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Cimento Resinosos Duais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA


DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA RESTAURADORA

ANDRÉ LUIS FARIA E SILVA


Cirurgião-Dentista

EFEITO DO MODO DE ATIVAÇÃO DE CIMENTOS


RESINOSOS DUAIS SOBRE A CINÉTICA DE
CONVERSÃO, PROPRIEDADES MECÂNICAS,
RESISTÊNCIA DE UNIÃO E GERAÇÃO DE TENSÕES.

Tese apresentada à Faculdade de


Odontologia de Piracicaba, da Universidade
Estadual de Campinas, para obtenção do
Título de Doutor em Clínica Odontológica,
Área de Concentração em Dentística.

Orientador: Prof. Dr. Luís Roberto Marcondes Martins

Piracicaba
2008

I
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA
Bibliotecária: Marilene Girello – CRB-8a. / 6159

Silva, André Luis Faria e.


Si38e Efeito do modo de ativação de cimentos resinosos duais sobre
a cinética de conversão, propriedades mecânicas, resistência de
união e geração de tensões. / André Luis Faria e Silva. --
Piracicaba, SP : [s.n.], 2008.

Orientador: Luís Roberto Marcondes Martins.


Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas,
Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

1. Cimentação. 2. Materiais dentários. 3. Polimerização. I.


Martins, Luís Roberto Marcondes. II. Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.
(mg/fop)

Título em Inglês: Effect of activation mode of dual-cured resin cements on polymerization


kinetics, mechanical properties, bond strength and stress generation
Palavras-chave em Inglês (Keywords): 1. Cementation. 2. Dental materials. 3.
Polymerization
Área de Concentração: Dentística
Titulação: Doutor em Clínica Odontológica
Banca Examinadora: Luís Roberto Marcondes Martins, Carlos José Soares, César
Augusto Galvão Arrais, Flávio Henrique Baggio Aguiar, Luis Alexandre Maffei Sartini
Paulillo
Data da Defesa: 15-07-2008
Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica

II
III
Dedico este trabalho

Aos meus pais, Expedito e Ana Maria,

por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos desta caminhada,

dedicando seus esforços na minha formação

e possibilitando a minha dedicação à pós-graduação.

Mesmo distantes geograficamente,

estiveram sempre presentes em cada momento.

Vocês são exemplo para minha vida!

V
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A DEUS, pelo dom da vida e força concedida nos momentos mais difíceis

desta caminhada. Sem que percebesse, trilhei caminhos melhores que os planejados.

Obrigado por todas as pessoas que colocou na minha vida.

Ao meu irmão, Roberto César, pelo carinho, admiração e amizade.

Ao meu orientador, Beto, pelos ensinamentos, tanto profissionais quanto

pessoais, e, principalmente, pelas chances ofertadas. Não apenas um orientador, mas

também um grande amigo! Espero sempre contar com a sua amizade. Sempre faltarão

palavras para expressar a minha gratidão por tudo que fez por mim.

VII
AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Campinas, nas pessoas do Magnífico Reitor


Prof. Dr. José Tadeu Jorge e vice-reitor Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa;

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de


Campinas, nas pessoas do diretor Prof. Dr. Franscisco Haiter Neto e do diretor associado
Prof. Dr. Marcelo de Castro Meneghim;

Ao Prof. Dr. Jacks Jorge Junior, coordenador dos cursos de Pós-graduação, e


à Profa. Dra. Renata Cunha Matheus Rodrigues Garcia, coordenadora do curso de Pós-
graduação em Clínica Odontológica;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela


concessão de Bolsa e Auxílio à Pesquisa que proporcionaram a minha manutenção em
Piracicaba e a realização deste trabalho, respectivamente;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


(CNPq) pela concessão da Bolsa nos primeiros meses de Doutorado;

Ao Prof. Dr. Evandro Piva, da UFPEL, pela amizade e por disponibilizar o


espectrômetro em que foi realizado parte desta tese. Agradeço também aos seus orientados,
Giana e Fabrício, por toda ajuda.

Ao Prof. Dr. Roberto Ruggiero Braga, da FO-USP, e sua orientada, Letícia


Boaro, pela ajuda e por ceder a máquina de ensaios universais do laboratório daquela
faculdade para execução de parte do projeto desta tese;

Aos amigos Joãozinho e Rafael (Foguinho) pela hospitalidade concedida


durante a minha estada em Pelotas para desenvolvimento de parte desta tese;

IX
À Profa. Dra. Vanessa Arias, pela ajuda na análise estatística deste trabalho;

À Pollyana pelo carinho e amor compartilhado nos últimos meses;

À Luciana e toda sua família.

Aos colegas do curso de doutorado em Dentística, Fernanda, Thiago e Paulo


César, e aos demais colegas da área de Dentística, incluindo os que por aqui passaram,
Débora, Ricardinho, Grace, Celso, Fabinho, Alessandra, André Carioca, Denise, César,
Vanessa Cavalli, Vanessa Ruiva, Jansen, Marcelo Santista, Andréa, Larissa Cavalcante,
Larissa Fragoso, Cristina, Ana Paula, Vanessa Bueno, Cristiane, Cláudia, Leonardo, Maria,
Adriano, Cíntia, Marina, Thaiane, Giuliana, Lucinha, dentre outros, pela convivência e
ajuda nos momentos mais difíceis;

Aos professores da área de Dentística, Prof. Dr. José Roberto Lovadino,


Prof. Dr. Luís Alexandre M. S. Paulillo, Profa. Dra. Gisele M. Marchi Baron, Prof. Dr.
Marcelo Giannini e Prof. Dr. Flávio Henrique Baggio Aguiar, pelos ensinamentos durante o
curso de mestrado e doutorado;

Aos amigos de outras áreas da FOP, Felipe (Gaúcho), Vinícius Hipólito,


Vanessa Tramontino, Ricardo Vaz, Foguinho, Wiliam, dentre outros, pela amizade;

Aos professores que participaram da minha banca de qualificação, Profa.


Dra. Vanessa Galego Arias, Prof. Dr. Luis Alexandre Maffei Sartini Paulillo e Prof. Dr.
Mário Fernando de Góes, pelas valiosas contribuições para este trabalho;

Aos meus amigos nas repúblicas que passei, Marcelo Santista, Jansen,
Bruno Gurgel, César Arrais, Paulo Simamoto, Caio, Bernardo e Ricardinho, pela
convivência, companheirismo e por se tornarem a minha família em Piracicaba;

X
Aos meus companheiros e amigos, colegas de orientação, Murilo, Paulo
Vinícius e Paulo César, por todo apoio, ensinamentos e momentos de descontração
proporcionados;

Aos funcionários da Área de Dentística, Mônica e Pedro Justino, pela


atenção dispensada e disponibilidade em ajudar;

À Mara, por cuidar de mim e do meu apartamento em Piracicaba;

Ao amigo Luis Antônio, pela amizade de Montes Claros que aumentou em


Piracicaba e por ter dividido comigo o seu apartamento nos meus últimos meses nesta
cidade;

Aos meus amigos de Montes Claros e a todas as pessoas que participaram


desta conquista, contribuindo para a realização deste trabalho, direta ou indiretamente, meu
agradecimento.

XI
“Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos.

É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças.

É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola.

É tomar atitudes que ninguém tomou.

É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória.

É não esperar uma herança, mas construir uma história...”

Augusto Cury

XIII
RESUMO

Durante os procedimentos de cimentação de restaurações indiretas e


pinos intra-radiculares usando cimentos resinosos, a polimerização apropriada do
cimento é essencial para o sucesso clínico da restauração. Entretanto, o potencial
de polimerização dos componentes de ativação química e por luz de cimentos
resinosos duais demonstra ser muito variável. Em adição, o rápido aumento da
viscosidade causado pela fotoativação pode inibir a polimerização ativada
quimicamente e reduzir o grau de conversão (GC) final. Assim, os objetivos deste
estudo foram avaliar o efeito da fotoativação (ausência, imediata ou tardia) de três
cimentos resinosos duais (Enforce, RelyX ARC e Panavia F) sobre: 1 – cinética de
taxa de polimerização (Tp); 2 – resistência à tração diametral (RTD) e rigidez
relativa (RR); 3 – tensão de contração de polimerização (TC); 4 – resistência
máxima à tração (RMT) e 5 – resistência de união ao cisalhamento (RU). Para
este último, o tempo do teste (10 minutos ou 24 horas) também foi avaliado. A
fotoativação aumentou o GC para todos os cimentos resinosos. A ativação tardia
melhorou o GC para o Enforce, reduziu para o RelyX ARC e para o Panavia F.
Entretanto, este modo de ativação reduziu a Tp para todos os cimentos. O
Panavia F apresentou a mais lenta reação de polimerização e os menores GC
quando usado na ausência de fotoativação. O uso do ED Primer com este cimento
aumentou o GC para todos os modos de ativação. A ausência de fotoativação
reduziu a RTD apenas para o Panavia F. Para a fotoativação tardia, o RelyX ARC
mostrou maior RTD que os outros cimentos. Para RR, não houve diferença entre
os modos de ativação, mas o RelyX ARC mostrou maiores valores que o Panavia
F para fotoativação imediata. A ausência de fotoativação gerou as menores TC e a
fotoativação imediata levou aos maiores valores. Para os cimentos, o RelyX ARC
mostrou maior TC que o Panavia F. Não houve efeito do modos de ativação na
RMT. Os menores valores de RMT foram encontrados para o Panavia F. O RelyX
ARC apresentou os maiores valores de RU e o Panavia F os menores. A
fotoativação dos cimentos aumentou a RU, independentemente do momento em

XV
que foi realizada. Os corpos-de-prova testados após 24 horas apresentaram
maiores valores que aqueles avaliados após 10 minutos.

Palavras-chave: Cimentação, materiais dentários, polimerização.

XVI
ABSTRACT

During the cementation procedures of indirect restorations and intra-


radicular posts using resin cements, proper polymerization of the luting material is
essential for the clinical success of restorations. However, the polymerization
potential of chemically cured and light-cured components of commercially available
dual-cured cements was found to vary greatly. In addition, the rapid increase in
viscosity caused by light-activation may inhibit the chemically induced
polymerization and reduce the ultimate degree of conversion (DC). Therefore, the
aims of this study were to evaluate the effect of the light-activation (absence,
immediate or delayed) of three dual-cured resin cement (Enforce, RelyX ARC and
Panavia F) on: 1 – kinetics and rate of polymerization (Rp); 2 – diametral tensile
strength (DTS) and relative rigidity (RR); 3 – polymerization shrinkage stress (SS);
4 – ultimate tensile strength (UTS) and 5 – shear bond strength (BS). For latter, the
testing times (10 minutes or 24 hours) were also evaluated. Light-activation
improved the DC for all resin cements. Delayed light-activation improved the DC
for Enforce, reduced it for RelyX ARC and Panavia F. However, this activation
mode reduced the maximum Rp for all cements. Panavia F presented slower
polymerization reaction and the lowest DC when used in the absence of light-
activation. The use of ED Primer with this cement increases the DC for all
activation modes. The absence of light-activation reduced the DTS only in Panavia
F. For delayed light-activation, RelyX ARC showed higher DTS than the other
cements. For RR, there was no difference between the activation modes, but
RelyX ARC presented higher values than Panavia F for immediate light-activation.
The absence of light-activation generated the lowest SS and the immediate light-
activation led to the highest values. For the cements, RelyX ARC showed higher
SS than Panavia F. The activation mode had no effect on UTS. The lowest UTS
values were found for Panavia F. RelyX ARC presented the highest BS values
and Panavia F the lowest. Light-activation of the cements improved the BS,

XVII
independently of the time that this was done. The specimens tested at 24 hours
presented higher values than those evaluated at 10 minutes.

Key-words: Cementation, Dental Materials, polymerization.

XVIII
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................... 5
2.1 Cimentos resinosos............................................................................ 5
2.2 Reação de polimerização................................................................... 9
2.3 Propriedades Mecânicas.................................................................... 16
2.4 Tensão de contração.......................................................................... 21
2.4 Resistência de união........................................................................... 27
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................... 37
4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 39
4.1 Cinética de conversão......................................................................... 41
4.2 Tração diametral e rigidez relativa...................................................... 46
4.3 Resistência máxima à tração ............................................................. 49
4.4 Tensão de contração de polimerização ............................................. 51
4.5 Resistência de união ao cisalhamento................................................ 55
5 RESULTADOS............................................................................................. 61
5.1 Cinética de conversão........................................................................ 61
5.2 Tração diametral e rigidez relativa..................................................... 79
5.3 Resistência máxima à tração ............................................................ 80
5.4 Tensão de contração de polimerização ............................................ 81
5.5 Resistência de união ao cisalhamento............................................... 84
6 DISCUSSÃO.................................................................................................. 93
7 CONCLUSÕES............................................................................................. 111
REFERÊNCIAS................................................................................................ 113

XIX
1. INTRODUÇÃO

A utilização de restaurações indiretas em porcelana ou compósito tem


crescido consideravelmente nos últimos anos. Isto se deve às melhorias nas
propriedades mecânicas desses materiais restauradores (Raigrodski 2005;
Leinfelder 2005) e ao aprimoramento dos sistemas de cimentação adesiva,
utilizando cimentos resinosos associados ou não a sistemas adesivos e primers.
Este último fator contribuiu para uma melhor união das restaurações indiretas à
estrutura dental, promovendo maior segurança aos clínicos no momento da
cimentação (Krämer et al., 2000; Kugel & Ferrari, 2000).
Em relação ao modo de ativação da reação de polimerização, os
cimentos resinosos são classificados em de ativação química, física (fotoativados)
ou de dupla-ativação, também chamados de cimentos duais. Estes foram
desenvolvidos buscando conciliar as vantagens dos cimentos fotoativados, maior
estabilidade de cor e controle do tempo de trabalho, com a possibilidade de
polimerização mesmo na ausência de luz, principal vantagem dos cimentos
ativados quimicamente. Entretanto, diversos trabalhos têm demonstrado que a
maioria dos agentes de cimentação duais é dependente da fotoativação para
alcançar grau de conversão (El-Badrawy et al., 1995; Caughman et al., 2001;
Kumbuloglu et al., 2004; Faria e Silva et al., 2007) ou valores de dureza (Braga et
al., 2002a; Sigemori et al., 2005) semelhantes em relação a situações em que são
expostos à fonte luz fotoativadora. Isto demonstra que para estes cimentos
resinosos, a fotoativação faz-se necessária a fim de se alcançar ótimas
propriedades mecânicas e um melhor desempenho clínico.
Entretanto, Sharp et al. (2005) encontraram que para alguns destes
cimentos resinosos, a sua utilização no modo dual, ou seja, ativação química e
físca, resulta em menor grau de conversão, e conseqüente redução das
propriedades mecânicas, em relação quando os mesmos cimentos eram apenas

1
ativados quimicamente. Uma possível explicação é que a fotoativação do cimento
aumenta viscosidade do material, à medida que ocorre a formação da rede
polimérica, diminuindo a mobilidade do meio reacional e dificultando a
movimentação dos componentes ativos responsáveis pela ativação química
adicional da reação de polimerização (Rueggeberg & Caughman, 1993; Sideridou
et al., 2002). Teoricamente, a fotoativação destes cimentos depois de decorrido
algum tempo da ativação química deste poderia contornar parte deste problema e
aumentar o grau de conversão.
Assim, técnicas de fotoativação que aumentem as propriedades
mecânicas dos cimentos resinosos podem ser de grande importância para a
longevidade de restaurações indiretas. A melhora destas propriedades também
aumenta a união dos cimentos resinosos aos substratos (Foxton et al., 2002),
além da retenção friccional das coroas protéticas, uma vez que reduz a incidência
de falhas coesivas no agente cimentante. Além disto, o modo de ativação da
reação de polimerização interfere na cadeia polimérica formada, com
conseqüência nas propriedades mecânicas e no desenvolvimento de tensões de
contração. Levando em consideração o alto fator de configuração cavitário (fator-
C) em procedimentos de cimentação, as tensões geradas pela contração de
polimerização do cimento também podem comprometer a união e, em última
análise, a retenção da restauração (Braga et al., 2002b).
Diante da grande variedade de cimentos resinosos duais disponíveis,
da sua grande aceitação e dos resultados conflitantes relatados na literatura, com
diferentes materiais apresentando comportamentos distintos, dúvidas ainda
surgem a respeito da utilização destes materiais. Estas são principalmente
relacionadas à capacidade destes materiais se polimerizarem efetivamente na
ausência de luz, em situações em que a fotoativação não é possível ou
comprometida. Quando a fotoativação pode ser realizada, parece consensual que
esta deva ser feita logo após a inserção da peça protética sobre o cimento
resinoso. Entretanto, diante do exposto acima, surgem também dúvidas se a
fotoativação tardia de cimentos resinosos duais poderia influir em propriedades

2
importantes ao seu desempenho clínico. Assim faz-se importante avaliar a
influência do modo de ativação da reação de polimerização, um fator que pode ser
controlado pelo clínico, sobre o desempenho dos cimentos resinosos duais.

3
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cimentos resinosos

Os cimentos odontológicos funcionam como elo entre as restaurações


indiretas e/ou retentores intra-radiculares e a estrutura dental preparada. Por
vários anos, o cimento de fosfato de zinco foi o material mais utilizado nas
cimentações protéticas. Apesar de suas limitações, particularmente em relação a
sua alta solubilidade e ausência de união ao substrato e à restauração, o cimento
de fosfato de zinco apresentou alto índice de sucesso ao longo dos anos.
Creugers et al. (1994) fizeram uma meta-análise avaliando o desempenho de
próteses parciais fixas cimentadas com cimento de fosfato de zinco e encontraram
índice de sobrevivência de aproximadamente 75% após quinze anos.
Entretanto, com a evidente substituição das restaurações metálicas e
núcleos metálicos fundidos por restaurações e pinos livres e de metal (metal-free),
surgiu a necessidade de cimentos com propriedades mecânicas superiores e que
possibilitassem a união ao substrato e ao material restaurador (Raigrodski, 2005;
Leinfelder, 2005). Os cimentos ionoméricos, apesar das características adesivas
ao substrato dental e propriedades mecânicas superiores às do cimento de fosfato
de zinco, além de liberarem flúor, deixam a desejar em outros aspectos,
principalmente em relação à sua opacidade, que pode comprometer a estética da
restauração final (Gladys et al., 1999). Diante deste quadro, a utilização de
cimentos resinosos ganhou grande popularidade.
A utilização dos monômeros resinosos na odontologia começou no
início do século XX com o desenvolvimento de ésteres derivados do ácido
metacrilato, incluindo o metilmetacrilato (Peutzfeldt, 1997). Entretanto, este
monômero, que se polimerizava por meio de reação de adição, só podia ser
utilizado em próteses totais e restaurações indiretas. O desenvolvimento posterior
do sistema de iniciação da reação de polimerização baseado no peróxido de
benzoíla e amina terciária possibilitou a utilização do metilmetacrilato como

5
material restaurador estético (Peutzfeldt, 1997). Entretanto, este material
apresentava alta contração de polimerização e coeficiente de expansão térmico
linear inadequado, o que acarretava no aparecimento de fendas, infiltração
marginal e, conseqüente, perda de restauração. Bowen (1956), em vista das
limitações do metilmetacrilato, desenvolveu resinas epóxicas que apresentavam
menor contração de polimerização e podiam ser utilizadas em restaurações
diretas. Entretanto, a reação de polimerização destas resinas era muito lenta,
comprometendo a sua utilização clínica.
O grande salto no desenvolvimento de materiais resinosos se deu com
o desenvolvimento do monômero resinoso multifuncional Bisfenol glicidil
dimetacrilato (Bis-GMA). Esse monômero é muito similar à resina epóxica,
apresentando a substituição dos grupamentos vinílicos por grupamentos
metacrilatos como principal diferença (Bowen, 1962). O Bis-GMA é uma molécula
longa contendo um anel aromático no centro da cadeia e duplas ligações alifáticas
de carbono nas extremidades. Estas duplas ligações se quebram durante a reação
de polimerização, permitindo que o monômero se una a outros na reação de
polimerização. O anel aromático confere alta rigidez a este monômero, enquanto
que a longa separação entre as duplas ligações alifáticas aumenta a sua
reatividade (Peutzfeldt, 1997). O Bis-GMA também possui dois grupamentos
hidroxila, o que aumenta a sua viscosidade. Isto se deve ao fato de as hidroxilas
formarem ligações de hidrogênio, o que aumenta a interação intermolecular do
monômero, dificultando sua mobilidade e o deslizamento entre as cadeias
(Sideridou et al., 2002).
A alta viscosidade do Bis-GMA torna necessária a sua mistura a outros
monômeros de menor peso molecular, monômeros diluentes, a fim de possibilitar
a obtenção de materiais que possam ser manipulados com facilidade pelos
cirurgiões-dentista. Assim, a quantidade de diluente incorporada ao material irá
ditar a sua fluidez (Davy et al., 1998). Os cimentos resinosos, em função da
necessidade de alto escoamento, possuem maior concentração de monômeros
diluentes do que as resinas compostas. O principal monômero utilizado com este

6
propósito é o trietilenoglicol-dimetacrilato (TEGDMA), que é uma molécula linear,
relativamente flexível e que também apresenta ligações insaturadas de carbono
nas suas extremidades (Sideridou et al., 2002).
Cimentos resinosos como Choice (Bisco Inc., Schaumburg, IL, USA)
Cement-It! (Jeneric/Pentron, Wallingford, CT, EUA) e Lute-it! (Jeneric/Pentron)
usam o monômero Uretano dimetacrilato (UDMA) associado ao Bis-GMA. O
UDMA é sintetizado a partir da reação entre o 2-hidroxietil metacrilato e 2,4,4
Trimetil hexametilenediisocianato, apresenta baixa viscoisidade e, devido a alta
flexibilidade de ligações uretanas, produz polímeros com alta resiliência
(Peutzfeldt, 1997). A utilização deste monômero junto ao Bis-GMA na formulação
de materiais resinosos leva também a maior grau de conversão do que a mistura
Bis-GMA/TEGDMA (Charton et al., 2007).
O monômero 10-metacriloxidecil di-hidrogênio fosfato (10-MDP),
sintetizado pela Kuraray (Ozaka, Japão), também foi incorporado juntamente com
o Bis-GMA nos cimentos resinosos fabricados por esta empresa, como o Panavia
F. O 10-MDP apresenta uma longa cadeia de carbonos, o que lhe confere um
aspecto hidrófobo e aumenta a sua estabilidade hidrolítica (Van Landuyt et al.,
2007). Yoshida et al. (2004) demonstrou que este monômero tem a capacidade de
formar uma forte ligação iônica com o cálcio presente na hidroxiapatita do esmalte
e da dentina. Entretanto, as vantagens desta ligação química em termos de
aumento da união do material ao substrato dental, ou da estabilidade desta, ainda
é controverso. Além disso, o 10-MDP parece ter a capacidade de ser unir a
superfícies metálicas, o que seria vantajoso, por exemplo, em cimentações de
coroas metalo-cerâmicas (Taira et al., 1998). Outra característica do 10-MDP é
que a sua polimerização é fortemente inibida pelo oxigênio (Krämer et al., 2000).
Isto pode fazer com o cimento localizado nas margens das restaurações se
apresente pobremente polimerizado e seja mais susceptível à degradação. Em
vista disto, a Kuraray disponibiliza um gel (Oxiguard) para ser aplicado nas
margens das restaurações, em que o cimento resinoso está exposto, evitando a
inibição da reação de polimerização pelo oxigênio. Outros monômeros resinosos

7
que também a possuem capacidade de se unir quimicamente à camada de óxidos
das restaurações metálicas são o 4-metacriloxietil trimetilato anidro (4-META) e o
ácido 10-metacriloil-oxidecametileno malônico (10-MAC) (Van Landuyt et al.,
2007).
Além dos monômeros resinosos, outro componente fundamental às
propriedades mecânicas dos cimentos resinosos são as partículas de cargas.
Essas partículas, geralmente de vidro ou sílica, são adicionadas na quantidade de
50 a 70% em peso (Jacobsen & Rees, 1992) e, além de aumentar a resistência
mecânica, reduz a solubilidade e a contração volumétrica do cimento resinoso.
Entretanto, a adição de carga também aumenta a viscosidade do material, o que
reduz o seu potencial de escoamento e eleva a espessura de película (Diaz-Arnold
et al., 1999). Assim, o aumento acentuado da viscosidade pode dificultar o
assentamento da restauração protética e ocasionar desadaptação marginal.
Alguns fabricantes de cimentos resinosos também têm adicionado fluoretos a
estes materiais. A posição estratégica do cimento nas margens das restaurações
e o potencial efeito cariostático do flúor tornam, teoricamente, os cimentos
resinosos fluoretados vantajosos em relação aos demais. Entretanto, existem
poucas evidências que os cimentos resinosos fluoretados tenham efetividade na
inibição de lesões cariosas nas margens das restaurações (Moura et al., 2004).
Apesar das inúmeras vantagens em relação aos tradicionais cimentos
de fosfato de zinco e aos ionoméricos, os cimentos resinosos ainda têm sido
preteridos por muitos cirurgiões dentistas em função da maior dificuldade técnica
na sua utilização. Para se unirem ao substrato dental e às restaurações, é
necessário um procedimento adesivo prévio. Este inclui condicionamento ácido
(exceto para os sistemas que utilizam adesivos auto-condicionantes), lavagem da
solução ácida, controle de umidade, aplicação e fotoativação do adesivo, após a
volatilização do solvente. Brunton et al. (2005) verificaram que apenas 12% dos
cirurgiões-dentista britânicos utilizavam cimentos resinosos para fixar restaurações
metalo-cerâmicas, mesmo diante de todas as evidências a cerca de suas
melhores propriedades mecânicas. Pensando nisso, a 3M ESPE (Seefeld,

8
Alemanha) lançou o primeiro cimento resinoso auto-adesivo do mercado,
denominado RelyX Unicem. Este material consiste de monômeros metacrilatos
que são modificados pelo ácido fosfórico e apresentam pH próximo a um quando
manipulados (Burke, 2005). Esse baixo pH condiciona o substrato dental,
resultando na formação de uma fina camada híbrida. Outros cimentos resinosos
auto-adesivos foram desenvolvidos como G-Cem (GC America Inc. Alsip, IL,
EUA), Maxcem (Kerr Co., Orange, CA, EUA) e Smart Cem (Densply
Sankin,Tokyo, Japão).

2.2 Reação de polimerização

A reação de polimerização dos cimentos resinosos se processa a partir


do momento em que um radical livre extrai um elétron do monômero pela quebra
das ligações duplas de carbono alifáticas. O carbono possui quatro elétrons que
devem se unir a outros a fim de estabilizar a molécula. Assim, o monômero
resinoso, que se torna reativo, irá desencadear a quebra de ligações duplas de
carbono em outros monômeros, ligando-se a estes e formando polímeros
(Anusavice, 2003). Este processo de polimerização continua até que a reatividade
do meio esgote, sendo que sempre há a presença de monômeros remanescentes
ao fim do processo. Pode-se dividir a reação de polimerização em três fases:
iniciação, propagação e terminação.
A iniciação se processa por meio da ativação de um iniciador, que se
quebra e gera um radical livre. O radical livre, que apresenta um elétron não
pareado, apresenta um nível de energia elevado e, ao colidir com o monômero
transfere a sua reatividade a este. A partir do modo em que ocorre a ativação, os
cimentos resinosos podem ser classificados em ativados quimicamente,
fotoativados ou de dupla ativação, também denominados de cimentos resinosos
duais, em que as duas formas de ativação anteriores são combinadas. Nos
sistemas de ativação química, o iniciador, geralmente o peróxido de benzoíla,

9
reage com uma amina terciária, utilizada como acelerador, para gerar os radicais
livres (Salz et al., 2005).
Os iniciadores são moléculas que apresentam ligações atômicas com
baixa energia de dissociação e formam radicais livres sob certas condições, como
temperatura, excitação fotoquímica ou reação de oxi-redução (Odian, 1982).
Quando o iniciador entra em contato com um acelerador amina, como a N,N-
dihidroxietil-p-toluidina, ocorre reação de oxi-redução e a geração de radicais
livres. Nos cimentos que utilizam este sistema de ativação, geralmente o
acelerador encontra-se na pasta base e o iniciador na pasta catalisadora. Quando
as duas pastas são misturadas, previamente ao procedimento de cimentação,
ocorre o início da reação de polimerização. Uma das desvantagens dos sistemas
quimicamente ativados é a ausência de controle sobre o tempo de trabalho, que é
determinado pelas concentrações de inibidores de reação e pela proporção
acelerador/iniciador fornecidos pelo fabricante do material. Um aumento nesta
proporção pode reduzir em demasia o tempo de trabalho do cimento e dificultar o
procedimento de cimentação. Já quando ocorre o inverso, a reação de
polimerização pode ficar comprometida e o cimento resinoso apresentar-se
pobremente polimerizado.
Buscando possibilitar o controle sobre o tempo de trabalho dos
materiais resinosos ao clínico, foram criados os sistemas de ativação por meio de
energia luminosa. Os fotoiniciadores são moléculas que se dissociam em radicais
livres após serem excitadas pela energia luminosa. Geralmente, os fotoiniciadores
utilizados na odontologia possuem um keton (C=O) que pode ter seus elétrons
elevados a um nível orbital superior quando absorvem energia luminosa em um
determinado comprimento de onda (Park et al., 1999). Após a excitação, o
fotoiniciador excitado entra em decomposição, gerando radicais livres (tipo I), ou
reage com um co-iniciador para gerar radicais (tipo II) (Odian, 2004). A
canforoquinona, que é uma α-1,2 diquetona, é o fotoiniciador mais utilizado na
odontologia, geralmente associado a uma amina terciária alifática, que pode ser
dimetilaminoetil metacrilato (DMAEMA) ou dimetil-p-toluidina (DMPTI) (Watts,

10
2005). Essa associação ocorre porque a canforoquinona em seu estado excitado,
também chamado triplete, é extremamente instável para promover uma efetiva
reação de polimerização (Ogliari et al., 2007). Assim, aminas são adicionadas ao
sistema para prolongar a duração da formação de radicais livres. A
canforoquinona forma um estado excipleto ao combinar com a amina. Neste
estado, ela aceita um elétron da amina e forma um radical cetila, ao passo que a
saída de um átomo de hidrogênio da amina resulta na formação radical amino,
responsável pelo início da reação de polimerização (Newman et al., 2005).
Apesar de possibilitar ao clínico o controle do tempo de trabalho, o
sistema de fotoativação tem como principal limitação a dependência de fótons
para excitação do fotoiniciador. A ativação da reação de polimerização em
compósitos ativados por luz é dependente, dentre outras coisas, do comprimento
de onda e da intensidade de luz que atinge o material (Assmussem & Peutzfeldt,
2005). A canforoquinona, por exemplo, apresenta amplo espectro de absorção de
luz, 360 e 510 nm, com pico de absorção em 468 nm (luz azul). Assim, quanto
mais próximo do pico de absorção for a luz emitida, melhor será o efeito excitatório
sobre este fotoiniciador. Quanto à intensidade de luz, é importante ressaltar que
os cimentos resinosos são sempre utilizados sob uma restauração ou dentro do
canal radicular, no caso de cimentação de pinos intra-radiculares. À medida que a
luz passa através da restauração, a luz emitida pelo aparelho fotopolimerizador é
absorvida ou dispersada. Isto ocorre principalmente em função da carga
inorgânica e de outros aditivos presentes nos materiais restauradores (Watts,
2005). Clewell (1941) descreveu uma fórmula para relacionar os fatores que
interferem na dispersão da luz. Segundo esta, a quantidade de dispersão da luz é
inversamente proporcional ao índice de refração da matriz orgânica, ao índice de
refração das partículas de carga, ao diâmetro dessas partículas e ao comprimento
de onda da luz emitida. Outro dado importante é que o coeficiente de dispersão de
fótons aumenta proporcionalmente ao grau de conversão do compósito (Chen et
al., 2005). Isto significa que a luz tem maior dificuldade em penetrar através da
resina polimerizada, como é o caso de restaurações indiretas de resina composta.

11
Outra situação em que a luz é dispersada é durante a cimentação de pinos intra-
radiculares. Mesmo utilizando pinos translúcidos, a intensidade de luz que atinge
as regiões mais apicais do canal radiculares é menor que a recebida pelo cimento
resinoso na região superficial (Faria e Silva et al., 2007).
Soares et al. (2006) avaliaram o efeito da espessura e da cor de um
disco de cerâmica interposto entre a ponta do aparelho fotopolimerizador e um
cimento resinoso sobre a dureza Knoop deste. A avaliação da dureza de um
compósito é um método indireto de avaliação do grau de conversão. Os autores
concluíram que há uma redução na dureza do cimento (e também do grau de
conversão) com o aumento da espessura da cerâmica e quando são utilizadas
cores mais escuras, sendo o efeito da espessura mais pronunciado. Um efeito
similar pode também ser esperado para restaurações indiretas de resina
composta. Arrais et al. (2006) encontrou que a densidade da luz que chegava ao
cimento resinoso diminuía para 1/9 e 1/12 do seu valor quando a fotoativação era
realizada através de discos de resina composta de 2 mm de espessura na cor A2
e A4, respectivamente. Caughman et al. (2001), ao avaliarem seis cimentos
resinosos, concluíram que para três deles, Calibra (Dentsply-Caulk, Mildford, DE,
EUA), Insure (Cosmedent, Chicago, IL, EUA ) e Lute-it , não era recomendada a
sua utilização apenas no modo fotoativado em cimentações de restaurações
cerâmicas. Entretanto, estes mesmos cimentos resinosos poderiam ser utilizados
nesta condição quando o modo de ativação fosse dual. É importante observar, que
as restaurações de resina composta tem menor capacidade de transmitir luz que
uma restauração de cerâmicas da mesma cor (El-Badrawy & El-Molwafy, 1995).
O surgimento do sistema de ativação dual, combinando a ativação
química e a fotoativação, ocorreu justamente para suprir as principais deficiências
destes dois modos de ativação. A idéia era ter um material que tivesse o tempo de
trabalho controlado pelo clínico, principal vantagem dos materiais fotoativados,
mas que também se polimerizasse na ausência de luz. Entretanto, essa
independência da luz parece não ser verdadeira para todos os cimentos resinosos
duais. Harasahima et al. (1991) avaliaram o grau de conversão de cinco cimentos

12
resinosos duais e encontraram uma conversão de 66 a 81% quando estes
materiais foram fotoativados, ou seja, utilizados no modo dual. Entretanto, os
mesmos materiais utilizados no modo de ativação químico apresentaram valores
de grau de conversão entre 59 e 75%. Kumbuloglu et al. (2004) também
encontraram menor grau de conversão para os cimentos resinosos duais não
fotoativados. Caughman et al. (2001) observaram que apenas os cimentos Choice
e Variolink (Ivoclar-Vivadent, Schaan, Liechtenstein), dos seis avaliados por eles,
foram dependentes da luz para alcançarem um alto grau de conversão. Para os
outros cimentos, Calibra, Insure, Lute-it! e Nexus (Kerr Corp., Wallingford, CT,
USA), os graus de conversão obtidos nos modos dual e químico foram similares.
Essas diferenças de comportamento entre diferentes materiais em relação à
dependência da fotoativação está provavelmente relacionado à diferenças na
proporção entre iniciador e acelerador. Além disso, o tipo de amina utilizada como
acelerador também pode ter influência na reação de polimerização do cimento.
Após o início da reação (fase de iniciação), ocorre a fase de
propagação da reação de polimerização, que pode ocorrer por três diferentes
rotas. Na primeira, novos radicais monômeros, com elétrons pendentes, se unem
ao polímero em formação, estabilizando-se. Na segunda rota, a estabilização
ocorre pela ligação do elétron pendente a outro do mesmo monômero, que precisa
se dobrar para que ocorra ligação (Andrzejewska, 2001). A dupla ligação pendente
pode também colidir com outra molécula em busca de estabilização,
caracterizando a terceira rota (Andrzejewska, 2001). Alguns fenômenos como
auto-aceleração e auto-desaceleração da reação de polimerização ocorrem
durante a fase de propagação tem efeito significativo sobre o grau de conversão
final do polímero, influindo também em propriedade mecânicas e na geração de
tensões de contração pelo material. A velocidade em que se processa a reação de
polimerização é medida pela taxa de polimerização. A auto-aceleração é o
aumento acentuado desta taxa que ocorre até atingir um pico, onde a taxa de
polimerização da reação é máxima. A partir deste ponto, ocorre auto-
desaceleração da reação com redução da taxa de polimerização (Andrzejewska,

13
2001). Isto corre porque, à medida que a reação se processa, há a formação da
rede polimérica e conseqüente diminuição da mobilidade do meio reacional, o que
leva a uma redução na velocidade da reação (Sideridou et al., 2002). Este fato irá
também levar a limitação no grau de conversão final.
O tipo de monômero utilizado na composição do cimento resinoso
também terá papel importante no processo de polimerização. Monômeros mais
rígidos como o Bis-GMA não conseguem girar e expor suas duplas ligações de
carbono alifáticas. Isto é denominado impedimento estérico e faz com que
materiais com alta concentração destes monômeros apresentem baixo grau de
conversão. Já os monômeros diluentes são moléculas mais flexíveis que
conseguem reagir mais facilmente, principalmente quando a mobilidade do meio
reacional está diminuída. Exemplo disso é o TEGDMA, que é um monômero linear
e, por isso, é o principal responsável pelas ciclizações primárias e pelas ligações
cruzadas em sistemas poliméricos (Andrzejewska, 2001).
A última etapa do processo de polimerização é a fase de terminação
que pode ocorrer por terminação bi-molecular ou por transferência de cadeia. A
primeira ocorre quando há o encontro de dois macrorradicais (cadeia com vários
monômeros ligados e ativos) que se combinam para formarem uma cadeia mais
longa. Deste encontro pode também ocorrer desproporcionamento com a geração
de dois polímeros mortos: um com ligação insaturada e outro com ligação
saturada. A segunda forma de terminação ocorre quando um radical (monômero
reativo) encontra um monômero. O radical transfere seu elétron não-pareado para
o monômero, que passa a ser o radical, enquanto que o primeiro se transforma em
um polímero morto (Andrzejewska, 2001). É importante observar que a reação de
polimerização é limitada e sempre termina com monômeros residuais que não irão
se unir ao polímero em formação. Isto ocorre principalmente em função da
redução da mobilidade do meio após o cimento resinoso apresentar certo grau de
conversão. Outra observação é que o grau de conversão alcançado por cimentos
resinosos duais após uma hora de sua manipulação praticamente não é alterado
após este período (Rueggeberg & Caughman, 1993).

14
Esse fato pode ajudar a explicar porque que, em alguns trabalhos, o
grau de conversão de um cimento dual utilizando apenas a ativação química foi
similar, e até superior em alguns casos, do que o alcançado com ativação dual, ou
seja, com o material sendo também fotoativado. Sharp et al. (2005) avaliaram o
grau de conversão de seis cimento resinosos duais: Duolink (Bisco Inc.,
Schaumburg, IL, USA), Ilusion (Bisco Inc., Schaumburg, IL, USA), RelyX ARC (3M
ESPE, St. Paul, MN, EUA), Variolink, Calibra e Choice (Bisco Inc., Schaumburg,
IL, EUA). Os três primeiros apresentaram grau de conversão semelhante quando
utilizados no modo dual, com ativação apenas por luz (sem misturar as pastas) e
no modo químico (as pastas foram misturadas, mas não houve fotoativação). Já a
não fotoativação levou a menores valores para os cimentos resinosos Variolink e
Choice, o que era esperado. Entretanto, o Calibra apresentou o maior grau de
conversão quando utilizada apenas a ativação química. Assim, especula-se que a
fotoativação do cimento resinoso aumente rapidamente a rigidez do material,
reduzindo a mobilidade da reação e impossibilitando que a ativação química, mais
lenta, consiga induzir uma conversão adicional.
Buscando possibilitar maior tempo para que a reação ativada
quimicamente se processasse antes da fotoativação, Stavridakis et al. (2005)
avaliou o grau de conversão alcançado por quatro resinas composta para núcleo
de preenchimento duais quando fotoativadas imediatamente ou depois de dez
minutos da sua manipulação. Este tempo foi escolhido de forma aleatória e,
segundo os autores, poderia ser utilizado clinicamente. A fotoativação tardia (após
dez minutos) aumentou o grau de conversão para os compósitos Bis-Core (Bisco
Inc., Schaumburg, IL, EUA) e Build-it! (Jeneric/Pentron Inc., Wallingford, CT, EUA).
Entretanto, as resinas compostas FluoroCore (Culk/Dentsply, Milford, DE, EUA) e
Permalute (Ultradent Products Inc., South Jordan, UT, EUA) apresentaram
menores valores de conversão quando fotoativadas tardiamente em relação aos
alcançados com a fotoativação imediata. Neste último caso a fotoativação tardia
levou a valores idênticos aos obtidos quando a resina composta foi ativada apenas
quimicamente. Uma hipótese é que o tempo de espera pode ter sido alto para

15
estes materiais e a conversão alcançada com a ativação química produziu uma
cadeia polimérica com baixa mobilidade, não possibilitando a posterior
fotoativação aumentasse o grau de conversão. Velarde et al. (2006) não
encontraram diferença nos valores de dureza de dois cimentos resinosos duais em
relação ao tempo em que foi realizada a fotoativação. Os cimentos avaliados
foram Insure (Cosmedent Inc, Chicago, IL, EUA) e Nexus 2 (Kerr Corp.,
Wallingford, CT, USA), sendo a fotoativação tardia realizada quando os cimentos
atingiram o ponto “gel”, segundo os autores.

2.3 Propriedades mecânicas

Segundo Anusavice (2003), as propriedades mecânicas são a


quantificação da capacidade dos materiais de resistirem às tensões exercidas
sobre eles, de maneira a não sofrerem fratura ou se deformarem de maneira
permanente. Basicamente são três as tensões a que são submetidas um material:
tração, compressão e cisalhamento. A tensão de tração é causada por uma carga
que tende a alongar o material. Ao contrário, uma carga de compressão tende a
encurtar um material, sendo a resistência interna deste denominada de tensão de
compressão. Já a tensão de cisalhamento é a resistência de um corpo de deslizar
sobre outro. Entretanto, quando um mesmo material sofre torção, há também o
aparecimento deste tipo de tensão. É importante salientar que uma carga exercida
sobre um material nunca leva ao desenvolvimento de apenas uma forma de
tensão. Assim, uma carga de compressão, por exemplo, levará ao
desenvolvimento de tensões de compressão, pela resistência do material ao
encurtamento, mas também a tensões de tração em áreas adjacentes, em que o
material é forçado a se alongar.
O teste de tração diametral é um ensaio mecânico que avalia a
resistência mecânica de cimentos resinosos, utilizando este conceito. Neste
ensaio, um cilindro do cimento é confeccionado é posicionado sobre uma
superfície plana, ficando as bases deste perpendiculares a esta superfície.

16
Durante o ensaio, outra superfície plana transfere uma carga compressiva sobre a
superfície lateral do cilindro, produzindo uma tensão de tração perpendicular ao
plano vertical que passa pelo centro deste, local em que irá ocorrer a fratura. Uma
importante observação é que este ensaio deve ser utilizado em materiais que
tenham predomínio de deformação elástica (não permanente). Entretanto se essa
deformação for demasiadamente alta, o material sofrerá grande deformação antes
da fratura, podendo se fragmentar, ao invés de se fraturar em apenas um plano, e
levar a valores altos e que não refletem a verdadeira resistência deste (Anusavice,
2003).
Outro ensaio muito utilizado para medir a resistência mecânica de
cimentos resinosos é a resistência à flexão. Neste, o corpo-de-prova em forma
bastão é apoiado pelas suas extremidades sobre em suporte fixo, sendo uma
carga exercida sobre o centro, no lado oposto ao apoiado, até a fratura do
material. Pode-se também utilizar um corpo-de-prova em forma de disco apoiado,
neste caso, sobre um suporte circular. Tanto os ensaios de resistência à flexão
como o ensaio de tração diametral irão possibilitar a obtenção da curva de tensão
versus deformação (Lund et al., 2007). A partir desta pode-se obter o módulo de
elasticidade dos cimentos odontológicos, que quantifica a sua rigidez. A
mensuração do módulo de elasticidade é feita pela inclinação da porção reta da
curva, em que o cimento resinoso submetido à carga de compressão sofreu
apenas deformação elástica. Cimentos resinosos que apresentem maior módulo
de elasticidade são preferíveis para aumentar a durabilidade de restaurações
confeccionadas em cerâmica pura (Habekost et al., 2007; .Addison et al., 2007).
As propriedades mecânicas dos cimentos resinosos são dependentes
principalmente do seu grau de conversão (Lovell et al., 2001). Quanto maior a
quantidade de monômeros reagidos, melhores serão as propriedades mecânicas
do material resinoso. Isto ocorre porque os monômeros residuais atuam como
“plasticizers”, reduzindo a resistência mecânica do material (Elliott et al., 2001).
Apesar de ser um fator importante, a mensuração do grau de conversão não
fornece a estrutura da rede polimérica formada, apenas informa a existência de

17
duplas ligações de carbono vinílicas. Em materiais heterogêneos podem coexistir
áreas de alta e da baixa conversão, sendo que a mensuração do grau de
conversão irá indicar um valor médio de conversão desta massa polimérica. Outra
situação são polímeros com diferentes linearidades de cadeias. Polímeros com
alta e baixa densidade de ligações cruzadas podem apresentar o mesmo grau de
conversão, mas com estruturas poliméricas bem distintas.
Assim, outros fatores relacionados ao processo de polimerização têm
grande efeito sobre as propriedades do material. A estrutura da cadeia polimérica
formada também influencia as propriedades mecânicas finais, estando relacionada
à extensão das cadeias poliméricas e à densidade de ligações cruzadas. Na
mensuração do grau de conversão por meio de espectroscopia, a presença de
ligações duplas de carbono não necessariamente está relacionada à existência de
monômeros residuais, mas podem estar ligados a oligômeros (ou polímeros) com
ligações duplas de carbono pendentes (macro-radicais). Esses macro-radicais são
responsáveis pelos processos de ciclização e ligação cruzada do polímero. A
ligação cruzada ocorre quando um macro-radical ser liga a outra cadeia. Já a
ciclização pode ser primária ou secundária. No primeiro caso, a ligação pendente
do macro-radical reage com outra na mesma cadeia em formação, tendo que para
isso ocorrer dobramento do monômero. Já na ciclização secundária, esta ligação
irá ocorrer com outra cadeia, mas que já apresenta ligação cruzada (Elliott et al.,
2001). A ciclização não diminui a mobilidade da reação, podendo levar a formação
de áreas localizadas com alto grau de conversão. Entretanto, também leva a
redução na densidade de ligações cruzadas, que contribuem substancialmente
para o aumento das propriedades mecânicas (Anseth et al., 1994).
Tendo isto em mente, é fácil observar que a composição monomérica
do cimento resinoso tem grande influência nas propriedades mecânicas finais. As
ligações pendentes das cadeias poliméricas buscam reagir por ciclização ou
ligação cruzada. Monômeros menos rígidos como o TEGDMA irão levar a alto
grau de conversão em função da sua mobilidade, o que contribuiria para o
aumento das propriedades mecânicas. Entretanto, as ligações pendentes de

18
TEGDMA tendem a formar ciclizações primárias, que não contribuem para o
aumento da rigidez do polímero formado. Esta tendência ocorre porque a
ciclização se inicia imediatamente após a formação de cadeias com reações
pendentes, mas depende da flexibilidade do monômero (Elliott et al., 2001). Já o
Bis-GMA, em função da sua alta rigidez, não leva a formação de ciclizações
primárias, aumentando a densidade de ligações cruzadas da estrutura polimérica
em formação. Assim, monômeros rígidos são importantes na formação de
polímeros mais resistentes e homogêneos.
A velocidade em que se processa a reação de polimerização também
influencia a formação da estrutura polimérica. Uma lenta reação de polimerização
está associada à formação de poucos radicais, responsáveis pela propagação da
reação de polimerização. Assim, a reação irá se processar basicamente pela
adição de novos monômeros à cadeia polimérica em formação. Isto resulta em de
cadeias poliméricas longas e lineares. Já quando a reação é rápida, vários
radicais são formados e as cadeias são mais curtas, uma vez que a mobilidade
reacional é reduzida rapidamente. Cadeias curtas indicam um maior número de
cadeias poliméricas formada e, conseqüentemente, uma maior densidade de
ligações cruzadas (Soh & Yap, 2004). Quando transferimos este raciocínio para os
cimentos resinosos duais, podem-se esperar polímeros com alta densidade de
ligações cruzadas com a fotoativação imediata do cimento. Já a não fotoativação
do cimento será responsável por uma reação mais lenta e uma estrutura
polimérica com menos ligações cruzadas. Isto pode explicar porque alguns
trabalhos encontraram propriedades mecânicas superiores para cimentos
resinosos duais fotoativados, em relação ao mesmo material utilizado com
ativação apenas química, mesmo diante de graus de conversão semelhantes
(Braga et al., 2002a; Kumbuloglu et al., 2004; Sigemori et al., 2005).
Quando pensamos na fotoativação tardia do cimento resinoso podemos
fazer associação com a técnica “pulse-delay” utilizada na fotoativação de resinas
compostas. Esta técnica foi desenvolvida buscando reduzir a tensão de contração
de polimerização da resina composta (Kanca & Suh, 1999). Basicamente ela

19
consiste de uma fotoativação inicial com baixa de densidade de potência por um
curto tempo, fazendo com que uma reação lenta de polimerização se inicie. Após
período de espera de três a cinco minutos, uma nova fotoativação é realizada com
alta densidade e por um tempo maior. Espera-se que a tensão seja reduzida pela
polimerização mais lenta e que as propriedade mecânicas sejam mantidas com a
manutenção do grau de conversão da resina composta através da fotoativação
final. Entretanto, alguns trabalhos têm mostrado que, mesmo diante da redução
das tensões (Pfeifer et al., 2006; Cunha et al., 2007) e de seus benefícios (Alonso
et al., 2007), o polímero formado é mais linear e susceptível à degradação
(Asmussen & Peutzfeldt, 2001; Soh & Yap, 2004).
A concentração e o tipo de cargas inorgânicas adicionadas aos
cimentos resinosos também têm grande influência nas propriedades mecânicas
destes materiais. O aumento na concentração de carga leva a um aumento na
resistência à flexão e à fratura, além de aumentar o módulo de elasticidade do
material. Entretanto, esse acréscimo de carga é limitado, uma vez que a
viscosidade do material, característica de grande importância para os cimentos
resinosos, também é aumentada. Kim et al. (2002) demonstraram que o aumento
da resistência à fratura relacionado ao aumento do conteúdo de carga ocorre até
um limite de 55% de carga por volume, a partir do qual a incorporação adicional
não mais interfere nesta propriedade. Isto pode ser explicado pelo fato de que alta
quantidade de carga pode gerar áreas de concentração de energia, favorecendo a
propagação de falhas. Outra constatação dos autores é sobre o efeito significativo
do tipo de carga sobre as propriedades mecânicas. Partículas de carga pré-
polimerizadas resultam em menor módulo de elasticidade e resistência a flexão do
que cargas convencionais, tanto circulares como irregulares.
Pereira et al. (2005) avaliaram o efeito da concentração e do tipo de
monômero resinoso diluente, além da carga, sobre a dureza, resistência à flexão e
módulo de elasticidade de compósitos experimentais. A resistência à flexão e a
dureza aumentaram proporcionalmente ao aumento da flexibilidade do monômero
resinoso diluente, o que pode ser explicado pelo aumento do grau de conversão.

20
Já o módulo de elasticidade não foi significativamente afetado pelo aumento na
concentração dos diluentes. Isto ocorre porque o Bis-GMA forma ligações de
hidrogênio com os monômeros diluentes, restringindo o deslizamento da cadeia
polimérica em que se encontram estes monômeros. Já a elevação da quantidade
de carga aumentou todas as propriedades avaliadas. Fazendo uma ordenação da
ordem de importância de cada fator sobre essas propriedades temos a seguinte
ordem decrescente de importância na resistência à flexão: a concentração do
diluente, o tipo de diluente e a concentração de carga. Já para o módulo de
elasticidade, a ordem de importância encontrada foi inversa.

2.4 Tensão de contração

Os polímeros odontológicos, incluindo os cimentos resinosos, sofrem


redução natural do seu volume durante a reação de polimerização. Isto ocorre
porque, durante esta reação, a ligações inter-moleculares de Van Der Walls que
separava as moléculas dos monômeros são substituídas por ligações covalente
que irão unir estes monômeros na rede polimérica. Como a distância estabelecida
pelas ligações inter-moleculares são maiores, existe conseqüentemente uma
aproximação dos monômeros para formação de polímeros e uma redução no
volume do material (Braga et al., 2005). Assim, a magnitude da contração é
proporcional ao número de ligações covalente formadas. Em outras palavras, o
grau de conversão do material é o principal fator que irá determinar o volume de
contração. Outro fator importante na determinação da magnitude da contração é
tamanho das moléculas dos monômeros resinosos. Para um determinado volume
de material, é lógico imaginar que quanto maior for a molécula, menor será o
número de ligações covalente unindo-as (Feilzer & Dauvillier, 2003). Em cimentos
resinosos que utilizam Bis-GMA e TEGDMA, por exemplo, o aumento na
concentração deste, que possui um menor peso molecular, levará a uma maior
contração. Além disso, a maior mobilidade do TEGDMA aumenta o grau de
conversão do cimento, resultando também em uma contração mais acentuada.

21
A contração de polimerização por si só não traz nenhuma conseqüência
deletéria às restaurações. O que realmente pode reduzir a durabilidade desta é a
tensão desenvolvida a partir desta contração. Quando aderido a paredes
cavitárias, pino intra-radicular e/ou restauração indireta, a contração do compósito
é limitada e as forças de deformação do material são transmitidas às interfaces de
união (Braga et al., 2005). Esta força é denominada de tensão de contração e
pode levar ao rompimento da união, com conseqüente micro-infiltração, fratura
coesiva do material ou geração de trincas na estrutura dentária ou em
restaurações indiretas, no caso de cimentação adesiva. O nível de confinamento
do compósito tem sido associado ao nível de tensão de contração. Feilzer et al.
(1987) descreveram o fator de configuração cavitária (fator-C) como um modo de
prever a magnitude das tensões geradas pela contração. O fator-C foi definido
como a proporção entre áreas aderidas de uma restauração pela não aderida.
Quanto maior for a área não aderida (menor fator-C), que possibilita a deformação
do material e a dissipação de parte das tensões geradas pela contração, menos
tensões serão repassadas às interfaces de união e maiores as chances de
manutenção da integridade da restauração.
No caso de cimentações adesivas esta situação é ainda mais crítica do
que em restaurações de resina composta direta. O cimento resinoso fica confinado
entre a estrutura dental preparada e a restauração indireta, tendo apenas as
margens da restauração como superfícies livres (não aderidas) e que possibilitam
a deformação do material e o escoamento das tensões. Outra situação bastante
crítica é na cimentação de pinos intra-radiculares, onde o fator-C pode chegar a
200 (Bouillaguet et al., 2003). Como as margens da restauração são as únicas
superfícies livres, é lógico imaginar que o aumento da espessura do cimento leva
a redução do fator-C. Tay et al. (2005) demonstraram que num canal com 20 mm
de profundidade, o fator-C pode variar de 46 a 23.461 com a diminuição de
espessura do cimento de 500 para 1 µm. A conseqüência disto clinicamente é que
estudos relatam índices de hiper-sensibilidade de restaurações inlays cimentadas
de forma adesiva superiores a 30% (Wassell et al., 1995). Estudos laboratoriais

22
também demonstraram um alto índice de defeitos marginais (Sorensen &
Munksgaard, 1996) e micro-infiltrações (Abdalla & Davidson, 2000) em
restaurações indiretas cimentadas com cimentos resinosos.
Braga et al. (2002b) avaliaram o efeito da fotoativação de três cimentos
resinosos duais (Calibra, Choice e RelyX ARC) na geração de tensões de
contração e na micro-infiltração. Todos os cimentos fotoativados (modo dual)
apresentaram maior tensão e micro-infiltração do que quando os mesmos
materiais foram ativados apenas quimicamente, havendo uma correlação positiva
entre os dois fatores. Duas possíveis hipóteses foram citadas pelos autores para
explicar essa diferença. A primeira é de que esta menor tensão seria causada por
um menor grau de conversão, que levaria a menor módulo de elasticidade e
redução da contração volumétrica. A correlação entre estes dois fatores foi
descrita pela lei de Hooke. Para esta, a tensão gerada é o produto entre o módulo
de elasticidade do material e a contração volumétrica deste. Materiais mais rígidos
e com maior contração geram maior tensão. A segunda hipótese seria de que a
menor velocidade da reação de polimerização do cimento ativado apenas
quimicamente seria responsável pela menor tensão. A reação mais lenta faria com
que o cimento demorasse um tempo maior para alcançar uma rigidez acentuada
(vitrificação), prolongando sua fase viscosa, em que as moléculas do material
podem mais facilmente se rearranjar e dissipar parte das tensões geradas pela
contração. Isto também poderia ser válido para a fotoativação tardia de cimentos
resinosos duais, semelhante à técnica de fotoativação pulse-delay utilizada para
resinas compostas fotoativadas.
Esta segunda hipótese baseia-se no comportamento dinâmico dos
materiais resinosos durante o processo de polimerização. No início da reação
estes materiais apresentam um comportamento visco-plástico, em que podem
escoar com facilidade, mas há uma transição gradativa para um comportamento
predominantemente elástico ao fim do processo (Charton et al., 2007). Como a lei
de Hooke é definida para sólidos elásticos, esta não pode ser aplicada para
cimentos resinosos em processo de polimerização, em que o comportamento do

23
material se altera durante o processo. Entretanto, apesar de não obedecer à lei de
Hooke, o módulo de elasticidade e a contração volumétrica possuem grande
influência sobre a magnitude da tensão gerada durante a polimerização. Feng &
Suh (2006a) propuseram que as menores tensões alcançadas pelos compósitos
polimerizados mais lentamente seriam relacionadas às diferenças na
homogeneidade entre os polímeros em função da velocidade da reação de
polimerização. Polímeros formados mais lentamente apresentam menor
densidade de ligações cruzadas e módulo de elasticidade, apesar do mesmo grau
de conversão, e, conseqüentemente, mesma contração volumétrica. A menor
rigidez seria responsável pela redução das tensões.
Isto pode ser confirmado por outro trabalho, dos mesmos autores (Feng
& Suh, 2006b), que avaliaram o efeito da fotoativação de uma resina composta
dual sobre o grau de conversão, contração volumétrica, módulo de elasticidade e
geração de tensões. O material fotoativado apresentou menor grau de conversão
(64,8 versus 67,1 %) e contração volumétrica (3,2 versus 3,4 %) do que o utilizado
apenas no modo químico de ativação. Entretanto apesar dos valores de contração
volumétrica, o comportamento das tensões geradas foi inverso, com a resina
composta fotoativada apresentando maiores valores (4,5 versus 3,5 MPa, usando
substrato em acrílico; e 13,6 versus 8,2 MPa, em metálico). Este comportamento
foi relacionado às diferenças nos módulo de elasticidade, em que a resina
composta fotoativada apresentou maior rigidez (12,4 versus 10,4 GPa).
Entretanto, diante dos inúmeros fatores que influenciam na magnitude da tensão
de contração, o fator mais preponderante é a contração volumétrica, seguido pelo
módulo de elasticidade desenvolvido pelo material durante a reação de
polimerização (Li et al., 2008).
Outro fator importante sobre a magnitude das tensões geradas durante
a polimerização de cimentos resinosos é a carga adicionada a estes materiais.
Uma vez que a fase orgânica dos compósitos é responsável pela contração de
polimerização, o aumento na concentração de carga inorgânica irá reduzir a
contração volumétrica. Em adição, maior quantidade de carga torna o material

24
mais viscoso e pode reduzir o grau de conversão, reduzindo também a contração.
Como a contração volumétrica é o principal responsável pelo desenvolvimento de
tensões, parece óbvio imaginar que o aumento na concentração de carga reduziria
as tensões. Entretanto, maior concentração de carga também leva ao aumento do
módulo de elasticidade do material e, ao contrário do que ocorre com a alteração
dos outros fatores citados, resulta em maior tensão de contração.
Baseado nisto, Li et al. (2008) desenvolveram um modelo matemático
capaz de estimar a porcentagem de aumento (ou redução) da tensão de
polimerização a partir da alteração dos componentes responsáveis por esta. Neste
modelo são utilizados coeficientes de sensibilidade, calculados a partir de análise
de elemento finito, para cada parâmetro: contração volumétrica, módulo de
elasticidade, viscosidade e taxa de polimerização. Como exemplo de utilização
deste modelo, foi calculado o efeito do aumento da concentração de carga de uma
resina composta experimental, de 30 para 55% em volume, sobre as tensões
geradas. A alteração da composição do material reduziu a contração volumétrica
em 30% (de 5 para 3,5%) e aumentou o módulo de elasticidade em 83% (de 6
para 11 GPa). Estas modificações da contração e do módulo foram lançadas na
fórmula que estimou um aumento de 14% nas tensões de polimerização.
Em relação ao efeito dos parâmetros viscosidade e taxa de
polimerização, importantes restrições foram descritas em relação às suas
utilizações no modelo. Em restauração classe I direta de resina composta, por
exemplo, apenas a porção mais superficial do compósito sofre influência destes
fatores em relação ao desenvolvimento de tensões (Li et al., 2008). Por apresentar
uma superfície não aderida, o compósito pode ser deformar nesta região e
dissipar parte das tensões. Assim, a viscosidade deste e a velocidade da reação
de polimerização influenciariam nesta deformação e, em última análise, também
nas tensões resultantes. Entretanto, o mesmo não ocorre nas regiões mais
profundas, onde o compósito está totalmente confinado entre superfícies aderidas.
No caso de cimentos resinosos, tendo em vista que a restauração pode
movimentar-se em direção ao preparo cavitário com a contração do cimento, a

25
viscosidade e a taxa de polimerização também têm efeito sobre as tensões
geradas.
Outro fator também a ser considerado no desenvolvimento de tensões
são as condições de restrição da contração do material relacionadas à capacidade
de deformação (compliance) do substrato dental e da restauração. No caso de
cimentações adesivas, quanto maior for a capacidade de deformação do substrato
e da restauração, menos tensões serão geradas. Um exemplo são restaurações
confinadas sob esmalte mais delgado, que possui maior capacidade deformação,
em que a tensão gerada tende a ser menor (Li et al., 2008). Tendo em vista as
semelhanças de propriedade mecânicas entre o esmalte dental e as cerâmicas
odontológicas (Magne & Douglas, 1999), espera-se que restaurações de cerâmica
com menor espessura também possam gerar menos tensões. Entretanto, a
deformação do esmalte e da restauração pode acarretar em trincas nestas duas
estruturas.
A capacidade de deformação dos substratos também deve ser levada
em consideração nos ensaios laboratoriais que mensuram as tensões de
contração de polimerização. A maioria destes ensaios utiliza máquina de ensaios
universal em que o compósito é inserido e polimerizado entre duas superfícies
planas de aço ou vidro. À medida que ocorre a contração do material, a força
exercida é mensurada pela célula de carga e a tensão é calculada através da
razão entre esta força e a área de união. Apesar da boa correlação entre os
valores obtidos nestes ensaios com os testes de micro-infiltração, o vidro e/ou
metal utilizados como substrato apresentam baixa deformação e os valores de
tensão são sobre-estimados. Outro ponto é que estes substratos comumente se
fraturam ou a adesão ao compósito é perdida sob altos valores de tensão,
interrompendo o teste (Gonçalves et al., 2008). Em vista disto, o acrílico (poli
(metil metacrilato)) tem sido proposto como substrato alternativo para ensaios de
tensão. Além da maior facilidade de união ao compósito, o acrílico apresenta
maior capacidade de deformação, ficando mais próximo de uma situação clínica.

26
2.5 Resistência de união

Uma das grandes vantagens dos cimentos resinosos sobre os


tradicionais cimentos de fosfato de zinco e ionoméricos é a possibilidade de união
ao substrato dental preparado e às restaurações indiretas, principalmente as
confeccionadas em cerâmica ou compósito. O ionômero de vidro, apesar da união
ao tecido dental, não apresenta esta mesma possibilidade em relação às
restaurações. A união dos cimentos resinosos ao dente preparado possibilita a
confecções de preparos menos retentivos e, em algumas situações, até elimina a
necessidade destes, resultando em conservação da estrutura dental. Exceção
feita aos cimentos resinosos auto-adesivos, a união dos cimentos resinosos é
possibilitada pela sua utilização combinada com sistemas adesivos, de forma
semelhante ao que ocorre com restaurações diretas de resina composta.
O primeiro relato de sucesso de união de um material resinoso ao
tecido dental foi feito por Buonocore et al. (1955). Os autores condicionaram o
esmalte dental com soluções de ácido oxálico a 10% ou ácido fosfórico a 85% e
conseguiram que a resina acrílica penetrasse no esmalte, que apresentava micro-
retenções após ser condicionado, e ali se polimerizasse. Entretanto, o processo de
retenção mecânica conseguido no esmalte, não conseguiu ser reproduzido na
dentina da mesma maneira (Buonocore, 1956). O principal motivo era a maior
umidade intrínseca da dentina frente à hidrofobia da resina utilizada, que não
conseguia molhar este substrato. Nesta época, pouco se conhecia a respeito das
características e composição da dentina, o que dificultava a obtenção de uma
união durável a este substrato. Tentativas foram realizadas de se unir
quimicamente as resinas ao cálcio da dentina. Entretanto, a união acaba sendo
feita com a lama dentinária que cobria a dentina após o preparo cavitário e não
era removida. Assim, os valores de união alcançados eram decepcionantes em
virtude da baixa resistência coesiva da lama dentinária, que era quem se fraturava
nos testes de união (Tao et al., 1988). Além disso, a alta solubilidade de lama
dentinária fazia com que a união obtida não fosse estável. Ficou claro neste

27
momento que a lama dentinária precisava ser removida para se obter altos valores
de união à dentina, o que poderia ser feito através de soluções ácidas.
Em 1979, Fusayama et al. fizeram o primeiro relato de sucesso do
condicionamento ácido da dentina em procedimentos de união. Pelo fato de
condicionarem a dentina e o esmalte simultaneamente, com a mesma solução
ácida (ácido fosfórico 40%) e pelo mesmo tempo (60 segundos), esta técnica ficou
conhecida como “técnica do condicionamento ácido total”. Uma observação
importante é que os autores preconizavam apenas a remoção da dentina cariada
externa, mais amolecida, mantendo a afetada por cárie, que não era infectada e
podia ser re-mineralizada ao mesmo nível da dentina normal. A falta de
conhecimento da técnica fez com que muitos clínicos removessem esta dentina,
aumentando a permeabilidade do substrato e causando, por vezes, irritações ao
tecido pulpar. Somado a isto, era inconcebível, por muitos, a aplicação soluções
ácidas na dentina. A concentração do ácido fosfórico e o tempo utilizados também
eram elevados e sobre-condicionavam a dentina, resultando no colapso das
fibrilas colágenas (Kugel & Ferrari, 2000). Estes fatores fizeram com que a técnica
fosse vista com muita cautela.
Apenas em no início da década de 80, foi descrito o primeiro
mecanismos confiável de adesão ao tecido dentinário (Nakabayashi et al., 1982).
A técnica consistia no condicionamento da dentina com uma solução de ácido
cítrico a 10% e cloreto férrico a 3% (solução 10-3). O ácido removia a lama
dentinária e fase inorgânica da dentina em até 5µm, enquanto que o cloreto férrico
mantinha as fibrilas colágenas, expostas pela remoção da porção mineral, em
estado expandido. A rede de fibrilas colágenas exposta apresentava espaços que
permitiam a penetração da resina adesiva, que se polimerizava neste local,
formando uma fase que apresentava colágeno coberto por resina, denominada de
camada híbrida. Esta retenção micro-mecânica permitiu a obtenção de altos
valores de união à dentina e passou a ser a base para toda a evolução dos
sistemas de união.

28
Entretanto, uma das premissas para a obtenção da camada híbrida é a
manutenção das fibrilas colágenas num estado expandido após a etapa de
condicionamento ácido. Se a solução ácida utilizada por Nakabayashi et al.
apresentava o cloreto férrico para a fixação das fibrilas colágenas, outras soluções
ácidas não apresentavam esta possibilidade. Kanca (1992) demonstrou que a
umidade da dentina condicionada impedia o colapso da rede de fibrilas colágenas
e possibilitava a penetração de monômeros. Isto, somado ao desenvolvimento de
monômeros hidrófilos, como o hidroxi-etil metacrilato (HEMA), levou a utilização
técnica de adesão úmida (Tay & Pashley, 2003). A técnica de adesão úmida
consiste basicamente de três passos. Primeiramente, o condicionamento da
dentina é realizado, sendo o ácido fosfórico em uma concentração de 30 a 40% o
mais utilizado. Após o tempo de condicionamento (15 segundos), este ácido é
removido com água, sendo o excesso desta removida. O segundo passo é a
aplicação de uma solução ambifílica (primer), em que a porção hidrófila permite a
penetração na dentina úmida enquanto que a outra porção se une à resina
adesiva mais hidrófoba, aplicada a seguir na terceira etapa do procedimento.
Se no primeiro momento, a evolução dos procedimentos adesivos
buscava uma união satisfatória e estável, o que se viu a partir da descrição da
camada híbrida foi a busca por técnicas mais simples de união. Buscando reduzir
o número de passos da técnica adesiva, o primer foi incorporado à resina adesiva
na mesma solução. Estes novos adesivos, denominados de frasco único,
eliminava uma etapa do procedimento, uma vez que a sistema adesivo era
aplicado de uma só vez sobre o substrato condicionado. Entretanto, mesmo com a
eliminação de um passo da técnica, o controle de umidade após a remoção do
ácido permaneceu como uma etapa difícil de ser realizada, estando sujeita a
diversos erros. O excesso de umidade leva à separação de fases da solução
primer ou primer-adesivo em sistemas à base de acetona e a diluição dos
componentes resinosos em adesivos que possuem a água como solvente ou co-
solvente (Tay et al., 1996a). Além disso, o excesso de água disputa espaço com
os monômeros nos túbulos dentinários abertos pelo condicionamento ácido,

29
impedindo a formação de prolongamentos resinosos (tags) através destes túbulos
(Tay et al., 1996b). Por outro lado, ocorre um colabamento das fibrilas colágenas
se a água for removida em excesso, não havendo a formação da camada híbrida.
No início da década de 90, surgiram os sistemas adesivos auto-
condicionantes, que dispensam a etapa de aplicação e remoção de uma solução
ácida previamente à utilização do adesivo. Com isto, elimina-se a etapa crítica de
controle de umidade, fazendo com que a técnica seja mais previsível e menos
sensível a variações relativas ao operador. Watanabe et al. (1994) desenvolveram
um primer auto-condicionante a partir do aumento da concentração do monômero
hidrófilo 2-metacriloxietil-fenil hidrogênio fosfato (Phenyl-P) para níveis superiores
a 20%. A solução desenvolvida era capaz de penetrar através da lama dentinária
e desmineralizar a dentina adjacente. Ao mesmo tempo em que condicionam a
dentina, os monômeros penetram através das fibrilas colágenas e possibilitam que
a resina adesiva, aplicada posteriormente, formasse a camada híbrida
(Nakabayashi & Saimi, 1996). Assim, estes primeiros sistemas auto-
condicionantes era utilizados por meio de uma técnica de dois passos. O passo
seguinte na busca de uma técnica mais simples foi a incorporação de monômeros
resinosos hidrófobos e do sistema de iniciação da reação de polimerização aos
primers auto-condicionantes. O primeiro destes sistemas, também denominados
de “all-in-one” (todos em um), foi o adesivo Prompt-L-Pop, lançado pela ESPE
(Seefeld, Alemanha) em 1998 (Rosa & Perdigão, 2000).
Entretanto, a simplificação dos sistemas adesivos pela incorporação de
monômeros hidrófilos e hidrófobos na mesma solução acarretou alguns problemas
relacionados à estabilidade do polímero formado e à incompatibilidade destes
materiais com compósitos que apresentam sistema químico de ativação (Tay &
Pashley, 2003). Esta incompatibilidade foi inicialmente observada por meio de
falhas da união quando resinas compostas quimicamente ativadas eram utilizadas
para a confecção de núcleos de preenchimentos juntamente com sistemas
adesivos convencionais (que utilizam a etapa do condicionamento ácido de forma
separada) de frasco único (Swift, 1998). A primeira explicação aventada era que

30
esta incompatibilidade era causada pela interação química entre a amina terciária,
acelerador da reação de ativação química de polimerização, presente no
compósito e os monômeros resinosos ácidos não-reagidos da camada mais
superficial do adesivo, que tem a polimerização inibida pela presença do oxigênio
(Yamauchi, 1986; Gauthier et al., 2005). Isto ocorre porque a amina terciária doa
um elétron para o monômero ácido, perdendo assim sua capacidade de reagir
com o peróxido de benzoíla, o que iria levar formação do radical livre responsável
pelo desencadeamento da reação de polimerização (Ikemura & Endo, 1999).
Apesar de também possuírem aminas terciárias no sistema de iniciação, a reação
de polimerização os compósitos fotoativados não é inibida pelo fato das aminas
utilizadas neste sistema serem menos nucleofílicas, não sendo usualmente
inativadas pelos monômeros ácidos nas concentrações em que esses são
incorporados aos sistemas adesivos (Suh et al., 2003). Em cimentos resinosos
duais esta incompatibilidade só ocorre quando o cimento não é fotoativados
(Pfeifer et al., 2003).
Buscando neutralizar esta incompatibilidade, catalisadores químicos
(agentes redutores) foram adicionados aos sistemas de união simplificados. Um
destes catalisadores é o sal derivado do ácido sulfínico aromático que é utilizado
na versão dual dos sistemas adesivos Prime&Bond 2.1 e NT (Dentsply Ind. e
Comércio ltda., Petrópolis, RJ, Brasil) em um frasco separado denominado de self-
cure activator (Dentsply Ind. e Comércio ltda., Petrópolis, RJ, Brasil). A reação
desses sais com os monômeros resinosos ácidos, além de aumentar teoricamente
a conversão destes, produz radicais livres fenil ou sulfonil benzeno como produto,
que funcionam como iniciadores da reação química de polimerização do
compósito, reduzindo a incompatibilidade (Ikemura & Endo, 1999). Entretanto,
Swift et al. (2001) observaram apenas um leve aumento significativo dos valores
de união do Prime&bond NT a um compósito quimicamente ativado quando
utilizaram o self-cure activator. Já Suh et al. (2003) observaram um aumento da
taxa de polimerização e do grau de conversão final de um compósito
quimicamente ativado com a utilização deste catalisador combinado a um adesivo

31
simplificado. Entretanto, o grau de conversão ainda permaneceu inferior ao obtido
apenas com compósito sem contato com o monômero ácido.
Outra observação importante feita foi que compósitos fotoativados
também tinham a união a sistemas de união simplificados (convencional de dois
passos e auto-condicionante passo único) comprometida quando eram deixados
em contato com estes adesivos por períodos longos, previamente a fotoativação
(Tay et al., 2001). Isto ocorre porque estes adesivos tornam-se membranas semi-
permeáveis após a sua polimerização, permitindo a passagem de água da dentina
para a interface de união do adesivo com o compósito (Tay et al., 2002, Tay et al.,
2003). Esta permeabilidade deve-se a incorporação de água, ou à separação de
fase do adesivo, levando à formação de poros através da camada adesiva. Devido
ao aspecto ramificado desta porosidade, este fenômeno é denominado de “water
trees” (árvores de água) (Tay et al., 2002). O tempo necessário para esta
passagem de água ocorre nos cimentos duais quando não são fotoativados, uma
vez que a reação de polimerização se processa lentamente. O mesmo é passível
de ocorrer quando a fotoativação destes cimentos é feita tardiamente. A
passagem de água para a interface de união entre compósito e dentina leva a dois
fenômenos: polimerização por emulsão dos monômeros hidrófobos e formação de
bolhas na superfície da resina composta em contato com o adesivo, sendo este
fenômeno denominado de “osmotic blistering”, ou formação de bolhas por osmose
(Tay et al., 2004). Em função da menor viscosidade, este fenômeno é mais
propenso de ocorrer quando são utilizados cimentos resinosos (Mak et al., 2002).
A presença de bolhas de água próximo à interface cria áreas de propagação de
tensões, que reduzem a força necessária para o rompimento da interface adesivo-
compósito (Tay et al., 2003).
Além de se unir ao substrato dental, é importante que o cimento
resinoso também se una à restauração indireta e/ou pino intra-radicular. Tanto
para restaurações em cerâmicas e resina composta indireta, como para pinos
resinosos reforçados por fibras, a união ocorre basicamente seguindo o mesmo
princípio utilizado para união tecido dental. Assim, o adesivo, ou próprio cimento

32
resinoso, penetra nas retenções criadas na superfície destes materiais, obtendo-
se uma retenção micro-mecânica. Outro mecanismo de união dos cimentos
resinosos é químico, sendo obtida por meio da utilização de um agente silano. O
agente silano mais utilizado na odontologia é o γ-metacriloxipropil-trimetoxisiolano
(γ–MPS), sendo este uma molécula bi-funcional, capaz de se unir
simultaneamente a uma porção orgânica e a outra inorgânica (Monticelli et al.,
2006a). A estrutura química do silano apresenta o radical R’–Si(OH)3, em que R’ é
um grupamento organo-funcional, que consegue formar ligação covalente com os
monômeros metacrilatos do adesivo ou do cimento resinoso. Já o grupamento
alquil é hidrolizado e forma o silanol (SiOH) que forma ligação covalente com a
sílica presente em partículas inorgânicas (Barghi, 2000).
O condicionamento da cerâmica e da resina composta é necessário
para que haja tanto retenção micro-mecânica como união química. No caso de
pinos resinosos reforçados por fibra, estes são compostos por uma matriz de
resina epóxica envolvendo as fibras que podem ser quartzo (vidro) ou carbono. A
resina epóxica exibe elevado grau de conversão e uma cadeia polimérica com alta
densidade de ligações cruzadas, não apresentando sítios reativos para se unirem
aos monômeros resinosos do cimento resinoso (Lassilla et al., 2004). O
jateamento do pino com partículas de óxido de alumínio ou condicionamento com
ácido fluorídrico têm sido muito utilizados a fim de se obter retenção micro-
mecânica (Sahafi et al., 2003). Entretanto, estes tratamentos, apesar da obtenção
de bons valores de união, alteram negativamente as propriedades mecânicas dos
pinos (Sahafi et al., 2004). Em adição, o agente silano γ–MPS não se une
satisfatoriamente à resina epóxica (Monticelli et al., 2006a). Assim, soluções de
permaganato de potássio, etóxido de sódio e peróxido de hidrogênio foram
propostas como tratamento químico da superfície de pinos (Monticelli et al.,
2006b). Estas removem de forma seletiva a resina epóxica, expondo a fibras que,
em sua maioria, possuem sílica na sua composição, sendo passíveis de união ao
agente silano (Vano et al., 2006).

33
Em relação às cerâmicas odontológicas, o tratamento é dependente da
sua composição. Basicamente, as cerâmicas odontológicas são compostas de
duas fases distintas: matriz vítrea e fase cristalina. A matriz vítrea é baseada em
numa estrutura de sílica, em que tetraedros de SiO4 são unidos por meio de
compartilhamento de suas extremidades (Anusavice, 2003). Já a fase cristalina
confere reforço às cerâmicas. Em cerâmicas reforçadas, diversos cristais são
adicionados, como a alumina, a leucita, o dissilicato de lítio e a zircônia, os quais
atuam como bloqueadores da propagação de fendas quando a cerâmica é
submetida a tensões de tração, aumentando a resistência do material. Entretanto,
este reforço leva a uma redução da fase vítrea, que é a fase da cerâmica passível
de condicionamento pelo ácido hidrofluorídrico. A reação de condicionamento
ocorre pela reação entre este ácido e a sílica, formando o sal hexafluorsilicato, que
é removido pela lavagem da restauração. Em função disso, o condicionamento
com este ácido para criar retenções mecânicas para cimentação adesiva só é
indicado em cerâmicas que apresentam considerável quantidade de matriz vítrea.
Além disso, pelo fato de apresentar sílica, a matriz vítrea também pode ser unir
quimicamente aos materiais resinosos através da utilização de um agente silano.
Em suma, a presença de matriz vítrea é de grande importância para a obtenção
da união do cimento resinoso às cerâmicas odontológicas.
Cerâmicas feldspáticas, que possuem pouca fase cristalina, são
facilmente condicionadas. Este condicionamento pode ser obtido através da
utilização de ácido hidrofluorídrico numa concentração de 8 a 10% por um tempo
de 2 a 5 minutos e meio (Soares et al., 2005). Cerâmicas reforçadas por leucita
são condicionadas em apenas 1 minuto. Já para as que possuem dissilicato de
lítio como reforço, o condicionamento é conseguido em 20 segundos. Esta
redução no tempo é proporcional à diminuição na quantidade de matriz vítrea.
Seguindo este raciocínio, o condicionamento com ácido hidrofluorídrico não possui
efeito significante em cerâmicas cristalinas, como Procera (NobelBiocare, Zurich-
Flughafen, Suíça) ou In-Ceram (Vita, Säckingen, Alemanha), que praticamente
não apresentam matriz vítrea. A utilização do silano também não tem efeito nestas

34
cerâmicas (Sen et al., 2000). A criação de retenções em cerâmicas cristalinas
pode ser obtida pelo jateamento com óxido de alumínio (Borges et al., 2003).
Entretanto, o jateamento cria defeitos internos nas restaurações cerâmicas e
aumenta a chance de fratura destas restaurações quando colocadas em função
(Tomphson & Rekow, 2004). Outra observação é que o óxido de alumínio
apresenta dureza similar à alumina utilizada no reforço de cerâmicas. Assim, o
jateamento leva ao amassamento das partículas sem que se consiga a criação de
retenções (Borges et al., 2003). Preparos cavitários com características retentivas
são a melhor forma de conseguir retenção satisfatória destas restaurações. Outra
alternativa é a utilização de cimentos resinosos que contenham o monômero
resinoso 10-MDP, que se unem quimicamente à óxidos metálicos como os óxidos
de alumínio e de zircônio (Borges et al., 2007).
Já para o condicionamento de resinas compostas indiretas, o
jateamento com óxido de alumínio é bastante efetivo. Estes compósitos
apresentam alto grau de conversão, com pouca quantidade de monômero
resinoso residual, em função da polimerização extra-oral que é utiliza maior
intensidade de luz na fotoativação e, muitas vezes, calor para aumentar a
mobilidade reacional. Assim, diante da impossibilidade de união química entre os
monômeros resinosos do cimento e os da restauração de resina, a criação de
retenções mecânicas torna-se importante. Além de criar uma superfície irregular
que possibilita a penetração do adesivo/cimento resinoso, o jateamento remove
preferencialmente a matriz orgânica do compósito, expondo as partículas de carga
que podem ser silanizadas, possibilitando união química ao sistema de
cimentação resinoso (Imamura et al., 1996). Resinas compostas diretas, como a
Filtek Z-250 (3M ESPE, St. Paul., MN, EUA), têm sido utilizadas para a confecção
de restaurações indiretas (Camacho et al., 2007). Soares et al. (2004) encontrou
os maiores valores de união à resina composta Filtek Z-250 a partir o jateamento
da restauração com partículas óxido de alumínio de 50 µm por dez segundos,
seguido pela aplicação de um agente silano.

35
Diversos ensaios têm sido utilizados para a mensuração da resistência
de união, sendo mais utilizados os de tração e cisalhamento (De Munck et al.,
2005). Uma crítica feita a estes ensaios é que tanto o cisalhamento (Versluis et al.,
1997) quanto a tração (Van Noort et al., 1991) apresentam um alto índice de
falhas coesivas do substrato. Assim, o verdadeiro valor de união entre o adesivo e
o substrato não é mensurado, sendo a resistência de união sub-estimada. Em
vista disto, Sano et al. (1994) desenvolveram o ensaio de tração em áreas
menores, aproximadamente 1 mm2, sendo este teste denominado de micro-tração.
Este teste, além de reduzir o número de falhas coesivas, principalmente pela
técnica de confecções de palitos - no-trimming - (Pashely et al., 1999), levou a
maiores valores de resistência de união. A explicação é que há uma menor
chance de incorporação de defeitos, que reduziriam os valores de união, em áreas
menores (Sano et al., 1994). Entretanto, a técnica de confecção de corpos-de-
prova para o ensaio de micro-tração é crítica, sendo alguns destes perdidos
durante esta etapa (Sadek et al., 2006). Seguindo o mesmo princípio da micro-
tração, foi desenvolvido o ensaio de micro-cisalhamento, utilizando cilindros de até
1mm de diâmetro na confecção dos corpos-de-prova (Phrukkanon et al., 1998). A
principal vantagem dos ensaios de cisalhamento sobre os de tração é a menor
geração de tensões na interface de união durante a confecção de corpos-de-
prova. Além disso, o cisalhamento possibilita a mensuração do valores de união
obtidos imediatamente após os procedimentos de união, o que é de grande
importância, uma vez que as tensões geradas pela contração de polimerização
começam a atuar minutos após o início da reação de polimerização.

36
3. PROPOSIÇÃO

Os objetivos deste estudo foram avaliar o efeito do modo de ativação da


reação de polimerização (ausência de fotoativação, fotoativação imediata ou após
cinco minutos) de três cimentos resinosos duais sobre:
a) Cinética de conversão;
b) Resistência à tração diametral e módulo de elasticidade;
c) Resistência máxima à tração;
d) Desenvolvimento de tensões de contração de polimerização e tensão
máxima;
e) Resistência ao teste de cisalhamento da interface de união, após 10
minutos e 24 horas da manipulação, de cilindros, confeccionados com os
sistemas de cimentação de cada cimento, unidos a blocos de compósito.

37
4. MATERIAIS E MÉTODOS

Os cimentos resinosos duais utilizados neste trabalho foram Enforce


(Dentsply Ind. e Comércio ltda., Petrópolis, RJ, Brasil), RelyX ARC (3M ESPE
Dental Products, St. Paul, MN, EUA) e Panavia F (Kuraray Dental Co., Okayama,
Japão) – Figura 1. A composição dos cimentos resinosos utilizados está descrito
na Tabela 1.

Figura 1. Cimentos resinosos duais avaliados: (A) Enforce, (B)


RelyX ARC e (C) Panavia F.

39
Tabela 1. Composição dos cimentos resinosos utilizados
% Carga
Cimento Composição*
(volume)
Pasta Base (A2): Trietilenoglicol-dimetacrilato
(TEGDMA), Bisfenol glicidil dimetacrilato (Bis-GMA),
vidro de boro silicato, alumínio e bário silanizados,
canforoquinona (CQ), Etil 4-dimetilaminobenzoato
(EDAB), Hidroxitolueno butilado (BHT), pigmento
Enforce 66,0
minerais e di-hydroxietil p-toluidina (DHEPT)
Pasta catalisadora: Dióxido de Titânio, Sílica Pirolítica
Silanizada, Pigmento Mineral, Bis-GMA, BHT, EDAB,
TEGDMA e peróxido de benzoíla (BPO).

Pasta A (Transparent A1) – Bis-GMA, TEGDMA,


pigmentos, Carga de Sílica/Zircônia, polímero
dimetacrilato, amina e CQ.
RelyX ARC 67,5
Pasta B – Bis-GMA, TEGDMA, polímero dimetacrilato,
Carga de Sílica/Zircônia e BPO.

Paste A (Light): Dimetacrilatos hidrófilos e hidrófobos,


10-metacriloxidecil di-hidrogênio fosfato (10-MDP), sílica
coloidal, CQ e BPO.
Panavia F
Paste B: Dimetacrilatos hidrófilos e hidrófobos, vidro de 78,0
bário silanizado, óxido de titânio, fluoreto de sódio, sílica
coloidal, DHEPT e sulfinato de sódio benzênico T-
isopropílico.
* Segundo informações dos fabricantes.

40
Todos os cimentos resinosos duais foram utilizados com três diferentes
modos de ativação da reação de polimerização: 1) Sem fotoativação – as pastas
base e catalisadora foram misturadas, mas o cimento não foi fotoativado; 2)
Fotoativação imediata – as pastas foram misturadas e foi realizada a fotoativação
do cimento imediatamente após a sua manipulação/inserção e 3) Fotoativação
tardia – após a manipulação do cimento e sua inserção, aguardou-se cinco
minutos previamente à fotoativação deste. A fotoativação dos sistemas adesivos e
cimentos resinosos, quando necessário, foi efetuada sempre com o aparelho de
lâmpada halógena Optilux 501 (Kerr/Demetron, Orange, CA, EUA), que apresenta
densidade de potência de aproximadamente 800 mW/cm2, sendo esta aferida
durante todo o experimento com o radiômetro acoplado ao aparelho.
Desta forma, os fatores em estudo foram:
- Modo de ativação da reação de polimerização em três níveis:
ausência de fotoativação, fotoativação imediata e fotoativação tardia.
- Cimento resinoso em três níveis: Enforce, RelyX ARC e Panavia F.
Para o ensaio de resistência de união, foi utilizado mais um fator em
estudo que foi o tempo de realização do ensaio em dois níveis: após 10 minutos e
24 horas da manipulação do cimento.

4.1 Cinética de conversão

As mensurações da cinética e do grau de conversão dos cimentos


resinosos foram realizadas em um espectrômetro de raios infra-vermelhos
transformado de Fourier - FTIR (Prestige21; Shimadzu, Columbia, ML, USA), com
um elemento de refletância total atenuada acoplado - ATR, o qual possui um
cristal horizontal de Seleneto de Zinco (Pike Technologies, Madison, WI, USA) no
centro que funciona com substrato ativo para os raios infra-vermelhos – Figura 2.
Para a mensuração, partes iguais das pastas base e catalisadora do cimento
resinoso foram manipuladas por 15 segundos em uma placa de vidro e uma

41
pequena porção do cimento resinoso manipulado foi posicionada sobre o cristal
(Figura 3) e coberto com uma lamínula de vidro. Essa última etapa foi realizada
para evitar a inibição da reação de polimerização pelo oxigênio e para possibilitar
a colocação de um bloco de resina composta interposto entre o cimento e a ponta
do aparelho fotopolimerizador.

Figura 2. Espectrômetro de raios infra-vermelhos transformado de Fourier (FTIR) usado no


experimento.

Figura 3. Cimento resinoso posicionado sobre o cristal de Seleneto de


Zinco do elemento de reflectância total atenuada.

42
A utilização deste bloco de compósito objetivou simular uma situação
clínica, em que o cimento resinoso é utilizado na cimentação de peças protéticas
de compósito e a fotoativação do cimento é realizada através deste material. Para
a confecção deste bloco, uma porção do compósito Z-250 (3M ESPE Dental
Products, St. Paul, MN, USA), na cor A2, foi inserido em uma matriz de teflon com
12 mm de diâmetro interno e 2 mm de espessura, sendo em seguida fotoativado
por 20s. Durante a fotoativação da resina composta, uma tira de poliéster foi
mantida sobre o compósito. O diâmetro do bloco de compósito era maior do que o
da ponta utilizada acoplada no aparelho fotopolimerizador (11 mm), fazendo com
que todo o diâmetro do feixe da luz emitida pelo aparelho atingisse o bloco.
Com o cimento resinoso, coberto pela lamínula de vidro e esta pelo
bloco de compósito, posicionado sobre o cristal, foram obtidos espectros infra-
vermelhos com o auxílio do programa IRSolution (Shimadzu) presente em micro-
computador ligado ao espectrômetro. O programa foi utilizado no modo de
monitoramento da varredura, usando a apodização Happ-Genzel, com uma
resolução de 4 cm-1 e os espectros sendo coletados no intervalo de 1665 a 1580
cm-1. Com os parâmetros utilizados, um espectro era coletado a cada 6 segundos.
A cinética de conversão de todos os cimentos foi monitorada durante 1 hora,
sendo o experimento realizado em uma sala com temperatura (23±2 °C) e
umidade (60±5%) controladas. O primeiro espectro coletado foi considerado como
do cimento resinoso não-polimerizado e foi utilizado no cálculo do grau de
conversão. A fotoativação, no caso dos cimentos utilizados no modo dual (com
fotoativação), foi realizada com a ponta do aparelho fotopolimerizador tocando a
superfície do bloco de resina composta e pelo tempo recomendado por cada
fabricante: Enforce – 30 segundos, RelyX ARC – 40 segundos e Panavia F – 20
segundos.
O cálculo do grau de conversão, realizado a cada 6 segundos, foi feito
baseado na proporção entre as duplas ligações de carbono alifáticas e aromáticas,
usadas como padrão interno, nos estados polimerizados e não polimerizados –
Figura 4. Durante a reação de polimerização, a absorbância das duplas ligações

43
de carbono aromáticas ( ) permanece constante, enquanto que há uma
redução da quantidade de duplas ligações alifáticas (- c = c -). A dupla ligação de
carbono alifática absorve a energia no comprimento de onda de 1638 cm-1,
enquanto que a aromática no comprimento de 1608 cm-1.

Figura 4. Representação esquemática das curvas do cimento resinoso não-polimerizado


(linha contínua) e polimerizado (linha pontilhada).

Para o cálculo, foi utilizado a técnica de baseline (Rueegeberg et al.,


1990), que foi traçado pelo próprio programa IRSolution. A partir desta, foram
mensurados alguns parâmetros pelo próprio programa – Figura 5. A intensidade
corrigida dos picos observados nos comprimentos de onda 1638 e 1608 cm-1 foi
utilizada na seguinte fórmula: R = intensidade em 1638cm-1 / intensidade em
1608cm-1, sendo o grau de conversão (%) = 100 – (R do cimento polimerizado/ R
do cimento não polimerizado)*100.

44
Figura 5. Programa utilizado para a mensuração das intensidades corrigidas dos picos em 1605 e
-1
1638 cm , utilizados no cálculo do grau de conversão.

Tendo em vista que o fabricante do Panavia F afirma que este cimento


resinoso só deve ser utilizado na presença do primer auto-condicionante do
sistema na ausência de fotoativação, foram feitas mais três mensurações (uma
para cada modo de ativação) da cinética de conversão do Panavia F misturado ao
ED Primer. Foi utilizada a proporção de 54 mg do cimento resinoso Panavia F (27
mg de cada pasta), mensurado em balança analítica de precisão (AG-200;
Gehaka, São Paulo, SP, Brazil), com 1 µL (1,4 mg) de solução de ED Primer. Para
a obtenção desta proporção do ED Primer, uma gota dos líquidos A e B do primer
foram dispensadas em um pote dappen. Em seguida, os líquidos foram misturados
com um aplicador microbrush (Microbrush Corporation, Grafton, WI,EUA) e um

45
leve jato de ar foi aplicado sobre a solução para auxiliar na volatilização do
solvente (água). Então, foi aprisionado 1 µL da solução remanescente com auxílio
de uma micropipeta (model NPX 2; Nichipet EX, Santa Clara, CA, EUA) e esta foi
dispensada em uma placa de vidro, onde já se encontrava o cimento resinoso. O
cimento foi manipulado juntamente com o ED Primer e colocado sobre o cristal
acoplado ao espectrômetro. Esta mistura foi também utilizada para o Panavia F
nas outras metodologias deste trabalho.
Os dados de grau de conversão em cada tempo foram abertos no
programa SigmaPlot 9.0 (Systat Software Inc., San Jose, CA, EUA), onde foram
traçados os gráficos de grau de conversão versus tempo. A partir deste gráfico,
foram obtidas curvas de regressão não-linear utilizando a fórmula de Hill de três
parâmetros. Para o modo de fotoativação tardia, a curva foi dividida em duas
partes, antes e após a fotoativação, sendo feita uma análise de regressão para
cada parte. Os dados resultantes das curvas de regressão foram utilizados para o
cálculo da taxa de polimerização. A taxa de polimerização foi calculada baseada
no acréscimo de conversão em cada segundo, subtraindo o grau de conversão do
tempo t do obtido no tempo t-1. As curvas de taxa de polimerização também foram
traçadas utilizando o programa SigmaPlot 9.0.

4.2 Tração diametral e rigidez relativa

Todas as amostras do Panavia F foram confeccionados para as


metodologias a seguir utilizando o ED Primer na proporção já descrita. As
amostras para o ensaio de tração diametral foram confeccionados com uma matriz
circular de silicone de adição (Aquasil, Dentsply DeTrey, Konstanz, Germany) com
5 mm de diâmetro interno e 2,5 mm de altura. Para isso, os cimentos foram
manipulados, misturando as pastas base e catalisadora, e inseridos na matriz
(Figura 6 - A). Uma tira de poliéster foi posicionada sobre os cimentos para evitar
a inibição da reação de polimerização pelo oxigênio (Figura 6 - B) e sobre esta tira
foi colocado um bloco de resina composta, o mesmo utilizado na mensuração da

46
cinética de conversão. Para o modo dual de reação de polimerização, a
fotoativação foi realizada pelos tempos requeridos pelos respectivos fabricantes
(descrito anteriormente) com a ponta do aparelho fotopolimerizador posicionada
sobre a superfície da resina composta (Figura 6 - C). Após serem confeccionados,
os corpos-de-prova, cinco por modo de ativação para cada cimento, foram
armazenados a seco e ao abrigo da luz por 24 horas em uma estufa a 37°C.
Antes de serem ensaiados, as medidas de altura e diâmetro das
amostras foram mensuradas com um paquímetro digital (FowlerSylvac, Sylvac SA,
Crissier, Switzerland) com precisão de 0,01 mm. Todas as variações nessas
medidas foram anotadas e transferidas ao programa utilizado para o ensaio de
traço diametral acoplado à máquina de ensaios Emic DL-500 (EMIC
Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda, São José dos Pinhais. PR, Brasil).
Essas informações possibilitaram que o programa fornecesse os valores de
resistência à tração diametral. Em seguida, as amostras foram posicionadas na
máquina de ensaios de forma que a base do cilindro ficasse na posição vertical.
Uma ponta de base cilíndrica e plana, ligada à célula de carga (500 N), foi
posicionada sobre a superfície do corpo-de-prova oposta àquela que tocava a
base do dispositivo (Figura 7 – A). Através desta ponta foi aplicado um
carregamento de compressão sobre os corpos-de-prova numa velocidade de 1
mm/minuto até que ocorresse a fratura desta (Figura 7 – B).
Ao fim dos ensaios, os dados de resistência máxima à tração diametral,
em Mega Pascal (MPa), fornecidos pelo programa foram submetidos à Análise de
Variância (ANOVA) de dois fatores (cimento resinoso e modo de ativação). O
mesmo programa de ensaios mecânicos traçava uma curva de força verus
deslocamento para todos os corpos-de-prova durante o ensaio de tração
diametral. A partir da inclinação da porção reta, correspondente à deformação
elástica, das curvas traçadas foi calculado, pelo próprio programa, a rigidez
relativa de cada corpo-de-prova. Desta forma, cinco mensurações foram feitas
para cada condição experimental. Os dados de rigidez relativa também foram
submetidos à ANOVA de dois fatores.

47
Figura 6. A – Inserção do cimento resinoso na matriz de silicone de adição com auxílio de uma
espátula de inserção de resina composta, B – matriz de poliéster posicionada sobre o cimento e C
– fotoativação do cimento com a interposição de um bloco de compósito entre a matriz de poliéster
e a ponta do aparelho fotopolimerizador.

Figura 7. A – Corpo-de-prova posicionado no dispositivo para o ensaio de tração diametral e B –


amostra fraturada após o ensaio.

48
4.3 Resistência máxima à tração

Uma ampulheta plástica com 1 mm de espessura, 13 mm de


comprimento e 0,9 mm de menor largura (área da constrição) foi moldada com
silicone de adição (Aquasil) de consistência pesada para produzir matrizes. Foram
confeccionadas dez matrizes para cada condição experimental, totalizando
noventa ao todo. De posse das matrizes, os cimentos resinosos foram
manipulados e inseridos nas mesmas. Para os grupos em que o cimento foi
fotoativado, a fotoativação foi realizada através de um bloco de resina composta
Z-250, cor A2, que cobria toda a área em formato de ampulheta da matriz. A
confecção dos corpos-de-prova está ilustrada na Figura 8. A remoção dos corpos-
de-prova foi realizada após 24 horas, sendo que estes ficaram armazenados a
seco e ao abrigo da luz em uma estufa a 37°C durante este período. Após a
remoção, os corpos-de-prova apresentavam o formato semelhante à ampulheta
com as mesmas dimensões da matriz plástica utilizada como modelo.
Para o ensaio de resistência máxima à tração, os corpos-de-prova
foram colados ao dispositivo de micro-tração acoplado à máquina de ensaios
universal Instron (modelo 4411). A colagem foi realizada com adesivo à base de
cianocrilato – Super Bonder gel (Loctite Brasil Ltda, Itapevi, SP, Brasil) – nas
extremidades da ampulheta e com o longo eixo do corpo-de-prova perpendicular à
base do dispositivo. O ensaio de tração foi realizado a uma velocidade 0,5
mm/minuto, utilizando célula de carga de 500N, até que ocorresse a ruptura da
amostra – Figura 9. Os dados em KgF foram convertidos em MPa através da
seguintes fórmula: MPa = KgF*9,8/área, sendo a área (mm2) calculada pela
multiplicação da espessura do corpo-de-prova pela largura deste no local da
contrição, onde ocorreu a ruptura. Essas medidas foram mensuradas com o
auxílio de um paquímetro digital. Os dados em MPa foram submetidos a ANOVA
de dois fatores.

49
Figura 8. Confecção dos corpos-de-prova para o ensaio de resistência máxima à tração. (A) –
ampulheta plástica usada como modelo, (B) – dispositivo para moldagem, (C) – molde obtido e
usado como matriz, (D) – inserção do cimento na matriz, (E) – fotoativação do cimento e (F) –
corpo-de-prova confeccionado.

Figura 9. Ensaio de resistência máxima à tração. (A) – corpo-de-prova


posicionado no dispositivo de tração e (B) – corpo-de-prova fraturado após a
realização do ensaio.

50
4.4 Tensão de contração de polimerização

Bastões de acrílico – poli (metil metacrilato) - de 6 mm de diâmetro


foram seccionados por meio de um disco diamantado dupla face em bastões
menores com comprimentos levemente superiores a 13 e 28 mm. Esses bastões
seccionados tiveram as suas bases planificadas através de lixa de carbeto de
silício (SiC) de granulação 600, sendo desgastados até apresentarem os
comprimentos 13 e 28 mm, mensurados através de um paquímetro digital. As
duas bases dos bastões de 28 mm foram jateadas com óxido de alumínio (100
µm), sendo que apenas uma das bases foi jateada nos bastões de 13 mm. A base
não jateada destes foi polida com lixa SiC de granulação 1200 e 2000, utilizadas
nesta seqüência. Os bastões preparados estão ilustrados na Figura 10.
O monômero da resina acrílica quimicamente ativada (JET Acrílico
Autopolimerizante, Artigos Odontológicos Clássico, São Paulo, Brazil) foi aplicado
sobre as superfícies jateadas (Figura 11 A) e um leve jato de ar foi aplicado para
auxiliar na evaporação dos solventes. Em seguida, uma camada do adesivo do
sistema Scotchbond Multi-purpose (3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) foi aplicado
nestas superfícies com o auxílio de aplicador descartável microbrush (Figura 11
B), sendo em seguida fotoativado por 20 segundos. Um bastão de 28 mm foi
preso à garra superior da máquina de ensaio universal Instron (modelo 5565,
Instron Co., Canton, MA, EUA). Outro bastão, este com 13 mm de comprimento,
foi fixado ao orifício de um dispositivo de aço inox preso à garra inferior da
máquina, ficando a superfície polida voltada para a base da máquina (Figura 12).
Este dispositivo possuía abertura que permitia que a ponta do aparelho
fotopolimerizador ficasse em contato com a base polida do bastão menor, por
onde foi realizada a fotoativação para os cimentos utilizados no modo de ativação
dual (Figura 13).

51
Figura 10. Bastões de 28 (esquerda) e 13 mm (direita)
confeccionados para serem utilizados no ensaio de tensão de
polimerização. Note a superfície jateada no bastão maior e a
polida no menor.

Figura 11. (A) – Aplicação do monômero da resina acrílica ativada quimicamente e (B)
– aplicação do adesivo do sistema de união Scotchbond Multi-purpose sobre as
superfícies jateadas dos bastões de acrílico.

52
Figura 12. Esquema do ensaio de tensão de polimerização.

Os cimentos foram manipulados e inseridos entre as superfícies dos


bastões que foram aproximados até que distância entre eles fosse de 1 mm. Desta
forma, a relação entre área aderida/ área livre (fator de configuração cavitária) foi
padronizado em 3. A distância entre as superfície de colagem dos bastões foi
mantida constante por meio do acoplamento de um extensômetro ao sistema
(modelo 2630-101, Instron). Com este, a aproximação das superfícies coladas
devido à contração de polimerização era prontamente compensada pela
movimentação da extremidade ativa da máquina de ensaio no sentido oposto, com
precisão de 0,1 µm. O desenvolvimento das tensões foi monitorado através do
programa Bluehill 2 (Instron) acoplado à máquina de ensaio – Figura 14.

53
Figura 13. Fotoativação do cimento resinoso através do bastão de 13 mm.

Figura 14. Interface do programa utilizado no monitoramento da tensão de


contração.

54
O monitoramento era iniciado tão logo o cimento fosse acomodado e foi
realizado durante 20 minutos, sendo feita uma leitura a cada segundo. Todos os
testes foram realizados a 25°C (±1 °C) e umidade relativa do ar de 50% (±10 °C).
Para a fotoativação tardia dos cimentos, esta foi realizada após cinco minutos do
monitoramento. Os valores de tensão foram fornecidos em KgF e convertidos em
MPa através da seguinte fórmula: MPa = KgF * 9,8 / área, sendo a área de 28,23
mm2 ( ). Os dados foram submetidos à ANOVA de dois fatores. O
programa de monitoramento da tensão também forneceu os dados da carga (KgF)
a cada segundo. Assim, todos esses dados foram convertidos em MPa e foi
realizada a média das cinco amostras em cada segundo utilizando o programa
Excel (Microsoft Office, Microsoft Corp., Redmond, WA, EUA). A partir destas
médias, foram traçadas as curvas de desenvolvimento de tensões de contração de
polimerização em função do tempo para cada grupo experimental utilizando o
programa SigmaPlot 9.0.

4.5 Resistência de união ao cisalhamento

Blocos de resina composta Z-250, cor A2, foram confeccionados a


partir de matriz de silicone de adição com 6 mm de diâmetro interno e 2 mm de
altura. O compósito foi inserido dentro da matriz até o seu total preenchimento e
uma tira de poliéster posicionada sobre a resina, sendo esta fotoativada por 20
segundos. Em seguida, os blocos foram removidos da matriz e uma nova
fotoativação foi realizada através da superfície oposta àquela exposta
anteriormente à luz. Foram confeccionados 180 blocos de resina composta, vinte
por grupo experimental, sendo dez para cada tempo de avaliação da resistência
de união: 10 minutos e 24 horas.
A fim de facilitar o posicionamento dos corpos-de-prova no
dispositivo para ensaio de cisalhamento, os blocos de resina composta foram
incluídos em cilindros de resina de poliestireno. Para isso, um cilindro de PVC,
com 6 mm de altura e 13 mm de diâmetro interno, foi posicionado sobre uma placa

55
de cera utilidade. Um bloco de resina composta foi posicionado sobre a mesma
placa de cera, ficando no interior e no centro do cilindro de PVC. A resina de
poliestireno (Piraglass, Piracicaba, SP, Brasil) foi manipulada na proporção de 80
gotas do catalisador para 100 gramas da resina e vertida no interior no cilindro de
PVC.
Após a presa da resina de poliestireno, os cilindros foram removidos e a
superfície que continha o bloco de resina composta foi polida com lixas de carbeto
de silício # 600 e 1200, utilizadas em ordem crescente de granulação através de
uma politriz giratória. Previamente aos procedimentos de união, a superfície
exposta dos blocos de resina composta foi jateada com partículas de óxido de
alumínio de 50µm por 10s, com uma pressão de 80 psi e com a ponta de aparelho
(Micro jato VH – VH Equipamentos Médicos-Odontológicos e Acessórios,
Araraquara, SP) distante 1,5 mm do compósito.
Previamente aos procedimentos adesivos, todos os blocos de
compósito foram condicionados com ácido fosfórico 35% (Scotchbond etchant, 3M
ESPE, St. Paul. MN, EUA) por um minuto. Em seguida o ácido foi removido com
jato de água e a superfície do compósito seca com jato de ar. Esse procedimento
foi realizado principalmente para a limpeza da superfície do compósito. Os
agentes silanos recomendados pelos fabricantes de cada cimento resinoso, assim
como os adesivos de cada fabricante, quando recomendado, foram utilizados em
seguida – Figura 15.
Para os grupos do RelyX ARC, o agente silano, previamente hidrolisado
pelo fabricante, ceramic primer (3M ESPE, St. Paul, MN, EUA) foi aplicado com
auxílio de um microbrush e seco por 5 segundos com um leve jato de ar. Em
seguida, o adesivo do sistema Scotchbond Multi-purpose (3M ESPE, St. Paul, MN,
EUA) foi aplicado e fotoativado por 20 segundos. Nos compósitos utilizados para
os grupos do Panavia F, apenas o agente silano foi aplicado, uma vez que o
fabricante não recomenda nenhum adesivo. Para isso, uma gota do primer do
sistema de união Clearfil SE Bond (Kuraray Dental Co., Okayama, Japão) foi
misturado a uma do Clearfil Porcelain Bond Activator (Kuraray Dental Co.,

56
Okayama, Japão), sendo a mistura imediatamente aplicada sobre a superfície do
compósito.

Figura 15. Materiais utilizados nos procedimentos de união. A (3M ESPE) – Ceramic primer e
adesivo do sistema Scotchbond Multi-purpose, B (Dentsply) – Primer e ativador do silano,
Prime&Bond 2.1 e Self-cure Activator; e C (Kuraray) – Primer do sistema Clearfil SE Bond e Clearfil
Porcelain Bond Activator.

Já para os grupos do Enforce, uma gota do primer e outra do ativador


do silano (Dentsply Ind. e Comércio ltda., Petrópolis, RJ, Brasil) foram misturadas
em um casulo plástico. Decorridos cinco minutos da mistura, o silano hidrolisado
foi aplicado sobre a superfície do compósito. Aguardou-se 20 segundos para a
volatilização dos solventes e uma nova camada foi aplicada. Em seguida, foi feita
a aplicação do sistema adesivo Prime&Bond 2.1 (Dentsply Ind. e Comércio ltda.,
Petrópolis, RJ, Brasil) e a fotoativação deste por 10 segundos, após a volatilização
do solvente com um leve jato de ar. Nos grupos sem fotoativação e com
fotoativação tardia, o Prime&Bond 2.1 foi misturado ao Self-cure activator
(Dentsply Ind. e Comércio ltda., Petrópolis, RJ, Brasil), na proporção de 1:1 em
volume. Isto foi feito para evitar a que os monômeros ácidos do Prime&Bond 2.1
prejudicassem a ativação química da reação de polimerização do cimento
resinoso Enforce.
Após os procedimentos adesivos, uma matriz de silicone de adição com
1 mm de altura e 2 mm de diâmetro interno foi posicionado sobre a superfície do
compósito. Esta matriz foi obtida através da moldagem de um broca de aço de 2

57
mm de diâmetro com o material leve do silicone de adição Aquasil (Dentsply
DeTrey, Konstanz, Alemanha). Os cimentos manipulados foram inseridos no
interior da matriz com auxílio de uma sonda exploradora #5. Em seguida, uma tira
de poliéster foi posicionada sobre o cimento e um bloco de compósito Z-250, cor
A2, com 2 mm de espessura e 4 de diâmetro, posicionado sobre esta. Para os
grupos experimentais em que foi realizada a fotoativação do cimento, esta foi
realizada com a ponta do aparelho fotopolimerizador tocando a superfície do
compósito pelo tempo recomendados pelos fabricantes de cada material. Após
cinco minutos da inserção dos cimentos resinosos, as matrizes foram removidas
com auxílio de uma espátula de inserção de resina, permanecendo um cilindro de
cimento resinoso aderido ao bloco de resina composta. Os corpos-de-prova foram
armazenados em umidade relativa e ao abrigo da luz até o momento do ensaio de
cisalhamento. Metade dos corpos-de-prova foi ensaiada após dez minutos da
inserção do cimento resinoso na matriz, sendo os demais testados após 24 horas.
A confecção dos corpos-de-prova está ilustrada na Figura 16.
Para o ensaio de cisalhamento, o cilindro de resina de poliestireno
contendo o corpo-de-prova foi preso à base do dispositivo acoplado à máquina de
ensaios Emic DL 2000. O carregamento foi realizado por meio de um fio de aço de
0,3 mm de diâmetro preso à porção superior do dispositivo, ligado à célula de
carga (50 N), a velocidade de 0,5 mm por minuto até que ocorresse a soltura do
cilindro de cimento resinoso – Figura 17. O valores da carga máxima fornecidos
em N foram convertidos em MPa através da divisão por 3,14, que era a área de
união. Os dados foram submetidos a ANOVA três fatores (cimento resinoso, modo
de ativação e tempo em que foi realizado o ensaio).

58
Figura 16. Confecção dos corpos-de-prova para o ensaio de cisalhamento. (A) – aplicação do
ácido fosfórico, (B) – aplicação do silano/adesivo, (C) – fotoativação do adesivo, (D) – inserção do
cimento resinoso na matriz de silicone de adição, (E) – fotoativação do cimento resinoso e (F) –
cilindro de cimento resinoso aderido ao bloco de compósito.

Figura 17. Ensaio de cisalhamento.

59
Após o ensaio de cisalhamento, os corpos-de-prova fraturados foram
observados em microscopia eletrônica de varredura (MEV) para definição do
padrão de fratura. Os corpo-de-prova foram previamente imersos por vinte
minutos em ultra-som Ultrasonic cleaner 1440D (Odontobrás Ind. Com. de
Equipamentos Odontológicos Ltda, Ribeirão Preto, SP, Brasil) com água destilada.
Após este período, estes foram desidratados em estufa a 70° C por uma hora
para, em seguida, serem cobertos por ouro-paládio por meio de um metalizador
Balzers SCD 050 (Balzers Union Aktiengesekkschaft, Fürstentum Liechtenstein,
Alemanha), utilizando corrente de 45mA por 120s. Em seguida os corpos-de-prova
foram levados ao MEV JEOL (JSM – 5600 LV, Tóquio, Japão) para observação e
posterior classificação do padrão de fratura em:
Tipo I - falha coesiva do substrato;
Tipo II - falha coesiva do cimento resinoso;
Tipo III - falha na interface de união entre cimento e compósito (adesiva);
Tipo IV - falha mista.

60
5. RESULTADOS

5.1 Cinética de conversão


Na Figura 18A observa-se um rápido aumento do grau de conversão
para o Enforce fotoativado imediatamente. Neste modo de ativação, o Enforce
apresentou aproximadamente 45% de grau de conversão nos primeiros 30
segundos e atingiu 74% após cinco minutos. Neste tempo, os dois modos de
ativação que não receberam fotoativação, no modo químico ou dual com
fotoativação tardia, apresentaram um gradual aumento do grau de conversão,
atingindo aproximadamente 50% ao fim deste período.
Após decorridos dez minutos da manipulação do cimento resinoso
(Figura 18B), observa-se uma estabilização da curva do grau de conversão para
todos os modos de ativação. O modo dual com fotoativação imediata apresenta,
ao fim deste período, uma grau de conversão semelhante ao apresentado após
cinco minutos (76%). Para a fotoativação tardia do cimento, ocorre um acentuado
aumento do grau de conversão após o quinto minuto, momento em que ocorre a
exposição à luz do fotopolimerizador, seguido por uma redução no acréscimo de
conversão nos minutos seguintes. Também há uma desaceleração no aumento do
grau de conversão no modo de ativação químico após os cinco minutos iniciais.
Após dez minutos, os modos de ativação sem e com fotoativação tardia
apresentam 54 e 80% de grau de conversão, respectivamente.
Na Figura 19A, observa-se pouco aumento do grau de conversão
para o cimento fotoativado de forma imediata (77%) e tardia (81%) em relação ao
alcançado após dez minutos. Apenas o cimento não fotoativado apresentou um
aumento considerável do grau de conversão, alcançando 64% neste período. Ao
final de uma hora de avaliação (Figura 19B), o cimento fotoativado após cinco
minutos apresentou maior de grau de conversão (82%) em relação à sua
fotoativação imediata (77%). Já o Enforce utilizado no modo de ativação química
(sem fotoativação) apresentou os menores valores de grau de conversão (65%).

61
74%

50%

80%
76%

54%

Figura 18. Cinética de conversão do cimento resinoso Enforce durante 5 minutos (A) e
10 minutos (B) após a sua manipulação.

62
81%
77%

64%

82%
77%
65%

Figura 19. Cinética de conversão do Enforce aos 30 minutos (A) e 1 hora (B).

63
A Figura 20 mostra a taxa de polimerização do cimento resinoso
Enforce. Para a fotoativação imediata há um pico de acréscimo de grau de
conversão nos primeiros segundos, atingindo uma taxa máxima de 2,34. A
postergação da fototivação levou a uma redução importante na taxa máxima
(0,36), sendo que esta ocorreu após 320 segundos da manipulação do cimento
resinoso. Já para a ausência de fotoativação, a taxa máxima foi ainda menor
(0,23) e ocorreu após aproximadamente 150 segundos da manipulação do
cimento.

Figura 20. Taxa de polimerização do cimento resinoso Enforce.

64
Da mesma forma que para o Enforce, a fotoativação imediata do RelyX
ARC levou a um rápido aumento do grau de conversão nos primeiros 30
segundos, atingindo aproximadamente 53% neste período – Figura 21A. Após
cinco minutos, o RelyX ARC fotoativado imediatamente alcançou 76% de grau de
conversão. Já nos modos de ativação tardia e sem fotoativação, o cimento RelyX
ARC apresentou um lento aumento no grau de conversão. Nestes dois últimos
modos de ativação, o cimento apresentou 46% ao fim do período de cinco minutos
A Figura 21B mostra a cinética de conversão do RelyX ARC nos
primeiros dez minutos após a sua manipulação. Para a fotoativação imediata,
observa-se uma acentuada redução no aumento do grau de conversão antes do
cem segundos com uma posterior estabilização dos valores de grau de conversão.
Quando o RelyX ARC é fotoativado aos cinco minutos, nota-se um salto no grau
de conversão neste tempo seguido também por uma estabilização dos valores. Já
quando o cimento não é fotoativado a estabilização dos valores de grau de
conversão ainda não ocorre ao fim dos primeiros dez minutos, período em que o
cimento atinge apenas 65% dos monômeros convertidos em polímeros. O RelyX
ARC fotoativado, tanto de forma tardia ou imediata, apresenta aproximadamente
76% ao fim de dez minutos.
Após 30 minutos (Figura 22) há pequeno aumento do grau de
conversão para todos os modos de ativação do RelyX ARC. Neste período, o
cimento com fotoativação imediata, tardia, e sem fotoativação alcança 81, 82 e
72% de grau de conversão, respectivamente. Esse lento aumento permaneceu
nos trinta minutos seguintes e, ao final de uma hora, o cimento RelyX ARC
apresentou maior grau de conversão quando fotoativado. A fotoativação imediata
levou a um valor superior (87%) do que quando esta foi feita de forma tardia
(84%). Já o cimento utilizado no modo químico, sem fotoativação, alcançou 75%
de grau de conversão ao fim deste período de avaliação.

65
76%

46%

76%

65%

Figura 21. Cinética de conversão do cimento resinoso RelyX ARC durante 5 (A) e 10
minutos (B) após a sua manipulação.

66
82%
81%
72%

87%
84%
75%

Figura 22. Cinética de conversão do Enforce aos 30 minutos (A) e 1 hora (B).

67
A taxa de polimerização do RelyX ARC é mostrada na Figura 23. A
fotoativação imediata leva a um pico de acréscimo nos primeiros segundos, em
que atinge taxa máxima de 2,95. Quando o cimento é fotoativado após cinco
minutos, observa-se pico de acréscimo de grau de conversão nos segundos
seguintes à fotoativação e a taxa máxima é inferior (0,73) àquela atingida com a
fotoativação imediata. O RelyX ARC utilizado no modo químico de ativação, sem
fotoativação, apresentou a sua taxa máxima de polimerização (0,22) por volta do
200 segundos. Neste modo não há a formação de um pico, mas aumento gradual
seguido por redução, também lenta, da taxa de polimerização.

Figura 23. Taxa de polimerização do cimento resinoso RelyX ARC.

68
Apenas o Panavia F com fotoativação imediata apresentou alguma
reação de polimerização significativa nos primeiros cinco minutos após a
manipulação do cimento, apresentando 60% de grau de conversão ao final deste
período - Figura 24A. Ao final de dez minutos (Figura 24B), o Panavia F utilizado
no modo químico de ativação continuou sem apresentar nenhuma reação de
polimerização significativa. Já o cimento fotoativado de forma tardia só começou a
apresentar algum grau de conversão após cinco minutos, no momento em que foi
realizada a fotoativação, alcançando 58% de grau de conversão no décimo
minuto. Neste mesmo tempo, o cimento fotoativado imediatamente após a sua
manipulação apresentou 62% de grau de conversão.
Aos trinta minutos (Figura 25), observa-se pequeno aumento do grau de
conversão, em relação ao observado ao final de dez minutos, para o Panavia F
fotoativado de forma imediata (66%) e tardia (64%). Já o modo de ativação
química do Panavia F só começou a apresentar reação de polimerização
significativa após quinze minutos de sua manipulação e, ao fim de trinta minutos,
alcançou 46% de grau de conversão. Após uma hora, o Panavia F fotoativado
imediatamente apresentou o maior de grau de conversão (67%), sendo este valor
levemente superior ao apresentado quando a fotoativação foi realizada de forma
tardia (64%). Já a utilização do Panavia F sem fotoativação apresentou grau de
conversão próximo a 50%.

69
60%

0%

62%
58%

0%

Figura 24. Cinética de conversão do cimento resinoso Panavia F durante 5 minutos


(A) e 10 minutos (B) após a sua manipulação.

70
66%
64%

46%

67%
64%

50%

Figura 25. Cinética de conversão do Panavia F aos 30 minutos (A) e 1 hora (B).

71
A Figura 26 mostra a taxa de polimerização do Panavia F. A
fotoativação imediata do cimento apresentou a maior taxa máxima (4,08),
atingindo este pico nos primeiros segundos. Com a fotoativação tardia, a taxa
máxima foi 0,96 e ocorreu poucos minutos após a fotoativação. Já o cimento
utilizado sem fotoativação apresentou baixos valores de acréscimo de grau de
conversão, sendo a taxa máxima (0,05) atingida 1100 segundos após a
manipulação do cimento.

Figura 26. Taxa de polimerização do cimento resinoso Panavia F.

72
As Figuras 27 e 28 mostram o efeito da adição do ED Primer sobre a
cinética de conversão do Panavia F. Apesar de retardar um pouco o aumento do
grau de conversão, a adição do ED Primer aumentou o grau de conversão de 67%
para aproximadamente 75%, quando o cimento foi fotoativado imeditamente após
a sua manipulação - Figura 27. Já para os modos de ativação sem fotoativação e
com fotoativação tardia, além do aumento do grau de conversão, a reação de
polimerização começou a se processar mais precocemente – Figura 28. Para o
primeiro modo, o grau de conversão aumentou de 51 para 76%, enquanto que o
aumento foi de 64 para 75% para o segundo.

75%
67%

Figura 27. Comparação da cinética de conversão do Panavia F com e sem adição do ED


Primer para fotoativação imediata do cimento.

73
75%

64%

75%

50%

Figura 28. Comparação da cinética de conversão do Panavia F com e sem adição do


ED Primer. (A) – fotoativação tardia e (B) – sem fotoativação.

74
As Figuras 29 e 30 mostram a cinética de conversão do Panavia F
quando usado com o ED Primer. Quando fotoativado imediatamente, o Panavia F
apresenta um rápido aumento no grau de conversão, alcançando 57% no primeiro
minuto – Figure 29A. Ao final de cinco minutos o grau de conversão é de 63%.
Neste mesmo período, o Panavia F não fotoativado, incluindo o modo de ativação
tardia, apresenta um mais gradual e constante aumento do grau de conversão,
chegando a 50% no quinto minuto.
A Figura 29B mostra a cinética de conversão nos dez primeiros
minutos após a manipulação do cimento. A fotoativação do cimento no quinto
minuto leva a um aumento importante do grau de conversão, atingindo 67% no
minuto seis, a partir do qual se mantêm até décimo minuto. Para a fotoativação
imediata, o aumento neste período, entre o minuto cinco e dez, é menos
pronunciado, atingindo 69% de grau de conversão ao final. Já para o modo de
ativação químico, ocorre também uma redução no aumento do grau de conversão
após o quinto minuto, mas o acréscimo neste período é maior que para os outros
modos de ativação e o cimento apresenta 70% ao final deste período.
A partir do décimo minuto até o minuto trinta (Figura 30A), o
comportamento de todos os modos de ativação Panavia F misturado ao ED Primer
é bastante semelhante. Há uma redução na velocidade de aumento de grau de
conversão, mas esse aumento permanece. Ao final deste período, a fotoativação
imediata, tardia e sem fotoativação apresentam aproximadamente 75% de grau de
conversão, sendo que valores são os mesmos observados após uma hora (Figura
30B).

75
63%

50%

70%
69%
67%

Figura 29. Cinética de conversão do cimento resinoso Panavia F + ED Primer durante 5


(A) e 10 minutos (B) após a sua manipulação.

76
75%

75%

Figura 30. Cinética de conversão do Panavia F + ED Primer aos 30 minutos (A) e 1 hora
(B).

77
A Figura 31 mostra a taxa de polimerização do Panavia F quando
utilizado misturado ao ED Primer. Como para todos os outros cimentos, ocorre um
pico de acréscimo de conversão nos primeiros segundos quando o cimento é
fotoativado imediatamente, sendo este o modo de ativação que alcança também a
maior taxa de polimerização. Entretanto, a taxa máxima alcançada neste modo foi
1,98, inferior àquela obtida sem a adição do ED Primer (4,08). A adição do ED
Primer também reduziu a taxa máxima para o cimento fotoativado tardiamente.
Com o ED Primer, a taxa máxima foi a mesma (0,26), sendo alcançada no mesmo
tempo (aproximadamente aos 70 segundos), que a obtida pelo Panavia F
misturado ao primer e não fotoativado. Com a fotoativação do cimento após cinco
minutos, houve também um novo aumento na taxa de polimerização neste
momento, mas o valor foi muito próximo (0,25) àquele alcançado aos 70
segundos.

Figura 31. Taxa de polimerização do cimento resinoso Panavia F + ED Primer.

78
O grau de conversão, ao final do tempo de 1 hora, de todos os cimentos
resinosos avaliados para cada modo de ativação está descrito na Tabela 2.

Tabela 2. Grau de conversão dos cimentos resinosos avaliados com os diferentes modos de
ativação após 1 hora.
Modos de ativação
Fotoativação Fototoativação Sem
Cimento resinoso
Imediata Tardia fotoativação
Enforce 77 82 65
RelyX ARC 87 84 75
Panavia F 67 64 50
Panavia F + ED Primer 75 75 75

5.2 Tração diametral e rigidez relativa

A análise de variância dos dados de tração diametral demonstrou efeito


significante de tratamento para os fatores cimento resinoso (p< 0,0001) e o modo
de ativação (p= 0,0006). Também foi verificado efeito significante para a interação
entre cimento resinoso e modo de ativação (p=0,0087). Assim, o teste de Tukey
foi aplicado para a interação. Os resultados estão descritos na Tabela 3.
A não fotoativação do cimento resinoso levou a um menor valor, em
relação a fototivação imediata e tardia, de resistência à tração diametral apenas
para o Panavia F. Para os outros cimentos resinosos avaliados não houve
diferença significante entre os modos de ativação. Com a fotoativação imediata
dos cimentos, todos os cimentos resinosos avaliados apresentaram valores
semelhantes de resistência à tração diametral. Para a fotoativação tardia dos
cimentos, o RelyX ARC apresentou os maiores valores, sendo que os outros dois
não diferiram entre si. O Panavia F apresentou os menores valores de resistência

79
à tração diametral quando os cimentos não foram fotoativados. Não houve
diferença entre o Enforce e o RelyX ARC para este último modo de ativação.

Tabela 3. Médias (desvio-padrão) em MPa de resistência à tração diametral dos cimentos


resinosos avaliados com os diferentes modos de ativação.
Modos de ativação
Fotoativação Fototoativação
Cimento resinoso Sem fotoativação
Imediata Tardia
Enforce 33,7 (5,7) Aa 38,0 (6,5) Ba 30,8 (5,8) Aa
RelyX ARC 40,9 (6,4) Aa 52,2 (7,3) Aa 40,3 (9,3) Aa
Panavia F 35,3 (3,9) Aa 26,7 (4,6) Ba 17,0 (6,9) Bb
Letras distintas (maiúscula na vertical e minúscula na horizontal) indicam diferença estatística ao
teste de Tukey (p≤0,05).

A análise de variância dos dados de rigidez relativa mostrou efeito


significante de tratamento para o fator cimento resinoso (p=0,0002) para a
interação entre cimento e modo de ativação (p=0,0031). Desta forma, foi aplicado
o teste de comparações múltiplas de Tukey para a interação. Os resultados estão
descritos na Tabela 4. O modo de ativação da reação de polimerização dos
cimentos resinosos não alterou a rigidez relativa de nenhum dos materiais
avaliados. Apenas para a fotoativação imediata dos cimentos houve diferença
entre os cimentos resinosos. Neste modo de ativação, o RelyX ARC apresentou
maior rigidez relativa que o Panavia F. O Enforce apresentou valores
intermediários, mas sem diferença estatística para os outros dois cimentos.

80
Tabela 4. Médias (desvio-padrão) em MPa da rigidez relativa dos cimentos resinosos avaliados
com os diferentes modos de ativação.

Rigidez relativa
Fotoativação Fototoativação
Cimento resinoso Sem fotoativação
Imediata Tardia
Enforce 288,8 (49,6) ABa 327,6 (27,7) Aa 252,8 (28,1) Aa
RelyX ARC 335,4 (18,3) Aa 337,7 (43,2) Aa 324,5 (28,9) Aa
Panavia F 225,5 (46,4) Ba 259,7 (47,1) Aa 296,9 (68,8) Aa
Letras distintas (maiúscula na vertical e minúscula na horizontal) indicam diferença estatística ao
teste de Tukey (p≤0,05).

5.3 Resistência máxima à tração

A análise de variância mostrou efeito significante de tratamento apenas


para o fator cimento resinoso (p< 0,0001), não havendo efeito significante para o
fator modo de ativação e para a interação entre os fatores. Os resultados estão
descritos na Tabela 5. O cimento resinoso Panavia F apresentou os menores
valores de resistência máxima à tração, com diferença estatística para os outros
dois, que não diferiram entre si.

Tabela 5. Médias (desvio-padrão) em MPa da resistência


máxima à tração dos diferentes cimentos resinosos.
Cimento resinoso Médias (desvio-padrão)
Enforce 65,8 (11,7) A
RelyX ARC 65,5 (12,4) A
Panavia F 46,9 (12,3) B
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

81
5.4 Tensão de contração de polimerização

A análise exploratória dos dados demonstrou normalidade dos mesmos.


A análise de variância demonstrou diferença estatística significante entre os
cimentos resinosos (p= 0,0024) e os modos de ativação (p<0,0001). Entretanto,
não houve efeito significante de tratamento para a interação entre os fatores.
Assim, foi feito o desdobramento e aplicação do teste de Tukey para a os fatores.
Os resultados estão descritos nas Tabelas 6 e 7. O cimento Enforce apresentou
os menores valores de máxima tensão de contração de polimerização, com
diferença estatística significante para o RelyX ARC, que apresentou os maiores
valores. O Panavia F apresentou valores intermediários sem diferença estatística
para os outros dois cimentos resinosos avaliados.
Quanto ao modo de ativação dos cimentos resinosos, a utilização
deste no modo químico (sem fotoativação) levou aos menores valores de máxima
tensão de contração de polimerização. A fotoativação tardia do cimento gerou
valores intermediários de tensão, superiores aos do cimento não fotoativado e
inferiores aos alcançados pelos cimentos fotoativados imediatamente. Estes
apresentaram os maiores valores de máxima tensão de contração de
polimerização.

Tabela 6. Médias (desvio-padrão) em MPa da máxima tensão de


contração polimerização para os diferentes cimentos resinosos.
Cimento resinoso Médias (desvio-padrão)
Enforce 3,1 (1,7) A
Panavia F 3,3 (1,6) AB
RelyX ARC 3,5 (1,6) B
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

82
Tabela 7. Médias (desvio-padrão) em MPa da máxima tensão de
contração de polimerização para os diferentes modos de ativação.
Modo de ativação Médias (desvio-padrão)
Fotoativação imediata 4,8 (0,2) A
Fotoativação tardia 3,9 (0,5) B
Sem fotoativação 1,2 (0,4) C
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

As Figuras 32, 33 e 34 mostram o desenvolvimento das tensões de


contração de polimerização para os cimentos resinosos Enforce, RelyX ARC e
Panavia F, respectivamente, quando utilizados nos diferentes modos de ativação
da reação de polimerização.

Figura 32. Desenvolvimento das tensões de contração para o Enforce.

83
Figura 33. Desenvolvimento das tensões de contração para o RelyX
ARC.

Figura 34. Desenvolvimento das tensões de contração para o Panavia F.

84
5.5 Resistência de união ao cisalhamento

A análise exploratória dos dados demonstrou falta de normalidade dos


mesmos. Assim os dados sofreram transformação de raiz quadrada para o ajuste
e obtenção de normalidade. A ANOVA demonstrou efeito significante de
tratamento para os fatores cimento resinoso (p<0,0001), modo de ativação
(p<0,0001) e tempo (p<0,0001). Entretanto, não houve efeito significativo para
nenhuma interação entre os fatores. Assim, foi aplicado o teste de Tukey para
cada fator individualmente. Os resultados estão descritos nas Tabelas 8, 9 e 10.
O cimento resinoso RelyX ARC apresentou os maiores valores de
resistência de união ao ensaio de cisalhamento. O Enforce apresentou valores
intermediários, inferiores aos do RelyX ARC e superiores aos do Panavia F, que
obteve os menores valores. Quanto ao modo de ativação, a fotoativação dos
cimentos resinosos, tanto imediata quanto tardia, levou estes a obterem os
maiores valores de união, com diferença significante para os cimentos não
fotoativados. Os corpos-de-prova ensaiados após 24 horas apresentaram maiores
valores de união que aqueles testados após dez minutos de sua confecção.

Tabela 8. Médias (desvio-padrão) em MPa da resistência de


união para os diferentes cimentos resinosos.
Cimento resinoso Médias (desvio-padrão)
RelyX ARC 16,5 (5,7) A
Enforce 12,6 (5,2) B
Panavia F 10,7 (4,6) C
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

85
Tabela 9. Médias (desvio-padrão) em MPa da resistência de
união para os diferentes modos de ativação.
Modo de ativação Médias (desvio-padrão)
Fotoativação imediata 15,4 (5,9) A
Fotoativação tardia 14,5 (4,7) A
Sem fotoativação 9,9 (4,3) B
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

Tabela 10. Médias (desvio-padrão) em MPa da resistência de


união nos diferentes tempos de avaliação.
Modo de ativação Médias (desvio-padrão)
24 horas 16,2 (5,3) A
10 Minutos 10,3 (4,1) B
Letras distintas indicam diferença estatística ao teste de Tukey
(p≤0,05).

86
As Tabelas 11 e 12 mostram o padrão de fratura dos corpos-de-prova
ensaiados nos teste de cisalhamento realizado após 10 minutos e 24 horas,
respectivamente.

Tabela 10. Padrão de fratura das amostras ensaiadas após 10 minutos.

Cimento Modo de
resinoso Ativação Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV
Enforce Fotoativação
30% 10% 20% 40%
Imediata
Fotoativação
20% - 40% 40%
Tardia
Sem
- 30% 40% 30%
fotoativação
RelyX ARC Fotoativação
80% - - 20%
Imediata
Fotoativação
70% - 10% 20%
Tardia
Sem
30% 20% 10% 40%
fotoativação
Panavia F Fotoativação
10% 10% 80% -
Imediata
Fotoativação
- 10% 50% 40%
Tardia
Sem
- 20% 60% 20%
fotoativação

Tipo I - falha coesiva do substrato; Tipo II - falha coesiva do cimento resinoso; Tipo III - falha na interface de
união entre cimento e compósito (adesiva); Tipo IV - falha mista.

87
Tabela 12. Padrão de fratura das amostras ensaiadas após 24 horas.

Cimento Modo de
resinoso Ativação Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV
Enforce Fotoativação
80% - - 20%
Imediata
Fotoativação
60% - 10% 30%
Tardia
Sem
50% 10% 20% 20%
fotoativação
RelyX ARC Fotoativação
100% - - -
Imediata
Fotoativação
100% - - -
Tardia
Sem
80% - 20% -
fotoativação
Panavia F Fotoativação
100% - - -
Imediata
Fotoativação
100% - - -
Tardia
Sem
80% - - 20%
fotoativação

Tipo I - falha coesiva do substrato; Tipo II - falha coesiva do cimento resinoso; Tipo III - falha na interface de
união entre cimento e compósito (adesiva); Tipo IV - falha mista.

88
As Figuras 35 a 38, imagens obtidas em MEV, ilustram exemplos de todos
os tipos de falha observados nos ensaios de resistência de união ao cisalhamento.

Figura 35. (A) Fratura do tipo I – coesiva no substrato. (B) Pode-se notar nas bordas da fratura a
presença de lascas (seta) na camada adesiva. AD – adesivo, RC – resina composta.

Na Figura 35 observa-se fratura coesiva do substrato que foi


predominante para todos os cimentos, na avaliação realizada após 24 horas, e
para o RelyX ARC no ensaio após dez minutos. É importante observar que a
fratura apresenta um aumento do diâmetro, em relação ao do cilindro
confeccionado, no lado oposto ao da aplicação do carregamento. Em B, pode-se
notar a presença da camada adesiva fraturada apresentando lascas.

89
Figura 36. (A) Fratura do tipo – coesiva no cimento resinoso. (B) Visão em maior magnificação do
cimento resinoso fraturado.

A Figura 36 ilustra fartura coesiva do cimento resinoso. Este tipo de


falha foi mais observado no ensaio após 10 minutos, sendo maior para os
cimentos resinosos utilizados apenas no modo químico de ativação.
Na Figura 37 estão representadas duas fraturas adesivas, com o
cimento cilindro de cimento resinoso sendo deslocado sem que ocorra a fratura do
mesmo ou do substrato. Em A e B, observa-se a fratura do adesivo Prime&Bond
2.1, utilizado com o cimento resinoso Enforce, e, em maior aumento, a presença
de defeitos ao longo da camada de adesivo fraturada. Já em C e D, nota-se
apenas a presença da resina composta utilizada com susbtrato de união.
A Figura 38 ilustra de fraturas mistas, em que mais de um dos tipos das
demais falhas ocorreu. Este tipo de falha ocorreu mais para o cimento Enforce,
sendo predominante nos grupos que utilizaram este cimento no ensaio de dez
minutos, exceto para o Enforce não fotoativado. Pode-se também observar a
presença de defeitos na camada adesiva obtida com o Prime&Bond 2.1 em C e D.

90
Figura 37. Fratura do tipo III - na interface de união entre cimento e compósito. Em (A) observa-se
a camada adesiva farturada cobrindo o substrato e em (B) bolhas no adesivo fraturado. Em (C)
observa-se o substrato (resina composta) intacto e descoberto de outro material, sendo a mesma
imagem mostrada em uma maior magnificação em (D).

91
Figura 38. Fratura do tipo IV – Mista. Observa-se em (A) a área fraturada apresentando-se coberta
em parte por cimento resinoso e no restante a fratura do substrato. Em (B) nota-se em maior
magnificação a área de transição entre as duas partes da fratura. Já em (C), observa-se fraturas
coesivas no substrato, adesiva e coesiva no cimento resinoso. Pode-se ver (D) a presença de
inúmeras bolhas na camada adesiva fraturada. RC – resina composta, CR – cimento resinoso e AD
– adesivo.

92
6. DISCUSSÃO

A fotoativação tardia do cimento resinoso foi utilizada buscando


possibilitar um maior tempo para que a reação de polimerização ativada
quimicamente se processasse, previamente à fotoativação. Este tempo de espera
de cinco minutos após a manipulação do cimento foi escolhido em função de
diversos cimentos resinosos duais apresentarem uma considerável conversão
neste período (Arrais; 2006) e por ser viável clinicamente. Com isso era esperado
que os dois modos de ativação da reação, química e física, fossem efetivos no
processo de polimerização dos cimentos, o que aumentaria o grau de conversão
final. A lógica é que a fotoativação imediata aumenta rapidamente a rigidez do
material e não permite que ativação química, mais lenta, atue e proporcione uma
conversão adicional. Entretanto, a fotoativação tardia dos cimentos resinosos
aumentou o grau de conversão final (mensurado após 1 hora) apenas para o
cimento resinoso Enforce. Para os outros dois cimentos avaliados, este tempo de
espera levou a um menor grau de conversão. Uma observação importante é que o
grau de conversão alcançado neste período de avaliação praticamente não se
altera nos períodos seguintes (Rueggeberg & Caughman, 1993), sendo que
apenas as propriedades mecânicas podem aumentar em função da formação de
ligações cruzadas (Pianelli et al., 1999).
Estas diferenças de comportamento estão provavelmente relacionadas
a diferenças na concentração de iniciadores e aceleradores na composição destes
materiais. No tempo de cinco minutos, o Enforce não fotoativado apresentou o
maior grau de conversão relativo (valor calculado a partir do valor máximo obtido
em 1 hora). Em cinco minutos de reação, o Enforce apresentava 78% do valor
alcançado após 1 hora (50% de 64%), enquanto que RelyX ARC apresentava 63%
(46% de 75%) e o Panavia F não apresentou nenhuma reação de polimerização
significativa neste período. Diante disto, poderíamos especular que o Enforce
apresenta maior concentração de sistema de ativação química, peróxido de
benzoíla e amina terciária. Em relação às taxas máximas de polimerização, o

93
Enforce e o RelyX ARC não fotoativados apresentaram valores semelhantes (0,23
e 0,22, respectivamente), sendo bem superiores à do Panavia F (0,05). Este dado
confirma a baixa concentração de iniciadores de reação química do Panavia F,
embora não confirme a diferença entre os outros dois cimentos. Por outro lado, o
grau de conversão do RelyX ARC (75%) utilizado sem fotoativação foi maior que o
do Enforce (65%), nas mesmas condições, após uma hora. Isto poderia levar a um
raciocínio inverso, que a concentração de iniciadores químicos fosse maior para o
RelyX ARC. Entretanto, é importante salientar que o grau de converso final têm
grande relação com quantidade de monômeros diluentes utilizados. Em função da
sua maior fluidez, mesmo apresentando quantidade similar de carga inorgânica, é
provável que haja mais diluentes no RelyX ARC. Assim, por apresentar maior
viscosidade, com monômeros mais rígidos, o Enforce teve sua polimerização
limitada. Isto pode ser confirmado pelo menor grau de conversão que este cimento
apresentou, em relação ao RelyX ARC, para todos os modos de ativação.
A concentração de iniciadores químicos da reação de polimerização
parece ser inversa à concentração do sistema fotoiniciador. A concentração deste
último pode ser estimada em função da taxa de polimerização máxima obtida com
a fotoativação imediata de cada cimento resinoso. Neste caso, o Enforce
apresentou a menor taxa (2,34), seguido pelo RelyX ARC (2,94) e Panavia F
(4,08). Ou seja, uma ordenação inversa àquela do grau de conversão alcançado
aos cinco minutos pelos cimentos não fotoativados. Pode-se relacionar o aumento
na taxa de polimerização à maior concentração de fotoiniciadores. Quanto mais
fotoiniciadores são ativados, mais sítios de iniciação da reação de polimerização
são formados, resultando em maior taxa de polimerização. Entretanto, a taxa de
polimerização também pode estar associada com a intensidade de luz a que cada
cimento foi submetida. O RelyX ARC foi fotoativado pelo maior tempo e o Panavia
F pelo menor, seguindo o tempo recomendado por cada fabricante para todos.
Mesmo levando em consideração a fotoativação realizada através de um bloco de
compósito, que é o que ocorre clinicamente, a densidade de potência que atingiu
os cimentos e os tempos utilizados, provavelmente, foram suficientes para ativar

94
eficientemente a reação de polimerização. Isto se deve ao fato de a espessura do
cimento resinosos colocado sobre o cristal de ZnSE ser muito pequena. Além
disto, o Panavia F, que foi fotoativado pelo menor tempo (20 segundos)
apresentou a maior taxa de polimerização. Outro fator importante a ser salientado
é que os fotoiniciadores são os mesmos para todos os cimentos resinosos.
Para o Enforce, que apresentaria maior concentração de iniciadores
químicos de reação, a fotoativação tardia apresentou maior conversão do que a
imediata por proporcionar maior tempo para que a reação ativada quimicamente
se processasse. Com a ativação por luz sendo feita de forma imediata, a rápida
redução da mobilidade do meio reacional não permitiu o efetivo aproveitamento
dos iniciadores químicos de reação. Em contrapartida, a fotoativação tardia
reduziu o grau de conversão dos cimentos que apresentaram maior potencial de
polimerização através da fotoativação, RelyX ARC e Panavia F. Isto ocorreu
provavelmente pelo raciocínio inverso que levou à fotoativação tardia. Ou seja, o
aumento da viscosidade do material gerado pela ativação química, impediu o
maior aproveitamento dos fotoiniciadores. Pensando apenas em relação ao grau
de conversão, o melhor momento para a realização desta varia de acordo com
potencial de ativação de cada cimento resinoso. Materiais com maior potencial
para ativação química parecem alcançar maior grau de conversão quando
fotoativados após a espera de certo período de tempo para que reação ativada
quimicamente se processe. Já para cimentos resinosos duais com maior potencial
de ativação por luz, que possuem maior concentração de sistema fotoiniciador, a
fotoativação imediata parece ser preferível. Desta forma, os dois sistemas de
ativação da reação de polimerização são melhor aproveitados.
Um fator que deve ser destacado é que a diferença entre os graus de
conversão alcançados pela fotoativação tardia e imediata foi de 3 a 4 pontos
percentuais (este para o RelyX ARC), o que é uma diferença pequena e que pode
não refletir em diferenças significativas nas propriedades mecânicas. Entretanto, a
diferença entre a conversão alcançada com a fotoativação (tanto tardia ou
imediatamente) e polimerização ativada apenas quimicamente foi bem superior.

95
Esta diferença foi de aproximadamente 13 pontos percentuais (14 para o Panavia
F) entre o valor obtido com o cimento não fotoativado e o obtido pela fotoativação
que apresentou a menor conversão (imediata para o Enforce e tardia para os
demais). A dependência da luz de cimentos resinosos duais para atingir maior
grau de conversão tem sido descrita para a maioria destes materiais em diversos
trabalhos (Harasahima et al., 1991; Rueggeberg & Caughman, 1993; Caughman
et al., 2001; Kumbuloglu et al., 2004; Faria e Silva et al., 2007). Este aumento do
grau de conversão com a fotoativação tardia mostra, que apesar da redução da
mobilidade da reação com o decorrer da reação de polimerização induzida pela
ativação química, a ativação por luz ainda consegue aumentar a conversão. Isto
pode ocorrer por dois mecanismos. O primeiro, e o mais lógico, seria pela ativação
dos fotoiniciadores, o que levaria à formação de novos centros de iniciação de
reação de polimerização. O segundo mecanismo pode ser pelo aumento da
temperatura de meio reacional gerado pela luz, o que aumentaria a mobilidade
reacional e o grau de conversão final (Daronch et al., 2006). No caso da
fotoativação imediata fica difícil afirmar que a ativação química levaria a algum
aumento no grau de conversão. É possível que a conversão fosse idêntica mesmo
na ausência desta, ou seja, como o cimento sendo utilizado apenas com ativação
física (luz), ao invés do modo dual.
Uma interessante observação foi os baixos valores de grau de
conversão do Panavia F quando não fotoativado. Praticamente nenhuma reação
de polimerização foi observada dez minutos após a manipulação deste cimento.
Clinicamente, restaurações e pinos intra-radiculares cimentados com este cimento
já estariam em função, recebendo cargas e necessitando de uma resistência
adequada para suportá-las. Assim, a restauração poderia ficar comprometida em
situações em que a fotoativação do cimento resinosos não é possível. Mesmo
após uma hora, momento em que já há uma estabilização do grau de conversão,
esta ainda é muito baixa e próxima a 50%. Esta deficiência na ativação química
provavelmente ocorre em função de uma baixa concentração de amina terciária
(acelerador) na pasta catalisadora (Lal & Green, 1955). Esta amina também seria

96
importante na ativação física, reagindo com a canforoquinona para a geração de
radicais livres (Watts, 2005). A canforoquinona sozinha é capaz de gerar radicais
livres, entretanto ela é instável e rapidamente consumida, fazendo com que a taxa
de polimerização caia rapidamente (Ogliari et al., 2007). Quando o Panavia F
recebeu fotoativação imediata, a reação de polimerização apresentou a maior taxa
de polimerização máxima (4,08) dentre todos os cimentos resinosos avaliados.
Entretanto, essa taxa caiu abruptamente e o grau de conversão final deste
cimento foi menor do que dos outros. Este comportamento contribui para a
hipótese de que o Panavia F apresenta baixa concentração de aminas.
Quando o ED Primer foi misturado ao Panavia F durante a
manipulação, houve um aumento considerável da taxa de polimerização (de 0,05
para 0,26) e do grau de conversão após uma hora (50 para 75%) quando o
cimento não foi fotoativado. A utilização do primer também aumentou o grau de
conversão para os outros modos de ativação, mas reduziu a taxa de polimerização
máxima. Um dado interessante é que o Panavia F apresentou graus de conversão
semelhantes (aproximadamente 75%) para todos os modos de ativação quando
misturado ao ED Primer. O efeito do ED Primer pode ser explicado de duas
formas. O primeiro efeito é que este primer contém a amina dietanol-p-toluidina,
levando a um aumento na concentração de aminas no cimento resinoso e,
conseqüentemente, no grau de conversão. Além disso, o primer A apresenta o sal
sulfinato de sódio benzênico T-isopropílico que, ao se misturar com o monômero
resinoso 10-MDP, presente tanto no primer B como no Panavia F, reage com
esse, liberandos radicais livres hábeis em iniciar a reação de polimerização do
cimento (Ikemura & Endo, 1999). Este seria o segundo efeito do uso do ED Primer
que também levaria ao aumento do grau de conversão do Panavia F. Os
resultados deste trabalho mostram que este cimento é dependente do primer do
sistema para alcançar maior grau de conversão, o que já é descrito pelo fabricante
na bula.
Para a fotoativação imediata do Panavia F misturado ao ED Primer, o
aumento da concentração do acelerador pode ter auxiliado, conforme discutido

97
anteriormente, o sistema fotoiniciador a estabilizar a geração de radicais livres,
resultando no aumento do grau de conversão e na queda da taxa de
polimerização máxima. Outra explicação para a redução desta taxa neste modo de
ativação também pode ser relacionado, além da presença de maior concentração
de aminas, à presença de solvente (água) no primer. Apesar do jato de ar aplicado
sobre a solução do ED Primer já misturado, buscando auxiliar na volatilização do
solvente, pequena quantidade de água ainda permanece e pode inibir a reação de
polimerização pela diluição dos monômeros (Jacobsen & Söderholm, 1995).
Entretanto, esta inibição foi limitada em função da baixa concentração utilizada do
ED Primer.
Em relação à concentração do ED Primer, foram feitos vários tentativas
em busca de um valor que acelerasse a reação de polimerização do Panavia F e
aumentasse o grau de conversão, mas que, ao mesmo tempo, não alterasse a
significativamente a proporção entre duplas ligações de carbono alifáticas e
aromáticas e nem acelerasse em demasia a reação. Ao final, a proporção de 1,4
mg do primer para 54 mg de cimento resinoso atendeu bem a todos estes
objetivos. Clinicamente, esta mistura entre o ED Primer e o Panavia F ocorre
apenas próximo à interface entre estes dois materiais, em que eles se co-
polimerizam. Dentro desta camada de pouco micrômetros, a proporção entres os
dois componentes é variável e difícil de determinar. Provavelmente, próximo à
camada de ED Primer a concentração deste seja maior, ao contrário do que
ocorreria mais distante desta.
Tendo em vista a dependência do Panavia F, em relação ao ED Primer,
para que alcance um maior grau de conversão, principalmente quando não
fotoativado, a mistura prévia destes dois componentes talvez seja interessante.
Entretanto, a quantidade de primer adicionado não pode ser alta para não reduzir
o tempo de trabalho, dificultando o procedimento de cimentação. Neste trabalho, o
Panavia F misturado ao ED Primer alcançou 50% de conversão após cinco
minutos de sua manipulação quando utilizado sem fotoativação. Este valor é o
mesmo que o obtido pelo Enforce e um pouco superior ao RelyX ARC (46%)

98
utilizados na mesma condição. A taxa de polimerização máxima também foi
idêntica: 0,25 para o Panavia F contra 0,22 e 0,23 para o RelyX ARC e Enforce,
respectivamente. Estes resultados demonstram que a proporção utilizada neste
estudo seria viável clinicamente, mas difícil de ser reproduzida sem a utilização de
dosadores como micro-pipetas.
Apesar do grau de conversão dos cimentos resinosos poderem estimar
as propriedades mecânicas destes materiais, o desenvolvimento destas é mais
complexo e também está relacionado à estrutura polimérica formada (Lovell et al.,
2001). Neste trabalho duas propriedades foram avaliadas no mesmo ensaio:
tração diametral e rigidez relativa. Geralmente, a maioria dos trabalhos calcula o
módulo de elasticidade, ao invés da rigidez relativa, a partir da curva de tensão
versus deformação traçada a parir do ensaio de resistência à flexão (Lu et al.,
2005). Entretanto, o teste de tração diametral parece exercer carga sobre o
cimento resinoso de uma maneira mais próxima à que este é submetido em uma
situação clínica. Em uma restauração indireta, o cimento fica confinado entre esta
e a estrutura dental preparada. Quando uma carga é aplicada sobre a
restauração, esta tende a comprimir o cimento resinoso ao encontro da estrutura
dental. Desta forma, semelhantemente ao que ocorre no teste de tração diametral,
o cimento sofre uma carga de compressão, estando confinado entre paredes
opostas. Este foi um dos motivos da escolha deste teste para a mensuração de
uma propriedade mecânica. Como a curva traçada neste teste não descreve a
deformação e sim o deslocamento da carga aplicada, obtêm a partir desta a
rigidez relativa do material.
Os principais fatores que irão ditar as propriedades mecânicas são o
grau de conversão, densidade de ligações cruzadas e a quantidade de carga
apresentada pelo material (Pereira et al., 2005). Os dois primeiros fatores têm
relação direta com o processo de polimerização e serão influenciados, além do
modo de ativação do cimento resinosos, pelo tipo e concentração de cada
monômero. No ensaio de tração diametral, o modo de ativação apenas teve efeito
significativo sobre o Panavia F. Este cimento apresentou menores valores quando

99
não fotoativado, sendo que a fotoativação tardia e imediata apresentaram valores
semelhantes e superiores. Uma vez que o Panavia F foi misturado ao ED Primer
para possibilitar a realização deste teste, o grau de conversão foi semelhante para
todos os modos de ativação. Assim, esta diferença recai sobre a estrutura
polimérica formada. A polimerização mais lenta, que é obtida pela ausência de
fotoativação, é responsável pela redução da densidade de ligações cruzadas,
originando um polímero menos resistente (Asmussen & Peutzfeldt, 2001; Soh &
Yap, 2004). Entretanto, a taxa de polimerização máxima do Panavia F/ED Primer
utilizado com ativação química apenas foi idêntico à obtida por este cimento com
fotoativação tardia (0,26). Mas é importante salientar que este último modo de
ativação apresentou dois momentos de auto-aceleração da reação, alcançando
dois valores idênticos de taxa de polimerização máxima em cada um. Esta
segunda auto-aceleração pode ter aumentado a densidade de ligações cruzadas e
melhorado as propriedades do polímero formado.
Se a velocidade da reação influenciou a resistência à tração diametral
do Panavia F, o mesmo deveria ser esperado para os outros cimentos, o que não
aconteceu. A resposta para isto pode estar na diferença na composição
monomérica de cada material. Tanto o Enforce como o RelyX ARC possuem o
monômero resinoso Bis-GMA em sua composição, o que não ocorre com o
Panavia F. Este monômero é bastante rígido, não conseguindo se dobrar para a
formação de ciclizações primárias e secundárias (Lovell et al., 2001). As
ciclizações iniciam logo após a formação de cadeias poliméricas, principalmente
quando estas são longas, resultado de reações mais lentas, mas não contribuem
para o aumento da resistência do polímero (Elliott et al., 2001). Entretanto, o
monômero necessita apresentar certa mobilidade para que haja ciclização. O Bis-
GMA não apresenta esta mobilidade, e as cadeias formadas por este monômero
irão formar ligações cruzadas, que são responsáveis pelo aumento na resistência
do material (Anseth et al., 1994). Desta forma, o efeito da redução na velocidade
de polimerização provavelmente exerceu um efeito mais significativo no Panavia
F, que apresenta monômeros mais flexíveis. Essa maior flexibilidade dos

100
monômeros resinosos do Panavia F pode ter sido ainda acentuada pela sua
mistura com o ED Primer, apesar da pequena quantidade utilizada.
Isto explica também porque não houve diferença na resistência à tração
diametral entre os cimentos resinosos apenas para a fotoativação imediata. Neste
modo de ativação, a taxa de polimerização é maior, favorecendo o aumento da
densidade de ligações cruzadas e, por conseqüência, a redução das ciclizações.
Na fotoativação tardia, o RelyX ARC apresentou maior resistência do que os
outros dois cimentos avaliados. Esta diferença também pode estar associado a
grande diferença de taxa de polimerização entre os cimentos neste modo de
ativação. O RelyX ARC apresentou maior taxa (0,73) que Enforce e o Panavia F,
que apresentaram valores de 0,36 e 0,26, respectivamente. A maior velocidade de
polimerização do RelyX ARC provavelmente levou à formação de um polímero
mais resistente. Já para a não fotoativação dos cimentos, o Panavia F apresentou
a menor resistência à tração diametral, sendo que o RelyX ARC e o Enforce não
diferiram entre si. Como as taxas de polimerização máximas foram muito próximas
(variando de 0,22 para o RelyX ARC até 0,25 para o Panavia F), a explicação para
essa diferença recai sobre a presença do Bis-GMA, que aumentaria a resistência
do Enforce e do RelyX ARC.
Em relação à rigidez relativa, parece que o processo de polimerização
tem um efeito secundário sobre esta propriedade. Isto pode ser confirmado pelos
resultados do nosso estudo, em que o modo de ativação da reação de
polimerização não influenciou na rigidez relativa para nenhum dos cimentos
resinosos quando avaliados individualmente. A única diferença encontrada foi que
o RelyX ARC fotoativado imediatamente apresentou maiores valores que o
Panavia F, com o mesmo modo de ativação. Apesar de apresentar maior
quantidade de carga que o RelyX ARC (78 versus 67,5% por volume), o Panavia F
apresentou menor grau de conversão (75 versus 87%), o que poderia explicar em
parte esta diferença de rigidez. Em adição, a presença do monômero resinoso
mais rígido Bis-GMA, que resultaria também no aumento da densidade de

101
ligações cruzadas, também contribui para este aumento do módulo de
elasticidade.
Outra propriedade mecânica avaliada e que não sofreu influência do
modo de ativação foi a resistência máxima à tração. Diferentemente do ensaio de
tração diametral, em que os corpos-de-prova recebem tensões de compressão e
tração, no ensaio de resistência máxima à tração, este último tipo de tensão é
predominante. Basicamente, este teste mede a resistência coesiva do material.
Neste teste foram encontradas diferenças significativas apenas entre os cimentos
resinosos avaliados. O Panavia F apresentou os menores valores, sendo que não
houve diferença entre os outros dois cimentos resinosos avaliados. Em função da
maior concentração de partículas de carga, poderia se esperar que o Panavia F
apresentasse a maior resistência máxima à tração. Entretanto, ocorreu o oposto. A
adição de carga aos compósitos resinosos aumenta a sua resistência à fratura até
certo limite, a partir do qual a resistência não é mais aumentada. Kim et al. (2002)
demonstraram que este limite é de aproximadamente 55% (em volume) e que
concentrações muito elevadas de carga poderiam favorecer a fratura. Isto
ocorreria porque as partículas de carga são área de concentração de tensão,
favorecendo a propagação de falhas e reduzindo a resistência à fratura. Todos os
cimentos resinosos avaliados apresentam concentração de carga superior a 55%.
Assim, as diferenças de carga entre os cimentos não indicariam um aumento da
resistência, mas uma redução dos valores, o que pode ter ocorrido com o Panavia
F. A concentração de carga no Enforce e RelyX ARC são semelhantes (66 e 67%
por volume, respectivamente) e isto explicaria também a semelhança na
resistência máxima à tração (65,8 e 65,5 MPa, respectivamente). Já o Panavia F
que possui a maior concentração de carga (78% em volume), apresentou os
menores valores (46,9 MPa).
Outra avaliação realizada foi dos valores máximos de tensão gerados
pela contração de polimerização e a forma como esta foi desenvolvida durante a
reação de polimerização. Em função do nível de confinamento a que está
submetido o cimento resinoso nos procedimentos de cimentação, uma redução

102
dos valores de tensão é importante para manter a integridade de restauração.
Neste estudo, utilizamos bastões de acrílico como substrato de união por este
apresentar maior capacidade deformação, aproximando-se mais da realidade
clínica do que os ensaios que utilizam bastões de vidro ou metal (Gonçalves et al.,
2008). Foi observado que o cimento resinoso, em função de sua composição, e o
modo de ativação, relacionado provavelmente à cinética de polimerização, tiveram
efeito significativo na tensão máxima gerada pela contração.
Dentre os cimentos avaliados, o Enforce apresentou menores valores
de tensão que o RelyX ARC. O Panavia F apresentou valores intermediários, não
diferindo estatisticamente de nenhum dos outros cimentos. O principal fator
relacionado à geração de tensões é a contração volumétrica do material, que, em
última análise, é proporcional ao grau de conversão. Assim fica fácil relacionar os
menores valores de conversão do Enforce às menores tensões geradas durante
sua contração de polimerização. Isto em relação ao RelyX ARC, que apresentou
maior grau de conversão que o Enforce para todos os modos de ativação. Já o
Panavia F apresentou maior grau de conversão que o Enforce e o RelyX ARC
apenas quando os cimentos não foram fotoativados, sendo que a conversão foi
menor para os demais modos de ativação. Entretanto, como a conversão do
Enforce não fotoativado foi bem inferior (64%) ao dos outros cimentos neste modo
de ativação (72 e 75%, para o RelyX ARC e Panavia, respectivamente), isto
refletiu também em valores de tensão bem diferentes. O Enforce apresentou uma
tensão máxima de 0,87 MPa, bem inferior aos valores de 1,2 e 1,47 MPa
apresentados pelo Panavia F e RelyX ARC, respectivamente, quando não foram
fotoativados. Esta maior diferença no modo de ativação apenas químico fez com
que na média final o Enforce apresentasse diferença estatística para o RelyX
ARC, o que não aconteceu com o Panavia F.
Outra diferença significante encontrada nos ensaio de tensão foi entre
os modos de ativação da reação de polimerização. A ativação apenas química dos
cimentos resinosos gerou os menores valores de tensão de contração máxima.
Com a fotoativação dos cimentos, os menores valores de tensão foram obtidos

103
quando esta foi realizada de forma tardia. Em relação aos menores valores de
tensão observados nos cimentos resinosos não fotoativados, uma correlação
destes resultados com o grau de conversão é evidente. Com exceção do Panavia
F/ED Primer, todos os cimentos apresentaram uma menor conversão quando não
fotoativados. Entretanto, outros fatores, além do grau de conversão, são
necessários quando se compara a diferença nas tensões em relação ao momento
em que foi realizada a fotoativação. A fotoativação tardia aumentou o grau de
conversão do Enforce, reduziu do RelyX ARC e não exerceu influência sobre o
Panavia F, quando este foi misturado ao ED Primer. Entretanto, este modo de
ativação levou a menores valores de tensão do que a fotoativação imediata para
todos os cimentos resinosos avaliados. Assim, a menor velocidade em que se
processou a reação de polimerização pode explicar os menores valores de tensão.
Durante a reação de polimerização, o cimento resinoso passa de um
comportamento visco-plástico para um predominantemente elástico. O momento
em que ocorre esta mudança é chamado ponto de vitrificação (ou ponto gel)
(Braga et al., 2005). Na fase visco-elástica, as moléculas conseguem se rearranjar
com facilidade e o material se deformar, dissipando parte das tensões geradas
pela contração (Feng & Suh, 2006a). Entretanto, esta deformação só é possível se
houver superfícies não-aderidas (Li et al., 2008). O fator-C no ensaio de tensão foi
definido com 3, ou seja, a área não-aderida era um terço da aderida. Apesar de
pequena, a área não-aderida foi suficiente para que houvesse alguma deformação
do material e a velocidade de reação tivesse efeito na geração de tensões. Essa
deformação podia ser vista pelo encurtamento da massa do centro do cilindro de
cimento resinoso durante o ensaio. A reação ativada quimicamente é mais lenta e
demora mais a atingir o ponto de vitrificação. Assim, a tensão gerada pela
contração durante o estágio visco-plástico, que é mais duradouro neste caso,
pode ser dissipada. Isto também ajuda a explicar porque os cimentos resinosos
não fotoativados apresentaram menos tensão de contração. O mesmo ocorreu
com os cimentos fotoativados tardiamente nos primeiros cinco minutos,
previamente à fotoativação. Quando foi incidida a luz sobre o cimento, o grau de

104
conversão já era maior que 45% (chegando a 50% no caso do Enforce e Panavia
F/ED Primer). Ou seja, grande parte da contração já havia ocorrido com o material
ainda numa fase visco-plástica. Assim, o aumento abrupto da rigidez do cimento
com a fotoativação não gerou os níveis de tensão alcançados quando o cimento
foi fotoativado imediatamente.
Uma observação importante a ser feita no desenvolvimento das tensões
de contração é que ela começou a se desenvolver por volta dos 200 segundos
(pouco mais de 3 minutos) nos cimentos não fotoativados, em que a reação de
polimerização é mais lenta. Clinicamente, os procedimentos de ajuste oclusal,
acabamento e polimento de restaurações indiretas se iniciam tão logo o cimento
resinoso é fotoativado. Assim, é importante que já existam bons valores de união
do cimento resinoso ao substrato logo após os procedimentos de cimentação. Um
dos objetivos dos ensaios de resistência de união deste estudo foi justamente
avaliar os valores de união nos primeiros minutos após a inserção do cimento
resinoso. O tempo de ensaio de dez minutos foi escolhido para houvesse tempo
suficiente para a confecção e posicionamento dos corpos-de-prova na máquina de
ensaios.
A idéia inicial era utilizar o ensaio de micro-cisalhamento com os
cilindros de cimento resinoso apresentando 1 mm de diâmetro (área de 0,78 mm2).
O ensaio de micro-cisalhamento possibilitaria que os corpos-de-prova fossem
confeccionados e ensaiados em seguida, o que é impossível com a micro-tração,
e reduziria as falhas coesivas no substrato, principal limitação dos ensaios de
cisalhamento (Phrukkanon et al., 1996). Entretanto, a confecção de cilindros de 1
mm de diâmetro sem a incorporação de bolhas, o que comprometeria os
resultados, mostrou-se muito difícil, principalmente para o cimento resinoso
Enforce, em função da sua viscosidade e características manipulativas. Assim,
foram confeccionados cilindros de 2 mm de diâmetro, num tamanho intermediário
entre os ensaios de micro-cisalhamento e os de cisalhamento tradicional
(geralmente 4 mm) (Placido et al., 2007). Outro ponto a ser destacado no ensaio
de resistência de união foi a utilização de blocos de resina composta como

105
substrato. Este substrato foi escolhido em função da maior facilidade de
padronização em relação à utilização de substrato dental, que podem apresentar
diferenças no grau de mineralização e estas características podem variar em
diferentes regiões dentro do mesmo elemento dental. O condicionamento dos
blocos de resina, previamente à aplicação dos agentes silanos, foi o mesmo para
todos os grupos experimentais. Os blocos de resina composta foram jateados por
10 segundos com partículas de óxido de alumínio de 50 µm (Soares et al., 2004).
Em seguida foi feita a aplicação do ácido fosfórico a 35%, por 1 minuto, e lavagem
deste ácido, buscando apenas a limpeza do substrato com a aplicação do ácido.
O RelyX ARC apresentou os maiores valores de resistência de união,
seguido pelo Enforce. Já o Panavia F apresentou os menores. Desconsiderando
uma possível diferença na efetividade dos agentes silanos de cada fabricante,
estes resultados podem ser creditados aos sistemas adesivos e à distribuição de
tensões durante o ensaio. O adesivo do sistema Scotchbond Multi-purpose,
utilizado com o RelyX ARC, ao contrário do Prime&Bond 2.1, utilizado com o
Enforce, não apresenta solvente em sua composição. Esta concentração de
solventes é ainda maior quando este adesivo é misturado ao self-cure activator
antes de sua utilização. O self-cure activator foi utilizado apenas quando o Enforce
sem fotoativação ou com esta sendo efetuada de forma tardia. Nestes dois modos
de ativação ocorre primeiramente a ativação química da reação de polimerização,
sendo que a presença dos monômeros resinosos ácidos do Prime&Bond 2.1
podem inibir esta ativação (Pfeifer et al., 2003). Assim, os sais catalisadores
presentes no self-cure activator visam eliminar esta incompatibilidade. Entretanto,
o aumento na concentração de solventes pode levar à formação de defeitos na
camada adesiva (Figuras 39B e 40D), reduzindo a resistência coesiva desta (Faria
e Silva et al., 2006). Além disso, a volatilização de parte do solvente, previamente
à fotoativação do adesivo, também reduz a espessura da camada adesiva. Esta
diferença de espessura das camadas adesivas, somado a diferenças nas
propriedades mecânicas dos adesivos, pode explicar estas diferenças.

106
Ao observamos o padrão de fratura após os ensaios de cisalhamento
podemos notar um grande número de falhas coesivas no substrato, principalmente
para os corpos-de-prova ensaiados após 24 horas. Este tipo de falha indica que o
substrato fraturou-se antes que ocorresse o rompimento da adesão. O jateamento
prévio dos blocos de resina composta com óxido de alumínio leva a remoção
preferencial do matriz orgânica deste material, permanecendo as partículas de
carga desprotegidas (Soares et al., 2004). O adesivo penetra por entre estas
partículas e funciona com a matriz orgânica da resina composta, levando a uma
retenção micro-mecânica. Assim, quanto maior for a resistência do adesivo, mais
difícil será a fratura desta porção da resina composta infiltrada por adesivo. Assim,
o adesivo do ScotchBond Multi-purpose, que apresenta maior resistência que o
Prime&Bond 2.1 (De Munck et al., 2005), foi responsável pelos maiores valores
obtidos com o RelyX ARC em relação ao Enforce. Já o Panavia F não utilizou
nenhum adesivo previamente à colocação de cimento resinoso (recomendação do
fabricante). Em função da maior viscosidade do cimento em relação ao adesivo, é
possível que o Panavia F tenha penetrado apenas superficialmente na resina
composta condicionada. Outra hipótese para explicar os maiores valores obtidos
pelo RelyX ARC é relacionado à maior espessura da camada de adesivo. Esta
camada de adesivo funcionaria como uma camada elástica que distribuiria mais
uniformemente as tensões durante o ensaio, fazendo com que a força necessária
para a fratura fosse maior (Faria e Silva et al., 2006). Isto poderia ser confirmado
pelo maior diâmetro da área fraturada em relação ao do cilindro confeccionado
com o cimento resinoso (Figuras 37A e 40A). É importante salientar que o adesivo
foi aplicado previamente à colocação da matriz de silicone, ocupando uma área
bem maior que àquela ocupada pelo cilindro de cimento resinoso.
O modo de ativação da reação de polimerização também teve influência
nos valores de resistência de união. A fotoativação dos cimentos, tardia ou
imediatamente, levou a maiores valores de resistência ao ensaio de cisalhamento.
Essa fotoativação levou a um maior grau de conversão dos cimentos,
principalmente nos corpos-de-prova ensaiados após dez minutos. No caso do

107
RelyX ARC e do Enforce, que utilizaram sistemas adesivos, a fotoativação
aumentaria o grau de conversão na interface do cimento com o adesivo, onde
ocorre a co-polimerização entre os dois materiais, resultando no aumento da
resistência. Para o Panavia F, a fotoativação aumentaria o grau de conversão da
porção do cimento resinoso que penetraria nas retenções do bloco de resina
composta, aumentando os valores de união. Isso aconteceria principalmente nos
corpos-de-prova ensaiados após 10 minutos, em que o efeito da fotoativação seria
mais pronunciado. Este efeito do grau de conversão sobre a resistência de união é
mais pronunciado quando se compara os dois tempos em que foram realizados os
ensaios de cisalhamento. Os corpos-de-prova ensaiados após 24 horas da
manipulação dos cimentos apresentaram maior resistência de união do que os
ensaiados após 10 minutos. A espera de 24 horas possibilita um maior tempo para
que a reação de polimerização de processe, aumentando o grau de conversão e
possibilitando a formação de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas
formadas. As piores propriedades mecânicas dos cimentos resinosos ensaiados
aos 10 minutos podem ser confirmadas também pela análise do padrão de fratura.
Neste tempo houve uma maior ocorrência de falhas coesivas do cimento resinoso,
adesivas e mistas, que estão relacionadas a um polímero menos resistente.
A utilização de cimentos resinosos duais sem fotoativação irá ocorrer
sempre que esta não for possível, como nas áreas mais apicais do canal radicular
em cimentações de pinos ou em cimentações de restaurações que possuem
coopings metálicos. Diante dos resultados e das limitações metodológicas deste
trabalho, podemos observar que os cimentos resinosos duais não tiveram as suas
propriedades mecânicas reduzidas quando não fotoativados, exceto o Panavia F
que apresentou menor resistência à tração diametral. Uma importante observação
é que este último cimento, conforme já recomenda o fabricante, deve ser utilizado
conjuntamente com o ED Primer para apresentar um melhor desempenho.
Mesmo diante dos bons resultados nos ensaios de propriedades mecânicas, e
baixos valores de tensão de contração, a ausência de fotoativação dos cimentos
duais avaliados reduziu os valores de união, que é uma das características mais

108
interessantes destes materiais frente aos tradicionais cimentos de fosfato de zinco
e ionoméricos.
Assim, a fotoativação dos cimentos resinosos, sempre que possível, é
importante para aumentar a sua performance. Neste trabalho foi avaliado, além do
efeito da utilização da fotoativação, o momento em que esta deve ser realizada.
Os resultados mostraram que a fotoativação dos cimentos após cinco minutos,
não alterou as propriedades mecânicas e a resistência de união de todos os
cimentos duais avaliados, apesar das variações ocorridas no grau de conversão.
Entretanto, o tempo de espera de cinco minutos reduziu os valores de tensão
produzidos pela contração do cimento. Este último achado é importante, uma vez
que pode contribuir para a manutenção da integridade marginal das restaurações.
O tempo de cinco minutos foi escolhido para todos os cimentos resinosos
avaliados como forma de padronizar o período de espera. Entretanto, este tempo
pode variar entre os diversos cimentos resinosos disponíveis no mercado e novos
trabalhos são necessários para se determinar um tempo ideal de espera para
cada material.

109
7. Conclusões

Considerando os resultados deste estudo, pode-se concluir que:


a) A ausência de fotoativação levou aos menores valores de grau de
conversão e taxa de polimerização máxima para todos os cimentos
resinosos avaliados. A exceção ocorreu para Panavia utilizado com o ED
Primer. A espera de cinco minutos previamente à fotoativação aumentou o
grau de conversão do Enforce e reduziu a conversão do RelyX ARC e do
Panavia F. Entretanto, esta espera reduziu a taxa de polimerização máxima
de todos os cimentos avaliados. O uso do ED Primer mostrou-se efetivo em
aumentar o grau de conversão do Panavia F, mas só reduziu as taxas de
polimerização máximas quando este cimento foi fotoativado.
b) O modo de ativação da reação de polimerização não influenciou no módulo
de elasticidade de nenhum dos cimentos resinosos avaliados, mas teve
efeito na resistência à tração diametral do Panavia F, que apresentou
menores valores na ausência de fotoativação. O RelyX ARC apresentou os
maiores valores de resistência à tração diametral que os outros cimentos
quando todos foram fotoativados imediatamente, e o Panavia F os
menores valores quando os cimentos não foram fotoativados. A única
diferença de módulo de elasticidade encontrada entre os cimentos ocorreu
com a fotoativação imediata deles, em que o Panavia F apresentou
menores valores que o RelyX ARC.
c) O modo de ativação não influenciou na resistência máxima à tração. O
Panavia F apresentou os menores valores, sendo que os outros cimentos
resinosos avaliados não diferiram entre si.
d) A não fotoativação dos cimentos levou a menor geração de tensões de
contração, enquanto que a fotoativação imediata levou aos maiores valores
de tensão máxima. Em relação aos cimentos, o RelyX ARC apresentou
maiores tensões que o Enforce. O Panavia F apresentou valores
intermediários, sem diferença estatística para os demais.

111
e) A fotoativação dos cimentos, independente do momento em que foi
realizada, aumentou a resistência de união. Os RelyX ARC apresentou os
maiores valores de união, seguido do Enforce e do Panavia F, que teve os
menores valores. Os corpos-de-prova ensaiados após 24 horas
apresentaram maior resistência ao ensaio de cisalhamento que os
ensaiados após 10 minutos da manipulação dos cimentos.

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