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Resumo:
O presente artigo traz uma análise sobre a implantação do Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas
Sociais (NTPPS) na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Matias Beck, localizada na periferia
de Fortaleza/Ceará. O NTPPS, projeto da Secretaria de Educação do Estado do Ceará, em parceria
com o Instituto Aliança, tem por objetivo o desenvolvimento das competências socioemocionais no
ambiente escolar, através de uma proposta metodológica que perpassa as três séries do Ensino Médio,
tendo como foco de discussão: a escola e a família (1ª série), a comunidade (2ª série) e o universo do
trabalho (3ª série). Durante as aulas, os estudantes são convidados a participarem de vivências,
oficinas, discussões de textos, filmes, músicas, além de produções escritas e artísticas, em que refletem
a importância das competências socioemocionais a partir de temas geradores de interesse. Ao final de
cada ano, é possível observarmos o desenvolvimento dessas competências nos estudantes com a
apresentação de pesquisas desenvolvidas a partir das propostas trazidas pelo NTPPS. Assim,
identificamos o amadurecimento dos estudantes, o protagonismo juvenil, o engajamento com o outro,
a autogestão, a amabilidade, a abertura ao novo e as demais competências socioemocionais que
desenvolvemos nas atividades do NTPPS. Desta forma, o artigo traz uma reflexão, a partir da visão
docente, de como se deu o processo de implantação desta metodologia no ambiente escolar, bem como
sobre o impacto dela para os estudantes que estão em vias de concluir o Ensino Médio e tiveram o
NTPPS como disciplina obrigatória do currículo escolar.
Palavras-chave:
Competências Socioemocionais; Educação Básica; Ensino Médio em Tempo Integral.
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, é importante discutir projetos que estão sendo realizados em vários
lugares do país que priorizam o desenvolvimento integral dos estudantes, não corroborando,
por ventura, para uma proposta que comprometa o aspecto cognitivo da aprendizagem dos
adolescentes.
Nesse boje, no ano de 2015, a Escola Matias Beck foi uma das selecionadas pela
Secretaria de Educação do Ceará para fazer parte do Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas
Sociais (NTPPS). Este projeto já estava em desenvolvimento em outras escolas, as quais,
desde o ano de 2012, faziam parte de um projeto piloto de implantação do Núcleo.
Após a seleção que contemplou a escola com o projeto, passamos pela primeira
formação de professores. Num primeiro momento, tudo era bastante novo e os professores
que foram convidados para participar desse momento não conseguiam compreender como
seria possível viabilizar a implantação do NTPPS na escola, uma vez que modificaria a
estrutura de horários das turmas que ingressariam no projeto, assim como a lotação dos
professores, mas um ponto era comum: deveríamos sim adotar o projeto na escola.
Cada escola, até então, era selecionada para fazer parte do projeto e podia colocá-
lo em prática da forma como melhor lhe convinha, seja aumentando a carga horária das
turmas ou diminuindo a carga horária de alguma outra disciplina e, até mesmo, propondo a
semestralidade. No caso do MB, no primeiro momento, o componente curricular
Desenvolvimento Pessoal, Social e Pesquisa (DPS/P) foi implantado aumentando a carga
horária das turmas de 1º ano, sem haver diminuição da carga horária de outras disciplinas, e
duas professoras assumiram a disciplina em três turmas, pois acreditamos que. Optamos por
essa adequação ao currículo por acreditarmos que:
Em 2016, essas mudanças ganharam uma dimensão ainda maior, uma vez que a
escola foi selecionada pela Secretaria de Educação para fazer parte de um projeto-piloto do
Governo do Estado que visava à implantação de escolas de ensino em tempo integral, mas que
não tinham a mesma linha pedagógica das escolas profissionalizantes. Nesse caso, as novas
escolas de tempo integral teriam um aumento da carga horária para os estudantes, que
passariam o dia todo na escola e participariam de aulas das disciplinas da base comum
curricular, intercaladas por aulas de disciplinas eletivas, previamente propostas pelo núcleo
gestor das escolas, a partir dos anseios percebidos pela comunidade escolar.
Desta maneira, o NTPPS passou a fazer parte do currículo base das escolas de
tempo integral, sendo obrigatória a implantação deste projeto em todas as EEMTIs. É
necessário observar, ainda, que, com este processo de integralização das escolas, houve uma
mudança no planejamento do projeto, uma vez que ele passaria a atender a uma nova
realidade, que eram as escolas de tempo integral e, por isso, no ano de 2017, o material
pedagógico passou a ser atualizado e reformulado, para dar conta desta nova situação das
escolas.
METODOLOGIA
Este contato com o objeto de pesquisa foi possível uma vez que ministramos as
aulas da disciplina de NTPPS (durante os três anos do projeto – 2016 a 2018) nas primeiras
turmas da escola que fizeram parte do tempo integral. Dessa forma, como já
acompanhávamos estas turmas desde o 8º ano do Ensino Fundamental, como docente da
disciplina de História, foi bastante interessante perceber o desenvolvimento dos estudantes a
partir da participação deles nas atividades do projeto.
Além disso, para dar corpo à discussão trabalhamos também com questionários
que foram respondidos pelos professores das referidas turmas, para que expusessem suas
opiniões acerca do comportamento dos estudantes, uma vez que é na sala de aula e no
contexto escolar como um todo que podemos identificar o desenvolvimento das habilidades
socioemocionais nos jovens.
Desta forma, foi possível juntar as nossas observações e dos colegas professores, a
fim de identificar os aspectos mais relevantes desenvolvidos pelos estudantes e como eles
vem colaborando para a transformação da escola e das perspectivas de vida desses jovens.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Podemos observar que o NTPPS continua sendo uma disciplina sobre a qual os
estudantes não tem uma opinião formada. Percebemos, nas conversas em sala de aula e nos
corredores, que a maioria deles é esclarecida sobre a perspectiva do projeto e que vê nas aulas
e na realização da pesquisa os objetivos do desenvolvimento das competências
socioemocionais sendo colocados em prática.
Entretanto, alguns deles ainda são resistentes à proposta, não participando
efetivamente das aulas, discussões, oficinas e pesquisas, bem como não compreendem como
esses momentos podem ajudá-los a desenvolver seus projetos de vida, uma vez que tem a
visão tradicional de ensino, que é focada no estudo das disciplinas da base comum.
Então, em cada uma das falas dos estudantes, suas atitudes, gestos, sorrisos e
lágrimas, foi possível conhecê-los cada vez melhor, muitas vezes conseguindo identificar
problemas que repercutiam nos seus fracassos escolares, como as repetições de séries e notas
baixas.
Tudo isso culminou com as pesquisas realizadas pelos estudantes nos anos de
2016 e 2017, em que refletiram sobre as problemáticas do ambiente escolar, bem como da
cidade e comunidade. Atualmente, os estudantes realizam as atividades do projeto que visam
à reflexão sobre o mundo do trabalho.
Sobre outros pontos, os professores avaliaram que ainda carecem ser mais
desenvolvidos, como a questão das responsabilidades. A maioria dos professores aponta
terem percebido um aumento das responsabilidades dos estudantes acerca das suas obrigações
enquanto discentes, mas ainda julgam que parte dos estudantes relaxa em alguns aspectos,
levando em consideração situações como entrega de atividades, conservação do material
escolar, respeito aos horários e normas da escola. Quanto ao futuro acadêmico/profissional,
poucos professores sentem que os alunos estejam aptos a resolver situações-problema, bem
como que tenham definido projetos de vida e estejam empenhados em alcançá-los.
Por fim, os professores das turmas foram unânimes em acreditar que os projetos
desenvolvidos na escola, após a implantação do tempo integral, como o NTPPS, a mediação
escolar e também o PPDT, colaboraram satisfatoriamente para o desenvolvimento
socioemocional dos estudantes, pois percebem que boa parte deles amadureceu neste período,
apesar de não terem claramente definido projetos de futuro.
CONCLUSÃO
Como em tudo, não podemos afirmar que a proposta do NTPPS atingiu a todos os
estudantes do MB que estão concluindo o Ensino Médio, mas acreditamos que o projeto
colaborou significativamente para a formação de cidadãos mais conscientes, mais
responsáveis, mais participativos e reflexivos, com a capacidade de identificarem-se como
parte integrante da sociedade e conscientes do seu papel como homens e mulheres do século
XXI.
Por fim, é preciso ressaltar que o sucesso do projeto tem sido construído não
apenas com a dedicação dos estudantes e professores envolvidos, mas também com o apoio
do Núcleo Gestor da escola e o suporte que é dado através das formações periódicas
articuladas em parceria da SEDUC com o Instituto Aliança. Esses momentos são
fundamentais para os docentes compreenderem os objetivos de cada vivência proposta para
ser levada à sala de aula, bem como ajudam a trabalhar alguns temas mais sensíveis
primeiramente entre os pares para depois serem levados para o ambiente da escola, o que dá
uma maior segurança ao professor que irá desenvolver o projeto na ponta, junto aos jovens.
Sem as formações, certamente, o NTPPS não teria sucesso, uma vez que seria
muito difícil para os docentes, que não são preparados pela universidade para lidar com outros
assuntos que não os de suas áreas de atuação. Além disso, a perspectiva de pensar o estudante
como indivíduo, que carrega com ele todo um arcabouço sociocultural e emocional, é nova no
campo da educação e precisa ser discutida e trabalhada com muito mais ênfase, a fim de
preparar profissionais educadores que estejam aptos para lidar com as novas realidades sociais
que, muitas vezes, no ambiente escolar, são escondidas, ou pior, ignoradas.
REFERÊNCIAS
CRUZ NETO, Otávio. O Trabalho de Campo como Descoberta e Criação. In.: MINAYO,
Maria Cecília de Souza (ORG). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Vozes:
Petrópolis, 2001.
GOMES, Maria Ferreira. O Conhecimento Geográfico diante das mudanças nas políticas
de currículo e de avaliação no Ensino Médio. Dissertação (Mestrado Acadêmico em
Geografia). Centro de Ciências Humanas, Universidade do Vale do Acaraú. Sobral, 2018.
LOPES, Antônia Osima. Planejamento do Ensino numa perspectiva crítica de educação. In.:
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Repensando a Didática. Papirus: Campinas, SP,
2004.