Os Lobos de Esther - Livro 5 PDF
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Capa
Folha de Rosto
Créditos
Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
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Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
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Epílogo
Em breve...
Biografia
Obras
Saiba mais sobre a Editora PL
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reviravolta em sua existência infeliz por não ter alguém que o amasse sem
medidas.
Sem saber havia alguém que estava predestinada a ele. Como sabemos,
com o passar do tempo, o amor torna-se irrestrito, até mesmo profundo.
Foram essas características desse sentimento tão sublime e incondicional que
vivenciei com os protagonistas durante a leitura de O regresso, cujo enredo é
permeado de drama, aventuras, ação, segredos a serem desvendados, pistas
misteriosas, fatos e fenômenos até mesmo chocantes, situações sombrias e
entremeadas de humor, ternura, emoção e, claro, muito romance com cenas
muy calientes.
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Carla Santos
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“Se não me der o que eu quero até a meia-noite contarei seu segredo sujo ao
seu pai e a todos da alcateia, então eu quero ver a loba do papai ser tratada
como uma traidora.”
Estava lamentando por sua família, que a veriam de forma tão ruim, pelos
erros cometidos, pela sua fraqueza, mas havia algo que realmente estava
fazendo seu coração sangrar: nunca mais veria Harley.
Suas lágrimas rolaram soltas, porque a dor em seu coração era imensa.
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Naquele dia, a festa que Petrus havia preparado para Sami, para pedi-la
em casamento, havia rolado durante todo o dia e alguns lobos ainda estavam
pelo terraço e na praia jogando conversa fora, bebendo suas cervejas e
beliscando carne assada.
Harley realmente estava feliz por Petrus e por todos eles. Estavam felizes
comemorando regressos e recomeços.
Depois da festa, Harley foi para seu quarto e andava de um lado a outro.
Queria relaxar, acalmar seu lobo, mas algo dentro dele havia descarrilhado e
não conseguia colocar no lugar.
Ele não conseguia parar de pensar em Pietra e no fato de que ela não havia
mais atendido suas ligações desde o dia fatídico da sua cerimônia do
acasalamento com Petrus e tudo tinha sido uma grande bagunça e ela tinha
saído de sua vida de forma definitiva.
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marretadas.
Ele ainda estava com a raiva reverberando sob sua pele, mas tinha que se
acalmar.
Aquela sensação de agonia que afligia seu corpo seria um frenesi? Ele não
era acasalado, mas por que infernos aquela sensação estava o acometendo?
Ele bebeu um gole da cerveja gelada e a colocou com uma batida sobre o
criado-mudo que quase quebrou a garrafa Long Neck. Ele tinha bebido várias
delas durante o dia e deveria estar bêbado, pois sua cabeça girava.
Ele olhou para a janela e ao longe viu a lua cheia brilhante no céu e seu
coração se entristeceu ainda mais.
Talvez nunca mais a visse. Talvez essa fosse a vontade dos deuses. Ele
não conseguia entender; se não podiam ficar juntos, por que ela tinha entrado
na sua vida? Porque tirá-la de seu coração era uma missão impossível.
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E ele somente queria que ela regressasse, queria a chance de poder amá-la
e cuidá-la.
E ali ficou por horas, tentando trabalhar para espairecer, mas ao mesmo
tempo em que digitava os comandos do jogo que estava trabalhando, seu
olhar de dois em dois minutos corria para o ícone de vídeo no canto da tela
até que ele clicou e a tela abriu, ele discou para ela e esperou.
— Vamos, minha Afrodite, atenda, por favor. Só dessa vez, por favor.
Havia a perdido de vez e ele pensou que não podia haver escuridão maior
que esta que assolou sua alma.
Seu coração murchou e seu lobo foi tomado pela ira e tristeza.
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Joan estava preso à parede com largos grilhões de ferro nos punhos,
tornozelos e com uma coleira de choque presa em seu pescoço e outro grilhão
de ferro embaixo.
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— Por que não me mata de uma vez e acaba logo com isso?
— Oh, mas eu não me privaria e também aos meus lobos de te ver sofrer,
bastardo! — Noah disse, encarando-o mais de perto. — Sabe o que é isso,
Joan?
Julian ergueu uma seringa cheia com um líquido amarelo e Joan arregalou
os olhos.
— Sim, podíamos sentir a dor e não podíamos reagir, lutar e nem nos
defender! — Julian rosnou com os olhos escuros de raiva.
— Sim, o Dr. Klaus me explicou o que era esta merda — Noah disse com
cara de êxtase fingido. — Uma droga chamada Tetrodoxina, retirada do
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— Tome isso, seu alienígena, peguei você! — Luca gritou alto e girou a
alavanca do controle remoto com força, enquanto apertava diversas vezes a
tecla que fazia a arma de fogo disparar.
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— Rá! Não é páreo para mim, alienígena. Ei! De onde surgiu esta parede,
isso não vale!
— Vou consertar.
— Não sei por que gosta de ficar vendo estes dois testarem esses jogos —
Ronan sorriu, pegou uma pipoca e levou à boca.
— Tudo que envolve Luca me deixa feliz e não posso deixá-lo sair
sozinho.
— Bem, não posso reclamar disso com você, querida, já que também faço
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— Não. Parece que nunca vou cansar de vê-lo. Sinto tanto que não pude
vê-lo crescer, ensiná-lo.
Ronan beijou Naya nos lábios e ela suspirou, tentando afastar sua
nostalgia e acariciou os cabelos longos dele e sorriu.
Depois de tantos anos, com o cabelo tão curto e irregular, usado nos
laboratórios, ele tinha deixado seu cabelo crescer novamente. Onde se
podiam ver as mechas multicoloridas que o deixavam mais atraente.
O jogo acabou e eles ficaram trocando ideias. Luca dizia o que tinha
gostado, o que não e Harley anotava os acertos que devia ser feito para poder
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finalizar mais um dos seus jogos que venderia na sua loja on-line.
— Pronto, eu acho que para esta fase já tenho tudo o que preciso. Depois
de arrumar isso, testaremos a próxima fase que estou quase terminando, ok,
soldado? — Harley disse com um sorriso.
— Ok, este jogo ficou fabuloso, Harley, gostei muito, menos a parte que
eu explodi.
— Estou ansioso por este, gostaria muito de, pelo menos, no jogo,
arrancar a cabeça de alguns humanos.
Harley riu.
Ronan levantou e rosnou para a porta e soltou suas presas e garras. Harley
levantou do sofá num salto e olhou para a porta.
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Ronan estava muito protetor com sua companheira e seu filho para ter
assimilado a imagem de Alexander e identificar seu cheiro tão rapidamente.
Depois de tudo o que havia passado ainda estava arredio e com seus
instintos aflorados. O medo de que ainda pudesse machucar sua companheira
reverberava pela sua pele. O inferno pelo qual passara ainda queimava suas
veias e atiçava seu lobo.
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— Está tudo bem, Ronan. Mas tem que se conter, não pode se transformar
na frente de nenhum humano, hã? Tranquilo.
— Eu sei. E realmente sinto muito, mas não está mais nos laboratórios.
Precisa voltar a pensar quando morava na Irlanda e se lembrar das regras.
— Está tudo bem, Alexander, nosso amigo Ronan somente está protetor
com sua fêmea e seus filhotes. Lobos atacam para proteger sua família.
Precisa de algo? — Harley disse.
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Ele ergueu as sobrancelhas e olhou para Luca, que deu de ombros e depois
olhou para Ronan, que o olhou inquisitivo.
— Como sabe?
— Olha, Harley, sei que talvez alguns lobos ainda não tenham se
acostumado ou aprovado minha presença, mas estou aqui por causa de Sami e
gostaria de poder trabalhar. Tenho prestado atenção no que você trabalha e
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posso ajudar.
— Tudo bem por aqui? — Sami olhou para todos e ficou ao lado de
Alexander, com a mão em seu ombro.
— Está tudo bem, Sami, seu primo ainda tem a cabeça sobre os ombros —
Harley disse.
— Harley, poderia tentar? Olhe, todo este tempo vocês proibiram que
Alexander usasse o computador, porque ainda não confiavam nele para que
não entregasse sua localização ao seu pai. Como provou que é um bom rapaz
e fez tudo que pediram, agora deem uma oportunidade a ele.
— Por favor, estou só querendo conviver bem com vocês e trabalhar. Não
quero que me vejam como um inútil.
— O prazer foi nosso, Harley, e obrigado pelo que tem feito pelo nosso
menino.
Sami saltou rápido para ajudá-lo, mas parou quando ele arrumou a direção
rapidamente.
— Sim.
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— Ok, obrigado.
O dia estava quente e ensolarado, o que deixava a ilha mais bela do que
nunca. As árvores estavam vistosas e verdes e balançavam suavemente com o
vento e as floreiras e vasos estavam carregados de belas e frondosas flores
coloridas.
publicamente.
— Entendo. Não foi fácil para ninguém a situação que se armou aqui —
Ronan disse.
— Nem me diga.
— E os guerreiros de Kimera?
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Uma loba jovem trouxe uma bandeja com sucos de laranja gelados e
cervejas e colocou sobre a mesinha; em seguida, com uma mesura respeitável
aos alfas, deixou-os sozinhos.
— Sim, e dessa vez vou cuidar do meu bebê. Ninguém vai afastá-lo de
mim. Quero ensiná-lo a falar, andar e correr, estar presente quando se
transformar, embalá-lo em meus braços. Coisa que me foi roubada com Luca
— disse com a voz embargada.
— Fico feliz por você, Naya. Ester e Noah devem estar felizes com a
notícia.
— Sim, ficaram muito felizes por nós. São alfas maravilhosos, sempre
fazendo de tudo para que estejamos bem e a salvo.
— Sim, tenho orgulho dos alfas que se tornaram, inclusive respeito muito
Ester, por ser uma humana transformada e também por Kira, a companheira
do beta. São mulheres esplêndidas e fortes — Ronan disse.
Petrus olhou para Sami para ver sua resposta e somente teve que sorrir
como um bobo, quando ela abriu o sorriso mais lindo, com os olhos
brilhantes e o olhou com todo o amor do mundo.
— Tudo tem seu jeito e seu tempo, Sami. O importante é que acabou bem
— Naya disse.
— Sim, e sou grata a Petrus por me mostrar este lado dos lobos que
desconhecia.
Sami tinha entrado na sua vida de maneira tão torta e errada, sendo
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transformada em loba de forma tão brutal por um lobo que queria tomá-la à
força e ele a tinha amado desde o primeiro minuto, seu lobo quis reivindicá-la
desde o primeiro momento que a viu.
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Ele correu o máximo que podia para alcançar o caminhão dirigido por
Nathan, que carregava os lobos salvos, e saltou mais de dois metros; e entre
um rosnado feroz, agarrou-se à porta da carroceria do caminhão, que bateu
contra a carroceria quase o derrubando, mas ele lutou bravamente para se
segurar.
Os tiros não cessavam atrás dele e ele recebeu mais de meia dúzia de
balas em seu corpo enquanto tentava desesperadamente se segurar na porta
do caminhão que, aberta, se balançava para frente e para trás,
desgovernada.
Quase não tinha mais forças para se segurar. Noah rosnou alto e saltou,
agarrando a porta com uma mão e Harley com a outra quando ele, quase
desacordado, soltou da porta.
Erick rosnou e saltou para a borda e agarrou Noah para ajudá-lo a puxar
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Ao mesmo tempo que vivia soltando piadas fazendo todos rirem, ele era
focado na missão de uma maneira que Noah admirava e faziam seus lobos
confiarem nele.
Ele sabia o que fazia. Ele era bruto e não tinha misericórdia, se fosse uma
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Noah alertou seus lobos para que confiasse neles, pois não eram homens
comuns, eram homens afastados das Forças Armadas dos Estados Unidos,
por ainda possuírem problemas psicológicos sobre a guerra, e por
carregarem medalhas de honra e agora se tornaram mercenários em busca
de fazer justiça com as próprias mãos.
— Irmão, fique comigo, por favor! Harley, aguente, você vai conseguir,
estamos indo para casa. Harley! Harley!
— Harley!
Com custo, Harley despertou do seu sonho, abriu um olho e viu a imagem
turva de Petrus no pé de sua cama e soltou um gemido misturado com um
grunhido.
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— Fique onde está, Katra. Não vim para jogar nenhum jogo sexual. Sabe
que não pode tocar em mim.
— Que lástima! Então fique sóbrio, levante daí e atenda a porra do seu
telefone que há alguém lhe chamando.
— Quem é?
— Não sei, não estava com vontade de atender suas chamadas, mas deve
ser algo importante, ou não.
— Só quero lembrar que as lobas nuas não são permitidas fora desta ala
da casa.
— Bem, agora que eu e Sami mudamos de quarto, para a outra ala, esta é
exclusivamente sua e de hóspedes, então sabe seus limites.
— Ela está se acostumando, mas era uma humana e tem ciúmes de ver
outra loba andando nua dentro de sua casa, principalmente na minha frente.
Até ela se acostumar, devem evitar tais situações. Sami deve ser respeitada
acima de tudo. Isso é uma ordem e não vou repeti-la.
— Ok, entendido.
— Olhe, irmão, não sei o que há de errado com você, mas está meio
desgovernado, não acha? — Petrus cochichou para Harley quando ele saltou
ao seu lado.
— Estou bem.
Petrus suspirou e olhou para o cabelo de Harley, que estava longo até sua
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cintura e sua barba estava mais longa do que sempre usava, seus olhos
estavam vermelhos, tinha olheiras fundas e escuras e a alegria tão evidente,
que ele sempre exalava, havia ido embora, nem o brilho dos seus olhos
existia.
— Estou bem.
A dor do peito não era das balas e sim seu coração machucado por não ter
sua companheira.
Ele tinha entrado numa espécie de surto, seu lobo estava em fúria o tempo
todo e ele tinha se jogado numa vida boêmia regada à bebida, sexo e trabalho
para ver se conseguia se desligar de Pietra, se conseguia afastar seus
sentimentos por ela e seus pensamentos. Mas nada surtia efeito.
Parecia que nada sem ela por perto fazia algum sentido na sua vida.
Ele achava que não estava certo se sentir tão miserável e tão dependente,
mas a questão era que ele não sabia como se livrar daqueles sentimentos.
— Assim espero.
Sim, Petrus estava com a razão, ele havia sucumbido, havia deixado sua
tristeza tomá-lo, sua raiva turvar sua mente.
Tinha feito várias chamadas e Pietra não tinha atendido e nem respondido
suas mensagens.
Estaria zangada com ele? Mas não tinha motivo para estar. Bem, ela tinha.
Tinha sido humilhada publicamente por sua família. O quanto isso era
perdoável?
Uma loba com sua estirpe ser rejeitada publicamente era imperdoável.
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Ele era um beta, o segundo no comando, e tinha pedido sua mão, mas ela
era filha de alfas e seu pai o tinha negado.
Harley ficou ali até que sentiu sua pele enrugar pelo tempo excessivo na
água.
Era difícil de conter o lado animal quando estava rosnando por dentro,
pedindo para agir.
E então, seu mundo tinha virado de cabeça para baixo, sua mente havia
ficado confusa, seu coração pesado e sangrando e suas atitudes haviam sido
questionáveis.
Pensou que tinha sido pelo fato de ter perdido a liderança de seu pai e alfa
e, Petrus, seu irmão, ter assumido o seu lugar, o que o tornou seu beta com
muitas responsabilidades e ter que lidar com um clima um tanto peculiar e
hostil em sua ilha.
Sim, isso tinha causado um grande impacto na sua vida, mas o que
realmente o tinha tirado do prumo e de sua tranquilidade mental, foi uma
linda e formosa loba italiana, uma filha de Afrodite, que o tinha enfeitiçado e
tomado todos seus pensamentos: a prometida de seu irmão.
Harley tocou seu peito porque havia uma dor constante cravada ali.
Amar não doía, o que doía era não ter a pessoa amada ao seu lado. Não
poder tocar, cuidar, e proteger. Fazê-la rir, abraçá-la, amá-la nas noites longas
e solitárias. Desfrutar das coisas lindas que a vida podia oferecer, ter seu lar,
juntos.
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E se ele a sequestrasse?
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Triste, Pietra abriu sua caixa com a chave que retirou do cofre e suspirou
cansada. Não havia mais nenhum diamante ou rubi ali, e sua conta bancária
estava vazia.
Não tinha mais de onde tirar dinheiro para pagar o chantagista que a tinha
torturado por meses, extorquindo-a e ameaçando entregá-la ao seu pai.
Talvez seu destino tivesse chegado ao limite. Mas o lobo teria coragem de
contar ao seu pai? Ele não gostaria de saber que um lobo seria capaz de
chantagear sua filha.
Ora, mas quando seu pai soubesse da verdade, todos estariam condenados
de qualquer maneira, principalmente ela. Sua vida seria terrível. Mas
esperava que ele a entendesse e a perdoasse.
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Seu coração apertou quando viu dois lobos enormes olhando-a como se
fosse uma pulga.
Ela sentiu medo, porque tinha um mau pressentimento que vinha lhe
afligindo durante toda a semana.
Ela franziu o cenho, pois ele sempre se referia ao seu pai e agora ao alfa.
Seu coração ficou ainda mais oprimido, porque a sensação de que algo ruim
estava vindo não deixava de pinicar na sua nuca.
— Ok.
E ela odiava porque estava cansada de ser sempre seguida por guarda-
costas, não era uma celebridade e se já era difícil de andar despercebida pelos
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humanos, com sua beleza e sua altura, ainda andava sempre com dois gorilas
vestindo ternos caros e óculos escuros.
Sua temporada em Milão para cursar a faculdade tinha sido uma aventura
e uma provação, mas ela tinha amado aprender a profissão de designer de
joias, que no fim não lhe servia para nada.
Ficou diante de seu pai e sua mãe, sentados em cadeiras antigas e ornadas,
estilo trono. Ambos tinham o semblante sério e olharam para ela como se
fosse uma mosca a ser abatida.
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— Sabe, Pietra, eu me pergunto o mesmo para ter sido traído pela minha
própria filha.
— Não entendo.
— Oh, claro que entende. Fui informado por um de meus lobos que você
teria agido de má-fé comigo e com toda a alcateia.
— Papai...
Ela assentiu e ficou muda, enquanto seu pai, bufando com uma fera,
levantou e andou calado de um lado a outro.
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Sua garganta embargou e sentiu vontade de chorar, porque este era o seu
fim.
Ela não conseguia respirar, pois estava muito chocada para assimilar tudo.
— Responda!
— Não — sussurrou.
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— Fiz tudo o que pediu, papai, estava lá para a cerimônia. Aceitei até o
desafio da companheira do alfa.
— Não minta na minha cara, Pietra. Você fez, não é? Queria matar aquela
loba?
— Não.
— Mesmo?
— Sim.
— Sim, convidei, porque achei que seria importante ter uma boa relação
com ele. E... o alfa Petrus tinha... uma boa relação com ele... Vi isso no
torneio.
O velho olhou seriamente para ela, acariciou sua longa barba branca, que
o temeu, porque conhecia aquele olhar e aquele gesto de quando ele estava
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muito zangado.
O lobo que a vigiava? Ela tremeu e viu seu fim. O chantagista havia
cumprido a ameaça e tinha dedurado-a.
Ela olhou para todos e pensou em negar, mas não podia porque era
verdade. Se fosse sincera talvez seu pai a perdoasse. Mas devia encarar seu
destino porque não era uma mentirosa.
— Sim.
Negue. Negue!
— Eu não sabia que o rei veria aquelas coisas, que o senhor havia
manipulado o alfa de Alamus, papai. Eu juro que não sabia que a rainha
podia ver aquelas coisas do passado com a sua magia, juro!
Seu pai se aproximou mais dela olhando-a como se fosse uma barata.
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Estava tão furioso que seus olhos cintilavam, mas o pior era o gelo que vinha
deles. Ela nunca o tinha visto daquele jeito e somente podia esperar o pior.
— Mas ele veio por sua causa, porque você pediu que interferisse e
impedisse o acasalamento.
Ela queria negar, mas não adiantaria. Sua garganta embargou e viu toda
sua vida ruir bem na sua frente.
— Sim.
— Papai, por favor, eu não sabia que as coisas seriam daquela maneira.
Perdoe-me, por favor.
— Como pôde fazer tal coisa? Depois de todo trabalho que tivemos, você
me trai desta maneira, jogando meus planos por água abaixo.
— Que dor?
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— Oh, Pietra, um lobo alfa sabe que a alcateia vem na frente de qualquer
sentimento tolo por uma fêmea e nem tu deverias se deixar enredar por essa
tolice.
— Eu vi nos olhos dele. Petrus jamais me olharia como olhou para Sami.
Eu quero ser arrebatada, quero esse amor, quero o meu companheiro
verdadeiro e não essa vida de mentiras, papai. Por favor, tente me entender.
— Tola, sempre tão romântica e sonhadora. Sinto que você tenha jogado
fora não só a oportunidade de ter uma alcateia e ser alfa, como também a sua
vida. Por isso poderia te perdoar, afinal, ser estúpida não te faz uma traidora,
mas por ter condenado toda sua alcateia, isso sim, não tem perdão e a sua
condenação é inevitável.
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— Por que condenado à alcateia? O senhor pode arrumar outra para que
possa me acasalar com seu alfa, pois ninguém vai ficar sabendo disso, pode
ser abafado. Quanto aos negócios podem ser consertados, papai. O senhor
tem tanto dinheiro que não pode pensar que seja tão prejudicado.
— Papai...
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— Eu sinto muito.
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— Papai, mamãe, por favor, não podem fazer isso, eu não sabia, por
favor! Mamãe! Mamãe! Marcello!
A dor que sentia em seu coração era tão grande que ela pensou que
desfaleceria antes que pudessem matá-la.
— Eu não quero ouvir nenhuma palavra, mulher! Suas súplicas para que
não a mate desta vez não serão ouvidas. Se ela não morrer, todos nós iremos.
— Devia ter contado a verdade a ela. Se soubesse disso, não teria feito o
que fez.
— Pai, talvez essa maldita lenda não seja verdade... — Marcello tentou
intervir.
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— Pietra não devia ter me traído. Devia ter feito o que eu mandei! Ela
merece a morte, pois condenou a todos. Talvez a matando, ainda possamos
evitar uma tragédia.
Ela saiu às pressas do salão, não dando ouvidos aos rosnados furiosos do
alfa.
— Cale-se!
— Ela não é digna e merece sofrer. Faça o que eu mando, senão você será
punido também, Marcello! Tirarei sua posição de beta se me desobedecer.
Quero Pietra morta.
O alfa saiu do salão e Marcello suspirou, pesaroso, mas foi cumprir sua
árdua tarefa.
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— Ei, chapa, obrigado por ter consertado isso para mim. Minha ruivinha é
um zero à esquerda com computadores e não consegui entender como ela
conseguiu dar pau no meu notebook novinho — Liam agradeceu.
— Ok, eu vi, levou dois minutos para consertá-lo. — Liam riu. — Então,
quanto te devo?
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— O que tem que está a todo o momento esfregando o peito, está com
pulgas?
— Engraçadinho. Não sei, estou com uma sensação esquisita, é uma dor
no peito. Há tempos está ali, mas hoje está pior.
— Ok. Não está mais aqui quem falou. Precisa melhorar seu humor e nem
vou perguntar sobre ter deixado de cortar o cabelo e se barbear.
Harley rosnou, mas foi interrompido pelo toque do seu celular. Ele
atendeu enquanto ambos andavam no jardim em direção às escadas que
levariam ao teto da mansão e ao helicóptero de Noah, no qual Liam havia ido
até a Ilha de Alamus.
— Alô — Harley atendeu franzindo o cenho quando viu que a ligação era
privada.
— Pietra! Sou Sibila, a mãe dela. Precisa ajudá-la. Por favor, eles vão
matá-la. Ela está na Floresta De Gamo. Por favor!
— O que foi?
— Me entendo com Noah depois, agora sobe seu traseiro e pilote rápido
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— Sua o quê?
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— Que mudança?
— Bem, não tenho muita certeza, mas anote isso, estou indo com Harley
buscar um problema e parece ser dos grandes.
Liam olhou para Harley, sentado ao seu lado, avesso à conversa, pois
estava muito ocupado segurando seu lobo para não se transformar.
Liam conhecia este tom e sabia que o alfa devia estar com aquele olhar
sombrio e assassino e suspirou.
Liam olhou para Harley e para frente, pensou por um minuto e suspirou
novamente.
— Tem certeza do que está fazendo, Harley? Porque Noah vai arrancar
minhas vísceras, mastigar e cuspir fora por não obedecê-lo. Isso se eu voltar
vivo dessa... sei lá o quê.
— Pietra Scopelli.
— Seja o que for. Eu não voltarei para a Grécia sem Pietra. Se não quiser
se meter em encrenca, pode me deixar na Floresta De Gamo e levantar voo,
que eu a pegarei e darei um jeito de voltar.
— Não seja idiota. Não deixarei você sozinho na toca do lobo. O que
disseram?
Liam olhou para frente com o coração pesado. A angústia presente na voz
do amigo causou-lhe tristeza. Não precisava dizer mais nada, ele estava junto.
— É hora de caçar!
Não era a primeira vez que eles lutariam juntos, mas a primeira que Liam
ouviu a voz de Harley soar tão sinistra. Seus olhos estavam cheios de malícia,
de raiva.
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Ele uivou, chamando toda a atenção dos lobos inimigos para si, pois
precisava que parassem de persegui-la e não a ferissem. Quanto a si, a sorte
estava lançada e não sentia medo da morte, somente temia por ela.
Os lobos pareciam confusos no início, sem saber quem era que ousava
interferir na missão dada pelo seu alfa. Afinal, não eram de questionar ordem
do alfa e as seguiam fielmente, sem piedade, não importando quem fosse o
condenado. Geralmente os mais ferozes e assassinos, de sangue frio, se
tornavam os executores.
Quando Harley viu que eles pararam e seus olhos caíram sobre ele, os
pelos de suas costas se eriçaram e ele rosnou poderosamente.
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Sobre um monte, avistou outro lobo e correu. O lobo tentou fugir para
avisar os outros, mas Harley era muito rápido e saltou sobre suas costas e o
mordeu, destroncando seu pescoço com um forte puxão. Olhou para o
cadáver do lobo e o poder subiu-lhe pelas veias. Ele se sentiu vivo e muito
zangado. Em seguida, correu ao lado de Liam que também havia matado o
lobo e o sangue escorria através do seu pelo branco de lobo.
Eles precisavam chegar até Pietra e tudo o que conhecia era sua sede de
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vingança e o medo por sua fêmea: ninguém sobreviveria. Então ele avistou
mais lobos à frente.
Ele correu o mais rápido que pôde, saltou mais de dois metros pelo bosque
e pousou entre a briga, soltando patadas, socos e rasgando todos.
Os lobos saltavam de todos os lados, ele nem havia reparado que havia
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Quanta covardia, tantos lobos ferindo uma loba indefesa: sua loba.
A impressão de Liam era pior, porque nunca tinha visto um lobo tão
enlouquecido como Harley estava, por isso teve certeza de que estava mesmo
lutando pela vida de sua companheira, e isso só tornava o amigo ainda mais
feroz e violento do que o normal.
Com o instinto de salvar sua loba era possível aflorar muitas partes
adormecidas de um lobo.
Era o ódio aflorado, era o instinto do lobo liberto, tentando salvar sua
companheira.
Harley tentava avançar e chegar até Pietra, mas a luta estava travada e era
feroz contra ele.
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Ele viu ao longe um lobo negro morder sua companheira e lhe dar uma
patada, que a fez rolar pelos arbustos e seu grunhido de dor quase o deixou
louco.
Com a visão turva pelo sangue escorrendo em seus olhos, Pietra avistou
ao longe o lobo nu no meio do bosque. A barba longa suja de sangue e o
cabelo solto se esparramado em suas costas que caía sobre sua bunda, as
coxas musculosas, os ombros largos e musculosos e as longas garras
ensanguentadas.
Era ele.
Ela lutou bravamente, com todas as suas forças, mas o sangue vermelho
brilhante começou a jorrar de suas feridas abertas e infiltrar-se em suas
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entranhas e ela sentiu que seu mundo estava terminado, sua visão ficou turva
e as patas titubearam.
Sobre a relva ensanguentada ela sentiu seu corpo tombar e ao tentar uivar,
ela sentiu novamente dentes afiados afundarem em seu rosto e gritou pela
dor.
Ele rosnou com toda sua raiva e avançou dando patadas, jogando um lobo
para cada lado, com as vísceras expostas, ergueu outro do chão sobre sua
cabeça e com um puxão desmembrou o lobo, cujo sangue escorreu totalmente
sobre ele, mas isso não o parou.
Pietra não conseguia mais respirar, reagir, sequer com um gesto fraco e
sabia disso. Ela ia morrer. Estava perdendo rapidamente o sangue e a
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consciência.
“Meu amor.”
E isso foi tudo o que ela ouviu antes que o mundo ficasse preto.
O lobo girou sobre ele e tombou no chão, num baque seco. Harley gritou e
cravou o pé com toda força em sua garganta, quebrando seu pescoço.
— Liam! — ele gritou, com sua voz animalesca, ecoando pelo bosque.
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Liam, que mais ao longe lutava com três lobos ao mesmo tempo, soltando
golpes certeiros e violentos, rosnou alto, olhou para Harley e correu em sua
direção.
Harley pouco tinha visto tal beleza na vida. Nem os olhos de Petrus, que
também eram brancos, se igualavam aos dele: monstruoso, assustador, mas
extremamente belo.
Ela foi agredida novamente, mesmo estando nos braços de Harley, que ao
mesmo tempo teve garras cravadas em sua coxa, o que derrubou os dois e ela
foi jogada longe com uma patada e rolou pelo gramado.
O lobo correu sobre ela novamente, mas antes que ele a mordesse, Harley
se colocou na sua frente, agredindo o lobo. Assim que rosnou, agarrou a
mandíbula do lobo, abriu sua boca com as mãos e com raiva a escancarou,
rasgando-a e jogou o lobo longe.
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— Vá!
Liam voltou à briga com três lobos que haviam chegado. Eram novos e
desajeitados e ele não teve piedade em rasgar suas gargantas.
Ele não sabia e não havia tempo para pensar, somente lutar.
Ele começou a ficar nervoso ao ver que ele não vinha e pensou em voltar.
Não podia deixar Liam para trás, pois se o matassem não se perdoaria. Talvez
estivesse ferido gravemente.
Ele olhou para Pietra desmaiada e rosnou com raiva, uivando alto,
chamando-o.
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— Nada bem. Olhe esses cortes, estas mordidas! Voe rápido, Liam, por
favor, sua respiração está muito fraca e está perdendo muito sangue.
Olhou tantas coisas ali que não sabia o que fazer com elas. Ele pegou uma
máscara e um pequeno cilindro de oxigênio, o abriu e colocou em seu
focinho, arrumando o elástico em sua cabeça.
Ele pegou várias gazes e tentou estancar o sangue de seus ferimentos. Ela
estava inconsciente, e tão machucada, que ele a olhou desesperado.
— Pó hemostático? Ok.
Ele chegara tarde, devia ter chegado antes, devia tê-la impedido de ir
embora daquela maldita festa, devia tê-la salvo.
Ele respirava com dificuldade e não tinha forças para retrair seu lobo que
estava agitado e desesperado. Suas mãos tremiam enquanto despejava o pó e
envolvia seus cortes com as bandagens.
— Por favor, por favor, fique comigo. Respire. Não me deixe, Pietra. Vou
cuidar de você, vou cuidar de você.
— Vou viver, mas poderia jogar esta porra branca na minha barriga antes
que minhas tripas saiam?
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— Merda!
Harley o fez, rasgou os envelopes, foi para frente e jogou nos ferimentos,
o que fez Liam rosnar.
Liam olhou para trás, pois a onda de dor que ele sentiu não veio dele e
nem dela, veio de Harley.
A dor em seu coração de ver sua loba quase morta e sangrando tanto, fazia
o desespero dele transformá-la em algo tão forte que exalava de seu corpo
como uma onda de energia, o que fez Liam piscar aturdido.
Harley estava sentindo uma dor e desespero em sua alma que seu amigo
nem podia imaginar.
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Ester saiu da sala cirúrgica e tirou sua touca, respirou fundo e esfregou os
olhos que ardiam. Estava esgotada.
— Harley, querido, será que você poderia se acalmar e olhar para baixo?
— Merda!
— Isso, calma, fique tranquilo, porque ela não está correndo perigo de
morte, estou fazendo de tudo para curá-la. Tranquilo.
— Pietra Scopelli.
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— Sim.
— Oh, que merda! — ela arfou espantada. — Quem fez isso com ela?
— Eu não sei, mas precisa se acalmar, Harley, precisa me deixar ver seus
ferimentos. Por que não me segue até a outra sala e verei se o tanto de sangue
que tem sobre você é seu.
— Ela está estável, sedada e não há nada que possa fazer por ela agora,
pois temos que esperar as próximas horas para ver se nada acontece. Teve
dificuldade de respirar durante a operação e uma parada cardíaca, mas
consegui estabilizá-la. Seus batimentos ainda não estão regulados, mas agora
está melhor, ouviu-me? O que precisa fazer é me deixar que te costure para
que esteja forte e curado logo, assim poderá ajudar a cuidar dela. Está prestes
a cair, Harley.
— Estou bem.
— Sou a médica, eu digo se está bem ou não. Se não fizer o que peço serei
obrigada a chamar reforço e meter um tranquilizante em você, mas preciso
remendá-lo. Sabe que o farei, portanto não seria mais adequado evitarmos a
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confusão para não prejudicar esta loba que precisa de repouso e me seguir
aqui do lado?
— Não sei...
— Vamos, Harley, por favor, faça isso por mim, é bem aqui do lado,
Virna e Jessy estão com ela, e qualquer coisa nos chamarão e, em menos de
um segundo, estaremos ali por ela.
— Por quê?
— Porque tem uma poça de sangue no chão e você vai desmaiar em 3...
2...
Ele rosnou novamente e tombou, mas antes que batesse no chão, Noah
saltou, Ester não viu de onde, e o segurou, levantando-o no colo.
Ela caminhou pelo corredor e entrou na outra sala enquanto Noah a seguiu
com um Harley desmaiado e ferido.
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Ester entrou em uma das salas da clínica e suspirou, cansada, retirando sua
roupa cirúrgica e colocando num balaio de roupas sujas.
— A cirurgia foi bem, pois ela está reagindo e estável. Acredito que se
recuperará, se conseguir reagir às primeiras horas. Eu tive que lhe dar muito
sangue, pois havia perdido muito porque tinha tantos rasgos e mordidas pelo
corpo que até fiquei em choque. Não teremos o mesmo problema que você
teve quando recebeu sangue de Erick e Jessy, não é?
— Eu estou bem.
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— Sim. Eu o costurei e ele acordou, mas ele não quis ficar no outro
quarto. Está lá, zelando por ela, com aqueles olhos esbugalhados e temerosos.
— Uau, é uma linda loba, e lamento pelos tantos ferimentos. Alguém pode
me explicar o que aconteceu com ela? Tentei conversar com Harley, mas ele
não disse nada muito significativo, está um tanto fora de si.
— E por que vocês estão gritando? Ela precisa de repouso e esta gritaria
não está ajudando e Harley pode ouvir.
Ester olhou para Noah, depois para Virna e Liam, esperando a resposta.
Liam suspirou e abaixou a cabeça que doía e seu ouvido zumbia. Ele não
sabia se doía mais a cabeça, seu corpo ou seu coração.
Ele olhou para o braço, que ela acabava de costurar e cortou o fio da
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sutura.
— Sabe? Vocês dois podiam ter morrido. Se eles descobrirem quem eram
vocês que invadiram seu território, podem querer vingança.
— Eu sei.
— Nós a resgatamos.
— Entendo o ponto, mas ela é uma loba de outra alcateia que estava no
seu território. Talvez tenha cometido um delito grave para ser punida e vocês
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— Nenhuma loba deveria ser punida daquela maneira. Ela podia estar
morta.
— Entendeu o que eu quis dizer, Liam, não se faça de bobo comigo. Não
estou defendendo que a machucassem. Estou dizendo que isso pode trazer
uma guerra entre as alcateias novamente!
— Você que podia estar morto, Liam, não pensou em mim? — Virna
disse, nervosa.
— Pensou e se meteu numa briga daquelas para salvar alguém que você
não conhece.
— Harley é meu amigo e me pediu ajuda, eu não podia negar. E não era
somente uma loba qualquer, era a companheira dele. Ele me pediu para
ajudar a salvar a companheira dele! — gritou.
— Eu sabia que havia algo errado naquela reação de Harley. Uau, Pietra é
sua companheira? A filha do carcamano, velhaco, infeliz? — Ester disse com
os olhos arregalados.
— Ele estava machucando sua própria filha? O que ela fez de tão errado?
— Erick perguntou espantado.
— Não sei o que ela fez, mas não estavam simplesmente a machucando,
estavam tentando matá-la.
— Pietra foi levada ao bosque para ser morta, e se não fosse eu e Harley, é
como ela estaria agora. O senhor sabe muito bem o que significa, certo, alfa?
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Sinto muito ter desobedecido a uma ordem sua. Não vai acontecer de novo,
mas, naquele momento, eu não podia deixar Harley e não pude deixar a loba
ser morta.
Ele não ouviu mais nada e saiu da clínica, sem terminar seus curativos.
— Expulso? Quer dizer que Pietra foi expulsa? Você quer dizer...
Renegada? Banida?
— Como ela sobreviveu, o que não era para acontecer, já que, como ele
disse, eles a teriam matado. Agora todos os lobos deveriam virar as costas
para ela — Erick continuou. — É como se ela estivesse morta para os lobos.
Uma vergonha para a alcateia. Nenhum lobo poderia ajudá-la. O fato de a
acolhermos já é contra as leis.
— Sim, mas essa lei é antiga e muitas alcateias já não a seguem mais.
— Liam se meteu na briga para salvar Pietra porque ele mesmo passou
por isso. Pietra agora é uma pária, como Liam.
Virna arregalou os olhos e olhou para a porta onde Liam tinha saído e
entendeu sua dor e raiva.
Virna foi para casa e Liam não estava em nenhum lugar, mas, pela
varanda, ela pôde ver que ele estava em forma de lobo, sentado na beira do
mar, olhando-o, paralisado.
Liam sentiu seu coração inflar. Virna era magnífica como loba, era
marrom mesclada de vários tons mais claros e em suas costas seu pelo era
avermelhado, como seus cabelos.
Virna tinha o dom de acalmar seu coração, era como ter uma dor e quando
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ela o tocava a dor passava. Ele se comoveu, porque agora, a vendo como
loba, soube que ela escolheu esta forma para acalmá-lo, para dizer que o
amava e que estava do lado dele.
Ela sentou na sua frente e ficou ali, quietinha, por um longo momento, até
que perguntou mentalmente: — Você está bem?
— Estou bem.
— O alfa não está mais zangado com você. Quer dizer, pode ainda rosnar
e gritar, mas ele é muito inteligente para ficar bravo contigo por muito
tempo.
— Eu sei. Amo você por isso, mas pensar que podia te perder me assustou
muito.
— Não.
— Harley vai ajudá-la, mas não sei como isso poderia funcionar agora
para eles.
— Por quê?
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— Não aceitariam.
— Não sei, por nossas antigas leis Noah deveria mandá-la embora e
Harley não poderia levá-la para Creta.
— Isso é horrível! Deixariam-na sozinha no mundo? Sem ter para onde ir?
— Sim.
— O que quiser.
Ela suspirou e acariciou seu peito, olhando para o feio corte de seu ombro.
— Um dia, minha ruivinha, mas não hoje. Já tive o suficiente sobre essa
merda de párias, ok?
— Só ficar assim, com você, já me faz esquecer todas essas coisas tristes.
— Veja bem, acho que necessito de uma boa temporada de sexo para me
acalmar.
— Jura? Seus olhos estão cintilando, isso seria o tal frenesi de novo? Deu
um bocado de trabalho depois daquela luta nos Estados Unidos, tenho sorte
de ainda andar.
Liam rosnou quando a água do mar subiu e cobriu sua perna com um
ferimento, o sal da água fez o corte arder. Ele se levantou com ela nos braços
e rosnou novamente pelas dores e todas as suas sensações. Cambaleou e
rosnou se erguendo.
— Solte-me, andarei.
— Sinto muito que esteja com dores, talvez devêssemos adiar isso.
— Não. Vai ter que me dar muito sexo para conseguir me acalmar.
— Oh, que dura tarefa, acho que tenho uma dor de cabeça.
— Você não faria uma maldade dessas com seu companheiro, não é?
— Deveria, depois do susto que me fez passar, mas serei boazinha e vou
cuidar bem de você. Está bem para isso? Tem muitos machucados e nem me
deixou cuidar de todos eles.
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— Sim, companheira, eu deixarei que cuide de mim, dos dois jeitos que
necessito, porque não quero que se preocupe.
— Sim, me preocupo porque não consigo viver sem ti e não gosto que
sinta dores, depois vamos para nossa cama e esqueceremos todo este
sofrimento de hoje. Está vivo e bem, de volta em casa, e isso é o que me
importa.
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Cada centímetro de seu corpo doía. Ester tinha tratado de seus ferimentos
e lhe dado analgésico, mas parecia que seu corpo todo latejava e todas as suas
feridas estavam abertas.
Sua cabeça pesava uma tonelada e seus ouvidos zuniam. Os pontos nos
seus cortes e rasgos pelo corpo estavam pinicando, o que o deixava irritado e
ele colocou a mão sobre a costela quebrada. Teve muita sorte de não ter mais
danos, mas gemeu quando seu lábio cortado abriu; ele passou a língua e
rosnou quando sentiu uma presença na sala.
Ele olhou para a porta e viu Clere, que claramente estava com o semblante
preocupado. Ela ficou olhando a loba na cama e Harley. Ele a olhou, mas se
virou para frente novamente, sem dizer nada. Ela se lembrou de como aquilo
tudo tinha virado uma merda total.
— Clere...
— Só um beijo, Harley.
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Nossa, ela nunca sentira como se tivesse levado um soco na cara, seu
coração partiu e ela viu a realidade, os sonhos de que ele gostava dela como
mulher não era verdade, os sentimentos eram só dela.
— Sei que sou nova e inexperiente, mas podemos dar uma chance.
Ela não era mulher para ele, claro, era uma criança, uma problemática.
Então a dor e a melancolia tinha tomado conta dela e seu muro protetor
tinha ruído.
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— Oi.
— Oi.
— Estou bem.
— Harley... sei que temos nos estranhado nos últimos tempos, mas quero
que saiba que se necessitar de algo...
— Sim. Pensei que você estava zangada comigo, não tem querido mais
minha companhia.
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Ele suspirou desalentado. Ele sabia que ela gostava dele de forma
inadequada e não soube lidar com a situação, pois sua cabeça somente tinha
Pietra e sua derrocada ladeira abaixo.
— Só queria dizer isso, que quero que fique bem, se precisar de algo...
— Ficarei, obrigado.
Ela assentiu, um tanto perdida e sem saber o que fazer ou dizer. Ele
também não parecia estar aberto à conversa, então saiu e ele suspirou.
Nunca planejou magoar Clere, pensou que sua amizade era pura e não
sabia que ela levaria para outro lado. Eles tinham ficado bem unidos e, de
repente, as coisas tinham desandado. Mas quem domina o coração?
Ele rosnou e gemeu pela dor nas costelas quando o celular tocou e o
atendeu rapidamente.
— Oi.
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— Harley! Você está bem? — Petrus gritou do outro lado e Harley afastou
o telefone do ouvido fazendo uma careta.
— Eu sei que ela está ferida, Noah me avisou de sua estúpida aventura
com Liam em Roma, coisa que, você, meu irmão e meu beta, deveria ter me
avisado! Agora traga seu traseiro aqui imediatamente e me coloque a par do
que está havendo ou arranco seus dentes a murros e te garanto que Ester ou
Virna não vão ter nada para remendar.
— Não, Harley, você vai vir agora. Ester me disse a situação de Pietra e
que ela não vai acordar até amanhã, portanto volte para Creta agora mesmo
e isso é uma ordem.
Harley pensou em negar, mas sabia que devia explicações a Petrus, o que
tinha feito poderia sim lhe causar problemas e Petrus não era o cara que
queria contra ele nesse momento.
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— Não. Por enquanto é bom que ela não seja movida. Assim que puder,
eu a libero para que a leve. Inclusive vou fazer mais alguns exames nela para
ver seu progresso e sobre os problemas que teve. Ela está segura aqui e juro
que não tirarei os olhos dela. Eu ligarei para você se houver alguma mudança
em seu quadro, prometo.
Ele saiu mancando e sem olhar para trás, pois isso poderia fazê-lo mudar
de ideia e não sair do lado dela.
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Marcello, mesmo tendo entrado sozinho na ilha, pois não teve permissão
de nenhum outro lobo para descer do helicóptero, quando Thorman, Konan e
mais um lobo os bloqueou no heliporto, por ordem de Noah.
— Em que posso ajudá-lo, Marcello Scopelli? Não diria que é uma honra
tê-lo na minha ilha, mas não aguentei de curiosidade para saber o que um
romano estava querendo na minha propriedade, portanto, fale rápido.
Marcello olhou para Ester, que estava ao lado de Noah e somente o olhava
atentamente.
— Você a perdeu?
Marcello quase rosnou com o deboche de Noah, mas não estava ali para
brigar.
— Sério? Meus lobos não estiveram na sua alcateia. Por que diabos fariam
tal coisa? — Noah disse.
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— Alfa, eu não quero uma briga, nem com vocês, nem com a alcateia de
Petrus, mas eu quero Pietra de volta.
— E eu quero que as árvores voem. Não tenho sua loba, mas se tivesse,
não devolveria, porque se estivesse aqui, sem seu consentimento, é porque
não quer voltar para casa, não é? Por que ela fugiria com meu lobo branco?
Ele é um lobo acasalado, não iria atrás de uma loba de outra alcateia.
— Ela foi levada, meus lobos foram mortos e eu a quero de volta. Eu vou
mantê-la segura.
Mantê-la segura?
Noah rosnou e soltou suas presas e seus olhos cintilaram e, num salto,
chegou à frente de Marcello arreganhando os dentes.
— Diga-me, lobo, se é tão parvo para não conseguir manter suas lobas no
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seu território, perdendo-a por somente dois lobos contra uma alcateia inteira,
é porque é um inútil e, como seu pai já demonstrou, é arrogante e um péssimo
alfa, corrupto e mentiroso. Eu teria o direito de arrancar sua cabeça pelo que
fez à minha alcateia, com aquela guerra dos infernos. Mas vou te dar uma
chance, só essa de continuar respirando e sair daqui com a cabeça sobre o
pescoço e o coração no peito. Se pisar na minha ilha novamente, voltará para
seu pai, sem a cabeça e os membros. Fui claro?
Marcello olhou para cada um deles e olhou bem para Liam, que o encarou
sem um piscar de olhos, e depois o italiano olhou para uma atadura que ele
tinha na mão, que aparecia sob a manga comprida de sua camisa.
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frente.
Marcello virou e saiu da casa de Noah, escoltado por dois lobos e logo
saiu da ilha.
— Por mais estúpida que tenha sido sua atitude, Liam, eu ainda confio em
você e não vai a lugar nenhum, sua casa é aqui.
Noah saiu, seguido de Erick e Ester, mas antes de ela sair da sala, olhou
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— Sim?
— Sim, alfa.
Não demorou muito para Marcello entrar na sala, escoltado por dois lobos
de Petrus, que ficaram de guarda um pouco atrás dele.
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Bem, uma coisa era de se admitir: o italiano tinha classe. Vestido com um
bem cortado terno Armani, gravata e colete, com óculos escuros da mesma
marca, que foi retirado assim que entrou na sala, revelando seus belos olhos
verdes, semelhantes aos de Pietra.
Ele tinha os cabelos escuros penteados para trás com gel e eles caíam até a
altura de seu pescoço, com uma bela barba por fazer.
— Estou muito bem, obrigado. Espero que sua visita seja breve, já que
deve ter esquecido que os Scopelli não são bem-vindos em Alamus.
— Olha, Petrus, eu não estou aqui para confusão, minha visita é amistosa.
Somente tenho assuntos sérios a tratar.
— Jura? E que assuntos sérios seriam estes que faria você vir até aqui?
Qualquer assunto referente aos negócios é tratado com meu advogado.
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— Banida pelas burradas de seu pai? Pensei que ela era uma pessoa ilustre
e merecedora de proteção e cuidados por ser uma fêmea e a filha dos alfas. É
assim que tratam suas lobas? Por que inferno faria algo assim?
— Pietra traiu nossa alcateia e meu pai não a perdoou e ela foi julgada e
condenada.
— Por Zeus! E o que é que eu tenho a ver com isso? O que ela fez,
exatamente?
— O motivo é privado, mas o que me traz aqui é que Pietra foi levada.
— E? Se ela foi banida deve ter saído de sua alcateia e vocês não têm
porquê buscá-la.
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— Minhas fontes dizem que quem levou Pietra foram dois lobos num
helicóptero. Vários dos nossos lobos foram mortos por um lobo branco, que
posso jurar ser Liam, um dos capachos de Noah, e o outro, loiro de cabelos
longos até a cintura e de barba, seu beta, Nico Papolus.
— Sim, muitos, mais do que pensei que somente dois lobos poderiam
matar e sair vivos. O que devo confessar, achei impressionante. Talvez
seguindo ordens suas.
Petrus sentiu uma pontada de orgulho de Harley e Liam pelo feito, mas
disfarçou a vontade de rir e continuou sua farsa de não saber de nada.
— Nico não esteve em Roma, pelo mesmo motivo que você deve manter
suas patas fora da minha ilha, por isso, as patas de Harley também não
pisariam ali. Nossas alcateias não interagem mais, por minha vontade e por
ordem do rei. Sob pena de punição. Você iria contra a ordem do rei? Eu não
aconselharia.
— Estou aqui.
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— Mas que merda! — Petrus sussurrou para si mesmo, mas disfarçou seu
choque.
Harley estava sentindo a dor terrível na perna, mas não estava mancando,
para evitar se entregar.
Ele estava com os cabelos curtos, com um lado mais comprido que a
outro, com uma franja longa caindo sobre os olhos, e estava sem barba. Ele
ergueu uma sobrancelha e ficou olhando inquisitivo, segurando sua vontade
de rir, pela cara que Marcello fez.
— O que ele faz aqui? Fui informado de sua chegada — Harley disse
despreocupadamente.
— Este lobo está procurando Pietra, disse que ela foi sequestrada.
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— Meus lobos disseram ter visto um lobo branco e um dos gregos, loiros
de cabelos longos.
Harley então sorriu, tão safado que até Petrus sentiu vontade de esmurrar
sua cara. O safado mentiroso passou a mão pelos cabelos curtos e depois em
seu rosto barbeado.
— Bem, acredito que pode tirar suas patas imundas de minha ilha, porque,
como pode ver, não tenho os cabelos longos e nem barba.
— Fiz isso vários dias após a cerimônia que escorraçamos você e sua
corja italiana, ainda respirando daqui, portanto, não fui eu quem sequestrei
sua irmã.
— Banida? Por que infernos baniriam essa loba? Por causa de ela não ter
acasalado com Petrus? Devo lembrar, que a culpa não foi nossa, pois meu
irmão o faria e a culpa dessa merda toda foi do seu pai, que só demonstra que
é um calhorda, porque, além de todos os problemas que causaram a nós,
ainda bane sua única filha. É um bastardo.
— Meu pai teve suas razões. Pietra errou e teve que pagar o preço.
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— Bem, se ela é uma pária, por que a busca? Ela não faz mais parte de sua
alcateia e não tem nenhum poder sobre ela. Talvez ela tenha ido para longe
com pessoas que se importam com ela.
— Saia, Marcello, pois talvez eu não garanta que possa ser um bom
anfitrião dessa vez e você saia daqui em uma caixa.
— Pra quê?
— O que sei é que ela não está nessa ilha, mas se estivesse, não entregaria
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a você, porque a última coisa que sua família sabe fazer é proteger suas
fêmeas.
— Vou perdoar sua agressão apenas por um único motivo: por ela. Faça
isso de novo e está morto.
— Saia da minha ilha, bastardo, e avise seu pai que se outro italiano dos
infernos ousar pisar aqui, o matarei. Dessa vez, não haverá nenhuma
misericórdia. Arrancarei sua pele e farei um tapete.
— Meu pai não sabe de minhas verdadeiras intensões, pois não desejo a
morte de minha irmã. Seus erros não foram tantos para ser condenada à
morte, mas ainda não sou alfa para ter poder de impedir as decisões de meu
pai.
— Saia.
— Saia!
— Ela precisa tomar estes remédios. A informação que darei ao meu pai é
que os gregos não foram responsáveis pelo ataque na Floresta De Gamo.
Sami, que até então estava calada, somente assistindo a cena também
estava aturdida.
— Que pergunta idiota, os italianos agora sabem que meu cabelo não é
comprido e não estou usando barba, por isso não fui eu que estive na Floresta
De Gamo.
— Sim, está muito ferida. Ela foi operada e costurada, porque este
bastardo e seu pai aplicaram uma Spurga nela!
— Ela é uma pária e aplicaram uma Spurga? Por Zeus! Por que infernos
aplicariam um castigo dessa magnitude numa fêmea e ainda sendo a filha do
alfa?
— Está sedada e em forma de loba. Ester disse que ficará bem, mas seus
machucados eram bem graves.
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— Que merda! Estes bastardos estão a querendo de volta, por que fariam
isso?
— Porque ela sendo uma pária ou não, está sob minha proteção... como
minha companheira.
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— Mas ela era prometida de seu irmão — Sami sussurrou e Harley olhou
para ela.
— Sim, e veja, quase que ele se acasalou com ela. E pelo bem da alcateia
teria permitido. Agora não tem obrigação nenhuma com ninguém, está livre
para mim. Ela é minha.
— Ela é tudo de extremo que há, então não estou a escolhendo, ela foi
feita para mim, é meu presente e não deixarei que a machuquem novamente,
já aguentei o suficiente. Primeiro abrindo mão dela para que se acasalasse
contigo e agora estes filhos de uma cadela quase a matam. Quem ousar tocar
nela será transformado em paçoca. Passarei por cima de tudo e todos, mas ela
é minha.
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— Por isso estava tão fora de si desde que ela chegou, por isso ficou tão
louco.
— Sim.
— Sabia que tinha sentimentos por ela, Harley, mas isso? Quando soube
disso?
— Na primeira vez que ela entrou nessa sala como sua prometida.
— Sim. — Outro silêncio. — Olhe, Petrus... sei que tem toda essa merda
de leis, mas que se dane, você é o alfa desta ilha e segue as leis que bem
quiser, faz suas próprias regras. Pode permitir que ela viva aqui em segurança
e eu continuarei sendo seu beta. Mas se não aceitá-la, se ela tiver que ir
embora de Alamus, eu irei com ela.
Petrus olhou para Harley com os olhos arregalados e viu sua fisionomia
serena e séria e, pelo que conhecia de seu irmão, ele estava falando muito
sério.
— Sei. Portanto, quero que tome um lado agora, irmão. Se quiser que ela
não entre nessa ilha, porque é italiana e é uma pária, então irei embora com
ela. Se aceitar que devemos dar-lhe nossa proteção, então eu me acasalarei
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com ela, continuarei como seu beta e a manteremos a salvo. Ela será uma de
nós.
— Não, mas eu não acredito que tenha cometido um crime para ter
recebido tal punição.
— Precisamos saber.
— Eu sempre a amei.
— Meu coração estaria quebrado para sempre, mas era nossa obrigação.
Eu sofri, vendo-o tocar nela — sussurrou quase somente para si.
Petrus olhou embasbacado para Harley e andou até sua frente, olhando
profundamente em seus olhos.
— Você dormiu com ela e vai colocá-la dentro de nossa casa? — Sami
perguntou, assombrada.
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— Desculpe, Sami, não devia ter disto isso. — Harley suspirou cansado,
seu cérebro estava frito, que não pensava mais direito.
Petrus rosnou.
— Ela foi ao meu quarto para levar o gelo que você, imbecil, pediu, mas
não me deitei com ela. Nunca fiz sexo com Pietra.
Petrus sentiu todos olharem para ele como se fosse uma besta.
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depois rosnou.
— Parem com esta merda, senão socarei suas caras! — Petrus disse
zangado.
— Sami, quero saber se a aceitaria na ilha, sei que deve ser complicado
para você, mas ela não tem nada com Petrus, pois nunca quis este
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Silêncio.
Sami até parou de respirar e como alfa devia levar aquilo bem em conta.
Mas, apesar de ter ficado com ciúme de Pietra, ela sabia que eles estavam
falando a verdade.
A desafiado.
Quão ruim isso era? Mas negar aquilo a Harley? Não queria que ele fosse
embora, pois Petrus sofreria. Não sabia o que fazer.
— Sami, não tenho nenhum sentimento por Pietra, lhe asseguro. Ela é
uma boa loba e não teve culpa de ter sido prometida a mim, não me queria —
Petrus disse.
Ela olhou para Petrus, que acariciou seu rosto suavemente e beijou seus
dedos.
Ela assentiu.
— Era o que eu tinha em mente. Ela terá muito com o que se acostumar e
será difícil para ela.
— Não faço ideia, mas vou levar para Ester ver sobre isso.
— Sim, o farei.
— Talvez ele realmente não estivesse de acordo com seu pai no que
fizeram — disse Samira da porta. — É sua única irmã. Como vocês bem
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sabem, nem sempre os filhos concordam com as atitudes dos seus alfas.
— Eu desconfiava, mas orei aos deuses que não fosse verdade. Acredito
que tudo esteja acontecendo de forma equivocada e novamente estamos
metidos com os italianos.
— Sim, mãe, mas há uma força maior nisso tudo e alguns membros de sua
família parecem não estar de acordo com o que seu pai fez.
— Sim.
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— Sei que talvez seja pedir demais a vocês, agora que a ilha está em paz.
Talvez seja melhor partir e evitar uma confusão. Não quero que ela sofra
mais do que terá que suportar e nem vocês.
— Nunca estive tão seguro. Sei que não era isso que desejava para mim,
minha mãe, mas ela é minha companheira e ouso dizer que é de alma, porque
acredito que não há nesta vida algo mais forte que possa tomar meu coração.
— Mesmo quando Sami estava perdida para você, você lutou por ela,
porque em seu coração e sua alma sabiam que ela era sua. Pois bem, eu
também sei. A única coisa que quero saber é se estará ao meu lado.
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Os dois se abraçaram fortemente e então Harley olhou para sua mãe, que
estava séria e com os olhos preocupados.
— Sim, este é um passo perigoso que está dando, Nico. Está preparado
para assumir as consequências?
— Sim.
— Não me importa, não acredito que tenha sido tão grave que não
possamos perdoá-la.
— Eu sei em meu coração que ela é inocente. Se ela fez algo de errado,
aposto que foi para tentar se safar dos desmandos de seu pai. A senhora a
conheceu, ela esteve aqui e não era uma loba má.
— Isso está muito estranho, mãe, mas também não acredito que seja tão
má a ponto de nos trair se a acolhermos.
— Eu estou.
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— Bem, você é o alfa, Petrus, se está disposto a tomar esta briga, então
vou apoiar. Também não consigo crer que aquela loba seja uma bandida.
Indo contra seu pai, talvez, mas criminosa, não.
— Então este será nosso segredo, por enquanto. Traga-a para Alamus e
cuidaremos dela. Eu a aceitarei como sua companheira, filho, será muito bem
tratada aqui, como a companheira do beta e como parte da nossa família.
— Mas deve ficar alerta, porque se ela não foi leal a sua família, pode não
ser leal a você.
— Ela será, porque acredito que ela seja minha companheira de alma e, se
assim for, ela sentirá o mesmo por mim, pois é recíproco e então será leal a
mim.
— Não trairia.
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— Logo saberemos.
— Bem. A partir de agora Pietra será uma Papolus e será acolhida por
nós. É minha palavra como alfa e como seu irmão.
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Harley fez uma reverência respeitosa e beijou o dorso de sua mão, como
era seu costume, o que fez Ester sorrir mais para ele.
— Está tudo bem. Eu não imaginei que viria tão rápido, não faz nem uma
hora que te liguei por ela ter acordado.
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— E seus ferimentos?
— Pode, se for com cuidado, mas peço que a deixe aqui mais um dia pelo
menos para que a monitore mais um pouco, para que recupere as forças e
comece a confiar em mim para conversar comigo ou com você. Quero refazer
alguns exames.
— Estou com alguns problemas na ilha que exigem minha presença, tenho
que ajudar Petrus e queria levá-la, não queria deixá-la aqui.
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— Noah deu sua permissão para que fique, está tudo bem. E você como
está? Seus ferimentos estão cicatrizando?
— Bem, sim.
Ele rosnou.
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— Oh, ele esteve aqui também, mas não se preocupe, Noah não disse uma
palavra sobre ela e o expulsou daqui. Mas eu o achei estranho, Harley.
— Por quê?
Harley rosnou.
— Ele é seu irmão e deixou que a machucassem. Para mim somente quer
terminar o que começou. Devia ter rasgado sua garganta quando esteve na
ilha.
— Marcello me entregou isso. Disse que devia dar a ela, que ela necessita
deles.
— O quê?
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— Eu não entendo por que ele me deu isso e disse que precisava dar a ela.
Fui ler a bula, mas esta porcaria parece um livro.
— Por quê?
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— Será que por isso teve problemas durante a cirurgia? Tem alguma
doença?
— Bem, é possível, mas isso seria raro, porque sabe como nos curamos,
mas não somos imortais. Geralmente doenças assim os lobos já nasceriam
com elas.
— Ok.
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Harley ficou nervoso, entrou na sala e puxou a cadeira para ficar perto da
cama.
Jessy sorriu para ele e tirou a cânula nasal que lhe enviava oxigênio. Ela
examinou sua respiração e quando viu que ela respirava normalmente, a
deixou ao lado.
Harley sorriu e Jessy sorriu de volta, o que o deixou feliz, pois ela nunca
havia devolvido seus sorrisos.
— Eu também estou feliz, Harley. E sei que você vai ajudá-la a passar por
esta fase difícil.
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— Eu irei.
Ele esperou que Jessy saísse e suspirou olhando para Pietra. Ficou
espantado ao ver que ela estava com os olhos abertos e olhava para ele.
— Oi... Oi — sussurrou, sem jeito. — Eu vim ver como está, e Ester disse
que vai se recuperar. Se sente bem? Sente alguma dor? — Nenhum
movimento e nenhuma palavra. — Está segura aqui e ninguém vai te
machucar. Está entre amigos.
A loba piscou e ele pôde ver a tristeza em seu olhar e o machucado de seu
rosto quase o fez rosnar. Queria poder matar aqueles lobos malditos
novamente. Ele não sabia o que fazer e meio ressabiado, tocou seu pelo no
pescoço e a loba deu um longo suspiro e fechou os olhos.
Silêncio.
O peito dela aspirou bruscamente e abriu os olhos. Ele pôde ver o medo
neles e isso o incomodou como o inferno. Ele a tocou suavemente.
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— Liam disse que aquilo foi uma Spurga, que você foi declarada pária.
Imbecil!
A loba ergueu a pata ferida que estava com uma bandagem branca
protegendo uma tala e o olhou e Harley pôde ver seu espanto.
A loba fechou os olhos e ele parou de falar, se dando conta das coisas
inapropriadas.
Queria dizer mais um milhão de coisas, que pensava que ela era sua
companheira e que a queria para ele, que queria reivindicá-la, que os deuses
tinham a mandado de volta para ele. Devia fechar a boca e não assustá-la, era
demais para ela assimilar depois de tudo.
— Tudo vai ficar bem. Agora que regressou para onde pertence —
sussurrou.
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Harley viu o susto nos olhos dela, que choramingou fechando os olhos,
baixou a cabeça, e percebeu que ela não queria falar disso.
— Ok, tudo bem se precisa tomar, mas pode falar com Ester sobre isso?
Ela está preocupada com você e a alfa quer te curar. Sabia que ela é uma
veterinária? Coitada, essa foi a desculpa para trazê-la para a alcateia de Noah,
cuidar dos lobos, agora ela cuida de um bando de marmanjos.
Ele riu e chamou a atenção dela, que abriu os olhos o olhando novamente.
— Noah estava apaixonado por ela e não sabia como fazê-la ficar e Erick
aproveitou que Luca, nosso filhote, se machucou e a jogou no meio dos
lobos. Foi divertido, mas, coitadinha, ela quase surtou quando soube como
nós éramos. Agora ela é tão loba quanto nós. Pode confiar nela, Pietra.
Ele viu um brilho de curiosidade nos seus olhos e ele beijou sua pata, o
que a espantou genuinamente.
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Ela choramingou.
— Descanse, loba, que ficarei aqui e prometo que ninguém chegará perto
de você.
— Isso, veja, ficarei segurando sua bela pata, e saberá que estou aqui.
Naquela noite, deitada na cama, por onde avistava a lua cheia pela janela
do quarto da clínica, Pietra chorou e lamentou seu infortúnio.
Mas, quando suas forças acabaram, Harley foi até ela, abraçou-a a
embalou e a deixou chorar, até cansar, até esgotar todas as lágrimas, até ela
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adormecer de cansaço.
A lamúria de sua loba ecoou pela ilha e não houve quem não ouviu. Mas
ninguém teve coragem de se aproximar ou interferir, mas Harley sabia que
todos estavam ali por ele.
Pietra acordou e não abriu os olhos, mas sabia que ele estava ali. E ficou
daquela maneira, somente sentindo seu carinho. Um doce alento para uma
dor tão profunda, um sopro de carinho para um lamento tão forte que pensava
não se recuperar. Soltou um longo suspiro e abriu os olhos e, então, os lindos
olhos verdes de Harley se encontraram com os dela.
Silêncio.
Ela o olhou e piscou várias vezes, e ele viu que entendeu o que estava
dizendo e o olhou indagativa.
— Estive contra meu pai durante a guerra, uma que inclusive seu pai
apoiou, na ilha de Noah. Ele nos virou as costas e nos condenou, a mim e a
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Petrus.
Ela choramingou.
— Sim, sei como é e você com seu coração sensível deve estar sofrendo
muito, mas não tema, deve ser forte. Você pode estar hoje no chão, mas
amanhã algo vai brilhar em algum lugar. Pode ser só um flash, uma pontinha
de vida nova e deve se agarrar a ela. Precisa agarrar essa pontinha, porque
sou eu ali e vou te segurar, eu juro. As coisas ruins ficarão para trás.
— Sabe de uma notícia boa? Assim que Ester te dar alta, vou te levar para
Alamus. Ela disse que seria hoje.
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Dias depois...
— Juro pra você, olhei as diversas radiografias, várias vezes, e Virna fez
o mesmo, não consigo entender que tipo de anomalia ela tem, nunca vi algo
desse tipo na minha vida — Ester disse ao telefone.
— Olha, pra falar a verdade o que me parece é que uma parte de seu
pulmão e uma parte de seu coração está como um... mármore.
— Como?
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— Sim, o farei, mas qualquer coisa que se alterar, me chame e não pode
ficar sem tomar aqueles remédios, como está no papel que mandei.
— O farei.
— Não, ela ainda não fala. E esse assunto parece incomodá-la, porque
quando toco nele ela se fecha.
Ester suspirou.
— Bem, ela precisa de tempo, acredito que tudo que ela passou foi muito
traumatizante.
— Obrigado.
vestindo uma calça jeans preta e uma camiseta da mesma cor justa no corpo.
— Ainda não está respondendo, não disse uma palavra, não come e não
bebe água. Sami disse que terá que colocá-la no soro novamente e seus
ferimentos estão demorando mais do que o normal para cicatrizarem. Se não
se alimentar não se recuperará. Ester lhe disse algo sobre as novas
radiografias?
— Não.
— O pai de Sami queria fazer testes com ela, examiná-la mais a fundo.
— Você permitiu?
— Não. Nenhum cientista vai colocar as mãos nela — ele disse com um
rosnado nervoso.
— Hum, não.
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— Eu... Eu sei que ela gosta de flores, e rosas em especial, pensei que a
alegraria.
— Nico, ela está perdida na sua dor, uma dor profunda assim mata a alma
e o coração.
— Eu sei.
— Ela voltará.
— Não queira tentar esconder de mim que a ama, pois está muito claro em
seus olhos e em suas atitudes, filho. Está tudo bem, mostre seu amor a ela,
isso pode ajudar e muito, mas ela precisa recuperar algo que perdeu.
— O quê?
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— Obrigado por sua ajuda e por não condená-la, mãe. Sabe que ela é uma
pária, e ainda assim não se importa.
Samira suspirou.
— Se ela fez algo que desagradou aquele velho carcamano do pai dela,
então acredito que fez a coisa certa.
— Sim.
— Sim?
Ele entrou, fechou a porta e foi até a sua frente. Ela estava imóvel, deitada
na cama, com o olhar perdido em algum ponto da parede.
Harley sentiu seu peito inflar, porque soube que tinha captado sua atenção
e atingido seu coração.
Harley teria uma longa caminhada, mas estava disposto a lutar por ela.
Perdê-la estava completamente fora de cogitação. Ele entendia sua dor e não
a deixaria sucumbir. Um passo e um dia de cada vez, e ele a teria de volta.
— Nunca tinha imaginado como seria tocar a pétala de uma rosa como
essa, mas tenho certeza de que a sensação se tornará pífia ao ser comparada
ao tocar a suavidade da sua pele. — Ela piscou olhando para ele. — Gostaria
de um dia tocar sua pele, Pietra. Sonho com este momento há muito tempo.
Espero o dia que te transforme e que permita tal toque.
Ele ficou olhando para ele e seus olhares fixos eram quase demais para
suportar. Pietra sentiu seu mundo dar uma volta drástica.
— Hum... vejo que gostou, vou colocá-las aqui, para que possa vê-las e
pedirei que tragam um vaso com água.
— Falando em água, minha mãe disse que não tem se alimentado e nem
bebido água. Precisa. Se não se alimentar voltará para o soro e alimentação
endovenosa e seus ferimentos não curarão, Pietra. Já devia estar curada
completamente, não sei por que está demorando tanto.
Silêncio.
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Silêncio.
— Deve estar aborrecido ficar aqui no quarto, eu trouxe este livro sobre
mitologia grega. Lembro que ficou encantada com nossa vasta biblioteca e
passou um tempo ali, lendo. Este estava no seu quarto quando partiu e...
encontrei isso.
Ele abriu o livro e tirou uma flor seca que estava marcando uma página.
— Pensei se esta flor era a que eu lhe dei um dia, quando fizemos um
passeio pelo jardim. Guardou a flor que eu te dei, Pietra?
Sim, ele sabia que era e se emocionou. Uma lágrima solitária escorreu dos
olhos dela e se embrenhou em seu pelo e ele, gentilmente, passou o polegar e
a secou e acariciou sua cabeça.
Ele passou a língua nos lábios e ficou um pouco sem saber o que fazer,
pois ela tinha fechado os olhos e não os abriu novamente. Como havia se
afastado, Harley precisava fazer algo para trazer sua atenção novamente.
Silêncio.
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— Ok.
Ele sentou no chão, ao lado da cama e colocou o livro sobre ela e com
uma mão folheava as páginas e com a outra, acariciava seu pelo, suavemente,
para que se acalmasse, para saber que ele queria tocá-la, que estava
inteiramente ali por ela.
— Você tinha lido até aqui, lerei a seguinte. Oh, olhe isso. A história da
deusa Afrodite, vê que é uma coincidência? Já que sou muito interessado
sobre ela, vejo que gosta também. Sabia que temos um pequeno templo de
devoção a ela na ilha de Alamus? Sim, quando puder andar a levarei ali. E
temos outro templo, que se remete às Górgonas. Não sei por que os antigos as
reverenciavam tanto aqui, mas, enfim, depois o mostrarei. Bem, vejamos o
que diz aqui sobre Afrodite: Ele suspirou e sorriu para ela, sem interromper
seu carinho e viu que ela abriu os olhos e o olhava, sem emitir um único som.
Isso era um começo, pois antes ela não o fitava, somente ficava ali, inerte
e com os olhos fechados ou contemplando o vazio.
Harley tinha medo que ela se perdesse em sua mente e não retornasse, mas
não permitiria.
Silêncio, como sempre, mas ele sorriu ao ver sua fisionomia mudar e um
brilho surgiu em seu olhar. Ela estava apreciando a história, tinha captado sua
atenção em algo que ela amava. Ponto para ele.
Ele sorriu lindamente e continuou a ler e assim ficaram por uma hora
inteira até que ele a fez tomar os seus comprimidos e com isso, tomou um
pouco de água.
Logo ela adormeceu e Harley ficou ali, sentado no chão, com o queixo
escorado sobre os braços, na cama, olhando-a. Seu coração se compadecia e
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Mas a esperança tinha brotado, ela estava reagindo e foi a primeira reação
que teve em uma semana inteira deitada naquela cama depois de chegar a ilha
de Alamus.
Ela estava deitada na cama olhando para a varanda, que estava com a
porta aberta e as cortinas balançavam suavemente com o vento.
Ele olhou para ela e para a porta e suspirou, estava na mesma posição que
a havia deixado pela manhã. Ele olhou a bandeja sobre a cama e a comida
estava intacta.
Por dias ele tinha ido ao seu quarto, conversado com ela, lido, tentado
fazê-la comer e beber.
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Sami tinha voltado com o soro, pois ela estava fraca, e a alimentado via
endovenosa.
Ele andou até sua frente, tapando o local que ela olhava, com o olhar
parado, perdido no vazio.
Somente aquela visão quase o fez chorar. Queria tanto abraçá-la, salvá-la,
ajudá-la, mas não sabia mais o que fazer.
Ela o olhou e afastou a névoa de lágrimas que embaçavam sua visão. Ele
se abaixou na sua frente para ter mais acesso a ela e escorou os cotovelos
sobre a cama.
Ele estava barbeado e ela olhou para seus cabelos curtos no qual penteava
para trás e quando ele abaixou a cabeça para focar mais em seu olhar, as
mechas loiras e belas, com seus fios multicoloridos, caíram sobre seus olhos,
mas ele não piscou, não retirou e continuou olhando para ela, entre os fios.
Intensos olhos verdes muito claros, que a fascinavam.
Ela achou aquilo tão bonito e queria perguntar por que ele tinha cortado
seus cabelos e feito a barba, mas não ousou.
Harley sorriu docemente e levou o dorso de sua mão em seu focinho para
que o cheirasse, o que a fez se sentir melhor, pois ela necessitava do cheiro
dele, como se fosse seu bálsamo que poderia lhe curar as feridas. Acariciou a
cabeça e o rosto dela suavemente.
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Ele era tão bonito, assim como todos os lobos, mas tinha algo que apenas
seus olhos podiam ver. Parecia uma aura, suave, ela via mais dele do que os
outros, porque sua energia planava sobre ela de forma tranquila e suave,
quase como uma carícia.
Ah, mas ele tinha um poder inegável. Como lobo sabia que era muito
forte, pois tinha o visto lutar por ela na floresta contra tantos lobos de uma
vez, demonstrando uma fúria que nunca sequer imaginara.
Em muitos momentos, ela havia visto lutas entre lobos, treinamentos entre
os guerreiros de seu pai, mas ali havia algo mais, havia uma raiva crua,
poderosa, seus rosnados ainda ecoavam em seus ouvidos.
Porém, não tinha medo dele. Tinha tido de Petrus, porque ficou zangado
com ela por um período, e não sabia como seria sua vida de alfa ao seu lado.
E somente depois, ela pôde ver como ele era bom, amável e digno e, então,
isso também tinha a impulsionado a não machucá-lo.
Mas Harley?
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Ela o olhou bem, agora, ali na sua frente, usando somente uma calça de
agasalho preta, descalço e sem camisa.
Ele tinha 1,98m de altura, mais alto que ela, que media 1,85m. Tinha os
ombros largos, músculos fortes e definidos. Tinha uma tatuagem no braço,
uma corrente celta, que o rodeava, e no peito havia algumas letras em grego
que não entendia. Um corpo tão másculo e sedutor como nenhum outro que
já vira, pois tinha um dourado do sol. O sol maravilhoso da Grécia.
Todos eram lindos sim e ela tinha orgulho disso na sua raça, homens e
mulheres deslumbrantes, de tamanhos e beleza ímpar, mas ele era perfeito,
pelo menos para ela.
E a maneira como a olhava? Com tanta admiração, com prazer e sabia que
ele a apreciava, pois a fome que sempre havia em seus olhos a tinham feito
suspirar e sonhar com ele por noites a fio.
Ainda era uma loba nova, tinha apenas oitenta anos, mas se sentia muito
velha agora, como se o peso do mundo inteiro estivesse sobre seus ombros.
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Ela se sentia perdida e insegura e olhando para ele parecia o único sopro
de ar que lhe restava.
Mas antes Harley ficava feliz em estar com ela, mas agora as coisas eram
diferentes, ele não sabia o que havia acontecido e quando soubesse, a
mandaria embora.
Nenhum lobo deveria dar-lhe abrigo, pois um pária não deveria interagir
com a elite dos lobos, pois agora era considerado de baixa estima.
Deveria partir, porque não suportaria ficar na ilha com Harley, pois um
dia ele tomaria uma companheira digna dele e ela não suportaria.
O que ela faria ali, afinal? Trabalharia como uma das criadas?
Ela quase não suportava olhar para ele e sentir o peso de sua desgraça
sobre seus ombros.
Pietra piscou, saindo de seus pensamentos, quando sentiu Harley tocar sua
bochecha e ela se fixou nele novamente.
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Silêncio.
Ela negou.
Não.
Ela fechou os olhos e Harley se xingou mentalmente. Não devia ter tocado
nesse assunto, pois talvez aquilo fosse um problema.
Ele franziu o cenho. Isso não havia sido mencionado à Petrus no contrato
de casamento. O carcamano fez mais um embuste contra Petrus, empurrando
uma loba perfeita se ela tinha doenças graves.
Ele tinha trazido algo mau à tona e se bateu mentalmente por isso.
— Sabe o quê? Eu deixarei a sua bandeja aqui para que coma quando
estiver pronta para fazê-lo. Eu vou para meu quarto tomar um banho, pois
devo estar cheirando a cachorro molhado.
Ele sorriu e esperou sua reação com sua piada, mas Pietra não se moveu.
Harley piscou, pensando que viu um brilho de divertimento no seu olhar.
Harley a olhou e viu em seus olhos que ela estava prestando muita atenção
nele agora e que estava de certa forma espantada pelo seu convite.
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Enquanto ela soltou um gemido muito baixo, colocou sua pata, ainda
enfaixada, de maneira mais cômoda e deitou a cabeça, fechando os olhos,
Harley soube que sua tentativa estava frustrada e que o assunto tinha
acabado.
Como não iria para seu quarto, ele a acariciou suavemente na cabeça.
Pietra chorou até que não havia mais lágrimas para caírem.
Tudo estava tão cinza, tão dolorido, tão distante. Era difícil parar de
chorar, era difícil parar de pensar no que havia sofrido. Sempre esteve se
sentindo como uma loba no cio perto dele, sempre quente, sempre sentindo
um desejo quase desesperado, e agora, apesar de ainda sentir seu corpo reagir
por causa dele, estava se sentindo tão murcha que até seu desejo havia sido
alterado.
Mas o que a maltratava agora era a dor em seu coração sobre ter perdido
sua família, sua alcateia. As acusações, o olhar furioso de seu pai. O olhar de
condenação e desprezo pelos anciões. Os lobos caçando-a pela floresta como
se fosse uma criminosa. Era tudo muito vívido na sua mente para conseguir
empurrar para longe. Respirar doía.
Ela ficou ali, por um longo tempo e seu quarto começou a engoli-la como
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Não deveria aceitar o convite de Harley, porque não seria certo. Ela era
uma pária e jamais poderia ir ao seu quarto, nem frequentar nenhuma parte da
casa do alfa. Nem sabia como ele havia permitido tal coisa. E nem sabia
como a alfa Sami tinha cuidado dela, pois devia odiá-la depois que tudo que
tinha acontecido no seu casamento.
Que bagunça. Como uma alfa aceitaria na sua casa uma ex-prometida de
seu companheiro e ainda uma reles pária relegada ao exílio.
Seria certo que poderia ficar ali na ilha sem ser tratada como um lixo? Ele
estaria falando sério? Não via falsidade nas palavras dele e a maneira que a
cuidava e a olhava.
Ela sentiu sua garganta embargar novamente. Queria tanto poder ter
momentos bons com ele. Sentir sua alegria. Sua vida tão forte e vibrante. Não
sabia se poderia sair do fundo do poço e usufruir um pouquinho de sua
companhia de forma adequada.
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Ele era a única coisa que restara, pelo pouquinho que fosse.
Tinha duas opções, ficar deitada ali e esperar a morte vir buscá-la, ou
aproveitar alguns minutos com ele.
Mas a imagem dele veio à sua mente, seus lindos olhos verdes e aquele
sorriso que podia encher um ambiente inteiro com sua luz.
Alguma coisa dentro dela se agitou, sua loba tentou erguer as forças e as
imagens dele começaram a pipocar na sua mente e uma centelha de esperança
de que poderia continuar sua jornada surgiu.
Seu corpo todo doeu e ela gemeu, mas com passos cuidadosos foi até a
porta, que havia uma fresta, e com o focinho a abriu e espiou no corredor.
Ela parou na frente da porta do quarto de Harley e sentou ali, parada, sem
saber se ia para frente ou para trás.
Ela sentiu o cheiro forte dele e choramingou, pois seu corpo todo reagiu,
com um enorme calafrio.
Antes que ela pudesse pensar novamente no que fazer, a porta se abriu e
aquele gigante, lindo como um deus, estava na sua frente.
Oh, Senhor!
Ela ainda estava chocada de ver como ele agora a tratava da mesma forma
lisonjeira e carinhosa de antes.
Mesmo sabendo porque ela estava ali daquela maneira, pois mesmo que
não tenha contado que fora banida, ele sabia, pois era inteligente.
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— Por favor, pode ficar à vontade e subir na cama, pois assim ficará
confortável.
Ela se virou e ficou olhando para ele e deitou no tapete, ao lado da cama.
Não forçaria nada, iria devagar, nem que isso custasse sua sanidade.
Jesus, como sobreviver a isso e controlar-se para não saltar sobre ela,
beijá-la e fazê-la sua de uma vez. Só este pensamento fez seu corpo reagir.
Seu membro, que obviamente já possuía uma ereção permanente, agora tinha
revigorado mais ainda.
Ele foi até à mesa, pegou a bandeja de comida e levou até o tapete, e
colocou ali.
— Bem, eu acredito que aqui tem o suficiente para nós dois, meu filé está
quente e muito macio. É do melhor açougue de Creta. É filé de ovelha. E
enquanto comemos, podemos assistir a um filme, o que acha?
Ela somente deu um leve choramingo que ele entendeu que seria um sim.
Lentamente, ela foi até sua mão, pegou o pedaço e mastigou e ele sorriu
lindamente.
— Está gostoso? Muito bem, pode sempre vir comer comigo se desejar.
Pode fazer isso por mim?
Pietra o olhou e assentiu, porque faria um esforço já que ele salvou sua
vida e ainda a respeitava.
A partir daquele dia, ela se apegou a Harley como se ele fosse a sua tábua
de salvação, o único ar que existia para respirar.
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Ela resistiria àqueles que tentaram contra sua vida e, um dia, seria a loba
forte que devia ser. E queria.
— Ora, meu beta, vim para satisfazê-lo, como sempre. Faz muito tempo
que não me chama, e penso que anda muito atarefado ultimamente, então eu
vim e tomei a liberdade de entrar.
Katra se afastou.
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Ele rosnou novamente, havia pedido uma faxina geral no seu quarto, pois
não queria nenhum resquício de cheiro de outra loba ali, não queria que
Pietra se sentisse desconfortável em seu quarto. Sabia que esteve no outro dia
e não aconteceria novamente. Harley estava tendo trabalho para conseguir a
confiança dela e não deixaria que ninguém estragasse seus esforços.
— Primeiro: não a chamei, porque não a queria aqui. Segundo: não quero
seu cheiro na minha cama e em nenhuma parte de meu quarto. Terceiro: saia.
— Eu já disse da última vez, mas vou repetir pela última vez. Não quero
mais que venha ao meu quarto, Katra, agora as coisas mudaram.
— Ora, não pode estar falando sério, o fato de ter essa loba na nossa ilha
não pode estar o afetando dessa maneira, a ponto de rechaçar suas lobas que
estão com o senhor por tantos anos. Não pode estar levando a sério esta
amante.
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— Olhe, Katra, não é o caso de não precisar mais, mas sim porque agora
tenho outras coisas que preciso cuidar.
— Não foi isso que eu disse. Ela é uma moça que não toma amantes
indiscriminadamente.
— Não, de maneira nenhuma, sabe que eu penso que todos são livres para
ter sua sexualidade da maneira que desejam, que a busca do prazer é da nossa
natureza. Mas agora é diferente, só isso. Não estou querendo ser rude com
você nem com ninguém, mas isso entre nós... — apontou para ambos. — não
vai mais acontecer e espero que fique tudo bem, mesmo porque tivemos uma
relação saudável há muito tempo, mas agora isso acabou. Cada um vai cuidar
da sua vida, portanto gostaria que me deixasse só.
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— Isso não é da sua conta. Agora saia, Katra, por favor. Não quero me
zangar com você, mas essa conversa está saindo do que eu quero falar no
momento e já dei uma ordem e espero que seja obedecida, antes que eu me
zangue.
— Sim, beta?
— Mas beta...
Ela saiu do quarto e Harley rosnou e atirou a toalha através do quarto e ela
caiu no chão do banheiro. Foi até a varanda e escancarou as portas para entrar
ar e arejar o quarto, não queria que Pietra sentisse cheiro de outra loba em seu
quarto.
Mas que droga! Por que Katra era inconveniente dessa maneira?
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E por que, infernos, Pietra ainda não tinha vindo para seu quarto? Onde
estaria?
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Tinha medo de andar pela casa. Era um medo infundado, sabia, pois ele
jurou que ninguém a atacaria, mas tinha a sensação de que, de repente, algum
lobo fosse saltar sobre ela e machucá-la.
Era uma lástima e estranhamente havia algo mais, pensava que sempre
tinha alguém a observando.
Ir ao quarto dele era uma tortura, porque somente podia estar louca, mas
iria porque precisava e porque desejava.
A loba que se chamava Katra, ou algo do tipo, olhou para ela e lhe deu um
sorriso zombeteiro e falou, em um tom mais baixo, como se não quisesse que
alguém, além dela ouvisse, empinando seus grandes seios, e mostrando suas
pernas nuas.
Seria permitido às lobas andarem daquele jeito pela casa? A alfa mãe não
se importava? A alfa Sami não se importava? Ela não parecia muito amigável
para este tipo de comportamento que seu macho pudesse trombar.
Pelo que sabia da alfa Sami, ela amava seu companheiro profundamente e
não permitiria que nenhuma loba se aproximasse dele, mesmo porque tinha
sido humana e era diferente.
E também pensou que Petrus não aprovaria, porque ele parecia muito
focado na sua adorada loba.
Pietra quase saltou sobre ela, mastigou sua garganta e cuspiu fora.
Rosnou, mas antes que a descarada, com aquele sorriso de triunfo sobre sua
miséria, a pisoteasse novamente, Harley abriu a porta num solavanco e olhou
de uma a outra.
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Ele soube que aquilo era uma provocação descarada, pois conhecia as
mulheres, pelo menos algumas de suas artimanhas e não gostou do que viu.
Harley olhou aturdido para Pietra, que deu meia volta para ir embora e a
onda de dor que veio dela quase o fez tombar no chão.
Uma coisa que ele tinha percebido era que as sensações que os lobos
podiam sentir dos outros era forte, mas com ela era mais forte ainda. Ele
sentia coisas que jamais tinha sentido antes.
Era quase como se pudesse sentir sua dor ou seus sentimentos. Era
atordoante, mas era somente mais uma tese de que ele estava correto em seu
julgamento: de que ela era sua companheira de alma.
— Pietra, espere!
— Ouvi uma parte do que ela disse e não é verdade. Não me deitei com
ela.
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— Eu lhe disse ontem que nenhuma loba estaria na minha cama a não ser
você, então minha palavra ainda está de pé. O que viu não é o que ela disse
ou o que parece.
“Vamos lá, moça, vai deixar aquela loba arrogante e nojenta tirar seu
lugar? Não!”, pensou.
Ela deu a volta e olhou para ele. Sim, a verdade estava ali, bem estampada
nos olhos dele.
Então suas patinhas fizeram o caminho para seu quarto, entrou e deitou no
tapete ao lado da cama.
tinha mentido.
Ela o olhou, enquanto ele a fitava sério, e assentiu. Sentiu-se bem e foi a
primeira vez que se sentiu forte depois de tudo.
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Ela negou, mas sentiu uma pontada no coração. Sim, sentiria saudade e
nostalgia.
Quando é que voltaria a ver Roma novamente? Sendo uma banida, uma
pária, não seria seguro estar ao redor de sua alcateia novamente e no mais,
teria que ser escondido, pois se descobrissem que estava ali, a caçariam
novamente.
— Pietra, um dia te levarei para qualquer lugar para ver coisas novas. Ok?
Faremos muitos passeios.
Ela assentiu, emocionada com suas palavras, de como ele queria fazer as
coisas para agradá-la. Ele colocou o DVD e se jogou na cama, arrumando os
travesseiros.
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ao seu lado um filme de seu gosto. E eles estariam juntos, pois era o que mais
importava.
— Venha, querida, deite ao meu lado e fique mais confortável, não precisa
ficar aí no chão.
— Ok. Deite aqui, tranquila, que iremos ver o filme. Tudo a seu tempo,
quando se sentir segura e quiser se transformar está bem.
Um tanto relutante, ela subiu na cama e deitou ao seu lado, mas evitou
olhar para ele. E deu graças a Deus que estava em forma de loba, porque
senão ele veria que suas bochechas estariam vermelhas como uma pimenta.
Pietra virou a cara e olhou para a tevê novamente, mas deve ter feito
alguma coisa que ele percebeu, porque soltou uma leve risadinha meio
sufocada. Descarado!
Ninguém nunca tinha feito isso por ela. Ninguém nunca realmente havia
se importado com as coisas que ela gostava, além de sua mãe e Marcello.
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Muitos lobos estavam reunidos ali e ela arfou quando olhou Joan preso na
parede por grossos grilhões de ferro, seu cabelo loiro estava desgrenhado e
tinha marcas arroxeadas e cortes pelo rosto e corpo que sangravam.
Ela olhou para Julian segurando Logan, que parecia enfurecido, estava
com os olhos cintilando e os nós de seus dedos estavam ensanguentados.
Ela sabia que Logan estava com sérios problemas e isso deixava seu
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coração partido. Era um lobo notável, mas realmente quebrado. Joan havia
conseguido ferrar com a cabeça de Julian e Logan. Julian tinha lapsos de
memória e Logan, além de sua voz não ter voltado ao normal, vivia à beira da
violência.
— Sei o que está pensando, doçura, que nos vingando desta besta estamos
sendo cruéis e nos nivelando a ele.
— Estão torturando-o...
— Não sei se concordo com isso, sei que talvez seja coisa de lobos, mas...
— Você desaprova.
— Uma parte de mim queria que você arrebentasse esse maldito, mas
outra queria bater nele para lhe causar dor, mas agora vendo-o assim...
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— Sim.
— Eu sei o que quer dizer, querida, você é muito boa para querer
machucar alguém friamente.
— Vai matá-lo?
— Vou desafiá-lo.
— Por que não fez isso quando estava em Las Vegas e o estava
confrontando?
— Porque eu queria que ele sofresse. Eu não sou um santo e nem tão
bonzinho assim, doçura.
Ester ficou um pouco chocada, mas sabia que Noah era feroz e não era de
brincadeira quando se tratava de sua alcateia, de honra e todo o negócio de
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alfa.
Ela olhou para todos os lobos que estavam ali e com os olhares sérios
sobre ela. Sentiu-se uma formiga, mas sabia agora como as coisas
funcionavam, mas em certos momentos tinha dificuldade de digerir.
O lobo era venenoso, carregado de tanto ódio e loucura que Ester sentiu
um frio percorrer sua espinha.
Bem, para fazer tudo o que ele fez, somente poderia esperar isso vindo
dele, aquela onda ruim que chegava a embrulhar o estômago.
— Volte para casa, meu bem, você é valente, mas seu coração é muito
puro para tal cena — Noah disse tentando aparentar calma para ela.
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Joan riu zombando dele e isso irritou Ester. Ela desviou de Noah e foi até
a frente de Joan e sentiu uma mistura de nojo com sentimentos conflitantes.
— Você não é uma loba de raça, é uma humana fraca que ele transformou
em loba, ainda posso cheirar seu lado humano medíocre. Este alfa tão
poderoso, soberbo e cheio de orgulho transformou uma humana fraca e
raquítica em sua alfa e companheira? Seu pai, o velho MacCarthy, deve estar
se revirando na cova rasa que foi enterrado. Que tipo de herdeiros terá para
honrar essa alcateia? Terá um herdeiro tão fraco e medíocre que não será
capaz nem de comandar esta alcateia, cheia de lobos covardes, mestiços,
chorões e fracos.
Joan soltou uma gargalhada, mas ela foi cortada por um soco que Ester lhe
cravou bem no meio do rosto.
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Foi tão forte que ele bateu a cabeça contra a parede e pedaços dela
voaram. O sangue do lobo começou a escorrer de sua cabeça e de seu nariz
quebrado e Joan sufocou, quase desmaiando pela dor.
O silêncio foi tão absurdo que Noah piscou várias vezes para ver se tinha
visto realmente a cena.
— Posso ter nascido humana e ser menor que os lobos, mas não sou fraca
e sou a alfa desta alcateia honrada, com lobos e lobas maravilhosos e
companheiros para toda hora. Noah é o homem-lobo mais formidável e forte
que já conheci e ele tem razão, você merece sofrer pelo que fez. E nunca
coloque meu precioso filho na sua boca suja, seu covarde imbecil! — Ester
disse.
Noah rosnou tão alto que os vidros tremeram e todos rosnaram logo após,
o que causou um enorme barulho e fez Joan ofegar. Ester sorriu e foi ao lado
de Noah.
Orgulhoso, ele beijou sua testa e lhe sorriu; em seguida, ele olhou furioso
para Joan fazendo seu brilhante sorriso desaparecer.
— Eu, Noah MacCarthy, alfa da Ilha dos Lobos, desafio você, Joan
MacTuh, a lutar até a morte e, dessa vez, não terei misericórdia de você.
Ester olhou para Noah com os olhos arregalados e o medo a afligiu, medo
que ele se ferisse, mas sabia em seu coração o quanto era valoroso e forte.
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— Acha que sou covarde como você? Não, bastardo! Terá tempo para se
curar, será alimentado e estará são, porque, quando eu arrancar a sua cabeça,
a espetarei numa estaca e uivarei com orgulho.
Jessy estava com sua barriga de nove meses perfeitamente ornada com um
vestido de malha, dos modelos que no geral as lobas usavam na ilha que ela
gostava sempre de usar. Continuava linda e magra e somente sua barriga e
seus seios haviam inchado.
Ela sempre soube que Joan estava ali, mas não tinha ido vê-lo. Até este
dia.
— Jessyka...
Ela respirou fundo ao ouvir seu nome, que odiava, e suas forças deram
uma fraquejada.
— Até isso você conseguiu fazer, que eu odiasse meu próprio nome. Um
nome tão bonito e valoroso, escolhido pelo meu pai e que não existe mais —
sussurrou e depois respirou fundo e o olhou. Estava altiva e segura de si
novamente. — Você se lembra de quando eu espiava você? Você me deixava
fazer tranças nos seus cabelos, como os antigos guerreiros usavam. Eu amava
você, admirava o guerreiro que era, amava o seu lobo.
Ela tocou sua bochecha, suavemente, e o olhou tão tranquila que Sasha
franziu os olhos e olhou para Noah, que também estava aturdido. Ninguém
esperava tal coisa, mas ninguém ousaria dizer uma palavra. Alguns nem
respiravam.
Joan piscou e respirou, ele se recompôs para não demonstrar que aquela
loba lhe tinha algum afeto e agora demonstrava seu desprezo e estava o
desestabilizando ainda mais.
— Meu pai dizia que havia um velho ditado... — ela continuou, com a
mesma serenidade. — Todos os shifter de lobos têm o bem e o mal dentro
deles e se tornam o que quiserem alimentar. Podem ser maus ou bons. E
saberão o momento certo de ser os dois. Os lobos agem por instinto e
sobrevivência, somente matam para caçar seu alimento ou para proteger os
seus dos perigos e ameaças. Os humanos lutam e matam pela ganância e
poder, assim como por prazer. Quando um lobo é subtraído pelo seu lado
humano, ele se torna isso, igual você se tornou. Você não tem um lado bom
dentro de si, foi totalmente tomado pelo mal, porque o que fez não tem
desculpa, perdão ou algo que poderemos um dia sequer compreender, mas...
eu perdoo você.
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Houve vários arfares e sussurros espantados, mas Jessy não olhou para
trás, ela não tirou os olhos de Joan, que parecia tão espantado quanto os
outros.
Ela baixou suas garras num solavanco e elas cortaram seu peito, de cima a
baixo até a barriga, e depois tirou as garras à mostra e as cravou em suas
bolas.
— Queria eu mesma te matar, mas não tirarei este gosto de meu valoroso
e verdadeiro alfa, sempre Noah, porque ele é digno de ser um, porque ele é o
lobo que você sempre invejou e nunca vai conseguir ser. Agora eu te perdoo.
Tenha uma boa morte. Adeus, primo.
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— Isso é por Jessy, pelos lobos que resgatei e pelos que não pude resgatar.
Ester arfou, espantada, e pensou que suas pernas não suportariam seu
corpo, pois achava que nunca se acostumaria com tanto sangue, e sussurrou:
— Eu... vou para casa, vou aguardá-lo lá, meu alfa.
Noah assentiu, beijou o topo de sua cabeça e ela saiu. Em seguida, o alfa
olhou para Joan e suspirou, demonstrando estar espantado, e então riu.
— Bem, Joan, ser socado e rasgado por minhas lobas devem te encher o
saco, né? Opa, seu saco está meio furado agora.
Alguns gargalharam e Joan olhou com ódio para Noah, mas não disse
nada, pois a dor o estava sufocando.
— Terá alguns dias para se curar, Joan, e é o tempo que ainda vai respirar.
Vamos, alcateia, já estivemos tempo demais perto desse verme. Pode sentir o
cheio de carne assada, Joan? É o belo churrasco que Kirian e sua
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companheira estão preparando para nós. Vamos comer, beber e dançar bem
aqui em cima, no restaurante, e você somente poderá sentir o cheiro da
comida boa e ouvir nossas risadas, porque é esse o som que vai ouvir antes de
descer para o inferno, que é o seu lugar. Depois mandarei os ossos para você
roer.
Joan ia começar a gritar novamente, mas Konan pregou uma larga fita
crepe na sua boca.
— Vou para casa agora, tomar um banho, tirar este cheiro de lixo e
acompanhar minha doce e perfumada companheira, junto de meu lindo
filhote, para usufruirmos da festa — Noah disse zombeteiro. — Adeus, Joan.
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Noah entrou em casa e não ouviu nenhum barulho, seu coração estava
descompassado, havia tido uns momentos estranhos e intensos com Joan, e
sentia seu sangue correr quente nas veias.
Noah respirou fundo e foi para a sua suíte e Ester estava no banho. Ele
tirou suas roupas rapidamente, entrou no boxe e ela estava debaixo do
chuveiro com os olhos fechados e com a testa encostada na parede, ele entrou
e ela respirou fundo quando ele a abraçou por trás.
— Desculpe.
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Ela suspirou e se virou e o abraçou forte pela cintura, encostando sua face
em seu peito. Os dois ficaram assim por alguns segundos deixando a água
quente banhá-los.
— Sinto muito.
— Eu vou.
Ele sorriu lindamente e ela morreu mais de amor por ele, porque era
sempre assim, o amava mais e mais. Ester colocou seu cabelo comprido e
molhado para trás e o puxou para um beijo, molhado e intenso, regado à água
quente e paixão desesperada.
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Ela arfou e gritou quando Noah mordeu seu peito, raspando seus dentes
em seu mamilo eriçado e dolorido, e sugou-a, lambeu-a fortemente com
gosto, e ele gemeu forte e seus dedos sentiram o calor dentro dela, queimando
como fogo e escorregadia e pronta para ele.
— Nunca... Nunca...
Noah rosnou em seu ouvido, e ela pôde sentir suas presas pressionarem
seu pescoço, mas sem mordê-la, e gemeu pela sensação que as lambidas
provocavam em sua pele quente.
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sensação de formigamento pela pele. Uma e outra vez, ele se moveu dentro
dela.
Ester gritou quando ele tocou seu clitóris, estimulando-a mais, juntamente
com seus movimentos intensos e um forte espasmo a afligiu, fazendo-a gritar
e ter o seu orgasmo, enquanto Noah rosnou ainda mais alto pelo prazer que
isso causou.
Ele seguiu-a e teve sua liberação poderosa e quente dentro dela e tomou
sua boca em outro beijo. Quando soltou de seus lábios, ele enterrou seu rosto
em seu pescoço e ficou ali, tentando respirar e voltar ao normal.
Depois girou, ainda se mantendo dentro dela, e sentou numa bancada que
havia num dos cantos do boxe enquanto ela ficou escarranchada em seu
quadril.
Com os olhos fechados, Noah acariciava suas costas e seus longos cabelos
que estavam esparramados até seu traseiro.
— Sim, mas poderia me jogar na cama com você e não sair mais de lá.
Ester riu, o beijou e acariciou seu rosto. Ficaram ali por alguns minutos
somente se tocando suavemente com as pontas dos dedos, se beijando e
trocando muitos carinhos.
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— O que há?
Estava assustada e, então, ela piscou, quando Noah sorriu e rosnou para
seu filho e, antes que Ester fizesse outra pergunta para saber o que estava
acontecendo, a mágica aconteceu bem diante de seus olhos: Lucian se
transformou em lobo.
— Noah, fale inglês, porque não entendo esse seu irlandês antigo ou o que
diacho esteja falando!
— Oh sim. Que ele seja bem-vindo. Oh, meu Deus, tenho que me
acostumar a isso. É tão... espantoso. Meu filho é um filhote!
emoção rolando pela face, o ergueu tentando ajudá-lo a ficar em pé e ele deu
uns latidos esganiçados em meio a um uivo desafinado, que arrancou risadas
emocionadas dos pais.
— Ester, olhe isso, ele possui só uma cor! — disse espantado e orgulhoso.
Ela riu, mais emocionada ainda, acariciou sua bochecha e depois olhou
seu filhote, o acariciando.
— Nosso filho se transformou, Noah. Olhe isso, oh, meu Deus! Como ele
vai saber voltar?
— É natural, meu amor, ele vai ir e voltar sem querer, até aprender a
controlar e desejar ser um ou outro. Como foi com Lili, só que para ela foi
mais fácil porque já era maiorzinha.
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Noah estava tão orgulhoso, que olhou para Ester com as emoções
transbordando e beijou seus lábios.
— Obrigado, meu amor, por este presente — ele disse com a voz
embargada.
Ester sabia que ele estava tentando não chorar para parecer forte, mas seus
olhos marejados e sua garganta embargada não negavam sua emoção e isso
tocou ainda mais seu coração, e ela chorou livremente como uma mãe
trasbordando de alegria.
Noah ergueu o olhar e seus lindos olhos azuis estavam brilhantes pelas
lágrimas, que rolaram por sua face, e isso somente fez Ester amá-lo mais.
— Eu senti tanta dor em meu corpo e minha alma além do ódio por tantos
anos, que tinha me acostumado. E agora que se foram, estas novas sensações
são...
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— Diferentes e boas.
Ele assentiu.
— É felicidade.
— Amo você.
— E agora, o que faço? Coloco fraldas nele para não fazer xixi no tapete?
Noah riu, fungou e a beijou. Depois rosnou e olhou para baixo, para seu
filhote, que deu um rosnado e um pequeno latido, que tentava escalar suas
coxas, chamando a atenção para si.
Ester riu e beijou sua cabeça, acariciando seu pelo e ele parecia muito
feliz.
Noah secou suas lágrimas, levantou, pegou seu filhote e foi até a sacada
do quarto e uivou alto e forte, anunciando para toda a ilha que seu filho havia
se transformado.
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Os dois ficaram ali, abraçados, com o filhote no colo de Noah, como uma
família forte, feliz e completa.
Lucian havia feito seu ciclo, e voltaria à forma de bebê e lobo muitas
vezes, involuntariamente, até crescer e comandar suas vontades.
Todos esqueceram Joan e sua vingança, sua justiça e o que fosse, pois a
festa rolou o resto do dia e todos os lobos da ilha vieram parabenizar os alfas
pela transição de seu pequeno lobo e conhecê-lo; dançaram e cantaram,
agradecendo aos deuses pela magia do dom da vida.
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Harley havia ido para Creta resolver assuntos da alcateia e Pietra, havia
saído para se exercitar, andar um pouco pelo bosque e ver a praia. Ela
adorava praia.
Ester havia retirado a tala, mas sua pata ainda doía, pois havia sido muito
machucada, por isso resolveu começar os exercícios para se recuperar. Algo
dentro dela realmente estava dando sinal de força, ela queria melhorar.
Andando sem que ninguém a visse, se embrenhou por um lado do bosque que
rodeava a mansão.
Olhando à esquerda podia ver o solar que pertencia à alfa mãe, Samira.
Era lindo, todo de vidro na parte que tinha a vista para a praia e o teto. Havia
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nele muitas estátuas gregas de mármore branco, muitas plantas e flores que
ela mesma cuidava com esmero todos os dias, regando, podando e tirando as
ervas daninhas.
Pelo que podia ver através do vidro, e o que se recordava da vez que
esteve ali, tinha um sofá, uma tevê, um aparelho de som onde ela ouvia na
maioria das vezes música clássica e muitos quadros, com pinturas espalhadas
por todos os lados.
No deque, que tinha do lado de fora, estava uma mesa com várias
poltronas e o dito cavalete com uma tela em branco, somente esperando que
as cores fossem beijá-la.
O aroma da alfa mãe estava fraco, o que dizia que fazia horas que esteve
ali e estava longe agora, e pelos longos minutos que se encontrava espiando a
pequena enseada, parecia que ninguém voltaria ali tão cedo.
Ela devia sair dali, pois sendo o refúgio da mãe do alfa e do beta, seria um
pecado grande entrar sem ser convidada. Ela tinha ouvido que Samira
adorava seu cantinho e que ninguém tinha permissão de entrar sem ser
convidado.
Tinha sido convidada uma vez, quando esteve ali, antes dos eventos
fatídicos, quando era a prometida de Petrus, mas agora achava que não seria
bem-vinda.
Aliás, em que lugar seria bem-vinda ainda? Teria que aprender e cuidar de
sua vida, sem os lobos protetores e guarda-costas que sempre esteve na sua
vida, cercando-a cuidando de todos seus passos.
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Ao olhar para a mesa e a tela, seu corpo todo estava formigando com
vontade de pintar, pois havia uma necessidade absurda de fazer suas coisas,
coisas que a acalmavam.
Sua loba estava um tanto insana, tinha dificuldade de controlar sua magia
e suas presas doíam que tinha dificuldade de comer e quando Harley se
aproximava, a sensação ficava mais forte. Tudo nela podia doer, mas
precisava estar perto dele.
Ela se transformou de loba à humana e gemeu pela dor que isso causou.
Depois de tanto tempo seus ferimentos não deveriam doer assim, mas doíam
porque não era igual às outras lobas.
Ela arfou e esticou seu corpo, ficando ereta, respirou fundo e ignorou suas
dores, foi até a tela, pegou o pincel e as tintas e começou a pintar.
Pintou a paisagem a sua frente, nada muito complicado, era a visão do mar
e da pequena enseada que se encontrava e com pinceladas rápidas a bela
paisagem se transportou para a tela.
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De repente, ela ouviu uma espécie de guizo, como o que uma cobra
cascavel tem na cauda, se assustou e derrubou o pincel. Pietra olhou ao redor
e para o chão, pensando que havia uma cobra ali, mas não viu nada. Um
arrepio atravessou sua espinha e sentiu medo.
Ela arfou, olhou para o solar e ouviu vozes se aproximando. Devia ser
Samira, mas a risada que ouvira... não era dela.
Após alguns minutos, Samira entrou na sua área particular com uma
criada e a sua professora de pintura, uma humana muito querida e gentil que
vivia em Creta. Ela ofegou quando olhou a tela. Olhou ao redor e não havia
ninguém, mas o cheiro...
— Não, a tela estava em branco, preparei tudo para nossa aula. Alguém a
pintou, mas quem?
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— Realmente não sei quem foi e me perturba saber que alguém entrou
aqui sem avisar e pintou uma tela.
Ela farejou e parou quando viu que a moça olhava atenta para ela.
— Está cheirando?
Mas teve que parar, ficar farejando na frente da humana não era uma boa
coisa.
— Oh, é sua área privada, entendo que é perturbador que alguém tenha
invadido sua casa para pintar uma tela e com essa graça.
— Bem, seu passarinho pintor não teve tempo de terminar a tela, quem
sabe ela te dê a oportunidade em outro momento.
— Não que sua ilha já não seja bem conhecida pelos mistérios, hã?
Samira olhou com a sobrancelha erguida para a mulher, que não teve nem
o descaramento de ruborizar e lhe oferecia um sorriso.
Harley esteve procurando por ela e se espantou ao ver que não estava no
quarto. E algo sobre a mesa do canto chamou sua atenção.
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medalhão pendurado.
Viu que o arame trançado foi feito para agarrar pequenas pedras
transparentes e algumas rajadas com rosa, eram lisas e pareciam ter sido
escolhidas para serem as mais perfeitas.
Pietra tinha as catado e estava fazendo suas joias, mesmo sem ter material.
Ela tinha perdido tudo, e agora Harley viu o quanto ela amava fazer aquilo,
pois mesmo sem ter suas ferramentas e as pedras preciosas, o ouro para
fundir e talhar, ela tinha usado materiais da natureza.
Engenhoso.
O fio era um fino e dourado e o outro era um fio de cobre e que ela
deveria ter encontrado também em algum lugar.
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Ele colocou o colar no lugar e abriu uma caixinha e ali havia outras
pedrinhas coloridas. Rosnou novamente, girou nos calcanhares e saiu de seu
quarto. Suspirando, Harley foi falar com Petrus.
— Não sei se percebeu, mas isso deve ser caro, comprar diamantes, rubis
e ouro e prata, e esse torno e tudo o mais dessa lista.
— Não pedi sua opinião, Petrus, pedi que me devolva o dinheiro que lhe
dei para colocar naquela aplicação.
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— Por que quer comprar essas coisas, que mal lhe pergunte?
Harley olhou para Petrus, que o olhava, quase com um sorriso no rosto,
pois sabia a resposta, mas o bastardo queria ouvir de sua boca.
— Quero montar uma ourivesaria para Pietra, ela tem retorcido arames e
colado pedras montando bijuterias, escondida. Acredito que é uma grande
alegria de sua vida fazer isso, então, se der isso a ela, pode ajudar a trazê-la
de volta.
— Louvável. E caro.
Harley suspirou.
— Obrigado.
— Talvez sua loba possa fazer joias menos dispendiosas, meu filho.
— Oh, longe de mim tal coisa, acha que sou bisbilhoteira? — respondeu
com um lindo sorriso de inocência fingida e eles sorriram para ela. — Foi um
acaso que não pude deixar de ouvir e achei a ideia magnífica, mas realmente
dispendioso. Talvez se ela está fazendo com pedras da praia, ela não ficaria
feliz em fazer com pedras menos nobres do que rubis e diamantes?
— Quais?
— E também acho que há outra coisa a considerar sobre esta sua amiga.
Ele quase rosnou pelo “amiga”, mas não era hora de discutir outras
situações mais profundas, primeiro queria salvar sua loba.
— O que é?
— Bem, não tenho conhecimento de nenhum lobo na nossa ilha que goste
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ou tenha talento para pintar uma tela perfeitamente como foi pintada e em tão
pouco tempo, na verdade.
— Acha que Pietra invadiu seus aposentos para pintar uma tela a óleo?
— Não sei, foi uma suspeita. Tenho a impressão de que foi seu cheiro que
captei, mas como não podia farejar na frente de minha professora humana e o
cheiro de tinta estava forte, não tenho certeza, mas era uma loba.
— Quer repreendê-la?
— Não, quero que ela melhore, Nico, e se pintar é um de seus dons, que
pelo que vejo há muitos, isso pode ajudá-la a se soltar. A pintura é muita
utilizada em tratamento para depressivos, para acalmar o estresse e, enfim,
muitas outras dádivas que pode oferecer. Pintar abre as janelas da alma, filho,
e pode ajudar a trazer sua amiga de volta.
limpasse e levasse suas coisas para lá — Petrus disse com uma sobrancelha
erguida.
— Eu vou me mudar para a casa do beta de meu pai. Ela está vazia e eu,
como detentor de seu posto, vou usá-la.
— Não, mãe, na verdade, eu penso que se eu criar um lar para Pietra, ela
irá se adaptar melhor e não ficará se esgueirando pelos cantos. Ela não está à
vontade aqui por causa de Petrus e Sami e acho que isso vai ajudá-la a se
soltar.
— Não estou. Pense, irmão, esta aqui teria sido sua casa, como alfa, se
tivesse se acasalado com você. Não creio que esteja confortável morar na
mesma casa que vocês e, além disso, quero que se sinta mais à vontade, que
tenha suas coisas.
que perdeu.
— Tudo a lembra do que perdeu, Petrus, ela não tem absolutamente nada.
Quero que comece a ter coisas que sejam suas.
— Sim, entendi esta parte, mas minha pergunta não foi essa.
— Não?
— Bem... sim.
Petrus e Samira ficaram mudos o olhando, até que Harley os olhou, sério,
e cruzou os braços no peito, impondo suas palavras e que não estava aberto a
discussão sobre o assunto.
— Sim, e abaixe esta sobrancelha, pois ela tem ficado ainda na sua forma
de loba e tem dormido no tapete.
Omitiu a parte de ela ter saltado na sua cama, mas ele não precisava saber
disso.
— Bem, mas quem pintou aquela tela não estava em forma de loba — sua
mãe disse, sorrindo, olhando para Harley com o olhar significativo.
Sim, se foi ela que havia pintado, então tinha se transformado, e tinha as
bijuterias que somente poderiam ter sido feitas em sua forma humana.
E fosse dele.
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Depois de mais uma noite jantando com ele no seu quarto e comendo na
sua mão, ela havia adormecido na sua cama. Harley pensou em levá-la para
seu quarto, mas não conseguiu se separar dela e adormeceu ao seu lado.
Ela era tão linda como loba, que sorriu e deitou sobre seu braço dobrado e,
suavemente, começou a acariciar seu pelo.
Ele embrenhou seus dedos no pelo macio de seu pescoço e olhou bem
para ela.
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Seu corpo era inteiro de cor pérola, um pouco mais amarelado em suas
costas e mais esbranquiçados no peito, sem nenhuma mecha escura e ele
franziu o cenho ao ver sua pelagem, então cuidadosamente procurou mechas
marrons, pois nem nas pontas das orelhas ou sobre o rabo, que era onde
sempre o tom forçava e podia descaracterizar um lobo completamente de uma
cor só, o que era bem raro.
Nem os fios de cabelos que ela tinha, mais escuros entre os seus fios
loiros, quando estava em sua forma humana, se apresentavam em sua
pelagem de loba.
Seu pelo era macio e suave como a seda e o prazer de tocá-la era tão
esplêndido que ele não conhecia uma palavra forte o suficiente para descrever
a sensação.
Harley tinha agora a leve sensação do que era ter sua companheira, o que
seu irmão e seus amigos tinham sentido e o medo que tinham de perdê-las.
Tudo era tão claro agora na sua cabeça.
Eles tinham lutado por elas com todas as armas que conheciam, tinham
corrido perigos e dissabores, mas tinham lutado, mesmo que aquilo os levasse
à morte.
E era exatamente o que ele faria só para ter o privilégio de estar como
agora, ali, deitado confortavelmente em sua cama, ouvindo a respiração
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Ainda tocava seus pelos quando sentiu a respiração dela mudar, com um
suspiro e ele segurou um arfado, pois ela se transformou em humana.
Ele olhou-a como se estivesse vendo a própria deusa Afrodite e, Zeus, ela
era linda e podia ver ainda a cicatriz em sua barriga e em sua coxa, que ainda
insistiam em aparecer.
Seu corpo reagiu e ele gemeu excitando-se ao vê-la. Nunca uma loba nua
o tinha enfeitiçado como ela. Nunca tinha sentido tanto prazer em admirar o
corpo de uma mulher.
Ele gemeu, pois estava tendo um ataque erótico. Ele ergueu a mão para
tocar seu rosto e a acariciou sua mandíbula com a ponta dos dedos, os lábios
tão perfeitos que ele morria para beijar. Como sonhava com um beijo dela.
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Uma deliciosa loba, tímida e envergonhada. Mas ele sabia que por baixo
daquela casca tinha uma loba quente e maravilhosa.
— Ei, que tal um banho de banheira antes do café? Minha mãe comprou
uns sais de banho, que disse serem relaxantes. Já que seu quarto não tem
banheira, pode usar a minha. Um banho pode fazer milagres. Você vai se
sentir melhor, mais relaxada, e vai diminuir a tensão dos seus músculos, o
que pode melhorar a dor que ainda possa estar sentindo. Então, posso
preparar a banheira? Eu te ajudarei, se me permitir.
O melhor seria se ele parasse de ser fofo e que ficasse longe dela, pois
aquela sensação de formigamento, aquela excitação, estava a matando.
— Depois podemos dar um passeio lá fora, está um lindo dia para passear
e gostaria de lhe mostrar algumas coisas.
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Cuidadosamente ele lavou seu pelo. E ficou ali, quieto por um tempo,
deixando-a relaxar na água morna com os sais.
Quando ele terminou de escovar seu pelo macio, ele olhou-a e acariciou
sua bochecha com carinho.
Ela estava surpresa com tanta gentileza, com tanto carinho. Ele não se
importava com sua posição.
— Obrigada, Harley.
Harley, ouviu-a dentro de sua cabeça, com sua voz suave, arfou e a olhou
com os olhos arregalados.
Depois de tantos dias sem ela dizer uma palavra, ele sufocou um gemido e
acariciou seu rosto, com o coração saltando no peito.
— De nada, querida.
Sua alegria era tamanha que sentiu sua garganta embargar e quase podia
uivar e saltitar como um tolo.
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— Eu gostava dos seus cabelos compridos, mas também está muito bonito
assim.
Ela suspirou.
— Obrigada por tudo o que tem feito por mim, por não virar as costas
para mim. Você é um lobo muito valoroso.
— Estou tentando.
Harley engoliu o nó de sua garganta e piscou para evitar que suas lágrimas
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— Boa garota. Vamos até a cozinha comer, então vamos andar um pouco.
Creio que já devem ter recolhido a mesa do dejejum, pois está um pouco
tarde. Quer ir?
Ela assentiu.
Harley ouviu um choramingo, olhou para baixo e não viu Pietra. Ele se
virou e ela havia recuado e se encostado na parede.
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— Pietra! Está tudo bem, garota — Harley falou. — Sami não vai te ferir,
ela ajudou a cuidar de você quando esteve aqui esses dias.
— Bom dia, Pietra, vejo que está mais recuperada, fico feliz. Sim, é bem-
vinda aqui, não há rancores entre nós. Não precisa ficar apreensiva na minha
presença. Está tudo bem — Sami disse com um sorriso sincero.
Não tinha se sentido tão mal até agora, mas encontrando com Sami, na sua
cozinha, foi um momento constrangedor.
Só não sabia ainda como que a alfa não tinha vindo por ela e a mandado
embora. Quem em sã consciência aceitaria a ex-prometida do seu
companheiro embaixo do mesmo teto?
Harley olhou para Sami, espantado, afinal, ela teria todos os motivos para
não querer Pietra ali, mas parecia dizer isso de coração porque não sentia
animosidade nenhuma vindo dela. Por isso, ele sempre conseguia se
surpreender com ela.
E uma coisa que Sami havia revelado de si mesma era que tinha um
coração imenso e se preocupava verdadeiramente com o bem-estar dos lobos.
Após tanto tempo com uma ideia equivocada sobre eles, sua posição havia
mudado, seu amor por Petrus e sua vida feliz ao seu lado, convivendo com
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eles em Alamus, tinha transformado-a e Harley estava muito feliz com isso.
E agora estava comovido e surpreso com sua bondade para com Pietra.
Harley podia perceber como aquela situação tinha deixado Petrus nervoso
e não queria trazer problemas para seu irmão, ele já tinha sofrido o suficiente.
Pietra ficou ali, como uma estátua, e não sabia se corria ou agradecia. Ver
Petrus depois de tudo era atordoante, ainda mais naquelas circunstâncias.
Isso somente demonstrava o quanto eles eram bons e honrados e lhe dava
a certeza de que tinha feito o certo.
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Talvez pudesse realmente viver ali e ter um pouco de paz. Se os alfas não
a estavam rechaçando e a mandando ir para longe, estaria bem.
Ela assentiu.
— Muito bem. Creio que devam ir fazer o desjejum, já que não o tomaram
ainda. Vamos, agápi mou, vamos deixá-los a sós para que fiquem à vontade
— Petrus disse e ele e Sami saíram.
Harley deu dois passos para entrar na enorme cozinha, parou, a olhou e,
então, deu um passo para o lado, fazendo menção com a mão para que ela
entrasse na sua frente.
Uma coisa que sempre prestou atenção nele é que era diferente, um
cavalheiro: abria a porta, puxava a cadeira, andava com a mão em suas costas
ou fazia enganchar no seu braço, como nos séculos passados. Ela achava
aquilo tão encantador. Estava saudosa disso. Talvez, se virasse humana
novamente, teria isso de novo.
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— Bom dia, Calista — Harley disse para a velha loba que estava na
cozinha.
— Bom dia, beta. Oh, que alegria, vejo que a bela loba está se
recuperando e já pode andar.
— Sim, ainda manca, mas é bom andar para fortalecer os músculos. Pode
nos preparar algo para comer, por favor?
Ele pegou a bandeja e foi para o terraço que tinha uma enorme porta de
vidro na cozinha e ela o seguiu. Ele sentou numa mesa de ferro pintada de
branco com um enorme sombrero.
Ela foi ao seu lado e sentou no chão e ele sorriu e acariciou sua cabeça.
— Certo, vejamos aqui o que Calista colocou nessa bandeja. Sabe, meu
apetite está de leão, mas há muita comida e, olha, aqui tem bastante das
coisas que sei que você gosta.
Ela o olhou e sentiu vontade de sorrir. Ele estava tão lindo, com seu
cabelo um tanto despenteado, vestindo uma calça cargo bege e uma camiseta
branca justa e um mocassim.
Ela não estava com fome, mas para não desagradá-lo e reconhecendo seu
esforço, ela comeu os pedacinhos de pão de pita com patê que ele oferecia e
gentilmente segurava na palma de sua mão.
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Quando ela viu o sorriso de prazer que havia em seu lindo rosto ao
alimentá-la, somente sentiu forças de lutar.
Mesmo que ainda não vislumbrasse um bonito futuro pela frente, não
queria ver Harley triste, pois isso a deixava mal, então queria agradá-lo.
Havia uma força que emanava dele, parecia um abraço invisível e ela
precisava disso desesperadamente.
Somente não queria que seu lobo sofresse ou se preocupasse com ela.
Aquela ruga acentuada de preocupação em sua testa a desagradava.
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Ele entendia seu medo e andou calmamente e foi conversando com ela,
sempre contando uma história alegre ou mostrando alguma coisa. Pietra
quase não falava, mas ele sabia que estava atenta, assimilando cada palavra
que dizia.
— Um dia vou trazê-la para comer aqui, eles fazem um camarão muito
bom. Este é um lado da ilha que mais gosto, sempre vinha correr por aqui ou
nadar. — Ele acenou para o lobo do restaurante. — Bom dia, Igor, como
estão as coisas por aqui?
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— Bom dia. Tudo está bem, beta. Os lobos que vieram de Kimera
gostaram da minha comida, vêm sempre comer aqui.
— Fico contente que as coisas tenham melhorado para ti. Um dia virei
para o jantar e trarei esta bela companhia.
O lobo sorriu e olhou para a loba e Pietra baixou a cabeça numa saudação
um tanto tímida.
— Era um segredo? Toda a ilha já sabe que tinham uma convidada ferida,
mas não sabíamos quem era.
Harley olhou para Pietra, que o olhou com os olhos arregalados. Ele não
podia dizer quem ela era.
Podia?
— Bem, esta é a senhorita Pietra e agora vai estar uma longa temporada
conosco. Deve ser muito bem tratada por todos.
perguntou espantado.
— Sim, beta. Como deseja. Minha boca está fechada como uma ostra.
Aliás, vou preparar suas ostras preferidas quando vierem jantar e os
camarões. Terão tudo do melhor, será uma honra tê-los jantando aqui.
Senhorita, é muito bem-vinda, espero que sua estada aqui seja agradável.
— Obrigado, beta.
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— Desejo conhecer.
Harley sorriu e acariciou sua cara e ela lambeu sua mão. Ele levantou e
subiram por um caminho de terra e pedras rasas e a grama estava verde e com
muitas flores vermelhas, brancas e laranjas. Havia uma casa muito bonita no
topo.
— Esta casa era de um antigo lobo, eu adorava vir aqui quando era mais
jovem, adorava a vista e tinha tranquilidade. Hoje ela está vazia, porque ele
morreu na guerra e sua companheira e seus dois filhos foram embora, não
queriam viver mais aqui.
— É linda.
— Quando o meu povo veio para cá, migrado do centro da Europa, a ilha
sofria muitas invasões, então por isso há várias colinas com casas
estratégicas. Era onde ficavam os olheiros. Era um período intenso de guerras
e conquistas. Os lobos eram bravos guerreiros. Minha família conquistou o
território de Creta há muitos séculos.
— É muito tempo.
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— Entendo.
Ela o seguiu e ele mostrou todos os cômodos enquanto via como os olhos
dela brilhavam em agrado.
Quando viram tudo, ele a levou até o terraço, que possuía uma piscina e
uma visão descomunal do mar.
— Tudo bem?
— Sim.
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Que mentira, se ele soubesse como ela sofria quando ele a acariciava
daquele jeito.
— O quê?
Pietra estava em choque. Ele era rápido e vinha como uma avalanche. Ela
sabia que faria isso, pois sabia exatamente o que ele queria: transformá-la em
sua companheira.
Mas como podia fazer isso? Bem, depois que ele soubesse a verdade
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Sua mente estava confusa; enquanto seu coração gritou SIM, sua mente
razoável gritou NÃO.
— Isso não importa, eu te asseguro tudo o que necessita. Por favor, deixe-
me fazer estas coisas para você.
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Ela estreitou os olhos e Harley quase soltou uma gargalhada, pois não era
tola e sabia que estava blefando. Ele ergueu a mão direita e colocou sobre o
peito.
Ele sorriu abertamente quando ouviu uma risadinha vindo dela. Uma
risadinha. Isso era brilhante, estupendo.
Era tudo tão errado, tão certo e tão bagunçado que ela queria pular em seu
pescoço e beijá-lo.
Ela suspirou e assentiu e ele abriu o mais lindo e maravilhoso sorriso que
chegou a ficar iluminado e isso até a fez sorrir.
Era uma belíssima casa e Pietra se sentiu bem ali. Seria uma boa coisa
poder sair da mansão.
Sentia-se mais envergonhada por ser uma pária, de pensar que quando a
olhavam a recriminavam, do que se incomodava com o casal de alfas.
Não se importava de perder o posto para Sami, pois ela nunca quis aquela
posição de alfa. Olhou para Harley, sentado perto dela, olhando o horizonte e
suspirou. Sim, aquilo ali era o que ela queria. Ela o queria.
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Pietra sabia que depois desse passo as coisas teriam que mudar entre eles,
ela sabia em seu coração o que aquilo significava.
Pensava que ele estava fazendo uma grande tolice, mas ele era a única
coisa que tinha e lutaria por ele, nem que tivesse que lutar contra si mesma.
— Sim, eu adoraria.
— Preparada?
— Sim.
Ele abriu a imensa porta, ligou as luzes e ela estancou, encantada. Era uma
enorme garagem.
Harley pegou uma estopa e passou pelo tanque para tirar alguma sujeira e
ela viu como ele tinha gosto de fazer aquilo. Era incrível que ele mesmo
consertasse uma Harley que estava com defeito e ela estava tendo o prazer de
observá-lo.
Assim que Harley juntou uma e outra ferramenta, que estava pelo chão e
arrumou sobre a mesa, ela sorriu, porque achou aquilo tão lindo.
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— Gosta de motos?
Ela riu com a carinha excitada dele, provavelmente se lembrando dos anos
passados e de sua aquisição.
— Esta é uma Softail fat Boy Lo SE e esta é uma das que mais gosto, uma
V-Rod Night Special.
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Harley riu.
— Sim, isso é o que a faz especial. Você verá, quando estiver terminado
com ela, achará belíssima.
— Tem que levar uma dessas para a outra ilha para poder andar?
— Tenho, mas estas são somente para admirar, tenho mais duas que ficam
na casa, em Creta, pois são as que eu uso para andar pela cidade e tenho uma
na casa de Noah, em Atenas, que uso quando vou ali.
Ele a olhou com o sorriso brilhante. O menino-lobo estava feliz de que ela
apreciava sua paixão.
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— Oh, não.
Ela olhou para ele com o coração acelerado e cheia de uma nova
excitação. Seria uma aventura maravilhosa estar na sua garupa. Sempre quis
andar de moto e nunca havia feito, agora poder fazer com ele parecia
estupendo.
— É um descarado.
Ela virou o rosto o olhando e, ele, com a mão na cintura, todo lindo e
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— Sim.
Ele soltou um uivo, que a fez rir. Ele riu em deleite por ter conseguido
mais esta conquista. Harley a olhou com tanta fome no olhar que seus olhos
cintilaram e, pela sua excitação exultante, preenchendo sua calça jeans, ela
podia ver a fome que sentia por ela. E sentiu seu sexo palpitar de desejo por
ele.
Harley somente via a imagem dela escarranchada, nua sobre sua moto, e
ele a tomando ali.
Seu lobo uivou em sua mente e ele rosnou, segurando-se para não saltar
sobre ela e enterrar-se dentro dela e amá-la até a insanidade.
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Quando estavam voltando para casa, ele parou e a olhou, pensativo. Ela
fez o mesmo e o olhou indagativa e ele sorriu somente ao ver sua carinha
inocente. Ela era linda.
Sem dizer nada, se transformou em lobo e ficou parado, olhando para ela,
que estava com os olhos arregalados.
Pietra estava em choque, enfeitiçada, olhando para ele. Era a primeira vez
que ela o via em forma de lobo.
Ele tinha a pelagem clara, creme e dourada e fios prateados, somente com
poucos feixes de pelo mais escuro sobre as orelhas e rabo e seus lindos olhos
verdes claríssimos estavam mais brilhantes como lobo, olhando fixamente
para ela.
Ela mal conseguia respirar, seu coração batia tão rápido no peito que doía.
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Ele tinha que parar de fazer tantas coisas para impressioná-la, porque ela
se derretia como uma manteiga na chapa quente por ele porque tinha o dom
de afastar seus temores e tristezas.
Gostava? Estava tão encantada que não queria piscar para não perder
aquela visão maravilhosa. Involuntariamente, ela deu um passo à frente para
ficar mais perto dele e parou.
Ela sentiu uma fisgada na pata machucada, mas estava tão maravilhada
com a visão dele que não fez caso.
— Ele é lindo.
Harley estava sentindo uma emoção nova, se fosse possível, pois nos
últimos dias tudo era uma enxurrada de emoções o atravessando
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impiedosamente.
Ela o seguiu e os dois andaram pela ilha de Alamus e os lobos que viviam
ali os olhavam com admiração e curiosidade.
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Ele tinha sua maravilhosa loba andando ao seu lado e para ele, era tudo o
que importava.
Quando foram ao seu quarto, ela sentou no tapete ao lado da cama e arfou.
— Estou bem, dói um pouco, mas não é nada de mais. Foi bom andar,
pois ela está demorando a sarar.
— Ester disse que o osso foi muito danificado, que deveria cuidar bem e
ser monitorada, para que não fique com problemas para andar e correr.
Por Jesus, ela não suportaria aquilo por muito tempo. Ele era magnífico
por inteiro e o descarado ficou ali, parado, como se fizesse questão de se
mostrar para ela.
Sim, era bem isso. Harley queria que ela o visse, que o admirasse e como
não fazê-lo?
Seu olhar vagou sobre seus musculosos braços, seus quadris magros, e as
nádegas firmes, finalmente descendo por sua virilha.
Estava totalmente ereto, seu sexo sobressaía, excitado, o que quase a fez
salivar por vontade de tocá-lo e provar seu sabor, sentir a sua pele quente,
tomá-lo para si.
O cheiro almiscarado dele entrou em suas narinas e ela viu sua visão
turvar. Todos seus instintos aguçaram e sentiu que sua magia reverberava sob
sua pele, arrebentando pelos seus poros.
Seu olhar subiu de repente até o rosto dele, arfou e deu um passo atrás,
escorregando pelo tapete e ele obviamente percebeu seu desconforto e deu
um sorriso maroto.
O cheiro de sua excitação chegou forte ao nariz dele, que rosnou baixo,
cerrou os punhos e seu membro reagiu vividamente.
Que tortura era não saltar sobre ela, beijá-la como queria e amá-la até o
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Ele sempre foi vaidoso e gostava que o admirassem, mas o prazer que
sentia agora de ver Pietra admirando seu corpo nu era tudo de diferente que já
havia vivido.
— Pode fugir, minha theá Afroditi, mas não para sempre e penso que não
queira fazê-lo, porque sente o mesmo que eu. Sou paciente, terá seu tempo.
Quero que venha livremente, que assuma que me quer e me reconheça. Já
sabe, mas sua vergonha ainda não te permite aceitá-lo. Vou tomar um banho
e depois podemos comer algo. Se quiser, pode ir até a banheira e te darei um
banho.
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Quando Harley entrou com Pietra e suas malas na casa nova, foi como
entrar num mundo novo, cheio de expectativas e esperanças.
A casa estava limpa, arejada com todas as janelas abertas e o sol do fim da
tarde entrava como uma carícia quente e suave.
— Parece ótimo.
Harley suspirou.
— Eu vou.
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Ela suspirou.
— Tenho certeza de que o que você fez é algo que podemos perdoar.
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Harley riu.
— Teremos um belo jantar hoje à noite na nossa nova casa. Espero que
me faça companhia. Vou colocar suas coisas no seu quarto.
Ele a beijou novamente, levantou e foi para o seu quarto para arrumar suas
coisas e as dela.
Ela suspirou.
— Bem, Pietra, seu príncipe encantado está com a razão. O que será de
você agora? Será forte, ou continuará se lamuriando e beijando o chão? —
sussurrou.
Olha onde havia chegado. Indo morar sozinha com Harley. Na casa que
ele dizia ser deles.
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Harley estava usando uma camiseta branca justa e uma calça jeans preta e,
contente, colocou a travessa com o assado de cordeiro sobre a mesa que havia
posto.
Quando ele sentiu o cheiro dela ficar forte, soube que ela estava na sala e
com um sorriso gigantesco, se virou para ver sua loba.
Pietra estava parada na porta e o olhava, mas ela não estava em forma de
loba, estava na sua forma humana, vestindo um vestido azul de alças e com a
saia até o joelho, rodada. Seu lindo cabelo loiro estava puxado para o lado e
caía sobre seu ombro direito.
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— Olá.
Harley piscou duas vezes, aturdido, engoliu em seco e foi até ela,
lentamente.
— Também não, mas para mim não importa. Você está linda — ele
sussurrou, embriagado pela sua visão.
Ela sorriu lindamente, que quase o fez desmaiar. Seu sorriso era
deslumbrante.
Assim que se afastou, ele pegou em sua mão e entrelaçou seus dedos nos
dela e foi um momento tão simples, mas tão forte e significativo que deveria
ser imortalizado.
Harley a trouxe para a mesa e puxou a cadeira para que ela se sentasse.
Depois foi até o armário e trouxe a louça. Sem deixar de sorrir, ele cortou a
carne e colocou no seu prato e sentou, observando-a pegar a carne e comer,
lentamente.
Ela sorriu.
— O farei.
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Harley estava tímido e isso era uma coisa que pensou que nunca veria
sobre si mesmo.
Mas o que não faltou foram os olhares intensos. Eles simplesmente não
conseguiam parar de se olhar.
— Fico contente que tenha gostado. E também que esteja muito melhor,
Pietra, se sentindo à vontade aqui nessa casa, comigo, a ponto de se
transformar.
Ele levantou e a levou para o terraço onde a noite com a brisa marítima os
brindou com sua beleza e eles ficaram olhando a noite estrelada e ela
suspirou.
Harley se aproximou cauteloso, pois não queria espantá-la, sabia que ela
estava acuada, apreensiva e com medo do que aconteceria, do que aquilo tudo
significava.
— Não tenha medo. Somente um beijo. Não há nada de errado num beijo,
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Pietra.
Não havia? Pelo amor dos deuses! Se o beijasse, ela sucumbiria de uma
vez. Não teria forças para fugir mais dele. Era um dos motivos que tinha
ficado em forma de loba. Para que ele não quisesse beijá-la.
E mais, sabia que aquilo não era somente a luxúria falando mais alto, não
passaria depois de uma noite de sexo selvagem, não sumiria no dia seguinte,
ou depois que passasse o efeito do vinho.
desesperado, delicioso, tão delicioso que Pietra parou de respirar, porque seus
lábios eram a perfeição e a maneira que ele a beijava?
Senhor, era tudo e mais um pouco do que ela havia desejado que fosse. Do
que havia sonhado que seria.
Se seu desejo era ser arrebatada, nem que fosse só por um beijo, bem,
aquele era o caminho.
Então ele se afastou, beijou seu nariz, depois sua bochecha e no canto de
seus lábios.
Filme?
Ele beijou seus lábios novamente e saiu, deixando-a ali, atordoada e com
as pernas bambas, com o corpo quente e sem entender o que ele estava
fazendo.
Ah, agora ela sabia o que ele estava fazendo, ele a queria inteira e não
quebrada e duvidosa que pensasse que estava se aproveitando de sua
fragilidade, porque era um cavalheiro acima de tudo. Um beta que sabia onde
estava pisando e estava seguro de si.
Ele parecia aqueles adolescentes tímidos que não sabiam o que fazer
quando a olhou. Ponto para ela, pois ele estava inteiramente aos seus pés.
Sem dizer nada, Harley esticou o braço e ofereceu sua mão, chamando-a
para ir até ele. Ela andou até a cama, lentamente, segurou sua mão e deitou,
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O que pensaram que talvez fosse uma loucura e uma tortura, se tornou um
momento sublime, carregado de carinho, encantamento.
O sexo viria e seria estupendo, mas nesta noite ele teve sua loba em forma
humana em seus braços, calma como as águas de um lago, profunda como as
do oceano.
E quem diria que Harley um dia dormiria com uma mulher em seu leito e
que não fosse somente pelo sexo.
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Andou pelo corredor, entrou na outra sala e acendeu a luz. Seus olhos se
arregalaram e arfou.
Antes que pudesse se mover ou fugir, dois lobos o agarraram e ele até
tentou lutar, mas não era páreo para os dois, que eram maiores que ele e mais
fortes.
— Beta!
— Sabe, estes charutos custam uma pequena fortuna, eu até poderia dizer
que um charuto equivale a uma pedra de diamante.
O lobo arfou.
— Não, senhor.
— Não, senhor.
— Por acaso, você não teria em sua posse as pedras que eram de minha
irmã?
— Engraçado... você somente contou a nós sobre o que Pietra tinha feito,
sobre aquele desastre do acasalamento dela com Petrus em Alamus, depois de
ter se passado meses, mas eu me pergunto por que não contou antes, por que
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— Sim, e ele ficou tão enfurecido com ela que não puniu você.
— Vocês não o acham engraçado, rapazes? Acho que ele tem um ótimo
senso de humor.
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— Ela era minha irmã, uma Scopelli, e eu digo que ninguém ousa
chantagear um de nós. Você vai ter o castigo que merece.
— Beta, eu não queria, ela que me ofereceu para que eu ficasse calado,
achei que estaria poupando o alfa, mas ela não era uma boa pessoa e achei
que deveria contar.
— Ela deu tudo o que tinha, você a torturou com bilhetes e ameaças
durante meses e, então, a dedurou. Uma atitude nojenta, baixa e sem nenhum
caráter, até para sua índole.
— Beta...
— Isso, implore. Eu quero que implore ajoelhado aos meus pés. Eu devia
mandá-lo para a Floresta De Gamo, com um bando de executores para que
tivesse o mesmo fim dado à minha irmã.
O lobo arfou.
Marcello não disse mais nada, rosnou alto, com os olhos cintilando e as
presas alongadas, e cravou as garras afiadas em seu peito. O lobo abriu a
boca, em um arfado mudo, sem ar, com os olhos arregalados.
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Noah estava vestindo seu kilt de couro negro, botas até o meio da
panturrilha e um cinturão de couro, nos punhos usava grandes braceletes de
couro amarrados com tiras do mesmo, seu cabelo longo estava solto e seu
torso nu. Ele se aproximou em toda sua postura de alfa, sem tirar o olhar de
Joan e quando parou na sua frente rosnou.
Joan estava usando um também, no centro de uma roda feita por lobos na
praia.
Todos da ilha estavam ali para assistir a luta entre Noah e Joan, incluindo
Petrus e Harley.
Ao longe, Ester estava apreensiva e não queria ver a luta, mas como alfa
era sua obrigação de estar ali. Ela sabia que Noah era forte e que venceria,
mas seu coração não conseguia deixar de doer por ele. Se algo acontecesse,
ela morreria.
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— Não me intimida com essa roupa bárbara, com seu rosnado idiota.
— Não quero te intimidar, quero arrancar este coração negro que tem no
seu peito, quero abrir suas costelas e espremer seus pulmões até que pare de
respirar. Quero enviar sua alma negra para o limbo para que as profundezas a
queimem sem piedade.
— Vou te matar.
— Pode tentar.
— Para mostrar que posso ser maior que você, em tudo. Olhe onde eu os
levei. Tudo isso foi culpa sua.
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— Você não é maior do que eu, porque sempre quis ser alfa para dominar
e ser grande, coisa que não é.
— Sua mente é tão medíocre, tão pobre, tão pequena. Acha que eles te
amam? Que se orgulham de você? Não, são lobos muito fracos.
— Você não os conhece, não sabe o que eles necessitam e do que gostam.
Do que os motiva. Você não sabe nada de meus lobos, meus, porque eles
nunca serão seus.
Noah saltou sobre Joan, batendo em seu peito e o jogou longe. Joan
rodopiou no ar com três giros e caiu na areia, fazendo-a voar para todo lado.
Assim que se levantou, saltou alto e caiu sobre Noah, o derrubando, o juntou
pelo braço e perna deu um giro e jogou o alfa longe, que bateu numa árvore
estraçalhando-a.
— Sabe o que você fez, Joan? Sabe o que faziam naqueles laboratórios?
Você ficava lá assistindo? Quanto valia a vida de um lobo para você? Por
quanto nos vendeu, hein?!
— Vá para o inferno!
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— Eu não, para lá é aonde você vai. Sabe o que fizeram com nossas
mulheres? Com nossos amigos? Com as crianças? Pra quê, Joan?
Joan rosnou e cruzou suas garras no peito do alfa, fazendo quatro longos
rasgos, mas Noah rosnou e não se intimidou, pois sua adrenalina estava muito
alta e sua força era descomunal.
— O quê? — rosnou.
— Oh, meu Deus! — Ester gemeu e seu coração pareceu que ia explodir.
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Rosnando pela fúria, o alfa o ergueu tão alto sobre sua cabeça que seus
braços puderam esticar; e com um grito feroz, ele puxou Joan para baixo ao
mesmo tempo que se abaixava dobrando um joelho e bateu a coluna do lobo
em seu joelho.
Joan caiu na areia, se contorcendo pela dor horrenda, e todos sabiam que
somente não havia desmaiado ainda por sua força de lobo. Um humano nem
respiraria mais.
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Ester nunca tinha visto algo assim, tanta fúria, tanta dor de Noah e aquela
vingança, justiça e o fim daquele tormento com Joan. Ela chorou vendo
aquilo, porque era muito violento e sabia a dor e raiva que ele sentia no peito,
aliás, todos os lobos.
Ester pensou que ele cairia, mas continuou em pé, mesmo com a dor em
seu corpo, acalmando sua fúria, tentando recobrar suas forças, centrar em sua
realidade, acalmar seu lobo. Ela saiu do meio da multidão, com os olhos
arregalados, ofegante e correu para ele, saltando em seu pescoço.
Noah a ergueu e rosnou e ela o beijou uma e outra vez, abraçando-o forte.
E ele gemeu e riu. Estava cansado, muito machucado, mas ela não pesava
nada para ele, que a segurou, escarranchada em sua cintura, abraçando-a de
volta, sem se importar que aquela era uma atitude um pouco desenfreada e
desalinhada para os alfas.
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Mas se tinha uma coisa que os lobos já tinham se acostumado era com os
rompantes escandalosos de Ester. Eles não se incomodavam e achavam
divertido, porque aquilo era simplesmente Ester e estava bem para Noah. E se
estava bem para o alfa, também estava para eles.
— O que faremos agora que Joan está morto, alfa? — Liam perguntou.
— Limpem esse lixo da minha praia, não quero que meu filho pise nele e
se contamine! — gritou já subindo as escadarias de pedra que levava à sua
mansão. — E não me chamem mais por hoje, pois estarei ocupado!
Noah saiu e todos riram sabendo o que ele iria fazer com sua fêmea, mas
se olharam confusos.
— Sim, Konan, daqueles que você convida uma dama para dançar e bebe
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Konan rosnou.
— Bem, vamos assar uma carne, beber umas cervejas geladas em honra
de que hoje Joan foi enviado ao inferno — Kirian disse.
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Ela estava parada, escorada na mureta, olhando para o céu que começava
a despontar as primeiras estrelas e ao fundo ainda se podia ver um pequeno
resquício do sol beijando o horizonte, se despedindo do dia.
Harley viu que ela retesou o corpo, tomando consciência de sua presença.
Ele parou calmamente ao seu lado.
— Boa noite.
— Boa noite.
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— Sinto muito ter ficado a tarde toda fora, tive que resolver alguns
assuntos. Espero que tenha ficado bem aqui na casa.
— Uma oração.
— Qual delas?
— Oração do lobo.
— Oh, dos nossos ancestrais. Eu a ouvi uma vez em celta. Há uma versão
em italiano?
Ela suspirou sem olhá-lo, ainda com o olhar fixo, perdido no mar.
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Feroz espírito
Anda comigo em solidão
Uiva comigo na minha alegria
E me proteja enquanto eu me movo por este mundo.”
Lentamente, ele pegou sua mão e entrelaçou seus dedos nos dela e ficou
olhando o mar.
— Deu.
— Que bela estátua, parece uma guerreira — Pietra disse, encantada com
uma estátua de mármore que havia no terraço.
— É uma amazona.
— Amazona?
— Na Grécia arcaica, que era por volta do século XII a.C., as mulheres
eram altamente veneradas e muito reverenciadas, principalmente em Creta e
Micenas.
— Por quê?
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— Eu era, tanto que, às vezes, até ficava sufocada — disse sem jeito. —
Meu pai sempre foi protetor e amoroso. Eu era sempre sua menina, porque eu
tenho só irmãos e sou mulher. Eles sempre estavam cuidando de mim e
minha mãe sempre estava empenhada em ensinar-me como ser uma alfa para
quando meu pretendente chegasse.
— A maneira como seu pai conduziu seu acasalamento com Petrus foi tão
absurda que não entra na minha cabeça.
— E você burlou alguma norma? Não entra na minha cabeça que tenha
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— Mas foi o rei que impediu a cerimônia e não você. Você até aceitou
aquele desafio da Sami que pensei que meus nervos explodiriam.
Ela suspirou.
— Papai estava errado, e eu pedi para ele parar e ele não parou e me
obrigou a mentir e eu... fui tão egoísta, pensei que conseguiria assumir meus
deveres, e me acasalar com Petrus, mas no fim não pude.
— Isso não devia ser uma obrigação, e o que você fez, aceitando que
Petrus ficasse com Sami, trouxe a felicidade a ele.
— Mas trouxe a desgraça para minha família. Há algo que meu pai não
me contou, há uma espécie de segredo que eles me escondem. Creio que por
isso sempre tenha sido muito vigiada e sempre pensei que meu pai me
amasse, mas ao descobrir o que fiz ele não me perdoou. — Ela suspirou e o
olhou. — Fui eu que chamei o rei.
— Não entendo.
— Eu sou culpada do que meu pai me acusou. Eu chamei o rei e pedi que
impedisse a cerimônia.
— Não foi Erick que contou ao rei que algo estava errado sobre estes
contratos, e disse que Petrus estava acasalado, que ele deveria intervir. Foi
ele, mas porque pedi.
— Continue.
— O rei disse que foi Erick porque estavam me encobrindo, para ninguém
saber que fui eu que pedi ao rei que parasse meu acasalamento com Petrus.
— Por quê? Pensei que tinha aceitado o acasalamento com Petrus... Vocês
estavam se entendendo.
— A lista para não querer aquilo era tão grande. Era uma jogada suja do
meu pai. Obrigar Petrus àquilo era tão errado e ele amava, Sami. Eu contei ao
Sr. Erick sobre as imposições de meu pai, eu implorei que avisasse ao rei,
antes que chegasse aqui, para que impedisse. Eu não podia, simplesmente não
podia me acasalar com Petrus, depois que eu soube que ele amava outra, que
ele tinha uma companheira, eu... eu simplesmente não pude.
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— Por isso que foi banida? Mas se o rei disse que foi Erick, por que seu
pai acusou você? Como ele soube?
Ela suspirou.
— Sim. Quando já não tinha mais como pagar seu silêncio, pois dei todo
meu dinheiro, meus diamantes e outras pedras preciosas, meu ouro, enfim,
tudo o que tinha de valor e quando a fonte secou, ele contou ao meu pai.
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— Maldito!
— Bem, agora não adianta lamuriar, sou uma pária e não posso remediar
isso.
— Não tenho nada que te perdoar, pois a única coisa que sinto é alívio.
— Não.
— Estou furioso, mas com seu pai e sua alcateia. Não com você. Você foi
usada e depois punida. O que fizeram foi injusto.
— E ele devia ter agido corretamente. O que ele fez quase destruiu a
todos. Esta é sua alcateia agora. Pode recomeçar.
— Ela vai, mas o mais importante é que eu te aceito. Mas para te poupar,
não contaremos nada. Ninguém precisa ficar sabendo de nada disso. Com as
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relações entre nossas alcateias cortadas, os italianos não entrarão mais aqui,
ninguém saberá de nada. Somente falaremos com Petrus.
Harley passou os braços por detrás de suas costas e a puxou para que se
encostasse em seu peito, com seu corpo preso ao seu as palavras sumiram.
Ela não conseguia respirar, colada no seu corpo, sentindo seus braços
abraçá-la daquela maneira. Era tão bom e se sentia tão protegida.
— Fiz por Petrus, mas também fiz por mim. Porque quando vi a dor nos
olhos dele, quando vi sua tristeza por abrir mão de sua companheira, aquele
desalento... eu me vi... vi que aquela era eu, sentindo as mesmas coisas. Que
não era somente Petrus que estava sendo condenado, mas a sua companheira
também... eu... e você.
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— Eu... Eu morreria dia após dia vivendo debaixo do mesmo teto de meu
companheiro e não poder tê-lo, não poder tocá-lo. Eu morreria lentamente em
ver você e não poder ser sua.
— Eu veria a luz dos teus olhos se apagar e não podia deixar isso
acontecer. Porque a luz que vejo é como o brilho do precioso sol direto em
minha alma, aquecendo meu coração. Eu poderia suportar minha condenação,
mas não suportaria ver a sua. Ver-te triste me mataria. Porque... meu coração
sempre foi seu. Porque eu amo você...
Harley pensou que o mundo deu um giro trágico, deixando-o tonto, sua
garganta embargou e seus olhos se encheram de lágrimas.
Tudo o que ela disse antes do “eu amo você” desapareceu e perdeu a
importância. Ela o amava e agora nada mais importava, não que importasse
muito antes.
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Ele não esperou nada e segurou seu rosto entre as mãos e a beijou. Beijou
entre as lágrimas, suspiros e um amor sufocado. Beijou para selar aquelas
palavras abençoadas, desejadas. Para retribuir, para receber, para unir e selar
seu amor.
— Eu queria tanto ter dito essas palavras antes, mas não pude. Pensei que
nunca pudesse — ela sussurrou em seu peito.
Depois de um longo tempo, Harley respirou fundo, soltando para fora seu
alívio, sua dor guardada no peito, substituindo pela felicidade. Uma
felicidade até então desconhecida.
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Ficaram assim por um longo minuto, ambos podiam sentir seus corações
chocando-se contra o peito um do outro, porque estavam desesperados.
— Pietra, ser alfa não é se sacrificar, como uma mártir. Precisa pensar no
bem da alcateia, sim, mas tudo deve ser levado em conta.
— Eu quero que saiba que estarei segurando sua mão, para passar por
isso. Se me deixar segurá-la, vou segurar muito forte, não soltarei.
Ela sentiu a comoção que atingiu seu coração. Como não amá-lo?
Por isso tomou uma decisão que mudaria sua vida. Uma que afetaria a
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ambos.
Este pensamento a fez gemer e sentir os braços dele ao seu redor era um
bálsamo.
O abraço dele era o ar para respirar, a água para matar a sede, era o
alicerce que a sustentaria e que a fazia saber que podia construir uma nova
vida. A força que ela precisava.
— Você está em casa agora. Você voltou para mim e agora é tudo o que
importa.
— Onde pertenço.
— Onde pertence.
Harley a beijou, mas esse beijo foi totalmente diferente. Ela o sentiu não
só na sua boca, mas em outras partes do seu corpo também.
Ele aplicou mais pressão ao beijo e rodou sua língua ao redor da sua,
beijando-a completamente. Os corpos encaixados perfeitamente.
Ele se afastou e deu uma mordidinha no seu lábio inferior, que foi o
choque que ela precisava para voltar para a Terra, porque depois daquele
beijo, estava na lua, no mundo perfeito e encantado, no paraíso e era bom
demais para querer sair dele.
No mundo que ela sempre quis fazer parte e tinha sonhado: ao lado de seu
verdadeiro companheiro.
— Sim, eu sinto.
Ele fechou os olhos por um minuto, porque, senhor, ouvi-la admitir foi
estupendo.
— Não tema. O que fez pode ser visto de forma errada para sua alcateia,
mas fez bem à minha. Isso que temos não pode ser ignorado.
Ela suspirou e acariciou seu rosto, levemente, o que quase o fez suspirar
como um tolo. Ele segurou sua mão e beijou sua palma, suavemente.
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Ela suspirou e se abraçou e ficou ali por um momento, depois foi para seu
quarto.
Sozinha.
E olhando aquele quarto, ela sabia que seu lugar não era ali.
Não, antes ela nunca foi livre e feliz. Era a loba boneca, somente
esperando para cumprir as ordens do pai.
E ser livre era o que queria, ser livre daquelas amarras que detestava, ser
outra pessoa, diferente daquela que foi forçada a viver por toda vida. Ela não
gostava da loba que era antes, então por que não ser, agora, a loba que queria
realmente ser?
E sabia o que deveria fazer: mandar todo mundo para o inferno e tomar
seu companheiro. E faria.
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Sabia que ela estava em seu quarto, porque a ouvia se locomover e estava
segurando seu instinto selvagem de ir tomar o que lhe pertencia.
A visão dela deitada na cama, sobre os travesseiros que ele queria tanto
compartilhar, cobri-la com seu corpo e amá-la, entregar seu coração
definitivamente, fazê-la sua. Estar dentro dela, ouvindo seus gemidos de
prazer, mordê-la.
Quase riu de sua desgraça. Ele, um amante fervoroso, que tinha o sexo tão
facilmente, a beleza do prazer tão bem definida na sua vida, agora estava ali,
sedento, quase rastejando e implorando por sexo. Era digno de uma peça de
tragédia grega. O tolo.
Petrus foi o gatilho que a impulsionou, mas o verdadeiro motivo era ele.
Zeus, ele não podia acreditar nas palavras e seus beijos, tão intensos e
doces, maravilhosos.
Ele rosnou quando uma onda de energia emanou de seu corpo, como uma
explosão em onda, colorida e potente, que espalhou pelo quarto, fazendo com
que a luz de seu abajur estalasse em um estalo seco, soltando cacos pela
mesinha.
— Merda!
— Oh Zeus! — gemeu.
— Harley...
Ele foi até a porta do quarto dela e, sem bater, abriu a porta.
Pietra estava de costas para ele, na porta aberta da varanda, usando uma
camisola de seda branca, longa até os pés que seguia as curvas de seu corpo
delicioso, e o penhoar semitransparente dançava com o vento. Seu cabelo
longo estava solto, caindo pelas suas costas e ela estava com os braços
levantados sobre a cabeça, escorados no batente da porta.
Ele não via seu rosto, mas sabia que estava em um momento de
sublimação, de oração, de onde batalhava consigo mesma.
Ela estava olhando para a imensa e bela lua que estava no céu, bem a sua
frente, enfeitando o céu escuro e perfeitamente estrelado. Ao fundo, o mar se
confundia na escuridão, trazendo sua brisa refrescante e poderosa para beijá-
la e entrar pelo quarto.
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Ele podia até ouvir o ruído sofrido que a sua respiração fazia ao passar
pela sua garganta embargada.
Seu perfume dançou pelo ar, chegando até ele, quase o impedindo de
respirar.
— Não quero ver aquele desalento nos seus olhos. Eu quero poder ser a
loba de maior sorte nesse mundo por ter você, para agradecer por ser
maravilhoso e quero poder te fazer feliz. Eu sou sua, Harley, sempre fui e não
fugirei mais. Eu lutarei com todas as minhas forças para estar ao seu lado e
ser feliz. E mesmo que o tempo passe, nessa longa vida que temos, o amor
que sinto por ti não vai diminuir, ou acabar. Eu te reconheço e o reivindico
como meu companheiro e nada nesse mundo vai nos separar.
Pietra caminhou até ele, parou na sua frente, o olhando com tanta paixão,
com os olhos mostrando relances de cintilar, o que o fez rosnar baixinho pelo
puro prazer que o encheu.
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Ela deslizou a mão pela sua mandíbula em um carinho doce que quase
arrancou um suspiro e então passou a mão em seu pescoço, deslizou para sua
nuca e embrenhou os dedos em seu cabelo e o puxou para seus lábios.
Pietra soltou de seus braços e retirou sua calça, quase sem soltar os lábios
que necessitavam estar beijando-se, saciando a fome desesperada e depois
tirou sua camisa.
Enquanto tirou o penhoar, ele passou as mãos pelas alças de sua camisola,
que deslizou pelos braços dela, indo para o chão. Ela estava sem calcinha e
quando ele vislumbrou seu corpo nu na sua frente soltou um rosnado
misturado com um gemido.
Seu membro estava mais vivo que nunca, pulsante e dolorido, tão ansioso
para tomá-la e lhe dar prazer. Dar-lhe felicidade, uma vida, tudo.
— Tão linda e perfeita. Meu lobo te reverencia, Pietra, e toda minha alma
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e coração.
A maneira que suas mãos percorriam seu corpo era para sentir cada
pedacinho dela enquanto a beijava, deliciosamente.
Beijar era tão bom que poderiam fazer isso por toda eternidade, roçando
seu corpo contra o dela. Pele contra pele.
Então, ele passou o braço por baixo de seus joelhos e o outro detrás de
suas costas e a pegou no colo, saltou com ela pelo quarto e tombou na cama,
cobrindo-a com seu corpo e beijando-a mais profundamente.
O peso de seu corpo sobre o dela a fez arfar. Aquilo era delicioso, pois ele
era tão perfeito e havia tanto desejo reprimido para ser libertado.
— Você é minha. Hoje nosso mundo vai se unir. Aceita ser minha
companheira, Pietra Papolus?
Sorriu para ele com os olhos cintilando ao ouvir o sobrenome que ele já
dava a ela.
— Sim, eu aceito.
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Seus beijos eram magníficos e senti-los pelo seu corpo era tão delicioso,
pecaminoso, e ele a beijava de forma intensa, quase como se fosse uma
reverência.
Harley deslizou sua mão pelo seu corpo e entre suas pernas e girou seus
dedos em seu sexo, arrancando um arfado de prazer, sentindo-a com os
dedos, atormentando-a, penetrando-a.
Ele afastou a mão e trouxe seus dedos até seus lábios, onde os sugou em
sua boca e gemeu com os olhos fechados, enquanto a provava.
A onda de necessidade que bateu sobre ela foi mais forte que tudo. Sentiu
suas bochechas queimarem pelo calor daquele ato extremamente erótico, com
seus cabelos irregulares caindo sobre seu rosto enquanto lambia seus dedos
daquela maneira escandalosa, como se seu gosto fosse a própria ambrosia,
manjar dos deuses. Então ele abriu os olhos e seu olhar cintilante, quente
como o fogo, a fulminou. Carregado de desejo e luxúria.
Tudo por ela, que sentiu-se viva novamente, na verdade viva pela primeira
vez na sua vida.
E aquele momento foi maior do que qualquer coisa que ele já tinha
experimentado.
— Você tem o sabor que faz minha mente se perder. Vou devorar você,
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loba.
Ele sorriu com o canto da boca, com promessas veladas, que ela chegou a
gemer e se contorceu pelas fisgadas que seu corpo dava. Harley sorriu
maliciosamente, se abaixou e tomou seu sexo na boca; e ela gritou porque
aquilo foi demais para aguentar enquanto ele se deleitou com ela, segurando-
a contra a cama para que ficasse à sua mercê.
Ela agarrou os lençóis com força quando ele abriu seu sexo com os dedos,
sentindo a suave textura, sentindo o quanto estava quente, tanto que podia
queimá-lo.
Seu corpo exalava um aroma que deixava seu lobo louco, cheirava tão
bem, que ele jamais poderia esquecer, seus dedos deslizaram facilmente, pois
estava molhada e escorregadia.
Ele sempre gostou de dar prazer às mulheres, mas elas estavam totalmente
esquecidas. Agora, ele somente queria dar prazer a ela, dar-lhe tudo o que
tinha, amá-la sem reservas.
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— Harley...
— Você é maravilhosa!
Com vontade ele lambeu, mordeu e provocou-a até que fez amor com sua
língua, indo e vindo e ela se contorceu forte se aproximando de um orgasmo
escandaloso. Ele retirou sua língua e seus dedos tomaram seu lugar,
preenchendo-a. Não parou até que a fez gritar arrancando seu prazer e seu
êxtase.
Enquanto seu corpo cobriu-a e sua boca exigiu a dela, num beijo intenso,
de roubar o ar e os pensamentos, ele penetrou-a, preenchendo-a com toda sua
longitude, e quando se encaixou todo dentro dela, ele mordeu seu lábio
inferior antes de sugá-lo na boca.
Pietra soltou um gemido tão erótico e desesperado, que ele pensou que
teria seu clímax, então impulsionou seus quadris para cima e empurrou seu
membro sedento de prazer dentro dela, movendo-se para trás e para frente,
até que a respiração estava quase impossível.
Ela podia sentir algo surgindo em seu núcleo novamente porque mal tinha
se recuperado do orgasmo que ele lhe deu, cada vez mais forte, mas quanto
mais duro e mais rápido ele se impulsionava dentro dela, mais ela necessitava
dele.
Uma intensa sensação se formou, até que, de repente, era puro prazer
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Eles se olharam nos olhos, enquanto o prazer puramente cru exalava deles,
mas a maneira que se olhavam era terna, encantadora, como se fosse um
presente precioso. Ele a beijou longamente, e soltaram-se buscando ar.
Iniciando novamente seus movimentos.
Não poderia ser diferente, já que suas almas se reconheciam. Seus lobos
se amavam e se aceitavam. O homem e a mulher se uniam num lapso do
tempo, de desejo, de destino.
Não havia palavras para serem ditas, pois as bocas estavam ocupadas, os
sussurros eram perdidos entre ofegos que nem suas mentes podiam registrar.
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O romance não era para os tolos, era para os verdadeiros amantes. Era
aquilo que estava pulsando dentro dele: o romance, o amor e o prazer de amar
sua companheira.
Ela gritou e rosnou agarrando-se a ele e quando ele a puxou para si, tão
fortemente, abraçando-a, tão encaixados, inteiros e unidos, as magias dos
dois se soltaram juntas e invadiu o quarto numa onda tão forte que estourou
todas as lâmpadas com um vento rodopiando e a névoa colorida como um
arco-íris foi observada por eles, que boquiabertos viram aquilo acontecer.
Harley ouvira relatos, mas agora acreditava que tudo era real, eles estavam
vivendo seu próprio momento.
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A mistura de prazer e dor era tão intensa que nunca poderiam descrever
em palavras.
Era a essência dos lobos, sua história e o elo que regia sua magia. E os
lobos deviam ser ensinados já na tenra idade. Eles tinham sangue celta e
viking correndo em suas veias, o sangue do rei nórdico e da rainha celta. E
isso não poderia ser negado, nunca.
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visão estava turva como uma nuvem de estrelas. Harley a puxou para seu
peito, abraçando-a contra o dele, com dificuldade de respirar e pensar, mal
sabia ele como conseguiu se lembrar das palavras certas.
Segurou-a contra ele até que a nuvem de prazer se dissipou, e ele piscou,
voltando para a realidade, o que estava bem difícil.
Sua loba suspirou profundamente, o que o fez olhar para ela, retirando os
cabelos de seu rosto. Ela estava vermelha pelo prazer, amortecida e cansada,
mas havia uma aura mágica ao redor dela, uma que a deixou mais bonita,
mais sexy e mais dele.
Era tão prazeroso que quase podia arrancar lágrimas dos olhos. E elas
chegaram à borda, as dela romperam silenciosamente e ele as secou com o
polegar, carinhosamente.
— Tudo bem?
— Sim — sussurrou.
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Ele soltou o ar, com prazer e beijou seu nariz, depois um olho que ela
fechou e suavemente o outro, depois cada bochecha e seus lábios. Ele
suspirou e encostou sua testa na dela.
Ela beijou seus lábios e ficaram ali, caídos, depois de se amarem, tentando
se recuperar.
Era mais do que ele pensou que seria tomá-la, era tudo mais intenso,
perfeito, quente como o inferno.
Suas aventuras anteriores foram boas, mas ele considerou que esta foi a
melhor. Única. Perfeita.
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Talvez por ter desejado tanto, por ser ela, por ele amá-la.
A respiração ficou presa na garganta quando a olhou com fome nos olhos.
Fome dela, necessidade crua. Os lábios de Harley se contraíram.
— Você é minha companheira agora e este lar nunca será tirado de você.
É uma promessa.
— Sabe, meu lobo, a coisa que mais me agrada quando olho para você é
quando sorri para mim. Realmente isso aquece meu coração. Você é sempre
lindo, galante e todo sexy, mas quando sorri é simplesmente perfeito.
— Nossa, meu ego foi massageado agora, mas pensei que iria elogiar
minha performance sexual.
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— Só bom?
Ele riu e sua risada preencheu o quarto, o que fez o coração dela palpitar
mais rápido.
Harley não teve conhecimento do que houve depois, pois foi tomado de
uma paz descomunal, como se seus sentidos tivessem sido desligados e deu
um suspiro de puro deleite.
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Todas as sensações que foram despertadas, que ele a fez sentir era tão
maravilhoso. Sentiu coisas pelo seu corpo que jamais pensou em sentir. Não
foi somente seu corpo que foi tocado, mas também sua alma e seu coração.
Algo inesquecível, que ela guardaria como uma relíquia em seu coração.
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Fechou os olhos por um minuto para curtir a sensação que tomou seu
coração novamente e suspirou ao respirar fundo e sentir o cheiro dele nos
lençóis, na sua pele, na sua mente.
Levantou, tomou uma ducha rápida e colocou o robe de seda, que estava
abandonado no chão e saiu do quarto.
Ele estava na cozinha fazendo o café da manhã e ela sorriu quando o viu.
Parecia que estava mais bonito do que nunca, estava com os cabelos
molhados, cheirando banho tomado, usando somente uma calça de agasalho e
com os pés descalços.
— Buongiorno, mio dio — disse brincando em sua língua italiana e ele riu
beijando seus lábios, docemente.
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— Melhor que nunca. Fiz um típico chá grego, lembro-me de que disse
que gostou. Não sei fazer o típico café, mas conheço um lugar que o faz
divinamente e a levarei ali. No mais, temos frutas, iogurte, hum... Baklava e
Tzatziki.
Ela riu.
— Parece gostoso.
Ela riu.
— Tudo parece delicioso e isso me deu fome. Você vai cozinhar tudo
isso?
— Ham... Bem... não. — Ele riu. — Não sou assim prendado. Uma das
cozinheiras da mansão fará para mim. O que eu sei mesmo é degustar os
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pratos.
— Acho que temos que ter o dia para nós, podemos ir à praia, passear,
descansar e à tarde... fazer amor... desfrutar que somos companheiros.
Ela sorriu.
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— Brinquedos?
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Todo seu corpo já se excitou, seu membro inchou e ele rosnou baixo. Ela
subiu na mesa e foi engatinhando até ele, lentamente, que parou de respirar.
Com o braço ele empurrou toda a louça de sua frente para o lado, para dar
caminho e esperá-la, já morrendo de desejo, antecipando na sua mente o que
aconteceria.
A luxúria tomou conta dele e somente desejava tomá-la outra vez. Ela
parou na sua frente e seu cabelo solto escorregou e caiu para frente, pelas
laterais de sua cabeça.
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O decote de seu robe abriu e ele pôde ver seus seios à mostra e tomou-os
nas mãos e os acariciou fazendo-a arfar e ela o beijou.
Sua mente ficou embaralhada porque somente desejou que um dia ela
fizesse isso com seu membro, o colocasse na sua boca deliciosa e o sugasse e
o acariciasse com a sua língua quente.
Depois ele deslizou a mão para seu colo, descendo pelos seus seios e pela
barriga e tocou seu sexo.
Ele rosnou e, com um puxão em suas coxas, trouxe-a mais para frente,
deixando-a mais na beirada da mesa, e se posicionou entre suas pernas, ainda
sentado na cadeira, sem deixar de olhar em seus olhos.
Ela arfou e seu coração acelerou, pois sabia o que ele faria e o achou
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Harley era poderoso, pela forma como a segurava tão forte, com uma
pegada que a fazia tremer. Ao mesmo tempo que era gentil e dizia palavras
doces, ele sabia ser cru e selvagem, seus dedos eram firmes em sua carne,
agarrando-a com força, sem machucá-la. Ele era o tipo de cara que diziam
que tinha pegada. Ela estava descobrindo isso e adorando.
— Ainda bem que gosta, pois não pode se arrepender, companheiro, vai
ter que tomar este café todos os dias.
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Ele teve seu tempo e amou dar este prazer a ela. Adorava tê-la daquela
maneira, fazê-la gemer. Sugou com força enquanto seus dedos entravam e
saíam e a tocavam por dentro.
Ali se perderam entre beijos e carícias, entre o sexo mais prazeroso que
podiam ter. Ele levantou com ela no colo e a sentou na mesa. Prendendo uma
mão na sua nuca, devorando sua boca, enquanto a outra mão segurava em sua
coxa, dominando seus movimentos que eram lânguidos e intensos,
despertando uma paixão selvagem.
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Ela mal conseguia respirar pelo prazer do ato, por senti-lo tão dentro dela,
para tomá-lo. E Harley rosnou, sentindo-a quente e escorregadia agarrando-o
com tanta vontade.
Harley era bom no que fazia, era experiente e sabia como tocar, como
excitar, como dar prazer, e dar isso a ela era absurdamente delicioso.
Amar Pietra era maravilhoso e sabia que aquilo ali era realmente especial.
Ela prendeu as pernas ao redor dos quadris dele e trouxe-o para mais
dentro dela.
— Beije-me, Harley.
Seus corpos dançavam juntos, então ele a empurrou com a mão para que
deitasse e ergueu suas pernas em seu peito e depois a possuiu fortemente,
fazendo com que Pietra soltasse gritos e arfados, e seus gemidos somente
eram mais um motivo para ele se excitar e adorá-la mais ainda.
E com o outro braço debaixo de sua barriga a trazia contra seu pênis.
Apertou seu braço nos quadris de Pietra para ter certeza de que ela não se
afastaria. Não que ela quisesse isso.
Harley rosnou outra vez, escondendo o rosto na curva do seu ombro lhes
dava o prazer final. Seu membro parecia inchar mais enquanto ele transava
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Ele saiu dela e a trouxe para seu colo, sentando na cadeira, basicamente
tombando sobre ela, porque suas pernas tremiam.
Suas mãos deslizavam pela sua pele, fazendo-a se sentir protegida em seus
braços, amada, e ele realmente amava tocá-la.
— Pelos deuses, se tiver isso todos os dias, morrerei — ele sussurrou com
a voz entrecortada porque precisava respirar, com o coração batendo forte e o
peito subindo e descendo com força, com a pele molhada pelo suor.
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Ele sorriu quando ela riu e sua risada foi abafada em seu pescoço.
Sua cabeça deu voltas enquanto seu orgasmo se desvanecia e seus dentes
retrocediam.
Pelos deuses do Olimpo, ele a tinha mordido no ombro outra vez, e ele
piscou aturdido com a informação, pois a lembrança do ato era muito vaga. A
luxúria tinha o deixado tão inebriado que seu lobo havia saltado.
— Não.
Ele suspirou e acariciou suas costas e beijou sua bochecha, com pequenos
e suaves beijos.
Beijou-o nos lábios, acariciou seu rosto, olhando-o tão intensamente, com
tanto carinho. Gostando de cada pedacinho do rosto dele, amando como ele
se mostrava a ela.
— Que tal terminarmos nosso café? Acho que ele foi interrompido.
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— Perfeito.
Ela abriu a boca e ele colocou o pedaço na sua boca e quando ela fechou,
sugou as pontas de seus dedos.
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Ela riu e ele ajeitou seu cabelo molhado para trás e acariciou seu rosto e se
beijaram docemente.
— Não.
— E se eu desapontá-lo?
— Sou um amante com a mente aberta, adorarei dar uns tapinhas no seu
traseiro.
Ele riu e para demonstrar que estava falando sério, deu-lhe um tapinha e
ela soltou um gritinho e deu um tapa em seu ombro.
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Pietra riu novamente e suspirou e ele segurou seu rosto entre as mãos.
— O faremos.
— Isso te envergonha?
Ele rosnou.
— Sou deficiente.
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Ela negou.
— Sinto muito. Sim, já tive, por isso meu pai queria que não me
envolvesse em problemas, para evitar crises. Era vigiada e protegida. Na
verdade, não fazia quase nada que pudesse afetar meus batimentos cardíacos
nem meus pulmões.
— Seu pai não tinha miolos. Ele tentou empurrar você para Petrus de
todas as maneiras e, inclusive, ocultou que tinha problemas de saúde.
— Petrus era um alfa, ele não queria que me rejeitasse por ser deficiente.
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— Mas que merda. Eu penso que a alcateia de Roma vive na Idade Média,
não é possível tanta barbaridade.
Ele rosnou.
— Ouvi uma vez um dos anciões dizer ao meu pai que eu carregava a
marca da maldição. Perguntei a minha mãe e ela desconversou dizendo que
os anciões muitas vezes diziam tolices.
— Esse foi um dos motivos no qual sempre fazia tudo para ser a boa loba,
para que meu pai não se envergonhasse mais de mim.
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— Às vezes, eu ronco.
— Primeiro disseram que você não era bom o suficiente para mim. Era
impossível. Agora dirão que eu não sou boa o suficiente para você. Que é
impossível — ela disse o olhando.
— Eu também não.
Ele suspirou e encostou sua testa na dela e ficaram assim por um minuto,
com os olhos fechados, vivendo aquele momento intenso.
O amor tranquilo, suave como a brisa os beijaria e seria tão forte capaz de
destruir montanhas.
A paixão seria intensa como o fogo e uniria seus corpos como se fossem
fundidos. Suas magias se uniriam e seriam fortes juntos.
— Bem, o que faremos hoje? Que tal eu ser um bom anfitrião grego e
mostrar à minha theá as belezas da Grécia? Além de nossa ilha? Temos
muitos lugares belos para te mostrar.
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— Sério? Não estou bem certa sobre estes extras e servicinhos VIP. Sobre
o quê estamos falando?
— É muito tempo.
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— Sim, tinha. Creio que nossa noite de amor um tanto quente tenha
quebrado suas regras.
— Oh, sim, o fez e devo dizer que estou totalmente propensa a quebrar
todas as outras e saltar na minha educação sexual anos-luz.
— Sério? Terei que ter relatos de seus desejos para que possa solucionar
este problema. Esse déficit educacional.
— Malas?
— Ok, eu farei as malas. Mas eu não tenho muitas roupas, Harley. Nem
um biquíni.
— Não tem, mas terá. Iremos a Creta e compraremos tudo o que necessita:
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um protetor solar, biquíni, vestidos, calcinhas, etc. Aliás, você não precisa
usar calcinha.
— Imagina que tesão, olhar para você e me lembrar que está sem calcinha.
— Descarado.
— Parece delicioso.
Ela gritou e riu quando ele saltou da varanda sobre duas pedras e sobre a
areia de uma pequena enseada.
A areia era branca e a água do mar tão clara e parada que parecia uma
piscina. Ele correu e saltou alto e longe e caiu dentro da água e tombou com
ela e os dois rolaram e se abraçaram brincando na água.
Como não fazê-lo? Ele contagiava com sua risada, era espontâneo, estava
feliz.
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Toda aquela área era privada e turistas, ou mesmo cretenses humanos, não
poderiam entrar sem permissão, pois um grande muro cercava a propriedade
e, para todos os efeitos, era um condomínio fechado.
Aquela parte da ilha de Creta somente podia ser vista da Ilha de Alamus
ou pelo mar.
— Sim, tudo na paz. Já deixei sua moto pronta. Achei que gostaria de usá-
la. O carro também está abastecido.
— Obrigado. Quero que abasteça a lancha, pois pretendo usá-la mais tarde
e arrumaram nosso quarto?
— Obrigada.
Harley conduziu Pietra pelo píer, sempre com a mão em suas costas e ela
gostava disso nele. Quando chegaram à casa, ela ficou deslumbrada. Era bem
ao estilo grego, branca com as janelas azuis e com muitas floreiras coloridas.
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— É lindo.
— Sim, sabia que gostaria. Quando quis me mudar, pensei em vir aqui,
mas ir e vir de Alamus para cumprir minhas obrigações como beta me
custaria tempo e prefiro aproveitar este tempo para estar com você.
— Como conseguem?
— Exatamente.
que não temos isso aqui em Creta, talvez em Atenas tenha algo, mas podemos
providenciar.
— Não é necessário.
Ela o olhou e suspirou e seu coração inundou de mais amor por ele.
— Eu sei que pode. Tenho certeza de que aqui em Creta tem boas roupas
e estarei muito bem com elas.
— Não quero que pense que não as merece, porque o faz. Não quero que
pense que porque te tiraram tudo não merece tudo novamente.
— Ok, então se um dia passarmos por uma Dior, então deixarei que me dê
algo, mas se não for, tudo bem. O que busco agora não são futilidades,
Harley. Eu desejo realmente encontrar um sentido para minha vida. E roupas
de grife não é minha prioridade agora. Há algumas coisas que não quero mais
e acho que não são mais importantes para mim agora.
Ela sorriu e ele a beijou, suavemente, depois foram até o carro e saíram às
compras.
Tudo estava indo bem, até a moça sair e ir buscar outro tamanho de roupa
na loja e ele invadiu a cabine e fechou a porta.
Pietra o olhou com os olhos cintilando e riu, tapando a boca com a mão,
com as bochechas vermelhas e ele sorriu, com aquela cara de safado que a
deixava louca.
Ela abriu a portinha, colocou a mão para fora, pegou a roupa e fechou a
porta rapidamente.
Harley rosnou, ele não estava muito a fim de sair, queria continuar o que
estava fazendo, mas ela se soltou dele e o empurrou para fora e fechou a porta
rapidamente e riu mais ainda.
Mas então ele riu, passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, satisfeito
consigo mesmo, feliz mais do que nunca.
Tudo era delicioso com ela. Até seu descontrole era delicioso.
Depois do almoço, quando ela foi arrumar as roupas, ela percebeu que não
tinha comprado lingeries e foram de moto até uma loja famosa na cidade.
Victoria’s Secret e a imaginou na lingerie sexy cada vez que olhava para
uma.
Além disso, ela o mandou para fora e ficou sozinha na loja, pois não
queria que ele visse as lingeries para lhe fazer surpresas e outra, porque a
atendente praticamente jogou os peitos de um decote escandaloso sobre ele,
descaradamente.
Se Harley não saísse, ele poderia jurar que Pietra morderia a garganta da
moça. Isso inflou seu ego e, zombeteiro, a beijou descaradamente e de forma
voluptuosa na frente da moça, para mostrar que ele tinha uma mulher e não
estava interessado em outra e, então, saiu da loja.
Pietra tinha olhado satisfeita para a moça, que parecia mais derretida que
uma maionese na sua frente.
Ela não estava usando lentes o que fez a moça sentir uma inveja mortal
dela, por causa dos seus olhos incríveis, mais ainda por causa de Harley e
todo o resto. Pietra derramou seu olhar assassino sobre a mulher que quase
virou uma minhoca.
Bem, de qualquer forma, todas poderiam olhar para ele e babar, porque
Harley era dela e somente ela podia tocá-lo. Um sentimento de poder emanou
dela e ela sorriu. Sentia-se mais confiante, mais forte e estava gostando disso.
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Quando ele a olhou, mesmo com os óculos tapando sua visão, sentiu seu
olhar quente.
Ele não.
— Que estúpido, deveríamos ter vindo de carro. Por que não pediu que
entregassem as sacolas em casa?
— Desculpe, eu esqueci, é que isso também não pesa nada. Posso muito
bem levá-la.
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— Uma praia?
— Diferente como?
— Essa é a surpresa.
— Pode colocar uma bermuda, pois vamos de moto, dessa vez vamos
pegar a outra, a minha especial.
Quando ela viu a moto que iriam andar, ficou boquiaberta. Era esplêndida.
Preta com labaredas de fogo pintada no tanque em tons de vermelho, laranja
e amarelo, deixando a máquina com ar selvagem.
— Acho que isso aí não combina com uma bermuda jeans e biquíni — ela
disse impressionada.
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— Garota, combina com couro, já sei. — Ela riu. — Mas não podemos ir
à praia de couro, mas podemos providenciar isso para outro dia.
Ele riu e a olhou com um olhar malandro, de cobiça. O homem sabia ser
quente sem fazer nenhum esforço e fazê-la esquentar rapidamente. Estava se
sentindo uma depravada, mas a sensação era deliciosa.
Ele rosnou e ela suspirou, subiu na moto e colou nas suas costas e quando
o abraçou pela cintura, ele rosnou novamente.
— Pensei que lobos deveriam ser discretos, garanto que não existe uma
garota que não olhe para você sobre esta moto.
— Oh, sim, todas as garotas quebram o pescoço para me olhar e isso faz
muito bem para meu ego, mas não que me importe com elas, com você na
minha garupa.
Ela riu.
Creta era uma ilha belíssima, com muitas ruínas para apreciar e Harley ia
passando lentamente por tudo e contando a história, narrando acontecimentos
e obviamente que ambos chamaram toda a atenção para si.
Ambos eram muito altos, ele media 1,98m e ela 1,85m, além de seus
corpos belos e seus rostos parecendo os próprios deuses gregos. Sobre uma
Harley Davidson, então...
Quando chegaram à praia, que ficava no oeste da ilha, ela desceu da moto,
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Ele riu.
— Sim, sabia que gostaria. Eis uma das maravilhosas praias de areia rosa.
— Elafonisi.
Harley a pegou pela mão e a bolsa e andaram para o lado mais isolado da
praia onde ficariam longe das pessoas, a praia não estava movimentada, por
sorte, e ele esticou uma grande toalha na areia.
Ela tirou a roupa e ele a achou divina com seu biquíni branco, óculos
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Tudo que Pietra usava a deixava elegante e sedutora. Era de sua natureza,
pois mesmo usando um trapo rasgado a acharia bonita e elegante. E seu corpo
era maravilhoso.
— Por Zeus, que tortura! — ele gemeu e desviou o olhar para o mar.
— O quê?
— Obrigada.
— Sim.
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— Verdade.
Ela riu.
— Está vendo? É este aqui, seus esporos estão espalhados por toda a areia.
— Claro que pode, inclusive pode levar a mim, para onde queira — disse
com um sorriso malandro.
— Você é um descarado.
Ele rosnou e a beijou, puxando seu corpo para o dele, depois ele a afastou
um pouco com as mãos na sua cintura.
Ele sorriu, tirou seus óculos e seu chapéu, pegou na sua mão e a levou
para a água.
Pietra se soltou de seu pescoço e deitou para trás, e ele sorriu, segurando-a
ainda escarranchada na sua cintura e a segurou para que boiasse, acariciando
sua barriga e seu colo.
azul e límpida que dançava ao redor dela e seus longos cabelos dançavam na
água e ela tinha um sorriso no rosto, que encheu seu coração de alegria.
Ela riu.
— Sim, é claro, assisti a todos seus filmes, assim como os de James Dean.
— Bem, sim. Você tem cara de que foi um rebelde sem causa dos anos 50.
— Garota, eu fui um daqueles típicos rebeldes dos anos 50, de onde acha
que veio minha paixão pelas motos, jaquetas de couro? Eu usava até a
brilhantina.
Ela riu com vontade e ele também. Em seguida, Harley passou a mão na
sua nuca e a trouxe para um beijo quente, intenso e foi maravilhoso.
— O quê?
— Sério?
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Quando foram para casa estavam inebriados com uma nova felicidade.
Para arrebatar mais o coração de Pietra, se é que isso fosse possível, ele a
banhou, lentamente, com suas mãos ensaboadas, deslizando pela sua pele
escorregadia e suave.
Lavou seus longos cabelos com uma delicadeza que ela se espantou.
Enterneceu-se mais e ela fez o mesmo com ele.
Essa era a promessa aberta que vinha de suas almas, de seus corações
inebriados.
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— Acha uma boa ideia ficar perambulando pela Grécia com uma pária?
— Petrus perguntou ao telefone.
— Cale a boca.
— Olhe, sei que quer ter privacidade com ela, mas sempre é bom ficar
atento. E aqui eu tomarei conta. As pessoas estão especulando sobre seu
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sumiço com ela e obviamente que já falam de seu acasalamento, que parece
ter vazado de algum lado.
— Sim, papai.
Petrus riu desligou o telefone enquanto Harley seguiu em sua viagem com
sua adorada companheira.
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Sair de Alamus foi um sopro para que eles pudessem ser eles mesmos,
sem medos. Aos poucos, Pietra estava adquirindo confiança e tentava
fortemente afastar seus medos e aquele complexo de inferioridade que havia
se apossado dela.
Mesmo com o passeio ele permanecia sempre atento aos olhos humanos,
preocupado que não deixassem ninguém perceber sua verdadeira origem,
cuidando de sua fêmea como se fosse um cão de guarda.
Ele nunca tinha sido tão entusiasmado com a mitologia como ele a via ser.
E mais entusiasmada ainda ficou, quando assistiram a uma réplica de uma
Taurocatapsia ou conhecida também como o Salto de Touro que era realizada
na Creta Minoica, em louvor ao animal sagrado, o touro.
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Pietra estava achando tudo divino, lindo, mas teve uma queda a mais por
Karpathos, considerando a beleza e hospitalidade que era incomparável em
qualquer outro lugar na Grécia.
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Naquele último dia, ela vestiu um vestido branco com florais vermelhos,
até os joelhos com a saia rodada, e uma faixa vermelha na cintura, uma
sandália e um chapéu branco. Estava tão fresca e elegante que Harley quase
não conseguia tirar os olhos dela. Possuía uma elegância natural, mas uma
coisa que ele percebeu é que ela não estava com a coluna dura como se
tivesse engolido uma espada, uma elegância forçada, como ele a tinha
conhecido. Pietra estava sendo elegante por sua natureza delicada, sutil, bela,
e isso o agradou.
Harley podia ter um império como Alamus, mas ele e Petrus eram dois
rebeldes de maneiras não muito polidas. Gostavam de espontaneidade. Mas
Harley mantinha algo que poucos homens mantinham hoje em dia:
cavalheirismo.
Puxava a cadeira, abria a porta, andava sempre com a mão nas costas dela,
a servia primeiro, beijava a mão das damas quando as cumprimentava.
Parecia como os lordes de antigamente. Era contraditório e lindo.
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A lua estava brilhante e estava posicionada bem em cima das ruínas, o que
tornava tudo mágico. Era uma visão de tirar o fôlego.
— Isso é tão lindo — ela sussurrou. — Acho que só perde para aquela
visão da sacada do hotel em Atenas que ficava no alto e bem em frente estava
a colina com as ruínas da Acrópole, toda iluminada. Foi tão mágico. Mas
aqui também é maravilhoso. Acho que não saberei escolher um local
preferido.
Ele foi até o balde de gelo que havia na mesinha e abriu a garrafa de
champanhe e encheu as taças. Ela o olhou, encantada, quando ele lhe
entregou e sorriu.
— Combinado.
Eles pegaram o champanhe e foram para a varanda e o chão era todo feito
de mosaico de pedras. Ela se abaixou para olhar, eram pequenas pedras
chatas e arredondadas, firmadas em pé, em três cores, branca, azul e preta.
Era de uma beleza descomunal.
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— Isso é lindo!
— Vou procurar um artista para que o faça, quem sabe uma parte do nosso
terraço?
— Ficaria lindo.
— Considere feito.
— Por quê?
Ela riu.
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— Bem, acho que é, mas não quer dizer que deva mencioná-lo.
Ela sorriu, o beijou e foi tomar banho e Harley olhou para a paisagem, e
pensou que nunca tinha achado-a tão maravilhosa.
Nunca a Grécia tinha sido tão linda, a comida tão deliciosa e passear tão
prazeroso. O amor podia mudar a maneira que se olhava a vida.
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De todas as que viram o povo assistir, no fim dançar como uma grande
festa de vila era a Zorba.
Harley a puxou para fazer parte do cordão de pessoas que se uniam pelo
entrelaçar dos braços e dançavam a dança que na maioria dos passos era com
os pés.
— Sim, faminta.
— Parece bom. — Ela abriu a boca e ele colocou um bocado na sua boca.
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— O que é Ouzo?
— Ah, essa bebida é deliciosa e produzida aqui, à base de anis. Veja, ela é
transparente, mas misturada com água ou gelo fica com aspecto leitoso.
— Parece esquisito.
— É tradição, experimente.
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Eles foram até um pequeno café que ficava na praça e ela sorriu quando
viu o jovem preparando o café. Tinha uma prancha ao fogo, forrada de areia
quente. Ele colocou água, açúcar e o pó de café no briki — recipiente de
bronze com um cabo longo de madeira no qual ferve o café.
Ela tomou o café e seus olhos brilharam olhando para ele, que sorria.
— Isso é delicioso, mais gostoso que o café italiano e olha que adoro o
café italiano.
— Podemos fazer isso em casa? Acho que assim com a areia não, mas não
há outra maneira de fazê-lo?
— Podemos comprá-lo?
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— Considere feito.
O rapaz era rápido e eficiente em efetuar os trabalhos que Harley lhe dava,
como seu novo funcionário.
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Sami tinha razão, era um bom rapaz e muito inteligente. Harley tinha o
observado de perto, tinha dado instruções e dado espaço a ele, o que o
deixava muito feliz.
O tempo parecia sempre ajeitar as coisas para o bem para todo mundo,
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mas uma coisa que não estava andando bem para Alexander era o tempo.
Harley serviu uma caneca de café para si e uma para Alexander, que
sorriu, agradeceu e pegou a caneca, mas ela escorregou de sua mão e
espatifou no chão.
— O que há de errado?
— Hum... nada.
— Não minta para mim, garoto. Estas perdas de movimento, sua cadeira
que perdeu o rumo e bateu na porta. Os gemidos de dor, agora seus dedos que
estão fracos. Isso é normal? Quer dizer... pensei que estava se curando.
Alexander suspirou.
— Meu estoque de soro está acabando, Harley, meu tio está tentando fazer
mais, mas acho que não está funcionando. Tivemos que colocar as aplicações
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— Seu tio e Sami são muito inteligentes, vão dar um jeito, não se
preocupe.
— Meu tio é como se fosse meu pai. Eu passava todo meu tempo com ele.
Era sempre preocupado com minha saúde, com meu bem-estar e me levava
para passear, ao jogo, sabe? Coisa de jovens. Pelo menos, algumas delas.
— Eu nunca tive uma vida normal, nunca tive amigos de minha idade. Por
um tempo frequentei a escola, mas não conseguia acompanhar, então meu pai
pagava para ter aula em casa. Meu quarto era como um quarto de hospital e
uma biblioteca.
— Imagino que sim, depois de saber quem eu era é fácil encontrar muito
sobre nossa vida. Minha casa está fechada agora.
— E seu pai?
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— Nos usando.
Quem gostaria de ter um pai como o dele, que tinha causado tanto mal
para os lobos?
O que seu pai faria se um dia descobrisse que Alexander estava vivendo
entre eles? Que Sami era uma loba também?
— Sim, eu sei.
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Harley respirou fundo e pegou outra caneca e serviu para ele e colocou
sobre a mesa.
— Que tal você terminar um jogo que eu comecei? Tenho outros assuntos
para lidar e gostaria de agilizar seu lançamento.
— Lobisomens.
Alexander riu.
Alexander riu.
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— Que mudanças?
— Como assim, quer dizer uma sala de computadores somente para mim?
— Sim, então verei isso. Muitas mudanças estão acontecendo por aqui.
— É ótimo. Agora assuma aqui, que eu vou ver minha adorada loba.
— Ora bolas, por que eu contratei você se tenho que ficar aqui
trabalhando, ao invés de namorar minha bela loba?
Alexander riu.
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Pelo brilho dos olhos de Harley e seu sorriso, ele acreditou em cada
palavra. O homem estava realmente radiante.
— Acho que isso não vai acontecer comigo. Quem gostaria de um homem
com tantos problemas como eu, que futuro teria? Nem sequer tenho mais
minha casa.
— Não tem hoje, mas pode ter amanhã. É jovem e uma coisa que eu
aprendi nessa vida é que hoje podemos ter algo e amanhã perdê-la. Hoje
podemos não ter nada e amanhã ter tudo. O importante é ter sonhos e lutar.
Alexander, não desista. Enquanto respirar há chances a serem agarradas.
— Ok, obrigado.
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— No começo sim.
— Não posso dizer que estou feliz por nunca mais ver meu pai. Ele era
meu pai e eu o amava. Mas conhecê-los somente fez ter mais vergonha do
que ele fez. Sei que a qualquer momento posso perder isso que conquistei,
estas falhas em minhas mãos podem seguir para algum órgão vital, como o
coração, os pulmões ou outro órgão que pode parar de funcionar.
— Eu sei.
— É seu direito.
— Cada um tem que aprender a sobreviver como pode. Mas seu pai
perdeu a mente e o que acontecia lá era muito além de pesquisa: era tortura,
maldade.
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— Você disse que não sabia, então a culpa não é sua. Por acreditar nisso,
que ainda está vivo e demos a oportunidade de nos conhecer, como somos,
como vivemos.
— Gostaria?
— Obrigado.
— Agora vá trabalhar que te pago para fazer jogos e não para ser seu
terapeuta amoroso. — Harley sorriu, revirou seu cabelo e saiu.
— Sim, chefe.
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O mundo dos lobos era estranho e, apesar de algumas coisas serem ruins,
ela amava ser uma loba. Amava sua mágica e amava estar em forma de loba.
Agora, não tinha vergonha de ser o que era, apenas lamentava de não ter
conseguido lidar com as situações que a levaram a ser uma pária.
Seu coração estava tão arrebatado de amor por Harley que pensava que
não conseguiria administrar esses sentimentos tão fortes.
E por mais doloroso que houvesse sido o processo, não conseguia sentir
remorso ou arrependimentos.
Estava livre, porque aquela Pietra Scopelli não existia mais e ela havia
sido liberta de sua jaula dourada. Agora era Pietra Papolus.
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Sentia falta de sua família, porque, apesar de tudo, ainda os amava, mas
Harley era sua família agora. E pela primeira vez se sentia em seu lar, sua
casa e o mundo ao redor parecia sorrir para ela.
Harley tinha falado com Petrus e eles fariam uma cerimônia dali uma
semana, para oficializar sua posição como beta diante da alcateia.
Ela arfou, se assustou e derrubou a xícara de chá quando ouviu uma risada
alta de mulher bem dentro da sua cabeça, que parecia fazer eco. Olhou
aturdida ao redor, pensando que havia alguém atrás dela, mas não havia
ninguém.
A voz falou algo em grego que ela não entendeu e ouviu os guizos de
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Pietra franziu o cenho percebendo uma presença de lobos por perto. Ela
olhou para o jardim e não viu nada, estranhando a sensação de estar sendo
observada, saiu para a lateral do terraço e desceu as escadas, entrando no
jardim da frente da casa.
Uma delas era Katra, esta era a única que sempre a olhava com cara feia e
ela sabia por que, pois sabia que tinha sido amante de Harley.
— Bom dia, o que posso fazer por vocês? O beta não está. Ele foi para a
Ilha dos Lobos resolver algo com o alfa Noah. Deve retornar antes do
almoço.
— Não estamos aqui para falar com o beta, já que parece que ele perdeu a
cabeça — Katra disse.
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— Sim, é o que você é, não é? Sua alcateia a jogou na rua por ser uma
vadia.
Pietra deu passo para trás, cambaleando, suas pernas amoleceram e seu
coração explodiu em pânico. Era como se uma montanha-russa tivesse se
instalado na sua cabeça e a cena da floresta retornou.
— Cale-se! Pois sua falsidade como a garota rica e doce caiu por terra.
Vou arrancar sua língua e suas mãos por ter ousado tocar meu lobo. Pois
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— Mentira! O alfa nunca permitiria e nem o beta, pois é contra a lei dar
refúgio a uma pária! — Katra disse com raiva. — Você mentiu para eles, os
enredou com suas mentiras e com esta carinha de boa moça rica. Eles não
sabem o quanto você é traidora.
Pietra somente teve tempo de saltar para trás e desviar do golpe de Katra,
que saltou sobre ela com suas garras afiadas.
Ela revidou o ataque de outra loba, jogando-a longe, mas gritou quando
um lobo macho veio por trás dela e rasgou suas costas com as garras
enquanto ela se defendia de outra loba em sua frente.
Pietra cambaleou e rodou e saltou para longe deles, gemendo pela dor. Ela
olhou para o grupo e rosnou, furiosa.
— Harley vai ficar furioso por isso, sua ira cairá sobre vocês.
E eles saltaram sobre ela novamente e ela lutou com bravura, em sua
forma Dhálea, arranhando, mordendo e dilacerando a carne dos inimigos.
Ela saltou sobre os ombros de uma loba e destroncou seu pescoço e jogou-
a longe.
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Pietra era forte e lutava muito bem, misturando golpes de luta que havia
aprendido, com as características de sua espécie.
Quando dois lobos machos saltaram sobre ela, ela rasgou a barriga de um
deles, mas foi atingida pelo outro e caiu rolando pela grama e sentiu seu
corpo ser brutalmente arranhado.
Ela gemeu, ficou de joelhos e limpou o sangue que saía de sua boca, com
um enorme corte na coxa que doía fortemente, então arregalou os olhos,
porque tomou conhecimento de algo.
Seu instinto de loba estava alertando-a sobre sua natureza, sobre a vida
que brotava.
Isso somente ativou todos os alertas e seu desespero foi rápido e cruel,
atingindo-a como uma marreta.
Tinha que sair daquela situação, imediatamente, antes que fosse tarde.
Em outra situação, ela ficaria e lutaria até seu último suspiro, mas agora
ela precisava fugir.
— Vou lhes dar o último aviso, parem com isso, antes que se arrependam.
Eu sou sua beta! Companheira do beta.
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— Você não é mais do que uma pária. Somente pararemos quando estiver
morta.
Katra saltou sobre ela, e por um centímetro suas garras não estraçalharam
sua garganta, mas Pietra saltou para trás, rosnou alto e furiosa, com os olhos
cintilantes e com toda sua força revidou e bateu neles, derrubando, um após o
outro.
Assustada como estava, não sabia para que lado estava correndo. Ela saiu
do bosque, correu desesperada entre as árvores e quando freou, na praia,
jogou areia longe.
Ela olhou ao redor e uivou, pedindo por socorro, pedindo por Harley, mas
ela girou e olhou para trás, eles estavam vindo atrás dela.
Devia ir para a mansão, ali estaria segura, mas não sabia onde estava, sua
mente demorou em atinar que lado tinha corrido e que lado deveria correr.
Pietra fraquejou e caiu, pois sua perna estava gravemente ferida e ela
soube que não conseguiria correr e, na verdade, ela não sabia para onde
correr.
Ela correu até o fim da praia e onde começava outra mata entre as pedras e
parou, ela puxou o fôlego e sentiu uma dor no peito e sua respiração falhou.
— Para onde ela foi? Perdi seu rastro! — o lobo rosnou a farejando.
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— Deve ter ido por ali, deve ter corrido para a casa para tentar se refugiar.
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— Onde infernos ela está? — o grito de Harley ecoou pela mansão e logo
ele entrou como um furacão no salão e olhou furioso para o grupo de lobos
que estavam reunidos com Petrus.
— Julgamento?
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— Denunciar o quê?
— Ela é uma pária, foi banida da alcateia dos lobos italianos e está
escondida aqui sem o conhecimento de todos o que ela é. Ela quebrou as leis
e deve se punida.
Harley viu tudo vermelho na sua frente e pensou que todos seus instintos
assassinos já haviam sido despertados nessa vida, mas ele soube que não.
Ficou tão zangado que suas garras alongaram e ele arreganhou suas presas
e soltou um rosnado tão feroz que as vidraças tremeram e os lobos saltaram
para trás, não antes de ele dar um cruzado com suas garras que dilaceraram a
garganta do lobo que estava mais próximo a ele.
E ele teria seguido matando um a um, mas Petrus saltou sobre ele
segurando-o e puxando-o para trás e girou e foi à sua frente entrando no seu
campo de visão.
— Harley!
Petrus teve que soltar toda sua força para segurá-lo e o chamou diversas
vezes até que ele o olhou e arfou, com os olhos cintilando e com as presas
arreganhadas.
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Ele deu mais um rosnado alto que tudo na sala tremeu e Petrus arfou
quando percebeu que seu braço sangrava, Harley havia o atingido com suas
garras na tentativa de saltar sobre ele.
— Ela é uma pária, beta, ouviu o que eu disse? Deve ser julgada,
condenada e...
A loba não teve tempo de tornar a falar, pois Harley, em sua forma
intermediária, se soltou de Petrus e saltou sobre ela, tombando-a no chão,
imprensando seu peso sobre seu peito. Ela arfou e o olhou com os olhos
arregalados, gemendo pela dor.
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Petrus agarrou sua nuca e encostou sua testa na dele e falou para que
somente ele ouvisse: — Eu estou do seu lado, porra! Irmão, confie em mim,
resolveremos isso tudo. Sim, nós teremos um julgamento em breve e
colocaremos tudo às claras. Mas o que eu quero que faça agora é se acalmar e
encontrar Pietra. Ela não deve ter saído da ilha, ela está aqui e devemos
encontrá-la.
Katra arfou e gemeu pela dor, espantada com tamanha raiva sobre ela e
arfou novamente quando viu o sangue escorrendo de seu peito e sua roupa
estava rasgada.
— Sim, sabia, mas não pensei que tentariam matá-la! — disse zangado.
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— Alfa, nenhum barco deixou a ilha, ela está aqui, escondida em algum
lugar — disse um dos lobos que estava em reunião com Petrus antes do grupo
de delatores chegarem e desligou o celular.
Harley girou e saiu do salão e Petrus gritou ordens para seus lobos
espalharam-se, estava furioso.
Harley saltou para fora correndo como um louco, farejando seu cheiro
para saber de que lado havia ido.
A procura parecia não ter fim e ele estava ficando desesperado rodando de
um lado a outro sem encontrá-la até que ele parou em uma das praias e
arfando ficou ali.
— Pietra!
Então um frio percorreu sua espinha. Ele a sentiu, mas olhando ao redor
não conseguia saber onde estava até que ele olhou para as rochas e se
lembrou da gruta.
Não esperou mais nada e saltou na água e mergulhou, nadou por baixo das
rochas o mais rápido que pôde e emergiu dentro da gruta.
— Pietra!
Harley foi até ela, saiu da água e a pegou nos braços. Ela estava
desacordada, sua respiração estava quase nula e ele mal conseguia ouvir seu
coração. Pegou-a no colo e saltou na água; segurando-a somente com um
braço, nadou por baixo das rochas novamente.
Ele fez o CPR, uma e outra vez. De joelhos, Harley uivou tão alto, que
ecoou pela ilha. Ele estava avisando Petrus que a encontrou e que precisava
de Sami. Depois a pegou no colo e correu o mais rápido que pôde e saltou
pelas escadarias e terraço. Ele chegou à sala médica que ficava em um dos
cantos da casa, com uma entrada independente da mansão.
Ele uivou novamente chamando Sami, porque não sabia onde infernos
estava todo mundo e ele voltou a fazer a massagem cardíaca e soprar ar em
sua boca até que Sami entrou correndo.
E mais alguém estava com ela, mas ele estava muito atordoado para saber
e não conseguia tirar os olhos de Pietra. Petrus chegou e o puxou para fora.
— Calma, vai ficar tudo bem. Sami vai cuidar dela. Se acalme, Harley.
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Confie em Sami.
Harley sentou, mas não conseguia mais assimilar nenhuma palavra que
Petrus dizia, somente ficava rezando e pedindo que ela ficasse bem.
— Harley, você não matará mais ninguém, porque teremos essa porra de
audiência. Segure sua raiva e vamos esclarecer esta merda toda. Nós
cometemos um erro em não explicar o que Pietra estava fazendo aqui.
— Os lobos não tem que saber o que ela está fazendo aqui e o que houve
na sua alcateia! Se eu digo que ela é minha companheira, é minha
companheira e os lobos não podem machucá-la. Eles simplesmente a
atacaram e a condenaram sem saber a verdade!
— Eu sei, Harley, então vamos dizer a verdade aos lobos e assim aplacar a
ira deles. Se eles conhecerem a verdade, não terão motivos para virar as
costas para Pietra. Eles entenderão.
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que ir embora e eu não quero que você e nem ela vão embora, me entendeu?
— Ótimo. Vamos mostrar aos estúpidos que nossa palavra é lei. Têm
alguns lobos que são meio lerdos. Mas não pode simplesmente matar estes
lobos sem mostrar a verdade, mostrar a toda a alcateia que Pietra é boa e deve
ser honrada por eles. Matá-los sem a verdade faria que os lobos somente a
odiassem e se voltassem contra nós. Confie em mim.
— Ok. Acha que Katra realmente acreditava que eu não sabia que ela era
uma pária?
— É bem provável, talvez fosse mais plausível acreditar que uma estranha
nos enganou do que admitir que seu beta faria tal loucura.
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— Eu sei, e Sami tem se esforçado muito para ser aceita e Pietra passará
pelo mesmo processo e nós vamos ajudá-la. Katra pode ter sido intransigente,
mas não acho que faria isso tudo de caso pensado. Se o fez, descobriremos.
Confie em mim.
Ele se aproximou e acariciou seus cabelos e quando ela abriu os olhos ele
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Ver sua loba machucada doía, bem no coração, como se fosse uma faca
que tivesse sido cravada ali.
— Bem, deixe-me ver. Acho que já podemos tirar isso — Sami disse
retirando sua máscara. — Vou colocar a cânula, que é o cateter nasal, pois
assim receberá menor quantidade de oxigênio e se sentirá melhor e pode
falar. Mas nada de movimentos bruscos. Assim evita sentir dor nos
ferimentos. Mas como se curam rápido, em dois dias estará inteirinha em
folha.
— Sente dor?
— Um pouco.
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— A culpa foi minha... pensei que estava tudo bem e que era aceita, mas...
— Shhh... não foi sua culpa, aqueles lobos que são uns idiotas. Eu prometi
a você que estava tudo bem e deveria estar. Eu sinto muito.
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— Bem, não conheço nada desta parte porque nunca perguntei, mas seria
bebê ou lobo?
— Ok.
— Seria bom ficar aqui até amanhã para que eu possa te desligar destes
aparelhos. Então te libero para ir para casa se estiver normalizada, ok?
— Ok.
— Tudo bem, meu amor, eu estarei aqui com você o tempo todo. Não
precisa temer, nenhum lobo vai entrar aqui, está segura.
— Obrigado por ter cuidado dela, Sami — Petrus disse e respirou fundo,
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— Mas conseguiu.
— Temos que descobrir o que ela tem. Quero estar prevenida caso isso
aconteça novamente. Ela teve a mesma coisa da outra vez, aquela disfunção
no seu coração e uma parada respiratória. Outro ataque assim pode matar o
bebê, pode ficar sem oxigênio no cérebro, pode nascer com problemas ou
morrer.
— Tenho que fazer exames nela. Seu nível de oxigênio é muito baixo e
precisa ser monitorada.
— Fará, contanto que não a pique e nem a corte, pois Harley não
permitirá.
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— Não sei de nada, companheiro, não sei de nada, a única coisa que sei é
que praticar é divertido.
— Depois falamos sobre isso, vou entrar e cuidar dela, senão Harley fará
o jantar com minha cabeça.
Ela o beijou e Petrus rosnou, rindo, e ela riu e foi se afastando para voltar
à sala onde Pietra estava.
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Bem, a tal audiência foi adiada para a total recuperação de Pietra. Harley
fez uma guarnição de lobos vindos de Kimera e os colocou ao redor de sua
casa.
Harley teria que lidar com os traidores depois, pois agora somente queria
sua Pietra e seu filho bem.
Para acalmá-lo e para que ele não matasse todos os bastardos idiotas, que
tinham quase matado sua companheira e seu filhote, Petrus trancou os
agressores numa cela.
O alfa nunca pensou que seriam usadas as celas antigas em uma das alas
da ilha e nem os idiotas pensaram que seriam presos.
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Quando Harley soube que o grupo de lobos havia sido trancafiado, sua ira
se aplacou um pouco e, para se vingar, negou o pedido de Petrus para que a
audiência ocorresse dois dias depois do ocorrido.
Ele queria que os idiotas ficassem na cela mais tempo, então aceitou a
audiência somente cinco dias depois. Assim, sua loba estaria mais recuperada
e seu instinto assassino estaria mais aplacado.
Harley entrou com Pietra e já ficou furioso ao ver que o salão estava
repleto de lobos e três anciões estavam sentados em cadeiras luxuosas do
lado esquerdo.
Sami não estava de acordo com aquilo, mas Petrus teve a dura tarefa de
convencê-la que era um mal necessário, mesmo contra sua vontade.
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Ele já sabia de todos os motivos sobre Pietra estar ali, mas o problema era
que o povo de Alamus não e, ter adiado o assunto, somente tinha trazido
complicações, uma que quase matou a companheira de seu irmão.
Agora ele entendia Noah quando ficava irritado com assuntos de alfa e
também detestava as firulas burocráticas.
Uma coisa que estava aprendendo nos últimos meses era ter paciência e
manter seu controle, um por ser alfa e outro por ser companheiro. Tinha
muito que aprender com sua adorada companheira.
Mas hoje seu mau humor era por lobos de sua alcateia terem feito um
motim e quase matado a companheira de seu irmão.
Entendia porque Harley estava tão fora de si e só não tinha matado a todos
eles porque não permitiu. Se alguém tivesse feito isso com Sami, ele mesmo
teria os matado.
Petrus a olhou e pegou sua mão e ela sorriu. Isso dissipou seu nervosismo
e seu mau humor. Ela tinha esse efeito sobre ele, que amava e as coisinhas
chatas do dia a dia desapareciam.
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— Sim, alfa.
— Como sabe, Pietra, esta audiência foi requerida por motivo dos
acontecimentos dos últimos dias. Em pedido de seus acusadores. Recebi as
acusações contra você e decidi que essa audiência era necessária para que
possamos esclarecer as coisas.
— Entendo sua posição, beta, mas aceitei porque vejo como que as coisas
devem ser esclarecidas. Nosso conhecimento sobre os fatos de Pietra estar
aqui deve ser aberto ao povo de Alamus. Uma quebra na hierarquia ocorreu e
precisamos colocar as coisas nos seus devidos lugares para que possamos
acabar com os mal-entendidos e retomar a paz.
Harley rosnou baixo, pois não estava a fim de apaziguar nada, queria
arrancar uma dúzia de cabeças e aplacar sua raiva.
Queria poupar Pietra de passar por aquele sofrimento, mas não podia. Se
eles não soubessem a verdade, nunca a aceitariam como sua beta. Ele
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— Sim, alfa, estou bem e sou imensamente grata por ter cuidado de meus
ferimentos.
Sami assentiu.
— Eu confio.
— Eu estou bem, sei que é preciso, imaginei que esta hora chegaria.
Prefiro falar tudo o que sei de uma vez e que meu destino seja definido.
O que a descarada estava pensando? Que iria sair daquilo ilesa? Porém,
Harley tinha uma surpresa para ela. Se a maldita pensava que tinha triunfado
estava redondamente enganada.
— Bem, que comecemos logo com isso, pois não tenho o dia todo —
Petrus disse, impaciente.
O ancião levantou e olhou para Pietra como se ela fosse uma barata e
depois olhou para Petrus.
— Sério? Juro que não havia reparado — Petrus disse impaciente e Harley
teria gargalhado se não estivesse tão zangado.
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Por um momento, Pietra viu sua cabeça rodar e olhou apavorada para o
velho e depois para Harley, que por um motivo sobrenatural estava se
segurando para não cometer múltiplos assassinatos.
— Nossa! Esta loba é uma pária, que coisa horrível, sinto-me tão
enganado — Petrus disse com um espanto fingido e Harley o olhou como se
tivesse duas cabeças.
Ela assentiu para somente ele saber que o ouviu, já que sabia que ninguém
mais tinha o ouvido.
— Se aproxime, Katra, e relate a versão dos fatos afinal, justifique por que
pediu esta audiência.
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Bem, ele tinha sido enredado, isso não poderia negar, estava de quatro
pela loba, mas não estava nem um pouco triste com o fato, na verdade estava
amando estar de quatro por ela. Ser amado por ela era maravilhoso.
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— Oh, não, alfa, jamais falaria com os italianos. Pois o rei decretou que
não poderíamos interagir. Então falar com um italiano seria um crime. E
depois do que eles fizeram ao senhor, todo o sofrimento, quase separando o
senhor e a alfa, foi muito cruel. Quando soube quem era a loba logo
desconfiei que houvesse algo errado, o boato que ela lançou de que sofreu um
acidente foi muito mal contado. Além de tudo é uma mentirosa.
— Então, a seu ver, Pietra deve ser expulsa da ilha por ser uma pária e por
ter nos enganado — Petrus disse.
— Sim, alfa, é o que pensamos. Mas acho que ser expulsa é muito pouco,
pensamos que ela deveria ser condenada à morte, porque infringiu as ordens
do rei Kayli e enganou nosso alfa e nosso beta.
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— Não, alfa, somente que prezo muito meus alfas para deixar que sejam
enganados e nosso beta que foi enredado numa rede de mentiras. É sempre
uma honra servi-los.
Petrus olhou para a loba e piscou para ver se tinha ouvido tudo aquilo
mesmo.
que uma pária fosse acasalada com um de seus filhos, muito menos que fosse
uma beta. Seu crime para ter sido banida deve ter sido atroz.
O celular de Harley tocou e ele sem dizer nada atendeu e somente ouviu.
Os lobos deram uma olhada um para o outro, pois uma interrupção daquele
tipo deveria deixar Petrus zangado, mas não, ele não falou nada, não
reclamou e esperou pacientemente ele desligar o telefone.
— Pietra...
Harley a olhou e percebeu uma calma nova nela. Pietra tinha perdido o ar
frágil e agora parecia tranquila e confiante. Serena na verdade e Harley a
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amou mais por isso. Ali estava a loba ponderada que havia conhecido no
início. Ela tinha colocado a máscara e mesmo que por um lado ele não
gostasse, pois a preferia com seus temores e sendo ela mesma, agora entendia
que sua posição necessitava e isso o enchia de orgulho. Depois de tudo que
ela tinha passado conseguia ser sua deusa majestosa. Ela não era apenas uma
companheira, era a companheira do beta e se ela se mostrasse fraca diante dos
lobos, eles não a respeitariam.
Era exatamente assim que ela estava agora, serena, ponderada e forte.
— Pietra, eu vou fazer algumas perguntas e peço que responda com total
sinceridade — Petrus disse.
— Sim, alfa.
— Se algum lobo ou loba abrir a boca enquanto falo com ela, arrancarei
suas vísceras e enviarei direto ao Hades.
Todos se calaram.
— Pietra, você sabia que seu pai estava mentindo sobre o acordo de
acasalamento?
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— Aceitou isso?
— Era minha obrigação como a filha do alfa, estava preparada para isso.
— Eu achei que algo estava errado, mas honrei meu pai e meu destino.
Segui tudo como devia ser. Pelo menos até quase o fim.
— Sim, alfa, sempre soube, desde que era mais jovem que meu destino
era acasalar com o alfa de Alamus.
Petrus franziu o cenho e olhou para Harley, que agora também estava
estupefato.
— Sempre?
— Sim, sempre.
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— Há uns doze anos, mais ou menos. Minha mãe me disse que eu era a
sua prometida desde sempre e que deveríamos ser acasalados. Nunca me foi
permitido conhecê-lo, mas na minha alcateia já era um fato concretizado.
Petrus franziu o cenho e olhou para Harley, que também estava aturdido.
Petrus arfou aturdido e olhou para Harley, que também estava confuso.
— Não.
— Parece que há algo errado nisso, porque seu pai sempre planejou que
fosse a companheira do alfa de Alamus e não exatamente eu?
— Não sei, alfa. Meu pai nunca me disse o porquê, somente que era
imprescindível nossa união, que era para o bem de nossa alcateia. Sempre
pensei que nossa união era de bom grado, por isso fiquei tão chocada quando
cheguei aqui e descobri que estava sendo obrigado a me tomar como
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companheira, que meu pai tinha sua ilha nas mãos e a colocou como dote.
— Sim, eu fiz em uma ligação telefônica. Ele disse que estava tudo bem,
que as coisas se ajeitariam e que eu deveria conquistá-lo, seduzi-lo.
— Para me proteger.
— Calem-se!
— Sim, eu pedi.
— Quando?
— Depois que o encontrei no quarto, que soube que estava acasalado com
Sami.
— Por quê?
— Katra, se abrir a boca mais uma vez sem minha autorização irei
amordaçá-la.
— Sim, alfa, o amei desde o primeiro instante que o vi, mas sabia que
minha obrigação era me acasalar com o alfa e então suprimi meus
sentimentos e segui em frente, mas ao fim fiquei desesperada e pedi ajuda ao
rei, somente ele poderia interferir e evitar uma guerra. Os acontecimentos
foram por conta deles então. Inclusive aceitei o desafio da alfa para não
envergonhar minha alcateia, mas não queria feri-la.
Petrus se revirou na cadeira, olhou para Sami e depois para Harley, que
estava com os braços cruzados no peito.
— Meu pai estava furioso, tanto que não ousava me aproximar, nunca o vi
tão transtornado. Pensei que com o tempo as coisas se aplacariam, mas um
dos meus seguranças me ouviu no telefone com o Erick quando pedi sua
ajuda e que avisasse o rei e ele me chantageou.
— Chantageou?
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— Foi banida.
— Sim, expliquei meus motivos a eles, que não podia me acasalar com
um lobo que estava acasalado, que era errado separar companheiros e ele não
me perdoou, não me entendeu. Fui banida e condenada a uma Spurga.
Pietra o olhou e franziu o cenho e ela olhou para Sami, que sorriu.
— Sim, alfa, não desejava traí-lo, mas tinha sentimentos por Harley.
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— Não sabia direito, estava muito confusa. Meu coração sabia, mas minha
obrigação era negar. E eu sofri calada.
— Harley, você sabia que ela era uma pária desde que foi para a floresta?
— Sim, ela nunca mentiu, ela me disse a verdade assim que voltou a falar
e eu não liguei a mínima.
briguentas que não conseguem ficar com a boca fechada. Harley, continue.
— Vocês não sabem de nada o que realmente vivemos e sua opinião não
me importa. Ela vive em meu coração desde que pisou nesta ilha. Ela é meu
destino e estive calado, remoendo minha desgraça em silêncio. Tenho me
sentido miserável e não suporto mais. Não fui enganado, sempre soube que
ela era uma pária, pois fui eu que a salvou de ser morta pela alcateia italiana.
Eu sabia muito bem o que estava fazendo e estava disposto a ir até as últimas
consequências. A partir do momento que Pietra se tornou minha
companheira, a companheira do seu beta, ela deveria ser respeitada como
uma autoridade aqui. O que vocês fizeram contra ela, colocando sua vida em
risco, ferindo-a e ainda por cima ferindo meu filho, é imperdoável.
— Filho?
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— Beta, nossas leis dizem que devemos virar as costas para os párias, não
podemos ajudá-los — o ancião disse.
— Você não tem que permitir ou omitir nada, velho, não me custa nada
arrancar sua cabeça. Não ouviu os relatos que ela fez? Não teve culpa de
nada.
— E por que não seria? Porque tínhamos uma rixa com os italianos?
Pietra é uma loba muito inteligente e interessada no bem dos lobos. Vocês é
que não deixaram que ela demonstrasse.
— Porque ela é uma loba deficiente! Uma loba deficiente, fraca, que por
qualquer coisa sufoca ou pode ter seu coração pifado não é digna de ser uma
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Houve vários murmúrios e Harley respirou fundo para não matar todos os
lobos.
— Pietra tem um problema em seu coração e seus pulmões, sim, mas para
mim não importa. A lei dos lobos que é irrevogável é que companheiros não
podem ser separados. Ela é minha companheira e eu, como companheiro e
seu beta, não me importo. Se lobos imbecis como vocês pararem de
atormentá-la, eu garanto que ela terá uma vida longa e sem surtos.
— Mas...
— Não há mas! — Petrus disse. — Pietra não será julgada por ter
problemas de saúde. Não permitirei tal coisa e nem que seja depreciada por
isso. Ela é uma loba totalmente capaz para ser alfa e beta.
— Bem, ancião, sei que antigamente as coisas eram assim, não mais. Eu
vou prestar meus respeitos e o que penso sobre você.
— Não faço isso, somente quero que as regras sejam seguidas. É preciso
ter ordem na alcateia.
— Harley...
— Não, Petrus! Já passei todas as provações que poderia nessa vida. Fui
preso, torturado, fui desprezado pelo meu pai por ter um cérebro e querer usá-
lo ao invés de meus punhos, fui condenado à morte, abri mão da única pessoa
que amei na minha vida para que esta ilha continuasse nossa e vocês
mantivessem sua boa vida, suas casas. Deixei que minha companheira fosse a
sua companheira! Sofri calado, morri mil vezes e juro, que agora, depois de
tudo, ela regressou para mim, para que eu a cuide. E não haverá um homem,
um lobo ou sequer um deus que me faça me separar dela. Não o farei, nem
que tenha que guerrear, me tornar um pária como ela e ir embora daqui. Nem
que sofra por abrir mão de você, de minha família. Não a largarei, jamais.
Porque ela é uma vítima, é inocente e não merece a injustiça que lhe foi
imposta. E ela é minha vida. Pietra é minha companheira de alma e lutarei
por ela até a morte.
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O ancião abriu a boca, mas o outro lobo velho, que até então esteve
calado, se levantou.
— Acatamos suas ordens, meu alfa, e depois de tudo que ouvi aqui
concordo que excessos foram tomados e que esta moça foi injustiçada. Pode
ser que tenha sido banida por trair sua alcateia, aos olhos de seu pai, mas ela
o fez em favorecimento da nossa, por acreditar na verdade e em seus ideais e
sentimentos, por isso merece ser perdoada por nós. Nossa ilha deve evitar
mais conflitos, devemos buscar a paz. Eu desejo a paz, a tranquilidade e uma
vida digna a todos. Não podemos querer guerrear o tempo todo, não somos
mais guerreiros bárbaros que o necessitamos. O prejuízo que tivemos com
nossos lobos por causa da guerra foi sem precedentes. Reconhecemos vosso
sacrifício ao tentar aceitar a chantagem dos italianos e abrir mão de sua
companheira para que preservasse a ilha e, então, por causa dessa moça as
coisas se ajeitaram aqui. Ela merece nossa apreciação e nosso respeito e
desejo que sua união com o beta seja abençoada pelos deuses.
Todos arfaram espantados, inclusive o outro ancião que ficou sem fala
para contestar qualquer coisa. Os lobos se olharam aturdidos e ficaram
pensativos.
guerra o tempo todo e viram que Pietra não era uma vilã.
— O quê?
— Eu não posso ser punido por querer expulsar uma pária imunda da
minha ilha! — um dos lobos disse zangado.
Harley rosnou, saltou sobre o lobo e jogou-o contra a parede. Ele caiu no
chão e saltou sobre ele, agarrando-o pelo pescoço.
Petrus levantou para impedi-lo, mas o beta quebrou seu pescoço com um
golpe, rosnou e olhou furioso para todos que estancaram com os olhos
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arregalados.
Harley intimidava e queria acabar com aquilo de uma vez. Não queria que
ela fosse submetida ao medo.
Antes de voltar a olhá-lo outra vez, Pietra respirou fundo. Ela não tinha
medo dele, tinha orgulho e o respeitava. E isso era justamente o que a
assustava. Não o efeito que tinha sobre ela, mas o fato de afetá-la daquela
forma. A maneira que ela se derretia por ele.
Como era possível que com um único olhar fizesse tremer seu corpo
inteiro? O que seus pais pensariam dela?
Ela percebeu seus pensamentos, estava se importando com o que seus pais
diriam dela, mas isso não importava mais. Eles não estariam pensando nela. E
se pensassem seria com vergonha e desprezo.
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Pietra se virou na cadeira e olhou para Sami que estava aturdida com tudo,
mas calada, e se compadeceu dela.
Como uma humana deveria estar atordoada com tudo aquilo. Mas ela
tinha que aprender algumas coisas. Estava altiva e ponderada, isso merecia
um grande crédito.
— Rá! Você! Sem mais uma palavra, porque juro que minha paciência
está por um fio e se não acatar sua sentença e viver ali em paz, Katra, será
banida e agradeça que ainda tem a cabeça sobre o pescoço. Não permitirei
mais nenhum desacato a mim ou a Pietra. Fui claro? Mais uma palavra, gesto
ou pensamento, arranco sua cabeça.
— Sim, beta.
— Quer ter o destino que Pietra teve e sentir o que ela sentiu ao ser
rechaçada e agredida?
— Não, beta.
— Pois parece que é isso que está buscando, Katra, ou pensou que lhe
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— Não, beta.
— E para que serve seus conselhos, hã? Instigando o mal? Era este tipo de
conselho que dava ao meu pai?
— Dispenso seus conselhos, minha cabeça está muito lúcida para ouvir
tanta porcaria.
— Então, Katra, qual sua decisão? Esta será sua única chance de tomar o
lado correto.
Harley olhou seriamente para ela com os olhos tão devoradores que ela
não conseguiu encará-lo e baixou o olhar. O beta se afastou, olhou a todos e
com a voz forte e imponente falou: — Nós somos lobos! Estamos nesse
mundo há dois mil anos e temos que lutar para sermos livres entre os
humanos. Não me façam lutar para ser livre entre meu próprio povo, mas se
não agirem com a cabeça ao invés de suas garras e seus próprios interesses,
eu lutarei! Nós damos o sangue para mantê-los seguros, mas não terei
misericórdia da próxima vez que ousarem me afrontar, me desafiar ou à
minha companheira. Nunca mais! Tenho em meu conceito que lobos são
muito inteligentes, não me façam pensar que há lobos que não são, como
estão se esforçando para se mostrar. Podemos ser duros, mas nunca injustos.
Nunca deixem o lado humano que corrompe mentes pelo poder corrompê-los,
porque sabe o que acontece? Vocês perdem a mente.
O silêncio imperou na sala e Harley viu pelo olhar dos lobos presentes que
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— Estou de acordo. Há mais alguém que não concorde com que Pietra
seja a beta de nossa alcateia? Terá a oportunidade de partir em paz, pois não
tolerarei mais nenhum ato contra ela e já estou cansado dessa merda! —
Petrus disse autoritário.
— Nós temos travado um longo caminho e tenho tentado ser uma boa alfa
para todos na ilha, ser compreensível e agradeço por serem compreensíveis
comigo, por ser uma humana transformada em loba. Mas estou do lado de
Pietra e Nico e acato todas as palavras do nosso alfa. Quem afrontar ou tratar
Pietra de forma desrespeitosa se verá comigo.
Harley girou nos calcanhares e foi até Petrus, parando na sua frente.
Harley o olhou aturdido por um momento, pois não esperava tal ato do
alfa na frente de todos. Ele se emocionou e os dois se abraçaram forte, com a
garganta embargada.
— Obrigado.
E, mais uma vez, Petrus surpreendeu Harley e Pietra que estava com a
garganta embargada, sem conseguir segurar toda sua emoção e desespero.
— Pietra?
— Sim, alfa.
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Ela respirou fundo e olhou para o rosto dos tantos lobos que estavam no
salão e para Harley.
— Sei que eu não sou exatamente a beta que queriam para Nico Papolus, e
talvez ainda tenham dúvidas sobre minha integridade e lealdade e pensem
que não sou merecedora de tal posição. Mas eu fui criada para ser uma alfa,
sou de uma linhagem pura e... eu sei que errei com meu pai e minha alcateia e
nem sei exatamente porque errei tanto. Eu cometi um erro e paguei por isso.
Mas este lobo aqui me mostrou um amor incondicional, me mostrou que nós
dois não estamos aqui por acaso e eu o amo, com todo meu coração. Então
hoje eu digo sem medo, que se tivesse que passar por tudo isso de novo para
estar ao lado de meu companheiro, então eu passaria. Eu serei uma boa beta e
com o tempo podem pensar sobre isso novamente.
— Mostrem respeito e lealdade à sua beta! Quem não quiser fazê-lo saia
agora da minha ilha! — Petrus disse severo.
Ela já nem sabia o que esperar depois de tantos sustos. Bem, parecia que
sua nova vida realmente estivesse começando e ela teria sua paz.
Assim esperava.
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— Pietra, ainda estou em uma espécie de choque com o que nos contou.
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— Não sei, mas gostaria de descobrir, pois isso não me cheirou nada bem.
— Bem, acho que devemos esquecer isso por hoje e ir tomar nossas
cervejas e depois quero ir para casa e descansar com minha companheira.
— Mais uma vez, parabéns, Pietra. Espero que sejam muito felizes e
muito obrigada pelo que fez. Se não fosse você, eu e Petrus não estaríamos
juntos. Nem consigo imaginar isso. Seríamos quatro pessoas miseráveis para
o resto da vida.
— Mais emoções como esta e meu pobre coração pifará. — Todos riram.
— Estou tão feliz que este pesadelo tenha acabado e que terei um neto. Vou
adorar ter um bebê por perto, tanto tempo sem crianças. — Ela abraçou Pietra
e depois Harley. — E você, meu filho, seja muito feliz.
— Serei.
— Somos uma família e ficaremos unidos. Por muito tempo esta família
esteve separada, cheia de enganos e condenações, mas é hora de remediarmos
isso.
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Tudo era sempre assim em relação a ela, forte e intenso, que o deixava
descompassado.
Ele tinha ficado assustado com o que ela tinha feito com Joan, mas a
maneira que o enfrentou deixou-o orgulhoso.
Ela era uma loba guerreira sem igual e poucas teriam sobrevivido a tudo
que ela passou. Ele a tinha conhecido quando se parecia com uma flor sem
água, seca e murcha, sem vitalidade, sem brilho, e ao longo dos anos a viu
lutar para viver.
Agora, Jessy parecia uma flor desabrochada, e ele a amava mais por isso,
tanto que pensava que em muitos momentos seu coração pararia de bater de
tanta emoção. Esse momento foi um deles.
Estava nua, com as pernas viradas, juntas para o lado, sentada tão cordata
e delicada que ele nunca tinha visto algo tão doce. Sua barriga avantajada
descansava sobre suas pernas e seus seios empinados que, de uma forma tão
linda e perfeita, estavam inchados pela gravidez.
Tão lentamente, quase em câmera lenta, penteava seu longo e preto cabelo
pela lateral esquerda de seu pescoço. A escova macia alisava os fios do topo,
deslizando em uma forma uniforme até chegar a sua cintura onde encontrava
suas pontas.
A forma que ela o olhava, diferente de tudo, era tão intensa, tão meiga e
arrebatadora, que Sasha nunca encontraria uma palavra certa para descrever.
E ele a amava, idolatrava, se sentia pleno quando Jessy o olhava assim. E
carregando seu filho no ventre era maravilhosa.
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Seus olhos marejaram mais e Sasha piscou atordoado, pois não sabia que
ela ia chorar.
Ela negou.
— É que... é a segunda vez que vou ser mãe, Sasha, mas é a primeira que
me vejo no espelho... com a barriga.
— Jessy...
— Eu não desejei Lili, não vi como estava quando fiquei grávida, eu não
queria...
— Sim, eu fiz. Eu superei Lili, mas o que quero dizer é que esta é a
primeira vez que me acho bonita e que amo o que está no meu ventre.
— Entendo e fico feliz que deseje e ame este bebê, pois eu também.
— Ok.
— Você é linda, hoje e sempre, porque é meu amor, minha vida e saiba
que este bebê será muito amado por mim, você, Lili e por todo mundo nesta
ilha porque ele é seu, uma guerreira sem igual. Uma loba tão linda e valorosa
que me orgulha todos os dias. E pode ficar velhinha de bengala que sempre a
acharei linda. — Ele deslizou suas mãos pela sua barriga e beijou seu
pescoço. — Pode sentir nosso amor e que está tudo bem no nosso lar, Jess.
— Estou louco para ver nosso bebê e poder ensinar a ele a correr pela ilha
como o lobo lindo e forte que será e assistir ao jogo de basquete.
Ela suspirou e deu um sorriso tão maravilhoso que iluminou seu rosto e
Sasha sorriu somente por vê-la, enchendo seu coração de alegria.
— Amo você, lobinha. Eu quero saber se está feliz aqui comigo, Jess.
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— Bom, porque eu também estou muito feliz com esta família. Eu amo
você, lobinha, tanto que, se cada vez que olhar para você eu tiver problemas
em respirar, vou acabar com algum tipo de asma.
Ela riu e uma lágrima caiu de seus olhos e eles sorriram um para o outro
de forma tão pura e amorosa que o amor era claramente visto no olhar.
— Foi como eu disse. Nunca mais quero pensar nele. Eu acabei com ele.
E qualquer sentimento que senti quando menina ou agora morreram com ele
quando Noah o matou.
— Ok, então somente vamos cuidar de nós e desse bebê que estará
chegando por estes dias.
— Sim. — Ela deslizou a mão sobre seu peito nu, pois ele somente estava
de calça jeans. — Suas cicatrizes sumiram.
— Estou ansioso.
— Bom, porque... — ela soltou um gemido. — Acho que este menino que
tanto quer ensinar a correr pela ilha quer nascer.
Sasha arregalou os olhos, deu um passo atrás e viu que sua bolsa rompeu.
— Jesus!
Ele correu, ligou para Ester e Virna e, em seguida, levou Jessy para a
clínica.
Quando foi jogado para fora da sala de parto, começou a andar de um lado
a outro e não tardou para que diversos lobos estivessem ali com ele.
— Oi, princesa.
— O bebê já chegou?
— Ainda não, papai vai entrar para ficar com a mamãe. Você pode ficar
aqui com Clere?
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— Ok, então vista aquela roupa ali, se quiser ficar — Virna disse.
Num segundo estava vestido com uma túnica verde, uma touca e abraçado
a Jessy, segurando sua mão, e seu coração batia tão forte no peito que doía.
O parto de Jessy foi rápido e quando Virna ergueu o bebê e Jessy e Sasha
o viram, chorando a plenos pulmões, movimentando as perninhas e braços,
não aguentaram a emoção.
Sasha nunca pensou que um momento como aquele o afetaria tanto. Sua
garganta estava embargada, respirar estava difícil e seu coração batia mais
forte no peito. Ele era pai de um menino-lobo. Quando em sua vida poderia
imaginar tal coisa? Poderia dizer que era algo extraordinário e que não
saberia descrever tal emoção.
Jessy chorou aos soluços, abraçada ao seu bebê, porque houve uma
explosão de alegria dentro dela.
— Ele é lindo, meu amor. Olhe como é forte, já agarrou meu dedo —
Sasha disse, emocionado.
— Kail é bonito.
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Nisso, Noah entrou na sala com Lili no colo e a soltou no chão. Ela correu
para Sasha, que a ergueu e a colocou no seu colo e beijou sua bochecha, e ela
ficou olhando o bebê com um lindo sorriso e entusiasmo, com os olhinhos
brilhantes.
— Bem, você tem um irmãozinho só para você, mas ele se chama Kail.
— Kail. Vamos brincar muito, Kail, vou te ensinar a fazer castelo, adoro
fazer castelo de areia — ela sussurrou para o bebê.
Com uma passada larga, Noah estava ao lado deles e quando viu o bebê e
Jessy o olhou, com os olhos banhados em lágrimas, mas com um sorriso
deslumbrante, o lobo gigante sentiu sua garganta embargar.
Sim, Noah sabia e sentia aquilo tudo bem no peito. Pois para ele era um
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grande momento. Nada comparado com o outro parto dela, que havia sido um
terror. Este sim era o que ele queria ver e estava feliz. Era como se uma paz
nova entrasse em seu coração.
— Obrigada, Noah.
Seu alfa era sensível, poderoso e tinha o coração bondoso e honrado. Ela o
amava por ser daquela magnitude. Por amar Jessy e fazer de tudo por ela.
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Alguns até podiam pensar que seria meio atrasada, mas estavam
inteiramente enganados. Havia tecnologia, todo tipo de facilidades, internet,
tevê a cabo, telefone, e acesso a tudo o que necessitavam.
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— Gosta daqui?
— Fico contente.
Ele beijou sua testa e pegou em sua mão e seguiram o caminho e entraram
em um pequeno templo em pedra.
— Sim.
— Uau! É emocionante.
— Nossa ilha foi atacada e o bombardeio destruiu nossa casa e uma parte
de Creta. Muitos dos nossos morreram e então evacuamos a ilha por um
breve momento. Depois que a guerra acabou retornamos e reconstruímos
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— Oh que horror!
— Minha mãe sofreu muito e meu pai se tornou mais duro do que
geralmente era.
— Na Itália também foi difícil, também tivemos que nos esconder. Aliás,
durante quase sempre. Sabe como é difícil se esconder num lugar onde há
uma acirrada caça às bruxas pela igreja?
— Sim.
— Seria bom.
— Não, quer dizer, alguns sim, os que nos viram não tiveram tempo de
contar a alguém. Matamos o maior número de nazistas que pudemos.
Matamos um pelotão inteiro, então quando enviaram bombardeios,
evacuamos.
— Sinto muito.
— Não aqui.
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— Que ironia, não fui capturado pelos alemães na época, mas fui há
alguns anos e o que vi naqueles laboratórios foi atroz, tão ruim quanto a
guerra, talvez pior.
— Sinto muito.
— Esse é um dos lados ruins de viver tanto, passamos por guerras demais,
mas viver tantos anos também tem seu lado bom, acompanhamos a evolução
do mundo, a tecnologia.
— Mas a ilha não contém nenhum traço da destruição, a não ser estas
ruínas.
— Sim, a ilha foi reconstruída, por isso tem partes modernas misturadas
com o clássico, e o templo de Afrodite foi quase todo reconstruído, mas este
não, já estava em ruínas antes do ataque e depois ficou assim. Aliás, não sei
por que havia este pequeno templo aqui, pelo que eu saiba, as Górgonas não
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— Quem não conhece? Mas elas nem sempre foram temidas, já foram
deusas reverenciadas. A mais famosa de todas era Medusa, que foi morta por
Perseu em uma de suas aventuras. Todos conhecem a história de Medusa.
— Um pouco.
— Se eram tão belas, o que houve? Como chegaram a ter aquela imagem
peçonhenta?
— Então, para não permitir que essas três deusas continuassem com seus
maus comportamentos e que as comparações à Atenas fossem cessadas, a
deusa da Sabedoria, as castigou, deformando sua aparência. Transformou os
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belos cabelos em ninhos de cobras violentas, que picavam suas faces. Fez
com que os seus dentes se transformassem em presas e suas peles fossem
cobertas de escamas douradas e, para piorar, tinham parte do corpo como a
forma de uma serpente. Uma coisa meio esquisita.
— As três irmãs eram terríveis, mas a pior delas foi Medusa, pois depois,
por vingança, se relacionou com Poseidon. Atena, enciumada, para castigar
Medusa, tirou sua imortalidade, foi por isso que, segundo o mito, o semideus
Perseu conseguiu matá-la, cortando sua cabeça.
— Eu também gosto.
— Eu sei e entendo. O importante é que voltou para mim. Que teve forças
para voltar e dar uma oportunidade para nós.
— Esqueceu que é minha beta, o que já condiz com uma posição? Uma
muito importante.
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— Não precisa de dinheiro, eu tenho muito e para nós dois. E saiba que
nunca te faltará nada. Sei que seu pai tinha uma fortuna imensa, mas aqui
comigo, terá tudo que necessita. Posso te dar o luxo que era acostumada.
— Não estou preocupada com luxo, Harley, mas sim que eu quero ser útil.
— Se você está feliz, também estou feliz, e prometo que ficará mais
quando eu te mostrar uma surpresa.
— Surpresa? O que é?
— Sim, mas como diz surpresa, somente poderei falar dela quando te
mostrar.
Pietra sentiu um arrepio percorrer sua coluna e olhou para trás, pois
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Assim que estavam saindo do templo, ela olhou para trás e podia jurar que
os sussurros ainda persistiam além do farfalhar de um guizo.
— Ok, eu devo estar imaginando coisas. Acho que minha mente está me
pregando peças. Vamos sair daqui, este lugar me dá arrepios.
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Eles entraram e ela sorriu olhando ao redor e foi até a frente onde tinha
uma estátua perfeitamente esculpida em mármore.
— Sim, toda cultura tem seus mitos, mas pouco se sabe o que de verdade
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— Fabuloso.
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— Que embuste?
— Que horror!
— Ao ver a carne humana servida diante dele como uma iguaria, Zeus se
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enfureceu. Com um golpe na mesa do jantar, atraiu um raio dos céus e trouxe
a maldição ao rei tirano e a todos os seus descendentes. Foram transformados
em lobos.
— E podiam se transformar?
— Não, parece-me que virou lobo e permaneceu como lobo. Mas muitos
na antiguidade, quando meu povo migrou para cá, pensaram que éramos
descendentes de Licaon e ninguém chegava perto da encosta de Creta e
Alamus, onde meus ancestrais atracaram e tomaram a vila. Naquele tempo,
nossa ilha era cravada nas rochas de Creta. Com centenas de anos depois e
com os eventos naturais, a massa de terra que ligava Creta e Alamus
desapareceu e nossa vila se dividiu, por isso temos parte de lobos lá e aqui.
— Sim e o povo nos temia. Bom para nós. Pois lançamos nossos próprios
mitos.
— Quais?
— Eu também.
— Sim. A que está no museu que você citou era uma estátua gêmea dessa,
que foi levada daqui há muito tempo pelos romanos, quando tentaram possuir
nossa ilha. Meu irmão disse uma vez que queria roubá-la de volta, pois
pertence aqui — disse rindo.
— Roubaram a estátua?
— Sim.
— Sim. Creta foi subjugada pelos romanos por um tempo, mas resistiu
bravamente. Aqui vivia um lobo alfa muito poderoso que expulsou os
romanos, ele recuperou a ilha de Alamus. Aliás, em toda a história os
romanos e gregos seguem invadindo e tentando roubar e dominar uns aos
outros.
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Ela suspirou triste e olhou para o horizonte e Harley acariciou seu rosto.
— Eu gostaria de contar com isso, Harley. Meu pai não pode saber que
estou aqui.
— Eu sei.
— Sim.
— Nem eu.
— A impressão que eu tinha é que minha única opção era acasalar com o
alfa de Alamus, nenhum outro pretendente foi cogitado e meu pai negou
todos os pedidos que pretendentes de outras alcateias fizeram para me ter
como companheira e se aliar aos Scopelli.
— Eu não sei.
— Ele tinha Alamus nas mãos, poderia ter ficado com tudo, mas deu a
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— Bem, o que seu pai pensava ou queria de Alamus não importa mais.
Ele não tem mais acesso a nós.
— E eu?
Ela sentiu tristeza, mas a chutou longe e olhou para seu lindo rosto, o que
lhe deu forças.
Ele era lindo, mais quente do que o sol, não havia dúvida sobre isso. Ele a
aquecia de corpo e alma.
Ela o abraçou e ficaram olhando o mar ao longe, a vista dali era magnífica
e o terraço também com aquelas pedras milenares e diferentes do outro
templo, Pietra se sentiu bem ali.
Ele riu.
— Sim. Vamos pegar algumas roupas e vamos para Atenas, farei uma
ligação para avisar Noah que estamos indo à sua casa. Compraremos umas
roupas de couro pra você e teremos uma noite de motoqueiros.
— Parece divertido.
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noite, todos estavam sem as lentes e de óculos escuros, o que os deixava mais
impactantes ainda.
Konan também estava todo de couro e com uma regata preta justa e usava
uma bandana na testa.
— Ei, onde está sua garota, Harley? Será que as roupas não serviram? —
Sami perguntou.
Pietra estava toda de couro preto, usando uma calça colada e uma regata
decotada que emolduravam perfeitamente seu corpo, sua bota era de salto
fino e alto, um cinto de correntes duplas e couro na cintura e uma jaqueta
curta de couro.
Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e caía pelo lado direito de
seu peito, maquiagem negra, batom vermelho.
Harley esticou o braço com o punho fechado e Petrus, sem dizer nada,
bateu com seu punho no dele. Harley saltou de sua moto e foi até ela,
inebriado, excitado, tanto que seus olhos cintilaram.
Ela riu e eles foram para a moto e realmente Pietra sentiu outra sensação
ao estar com aquelas roupas, montada na garupa dele, numa Harley
Davidson.
E Harley e Pietra estavam onde adoravam, curtindo uma moto pela cidade.
Havia prazeres que eram caros para guardar no coração, mas Harley estava
proporcionando muitos deles e ela o amava mais por isso.
Eles descobriam mais coisas a cada momento que adoravam fazer juntos.
Foram a um bar não muito movimentado no subúrbio oeste de Atenas,
beberam, jogaram sinuca, dançaram e causaram sensação dentro do bar.
— Quente estou eu, depois dessa noite. Nunca me diverti tanto, nunca me
senti tão livre.
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Harley soltou seu cabelo que adorava tocar e esparramou em suas costas,
enquanto ela o olhava com os lábios entreabertos, os olhos levemente
cintilando e as bochechas coradas.
Ela era quente, se entregava a ele com tudo o que tinha e ele amava isso.
Estava linda sobre sua moto, escarranchada, e agora agarrou seu pescoço e
montou mais sobre ele, esfregando-se em seu peito, arrancando um gemido
afogado dele.
Harley estava amando ser seu companheiro, assim como ela estava
amando ser dele.
Pietra era selvagem e delicada ao mesmo tempo, como ela conseguia ser
assim ele não sabia, mas o deixava de quatro.
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Ela soltou um grito e riu quando, com um solavanco, ele rasgou sua calça,
abrindo entre as pernas.
— Querida, para te tomar bem aqui nessa posição nos próximos segundos,
eu pagaria um milhão de dólares.
— Não seja.
Com sua força, Harley segurava a moto com os pés cravados no chão
mesmo estando com o pé de segurança.
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E assim seguiram naquele sexo quente, então ela saiu dele e se virou na
moto e se debruçou sobre o tanque.
E a tomou por trás, rápido e forte, até arrancar um orgasmo dos dois.
Harley se esvaiu e sua mente foi junto e suas pernas ficaram trémulas e
pensou que não conseguiria segurar ele, Pietra e a moto.
— Puta merda!
— Está bem?
— Acredito que cada um deles está preocupado com seu próprio barulho.
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— E que tal nós continuarmos com este calor do momento na nossa cama,
hã?
Harley tirou sua jaqueta de couro, a colocou na sua cintura para tapar sua
calça rasgada e ela riu enquanto a levou para dentro, escarranchada em sua
cintura.
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— Vou tomar um banho e ver algo para o jantar, acho que hoje não
teremos a cozinheira.
— Ora, não gostou das pequenas férias? Tinha que te manter longe para
ter tempo de arrumar tudo.
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— Três?
— Foi por isso que me levou a Atenas? Para não ver a surpresa?
— Exatamente.
Ele andou pela casa a guiando, segurando seus braços para que não
batesse em nada.
— Não abrirei.
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— O que é isso?
— Bem, esta é minha nova sala do crime, onde entro no meu mundo dos
computadores e descubro o que desejo e crio meus jogos e programas e meus
outros brinquedinhos.
— Isso quer dizer que agora sua sala de trabalho será aqui?
— Mesmo?
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— Sim. Assim poderá ficar mais em casa, além de quando necessitar sair
e estar com o alfa e coisas de beta.
— Ah, eu amei sua ideia e fico contente que esteja contente e queira ficar
mais perto de nosso lar. Algum dia pode me mostrar seus jogos?
Ele a guiou e andaram por um corredor enorme e então abriu uma porta.
— Abra.
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Ela custou um pouco a entender o que era tudo aquilo. Além dos armários,
estantes e bancadas, que ainda cheiravam a madeira e tinta fresca.
— O que é isso?
— Esse será seu atelier para suas joias, semijoias e bijuterias e toda essas
coisas que cria.
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— Acha que poderia inaugurar isso fazendo seu anel de beta e um novo
para mim? Tenho um, mas eu gostaria de usar um feito por você.
— Não tenho muito das pedras como diamantes ou rubis, e o ouro, porque
isso custa um pouco mais caro, mas com o tempo...
Ela não o deixou terminar, saltou em seu pescoço e o beijou. Beijou tanto
e tantas vezes e o abraçou tão forte que ele arfou espantado.
— Estou muito feliz. Obrigada. Você realmente me vê, Harley. Você foi o
único que realmente me viu. Sabe, li algo uma vez, em algum lugar, que dizia
que a pessoa que te ama é a única que enxerga a dor nos teus olhos quando
todos os outros vão somente enxergar seu sorriso.
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— Sim, eu te vejo, te conheço e sei também que foi porque você teve a
capacidade de me ver que desistiu de Petrus.
— E eu o amo.
— E eu a amo. Eu sei que pensava que nunca poderia montar suas joias e
está enganada, porque pode. Quero que seja feliz e vi como seus olhos
brilhavam quando me mostrava isso pelo computador.
Ele a beijou, segurando seu rosto e encostou sua testa na dela e ambos
ficaram ali em momento tentando fazer o coração diminuir suas batidas
ferozes no peito.
— Obrigada.
— Oh, meu Deus, que não vou resistir a mais uma surpresa dessas. O que
mais teria para me dar? Isso já é tanto que nem sei como retribuir.
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Ele sorriu e pegou sua mão e foram para o lado da casa onde ficava seu
quarto e ele abriu a porta do quarto ao lado do deles e ela arfou e tapou a
boca e arregalou os olhos.
Ela o abraçou pela cintura e eles ficaram abraçados, deixando que e aquela
emoção forte demais se assentasse. O que estava bem difícil.
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— Está enganada, minha theá. Você me deu tudo. Deu-me uma nova vida.
A cada dia me dá uma coisa boa e nova.
— Eu adoraria, mas quero te mostrar uma coisa, acho que é meu presente,
nada comparado com os seus, mas...
— Adorarei.
Ela foi até onde ficavam suas telas e descobriu a que tinha terminado de
pintar e ainda estava no cavalete e ele arfou.
Ele sentiu seu coração inflar, sim aquilo era um belo presente. Pois
presentes são eram somente materiais e caros, presentes eram aqueles vindos
do coração, que significavam o quanto um se importava com o outro.
Ele a ergueu em sua cintura e a abraçou como pôde e devorou sua boca e
o banho planejado somente veio depois do sexo selvagem, desesperado e
necessitado, da paixão que queria saciar os desejos que explodiram com
tantas palavras e gestos querendo agradar um ao outro.
Era assim que devia ser, era assim que sempre era.
Demonstrar o amor para agradar, para deixar feliz, para se sentir feliz e
ouvir risadas, para chorar de alegria e amar sem reservas.
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Harley soube mais uma coisa de sua companheira: ela via a beleza em
pequenos elementos da natureza, numa flor, numa borboleta. Ela acreditava
na beleza e idolatrava cada pedacinho dela, era sensível e tinha o coração
puro. E por Deus, ela era mais sexy que qualquer mulher que se esforçava
para ser sexy. Ele se aproximou lentamente, ainda embevecido com sua
visão.
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Ele olhou para sua calça social bege e sua camisa branca e olhou para ela.
— O quê?
— Ahhh!
mangueira. Pietra riu e tentou pegar de volta, mas levou uma rajada de água e
quando ele a soltou, ela segurou a mangueira novamente e a água ia para todo
lado, molhando ambos, que entre gritos e gargalhadas brincavam como dois
adolescentes.
— Linda.
— É como sou.
— Gosto de como é.
— O que pensava?
— Jura? Qual?
— Cosquinhas.
Ele fez cosquinhas nela, que gritou e riu tão lindamente que Harley não
conseguia parar de sorrir. Sua face se iluminava quando ria e depois de ver
tanta tristeza no rosto dela, vê-la sorrindo ou gargalhando, era maravilhoso.
— Ah, somente a parte que dormimos? Pensei que a outra parte também
tivesse sido interessante.
— Faz de propósito?
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Ela riu novamente e ele a beijou. Harley nunca pensou que beijar seria tão
prazeroso. Tinha sonhado, imaginado e desejado tanto beijá-la por tanto
tempo, desde o primeiro segundo que a viu, que parecia que agora não
conseguiria mais parar de fazê-lo.
— Ops, culpado!
— Para um notório libertino, como sua fama mesma diz, foi uma gafe
grave.
— Também.
Ela riu.
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— Acho uma ideia perfeita. Acha que podemos pedir uma comida na
mansão?
Ela riu.
— Sim, podemos.
Harley não esperou mais nada, girou, saltou e numa peripécia que ela
quase não conseguiu atinar, ele estava em pé com ela nos braços. Ela soltou
um gritinho e se agarrou em seu pescoço e riu e foram para dentro da casa.
— Sim, acho que elas trazem uma energia muito boa e deixa o ambiente
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agradável... e romântico.
Ela ficou olhando para ele e, então, pegou uma que estava próxima.
Oh, aquilo era quente, muito quente, e sua própria excitação aflorou mais.
Então ela pingou novamente, o fazendo rosnar de novo.
— Bom? — disse gemendo. — Bom é pouco, isso é bom demais para ser
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de verdade.
— Não sei...
— Ok.
Ele rosnou em agrado, pegou a vela e sem aviso a puxou para ele e a
beijou loucamente e quando se afastaram, o prazer estava aflorado
deliciosamente e sem deixar de olhar em seus olhos obscurecidos pelo desejo,
ele esticou o braço e pegou a faixa de seda de seu robe que estava caído no
chão.
Colocou a faixa de seda branca sobre seus olhos e amarrou atrás da cabeça
e beijou seus lábios.
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— Excitante.
Sem ela saber o que seu companheiro estava fazendo exatamente, arfou
quando ele pingou uma gota de cera derretida em seu seio. Pietra gritou e
gemeu, se contorcendo em seu colo e então viu estrelas quando, ainda
sentindo o pinicar do calor da cera, Harley tomou seu mamilo na boca e
chupou com força, sugando-o com a maestria que somente ele sabia fazer,
seu quadril moveu-se e se posicionou dentro dela que estava quente e
molhada tomando-o com facilidade.
A mente de Pietra girou, ela sentiu suas presas crescerem e teve que
empurrá-las de volta e a sua magia se soltou sem que mandasse e dançou
entre eles como um suave arco-íris e ele sorriu vendo aquilo.
Harley pegou a vela e pingou algumas gotas em sua barriga, ela gritou
pela dor e então ele assoprou sobre as gotas e soltou diversos beijos em seus
seios.
Depois que soltou a vela, ela percebeu que ele pegou algo, mas não
prestou atenção até que gritou novamente e gemeu, com seu corpo todo
pulsando em um prazer intenso quando Harley passou um cubo de gelo sobre
a cera, que havia tirado de um copo que havia trazido, causando o choque do
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Pietra arfou porque foi uma sensação tão intensa quanto dolorosa que fez
seu corpo encontrar o prazer na dor. O frio que vinha do gelo dava um
choque, que a fez gemer novamente e contrair as coxas.
Em seguida, ele deslizou as mãos pela sua barriga, subiu e passou pelos
seios, subiu pelo pescoço e retirou sua venda dos olhos. Depois desceu suas
mãos pelos braços e quando chegou às suas mãos, entrelaçou seus dedos nos
dela e cruzou seus braços nas costas e a trouxe para si, beijando-a com
loucura, entrando mais fundo, mexendo o quadril de forma lenta e circular,
trazendo um prazer intenso para ambos.
— Eu vou te foder duro, loba. É o que deseja? — disse com a voz rouca,
carregada de desejo.
— Sim.
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Assim que rosnou e girou com ela e a posicionou de costas para ele contra
a banheira, Harley a tomou por trás, a possuindo verdadeiramente de corpo e
alma até chegarem ao clímax.
Era incrível como até o silêncio era audível para eles, dizendo muitas
coisas, traduzindo os sentimentos. Pensamentos foram sussurrados em suas
mentes, dispensando as palavras audíveis, trazendo outro tipo de prazer.
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— Fico contente, nem consegui pensar e vislumbrar que nossa vida juntos
seria tão boa e feliz.
— Por mais que minhas esperanças desejassem isso, não consegui ver
além de pouco. Estava enganado, pois isso é melhor. Sinto paz, aqui, quando
me abraça — disse colocando a mão no coração.
— Não vai.
“Não precisa se esgueirar escondida para pintar, agora tem seu próprio
material, mas se um dia quiser se juntar a mim para uma aula de pintura e
um chá, está convidada.”
Ela abriu tudo rapidamente com a ajuda dele e a recompensa de Harley foi
vê-la rindo, feliz, e se jogando em seus braços.
— Sim, eu amo, e cometi uma loucura indo rabiscar uma tela de sua mãe e
achei que se zangaria.
— Minha mãe, zangada, isso é muito raro, e ela me disse isso esses dias e
achei muito bom. Fico contente que gostou de seu presente.
— Estou feliz.
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Harley sorriu e ficou observando como ela abria tudo e arrumava as tintas,
olhando tudo com tanto entusiasmo que parecia uma criança ao ganhar um
brinquedo.
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Ele nem queria piscar para não perder aquela visão maravilhosa. A vida
estava sendo boa com ele, finalmente.
Pietra virou para ele e sorriu, iluminando seu rosto e parecia que sua aura
brilhou. Estava conseguindo emanar força e beleza novamente, o que era
estupendo.
Ele rosnou, levantou nu e foi até ela e beijou seus lábios, uma e outra vez,
e quando conseguiu parar de beijá-la, ele olhou a tela e arregalou os olhos.
— Céu bendito! Isso é... perfeito! Parece uma fotografia. Não imaginava
que pintasse assim, Pietra.
— Se você bater uma foto minha, posso pintá-la, pois sou boa
observadora, mas a única imagem que fica completamente clara na minha
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— Hum, bem, gosto de saber que minha imagem está na sua mente.
— Sempre.
— Providenciar o quê?
— A foto.
Ela riu e ele a soltou, indo até o armário, abriu uma bolsa e tirou uma
máquina fotográfica Canon.
Ele a pegou no colo com um rosnado e ela riu, segurando em seu pescoço,
e ele a colocou na cama ao mesmo tempo que a beijava.
— Por que minha nudez te incomoda? Uma loba dizendo isso, que
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vergonha.
Ele fechou os olhos por um minuto e somente deixou aquela frase pousar
em seu coração. Então abriu os olhos e a olhou e a única coisa que conseguiu
fazer depois disso foi beijá-la, e demonstrar a ela o quanto a amava.
— Você sem palavras, isso é novidade. Acho que eu causo este efeito.
Foi um momento mágico e divertido, só deles, até que ele bateu uma foto
com ela na mesma posição que ele estava na cama e que ela havia pintado.
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Pietra deu outro passo enorme com Harley, eles conseguiram encontrar
um equilíbrio perfeito em seu relacionamento sexual e diário, onde não havia
mais a vergonha, o medo ou a timidez, somente o que havia era admiração,
desejo e deslumbre.
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Harley e Pietra viviam cada segundo, cada hora do dia de forma intensa e
amorosa.
Harley não podia ter ficado mais feliz e os amigos estavam contentes em
ajudá-lo a extravasar sua felicidade, com suas amizades e uma festa na praia,
com a fogueira grande, dança, bebidas e risadas.
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Tudo estava perfeito, até Pietra acordar certa manhã com seus sentidos de
lobo aflorados.
Sua magia estava causando desconforto pela pele, sua loba estava agitada.
Havia zumbidos em seus ouvidos, sussurros que a assustavam, palavras que
ela não entendia dentro da sua cabeça.
Sem entender o que estava errado e por que aquela sensação estranha
estava a acometendo, ela foi para sua sala trabalhar em suas joias para se
acalmar.
O anel de ouro estava preso num timão e com uma lima especial, ela o
delineava, aparando qualquer aresta, preparando-o para receber as pedras
preciosas.
Ele sorriu e saiu, indo para seu próprio trabalho. Sentou, respirou fundo e
começou a digitar no seu computador.
Depois de algum tempo, Pietra entrou na sua sala e entregou uma xícara a
ele.
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Ela riu.
— Por quê?
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— Sim, é.
Pietra piscou e não quis perguntar mais para não incomodar Harley.
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um mau presságio, mas ela não disse nada a Harley, porque não queria
atormentá-lo com suas tolices e aquilo não tinha nada a ver com Alexander.
Ela abraçou sua barriga avantajada de cinco meses e tentou afastar aquele
sentimento de medo, aquela agonia que tilintava ao seu redor.
— Harley! — gritou.
— O que foi? Está sentindo algo? O que diabo é isso? — ele perguntou
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— Entre, Pietra!
— Fale!
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— Não sei, mas apostaria meu pescoço que não são os humanos.
— Os Scopelli?
— Sim.
— Sinto por Pietra, mas dessa vez ela ficará sem um pai.
— Bem.
— Quem?
— Não sei, meu bem, mas aqui dentro é o mais seguro. Vai ficar tudo
bem.
Ela olhou para Harley com os olhos arregalados, que foi até ela e beijou
sua testa e segurou seu rosto entre as mãos.
— Se for ele, Pietra, eu sinto muito, mas ele somente entrará, pois não
sairá daqui vivo.
— Por que ele viria atrás de mim? Não represento perigo nenhum a ele. Já
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— Eu não sei, mas vamos descobrir. Olhe, fique tranquila, ok? Pense no
nosso bebê, eu resolverei tudo.
— Vamos, anda!
— Merda! Por que este maldito alarme não apitou antes?! Onde estava o
olheiro que não viu isso pra me avisar? — rosnou furioso.
Agora eles estavam se espalhando e Harley xingou alto, pois devia ter
instalado as outras armadilhas, mas ainda estavam em teste.
Com um soco ele bateu no teclado e dois lobos voaram com a explosão
que veio do chão, com minas que tinham sido instaladas.
Era hora de sair da frente do computador e agir com suas próprias mãos.
Ela assentiu assustada. Queria lutar, mas sabia que não poderia, pois
deveria preservar a vida de seu filho, mas estaria atenta e se alguém tentasse
entrar na casa, ela atacaria, mesmo que fossem lobos de seu pai. Isso já não
importava mais.
Harley saiu da casa correndo e desceu a colina e seguiu para o sul da ilha
e não tardou a encontrar alguns intrusos. Ele não fez perguntas, o que
queriam, o que estavam fazendo ali.
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O que importava era matar todos os invasores. Como Konan sempre dizia.
Mate primeiro, pergunte depois.
Ele estava furioso e seus inimigos descobriram logo que Harley furioso
não era bonito de se ver. Partiu sem piedade sobre eles, rasgando suas
gargantas, destroncando seus pescoços, mordendo suas jugulares, um a um
foram deixados por Harley, mortos no chão.
Ele havia se afastado e ido em direção da mansão e ali Petrus e seus lobos
estavam em uma guerra. Lobos surgiram por todos os lados.
— Maldição!
Ele rosnou alto e saltou pelas pedras e árvores e se juntou à luta matando
cada lobo que saía das lanchas que atracavam na praia e lobos do terraço da
mansão soltavam rajadas de balas das metralhadoras.
— Impossível.
— Nada aqui, alfa, nenhuma lancha e lobo italiano nessa área. Nossos
atiradores estão na posição, mas nada de lobo, o mar está vazio.
— Mikel, relatório!
— Minha área está limpa, alfa. Nenhum lobo atracou aqui, o mar está
limpo.
Harley sentiu algo formigar na sua nuca e um frio atravessou sua espinha.
— Pietra.
— Merda! Ele nos afastou de minha casa, porque sabia que ela estava no
lado norte e por isso todos invadiram do outro lado. É uma armadilha
direcionada a capturar Pietra! Enrico não invadiu, ele já está na ilha.
Então Harley, com seu ouvido aguçado, ouviu ao longe, o alarme de sua
casa soar e se virou. Ele olhou para Petrus, que também empertigou o corpo.
— Pietra!
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Ele saltou a colina com saltos gigantescos para ir mais rápido e entrou em
sua casa com um rosnado feroz.
— Pietra!
Harley rosnou alto e tão forte que os ouvidos de Petrus doeram e eles
saíram correndo novamente, farejando o cheiro dela.
Harley agarrou uma corrente que fazia uma cerca e a rodou no punho. Ele
agarrou a corrente, com muita ira, girou-a no ar e atirou no lobo que rosnou
pela dor e se defendeu com o braço. Ele segurou a corrente com a outra e
rosnou para Harley, que rosnou de raiva, puxou a corrente com toda força,
puxando o lobo num solavanco, girou e num movimento rápido enrolou a
corrente no pescoço do lobo duas vezes que sufocou e tentou retirar a
corrente.
Harley deu uma patada em suas costas e o lobo voou, pela beirada da
escadaria e com o tranco da corrente, que Harley segurou fortemente, o lobo
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ritual, mas ela é romântica demais para seguir ordens e deixar seu amor para
trás. Tão melodramática, tão estúpida.
Pietra arfou e as lágrimas escorreram. Doía ouvir seu pai dizer que ela
deveria morrer.
— A salvei. Ela é minha companheira e juro por Deus que se não soltá-la
agora não sobrará nada de sua alcateia para contar a sua história de louco,
porque esmagarei o crânio de todos os lobos.
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Harley e Petrus ficaram aturdidos. Marcello chegou ali para impedir seu
pai?
— Você me traiu também, Marcello, a encobriu, você disse que ela não
estava aqui. Meu próprio filho! O que há de errado com vocês que não podem
seguir minhas ordens?
— Pai, deixe Pietra ir. Vamos sair da ilha dos gregos e deixá-los em paz.
Sim, o que ela sentia era uma dor no coração, como aquelas pontadas que
já havia sentido antes e tinha dificuldade de respirar. Ela estava inclusive à
mercê dele, sem forças para lutar.
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Guizo?
Ela tinha ouvido guizos, mas pensou que era coisa de sua imaginação.
Sim, e pela primeira vez ela olhou para seu pai com medo e sabia que algo
estava errado. Bem errado.
— Um lobo?
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— Sim. Ele era um shifter de lobo que veio do norte e conquistou a ilha e
se tornou seu soberano, mas os romanos queriam este poder para si. O
romano matou o alfa e tomou seu lugar. Só que uma de suas lobas gregas o
ajudou a tramar uma traição, uma emboscada, com a promessa de ser sua
companheira, mas ao fim, ele tomou a loba viúva para si, como espólio. Ela a
amaldiçoou e a alcateia italiana para que sempre tivesse que se ligar com o
alfa de Alamus, senão teria sua morte e de sua alcateia. Depois os gregos
tomaram Creta novamente, mas a maldição permaneceu, porque era sobre os
alfas do lugar e não sobre sua nacionalidade em si.
— Isso quer dizer que Pietra herdou a maldição de dois mil anos atrás?
— Mas nós sim, pois em todos esses séculos houve relatos de que lobas
da alcateia da Itália nasceram defeituosas.
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— O quê?
Harley gritou e correu até ela, que se levantou, gemendo, mas quando ele
ia tocá-la, chocou-se em uma espécie de parece invisível.
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— Nico Papolus, eu não fiz nada, foi ela. Ela veio buscá-la.
Arfando, Harley olhou para Pietra, que apalpava aquela parede invisível e
o olhava com os olhos arregalados ouvindo a tudo aquilo.
— Não a matei quando nasceu. Falha. Não se acasalou com o alfa. Falha.
Sobreviveu a minha Spurga. Falha. Agora, não há mais nada a fazer.
Devemos oferecer ela para a deusa, já que tem um filho no ventre, filho de
um grego, ou todos nós morreremos.
— Era uma vida para salvar uma alcateia inteira e sua alfa. Mas tudo deu
errado e quando soubemos que Pietra estava viva e carregava o filho do beta,
resolvemos tentar fazer o ritual para que a deusa se aplacasse. Talvez se
entregasse a vida da mãe e do filho em seu ventre, ela seria misericordiosa e
liberaria a alcateia da maldição. Se ela tivesse morrido na Spurga, nada disso
estaria acontecendo, já teríamos solucionado tudo. Mas não, fui traído
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novamente.
— Isso não vai acontecer, pois ela não faz mais parte de sua alcateia, faz
parte da minha, e para tocar nela, vai ter que me matar primeiro.
— Mas que merda, vocês acreditam nisso? É uma porra de uma lenda! —
Petrus rosnou.
— No ano de 900 o ritual foi efetuado, no ano de 1278 ele foi ignorado e
toda a alcateia foi transformada em estátua, eles jazem em um cemitério
subterrâneo embaixo de uma praça de Roma, nas catacumbas. Muito tempo
se passou e nunca mais nenhuma filha sobreviveu, uma morreu ao parto,
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outra foi assassinada pelo seu pai e estes são os que, pelo menos, temos
registrado em nossa biblioteca e é um segredo guardado.
— Por isso fizeram toda estra trama diabólica de acasalar Petrus com ela?
Os contratos, as chantagens.
Harley olhou para Pietra, que olhava tudo com os olhos arregalados e o
rosto banhada nas lágrimas, nem conseguia respirar direito, puxando o ar com
dificuldade.
— Ela não sabia. Pietra é péssima mentirosa, teria entregado nosso plano
de cara. Ela somente seguia minhas ordens como uma filha deve fazer — seu
pai disse.
— Mas o que estão tentando fazer, o ritual? Vocês mesmo disseram que
deveria ser filha do alfa, eu não sou o alfa.
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— Não custa tentar, se não der certo, ela morrerá de qualquer maneira,
como todos nós.
Uma risada alta de mulher ecoou pelo céu e todos ouviram e ficaram
chocados.
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Ele bateu nela uma e outra vez, tocando, para saber se podia desfazer,
quebrar, mas parecia inquebrável, era transparente como o vidro.
Ela estava com medo, com o rosto banhado nas lágrimas, olhou assustada
e ofegou quando dois lobos italianos viraram estátuas de pedra.
— Pietra, olhe pra mim, não olhe para eles, olhe pra mim! — Harley
gritou.
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— Quero que saiba que você foi a coisa mais importante de minha vida,
que eu o amei mais que tudo e fui muito feliz, mais do que pensei que seria.
— Não faça disso uma despedida, não aceito, eu vou achar um jeito.
— Mas eu te salvei.
Ela começou a sufocar, pois não conseguia mais respirar e sua frequência
cardíaca foi diminuindo.
— Har... Harley...
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Ele tentou alcançar sua mão, mas não adiantava, a força invisível não
permitia, a parede não cedia.
— Pietra, olhe para mim, não olhe para ele, olhe para mim!
— Obrigada pelo amor que me deu. Eu sinto muito que eu não vou poder
lhe dar seu filho, queria tanto poder ver seu rostinho, queria que ele fosse
parecido com você...
Ela ofegou quando a onda de energia atingiu seu pai e ele foi
transformado em pedra diante de seus olhos, assim como Marcello e os
outros e ela não ficou com mais medo.
— Pietra...
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— Não. Não! Não! Pietra, olhe para mim, por favor. Alguém faça alguma
coisa! Fica comigo, fica comigo.
Harley ficou ali, estático, paralisado olhando para ela, sem respirar, em
completo choque.
— Pietra volte para mim! Por favor, volte para mim! Não me deixe, por
favor!
Olhando aquela cena, Petrus sentiu seu coração quebrar, sabendo que não
havia nada que pudesse consolar seu irmão. Sem poder ajudar, sem entender
direito o que tudo aquilo significava, sem acreditar que um mito tinha surgido
diante deles e causado aquela desgraça.
Sami chegou correndo com sua mãe e elas olharam a tudo horrorizadas e
Petrus somente abraçou sua companheira e acariciou os seus cabelos, o mais
forte que pôde.
Harley gritou tão alto que todos pensaram que sua garganta rasgaria. Nada
mais podia ser feito. Ele chorou tocando a estátua de pedra, fria, imóvel e
assim foi como seu coração se sentiu, cheio de dor.
Petrus olhou por cima da cabeça de Sami, para as estátuas dos italianos,
do pai de Pietra, de seus irmãos e seus guerreiros e sentiu um ódio tremendo,
pela falta de compreensão daquele velho, que podia ter salvado sua filha e
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Talvez, pensando juntos, eles teriam encontrado uma solução, uma saída,
uma maneira de salvar Pietra e sua alcateia, mas não, ele achou que teria sua
filha obediente como desejava.
Mas as coisas não tinham saído do jeito que ele queria e tinha causado a
dor mais profunda que era separar companheiros de alma.
Petrus queria poder abraçar o seu irmão e dizer que tudo ficaria bem, mas
sabia que não ficaria, que não havia nada que apagasse a dor de Harley e não
haveria nada que ele pudesse fazer.
— Não, algo tem que ser feito, não vou permitir que morra, não vou.
Em seguida, pegou uma taça de ouro e a adaga que estavam sobre o altar
de pedra e cortou a palma de sua mão e derramou seu sangue nela.
Petrus parou de insistir, deixou que ele fizesse, pois nada acalmaria
Harley.
Uma chuva forte começou a cair sobre eles, molhou o livro, e ele olhou
para a estátua de Pietra e a chuva lavou o sangue e nada aconteceu.
Então ele percebeu que junto com a chuva suas lágrimas também
molhavam o livro.
Ele se soltou de Sami, e num momento de fúria, saltou pelo templo e caiu
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com um punho cerrado sobre a estátua de Enrico, rosnando com toda raiva e
golpeou a estátua, fazendo-a estraçalhar em diversos pedaços.
Petrus olhou para sua mãe, que molhada da chuva, olhava a cena
estarrecida.
— O que podemos fazer depois disso? — Petrus sussurrou para sua mãe.
— Vamos deixá-lo com sua dor, não há nada que possamos fazer por ora.
Depois cuidaremos dele e daremos todo nosso amor.
— É muito cruel ter de volta a quem se ama e depois perder — Sami disse
entre suas lágrimas.
Ela assentiu e Petrus fez sinal para que seus lobos deixassem a colina.
Eles saíram e deixaram, mesmo sem querer, Harley com sua dor,
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Ele havia desatado sua magia de lobo, mesmo sem querer, se supunha, e a
aura multicolorida vagava pelo ar, como uma suave onda de arco-íris,
envolvendo ele e Pietra.
O que somente causou mais pesar de todos os lobos que viam a cena.
Todos foram embora e o local pareceu mais frio, mais perdido no topo do
morro.
Um local que Harley sempre tinha admirado, agora era o mausoléu de sua
adorada companheira. Agora lotado de uma alcateia de lobos em mármore.
Harley podia sentir seu coração congelar, esfriar como um bloco de gelo,
transformando-se em pedra. Ele nunca mais seria o mesmo, nunca mais
conseguiria fazer seu coração ser aquecido novamente.
Até pensou em ir para casa, mas estaria vazia sem Pietra, sem suas
risadas, sua beleza, seu calor e ele não queria encarar sua vida desse jeito.
Sempre soube que alguns deuses eram ardilosos e não tão bonzinhos
assim, parecia que, ao fim, era verdade.
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Todos tinham ficado sem ação e agora lamentavam a dor de seu beta.
Agora estava vestido todo de branco, que era a cor característica do luto
dos gregos antigos, e olhava para a janela de sua casa, para o mar que se
perdia no infinito do céu que estava cinza.
A dor das lembranças o alagou e ele saiu na chuva e andou sem rumo pela
ilha e foi até a beira da água. Ele queria deitar ali e entrar nas profundezas do
mar.
Quem sabe Poseidon tivesse pena de sua alma e o levasse e toda a dor
sumisse.
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Ele tinha sua própria Afrodite em casa, sua theá e tinham a tirado dele.
Ele abriu os braços e gritou, gritou até a garganta doer, então fechou os
olhos e ficou ali, ouvindo a chuva, ouvindo as ondas, deixando a água lavar
sua alma. Silenciou sua mente e pediu uma ajuda aos céus.
Qualquer coisa.
— Por favor, os deuses a mandaram para mim, não posso perdê-la. Não
posso. Ajudem-me, me digam o que devo fazer? Como faço para fazer isso
parar?
Foi estranho, mas pareceu ouvir um sussurro pelo ar, uma voz doce e
melodiosa de mulher.
Harley piscou aturdido e olhou ao redor, mas não havia ninguém. Ouviu o
sussurro novamente, sem entender o que dizia.
Atiçou todos seus sentidos de lobo e deixou sua mente ouvir a natureza, o
mundo que queria lhe dizer algo.
Então algo se abateu em seu peito, uma força entrou em sua alma e uma
ideia surgiu em sua mente, ele não teve certeza, mas pensou que as nuvens se
mexeram estranhamente.
coração. Ele prestou atenção em si mesmo, em sua alma e soube. Ela não
estava morta.
Ele piscou aturdido, poderia ser somente sua dor falando, mas não, ele
olhou o céu coberto de nuvens e a chuva caindo e sentiu uma pontada em seu
coração, uma diferente, uma que alertava sobre sua companheira, sobre sua
alma.
Podia jurar que a voz de uma mulher ecoou na sua cabeça, com um
sussurro tão suave quanto um respiro.
Era uma mensagem, bem dentro de sua cabeça. Algo divino que vinha do
céu infinito, algo que atingia sua mente e seu coração.
Sua doce e linda companheira estava ali, ajoelhada, uma pedra fria e
molhada pela chuva.
Ela não deveria estar molhada da chuva, era sua obrigação mantê-la seca e
aquecida.
Ele espalmou suas mãos nas dela que estavam petrificadas naquela
posição e rosnou.
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Ele uivou alto e forte e olhou para o céu, com os punhos cerrados, sem se
importar com a chuva que caía sobre ele, sem se importar com o duro
mármore que feria seus joelhos.
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Petrus entrou na sala da casa de Harley, onde ele tinha montado seu
espaço de trabalho e piscou aturdido olhando ao redor, havia pilhas de livros
sobre as mesas, sobre o chão, alguns abertos, outros fechados.
E ele estava olhando atentamente para uma das telas do computador que
continha muitas imagens e textos sobre a mitologia grega.
Harley sabia que Petrus estava ali, mas não tinha tirado os olhos do que
estava lendo no computador.
— Um vídeo que fizemos uns dias antes de ela ser atacada pelos lobos
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Harley estava abatido, muito mais do que ficou da primeira vez que tinha
mantido seus cabelos e barba longos.
— Eu sinto muito, imagino como deve estar sentindo muito a sua falta.
Ela era preciosa.
— É, mais preciosa que tudo neste mundo... ela era mágica, tinha... magia,
um encantamento, ela conseguiu me encantar, assim, fácil, como uma água
mansa, como uma brisa. Ela me trouxe paz, alegria. Quando me olhava, era
como se o mundo todo desaparecesse e só existisse nós dois.
Petrus respirou fundo quando viu Harley secar o rosto com o punho.
Ele sabia que dor ele devia estar sentindo, ele tinha conhecido a felicidade
ao lado de sua companheira e a tinham tirado dele.
Petrus abraçou Harley por trás, com o braço envolvendo seu peito e beijou
o topo de sua cabeça. E eles ficaram ali por um longo tempo naquele abraço
apertado, sem palavras e isso ajudou Harley, lhe deu um pouco de força.
Eles eram muito unidos e o respeito e amor que havia entre os dois irmãos
eram muito fortes.
Ambos conheciam o que era a dor, o que era perder. Sabiam o que era
lutar. Eram fortes, mas juntos poderiam dar força um ao outro.
— Trouxe uma cerveja — Petrus disse com a mão sobre seu ombro.
— Obrigado.
Harley abriu a cerveja, tomou vários goles, respirou fundo e secou o rosto.
— Estou pesquisando.
— Sobre o quê?
— Mitologia... Górgonas.
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Petrus piscou aturdido e olhou para Harley como se ele fosse louco.
— Harley, Pietra... ela... é uma... pedra. Como pensa que pode tê-la de
volta?
— Harley...
— Não vou aceitar a morte dela. Não vou acreditar que não haja algo que
eu possa fazer. Ela é minha companheira e não posso desistir. Não posso
atravessar esta vida sem ela. Nunca poderei olhar para outra loba e dizer que
é minha companheira. Ou eu trago ela de volta ou nunca haverá mais
ninguém na minha vida.
— Harley... olha... acho que isso é uma loucura, pois nunca ouvi tal coisa.
Ainda me custa acreditar que aquelas estátuas, lá no templo, um dia eram
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pessoas.
Seu filho, sua dor era demasiada para sequer alguém entender.
— Bem, quero que saiba que eu estarei ao seu lado para o que necessitar,
se precisar derrubar alguns pilares da Grécia ou lutar com algum deus, eu irei
ao seu lado. Estarei contigo e traremos Pietra de volta, sã e salva e ao seu
filhote.
— Obrigado.
Era loucura? Sim, mas todo o mundo que eles viviam era uma loucura.
— Bem, nessa bagunça que fez e, pelo que vejo, derrubou a biblioteca da
família no chão, encontrou algo?
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— Acha que uma delas pode ter a solução para trazê-la de volta? Outro
feitiço?
— Sim. Será que podemos pedir ajuda da nossa rainha? Preciso de uma
informação.
— Não me importa o perigo, por ti, sua companheira e seu filhote, estarei
pronto para a briga.
— Ok.
— Teria ido com você para aquela maldita Floresta De Gamo resgatar a
sua companheira, se tivesse me pedido.
Harley suspirou.
— Fiquei louco.
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— Quase a perdi naquele dia. Ela já foi tantas vezes e consegui trazê-la de
volta, não posso perdê-la de novo sem lutar. Todos sempre querem tirá-la de
mim. Não permitirei.
— Todo meu mundo parou, num baque tão forte quanto uma marretada no
cérebro, meu coração dói porque o sentimento que entrou nele é grande
demais para caber nele. Eu conheci a pessoa mais maravilhosa do mundo e
quero somente cuidar dela.
— Quero conhecer tudo que ela gosta para poder lhe dar, agradá-la é
sempre minha prioridade, porque ao vê-la sorrir, sorrio também, porque seu
rosto brilha como o sol e me aquece. Saber que ela está triste me deixa triste.
É quase impossível não tocar nela, sentir sua pele, a suavidade, o calor, uma
ânsia de querer possui-la e ser possuído por ela. Perder isso é uma dor que
parece que nunca cessará, é sofrer cada minuto do dia. O mundo perde a cor.
— Pra quê? A comida perdeu o gosto, eu bebo a água, mas não mata a
sede. Eu ainda estou respirando, mas estou sem vida e não sei se voltarei a
viver. Sinto falta de minha família.
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construindo.
— Rastreei suas chamadas, não tenho nenhuma dúvida. Nosso olheiro foi
morto, por isso nosso alarme não soou antes que as lanchas chegassem à
nossa costa e Enrico sabia exatamente onde Pietra estava. Ele já estava aqui
antes do helicóptero sobrevoar a ilha. Alguém o colocou aqui dentro.
— Sim, alfa. A suspeita do beta estava correta. Quem entregou que Pietra
estava aqui na ilha e que estava grávida para os lobos italianos foi Katra. Um
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dos lobos confessou, ajudou a colocar Enrico dentro da ilha, os mesmos que a
atacaram da outra vez.
— Sinto muito, Harley, você quis puni-la com a morte pelo que havia
feito e desejei que fosse misericordioso e lhe déssemos uma chance.
Perdoe-me.
— Não foi sua culpa, e eu terei minha vingança. Reúna todos no centro da
praça.
Para dizer a verdade estava frio como gelo, e com aquele olhar assassino
que amedrontaria qualquer um.
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A loba olhou para ele quando sentiu seu cheiro e abriu um sorriso
deslumbrante.
Francamente, ele mesmo não soube como não rosnou e saltou sobre ela
neste momento.
Harley quase arrancou sua cabeça nesse momento, mas seu lobo gelado de
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— Eu? Quer dizer que não está mais de luto? — perguntou espantada.
— Outra companheira?
— Sim, e pensei que seria você a pessoa mais indicada. — Ela o olhou
com os olhos arregalados. — Quero saber se nós podemos recomeçar nossa
relação, como tínhamos antes. Pensei em te levar de volta à ilha e então
poderíamos nos ver com mais frequência, voltar a formar nossos laços.
Ela foi até ele com um sorriso largo e olhos brilhantes e tocou em seu
peito de forma depravada e sexual, o que somente fez Harley sentir nojo dela.
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Estava sendo muito difícil dizer aquelas coisas, pois seu coração jamais
diria uma palavra para maldizer sua adorada Pietra.
Mas a farsa era necessária. Ele queria lhe dar o doce e depois lhe tirar.
— Fico tão feliz que tenha caído em si que aquela loba não servia para o
senhor. Agora que estamos livres dela podemos ter nossa vida feliz.
Ela beijou-o no queixo e quando ela foi beijar seus lábios ele se afastou e
soltou a pergunta.
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— Oh, claro que sim, eu faria qualquer coisa para estar ao seu lado, para
ser sua companheira!
— Claro que faria. Venha, vamos falar com o alfa e comunicar nossa
decisão.
— Agora?
Ela alisou o cabelo com os dedos e foi com ele, sem hesitar.
Harley estava estupefato que ela tinha caído na sua conversa. Ela não
devia estar bem da cabeça.
Mas isso não importava para ele, porque, em breve, ela não teria mais uma
cabeça.
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Ela sorriu e estava com os olhos brilhantes. Parecia não ter assimilado a
conversa ainda.
— Descobrimos hoje que quem entregou Pietra para seu pai foi nossa
loba, Katra. Junto com seus comparsas que, inclusive, delataram aos italianos
sobre Pietra estar na ala norte da ilha, na casa deles. Onde seu pai e seus
lobos puderam capturá-la, passando por nossas defesas, sorrateiramente e
desabilitando nossas câmeras. Para ser mais direto, foram infiltrados na ilha.
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os dois lobos, mas eles não podiam falar, pois estavam com fitas em suas
bocas, mas pareciam, pelos seus ferimentos, que já tinham dito o suficiente.
— É claro que eu não a queria. Por que acasalaria com ela, enfrentaria
uma alcateia inteira de italianos, minha própria alcateia e a engravidaria, se
eu não a quisesse? Realmente não vejo sentido nisso.
— Mentiu.
— Não menti. Você é que foi burra ao pensar que eu não estava
representando uma farsa, uma bem ruim, por sinal. Mas você mentiu,
enganou, zombou de nossa boa vontade, de nossa confiança. E realmente
devo dizer, estou farto de ser bonzinho com quem não merece. Katra, não
haverá misericórdia dessa vez.
— Beta... eu...
Katra arfou e começou a falar e gaguejar, mas nem Harley e nem Petrus
estavam a ouvindo mais.
Harley estava tão furioso que olhou para seu povo, alguns aturdidos,
outros boquiabertos ou zangados.
Petrus dispensou todos que foram cuidar de suas vidas e pensar sobre os
acontecimentos, muito cruéis no fim das contas.
— E é, mas depois de ser caçada e sentir o medo que minha Pietra sentiu,
eu mesmo arrancarei sua cabeça.
Eles não estavam brincando com eles como fizeram com Pietra. Apenas
estavam caçando e cumprindo a execução, como lobos.
O lobo parou e olhou para trás, baixou a cabeça e se afastou. Harley saltou
do tronco, deu dois passos, devagar, e observou Katra.
Sua loba era negra com mechas brancas nas costas e pérola na barriga. Era
uma bonita loba, que estava ferida e acuada e o olhou espantada, arfando.
— Você não sabe o que é amor, Katra, e eu te perdoei uma vez, agora vou
tomar minha vingança pelo que fez à minha companheira. Você não é digna
de pena, de misericórdia, nem sequer é digna de um pensamento meu. Você
não chega aos pés dela.
Katra abriu a boca para contestar, mas Harley não estava a fim de perder
tempo com palavras, ele rosnou com sua fúria desatada, saltou no ar e desceu
sobre ela, com o punho cerrado e, quando desceu, cravou o braço com toda
força em seu peito, que o atravessou, saindo pelas suas costas.
Ele cerrou os punhos e gritou, rosnou e depois soltou um uivo que foi
ouvido pela ilha toda, que, por fim, tinham entendido como as coisas
funcionavam, tinham concordado visto o mal que Katra tinha feito desde o
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início.
Harley proclamava sua vingança para que todos soubessem e para jogar o
restante de sua raiva para fora e mostrar sua força.
Ele cuspiu no chão e foi para casa tirar o sangue daquela loba de si.
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Harley fez uma reverência formal e beijou sua mão e abraçou Erick.
— Obrigado.
— Como Erick deve ter contado, Pietra era vítima de uma maldição. Seu
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pai tentou seguir o ritual, tardiamente, já que não havia matado a loba ao
nascer e depois também não foi possível. Tivemos a manifestação da
maldição em nossa ilha e... a deusa... uma Górgona apareceu e petrificou a
alcateia dos italianos e minha companheira.
— Harley, ela é uma pedra, talvez somente não esteja aceitando sua
morte. Se for mesmo uma Górgona que a atingiu, isso não seria seu fim? —
Erick perguntou cautelosamente.
— Isso é verdade? Sim. Mas não acredito que seja o fim, acho que há vida
depois disso, pelo menos de certa maneira.
— Mas se alguém nesse mundo pode saber dessa verdade é a Senhora. Por
favor, me diga se isso é certo ou apenas estou sendo enganado pelo meu
coração.
— Me sigam.
A rainha foi até a estátua, segurou suas mãos e recitou palavras em outra
língua, num sussurro que parecia um cântico e uma aura azul a rodeou e
depois a estátua.
— Ela vive em outra dimensão. É como uma escrava da deusa. É tão real
como se estivesse humanamente lá.
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— Você é um mortal, não pode matar um deus, Harley. Medusa foi morta
porque perdeu sua imortalidade, castigada pela deusa Atena e Perseu, sendo
um semideus pôde matá-la. Você não pode matar Esteno e Euríale. Somente
se elas fossem abdicadas de seus poderes de deusa ou se alguém com poderes
semelhantes o fizesse.
— Bem, admiro sua convicção e seu amor pela sua querida companheira,
lobo, e também não gosto que sempre queiram afastá-la de você. A jovem me
pareceu muito doce e honrada e fez suas escolhas por amor... a você.
Harley piscou aturdido por um momento e até abriu a boca para dizer
algo, mas ela o interrompeu, com aquela calma que sempre deixava todos
aturdidos.
— Foi por isso que Scopelli queria forçar Pietra a se acasalar com Petrus,
para matar seu filho, pois ele não matou Pietra ao nascer. Se não cumprissem
os rituais, todos virariam pedra — Harley disse.
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— Hum, e ele poderia estar no País das Sombras onde dizem ser seu lar.
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— Então a visão da Górgona que tivemos, não foi Medusa e sim uma de
suas irmãs? — Petrus perguntou.
— Sim.
— Que merda!
— A senhora acha que isso é possível? Se ela apareceu e veio até nós,
podemos ir até ela?
— Quais?
— Chave?
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— Bem, então podemos ir até este lugar e fazer estes rituais e tentar
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— Sim, é possível, mas podemos mexer com Hades, o que não é uma boa
ideia. Com a ajudinha de um pouco de magia, podemos despistá-lo, mas isso
pode levar tempo. Tempo que acho que não temos.
— Sim, quanto mais ela ficar, mais rápido seu elo entre nosso mundo se
desliga e então ela se perderá para sempre, sem contar que há muitos perigos
por lá, além das Górgonas.
— Isso não pode acontecer, temos que ter algo mais rápido!
— Ah, pelo amor de Zeus! Isso, eu acho que também está meio
complicado, quer dizer... Como conseguir sangue de um deus? Isso é
impossível. E imortal? Isso existe? — Harley disse exasperado.
— Acho que tenho que concordar com isso — Petrus disse com um
suspiro.
— Ainda tem dúvida, alfa Petrus? Você mesmo viu. Aquela imagem no
céu era de uma Górgona. Górgonas são deusas.
Ele rosnou, coçando sua barba e mudou o peso das pernas e cruzou os
braços.
— O que é esta loucura toda, afinal? É muito mito pra minha cabeça.
— O fato é que nenhum mortal pode invocar um deus, a não ser por sua
própria vontade, somente outro deus, um semideus ou um imortal pode fazê-
lo e, no caso, para abrir tal portal que leve ao seu mundo.
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— Poderia invocar a deusa Afrodite? Ham... Bem... creio que ela poderia
querer ajudar.
— O fato de ela ter dado esperança, não quer dizer que ela lhe dê seu
sangue. Ela precisaria se materializar aqui e se quisesse fazê-lo já teria feito.
Ela já lhe deu a ajuda que podia.
— Muito bem.
— A senhora pode, pois está viva há dois mil anos! Pode me fornecer um
pouco de seu sangue e abriremos o portal.
— Se eu fosse, sim, o daria, mas não posso. Não sou imortal, beta.
Mantenho-me vivendo por muitos anos, no mundo de Kimera, mas o tempo
passa normalmente como uma loba aqui na Terra. Portanto, um dia morrerei,
assim como todos os lobos de Kimera, somente demoraremos mais tempo
que vocês.
— Os Fae sim, são imortais, mas os portais são fechados por eles e
somente eles podem abri-los. Nem mesmo eu poderia encontrar um se eles
não permitissem ser encontrados.
— É possível, mas isso foi há mais de dois mil anos, a nossa relação era
diferente, mas agora... invocar um Fae é quase tão difícil quanto invocar um
deus. Os Fae nunca tiveram uma boa relação com os humanos, pois sempre
foram hostilizados e maltratados. Eles circulavam pela Terra livremente até
que o rei dos Fae ordenou que não o fizessem mais. Se algum humano
conseguiu ver algum Fae na Terra é porque eles mesmos, por travessuras,
ousam entrar no plano da Terra.
— Pode tentar?
— Sim, posso tentar. Emitirei uma magia e se algum deles ouvir pode
passar o portal e falar comigo. Eles falam conosco e nós não falamos com
eles. Posso tentar apelar pelos meus antigos laços de amizade com os Fae e
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— O que vai me dizer, que não há nenhum ser imortal na Terra ou fora
dela?
— Há a possibilidade de haver...
— Quem?
— Os Berserkers.
— Sim. Diz a lenda que se cobriam com a pele de urso ou lobo e tomavam
seus poderes e força. Muitos diziam que eram bestas do inferno — a rainha
disse.
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— Mas... pensei que eram humanos que usavam chás alucinógenos, ervas
que lhes aflorava a força descomunal — Erick disse.
— Sim, essa é uma lenda, e segundo ela, eles tinham olhos de cor anil
brilhante. Eram guerreiros de Odin... na Terra — a rainha disse.
— Sim... havia homens que levavam a fama destes guerreiros por usar tais
ervas e etc., mas... há verdadeiros Berserkers. Guerreiros criados pelo próprio
Odin — a rainha disse. — Dizem que Odin, ficou impressionado com o efeito
que os Berserkers tinham e para ajudar em uma guerra antiga entre dois reis
vikings, ele teria criado seus próprios guerreiros e colocado-os na Terra para
lutar na tal guerra, depois disso dizem que eles se misturaram aos humanos e
vivem até então aqui.
— Houve um tempo que usar magia ou ver seres místicos não era assim
tão temeroso e sobrenatural. Quando o mundo pagão foi esmagado pelos
cristãos, tudo que envolve magia ou sobrenatural tornou-se um pecado,
condenável a morte, coisas de demônio. Nosso mundo ficou nas sombras,
mas ele existe, está ali e somente alguns humanos podem ter a honra de
descobri-los. Nós somos uma parte desse mundo e somos abençoados —
Vanora disse.
— Bem, isso é verdade, os humanos não têm ideia do que anda pelo
mundo sem que eles saibam. Muitos não acreditam, outros simplesmente não
querem acreditar. Nós somos exemplo disso.
— Mas acredite, uma das maiores bestas que andam pela Terra são os
humanos, eles são capazes das maiores atrocidades, das maiores covardias e
fazem pelo seu prazer e poder. Os animais agem pela sobrevivência.
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— Podemos encontrá-los?
— Sim, mas também é tão difícil quanto encontrar um Fae, eles também
têm o poder de se ocultar no universo e se mesclam aos humanos... como nós.
— Nossa raça não foi criada por um deus, Harley, foi criada por mim,
com a ajuda de alguns elementos especiais.
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E ainda sobre ela, havia um enorme livro com folhas amareladas, escrito
em uma língua que não conseguiam ler sobre um pedestal de carvalho. Ela
folheou as páginas com cuidado.
— Kira, o que faz aqui, amor? — Erick perguntou e foi até ela e a beijou
na bochecha.
— Seu pai estava preocupado que sua rainha havia se metido em alguma
encrenca e disse que eu o estava deixando tonto por andar em círculos e
nosso bebê dormiu como o anjinho que é, então, nós a deixamos com a babá
e viemos. Só para o caso de precisarem. Meu coração dizia que devia vir.
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— Isso é possível?
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— Por que não estala os dedos e acende todas de uma vez? — Erick
perguntou.
A rainha sorriu.
— Não sei.
— No sacrifício grego usando animais, não era coisa ruim. Era uma
oferenda aos deuses e para os homens era uma refeição de festa que desde a
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— Difícil de acreditar.
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Erick rosnou novamente e Harley riu, mas estava nervoso e com o coração
batendo descompassado no peito.
Vanora pegou uma adaga e cortou a palma da mão de Kira, que fez uma
careta e Erick rosnou novamente ao ver o sangue dela. Logo que algumas
gotas de sangue caíram dentro do almofariz, misturando-se com as outras
especiarias, a rainha passou a mão sobre a palma cortada de Kira e o corte se
fechou.
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Uma e outra vez, elas repetiram as palavras e então aquela fumaça azul se
ergueu no ar, se separou em diversos pontos de fumaça e saiu pelo teto um
para cada lado, se espalhou e desapareceu.
— Está feito.
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— Rainha, acha mesmo que... isso pode estar certo, quer dizer, que Pietra
e estas pessoas estão vivas do outro lado?
— Bem, é uma lenda, mas senti sua vibração ainda, mesmo que não
pudesse vê-la. Acredito que sim, que seja real. Mas somente saberemos se
conseguirmos chegar até ao submundo.
outro lado e ali permanecerei. Não te deixarei sozinha e com medo, nunca.
Ele foi até a parede e empurrou os dois quadros juntos, para que se
tocassem.
Ele ficou olhando as estrelas e orou, pediu ajuda. Ele gostava da noite, das
estrelas e suspirou ao lembrar-se da noite que ele e Pietra ficaram deitados na
areia, olhando as estrelas.
Ela estava deitada em seu peito, entrelaçando seus dedos nos dele,
acariciando com suaves toques.
Ele adorava ver como ela se encantava com tudo, pequenos detalhes,
sempre tão intensa e profunda. Reverenciando cada dádiva.
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— Sim. É incrível, nossa conexão é mais forte quando eu olho para o céu,
eu sinto minha energia e acredito nos deuses, na magia, e tenho esperança.
— E eu amo você.
Ela o olhou e sorriu e o beijou, depois levantou e estendeu sua mão para
ele.
— O quê?
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— Não tem que me pagar nada, o que fiz foi porque meu coração
mandou.
Emocionado, ele segurou sua mão e ela lentamente o levou até o banheiro
da casa. E enquanto a banheira enchia, ela tirou sua roupa, peça por peça,
lentamente, como se tudo fosse um ritual sagrado, uma carícia e ele somente
ficou ali, parado, deixando-a fazer o que quisesse com ele.
E por Deus, estava tão inebriado que sua garganta estava embargada.
Aquele banho durou uma hora inteira, até mais, mas foi perfeito, e
quando ela o secou, beijou seus lábios docemente.
Não houve sexo depois daquilo, houve uma paz imensa, uma calmaria,
uma revelação entre eles, mais uma delas.
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companheirismo.
O amor era muito mais do que sexo, era entrega, era cuidar, era ser grato,
era ser cuidadoso, era simplesmente sentir com o coração e com a alma.
Como alguém conseguiria viver sem isso depois de ter conhecido o amor
verdadeiro?
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Harley rosnou e se moveu na cama, seu corpo todo doía e seus olhos
ardiam. Ele tentou cobrir os olhos da claridade quando Petrus abriu as
cortinas.
— O quê?
— Quem?
Num segundo Harley estava em pé, pôs a calça jeans, uma camiseta e
saltou para a sala e ele deu uma freada brusca quando viu a rainha, Aaron,
Kayli e um homem que não identificou.
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— Bom dia, Sr. Papolus, desculpe tirá-lo da cama, mas depois desse
tempo angustiante de espera, eis que eu achei que gostaria de conhecer nosso
amigo, o Sr. Soren Osteberg.
Harley olhou para o homem novamente e prestou atenção nele. Ele devia
medir uns dois metros de altura, um pouco mais alto de Harley, era loiro e
tinha os cabelos compridos até o pescoço, penteado para trás, musculoso, mas
nada assim tão impressionante, parecia até normal, comparado com ele.
Seus olhos eram azuis normais, não parecia ter nada de especial nele,
apesar de ser bem-apessoado e alto. Podia até dizer que era bonito e atraente.
Usava uma roupa normal, uma calça jeans preta, uma camiseta e um
blazer pretos, não deixou de reparar no Rolex no pulso e o sapato caro e bem
lustrado.
— É um prazer, Harley.
— Você é...
Então Harley arfou, assim como Petrus ao ver os olhos do homem mudar
de cor e passar de azul para um azul anil brilhante. Uma onda de energia
atravessou seu corpo e Harley soltou de sua mão num solavanco.
— Uau!
— Ele pode enganar em sua aparência, mas sua força é descomunal, nas
suas duas formas — a rainha disse.
— Sim.
— 760 a.C..
— Sim, li isso uma vez e sempre achei que era uma lenda.
— Eu pensei que vocês eram, mas tive o prazer de conhecer sua raça há
muito tempo.
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Soren ergueu uma sobrancelha olhando para eles e depois para a rainha,
como se a notícia tivesse sido absurda, o que, por um lado, era.
— Irmãs?
— Eu também posso dizer o mesmo. Foi por uma maldição, uma bruxa
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— Temos a teoria de que ela ainda vive em outra dimensão, quero quebrar
a maldição e trazê-la de volta, mas para podermos ir até o País das Sombras,
onde pensamos que as deusas se escondem, e onde o espírito de Pietra ainda
vive, por um tempo limitado, a rainha precisa do sangue de um imortal para
abrir o portal.
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— Mas é claro que eu quero algo em troca. Acha que meu precioso
sangue é assim fácil de tirar de mim?
— E o que seria?
Se ele não fosse razoável e se negasse, Harley estava mais do que disposto
de espremer o imbecil até que tirasse sua última gota de sangue.
Soren fez seus olhos azuis anil brilharem mais fortes e Harley piscou
olhando sua fisionomia, ele havia encorpado mais, seus dentes eram maiores
e afiados, e seus punhos podiam quebrar uma parede de concreto.
— Feito.
Eles rosnaram como as feras que eram e foram criadas para ser, selando
seu acordo. Até que ouviram um som de sininhos e algo praticamente
invisível passou por eles e foi como se uma purpurina vagasse no ar.
Todos olharam aturdidos de um lado a outro para ver o que era, e um som
como uma suave melodia e sininhos soou pelo ar novamente.
— Ela quem?
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Soren sorriu.
— A Sininho?
Seu corpo era escultural e ornada com um fino e belíssimo vestido longo
até os pés, feito de musselina e gaze branca, com uma faixa rosa abaixo no
busto que ostentava um provocante decote que emoldurava belos seios.
Ela usava uma tiara na testa que ornava até atrás de sua cabeça caindo
como uma cascata de fios brilhantes como pontos de luz e suas orelhas eram
levemente pontudas e seus olhos eram azuis muito claros com uma orla
branca e, por fora, outra negra.
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A moça abriu a boca e emitiu um som que doeu nos ouvidos sensíveis dos
lobos, fazendo-os gemer e um vaso de cristal sobre a mesa espatifou.
Ela arfou e tapou a boca com os dedos e riu, pigarreou e quando falou sua
voz saiu tranquila e suave.
— Olá, creio que foi aqui que pediram ajuda para salvar alguém em
perigo? — ela disse.
A mulher, que era jovem e vibrante, sorriu lindamente e podia jurar que
todos os homens da sala derreteram como manteiga na chapa quente.
— Oh, Senhora Vanora, que honra vê-la novamente, eu vim porque fiquei
muito curiosa para saber como temos duas Senhoras, posso conhecê-la?
Aliás, deixe-me vê-la, continua deslumbrante.
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— Oh, adorarei!
— E a você.
— Foi um prazer. Pena que não tenha tido tanta sorte de encontrar mais
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humanos decentes para nos mantermos aqui. Humanos sempre querendo nos
enfiar dentro de um pote de vidro como um vagalume ou queimar para sugar
nossa energia vital. Tolos.
— Rei Aaron... Após dois mil anos ainda mantém seu charme.
— Sua beleza fulgura e ilumina meu dia, princesa. Mas não sou mais rei,
voltei a ser o príncipe em Kimera.
— Oh, mas uma vez rei sempre um rei. Um verdadeiro rei não leva seu
título na coroa e sim no seu coração. E todo seu coração é de um rei.
— Obrigado.
— Sim, por um tempo. Kayli deixou a Terra antes de mim e, eu, como seu
irmão, era seu sucessor.
— Sou Petrus, o Alfa de Alamus, e este é meu irmão e meu beta, Harley.
Nico Papolus, na verdade.
Petrus fez uma reverência e Harley pegou sua mão e beijou seus dedos.
— Obrigado.
— Fiquei curiosa em saber por que uma Senhora das Castas, com tantos
poderes mágicos, estaria chamando nós, os imortais. Isso é tão raro quanto
um humano me vir.
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— Porque ela não sabia que seu companheiro iria por sua fêmea e
arrancaria sua cabeça por ousar machucá-la.
— Isso é inspirador, a paixão que faz o sangue ferver. Adoro esta paixão
selvagem dos lobos.
— Todos estão preparados para o ritual? Assim que o portal for aberto
vocês devem entrar, eu ficarei aqui protegendo sua entrada e tendo a certeza
de que voltarão.
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— Sim, não podemos perder mais tempo. Os guerreiros lobos que irão
conosco estão prontos, Petrus?
— Só aviso, assim que o portal for aberto terão um tempo para retornar,
senão vocês ficarão presos lá — disse a rainha.
— O que é isso?
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— Não garanto que todos o façam. É um risco que todos correrão. Tomem
cuidados com as criaturas que podem encontrar no caminho. Um ferimento
por estas criaturas ou o olhar de uma Górgona os matará. Nunca, jamais olhe
nos olhos delas.
— Arrancarei a cabeça de quem quer que seja que esteja entre mim e
Pietra.
— Você sempre lutou por mim e minha alcateia. Está na hora de lutarmos
por você. Lamentamos o que ocorreu com sua companheira e é nosso dever
como amigos ajudar a trazê-la de volta.
— Conhece esta fêmea, quando coloca algo na cabeça, nem batendo com
uma marreta ela muda de ideia.
— Não sou fraca e posso lutar. É a vida de uma fêmea que está em jogo,
devo ajudar. Você é meu amigo e não posso conceber a ideia de que perca
sua companheira. A traremos de volta e chutaremos o traseiro desta cobra
peçonhenta dentuça.
— Obrigado, alfa.
— Poderia me dar uma dessas armaduras bonitas que vocês usam? Tipo
como uma amazona ou algo assim?
Seus cabelos longos estavam presos com uma trança, usava um elmo
dourado, uma saia de couro curta e um corpete estruturado e com intrincados
desenhos, era de couro com placas de metal dourado, moldado ao seu corpo.
Tinha botas de couro que vinham até seu joelho. Nos punhos, braceletes
dourados que iam do pulso até seu cotovelo e acima dele até embaixo do
braço, que sumia abaixo de uma ombreira que parecia de escamas douradas.
Ester piscou, se olhando, com a boca aberta e olhou para Noah, que
piscou, aturdido.
— Uau, isso é incrível! Sinto-me uma amazona, uma Joana d’Arc ou algo
semelhante.
Ele rosnou de forma depravada e ela riu. E houve várias risadas na sala.
— Nossa! Você é linda, não a conhecia ainda, uma belíssima loba, seus
olhos são diferentes. Uau, são lindos e você... tem purpurina no cabelo e...
orelhas... pontudas... sem ofensa.
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Vanora riu com a cara de Ester, assim como todos os homens na sala, que
voltaram os olhos para a fêmea loira e brilhante.
— Vejo que não, você transpira força, pequena, e, pelo que vejo, seu
companheiro também não pensa que é uma fraca.
— Sim, tenho orgulho de Ester, ela é forte. Já lutou com lobas e venceu.
— Estupendo.
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— Jesus! Você é maravilhosa! Quem diria, uma fada. Mas não tem asas?
— Uau! Que coisa mais linda! Virna vai morrer de inveja de não ter te
conhecido.
— Sim. Nunca vou esquecer isso na minha vida. E estou com medo de
perguntar quem é ele — disse apontando para o homem gigante atrás dela.
— Um o quê?
— Não tema, alfa, estou aqui para ajudar e não devoro lobas.
— Acho bom, porque pode ser até o filho de Odin, mas se encostar em
minha companheira vira tapete.
Soren riu.
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— Bem, pela reação de Noah, acho que deve ser mau. Desculpe minha
ignorância, mas nunca ouvi falar de Berserkers, mas prometo que lerei sobre
quando chegar em casa.
Soren até poderia se ofender com Noah por tê-lo chamado de besta, mas
não o fez, isso era algo que já não se importava mais.
— Como queira.
— Não conheço este Légolas, mas sim, elfos existem, não neste plano,
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obviamente.
— Acho que esta frase já foi expressa demais nesta sala hoje.
Todos riram.
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Primeiro era pequena e foi crescendo, girou dentro sala e foi aumentando
cada vez mais e toda a casa tremeu, trepidando como se estivesse causando
um terremoto.
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— Obrigado, rainha.
— Lembrem-se, elas podem petrificar vocês, não fixem seu olhar nos
delas, de jeito nenhum. Se olharem para seus olhos terão um segundo para
desviá-los, senão ela os apanhará.
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— Pietra!
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Ela piscou atordoada e deu um passo atrás e eles pararam a uma distância.
Ela olhou bem para seu pai, com os sentimentos controversos no peito.
— Bem, “papai”, não sou uma marionete sem cérebro. Vai me matar
agora ou o quê?
— Não faço ideia, mas sinto que há milhares de olhos nos observando —
Marcello disse.
— Vamos por este lado, vamos tentar encontrar uma saída — Enrico
disse.
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— Segura? Teimosa? Nunca estive segura e não faço mais parte de sua
alcateia para obedecer suas ordens. Sou uma Papolus agora e a única coisa
que quero é sair daqui e voltar para meu companheiro, para Harley.
— Devia ter contado, filha, mas achei que estava fazendo a coisa certa. Eu
estava pensando na alcateia.
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Tudo tinha uma visão muito cinza, e era um silêncio sombrio que causava
um arrepio na espinha.
À medida que iam passando encontravam uma estátua, cada uma delas em
posições diferentes e em seus rostos, o susto, o medo, a raiva, a paralisação.
NACIONAIS-ACHERON
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Com sua audição aguçada, eles se viraram e olharam para cima e viram
três criaturas arqueadas parecendo humanos, mas tinham membros um tanto
deformados.
Parecia uma mistura de humano com morcego, com asas e garras muito
afiadas, rosto deformado e sangue nos olhos.
Um guerreiro com sua espada interceptou um que saltou sobre Petrus e ele
se esquivou e saltou longe, batendo sobre outro com um soco feroz que o
jogou longe, batendo em uma pilastra.
O outro, Noah rosnou alto, saltou e o atingiu no ar, matando-o com suas
garras.
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Outras duas surgiram entre as ruínas e saltaram sobre Harley, mas antes
que ele se defendesse, Sasha despejou uma rajada de balas e a criatura caiu
morta.
— Sim.
— Pelo menos latidos são melhores que estes guinchos que doem meus
ouvidos — Harley disse.
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— É um lobo!
— Por isso que dizia que eles tinham pouco tempo, o tempo que
conseguiriam sobreviver aos jogos perversos das Górgonas.
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Um dos lobos espiou pelo penhasco, então uma cobra gigante se ergueu
sobre ele, com seu susto ele ergueu sua espada e olhou para ela.
Mas a figura não era dos outros monstros, era uma das Górgonas e seus
olhos brilharam e o lobo petrificou, tornando-se uma estátua.
Ela soltou uma risada em sua diversão maligna e Harley xingou e saltou
para longe dela.
A Górgona girou a cauda e bateu nele, que voou e bateu contra uma
pilastra, fazendo-a rachar e derrubar cacos de mármore.
Nisso, várias Erínias saltaram sobre eles, como uma nuvem negra e uma
verdadeira guerra começou e Ester saltou alto, cravando suas garras e rolando
com uma para afastá-la de Noah, que lutava com outras duas.
Soren, com seus olhos anil e suas garras alongadas, com um baque
destroçava cada uma delas.
Com sua espada, Kirian cortava uma e outra que tentasse agredi-lo.
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Isso somente deixava Harley mais furioso, pois não estavam conseguindo
avançar.
Até que conseguiram matar muitas delas, eles correram pelos labirintos,
desviando das rochas e labaredas. Então, ouviram um grito e um rosnado. O
que fez eles estacarem.
Harley sentiu seu rosto avermelhar e rosnou furioso e saiu correndo. Ele a
reconheceu.
— Pietra!
Ela estava diante de uma imensa porta que brilhava como se fosse feita de
luz e ouro e parecia incrivelmente fora de lugar.
Pietra estava lutando bravamente com várias Erínias e ela olhou espantada
quando avistou Harley e os lobos saltarem por vários lados, tirando os bichos
grotescos de cima dela e Harley a tomou nos braços.
— Oh, meu Deus, você está aqui! — ela disse se agarrando em seu
pescoço, espantada por vê-lo.
— Não sei dizer exatamente, mas acho que estou bem, mas que lugar é
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este?
— Meu bem, segundo a lenda sim, e segundo a rainha, se existe está aqui
em algum lugar. Precisa beber isso para que consiga quebrar a maldição e te
tirar daqui, se não fizermos isso, você não passará pelo portal. Não temos
muito tempo.
— Ok... Bem, eu estava tentando abrir esta porta, não sei o que há aí atrás,
mas estes demônios pareciam não querer que eu entrasse.
Eles olharam para a porta e ela era muito alta, branca, com relevos em
ouro.
— Vamos descobrir.
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— Deixem-me tentar.
Soren rosnou, que ecoou pelas ruínas e ele se jogou contra a porta e ela
abriu, estraçalhando uma parte dela, fazendo pedaços dela voarem.
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— Incrível.
Eles foram entrando, cautelosos, prestando atenção em tudo, até que uma
risada ecoou pelo ambiente e o guizo de cobra.
Antes que pudessem reagir, uma nuvem de Erínias saltou sobre eles,
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atacando com suas garras afiadas. Uma enorme saltou sobre Pietra e cravou
suas garras em seus ombros e a levantou do chão.
Harley agiu rápido, saltou e a agarrou pelas pernas, e ela gritou pelas
unhas afiadas e longas cravarem fundo em seus ombros.
Os lobos saltavam sobre ela, tentando imobilizá-la, mas ela possuía uma
força descomunal. Nem Soren, que claramente possuía mais força bruta que
um lobo conseguia imobilizá-la.
— É isso!
Harley olhou dentro das taças e havia uma quantidade igual de sangue em
cada uma delas. Impressionantemente, ele parecia vivo, como se acabasse de
ter sido colocado nelas.
Pietra piscou aturdida, bem aquela constatação caiu nela como um soco no
estômago.
— Isso eu não sei dizer — disse nervoso. — Maldição, não sei qual é!
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— Conseguiremos.
— Amo você.
— Por favor, meus deuses, guiem minha mão, por favor, deixe-me voltar
para casa e ter minha família de volta, por favor.
Ela pegou uma e, sem pensar em mais nada, foi levando a taça à boca.
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Quando ela baixou a taça olhou para Harley, fazendo uma careta pelo
gosto horrível, e, por um segundo, nada aconteceu.
Ele tirou a pequena planta do bolso e colocou na sua boca e ela engoliu.
— Diabos se eu sei!
— Pietra!
— Deus, não! Você tomou o cálice errado, não, não pode ser! Por favor,
não.
Harley ficou sem ação, porque não sabia o que fazer, e seu pânico estava o
deixando tonto.
Ela gemeu e tremeu novamente e foi ficando pior e ele tentou segurá-la.
Ele tentou sentir sua respiração, ouvir seu coração, tentou fazê-la reagir,
mas não havia nada. Não havia nenhum sinal de vida.
Alguns lobos entraram, Petrus, Erick, Noah, Ester e olharam Pietra caída
no chão e olharam aturdidos para um Harley possuído de raiva.
— Deve ter dado errado. Acho que ela bebeu a taça errada.
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Ele levantou, virou e rosnou alto, tanto que pareceu que todo o chão
tremeu, até sua garganta doer.
Harley rosnou novamente, vociferando sua raiva. Seu lobo estava fora de
si de fúria e Petrus reconheceu isso. Era a linha tênue onde a forma humana
era ultrapassada pelo animal e ele não ouvia a razão.
Ester saltou uns dois metros, agarrou uma criatura voadora, com os
tornozelos travou as pontas dos pés atrás de sua cabeça e girou o corpo,
trazendo a criatura para o chão num baque, então, girou sobre ela e cravou
suas garras em seu pescoço.
— Ok, suas feiosas, que tal experimentar minha nova técnica de luta?
— Nem queira saber, mas não ficaria no caminho dela se eu fosse você.
Ester rosnou, girou e saltou, Noah a pegou pelos quadris e a jogou alto no
ar. Ester estalou o chicote e em um único golpe derrubou duas das criaturas
pelo pescoço. Ela caiu no chão. Ficando de joelhos e sorriu olhando para os
rapazes.
A todo o momento podia-se ouvir em uma chuva de balas que Sasha não
parava de atirar para todo lado.
Harley saltou sobre a Górgona que, pelo seu tom avermelhado nas
serpentes, além do tom verde, sabia que era Esteno.
Ela era muito forte e mesmo com as garras dos lobos agredindo-a
ferozmente, ainda parecia mal lhe causar efeito.
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Todos olharam para o altar e viram Pietra em pé, viva e forte e parecia
mais poderosa e bem que nunca. Todos seus ferimentos haviam desaparecido.
Havia uma aura ao redor dela, perecia certa luz e seus olhos cintilavam
muito mais do que sua loba normal, seus cabelos estavam soltos e
desalinhados, caindo sobre seu corpo, mas parecia que dançavam ao vento.
Suas garras e suas presas estavam alongadas e uma onda de fúria emanava
dela.
Pietra cravou uma e outra vez suas garras nela. Ela soltou Harley que
rolou pelo chão, e, então, a Górgona se levantou e encarou Pietra com seus
olhos mortíferos brilhando sobre ela.
Pietra cintilou seus olhos e eles ficaram prateados como um lobo não
poderia fazê-lo e soltou um grito estridente semelhante ao dela. E espantados,
todos viram o que a Górgona estava tentando, mas não estava petrificando
Pietra, e arfou espantada.
Pietra rosnou alto para ela, com uma fúria que Harley nunca tinha visto e
sequer imaginado e ela saltou sobre a Górgona, agarrando seu pescoço,
derrubando-a novamente e elas rolaram pelos escombros em uma luta feroz e
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— Não!
Ela arfou e olhou para cima e tentou subir, mas estava difícil.
Harley olhou as pedras para descer, e ela tentou se erguer, mas a beirada
da rocha rompeu e ela caiu.
estarrecidos sem poder fazer nada e a queda era muito alta, então, aturdidos,
viram algo passar sobre eles, numa velocidade que não atinaram o que era e
desceu pelo penhasco de pedras.
— Obrigado.
— Você se pôs na minha frente, olhou direto nos olhos dela! — Harley
argumentou, espantado.
— Eu não sei, somente fiz o que meu coração mandou, não poderia deixar
que ela te petrificasse.
— Sim, senhores, o rei tem razão, isso deve ter servido para alguma coisa,
além de permitir que ela possa passar pelo portal — Erick disse.
— Ela deve ter adquirido algum poder desta deusa, viu como sua força
derrubou a Górgona, quando nós não conseguimos? E ela bebeu seu sangue e
sobreviveu — Kayli disse.
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— O quê?
— Bem, podemos discutir essa tese depois, acho que temos que sair daqui
o mais rápido possível. Minha mãe disse que o portal não se mantém aberto
por muito tempo — Erick disse.
— Sim, a rainha avisou que não conseguirá mantê-lo, que devemos nos
apressar — Maddox disse.
Eles ouviram um grito estridente que ecoou pelo ambiente como um eco e
olharam para o labirinto de ruínas com seus ouvidos doendo.
Então quando eles passavam por uma das portas gigantescas do templo ela
explodiu jogando pedras para todo lado e uma cauda gigante, atingiu uma
parte da tropa dos lobos, que voaram e caíram longe, rolando pelo chão e
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— Será que ela está zangada por eu ter matado sua irmã peçonhenta?
Pietra gritou pela dor e gemeu. Ela tentou se agarrar no chão e tentou
agarrar as mãos que Harley estendeu para ela, mas não conseguiu. Ela foi
arrastada, pelo chão e os lobos pararam e voltaram, tentando alcançar Pietra e
libertá-la, até que um bando de lobos, em forma de animal e alguns em sua
forma intermediária, saltaram sobre a Górgona, rosnando e mordendo.
— Está bem?
— Sim.
Pietra fixou seu olhar em seu pai e ele a olhou fixamente, de forma que
dizia mil palavras significativas.
— Pai!
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— Pietra!
Ele foi tentar ir até ela, mas era difícil de chegar perto, parecia que aquela
névoa queria deixar todos longe.
— Deus Santo, ela parece uma luz acesa! — Noah disse, espantado.
— O que acha que acontece com quem toma o sangue de uma deusa,
Harley? Ou ela morre ou se torna um semideus.
— Sim, ela será assim, mas podemos controlar todo este poder. Somente
precisamos tirá-la da tomada no momento, pois está um tanto sobrecarregada
e descontrolada.
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— Mas por que ela ficou assim agora e não lá no submundo quando bebeu
do sangue. Pelos deuses, pensei que ela tinha morrido!
— Ela morreu, de certa forma. Ela precisava morrer para renascer como
uma semideusa. Seu poder é forte lá no mundo dos deuses, a ponto de
conseguir matar uma Górgona, mas aqui, na Terra, é isso que vê, energia
pura, pura magia, puro poder.
— E a terá, mas não posso tirar isso dela, o que posso fazer é ajudá-la a
controlar isso. Se afastem por um momento.
Harley correu até ela e a tomou nos braços, que vagava pela
inconsciência, desorientada e gemendo.
— Pietra! Acorde. Pietra! Senhora, ela está bem? Meu filho está bem? —
Harley perguntou angustiado, com a mão sobre sua barriga.
Vanora foi até ela e tocou com a mão em sua barriga e após um minuto
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sorriu.
— Sim, seu bebê está muito bem, não se preocupe e sua companheira
também está perfeita.
— Sim, ela tem alguns poderes peculiares agora, um deles é que sua loba
é três vezes mais forte agora do que era antes, temos que testá-la para
descobrir seus outros poderes peculiares.
— Bem, ela pode ter adquirido algum poder como transformar alguém em
pedra, o que acredito que seria somente direcionado, poder ir de um lugar a
outro, mas isso não saberemos por ora.
— A Senhora sabia que isso aconteceria quando disse para ela beber o
sangue? Sabia o tempo todo que isso aconteceria?
— Ser uma semideusa lhe dá alguns privilégios e dons, mas ela terá uma
vida normal, ou quase.
— Está?
— Seus poderes estavam, como vou dizer, desligados, mas seu poder de
deusa ainda estava impregnado em seu sangue, que é a energia que circula
por todo o corpo, quando Pietra o bebeu e engoliu a mandrágora, ele se ligou,
mas foi ativado realmente quando entrou no nosso mundo, pois a vibração
daqui é diferente de lá onde estavam. Mas ela não tem todos os poderes,
senão todos nós agora estaríamos como estátua. Ele tem apenas um vislumbre
dos poderes que uma Górgona tinha.
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— Quem?
— Ficaram para trás. Seu pai e os outros lobos impediram que ela viesse
atrás de nós — Soren disse negando.
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Todos sabiam que, mesmo tendo reservas e mágoa de sua família, era
duro para Pietra vê-los sucumbir. Havia coisas que causavam dor e que não
podiam ser evitadas e, por fim, ela era uma loba de coração puro e sensível e
seu pai, ao fim, tinha tentado ajudá-la.
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— Depois de tudo o que viveram, acha que isso não seria possível? Quase
tudo nesse mundo é possível. Até trazer os mortos do submundo — Vanora
disse com um sorriso que os deixou confusos.
— Sabe de algo que não está dizendo, minha rainha? — Kayli disse.
— Sim, eu sei.
Eles foram até o terraço e podiam ver o templo das Górgonas no alto do
morro e, uma a uma das estátuas, foram se transformando em homens
novamente.
Pietra correu até o templo e Harley a seguiu, assim como todos os outros,
e então, eles viram os homens-lobos italianos retornarem.
pai.
Eles não viram isso naquele momento, mas a estátua de Pietra, que estava
no quarto de Harley, transformou-se em pó.
— O que quiser.
Seus olhos cintilaram, mas não da forma dos lobos, era como uma intensa
luz branca e ela com força deu um soco na enorme estátua de mármore e ela
partiu em milhares de pedaços.
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Com outro rosnado, ela bateu os punhos no enorme tablado de pedra, que
era a mesa de sacrifícios e ela quebrou-se, então ela foi para os pilares e
derrubou um a um.
Harley pensou em impedir, tirá-la dali, mas estava muito chocado para
reagir.
Ela estava usando além de sua força de loba, a força da deusa e ali, diante
de todos, Pietra mostrou que não era mais a loba fraca e impotente.
Agora era forte e não somente porque tinha adquirido parte do poder de
uma deusa, mas porque ela era assim e seria ela mesma depois daquilo tudo.
Tinha suportado tanta dor e revolta, além de sua dor física por sua vida
toda, pois Ester disse que aquela deficiência em seus órgãos internos deveria
lhe causar muita dor, desde criança.
Com seus punhos, ela colocou abaixo todos os blocos de pedras do templo
das Górgonas, demonstrando o tamanho de sua força.
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Eles olharam aturdidos para suas mãos que deveriam estar ensanguentadas
pelos ferimentos de atingir o mármore, mas ela estava sem um arranhão.
Ela se virou para eles e todos ofegaram e alguns até deram um passo atrás,
com os olhos arregalados.
Quando voltou a sua forma humana e olhou a todos, Harley podia jurar
que ela estava mais linda que nunca, radiante e brilhante como uma estrela.
Ele estava quase sem acreditar no que tinha vivido e o que tinha
acontecido a Pietra e no que tudo aquilo acarretava.
Sem dizer nada, porque não sabia exatamente o que dizer, Marcello
assentiu e acenou, e seus lobos, aturdidos com tudo, o seguiram.
Marcello olhou para Pietra, com o olhar carregado de dor e confusão, mas
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não se aproximou dela, que o olhava com lágrimas nos olhos, abraçada a
Harley.
— É um prazer, senhora.
Ele fez uma reverência e Cristal olhava para Pietra, que piscava aturdida.
— Oh e eu adoraria saber mais sobre sua aventura, mas acho que eu e meu
amigo iremos embora, pois acredito que queira desfrutar de um momento em
paz com seu companheiro, mas quem sabe possamos voltar em outro
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Eles riram.
— Adeusinho.
— Uau!
Ambos estavam de saco cheio dos seus lobos dizerem besteiras e tomarem
atitudes estúpidas.
— Ham... Nós soubemos o que houve, a beta salvou nosso beta, ela matou
a Górgona — um dos lobos disse.
— Queremos realmente nos desculpar por termos sidos rudes e não termos
compreendido que a beta o valorizava tanto.
— Sim, todos nós estamos agora, aqui, para demonstrarmos realmente que
a aceitamos, não porque o alfa e o beta pediram, mas porque sim a aceitamos
de coração.
— É uma semideusa!
— Ela é forte!
— Sim, é verdade! Se algum de vocês temiam que ela era fraca, não é.
Nunca foi quando era somente uma loba e não é agora como loba e
semideusa, vocês é que nunca lhe deram uma chance. Pietra é mais forte que
todos vocês juntos! — Harley gritou e houve uma balbúrdia de espanto e
quando ele pensou que os lobos reagiriam de forma ruim, eles riram, uivaram
e comemoraram o que deixou todos espantados.
— Ela é linda!
— Olhem só, somente nós temos uma loba semideusa como beta! Nossa
alcateia é a melhor de todas.
— Viva a beta!
Todos gritaram.
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— Mas... como eles sabiam o que aconteceu? Que sou uma semideusa
agora e que matei a Górgona? Mal saímos do portal.
— Ops, eu devo ter soltado alguns fuxicos para alguns lobos que
espalharam por aí, pensei que seria útil — a rainha disse fazendo cara de
espanto fingido e Kayli soltou uma enorme gargalhada.
Harley suspirou e ela acariciou sua face, olhando-o com tanto amor, tanta
alegria.
Olharam para os outros lobos, que pareciam não ter visto nada, avessos ao
que eles estavam vivenciando. Então Harley sorriu e olhou para Pietra.
Sim, era Afrodite. Ela tinha vindo acalentar seu coração aquele dia na
praia, avisá-lo de que havia uma chance de salvar Pietra.
Ela era real e, de alguma maneira, havia ouvido suas súplicas, os portões
do céu tinham sido abertos e eles tinham vivenciado um raro segundo da
presença dos deuses.
Ele venerava Afrodite e talvez ela tenha se agraciado dele, por sua
devoção a ela, se compadecido de seu infortúnio com as Górgonas e o tinha
ajudado, avisando-o que não estava perdido, trazendo-lhe esperança.
Com uma felicidade e uma sensação gigante dentro do peito, de que havia
testemunhado seu próprio milagre, ele beijou sua companheira e ambos não
precisaram anunciar sobre aquilo que presenciaram para ninguém.
Então, ele pegou sua doce companheira e a levou para seu lar.
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Clere estava vestindo um vestido de tafetá verde, com decote tomara que
caia, uma saia godê, longa até os pés, e seu cabelo curto estava penteado com
gel e estava usando os brincos de esmeralda, que Noah havia dado de
presente para Ester.
Ester estava usando um vestido negro, longo com as costas nuas e também
estava maquiada e com os cabelos bem arrumados, assim como Noah que
vestia uma calça social preta e uma camisa preta aberta na gola.
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— Alfa, por que estou vestida assim, com este vestido tão elegante, esta
maquiagem? E me emprestou este par de brincos que custa uma fortuna e foi
presente do alfa para a senhora. E se eu perder?
— Você não vai perder e não me chame de senhora que me sinto uma
velha e olha que ainda não tenho trezentos anos.
Clere riu.
— Bem, querida, sim, é uma festa, estamos fazendo uma surpresa para
uma pessoa. Por isso, tudo é segredinho.
— Eu não posso contar, porque essa pessoa logo estará chegando, então
suba lá e espero que esta noite seja especial e muito importante para seu
coração e sua vida.
— Não entendo.
— Olhe para mim e preste bem atenção. Eu não vou deixar você cair,
Clere, você tem amigos e pessoas que te amam de verdade, que farão tudo
nesta vida para te ajudar, principalmente eu. Ok?
— Ok.
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— Ok, entendi, alfa. Não querem que aconteça comigo o que aconteceu
com Jessy.
— Não, e isso me deixou muito mal e soube que agora ele encontrou sua
companheira: a loba que estava aqui.
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mas não fique com raiva de Harley, porque ele não fez nada de mau contigo,
certo?
— Agradeço por tudo que tem feito, alfa, vou ficar bem.
— Obrigada.
— Ok, respire fundo, nariz para cima, ombros para trás e brilhe como uma
estrela.
Clere apertou as mãos e viu Ester sair e se encontrar com Noah, que a
esperava um pouco afastado. Eles vieram trazê-la e deixando-a carregada de
mistérios.
restaurante. Afinal de contas, o que poderia ser para estar vestida daquele
jeito e todo aquele mistério?
Entrou no salão e estava vazio, mas estava todo enfeitado com lindíssimos
arranjos de flores por todo lado e sobre as mesas havia tecidos saindo do teto
e amarrados nas colunas, em cascatas.
Ela foi ao centro e girou ao redor e parou quando viu Harley de fraque e
com seus cabelos penteados com gel para trás. Estava lindamente parado
olhando para ela, como um príncipe.
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— Minha festa?
— Eu sei, já falamos sobre isso e está tudo bem. Foi uma expectativa que
criei e não foi sua culpa. Eu estava confusa com meus sentimentos. Nunca as
pessoas tinham sido boas comigo e confundi as coisas.
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— Quero te ver feliz, Clere, eu queria muito te dar isso, para espantar sua
tristeza, mostrar que ainda quero ser seu amigo.
— Oh, Harley, não precisava, eu tenho sido uma tola. Você não tem culpa
de não me amar e sei que encontrou sua companheira, a italiana. Eu já
entendi tudo, não me deve nada.
— Não, Clere, você não tem sido tola. O que aconteceu foi natural e juro
que se eu pudesse comandar os sentimentos seria o homem mais feliz do
mundo em ser seu companheiro, mas todos nós temos nossos companheiros e
um dia eles virão, como a minha veio.
— Você tem sido uma moça que foi brutalmente machucada, não sendo
tratada como merece. Perdeu parte de sua vida e sente falta dela e precisa
viver. Eu quero te dizer: viva intensamente. E se um dia precisar de mim
estarei aqui por você.
Uma lágrima escorreu pela face, mas ela estava tentando se segurar. Sim,
era verdade e pensou que desmaiaria.
— Sim, sempre.
Ele secou suas lágrimas, docemente, e beijou sua testa. Então, ele pegou
sua mão e a envolveu pela cintura com a outra e uma música começou a tocar
e ela soltou um soluço e encostou-se ao seu peito.
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Clere riu e a música parou e logo uma valsa começou a tocar e Harley a
conduziu como um exímio dançarino.
Deixou que ele a guiasse e de vez em quando ela errava os passos, mas
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não tinha nenhuma importância. Harley riu e a rodopiou até que ela,
encantada, conseguiu acompanhá-lo e ria a cada volta, trazendo uma beleza e
uma magia inenarrável.
— Então, minha princesa, promete que não vai mais chorar e vai se
divertir?
— Ah, mas esta noite teremos muitas surpresas, e olha que Petrus e eu
fizemos questão que no bar tivesse margaritas e canapés para você.
Ela riu e fungou, lembrando-se da festa que tinham tido no SPA do amigo
de Ester em Oldemburgo, que tinham dançado, bebido margaritas e tinha
sido maravilhoso.
— Bem, como você ficou muitos aniversários sem ganhar uma festa e
presentes, nós demos esta a você. Pode não ser grande coisa, mas é sua e de
todos nós.
— Obrigada, foi o presente mais lindo que poderia ganhar. Sempre sonhei
em ter uma festa de aniversário.
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Então, quando ela ouviu uma enxurrada de palmas, olhou para trás e tapou
a boca com as mãos e, surpresa e encantada, todos os lobos estavam ali, no
canto do salão, vestidos a caráter, e com lindos sorrisos, batendo palmas para
ela.
— Tem mais?
— Sim, e como sei que gosta de minhas motos e até a ensinei a pilotar,
tenho um presente para você. Na verdade, é meu e de Petrus.
— Mais um presente?
Ele pegou sua mão e a virou para que olhasse para trás e Petrus veio
trazendo uma moto. Era uma Kawasaki Ninja 300 preta, com desenhos de
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— Sei que gosta de Harley Davidson, mas sua paixão pelas motos de
corrida deixa seus olhos brilhando, e apesar de sua mãe querer torcer nosso
pescoço, ela concordou que seria um presente que você gostaria. Contanto,
que se cuide na estrada — Petrus disse.
— Ela é pesada para uma mulher humana, mas como você é uma loba,
terá facilidade de segurá-la — Harley disse orgulhoso de si.
— Oh, isso é para mim? Quer dizer... meu presente, minha, só minha?
— Sim, é sua.
Ela correu, rindo, e foi até ela, brilhante e linda, a tocou e ria e chorava ao
mesmo tempo.
Ester soltou um rosnado que fez todos rirem. Noah a ergueu e a colocou
sentada sobre seu ombro direito e todos prestaram atenção nela.
Todos riram.
— Mais?
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— Bem, este é meu e de Noah e sei que vai gostar. Está vendo isso? —
disse mostrando um envelope.
— O que é?
— É um plano turístico. Temos três roteiros que você vai escolher e duas
passagens. Uma para você e uma em branco. Ainda.
— O quê?
— Você é encantada com o mundo, Clere, e não conhece nada fora desta
ilha e do que se lembra da Irlanda. Então pedi a Noah e ele concordou que
você ganhasse uma viagem para conhecer alguns lugares bonitos, alguns aqui
na Grécia ou onde queira.
— Você merece. Sua vida foi arrancada de você e perdeu sua juventude
trancada numa cela, aguentando bravamente todas as suas desventuras e
torturas. Se for preciso que tenha um pouco de vida, então terá. É um
presente de todos nós, para que saiba que nos importamos e pode contar
sempre conosco.
— Eu sei, e nunca pensei que teria uma alegria tão grande... muito
obrigada, por tudo, nem tenho palavras para agradecer.
— Sim, mas tenho uma condição. Não fará a viagem sozinha, temos que
encontrar um lobo que a acompanhe.
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— Quem?
— E minha moto?
— Oh, maravilhoso!
Ela o olhou e sorriu, pois o achou tão lindo e elegante. Ela assentiu e
soltou a taça sobre a mesa.
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— Não, estou contente por esta festa, por querer ajudar Clere, é muito
louvável da parte de Harley e sua.
Sami suspirou.
— Isso passou.
— Nada, vamos esquecer os problemas por esta noite, somente quero estar
aqui e dançar com meu companheiro e meu amor.
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Luca, que mostrava os discos que tocaria na festa. Eles pareciam estar se
dando bem.
— Sim, parece.
Tentando tomar conta dele e brincar, Lili correu atrás, vestindo um lindo
vestido de cetim salmão e os lobos riram.
Ester não estava simplesmente rindo, estava gargalhando, vendo seu filho
correr entre os lobos gigantes atrás de Safira.
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Ester ainda não tinha se acostumado com ele em forma de lobo, mas
estava amando ser mãe de um. Ele tinha se transformado diversas vezes
depois de sua transição e ela sempre ria, chorava e se divertia com ele.
Esta mistura de lobo e humano havia tomado conta dela e ela não sabia se
cuidava deles como médica ou veterinária, mas zombava de si mesma, que
estava cuidando de ambos, afinal ela mesma era ambos.
Ele sorriu, a beijou nos lábios e começou a dançar com ela, que estava
com um lindo sorriso, enquanto os outros casais dançavam espalhados pelo
salão.
— Eu precisava fazer isso, por ela. Sentime mal por não poder
corresponder aos seus sentimentos.
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— Eu sei, mas ela passou por muita coisa e queria poupá-la. Ela ainda é
muito jovem e estava tendo dificuldade de ver a vida, depois de tudo.
— Ela é jovem, mas é madura, pois não acalentou raiva de você e nem fez
um escândalo por me ver aqui. Também fiquei temerosa que me
censurassem.
— Querida, Noah deu sua permissão para entrar na sua alcateia sempre
que quiser, pois, como meu amigo e um lobo muito sensato e justo que é,
jamais viraria as costas para você. E além do mais, você é uma semideusa
agora, e não mais uma pária. Este título não lhe pertence mais. Você, minha
theá, é maior que muito lobo. E nós somos amigos de outro pária, e Noah o
tem na mais alta estima e ele ajudou você.
A maneira que Harley a olhou fez com que entendesse sua mensagem.
— Sim.
— Claro.
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Ele segurou sua mão e a levou até Liam que dançava com Virna.
Liam se virou e sorriu lindamente para eles, abraçando Virna pela cintura.
— Obrigada e quero lhe agradecer pelo que fez por mim, arriscando sua
vida para me salvar na Floresta De Gamo. Foi muito corajoso ajudando
Harley a enfrentar tantos executores para me salvar.
— Sim, e devo dizer, agora que me recordo bem de seu lobo. Um lobo
branco. Nunca tinha conhecido um.
— Acredito nisso.
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Eles riram.
— Sim, também fico contente que tenha se salvado, qualquer que seja o
motivo, de... bem... você sabe.
Ela olhou para Harley e sorriu e ele inflou o peito, porque cada vez que
ela dizia algo como isso, seu coração inflava de felicidade, de amor por ela.
— Harley...
— Sim, estou muito feliz e queria vir aqui agradecer novamente e vejo
que está com sua companheira. Queria conhecê-la.
Harley quase ficou apreensivo, então Clere sorriu e ofereceu a mão para
ela. Pietra piscou aturdida e estendeu sua mão.
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disse.
Todos olharam para onde Liam estava olhando e Aaron, usando um belo
terno preto, com os cabelos penteados para trás, e um lindo sorriso no rosto,
convidava Clere para dançar, e ela, retribuindo o sorriso, tomou sua mão e
logo rodopiava pelo salão com o belo e milenar lobo.
Harley sorriu e olhou para Liam, que sorria como nunca, e para Pietra.
— O que acha de irmos assaltar aquela mesa de doces ali, meu coração?
Liam perguntou para Virna.
— Acho ótimo, mas depois terei que malhar para perder todas estas
calorias.
— Liam!
— Viu o que sofro com estes lobos? — Virna perguntou à Pietra, que riu.
— Obrigado por ter concordado com esta festa para Clere, companheira.
— Acho que fizemos muito bem em dar este presente a ela. Foi privada
por tempo demais de coisas boas da vida. Você é o que ela disse: muito
generoso. Um companheiro maravilhoso que tenho muito orgulho. Além do
mais, eu não posso me zangar com ela por se apaixonar por você, todas as
moças o fazem.
— Ele está se divertindo com a música, está até ensaiando uns passinhos
de tanto que chuta.
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— Viu? Deve ter cuidado comigo, contrariar uma semideusa, ainda mais
com poderes de te transformar em pedra, é meio perigoso.
— Sim, e não tenho mais dificuldade de respirar e não sinto mais dores, e
não preciso mais dos remédios e outras coisas que ainda não sei. Depois que
o bebê nascer testaremos, pois não posso mais me transformar em loba
porque não quero prejudicar nosso bebê.
Ele a tomou nos braços e a levou para a pista de dança e os dois, entregues
numa dança deliciosa, foram embalados pelo amor.
E assim aquele baile foi mais do que uma festa para Clere, foi uma
celebração de muitas conquistas para os lobos.
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Meses depois...
Havia sido curta e bonita no terraço da mansão, com a belíssima vista para
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Uma coisa que não faltava era muita comida e bebida para todos e música.
— Estão perfeitos, Pietra, mais bonitos do que jamais vi. Você é uma
artista muito talentosa.
— É muito bonito, Pietra. Vou guardar este presente com minha vida.
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— Isso é bom.
— O ouro e a prata são os únicos metais que tem o poder de se fundir com
nossa magia, assim como as pedras preciosas. São os elementos máximos da
natureza e eles captam a magia, por isso quando os usamos, eles absorvem
nossa magia de lobo e se transformam com nosso corpo. Se usarmos qualquer
outro material, ele cairá como nossas roupas.
— Oh, incrível, somente a Sra. Papolus ourives para me dar uma aula.
Ela riu.
— Você é impressionante.
Ele a beijou e Pietra sorriu e pegou o bebê no colo que estava no carrinho
ao seu lado e que havia acordado e choramingou para obter atenção.
— O que é?
Pietra piscou, aturdida, ao ler todo o bilhete em suas mãos e olhou para
Harley que estava na sua frente, segurando seu bebê nos braços, que, em
meio a gorjeios felizes, começou a brincar com uma mecha do seu cabelo,
que agora estava comprido até um pouco abaixo dos ombros, pois os cabelos
dos lobos cresciam muito rápido, e ele mantinha uma barba rala.
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Harley amava seu filho com todo seu ser, como uma joia rara e jamais
imaginou que tamanha felicidade fosse possível, tanto amor por uma coisinha
minúscula, assim como de sua companheira.
E também ser uma semideusa agora, mas a marca de ter sido transformada
em pária por sua alcateia estava marcada em seu coração. Tudo o que
aconteceu em sua alcateia era muito forte para ser simplesmente apagado.
Aquilo era uma dor que ela tinha conseguido colocar no fundo do seu
coração. Tinha aliviado, superado, aprendido a viver com ela, mas ela estava
ali, como uma cicatriz que jamais sumiria.
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Até agora.
— O quê?
— Marcello decretou meu perdão. Disse que não sou mais uma pária.
Disse que sou bem-vinda na alcateia, que serei recebida como sua irmã e que
ele, minha mãe e meus irmãos estão esperando que os perdoe e que possa
visitá-los para que conheçam meu filho, como um membro de sua família.
Duas lágrimas escorreram pelo rosto de Pietra e ela suspirou e foi até ele,
abraçando-o e ao seu bebê, que soltou um gritinho, olhando para ela, com
lindos olhos verdes de lobo, com um sorriso iluminando sua face rosada e
gordinha, o que a fez rir entre as lágrimas.
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— Sim.
— Ele disse que quer que nossas alcateias finalmente tenham um elo
permanente, pelo acasalamento, mas que seja feita de forma correta e que
vivamos em paz e que possamos interagir, sem ressentimentos. Que este
sempre foi seu desejo. Disse que também enviou uma nota ao alfa Petrus para
que selem um acordo de paz.
— Ora essa...
— Bem, falaremos com Petrus para ver sua decisão, provavelmente estará
ansioso para saber o que desejamos fazer e, então, pensaremos se é seguro ir
lá ou não.
desejou tudo isso e sempre amou você. Ele não te entregou quando soube que
estava aqui. Sabia que fui eu que a resgatou da Floresta De Gamo.
— Isso alivia meu coração, mas o que mais importa é que estamos juntos
e nosso bebê está a salvo.
Ela sorriu lindamente quando ele assentiu e os dois olharam para o bebê,
deitado nos braços de Harley, usando as fraldas e um macaquinho de malha
branca e preta, com um design de smoking e gravatinha borboleta.
Ele estava avesso a qualquer coisa, somente querendo ter toda a atenção
para ele. Era o bebê mais lindo e feliz que já tinham visto.
O que ainda não sabiam era se o pequeno lobo teria algum poder de um
deus, já que aquilo tudo no submundo poderia tê-lo atingido também, pois
ainda estava no ventre de sua mãe.
Ela sorriu lindamente e Harley sorriu somente pela alegria que ela
demonstrou.
Harley finalmente tinha sua família e, dessa vez, era para sempre.
Com Apolo no colo, Pietra não conseguia parar de tremer e olhou ao redor
para ver o séquito que Petrus e Harley tinham montado.
Ela estava no meio como se fosse a própria rainha sendo protegida por um
bando de lobos guerreiros, dispostos a qualquer coisa.
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estavam à frente e, ao seu lado, estavam Noah e Ester, pois Marcello também
havia enviado uma nota para Noah para lhe oferecer um elo de paz.
Ela tinha achado um pouco exagerado tudo aquilo, ainda mais sabendo
que as coisas já estavam previamente acordadas entre os alfas e betas.
Aquilo era somente para receber Pietra e selar finalmente seus tratados,
mas ela estava nervosa demais para se acalmar, e além do mais, Harley não
abriria nenhuma brecha para que ela ou seu bebê fossem machucados.
A mansão não era nada menos que um castelo luxuoso, que ficava em
uma vila em Trastevere, na beira do rio Tevere, ao sul de Roma e ao redor da
propriedade ficavam as moradias dos seus lobos, que provinha de um antigo
condado de Trastevere, da família Scopelli, mantida por muitos séculos.
Harley entendeu porque Pietra sentira falta daquele lugar e como ele
também poderia ser como uma gaiola dourada.
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Ele a olhou e apertou seu ombro, lhe dando coragem e ela lhe sorriu,
nervosa.
Ela deu uma olhada para o lado e travou a respiração, pois quem estava ali
eram o rei Kayli e a rainha Vanora com seu séquito.
Ela viu o espanto de todos e Harley soltou um rosnado baixo, que dizia
que estava espantado e seu braço ficou mais apertado ao redor de seu ombro.
— Como podem ver, nossa alcateia está em paz com nosso rei —
Marcello disse. — Todos os mal-entendidos ficarão no passado e uma nova
era paira sobre nós. A alcateia italiana oferece um tratado de paz ao nosso rei,
aceitando sua honra e seu reinado, pois lhe é de direito. E quanto à alcateia de
Petrus e Noah, ofereço outra aliança, que esqueçamos nosso passado
conturbado e cheio de enganos. Ofereço paz e que, de agora em diante,
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Depois de um silêncio, Noah deu um passo à frente e sem deixar seu olhar
sério que faria qualquer um tremer, falou tranquilamente.
— Eu, Noah MacCarthy, como alfa da Ilha dos Lobos, da Grécia, aceito a
aliança de paz.
Petrus deu um passo à frente e olhou nos olhos de Marcello. Ele tinha
ponderado muito para chegar até ali, depois de tudo.
— Quero oferecer meu pedido de desculpas pelo que houve, alfa Petrus. E
saiba que mesmo que meu pai tenha tido a oportunidade de se redimir em
seus últimos momentos de vida, ainda devo um pedido de desculpas. Seus
atos desesperados eram para salvar nossa alcateia, por uma maldição que a
maioria de nós não acreditava. Bem, todos estavam errados no fim. Mas isso
ficará no passado. Ofereço de todo o meu coração esta aliança e este tratado
de paz entre nós e sua alcateia. Espero chegar a dizer que algum dia
possamos ser amigos.
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Ele olhou para trás, para Pietra e Harley, que assentiu em acordo.
Ele voltou o olhar para Marcello e, para alívio de todos, inclinou a cabeça,
e bateu o punho em seu próprio peito.
E, nesse momento, Petrus se deu conta que este era um verdadeiro tratado
de paz e alianças entre as alcateias grega e italiana, pois quando teve o tratado
entre eles, feito anteriormente com Enrico, não tinha havido isso, pois não
havia sido feito com honra.
Pietra olhou para Marcello esperando que dissesse algo e assim eles
ficaram se encarando por um minuto longo.
— Eu sinto muito.
— Você não estava ali para me matar... — Ele negou, com os lábios
apertados e ela soube a verdade. — Estava ali para me salvar.
Ele assentiu.
Ele assentiu.
— Sim.
— Então que tudo fique para trás e recomeçaremos. Uma nova era começa
e nossa alcateia será liberta de muitas amarras e medos do passado. Teremos
uma nova era de paz aqui e digo que, sempre que desejar, nossas portas
estarão abertas para você, seu companheiro e seu filho.
Marcello não bateu no peito, ele colocou a mão espalmada ali e fez uma
reverência e quando a olhou, ela se aproximou e o abraçou fortemente.
Ele riu emocionado e a abraçou, beijou sua testa e depois olhou para
Apolo, que o olhava com os olhinhos espantados e curiosos, e ele beijou sua
testa e acariciou sua cabeça e, então, Marcello se afastou e olhou para Harley.
— Espero que nossas animosidades fiquem para trás, afinal, se não nos
matamos aquele dia em Alamus, não há mais motivos agora.
Harley bateu em seu peito e Marcello fez o mesmo. Depois, ele voltou
para o seu lugar e cruzou as mãos na frente do corpo.
Pietra olhou para sua mãe, que deixou as firulas de lado e correu para sua
filha e a abraçou em lágrimas e a beijou e beijou seu bebê, encantada e
apaixonada pelo pequeno lobo, soltando palavras de carinho em italiano.
Sua mãe foi até Harley e, emocionada, segurou o rosto dele entre as mãos.
— Obrigada por ter salvado minha filha, de todas as maneiras que fez.
Ela assentiu, emocionada e deu leves batidinhas em sua face e foi até
Pietra e a beijou na face novamente.
Pietra riu e o deu para a senhora e o pequeno pareceu gostar de seu colo,
pois deu um forte gritinho em meio a um enorme sorriso e Marcello soltou
uma gargalhada. E todos acabaram rindo.
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Vanora que estava ali, somente vendo tudo, estava emocionada e olhou
para Kayli, que também estava muito satisfeito com tudo, e ela respirou
fundo, com um lindo sorriso. Ele trouxe sua mão e beijou seus dedos com
carinho e sorriu para ela.
— Parece que as coisas estão bem agora — Kayli disse ao ouvido de sua
companheira.
Pietra sorriu e olhou para Harley, que lhe sorriu e beijou sua testa.
Ela abriu a caixa e arfou e olhou para ele com os olhos arregalados e, em
seguida, olhou para Harley, que também estava espantado.
— Obrigada.
Estes eram os reais objetivos dos lobos de bom coração: terem paz e
serem felizes.
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Konan bateu cada vez mais forte no saco de boxe, que arrebentou das
correntes que o mantinham suspenso pelo teto e voou pela sala, caindo sobre
uma pilha de pesos e arrebentando, e, consecutivamente, espalhando a areia
por todo lado.
— É o terceiro saco que arrebenta este mês, Konan. Então, a menos que
tenhamos que trocar de empresa por outra que faça algo mais reforçado,
sugiro que me conte qual é o seu problema — Erick disse chegando ao seu
lado e cruzando os braços sobre o peito.
— Você sempre é muito calmo, mas ultimamente está nervoso. Por quê?
— Alguém específico?
— Não.
— Alguém o aborreceu?
— Sei que os humanos nunca lhe caíram muito bem, mas você é o que
mais gosta de andar entre eles.
— Não gosto!
— Eles não se metem comigo porque sou grande; e quando algum idiota
tenta, na maioria das vezes está bêbado e as mulheres gostam de mim.
Erick olhou para ele por alguns segundos, analisando seu comportamento.
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— Tem, sim.
— Ela partiu meu coração, mas eu superei, portanto ela não me importa
mais.
— Você arriscou sua vida por ela. Revelou-se aos soldados alemães para
salvá-la. E ela o temeu e o desprezou.
— Chamou-me de monstro!
Podia ver claramente nas suas memórias a pequena tropa nazista descendo
dos barcos e metralhando todos da costa da pequena vila irlandesa, próximo à
vila onde morava sua alcateia.
Era uma imagem difícil de esquecer e o horror que ele viu nos olhos da
moça que amava, no momento que sua fera surgiu para protegê-la, tinha o
matado.
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— Não quero ser responsável por ninguém. Não quero uma companheira.
— Tudo bem, pode ser que não queira agora, mas um dia vai querer. Vai
querer ter sua família. Vivemos muitos anos, Konan, para passarmos
sozinhos. Uma aventura de sexo quente por aí é legal e entusiasmante, mas
um dia seu coração e sua mente vão querer mais. Vai querer um lar, um
herdeiro, alguém para abraçar quando chegar em casa. Lobos não nasceram
para serem sozinhos.
Erick rir.
— Hum... esta humana? Esta humana, por acaso, não seria a moça da
boate?
— Não é ela.
— Não sente nada quando está com ela? Sua libido não mudou?
— Não.
— Isso é fraco.
— Pode mentir para si mesmo, Konan, mas não pode mentir para os
deuses, nem para mim, pois não acredito em você.
— Bem, talvez eles saibam exatamente o que pode curar seu coração
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ferido.
— Sou seu amigo e somente quero ajudar. Desejo que esteja bem, mas se
estourar mais um saco de areia, eu chutarei seu traseiro.
— Não é sobre o valor dos sacos que me importa e sim porque os está
socando. Vá transar, Konan, e resolva seu problema com sua pequena
humana que está tirando seus pensamentos do sério.
Erick foi até a porta e saiu, então voltou e somente colocou a cabeça na
porta.
Erick saiu rapidamente pelo clube e soltou uma risada quando ouviu
Konan soltar um feroz rosnado que fez o chão tremer e ouviu mais um saco
voar e explodir na parede.
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Site:
janiceghisleri.wordpress.com/
Fanpage:
Janice Ghisleri Autora
Grupo da Série:
Os Lobos de Ester – Janice Ghisleri
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A HERDEIRA
Série Os Lobos de Ester - Vol. 1
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Após o choque de descobrir a verdade sobre seu pai, Ester soube que não
era uma herdeira normal quando o conteúdo do seu testamento foi revelado.
Um deles era um companheiro, e isso teria uma consequência imensa para a
sua vida. Porém, nem imagina o que acontecerá quando descobrirem sua
verdadeira identidade.
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O DESPERTAR
Série Os Lobos de Ester - Vol. 2
Erick, o beta da alcateia dos lobos, era o mediador e braço direito do alfa.
Belíssimo e bem-humorado, sempre manteve todos unidos e pacíficos,
mesmo quando ele próprio quase perdeu sua prudência, enquanto esteve
preso nos laboratórios. Ele acreditava que, se pedisse aos antigos deuses,
seria libertado e presenteado com a sua companheira de alma, como
profetizava a lenda. Então, ele foi libertado e, um dia, ela apareceu.
Enquanto isso, Kira era uma jovem doce e solitária, que vivia reclusa em
seu mundo, tentando sobreviver com sua arte e sua cegueira. Ela possuía um
segredo que poderia fazer com que Erick, o queridinho da alcateia, já não
fosse tão bem-vindo entre os seus. E pior, que além de banidos, eles
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Jessy, irmã do alfa, é tão bela que todos têm vontade de suspirar ao vê-la.
Mãe da pequena humana, Lili, que é sua vida, luta duramente com as marcas
profundas que anos de cativeiro e estupros deixaram. Mesmo encontrando
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Kirian, um lobo forte e feroz, ornado com seu kilt, guarda muita raiva e
traumas em seu coração. Raiva pelo que fizeram a ele e aos seus, por ter
encontrado sua companheira, Annelise, mas que pertence a outro homem,
raiva e remorso pelos segredos que guarda. A solidão o consome e usa seu
trauma de comida para se distrair, assim como as lutas de espadas e adagas.
O ALFA DE ALAMUS
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Após anos de cativeiro, o que mais almejava era sua liberdade, mas
continuava sendo preso nas armadilhas do inimigo.
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ENTRE O AMOR E A FÉ
A PROFECIA - Vol. 1
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Agora no século XXI, eles são escolhidos para cumprir uma profecia e,
assim, trazer à tona a história, a justiça e o amor. Não encontrarãoapenas o
destino de suas vidas, explodindo em um conflitante triângulo amoroso, mas
também descobrirão o grande segredo oculto no templo que pensavam ser
uma simples igreja católica medieval.
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