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Predestinação em Calvino Por Fernando Rocha
Predestinação em Calvino Por Fernando Rocha
Predestinação em Calvino Por Fernando Rocha
empedernido. Desta forma a religião passou a ocupar o primeiro lugar em seus pensamentos
mesmo ainda participante do círculo humanista em Paris.
Calvino publicou em março de 1536 a Instituição da Religião Cristã, prefaciando-a com
uma carta ao rei francês. Esta carta é uma das principais obras literárias da era da Reforma. É
uma apresentação vigorosa da posição protestante e uma defesa de seus aderentes contra as
calunias do rei. Com ela, seu autor passou a ser o líder do protestantismo francês aos vinte seis
anos de idade.
A Instituição em 1536 já era a apresentação popular mais ordenada e sistemática da
doutrina e da vida cristã que a Reforma produziu. Eram noções básicas para quem aderisse à fé
cristã. Calvino reconheceu a ajuda de Lutero nessa obra. Do reformador alemão ele se
apropriara dos conceitos de justificação pela fé e dos sacramentos como selos das promessas de
Deus. Também extraiu muito de Martin Bucer um teólogo alemão, sobre as ênfases na glória
de Deus como sendo o objeto para o qual todas as coisas são criadas, na predestinação como
doutrina da confiança cristã e nas consequências da eleição divina como um esforço vigoroso
de conformidade com a vontade de Deus. Na perspectiva de Calvino, a predestinação é absoluta,
que não tem fim; Particular, pessoal e dupla, tanto para a salvação como para a perdição.
Para Calvino o conhecimento humano mais elevado é o de Deus e de nós mesmo. A natureza
nos dá conhecimento suficiente por meio do testemunho da consciência. Porém, apenas as
escrituras podem fornecer conhecimento salvífico adequado, que o testemunho do espirito no
coração do leitor crente atesta como a própria voz de Deus. Estes oráculos divinos ensinam que
Deus é bom e a fonte de toda bondade. A obediência à vontade de Deus é o dever primeiro do
ser humano. Quando criado, o homem era bom e capaz de obedecer a Deus, com a queda do
homem isso se perdeu. Por isso, nenhuma obra humana é meritória diante de Deus, e todos os
seres humanos encontram-se em estado de ruina, merecendo somente condenação. Calvino se
coloca entre Lutero e Zwinglio em sua forma de pensar.
Tudo o que Cristo fez é inútil até que se torne posse pessoal do indivíduo. Essa
apropriação é efetuada pelo Espirito Santo que atua criando arrependimento e fé, uma união
entre o crente e Cristo. Essa nova vida de fé é a salvação, mas salvação para a justiça. O fato de
que agora os crentes realizam obras agradáveis a Deus prova de que entraram em união viva
com Cristo. “Não somos justificados sem obras, também não somos justificados por elas.” O
padrão estabelecido diante do Cristão é a lei de Deus, confirma contida nas escrituras, não como
base de sua salvação, mas como expressão daquela vontade de Deus que o cristão, como
individuo já salvo, se esforçará para cumprir. Esta ênfase na lei como o guia da vida cristã faz
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o calvinismo sempre insistir no caráter, ainda que na concepção de Calvino a pessoa seja salva
para o caráter e não pelo caráter. A vida cristã é nutrida, sobretudo, pela oração. Uma vez que
todo o bem provém de Deus, e os pecadores são incapazes de iniciar ou resistir a sua conversão,
conclui-se que a razão por que alguns são salvos e outros não, é a escolha divina – eleição e
condenação. A eleição (predestinação) sempre foi uma doutrina de conforto cristão.
Para a manutenção da vida cristã, três instituições foram divinamente estabelecidas: a
igreja, os sacramentos e o governo civil. A igreja consiste de “todos os eleitos por Deus”.
Calvino reconhecia apenas dois sacramentos – batismo e ceia do Senhor. Na questão da
presença de Cristo, ele se colocava, como Bucer, entre Lutero e Zwinglio – negava qualquer
presença física de Cristo; no entanto, afirmava uma presença real, ainda que espiritual recebida
pela fé. “Cristo, a partir da substancia de sua carne, infunde vida em nossas almas, de fato,
difunde sua própria vida em nós, ainda que a carne real de Cristo não ingresse em nós”.
Calvino dedicou-se ao pastoreio, ao ensino, e a escrever – atividades que preferia - em
Estraburgo. Os perigos da guerra levaram-no a desviar para Genebra e com ardente apelo do
amigo Farel ficou na cidade. Lá atuou com preletor da Bíblia, logo ministro da cidade. Com
influência e poder sobre a cidade, buscou torna-la uma comunidade modelo, afirmando a
independência da igreja. O êxito de Calvino foi logo ameaçado. Calvino a convite de Bucer foi
refugiar-se em Estraburgo. Os três anos que viveu ali foram os mais felizes de sua vida. Ali
pastoreou uma igreja de refugiados franceses e foi preletor de teologia, a cidade lhe concedeu
honrarias e o fez um de seus representantes. Em 1540 casou-se com Idolete de Bure, fiel
companheira por 9 anos, quando faleceu. Também em Estraburgo encontrou tempo para
escrever comentários sobre Romanos, que foi o início de uma serie que o colocou como
principais exegetas reformadores, e sua brilhante replica à Sadoleto, uma defesa magistral dos
princípios protestantes. Seu sistema preparava pessoas fortes, certos de que foram eleitos para
serem colaboradores de Deus na execução da sua vontade, corajosos na luta, exigentes quanto
ao caráter, confiantes de que Deus dera nas escrituras a norma de toda conduta humano correto
e culto apropriado. Essa foi a obra de Calvino, o domínio da mente sobre a mente. João Calvino
morreu em Genebra, em 27 de maio de 1564.
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2. A condição humana
3. Redenção e Justificação
que Deus é o autor da regeneração no indivíduo e a função da regeneração faz com que aquele
que recebeu a fé, viva em concordância com a justiça e a obediência a Deus, manifestando uma
vida cristã que abunda em boas obras. A regeneração trata-se de um processo progressivo, que
restaura a imagem divina no crente que foi deformada pelo pecado. Um dos pontos restaurados
no homem é a compreensão de que ele não pertence a si mesmo e isso significa autonegação
que reconstrói valores quanto a Deus e ao próximo, porquanto estabelece uma relação de servo
em todas as esferas, ao ponto de carregar a cruz de Cristo. Calvino coloca o carregar a cruz,
como sinal necessário para vida cristã, pois isso significa afastamento do autocontrole da vida
e total aproximação de Deus admitindo as próprias fraquezas. Este entendimento se dá, pois, o
homem não consegue usar a vida presente e seus benefícios sem se afastar de Deus, mesmo que
ele compreenda a vida que está por vir. Tendo em vista a incapacidade de usar e desfrutar das
coisas desse mundo, Calvino propõe quatro regras básicas para o cristão: [...] “primeira, ver o
Cristo em todas as coisas e ser agradecido. Segundo, usar o mundo como se não
necessitássemos dele. Terceiro, tudo o que temos deve ser visto como uma confiança de Deus,
pelo qual nós vamos ser cobrados. Quarto, devemos levar em conta nosso próprio chamado,
isto é, a função em que Deus nos colocou na vida, pois o uso das coisas depende de nossa
função”.
Os pontos aqui abordados e os que seguirão nos levaram a compreender as diferenças
entre o entendimento de Calvino que produz maior ênfase no tipo da vida cristã do que o
discurso de Lutero, gerando grandes diferenças nas tradições luteranas e reformadas.
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George Whitefield, Jonathan Edwards. (http://www.mackenzie.br/historia).
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que cada homem se tornasse assim. O fato de a eleição ser um decreto soberano significa que
ela não depende de nenhuma ação humana, passada, presente ou futura. É uma decisão
independente da parte de Deus. O mesmo é verdade acerca do reprovado. Deus decide
ativamente não lhe conceder o ouvir a palavra, ou faze-lo ouvi-la de tal maneira que seus
corações são endurecidos por ela. De uma forma misteriosa, que ninguém pode perscrutar, ele
é justamente condenado, e em sua condenação a gloria de Deus é servida. O eleito, por outro
lado, pode estar certo de sua salvação. Isto significa que alguém deve confiar em sua própria
fé, e reivindicar que ela assegurará sua salvação. Isto significa que uma pessoa que tem a
verdadeira fé olha para a Escritura, e para Cristo nela, e nele encontra certeza de salvação. Sobre
refutações a essa doutrina, primeiro é que Deus poderia escolher sim alguns para a salvação
mais condenar a outros, essa questão era rejeitada por alguns. Calvino descarta tal possibilidade
como uma noção infantil, eleição não tem significado se não houver reprovação. Segunda
objeção é que Deus seria injusto com aqueles que seriam condenados. Em resposta Calvino
para isso é que a vontade de Deus é o critério da justiça, que esta é a sua própria lei, e que,
portanto, os decretos de Deus são necessariamente justos, não importa o que nós possamos
pensar deles.
A terceira objeção é que Deus então nos criaria para pecar, e então nos puniria por esses
pecados. Para isso não há resposta senão afirmar que a vontade de Deus é incompreensível e
misteriosa conquanto nós saibamos, por meio da revelação, que Deus é justo, que nós pecamos
e que o réprobo será condenado por seus pecados.
“... Segundo o poder de Deus que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não
segundo nossas obras, mas conforme sua própria determinação e graça que nos foi dada em
menos Cristo Jesus dos antes dos tempos eternos” (2Tm 1.8,9).
“ninguém pode vir a mim se o pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44).
Assim, em resumo, a doutrina de Calvino da predestinação está baseada ou pelo menos
reivindica estar não em especulação acerca da onipotência e onisciência de Deus, mas sim no
testemunho da Escritura. A predestinação das Escrituras é dupla- isto é, existe a predestinação
para eleição, bem como para a reprovação já citados no corpo do texto acima, vemos com isso
que esta doutrina não está afrente de toda obra teológica de Calvino e sim faz parte de um todo,
com isso vemos que o mau uso desta doutrina causa muitas objeções e discussões sem fim.
Denominamos predestinação o conselho eterno de Deus pelo qual ele determinou o que
desejava fazer com cada ser humano. Porque ele não criou todos em igual condição, mas
ordenou uns para a vida eterna e os demais para a condenação eterna. Assim, conforme a
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finalidade para a qual o homem foi criado, dizemos que foi predestinado para a vida ou para a
morte.
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Bibliografia
GONZÁLEZ, Justo L. Uma História do Pensamento Cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004,
vol. III, Capítulo VI p. 133-176
WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2006 (3ª edição), p. 633-637.
GALASSO, Eduardo Faria. João Calvino e o Calvinismo. São Paulo: Editora Pendão Real,
2013.
COSTA, Hermisten. Pensadores Cristãos: Calvino de A a Z. São Paulo: Editora Vida, 2006.
http://www.mackenzie.br/historia