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Análise de Investimento

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Análise de

Investimento
Material Teórico
Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Edson Nunes

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Conceitos e princípios para a avaliação
do negócio

• A Administração Financeira focada no valor;


• O trabalho de análise a partir dos Demonstrativos Financeiros;
• Os Métodos de Avaliação Disponíveis;
• Bases Conceituais do Método do Fluxo de Caixa Descontado;
• O papel do Gestor na tomada de decisão;
• A forma de trabalhar com os números informados

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer Gestão Financeira com foco no valor;
· Aplicar os conceitos e princípios para a Avaliação do Negócio
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Contextualização
Podemos dizer que a análise de investimentos é parte de um estudo mais
abrangente da Administração Econômica e Financeira de um negócio. Assim sendo,
devemos ficar atentos para compreender a análise de investimentos como uma
tarefa inserida dentro de um amplo trabalho de coleta, organização e divulgação
de informações para diversos agentes no Mercado, além de um trabalho executado
dentro da Administração da própria Empresa.

Além dos membros internos da Empresa, as informações contábeis e


financeiras devem atender às necessidades e demandas de pessoas que estão fora
da organização como clientes, consumidores, investidores, analistas financeiros ou
mesmo o governo e seus órgãos de regulação e controle.

Nesse sentido, a análise de investimentos auxilia na divulgação e análise de


tais informações contábeis e financeiras que – então organizadas – permitem o
entendimento a respeito do desempenho econômico-financeiro do negócio e, em
última análise, o seu valor no tempo.

A análise de investimentos, assim, trata dos diversos temas que envolvem


diretamente o papel do financista, do contador, do administrador, do engenheiro de
produção e estudantes de áreas correlatas que, a todo instante, exigem informações
e dados dos mais diversos a respeito do negócio, das operações e do desempenho
da Empresa analisada com foco na análise dos resultados e no seu desempenho
econômico-financeiro.

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A administração financeira focada no valor
O conceito de valor não é apenas essencial, mas muito amplo e abrangente
o suficiente para incorporar diversos temas relacionados à Engenharia e à
Administração Econômico-financeira das empresas. Na verdade, trata-se de um
conceito da Administração do negócio que visa a potencializar os desempenhos
e ganhos de eficiência e produtividade que, via de regra, juntos governam a
Administração Financeira moderna.

Dessa forma, pensar “Gestão Baseada em Valor” é, portanto, lembrar que


todo negócio somente se sustenta, nesse competitivo e rápido Mercado do mundo
moderno, caso consiga oferecer aos seus acionistas e investidores, bons resultados
(por meio da distribuição de lucros) e valor de Mercado crescente.

A análise de investimentos, desse modo, encaixa-se no estudo da Administração


Financeira como Ciência que analisa criticamente a capacidade das Organizações
em entregarem aos mercados e acionistas esses desempenhos e resultados
crescentes. Desse modo, podemos dizer que cabe ao analista de investimentos
utilizar os dados financeiros publicados pelas empresas de forma a analisar se o
negócio em questão atende a essas enormes exigências dos mercados financeiros.

E isso em razão de sabermos que ganhar eficiência, produtividade e obter ganhos


de liquidez e lucratividade, por exemplo, são tarefas duras e muito difíceis de serem
alcançadas a todo tempo pelo administrador financeiro, tarefas estas que, portanto,
exigem administração focada nos resultados, no aumento de caixa, nos ganhos de
eficiência e produtividade e na redução de custos e despesas que demandam muito
empenho e eficiência por meio de um trabalho de análise crítica bem executado,
voltado tanto para os públicos internos, quanto para os externos da Organização.

O trabalho de análise a partir dos


demonstrativos financeiros
Como base de trabalho, o Analista de Investimentos pode e deve utilizar as
informações contidas nos diversos demonstrativos financeiros elaborados e
eventualmente publicados ou disponibilizados pela Empresa. Ao utilizar as
informações publicadas no Balanço Patrimonial, o Analista deve saber que esse
Demonstrativo Contábil é elaborado de acordo com os princípios contábeis
geralmente aceitos e, que na maioria das vezes, não consegue representar fielmente
o valor do patrimônio da Empresa por ser efetuado levando em conta os valores
históricos das transações.

Assim sendo, boa parte dessas distorções foi corrigida quando a Lei nº 11.638/07
foi promulgada e alterou substancialmente a Lei n. 6.404/76 (chamada Lei das
S.As) e teve como principal objetivo corrigir distorções e erros da Lei anterior,
principalmente os relacionados ao valor do patrimônio das empresas.

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Quando analisamos um Balanço Patrimonial, devemos também lembrar que,


na maioria das vezes, apenas as empresas de grande porte têm condições de
elaborar suas demonstrações financeiras obedecendo fielmente todos os requisitos
da Lei das S.As.

No Brasil, por exemplo, grande parte das pequenas e médias empresas não têm
condições técnicas para executar a elaboração de suas demonstrações financeiras
com base nesses preceitos econômicos e contábeis.

Assim sendo, uma análise de investimentos executada a partir de determinados


demonstrativos, ou de determinadas empresas, deve ater-se aos riscos e limitações
que esses demonstrativos oferecem para a sua análise.

Mas como, então, o Analista de Investimentos deve proceder de forma a limitar os riscos de
Explor

análise de um negócio?

Caberá ao Analista de Investimentos o trabalho de saber investigar as informações


de forma imparcial e criteriosa, razão pela qual, normalmente, todo o trabalho de
análise de um negócio se inicia com uma visita in loco, e em reuniões ou levantamento
de informações que, de uma forma ou de outra, completam o trabalho de simples
leitura e interpretação dos números publicados nos demonstrativos, como no caso
do Balanço Patrimonial, por exemplo.

Segundo Masakazu Hoji:


As demonstrações contábeis de cada exercício social devem ser publicadas
acompanhadas dos valores correspondentes das demonstrações do
exercício anterior. Juntamente com estas quatro demonstrações
contábeis, as companhias publicam o Relatório de Administração,
Notas Explicativas, Parecer do Conselho Fiscal e Parecer dos Auditores
Independentes (2008, p.259).

Assim, devemos pensar no “valor contábil” publicado pelos Demonstrativos


Financeiros como valor matemático a ser base de investigação e análise do cálculo
do valor econômico de uma Empresa ou negócio analisado. Atualmente, na
bibliografia econômico-financeira, existem diversos conceitos relacionados ao tema
“valor” e que fazem parte de nosso estudo a respeito da análise de investimento de
uma Empresa.

Vamos vê-los a seguir.

O valor contábil – book value


O conceito de valor contábil é bastante utilizado em Contabilidade e Finanças e
se refere ao valor calculado do Patrimônio Líquido da Empresa a partir dos registros
contabilistas originais ou históricos publicados pelos Demonstrativos Financeiros.

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Assim, podemos dizer que o valor contábil é uma informação conhecida e
efetivamente publicada por uma Empresa em relação a uma operação passada,
concreta e efetiva, resultante de suas operações fabris ou comerciais. Podemos,
ainda, assim dizer que, devido aos métodos contábeis aplicáveis no cálculo do valor
contábil da Empresa como, por exemplo, a depreciação dos ativos permanentes,
a amortização de ativos, a correção monetária ou mesmo eventuais mudanças
na Legislação, é possível que esse valor contábil apresente distorção – gerando
erros de interpretações – que podem levar o analista a conclusões equivocadas,
razão pela qual esse profissional deve tratar o valor contábil como sendo um valor
“puramente” matemático, instrumento para análise crítica e conclusões para o
efetivo (e importante!) valor econômico da Empresa.

Valor de mercado dos ativos


O conceito de valor de mercado dos ativos refere-se à estimativa do preço
possível a ser obtido pela venda dos bens e direitos de uma Empresa. Importante
destacar que esse “preço” compreende o absoluto estado em que se encontram
esses ativos em termos de sua depreciação e/ou valor contábil no mercado. Por
esse conceito, devemos entender o “valor de troca” em termos reais que os ativos
de uma Empresa têm no mercado.

O preço justo na bolsa de valores


Quando nos referimos ao “preço justo” de uma Empresa em Bolsa de Valores,
estamos, na verdade, tratando do valor de Mercado que a Empresa de capital aberto
detém a partir da soma de cada uma de suas ações negociadas na Bolsa de Valores.

É certo que o termo também se refere ao simples preço da ação negociada em


Bolsa, que é, em última análise, apenas uma fração do valor da Empresa dividido
pelo total de ações negociadas (em free-float) no Mercado. Igualmente, esse preço
justo da Firma resulta da multiplicação da cotação das ações no Mercado pela
quantidade de ações que compõem seu capital social

Conceituando valor de substituição


O valor de substituição refere-se ao valor do total de capital que seria necessário
para constituir uma Empresa nova e idêntica à existente, mas se excluindo desse
cálculo os valores referentes aos seus ativos intangíveis. Como exemplo de
intangíveis, temos os valores das marcas e patentes da Firma, licenças, tecnologias,
ou sua carteira de clientes, por exemplo.

Conceituando valor patrimonial


O conceito de valor patrimonial refere-se ao valor do Patrimônio Líquido da
Firma após uma reavaliação de seus ativos e passivos. Esse, por sua vez, deve ser

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

calculado sem que haja sua perspectiva de alienação. O valor patrimonial, portanto,
situa-se entre o valor de substituição, analisado acima, e o valor de liquidação, que
veremos a seguir.

O valor de liquidação
Sempre que pensamos no valor de liquidação, temos de ter em mente que se
trata de mensuração específica do valor de um negócio (ou Empresa) apenas no
momento de sua liquidação, ou seja, encerramento de suas atividades por qualquer
motivo que seja. Nesses casos, os valores dos ativos da Empresa, em geral, perdem
valor pelas características da situação de liquidação do negócio e do encerramento
das atividades que – certamente – depreciam seus ativos, direitos e demais bens.
Nunca é tarefa fácil para o analista de investimentos calcular o valor de liquidação
de uma Firma, mas o certo é que muitas vezes perde-se muito com essa avaliação
pontual do negócio.

O conceito de valor de utilização


O conceito de valor de utilização tem um componente pouco técnico e,
certamente, muito subjetivo. Esse valor representa a somatória dos ativos materiais
da Firma com as perspectivas de ganhos potenciais futuros do negócio em razão
de seu ramo de atuação e expectativas pessoais, entre outros aspectos menos
objetivos, por assim dizer.

Apesar de ter um forte componente objetivo como, por exemplo, o Valor de


Substituição e o Valor Presente de seus Rendimentos Futuros (descontada a taxa
de desconto apropriada), apresenta concomitantemente um componente subjetivo,
como por exemplo, as percepções e expectativas do desempenho futuro da
operação pelos seus administradores ou compradores.

O conceito de valor potencial


O conceito de valor potencial se refere à somatória dos resultados futuros do
negócio com base nas estratégias e decisões táticas presentes, tomadas por seus
administradores. Esse valor potencial não se limita apenas aos dados financeiros,
englobando o valor de mercado da Firma com o valor de seus rendimentos futuros.

Agora que apresentamos diversos conceitos importantes e valiosos, que utilizaremos em


Explor

nossos estudos sobre a análise de investimentos, gostaria de sugerir uma releitura deles e
uma breve resenha (resumo) para que você fixe bem cada um, identificando peculiaridades,
semelhanças e principais diferenças. Vamos lá?

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Você acredita ser possível – a partir desse grupo de conceitos diferentes sobre o tema “valor”
Explor

– estabelecer o que acredita ser o mais correto – ou adequado, do ponto de vista do gestor
da Empresa? Qual é mais valioso para o seu acionista majoritário, ou seja, aquele acionista
que detém o controle efetivo da Companhia?

Os métodos de avaliação disponíveis


Existem diversos métodos possíveis de avaliação de empresas que, de uma
forma ou de outra, auxiliam o Analista de Investimento a determinar o preço justo
da Empresa e servem de base para diversas estratégias corporativas no sentido de
abertura ou fechamento de capital, lançamento de novas ações no mercado de
capitais, lançamento de dívidas, debêntures ou mesmo servirem de embasamento
econômico-financeiro para as empresas levantarem recursos (empréstimos) junto
às instituições financeiras.

Segundo Damodaran (1997):


O problema na avaliação não é de que não haja modelos suficientes para
avaliar um investimento, mas de que há modelos demais! (...) Não há um
modelo “melhor”. O modelo adequado para utilizar num cenário específico
dependerá de uma variedade de características do ativo ou Empresa
sendo avaliada (...) A infeliz verdade é que o inverso é frequentemente
verdadeiro. Tempo e recursos são gastos tentando fazer com que os ativos
se encaixem em um modelo de avaliação pré-especificado, ou porque ele
é considerado o “melhor” modelo ou porque não se pondera o suficiente
sobre o processo de escolha do modelo.

Conforme já discutimos nesta Unidade, o principal objetivo do administrador


moderno é o de agir objetivando a maximização do valor da Empresa pela qual é
responsável, sendo que podemos destacar quatro ações prioritárias em seu trabalho:
a) Promover a Gestão baseada em valor;
b) Buscar a maximização de lucros do negócio;
c) Garantir o maior valor do negócio para os acionistas;
d) Saber calcular com precisão o preço justo da Empresa (Valuation).

Nesse sentido, a determinação do valor passou recentemente a ser o fator chave


nas Negociações de Fusões & Aquisições das empresas nos mercados financeiros e
de capitais, e a função do Analista de Investimentos muito valorizada. Ainda assim,
podemos dizer que existem algumas situações nas quais o Valuation (processo de
determinação do preço justo) ainda se faz mais necessário atualmente:

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

I. Compra e venda de ações nos Mercados;


II. Abertura e fechamento de Capital;
III. Aquisição de Carteiras de Clientes;
IV. Privatizações, Concessões, Parceria Público-Privadas (PT);
V. Oportunidades de investimentos.

Em todos esses cinco exemplos, o processo de avaliação do preço justo da


Empresa – Valuation – servirá como base de determinação do valor pelo qual o
negócio ocorrerá e o investidor terá, assim, uma base para saber a necessidade
de capital exigida, por exemplo, para entrar em um projeto de desenvolvimento,
como é o caso de uma Parceria Público Privada.

Mas como conduzir a análise de valor de uma Empresa?

Antes de tudo, é importante lembrar que o Analista de Investimentos precisa


deter profundo conhecimento do negócio analisado e, se possível, do setor a ser
analisado e ao qual essa Empresa (obviamente) pertence.

Para proceder dessa maneira, de forma eficiente e eficaz, e assim executar um


Valuation bastante consistente, é necessário que o Analista proceda respeitando os
seguintes passos:
1. Fazer as perguntas corretas a respeito da operação da Empresa ou do
negócio analisado aos seus responsáveis ou profundos conhecedores;
2. Saber da existência ou não de Ativos Intangíveis, que serão pontos
acrescentadores de valor ao negócio, como tecnologia, pessoal especializado,
fidelidade dos clientes e valor da marca, entre outros;
3. Deve saber a forma ideal de precificar o crescimento do negócio, ou seja, deve
saber “planilhar” e organizar as principais linhas que regem o crescimento
do negócio ao longo do tempo de projeções econômico-financeiras;
4. Deve saber escolher o método de avaliação mais adequado ao caso
brasileiro, ou seja, saber se avaliará com base na Abordagem do Valor
Contábil (Abordagem Patrimonial), Método dos Múltiplos (Benchmarks ou
Indicadores), na Abordagem por Comparação Direta ou na Avaliação por
Fluxos de Caixa Descontados (FCD), por exemplo. Sendo que, atualmente,
aproximadamente 90% dos Valuations são feitos pelo FDC, razão pela qual
esse será o foco de nossa análise.

Entretanto, antes de partirmos para estudar em detalhes esse modelo de


avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado, é fundamental fazer, numa etapa inicial,
um diagnóstico preciso da Empresa, observando-se o contexto macro e micro
econômicos no qual ela está inserida, o seu desempenho histórico e esperado para
o futuro, seus principais aspectos e determinantes econômico-financeiros, sociais,
jurídicos, fiscais, comerciais e técnicos.

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Assim sendo, podemos afirmar que, dependendo da profundidade, das premissas
econômico-financeiras adotadas e do tipo de análise escolhida pelo Analista de
Investimentos, uma mesma Empresa (ou negócio) analisada(o) poderá apresentar
diferentes valores de preço justo.

Importante! Importante!

Mas como iniciar o trabalho de análise?


Todo trabalho de Valuation deve sempre iniciar pela análise do Negócio, com base em
dados históricos de curto-prazo, quando se pressupõe que o passado poderá continuar
ocorrendo.
Entretanto, o Analista de Investimentos deve sempre observar:
• O Nível de Volatilidade → e lembrar que os cenários econômicos (externos)
modificam-se constantemente;
• As Variáveis Conjunturais, ou não controláveis → e lembrar que as novas realidades
nos Mercados globais, como os fatores sociais e a concorrência, impõem um nível
enorme de incertezas ao empresário;
• As Variáveis Endógenas, de risco diversificável → e lembrar que tais variáveis, como
estratégias, políticas de resultados e políticas de preços são também determinantes
no desempenho do negócio.

Com esses passos e estratégias observados, o Analista pode proceder com o


efetivo processo de avaliação, aplicando os dados coletados e definindo as premissas
que serão usadas nos modelos escolhidos, considerando todos os aspectos objetivos
e subjetivos discutidos anteriormente.

Bases conceituais do método do fluxo


de caixa descontado
Conforme destacamos anteriormente, o método do Fluxo de Caixa Descontado
(FDC) é o mais utilizado nos processos de Valuation. Por se tratar de um método
derivado do valor presente líquido dos fluxos de caixa líquidos futuros projetados
para o negócio (ou operação da Firma), devemos lembrar que para calculá-lo se
fará necessária a definição de uma taxa de desconto apropriada que reflita os riscos
inerentes aos fluxos estimados futuros.

Mas por qual taxa o Analista deve descontar os fluxos de caixa futuros da Empresa?

É importante frisar que o fluxo de caixa deve ser descontado pela taxa WACC
da Empresa (Custo Médio Ponderado de Capital) e depois somar o que chamamos
de “valor residual” – e cujos conceitos e metodologias de estabelecimento e cálculo
apresentaremos em seguida, na próxima Unidade de estudo.

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Na verdade, em resumo, podemos dizer que o cálculo do valor residual dá-se


por meio do método da perpetuidade: resultante do valor presente de um fluxo
perpétuo após o último ano de projeção (n+1), com crescimento nulo.

Importante! Importante!

Até aqui, trabalhamos o tema Valuation de forma apenas conceitual, mas já


podemos perceber que esse Valuation pelo método do FCD apresenta algumas
falhas, ou imperfeições. Assim sendo, ao observarmos os desempenhos históricos, os
Demonstrativos Financeiros disponibilizados pela Empresa e conhecermos o negócio
profundamente, o Analista inicia o seu trabalho de projeção de cada Demonstrativo para
os exercícios futuros.

Esse trabalho de projeção exige um enorme esforço do Analista no sentido


e executar a coleta de informações complementares, a inclusão de variáveis
econômico-financeiras internas e externas, a composição do cenário mais ideal
possível para as projeções dos exercícios futuros, como vendas, custos e despesas
e resultados, entre outros.

Uma vez executadas essas tarefas, e mesmo com todos os cuidados tomados,
haverá espaço para mudanças do Mercado, ou mesmo, na estrutura do negócio
que podem – eventualmente – mudar os dados e “distorcer” as projeções.

Portanto, devemos sempre lembrar que o método do Fluxo de Caixa Descontado


– FCD – apresenta limitações, dado que muitas empresas podem mudar suas
estratégias de operação, modificar a sua estrutura operacional ou mesmo criar (ou
excluir) parte de suas atividades, comprometendo o trabalho do Analista, com base
nos desempenhos históricos.

Todas essas peculiaridades modificam, portanto, significativamente, o


valor calculado do preço justo do papel, conforme estudaremos nos modelos
matemáticos mais adiante.

Mas, de forma a minimizar eventuais distorções, alguns estudiosos recomendam


algumas ações pontuais por parte dos analistas no momento das projeções, como
executar as projeções econômico-financeiras pelos fluxos de caixa antes dos
pagamentos das dívidas, usar lucros normalizados ou médios e estimar fluxos de
caixa detalhados para os períodos de transição.

Por fim, devemos nos lembrar de que todos esses exemplos de ações,
entretanto, variam caso a caso e de acordo com tipo de modelagem utilizada, grau
de conhecimento do analista e característica da Empresa ou do negócio analisado,
bem como o prazo de projeção que, quanto mais longo, mais suscetível estará a
sofrer riscos e distorções nas projeções e no cálculo do valor presente líquido e –
consequentemente – no preço justo do papel.

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O papel do gestor na tomada de decisão
Somado a esses pontos destacados, os dados contábeis e financeiros fornecem
informações sobre o desempenho e a rentabilidade da Empresa, além de outras
informações, tais como: risco, retorno, eficiência e produtividade do negócio,
cruciais para a elaboração do Planejamento Estratégico da Empresa.

Planejamento Estratégico é o processo de levantamento de informações e a aplicação


Explor

de recursos de forma organizada, que permite o estabelecimento de planos de ação e a


definição de metas a serem alcançadas pela Empresa.
O Planejamento Estratégico procura, também, elevar o grau de ligação entre os ambientes
interno (Empresa) e externo (Mercado), bem como responder a algumas questões essenciais,
conforme destacamos a seguir:
• Por que a Organização existe?;
• O que e como a Organização produz?;
• Quais são os seus objetivos de curto, médio e longo prazos?;
• Como ela se enxerga no futuro?

A forma de trabalhar com


os números informados
Finalizando, sabemos que trabalhar com os números apresentados pelos
demonstrativos contábeis exige muito mais do que simples interpretação de
resultados ou mesmo análise dos índices econômicos e financeiros.

É necessário, também, que o Analista de Investimentos saiba questionar e avaliar


profundamente cada informação, coletando e comparando dados de forma a
agregar valor ao trabalho.

Vejamos, a seguir, o que Iudícibus (2009) diz a respeito deste tema.


Nenhuma fórmula ou “receita de bolo” ou quadro especial etc. irá substituir
o julgamento e a “arte” de cada analista, em cada caso (...) O que se pode
formar, através da apreciação conjunta dos quocientes, o mais das vezes,
é uma opinião em conjunto, mais do que um “veredicto”. O equilíbrio
e a ponderação devem ser as características dominantes do analista [...]
(IUDÍCIBUS, 2009, p. 123).

Logo, quanto mais crítico e questionador for o Analista de Investimentos, e


quanto mais cauteloso agir na análise dos números publicados, maior segurança ele
estará oferecendo ao seu público alvo, sejam clientes os proprietários, investidores
ou demais interessados em entender as informações apuradas.

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Importante! Importante!

Devemos estar sempre atentos ao analisarmos os demonstrativos contábeis, pois eles


podem apresentar algumas imperfeições:
• Primeiro, devemos sempre lembrar que os demonstrativos são o “passado” da
Empresa, e não o seu “presente”, ou seja, não representam o que está acontecendo
hoje na Empresa;
• Segundo, os demonstrativos devem ser utilizados com muito cuidado e atenção,
especialmente quando fizerem parte dos processos de tomada de decisão e de
planejamento estratégico;
• Será sempre importante analisar cada número reportado nas contas dos
demonstrativos contábeis com cuidado, executando sempre um trabalho quase de
“auditor”, ou seja, questionando e avaliando cada valor apresentado.

Todos esses pontos convergem na responsabilidade da Contabilidade por efetuar


os registros contábeis com precisão e por trabalhar de forma a garantir a solidez das
informações publicadas. E, não raro, por ser obrigada periodicamente a submeter
seus números ao parecer de Auditores Internos ou Externos.

É sempre bom lembrar que o Analista de Investimentos deve agir como interlocutor
entre a Contabilidade e seus “clientes internos” (Departamentos que utilizam os
informativos contábeis e financeiros) e os “clientes externos” (investidores, credores,
instituições financeiras e acionistas, entre outros) interessados em entender ou
estudar os números publicados.

Esse profissional deve, portanto, trabalhar de modo a atender os objetivos


dos acionistas e/ou proprietários da Empresa, ou seja, toda gestão bem sucedida
necessariamente atende aos objetivos e expectativas no que se refere às metas de
vendas, crescimento, geração de caixa e lucros do negócio.

Nessa mesma linha de pensamento, vejamos os comentários de Gitman sobre


os objetivos da Empresa na atualidade:
O objetivo da Empresa e, portanto, de todos os seus administradores e
funcionários é maximizar a riqueza de seus proprietários, em nome dos
quais ela é gerida. A riqueza dos proprietários, numa sociedade por ações,
é medida pelo preço da ação, que por sua vez se baseia na distribuição dos
resultados (fluxos de caixa) no tempo, em sua magnitude e em seu risco
(GITMAN, 2007, p.13).

Por outro lado, além de atender aos objetivos estabelecidos pelos seus
proprietários e/ou acionistas, toda Empresa é hoje obrigada a pensar também a
respeito de seu papel na sociedade, por meio da publicação de suas informações
de natureza social e ambiental.

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Sociedade Anônima – S.A. é uma forma de constituição de empresas na qual o capital
Explor

social é dividido em ações que podem ser, por exemplo, negociadas em Bolsa de Valores.
Os lucros nas S.As devem ser distribuídos aos acionistas. Difere da Sociedade por Quotas
com Responsabilidade Limitada – Ltda., que é uma Empresa constituída por duas ou
mais pessoas via Contrato Social, e cujo Capital Social é dividido em cotas, sendo a
responsabilidade pelo pagamento das obrigações limitada à participação dos sócios.

Em Síntese Importante!

• Definir e a analisar os conceitos relacionados ao valor de Mercado dos ativos


financeiros de uma Empresa;
• Estudar os conceitos relacionados ao cálculo e as metodologias de medição do valor
das ações das empresas negociadas em Bolsa de Valores;
• Apresentar a definição e o conceito de “preço justo do papel”;
• Estudar o conceito de valor de substituição, valor patrimonial e valor de liquidação;
• Discutir os conceitos relacionados ao valor de utilização do ativo e a dinâmica do
cálculo do valor presente líquido dos rendimentos futuros de um negócio.

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UNIDADE Conceitos e princípios para a avaliação do negócio

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Conceitos da Análise do Valor
O site disponibilizado no link abaixo fornecerá um resumo interessante sobre o conceito
de valor.
https://goo.gl/GJmbiy
Engenharia de Valor e Análise de Valor
Outro site que também fornecerá alguns conceitos interessantes pode ser acessado no
link abaixo.
https://goo.gl/rEMWRK

Livros
Administração Financeira e Orçamentária
Para você, interessado(a) em rever alguns conceitos financeiros básicos, sugiro ler mais
a respeito no Capítulo 4 – “Conceitos Financeiros Básicos”, sobre o tema Valor do
Dinheiro no Tempo, nas páginas 74 a 86, do livro Administração Financeira e
Orçamentária, de M. Hoji (2008), nas quais o autor trata em detalhes da questão do
valor presente dos fluxos financeiros, tema essencial para o seu estudo.
Fundamentos de Investimentos
No livro Fundamentos de Investimentos, de Z. Bodie (2002), você encontrará no
Apêndice “Fontes de Informações Financeiras e Econômicas”, nas páginas 603 a 611,
algumas dicas interessantes e valiosas para o trabalho de estudo a respeito da análise
de investimentos.

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Referências
HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária. São Paulo: Atlas, 2008.

SAMANEZ, C. P. Gestão de Investimentos e Geração de Valor. São Paulo:


Pearson, 2006.

DAMODARAN, A. Avaliação de investimentos: ferramentas e técnicas para


a determinação do valor de qualquer ativo. Tradução de Bazán Tecnologia e
Linguística. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.

IUDÍCIBUS, S. Análise da Balanços. São Paulo: Atlas, 2009.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10.ed. São Paulo:


Pearson, 2007.

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