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Educação Anarquista No Brasil:: Contexto Histórico-Social
Educação Anarquista No Brasil:: Contexto Histórico-Social
Educação Anarquista No Brasil:: Contexto Histórico-Social
NO BRASIL:
Contexto Histórico-Social
Resumo
O presente texto busca contextualizar as motivações dos militantes anarquistas brasileiros
em relação à construção de uma pedagogia afinada com a perspectiva libertária. Para tanto
foi realizada uma revisão bibliográfica utilizando os textos de pesquisadores do anarquismo
nacional e pensadores clássicos do tema.
Abstract
The present text searches to contextualize the motivations of the militant Brazilian anarchists
in relation to the construction of a pedagogy sharpened with the libertarian perspective. For
in such a way a bibliographical revision became using the texts of researchers of the national
anarchism and classical bibliographical of anarchy.
1
Licenciado em Educação Física, mestre em Educação pela Universidade Metodista de São
Paulo, doutor em Educação pela Feusp. É docente da Universidade Metodista de São Paulo e da
Universidade Paulista – Unip. wilson.junior@metodista.br
2
Emprego os termos Anarquistas e Libertários como sinônimos, uma vez que comumente eles se
equivalem desde o Congresso de Haia de 1872, onde os partidários do Anarquismo se denominavam
Socialistas Libertários, em contraponto aos seguidores de Karl Marx, chamados pejorativamente
pelos primeiros de Socialistas Autoritários.
...esta liberdade de cada um, longe de parar como diante de um marco, diante
da liberdade de outrem, encontra aí sua confirmação e sua extensão ao infinito;
a liberdade ilimitada de cada um pela liberdade de todos, a liberdade pela
solidariedade, a liberdade pela igualdade (1983, p. 28).
Desta forma, não é difícil imaginar a origem de uma das principais carac-
terísticas da pedagogia libertária, a autogestão, que traz em seu bojo a ideia de
construção social e a ausência da autoridade que não emerge do próprio grupo
e se mantém enquanto legítima.
Desta forma temos alguns dos pilares dessa reação que virá definir o
movimento anarquista do final do século 19:
Desta forma, a disputa pelos espaços públicos começa a ser uma fonte a
mais de problemas, e os anarquistas sentem naquele momento a necessidade de
novas formas de atuação junto a classe operária. Os centros culturais e os sindi-
catos já serviam como “salas de leitura”, onde os alfabetizados liam jornais para
os analfabetos, prática adotada durante as horas de folga por alguns trabalhadores
em sua jornada de trabalho. Deste modo, estes locais criaram condições ideais
para debates e conferências, fato que não passou desapercebido pelos militantes
mais letrados. Sobre isto, Rodrigues (1992) esclarece:
Vale dizer que a fundação das escolas libertárias resultou da sementeira em-
preendida por idealistas agrupados em centros de cultura social, na imprensa
operária, robustecida por palestras e conferências (p. 106).
escolas estava aberto pela Lei Orgânica Rivadavia Corrêa, promulgada em 1911,
que reconhecia a independência e autonomia de todos os estabelecimentos de
ensino, e até suprime o caráter oficial do ensino (Giles, 1987). Esta lei buscava
legitimar as chamadas “escolas isoladas”.
Considerações finais
...toda educação consiste num esforço contínuo para impor à criança maneiras
de ver, sentir, pensar e agir, que não chegariam espontaneamente (...). Essa
pressão de todos os instantes que a criança sofre, é a própria pressão do
meio social, que tende a modelá-la à sua imagem e cujos pais e mestres são
apenas intermediários (p. 68).
Este autor observa também que “não existe educação imparcial, desvin-
culada de seu meio social”.
Nesta linha, marcado por Bordieu e Passeron (1975), Illich (1981) conclui
que “toda ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica enquanto
imposição, por um poder arbitrário, de uma arbitrariedade cultural” (p. 74).
seus atores, mas num sentido firme, construído em ações cotidianas da escola
por meio de atitudes e valores que se contraponham ao individualismo presente
em sociedades capitalistas como a nossa.
Por si, esse fato já exigiria uma mudança na organização da aula, abrindo
espaço para que os indivíduos ali envolvidos não busquem apenas o conhecimen-
to, mas também entendam a construção da realidade social que envolve aquela
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