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FENOMENOLOGIA
FENOMENOLOGIA
FENOMENOLOGIA
Resumo: No contexto das pesquisas qualitativas, este estudo tem por objetivo apresentar os fundamentos básicos e po-
tenciais aplicações do referencial teórico-metodológico da Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI). A AFI é ancora-
da na articulação de conceitos de três correntes intelectuais: fenomenologia, hermenêutica e idiografia. Este estudo bus-
ca apresentar e refletir sobre suas características, potencialidades, limites e, mais especificamente, apresentar e analisar
algumas implicações teóricas e práticas da aplicação da AFI em pesquisa. Trata-se de um referencial bem estabelecido
internacionalmente, porém pouco difundido na realidade brasileira, onde ainda conta com número restrito de estudos.
Com isso, pretende-se contribuir para o preenchimento de uma lacuna da literatura, ampliando o conhecimento dessa
abordagem no contexto nacional, de modo a inspirar e incentivar o desenvolvimento de novos estudos.
Palavras-chave: Fenomenologia; Hermenêutica; Métodos de Pesquisa - Psicologia; Pesquisa Qualitativa.
Abstract: In the context of qualitative research, the objective in this study is to address the basic underpinnings and the
potential applications of Interpretative Phenomenological Analysis (IPA) as a theoretical-methodological framework.
IPA is grounded in concepts and the articulation of three knowledge areas: phenomenology, hermeneutics and idiog-
raphy. This text deals with the introduction and characteristics, potentialities, limitations of, and – more specifically
– introduce and discusses theoretical and practical IPA applications in research. Although it is well established interna-
tionally, a limited number of studies in Brazil are grounded in IPA. Therefore, this paper is expected to contribute to the
dissemination of the approach in the Brazilian context by filling the existing gap and, as a result, inspire and encourage
the development of new studies.
Keywords: Phenomenology; Hermeneutics; Research Methods - Psychology; Qualitative Research.
Resumen: En el contexto de las investigaciones cualitativas, este estudio tiene por objetivo presentar los fundamentos
básicos y posibles aplicaciones del referencial teórico-metodológico del Análisis Fenomenológico Interpretativo (AFI).
La AFI es anclada en la articulación de conceptos de tres áreas del conocimiento: fenomenología, hermenéutica e idio-
grafía. Este estudio busca presentar y reflexionar sobre sus características, potencialidades, límites y, más específica-
mente, presentar y analizar algunas implicaciones teóricas y prácticas de la aplicación de la AFI en investigación. Se
trata de un referencial bien establecido internacionalmente, pero poco difundido en la realidad brasileña, donde cuenta
con número restringido de investigaciones. Con ello, se pretende contribuir al llenado de una laguna de la literatura,
ampliando el conocimiento de ese abordaje en el contexto nacional, para inspirar e incentivar el desarrollo de nuevos
estudios.
Palabras-clave: Fenomenología; Hermenéutica; Métodos de Investigación - Psicología; Búsqueda cualitativa.
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
científico do estudo, enquanto que, na abordagem suas especificidades, não há antagonismo entre os
qualitativa, o rigor está relacionado ao intuito de métodos quali e quantativos, mas complementarida-
buscar comprender o conhecimento a partir da con- de (Minayo & Sanches, 1993).
cepção particular da realidade dos(as) participan- O(a) investigador(a) qualitativo(a) frequente-
tes (Wu, Thompson, Aroian, McQuaid, & Deatrick, mente não tem constituída a compreensão prévia
2016). acerca do fenômeno pesquisado (Denzin & Lincoln,
A investigação qualitativa pode ser entendida 2005). Pode partir de um pré-reflexivo, como na in-
como uma abordagem metodológica ampla, que en- vestigação de inspiração fenomenológica, ou pode
globa diversos métodos de pesquisa. Os objetivos lançar mão de uma abordagem teoricamente funda-
pretendidos variam muito nas diferentes áreas do mentada, como a grounded theory. Pode ainda apli-
conhecimento. A abordagem qualitativa é utilizada car os princípios balizadores do estudo de caso, com
em diferentes campos disciplinares, porém é mais a finalidade de examinar em profundidade amostras
disseminada nas ciências humanas e sociais, como de conveniência (ou intencionais) para explorar um
a psicologia, educação, antropologia, ciência políti- determinado fenômeno (Stake, 1995).
ca e serviço social. Isso considera o fato de que os De acordo com Bogdan e Taylor (1990), o(a)
métodos qualitativos compõem uma paisagem he- pesquisador(a) pode iniciar seu estudo com propo-
terogênea e extremamente diversificada (Creswell, sições gerais acerca da realidade a ser investigada e
2008; Pernecky, 2016), devendo ser buscado aque- proceder de forma científica e empírica ao longo do
le que tem maior pertinência com o fenômeno de processo de investigação. A compreensão abrangen-
investigação. Desse modo, há múltiplas e distintas te de um fenômeno, evento ou situação deriva da ex-
metodologias qualitativas, sendo cada uma ancora- ploração da totalidade da situação. Por isso, o recor-
da em diferentes pressupostos ontológicos e epis- te a ser feito no estudo necessariamente tem de ser
temológicos, tais como: abordagem narrativa, sócio bem delimitado, ainda que esse procedimento possa
histórica, fenomenologia, etnografia, estudo de caso, permitir o acesso a uma quantidade considerável de
teoria fundamentada nos dados, teoria crítica, cons- dados que precisam ser ordenados.
trutivismo, pós-positivismo, entre outros enfoques Na atualidade, a pesquisa qualitativa utiliza
que se afinam estreitamente às exigências metodoló- um número amplo de paradigmas, que refletem as
gicas das ciências humanas e sociais. preocupações conceituais e teóricas dos(as) investi-
No campo da psicologia, quando o(a) investi- gadores(as) contemporâneos (Pernecky, 2016). Ques-
gador(a) intenciona obter uma compreensão em pro- tões identitárias, por exemplo, que emergiram com
fundidade de determinado comportamento e escru- força a partir da década de 1980 e que podem incluir
tinar as variáveis que o regulam, ele(a) pode ou não problemáticas relacionadas à etnia/“raça”/cor da
lançar mão de métodos qualitativos1. Esses métodos pele, classe, gênero, diversidade cultural e comuni-
possibilitam examinar como e por quê foi tomada dades discursivas, levaram a pesquisa no campo das
determinada decisão, não apenas o quê, onde, quan- ciências sociais a se tornar cada vez mais reflexivas
do ou quem emitiu aquela conduta. Nessa perspec- e aprofundadas. Com isso, os pressupostos teóricos,
tiva, os métodos qualitativos produzem informações ontológicos e epistemológicos são, cada vez mais
minuciosas sobre os casos particulares investigados, (e melhor) contextualizados pelos(as) pesquisado-
sem almejar generalizações (Creswell, 2008; Denzin res(as). O que se valoriza é a busca de legitimidade
& Lincoln, 2005). junto à comunidade científica, principalmente fren-
De fato, na pesquisa qualitativa quaisquer con- te a outros paradigmas mais consolidados historica-
clusões mais gerais devem ser vistas com cautela e mente, como os derivados do positivismo e de outras
consideradas como proposições ou pressupostos in- matrizes teórico-epistemológicas. Entende-se que a
formados, não como hipóteses que são formuladas, garantia de rigor na análise dos dados, a reflexivida-
por exemplo, pelos princípios da causalidade e tes- de em todas as etapas da pesquisa e a descrição den-
tagem, característicos dos métodos quantitativos. A sa e minuciosa dos procedimentos utilizados são,
relevância da pesquisa qualitativa está justamente em última instância, os aspectos que garantem a le-
na sua capacidade de examinar a fundo determina- gitimidade do método empregado (Wu, et al., 2016).
do campo de investigação. Por outro lado, os méto- As metodologias qualitativas podem ser com-
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estabelecido entre o(a) pesquisador(a) e os(as) parti- proposta recente de sistematização da investigação
cipantes (Lüdke & André, 1986). científica em pesquisa qualitativa, que se insere
Na paisagem heterogênea das abordagens qua- também no paradigma fenomenológico.
litativas contemporâneas, o termo “pesquisa inter- Este estudo tem por objetivo apresentar, no
pretativa” tem sido utilizado para nomear os es- contexto das pesquisas qualitativas, os fundamentos
tudos de delineamento qualitativo e as pesquisas básicos e algumas aplicações do referencial teóri-
indutivas (Lowenberg, 1993). A visão compreensi- co-metodológico da Análise Fenomenológica Inter-
vo-interpretativa, conforme pontuada por Minayo pretativa – AFI, e refletir sobre suas características,
(2010), decorre do reconhecimento básico de que potencialidades e limites. Mais especificamente,
no ato de pesquisar estão envolvidos os processos pretende-se analisar algumas implicações teóricas e
interpretativos e cognitivos inerentes à vida social. práticas da aplicação da AFI à pesquisa.
Esses processos são fortemente enfatizados nessas
abordagens. Método
Ademais, a investigação qualitativa tem deter- Trata-se de um estudo de caráter teórico-me-
minadas características que são cruciais ao cenário todológico, que aborda os pilares de uma proposta
a ser estudado, podendo-se destacar: a preocupação recente de compreensão fenomenológica, sistemati-
com o contexto no qual os indivíduos estão inse- zada a partir da aproximação com aportes da herme-
ridos; a valorização da descrição densa dos dados nêutica e da idiografia. Estudos teórico-metodológi-
obtidos, que devem ser analisados em toda a sua cos se justificam por iluminar determinado campo
profundidade e riqueza; o interesse do(a) pesquisa- de investigação que apresenta potencial de inovação
dor(a) pelo processo em vez de focar simplesmen- e reflexão metodológica, considerando a dinâmica
te nos resultados; e a relevância do significado que criativa das teorias e metodologias de pesquisa. Es-
cada participante atribui às experiências vividas. tas teorias/metodologias caracterizam um universo
Nessa vertente, Guba e Lincoln (2005) identificam que está sempre em expansão, na medida em que
cinco paradigmas principais da pesquisa qualitati- novos desafios se apresentam para o campo da pes-
va contemporânea: positivismo, pós-positivismo, quisa em ciências humanas e sociais.
teorias críticas, construtivismo e paradigmas parti-
cipativos-cooperativos. Essas vertentes refletem di- Análise Fenomenológica Interpretativa -
ferenças axiomáticas, objetivos propostos, controle AFI: contexto e marco teórico-conceitual
de processos e desfechos de pesquisa, relação com O conteúdo apresentado nesta seção refere-se,
fundamentos de verdade e conhecimento, represen- principalmente, ao contexto teórico da abordagem.
tação textual, validade e voz do(a) pesquisador(a) e As reflexões foram inspiradas no principal material
dos(as) participantes. Desse modo, a pesquisa qua- que a fundamenta, o livro Interpretative Phenome-
litativa visa a ampliar o conhecimento sobre o fe- nological Analysis: theory, method and research, de
nômeno em questão por meio de análise realizada Jonathan A. Smith, Paul Flowers e Michael Larkin.
a partir do levantamento de informações originárias Essa obra seminal foi publicada no ano de 2009 em
dos relatos dos(as) próprios(as) participantes (Lüdke língua inglesa e ainda não se encontra traduzida
& André, 1986). para a língua portuguesa. Trata-se de uma referên-
No panorama qualitativo de pesquisa, nota-se cia primordial, que oferece um painel amplo e de-
a existência de variados tipos de pesquisa fenome- talhado que serve como guia sobre os aspectos teó-
nológica. Amatuzzi (1996) evidencia seis deles: (1) ricos, metodológicos e aplicados da AFI (acrônimo
pesquisa fenomenológica como filosofia, que visa a em português para Interpretative Phenomenological
esclarecer o conhecimento a partir da descrição da- Analysis – IPA), que serão explorados neste estudo
quilo que se mostra, abstendo-se de juízos a priori e (Smith, Flowers & Larkin, 2009). Os autores da AFI
sem concepções explicativas; (2) fenomenologia ei- são psicólogos e professores de universidades britâ-
dética, que elucida vivências por meio da reflexão e nicas, respectivamente Birkbeck University of Lon-
redução fenomenológica, (3) fenomenologia herme- don, Glasgow Caledonian University e University of
nêutica, na qual a compreensão do vivido se dá pela Birmingham.
interpretação do(a) pesquisador(a), (4) psicologia
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
and Health, no qual o autor propôs uma abordagem na a ênfase atribuída pela ciência positivista do sé-
em psicologia que pudesse capturar a experiência culo XIX à exatidão, objetividade e neutralidade do
qualitativa, mantendo um diálogo com a psicolo- conhecimento, que somente poderia ser alcançado
gia tradicional. Como já mencionado, a AFI teve a partir de métodos experimentais fundamentados
seu ponto de partida na psicologia e a maioria das nas ciências naturais, legitimados como único modo
pesquisas iniciais foi em psicologia da saúde. Desde para se chegar a uma verdade (Forghieri, 2004; Hei-
então, ela tem expandido seu campo de aplicação e degger, 2012). Husserl partilha desses ideais positi-
adquirido força na psicologia clínica e social, assim vistas, porém, no que se refere à neutralidade, para
como no aconselhamento psicológico. Ademais, a garanti-la, ele avança em relação ao conhecimento
AFI também está começando a ser utilizada em dis- propondo o conceito de epochê.
ciplinas afins nas ciências humanas, da saúde e so- Três dos maiores filósofos do século XXI, Hei-
ciais (Smith et al., 2009). degger, Sartre e Merleau-Ponty, inspiraram-se, cada
A AFI é baseada em conceitos e articulações de qual à sua maneira, nos pressupostos fenomenoló-
três correntes intelectuais: fenomenologia, herme- gicos de Husserl para suas investigações (Feijoo &
nêutica e idiografia, que serão apresentadas a seguir, Mattar, 2014). Cada um deles constituiu uma pers-
de maneira básica e esquemática, de acordo com os pectiva particular e distinta, que para Feijoo e Mattar
autores, com o intuito de fornecer um panorama ge- é consistente com a fenomenologia central2. Smith
ral das bases teórico-filosóficas. Vale ressaltar que et al. (2009), a partir de algumas ideias seminais de
não é a única abordagem de pesquisa que trabalha Husserl, Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty, apon-
utilizando uma combinação dessas áreas do conhe- tam os principais desenvolvimentos na fenomenolo-
cimento e, embora haja características centrais da gia, que constituem os pilares mais relevantes para
AFI, há variadas formas delas se apresentarem nos os(as) pesquisadores(as) da AFI.
estudos. Nesse sentido, por exemplo, Packer e Addi- A princípio, o trabalho de Husserl estabelece
son (1989) apresentaram diversas pesquisas em psi- a relevância no foco da experiência e a sua percep-
cologia relacionadas às perspectivas hermenêutica e ção (assim como seu conceito de Lebenswelt). Com
interpretativa. isso, consciência e sujeito são vistos como indisso-
Além disso, é interessante situar a AFI em re- lúveis e indissociáveis (Husserl, 2012). Posterior-
lação à abordagem da Psicologia Fenomenológica mente, Heidegger, Merleau-Ponty e Sartre, cada um
proposta por Amedeo Giorgi (Giorgi & Sousa, 2010), ao seu modo, contribuem para uma visão de pessoa
considerada a mais tradicional no campo da Psico- como envolvida e imersa em um mundo de objetos
logia. Ambas são similares pois tentaram operacio- e relacionamentos, linguagem e cultura, projetos e
nalizar a fenomenologia para a psicologia e, nesse preocupações. Esses autores nos movem para uma
empreendimento intelectual, realizaram transforma- posição distante dos compromissos descritivos e dos
ções que foram necessárias quando se transpõe as interesses transcendentais de Husserl, caminhando
contribuições oriundas da filosofia para a psicolo- em direção a uma posição mais interpretativa e re-
gia. A diferença mais importante entre a Psicologia lacionada ao mundo, com foco no entendimento da
Fenomenológica e a AFI é que Giorgi propôs uma ar- direção do nosso mundo vivido – perspectiva que
ticulação mais próxima ao método fenomenológico é pessoal para cada um de nós, mas que também é
de Husserl, enquanto que a AFI utilizou um corpus uma propriedade de nossos relacionamentos com o
mais abrangente de autores do campo da fenome- mundo e com os outros, em vez de ser para nós como
nologia, sem a intenção de operacionalizar qualquer criaturas isoladas. Assim, no vislumbre da obra mo-
uma das correntes que tomou em consideração. Ou- numental desses autores, podemos identificar que a
tra diferença fundamental é que a AFI é, majoritaria- compreensão complexa da “experiência” invoca um
mente, interpretativa, enquanto que a Psicologia Fe- processo vivido, um desdobramento de perspectivas
nomenológica de Giorgi é descritiva (Giorgi & Sousa, e sentidos que são únicos para o corpo, e o relacio-
2010; Smith et al., 2009). namento situado da pessoa no mundo (Smith et al.,
2009).
Fenomenologia De acordo com os referidos autores, tal fato nos
autoriza a situar a fenomenologia como uma postura
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seus variados aspectos, especialmente em termos pesquisador(a) está implicado na facilitação e com-
das coisas que nos importam e constituem o nosso preensão dessa manifestação (Smith et al., 2009).
mundo vivido. Nas pesquisas fundamentadas na AFI, a ten-
A AFI é fenomenológica no que se refere à in- tativa do(a) participante de dar sentido ao que está
vestigação da experiência em seus próprios termos. acontecendo consigo leva o(a) pesquisador(a) a uma
Experiência também pode ser compreendida como perspectiva interpretativa, portanto, orientada pela
sinônimo de vivência. Nesse sentido, considera-se hermenêutica. Os seres humanos têm uma vida
vivência (Erlebnis, originalmente em alemão) de mental e emocional interna. A linguagem, enquan-
acordo com esses aspectos: “a percepção que o ser to manifestação empírica, é a uma rica expressão da
humano tem de suas próprias experiências, atri- vida interna de uma pessoa (Schmidt, 2012). Assim,
buindo-lhes significados [...,] acompanhadas de al- a AFI compartilha a visão de que os seres humanos
gum sentimento de agrado ou desagrado” (Forghieri, são criaturas “produtoras de sentido”, portanto, os
1993, p. 19). Logo, “o que é vivenciado deve ter uma relatos que os(as) participantes apresentam vão re-
intensidade de tal modo significativa, cujo resultado fletir as suas tentativas de dar sentido às suas expe-
confere uma importância que transforma por com- riências. Desse modo, a AFI também reconhece que
pleto o contexto geral da existência” (Viesenteiner, o acesso à experiência é sempre dependente daquilo
2013, p. 142). Embora vivência/experiência seja um que os(as) participantes relatam sobre suas experi-
conceito complexo, os(as) pesquisadores(as) em AFI ências, e que o(a) pesquisador(a) caminha no sen-
estão interessados(as) justamente naquilo que acon- tido de interpretar o relato do(a) participante para
tece quando o transcorrer das experiências de vida se aproximar da compreensão de sua experiência
assume um significado particular para as pessoas (Smith et al., 2009). “A hermenêutica enquanto com-
(Smith et al., 2009). preensão interpretativa das expressões linguísticas é
Assim, os autores chamam a atenção para a o modelo para o processo geral de compreensão nas
existência de uma hierarquia de experiências, na ciências humanas” (Schmidt, 2012, p. 21).
qual o nível mais básico representaria a ausência Segundo os autores, podemos afirmar que o(a)
de consciência própria acerca de nossa absorção no pesquisador AFI envolve-se em uma hermenêutica
fluxo cotidiano da experiência. Na medida em que dupla, porque está tentando dar sentido à tentativa
nos tornamos conscientes do que está acontecendo, do participante dar sentido ao que está acontecendo
nós temos o início do que pode ser descrito, pelos com ele. Ao se posicionar dessa maneira, o investi-
autores, como “uma experiência” em oposição sim- gador(a) está, portanto, empregando as mesmas ca-
plesmente à “experiência”. Quando as pessoas estão pacidades mentais e habilidades pessoais que o(a)
envolvidas com “uma experiência” de algo maior em participante, com quem ele compartilha uma pro-
suas vidas, independentemente de ela ser valorada priedade fundamental, a de ser humano. Ao mesmo
como positiva ou negativa, elas começam a refletir tempo, o(a) pesquisador(a) emprega suas habilida-
sobre o significado do que está acontecendo, e a pes- des de modo mais autoconsciente e sistemático. Des-
quisa na AFI tem por objetivo envolvê-las nessas re- se modo, o processo de dar sentido – que é parte da
flexões (Larkin, Watts, & Clifton, 2006). tarefa do(a) pesquisador(a) – é de segunda ordem;
Na pesquisa inspirada na AFI, as tentativas de na medida em que o(a) investigador(a) tem acesso
compreender as relações das pessoas com o mundo apenas à experiência do(a) participante por meio de
são necessariamente interpretativas, e vão focalizar seu próprio relato. Essa delimitação circunscreve os
as suas tentativas de atribuir significado para as ati- limites e possiblidades do trabalho interpretativo, o
vidades e coisas que acontecem com elas, na medi- que leva à necessidade de incorporar à AFI as ques-
da em que acontecem. Por esse motivo, é necessário tões da Idiografia.
discutir o segundo campo de conhecimento que in-
forma a AFI, a hermenêutica, que focaliza a questão Idiografia4
da interpretação propriamente dita. A AFI compromete-se com a investigação de-
talhada de um caso em particular. Almeja conhe-
Hermenêutica cer em detalhe como é a experiência e o sentido
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É uma parte importante da história intelectual, que uma pessoa, em particular, atribui ao que está
que se dedica ao estudo da teoria da interpretação, acontecendo com ela. Por isso, afirma-se que a AFI
ou seja, desde a arte da interpretação até a prática, é idiográfica (Smith et al., 2009). Ela adota procedi-
treino e processo interpretativo (Gadamer, 1999; Ri- mentos analíticos para, a partir dos casos singulares,
coeur, 1970). Por isso a hermenêutica contribui para
4 Campo de investigação científica que trata de estudos dedicados
moldar visões teóricas na AFI, que é uma aborda- à compreensão das particularidades individuais e únicas dos objetos
gem fenomenológica interpretativa e, portanto, a de estudo. A abordagem idiográfica está relacionada com casos sin-
apropriação de Heidegger em relação à fenomeno- gulares, tal qual em um estudo de caso. O conceito foi originalmente
proposto pelo filosofo neokantiano Wilhelm Windelband, que intro-
logia como um empreendimento hermenêutico é duziu os termos nomotético e idiográfico, os quais, posteriormente,
consubstancial. Nesse sentido, a AFI se insere na in- foram utilizados em psicologia e em outras áreas do conhecimento,
vestigação de um fenômeno que se apresenta, e o(a) embora não necessariamente mantendo, nesse processo de apropria-
ção, seu significado original.
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
seguir em direção a afirmações mais genéricas, mas extraídas dos campos da fenomenologia e da her-
que ainda permitem que se recuperem elementos es- menêutica, e também não deve ser vista como uma
pecíficos dos participantes da pesquisa. A idiografia perspectiva que tenta abstrair do contexto original e
contrasta com a maioria do conhecimento em psi- fixar a experiência em um esquema interpretativo.
cologia, que é nomotético, ou seja, os(as) pesquisa- Pelo contrário, a preocupação recai justamente em
dores(as) estão mais interessados(as) em pesquisas um esforço de reconstrução do contexto original, no
em nível grupal ou populacional, como via de acesso qual a experiência se inscreve de forma concreta e
ao estabelecimento de leis gerais do comportamento encarnada.
humano (Smith et al., 2009). A idiografia tem um Considerar o arcabouço teórico subjacente à
papel importante a desempenhar na psicologia e no AFI é tão importante quanto as questões relaciona-
desenvolvimento de modelos de estudos fenomeno- das ao uso de procedimentos. Pesquisadores(as) que
lógicos – para a síntese de múltiplas análises de pe- se familiarizam com essa abordagem serão capazes
quenos estudos e casos singulares. de desenhar as suas compreensões filosóficas que
A AFI está comprometida com o particular em os(as) ajudam a resolver problemas imprevistos, e
dois níveis: o particular em detalhes com análise conforme cresçam sua confiança e experiência, po-
em profundidade, e o conhecer como determinado derão desenvolver criativamente seu trabalho com
fenômeno foi compreendido da perspectiva parti- apoio da AFI, mas de forma que vá além dos procedi-
cular de uma pessoa, em um contexto específico. mentos já descritos. É relevante frisar que essa abor-
Com isso, os estudos com a AFI normalmente têm dagem não tenta operacionalizar uma ideia filosófi-
um número condensado de participantes. O objetivo ca específica, já que recorre a uma gama robusta de
não é sistematizar o modo como um número exten- postulados extraídos de diversas correntes intelec-
so de indivíduos opera para atribuir sentido às suas tuais. Segundo os autores, os(as) pesquisadores(as)
vivências, mas revelar algo sobre a experiência de precisam conhecer minimamente a história da feno-
cada um. Como parte disso, o estudo pode explo- menologia e da hermenêutica para serem capazes de
rar detalhadamente as convergências e divergências situar a AFI na trajetória do movimento intelectual.
entre os casos, ou seja, as semelhanças e diferenças Inclusive para delimitarem a diferença entre a AFI
observadas entre os casos investigados. É possível ir e outros métodos fenomenológicos e hermenêuticos
em direção à formulação de alegações mais genéri- aplicados à Psicologia, considerando que a AFI não é
cas, porém isso só deve acontecer após realizada a o único método a se apoiar nessas tradições.
análise de cada caso (Smith et al., 2009).
De modo geral, a AFI está compromissada Aspectos metodológicos e aplicabilida-
com a avaliação detalhada da experiência humana de da AFI
vivida (Larkin et al., 2006). Ela tem por finalidade Ao eleger a AFI como o referencial teórico-me-
conduzir a avaliação de forma que permita que a todológico que poderá nortear uma pesquisa, o(a)
experiência seja expressa em seus próprios termos, pesquisador(a) tem em mente que pretende inves-
em vez de apelar para a construção de sistemas de tigar, descrever, contextualizar e interpretar os sig-
categorizações pré-definidas. Isso é o que faz a AFI nificados que os(as) participantes atribuem às suas
fenomenológica e a conecta a um núcleo de ideias vivências.
unificadoras que atravessaram as obras de filósofos e Estudos com a AFI são conduzidos a partir de
fenomenólogos, conforme discutido anteriormente. um pequeno número de participantes e o objetivo
A AFI está em consonância com o pensamento do(a) pesquisador(a) é encontrar um grupo razoavel-
de Heidegger ao admitir que a pesquisa fenomeno- mente homogêneo em determinada característica,
lógica é, desde o início, um processo interpretativo. de forma que seja possível avaliar a convergência
A AFI também busca um compromisso idiográfico e divergência entre certos aspectos na experiência
situando os(as) participantes nos contextos parti- vivida pelos(as) participantes da pesquisa. Portan-
culares em que se encontram inseridos(as) e lança- to, as conclusões são limitadas ao grupo estudado,
dos(as), explorando suas perspectivas pessoais e ini- mas uma certa extensão pode ser considerada por
ciando com uma avaliação detalhada de cada caso meio de uma generalização teórica, na qual o leitor
antes de ir em direção a alegações gerais. Assim, a
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Mário Augusto Tombolato & Manoel Antônio dos Santos
correr da interação entre o(a) pesquisador(a) e os(as) desejáveis de um informante-chave. Isso significa
protagonistas. que devem ser indivíduos (e possíveis participantes)
Para ilustrar com um exemplo de aplicação, com experiência no campo e no tema específico in-
utilizamos em um de nossos estudos com configu- vestigado.
rações familiares homoparentais (Tombolato, 2019) O produto textual das transcrições das entre-
uma entrevista aberta, que contemplou a seguinte vistas de cada participante é analisado caso a caso
questão central: “Contem-me como tem sido, para por meio de análise sistemática e qualitativa. Esse
5 Entende-se que a generalização estatística é aquela conferida material é então convertido em um relato narrativo,
por métodos estatísticos de análise, ao passo que a generalização
teórica (ou indutiva) consiste na inferência de qualidades a partir da
em que a interpretação analítica do(a) pesquisador
consideração de casos singulares, ou unidades de análise circunscri- (a) é apresentada em detalhes, embasada em trechos
tas, e sua generalização para outros casos ou unidades que, de fato, literais das entrevistas. Tendo em vista o número cir-
não foram objeto de observação e análise (Mattos, 2011).
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
cunscrito de participantes, tal como indicado pelos perordenado no grupo permite ainda uma variação
autores da AFI, é perfeitamente exequível gerenciar considerável. Participantes diferentes podem mani-
os dados de cada entrevista para eliciar, posterior- festar o mesmo tema superordenador (mais abran-
mente, os temas preponderantes nas falas dos indi- gente) em diferentes temas. O tema superordenador
víduos do grupo. pode parecer muito diferente no modo como ele é
Entretanto, se a quantidade for superior a seis diferenciado pelos(as) participantes. Optar por apli-
participantes, resultando em um corpus amplo, ine- car a AFI a grande número de participantes frequen-
vitavelmente a análise de cada caso não poderá ser temente envolve a negociação quanto à relação entre
tão detalhada. Desse modo, a ênfase na análise nes- convergência e divergência, entre o que é comparti-
se caso poderá voltar-se para a avaliação de quais lhado e o que é individualizado (Smith et al., 2009).
foram os temas-chave emergentes para o grupo de Tendo identificado um conjunto de critérios
participantes como um todo. Pode até acontecer o que podem ser utilizados para identificar temas
caso de que sejam identificados temas emergentes recorrentes, é recomendável como um passo final
no nível da particularidade, mas que se postergue a encontrar uma forma de mostrar graficamente as
busca por padrões e conexões até que se possam exa- inter-relações entre os temas grupais recorrentes.
minar todos os casos juntos. É possível que haja uma Alguns dos processos descritos anteriormente, tais
grande variedade em termos de detalhes particula- como abstração e subsunção (ancorar do tema mais
res da análise e da ponderação relativa entre o nível geral para o mais específico) podem novamente ser
grupal e o individual. Isso vai determinar até que uteis nessa situação. Estudos com maior quantidade
ponto a análise caminha para uma particularidade de participantes requerem habilidade considerável
e até que ponto caminha para uma análise de gru- do(a) pesquisador(a) para preservar um foco idiográ-
po. Todavia, mesmo quando a análise se concentrar fico na voz individual do(a) participante, ao mesmo
principalmente no nível do grupo, o que a torna uma tempo em que são feitas alegações (deduções) para
análise tipicamente AFI, os temas no nível grupal o grupo maior.
ainda podem ser ilustrados com exemplos particula- Em suma, se a quantidade de participantes for
res obtidos a partir das falas dos indivíduos (Smith administrável (aproximadamente seis), espera-se
et al., 2009). que trechos de falas sejam destacados e utilizados
Considerando ainda a perspectiva dos autores para ilustrar cada tema. Se o estudo tiver um nú-
acerca de estudos com maior quantidade de partici- mero maior de participantes e/ou de temas sistema-
pantes, a identificação da recorrência entre os casos tizados, provavelmente não será viável apresentar
é importante. A decisão principal, nesse momento, um trecho de cada participante para cada tema. Nes-
é como o status de tema recorrente é definido para se caso, o(a) pesquisador(a) deverá selecionar com
um estudo em particular. Assim, por exemplo, pode- cautela alguns exemplos que considera apropriados
-se considerar que, para que um tema superordena- para cada tema. Espera-se, dessa maneira, que cada
do emergente seja classificado como recorrente, ele tema seja embasado em situações comuns detecta-
deverá estar presente em pelo menos um terço, ou das em um certo número de participantes e que, na
metade ou, mais rigorosamente falando, em todas as narrativa geral, o(a) pesquisador(a) recorra aos rela-
entrevistas dos(as) participantes. Esse tipo de “con- tos de um modo equilibrado, sem perder a perspec-
tagem” também pode ser considerada uma forma de tiva mais global da análise do fluxo verbal.
incrementar a validade dos dados de um corpus ex- Nesse sentido, Carvalho et al. (2004), ao refleti-
tenso, mas não deve ser confundida com uma inten- rem sobre a pesquisa qualitativa a partir das caracte-
ção subjacente de quantificar o fenômeno. rísticas da análise, concluem que:
Segundo os autores, não há regra para definir
que determinado achado identificado nos relatos (...) a análise qualitativa aparentemente contor-
dos(as) participantes é recorrente. A decisão é de- na o problema da categorização intrínseco à aná-
terminada por questões pragmáticas, tais como o lise quantitativa; no entanto, tanto quanto esta,
produto final que se espera obter de um projeto de requer recortes do fluxo verbal e atribuição de
pesquisa. O grau de recorrência também será in- sentido às verbalizações, de forma a sistemati-
fluenciado pelo nível que o(a) pesquisador(a) impri- zá-las de maneira compreensível e heurística;
E s t u d o s Te ó r i c o s o u H i s t ó r i c o s
me à tematização e aos comentários sobre os dados e, também da mesma forma que a categoriza-
obtidos. Um tema superordenado, expresso em um ção, requer explicitação de critérios para esses
nível global, possivelmente terá mais ocorrências recortes e atribuições, para permitir o compar-
em um corpus de análise do que um tema expresso tilhamento da análise e das conclusões com ou-
de maneira específica ou idiossincrática. Isso não tros pesquisadores, uma condição necessária do
quer dizer que um nível seja mais adequado do que processo de produção do conhecimento. Essa
o outro, tudo depende de como a análise evolui e do explicitação de critérios, no caso de análises
que se está tentado fazer com ela. qualitativas, exige muito mais do pesquisador,
Além disso, também é importante considerar
que a indicação de prevalência para um tema su-
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nais de saúde mental. Por meio dos dados transcritos mentos e as potenciais aplicações da Análise Feno-
a partir da realização de seis grupos focais, foram menológica Interpretativa – AFI, um referencial teó-
identificados três temas principais e nove subtemas. rico-metodológico recente, mas já bem estabelecido
A referência à AFI apareceu em dois breves parágra- internacionalmente em pesquisas sociais de deline-
fos do texto, na seção de método e nos resultados. amento qualitativo, porém contando com um núme-
Ainda que os autores tenham discutido os temas ro ainda restrito de estudos publicados na realida-
e subtemas, não evidenciaram como aplicaram os de brasileira. Por meio de um recorte exploratório
pressupostos da AFI, que propõe estudar em profun- pretendeu-se contribuir não apenas para preencher
didade um número condensado de participantes, à uma lacuna que identificamos na literatura nacio-
coleta e análise dos grupos focais que totalizaram 40 nal, mas, principalmente, para ampliar o conheci-
pessoas. mento dessa abordagem no contexto brasileiro, as-
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
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levante entre as metodológicas qualitativas na psi- Feijoo, A. M. L. C., & Mattar, C. M. (2014). A fenome-
cologia brasileira. Diversos grupos de pesquisa na- nologia como método de investigação nas filo-
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nesse paradigma, o que justifica a disseminação de Teoria e Pesquisa (Brasília), 30(4), 441-447.
uma abordagem nova como a AFI para a ampla di- Ferreira, R. M. B., & Lemos, M. F. (2016). A mulher
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inspirando resultados promissores. Nesse sentido, adoecido. Perspectivas em Psicologia (Uberlân-
aponta-se a necessidade de estudos futuros que con- dia), (20)1, 178-201.
templem determinados aspectos específicos da AFI
no contexto brasileiro, como a tradução das obras de Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa
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com sua aplicação com base no que se encontrou volvimento, pesquisas realizadas. Cadernos da
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alternativas para aplicação, discussão e crítica teó-
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rico-metodológica. Ressalta-se, a título de sugestão,
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Análise Fenomenológica Interpretativa (AFI): Fundamentos básicos e aplicações na pesquisa em psicologia
Recebido em 20.09.2018
Primeira Decisão Editorial em 07.01.2019
Segunda Decisão Editorial em 14.05.2019
Aceito em 26.08.2019
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