tempo visto que sempre estamos
fugindo deles e até então, Fairbanks foi o lugar que mais passamos um tempo sem sermos
descobertos. Um silêncio repousa entre todos e depois das palavras de Killian e Katrina, nossos
pais deixam o sofá que compartilhavam indo até o escritório.
A polícia da cidade esteve na casa abandonada onde meu irmão, eu e nossos amigos do
time montamos a festa. Todo o lugar agora está cercado de familiares chorando, amigos e
conhecidos comentando sobre o desastre do ano. Até então nenhum envolvido deu com a língua
nos dentes revelando os responsáveis pela festa, sendo assim, todos os participantes levaram a
culpa. Isso, no entanto, nem me preocupa já que a principal questão são os assassinatos
cometidos lá dentro, onde tiraram a vida de várias meninas da BEU e possivelmente da melhor
amiga da Maya também.
Ouço alguns passos do lado de fora da nossa casa e quando me viro para verificar a longa
janela da frente, Killian já está lá. Eu me aproximo dele e em questão de segundos a nossa
campainha toca. Com o mesmo pensamento que eu, nós vamos até Amaya que se levanta do
assento ao comando de Katrina.
— São eles, não é? — Kat questiona, começando a ficar preocupada.
— Leve Maya até o porão e não saia de lá — comando sem responder diretamente à sua
pergunta.
— São os Blakes? O que eles querem? Eu não vou a lugar nenhum sem vocês. — Levo
minha mão até o rosto de Maya, tentando tranquilizá-la.
— Killian e eu apreciamos você querer ficar conosco e embora eu esteja surpreso, esse
não é o momento para ficarmos juntos, ruiva. — Sua pele um pouco fria e macia acolhe meu
toque e ela fecha os olhos apreciando a carícia breve.
— MAYA? — Um grito alto vem do outro lado da porta e assim que percebemos de quem
é a voz, meus pais chegam até nós.
— É a Sadie! Ah, meu Deus ela está viva. — Killian e eu tentamos segurá-la, mas agindo
rápido, ela corre até a porta usando uma de nossas habilidades sem nem mesmo perceber.
— Maya, por favor... — A voz da garota parece dolorosa e assim que a porta é aberta
vemos Sadie toda suja de sangue enquanto chora.
— Soltem ela! — Amaya passa pela porta, e Killian age rápido seguindo-a. Todos nós
saímos para a varanda de casa e nesse exato momento nos deparamos com todos da família
Blake sobre o nosso gramado juntamente com outros vampiros que eles fazem de ajudantes.
— É um imenso prazer revê-los, Carringtons — Jeff, o chefe da família Blake,
cumprimenta em grande estilo, quebrando o pescoço de Nick, o namorado de Sadie e nosso
melhor amigo do time.
— NÃO! — Maya grita, vendo a cena exatamente no momento em que Sadie consegue
escapar do aperto de outro membro da família. O corpo de Nick cai sobre o gramado e eu vou até
a amiga de Amaya para pegá-la e trazê-la para o nosso lado. Quando finalmente consigo segurá-
la em meu braço, Killian é arremessado para o lado e Maya é pega por um dos outros membros
da família Blake que fogem com ela para a floresta que fica em frente à nossa casa.
Poucas coisas na vida me tiram do sério, por exemplo: o fato de viver nas sombras
afastado de todos como se minha espécie fosse um grande desastre na terra e também quando me
dizem um não. Eu não reajo bem em nenhuma dessas situações e devo confessar que o meu
único defeito — se é que isso pode ser considerado um — é não saber lidar de forma passiva
com quem se atreve a me contrariar. Mas agora estou adicionando mais um detalhe na lista de
coisas que movem a minha cabeça diretamente para os confins do inferno, e ela se chama
Amaya.
Minha freira e a ruiva do meu irmão gêmeo.
Olho para o gramado e vejo o corpo de Nick que me traz a vontade de estrangular todos à
minha frente. É, eu adoro todos do caralho da minha família, mas isso não quer dizer que não
seria capaz de matá-los por entrarem no meu caminho. Afinal, já desliguei a minha humanidade
por muitos anos e matar qualquer pessoa apenas por esporte era a minha coisa favorita de se
fazer. Até mesmo se fosse minha mãe, pai e irmã. Porém, nunca o Kaleb.
Observo o meu irmão segurando Sadie enquanto ela chora ajoelhada ao lado do corpo de
Nick. É uma pena que ele tenha morrido. Ele era um ótimo jogador e um bom amigo, não posso
negar. No entanto, lá no fundo eu não me importo. Todos dessa cidade terão o mesmo destino
que ele, e não existe nenhuma possibilidade de alguém me ver triste e chorando por pessoas que
no final estarão sete palmos abaixo da terra. E é aí que entra Amaya. Eu não aceito que ela tenha
esse final. Maya é boa demais para esse mundo e inteligente demais para morrer como uma mera
humana. Ela merece viver mais do que apenas 70 ou 80 anos e foi por isso que a transformei em
uma imortal.
Se arrepender de algo que fazemos é para pessoas fracas e inúteis. Se hoje fosse
Halloween e consequentemente o jogo da morte, eu faria exatamente a mesma coisa. Se enganar
é um eufemismo e nunca faço nada por engano. O fato de ter dado a imortalidade a Amaya foi a
coisa mais certa que já fiz em todos os anos da minha vida.
Viver sempre escondido das coisas mais reais que existem na vida é doloroso. É como se
afogar em um rio turbulento onde a água vai consumindo e explodindo tudo dentro de você. Foi
assim que me senti todas as vezes que queria me aproximar de Maya e não pude porque o medo
de destruir o que eu queria construir era mais alto. É por isso que agora que meu irmão e eu a
temos, não deixarei que nada e muito menos ninguém roube a freira de nós.
Puxo Sadie do chão, colocando-a de pé. Uma porra que ela vai ficar aqui chorando sem
dizer para onde os Blakes a levaram. Kaleb me lança um olhar questionador, certamente me
perguntando que merda estou fazendo. Como se ele não soubesse... Até parece que ficarei aqui
sentado olhando essa garota escandalosa chorando pelo namorado morto enquanto Maya corre
risco de morrer depois do quê? 10h que a matei e a fiz uma vampira? Nem fodendo.
— Nick... — Ela quase cai de joelhos, mas a puxo para cima, arrastando-a para a entrada
de casa.
— Para onde eles te levaram? — questiono, segurando seu braço. Sadie parece um poço
de lágrimas ambulante e isso está fervendo minha sanidade.
— E-eu... não sei — diz ainda chorando.
— COMO QUE VOCÊ NÃO SABE, GAROTA? — Kaleb chega até nós e afasta minha
mão que aperta o braço dela.
— Deixe comigo, Killian. — É bom mesmo, porque eu não estou muito bem da cabeça no
momento para lidar com esse rio de lágrimas inúteis. — Você consegue dizer algum detalhe de
onde estava? O que estavam falando? — Santa paciência. É por isso que Kaleb e eu somos um
combo completo, ele entra com a paz completa e eu com o inferno escaldante.
— Estava tudo escuro quando me pegaram no labirinto ontem e no caminho acho que eles
me drogaram, não sei. Quando acordei ainda era de madrugada e estavam... — Choro de novo.
Estressado reviro meus olhos e avanço até Sadie segurando o queixo dela, fazendo-a olhar para
cima.
— ESTAVAM O QUÊ, PORRA? — Meu irmão me empurra para trás, afastando-me dela
e eu soco a parede de concreto ao lado. O eco do estrago que fiz na parede assusta Sadie, mas
logo ela volta a se concentrar em meu irmão que fala com uma calma que nem em outra vida eu
teria.
— Um homem estava bebendo o sangue de Nick e uma mulher estava... transando com
ele. Eles abusaram do Nick por horas. — Malditos do caralho. Os Blakes estão piores do que da
última vez que ficamos sabendo deles e isso quase me assusta por conta da minha freira. Eles não
podem tocá-la, eles não devem. Inferno. O mais engraçado disso, é que nada nesse mundo me
assustou e eu já tenho 21 anos por muito tempo. Portanto, a simples ideia de Maya tendo apenas
seu cabelo ruivo e sedoso sendo tocado faz minha cabeça desejar ser como antes, quando ansiava
pela morte de qualquer um à minha frente, quando um ser humano não passava de mais uma
bolsa de sangue para mim. É como dizem, velhos hábitos nunca morrem.
Afasto Kaleb de Sadie, empurrando-o para trás com força e então levanto a garota,
colocando-a sobre o meu corpo, suas costas grudada ao meu peito.
— Eu não sei o que você viu ou o que sabe, mas é o seguinte, querida. Eu sou um
vampiro. Kaleb, esse menino dócil e amoroso também é e todo mundo da porra dessa casa
também e agora, até mesmo a sua melhor amiga é uma — explico, segurando seu pescoço, a sede
por um sangue quente e direto das veias inebriando meus sentidos. — Então caso não tenha
assistido a essas séries e filmes de vampiros, ou seja, burra o bastante para não entender, vou te
explicar. — Kaleb nega com a cabeça.
— Pare! — ele tenta intervir, mas continuo apertando meus dedos sobre a pele da garota.
— Continuando, vampiros se alimentam de sangue e a sua carótida aqui está pulsando
feito uma louca bem abaixo dos meus dedos e isso significa que posso me alimentar de você até
te matar. — Começo a massagear o pescoço de Sadie. — E também posso quebrar seu pescoço
fino e delicado e jogar você sobre o corpo de Nick se não abrir a porra dessa boca agora e falar o
que sabe sobre eles. — A respiração dela começa a acelerar, meus sentidos aguçados entrando
em colapso.
— E-eu só sei que eles são muitos e estávamos na floresta, acho que pro lado leste de
Fairbanks. — Quero matá-la e por mais que isso não seja culpa dela, ainda assim, eles a trocaram
pela minha freira. Por que porra eles não ficaram com Sadie ao invés de levá-la? Kaleb puxa a
garota dos meus braços e em segundos desaparece com ela daqui.
Meus pais seguiram os Blakes assim que levaram Maya com eles, mas duvido que eles de
fato estão procurando, ainda mais com Katrina ao lado deles indo totalmente contra as nossas
ações. Meus pais também não estavam se importando muito pelo fato de Kaleb e eu querermos
ficarmos com Amaya e isso diz muito. O fato é que agora que o caos foi instalado eles não terão
outra escolha a não ser ficar em Fairbanks e isso já ajuda de alguma forma.
Entro em minha casa e vou até o anexo do porão arrebentando uma fechadura onde um
freezer com algumas garrafas de sangue ficam guardadas. Eu sei que me alimentei ainda ontem,
mas eu preciso de mais. Mesmo que não seja o sangue doce e quente da freira, ainda assim
preciso. A restrição que meus pais nos colocam para seguir é necessária e ao mesmo tempo um
pé no saco. Nós não temos a mesma força e resistência de um vampiro que se alimenta todos os
dias com sangue humano e com a chegada dos Blakes, isso talvez seja necessário. Além de claro,
estarmos em desvantagem por sermos apenas cinco, seis se contarmos com Maya que nem
mesmo sabe como ser uma vampira. Ainda. Kaleb e eu iremos ensinar tudo para ela, daremos
tudo o que a nossa freira precisar.
Pego uma garrafa de sangue no meio de tantas outras e quando finalmente abro o cheiro
me enoja. Sangue de animal. Eu jogo a garrafa de volta no freezer, o ódio por essa restrição inútil
dando asas ao meu antigo eu. Porra.
Deixo o anexo do porão, indo diretamente para a sala que antes estávamos todos
discutindo se iríamos embora ou não quando me lembro de Amaya sentada atenta a todas as
palavras, seus olhos azuis olhando para meu irmão e eu com raiva e desejo.
Foda-se, eu preciso de mais. Saio de casa o mais rápido que posso em direção ao único
lugar que irei conseguir a coisa que mais preciso no momento. O lugar onde posso pegar o tanto
que eu quiser sem ser pego em flagrante, onde sei que não terei problemas, o lugar mais rápido
que posso saciar a minha sede por sangue humano, o hemocentro de Fairbanks.
A lei mais clara dos vampiros originais é poder sermos quem somos sem machucar
pessoas que estão abaixo de nós, os humanos mortais no caso. E é exatamente por isso que
criaram a restrição de sangue humano para nós, para não sairmos do controle. Até porque, se
todos os vampiros resolvessem se alimentar dos mortais uma hora dessa ou estaríamos mortos ou
o mundo estaria em colapso, como na série The Walking Dead.
Quando cheguei ao hemocentro tive que me esgueirar pelos cantos à procura do lugar
onde as bolsas de sangue ficam. Não foi muito difícil de achar, mas confesso que estava sem
paciência e no caminho até aqui quase desisti, preferindo pegar diretamente da veia de alguma
enfermeira. E sem contar que a cada hora que passa minha freira está sozinha com aqueles
lunáticos do caralho. Essa é sem sombra de dúvidas a minha única e exclusiva preocupação.
Agarro a primeira bolsa, meus olhos, assim como cada pedaço do meu corpo vibrando
com a necessidade alucinante de sangue. Assim que o gosto chega ao meu paladar aperto a bolsa,
agarrando-a com certa força. De repente é como se cada célula do meu corpo começasse a se
revestir, se curar de uma doença invisível. Quando acabo a primeira bolsa de sangue, deixo a
embalagem vazia indo para a próxima. Eu preciso estar forte o suficiente para recuperar a minha
freira. A segunda bolsa acaba novamente e a descarto no chão frio.
Tudo começa a fazer sentido agora, é como se antes eu fosse apenas um objeto inútil e
agora me sinto mais como eu, como um vampiro imortal, o verdadeiro Killian Carrington.
Agindo rápido, finalizo não só duas ou três, mas sim todas as bolsas de sangue disponíveis aqui e
quando deixo a última bolsa cair no chão, noto o lugar repleto de embalagens vazias sob os meus
pés. E o melhor disso é que eu não me importo.
Meu celular vibra no bolso da calça e saindo da sala o pego do bolso, notando a chamada
do meu irmão. Ignoro a ligação e observo algumas mensagens e ligações perdidas alguns
minutos atrás de Kaleb. Ele certamente iria lidar com o corpo de Nick e conhecendo-o como
conheço, tenho certeza de que ele deve ter hipnotizado Sadie para esquecer dos últimos
acontecimentos. O que me leva de volta ao fato que eu só tenho um dever a fazer, salvar Maya
das mãos dos Blakes.
Quando deixo o hemocentro pelos fundos, entro no meio da floresta coberta de névoa.
Fairbanks é uma cidade pequena envolta por uma vasta floresta e mais ao fundo montanhas. É
como se a cidade ficasse dentro de um buraco do caralho. Quando meu pai decidiu vir para cá, eu
jurava que seria uma cidade maior e mais estruturada e quando chegamos aqui, tudo que queria
era fugir para qualquer outro lugar do mundo. Eu sou como um animal enjaulado e uma vez que
fico solto, as coisas tendem a sair do controle. Controle esse que eu nunca o tive completamente.
Corro em uma velocidade que há muitos anos não corria, meus olhos ávidos e minha
audição aguçada para qualquer movimento e barulho. Gosto de sentir essa sensação avassaladora
que é ser um vampiro completo. Quando o sangue humano restabelece cada fibra minha tenho
mais força, velocidade, resistência e agilidade. É uma porra de obra-prima.
Indo para o lado leste da floresta de Fairbanks, começo a diminuir a velocidade a fim de
não ser ouvido pelos Blakes e quando ouço um barulho de alguém correndo, eu paro ficando
atrás de uma árvore. Alguns minutos se passam e o barulho que ouvi antes cessa completamente,
então volto a correr em uma velocidade mais lenta quando me deparo com um casal fodendo
como dois malditos coelhos. Volto alguns passos para me esgueirar atrás de uma árvore a fim de
observá-los de longe. Dois vampiros. Não sei dizer quem são, nunca os vi, mas certamente é do
clã Blake, já que minha família é a única residente na cidade.
Sem fazer muito alarde, os deixo para trás e tento ir na direção que eles vieram. Não sou
muito bom em seguir passos de ninguém, ainda mais de seres como eu. Nós vampiros não temos
um cheiro em específico ou malditas patas do caralho — como cachorros — então isso se torna
mais difícil em casos como esses.
Seguindo em frente, acelero por mais alguns minutos e depois paro diante de um grupo de
3 homens desmembrando o corpo de uma mulher com suas presas. Eu paro para observá-los e
então percebo que são parte da família Blake. Onde está o resto deles? E principalmente, quem é
a mulher diante de mim cortada em pedaços?
Uma mão pousa em meu ombro e quando me viro rapidamente pronto para atacar, avisto
Kaleb bem à minha frente com um semblante nada comum. Em todos nossos anos juntos,
somente quando ele se tornou meu parceiro em matança que o vi assim e sinceramente, não
gosto de vê-lo dessa forma. Meu irmão é o lado bom da minha vida, é o meu lado mais pacífico e
curável.
— O que foi? — questiono, encarando-o seriamente.
— Os Blakes pegaram a Katrina. — Viro-me de volta para olhar os três homens. É ela, é
minha irmã ali, bem diante dos meus olhos. Caminho avançando até eles quando as palavras de
Kaleb batem bem lá no fundo do meu estômago, o ódio, a sede por vingança e outros
sentimentos pavorosos destruindo-me de dentro para fora. Pronto para atacá-los eu encaro os
vampiros que antes desmembravam o corpo de uma mulher e quando todos saem da frente dos
pedaços mortais, vejo um deles segurando uma cabeça decepada com cabelo ruivo. Minha freira.
Desde quando era uma criança cresci assistindo e lendo coisas de vampiros, bruxas e
lobisomens. O mundo literário e cinematográfico é rico e nele mostra uma “realidade’’ que
quando estamos assistindo ou lendo só pensamos em como seria incrível ser uma vampira
imortal como a famosa Katherine Pierce, Damon Salvatore, Edward Cullen e Alice Cullen. Eu
concordava com quem pensava assim e até mesmo eu queria ser uma. Mas agora, do outro lado
da coisa toda, sendo e vivendo como uma recém-vampira, tudo parece uma merda.
24 horas. Esse é o tempo exato desde que fui transformada. Enquanto estava ao lado de
Kaleb e Killian estava confusa, irritada e mais uma tonelada de sentimentos ruins contra os
gêmeos e respectivamente a família deles.
No entanto, lá no fundo, mesmo com todos os fatos e acontecimentos perturbadores, de
certa forma me sentia segura e amparada. Talvez eu esteja louca ou algo com a minha
imortalidade tenha a ver com isso, mas senti que eles estavam mais próximos de mim também.
Kaleb e Killian queriam ficar por mim, para me ajudar nessa nova etapa que confesso estar
sendo assustadora. Eles foram contra a família deles somente para permanecer em Fairbanks, e
eu aprecio isso apesar de tudo. Obviamente isso não apaga o fato deles terem me transformado,
mas agora que tudo está feito o que me resta é aceitar a vida que tenho, seja lá qual for o meu
destino a partir de agora.
Mais uma crise de tosse afeta minha garganta seca. Muitas horas se passaram desde a
minha última alimentação. Sangue, Amaya. Sua alimentação agora é essa e é melhor que se
acostume a dizer a palavra sem querer vomitar ou morrer. Quando os tão falados Blakes me
agarraram e trouxeram-me para esse lugar, pensei que talvez haveria uma chance para mim. Mas
agora percebo que eles querem é me matar lentamente enquanto me sufocam com aquele mesmo
veneno que Katrina usou em mim horas atrás.
Meu corpo parece estar divagando. De minutos em minutos eu apago e acordo me
sentindo ainda mais fraca do que antes, até mesmo minha pele está secando, minha vida esvaindo
de dentro para fora. Do meu lado direito e esquerdo estão outras pessoas mortas e estou
começando acreditar que estarei como eles em poucas horas. É estranho a forma como os
imortais ficam após a morte. A pele fica ainda mais pálida e seca com sombras arroxeadas ao
redor dos olhos e algumas veias escuras por todo o corpo.
Esse lugar é como uma espécie de laboratório, onde tudo é branco e assustador demais. E
pelo que vejo ao meu redor as chances desses vampiros mortos terem sido usados para testes é
bem alta. Pisco atordoada conforme as luzes fortes me afetam quando me recordo de Sadie e
Nick. Queria tanto estar ao lado de Sadie agora, ela deve estar arrasada com a perda do
namorado. Eles praticamente foram feitos um para o outro e de certa forma sinto-me um pouco
culpada por toda essa bagunça ter resultado em um final triste para eles. Deixo uma lágrima
grossa rolar e quando meus olhos ameaçam a se fechar novamente, ouço de longe a voz de
Katrina.
Será que Killian e Kaleb estão aqui também? Desde que cheguei aqui minha cabeça fica
martelando com a dúvida frequente se eles realmente viriam me resgatar ou se partiriam com a
família deles como era o plano anterior. E agora que consigo ouvir a voz da irmã deles, sinto que
talvez haja uma chance para mim.
— Me soltem, agora. — A voz de Katrina fica mais alta, soando desesperadora. O que está
acontecendo? Alguns homens passam na frente da longa porta de vidro, arrastando a irmã dos
gêmeos. A porta automática ao lado se abre lentamente e os gritos da garota se sobressaem
cortando o silêncio anterior. — Se me deixarem ir, poderão ficar com essa garota esquisita. Meus
irmãos se importam com ela e com isso conseguirá o que quer. — Meu corpo congela com as
palavras e assim que meu olhar cruza com os de Katrina, um dos homens a joga no chão. Eu
permaneço quieta, as palavras me atingem mais do que gostaria. Como ela sabe que Kaleb e
Killian se importam comigo, sendo que eles nunca se aproximaram de mim antes?
— Jeff já vai chegar, então contenha ela — um dos homens diz enquanto três outros
começam a amarrar Katrina com correntes de ferro. Duas mulheres de salto entram correndo na
sala, uma delas vindo em minha direção ao mesmo tempo que a outra vai até um armário.
— Ele está vindo, podem se retirar — a mulher loira avisa os homens e a outra pega uma
seringa do bolso, apontando para o meu pescoço.
— Não, por favor, não... — Ela aplica provavelmente mais do veneno que me deixa fraca
e impossibilitada, e quando o líquido começa a me apagar novamente, Jeff entra na sala
caminhando até Katrina.
— Arranquem o cérebro e guardem juntamente com o coração. — Eu tento gritar para
que parem, mas parece que ninguém me ouve. Meus olhos começam a piscar, minha cabeça
pendendo para um lado e para o outro como uma geleia.
— Não... — A irmã de Kaleb e Killian mal termina sua última palavra quando Jeff enfia a
mão sobre o peito dela e arranca seu coração puxando para fora da caixa torácica. Meus olhos
desmancham em lágrimas vendo a cena, o corpo de Katrina ficando como uma folha de papel,
apagada e sem cor. Seu rosto perfeito de antes se petrificando com os lábios abertos e os olhos
assustadores. A mulher loira vem até mim, segurando outra maldita seringa e Jeff entrega o
coração na mão de um dos vampiros olhando para sua palma suja de sangue, enquanto caminha
em minha direção. Eu queria ter força para gritar, tentar correr e me proteger. Porém, nada em
mim funciona, é como se eu estivesse paralisada.
As duas mulheres se afastam de mim, dando espaço para o líder do clã Blake e quando ele
para na minha frente, sua mão pintada de vermelho pousa sobre a minha bochecha, apagando
toda lembrança do toque de Kaleb e Killian. Desde o momento que eles me sequestraram e
trouxeram-me para cá, trocamos poucas palavras. Jeff questionou-me mais cedo sobre a família
Carrington e quando eu não dava a resposta que ele queria ouvir, dois vampiros me chutavam
nas costelas ou qualquer outra parte do meu corpo.
A mulher de cabelo loiro entrega uma seringa grossa com líquido amarelo e ele sorri para
mim enquanto desce sua mão do meu rosto até o meu pescoço. Manchando minha pele com
sangue, Jeff alcança meu peito onde uma agulha grossa é empurrada para dentro de mim,
injetando o líquido amarelo que imediatamente começa a queimar todo o meu corpo ao mesmo
tempo que vai endurecendo meus músculos de dentro para fora.
— Tenha uma bela vida no inferno, querida.
Zumbido. Tudo que ouço é um zumbido alto que me faz levar minhas mãos para os meus
ouvidos. Estou morta? Embora meu corpo esteja fraco, parece muito melhor do que antes, talvez
esse seja o sinal que realmente estou morta e finalmente tenha ido para o céu. Meus olhos piscam
e tento mantê-los aberto por mais de 2 segundos. O som de objetos quebrando, misturando-se
com o som de lutas e gritos chegam até os meus ouvidos. Movo meu pescoço para o lado e
percebo que ainda estou pendurada por correntes de ferro que cortam meus pulsos e tornozelos.
Do meu lado esquerdo vejo flashes de um dos vampiros que estava presente anteriormente
sendo brutalmente jogado contra a janela de vidro. O som alto ecoa por todo lugar e quando o
responsável se vira em minha direção eu vejo Killian. Pisco sonolenta, mas forço um sorriso
quando logo na minha frente uma nova luta começa com o senhor Carrington lutando contra
outro vampiro. Eles vieram para me salvar? Olho para onde o corpo morto de Katrina permanece
e lembro-me da cena que vivenciei.
Tento puxar minhas mãos a fim de soltar-me das correntes, porém não consigo.
Kaleb começa a lutar contra um vampiro e quando ele se vira para chutar outro
componente uma mulher o ataca. Ele agarra o pescoço dela e a afasta quando a mãe dele enfia a
mão dentro do peito da mulher e arranca seu coração, descartando-o em seguida. Eu fico
surpresa com tamanha brutalidade e força de todos dentro desse lugar, então me lembro de que
eles são vampiros imortais. Se agora também sou uma por que estou me sentindo mais fraca do
que quando era humana?
Mais alguns minutos se passam e quando um vampiro sai do local fugindo da família
Carrington, pergunto-me: onde está Jeff e os outros membros da família Blake? Noto que os pais
dos meninos pediram ajuda de fora e agora estão conversando com alguns homens e mulheres
que decidiram ajudá-los nessa batalha. Alguns corpos estão esparramados por todo o lugar e
percebo o mesmo padrão de morte entre eles, sendo assim, todos sem o coração.
Killian aparece no meu campo de visão juntamente com o seu irmão, ambos me fazendo
esquecer de todo o resto. Sério, Killian me observa com os olhos atentos e coloca-se do meu lado
para soltar meu pulso da corrente. Kaleb se abaixa, ficando de joelho sobre os meus pés, levando
sua mão até meu tornozelo. Juntos os dois me soltam, arrebentando as correntes em uma rapidez
sem igual e quando sinto que cairei sobre o chão, Kaleb me pega em seu colo.
— Eu peguei você, ruiva. Peguei você. — Ele sorri para mim e me dou conta que estava
com... saudade do sorriso caloroso dele e do toque de Killian em minha pele. Não deveria estar
pensando nisso agora, nem deveria estar gostando de todo o cuidado que eles me dão. No
entanto, não consigo controlar meus sentimentos e muito menos meu coração que parece estar
esquecendo o grande conflito em que estou. Afinal, eles são responsáveis por tudo o que está
acontecendo comigo, eles me mataram e me transformaram em uma imortal, somente para me
tornar uma submissa deles. A grande questão é que parece que eu não entendo ou me importo
com isso.
Kaleb me carrega em seu colo sem esforço nenhum enquanto esboça um sorriso triste em
seu rosto perfeito. Um sorriso triste provavelmente pela irmã dele, mas mesmo assim, um sorriso
do qual senti falta. Quero levantar minha mão e tocar seu rosto, seu cabelo escuro e despenteado,
porém meus olhos me puxam para um sono profundo e eu apenas me aconchego mais no colo
dele, enquanto sinto seu perfume e deixo que me leve para qualquer lugar, contando que Killian
e ele estejam lá quando eu acordar. Eles vieram. Vieram me buscar.

Lentamente abro meus olhos sentindo-me relaxada. Minha mão toca algo macio e a
claridade sobre o meu rosto me deixa aliviada de certa forma. Chuto um edredom branco sobre
as minhas pernas, sentindo um calor fora do comum. Observando o local sento-me na cama
encostando minhas costas na cabeceira quando me dou conta que estou na casa de campo dos
Carringtons, onde Killian e Kaleb me trouxeram após o jogo da morte.
A porta do quarto se abre pegando-me de surpresa e ao colocar os pés para fora da cama,
Killian e Kaleb entram no quarto ficando um de cada lado. Eu penso no que dizer a eles com
toda situação que passei, mas então o que eu deveria dizer quando tudo já está feito e não há
como voltar atrás? Eu me sinto uma estranha, deslocada e totalmente confusa com tudo ao meu
redor.
— Como está se sentindo? — Kaleb pergunta segurando minha mão. Ao contrário da
primeira vez que ele me tocou, agora não sinto que sua pele está gelada, talvez porque agora eu
seja como ele.
— Me sinto melhor — respondo baixo. Killian parece uma estátua parado ao meu lado me
observando como se eu fosse de vidro e pudesse quebrar em mil pedacinhos. — Eu gostaria que
me explicassem sobre... — Olho para ambos, buscando a palavra certa, como se eu não soubesse
o que sou agora.
— Como é ser uma vampira? — Killian completa minha pergunta, colocando-se na minha
frente. Seu olhar imbatível se fixa com o meu e concordo balançando minha cabeça.
— Nós iremos te explicar tudo, mas agora você precisa comer alguma coisa — Kaleb
comenta, alisando minha pele, desviando minha atenção. Vejo meu estado atual e minhas roupas
sujas, a mesma fantasia de freira da festa de Halloween.
— Eu preciso tomar um banho e trocar de roupa. Acho melhor se eu for embora. —
Killian começa a gargalhar loucamente, deixando-me sem entender o que diabos falei de tão
engraçado.
— Eu disse a você que ela não entendeu — ele fala para o irmão, fazendo-me de palhaça.
Então Killian segura meu queixo com uma mão, levantando meu rosto, fazendo-me olhar
diretamente para os seus olhos. Os dois irmãos são bem mais altos do que eu, fazendo meus 1,68
não significarem quase nada para ambos. — Lembra da pergunta que Kaleb fez a mim assim que
encontramos você do lado de fora da casa depois de se alimentar pela primeira vez? — Aceno,
recordando das palavras exatas. — E o que eu disse para ele, freira? — Eu bato em seu braço
com uma força desconhecida, mas Killian parece nem ter sentido. Eu não quero que ele fique me
chamando de freira, embora esteja parcialmente vestida como uma ainda.
— Que você me transformou e que... — Um sorriso presunçoso surge em seu rosto
conforme me dou conta de uma palavra exata que ele usou naquele dia. O aperto no meu queixo
fica mais forte enquanto sou puxada contra o peitoral firme e musculoso de Killian.
— Agora você era nossa, não é? — Começo a ficar perdida com a tamanha tensão entre
nós.
— S-sim — respondo de qualquer forma e Kaleb ameaça a sorrir da cena. Maldito, e eu
que pensei que ele era o meu protetor, o mais amável entre os dois, mas pelo visto ambos
compartilham das mesmas obscenidades.
— Portanto, assim será, minha adorável freira. — Killian solta meu queixo e dá um passo
para trás, dando-me espaço. — Agora tome o seu banho, suas roupas já estão aqui... — Como
assim minhas roupas estão aqui?!
— O quê? — Eles ficaram completamente loucos se acham que me mudarei para cá.
Obviamente, talvez não seria uma má ideia, porém tenho uma vida lá fora, mesmo que agora seja
uma imortal, não deixarei a faculdade e meus amigos.
— Agora você mora aqui, ruiva. Então mandamos trazer suas coisas para cá e a sua vaga
no dormitório já foi preenchida. — Fico abismada com a declaração de Kaleb que no momento
não parece tão diferente de Killian. Realmente as aparências se enganam.
— Até você? — Olho para Kaleb.
— Meu irmão foi um idiota te transformando sem me perguntar ou ao menos a você? Sim,
mas isso não muda o fato de que você é nossa agora. Mesmo se não fosse uma vampira, ainda
assim seria nossa, Maya. Nossa! — Eu acredito nele. Merda, eu acredito em cada palavra deles e
o mais assustador é que por dentro estou pulando de felicidade, saltitando feito uma doida como
se isso tudo não fosse uma loucura.
Com um pouco de raiva deles e de mim mesma, eu os deixo sozinhos e saio do quarto
caminhando pela casa de campo. Será que agora terei que morar aqui ou na mansão dos
Carringtons? Ando pelo corredor e sem pretensão nenhuma vou até uma porta que está fechada
para conhecer a casa. Assim que abro me deparo com uma jacuzzi enorme. Fico parada
admirando o local envolto por paredes de vidro do teto até o chão e do lado de fora uma vista
magnífica de um jardim bem cuidado, porém coberto de neve. Algumas luzes deixam o ambiente
mais aconchegante, assim como o chão de madeira envernizado.
— Não era esse tipo de banho no qual estávamos nos referindo, mas você pode entrar —
Kaleb sussurra em meu ouvido, fazendo minha nuca se arrepiar. Bem, outras coisas também.
— E eu vou. — Saio da porta, entrando no lugar e então começo a tirar minha roupa
fazendo questão de fazer um showzinho para ele. — Até porque essa é a minha casa agora —
concluo.
— Você aprende rápido — Kaleb diz, escorando-se na porta enquanto provavelmente me
observa tirar agora minha minúscula calcinha. Ao invés de responder concentro-me em me
desfazer de minhas roupas e quando estou completamente nua, entro na jacuzzi e solto meu
cabelo, lembrando-me do que Kaleb me disse na noite de Halloween.
Finjo não estar ficando excitada com os olhos dele sobre mim e quando me coloco de
costas para ele, fecho meus olhos, começando a deslizar minha mão pelo meu corpo. É, parece
que ser uma vampira imortal tem mexido não só com os meus neurônios, mas também com a
minha libido. Sinto um movimento dentro da jacuzzi e abro meus olhos, deparando-me com a
entrada não só de Kaleb como de Killian, ambos nus.
— Achei que só eu precisava de um banho — comento, olhando para Killian e depois para
Kaleb.
— E nós achamos que você precisa de mais do que só um banho. — Claro que eles não
deixariam isso passar despercebido, mesmo que seja meu primeiro dia de volta depois de todo o
desastre que aconteceu. Mordo meu lábio inferior, escondendo uma risada e Killian e seu irmão
vêm até mim. Continuo deslizando minha mão pelo meu corpo e assim que ambos ficam
próximos demais de mim, Kaleb coloca sua palma cobrindo a minha mão, seguindo os meus
movimentos até que eu o deixe por conta própria.
Observo os olhos de Killian sobre mim, enquanto seu irmão passeia sua mão nas minhas
pernas, massageando todo o caminho que ele percorre.
— Você é a porra de uma provocadora — Killian diz, levando a mão para o meu seio,
apertando-o e beliscando meu mamilo sensível.
— E você está gostando disso — provoco, sentindo os dedos de Kaleb entre minhas coxas
quando um aceno é tudo que obtenho como resposta antes de Killian trazer sua boca até meu
peito ao mesmo tempo que os dedos de Kaleb começam a deslizar para cima e para baixo em
minha boceta. Encostada na jacuzzi com meus seios para fora da água deixo escapar dos meus
lábios um gemido excitado pela intrusão de ambos. A mistura da mais nova aventura da minha
vida com o desejo enlouquecedor de ter os gêmeos somente para mim parece tão malditamente
errado quanto gostoso.
Killian chupa meu seio, sua língua de vez em quando lambendo minha auréola enquanto
Kaleb desliza seus dedos sem dó entre os lábios da minha boceta, sua outra mão livre apertando
meu outro peito. Deixando espaço para o seu irmão, Killian morde o bico do meu seio, deixando-
o rígido e depois começa a beijar meu colo subindo para o meu pescoço, sua língua habilidosa
trabalhando muito bem o caminho que percorre. Seus lábios logo se encontram com a minha
boca e assim que seu olhar se fixa com meu, ele pisca para mim e me beija puxando meu cabelo
molhado.
Seus lábios carnudos estão macios contra os meus, sua língua deixando um rastro de
uísque na minha ao mesmo tempo em que Kaleb introduz dois dedos de uma só vez em minha
boceta. Eu quase me perco com a sensação, mas quando ele começa a empurrar para dentro e
depois para fora, agarro o ombro dele, me deixando levar, gozando desesperadamente.
— Porra, que boceta apertada — Kaleb diz, arrancando um sorriso do seu irmão que logo
separa nossos lábios. Quando estou a ponto de gozar novamente com as palavras de Kaleb, ele
retira seus dedos de dentro de mim, e Killian se afasta ficando de pé na jacuzzi. Sem entender,
fico observando ambos se movimentar e somente quando Kaleb se coloca sobre as minhas pernas
revelando seu pau totalmente duro, Killian passa seu polegar sobre os meus lábios.
— Abra essa boca pra mim, freira. — O eixo de Killian está bem no meu campo de visão e
sinto-me totalmente perdida com os dois. De qualquer forma, faço como me pediu quando meus
olhos se reviram com a ponta de Kaleb deslizando entre os lábios da minha boceta. — Boa
menina, exatamente assim. — Sem perceber eu abro meus lábios e agora Killian se posiciona
bem no centro do meu rosto, trazendo seu membro para a minha boca. Quando a ponta do seu
pau toca na minha língua, Kaleb empurra seu eixo em minha boceta. Seu comprimento nada
comum me leva quase ao limite e eu grito com a intrusão gostosa dele dentro de mim.
— Ahh, porra, que boceta gostosa. — Começo a lamber o comprimento grosso de Killian
enquanto ele passa a mão entre os meus fios ruivos. Olho para cima, encontrando seu olhar
caloroso sobre mim e Kaleb começa a me foder com uma força que ele não tinha feito antes.
Porque você ainda era humana e não uma vampira. A recordação me atinge e a voz rouca e
sombria de Killian me pega desprevenida quando meu núcleo logo se aperta querendo gozar
novamente.
— Você vai chupar o meu pau até o esquecimento, não vai? — Aceno em concordância, e
ele sorri. — Ótimo, porque não quero que Deus castigue a minha freira. — Gostando das
palavras de Killian destinadas a mim, eu começo a gozar quando os lábios de Kaleb vão para o
meu seio levando-me realmente ao esquecimento. Killian agora segura minha cabeça e
percebendo que comecei a me perder com inúmeras sensações ao mesmo tempo, ele começa a
foder a minha boca sem nenhuma paciência. Lágrimas grossas começam a brotar em meus olhos,
escorrendo em minhas bochechas enquanto Kaleb me come com avidez. Seus impulsos vão cada
vez mais fundo em minha boceta, uma pontada de dor devido a seu cumprimento construindo
outro orgasmo.
A água da jacuzzi está saindo para fora em sincronia com os movimentos de Kaleb que
coloca suas mãos em meu quadril, empurrando seu pau em um ritmo constante e gostoso. Killian
puxa meu cabelo mais forte, seu eixo grosso desliza para dentro e para fora da minha boca, não
deixando espaço para uma breve respiração e quase me fazendo engasgar. Parece sufocante tê-
los tão centrados em mim, a dor entre minhas pernas e nos meus lábios vermelhos deixando-me
perdida em vários sentidos da palavra. Um frio intenso se recarrega dentro de mim, vestígios de
uma nova liberação se aproximando.
— Isso, ruiva, goze bem gostoso no meu pau enquanto meu irmão fode essa linda
boquinha. — Ai meu Deus, eles definitivamente não podem falar esse tipo de coisa para mim.
Como uma bomba relógio sinto o eixo de Killian engrossando ainda mais em minha boca, as
veias em seu pau salteando enquanto ele começa a gozar na minha garganta.
— Engula tudo, freira, ou você será castigada por essa travessia. — Eu nem consigo
responder tomando sua carga de sêmen quando Kaleb começa a gozar também. Seu membro
torna-se imbatível, levando-me juntamente com suas estocadas brutas em minha boceta dolorida.
Eu quero gritar e gemer enquanto nós três estamos gozando juntos, minhas mãos puxam Kaleb
contra o meu corpo, seus lábios beijam toda a minha pele e depois mordem meu seio enquanto
descarrega sua carga na minha boceta.
Eu me sinto cheia de todas as formas, mas mesmo assim passaria horas e horas
entregando-me para eles. Após gozar em minha boca, Killian retira seu pau ainda duro dos meus
lábios, conforme seu irmão o segue saindo de dentro de mim. Por um segundo sinto-me vazia,
porém Killian volta para jacuzzi e se senta puxando minhas pernas para o seu colo. Kaleb o
segue, mas passa a se sentar ao meu lado puxando-me para o seu colo, envolvendo seus braços
fortes ao meu redor e apoiando minha cabeça em seu peito nu. Meus olhos vão para Killian
massageando minhas pernas, um sorriso satisfeito e diabólico surgindo em seus lábios.
— Você tem que parar de me chamar de freira — comento, cortando o silêncio entre nós
três.
— Por quê? — Killian pergunta parando a carícia em minha coxa.
— Porque eu não sou uma freira. — Kaleb sorri da minha resposta lógica. Ele não me
chama assim, mas aposto que gosta desse apelido tanto quanto Killian.
— Você vai ser o que nós quisermos que você seja.
Já faz tempo que não me sinto tão feliz e por incrível que pareça, relaxada. Eu sempre fui
o tipo de garota que adorava ficar quieta no meu quarto somente com as amigas que tinha. Isso
costumava ser o paraíso na terra para mim, no entanto, conforme fui crescendo, senti a
necessidade estranha de me conectar com o mundo, com as pessoas ao meu redor. E então,
aquela necessidade de ter alguém que me desejasse tanto quanto eu acabou brotando na minha
cabeça.
Ontem Killian me trouxe um copo enorme de sangue humano e enquanto eu me
alimentava como uma lunática sedenta, os dois começaram a me dar um banho relaxante. Nunca
sequer passou pela minha cabeça que momentos como aqueles poderiam acontecer comigo e
para ser bem sincera, acho que com nenhuma das garotas da BEU. Nós meninas que ficamos
observando de longe os irmãos Carringtons enquanto desejamos que eles ao menos digam um
bom dia para nós, achamos que tanto Kaleb quanto Killian nunca seriam tão... carinhosos assim.
Bem, Killian ainda é um pouco grosseiro às vezes, mas ele tem o momento leviano dele.
Já que as nossas aulas na faculdade foram suspensas devido à investigação das mortes das
meninas da BEU, pela manhã os gêmeos me levaram para a mansão Carrington onde
estranhamente me receberam bem, mesmo com a recém-morte de Katrina. Pelo que eu pude
escutar, eles não iram mais embora agora que o corpo da filha deles está enterrado no cemitério
municipal da cidade. A cerimônia do sepultamento foi reservada, mas o local estava bem agitado
devido à morte das outras meninas e também de Nick. Eu nunca presenciei um enterro, porém
sem sombras de dúvidas esse foi o mais triste de todos. Foi horrível ver a dor da minha melhor
amiga e dos pais de Nick. Realmente excruciante.
Hoje Sadie ficou algumas horas comigo e como Killian imaginou, Kaleb teve todo o
cuidado de fazê-la esquecer de todas as coisas fora do comum que ela viu e ouviu, deixando
somente a péssima lembrança que seu namorado se foi. Sadie estava inconsolável e eu juro que
tentei de todas as formas possíveis fazer com que ela ficasse comigo por mais algum tempo,
porém, ela precisava ter o tempo dela e então a deixei ir mesmo estando preocupada e triste por
ela. Nick não merecia aquele final, as meninas que morreram e nem mesmo Katrina, sendo uma
pequena cobra, não mereciam nada do que tiveram.
E embora essa nova vida de imortal ainda seja estranha para mim, agora percebo que
Killian ter me transformado em uma vampira pode ter sido um presente. Um presente estranho,
mas ainda assim um presente.
Os Blakes até então desapareceram do nosso caminho. Os pais dos meninos acham que
eles estão escondidos em algum lugar ainda em Fairbanks ou aos arredores já que não é do feitio
deles fugirem de uma boa briga. As pessoas nas quais estavam lutando juntamente com a família
de Killian e Kaleb para resgatarem a mim e o corpo de Katrina, eram amigos de longa data dos
Carringtons e obviamente vampiros também. Eles parecem pessoas legais, porém reservados.
Agora que estou um pouco mais calma em relação à minha nova situação, estou tentando
me adaptar à mudança repentina de círculo social e também de lugares. Quando Kaleb e Killian
colocam seus olhares sobre mim parece que estou vivendo um sonho e quando eles param de me
olhar, eu enfio uma caneta ou a ponta de uma faca em mim mesma para ver se estou mesmo
acordada, já que me beliscar não vai mudar nada, visto que não sinto dor e o processo de
cicatrização é imediato em vampiros.
Como os meninos tinham dito, minhas roupas assim como meus livros e todos os meus
utensílios foram trazidos para a casa de campo, onde parece ser o meu novo lar. Kaleb até
separou um quarto para mim e parte disso me deixou meio deslocada, parecendo que sou uma
intrusa estranha. Tudo mudou da água para o vinho tão rápido.
Mais cedo Killian e Kaleb me explicaram sobre as mais variadas habilidades dos vampiros
tais como: hipnose, força, velocidade, agilidade, fator de cura rápida, emoções aprimoradas,
controle emocional em certos imortais e sentidos aguçados para audição, olfato e paladar. A
minha cabeça em geral ficou uma confusão assim que ambos me contaram e demonstraram
algumas das habilidades do lado de fora da casa. Foi assustador e magnífico, tudo na mesma
proporção.
— Você só precisa segurá-lo e atacar. Fechar os olhos no começo pode ajudar. — Nós
saímos um pouco para poder fazer a minha primeira alimentação com sangue animal. Kaleb já
me mostrou como se faz e explicou sobre a dieta de sangue humano enquanto seu irmão ficava
rindo da minha cara abismada com esse novo mundo.
— Ok! — Abaixo-me devagar perto de um cervo, minhas mãos tocando a pele quente do
animal enquanto Kaleb me instrui. Quando me alimentei daquele homem que cortou o braço no
quintal da casa de campo, senti uma sede enlouquecedora pelo sangue dele. Foi desse mesmo
jeito depois com a bolsa de sangue que Killian me deu no banker e ontem também. Mas agora
não sinto nada, para dizer a verdade, sinto nojo. Pode ser pelo motivo dele ser um animal
inofensivo, não sei, simplesmente não consigo.
— Isso não está funcionando, Kaleb — Killian avisa, colocando-se ao meu lado,
observando minhas mãos tremendo com o animal sangrando bem na minha frente.
— Ela vai conseguir. Maya é novata e não pode se dar ao luxo de se viciar em sangue
humano logo no começo, isso seria péssimo e chamaria atenção — Kaleb retruca, voltando a se
concentrar em mim. Eu fecho os olhos como instruído anteriormente, mas o cheiro de sangue é
diferente e começa a embrulhar o meu estômago. Eu quero fazer o certo, não quero dar trabalho
para Kaleb e nem decepcionar Killian, mesmo que parte do que sou agora seja culpa de ambos.
Desde o período da manhã não estava me sentindo bem, então acho que deve ser muita
pressão e informações novas na minha cabeça. Talvez eu nem esteja com fome e seja esse o
motivo de não estar conseguindo me alimentar. Dividida entre me afastar do cervo e me
alimentar pelo menos um pouco para começar a aprender a viver dessa forma, coloco minha mão
sobre a de Kaleb e imagino ser a mesma cena da primeira vez que me alimentei. Então minhas
presas saltam e meus olhos imaginam a primeira vez quando me abaixo e ataco o animal.
Minha mente foca somente no vermelho, o gosto metálico e superficial chegando ao meu
paladar de uma forma estranha e nada prazerosa. Mesmo assim, me forço a continuar enquanto
agarro o animal e Kaleb se afasta, dando-me espaço. É estranho e confuso, mas é a vida que
tenho agora. Quando me sinto cheia afasto-me do cervo, levantando-me um pouco tonta.
Encosto-me em uma árvore, ajeitando minha jaqueta preta no corpo e Killian se aproxima de
mim, enquanto Kaleb arrasta o cervo para longe.
— Você vai se acostumar, freira. Daqui pra frente ficará mais fácil. — Ele pega um pano
branco do bolso de trás da calça jeans e leva até meus lábios, limpando resquícios de sangue. Seu
olhar malicioso se encontra com o meu, seu polegar tocando ligeiramente meu lábio quando meu
celular começa a tocar. Eu pego o aparelho que achei que tinha perdido na festa de Halloween e
sem olhar o identificador de chamadas, levo para a minha orelha atendendo.
— Oi. — Alguns segundos se passam e quando vou dizer algo a voz da minha mãe me
pega de surpresa.
— Aonde você está, querida? Seu pai e eu ficamos sabendo sobre o que aconteceu e
viemos te ver. — Merda. Com todos os acontecimentos esqueci e não pude me comunicar com
os meus pais e agora que tudo mudou, me sinto mal por tê-los deixado preocupados.
— Desculpe, mãe, estava ocupada com alguns trabalhos da faculdade, mal tive tempo... —
Minhas palavras são cortadas ao meio quando um grito alto me para.
— Você não sabe a surpresa que foi saber que ainda está viva, querida... — Jeff surge na
chamada e eu começo a tremer, meu corpo entrando em colapso. — Como é o nome dela
mesmo, mamãe? — Killian toma o celular da minha mão e coloca no viva-voz quando minha
mãe chorando diz o meu nome. — Amaya, isso mesmo — Jeff diz sorrindo. Começo a chorar
preocupada com os meus pais, a bile subindo para a minha garganta.
— Por favor, deixe eles em paz. Eles não sabem... — Killian tampa a minha boca.
— Eles não sabem que você é uma vampira? — Ele começa a gargalhar. — Ops, agora
sabem. — No fundo ouço meu pai falando alto com possivelmente outro Blake.
— O que vocês querem, porra? — Killian questiona irritado.
— Olá, meu jovem. Vejo que seus pais não ensinam boas maneiras para os filhos. Agora
está explicado por que a outra era tão burra. — O líder dos Blake se refere a Katrina. — Mas vou
esquecer isso e irei responder à sua pergunta. Bom, antes eu queria todos vocês Carringtons
mortos, isso é óbvio. No entanto... — Um silêncio se instala aos fundos da chamada e fico ainda
mais preocupada. — Agora vocês têm algo mais interessante que eu quero. Acho que ela tem
cabelo ruivo e por algum motivo não morreu quando apliquei veneno nela. — Killian olha para
mim e me recordo de Jeff injetando um líquido amarelo diretamente no meu peito. — Vocês têm
até amanhã para entregá-la ou... — Killian cerra os punhos e Kaleb aparece no meu campo de
visão, aproximando-se de nós com um olhar confuso.
— O próximo pode ser o pai e depois o restante dos Carringtons até chegar a vez de vocês.
— A ligação se encerra, deixando-me sem entender quando instantes depois um vídeo enviado
pelo celular do meu pai aparece. Com os dedos trêmulos eu o abro e assim que o vídeo começa
vejo um vampiro se alimentando rapidamente da minha mãe. Rasgando o pescoço dela, ele
estraçalha suas veias, músculos e pele até que tudo que a câmera consegue captar além do sangue
é seu corpo jogado no chão com os olhos sem vida.
— MÃE. — Solto um grito ensurdecedor e antes de tentar evitar, viro-me para o lado
despejando todo o sangue do animal que me alimentei momentos atrás. Caio de joelhos sobre o
chão, minhas mãos se agarram à terra gelada da floresta enquanto coloco tudo para fora. Meus
ossos começam a doer muito e quando meu estômago fica limpo, tudo que consigo fazer é
agarrar meu corpo doente enquanto choro pela morte da minha mãe. Tudo está errado comigo.
— Maya... — Kaleb desesperado se ajoelha na minha frente e seguindo os mesmo passos
do irmão, vejo Killian fazendo o mesmo, tentando me ajudar.
— Ligue para o nosso pai, ele vai saber o que fazer — Killian pede a Kaleb e só então
lembro das palavras exatas deles explicando-me que os vampiros não sentem dor. Um grito alto
sai dos meus lábios, uma nova onda de dor surgindo dos meus ossos quando sinto o estalar na
minha coluna fazendo-me curvar.
— Porra. — Kaleb e Killian se entreolham antes de voltarem a me encarar.
— O que foi? — pergunto assustada em meio às lágrimas e dores.
— Seus olhos estão amarelos.

Continua...
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