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Paisagismo, Floricultura, Parques e Jardins

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PAISAGISMO, FLORICULTURA,

PARQUES E JARDINS
Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

P645p Pina, Ticiana Petean


Paisagismo, floricultura, parques e jardins / Ticiana
Petean Pina. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
80 p.: il. Color.

1. Arquitetura paisagística urbana. 2. Arborização das cidades.


3. Rodovias – Arborização e ajardinamento. I. Centro
Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância.
III. Título.

CDD: 23. ed. 712


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

As imagens utilizadas neste material didático


são oriundas dos bancos de imagens
Shutterstock .

2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR

Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina

Sou uma engenheira agrônoma, entusiasta da Agronomia para todos, uso minha
profissão para construir conhecimento de qualidade com alunos e produtores rurais para
contribuir com o Desenvolvimento Rural Sustentável. Trabalho como docente há mais de
10 anos em cursos de graduação. Já trabalhei em Universidades como UNEMAT (Estadual
do Mato Grosso), Unesp, Fatec (Agronegócio) e tem experiência no Ensino Médio onde
fui docente do curso Técnico em Agroindústria do IFPR de Paranavaí. Atualmente, sou
Docente no Curso de Agronomia na Unifatecie de Paranavaí-PR ministrando disciplinas
do corpo técnico: Fitotecnia, Horticultura, Fertilidade de Solo, Floricultura e Paisagismo,
e Tecnologia de Conservação e Transformação de Produtos Agropecuários, trabalho em
orientações de TCC com ênfase em agricultura orgânica e extensão rural.

INFORMAÇÕES RELEVANTES:
• Engenheira Agrônoma pela Unesp de Ilha Solteira (2006);
• Mestre em Agronomia pela Unesp de Ilha Solteira (2010); e Doutora em Agronomia
pela Unesp de Ilha Solteira (2017);
• Docente do curso de Agronomia da UNIFATECIE em Paranavaí - PR desde 2018.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9781595868171593

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
A apostila que apresentamos oferece uma abordagem abrangente sobre paisagis-
mo, floricultura e arborização urbana, além de estudos sobre revegetação e fitogeografia
do Brasil. Exploraremos as interações entre os elementos vegetais e o ambiente urbano,
destacando a importância de estratégias sustentáveis para promover a beleza estética e o
equilíbrio ambiental.
Sendo assim, na unidade I vamos estudar sobre paisagismo, aprofundaremo-nos
nos princípios fundamentais de paisagismo, explorando a criação de espaços harmoniosos
e funcionais. Abordaremos elementos arquitetônicos, história e escolha de plantas que
contribuam com ambientes agradáveis e integrados à natureza.
Já na unidade II você irá saber mais sobre arborização urbana: abordaremos a
arborização urbana como elemento crucial para o bem-estar da comunidade, bem como
discutiremos práticas de plantio e manutenção de espécies arbóreas, ressaltando a impor-
tância da escolha das espécies e ainda da legislação municipal.
Na sequência, na unidade III, falaremos a respeito de plantas ornamentais: concen-
tramos nossos esforços em aprender sobre floricultura tropical, mercado e produção.
Já em nossa unidade IV, finalizaremos o conteúdo dessa disciplina com revegeta-
ção e conhecimento da fitogeografia do Brasil: exploramos a complexidade da revegetação
e a riqueza da fitogeografia brasileira. Abordamos estratégias eficazes para a recuperação
de áreas degradadas, considerando a diversidade de ecossistemas presentes no país.
Analisamos as peculiaridades geográficas que influenciam a distribuição das espécies
vegetais, proporcionando uma compreensão aprofundada da interação entre clima, solo e
vegetação. Este capítulo destaca a importância da seleção de espécies nativas e adapta-
ção de técnicas de revegetação às características regionais, promovendo a conservação
da biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas brasileiros.
Bons estudos!

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Paisagismo

UNIDADE 2
Arborização Urbana e de Rodovias: Importância
da Arborização, Escolha das Espécies, Técnicas
de Implantação, Manutenção e Normas

UNIDADE 3
Plantas Ornamentais e sua Importância:
Mercado, Produção e Classificação

UNIDADE 4
Revegetação: Conceitos e Técnicas para
Matas Ciliares, Restingas e Áreas Degradadas;
e Conhecimento da Fitogeografia do Brasil

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1
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UNIDADE

PAISAGISMO

Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina

Plano de Estudos
• Paisagem Urbana, Rural e Fundamentos de Composição Vegetal;
• Implantação de Parques, Praças e Jardins;
• Projetos de Execução e Manutenção de Jardins e seus Compo-
nentes.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o paisagismo, o trabalho do paisagista
e a importância da modificação de paisagens ao longo dos tempos;
• Compreender a importância de áreas urbanas livres para a qualidade
de vida da população e como planejar essas estruturas;
• Estabelecer conceitos e diretrizes para a construção e a execução
de um projeto paisagístico.
INTRODUÇÃO
A forma como os centros urbanos foram se desenvolvendo ao longo dos anos diz
muito sobre a qualidade de vida de uma população, portanto, muito se tem trabalhado para
repensar o espaço urbano na busca de sustentabilidade. Por isso, o paisagismo urbano
ganha reconhecimento quando propõe, além de modificar paisagens, a adequação de
espaços antes não utilizados para o público.
Nesta unidade I vamos entender como o paisagismo é instrumento de maior po-
tencial de transformação do meio urbano e, consequentemente, salientar a forma como a
sociedade contemporânea se relaciona com a natureza.
Veremos também conceitos de jardins ao longo do tempo e como eles podem ser
implantados na atualidade. Ao final, caro(a) aluno(a), você estará preparado para planejar
e executar um projeto paisagístico.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 7
1
TÓPICO

PAISAGEM URBANA, RURAL


E FUNDAMENTOS DE
COMPOSIÇÃO VEGETAL

A palavra PAISAGISMO é derivada da palavra PAISAGEM. A paisagem, no entan-


to, tem como significado a extensão territorial que compreende a vista humana. Pode ser
entendida também com uma vista natural e agradável representada através de uma pintura,
desenho ou fotografia.
O homem ao longo do tempo vem modificando a paisagem para atender desde
suas necessidades básicas (alimento e abrigo) até sua satisfação e prazer. Neste sentido,
o paisagismo é o reflexo da interação do homem com a natureza.
Portanto, o conceito de paisagismo é caracterizado por uma atividade multidiscipli-
nar que tem por finalidade organizar os espaços externos visando proporcionar bem-estar
aos seres humanos, conservando os recursos desses espaços.
Podemos dizer que a Arte e a Ciência são partes muito importantes desse conceito.
A arte por representar as plantas em suas cores, formas e riqueza plástica. A ciência exige
conhecimentos de solo, luminosidade, clima, fisiologia vegetal e nutrição de plantas, bem
como características arquitetônicas.
Inicialmente, o processo de projeto em paisagismo ocorre quando há a determi-
nação das primeiras intenções de projeto. As diretrizes de projeto são todas as intenções
com foco nas pessoas que irão usar o espaço, ou seja, destinadas a como os usuários irão
perceber, usar e se sentir no espaço projetado, podendo ser um simples jardim residencial,
uma parede verde, ou até mesmo um grande parque para uso público. Portanto, nesta uni-
dade vamos dar maior relevância a esses grandes projetos paisagísticos. Além de entender
as propostas, estilo e desenvolvimento histórico.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 8
Uma paisagem natural, urbana ou rural pode sofrer alterações ao longo do tempo
de forma natural ou antrópica. Essas variações são constantes e marcam por vezes a
adaptação do homem ao espaço geográfico.
Quanto à composição vegetal, ela é de extrema importância nos projetos paisagís-
ticos. Entretanto, devemos entender que tal composição é influenciada pelo clima e o solo
da região. Para tanto, a escolha das espécies adequadas à região ao qual será instalado o
jardim é de enorme relevância para o sucesso do projeto ao longo do tempo.
Vamos então exemplificar melhor: imagine que um cliente o(a) procure para instalar
um jardim em uma cidade do interior do Brasil, onde a característica principal climática é o
verão quente e chuvoso. As intenções do projeto desse cliente em questão é a instalação
de um jardim estilo inglês com rosas, prímulas, bocas de leão e lindos lírios. Ficariam
perfeitos, não é mesmo? Mas o seu conhecimento sobre essas espécies indica que são
exemplares de clima frio, e que a exuberância e a durabilidade desse jardim estaria rapida-
mente fracassado.
Foi por razões como essa que o paisagista brasileiro mais famoso no mundo, Ro-
berto Burle Marx, obteve enorme relevância ao utilizar plantas tropicais em seus projetos,
trazendo a beleza da Amazônia, da mata atlântica para os jardins, ou seja, vegetação nativa.
No próximo tópico trataremos sobre os estilos e a evolução histórica desses gran-
des jardins.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 9
2
TÓPICO

IMPLANTAÇÃO DE
PARQUES, PRAÇAS
E JARDINS

Os Jardins sempre estiveram presentes em momentos culturais, religiosos e de

demonstração de riquezas de um povo. São exemplos disso, jardins conhecidos mundial-

mente como o de Versalhes na França, os do Vaticano e até mesmo o mais famoso da

antiguidade, os Jardins Suspensos da Babilônia.

A princípio, os jardins da antiguidade eram localizados no interior ou arredores de

palácio, no qual além de flores, eram cultivadas frutas, plantas medicinais e legumes, ou

seja, além de alimentação também serviam para rituais religiosos.

De acordo com historiadores, os jardins da antiguidade foram implantados há cerca

de 4.000 anos e eram orientados de acordo com os pontos cardeais. Eram caracterizados

por linhas retas e formas geométricas simétricas e fortemente influenciados pela astrologia

e crença em deuses. Dentre as plantas cultivadas destacavam-se frutíferas, palmeiras,

papiros e flores de lótus.

Os jardins mais famosos da Antiguidade foram os Jardins Suspensos da Babilônia

(605-652 a.C.). Foi construído pelo rei Nabucodonosor em oferecimento a sua esposa.

Esse jardim (figura 1) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo pelo fato

de representar uma ousada obra de engenharia, pois era composto por uma sucessão de

terraços que eram irrigados.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 10
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DE COMO FORAM OS JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA

Fonte: shutterstock l ID: 2190534053

Os terraços dispunham-se em patamares ascendentes na encosta de um morro


até a altura de 100 metros, de onde se descortina a paisagem circundante. Esses jardins
assemelhavam-se ao estilo persa, que se manifestou aproximadamente no ano de 500
a.C., influenciado pelos estilos egípcio e grego, mas com características novas, com maior
número de detalhes e uso de plantas floríferas e perfumadas.
Os Jardins da Antiguidade (3000 anos a.C – 476 d.C) são, na maioria, representa-
dos pelos jardins persas, sendo influenciados pelo islamismo e apresentavam elementos
da natureza como: terra, fogo, ar e água, representados em quatro quadrantes e cortado
por dois canais. O Túmulo de Humayun e o Taj Mahal (figura 2) têm alguns dos maiores
jardins persas do mundo, desde a época do Império Mogol na Índia.

FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DOS JARDINS DO TAJ MAHAL ATUALMENTE, COM SIMETRIA E


USO DA ÁGUA COMO INSPIRAÇÕES DO ESTILO PERSA DE JARDIM

Fonte: shutterstock l ID: 120633745

Na idade média (476 d.C a 1453 d.C), a concepção de jardins foi marcada pela
sobriedade. Eram cultivados em locais planos e fechados, principalmente em mosteiros e
castelos, por isso denotavam forte tendência religiosa, além do uso de formas como a cruz

UNIDADE 1 PAISAGISMO 11
(figura 3), também eram produzidas plantas ornamentais para enfeitar altares. A construção
de labirintos (figura 4) nos jardins de castelos são relatados neste período, assim como a
arte de dobrar ramos para formar alamedas.

FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DO JARDIM DO MUSEU DO VATICANO, FORMAÇÃO DE CRUZ


NOS CAMINHOS E A SIMPLICIDADE DAS FORMAS E DAS PLANTAS ESCOLHIDAS

Fonte: shutterstock l ID: 2250145235

FIGURA 4 - PARC DEL LABERINT D’HORTA EM BARCELONA NA ESPANHA.

Fonte: shutterstock l ID: 2036788583

Na idade moderna (1543 - 1789), o período Renascentista influenciou bastante o


estilo dos jardins, o culto à forma trouxe às plantas a necessidade de serem interpretadas
como esculturas e integrá-las a construções imponentes. Os jardins, portanto, passaram a
ser mais elaborados e incluir fontes e estátuas.
Esses jardins assumiram características próprias em cada país. Na Itália, eram
mais volumosos e opulentos; na França predominava a vegetação de porte baixo, de modo
a revelar totalmente a grandiosidade das construções.
Um exemplo bastante conhecido de um jardim renascentista na Itália é o Villa
d’Este, é um palácio situado em Tivoli, próximo de Roma. Classificado pela UNESCO,
desde 2001, como Patrimônio Mundial da Humanidade, é uma obra-prima da arquitetura e,
especialmente, do desenho de jardim (figura 5).

UNIDADE 1 PAISAGISMO 12
FIGURA 5 - VILLA D’ESTE E A FONTE DE NETUNO, EM TIVOLI NA ITÁLIA. CONSTRUÍDA NO
SÉCULO XVI

Fonte: shutterstock l ID: 1523053196

Quanto ao estilo francês, é inevitável não lembrarmos dos jardins do palácio de


Versalhes (figura 6 e 7). Construídos por ordem de Luís XIV em 1661 e projetados pelo
famoso paisagista André Le Nôtre, demorou cerca de 40 anos para ser concluído, assim
como o palácio. Recomendo, caro(a) aluno(a), conhecer melhor sobre sua história e sobre
o paisagista André Le Nôtre.

FIGURA 6 - A FONTE DE LATONA NO JARDIM DO PALÁCIO DE VERSALHES

Fonte: shutterstock l ID: 51911161

FIGURA 7 - JARDIM DE VERSALHES EM OUTRA PERSPECTIVA

Fonte: shutterstock l ID: 96231977

UNIDADE 1 PAISAGISMO 13
O Jardim Francês é considerado o mais rígido e formal de todos os estilos, e se

traduz em formas geométricas e simetria perfeita, além disso, é considerado de alto custo

devido à grande necessidade de manutenção.

A exemplo deste estilo, temos no Brasil o Jardim do Museu do Ipiranga ou Jardim do

Parque da Independência (figura 8). Inspirado no estilo neoclássico do paisagista francês

André Le Nôtre. O jardim do Ipiranga foi projetado pelo paisagista belga Arsênio Puttemans

em 1909.

FIGURA 8 - JARDIM DA INDEPENDÊNCIA NA CIDADE DE SÃO PAULO, SP. INSPIRADO NOS


JARDINS DE VERSALHES

Fonte: shutterstock l ID: 1608317080

Tanto os jardins franceses quanto os italianos são conhecidos como estilos de

jardins clássicos. No século XVIII, a proposta dos jardins ingleses surgem em inspiração

ao romantismo e trazem de volta a ideia de naturalista, ou naturalidade. Rompem com os

traços retos e a seriedade. A princípio, o jardim inglês parecia ser informal, pelo cultivo livre

e de grande variedade de flores, mas era muito detalhado com relação às espécies e a

composição em si.

No estilo inglês o jardim seguia uma orientação assimétrica, o que permitia aos

usuários o efeito de descoberta e surpresa. As espécies herbáceas anuais e as perenes

arbustivas se misturavam com bulbosas, flores silvestres e forrações. Como exemplares

deste estilo temos o Palácio de Buckingham (figura 9) e o Palácio de Kensington (figura 10),

ambos em Londres, no Reino Unido.

No primeiro, observem a composição de gramado, flores herbáceas de diferentes

tamanhos e cores, além do uso de arbustos. No segundo, observem a grande variedade de

cores e formas, bem como as espécies vegetais escolhidas.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 14
FIGURA 9 - PALÁCIO DE BUCKINGHAM EM LONDRES, REINO UNIDO

Fonte: shutterstock l ID: 1523702963

FIGURA 10 - PALÁCIO DE KENSINGTON EM LONDRES, REINO UNIDO

Fonte: shutterstock l ID: 71441092

Percebemos até aqui como o paisagismo foi relevante para as nações e


suas culturas ao longo do tempo e perpetuaram lindos locais que podemos visitar na
atualidade. Devemos compreender também que, apesar dos estilos, os locais onde
esses jardins se alocam devem ser conceituados. De modo geral, chamamos esses
lugares de espaços livres públicos. Os espaços livres públicos são, de acordo com
Macedo (1995), todos os espaços não edificados, ou seja, ruas, pátios, largos, praças,
parques, entre outros.
Vamos tratar neste tópico o conceito de espaço livre público para lazer, que tem a fina-
lidade de promover encontros, passeios, eventos culturais e ainda melhorar a qualidade de vida
circundante e as condições climáticas da cidade ou bairro. Para alguns autores, as áreas livres
públicas de lazer têm origem na pré-história, e destinavam-se a cultos e reuniões; para outros,
sua origem surgiu com a urbanização e com o início das relações comerciais (CUNHA, 2002).
No Brasil, os espaços públicos urbanos só começaram a ter certa importância com
a vinda da família real portuguesa, no início do século XIX, surgindo pequenas praças
vinculadas às edificações civis, governamentais e às igrejas (MACEDO, 1995).
Neste sentido, há cinco denominações de áreas livres públicas de lazer mais repre-
sentativas: praça, jardim, parque, rua e calçadão.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 15
• Praças: têm origem nos antigos largos coloniais onde se situava a igreja, co-
mércio e paços municipais. Devem ser livres de veículos, acessível a todos os
cidadãos e destinados a lazer e convívio da população. Exemplo: Praça do Marco
Zero em Recife - Pernambuco, Brasil.
• Jardim: pode ser público ou privado, com função ornamental com predominân-
cia de espécies vegetais. Quando públicos são referências na cidade de lazer
passivo. Os mais conhecidos são aqueles com funções ambientais nas cidades,
como, por exemplo, Jardim Botânico de Curitiba.
• Parques: os parques são recentes na história da urbanização, surgiram após
a revolução industrial do século XIX em resposta à baixa qualidade de vida da
população de grandes centros. Um dos parques mais conhecidos no mundo é o
“Central Park”. Foi o primeiro parque público dos Estados Unidos, tem mais de 3
km² de extensão e foi inaugurado em 1857.
• Rua: compreende a via veicular e o passeio. Este, por sua vez, é destinado à circula-
ção dos pedestres, e conforme sua implantação protege do tráfego de veículos, além
de ser um local propício para encontro entre moradores. Nas ruas os projetos paisa-
gísticos devem levar em consideração as normas de arborização urbana do município.
• Calçadão: trata-se de uma rua onde não há tráfego veicular, possuindo carac-
terísticas da praça, pois estimula a interação social. Normalmente localiza-se na
área central das cidades e tem função comercial. Podemos dar como exemplo o
calçadão de Copacabana, criado pelo paisagista brasileiro Roberto Burle Marx
(figura 11), inspirado nas ondas do mar e com pedras portuguesas, é referência
mundial de paisagismo urbano.

FIGURA 11 - CALÇADÃO DE COPACABANA

Fonte: shutterstock l ID: 340793636

Para projetarmos um espaço como esses citados, precisamos também conhecer


espaços específicos, por exemplo: coreto, pista de caminhada, parquinho infantil, áreas de
circulação, espécies arbóreas já instaladas ou a serem cultivadas e a finalidade do projeto.
Sabendo então dessas características, vamos entender como realizamos um projeto.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 16
3
TÓPICO

PROJETOS DE EXECUÇÃO E
MANUTENÇÃO DE JARDINS
E SEUS COMPONENTES

Um projeto de paisagismo pode ser complexo ou não, de acordo com o seu potencial,
tamanho e foco. Pode ser um projeto individual para uma área privada ou um espaço públi-
co, no qual muitas características devem ser observadas. Independentemente do tamanho
do projeto, as etapas de planejamento e concepção devem seguir o mesmo caminho. Um
projeto paisagístico cria espaços funcionais, úteis e tecnicamente viáveis, considerando
o projeto arquitetônico, o solo e o clima do local e espécies vegetais adequadas. Já a
jardinagem refere-se a parte do trabalho com a vegetação, como o cultivo das plantas e
manutenção do jardim. Para desenvolver qualquer projeto, inclusive os arquitetônicos, é
preciso seguir alguns passos:
• Primeiro, conhecer o problema: identificar as características do local e especi-
ficidades do cliente.
• Segundo: desenvolver intenções de projetos e lançar primeiras ideias do pro-
jeto. O cliente é chamado para observar os planos de massas, zoneamentos e
escolhas de mobiliários, iluminação e espécies vegetais.
• Por último: desenvolver o projeto completo que será executado.

Vale salientar que o processo de projeto não é linear e direto, o que implica avanços e
retornos em alguns momentos, principalmente no início – zoneamento e estudos preliminares.

3.1 Condicionantes do Projeto.


O primeiro passo, em qualquer projeto, é levantar todos os dados necessários para
dar início ao projeto e isso consiste em conhecer os condicionantes de projeto, entre os
elementos que devem ser buscados destacam-se esses do quadro 1:

UNIDADE 1 PAISAGISMO 17
QUADRO 1 - CONDICIONANTES BÁSICOS EM UM PROJETO
Conhecer o cliente, suas necessidades e costumes. Exemplo: homem, mulher, asso-
ciação, família, empresa, características culturais, tipo de uso, presença de crianças ou
animais (excluindo o uso de plantas tóxicas, embora bonitas podem trazer acidentes).
Conhecer a legislação e restrições legais. Principalmente quando tratamos de espécies
vegetais arbóreas, é necessário pesquisar sobre o plano de arborização do município
que conta com normas de instalação e escolha de espécies vegetais.
Orientação solar – insolação. A visita ao local em horários diferentes do dia é relevante,
uma vez que conheceremos os locais sombreados, aqueles expostos ao sol e o direcio-
namento para melhor trabalharmos a escolha das espécies vegetais.
Identificar os entornos e vistas. Assim, podemos trabalhar o que pode ser “escondido” ou
salientado” no projeto.
Identificar as formas do relevo, é essencial para evitar erosão durante o processo e a
manutenção. O uso e a escolha das espécies vegetais são fortemente influenciadas por
essa condição.
Estudo das condições físicas e químicas do solo. A textura do solo é um condicionante
importante para o projeto, bem como a fertilidade. A maioria das plantas ornamentais
não se desenvolvem bem em solos de baixa fertilidade (V% < 50%), solos ácidos e com
presença de alumínio.
A vegetação existente pode influenciar no projeto, árvores e arbustos, por exemplo, para
serem retirados necessitam de um projeto à parte e com autorização dos órgãos municipais.
Antes mesmo de desenvolver o estilo do jardim é importante qualificar e quantificar o uso da
água, se haverá irrigação, qual o tipo, frequência de regas e se há essa possibilidade no local.
Fonte: Adaptado de Abbud (2006).

3.2 Definição de Diretrizes e do Conceito


3.2.1 Diretrizes do projeto
Inicia-se com as percepções ou intenções com foco nas pessoas que vão utilizar o
espaço, qual o foco e quais percepções desejam ser passadas, por exemplo.

3.2.2 Conceitos do Projeto


Ao se conectar ao cliente é necessário entender qual o conceito que mais se adequa a
suas características, para permear a escolha e os desenhos do projeto. Exemplos de conceitos:
Jardins Asiáticos, Jardins Ingleses, Jardins tropicais inspirados em Burle Marx, Jardim Sensorial.

3.3 Princípios básicos de um projeto paisagístico


3.3.1 Harmonia
O projeto deve ter unidade dos elementos escolhidos trazendo harmonia, além
disso, é necessário o uso de variedade, que fica por conta do conceito do projeto, ou seja,
se o conceito é de jardim tropical, as cores, as espécies e a localização delas devem ser
referentes a esse conceito. Observem a figura 12, há variedade de plantas tropicais, colo-
cadas harmoniosamente com móveis e fazendo o uso da iluminação para destaque.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 18
FIGURA 12 – JARDIM TROPICAL

Fonte: shutterstock l ID: 1921484459

3.3.2 Mensagem
O conceito escolhido pelo cliente tende a passar uma mensagem daquilo que ele é
ou gostaria de sentir como sensação ao visualizar aquele jardim, alegria, paz, serenidade,
austeridade, se trata então da contemplação.
Sendo assim, quando contemplamos um Jardim Oriental (figura 13) sentimos uma
mensagem de paz, de reflexão, de momento de internalização, e quando contemplamos um
jardim de cactos (figura 14) a sensação é completamente diferente de “não se aproxime”.

FIGURA 13 - JARDIM JAPONÊS DURANTE A PRIMAVERA NA CIDADE DE FUKUOKA NO JAPÃO

Fonte: shutterstock l ID: 1935970660

FIGURA 14 - JARDIM MAJORELLE NO MARROCOS

Fonte: shutterstock l ID: 778455901

UNIDADE 1 PAISAGISMO 19
Como paisagista, Burle Marx é o primeiro a introduzir plantas nativas nos projetos de jardins nacionais,
reconhecendo a beleza da nossa flora e a importância e diversidade da vegetação tropical. Roberto Burle
Marx, além de um paisagista reconhecido mundialmente, é um artista multidisciplinar e visionário, à frente
do seu tempo. Instaura uma linguagem singular no campo do paisagismo, com seus traços marcantes e in-
trodução de plantas nativas, sendo um dos expoentes do movimento modernista no Brasil. Foi um grande
defensor da Flora Brasileira e contra o desmatamento.
Fonte: http://institutoburlemarx.org/roberto-burle-marx

O sítio Burle Marx é um acervo vivo das mais diversas plantas do mundo, situado na Barra de Guaratiba,
bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, a propriedade em que morou e produziu em seus últimos vinte
anos de vida foi – e continua sendo – um grande laboratório de experimentações: mais de 3.500 espécies
de plantas tropicais e subtropicais, organizadas em viveiros e jardins, convivem em harmonia com a vege-
tação nativa. Além disso, possui um vasto acervo de obras literárias. O sítio hoje faz parte do patrimônio
histórico e artístico nacional.
Fonte: https://sitioburlemarx.org/

O Paisagismo Brasileiro é uma verdadeira obra de arte, conta com uma vasta gama de espécies nativas com
grande potencial e ainda possui mais de 10 paisagistas que são referência no mundo. Ser paisagista é uma
profissão em ascensão, pois cada vez mais as pessoas buscam se conectar com a natureza. E você, quer ser
um(a) paisagista?

UNIDADE 1 PAISAGISMO 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade foi apresentado o conteúdo para iniciantes em
paisagismo. Conhecemos um pouco do histórico desta arte ao longo dos tempos, as sutilezas
e estilos inspirados para modificação de paisagem pelo homem. Esses estilos são essenciais
para auxiliar o(a) profissional a encontrar o melhor caminho para agradar seus clientes.
Outros conceitos de paisagismo em áreas urbanas livres foram apresentados, são
projetos maiores que necessitam de mais dedicação e conhecimento. Nesse nicho, como
comentado no texto, temos o maior paisagista conhecido, Roberto Burle Marx. Seus proje-
tos foram icônicos e resistem ao tempo e à modernidade.
E agora, como realizar um projeto? A complexidade é relativa ao tamanho do pro-
jeto, portanto, se aplica nos estudos das etapas. Elas são essenciais para evitar erros e
contratempos. E, aproveitando que o foco desta unidade foi o paisagismo em áreas livres
urbanas, na próxima unidade trataremos de arborização urbana. É quase impossível rea-
lizarmos um projeto de uma praça, por exemplo, sem pensarmos em áreas arborizadas e
frescas. Por isso, na unidade II trataremos da importância da arborização, de como escolher
as espécies, da manutenção e da instalação.
Até a próxima oportunidade.

UNIDADE 1 PAISAGISMO 21
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Paisagismo sustentável para o Brasil: integrando natureza
e humanidade no século XXI.
• Autor: Ricardo Cardim.
• Sinopse: O que pode vir a ser paisagismo sustentável no Brasil?
O que é realmente importante em nossa realidade? Com linguagem
acessível e baseada em ciência e prática, esse livro procura uma nova
visão do paisagismo e do relacionamento humano com a natureza,
apontando problemas históricos e atuais e caminhos futuros para
integrar estética, saúde pública e meio ambiente. Escrita ao longo de
sete anos, é uma obra para profissionais, amadores e interessados no
tema. Por estar diretamente relacionado ao habitat humano, o paisa-
gismo é hoje um assunto de importância vital para a sociedade. Afinal,
ele responde pela criação de áreas verdes que fazem parte de nosso
cotidiano, nas cidades ou fora delas. Suas escolhas refletem em temas
como equilíbrio ecológico, água, solo, bem-estar físico e psicológico e
valorização cultural de remanescentes naturais, desafios ainda mais
complexos em um país extraordinariamente rico em biodiversidade
nativa e com altas taxas de urbanização como o Brasil. Paisagismo
sustentável pode significar um importante caminho de harmonia entre
pessoas e meio ambiente, resultando em uma vida melhor para todos.
E ainda, para muitos, o único contato disponível com a natureza
• Editora: Olhares.

FILME/VÍDEO
• Título: Conhecendo Museus - Ep. 12: SÍTIO ROBERTO BURLE
MARX
• Ano: 22 de ago. de 2016
• Sinopse: um verdadeiro oásis localizado na zona oeste da ci-
dade do Rio de Janeiro, em Guaratiba. São mais de 400 mil m²,
onde estão reunidas uma das mais importantes coleções de plan-
tas tropicais e subtropicais do mundo. A propriedade foi adquirida
em 1949 por Burle Marx e seu irmão, Siegfried. O local passou
por reforma e, em 1973, o paisagista foi morar definitivamente lá,
levando consigo uma coleção de plantas que ele iniciou ainda na
infância, aos 6 anos.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3ANxVVPAhro&t=716s

UNIDADE 1 PAISAGISMO 22
2
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UNIDADE
ARBORIZAÇÃO URBANA E DE
RODOVIAS: IMPORTÂNCIA
DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA
DAS ESPÉCIES, TÉCNICAS DE
IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO
E NORMAS
Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina

Plano de Estudos
• Introdução à Arborização Urbana;
• Planejamento em Arborização Urbana;
• Espécies Vegetais Indicadas;
• Manutenção De Espécies Arbóreas.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar Arborização;
• Compreender que os tipos de escolhas de espécies vegetais estão
ligadas ao sucesso do projeto;
• Estabelecer a importância da Arborização Urbana.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a) você consegue se imaginar vivendo em um mundo sem árvores?
Como seria a vida na humanidade sem espécies arbóreas? Quais impactos seriam obser-
vados ao longo do tempo com a diminuição dessas espécies vegetais?
Viveríamos em um ambiente limitado para a vida humana, hoje já sabemos que a
qualidade do ar, a umidade e a temperatura do planeta está intimamente ligada à presen-
ça de matas, florestas e bosques. Nesse sentido, a arborização urbana ganhou enorme
relevância nos estudos ambientais, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da po-
pulação que vive em grandes centros, tomados pelas construções, concreto por todo o
lado e grandes áreas de solo coberto. As ruas bem arborizadas e os parques urbanos são
considerados verdadeiros oásis em meio aos desertos cinzas.
Portanto, essa unidade está intimamente ligada à UNIDADE I, na qual abordamos
paisagismo em áreas livres. Inicialmente, a população começa a buscar a implantação
e a manutenção de parques e bosques para lazer e melhoria da qualidade de vida e, na
atualidade, entende-se que esses locais verdes devem se estender às ruas e passeios
como parte da melhoria da qualidade de vida tão almejada nos grandes centros.
Convido você a entender a importância a arborização urbana e a necessidade de
ser realizada com planejamento e entendimento científico para atingir verdadeiramente sua
utilidade.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 24


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
1
TÓPICO

INTRODUÇÃO À
ARBORIZAÇÃO
URBANA

1.1 Quando surgiu a arborização urbana no Brasil?


De acordo com o Departamento de Parques e Jardins, Secretaria de Serviços
Urbanos de São Bernardo do Campo (2023), há registros de que as primeiras árvores
em ruas urbanas surgiram na Pérsia, no Egito e Índia, entretando, a cidade pioneira que
se utilizou vastamente da Arborização em ruas e passeios foi Paris, ao redor dos anos de
1660. No Brasil, esse movimento teve início muito tempo depois do europeu, estima-se que
arborização tenha iniciado há pouco mais de 120 anos.
As primeiras ações de arborização urbana ocorreram nas ruas do Rio de Janeiro,
com os preparativos do casamento de D. Pedro I. Anteriormente, as cidades brasileiras eram
muito tradicionais e a sua vegetação era mantida fora do perímetro urbano, em parques.
Para a concretização destas ações foi criado o Horto Real,que tinha como propósito
cultivar e adaptar no Brasil espécies fundamentais para o comércio internacional português,
como chá e canela, que tinham grande valor de mercado. Uma espécie que ficou famosa,
plantada pelas mãos de João IV foi a Palma Mater, conhecida hoje como Palmeira Imperial.
As primeiras mudas a serem distribuídas com frequência pela cidade só iniciaram
em 1822 com a abertura ao público do Horto Real. Na Rua Santa Luzia, no centro do Rio
de Janeiro, as figueiras-religiosa (Ficus religiosa L.) foram plantadas no ano de 1873 pelo
botânico Francisco Freire Alemão, sendo considerado um dos primeiros plantios em vias
públicas do Brasil.
Atenção, caro(a) aluno(a) essa espécie hoje não é indicada para arborização
urbana, pois possui raízes muito desenvolvidas, porte grande e pode causar quebra
de calçadas e tubulações de esgoto e água.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 25


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
Ainda há duas árvores no Jardim Botânico dessa espécie.

1.2 Importância da Arborização Urbana


As árvores são as espécies vegetais de maior porte existente no planeta. São
magníficas, frondosas e ser tornaram referência nos deslocamentos muitas vezes. Pela
grande diversidade de espécies, variações de copas, quando bem utilizadas e mantidas,
tornam-se, no campo ou na cidade, agradáveis modificadoras do sistema psíquico e físico
da humanidade.
As árvores urbanas promovem benefícios incalculáveis, tais como:
• Elevam a permeabilidade do solo;
• Controlam a variação de temperatura do solo e do ar e diminuem as ilhas de
calor nos grandes centros;
• Interceptam água da chuva e reduzem a velocidade de escoação;
• Proporcionam sombra reduzindo o uso de energia elétrica;
• Funcionam como filtros à poluição do ar;
• Aumentam a biodiversidade e funcionam como corredor verdes para as espécies;
• Valorizam o entorno;
• Funcionam como barreira física de ventos, poeira e ruídos;
• Sequestram e armazenam carbono.

Considerando todos esses fatores benéficos, é importante ressaltar que o pla-


nejamento da arborização urbana é essencial para alcançar tais propósitos. As árvores,
plantadas aleatoriamente, sem manutenção adequada podem trazer grandes transtornos
como quedas, quebra de calçadas, aumento do número de insetos etc.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 26


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
2
TÓPICO

PLANEJAMENTO
EM ARBORIZAÇÃO
URBANA

Pelo alto investimento na implantação e manutenção de espécies arbóreas nas


cidades, a arborização urbana é considerada um patrimônio público. E, como comentado
anteriormente, o planejamento desse investimento é necessário para o alcance dos benefí-
cios dessa atividade. Portanto, vamos iniciar com a escolha da espécie e do local adequado
para evitar perda de mobilidade urbana, alto custo de manutenção e perigos de acidentes.
Considerando que as cidades possuem áreas com diferentes aptidões para o plan-
tio de árvores, foram criadas 3 categorias de planejamento:
• Arborização de passeios em vias públicas;
• Arborização de áreas livres públicas;
• Arborização de áreas internas de lotes e glebas, públicas ou privadas.
Vamos então nos concentrar nos parâmetros para a arborização em vias públicas.

2.1 Parâmetros para a arborização de passeios em vias públicas


Vamos iniciar com a escolha da espécie adequada. Uma boa decisão permite o
bom desenvolvimento da espécie, uma vez que encontra espaço aéreo e terrestre disponí-
vel sem causar interferências e danos aos equipamentos públicos.
A espécie escolhida deve ser adaptada à região ao qual será plantada, dar prefe-
rência para árvores que fazem parte da flora natural da região (Mata Atlântica, Pampas,
Cerrado), bem como selecionar espécies com boa formação de copa para sombra, evitando
espécies caducifólias, palmeiras, bem como espécies de grande porte como, por exemplo,
a Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa), Sete Copas (Terminallia cartappa), entre outras.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 27


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
Na figura 1 e na figura 2 vamos observar que existem diversos tipos de tamanho de
árvores e diversidade de copas, a escolha delas deve ser muito embasada na finalidade e
na utilidade da atividade.

FIGURA 1 - OS DIVERSOS PORTES DE ESPÉCIES ARBÓREAS.

Fonte: shutterstock l ID: 1680237532

FIGURA 2 - COPAS DE ÁRVORES DIVERSAS, OBSERVANDO SUAS DIFERENÇAS.

Fonte: shutterstock l ID: 1330329413

De acordo com o Guia de Arborização Urbana de Registro (2017), uma boa árvore
deve ser:
• Tolerante à seca;
• Boa velocidade de crescimento;
• Não ter frutos grandes;
• Não ter espinhos ou acúleos;
• Resistente as pragas, doenças;
• Tolerante a encharcamento.

Nem sempre os solos urbanos terão condições ideais de irrigação e drenagem. As


espécies frutíferas devem ser evitadas na arborização de ruas e vias, e usadas em projetos
muito específicos.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 28


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
2.2 Plantio de mudas
O plantio inicia-se através da seleção das mudas, que além da espécie adequada devem
ter sanidade, livre de pragas e doenças, bom desenvolvimento de caule principal e de raízes.
Comumente observamos o plantio de mudas de pequeno porte nas calçadas, isso
é um erro, pois ao se desenvolverem podem atrapalhar a passagem de pedestres, a visão
dos motoristas e, ainda, terem seu desenvolvimento de copa alterado. Por isso, as mudas
para serem plantadas no meio urbano deverão apresentar as seguintes características,
segundo o Manual de Arborização de Recife (2013):
• A altura total da planta deve ser no mínimo de 2,50m;
• A copa deve ser bem formada, possuindo três ramos alternados;
• A altura da primeira bifurcação deve estar entre 1,80m a 2,30m;
• O DAP (Diâmetro a altura do peito) entre 0,03m a 0,07m;
• Apresentar sistema radicular bem formado e consolidado no interior das emba-
lagens; O volume do torrão deve variar de 30 a 100 litros dependendo do DAP
das plantas.

Recomenda-se para o plantio:


→30 l para DAP de 0,03m,
→50 l para DAP de 0,05m
→100 l para DAP de 0,07m

Esses detalhes podem ser vistos na figura 3, através da ilustração de muda com
torrão, caule e copa.

FIGURA 3 - ILUSTRAÇÃO DE MUDA DE ESPÉCIE ARBÓREA COM CARACTERÍSTICAS CORRETAS


PARA PLANTIO EM VIAS PÚBLICAS.

Fonte: Prefeitura Municipal de Recife (2013).

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 29


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
2.3 Escolha do Local
A escolha do local deve obedecer algumas condições para o bom desenvolvimento e
sobrevivência das árvores. Devem ser observadas as condições do solo, grau de exposição
à luz e ao vento, drenagem, restrições espaciais, tolerância ao clima e atividade humana.
A largura da calçada é o primeiro parâmetro a ser observado para o plantio de uma
muda.
Recomenda-se que a largura do passeio público seja respeitada. Sendo assim,
de acordo com o Manual de Arborização de Recife (2013) :
• A faixa livre mínima de 1,20 metros (um metro e vinte centímetros), destinada
exclusivamente à livre circulação de pedestres;
• A faixa de serviço, localizada em posição adjacente à guia, deverá ter no mí-
nimo 70 cm (setenta centímetros) e ser destinada à instalação e equipamento e
mobiliário urbano.

O plantio de árvores só poderá ser realizado em passeios públicos com largu-


ra mínima de 1,90 metros. Assim como está demonstrado na figura 4.

FIGURA 4 - ORIENTAÇÕES DE ESCOLHA DE LOCAL PARA PLANTIO DE ÁRVORES.

Fonte: Prefeitura de Registro (2017).

Na escolha do local, é necessário levar em consideração outras distâncias, como,


por exemplo, distâncias dos móveis urbanos, esquinas e garagens. Essas distâncias foram
exemplificadas na figura 5. Como se tratam de normativas técnicas municipais, algu-

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 30


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
mas alterações podem ocorrer, é importante sempre acessar o guia de arborização
do município em que se planeja realizar o projeto.

FIGURA 5 - DEMOSTRATIVO DE DISTÂNCIAS A SEREM CONSIDERADAS EM ARBORIZAÇÃO


URBANA.

Fonte: A autora (2023).

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 31


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
3
TÓPICO

ESPÉCIES VEGETAIS
INDICADAS

A escolha da espécie deve sempre estar relacionada à sua utilidade e às caracterís-


ticas do local a ser implantado, geralmente grandes espécies não servem para arborização
em passeios e calçadas, espécies tóxicas devem ser evitadas mesmo que apresentem
beleza e espécies adaptadas ao clima e flora regional, por exemplo. A tabela 1 representa
espécies indicadas por serem de porte médio a baixo.

TABELA 1 - ESPÉCIES INDICADAS PARA ARBORIZAÇÃO URBANA DE PORTE BAIXO A MÉDIO,


QUE PODEM SER ALOCADAS EM PASSEIOS DESDE QUE LEVADOS EM CONSIDERAÇÕES
OUTROS ATRIBUTOS.
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Eugenia uniflora Pitanga
Peltophorum dubium Canafístula
Laburnum x watereri Chuva Dourada
Tibouchina mutabilis Manacá da serra
Tibouchina granulosa Quaresmeira
Erythrina variegata Eritrina-verde-amarela
Tacoma sans Ipê de Jardim
Lagerstroemia indica Resedá
Salix babylonica Salgueiro Chorão
Bauhinia forficata Pata de Vaca
Fonte: A autora (2023).

A escolha da espécie faz parte importante do sucesso da arborização. Outras es-


pécies podem ser utilizadas, porém, com mais cuidado e técnica. Outra forma de escolher
a espécie é levar em conta a necessidade de manutenção. Para isso, vamos tratar de
manutenção de espécies arbóreas no próximo tópico.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 32


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
4
TÓPICO

MANUTENÇÃO
DE ESPÉCIES
ARBÓREAS

Não basta plantar as árvores, mantê-las é muito importante. Para tal, um grande
esforço deve ser feito para a conservação delas no meio urbano.
Práticas como poda, adubação, irrigação, controle de pragas, supressão, transplan-
te e substituição são cuidados fundamentais para o sucesso da arborização. Todos esses
procedimentos devem ser realizados de acordo com as normas técnicas e com autorização
ou acompanhamento de profissionais habilitados disponibilizados pela Prefeitura. Sempre
respeitando as Técnicas de Poda ABNT 16.246-1, as Normas de Trabalho em Altura NR 35
e as Normas de Segurança com Motosserra NR 12, que podem ser encontradas no site da
associação brasileira de normas técnicas (ABNT).
Vamos iniciar com a importância do conhecimento em podas de espécies arbóreas.
As razões para podar as árvores são:
• Melhorar a estrutura das árvores;
• Reduzir o sombreamento excessivo e a resistência ao vento;
• Preservar a saúde das árvores;
• Influenciar na produção de flores e frutos;
• Melhorar uma vista;
• Melhorar a estética.
Existem diferentes tipos de podas, cada qual realizada de acordo com suas funções.

3.1 Tipos de Podas


3.1.1 Podas de Formação

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 33


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
É o tipo de poda realizada nos viveiros até o plantio no local definitivo. Visa formar a
muda em caule único, com primeira bifurcação na altura mínima de 1,80 m e com uma copa
já formada, no caso de espécies para arborização urbana, essa poda também é utilizada
em fruticultura, mas segue por alguns anos até a produção.

3.1.2 Podas de Limpeza


Esse tipo de poda serve para a retirada de ramos mortos, senis, sem função e
com problemas fitossanitários. É necessária a retirada de galhos da base do tronco para
manutenção de caule único, principalmente em espécies que apresentam desenvolvimento
de brotos como é o Resedá.

3.1.3 Podas de Elevação da base da Copa.


A poda de elevação é necessária para eliminar galhos que fiquem abaixo da copa
que impeçam as pessoas de passarem pela calçada e os carros na rua a estacionar, por
exemplo. Essa altura deve ser mantida de no mínimo 2 metros.

3.1.4 Podas de adequação.


Muito utilizada para manutenção segura da espécie arbórea sem causar danos aos
patrimônios públicos e provados como: rede de fiação elétrica, muros, cercas, placas de
sinalização de trânsito.

A figura 6, a seguir, representa a poda de elevação de copa e a poda de adequação.

Figura 6 - Demonstrativo de tipos de podas em espécies arbóreas.

Fonte: A autora (2023).

3.1.5 Podas de Emergência


Após eventos climáticos, acidentes, às vezes é necessário retirar galhos, peda-
ços de árvores e até mesmo a retirada da espécie em colapso. Lembrem-se que essas

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 34


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
operações devem ser realizadas por profissionais e sempre indicadas pela tutela de enge-
nheiros(as) agrônomos(as). Poda de Árvores é trabalho especial em altura. Razões para
contratar profissionais qualificados.

3.2 Resíduos de Podas.


Os resíduos provenientes de podas preventivas ou corretivas são classificados na
classe IIA da NBR 10.004/2004 (que pode ser encontrada no site da ABNT). Nesse sentido,
há a necessidade da correta adequação desses resíduos com o ambiente.
A compostagem é a solução mais indicada e mais adequada para esse tipo de
resíduo urbano devido à sua composição.
Para restos de tocos que ficam em calçadas, a solução é contratar maquinários
conhecidos como destocador, uma marca conhecida é a Veemer, essa empresa possui
picadores de galhos e destocadores.
Para que o processo seja mais efetivo, é importante que a prefeitura realize uma
acordo entre entidades para utilizar a compostagem em hortas urbanas e ainda educação
ambiental.

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 35


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
As 10 cidades mais arborizadas do mundo não estão no Brasil. Segundo a Treepedia (2010), Cingapura é a
cidade mais arborizada do mundo. Em escala decrescente ainda seguem: Oslo, Vancouver, Sidney, Montre-
al, Durban, Johanesburgo, Sacramento, Frankfurt, Geneva e Amsterdã. No Brasil a única cidade brasileira
avaliada é São Paulo, encontra-se em 21º lugar.

As cidades brasileiras com mais de um milhão de habitantes e mais arborizadas são Goiânia, Campinas,
Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Fortaleza, Guarullhos, Rio de Janeiro e Recife, com valores
de 89,5 a 60,8%. (TREEPEDIA, 2010). Acesse a página da Treepedia, do Instituto de Tecnologia de Massa-
chussets (MIT) em: http://senseable.mit.edu/treepedia.

A arborização urbana proporciona às cidades inúmeros benefícios relacionados à estabilidade climática, ao


conforto ambiental, melhoria da qualidade do ar, bem como à saúde física e mental da população, além de
influenciar na redução da poluição sonora e visual e auxiliar na conservação do ambiente ecologicamente
equilibrado. O que podemos fazer para as pessoas valorizarem mais as árvores?

Como é a arborização em sua cidade? Existem bairros mais arborizados? Esses bairros são aqueles de
melhor qualidade de vida? O que você pode propor como cidadão para melhorar a sua cidade, diminuindo
as ilhas de calor?

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 36


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa unidade, para mim, como cidadã e Engenheira Agrônoma, é uma das mais
importantes dentro desta disciplina. A arborização urbana tem relevância enorme nos as-
pectos climáticos dos municípios em microescala e no planeta em macroescala.
Esse assunto tem feito parte das agendas ambientais mais importantes do mundo
e o Brasil tem grande potencial, devido ao seu clima, de atingir enormes resultados com a
diminuição da poluição, melhoria da qualidade do ar e dos excessos de temperaturas. Para
isso, serão necessários profissionais treinados e bem-informados nessa vertente. É um
ramo da Agronomia a ser explorado, desde a produção de mudas em viveiros para atender
essa demanda até os projetos de implantação e manutenção.
Acessem o plano de arborização municipal (de sua localidade) e estudem as nor-
mas técnicas específicas.
Até a próxima unidade!

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 37


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Coleção Árvores Nativas do Brasil - Caixa com 3 Volumes.
• Autor: Escrito e fotografado por Silvestre Silva.
• Editora Europa.
• Sinopse: Essencial para quem pretende plantar ou cuidar bem
da árvore que tem no seu espaço, é indispensável para pesquisa-
dores, estudantes e jardinistas. Os livros contam também como
cada uma das árvores influenciou a arte e cultura brasileira.

FILME/VÍDEO
• Título: Sala de Aula na TV | Palmeira Imperial - A Palmeira do
Imperador que conquistou a República.
• Ano: 9 de nov. de 2021.
• Sinopse: Na terceira temporada do Sala de Aula na TV, estudantes
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faac, do campus
da Unesp em Bauru, apresentam os resultados dos estudos sobre
a “Circulação das Plantas nos Jardins”. Os trabalhos fizeram parte
da disciplina “Repertório Vegetal e Paisagístico na construção do
Território Paulista”, ministrada pela professora Marta Enokibara, em
2018 e 2020. Nesta edição, vamos saber mais sobre a Palmeira Im-
perial, uma planta que chegou ao Brasil no Império e que conquistou
a República. Participam do episódio: Ananda Rosa e Daniel Ferrari.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kV6EY31deVY

WEB
• Cartilha de Arborização Urbana
• Link do site: https://cosmopolis.sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/04/
Cartilha-de-Arborizacao-Urbana-1-1-1.pdf

UNIDADE 2 ARBORIZAÇÃO URBANA E DE RODOVIAS: IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO, ESCOLHA DAS 38


ESPÉCIES, TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO E NORMAS
3
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UNIDADE

PLANTAS ORNAMEN-
TAIS E SUA IMPOR-
TÂNCIA: MERCADO,
PRODUÇÃO E CLASSI-
FICAÇÃO
Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina

Plano de Estudos
• Mercado de Plantas Ornamentais;
• Classificação de Plantas Ornamentais;
• Produção de Flores de Corte: Flores e Folhagens Tropicais.

Objetivos da Aprendizagem
• Aprender sobre a produção de plantas tropicais de interesse para o
mercado brasileiro;
• Aplicar conhecimentos de horticultura no manejo de plantas
tropicais;
• Compreender a importância do manejo fitossanitário em flores.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno (a), nesta unidade vamos nos aprofundar na produção de plantas
ornamentais com enfoque nas plantas tropicais. Esse entendimento tem grande ligação
com o paisagismo e o modelo/estilo preconizado pelo paisagista brasileiro mais conhecido
no mundo, Roberto Burle Marx, na unidade I há informações relevantes sobre esse artista
e como as plantas tropicais fizeram parte de seus trabalhos.
As plantas tropicais, mais especificamente sua produção, é de grande significância
para o Brasil. Estudos mostram que o número de produtores dedicados ao cultivo de flores
e plantas ornamentais no Brasil nos últimos anos tem crescido mais de 30% e este mercado
tem crescido aproximadamente 10% ao ano.
O crescimento da cadeia produtiva de plantas ornamentais vem acompanhado de
desafios como: o aumento da escala de produção, a melhoria da qualidade dos produtos,
a necessidade de diminuição dos custos de produção para obter preços mais competitivos
e uma contínua reciclagem de conhecimentos, buscando, em cursos e eventos, as tecnolo-
gias mais adequadas para cada atividade.
Encontraremos aqui dados do mercado de flores, o conhecimento das espécies
tropicais mais utilizadas como ornamentais e como produzir, além de premissas para o bom
desenvolvimento profissional na área de paisagismo.
Bons estudos!

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 40


1
TÓPICO

MERCADO
DE PLANTAS
ORNAMENTAIS

A produção de plantas ornamentais faz parte da cadeia do agronegócio e se encontra


em expansão no Brasil e no Mundo. Dados recentes do IBRAFLOR (2023) demostram que:
• A produção mundial de flores ocupa uma área estimada de 190.000 HA;
• U$16 bilhões/ano é o que movimenta o setor a nível de produção;
• U$ 44 bilhões/ano a nível de varejo.
• U$ 5 bilhões é o valor estimado que o mercado mundial de exportações desse
setor movimenta todos os anos.

A globalização e procura por menor custo de produção fizeram surgir novos pontos
de produção como: Colômbia e Equador (Flores de corte:Rosas, Crisântemo, Gypsophilas
e cravos); Costa Rica (Flores e folhagens tropicais, mudas e plantas verdes); África do Sul
(Bulbos de gladíolos, amarillis); Quênia:(produção de flores de corte Rosas).
A floricultura brasileira gerou US$35,3 milhões em divisas de exportação de flores e
plantas ornamentais em 2017, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)
do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A atividade ainda mobiliza no país cerca de 4 mil produtores, numa área estimada
de 5,5 mil hectares, sendo responsável por cerca de 120 mil empregos diretos e indiretos.
A regionalização da produção é uma realidade. Desde a estabilização da moeda nacional,
novos centros de produção foram surgindo em muitos estados do Brasil (IBRAFLOR, 2015)
Entretanto, o Brasil ainda importa flores de corte da Colômbia e Equador, e flores
artificiais da China. A produção de plantas ornamentais divide-se em setores. Os principais são:
• Flores e folhagens de corte*;

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 41


• Flores e folhagens em vaso*;
• Plantas para Paisagismo: “Caixaria” a plantas de grande porte*;
• Mudas*;
• Acessórios.

Nesses casos (*), os produtos ainda podem ser classificados como plantas tropicais
e temperadas.

FIGURA 1 - EXEMPLO DE PLANTAS QUE COMPÕE O SETOR PRODUTIVO ORNAMENTAL

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

No Brasil, o mercado interno de flores e folhagens equivale ao mercado interno


de brinquedos, dado sua importância, movimenta cerca de U$1 bilhão de dólares no ano
(IBRAFLOR, 2015).

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 42


2
TÓPICO

CLASSIFICAÇÃO
DE PLANTAS
ORNAMENTAIS

As plantas ornamentais por pertencerem a inúmeras espécies e com característi-


cas muito distintas devem ser classificadas em categorias para melhor escolha e também
manejo, favorecendo assim sua produção e beleza.

2.1 Classificação quanto à luminosidade


Os vegetais em seu todo são espécies que necessitam da luz solar para o pleno
desenvolvimento, uns são mais adaptados a luz direta, outros nem tanto, é assim com
as plantas ornamentais. De acordo com o habitat natural, são mais adaptadas ou não à
luminosidade, por isso, as classificamos em : pleno sol (precisa de pelo menos 4 horas de
sol direto por dia); meia sombra (precisa de muita luz, porém, não aceita exposição direta
ao sol das 11 às 17 horas); sombra (não tolera sol direto, entretanto, necessita de pelo
menos 3 horas de luminosidade indireta).

2.2 Classificação quanto ao clima


As plantas ornamentais são adaptadas a diferentes climas, assim como a lumino-
sidade, para isso vamos dividir em cinco subcategorias: a) preferem climas temperados; b)
preferem clima quente e úmido; c) Preferem clima quente e seco; d) preferem clima ameno;
e) preferem clima frio.

2.3 Classificação quanto às características morfológicas


As características morfológicas são características que estudam a forma e a estru-
tura das plantas, essas informações são importantes para melhor escolha no manejo delas.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 43


São características morfológicas: se as plantas são herbáceas, perenes, anuais ou
bi anuais, as formas inúmeras que as folhas podem apresentar (figura 2), se são cormos,
bulbos, rizomas, se produzem frutos (decorativos ou comestíveis), se exalam perfumes
agradáveis ou não, se são plantas tóxicas (características importantes na escolha dessas
espécies em paisagismo).

FIGURA 2 - ALOCÁSIA AMAZÔNICA, TEM SUA IMPORTÂNCIA GRAÇAS A FOLHAGEM


EXUBERANTE.

Fonte: shutterstock l ID: 2019285518

2.4 Classificação quanto à utilidade (uso adequado)


2.4.1 Ideal para ser usada como maciço
Em paisagismo, o termo “maciço” é dado ao grande número de unidades de um
tipo de planta só, seja de que tamanho e forma for. Esse maciço pode compor uma cortina
de plantas, pode ser uma cerca viva e pode compor uma parte em paisagismo. Algumas
plantas são excelentes para preencher espaços, desde arbustos até herbáceas. Os ar-
bustos são plantados bem juntos, de forma a cerrar um espaço aéreo, são chamados de
cercas-vivas, como pode ser observado na figura 3.

FIGURA 3 - EXEMPLO DE CERCAS VIVAS, A FIM DE COMPOR UM MACIÇO PARA EVITAR UMA
TRANSPOSIÇÃO OU DELIMITAR UMA ÁREA

Fonte: shutterstock l ID: 629161163

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 44


As plantas tropicais são excelentes para compor maciços e têm a utilidade de
cercas-vivas, como vemos nas figuras 4 e 5, com bananeira-de-jardim e helicônia amarela,
respectivamente.

FIGURA 4 - CERCA-VIVA FORMADA POR PLANTA TROPICAL CONHECIDA COMO BANANEIRA-


DE-JARDIM (MUSA PARADISÍACA).

FIGURA 5 - MACIÇO DE PLANTAS TROPICAIS FORMADOS POR UMA ÚNICA ESPÉCIE. A


HELICÔNIA AMARELA

Fonte: shutterstock l ID: 2144641561

São também indicadas para maciços as plantas de menor porte ou rasteiras. Podem
fazer parte de projetos de jardins sustentáveis em substituição do gramado.

2.4.2 Ideal para ser utilizado como forrações


As plantas de forração são aquelas que possuem pouca altura, com crescimento
horizontal maior (se alastram) do que o vertical, forrando grandes espaços e assim criando
contrastes e texturas. Servem como elemento de integração para espécies mais altas.
Existem Forrações de Jardim que se desenvolvem a pleno sol, na sombra e meia
sombra, podem ser usadas em todo o tipo de jardim e em vasos. São exemplos de espécies
para forrações à meia sombra a grama-amendoim (figura 6) e o tapete inglês (figura 7).

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 45


FIGURA 6 - FORRAÇÃO DE GRAMA-AMENDOIM, ESSA GRAMA NÃO RESISTE A PISOTEIOS E
GOSTA DE MEIA SOMBRA OU PLENO SOL.

Fonte: shutterstock l ID: 2084238685

FIGURA 7 - FORRAÇÃO DE PLANTA CONHECIDA COMO TAPETE INGLÊS (POLYGONON


CAPITATUM)

Fonte: shutterstock l ID: 1059833615

2.4.3 Ideal para bordaduras


Bordaduras é o nome que se dá a um conjunto de plantas utilizadas para delimitar
e emoldurar os canteiros do jardim. Serve também para margear caminhos, escadas, sua-
vizar maciços dando um colorido todo especial ao jardim.
Para essa função são indicadas espécies com crescimento horizontal maior (se
alastram) do que o vertical. São espécies popularmente chamadas de plantas “baixinhas
ou rasteiras”.
Existem bordaduras de Jardim que se desenvolvem a pleno sol, na sombra, meia
sombra e podem ser usadas em todo o tipo de jardim. Uma espécie muito utilizada em
jardins para essa prática é o Chlorophytum, como observado na figura 8.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 46


FIGURA 8 - PLANTAS DE CLOROFITO SENDO REGADAS

Fonte: shutterstock l ID: 1988769950

2.4.4 Classificação quanto à comercialização


As plantas ornamentais podem ser classificadas quanto à comercialização, nesse
sentido podemos ter plantas de corte, utilizadas para compor buquês e enfeites em eventos
e cerimônias. As plantas tropicais mais comuns de Alpínias, Antúrios, Bastão do Imperador,
Estrelítzia, Gengibre, Sorvetão, Helicônea.
Para que vocês tenham dimensão da grande variedade de plantas que são co-
mercializadas é importante que pesquisem sobre esses assunto e vejam as imagens das
espécies aqui citadas.

2.5 Classificação quanto ao turno de rega


Nesta classificação, (a) existem as que necessitam de solo sempre úmido, deven-
do ser regado dia sim dia não; (b) as que gostam de água, mas não solos encharcados,
podendo receber água duas vezes na semana; (c) as que suportam solos secos e alguma
estiagem, conhecidas como cactáceas e suculentas.

2.6 Classificação quanto à preferência do tipo de solo


• a) Indicadas para solos argilosos: quando plantada em vaso, a mistura do solo
recomendada é de 2 partes de terra (solo argiloso) , 2 partes de terra vegetal
(matéria orgânica) e 1 parte de solo arenoso (ou areia). Exemplo: Eugênia.
• b) Indicada para solos francos (mistos) ou areno argilosos: quando em vaso, a
mistura recomendada é: 1 parte de solo misto ou argiloso, 1 parte de terra vegetal,
1 parte de composto orgânico (cascas, xaxim, turfas, etc.) e 1 parte de areia
• c) Indicado para solos arenosos: quando em vaso, recomenda-se a mistura de:
1 parte de solo de jardim, 1 parte de composto orgânico e 2 partes de areia.
• d) Indicado para solos ricos em matéria orgânica: quando em vaso, recomen-
da-se a mistura de: 1 parte de terra comum, 1 parte de terra vegetal, 2 partes de
compostos orgânicos (húmus, cascas, esterco curtido, etc.
Conhecendo essa classificação, vamos agora dar ênfase à produção de plantas
ornamentais tropicais, do tipo corte, flores e folhagens no próximo tópico.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 47


3
TÓPICO

PRODUÇÃO DE FLORES
DE CORTE: FLORES E
FOLHAGENS TROPICAIS

As flores e folhagens tropicais apresentam grande rusticidade, conferindo leveza


e são muito bem adaptadas ao clima do Brasil, especialmente àqueles mais quentes das
regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Assim, alguns exemplos de plantas tropicais são: os antúrios, as helicônias e os
filodendros. Nos últimos anos, o cultivo de flores tropicais vem se tornando uma boa al-
ternativa de investimento tanto para produtores que utilizam alta tecnologia, quanto para
produtores extrativistas e agricultores familiares (SENAR, 2016).
Vamos então falar de cinco espécies de plantas tropicais com flores de interesse
comercial para corte.

1- Alpínia (Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum.)


Descrição da planta: Família Zingiberaceae, perene, herbácea, altura entre 1,5
a 2,0 m, caule tipo rizoma, entouceirante; folhas verde-escuro com superfície ondulada;
inflorescências terminais que se formam no final dos ramos, com tonalidades que variam
de branco a vermelho.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras ou por brotos que se formam
nas inflorescências velhas.
Cultivo: Em ambiente protegido com 40 a 60% de sombreamento. Não tolera tem-
peraturas baixas, ideal é entre 21 a 35 °C. Solo rico em matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 48


FIGURA 9 - ALPÍNIA CULTIVADA PRÓXIMO A MUROS E DETALHE DAS FLORES

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

2- Antúrio (Anthurium spp.)


Descrição da planta: Família Araceae, perene, herbácea, altura entre 0,3 a 1,0 m,
caule aéreo; folhas grandes, verde-escuro brilhantes; hastes florais alongadas com inflores-
cência terminal vistosa com cores que variam de branco a vermelho intenso.
Multiplicação: Por estaquia de caule, mudas laterais ou micropropagação.
Cultivo: Em ambiente protegido com 50 a 90% de sombreamento. Não tolera
temperaturas baixas, ideal é entre 20 a 28 °C. Solo rico e matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

FIGURA 10 - ANTÚRIO E SUAS VARIAÇÕES

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

3- Estrelítzia (Strelitzia reginae Aiton)


Descrição da planta: Família Strelitziaceae, perene, herbácea, entre 1,0 a 1,5
m de altura, caule tipo rizoma, entouceirante; folhas grandes, alongadas; hastes florais
alongadas, inflorescências com terminais com flores alaranjadas muito duráveis formadas
diretamente no rizoma.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.
Cultivo: A pleno sol. Não tolera temperaturas baixas, ideal é entre 20 a 30 °C. Solo
rico em matéria orgânica, arejado e bem drenado, porém, sempre úmido.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 49


FIGURA 11 - ESTRELÍTZIA E SEUS DETALHES

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

4- Helicônia (Heliconia spp.)


Descrição da planta: Família Heliconiaceae, perene, herbácea, entre 0,5 a 1,0 m
de altura, caule tipo rizoma, entouceirante; folhas grandes, alongadas; grande variedade de
tipos de inflorescências terminais (eretas ou pendentes) com cores que variam do branco
até o marrom com diversas tonalidades.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.
Cultivo: Em local parcial ou totalmente sombreado dependendo da variedade
cultivada. Não tolera temperaturas baixas, ideal é entre 21 a 35 °C. Solo rico em matéria
orgânica, arejado e bem drenado, porém, sempre úmido.

FIGURA 12 - HELICÔNIA PAPAGAIO, UMA PLANTA BASTANTE PROCURADA PARA CORTE

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

5- Gengibre-sorvetão (Zingiber spectabile Griff)


Descrição da planta: Família Zingiberaceae, perene, herbácea, com altura entre
1,5 a 2,5 m, caule tipo rizoma, entouceirante; folhas alongadas; hastes curtas com inflores-
cências terminais arredondadas ou alongadas, cor amarelo-claro passando para rosa-aver-
melhado quando totalmente desenvolvidas, formadas diretamente no rizoma.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.
Cultivo: Em ambiente protegido com 40 a 60% de sombreamento. Não tolera tem-
peraturas baixas, ideal é entre 22 a 35 °C. Solo rico em matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 50


FIGURA 13 - GENGIBRE-SORVETÃO E DETALHES DAS FLORES

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

Apresentadas as flores tropicais, vamos à produção de 3 folhagens exuberantes e


muito procuradas para corte e paisagismo.
1- Guaimbé (Philodendrum bipinatifidium)
Descrição da planta: Com folhas grandes e ornamentais, originária do Brasil, de
aspecto selvagem e muito decorativa, pode ser cultivada em vasos e interiores, formação
de maciços ou em amplos espaços gramados e como planta trepadeira, chegando até 3
metros de altura.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.
Cultivo: Em ambiente protegido com 40 a 60% de sombreamento. Não tolera tem-
peraturas baixas, ideal é entre 22 a 35 °C. Solo rico em matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

FIGURA 14 - DETALHES DE GUAIMBÉ, EM VASO OU NO SOLO

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

2 - Singônio
Descrição da planta: Uma planta perene, de crescimento rápido e vigoroso. Suas
folhas são esverdeadas e em formato de coração. Adaptável a qualquer ambiente, pode ser
cultivada em ambientes internos e externos.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 51


Cultivo: Em ambiente protegido com 40 a 60% de sombreamento. Não tolera tem-
peraturas baixas, ideal é entre 22 a 35 °C. Solo rico em matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

FIGURA 15 - DETALHES DAS FOLHAS DE SINGÔNIO

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

3 - Costela de Adão
Descrição da planta: Possui folhas grandes e exuberantes, tem crescimento
rápido, é adaptável a vários ambientes, mas não gosta de sol direto por longos períodos.
Gosta de ser regada duas vezes na semana, ou seja, substrato fresco e levemente úmido.
As folhas em locais fechados deve receber higienização com pano úmido, é essencial para
o brilho das folhagens.
Multiplicação: Por rizomas retirados das touceiras.
Cultivo: Em ambiente protegido com 40 a 60% de sombreamento. Não tolera tem-
peraturas baixas, ideal é entre 22 a 35 °C. Solo rico em matéria orgânica, arejado e bem
drenado, porém, sempre úmido.

FIGURA 16 - DETALHES DA FOLHAGEM CONHECIDA COMO COSTELA DE ADÃO

Fonte: Freepik, adaptada pela autora (2023).

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 52


As plantas ornamentais, assim como outras culturas, são suscetíveis a pragas e doenças. É importante es-
tudar sobre elas e seu controle. O uso de qualquer produto químico para o controle de pragas e doenças,
somente deverá ser feito sob a supervisão de um profissional devidamente capacitado. Existem muitas re-
ceitas naturais para serem utilizadas em plantas domésticas, no material complementar há a indicação de
um livro com nome “Pesticidas da vovó” do prof. Dr. Julio Cesar Tocacelli Colella. O download é de graça na
editora da Unifatecie. Acesse: https://editora.unifatecie.edu.br/index.php/edufatecie/catalog/book/34

Urban Jungle é um estilo de decoração que consiste em incluir plantas e elementos ligados à natureza
concentrados no interior de ambientes. Ele é feito com vasos, prateleiras, caixotes de madeira, tijolos de
concreto e diversos outros materiais. Além de resgatar a brasilidade, o Urban Jungle ajuda na saúde física e
mental dos moradores, pois as plantas trazem um ar de tranquilidade. Usam-se principalmente folhagens
tropicais. Acesse: https://www.vivadecora.com.br/pro/urban-jungle/

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 53


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos que o aprendizado sobre o cultivo de plantas ornamentais é exten-
so. Há uma grande variedade de espécies a serem conhecidas e ainda suas combinações
e habitat. Portanto, para aqueles que querem se aprofundar neste tema é relevante que
busquem mais informações em livros e sites especializados.
Outra informação importante é que algumas plantas que ornamentam vasos ou jar-
dins trazem com elas componentes ativos tóxicos camuflados pela beleza de alguns vegetais
e, em condições específicas de exposição, podem induzir quadros graves de intoxicação.
As plantas tropicais, por serem mais adaptadas ao nosso clima, são aquelas mais
recomendadas ao cultivo e ao uso em paisagismo, bem como por exigirem menor manuten-
ção. Isso não quer dizer que o trabalho em horticultura não exista, ainda são necessários
a manutenção nutricional das plantas, conhecimento sobre podas, manejo de pragas e
doenças, entre outros tratos culturais.
Como o enfoque da disciplina é o paisagismo, lembre-se que para realizar a im-
plantação de um jardim com espécies tropicais é importante observar que ele não possui
simetria, simula o habitat natural das plantas e a variedade de espécies e combinações faz
parte da criatividade do paisagista e também do conhecimento adequado sobre as plantas.
Encerramos então mais uma unidade dentro desta disciplina.
Nos vemos na unidade IV.

UNIDADE 3 PLANTAS ORNAMENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA: MERCADO, PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO 54


MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Pesticidas da vovó
• Autor: Julio Cesar Tocacelli Colella
• Editora: EduFatecie
• Sinopse: O contato com produtos agroquímicos, no tempo de
nossos avós, não é como hoje. Para solucionar problemas com
os mais variados e sortidos tipos de pragas em suas culturas, não
importando se fosse uma horta ou uma área de grande extensão,
eles utilizavam métodos físicos e biológicos. Contudo, foram cain-
do no esquecimento devido à imposição das facilidades de novos
produtos fitossanitários vindo de indústrias químicas e que res-
pondem rapidamente ao ataque de pragas. No presente, nota-se
a volta à origem. O regresso à utilização de produtos que eram
utilizados por avós e até bisavós, pois os produtos que tentaram
os deixar “obsoletos”, atualmente, não conseguem mais fazer o
manejo mínimo que deveriam fazer. Depois de uma pesquisa de
5 anos em publicações sobre o tema, bem como com produtores
rurais e com senhores e senhoras de idade que viveram tempos na
área rural, hoje vivem na área urbana, nasceu a ideia de escrever
este livro, o qual possui o objetivo de tentar, de modo simples e em
formato de livro de receitas, reavivar alguns desses manejos que
eram utilizados no passado e caíram no esquecimento.

FILME/VÍDEO
• Título: URBAN JUNGLE: 5 PLANTAS para ter em AMBIENTES
FECHADOS | Plante Você Mesmo | Carol Costa
• Ano: 2022
• Sinopse: A jardineira Carol Costa dá 5 dicas de plantas para culti-
var em ambientes fechados e passa um guia rápido de como cuidar
de cada folhagem. Com o estilo de decoração Urban Jungle, você
enche sua casa (ou apartamento) de verdinhas sem precisar de um
quintal. Já pensou em ter uma pequena selva na sua sala, área de
serviço ou quarto? Mas atenção: para o cultivo indoor, o ideal é que
as plantas sejam de meia-sombra. Dê play e descubra quais!
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=cVbHR5rknIo

WEB
• Plantas de A a Z, com detalhes, fotos, manejo, tipo de uso.
• Link do site: https://www.jardineiro.net/

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UNIDADE
REVEGETAÇÃO: CONCEITOS
E TÉCNICAS PARA MATAS
CILIARES, RESTINGAS E
ÁREAS DEGRADADAS;
E CONHECIMENTO DA
FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
Professor(a) Dra. Ticiana Petean Pina

Plano de Estudos
• Conceitos e Definições de Revegetação;
• Técnicas de Revegetação;
• Fitogeografia do Brasil.

Objetivos da Aprendizagem
• Estudar subsídios para a análise e execução de estudos;
• Entender projetos e ações relacionadas à recuperação de áreas
degradadas com conceitos descritos por especialistas e aceitos
pela comunidade científica.v
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar uma unidade de grande importância profissional e
de caráter social, vamos falar de responsabilidade ambiental. Desde que o homem inicia
seu caminho pelo planeta, vem fazendo uso da natureza para seu desenvolvimento. Mas
o número crescente de pessoas, a industrialização, a expansão de fronteiras agrícolas, as
instalações não bem planejadas de infraestrutura, mineração e transporte têm colocado o
planeta em grandes prejuízos ambientais.
Para que as futuras gerações possam sobreviver é necessário uma gama de ações
para restituir ou mitigar o processo de degradação ambiental, para isso, iniciei essa introdu-
ção falando sobre responsabilidade ambiental (RE).
A RE é um conjunto de atitudes individuais ou coletivas, realizadas pela sociedade
civil, governamental e empresarial para levar ao crescimento econômico ajustado à proteção
do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade.
Para isso, futuros profissionais, vamos aprender técnicas que auxiliam nesse pro-
cesso, viabilizando a construção de um planeta limpo, justo e economicamente sustentável.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 57
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
1
TÓPICO

CONCEITOS E
DEFINIÇÕES DE
REVEGETAÇÃO

Vamos iniciar esse tópico com alguns questionamentos: por que revegetar? Reve-
getar ou Reflorestar? A revegetação é uma proposta para recuperação de áreas degrada-
das. Ou seja, revegetamos porque o ambiente foi modificado a ponto de não apresentar
características necessárias para a diversidade de vida. Então, para compreendermos
melhor esse tópico vamos rever alguns conceitos:

• Degradação: a degradação em termos de área local é definida quando a ve-


getação e/ou a fauna foram removidas ou expulsas; a camada fértil do solo foi
removida ou enterrada; a qualidade e /ou regime de vazão de um sistema hídrico
foi alterado. A degradação ocorre quando há perdas em suas características
físicas, químicas e biológicas.

Uma área degradada é aquela que apresenta baixa resiliência, isto é, seu retorno
ao estado anterior pode não ocorrer ou ser extremamente lento, sendo a ação antrópica
necessária (CARPENEZZI et al., 1990). É uma área impossibilitada de retornar por uma
trajetória natural, a um ecossistema que se assemelhe a um estado conhecido antes, ou
para outro estado que poderia ser esperado (IBAMA, 2011). Como exemplo, citamos as
áreas de mineração, nas quais toda camada superficial do solo é retirada, degradando
vegetação e substrato. O subsolo estéril não é capaz de se regenerar sozinho.
Por essa razão, é necessário o desenvolvimento de técnicas que visem à recupera-
ção da área degradada a partir da eliminação ou redução dos impactos causados pela ação
antrópica, pois essas técnicas proporcionam a inserção de determinadas espécies vegetais

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 58
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
que já ocorriam no local, permanência de outras formas de vida, fornecimento de abrigo e
alimento para a fauna local (RODRIGUES et al., 2009).
Para o desenvolvimento e implantação dessas técnicas de forma correta é impres-
cindível a realização de pesquisas sobre as diferentes condições ambientais, bem como de
metodologias para recuperar cada local, proporcionando, dessa forma, melhor avaliação do
ecossistema e dos processos ecológicos que ocorrem no ambiente (FERREIRA et al.,2009).
Entre as técnicas de recuperação de ambientes degradados, destacam-se as téc-
nicas de revegetação, técnicas de remediação e geotécnicas. Algumas diferenças entre as
técnicas são importantes, nesse momento, serem ressaltadas.
A técnica de revegetação consiste no plantio localizado de espécies vegetais que
não ocorriam mais ou nunca ocorreram no local. Já as tecnologias de remediação são
desenvolvidas a partir de métodos de tratamentos químicos ou biorremediação destinados
a neutralizar ou eliminar contaminantes no solo e na água. As geotécnicas envolvem a
construção de estruturas de contenção e retenção visando a estabilidade física do ambiente
(FLORENTINO; SANTOS et al., 2011).
Com esses conceitos fixados, vamos ao próximo tópico, no qual trataremos dos
métodos de revegetação mais conhecidos.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 59
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
2
TÓPICO

TÉCNICAS DE
REVEGETAÇÃO

A recuperação de áreas degradadas por revegetação consiste na cobertura vegetal


do solo, a fim de reduzir a ação das chuvas e do vento, evitando, dessa forma, o desenvol-
vimento de processos erosivos que favorece o carreamento de partículas e a degradação
do ambiente (SANTOS et al., 2011; NOGUEIRA et al., 2012).
A recuperação dessas áreas pode ser realizada utilizando diversas espécies ve-
getais, incluindo leguminosas arbóreas e herbáceas que atuam em simbiose com fungos
micorrízicos e bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico (NOGUEIRA et al., 2012)
As principais técnicas de revegetação são:
• Semeadura manual;
• Plantio de grama em placa;
• Reflorestamento;
• Hidrossemeadura;
• Aplicação de Biomanta.

2.1 Semeadura Direta


Na técnica de semeadura direta é importante destacar que esta pode ser realizada
manualmente ou mecanizada. Porém, consiste na técnica de semear as sementes direta-
mente no solo, ou seja, em local definitivo. A muvuca, é uma técnica de semeadura direta,
muito estudada nos últimos anos.
Para que a muvuca ocorra, é primeiramente realizada uma mistura de sementes
de árvores nativas, adubação verde e alimentícias. Essa mistura de sementes agrícolas

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 60
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
e florestais que compõe a muvuca segue a lógica da sucessão florestal, ou seja, o mais
natural possível.
Para realizar a semeadura, as sementes nativas e de adubação verde são mistu-
radas com areia, com o intuito de formar um insumo homogêneo perfeito, auxiliando na
estrutura da floresta. Outro fator importante é que a muvuca consegue gerar o dobro ou até
dez vezes mais árvores por hectare e com metade do custo do que um plantio com mudas.
Como realizar?
• Utilizar de 25 a 50 sementes por m² (250 mil a 500 mil sementes por hectare);
• A semeadura pode ocorrer em linhas (manual ou com plantadeira) ou a lanço;
• Para complementar a semeadura pode-se realizar o plantio de mudas (cerca de
400 mudas por hectare).

Para realizar a escolha das espécies para a muvuca, vamos acompanhar as espé-
cies selecionadas por Rigueira (2015):
Plantas de atestamento ou preenchimento: são aquelas que necessitam de sol
pleno, apresentam rápido crescimento em altura e de copa. Por exemplo: Quaresmeira
(Tibouchina granulosa), Canjão (Senna spectabilis), Pau-pombo (Tapirira guianensis e
Tapirira obtusa), Ingá (Inga spp.), Tamboril (Enterolobium timbouva), Ingazerão (Tachigali
densiflora), Angico (Anadenanthera colubrina) etc.
Plantas de diversas: (excluí-se todas as outras plantas que não tem as caracte-
rísticas das plantas de atestamento). Levamos como exemplos: Pau-d´óleo ou Copaíba
(Copaifera langsdorfii), Sucupira (Bowdichia virgilioides), Leiteira (Sapium glandulosum),
Mucugê-bravo (Clusia nemorosa), Jatobá (Hymenaea courbaril), Embaúba (Cecropia
pachystachya), Ipê-amarelo (Handroanthus chrysotricus), Pau-ferro (Libidibia ferrea), Ce-
dro-d’água (Vochysia pyramidalis), Pau-paraíba (Simarouba amara), Lima d’anta (Hortia
brasiliana), Piolho-de-urubu (Dictyoloma vandellianum), Laranjeirinha (Zanthoxylum rhoifo-
lium) etc.
Espécies consideradas de adubação verde: são aquelas que promovem a me-
lhoria das condições físicas e químicas do solo e melhoram a rizosfera das outras plantas.
Temos como exemplo o Feijão-andú, Feijão-de-porco, Crotalária Mucuna etc.

2.2 Plantio de grama em placa


As placas de grama tem algumas funções importantes que vão além da preser-
vação do solo, pois fornecem consideráveis benefícios estéticos, ecológicos, funcionais,
recreacionais e sociais.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 61
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
Apresenta como benefício funcional e ecológico a melhora na estabilização do solo
na superfície, retroagindo para potencial de erosão. Durante o seu crescimento, as placas
de grama beneficiam componentes edáficos fundamentais dos sistemas-suporte da vida no
planeta, tais como o solo e água.
Existe um projeto conhecido como GRAMA LEGAL, que tem como finalidade o
incentivo ao cultivo de gramados como revegetação em rodovias. São indicadas as es-
pécies de gramíneas que possuam raízes fasciculadas, crescimento rápido e rasteiro na
revegetação de rodovias em taludes, acostamentos, canteiros centrais, pois podem ter
enorme vantagem.

2.3 Reflorestamento.
Em áreas degradadas que foram desmatadas e não possuem a capacidade de
revegetação natural, é realizada a técnica de reflorestamento. O tipo de reflorestamento
varia de acordo com a localidade:
• Reflorestamento urbano
Realizado em áreas urbanas, como parques e praças. Os municípios possuem o
plano diretor de Arborização Urbana, que compõe esse aspecto. Já vimos sobre
reflorestamento urbano na unidade que tratamos de Arborização Urbana.

• Reflorestamento em área rural


Trata-se do replantio de árvores em áreas florestais desmatadas, ou seja, onde
existiam florestas, matas ou outra vegetação de ocorrência natural. Existem dife-
rentes subtipos de acordo com o objetivo: condução natural de vegetação, enri-
quecimento de vegetação, adensamento de vegetação, plantio total de vegetação.

Para melhor escolha da técnica a ser utilizada, é necessário ter atenção a


alguns detalhes importantes:
01. Levantamento do histórico da área: importante considerar, pois em alguns ca-
sos, interrompendo a causa da degradação, as chances de regeneração natural
são relevantes. Então leve em consideração o histórico completo da área: qual
atividade é realizada na área (mineração, agricultura, pecuária); área sofre com
queimadas, há muitas colônias de formigas, há quanto tempo a área se encontra
nessa situação de degradação.
02. Detectar o tipo de vegetação natural pode auxiliar no sucesso do refloresta-
mento.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 62
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
03. Quantificar a eficiência de chegada de sementes e plantas de áreas ao redor
para avaliar se será necessário o plantio de mudas, observando:
Há ocorrência de fragmentos de floresta próximos da área a ser reflorestada?
Identificar o tamanho dessa área (é capoeira, mata nova, mata velha?)
Ocorrem plantas nascendo espontaneamente, sem serem plantadas?
Você já viu sementes ou frutos de plantas que não existem na área?
04. Levantar as características do solo na área a ser reflorestada para escolher
que tipo de manejo do solo será necessário, solicitando análise física e química
do solo.

Observados esses fatores, caso ainda ocorra a necessidade de realizar plantios


com mudas ou sementes, dois passos (a e b) básicos são importantes:
a. Retirada das fontes degradadoras ou de impactos, interrompendo as ativida-
des produtivas no local;
• Evitar a entrada de animais, cercando a região afetada;
• Interromper o corte das árvores nativas do local;
• Realizar aceiro (espaço desbastado de vegetação) para o fogo não entrar. A
melhor forma de fazer um aceiro deve ser orientada pela brigada voluntária mais
próxima de você;
• Realizar o manejo de plantas daninhas competidoras.
• Combater pragas, como as formigas (ver em Monitoramento, item 4 Controle
de pragas).

b. Recuperação do solo:
• Buscar o controle de erosão e voçorocas (barranco ou buracão);
• Recomendar calagem e o manejo da fertilidade do solo (exceto em áreas de
cerrado);
• Utilizar matéria orgânica viva como cobertura do solo (feijão-andu, feijão-de-
-porco, crotalária, mucuna) ou morta (resto de capina ou podas).

Realizadas essas observações, vamos então aos detalhes sobre as técnicas que
podem ser utilizadas no reflorestamento rural. Segundo Rigueira (2015), os tipos de inter-
venção para a restauração ecológica que podem ser utilizados são:
a. Gerenciamento natural da vegetação - áreas com potencial de regeneração
natural.
• Cercar (se necessário) e deixar regenerar;

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 63
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
• Realizar tratos culturais, como coroamento e adubação das mudas que lá se
encontram;
• Controle plantas invasoras (leucena, algaroba, samambaião, capins).

b. Aumento da diversidade da vegetação - para áreas que apresentam uma


regeneração da vegetação com pouca diversidade de espécies (poucos tipos de
plantas):
• Plantar mudas e/ou sementes - entre 400 a 625 mudas ou covetas (cada coveta
com 2 a 3 sementes) por hectare com espaçamento de 4 ou 5 metros uma das
outras;
• Usar espécies secundárias e tardias (não-pioneiras, tolerantes à sombra);
• Realizar tratos culturais de manutenção.

c. Aumento de quantidade da vegetação - para áreas em regeneração com


baixa densidade de espécies ou em áreas de clareiras:
• Plantar mudas e/ou sementes - entre 1.660 a 2.500 mudas ou covetas (cada
coveta com 2 a 3 sementes) por hectare com espaçamento de 3 ou 2 metros uma
das outras;
• Escolher espécies de preenchimento (geralmente espécies pioneiras ou secun-
dárias iniciais, tolerantes ao sol, com rápido crescimento e rápida formação de
copa/sombreamento);
• Realizar tratos culturais de manutenção.

d. Replantio em área total da vegetação - para áreas degradadas ou muito


impactadas, sem ou com baixo potencial de regeneração natural:
• Plantar preferencialmente mudas - entre 1.660 a 2.500 mudas por hectare com
espaçamento de 3 ou 2 metros uma das outras;
• Plantar em linhas, intercalando entre espécies de preenchimento e de diversi-
dade;

2.4 Hidrossemeadura
A hidrossemeadura é um método de dispersar água misturada com sementes,
geralmente de espécies rasteiras, e fertilizantes para o processo de revegetação de áreas
que sofreram danos ambientais. Por exemplo, na construção de estradas e rodovias há
uma grande modificação da paisagem, com modificações consideráveis na flora nativa
e com mudanças geográficas do solo. Então, para que novos barrancos, áreas livres de
vegetação não sofram erosão e que ocorra rápido crescimento vegetativa, usa-se essa
técnica de semeadura, principalmente com grama.

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
Nos dias atuais é possível implementar cerca de 4.000 m² de gramados em um dia
de trabalho, tanto em taludes quanto em forrações. Na figura 1 vemos um comparativo de
aplicação de grama em tapetes ou leiva, com a hidrossemeadura, realizada pela empresa
(VERDETEC, 2023).

FIGURA 1 - COMPARATIVO DE HIDROSSEMEADURA REALIZADO PELA VERDETEC

Fonte: Verdetec (2023).

A hidrossemeadura pode ser realizada em conjunto com outra técnica, a de biomanta.


Isso ocorre quando as condições do solo exposto não são férteis, descompactados ou com-
patíveis com regeneração de matéria orgânica. Vamos ver a técnica de biomantas a seguir.

2.5 Biomanta
As biomantas são técnicas de revegetação principalmente de encostas e taludes,
com declividade que impediria um trabalho rápido de revegetação através de mecanização
tradicional. É uma solução utilizada pela Engenharia destinada ao combate de erosões,
protegendo o solo através de uma ação sustentável e econômica.
Para a fabricação de biomantas são utilizadas fibras vegetais e sintéticas. As fibras
são costuradas, formando uma trama de boa resistência, com o auxílio de juta ou telas de
polipropileno, como exemplificado na figura 2.

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
FIGURA 2: DEMONSTRAÇÃO ILUSTRATIVA DA CONSTITUIÇÃO DE BIOMANTA DE FIBRA DE COCO

Fonte: Deflor Engenharia (2023).

Essa tecnologia protege imediatamente o solo até que ocorra o estabelecimento


da vegetação, ou seja, a biomanta não é por si só a produtora de vegetação, é um artifício
para auxiliar no processo de revegetação. Aliada à biomanta, podemos utilizar a hidrosse-
meadura.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 66
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
3
TÓPICO

FITOGEOGRAFIA
DO BRASIL

Para trabalharmos a revegetação de áreas degradadas é importante conhecermos


a vegetação natural regional. O sucesso ou fracasso da revegetação está pautado do
conhecimento do clima, da vegetação e do relevo, e o estudo dessas características é
chamado de Domínios Fitogeográficos ou Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos, ou
seja, FITOGEOGRAFIA.
Devido à grandeza territorial brasileira, nosso país apresenta solos e climas muito
diferentes. Em função dessas características, há uma evidente diversidade de biomas,
definidos, sobretudo, pelo tipo de cobertura vegetal.
Segundo o IBGE, citado por Santos (2023 )

um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos


de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com
condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram
os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diver-
sidade de flora e fauna própria.

No estudo da Fitogeografia Brasileira, vamos entender dos diversos biomas brasi-


leiros, são eles:
• Caatinga;
• Cerrado;
• Mata Atlântica;
• Manguezal;
• Pampas;

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
• Mata de Araucárias;
• Floresta Amazônica;
• Zona de cocais;
• Pantanal.

Para melhor entendimento, temos a figura 3 com uma ilustração sobre a localização
dos biomas brasileiros.

FIGURA 3 - ILUSTRAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO TERRITORIAL DOS BIOMAS TERRESTRES


BRASILEIROS.

Fonte: IBGE (2023).

Vamos então à descrição desses biomas terrestres brasileiros de forma simplifica-


da, levando em conta as descrições dadas pelo IBGE.

Caatinga: esse bioma em questões vegetais é composto basicamente por plantas


cactáceas e xerófilas. São plantas que sobrevivem em ambientes com alta luminosidade
e escassez de água. São exemplos da flora da caatinga: juazeiro, acácia, umbu, cumaru,
macambira, aroeira e xique-xique.

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
Na figura 4 podemos observar uma foto da caatinga, com dois exemplos de plantas:
a macambira (da família das bromélias) e o xique-xique (cacto).

FIGURA 4 - FOTO DA CAATINGA.

Fonte: shutterstock l ID: 2144233485

Cerrado: no cerrado temos a vegetação típica de savanas, além de solos ácidos,


baixa fertilidade natural e muitas vezes ricos em alumínio. As Árvores são esparsas, de tronco
retorcido, casca grossa, folhas espessas. São exemplos de plantas do cerrado: pequi, buriti,
mangaba, cagaita, bacupari, araticum, babaçu, bacuri, cajuzinho-do-Cerrado, coquinho-aze-
do, gueroba, murici, jatobá, mangaba e baru. A flor símbolo do cerrado é a Caliandra.
Na figura 5 vemos a Chapada dos Guimarães, uma vegetação mais densa, típica
da savana tropical brasileira.

FIGURA 5 - CHAPADA DOS GUIMARÃES.

Fonte: shutterstock l ID: 1062208322

Mata Atlântica: vegetação exuberante, com árvores altas, higrofitismo e epifitismo


(orquídeas). Região úmida em função dos ventos que sopram do mar. É um bioma extrema-
mente devastado pela ação do homem, e é hoje classificado como um bioma em extinção.
As principais espécies da Mata Atlântica são:
• Açoita Cavalo Miúdo (Luehea divaricata);

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 69
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
• Araça Amarelo (Psidium cattleianum);
• Babosa Branca (Cordia superba);
• Café de Bugre (Cordia ecalyculata);
• Canafistula (Peltophorum dubium);
• Canela Amarela (Ocotea velutina);
• Canela Guaica (Ocotea puberula);
• Capixingui (Croton floribundus);
• Carne de Vaca (Cletlra scabra);
• Carobão (Jacaranda micrantha);
• Casca D’Anta (Rauvolfia sellowii);
• Castanha do Maranhão (Bombacopsis glabra);
• Cedro Rosa (Cedrela fissilis);
• Cereja do Mato (Eugenia involucrata);
• Chuva de Ouro (Lophantera lactescens);
• Embira de Sapo (Lonchocarpus cultratus);
• Fedegoso (Senna pendula);
• Fruta da Condessa (Rollinia mucosa);
• Goiaba (Psidium guajava);
• Grumixama (Eugenia brasiliens);
• Guaçatunga (Casearia sylvestris);
• Guajuvira (Cordia americana);
• Guaramirim (Plinia rivularis);
• Guarita (Astronium graveolens);
• Ingá de Metro (Inga edulis);
• Ingá Feijão (Inga marginata);
• Jaboticaba sabará (Plinia trunciflora);
• Jerivá (Syagrus romanzoffiana);
• Juquiri (Mimosa regnellii);
• Laranja de Macaco (Posoqueira latifolia);
• Mamica de Porca (Zanthoxylum rhoifolium);
• Maricá (Mimosa bimucronata);
• Monjoleiro (Senegalia polyphylla);
• Morototo (Schefflera morototoni);

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
• Palmito Jussara (Euterpe edulis);
• Pata de Vaca (Bauhinia forficata);
• Pau Brasil Ornamental (Caesalpinia echinata);
• Pau Cigarra (Senna multijuga);
• Pau d’alho (Gallesia integrifolia);
• Pau Ferro (Caesalpinia ferrea);
• Pau Jacaré (Piptadenia gonoacantha);
• Pessegueiro Bravo (Prunus sellowii);
• Saboeiro (Sapindus saponaria);
• Saguaragi (Colubrina glandulosa);
• Tamanqueiro (Aegiphila sellowina);
• Tucaneiro (Citharexylum myrianthum);
• Urucum (Bixa orellana).

Manguezal: constitui uma faixa estreita e paralela ao litoral. As espécies vegetais


se destacam por sua adaptação a ambientes com baixa concentração em oxigênio e alto
teor de água no solo, por desenvolverem raízes respiratórias e caules de sustentação. São
exemplos de vegetação do mangue:
• Rhizophora mangle (mangue vermelho);
• Laguncularia racemosa (mangue branco);
• Avicennia sp (mangue preto, canoé);
• Conocarpus erectus (mangue de botão).

Pampas: conhecido como um bioma simples, porém é uma vegetação muito rica
onde há mais de 3 mil espécies catalogadas. Sua cobertura vegetal do tipo campo é
importante para a preservação do solo quanto à erosão e ótimo para absorção de carbono.
É um bioma compartilhado com Uruguai e Argentina. No Planalto Médio e na área ocupada
pelas Missões, a cobertura original – conhecida como campo de barba-de-bode – já foi
praticamente destruída para dar lugar às atividades agrícolas.
Flora do Pampa
• Grama-tapete;
• Capim-forquilha;
• Flechilha;
• Cabelo-de-porco;
• Babosa-do-campo;
• Trevo-nativo;

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 71
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
• Algarrobo;
• Nhandavaí.

Mata de Araucárias: a vegetação predominante é de árvores altas, arbustos e


gramíneas. O clima é de temperaturas amenas a baixas e chuva intensa. São compostas
por: Pinheiro do Paraná, Samambaias, Xaxim entre outras.
Na figura 6 podemos observar uma floresta nativa de araucárias.

FIGURA 6 - ILUSTRAÇÃO DO BIOMA MATA DE ARAUCÁRIAS.

Fonte: shutterstock l ID: 1896510007

Floresta Amazônica: Reconhecida mundialmente, sua relevância para a qualidade


de vida terrestre já é enobrecida há tempos. A vegetação é densa, com espécies de dife-
rentes alturas, divididas em estratos. Os solos são geralmente rasos, de baixa fertilidade
e ácidos. Estão sob pluviosidade intensa e temperaturas elevadas a maior parte do ano.
As árvores mais conhecidas são: o açaí, a seringueira, andiroba, pupunha, mogno, cedro,
cacau, cupuaçu, guaraná e tucumã.
Zona de Cocais: considerada uma zona de transição entre a caatinga, cerrado e
a Amazônia, este bioma abrange parte dos estados do Maranhão e Piauí, estendendo-se
ainda para o Pará e Tocantins. Caracteriza-se por: temperatura média anual elevada
e chuvas abundantes. As espécies vegetais mais conhecidas são: Carnaúba e Babaçu.
Pantanal: conhecido como um dos maiores biomas de áreas alagadas do planeta.
Entretanto, no Brasil é um dos menores biomas continentais. Ainda é um dos biomas mais
preservados, entretanto, tem sofrido muito com a ação humana para produção agrícola.
Apresenta uma grande integração entre biomas da amazônia e cerrado. Destacando-se por
uma riqueza considerável em espécies vegetais e tem como característica principal uma
planície alagada.
Conhecemos aqui a fitogeografia brasileira, rica em biomas e de grande diversidade
vegetal (flora). Por isso, é importante conhecê-los quando falamos de revegetação.

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 72
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
Já que estamos falando de biomas, de revegetação e reflorestamento, que tal conhecermos sobre BIOECO-
NOMIA?
“A natureza como um limitante do processo econômico”
Pesquise mais sobre esse assunto, o profissional tem grande influência sobre esse assunto no mundo.
Acesse o site da Mata Nativa e descubra mais: https://matanativa.com.br/bioeconomia-no-contexto-florestal/

Qual o nosso papel na preservação do meio ambiente? Pense sobre os 5 “R” da sustentabilidade: Repensar,
Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Acesse o site: https://www.mt.senac.br/ecos/dicas/210/#:~:text=Os%20
5%20rs%20s%C3%A3o%20um,em%20compromisso%20com%20meio%20ambiente.

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a),
Aprendemos nesta unidade sobre a revegetação. Esse instrumento é de grande
importância para a preservação ambiental e da vida, em tempos de grande destruição
do meio ambiente. Cada área a ser recuperada apresentará recomendações e restrições
diferenciadas.
E para nos prepararmos para a revegetação é importante conhecermos os biomas
nativos, para tanto, estudamos sobre fitogeografia do Brasil.
Os resultados da revegetação são mais complexos do que imaginamos, por isso é
importante o conhecimento das plantas escolhidas com maestria.
Não pare por aqui. Gostou do tema? Aprofunde o seu saber. Estude sobre aqueci-
mento global, os impactos do desmatamento no ambiente e ainda sobre crédito de carbono,
planejamento e execução de projetos ambientais.

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
Para entender bem situações de revegetação e como elas são importantes, vamos
considerar os acidentes de barragens com rejeitos de mineração ocorridos no Brasil nos
últimos anos. Há muitos estudos sobre o caso. De como preservar as barragens existentes
ou recuperar as áreas. Para isso, indico o artigo: Considerações Gerais sobre Ações de
Revegetação no Fechamento de Barragens de Rejeito.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/317688722_Considera-
coes_Gerais_sobre_Acoes_de_Revegetacao_no_Fechamento_de_Barragens_de_Rejeito

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DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Manual para Restauração Florestal Série Boas Práticas
Volume 5 Florestas de Transição
• Autor: Roberta T. S. Cury Oswaldo Carvalho Jr.
• Editora: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
• Disponível em: https://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/
pdf/manual-para-restauracao-florestal.pdf

FILME/VÍDEO
• Título: Floresta do Rio Doce - Documentário.
• Ano: 2023.
• Sinopse: o documentário Floresta do Rio Doce - Berçário das
Águas, produzido em conjunto com a TV Cultura mostra como
ações de reflorestamento promovidas pelo Instituto Terra na divisa
de Minas Gerais com o Espírito Santo, recuperaram uma área
degradada da Mata Atlântica após o rompimento da barragem
em Mariana, em 2015. Cidades que viviam tranquilas foram sa-
cudidas pela tragédia. O rastro de morte e destruição se espalhou
pelo curso do Rio Doce e tirou dos pescadores sua única fonte de
subsistência. O documentário conta e mostra como a paisagem
castigada pela erosão se recompôs! Assista agora.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=3B07A39DQVE

UNIDADE 4 REVEGETAÇÃO: CONCEITOS E TÉCNICAS PARA MATAS CILIARES, RESTINGAS E ÁREAS DEGRA- 76
DADAS; E CONHECIMENTO DA FITOGEOGRAFIA DO BRASIL
CONCLUSÃO GERAL
Destacamos a importância da integração de paisagismo, floricultura e arborização
urbana para criar cidades mais sustentáveis e esteticamente agradáveis, além da importância
de métodos de revegetação para mitigar impactos ambientais em processos de urbanização.
Além disso, encorajamos a aplicação dos conhecimentos adquiridos para promo-
ver ambientes urbanos que harmonizem a natureza e o desenvolvimento humano. Nesse
percurso, exploramos desde os conceitos fundamentais do paisagismo até as nuances da
fitogeografia brasileira, integrando conhecimentos para criar espaços urbanos que não ape-
nas encantam visualmente, mas também promovem a biodiversidade e a qualidade de vida.
A revegetação, abordada em detalhes, emerge como uma ferramenta poderosa na
restauração de áreas degradadas, unindo esforços para preservar a exuberância natural do
Brasil. Ao implementarmos as práticas aprendidas, aspiramos a cidades onde jardins, flores
e árvores coexistem em perfeita simbiose com a vida urbana.
Assim, acreditamos que ao cultivarmos ambientes sustentáveis, contribuímos não
apenas para o bem-estar presente, mas também para um futuro onde a beleza natural é
preservada e compartilhada por todos.
Espero que essa apostila sirva como um guia inspirador, incentivando à aplicação
prática desses conhecimentos, e que cada passo em direção a um paisagismo consciente
e uma arborização equilibrada seja um compromisso com o futuro verde e florescente de
nossas comunidades.
Sucesso!

77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Senac, 2006.

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so em: 20 nov. 2023

80
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