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TC 1
TC 1
TC 1
Departamento de Fı́sica
2004
2
Índice
1
2 Índice
d ∂ ∂L
− =0 (1.2)
dt ∂ q̇ ∂q
que são as equações do movimento.
Para se proceder à quantificação é conveniente passar primeiro para a formulação
Hamiltoniana. Começamos por definir o momento p conjugado da coordenada q por
∂L
p= (1.3)
∂ q̇
Então introduzimos o Hamiltoniano pela transformação da Legendre
5
6 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
∂H
{H, q}P B = = q̇
∂p
∂H
{H, p}P B =− = ṗ (1.5)
∂q
onde o parêntesis de Poisson é definido por
∂f ∂g ∂f ∂g
{f (p, q), g(p, q)}P B = − (1.6)
∂p ∂q ∂q ∂p
satisfazendo, obviamente
[p, q] = −i (1.8)
∂
que é trivialmente verificada na representação das coordenadas onde p = −i . A
∂q
dinâmica é dada pela equação de Schrödinger
∂
H(p, q) |ΨS (t)i = i |ΨS (t)i (1.9)
∂t
Conhecido o estado em t = 0, |ΨS (0)i, a Eq. (1.9) determina completamente o
estado |Ψs (t)i e portanto o valor de qualquer observável fı́sica. Esta descrição onde
os estados dependem do tempo e os operadores não, é conhecida pela representação
de Schrödinger.
Existe uma descrição alternativa, onde a dependência no tempo passa para os
operadores e os estados são independentes do tempo. É a chamada representação
de Heisenberg. Para a definirmos integramos formalmente a Eq. (1.9). Obtemos
D E
hΨS (t)|OS |ΨS (t)i = ΨS (0)|eiHt OS e−iHt |ΨS (0)
1.1. Formalismo Geral 7
dp(t) dq(t)
= i[H, p(t)] ; = i[H, q(t)] (1.15)
dt dt
Repare-se que nesta representação as equações fundamentais são semelhantes às
equações clássicas com a substituição
{, }P B =⇒ i[, ] (1.16)
No caso dum sistema com n graus de liberdade as Eqs. (1.14) e (1.15) são gen-
eralizadas para
1
H = (p2 + ω02 q 2 ) (1.21)
2
As equações de movimento são
ṗ = i[H, p] = −ω02 q
q̇ = i[H, q] = p =⇒ q̈ + ω02 q = 0 (1.22)
Em termos de a, a† o Hamiltoniano é
1 1
H = ω0 (a† a + aa†) = ω0 (a†0 a0 + a0 a†0 )
2 2
1
= ω0 a†0 a0 + ω0 (1.29)
2
onde se usou
a0 |0i = 0 (1.31)
1.1. Formalismo Geral 9
n
Um estado |ni é obtido por aplicação de a†0 . Se definirmos
1 † n
|ni = √ a0 |0i (1.32)
n!
então
⊓ + m2 )ϕr = 0 ;
(⊔ r = 1, · · · n (1.38)
10 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Para definir as regras da quantificação canónica temos que passar para o formal-
ismo Hamiltoniano, em particular precisamos de definir o momento π(x) conjugado
do campo ϕ(x). Para se fazer uma analogia como os sistemas com n graus de
liberdade, dividamos o espaço 3-dimensional em elementos de volume ∆Vi . Assim
introduzimos a coordenada ϕi (t) como a média de ϕ(~x, t) no elemento de volume
∆Vi , ou seja
Z
1
ϕi (t) ≡ d3 xϕ(~x, t) (1.39)
∆Vi (∆Vi )
e também
Z
1
ϕ̇i (t) ≡ d3 xϕ̇(~x, t) (1.40)
∆Vi (∆Vi )
Então
Z X
L= d3 xL → ∆Vi Li (1.41)
i
∂L ∂Li
pi (t) = = ∆Vi ≡ ∆Vi πi (t) (1.42)
∂ ϕ̇i (t) ∂ ϕ̇i (t)
e o Hamiltoniano
X X
H= pi ϕ̇i − L = ∆Vi (πi ϕ̇i − Li ) (1.43)
i i
∂L(ϕ, ϕ̇)
π(~x, t) ≡ (1.44)
∂ ϕ̇(~x, t)
tal forma que o seu valor médio em ∆Vi é πi (t) definido na Eq. (1.42). A Eq. (1.43)
sugere que se introduza uma densidade Hamiltoniana tal que
Z
H = d3 xH (1.45)
H = π ϕ̇ − L (1.46)
[ϕ(t), ϕj (t)] = 0
1.1. Formalismo Geral 11
δij
[πi (t), ϕj (t)] = −i (1.48)
∆Vi
Passando para o limite contı́nuo, ∆Vi → 0, obtemos
Estas relações são a base da teoria quântica. Para o caso de n campos escalares,
a generalização é:
onde
∂L
πr (~x, t) = (1.51)
∂ ϕ̇r (~x, t)
e o Hamiltoniano é
Z
H= d3 xH (1.52)
onde
n
X
H= πr ϕ̇r − L (1.53)
r=1
Teorema de Noether
A cada transformação contı́nua de simetria que deixa L e as equações do
movimento invariante, corresponde uma lei de conservação.
Dem:
Em vez de demonstrar o teorema para todos os casos, vamos ver as leis de
conservação que emergem em três casos importantes
i) Translações
Consideremos uma translação infinitesimal
x′µ = xµ + εµ (1.54)
Então
∂L
δL = L′ − L = εµ (1.55)
∂xµ
e L′ conduz às mesmas equações de movimento que L, porque diferem por uma
4-divergência. Se L for invariante para translações então a Eq. (1.55) diz-nos
que não pode ter dependência explicita nas coordenadas xµ . Então
" #
X ∂L ∂L
δL = δϕr + δ(∂µ ϕr )
r ∂ϕr ∂(∂µ ϕr )
" #
X ∂L
= ∂µ εν ∂ν ϕr (1.56)
r ∂(∂µ ϕr )
∂µ T µν = 0 (1.57)
X ∂L
T µν = −g µν L + ∂ ν ϕr (1.58)
r ∂(∂µ ϕr )
Z
µ
P ≡ d3 xT 0µ
1.1. Formalismo Geral 13
dP µ
=0 (1.59)
dt
ii)Transformações de Lorentz
Sejam as transformações de Lorentz infinitesimais
x′µ = xµ + ω µ ν xν (1.60)
Para o caso de campos escalares Srs = δrs e para spinores vimos que Srs =
δrs + 18 [γµ , γν ]rs ω µν . Em geral a variação de ϕr provém de dois efeitos. Temos
−1
δϕr (x) = Srs (ε)ϕs (x′ ) − ϕr (x)
1 h i
= − ωαβ (xα ∂ β − xβ ∂ α )δrs + Σαβ
rs ϕs (1.62)
2
onde definimos
1
Srs (ω) = δrs + ωαβ Σαβ
rs . (1.63)
2
Então
" #
αβ ∂L
δL = −ω xα ∂β L = ∂µ δϕr (1.64)
∂(∂µ ϕr )
o que dá
∂µ M µαβ = 0 (1.65)
com
∂L
M µαβ = xα T µβ − xβ T µα + Σαβ ϕs (1.66)
∂(∂µ ϕr ) rs
O momento angular conservado é então
14 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Z Z " #
X
αβ 3 0αβ 3 α 0β β 0α
M = d xM = dx x T −x T + Σαβ
rs ϕs (1.67)
r,s
com
dM αβ
=0 (1.68)
dt
iii) Simetrias internas
Se admitirmos que o Lagrangeano é invariante para uma transformação de
simetria interna
∂µ J µ = 0
∂L
J µ = −i λrs ϕs (1.70)
∂(∂µ ϕr )
x′µ = aµ ν xν + bµ (1.75)
Usando a Eq. (1.74) na Eq. (1.73) obtemos que os operadores do campo devem
transformarem-se de acordo com
⊓ + m2 )ϕ = 0
(⊔ (1.84)
é o exemplo de campo mais simples e de facto já foi usado para introduzir o formal-
ismo geral. Recapitulando, o momento conjugado é
∂L
π= = ϕ̇ (1.85)
∂ ϕ̇
e as relações de comutação são
Z
H = P0 = d3 xH
Z
1 2 1 ~ 2 1 2 2
= d3 x π + |∇ϕ| + m ϕ (1.87)
2 2 2
e o momento linear por
Z
P~ = − ~
d3 xπ ∇ϕ (1.88)
i[P µ , ϕ] = ∂ µ ϕ (1.89)
demonstrando assim a invariância da teoria para transformações. Do mesmo modo
se pode verificar a invariância da teoria para translações de Lorentz, Eq. (1.82), com
Σµν
rs = 0 (spin zero).
Para definirmos os estados da teoria é conveniente termos os estados próprios da
energia e momento. Para os construirmos comecemos por fazer uma decomposição
de Fourier de ϕ(~x, t) em ondas planas:
1.2. Quantificação dos campos escalares 17
Z h i
ϕ(~x, t) = f a(k)e−ik·x + a† (k)eik·x
dk (1.90)
onde
q
d3 k
f
dk ≡ ; ωk = + |~k|2 + m2 (1.91)
(2π)3 2ωk
é a medida invariante de Lorentz. Como na teoria quântica ϕ é um operador,
também a(k) e a† (k) serão operadores. Como ϕ é real a† (k) é o conjugado hermı́tico
de a(k). Para determinarmos as suas relações de comutação, comecemos por resolver
a Eq. (1.90) em ordem a a(k) e a† (k). Usando as propriedades usuais das funções
delta, obtemos
Z
↔
a(k) = i d3 xeik·x ∂ 0 ϕ(x)
Z
† ↔
a (k) = −i d3 xe−ik·x ∂ 0 ϕ(x) (1.92)
onde se introduziu
∂b ∂a ↔
−
a∂ 0 b = a
b (1.93)
∂t ∂t
O segundo membro da Eq. (1.92) é independente do tempo como pode ser verificado
explicitamente (ver Problema 1.3). Esta observação é importante porque podemos
escolher tempos iguais para calcularmos as relações de comutação. Obtemos
Z Z h i
† ′ 3 ↔ ′ ↔
[a(k), a (k )] = dx d3 y eik·x ∂ 0 ϕ(~x, t), e−ik ·y ∂ 0 ϕ(~y , t)
Z h i
1 f ω a† (k)a(k) + a(k)a† (k)
H = dk k (1.96)
2
Z h i
1 f ~
P~ = dk k a† (k)a(k) + a(k)a† (k) (1.97)
2
18 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Z D h i E
1 f ω 0| a† (k)a(k) + a(k)a† (k) |0
h0|H|0i = dk k
2
Z D h i E
1 f ω 0| a(k), a† (k) |0
= dk k
2
Z
1 d3 k
= 3
ωk (2π)3 2ωk δ (3) (0)
2 (2π) 2ωk
Z
1
= d3 k ωk δ 3 (0) = ∞ (1.102)
2
Este infinito pode ser compreendido como a soma das energias do ponto zero.
P
No caso discreto seria k 21 ωk = ∞. Este infinito é removido facilmente. Para isso
notemos que só medimos energia em relação ao vácuo e essas serão finitas. Assim
podemos definir a energia ao vácuo como sendo zero. Matematicamente isto é feito
µ
do modo seguinte. Definimos um novo operador PN.O. por
Z h i
µ 1 f k µ a† (k)a(k) + a(k)a† (k)
PN.O. ≡ dk
2
1.2. Quantificação dos campos escalares 19
1 Z f µD h † i E
− dk k 0| a (k)a(k) + a(k)a† (k) |0
2
Z
= f k µ a† (k)a(k)
dk (1.103)
µ
Agora h0|PN.O. |0i = 0. O ordenamento dos operadores em que os operadores de
destruição aparecem à direita das de criação chama-se ordenamento normal e a
notação usual é:
1
: (a† (k)a(k) + a(k)a† (k)) :≡ a† (k)a(k) (1.104)
2
Portanto remover a energia e momento infinitos do vácuo corresponde a escolher os
nossos operadores com ordenamento normal. É o que faremos sempre no seguimento,
não mais escrevendo ”N.O.” para o indicar.
Uma vez escolhido o vácuo podemos construir os estados por aplicação dos oper-
adores de criação a† (k). Tal como no caso do oscilador harmónico podemos definir
o operador número
Z
N= f a† (k)a(k)
dk (1.105)
É fácil de ver que N comuta com H pelo que os estados próprios de H também o
são de N. Poderı́amos pensar que o estado de uma partı́cula com 4- momento k µ
seria dado por a† (k) |0i. De facto temos
Z
′
P µ a† (k) |0i = f k ′µ a† (k ′ )a(k ′ )a† (k) |0i
dk
Z
= d3 k ′ k ′µ δ 3 (~k − ~k ′ )a† (k) |0i
Z D E
h1|1i = λ2 f dk
dk f C ∗ (k )C(k ) 0|a(k )a† (k )|0
1 2 1 2 1 2
Z
= λ2 f
dk|C(k)| 2
=1 (1.109)
ou seja
Z −1/2
λ= f
dk |C(k)| 2
(1.110)
desde que C(k) seja de quadrado integrável. Se (k) for só diferente de zero na
vizinhança dum certo 4-momento k µ , o estado terá um 4-momento bem definido.
Uma base para o espaço de Fock pode ser construı́da a partir dos estados de n -
partı́culas normalizadas
Z −1/2
|ni = n! f · · · dk
dk f |C(k , · · · k )|2
1 n 1 n
Z
f · · · dk
dk f C(k , · · · k )a† (k ) · · · a† (k ) |0i (1.111)
1 n 1 n 1 n
que satisfazem
hn|ni = 1 (1.112)
Z nh i h i o
[ϕ(x), ϕ(y)] = f dk
dk f a(k1 ), a† (k2 ) e−ik1 ·x+ik2 ·y + a† (k1 ), a(k2 ) eik1 x−ik2 ·y
1 2
Z
= f eik1 ·(x−y) − eik1 ·(x−y)
dk 1
≡ i∆(x − y) (1.115)
⊓x + m2 )∆(x − y) = 0
(⊔ (1.116)
∆(~x − ~y , 0) = 0 (1.118)
A última relação assegura que o comutador dos dois campos a tempos iguais se
anula. A invariância de Lorentz assegura então que
h0|ϕ(x)ϕ(y)|0i =
6 0 (1.122)
22 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
embora
h0|ϕ(x)|0i = 0 (1.123)
Podemos calcular a Eq. (1.122).
Z D E
h0|ϕ(x)ϕ(y)|0i = f dk
dk f e−ik1 ·x eik2 ·y 0|a(k )a† (k )|0
1 2 1 2
Z
= f e−ik·(x−y) ≡ ∆ (x − y)
dk (1.124)
1 +
⊓ + m2 )ϕ = 0 ; (⊔
(⊔ ⊓ + m2 )ϕ† = 0 (1.128)
1.2. Quantificação dos campos escalares 23
A teoria dada pela Eq. (1.127) tem ao nı́vel clássico uma corrente conservada, ∂µ J µ =
0 com
↔µ
J µ = iϕ† ∂ ϕ (1.129)
Assim esperamos que ao nı́vel quântico a carga Q
Z
Q= d3 x : i(ϕ† ϕ̇ − ϕ̇† ϕ) : (1.130)
seja conservada, isto é, [H, Q] = 0. Para mostrarmos isso temos que saber as relações
de comutação. A definição da Eq. (1.126) e as relações de comutação para ϕ1 e ϕ2
permitem concluir as seguintes relações para ϕ e ϕ† :
[π(~x, t), ϕ(~y, t)] = [π † (~x, t), ϕ† (~y , t)] = −iδ 3 (~x − ~y ) (1.133)
onde
π = ϕ̇† ; π † = ϕ̇ (1.134)
A expansão em ondas planas é
Z h i
ϕ(x) = f a (k)e−ik·x + a† (k)eik·x
dk + −
Z h i
ϕ† (x) = f a (k)e−ik·x + a† (k)eik·x
dk (1.135)
− +
[a+ (k), a†+ (k ′ )] = [a− (k), a†− (k ′ )] = (2π)3 2ωk δ 3 (~k − ~k ′ ) (1.137)
permitindo portanto a identificação de a+ e a†+ como operadores de destruição e
criação para quanta do tipo + e de um modo semelhante para os quanta do tipo −.
Podemos construir os operadores número para os quanta + e −:
24 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Z
N± = f a† (k)a (k)
dk (1.138)
± ±
N+ + N− = N1 + N2 (1.139)
onde
Z
Ni = f a† (k)a (k)
dk (1.140)
i i
Z
Q = d3 x : i(ϕ† ϕ̇ − ϕ̇† ϕ̇) :
Z h i
= f a† (k)a (k) − a† (k)a (k)
dk + + − −
= N+ − N− (1.142)
[H, Q] = 0 (1.143)
mostrando que Q é conservada. A Eq. (1.142) permite interpretar os quanta +
como tendo carga +1 e os quanta − carga −1. Enquanto não forem introduzidas
interacções a teoria é simétrica, não sendo possı́vel distinguir entre os dois tipos de
quanta. Das relações de comutação (1.137) resulta
mostrando assim que a†+ (k) cria um quanta com 4-momento k µ e carga +. Do mesmo
modo se mostrar que a†− cria um quanta de carga − e que a± (k) destroem quantas
de carga + e − respectivamente.
1.2. Quantificação dos campos escalares 25
O operador ϕ† cria uma partı́cula de carga +1 ou destrói uma partı́cula de carga −1.
Em qualquer dos casos adiciona uma carga total +1. De modo semelhante ϕ destrói
uma unidade de carga. Formemos um estado de 1− partı́cula (não normalizada) de
carga +1 por aplicação de ϕ† no vácuo:
D E
θ(t′ − t) hΨ+ (~x′ , t′ )|Ψ+ (~x, t)i = θ(t′ − t) 0|ϕ(~x′ , t′ )ϕ† (~x, t)|0 (1.146)
Se em ϕ† (~x, t) |0i somente o operador a†+ (k) é activo, em h0| ϕ(~x′ , t′ ) o mesmo acon-
tece só com a+ (k). Portanto a Eq. (1.146) é o elemento da matriz para criar um
quanta de carga +1 em (~x, t) e reabsorvê-lo pelo vácuo em (~x′ , t′ ) com t′ > t.
Existe uma outra maneira de aumentar a carga por +1 em (~t) e diminuı́-la por
−1 em (~x′ , t′ ). Basta para isso criar um quanta de carga menos em ~x′ no instante t′
e propagá-lo para ~x onda é absorvida no instante t > t′ . A amplitude é então
D E
θ(t − t′ ) hΨ− (~x, t)|Ψ− (~x′ , t′ )i = 0|ϕ†(~x, t)ϕ(~x′ , t′ )|0 θ(t − t′ ) (1.147)
A soma das duas amplitudes das Eqs. (1.146) e (1.147) é o chamado propagador
de Feynman. Pode ser escrito duma forma mais compacta introduzido o produto
ordenado no tempo. Dados dois operadores a(x) e b(x′ ) define-se o produto ordenado
no tempo T
Z h i
′
∆F (x − x) = f θ(t′ − t)e−ik·(x −x) + θ(t − t′ )eik·(x −x)
dk
′ ′
(1.150)
26 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Im ko
x
x
Re ko
Figura 1.1:
Z
d4 k i ′
= 4 2 2
e−ik·(x −x) (1.151)
(2π) k − m + iε
Z
d4 k ′
≡ 4
∆F (k)e−ik·(x −x) (1.152)
(2π)
onde
i
∆F (k) ≡ (1.153)
k 2 − m2 + iε
H = π ψ̇ − L = ψ † (−i~ ~ + βm)ψ
α·∇ (1.157)
A invariância para translações e para transformações de Lorentz de L conduz aos
tensores T µν e M µνλ . Usando óbvias generalizações das fórmulas das Eqs. (1.58) e
(1.66) obtemos
T µν = iψγ µ ∂ ν ψ (1.158)
e
Z
Pµ ≡ d3 xT 0µ
Z
µλ
M ≡ d3 xM 0νλ (1.161)
ou ainda
Z
H ≡ d3 xψ † (−i~ ~ + βm)ψ
α·∇
Z
P~ ≡ ~
d3 xψ † (−i∇)ψ (1.162)
Z Xh i
ψ(x) = f
dk b(p, s)u(p, s)e−ip·x + d† (p, s)v(p, s)eip·x (1.165)
s
Z Xh i
†
ψ (x) = f
dk b† (p, s)u†(p, s)e+ip·x + d(p, s)v †(p, s)e−ip·x (1.166)
s
onde se usaram as relações de ortogonalidade e fecho das spinores u(p, s) e v(p, s).
Da relação (1.167) resulta que se definirmos o vácuo como b(k, s) |0i = d(k, s) |0i = 0
e se quantificarmos com comutadores as partı́culas b e as partı́culas d contribuirão
como sinais opostos para a energia e a teoria não terá um estado de base estável.
De facto este era o problema que aparecia com as soluções de energia negativa e
é fácil de compreender que é essa a razão do sinal − na Eq. (1.167). A teoria dos
buracos exigia estatı́stica de Fermi pelo que veremos como o spin e a estatı́stica
estão relacionadas.
Para vermos quais as relações a que b, b† , d e d† devem obedecer recordemos que
ao nı́vel quântico é sempre necessário verificar que a invariância para translações e
para as transformações de Lorentz é mantida. Para as translações isso exige que
[Pµ , b(k, s)] = −kµ b(k, s) ; [Pµ , b† (k, s)] = kµ b† (k, s) (1.169)
[Pµ , d(k, s)] = −kµ d(k, s) ; [Pµ , d† (k, s)] = kµ d† (k, s) (1.170)
1.3. Segunda quantificação do campo de Dirac 29
Xh i
b† (P, s′)b(p, s′ ) − d(p, s′ )d† (p, s′ )), b(k, s) = −(2π)3 2k 0 δ 3 (~k − p~)b(k, s) (1.171)
s′
Xh i
b† (p, s′ ){b(p, s′ ), b(k, s)} − {b† (p, s′ ), b(k, s)}b(p, s′ ) =
s′
Z X
Pµ = f kµ
dk : b† (k, s)b(k, s) − d(k, s)d†(k, s) :
s
Z X
= f kµ
dk : b† (k, s)b(k, s) + d† (k, s)d(k, s) : (1.175)
s
e para a carga
Z
Q = d3 x : ψ † (x)ψ(x) :
Z Xh i
= f
dk b† (k, s)b(k, s) − d† (k, s)d(k, s) (1.176)
s
o que quer dizer que os quanta b têm carga +1 e os d carga −1. É curioso notar
que foi a segunda quantificação do campo de Dirac que introduziu o sinal − na
30 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Eq. (1.176) tornando a carga uma quantidade sem sinal definido enquanto que a
densidade de probabilidade era na teoria de Dirac definida positiva. Passa-se o
contrário com o caso dos bosões. É fácil mostrar que
Z X
P µ
= f kµ
dk (N + (k, s) + N − (k, s)) (1.180)
s
Z X
Q = f
dk (N + (k, s) − N − (k, s)) (1.181)
s
{ψα (~x, t), ψβ (~y , t)} = {ψα† (~x, t), ψβ† (~y , t)} = 0 (1.184)
Estas relações podem ser generalizadas para tempos iguais
1.3. Segunda quantificação do campo de Dirac 31
Z h i h i
{ψα (x), ψβ† (y)} = f
dp (p
/ + m)γ 0 −ip·(x−y)
e − (−p
/ + m)γ 0 ip·(x−y)
e
αβ αβ
h i
= (i∂/x + m)γ 0 i∆(x − y) (1.185)
αβ
onde a função ∆(x − y) foi definida para o caso do campo escalar. O facto de
aparecer o γ 0 na Eq. (1.185) pode ser compreendido por se ter considerado ψ † e não
ψ. De facto se multiplicarmos à direita por γ 0 obtemos
e obtemos
onde se usou o facto ∆(x − y) ser uma função invariante e S −1 i∂/ax S = i∂/x . Para
(x − y)2 < 0 os anticomutadores anulam-se pois nesse caso ∆(x − b) também se
anula. Este resultado permite mostrar que duas observáveis construı́das a partir de
bilineares em ψ e ψ comutam para partes do espaço tempo tais que (x − y)2 < 0.
Assim
h i
ψ α (x)ψβ (x), ψ λ (y)ψτ (y) =
= 0 (1.190)
Tal como para o caso do campo escalar carregado há duas maneiras de aumentar a
carga por uma unidade em x′ e diminui-la também por uma unidade em x. Elas são
D E
θ(t′ − t) 0|ψβ (x′ )ψα† (x)|0 (1.191)
D E
θ(t − t′ ) 0|ψα† (x)ψβ (x′ )|0 (1.192)
D E
SF (x′ − x)αβ = θ(t′ − t) 0|ψα (x′ )ψ β (x)|0
D E
−θ(t − t′ ) 0|ψβ (x)ψα (x′ )|0
D E
≡ 0|T ψα (x′ )ψ β (x)|0 (1.193)
Z h i
′
SF (x − x)αβ = f (p
dk
′
/ + m)αβ θ(t′ − t)e−ik·(x −x) + (−p
′
/ + m)αβ θ(t − t′ )eik·(x −x)
Z
d4 k i(k/ + m)αβ −ik·(x′ −x)
= e
(2π)4 k 2 − m2 + iε
Z
d4 k ′
≡ 4
SF (k)αβ e−ik·(x −x) (1.195)
(2π)
1.4. Quantificação do Campo Electromagnético 33
1.4.1 Introdução
Fµν = ∂µ Aν − ∂ν Aµ (1.198)
As equações de Maxwell são
∂α F αβ = 0 (1.199)
que corresponde às equações
~
~ ·E
∇ ~ =0 ; ~ ×B
∇ ~ = ∂E (1.200)
∂t
As outras equações são uma consequência directa da Eq. (1.198) e podem-se escrever
1
∂α Fe αβ = 0 ; Fe αβ = εαβµν Fµν (1.201)
2
e correspondem a
~
~ ·B
∇ ~ =0 ; ~ = − ∂B
~ ×E
∇ (1.202)
∂t
Classicamente as quantidades com significado fı́sico são os campos E ~ e B,
~ os
potenciais Aµ são auxiliares cuja escolha não é única devido à invariância de gauge
da teoria. Quânticamente os potenciais Aµ é que desempenham o papel importante.
Basta lembrar, por exemplo, a prescrição para o acoplamento mı́nimo. Devemos
portanto formular a teoria quântica em termos dos potenciais Aµ e não dos campos
~ a B.
E ~
Ao tentarmos aplicar a quantificação canónica aos potenciais Aµ entramos ime-
diatamente em dificuldades. Por exemplo, se definirmos o momento conjugado por
34 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
∂L
πµ = (1.203)
∂(Ȧµ)
obtemos
∂L ∂A0
πk = = −Ȧk − = Ek
∂(Ȧk ) ∂xk
∂L
π0 = =0 (1.204)
∂ Ȧ0
Portanto o momento conjugado à coordenada A0 anula-se o que impede a aplicação
directa do formalismo canónico. O problema tem a sua origem no facto de que o
fotão, que queremos descrever, só tem dois graus de liberdade (helicidade positiva
ou negativa) e aqui estamos a usar um campo Aµ com 4 graus de liberdade. De
facto temos de impor restrições em Aµ para que ele descreva de facto o fotão.
Este problema pode ser abordado de 3 maneiras diferentes:
i) Gauge de Radiação
Historicamente este foi o primeiro método. Baseia-se no facto que é sempre
possı́vel escolher uma gauge, chamada gauge de radiação onde
A0 = 0 ; ~ ·A
∇ ~=0 (1.205)
isto é, o potencial A~ é transversal. As condições (1.205) reduzem os graus de
liberdade a 2, as componentes transversais de A. ~ É então possı́vel aplicar o
formalismo canónico a estes campos transversais e assim quantificar o campo
electromagnético. O problema com este método é que perdemos a covariância
explicita de Lorentz. É então sempre preciso mostrar que ela é recuperada no
resultado fı́sico final. Este método é descrito no livro de Bjorken e Drell.
Para resolver a dificuldade do momento π 0 ser nulo vamos começar por modificar o
Lagrangeano de Maxwell introduzindo um novo termo
1 1
L = − Fµν F µν − (∂ · A)2 (1.206)
4 2ξ
onde ξ é um parâmetro sem dimensões. As equações do movimento são agora
!
µ 1 µ
⊓A − 1 −
⊔ ∂ (∂ · A) = 0 (1.207)
ξ
e os momentos conjugados
∂L 1
πµ = = F µ0 − g µ0 (∂ · A) (1.208)
∂ Ȧµ ξ
isto é
π 0 = − 1ξ (∂ · A)
(1.209)
πk = E k
Repare-se que o Lagrangeano (1.205) e as equações de movimento (1.207) se
reduzem à teoria de Maxwell na gauge ∂ · A = 0. Por isso se diz que a escolha da
Eq. (1.205) corresponde a uma classe de gauge de Lorentz dependendo do parâmetro
ξ. Dentro deste abuso de linguagem (porque de facto não estamos a pôr ∂·A = 0 pois
então os problemas voltariam) o valor de ξ = 1 é designado por gauge de Feynman
e ξ = 0 gauge de Landau.
Da Eq. (1.207) resulta que
⊔
⊓(∂ · A) = 0 (1.210)
pelo que (∂ ·A) é um campo escalar sem massa. Embora seja possı́vel prosseguir com
ξ arbitrário, tomaremos daqui em diante o caso ξ = 1 (gauge de Feynman). Então
a equação de movimento coincide com a teoria de Maxwell na gauge de Lorentz.
36 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Do facto de [Aµ (~x, t), Aµ (~y , t)] = 0 a tempos iguais podemos concluir que as derivadas
espaciais de Aµ comutam a tempos iguais. Então notando que
[Aµ (~x, t), Aν (~y , t)] = [Ȧµ (~x, t), Ȧµ (~y , t)] = 0
Z 3 h
X i
µ
A (x) = f
dk a(k, λ)εµ (k, λ)e−ik·k + a† (k, λ)εµ∗ (k, λ)eik·x (1.215)
λ=0
′
ε(k, λ) · ε∗ (k, λ′ ) = g λλ
X
g λλ εµ (k, λ)ε∗ν (k, λ) = g µν (1.219)
λ
Z D E
h1|1i = f dk
dk f f ∗ (k )f (k ) 0|a(k , 0)a† (k , 0)|0
1 2 1 2 1 2
Z
= − h0|0i f |f (k)|2
dk (1.224)
onde se usou a Eq. (1.220) para λ = 0. O estado |1i tem norma negativa. O mesmo
cálculo para as outras polarizações dá normas positivas. Assim concluı́mos que o
38 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
nosso espaço de Fock tem métrica indefinida. Que acontece então à interpretação
probabilı́stica da mecânica quântica?
Para resolver este problema notemos que de facto não estamos a trabalhar com
a teoria de Maxwell pois modificamos o Lagrangeano. O que nós gostarı́amos era
de impor a condição ∂ · A = 0 mas é impossı́vel como equação para operadores pois
então π 0 = 0 e voltarı́amos a ter os problemas iniciais. Podemos no entanto exigir
aquela condição dum modo mais fraco, como sendo uma condição a ser verificada
somente pelos estados fı́sicos. Especificamente, exigimos que a parte de ∂ · A que
contém o operador de aniquilação (frequências positiva) anula os estados fı́sicos
∂ µ A(+)
µ |ψi = 0 (1.225)
Os estados |ψi podem ser escritas na forma
A condição (1.228) não determina completamente |φi. De facto há muita ar-
bitrariedade na escolha dos vectores de polarização transversal, aos quais podemos
sempre adicionar um termo proporcional a k µ pois k · k = 0. Esta arbitrariedade
deve-se reflectir na escolha de |φi. A condição (1.228) é equivalente a
Os estados |φn i são estados próprios de operadores número para fotões longitudinais
e escalares
1.4. Quantificação do Campo Electromagnético 39
Então
Z
H = d3 x : π µ Ȧµ − L :
1Z 3 X 3 h i
~ 0 )2 :
~ i )2 − Ȧ20 − (∇A
= d x: Ȧ2i + (∇A
2 i=1
Z " 3
#
X
= f
dk k 0 † †
a (k, λ)a(k, λ) − a (k, 0)a(k, 0) (1.236)
λ=1
Z 3
X
Pµ = f kµ
dk (−g λλ) a† (k, λ)a(k, λ) (1.238)
λ=0
Então
Z X nh i
µ ν
i[P , A ] = dk f ′ ik µ
f dk (−g λλ) a† (k, λ)a(k, λ), a(k ′, λ′ ) εν (k ′ , λ′ )e−ik·x
λ,λ′
h i ′
o
+ a† (x, λ)a(k, λ), a† (k ′ , λ′ ) ε∗ν (k ′ , λ′ )eik ·x
Z Xh i
= f ik µ
dk a(k, λ)εν (k, λ)e−ik·x − a† (k, λ)εν (k, λ)eik·x
λ
= ∂ µ Aν (1.239)
Z h i
M ik = d3 x : xj T 0k − xk T 0j + E j Ak − E k Aj : (1.240)
Z h i
M 0i = d3 x : x0 T 0i − xi T 00 − (∂ · A)Ai − E i A0 : (1.241)
onde
T 0i = −(∂ · A)J i A0 − E k ∂ i Ak
3 h
X i
T 00
= Ȧ2i + (∇A ~ 0 )2
~ j )2 − Ȧ2 − (∇A (1.242)
0
i=1
Usando estas expressões é possı́vel mostrar que o fotão tem helicidade ±1 corre-
spondendo a spin 1. Para isso comecemos por escolher a direcção de ~k como o eixo
3 e tomemos para vector de polarização a escolha da Eq. (1.218). Um estado fı́sico
de 1 fotão será então (não normalizado)
h i
: E 1 A2 − E 2 A1 :, a† (k, λ) =
h i h i
= E 1(+) A2 (+), a† (k, λ) + E 1(+) , a† (k, λ) A2(+)
h i h i
+E 1 (−) A2 (+), a† (k, λ) + A2(−) E 1(+) , a† (k, λ) − (1 ↔ 2)
h i h i
= E 1 A2(+) , a† (k, λ) + A2 E 1(+) , a† (k, λ) − (1 ↔ 2) (1.247)
Z X h i
′
[A 2(+) †
, a (k, λ)] = f
dk ε2 (k ′ , λ′ ) a(k ′ , λ′ ), a† (k, λ) e−ik ·x
′
λ′
= ε2 (k, λ)e−ik·x
Z X h i
′
[E 1(+) , a† (k, λ)] = f
dk ik ′0 ε0 (k ′ , λ′ ) + ik ′1 ε0 (k ′ , λ′ )
′
a(k ′ , λ′), a† (k, λ) e−ik ·x
λ′
Então
Z h i
d3 x : E 1 A2 − E 2 A1 :, a† (k, λ)
Z h i
= d3 xe−ik·x E 1 ε2 (k, λ) + A2 ik 0 ε1 (k, λ) − E 2 ε1 (k, λ) + A1 ik 0 ε2 (k, λ)
Z h i
↔ ↔
= d3 xe−ik·x ε1 (k, λ)∂ 0 A2 (x) − ε2 (k, λ)∂ 0 A1 (x) (1.249)
42 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Z
↔
a(k, λ) = −i d3 xeik·x ∂ 0 εµ (k, λ)Aµ (x)
Z
† ↔
a (k, λ) = i d3 xe−ik·x ∂ 0 εµ (k, λ)Aµ (x) (1.250)
Z
↔
a† (k, 1) = −i d3 xe−ik·x ∂ 0 A1 (x)
Z
† ↔
a (k, 2) = −i d3 xe−ik·x ∂ 0 A2 (x) (1.251)
e portanto
[M 12 , a† (k, λ)] = iε1 (k, λ)a† (k, 2) − iε2 (k, λ)a† (k, 1) (1.252)
Vemos assim que o estado a† (k, λ) |0i , λ = 1, 2 não é um estado próprio do operador
M 12 . Contudo as combinações lineares
1
a†R (k) = √ (a† (k, 1) + ia† (k, 2))
2
1
a†L (k) = √ (a† (k, 1) − ia† (k, 2)) (1.253)
2
representando polarização circular direita e esquerda verificam
Z h i
0 −x0 )
Gµν (x − y) = −gµν f e−ik·(x−y) θ(x0 − y 0 ) + eik·(x−y)θ(y
dk
Z
d4 k i
= −gµν 4 2
e−ik·(x−y)
(2π) k + iε
Z
d4 k
≡ Gµν (k)e−ik·(x−y) (1.256)
(2π)4
−igµν
Gµν (k) ≡ (1.257)
k 2 + iε
⊓x Gµν (x − y) = igµν δ 4 (x − y)
⊔ (1.258)
Estas expressões para Gµν (x − y) e Gµν (k) correspondem ao caso particular em que
ξ = 1 na Eq. (1.205). É a chamada gauge de Feynman. Para o caso geral de ξ 6= 1,
a equação de movimento é
" ! #
1 µ
⊓x gρµ − 1 −
⊔ ∂ ∂ρ Aρ (x) = 0 (1.259)
ξ
Para este caso (ξ 6= 1) as relações de comutação a tempos iguais são mais complicadas
(ver Problema 1.12). Usando essas relações é possı́vel mostrar que o propagador de
Feynman continua a ser a função de Green do operador da equação de movimento,
isto é,
" ! #
1 µ
⊔x gρµ
⊓ − 1− ∂ ∂ρ h0|T Aρ(x)Aν (y)|0i = ig µν δ 4 (x − y) (1.260)
ξ
gµν kµ kν
Gµν (k) = −i + i(1 − ξ) 2 (1.261)
k2 + iε (k + iε)2
1.5.1 Paridade
↔
jµ (x) = ie : ϕ∗ ∂ µ ϕ : campo escalar
~ x, t) = Aµ (−~x, t)
Aµext = (A0ext (−~x, t)) − A(−~ (1.266)
Para que a dinâmica do novo sistema seja idêntica à do original (o que se deve
passar se a Paridade for conservada) é necessário que as equações do movimento
não mudem. Isto é garantido se
1.5. Simetrias Discretas 45
As Eqs. (1.267) e (1.268) são as condições a que uma teoria deve obedecer para que
a Paridade seja conservada. Além disso P deve deixar as relações de comutação
invariantes para que a dinâmica quântica seja inalterada. Para cada teoria que
conserve a Paridade, deverá ser possı́vel encontrar um operador unitário P que
verifique estas condições.
Vamos encontrar P para o caso do campo escalar. É fácil de ver que a condição
P = eiP (1.271)
Então
iµ
Pa(k)P −1 = a(k) + i[P, a(k)] + · · · + [P, [· · · , [P, a(k)] · · ·] + · · ·
n!
= −a(−k) (1.272)
λ
[P, a(k)] =
[a(k) + εa(−k)] (1.273)
2
onde λ e ε = ±1 são a determinar. Obtemos
λ2
[P, [P, a(k)]] = [a(k) + εa(−k)] (1.274)
2
e portanto
46 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
" #
−1 1 (iλ)2 (iλ)4
P a(k)P = a(k) + iλ + +···+ + · · · (a(k) + εa(−k))
2 2! n!
1 1
= [a(k) − εa(−k)] + eiλ [a(k) + εa(−k)]
2 2
= −a(−k) (1.275)
Z h
π f b† (p s)b(p, s) − b† (p, s)b(−p, s)
PDirac = exp −i dp 1
2
† †
+ d (p, s)d(p, s) + d (p, s)d(−p · s) (1.280)
C = C1 C2 (1.286)
com
( Z )
X h i
C1 = exp −i f
dp † †
φ(p, s) b (p, s)b(p, s) − d (p, s)d(p, s)
s
( )
π Z f Xh † †
i
C2 = exp i dp b (p, s) − d (p, s) [b(p, s) − d(p, s)] (1.287)
2 s
T = UK (1.289)
onde U é unitário e K é a instrução para tomar o complexo conjugado de todos os
c-numbers. Então
hT ϕf |T ϕi i = hUKϕf |UKϕi i
= hUϕf |Uϕi i∗
T γµ T −1 = γµT = γ µ∗ (1.295)
e que na representação de Dirac temos
T = iγ 1 γ 3 (1.296)
1.5. Simetrias Discretas 49
Aplicando o mesmo tipo de raciocı́nio já usado para P e C podemos agora encontrar
T ou equivalentemente U. Por exemplo para o campo de Dirac notando que
( Z )
Xh i
U1 = exp −i f
dp † †
α+ b (p, s)b(p, s) − α− d (p, s)d(p, s) (1.298)
s
( Z
π Xh
U2 = exp −i f
dp b† (p, s)b(p, s) + b† (p, s)b(−p − s)
2 s
#)
† †
− d (p, s)d(p, s) − d (p, s)d(−p, −s) (1.299)
1.5.4 O Teorema T CP
Este teorema que é devido a Lüdus, Zumino, Pauli e Schwinger tem como con-
sequência importante que sempre que uma das simetrias discretas não é simetria
da teoria, então uma das outras também não será para preservar a invariância do
produto. Para a demonstração do teorema ver, por exemplo, os livros de Bjorken e
Drell e de Itzykson e Zuber.
50 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Problemas Capı́tulo 1
i[P µ , ϕ] = ∂ µ ϕ
Z
d4 k i
e−ik·(x−y) =
(2π) k − m2 + iε
4 2
Z h i
= f θ(x0 − y 0 )e−ik·(x−y) + θ(y 0 − x0 )eik·(x−y)
dk (1.302)
f ≡
onde dk d3 k
.
(2π)3 2k 0
1.4 Mostre que a teoria de Dirac depois de segunda quantificação mantém a in-
variância para as transformações de Lorentz, isto é:
1
i[M µν , ϕ] = (xµ ∂ ν − xν ∂ µ )ϕ + σ µν ϕ ; σ µν = [γ µ , γ ν ] (1.303)
4
Problemas 51
D E
SF (x − y)αβ = θ(x0 − y 0 ) 0|ψα (x)ψ β (y ∗ )|0
D E
−θ(y 0 − x0 ) 0|ψβ (y)ψα (x)|0 (1.305)
corresponde a
Z
d4 p i(p/ + m)αβ −ip·(x−y)
SF (x − y)αβ = e (1.306)
(2π)4 p2 − m2 + iε
~ ·A
A0 = 0 , ∇ ~=0 (gauge de Radiação) (1.308)
1.10
a) Considere o valor de expectação de Aµ no estado |φi. Mostre que
Z
hφ|Aµ |φi = C0∗ C1 f e−ik·x h0| [ε (k, 3)a(k, 3) + ε (k, 0)a(k, 0)] |φ i
dk µ µ 1
Mostre que
Z
hφ|Aµ |φi = f [ε (k, 3) + ε (k, 0)] (C ∗ C e−ik·x f (k) + c.c.)
dk (1.312)
µ µ 0 1
kµ
εµ (k, 3) + εµ (k, 0) = (1.313)
(n · k)
d) Mostre que
onde
⊓Λ = 0
⊔ (1.315)
Comente o resultado.
onde
Σµν,λσ = g µλ g νσ − g µσ g λν (1.317)
[Ȧi (~x, t), Ȧj (~y , t)] = [Ȧ0 (~x, t), Ȧ0 (~y , t)] = 0
[Ȧ0 (~x, t), Ȧi (~y , t)] = i(1 − ξ)∂i δ 3 (~x − ~y ) (1.318)
Problemas 53
onde
! !
1 µ
⊓g µ ρ − 1 −
⊔ ∂ ∂ρ Aρ = 0 (1.320)
ξ
garante
onde
τa
Dµ = ∂µ + iAaµ
2
1 − γ5
PL = (1.324)
2
Mostre que a teoria não é invariante para P nem para C mas sim para o
produto CP.
54 Capı́tulo 1. Quantificação dos Campos Livres
Capı́tulo 2
Vimos no capı́tulo anterior, para o caso de campos livres, como construir o espaço
dos estados da teoria, o chamado espaço de Fock. Quando consideramos o prob-
lema fı́sico real com as interacções presentes não mais seremos capazes de resolver
o problema exactamente. Por exemplo, a interacção entre electrão e fotões é dada
por um conjunto de equações não lineares acopladas
(i∂/ − m)ψ = eA
/ψ
∂µ F µν = eψγ ν ψ (2.1)
que não têm solução exacta. Na prática teremos que recorrer a métodos aproxima-
dos. No capı́tulo seguinte veremos como desenvolver uma teoria das perturbações
covariante. Aqui vamos somente estudar as propriedades gerais da teoria.
Comecemos pelos estados fı́sicos. Como não sabemos resolver o problema exac-
tamente não podemos provar as hipóteses que vamos sobre eles fazer. No entanto
estas são hipóteses razoáveis baseadas essencialmente na covariância de Lorentz.
Escolhemos os nossos estados como estados próprios de energia e momento linear, e
claro de todas as demais observáveis que comutem com P µ . Além disto admitimos
que
ii) Existe um estado base não degenerado com a energia mı́nima que é invariante
de Lorentz. Designa-se este estado por vácuo |0i e por convenção
55
56 Capı́tulo 2. Estados Fı́sicos. Matriz S. Redução LSZ.
pµ |0i = 0 (2.2)
E
iii) Existem estados de uma partı́cula p(i) tais que
p(i)
µ p
(i)µ
= m2i (2.3)
2.2 Estados in
1 1
L = ∂ µ ϕ∂µ ϕ − m2 ϕ2 + j(x)ϕ(x) (2.4)
2 2
onde a corrente j(x) é um operador escalar construı́do pelos campos interactuando
com ϕ no ponto x. Por exemplo, essas interacções podem ser auto-interacções de
forma
λ 4
j(x)ϕ(x) = ϕ (x) (2.5)
4!
ou seja
λ 3
j(x) = ϕ (x) (2.6)
4!
O campo ϕ satisfaz a equação de movimento
⊓ + m2 )ϕ(x) = j(x)
(⊔ (2.7)
e as relações de comutação canónicas, a tempos iguais;
2.2. Estados in 57
onde
ii) A evolução no espaço tempo de ϕin (x) corresponde a uma partı́cula livre de
massa m, isto é
⊓ + m2 )ϕin (x) = 0
(⊔ (2.11)
Destas duas definições resulta que ϕin (x) cria estados de uma partı́cula a partir do
vácuo. De facto consideremos um estados |ni tal que
e portanto
onde se usou o facto de que ϕin (x) é um campo livre (3.7). Portanto os vários
estados criados do vácuo por ϕin são aqueles em que p2n = m2 , isto é, estados de
uma partı́cula de massa m.
A decomposição de Fourier de ϕin (x) é então a mesma do que para campos livres,
isto é,
Z h i
ϕin (x) = f a (k)e−ik·x + a† (k)eik·x
dk (2.16)
in in
onde ain (k) e a†in (k) satisfazem a álgebra usual de operadores de destruição e criação.
Em particular, por aplicação sucessiva de a†in (k) podemos criar um estado de n
partı́culas.
Para escrever ϕin (x) em termos de ϕ(x) e j(x) comecemos por introduzir a função
de Green retardada do operador de K.G.
⊓x + m2 )∆ret (x − y; m) = δ 4 (x − y)
(⊔ (2.17)
onde
O
√ campo ϕin (x) definido por (3.15) satisfaz as duas condições iniciais. A constante
Z foi introduzida para normalizar ϕin de tal forma que tenha amplitude 1 para
criar estados√de uma partı́cula do vácuo. O facto de que ∆ret = 0 para x0 → −∞
sugere que Zϕin (x) é, de alguma forma, um limite de ϕ(x) quando x0 → −∞.
De facto como ϕ e ϕin são operadores, a condição assimptótica correcta deve ser
imposta aos seus elementos de matriz. Sejam |αi e |βi dois estados normalizados.
Definimos os operadores
Z
f ↔
ϕ (t) = i d3 xf ∗ (x) ∂ 0 ϕ(x)
Z
↔
ϕfin =i d3 xf ∗ (x) ∂ 0 ϕin (x) (2.20)
onde f (x) é uma solução normalizável da equação de K.G. Pelo teorema de Green
ϕfin não depende do tempo (para ondas planas f = e−ik·x e ϕfin = ain ). Então a
condição assimptótica (Lehmann, Symanzik e Zimmermann) é:
√
lim hα| ϕf (t) |βi = Z hα| ϕfin |βi (2.21)
t→−∞
2.3. Representação espectral para campos escalares 59
Então
X
∆′ (x, y) = −i h0|ϕ(0)|ni hn|ϕ(0)|0i (e−ipn ·(x−y) − eipn ·(x−b) )
n
≡ ∆′ (x − y) (2.24)
isto é, tal como no caso livre, ∆′ é uma função de x − y. Introduzindo agora
Z
1= d4 q δ 4 (q − pn ) (2.25)
obtemos
Z " #
d4 q X 4
∆′ (x − y) = −i (2π) 3
δ (pn − q)| h0|ϕ(0)|ni |2 (e−iq·(x−y) − eiq·(x−y) )
(2π)3 n
Z
d4 q
= −i 3
ρ(q)(e−iq·(x−y) − eiq·(x−y) ) (2.26)
(2π)
que mede a contribuição para ∆′ dos estados com 4− momento q µ . ρ(q) é invariante
para transformações de Lorentz (como se pode mostrar usando a invariância de ϕ(x)
e as propriedades do vácuo e dos estados |ni) e anula-se quando q não está no cone
de luz do futuro (devido às propriedades assumidas para os estados fı́sicos). Então
podemos escrever
Z
d4 q
∆′ (x − y) = −i ρ(q 2 )θ(q 0 )(e−iq·(x−y) − eiq·(x−y) )
(2π)3
Z Z h i
d4 q
= −i dσ 2 δ(q 2 − σ 2 )ρ(σ 2 )θ(q 0 ) e−iq·(x−y) − eiq·(x−y)
(2π)3
Z ∞
= dσ 2 ρ(σ 2 )∆(x − y; σ) (2.29)
0
onde
Z
d4 q
∆(x − y; σ) = −i 3
δ(q 2 − σ 2 )θ(q 0 )(e−iq·(x−y) − eiq·(x−y) ) (2.30)
(2π)
é a função invariante definida para o comutador de campos livres com massa σ.
A expressão (3.25) é conhecida como a decomposição espectral do comutador de
dois campos. Esta expressão vai-nos permitir mostrar que 0 ≤ Z < 1. Para isso
separamos os estados de uma partı́cula da soma (3.23). Seja |pi um estado de uma
partı́cula de momento p. Então
√ Z
h0|ϕ(x)|pi = Z h0|ϕin (x)|pi + d4 y∆ret(x − y; m) h0|j(y)|pi
√
= Z h0|ϕin (x)|pi (2.31)
pois
D E
h0|j(y)|pi = ⊓ + m2 )ϕ(y)|p =
0|(⊔
⊓ + m2 )e−ip·y h0|ϕ(0)|pi
= (⊔
Z
d3 k
h0|ϕin (x)|pi = e−ik·x h0|ain (k)|pi
(2π)32ωk
= e−ip·x (2.33)
e portanto
Z
ρ(q) = (2π)3 f δ 4 (p − q)Z +
dq contribuições de mais que uma partı́cula
Então
Z ∞
′
∆ (x − y) = Z∆(x − y; m) + dσ 2 ρ(σ 2 )∆(x − y; σ) (2.35)
m21
0≤Z<1 (2.38)
onde a última equação resulta da positividade de ρ(σ 2 ).
Tal como reduzimos a dinâmica para t → −∞ a campos livres ϕin é possı́vel também
definir no limite t → +∞ os campos análogos, ϕout (x). Estes campos serão o estado
final dum problema de difusão. O formalismo é decalcado do caso dos campos ϕin e
por isso escrevemos somente as fórmulas relevantes sem mais demonstrações. ϕout (x)
obedece às relações
i [P µ , ϕout ] = ∂ µ ϕout
62 Capı́tulo 2. Estados Fı́sicos. Matriz S. Redução LSZ.
⊓ + m2 )ϕout = 0
(⊔ (2.39)
e tem a expansão
Z h i
ϕout (x) = f a (k)e−ik·x + a† (k)eik·x
dk (2.40)
out out
⊓x + m2 )∆adv (x − y; m) = δ 4 (x − y)
(⊔
√
h0|ϕ(x)|pi = Z h0|ϕout (x)|pi
√
= Z h0|ϕin (x)|pi
√
= Ze−ip·x (2.44)
2.5 Matriz S
Temos neste momento toda a maquinaria formal necessária ao estudo das amplitudes
de transição entre um estado inicial e um estado final, os chamados elementos da
matriz S. Comecemos por um estado inicial com n partı́culas que não interactuam
(bem separadas)
hβ ; out| = hβ ; in| S
hβ ; in| = hβ ; out| S −1
e portanto
SS † = 1 (2.51)
Mas
Z
−1/2 ↔
hp1 · · · ; out|q1 · · · ; ini = − lim iZ d3 xe−iq1 ·x ∂ 0 hp1 · · · ; out|ϕ(x)|q2 · · · ; ini
t→−∞ t
(2.57)
De igual modo se pode mostrar que
D E
p1 · · · ; out|a†out(q1 )|q2 · · · ; in =
Z
−1/2 ↔
= − lim iZ d3 xe−iq1 ·x ∂ 0 hp1 · · · ; out|ϕ(x)|q2 · · · ; ini (2.58)
t→∞ t
Z Z Z
3
tf ∂
lim − lim d xf (~x, t) = lim dt d3 xf (~x, t)
t→∞ t→−∞ tf →∞,ti →−∞ ti ∂t
Z
= d4 x∂0 f (~x, t) (2.59)
D E
hp1 · · · ; out|q1 · · · ; ini = p1 · · · ; out|a†out (q1 )|q2 · · · ; in
Z h i
−1/2 ↔
+iZ d4 x ∂0 e−iq1 ·x ∂ 0 hp1 · · · ; out|ϕ(x)|q2 · · · ; ini (2.60)
D E
p1 · · · ; out|a†out (q1 )|q2 · · · ; in =
n
X
= (2π)3 δ 3 (~px − ~q1 ) hp1 , · · · , pbk , · · · , ; out|q2 , · · · ; ini (2.61)
k=1
onde pbk significa que esse momento foi retirado desse estado. Para o segundo termo
escrevemos
Z h i
↔
d4 x ∂0 e−iqi x ∂ 0 hp1 · · · ; out|ϕ(x)|q2 · · · ; ini
Z h i
= d4 x ∂02 e−iq1 ·x h· · ·i + e−iq1 ·x ∂02 h· · ·i
Z h i
= d4 x (−∆2 + m2 )e−iq1 ·x h· · ·i + e−iq1 ·x ∂02 h· · ·i
Z
= d4 xe−iq1 ·x (⊔
⊓ + m2 ) hp1 · · · ; out|ϕ(x)|q2 · · · ; ini (2.62)
onde se usou (⊔⊓ + m2 )e−iq1 ·x = 0 e fez uma integração por partes (o que para
ser rigorosamente justificado exigiria a substituição de ondas planas por grupos de
ondas).
Portanto depois deste primeiro passo na redução obtemos
n
X
= 2p0k (2π)3 δ 3 (~pk − ~q1 ) hp1 , · · · pbk ; · · · pn ; out|q2 · · · q2 · · · qℓ ; ini
k=1
Z
−1/2
+iZ d4 xe−iq1 x (⊔
⊓ + m2 ) hp1 · · · pn ; out|ϕ(x)|q2 · · · qℓ ; ini (2.63)
Não é muito difı́cil generalizar este método para obter a fórmula final de redução
para campos escalares
z
2.7. Fórmula de redução para fermiões 67
⊓y1 + m2 ) · · · (⊔
(⊔ ⊓xℓ + m2 ) h0|T ϕ(y1) · · · ϕ(yn )ϕ(x1 ) · · · ϕ(xℓ )|0i (2.66)
xn xl
. . ..
G(x1 · · · xn ) = (2.68)
.... xi
x1
Os campos ψin (x) produzem somente estados de uma partı́cula e estão relacionados
com os campos ψ(x) por
q Z
Z2 ψin (x) = ψ(x) − d4 ySret(x − y, m)j(y) (2.70)
(i∂/x − m)Sret (x − y, m) = δ 4 (x − y)
satisfazendo os operadores bin , din e seus adjuntos exactamente a mesma álgebra que
no caso dos campos livres. A condição assimptótica é agora
q
f f
lim hα| ψ (t) |βi = Z2 hα| ψin |βi (2.74)
t→−∞
f
onde ψ f (t) e ψin têm significados semelhantes à Eq. (2.20).
Para os campos ψout obtemos essencialmente as mesmas expressões, com ψin
substituı́do por ψout . As diferenças são na condição assimptótica
q
f
lim hα| ψ f (t) |βi = Z2 hα| ψout |βi (2.75)
t→∞
onde
(i∂/x − m)Sadv (x − y; m) = δ 4 (x − y)
′
Sαβ (x, y) ≡ i h0| {ψα (x), ψ β (y)} |0i
X
= i h0| ψα (0) |ni hn| ψ β (0) |0i e−ipn (x−y)
n
+ h0| ψ β (0) |ni hn| ψα (0) |0i eipn ·(x−y)
′
≡ Sαβ (x − y) (2.78)
Procuramos agora encontrar a forma geral de ραβ (q) usando argumentos de in-
variância. ραβ (q) é uma matriz 4 × 4 e pode portanto ser escrita na forma
µ µν 5
ραβ (q) = ρ(q)δαβ + ρµ (q)γαβ + ρµν (q)σαβ + ρ̃(q)γαβ + ρ̃µ (q)(γ µ γ 5 )αβ (2.80)
Argumentos de invariância restringem a forma dos coeficientes ρ(q), ρµ (q), ρµν (q),
ρ̃(q) e ρ̃µ (q). Para isso usamos as propriedades dos campos para transformações de
Lorentz, isto é
S −1 γ µ S = aµ ν γ ν (2.81)
ραβ (q) = ρe1 (q 2 )q/αβ + ρ2 (q 2 )δαβ + ρ̃1 (q 2 )(q/γ 5 )αβ + ρ̃2 (q 2 )γαβ
5
(2.84)
isto é, ραβ (q) está determinado a menos de 4 funções escalares de q 2 . Exigindo
invariância da teoria para a Paridade obtemos em vez da Eq. (2.82)
0
ραβ (~q, q0 ) = γαλ ρλδ (−~q, q 0 )γδβ
0
(2.85)
o que inserido na Eq. (2.84) implica
Z ∞ n
′
Sαβ (x − y) = dσ 2 ρ1 (σ 2 )Sαβ (x − y; σ)+
0
h i o
+ σρ1 (σ 2 ) − ρ2 (σ 2 ) δαβ ∆(x − y; σ) (2.88)
onde ∆ e Sαβ são as funções definidas para os campos livres. Pode-se mostrar que
i) ρ1 e ρ2 são reais
ii) ρ1 (σ 2 ) ≥ 0
iii) σρ1 (σ 2 ) − ρ2 (σ 2 ) ≥ 0
′
Sαβ (x − y) = Z2 Sαβ (x − y; m)
Z ∞
2
+ dσ ρ1 (σ 2 )Sαβ (x − y; σ)
m21
h i
+ σρ1 (σ 2 ) − ρ2 (σ 2 ) δαβ ∆(x − y; σ) (2.89)
Z
1 = Z2 + dσ 2 ρ1 (σ 2 ) (2.90)
m21
ou seja
0 ≤ Z2 < 1 (2.91)
Para obter a fórmula de redução para fermiões vamos proceder como no caso do
campo escalar. A única dificuldade reside nos ı́ndices spinoriais. Os operadores de
criação e destruição exprimem-se em termos dos campos ψin por
Z
bin (p, s) = d3 xu(p, s)eip·x γ 0 ψin (x)
Z
d†in (p, s) = d3 xv(p, s)e−ip·x γ 0 ψin (x)
Z
b†in (p, s) = d3 xψ in (x)γ 0 e−ip·x u(p, s)
Z
din (p, s) = d3 xψ in (x)γ 0 eip·x v(p, s) (2.92)
D E
hβ; out|(ps)α; ini = β; out|b†in (p, s)|α, in
D E
= hβ − (p, s); out|α; ini + β; out|b†in (p, s) − b†out (p, s)|α; in
= termos desconexos
Z D E
+ d3 x β; out|ψin (x) − ψ out (x)|α; in γ 0 e−ip·x u(p, s)
= termos desconexos
Z D E
1
− lim − lim √ d3 x β; out|ψ(x)|α; in γ 0 e−ip·x u(p, s)
t→+∞ t→−∞ Z2
= termos desconexos
72 Capı́tulo 2. Estados Fı́sicos. Matriz S. Redução LSZ.
Z hD E
−1/2
−Z2 d4 x β; out|∂0 ψ(x)|α; in γ 0 e−ip·x u(p, s)
D E i
+ β; out|ψ(x)|α; in γ 0 ∂0 (e−ip·x u(p, s)) (2.93)
Usando agora
D E
β; out|b†in (ρ, s)|α; in = termos desconexos
Z D E
−1/2 ←
−iZ2 d4 x β; out|ψ(x)|α; in (−i∂/x − m)e−ip·x u(p, s) (2.95)
D E
β; out|d†in(p, s)|α; in = termos desconexos
Z
−1/2
+iZ2 d4 xe−ip·x v(p, s)(i∂/x − m) hβ; out|ψ(x)|α; ini (2.96)
enquanto que a redução de uma partı́cula ou duma antipartı́cula no estado final dão,
respectivamente,
hout; (p′1 , s′1 ) · · · , (p′1 , s′1 ) · · ·| = h0| · · · dout (p′1 , s′1 ), · · · bout (p′1 , s′1 ) (2.101)
hout; (p′1 , s′1 ) · · · , (p′1 , s′1 ) · · · |(p1 , s1 ), · · · (p1 , s1 ), · · · ; ini = termos desconexos
Z
−1/2 −1/2 ′
+(−iZ2 )n (iZ2 )n d4 x1 · · · d4 y1 · · · d4 x′1 · · · d4 y1′ · · ·
P P P P
(p′i ·x′i )+i (p′i ·yi′ )
e−i (pi ·xi )−i (pi ·yi ) +i
e
h i
′ ′ ′ ′
h0| T ψ(ym ′ ) · · · ψ(y1 )ψ(xℓ′ ) · · · ψ(x1 )ψ(x1 ) · · · ψ(xℓ )ψ(y1 ) · · · ψ(ym ) |0i (2.103)
1
Havendo conservação de número leptónico o número de partı́culas menos número de an-
tipartı́culas é conservado, isto é
ℓ − m = ℓ ′ − m′
74 Capı́tulo 2. Estados Fı́sicos. Matriz S. Redução LSZ.
x’l’ y’1
x’1 y’m’
.. . ...
... ...
x1 ym
xl y1
Figura 2.1:
O formalismo LSZ para fotões apresenta algumas dificuldades resultantes das par-
ticularidades do campo electromagnético. Quando se adopta um formalismo (gauge
de radiação) onda as únicas componentes do campo Aµ são as transversais (como
por exemplo no Bjorken e Drell) os problemas aparecem em mostrar a invariância
de Lorentz e de gauge da matriz S. No formalismo da métrica indefinida que nós
adoptámos as dificuldades residem com os estados de métrica negativa, para além
da invariância de gauge.
Nós vamos aqui passar por cima de todos estes pontos delicados e admitir que
podemos definir campos in pela relação
q Z
Z3 Aµin (x) = Aµ (x) − µν
d4 yDret (x − y)jν (y) (2.104)
e igualmente para os campos out
q Z
Z3 Aµout (x) µ
= A (x) − µν
d4 yDadv (x − y)jν (y) (2.105)
onde
⊓Aµin = ⊔
⊔ ⊓Aµout = 0
⊓Aµ = j µ
⊔
µν
⊓Dadv
⊔ ret = δ µν δ µ (x − y) (2.106)
Os campos in e out são campos livres e têm portanto uma decomposição de
Fourier em ondas planas e operadores de criação e destruição da forma
2.8. Fórmula de redução para fotões 75
Z 3 h
X i
Aµin (x) f
dk ain (k, λ)εµ (k, λ)e−ik·x + a†in (k, λ)εµ (k, λ)eik·x (2.107)
λ=0
e portanto
Z
↔
ain (k, λ) = −i d3 xeik·x ∂ 0 εµ (k, λ)Ain
µ (x)
Z
↔
a†in (k, λ) = i d3 xe−ik·x ∂ 0 εµ (k, λ)Ain
µ (x) (2.108)
onde, como habitualmente, ain (k, λ) e a†in (k, λ) são independentes no tempo. Na
expressão Eq. (2.107) aparecem todas as polarizações, mas como os elementos da
matriz S serão entre estados fı́sicos, as polarizações longitudinais e escalar não con-
tribuem.
Neste formalismo aquilo que é complicado discutir é a representação espectral.
Nós não vamos entrar nesses detalhes e dizemos, simplesmente, que se pode mostrar
que 0 ≤ Z3 < 1 e que Z3 é independente de gauge. A fórmula de redução obtém-se
facilmente. Temos
D E
hβ; out|(kλ)α; ini = hβ − (k, λ); out|α; ini + β; out|a†in (k, λ) − a† out(k, λ)|αin
= termos desconexos
Z
↔
+i d3 xe−ik·x ∂ 0 εµ (k, λ) hβ; out|Aµin (x) − Aµout (x)|α; ini
= termos desconexos
Z
−1/2 ↔
−i( lim − lim )Z3 d3 xe−ik·x ∂ 0 hβ; out|Aµ (x)|α; ini εµ (k, λ)
t→+∞ t→−∞
= termos desconexos
Z
−1/2 ↔
−iZ3 d4 xe−ik·x ∂ 0 hβ; out|Aµ(x)|α; ini εµ (k, λ)
= termos desconexos
Z
−1/2
−iZ3 d4 xe−ik·x ⊔
~ x hβ; out|Aµ (x)|α; ini εµ (k, λ)
⊓ (2.109)
y1 yn
. . ..
.... xl
x1
Figura 2.2:
!n+ℓ Z h P Pℓ i
−i 4 4 4 4 i
n
ki′ ·yi −i ki ·xi
+ √ d y1 · · · d yn d x1 · · · d xℓ e
Z3
′ ′
εµ1 (k1 , λ1 ) · · · εµℓ (kℓ , λℓ )ε∗µ1 (k1′ , λ′1 ) · · · ε∗µn (kn′ , λ′n )
⊓y1 · · · ⊔
⊔ ⊓xℓ h0| T (Aµ′1 (y1 ) · · · Aµ′n (yn )Aµ1 (x1 ) · · · Aµℓ (xℓ ) |0i (2.110)
T →∞
Mas
Z Z T 2
F ≡ d3 x dx0 ei(Pf −Pi )·x = V δP~f P~j sin |T (Ef − Ei )| (2.115)
V −T |Ef − Ei |
O quadrado desta expressão é agora calculável e dá
4
|F |2 = V 2 δP~f ,P~i sin2 |T (Ef − Ei )| (2.116)
|Ef − Ei |2
Se quisermos a taxa de transição por unidade de tempo e por unidade de volume
dividimos por V 2T . Então
sin2 T (Ef − Ei )
Γf i = lim V δP~f ,P~i 2 |Tf i |2 (2.117)
V →∞ T (Ef − Ei )2
T →∞
Usando agora os resultados
sin2 T (Ef − Ei )
lim 2 = (2π)δ(Ef − Ei ) (2.118)
T →∞ T (Ef − Ei )2
obtemos a taxa de transição por unidade de volume e por unidade de tempo
n
1 1 Y d 3 pj
dσ = Γf i 0 3
(2.120)
ρ1 ρ2 |~v12 | j=3 2pj (2π)
onde
o que exibe bem o carácter invariante de Lorentz de cada uma das partes que entram
na secção eficaz. Os factores do fluxo incidente e do espaço da fase são puramente
cinemática. A fı́sica está no elemento da matriz Tf i .
De notar que na nossa convenção, fermiões e bosões têm a mesma normalização,
isto é, os estados de uma partı́cula obedecem a
Problemas Capı́tulo 2
2.1 Mostre que a representação espectral para os fermiões ραβ (q) satisfaz
a) ρ(q) = S −1 (a)ρ(qa−1 )S(a)
b) ραβ (~q, q 0 ) = γαλ
0
ρλδ (−~q, q 0 )γδβ
0
2.2 Use os resultados do problema anterior para mostrar que numa teoria que con-
serva a Paridade, como QED,
3.1 A matriz U
Neste capı́tulo vamos ver como desenvolver um método de cálculo para as funções
de Green da teoria. De tudo o que vimos nos dois últimos capı́tulos ressalta que só
sabemos como calcular para campos livres, como eram por exemplo os campos in
e out. Ora as funções de Green em que estamos interessados são dadas em termos
dos campos fı́sicos com interacções com os quais não sabemos calcular. Vamos aqui
desenvolver o formalismo que permite exprimir os campos fı́sicos em termos dos
campos in por meio duma série perturbativa e assim conseguir calcular as funções
de Green em teoria das perturbações. Para isso começamos por definir a matriz U.
Os campos fı́sicos com interacções ϕ(~x, t) e os seus momentos conjugados π(~x, t)
satisfazem as mesmas relações de comutação a tempos iguais que os campos in,
ϕin (~x, t) e os seus momentos conjugados πin (~x, t). Além disso tanto ϕ como ϕin
formam conjuntos completos de operadores, no sentido de que qualquer estado pode
ser obtido por aplicação de ϕ ou ϕin no vácuo. Isto implica que deve haver uma
transformação unitária U(t) que relacione ϕ com ϕin , ou seja,
∂ϕin
(x) = i[Hin (ϕin , πin ), ϕin ]
∂t
81
82 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
∂πin
(x) = i[Hin (ϕin , πin ), πin ] (3.2)
∂t
e
∂ϕ
(x) = i[H(ϕ, π), ϕ]
∂t
∂π
(x) = i[H(ϕ, π), π] (3.3)
∂t
Então das Eqs. (3.2) e (3.1) resulta
∂ h i
ϕ̇in (x) = U(t)ϕ(x)U −1 (t)
∂t
h i
= U̇ (t)U −1 (t), ϕin + i [H(ϕin , πin ), ϕin (x)]
h i
= ϕ̇in (x) + U̇ U −1 + iHI (ϕin , πin ), ϕin (3.4)
onde
∂U(t)
i = HI′ (t)U(t) (3.9)
∂t
A solução desta equação em termos dos campos in é a base da teoria das per-
turbações.
Para integrar a Eq. (3.9) precisamos duma condição inicial. Para isso introduzi-
mos o operador
U(t, t) = 1 (3.11)
É fácil de ver que U(t, t′ ) satisfaz a Eq. (3.9) isto é
∂U(t, t′ )
= HI′ (t)U(t, t′ )
i (3.12)
∂t
Para prosseguirmos transformamos a Eq. (3.12) numa equação integral equivalente,
isto é,
Z t
U(t, t′ ) = 1 − i dt1 HI′ (t1 )U(t1 , t′ ) (3.13)
t′
Esta equação pode ser iterada obtendo-se a expansão
Z t Z t Z t1
U(t, t′ ) = 1 − i dt1 HI′ (t1 ) + (−i)2 dt1 HI′ (t1 ) dt2 HI (t2 )
t′ t′ t′
Z t Z t1 Z tn−1
n
+ · · · + (−i) dt1 dt2 · · · dtn HI′ (t1 ) · · · HI′ (tn )
t′ t′ t′
+··· (3.14)
Claro que esta expansão só poderá ser útil de alguma forma se HI tiver um
parâmetro pequeno e se puderem desprezar termos a partir de certa ordem. Voltando
à Eq. (3.14), como t1 ≥ t2 ≥, · · · tn o produto é ordenado no tempo e podemos
escrever
∞
X Z t Z t1 Z tn−1
′ n
U(t, t ) = 1 + (−i) dt1 dt2 · · · dtn T (HI′ (t1 ) · · · HI′ (tn )) (3.15)
n=1 t′ t′ t′
Z t Z t1 Z t Z t2
dt1 dt2 T (HI′ (t1 )HI′ (t2 )) = dt2 dt1 T (HI′ (t1 )HI′ (t2 ))
t′ t′ t′ t′
Z Z
1 t t
= dt1 dt2 T (HI′ (t1 )H2′ (t2 )) (3.16)
2 t′ t′
1 1
Em geral, para n integrações, em vez de 2
será n!
pelo que obtemos
∞ Z Z
X (−i)n t t
U(t, t′ ) = 1 + dt1 · · · dtn T (HI′ (t1 ) · · · HI′ (tn ))
n=1 n! t′ t′
Z t
≡ T exp[−i dtHI′ (t)]
t′
84 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
Z t
= T exp[−i d4 xHI (ϕin )] (3.17)
t′
Como vimos no capı́tulo anterior, a técnica de redução de LSZ reduz o cálculo dos
elementos da matriz S a um ingrediente básico, as chamadas funções de Green. Estas
são valores de expectação no vácuo de produtos ordenados no tempos de campos de
Heisenberg, ϕ(x):
Z t
−1
G(x1 , · · · , xn ) = h0| U (t)T ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) exp[−i HI′ (t′ )dt′ ] U(−t) |0i
−t
(3.22)
3.2. Expansão perturbativa das funções de Green 85
onde fp (~x, t) = e−ip·x . Agora vamos usar a Eq. (3.1) para expressar ϕin (~x, −t) em
termos de ϕ(~x, −t). Obtemos:
hαp; in|U(−t)|0i =
Z D E
↔′
= −i d3 xfp∗ (~x, −t′ )∂ 0 α; in|U(−t′ )ϕ(~x, −t′ )U −1 (−t′ )U(−t)|0
Z h ←
= −i d3 xfp∗ (~x, −t′ ) − ∂ 0′ hα; in| U(−t′ )ϕ(~x, −t′ )U −1 (−t′ )U(−t) |0i
i
+ hα; in| U(−t′ )ϕ̇(~x, −t′ )U −1 (−t′ )U(−t) |0i
Z ′
+i d3 xfp∗ (~x, −t′ ) hα; in| U̇(−t′ )ϕ(~x, −t′ )U −1 (−t′ )U(−t) |0i
Z
+i d3 xfp∗ (~x, −t′ ) hα; in| U(−t′ )ϕ(~x, −t′ )U̇ −1 (−t′ )U(−t) |0i (3.24)
√
hαp; in| U(−t) |0i = Z hα; in| U(−t)ain (p) |0i
+ hα; in| U̇ (−t)ϕ(~x, −t) + U(−t)ϕ(~x, −t)U̇ −1 (−t)U(−t) |0i (3.25)
Agora o primeiro termo na Eq. (3.25) é zero pois ain (p) |0i = 0. O segundo também
é zero pois (omitindo o argumento para simplificar)
para todos os estados in que contenham pelo menos uma partı́cula. Isto quer dizer
que
Z t
G(x1 , · · · xn ) = λ− λ∗+ h0| T ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) exp −i HI′ (t′ )dt′ |0i (3.30)
−t
Usando este resultado podemos escrever a função de Green Eq. (3.30) na forma
t R
h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) exp[−i −t dt′ HI′ (t′ )]) |0i
G(x1 , · · · , xn ) = Rt (3.32)
h0| T (exp[−i −t dt′ HI′ (t′ )) |0i
HI′ = HI + E0 (3.33)
3.3. Teorema de Wick 87
t R
e notando que E0 não é um operador, aparece-nos um factor exp[−i −t dt′ E0 (t′ )]
tanto no numerador como no denominador, cancelando no final. A expressão final
obtém-se da Eq. (3.32) substituindo HI′ por HI . Obtemos portanto
R
t
h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) exp[−i −t dt′ HI (t′ )]) |0i
G(x1 · · · , xn ) = Rt
h0| T (exp[−i −t dt′ HI (t′ )) |0i
P∞ (−i)m R∞
4 4
m=0 m! −∞ d y1 · · · d ym h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xm )HI (y1 ) · · · HI (ym ) |0i
= P∞ (−i)n R +∞ 4 4
n=0 n! −∞ d y1 · · · d yn h0| T (HI (y1 ) · · · HI (yn )) |0i
(3.34)
Para calcularmos as amplitudes que aparecem na Eq. (3.34) temos que mover os
operadores de destruição para a direita até actuarem no vácuo. O resultado final é
o teorema de Wick que tem a seguinte expressão
= [h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )) |0i h0| T (ϕin (x3 )ϕin (x4 )) |0i : ϕin (x5 ) · · · ϕin (xn ) + perm. ]
+···
h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )) |0i · · · h0| T (ϕin (xn−1 )ϕin (xn )) |0i + perm.
n par
+
h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 ) |0i · · · h0| T (ϕin (xn−2 )ϕin (xn−1 )) |0i ϕin (xn ) + perm.
n ı́mpar
(3.35)
Demonstração :
A demonstração faz-se por indução. Para n = 1 é certamente verdadeiro (e
trivial). Também é fácil de verificar para n = 2. De facto
88 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
T (ϕin (x1 )ϕin (x2 ) =: ϕin (x1 )ϕin (x2 ) : + h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )) |0i (3.38)
+··· (3.39)
Para escrever a Eq. (3.39) na forma Eq. (3.35) é necessário encontrar a regra
para introduzir ϕin (xn + 1) no interior do produto normal. Para isso notemos que
se
(+) (−)
ϕin (x) = ϕin (x) + ϕin (x) (3.40)
(+) (−)
onde ϕin (x) contém o operador de destruição e ϕin (x) o operador de criação pode-
mos escrever
XY (−) Y (+)
: ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) := ϕin (xi ) ϕin (xj ) (3.41)
A,B i∈A j∈B
onde a soma é sobre todos os conjuntos A, B que constituem partições dos n ı́ndices.
Então
(+) (−)
h0| ϕin (xk )ϕin (xn+1 ) |0i = h0| ϕin (xk )ϕin (xn+1 ) |0i
= h0| T (ϕin (xk )ϕin (xn+1 ) |0i (3.43)
onde se usou o facto de tn+1 ser o tempo mais cedo. Podemos portanto escrever a
Eq. (3.42) na forma
: ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn ) : ϕin (xn+1 ) =: ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn+1 ) :
X
+ : ϕin (x1 ) · · · ϕin (xk−1 )ϕin (xk+1 ) · · · ϕin (xn ) : h0| T (ϕin (xk )ϕin (xn+1 ) |0i
k
(3.44)
Com este resultado a Eq. (3.39) toma a forma geral da Eq. (3.35) para n + 1
provando portanto o teorema. É conveniente tentar fazer o caso n = 4 para se ver
a mecânica do teorema a trabalhar. A importância do teorema de Wick resulta dos
seguintes corolários.
Corolário 1 : Se n é ı́mpar h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn )) |0i = 0 o que obviamente
é consequência das Eqs. (3.35) e (3.37) e de
Corolário 2: Se n é par
h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 )) |0i
= h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )) |0i h0| T (ϕin (x3 )ϕin (x4 ) |0i
+ h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x3 )) |0i h0| T (ϕin (x2 )ϕin (x4 )) |0i
+ h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x4 )) |0i h0| T (ϕin (x2 )ϕin (x3 )) |0i
onde
Z
d4 k i
∆F (x − y) = 4 2 2
e−ik(x−y) (3.48)
(2π) k − m + iǫ
é o propagador de Feynman da teoria livre para o caso de campos escalares.
É conveniente usar uma representação gráfica para estes propagadores. Temos,
no espaço das configurações,
Z
d4 k i
y x ∆F (x − y) = e−ik·(x−y) (3.49)
(2π) k − m2 + iǫ
4 2
Z
d4 p i(p / + m)
y x SF (x − y)αβ = αβe−ip·(x−y) (3.50)
β p α (2π)4 p2 − m2 + iǫ
k Z
d4 k −ig µν −ik·(x−y)
x y DFµν (x − y) = e (3.51)
µ ν (2π)4 k 2 + iǫ
respectivamente para campos escalares, spinoriais e para o fotão (na gauge de Feyn-
man).
Como o Hamiltoniano de interacção está ordenado normalmente não haverá con-
tracções entre os campos que aparecem em HI , mas somente com os outros campos
3.3. Teorema de Wick 91
x3 x4 x3 x4
y1 y2 y1 y2
x1 x2 x1 x3 x4 x2
x3
y2
y1 y2
y1
x1 x2
x1 x2
Figura 3.1:
λ2
h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 ) : ϕ4in (y1 ) :: ϕ4in (y2 ) : |0i (3.53)
(4!)2
y3 y4 y3 y4
y5
y1 y2
y1 y2 y1 y2
a) b) c)
Figura 3.2:
Vimos na secção anterior exemplos do numerador da Eq. (3.34). Vamos aqui olhar
para o denominador, as chamadas amplitudes vácuo - vácuo sem linhas externas.
Continuando a usar como exemplo a teoria λϕ4 alguns dos diagramas contribuindo
para essas amplitudes são as indicadas na Fig. (3.2). Os diagramas associados com
o numerador da Eq. (3.34) podem ser separados unicamente numa parte conexa
e noutra desconexa. Para todos os diagramas que têm como parte conexa uma
contribuição que é de ordem s na interacção HI o numerador de G(x1 · · · xn ) toma
a forma
∞ Z
X (−i)p
d4 y1 · · · d4 yp h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn )HI (y1 ) · · · HI (ys )) |0ic
p=0 p!
p!
× h0| T (HI (ys+1) · · · HI (yp )) |0i (3.54)
s!(p − s)!
onde o ı́ndice c indica que só as partes conexas são incluı́das. O factor combinatório
p p!
= (3.55)
s s!(p − s)!
Z
(−i)s
d4 y1 · · · d4 ys h0| T (ϕin (x1 ) · · · ϕin (xn )HI (y1 ) · · · H(ys )) |0ic
s!
∞
X (−i)r Z 4
× d z1 · · · d4 zr h0| T (HI (z1 ) · · · HI (zr )) |0i (3.56)
r=0 r!
3.5. Regras de Feynman para λϕ4 93
Esta equação tem a forma dum diagrama conexo de ordem s vezes uma série
infinita de amplitudes vácuo-vácuo, que cancela exactamente o denominador. Isto
é verdade para qualquer ordem pelo que podemos escrever
P P P
i Gi (x1 · · · xn ) ( i Gci (x1 , · · · xn ))( k Dk )
G(x1 , · · · xn ) = P = P
k Dk k Dk
X
= Gci (x1 · · · yn ) (3.57)
i
onde Gci são os diagramas conexas e Dk os disconexos. Este resultado quer dizer em
termos simples que podemos esquecer completamente todos os diagramas desconexas
e considerar apenas os diagramas conexas no cálculo das funções de Green. Esta é
simplesmente a soma de todos os diagramas de Feynman conexos. Assim a estrutura
da Eq. (3.34) simplifica-se enormemente.
⊓x1 + m2 ) · · · (⊔
(⊔ ⊓x4 + m2 ) h0| T (ϕ(x1 )ϕ(x2 )ϕ(x3 )ϕ(x4 )) |0i (3.59)
Para a função de Green usamos as fórmulas das Eqs. (3.34) e (3.57) e escrevemos
∞ Z
X (−iλ)p
G(x1 , x2 , x3 , x4 ) = d4 z1 · · · d4 zp
0 p!
ϕ4in (z1 ) ϕ4 (zp )
h0| T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 ) : : · · · : in :) |0i (3.60)
4! 4!
Como o caso p = 0 é trivial (não há interacção) começamos pelo caso p = 1
94 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
x3 x4
x1 x2
Figura 3.3:
p=1
Z !
ϕ4 (z)
G(x1 , x2 , x3 , x4 ) = (−iλ) d z h0| T ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 ) : in
4
: |0i
4!
Z
4!
= (−iλ) d4 z∆F (x1 − z)∆F (x2 − z)∆F (x3 − z)∆F (x4 − z)
4!
(3.61)
Z
G(x1 , · · · x4 ) = (−iλ) d4 zd4 q1 · · · d4 q4 e−iq1 ·x1 −iq2 x2 −iq3 x3 −iq4 x4 +i(q1 +q2 +q3 +q4 )·z
(2π)4 δ 4 (q1 + q2 + q3 + q4 )∆F (q1 )∆F (q2 )∆F (q3 )∆F (q4 )
3.5. Regras de Feynman para λϕ4 95
p’1 p’2
-i λ
p1 p2
Figura 3.4:
(3.64)
p=2
G(x1 , · · · x4 ) =
Z !
(−iλ)2 ϕ4 (z1 ) ϕ4in (z2 )
= d z1 d z2 h0| T ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 ) : in
4 4
:: : |0ic
2! 4! 4!
Z
(−iλ)2 4×3 4×3
= d4 z1 d4 z2 × ×2
2! 4! 4!
∆F (x1 − z1 )∆F (x2 − z1 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z2 − x3 )∆F (z2 − x4 )
96 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
+∆F (x1 − z1 )∆F (x2 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − x3 )∆F (z2 − x4 )
+∆F (x1 − z1 )∆F (x2 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − x4 )∆F (z2 − x3 )
+∆F (x1 − z2 )∆F (x2 − z2 )∆F (z2 − z1 )∆F (z2 − z1 )∆F (z1 − x3 )∆F (z1 − x4 )
+∆F (x1 − z2 )∆F (x2 − z1 )∆F (z1 − z2 )∆F (z2 − z1 )∆F (z1 − x3 )∆F (z2 − x4 )
+ ∆F (x1 − z2 )∆F (x2 − z1 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − x4 )∆F (z1 − x3 )
Z
(−iλ)2
= d4 z1 d4 z2
2!
x3 x4 x3 x4 x3 x4
1
__ z1 z2 1 z
__ z2 1 z
__ z2
1 1
2 2 2
x1 x2 x1 x2 x1 x2
+ (z1 ↔ z2 ) (3.67)
Vamos agora passar para o espaço dos momentos. Comecemos pelo diagrama a)
G(a) (x1 , x2 , x3 , x4 ) =
Z
(−iλ)2 1
= d4 z1 d4 z2 ∆F (x1 − z1 )∆F (x2 − z1 )∆F (z1 − z2 )∆F (z1 − z2 )
2! 2
∆F (z2 − x3 )∆F (z2 − x4 )
Z
(−iλ)2 1 d4 q1 d4 q2 d4 q3 d4 q4 d4 q5 d4 q6
= d4 z1 d4 z2
2! 2 (2π)4 (2π)4 (2π)4 (2π)4 (2π)4 (2π)4
ei[(q1 ·x1 +q2 ·x2 −q3 ·x3 −q4 ·x4 )+z1 ·(q5 −q1 −q2 +q6 )+z2 ·(q3 +q4 −q5 −q6 )]
∆F (q1 )∆F (q2 )∆F (q3 )∆F (q4 )∆F (q5 )∆F (q6 )
Z
(−iλ)2 1 d4 q1 d4 q5 4
= (2π)4 · · · δ (q1 + q2 − q3 − q4 ) ei[q1 ·x1 +q2 ·x2 −q2 ·x3−q4 ·x4 ]
2! 2 (2π)4 (2π)4
3.5. Regras de Feynman para λϕ4 97
∆F (q1 )∆F (q2 )∆F (q3 )∆F (q4 )∆F (q5 )∆F (q1 + q2 − q5 ) (3.68)
Z
(a) ′ ′
Sf i = (i)4 d4 x1 · d4 x4 e−i[p1·x1 +p2 ·x2 −p1 ·x3 −p2 ·x4 ]
⊓x1 + m2 ) · · · (⊔
(⊔ ⊓x4 + m2 )G(a) (x1 , · · · , x4 ) (3.69)
⊓xi + m2 ) → (−qi2 + m2 )
(⊔ (3.70)
e portanto usando
Z Z
(a) (−iλ)2 1 4 4 d4 q1 d4 q5
Sf i = d x1 · · · d x4 · · · (2π)4 δ 4 (q1 + q2 − q3 − q4 )
2! 2 (2π)4 (2π)4
′ ′
e−i[x1 ·(p1 −q1 )+x2 ·(p2 −q2 )−x3 ·(p1 −q3 )−x4 ·(p2 −q4 )] ∆F (q5 )∆F (q1 + q2 − q5 )
Z
(−iλ)2 1 d4 q1 d4 q5
= · · · (2π)4 δ 4 (q1 + q2 − q3 − q4 )(2π)4 δ 4 (p1 − q1 )
2! 2 (2π)4 (2π)4
(2π)4 δ 4 (p2 − q2 )(2π)4 δ 4 (p′1 − q3 )(2π)4 δ 4 (p′2 − q4 )∆F (q5 )∆F (q1 + q2 − q5 )
Z
(−iλ)2 1 d4 q5
= (2π)4 δ 4 (p1 + p2 − p′1 − p′2 )∆F (q5 )∆F (p1 + p2 − q5 ) (3.72)
2! 2 (2π)4
(a) 4 4 (−iλ) 2
1 Z d4 q
Sf i = (2π) δ (p1 + p2 − p′1 − p′2 ) ∆F (q)∆F (p1 + p2 − q) (3.73)
2! 2 (2π)4
Z
(a+a′ ) 1 d4 q
Sf i = (2π)4 δ 4 (p1 + p2 − p′1 − p′2 )(−iλ)2 ∆F (q)∆F (p1 + p2 − q) (3.74)
2 (2π)4
p’1 p’2
1
__ q q-p1-p2
2
p1 p2
Figura 3.5:
Z
(a+a′ ) 21 d4 q
−iTf i = (−iλ) ∆F (q)∆F (p1 + p2 − q) (3.75)
2 (2π)4
Para este resultado desenhamos o diagrama de Feynman da Fig. (3.5), que tem a
mesma topologia de a) e a′ ) mas agora no espaço dos momentos. Assim vemos
que para calcular a matriz −iT , associamos a cada vértice o factor (−iλ), a cada
R d4 q
linha interna o propagador ∆F e por cada loop o integral (2π) 4 . Além disso há
(c+c′ ) 1 Z d4 q
−iTf i = (−iλ)2 4
∆F (q)∆F (q − p1 + p′2 ) (3.77)
2 (2π)
a que correspondem os diagramas da Fig. (3.6).
Depois deste exercı́cio estamos em condições de enunciar com toda a generalidade
as regras de Feynman para a teoria λϕ4 para o cálculo dos elementos de matriz −iT ,
isto é, depois de factorizar o (2π)4 δ 4 (· · ·). Estas são (para um processo com n pernas
exteriores):
p’1 p’2
p’1 p’2
q-p1-p’1
1 1 q-p1-p’2
__ __
2 2
q q
p1 p2 p1 p2
Figura 3.6:
R
d q 4
4. Por cada loop incluir o integral (2π)4 . O sentido deste momento é irrelevante
nesta teoria mas tem que haver conservação de 4 - momento em cada vértice.
Passemos agora ao caso de QED. Também é uma teoria sem derivadas na interacção
que é portanto
LQED
I = eψ in γ µ ψin Ain
µ (3.80)
100 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
= h0| T (ψ(x1 ) · · · ψ(xn )ψ(xn+1 ) · · · ψ(x2n )Aµ1 (y1 ) · · · Aµp (yp )) |0i (3.81)
onde omitiremos os ı́ndices spinoriais nos campos fermiónicos. Esta expressão está
escrita em termos dos campos fı́sicos. Seguindo um processo idêntico ao do caso dos
campos escalares podemos derivar uma fórmula para G em termos dos campos in.
Será
R
µ d4 zLI (z)]
h0| T ψin (x1 ) · · · ψ in (x2n )Aµin1 (y1 ) · · · Ainp (yp ) e[i |0i
G(x1 · · · x2n ; y1 · · · yp ) = R
h0| T exp[i d4 zLI (z)] |0i
R
µ d4 tLI (z)]
= h0| T ψin (x1 ) · · · ψ in (x2n )Aµin1 (y1 ) · · · Ainp (yp ) e[i |0ic
(3.82)
onde os campos em LI estão ordenados normalmente e h0| · · · |0ic significa que apenas
consideramos os diagramas conexos.
Para chegarmos às regras de Feynman vamos considerar alguns processos simples.
e− + γ → e− + γ (3.83)
para o qual escolhemos a cinemática da Fig. (3.7). O elemento da matriz S a
calcular, é portanto
Sf i =
Z Z
′ ′ ′ ′ ′
= d4 xd4 x′ d4 yd4 y ′e−i[p·x+k·y−p ·x −k y ] εµ (k)ε∗µ (k ′ )
→ ←
u(p′ , s′ )α′ (i∂ x′ −m)α′ β ′ ⊔ ~ y′ h0| T (ψβ ′ (x′ )ψ β (x)Aµ (y)Aµ′ (y ′) |0i (−i∂ x −m)βα uα (p, s)
~ y⊔
⊓ ⊓
3.6. Regras de Feynman para QED 101
γ γ
k k’
p p’
e- e-
Figura 3.7:
(3.85)
G(x, x′ , y, y ′) =
Z
(ie)2 in
= d4 z1 d4 z2 h0| T (ψβin′ (x′ )ψ β (x)Ain in ′
µ (y)Aµ′ (y )
2!
in
: ψ in (z1 )γ σ ψin (z1 )Ain ρ in in
σ (z1 ) :: ψ (z2 )γ ψ (z2 )Aρ (z2 ) : |0i
Z
(ie)2 σ in
= (γ )γδ (γ ρ )γ ′ δ′ d4 z1 d4 z2 h0| T (ψβin′ (x′ )ψ β (x)Ain in ′
µ (y)Aµ′ (y )
2!
in in
: ψ γ (z1 )ψδin (z1 )Ain in in
σ (z1 ) :: ψ γ ′ (z2 )ψδ′ (z2 )Aρ (z2 )) |0i (3.87)
Usemos agora o teorema de Wick para escrever h0| T (· · ·) |0i em termos dos propa-
gadores. Obtemos
in in in
h0| T (ψβin′ (x′ )ψ β (x)Ain in ′ in in in in
µ (y)Aµ (y ) : ψ γ (z1 )ψδ (z1 )Aσ (z1 ) :: ψ γ ′ (z2 )ψδ′ (z2 )Aρ (z2 )) : |0i
in in
= h0| T ψβin′ (x′ )ψ γ (z1 ) |0i h0| T ψδin′ (z2 )ψ β (x) |0i h0| T ψδin (z1 )ψ γ ′ (z2 ) |0i
h0| T (Ain in in ′ in
µ (y)Aσ (z1 )) |0i h0| T Aµ′ (y )Aρ (z2 ) |0i
102 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
y y’ y y’
x z2 z1 x’ x z2 z1 x’
a) b)
y y’ y y’
x z1 z2 x’ x z1 z2 x’
c) d)
Figura 3.8:
in in
+ h0| T ψβin′ (x′ )ψ γ (z1 ) |0i h0| T ψδin′ (z2 )ψ β (x) |0i h0| T ψδin (z1 )ψ γ ′ (z2 )|0
h0| T Ain in in ′ in
µ (y)Aρ (z2 ) |0i h0| T Aµ′ (y )Aσ (z1 ) |0i
in in in
+ h0| T ψβin′ (x′ )ψ γ ′ (z2 ) |0i h0| T ψδin (z1 )ψ β (x) |0i h0| T ψδin′ (z2 )ψ γ (z1 ) |0i
h0| T Ain in in ′ in
µ (y)Aσ (z1 ) |0i h0| T Aµ′ (y )Aρ (z2 ) |0i
in in in
+ h0| T ψβin′ (x′ )ψ γ ′ (z2 ) |0i h0| T ψδin (z1 )ψ β (x) |0i h0| T ψδin′ (z2 )ψ γ (z1 ) |0i
h0| T Ain in in ′ in
µ (y)Aρ (z2 ) |0i h0| T Aµ′ (y )Aσ (z1 ) |0i
Z
(2) ′ ′ 2 σ ρ
G (x, x , y, y ) = (ie) (γ )γδ (γ )γ ′ δ′ d4 z1 d4 z2 SF β ′ γ ′ (x′ − z2 )SF δβ (z1 − x)
3.6. Regras de Feynman para QED 103
Para prosseguir, podı́amos tal como no caso de λϕ4 , passar para as transformadas
de Fourier dos propagadores. Contudo é mais fácil desembaraçar-mo-nos primeiro
das pernas exteriores usando os resultados
⊓x DF µν (x − y) = igµν δ 4 (x − y)
⊔ (3.91)
Obtemos assim
Z
(c) 2 ′ ′ ′ ′ ′
Sf i = (ie) d4 xd4 x′ d4 yd4 y ′e−i(p·x+k·y−p ·x −k ·y ) εµ (k)gµσ ε∗µ (k ′ )gµ′ ρ
Finalmente usamos
Z
d4 q i(q/ + m) −iq·(z2 −z1 )
SF (z2 − z1 ) = e
(2π)4 q 2 − m2 + iǫ
Z
d4 q
≡ SF (q)e−iq·(z2 −z1 ) (3.93)
(2π)4
para obter
Z
(c) d4 q 4 4 −iz1 ·(p+k−q)+iz2 ·(p′ +k′ −q)
Sf i = d z1 d z2 e
(2π)4
′
εµ (k)εµ ∗ (k ′ )u(p′ , s′ )(ieγµ′ )SF (q)(ieγµ′ )u(p, s)
µ µ’
k k’
p p+k p’
Figura 3.9:
µ µ’
k k’
p p-k’ p’
Figura 3.10:
(c) ′
−iTf i = εµ (k)εµ ∗ (k ′ )u(p′ , s′)(ieγµ′ )SF (p + k)(ieγµ )u(p, s) (3.95)
(d) ′
−iTf i = εµ (k)ε∗µ (k)u(p′ , s′ )(ieγµ )SF (p − k ′ )(ieγµ′ )u(p, s) (3.96)
Olhando para as Eqs. (3.95) e (3.96) estamos quase em posição de enunciar as regras
de Feynman para QED. Vamos só antes disso, analisar outro caso em que entrem
positrões.
3.6. Regras de Feynman para QED 105
p p’
q q’
Figura 3.11:
Este exemplo vai-nos ensinar duas coisas. Primeiro como é que os positrões entram
nas amplitudes e segundo, que em alguns casos devido à anticomutatividade dos
fermiões há sinais menos relativos entre os diagramas. Temos
D E
Sf i = (p′ , s′ ), (q ′ , s′); out|(p, s), (q, s); in (3.97)
Z
′ ′ ′ ′
Sf i = d4 xd4 yd4x′ d4 y ′e−i[p·x+q·y−p ·x −q ·y ]
→ →
u(p′ )α (i∂/x′ − m)αβ v γ (q)(i∂/y − m)γδ
x z1 x’ x x’
__ + z1 z2
z2
y y’ y y’
a) b)
Figura 3.12:
Z
′ ′ (ie)2 µ
G(y , x , x, y) = (γ )ǫǫ (γ )ϕϕ d4 z1 d4 z2
′
ν
′
2
h0| T ψ δ′ (y ′)ψβ (x′ )ψ β ′ (x)ψδ (y) : ψ ǫ (z1 )ψǫ′ (z1 )Aµ (z1 ) :: ψ ϕ (z2 )ψϕ′ (z2 )Aν (z2 ) : |0i
Z
(ie)2 µ
= (γ )εε′ (γ ν )ϕϕ′ d4 z1 d4 z2
2
h
− SF βǫ (x′ − z1 )SF ǫ′ β ′ (z1 − x)SF δϕ (y − z2 )SF ϕ′ δ′ (z2 − y ′ )DF µν (z1 − z2 )
Z
d4 k −igµν −ik·(z1 −z2 )
DF µν (z1 − z2 ) = e
(2π)4 k 2 + iε
3.6. Regras de Feynman para QED 107
µ
p p’
p’-p
q ν q’
Figura 3.13:
Z
d4 k
≡ DF µν (k)e−ik·(z1 −z2 ) (3.102)
(2π)u
obtemos
(a)
Sf i = −u(p′ )(ieγ µ )u(ρ)v(q)(ieγ ν )v(q ′ )
Z
d4 k ′ ′
d4 z1 d4 z2 4
DF µν (k)e−iz1 ·(p−p +k) e−iz2 ·(q−q −k)
(2π)
= −(2π)4 δ 4 (p + q − p′ − q ′ )u(p′ )(ieγ ν )u(p)v(q)(ieγ µ )v(a′ )DF µν (p′ − p)
(3.103)
Antes de enunciamos as regras de Feynman convém ver o que se passa com loops
de fermiões. Um exemplo é a correcção de segunda ordem ao propagador do fotão
da Fig. (3.15).
108 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
p p’
p+q
µ ν
q q’
Figura 3.14:
Figura 3.15:
Figura 3.16:
3.6. Regras de Feynman para QED 109
1 4 1 4
2 3 2 3
Figura 3.17:
h0| T · · · : ψ(z1 )A
/(z1 )ψ(z1 ) : · · · : ψ(zn A
/(zn )ψ(zn ) : · · · |0i (3.106)
ora para levar isto para a ordenação que conduz a um loop é necessário sempre fazer
uma permutação ı́mpar daquela ordenação inicial pelo que obtemos um sinal (−)
para esses loops.
(p
/ + m)αβ
β p α SFαβ (p) = i (3.107)
p2 − m2 + iε
gµν
µ ν DF µν (k) = −i (3.108)
k k2
110 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
µ ieγ µ
8. Por cada momento interno não fixado por conservação de momento (caso de
loops) um factor
Z
d4 q
(3.109)
(2π)4
10. Um factor −1 entre diagramas que diferem por trocas de linhas fermiónicas.
(Em caso de dúvida recorrer ao teorema de Wick)
Notas:
• Em toda esta discussão não considerámos os factores Z que entram nas fórmu-
las de redução. Isto é verdade em ordem mais baixa. Mas os factores Z
podem ser calculados em teoria de perturbação. Para isso a ser definição é
(por exemplo para o electrão)
onde SF′ (p) é o propagador com interacções. Assim podemos obter em teoria
de perturbações.
Z2 = 1 + O(α) + · · · (3.111)
Em
√ ordem superiores é necessário corrigir a linhas exteriores por estes factores
Z.
3.7. Receita Geral para as regras de Feynman 111
Propagadores:
(2) δ 2 Γ0 [ϕ]
1. Calcular Γ0 (xi , xj ) ≡
δϕ(xi )δϕ(xj )
(2)
2. Calcular a Transformada de Fourier (TF) e obter Γ0 (pi , pj ) através de
Z
(2) (2)
(2π)4 δ 4 (pi + pj )Γ0 (pi , pj ) ≡ d4 xi d4 xj e−i(pi ·xi +pj ·xj ) Γ0 (xi , xj ) (3.113)
3. O propagador de Feynman é
(0) (2)
GF ij = i[Γ0 (pi , pj )]−1 (3.114)
Vértices
(n) δn Γ0 [ϕ]
1. Calcular Γ0 (x1 · · · x4 ) = δϕ(x1 )···δϕ(x4 )
(n)
(2π)4 δ 4 (p1 + p2 + · · · + pn )Γ0 (p1 · · · pn )
Z
(n)
≡ d4 x1 · · · d4 xn e−i(p1 ·x1 +···pn ·xn ) Γ0 (x1 · · · xn ) (3.115)
112 Capı́tulo 3. Teoria das Perturbações Covariante
(n)
iΓ0 (p1 , · · · pn ) (3.116)
Notas:
δ2
ψ(z)Γψ(z) ≡ Γβα δ 4 (z − x)δ 4 (z − y) (3.117)
δψα (x)δψ β (y)
ψα (x) e ψβ (x) são aqui tomados como campos clássicos anticomutativos (variá-
veis de Grassmann)
δϕi (x)
≡ δik δ 4 (x − y) (3.118)
δϕk (y)
O Lagrangeano é:
λ
L = (∂µ − ieQAµ )ϕ∗ (∂ µ + ieQAµ )ϕ − mϕ∗ ϕ + LEM − (ϕ∗ ϕ)2 (3.119)
4
Portanto
↔
Lint = −ieQϕ∗ ∂ µ ϕAµ + e2 Q2 ϕ∗ ϕAµ Aµ (3.120)
os propagadores são os habituais. Vejamos somente os vértices. Há dois vértices. O
cúbico é dado por
µ
k
q
3.7. Receita Geral para as regras de Feynman 113
Z
→ ←
Γ(3)
µ (x1 , x2 , x3 ) = −ieQ d4 zδ 4 (z − x1 )(∂ µ − ∂ µ )δ 4 (z − x2 )δ 4 (z − x3 ) (3.121)
logo
Z
4 4
(2π) δ (p + k + q)Γ(3)
µ (p, q, k) ≡ −ieQ d4 zd4 x1 d4 x2 d4 x3 e−i(x1 p+x2q+x3 k)
→ ←
δ 4 (z − x1 ) (∂ µ − ∂ µ )δ 4 (z − x2 )δ 4 (x − x3 )
Z
= −ieQ d4 zd4 x2 e−i[(p+k)·x+q·x2] ∂µ δ 4 (z − x2 )
Z
+ieQ d4 zd4 x1 e−i[px1 +(q+k)z] ∂µ δ 4 (z − x1 )
µ k1 k2 υ
p q
Γ(4) 2 2 4 4 4
µν (x1 , x2 , x3 , x4 ) = 2e Q δ (x1 − x2 )δ (x1 − x3 )δ (x1 − x4 )gµν (3.124)
Γ(4) 2
µν (p, q, k1 , k2 ) = 2(eQ) gµν (3.125)
logo o vértice é
Problemas Capı́tulo 3
3.1 Mostre explicitamente que o teorema da Wick é válido para o caso de 4 campos,
isto é
T (ϕin (x1 )ϕin (x2 )ϕin (x3 )ϕin (x4 )) =: ϕin (x1 ) · · · ϕin (x4 ) : + · · · (3.127)
3.2 Para o caso da teoria λϕ4 verifique as regras de Feynman para os diagramas
p’1 p’2
p’1 p’2
q-p1-p’1
1 1 q-p1-p’2
__ __
2 2
q q
p1 p2 p1 p2
λ
LI = − ϕ3in (3.128)
3!
a) Encontre as regras de Feynman x
b) Calcule o factor de simetria do diagrama
Problemas 115
µ µ’
k k’
p p-k’ p’
Correcções Radiativas
1 1
LQED = − Fµν F µν − (∂ · A)2 + ψ(i∂/ + eA
/ − m)ψ . (4.1)
4 2ξ
Os propagadores livres são
!
b a i
p ≡ SF0 βα (p) (4.2)
/p − m + iε βα
" #
gµν (ξ − 1) kµ kν
−i 2 +
k + iε 1 (k 2 + iε)2
( ! )
µ ν kµ kν 1 kµ kν
k = −i gµν − 2 2
+ξ 4
k k + iε k
O vértice é
α
p’
p
β
117
118 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
k k
p+k
Figura 4.1:
G(1) 0 0
µν (k) ≡ Gµµ′ i Πµ′ ν ′ (k)Gν ′ ν (k) (4.5)
onde
Z !
2 d4 p i i
i Πµν = −(+ie) 4
Tr γµ γν
(2π) /p − m + iε /p + k/ − m + iε
Z
d4 p Tr[γµ (p
/ + m)γν (p
/ + k/ + m)]
= −e2
(2π) (p − m + iε)((p + k)2 − m2 + iε)
4 2 2
Z
d4 p [2pµ pν + pµ kν + pν kν − gµν (p2 + p · k − m2 )
= −4e2 (4.6)
(2π)4 (p2 − m2 + iε)((p + k)2 − m2 + iε)
Z
2 ǫ dd p Nµν (p, k)
= −4e µ (4.7)
(2π) (p − m + iε)((p + k)2 − m2 + iε)
d 2 2
onde
Nµν (p, k) = 2pµ pν + pµ kν + pν kµ − gµν (p2 + p · k − m2 ) (4.8)
Para efectuar este integral começamos por utilizar a parametrização de Feynman
para escrever o denominador sobre a forma dum único termo. Para isso usamos (ver
Apêndice)
Z 1
1 dx
= 2 (4.9)
ab 0 [ax + b(1 − x)]
para obter
Z Z
1 dd p Nµν (p, k)
i Πµν (k, ǫ) = −4e2 µǫ dx
0 (2π) [x(p + k)2 − xm2 + (1 − x)(p2 − m2 ) + iε]2
d
Z Z
1 dd p Nµν (p, k)
= −4e2 µǫ dx
0 (2π)d [p2 + k · px + xk 2 − m2 + iε]2
Z Z
2 ǫ
1 dd p Nµν (p, k)
= −4e µ dx (4.10)
0 (2π) [(p + kx) + k 2 x(1 − x) − m2 + iε]2
d 2
onde
C = m2 − k 2 x(1 − x) (4.13)
Nµν é um polinómio de segundo grau no momento do loop (ver Eq. (4.8)). No entanto
usando o facto de que o denominador da Eq. (4.12) só depende de p2 podemos
mostrar que
Z
dd p pµ
=0
(2π)d [p2 − C + iǫ]2
Z Z
dd p pµ pν 1 µν dd p p2
2 = g (4.14)
d
(2π) [p − C + iǫ]
2 d (2π)d [p2 − C + iǫ]2
Isto quer dizer que só temos que calcular integrais da forma
Z
dd p (p2 )r
Ir,m =
(2π)d [p2 − C + iǫ]m
120 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
Im p0
x Re p0
Figura 4.2:
Z Z
dd−1 p (p2 )r
= dp0 (4.15)
(2π)d [p2 − C + iǫ]m
Para efectuar esta integração vamos usar a integração no plano complexo da variável
p0 conforme descrito na Fig. (4.2). A deformação do contorno corresponde à chamada
a rotação de Wick,
Z +∞ Z +∞
0
p → ip0E ; →i dp0E (4.16)
−∞ −∞
onde não mais precisamos do iǫ, pois o denominador é estritamente positivo2 (C > 0).
Para calcularmos Ir,m escrevemos
Z Z
d d−1
d pE = dp p dΩd−1 (4.19)
q
onde p = (p0E )2 + |~p|2 é o comprimento do vector pE no espaço euclidiano a d
dimensões e dΩd−1 é o ângulo sólido que generaliza as coordenadas esféricas. Os
ângulos são definidos por
pE = p(cos θ1 , sin θ1 cos θ2 , sin θ1 sin θ2 , sin θ1 sin θ2 cos θ3 , . . . , sin θ1 · · · sin θd−1 )
(4.20)
2
O caso de C < 0 obtém-se por continuação analı́tica da fórmula final.
4.1. Renormalização a 1 loop 121
Usando agora
Z π
m
√ Γ( m+1
2
)
sin θ dθ = π (4.22)
0 Γ( m+2
2
)
onde Γ(z) é a função Gama, obtemos
Z d
π2
dΩd−1 =2 d (4.23)
Γ( 2 )
Notemos, para finalizar, que a representação integral de Ir,m , Eq. (4.15) é válida
somente para d < 2(m − r) para assegurar a convergência quando p → ∞. Contudo
a forma já integrada da Eq. (4.25) pode ser continuada analiticamente para todos
os valores de d excepto para aqueles em que a função Γ(m − r − d/2) tem pólos, isto
é (ver secção A.6), para
d
m − r − 6= 0, −1, −2, . . . (4.26)
2
Para a aplicação aos integrais que aparecem em regularização dimensional é conve-
niente escrever Eq. (4.25) usando a relação d = 4 − ǫ. Obtemos
ǫ
(−1)r−m 4π 2 Γ(2 + r − 2ǫ ) Γ(m − r − 2 + 2ǫ )
Ir,m =i C 2+r−m (4.27)
(4π)2 C Γ(2 − 2ǫ ) Γ(m)
e portanto
Z
ǫ dd p Nµν (p − kx, k)
Nµν ≡ µ
(2π)d [p2 − C + iǫ]2
122 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
2
= − 1 gµν µǫ I1,2 + − 2x(1 − x)kµ kν +x(1 − x)k 2 gµν + gµν m2 µǫ I0,2 (4.29)
d
Usando agora a Eq. (4.27) podemos escrever
!ǫ
ǫ i 4πµ2 2
Γ( 2ǫ )
µ I0,2 =
16π 2 C Γ(2)
!
i C
= 2
∆ǫ − ln 2 + O(ǫ) (4.30)
16π µ
Devido à presença dum pólo em 1/ǫ nas expressões anteriores temos que expandir
todas as quantidades até O(ǫ). Assim temos também
2 2 1 1
−1= − 1 = − + ǫ + O(ǫ2 ) (4.34)
d 4−ǫ 2 8
Substituindo agora as equações anteriores na Eq. (4.29), e usando a Eq. (4.13),
obtemos
" ! #
1 1 i C
Nµν = gµν − + ǫ + O(ǫ2 ) 2
C 1 + 2∆ǫ − 2 ln 2 + O(ǫ)
2 8 16π µ
" ! #
2 2 i C
+ − 2x(1 − x)kµ kν +x(1 − x)k gµν + gµν m ∆ǫ − ln + O(ǫ)
16π 2 µ2
" ! #
i C
= − kµ kν ∆ǫ − ln 2 2x(1 − x)
16π 2 µ
"
i C
+ 2
gµν k 2 ∆ǫ x(1 − x) + x(1 − x) + ln 2 − x(1 − x) − x(1 − x)
16π µ
4.1. Renormalização a 1 loop 123
Gµν = + +
+ +
Figura 4.3:
#
1 1
+ x(1 − x) −
2 2
" #
i C 1 1
+ 2
gµν m2 ∆ǫ (−1 + 1) + ln 2 (1 − 1) + (− + ) (4.35)
16π µ 2 2
e finalmente
!
i C 2
Nµν = ∆ǫ − ln g µν k − k µ k ν 2x(1 − x) (4.36)
16π 2 µ2
onde " #
Z
2 2α 1 m2 − x(1 − x)k 2
Π(k , ǫ) ≡ dx x(1 − x) ∆ǫ − ln (4.38)
π 0 µ2
Esta expressão é claramente divergente quando ǫ → 0. Antes de falarmos propria-
mente de renormalização analisemos melhor o significado de Πµν (k). O propagador
do fotão é dado pela série representada na Figura 4.3, onde
Em ordem mais baixa temos a contribuição representada na Figura 4.4 que é o que
124 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
Figura 4.4:
≡ iG0T 0L
µν + iGµν (4.40)
T
onde se introduziu o projector transversal Pµν definido por
!
T kµ kν
Pµν = gµν − 2 (4.41)
k
que obviamente satisfaz as relações
k µ Pµν
T
=0
(4.42)
PµT ν Pνρ
T T
= Pµρ
O propagador completo também poderá ser escrito em geral,
GTµν = Pµν
T
Gµν (4.44)
Nós obtivemos, em primeira ordem, que o tensor de polarização do vácuo é
transversal, isto é
GLµν = G0L
µν (4.46)
Para a parte transversal obtemos
1 T 1 ′ ′ 1
iGTµν = Pµν
T
2
+ Pµµ′
2
(−i)k 2 P T µ ν Π(k)(−i)PνT′ ν 2
k k k
4.1. Renormalização a 1 loop 125
T 1 2 T ρλ T 1 2 Tτσ T 1
+Pµρ (−i)k P Π(k)(−i)P λτ (−i)k P Π(k)(−i)P σν +···
k2 k2 k2
T 1 h 2 2
i
= Pµν 1 − Π(k) + Π (k ) + · · · (4.47)
k2
1
iGTµν = Pµν
T
(4.48)
k 2 [1 + Π(k)]
Tudo o que fizemos até aqui é formal porque a função Π(k) é divergente. A maneira
mais satisfatória de resolver esta dificuldade é a seguinte: O Lagrangeano inicial
donde partimos tinha sido obtido a partir da teoria clássica e nada nos diz que seja
válido em geral. De facto, como acabámos de ver, a normalização das funções de
onda vem alterada quando calculamos correcções de 1 - loop e o mesmo se passa
com os parâmetros fı́sicos da teoria, a carga e a massa. Assim podemos pensar que
o Lagrangeano correcto se obtém adicionando ao Lagrangeano clássico correcções
para manter as definições da carga e massa e a renormalização das funções de onda.
Aos termos que se adicionam ao Lagrangeano dá-se o nome de contratermos3
lim k 2 iGRT T
µν = 1 · Pµν (4.50)
k→0
Figura 4.5:
lim =
q 0
Figura 4.6:
4.1. Renormalização a 1 loop 127
ΠR (k 2 ) ≡ Π(k 2 , ǫ) − Π(0, ǫ)
4
Notar que a massa do fotão não é renormalizada, isto é o pólo em k 2 = 0 mantém-se .
128 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
" #
2α Z 1 m2 − x(1 − x)k 2
=− dx x(1 − x) ln
π 0 m2
! !1/2 !1/2
α 1 2m 2
4m 2
4m2
=− +2 1+ 2 −1 cot−1 −1 − 1 (4.59)
3π 3 k k2 k2
expressão válida para k 2 < 4m2 . Para valores k 2 > 4m2 a expressão para ΠR (k 2 )
obtém-se por continuação analı́tica. Usando (k 2 > 4m2 )
−1 −1 iπ
cot iz = i − tanh z+ (4.60)
2
e !1/2 s
4m2 4m2
−1 →i 1− (4.61)
k2 k2
obtemos
! s !1/2
α 1 2m2 4m2 4m2
R 2
Π (k ) = − +2 1+ 2 −1 + 1 − 2 tanh−1 1 − 2
3π 3 k k k
s
π 4m2
−i 1− 2 (4.62)
2 k
0 0
S(p) = S (p) + S (p) − i Σ(p) S 0 (p) + · · ·
= S 0 (p) 1 − i Σ(p)S(p) (4.64)
= + +
+ + ...
Figura 4.7:
≡ −i Σ(p) (4.67)
Como
i
S0 (p) = =⇒ S0−1 (p) = −i(p
/ − m) (4.68)
/p − m
então vem
Vemos assim que basta calcular Σ(p) em todas as ordens para se obter o propagador
completo do electrão. O nome de self-energy dado a Σ(p) provém obviamente de
se vir somar a m. De facto, como veremos, também vai alterar o coeficiente de /p e
portanto alterar a normalização dos campos além de renormalizar a massa m.
Em ordem mais baixa, o único diagrama que contribui para Σ(p) é o representado
na Figura 4.8 e portanto
Z
d4 k gµν i
−iΣ(p) = (+ie)2 (−i) γ µ
γν (4.70)
(2π)4 k 2 − µ̂2 + iε /p − k/ − m + iε
onde se escolheu o gauge de Feynman (ξ = 1) para o propagador do fotão bem como
se introduziu uma pequena massa µ̂ por causa de divergências no infravermelho
(k 2 → 0). Usando regularização dimensional e o facto de que em dimensão d se tem
/ + k/)γ µ = −(p
γµ (p / + k/)γµγ µ + 2(p
/ + k/) = −(d − 2)(p
/ + k/)
130 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
p p+k p
Figura 4.8:
mγµ γ µ = m d (4.71)
obtemos
Z
ǫ 2 dd k 1 /p + k/ + m
−i Σ(p) = −µ e d 2 2
γµ γµ
(2π) k − µ̂ + ε (p + k)2 − m2 + iε
Z
ǫ 2 dd k −(d − 2)(p / + k/) + m d
= −µ e
(2π) [k − µ̂ + iε] [(p + k)2 − m2 + iε]
d 2 2
Z Z
ǫ 2
1 dd k −(d − 2)(p/ + k/) + m d
= −µ e dx
0 (2π) [(k − µ̂ ) (1 − x) + x(p + k)2 − xm2 + iε]2
d 2 2
Z Z
1 dd k −(d − 2)(p/ + k/) + m d
= −µǫ e2 dx
0 (2π) [(k + px)2 + p2 x(1 − x) − µ̂2 (1 − x) − xm2 + iε]2
d
Z Z
1 dd k −(d − 2) [p
/(1 − x) + k/] + m d
= −µǫ e2 dx
0 (2π)d [k 2 + p2 x(1 − x) − µ̂2 (1 − x) − xm2 + iε]2
Z 1
ε 2
= −µ e dx − (d − 2)p
/(1 − x) + m d I0,2 (4.72)
0
onde
i h h
2 2 2
ii
I0,2 = ∆ ǫ − ln −p x(1 − x) + m x + µ̂ (1 − x) (4.73)
16π 2
A contribuição do loop para self-energy Σ(p) pode-se então escrever na forma
Σ(p)loop = A(p2 ) + B(p2 ) /p (4.74)
com
h Z h ii
2 ǫ 1 1
2 2 2
A = e µ (4 − ǫ)m dx ∆ǫ − ln −p x(1 − x) + m x + µ̂ (1 − x)
16π 2 0
Z 1
1
B = −e2 µǫ (2 − ǫ) dx (1 − x) ∆ǫ
16π 2 0
h i
2 2 2
− ln −p x(1 − x) + m x + µ̂ (1 − x) (4.75)
1
µǫ (4 − ǫ)∆ǫ = 4 ∆ǫ + 2 ln µ − + O(ǫ)
4
ǫ 1
µ (2 − ǫ) = 2 1 + ǫ ln µ − + O(ǫ2 )
2
1
µǫ (2 − ǫ)∆ǫ = 2 ∆ǫ + 2 ln µ − + O(ǫ) (4.76)
2
podemos escrever
Z " " ##
2 4 e2 m 1 1 −p2 x(1 − x) + m2 x + µ̂2 (1 − x)
A(p ) = dx ∆ǫ − − ln (4.77)
16π 2 0 2 µ2
e
Z " " ##
2 2 e2 1 −p2 x(1 − x) + m2 x + µ̂2 (1 − x)
B(p ) = − dx (1 − x) ∆ǫ − 1 − ln
16π 20 µ2
(4.78)
Para prosseguir com o programa de renormalização temos que introduzir agora o
Lagrangeano dos contratermos. É dado por
/ = m) = 0 → δm = Σloop (p
Σ(p / = m)
∂Σ ∂Σloop
= 0 → δZ2 = (4.81)
/ p/=m
∂p / p/=m
∂p
δm = A(m2 ) + m B(m2 )
Z (" !#
2 me2 1 m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
= dx 2∆ǫ − 1 − 2 ln
16π 2 0 µ2
" !#)
m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
−(1 − x) ∆ǫ − 1 − ln
µ2
132 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
" !#
2 m e2 3 1 Z1 m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
= ∆ǫ − − dx (1 + x) ln
16π 2 2 2 0 µ2
" Z !#
3αm 1 2 1 m2 x2
= ∆ǫ − − dx (1 + x) ln (4.82)
4π 3 3 0 µ2
onde no último passo na Eq. (4.82) se tomou o limite µ̂ → 0 pois o integral não
diverge nesse limite6 .
De modo semelhante obtemos para δZ2 ,
∂Σloop ∂A ∂B
δZ2 = = +B+m (4.83)
/ p/=m
∂p / p/=m
∂p / p/=m
∂p
onde
Z
∂A 4 e2 m2 1 2(1 − 1)x
= dx
/ p/=m
∂p 16π 2 0 −m2 x(1 − x) + m2 x + µ̂2 (1 − x)
Z
2 α m2 1 (1 − x)x
= dx
π 0 m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
Z " !#
α 1 m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
B = − dx (1 − x) ∆ǫ − 1 − ln
2π 0 µ2
Z
∂B α 1 2x(1 − x)2
m
= − m2 dx (4.84)
∂p
/ p/=m 2π 0 m2 x2 + µ̂2 (1 − x)
4.1.3 O vértice
O único diagrama é o indicado na Figura 4.9 que dá a contribuição (na gauge de
Feynman, ξ = 1)
Z
d4 k gρσ
−ieΛ(1) ′
µ (p , p) = (−ie) 3
4
(−i) 2
(2π) k − µ2 + iε
6
δm não é divergente infra-vermelho (IR).
4.1. Renormalização a 1 loop 133
p’
µ k
p
Figura 4.9:
/′ − k/) + m]
i[(p / − k/) + m]
i[(p
γσ γ µ γρ (4.86)
(p′ − k)2 − m2 + iε (p − k)2 − m2 + iε
onde Λµ é definido a partir do vértice completo Γµ através da relação
ΓR
µ ≡ Z 1 Γµ (4.88)
ou seja
ΛR
µ = Z1 Λµ + γµ (Z1 − 1) (4.89)
A constante de renormalização será determinada a partir duma escolha de renorma-
lização conveniente. A mais conveniente é (p2 = p′2 = m2 )
u(p′ )ΛR ′
µ (p , p)u(p)|p=p′ = 0 (4.90)
(1)
o que permite calcular Z1 através da igualdade
(1)
(Z1 − 1)u(p)γµ u(p) = −u(p)Λ(1)
µ u(p) (4.91)
Contudo em vez de fazer este cálculo, podemos utilizar a identidade de Ward (que
provaremos mais à frente) e que na forma que aqui nos interessa relaciona o vértice
com a self-energy do electrão na forma seguinte
∂
Λµ (p, p) = − Σ(p) (4.92)
∂pµ
Então
134 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
∂
Λµ (p′ , p) = − Σ(p) + Λµ (p′ , p) − Λµ (p, p)
∂pµ
∂ R
= (Z2−1 − 1)γµ + Λµ (p′ , p) − Λµ (p, p) − Z2−1 Σ (p) (4.93)
∂pµ
Se recordarmos a definição de Z1
Z1 = Z2 (4.95)
e portanto
∂ R
Z1−1 ΛR ′ ′ −1
µ (p , p) = Λµ (p , p) − Λµ (p, p) − Z2 Σ (p) (4.96)
∂pµ
ou seja
∂ R
ΛR ′ ′
µ (p , p) = Z1 [Λµ (p , p) − Λµ (p, p)] − Σ (p) (4.97)
∂pµ
Normalmente só interessa conhecer ΛR µ calculado entre dois spinores de Dirac,
′ R ′
isto é u(p )Λµ (p , p)u(p). Isto simplifica bastante os cálculos e permite escrever
i
ΛR ′ 2
µ (p , p) = γµ F1 (q ) + σµν q ν F2 (q 2 ) (4.98)
2m
onde se usou a identidade de Gordon e o facto de que ΛR ′
µ (p , p) é para ser calculado
entre spinores na camada de massa. As funções F1 (q 2 ) e F2 (q 2 ), designadas por
factores de forma, são dados por integrais complicados. Damos aqui somente o
resultado para q 2 < 0
( ! Z )
α µ̂ θ θ θ/2
F1 (q 2 ) = ln + 1 (θ coth θ − 1) − tanh − 2 coth θ β tanh βdβ
π m 4 2 0
α θ
F2 (q 2 ) = (4.99)
2π sinh θ
onde
θ q2
sinh2
=− · (4.100)
2 4m
No limite de zero momento transferido (q = p′ − p = 0) obtemos
4.2. As identidades de Ward-Takahashi 135
F1 (0) = 0
(4.101)
α
F2 (0) = 2π
jµ = eψγµ ψ
(4.103)
∂µ j µ = 0
Estamos interessados em calcular a seguinte quantidade
∂xµ h0| T jµ (x)ψ(x1 )ψ(y1 ) · · · ψ(xn )ψ(yn )Aν1 (z1 ) · · · Aνp (zp ) |0i (4.104)
Esta quantidade não é zero apesar de ∂ µ jµ = 0 porque no produto ordenado no
tempo intervém funções θ que envolvem a coordenada x0 . Por exemplo, para o
campo ψ(xi ) devemos ter uma contribuição da forma
µ,x ν,y
Figura 4.10:
n
X n
= h0| T [j0 (x), ψ(xi )] δ(x0 − x0i )ψ(yi )+
i=1
h i o
d
+ψ(xi ) j0 (x), ψ(yi ) δ(x0 − yi0 ) ψ(x1 )ψ(y1 ) · · · ψ(xi )ψ(yi ) · · · Aνp (zp ) |0i
p
X
+ h0| T ψ(x1 ) · ψ(yn )Aνp (z1 ) · · · [j0 (x), Aνj (zj )]δ(x0 − zj0 ) · · · Aνp (zp ) |0i
j=1
(4.106)
µ,x ν,y
Figura 4.11:
(4.109)
que se escreve
Z
Gµν (x − y) = G0µν (x − y) − i d4 x′ G0µρ (x − x′ ) h0| T j ρ (x′ )Aν (y) |0i (4.110)
Z
∂xµ Gµν (x − y) = ∂xµ G0µν (x − y) − i d4 x′ ∂xµ G0µρ (x − x′ ) h0| T j ρ (x′ )Aµ (y) |0i (4.111)
Mas
Z
d4 p −i(x−x′ )·p 0
G0µρ (x −x)=′
e Gµρ (p) (4.112)
(2π)4
onde
" ! #
pµ pν 1 pµ pν
G0µν (p) = −i gµν − 2 2
+ξ 4 (4.113)
p p p
Então
Z
d4 p −i(x−x′ )·p
∂xµ G0µρ (x −x) =′
e (−ipµ )G0µρ (p)
(2π)4
Z
d4 p −i(x−x′ )·p
= e (−ipρ )F (p2 )
(2π)4
Z
′ d4 p −i(x−x′ )·p
= −∂ρx e F (p2 )
(2π)4
138 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
= −∂ρx Fe (x − x′ )
′
(4.114)
Portanto
Z
∂xµ Gµν (x − y) = ∂xµ G0µν (x − y) + i d4 x′ ∂xρ′ Fe (x − x′ ) h0| T jρ (x′ )Aν (y) |0i
Z
d4 xFe (x − x′ )∂ρx h0| T j ρ (x′ )Aν (y) |0i
′
= ∂xµ G0µν (x − y) − i
Isto quer dizer que a parte longitudinal do propagador do fotão não é renormal-
izada, ou seja que a self-energy é transversal. De facto
pν
pµ G0µν (p) = −iξ (4.118)
p2
ou ainda
pν −1 pν
pµ = −iξ 2
Gνµ (p) = −ξ 2 Γνµ (p) (4.119)
p p
Mas de acordo com as nossas definições
1
Γνµ (p) = −(gνµ p2 − pν pµ ) − pν pµ + Πνµ (p2 ) (4.120)
ξ
logo
pν 11 ν
−ξ 2
Γνµ (p) = pµ − 2
p Πνµ (p2 ) = pµ (4.121)
p ξp
ou seja
µ,x
β,x1 α,y1
Figura 4.12:
µ,x
β,x1 α,y1
Figura 4.13:
a que corresponde o diagrama da Figura 4.12. Esta função de Green pode-se rela-
cionar com o vértice h0| T Aµ (x)ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i correspondente ao diagrama da
Figura 4.13, através da seguinte equação diagramática
140 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
µ,x µ,x
= (4.124)
e que se escreve
Z
h0| T Aµ (x)ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i = −i d4 x′ G0µν (x − x′ ) h0| T j ν (x′ )ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i
(4.125)
Z
′
d4 xd4 x1 d4 y1 ei(p ·x1 −p·y1−q·x) h0| T Aµ (x)ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i
Z
′
= −iG0µν (q) d4 xd4 x1 d4 y1 ei(p ·x1 −p·y1−q·x) h0| T j ν (x)ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i (4.126)
onde os sentidos dos momentos são os indicados na Figura 4.14, e o momento trans-
ferido q é dado por
q = p′ − p (4.127)
Por outro lado, por definição do vértice Γµ temos
Z
′
d4 xd4 x1 d4 y1 ei(p ·x1−p·y1 −q·x) h0| T Aµ (x)ψβ (x1 )ψ α (y1 ) |0i
Portanto
q = p’ - p
p
p’
β α
Figura 4.14:
Z
′
= −iG0µν (q) d4x d4 x1 d4 y1 ei(p ·x1 −p·y1−q·x) h0| T j ν (x)ψ(x1 )ψ(y1 ) |0i (4.129)
∂S −1
Γν (p, p) = −ie
∂pν
!
∂Σ
= −e γν − ν (4.133)
∂p
142 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
∂Σ
Λν (p, p) = − . (4.134)
∂pν
1 µ 1
L(e, m, · · ·) = − Fµν F µν + Aµ Aµ − (∂ · A)2
4 2 2ξ
+iψ∂/ψ − mψψ − eψA
/ψ (4.137)
1
∆L(1) = − (Z3 − 1)Fµν F µν + (Z2 − 1)(iψ∂/ψ − mψψ)
4
+Z2 δmψψ − e(Z1 − 1)ψA
/ψ (4.138)
O Lagrangeano
1 µ 1
Ltot = − Z3 Fµν F µν + Aµ Aµ − (∂ · A)2
4 2 2ξ
+Z2 (iψ∂/ψ − mψψ + δmψψ)
E V
7 E−1+L
h̄ = h̄ 2 + 2 . Notar que são válidas as seguintes relações L = I − V + 1 ; 3V = E + 2I.
4.3. Contratermos e contagem de potências 143
−eZ1 ψA
/ψ (4.139)
X
ω(G) = 4L + δv − IF − 2IB
v
X
= 4 + 3IF + 2IB + (δv − 4) (4.140)
v
ln Λ se ω(G) = 0 (4.142)
onde Λ é um cutoff. Os diversos termos têm a origem seguinte:
Z
d4 q
(por loop) → 4L
(2π)4
∂µ ⇔ kµ → δv
(4.143)
i → −IF
/q − m
i → −2IB
q 2 − m2
1X
IF = fv
2 v
1X
IB = bv (4.146)
2 v
obtemos
X X 3
ωv = δv + 3IF + 2IB + EF + EB (4.147)
v v 2
Substituindo na expressão para ω(G) obtemos finalmente
3 X
ω(G) = 4 − EF − EB + (ωv − 4) (4.148)
2 v
ωv + [gv ] = 4 (4.149)
3
ω(G) = 4 − EF − EB (4.150)
2
4.3. Contratermos e contagem de potências 145
Tabela 6.1
1 1 1
Ltot = − Z3 Fµν F µν + µAµ Aµ − (∂ · A)2
4 2 2ξ
+Z2 (iψ∂/ψ − mψψ + δmψψ)
−eZ1 ψA
/ψ (4.151)
O Lagrangeano anterior permite uma outra interpretação que por vezes também é
útil. Os campos A, ψ e ψ são os campos renormalizados que produzem resı́duos iguais
a 1 nos pólos dos propagadores, e as constantes m, e são a massa e a carga fı́sicas.
Definamos os campos não renormalizados ψ0 , ψ 0 e A0 e os parâmetros despidos
(dependentes do cutoff) µ20 , m0 e de acordo com
√
ψ0 = Z2 ψ m0 = m − δm
√
ψ = Z2 ψ µ20 = Z3−1 µ2
√ q (4.153)
A0 = Z3 A e0 = Z1 Z2 Z3−1 e = √1Z3 e
−1
ξ 0 = Z3 ξ
Então o Lagrangeano em termos das quantidades despidas é idêntico ao La-
grangeano original9
1 1 1
L = − F0µν F0µν + µ0 A0µ Aµ0 − (∂ · A0 )2
4 2 2ξ0
+i(ψ 0 ∂/ψ0 − m0 ψψ0 ) − e0 ψ 0 A
/0 ψ0 (4.154)
Gn,ℓ
0 (p1 , · · · p2n , k1 , · · · kℓ , µ0 , m0 , ℓ0 , ξ0 , Λ)
ℓ/2
= Z2n (Λ)Z3 Gn,ℓ
R (p1 , · · · p2n , k1 · · · kℓ , µ, m, e, ξ) (4.155)
e ~σ
~µ = g (4.156)
2m 2
2 µ2
9
Os termos µ2 A2 = 20 A20 e 2ξ1
(∂ · A)2 = 2ξ10 (∂ · A0 )2 não são renormalizados. Isto é uma
consequência das identidades de Ward-Takashashi. A identidade de Ward Z1 = Z2 é crucial para
que e0 A0 = eA dando um significado ao acoplamento mı́nimo independente da renormalização.
4.4. Momento magnético anómalo do electrão 147
g = 2(1 + a) (4.157)
ou seja
g
−1 a= (4.158)
2
Vamos calcular a anomalia a dada pela correcção de 1-loop. Vejamos primeiro de
que forma é que apareceria um valor de a 6= 0 em mecânica quântica não relativista.
A equação de Schrödinger para uma partı́cula num campo exterior é
~ 2
∂ϕ (~p − eA) e
i = + eφ − ~ϕ
(1 + a)~σ · B (4.159)
∂t 2m 2m
~ = ∇
Consideremos que o campo exterior é um campo magnético B ~ × A.
~ Então
conservando somente termos em primeira ordem em e obtemos
p2 ~+A
p~ · A ~ · p~ e
H = −e − ~ ×A
(1 + a)~σ · ∇ ~
2m 2m 2m
≡ H0 + Hint (4.160)
Z
′ e d3 x χ† −i~p′ ·~x ~+A
~ · p~ + (1 + a)~σ × ∇
~ · A]e
~ i~p·x χ
hp | Hint |pi = − 3
e [~p · A
2m (2π)
Z
e d3 x χ† ′
= − 3
[(~p + ~p) + i(1 + a)σ i ǫijk q j Ak ]e−i~q·x χ
2m (2π)
e χ† ′
= − [(p + p)k + i(1 + a)σ i ǫijk q j ]Ak (q)χ (4.161)
2m
É este o resultado que queremos comparar com o limite não relativista da correcção
do vértice. A amplitude é dada por
A = eu(p′ )(γµ + ΛR µ
µ )u(p)A (q)
′ 2 i
= eu(p ) γµ (1 + F1 (q )) + σµν q ν F2 (q 2 ) u(p)Aµ (q)
2m
e n h i o
= u(p′ ) (p′ + p)µ 1 + F1 (q 2 ) + iσµν q ν [1 + F2 (q ′ )] u(p)Aµ (q) (4.162)
2m
148 Capı́tulo 4. Correcções Radiativas
~ =∇
onde se usou a identidade Gordon. Para um campo magnético externo B ~ ×A
~
2
e no limite q → 0 a expressão anterior reduz-se a
e n o
A = u(p′ ) (p′ + p)k [1 + F1 (0)] + iσkj q j [1 + F2 (0)] u(p)Ak (q)
2m
e ′ ′ k i kij j α
= u(p ) −(p + p) + iΣ ǫ q 1 + u(p)Ak (q) (4.163)
2m 2π
onde se usaram os resultados 4.101
F1 (0) = 0
(4.164)
α
F2 (0) = 2π
Usando a forma explicita dos spinores u
χ
u(p) = (4.165)
~
σ ·(~ ~
p−eA) χ
2m
podemos escrever no limite não relativista
e χ† α
A=− (p′ + p)k + i 1 + σ i ǫijk q j χAk (4.166)
2m 2π
o que após identificação com (6.136) conduz a
α
aeth = (4.167)
2π
Este resultado obtido pela primeira vez por Schwinger e confirmado experimental-
mente foi muito importante na aceitação do programa de renormalização em QED.
e−µ|~x|
A0c (x) = Ze (4.169)
4π|~x|
4.5. Correcções radiativas à difusão de Coulomb 149
µ
x Ac
pi pf
Figura 4.15:
µ µ µ µ µ
x Ac x Ac x Ac x Ac x Ac
pi pf pi pf pi pf pi pf
Figura 4.16:
(1+2+3) 2 1 α 1
Sf i = iZe (2π)δ(Ei − Ef ) 2 2
u(pf )γ 0 1 + − ϕ tanh ϕ
|~q| + µ π 2
Z
µ ϕ
1 + ln (2ϕ coth 2ϕ − 1) − 2 coth 2ϕ β tanh βdβ
m 0
! # )
coth2 ϕ 1 /q α ϕ
+ 1− (ϕ coth ϕ − 1) + − u(pi ) (4.173)
β 9 2m π sinh 2ϕ
onde
|~q|2
= sinh2 ϕ (4.174)
4m
Z " #
(4) 2 2 d4 k 2πδ(Ef − k 0 ) 0 i 0
0 2πδ(k − Ei )
Sf i = (iZe) (e) u(p f ) γ γ
(2π)4 (pf − k)2 − µ2 k/ − m + iε (k − pi )2 − µ2
Z 2 α2
= −2i 2πδ(Ef − Ei )u(pf )[m(I1 − I2 ) + γ 0 Ei (I1 + I2 )]u(pi ) (4.175)
π
onde
Z
1
I1 = d3 k (4.176)
[(~pf − ~k)2 + µ2 ][(~pi − ~k)2 + µ2 ][(~p)2 − (~k)2 + iε]
e
Z ~k
1
(~pi + p~f )I2 ≡ d3 k (4.177)
2 [(~pf − ~k)2 + µ2 ][(~pi − ~k)2 + µ2 ][(~p)2 − (~k)2 + iε]
!
π2 2p sin(θ/2)
I1 = 3 2 ln (4.178)
2ip sin θ/2 µ
( " # " ! #)
π2 π 1 1 2p sin θ/2 µ
I2 = 1− −i 2 ln + ln
2p3 cos2 θ/2 2 sin θ/2 sin θ/2 µ 2p
(4.179)
dσ Z 2 α2 1 X
= |u(pf )Γu(pi )|2 (4.180)
dΩ |~q|2 2 pol
onde
/q
Γ = γ 0 (1 + A) + γ 0 B+C (4.181)
2m
e
Z
α µ ϕ ϕ
A = 1 + ln (2ϕ coth 2ϕ − 1) − 2 coth 2ϕ dββ tanh β − tanh ϕ
π m 0 2
1 1 Zα
+ 1 − coth2 ϕ (ϕ coth ϕ − 1) + − 2 |~q|2 E(I1 + I2 ) (4.182)
3 9 2π
α ϕ
B = − (4.183)
π sinh 2ϕ
Zα
C = − m|~q|2 (I1 − I2 ) (4.184)
2π 2
Então
1X 1
|u(pf )pu(pi )|2 = Tr[Γ(p
/i + m)Γ(p
/f + m)]
4 pol 4
θ
= 2E 2 (1 − β 2 sin2 θ/2) + 2E 2 2Bβ 2 sin2
! 2
2 θ 2 2
+2E 2ReA 1 − β sin + 2ReC(2mE) + O(α2 ) (4.185)
2
Notar que A, B e C são de ordem α e que a dependência em µ desapareceu (o
resultado não depende de ImA ou ImC). O resultado final é portanto, até ordem
α3 :
! !
dσ dσ 2α µ ϕ
= 1+ 1 + ln (2ϕ coth ϕ − 1) − tanh ϕ
dΩ elastic
dΩ Mott
π m 2
Z !
ϕ coth2 ϕ 1
−2 coth 2ϕ dββ tanh β + − (ϕ coth ϕ − 1) +
0 3 9
# )
ϕ B 2 sin2 θ/2 β sin θ2 [1 − sin θ/2]
− + Zαπ (4.186)
sinh 2ϕ 1 − β 2 sin2 θ/2 1 − β 2 sin2 θ/2
da seguinte maneira. Os detectores têm uma energia abaixo da qual não detectam,
pelo que no limite ω → 0 o bremsstrahlung na presença do campo de Coulomb e a
difusão no campo de Coulomb não são distinguidas pelo detector. Isto quer dizer
que temos que somar os dois resultados. Se considerarmos um intervalo de energia
∆E com µ ≤ ∆E ≤ E obtemos
" # ! Z " #
dσ dσ d3 k 2 2pi · pf m2 m2
(∆E) = e − −
dΩ BR
dΩ Mott ω≤∆E 2ω(2π)3 k i · pi k · pf (k · p·)2 (k · pf )2
(4.187)
Introduzindo uma massa para o fotão (isto é ω = (|~k|2 + µ2 )1/2 ) o integral pode
ser efectuado obtendo-se
" # ! (
dσ dσ 2α 2∆E 1 1+β
(∆E) = (2ϕ coth 2ϕ − 1) ln + ln
dΩ BR
dΩ Mott
π µ 2β 1 − β
Z )
1 1 − β2 1 1 1 + βξ
− cosh 2ϕ dξ 2 2 2 1/2
ln
2 β sin θ/2 cos θ/2 (1 − β ξ )[ξ − cos θ/2] 1 − βξ
(4.188)
! " #
dσ dσ dσ
(∆E) = + (∆E)
dΩ dΩ elastic
dΩ BR
!
dσ
= (1 − δR + δB ) (4.189)
dΩ Mott
A.1 Parâmetro µ
A razão do parâmetro µ introduzindo no texto é a seguinte. Em dimensão d = 4 − ǫ,
os campos Aµ e ψ têm as dimensões dadas pelos termos cinéticos da acção
Z
1
d
d x − (∂µ Aν − ∂ν Aµ )2 + ψγ · ∂ψ (A.1)
4
logo
0 = −d + 2 + 2[Aµ ] ⇒ [Aµ ] = 21 (d − 2) = 1 − ǫ
2
(A.2)
1 3 ǫ
0 = −d + 1 + 2[ψ] ⇒ [ψ] = 2
(d − 1) = 2
− 2
153
154 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
ǫ
[e] = (A.5)
2
Assim vemos que em dimensões d 6= 4 a constante de acoplamento tem dimensões.
Como é mais conveniente trabalhar com uma constante de acoplamento sem di-
mensões introduzimos um parâmetro µ com dimensões de massa e quando estamos
em d 6= 4 fazemos a substituição
ǫ
e → eµ 2 (ǫ = 4 − d) (A.6)
mantendo a constante e sem dimensões.
onde
Di = (k + ri )2 − m2i + iǫ (A.8)
onde os momentos ri estão relacionados com os momentos exteriores (por convenção
tomados todos incoming) através das relações
j
X
rj = pi ; j = 1, . . . , n − 1
i=1
Xn
rn = pi = 0 (A.9)
i=1
pn
p1 k
p2 k+r1 pn-1
p3 k+r3
pi
Figura A.1:
p p
p+k
Figura A.2:
Z Z
1 dd k 1
I = dx
0 (2π)d [(k + p)2 − m1 + iǫ] [k 2 − m22 + iǫ]
2
Z 1 Z
dd k 1
= dx
0 (2π) [k + 2p · k x + p x − m21 x − m22 (1 − x) + iǫ]2
d 2 2
Z 1 Z
dd k 1
= dx
0 (2π) [k + 2P · k − M 2 + iǫ]2
d 2
156 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
Z Z
1 dd k 1
= dx (A.14)
0 (2π) [(k + P ) − P 2 − M 2 + iǫ]2
d 2
P = xp (A.15)
e
M 2 = −x p2 + m21 x + m22 (1 − x) (A.16)
só dependem das massas, momentos exteriores e dos parâmetros de Feynman. Agora
fazendo a mudança de variável k → k − P eliminamos os termos lineares em k e
obtemos finalmente Z 1 Z
dd x 1
I= dx (A.17)
0 (2π) [k − C + iǫ]2
d 2
C = P 2 + M2 (A.18)
Também e fácil de ver que todos os integrais tensoriais se podem reduzir a integrais
escalares. Por exemplo
Z
dd x kµ
=0
(2π)d [k 2 − C + iǫ]m
Z
dd x kµ kν 1 µν Z d k2
= g d x (A.20)
(2π)d [k 2 − C + iǫ]m d [k 2 − C + iǫ]m
e assim sucessivamente. Então os integrais Ir,m são os que serão importantes para
calcular. Vamos supor que C > 0 e o caso C < 0 far-se-á por continuação analı́tica.
Para calcular o integral Ir,m vamos usar a integração no plano complexo da variável
k 0 conforme descrito na Fig. (A.3). Podemos escrever
A.3. Rotação de Wick 157
Im k0
x Re k0
Figura A.3:
Z Z r
dd−1 k 0 k2
Ir,m = dk h im (A.21)
(2π)d k02 − |~k|2 − C + iǫ
conforme indicado na Fig. (A.3). Assim, usando as propriedades das funções com-
plexas (Teorema de Cauchy), podemos deformar o contorno passando a integração
do eixo real para o eixo imaginário mais os dois quarto de cı́rculo indicados na
figura. A contribuição destes quarto de cı́rculos no infinito é nula se a dimensão
for suficientemente pequena para o integral convergir, como estamos a supor em
regularização dimensional. Então transformámos a integração ao longo do eixo real
numa integração ao longo do eixo imaginário no plano da variável complexa k 0 . Se
escrevermos então
Z +∞ Z +∞
0
k = ikE0 com 0
dk → i dkE0 (A.23)
−∞ −∞
kE = k(cos θ1 , sin θ1 cos θ2 , sin θ1 sin θ2 , sin θ1 sin θ2 cos θ3 , . . . , sin θ1 · · · sin θd−1 )
(A.27)
Então podemos escrever
Z Z π Z 2π
dΩd−1 = sin θ1d−2 dθ1 · · · dθd−1 (A.28)
0 0
Usando agora
Z π √ Γ( m+1 )
sin θm dθ = π 2
m+2 (A.29)
0 Γ( 2 )
onde Γ(z) é a função gama, obtemos
Z d
π2
dΩd−1 =2 d (A.30)
Γ( 2 )
Notemos, para finalizar, que a representação integral de Ir,m , Eq. (A.19) é válida
somente para d < 2(m − r) para assegurar a convergência quando k → ∞. Contudo
a forma já integrada da Eq. (A.32) pode ser continuada analiticamente para todos
os valores de d excepto para aqueles em que a função Γ(m − r − d/2) tem pólos, isto
é (ver secção A.6), para
d
m − r − 6= 0, −1, −2, . . . (A.33)
2
A.5. Integrais Tensoriais em Regularização Dimensional 159
onde se definiu
Z
dd k k µ1 · · · k µp
Inµ1 ···µp ≡ (A.37)
(2π)d [k 2 + 2k · P − M 2 + iǫ]n
que designamos por integral tensorial. Em princı́pio todos estes integrais se podem
escrever em termos de integrais escalares. No entanto é conveniente ter uma fórmula
geral para os obter. Essa fórmula pode ser obtida notando que
∂ 1 2kµ
n = −n (A.38)
µ 2 2
∂P [k + 2k · P − M + iǫ] [k 2 + 2k · P − M 2 + iǫ]n+1
i (4π)ǫ/2 Z ∞ dt n−3+ǫ/2 ∂ ∂
Inµ1 ···µp = 2 p
t ··· e−t C (A.39)
16π Γ(n) 0 (2t) ∂Pµ1 ∂Pµp
Γ(z + 1) = zΓ(z)
Γ(n + 1) = n! (A.42)
d
ψ(z) = ln Γ(z) (A.43)
dz
ψ(1) = −γ (A.44)
1
ψ(z + 1) = ψ(z) + (A.45)
z
onde γ é a constante de Euler. A função Γ(z) tem pólos para z = 0, −1, −2, · · ·.
Junto do pólo z = −m temos
(−1)m 1 (−1)m
Γ(z) = + ψ(m + 1) + O(z + m) (A.46)
m! m + z m!
Daqui concluı́mos que quando ǫ → 0
ǫ 2 (−1)n 2
Γ = + ψ(1) + O(ǫ) Γ(−n + ǫ) = + ψ(n + 1) + 1 (A.47)
2 ǫ n! ǫ
e !
π2 ǫ2
Γ(1 + ǫ) = 1 − γǫ + γ 2 + +··· , ǫ→0 (A.48)
6 2!
Usando estes resultados podemos expandir os nossos integrais em potências de ǫ e
extrair a parte divergente e a parte finita. Exemplifiquemos para um dos integrais
da self–energy.
A.7. Explicit formulæ for the 1–loop integrals 161
ǫ
i 4π 2 2 Γ(1 + 2ǫ )
I0,2 =
(4π)2 C ǫ
i 2
= 2
− γ + ln 4π − ln C + O(ǫ)
16π ǫ
i
= [∆ǫ − ln C + O(ǫ)] (A.49)
16π 2
onde introduzimos a notação
2
∆ǫ = − γ + ln 4π (A.50)
ǫ
para uma combinação que vai aparecer em todas as expressões.
i
I0,1 = C(1 + ∆ǫ − ln C)
16π 2
I1µ = 0
i 1 2 µν
I1µν = C g (3 + 2∆ǫ − 2 ln C) (A.51)
16π 2 8
where for the tadpole integrals
P =0 ; C = m2 (A.52)
because there are no Feynman parameters and there is only one mass. In this case
the above results are final.
162 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
i
I0,2 = (∆ǫ − ln C)
16π 2
i
I2µ = 2
(−∆ǫ + ln C)P µ
16π
i 1
I2µν = µν
Cg (1 + ∆ǫ − ln C) + 2(∆ǫ − ln C)P P µ ν
16π 2 2
i 1
I2µνα = − Cg µν (1 + ∆ǫ − ln C)P α − Cg να(1 + ∆ǫ − ln C)P µ
16π 2 2
µα ν α µ α µ ν
− Cg (1 + ∆ǫ − ln C)P − (2∆ǫ P P − 2 ln CP P )P (A.53)
i −1
I0,3 =
16π 2 2C
i 1
I3µ = Pµ
16π 2 2C
i 1
I3µν = µν
Cg (∆ǫ − ln C) − 2P P µ ν
16π 2 4C
i 1
I3µνα = Cg µν (−∆ǫ + ln C)P α + Cg να (−∆ǫ + ln C)P µ
16π 2 4C
µα ν α µ ν
+ Cg (−∆ǫ + ln C)P + 2P P P
i 1
I3µναβ = C 2
(1 + ∆ǫ − ln C) g µα νβ
g + g µβ να
g + g αβ µν
g
16π 2 8C
+ 2C (∆ǫ − ln C) g µν P α P β + g νβ P α P µ + g να P β P µ + g µα P β P ν
+g µβ P α P ν + g αβ P µ P ν − 4P α P β P µ P ν (A.55)
where
A.8. Divergent part of 1–loop integrals 163
P µ = x1 r1µ + x2 r2µ
C = x21 r12 + x22 r22 + 2x1 x2 r1 · r2 + x1 m21 + x2 m22
+(1 − x1 − x2 ) m23 − x1 r12 − x2 r22 (A.56)
i 1
I0,4 =
16π 2 6C 2
i −1 µ
I4µ = P
16π 2 6C 2
i −1
I4µν = µν
Cg − 2P P µ ν
16π 2 12C 2
i 1
I4µνα = C (g µν α
P + g να µ
P + g µα ν
P ) − 2P α µ ν
P P
16π 2 12C 2
i 1
I4µναβ = C 2
(∆ ǫ − ln C) g µα νβ
g + g µβ να
g + g αβ µν
g
16π 2 12C 2
− 2C g µν P α P β + g νβ P α P µ + g ναP β P µ + g µα P β P ν
µβ α ν αβ µ ν α β µ ν
+g P P +g P P + 4P P P P (A.57)
where
+ −r12 + r1 · r2 − r22 g µα g νβ + g αβ g µν + g µβ g να (A.61)
2 (2πµ)ǫ Z d Y 1
1
B0 (r10 , m21 , m22 ) = 2
d k 2 2
(A.65)
iπ i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 2
2 2 2 (2πµ)ǫ Y 1
C0 (r10 , r12 , r20 , m21 , m22 , m23 ) = dd k 2
(A.66)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 3
2 2 2 2 2 2 (2πµ)ǫ Y 1
D0 (r10 , r12 , r23 , r30 , r20 , r13 , m21 , . . . , m23 ) = dd k 2
(A.67)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
where
rij2 = (ri − rj )2 ; ∀ i, j = (0, n − 1) (A.68)
2
Remember that with our conventions r0 = 0 so ri0 = ri2 . In all these expressions
the iǫ part of the denominator factors is supressed. The general one-loop tensor
integrals are not independent. Their decomposition is not unique. We follow the
conventions of [5, 7] to write
Z 1
µ (2πµ)4−d Y 1
B ≡ dd k k µ 2
(A.69)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
µν (2πµ)4−d Z d µ ν Y 1
1
B ≡ 2
d k k k 2 2
(A.70)
iπ i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 2
µ (2πµ)4−d Y 1
C ≡ dd k k µ 2
(A.71)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 2
µν (2πµ)4−d Y 1
C ≡ dd k k µ k ν 2
(A.72)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 2
µνρ (2πµ)4−d Y 1
C ≡ dd k k µ k ν k ρ 2
(A.73)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 3
µ (2πµ)4−d Y 1
D ≡ dd k k µ 2
(A.74)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
µν (2πµ)4−d Z d µ ν Y 3
1
D ≡ 2
d k k k 2 2
(A.75)
iπ i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 3
µνρ (2πµ)4−d Y 1
D ≡ dd k k µ k ν k ρ 2
(A.76)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
Z 3
µνρσ (2πµ)4−d Y 1
D ≡ dd k k µ k ν k ρ k σ 2
(A.77)
iπ 2 2
i=0 [(k + ri ) − mi ]
B µ = r1µ B1 (A.78)
B µν = g µν B00 + r1µ r1ν B11 (A.79)
A.9. Passarino-Veltman Integrals 167
All coefficient functions have the same arguments as the corresponding scalar func-
tions and are totally symmetric in their indices. In the FeynCalc [5] package one
generic notation is used,
h i
PaVe i, j, . . . , {r210 , r212 , . . .}, {m20 , m21 , . . .} (A.88)
for instance h i
2
B11 (r10 , m20 , m21 ) = PaVe 1, 1, {r210 }, {m20 , m21 } (A.89)
All these coefficient functions are not independent and can be reduced to the scalar
functions. FeynCalc provides the command PaVeREduce[...] to acomplish that.
This is very useful if one wants to check for cancellation of divergences or for gauge
invariance where a number of diagrams have to cancel.
These results were obtained with the package LoopTools, after reducing to the
scalar integrals with the command PaVeReduce, but they can be verified by com-
paring with our results of section A.8, after factoring out the i/(16π 2 ).
<< FeynCalc.m
dm[mu_]:=DiracMatrix[mu,Dimension->D]
dm[5]:=DiracMatrix[5]
A.10. Examples of 1-loop calculations with PV functions 169
ds[p_]:=DiracSlash[p]
mt[mu_,nu_]:=MetricTensor[mu,nu]
fv[p_,mu_]:=FourVector[p,mu]
epsilon[a_,b_,c_,d_]:=LeviCivita[a,b,c,d]
id[n_]:=IdentityMatrix[n]
sp[p_,q_]:=ScalarProduct[p,q]
li[mu_]:=LorentzIndex[mu]
L:=dm[7]
R:=dm[6]
C=alpha/(4 pi)
*)
SetOptions[OneLoop,Dimension->D]
amp:=num * FeynAmpDenominator[PropagatorDenominator[q+k,m], \
PropagatorDenominator[q,m]]
2 2 2 2 2 2 2 2 2
Out[4]= (4 C (k + 6 m B0[0, m , m ] - 3 (k + 2 m ) B0[k , m , m ])
2 2
(k g[mu, nu] - k[mu] k[nu])) / (9 k )
170 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
To obtain the renormalized vacuum polarization one needs to know the value of
Π(0, ε). To do that one has to take the limit k → 0 in Eq. (A.102). For that one
uses the derivative of the B0 function
∂
B0′ (p2 , m21 , m22 ) ≡ 2
B0 (p2 , m21 , m22 ) (A.103)
∂p
to obtain
α 4 4 8
Π(0, ε) = − + B0 (0, m2 , m2 ) + m2 B0′ (0, m2 , m2 ) (A.104)
4π 9 3 3
Using
1
B0′ (0, m2 , m2 ) = (A.105)
6m2
we finally get
α 4
Π(0, ε) = −δZ3 = B0 (0, m2 , m2 ) (A.106)
4π 3
and the final result for the renormalized vertex is:
" ! #
R α 1 2m2
Π (k) = − + 1+ 2 B0 (k 2 , m2 , m2 ) − B0 (0, m2 , m2 ) (A.107)
3π 3 k
If we want to compare with our earlier analytical results we need to know that
m2
B0 (0, m2 , m2 ) = ∆ε − ln (A.108)
µ2
Then Eq. (A.107) reproduces the result of Eq. (4.57). The comparison between
Eq. (A.107) and Eq. (4.59) can be done numerically using the package LoopTools[7].
<< FeynCalc.m
SetOptions[{B0,B1,B00,B11},BReduce->True]
C= - alpha/(4 pi)
The minus sign comes from the photon propagator. The factor
i/(16 pi^2) is already included in this definition.
*)
SetOptions[OneLoop,Dimension->D]
172 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
amp:= num \
FeynAmpDenominator[PropagatorDenominator[p+k,m], \
PropagatorDenominator[k]]
ans=-res;
(*
The minus sign in ans comes from the fact that -i \Sigma = diagram
*)
A=Coefficient[ans,DiracSlash[p],0];
B=Coefficient[ans,DiracSlash[p],1];
(* Calculate deltm *)
delm=A + m B /. p->m
(* Calculate delZ2 *)
Ap2 = A /. ScalarProduct[p,p]->p2
Bp2 = B /. ScalarProduct[p,p]->p2
delZ2=Simplify[aux3]
2 2
A = -(C (-2 m + 4 m B0[p , 0, m ]))
2 2 2 2 2 2
C (p + A0[m ] - (m + p ) B0[p , 0, m ])
B = -(-----------------------------------------)
2
p
2 2 2 2 2
C (m - A0[m ] - 2 m B0[m , 0, m ])
delm = ------------------------------------
m
2 2 2 2 2
delZ2= C (-2 + B0[m , 0, m ] - 4 m DB0[m , 0, m ])
We therefore get
αm 1
A = − + B0 (p2 , 0, m2 ) (A.109)
π 2
" ! #
α 1 m2
B = 1 + 2 A0 (m2 ) − 1 + 2 B0 (p2 , 0, m2 ) (A.110)
4π p p
3αm 1 1 2 2
δm = − + 2
A0 (m ) + B0 (m2 , 0, m2 ) (A.111)
4π 3 3m 3
One can check that Eq. (A.111) is in agreement with Eq. (4.82). For that one needs
the following relations,
A0 (m2 ) = m2 B0 (m2 , 0, m2 ) − 1 (A.112)
m2
B0 (m2 , 0, m2 ) = ∆ε + 2 − ln (A.113)
µ2
Z 1 m2 x2 5 3 m2
dx(1 + x) ln = − + ln (A.114)
0 µ2 2 2 µ2
174 Apêndice A. Técnicas e fórmulas úteis para a renormalização
[4] R. Mertig, M. Bohm and A. Denner, Comput. Phys. Commun. 64, 345 (1991).
[6] T. Hahn and M. Perez-Victoria, Comput. Phys. Commun. 118, 153 (1999),
[hep-ph/9807565].
175