Viúva Loura
Viúva Loura
Viúva Loura
– “Viúva, 21 anos…”
– “Loura…”
– Melhorou.
– “Fazendeira, rica…”
– Corta essa!
– “Recém-chegada do interior…”
– “Bem intencionado…”
– Que é que ela entende por pontos pitorescos? Eu prefiro pontos estratégicos.
– “Para passeios e …”
– Etc., lógico.
– Corta! Corta!
– É mesmo.
– Poxa, até parece que você está querendo a viúva pro seu bico. Pera aí, mau- caráter.
– Eu? Vê lá se eu vou nessa onda de anúncio. Tou prevenindo pra você não se grilar. Viúva,
mineira, loura… Se é mineira, não deve ser loura. Se é loura. É artificial. Se é artificial…
– Olha, eu conheci uma loura que, além de outros negativos, era careca.
– Sei não, mas tudo isso junto- mineira, viúva, loura, 21 anos, rica…
– Deus não deve ser assim tão desperdiçado com suas graças.
– Bom, mas você não sabe que mineiro esconde milho até de monjolo?
– Continua.
– Evidente.
– “Indicações pessoais…”
– Minha ficha é mais limpa do que caixa d’água de edifício quanto o síndico vai ao terraço.
– “E fotos…”
– Arrgh! Só tenho 3×4, muito fajuta. Mas tiro de calção, frente, perfil e fundos.
– 834.
– Legal. 834 é o número de meu edifício, 19 é pavão, que tem a perna dourada. Lê mais.
– Já li tudo, ué.
– Se habilitar, né?
– Correto.
– E daí?
– Diz que tem 21 anos, mas quem garante que não é modéstia? Às vezes tem três vezes 21.
– Fui. Questão de limites, minha terra passou pra banda de cá. Não espalha, sim?
– Esquece.
– É verdade que tem muito carioca por aí, muito paulista, muito nortista, espiando maré. Talvez
– Duvido. Você sabe que nessas coisas sou meio Fittipaldi. Comigo é Fórmula-1.
– Chega, amizade, você já ganhou a viuvinha com fazenda e tudo, podes crer!