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A Reescrita de Resumos: Produção Textual Na Universidade Estadual de Alagoas
A Reescrita de Resumos: Produção Textual Na Universidade Estadual de Alagoas
A Reescrita de Resumos: Produção Textual Na Universidade Estadual de Alagoas
ESTADUAL DE ALAGOAS
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir a importância da reescrita na produção de
resumos de alunos do curso de Letras da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL- campus
III). Para essa reflexão, busca-se apoio teórico em discussões acerca das estratégias
necessárias para a realização de resumos (MATENCIO, 2002; MACHADO, 2004); nos
estudos sobre o texto (KOCH, 2003, 2004, 2012; MARCUSCHI, 2008) e em abordagens a
respeito da falta de aprendizagem dos alunos egressos do ensino médio (FRANCHI, 1998). O
corpus desta pesquisa é composto por resumos de alunos do primeiro período do curso de
Letras da UNEAL em Palmeira dos Índios, os quais são o público-alvo do projeto de pesquisa
“Retextualização e reescrita: aperfeiçoamento de práticas discursivas de alunos do primeiro
período do curso de Letras da Universidade Estadual de Alagoas”. Tal projeto, financiado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) em parceria com a
UNEAL, atualmente está em andamento. No entanto, através da análise do corpus, já é
possível apresentarmos os resultados parciais. Os dados revelam que a maioria dos estudantes
que ingressam no ensino superior desconhece: 1) a noção de língua enquanto atividade
interacional; 2) a noção de texto enquanto ação cognitiva, social e histórica e 3) as principais
estratégias necessárias à produção de um resumo. Nossas análises apontam, sobretudo, para a
necessidade de se incluir a reescrita como meio de os alunos minimizarem os problemas
enfrentados em suas produções, que impedem, inclusive, que seus propósitos comunicativos
sejam efetivados. Entendemos, ainda, que a reescrita pode contribuir para que haja mudança
no modo como esses alunos ingressantes no curso superior compreendem a língua e o
discurso. Destarte, apesar de partirmos de uma realidade local, pretendemos estender a
discussão para além de nosso local de trabalho, de modo que nossas considerações permitam
que se reflita também sobre a produção textual em outras instituições de ensino superior.
Introdução
Este artigo tem como objetivo discutir os resultados parciais do projeto de pesquisa
“Retextualização e reescrita: aperfeiçoamento de práticas discursivas de alunos do primeiro
período do curso de Letras da Universidade Estadual de Alagoas”, financiado pela FAPEAL
em parceria com a UNEAL e coordenado pela Professora Mestra Iraci Nobre da Silva. O
intuito do projeto é, através de atividades de produção propostas por um bolsista, incluir a
reescrita como estratégia para que as dificuldades encontradas na produção dos alunos,
especialmente àquelas ligadas à adequação ao gênero discursivo resumo, fossem minimizadas.
Para a realização das atividades, o projeto contou com o apoio do Laboratório de Textos, um
espaço físico destinado às aulas expositivas, às produções e as orientações
*
Graduando em Letras\Português da Universidade Estadual de Alagoas
**
Mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Alagoas
individuais. Participaram das atividades no Laboratório alunos ingressantes no curso de
Letras/ Português e Letras/Inglês, os quais estavam matriculados na disciplina Leitura e
Produção de Textos, ministrada pela idealizadora do projeto.
Dentre os motivos para que um aluno ingressante no ensino superior apresente sérias
dificuldades na escrita, encontra-se a concepção de sujeito e língua adotados na escola. Um
ensino de produção de textos descontextualizado, que tenha como principal finalidade o
domínio da gramática normativa, pode levar o estudante a compreender a língua como um
mero código linguístico utilizado para formar sentenças. Ele certamente reproduzirá essa
visão em suas atividades de escrita na universidade, tendo pouca (ou nenhuma reflexão)
acerca das estratégias para o processamento textual.
Franchi (1998) retrata a realidade da falta de aprendizagem dos alunos que estão saindo
do ensino médio:
É pertinente frisar que algumas escolas não exercem papel de formação de consciência
crítica no aluno, contribuindo muito pouco para o seu conhecimento sociocultural. O sujeito é
tido como decodificador do signo linguístico, sendo obrigado a escrever textos sem um
porquê, criar interlocutores e situações que na prática não existem. Ao contrário do que se faz
na escola, este projeto, ao entender a prática de produção de textos como uma atividade
complexa de produção de sentido, este projeto pretende fornecer meios para que o estudante, a
partir do conhecimento prévio, arquivado na memória, lance mão de estratégias para o
processamento e aperfeiçoamento da escrita. O que facilitará a compreensão textual por parte
do leitor.
3. Procedimentos metodológicos
4. O gênero resumo
A ação de resumir pressupõe a seleção das partes mais relevantes de um texto com o
propósito de demonstrar que se teve acesso ao texto original ou com a intenção de um texto
com novos propósitos comunicativos. De acordo com Matêncio (2002), resumir significa
selecionar as macroproposições de um texto base, de modo que a nova produção seja fiel às
idéias contidas nele. Nesse sentido, não se pode dizer que resumir é copiar partes de um texto,
uma vez que existem estratégias (como a paráfrase) específicas para se proceder a um resumo.
Com relação ao gerenciamento de vozes no texto, ao analisar resumos feitos por estudantes
universitários, Matêncio (2002) constata que não se deve mencionar o nome do autor do texto
base no resumo, de modo que o texto resumido não deve fazer referência direta ao texto base.
Ou seja, expressões como “o autor afirma”, “de acordo com o texto”, “segundo o autor”,
dentre outras não deve conter no resumo. Embora 50% dos alunos não tenham feito menção
ao nome do autor na retextualização, isso não significa dizer que os resumos não contenham
as marcas do autor do texto base. Elas foram verificadas através de cópias de trechos do texto
base que o produtor considerou relevantes e utilizou no resumo. É nesse sentido que se
percebe a dificuldade dos alunos em produzirem uma retextualização. Para as orientações nas
reescritas dos resumos, seguiremos as estratégias de Machado (2004, p. 26); a saber:
5. Análise do corpus
O texto acima, produzido antes da reescrita, revela alguns problemas relacionados à
adequação ao gênero resumo. As orientações dos autores estudados para esta pesquisa, dentre
os quais Machado (2012) são de que no resumo não devem conter detalhes. No texto acima,
percebe-se todos os detalhes do texto-base, os quais são desnecessários no resumo. Outro
problema também verificado foi a referência direta ao texto-base, estratégia criticada por
Matêncio (2002), para quem o resumo não deve conter expressões como “segundo o autor”,
“para o autor”, “conforme o autor”, etc. Observe-se o mesmo texto após a reescrita orientada:
Já nesse mesmo texto, após a reescrita orientada, percebe-se que o estudante retirou
todos aqueles elementos contextualizadores desnecessários em um resumo, o que o fez
resumir de fato. Além do mais, a expressão “segundo o autor” foi suprimida do texto,
conferindo mais adequação ao gênero resumo. A reescrita, aliada a uma orientação individual,
foi essencial para que essas dificuldades fossem sanadas. Observe-se, agora, o próximo texto.
6. Conclusão
7. Referências bibliográficas:
KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo.
Contexto, 2012.