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Microbiologia
Microbiologia
Microbiologia
Vamos iniciar o estudo dos seres vivos, mas antes teremos uma aula de introdução, onde discutimos
conceitos importantes para o entendimento do conteúdo. Vamos juntos!
A microbiologia é a ciência que estuda microrganismos como as bactérias, protozoários, algas, alguns
fungos e os vírus. Estudamos a identificação,forma, fisiologia, metabolismo, modo de vida e suas relações
com outras espécies, sobretudo as doenças que eles podem causar.
Lembre-se que a vida iniciou com um organismo muito simples semelhante as bactérias atuais. Durante
quase 2,5 bilhões de anos, a vida era restrita a microrganismos, e eles vivem até hoje em cada canto de
nosso planeta. Sem a vida microbiana, nós não estaríamos aqui. Veja algumas das importâncias deles:
- Saúde pública;
- Indústria de alimentos;
- Ecológica;
- Relação com outros seres vivos.
Esta aula serve de suporte para as aulas de microbiologia (e posteriormente parasitologia), principalmente
quando se tratar de doenças. Abaixo temos alguns conceitos e seus significados, eles estão organizados
em ordem alfabética e sempre que surgir uma dúvida, você pode voltar aqui. Os mais importantes estão
sublinhados.
Agente etiológico (ou patógeno): é o agente causador ou responsável por uma doença. Pode ser vírus,
bactéria, fungo, protozoário ou helminto.
Antígeno: é toda substância estranha ao organismo, que gera uma resposta imunológica.
Endemia: prevalência de uma doença em uma região (malária é endêmica da Amazônia, por exemplo).
Epidemia: concentração elevada de uma doença sobre uma população, em um período de tempo, pode ser
em uma cidade, estado ou país.
Fase aguda: é a fase da doença que surge após a infecção onde os sintomas clínicos são mais
nítidos (após essa fase a paciente cura, entra na fase crônica ou morre).
Fase crônica: surge após a fase aguda (caso não ocorra a cura ou a morte) onde os sintomas são menos
agressivos ou até ausentes.
Fonte de infecção: pessoa, objeto ou local onde o agente infeccioso passa para um novo hospedeiro.
Hospedeiro: é o organismo que hospeda em seu corpo outro organismo (quem fica doente está
hospedando um patógeno).
Incidência (taxa de incidência): número de casos novos de uma determinada doença durante um
período definido.
Infecção: penetração e desenvolvimento do agente etiológico no animal, causando a doença (pode ser
inaparente, quando não apresenta sintoma).
Letalidade: expressa o número de óbitos com relação a determinada doença ou fato, tendo como
referência uma população.
Morbidade: expressa o número de pessoas doentes (relacionado a uma doença específica) em uma
população.
Parasitismo: é a associação entre seres vivos onde o parasita se beneficia prejudicando o hospedeiro.
Parasito acidental: é o que exerce o papel de parasito, porém habitualmente possui vida não-parasitária.
Período pré-patente: é o período que decorre entre a penetração do agente etiológico e o aparecimento
das primeiras formas detectáveis do agente etiológico.
Portador: hospedeiro infectado que alberga o agente etiológico, pode ser assintomático.
Prevalência: número total de casos de uma doença (casos antigos somados aos casos novos).
Profilaxia: é o conjunto de medidas que visa a prevenção, erradicação ou controle de uma doença ou de
um fato prejudicial aos seres vivos;
Reservatório: é qualquer local, vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se um agente
etiológico e do qual é capaz de atingir outros hospedeiros.
Vetor: é um artrópode, molusco ou veículo que transmite um parasito entre dois hospedeiros.
Vetor biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor.
Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica ou se desenvolve no vetor, esse simplesmente serve
de transporte ao parasito.
Virulência: capacidade infecciosa de um micro-organismo.
Zoonoses: doenças que são naturalmente transmitidas entre humanos e animais vertebrados
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os vírus não possuem célula (são acelulares) e, portanto não têm metabolismo próprio. Motivo pelo qual
não se enquadram em nenhum dos cinco reinos. Como não possui célula, um vírus não consegue se
reproduzir sozinho, sendo dependente de um hospedeiro, essa característica torna o vírus um parasita
intracelular obrigatório. Eles literalmente usam a maquinaria da célula hospedeira para se reproduzir.
Vale ressaltar que os vírus podem parasitar não somente células animais, mas também de plantas, fungos,
protozoários e bactérias. Porém, perceba que os vírus são específicos quanto a célula que ele ataca.
Quando os vírus estão fora da célula (chamados então de vírion), apresentam características de matéria
inanimada, motivo pelo qual existe grande discussão se eles devem ou não ser considerados seres vivos.
Como os vírus são hospedeiros intracelulares obrigatórios, para se reproduzir eles causam danos na célula
hospedeira, por isso são chamados de agentes infecciosos. A infecção causada por vírus é chamada de
infecção viral. Essa infecção pode causa profundas alterações no metabolismo celular, em alguns casos a
célula hospedeira se reproduz sem controle e origina um tumor (não necessariamente um câncer). No
entanto, a maioria das células parasitadas por vírus acaba morrendo. As doenças causadas por vírus são
chamadas de viroses, falaremos das principais no final da aula. Vale lembrar que vírus não sofrem ação
de antibióticos. Mas por terem material genético sofrem mutações, ou seja, evoluem.
b) FUSÃO DO ENVELOPE
Os vírus envelopados, como o da AIDS, geralmente se
fundem a membrana plasmática da célula hospedeira e
assim ocorre a liberação do material genético para dentro da
célula. Pode ocorrer a liberação do nucleocapsídeo inteiro.
c) ENDOCITOSE
Alguns outros vírus, como o da gripe, entram por inteiro na célula hospedeira, por endocitose.
- Inicia quando o vírus se prende na membrana plasmática da célula procariótica e injeta seu material
genético (no caso, DNA).
- O DNA viral passa a controlar a célula hospedeira fazendo-a produzir proteínas e DNA viral.
- Bacteriófagos e alguns outros vírus de DNA podem passar por dois processos em seu ciclo: lítico e
lisogênico.
- Ciclo lítico: culmina com a destruição celular, o material genético da bactéria é destruído, e o
material genético da célula passa a ser comandado pelo genoma viral. São produzidas diversas
cópias de DNA viral que se associam aos capsídeos recém fabricados, formando novos vírus. Eles
rompem a célula (morte celular) e vão em busca de novas células. Esses vírus são os chamados
virulentos.
Ciclo lisogênico:
não ocorre a morte celular, nesse tipo de ciclo o DNA viral se integra ao DNA da bactéria. Opa...
Olha que bela estratégia: a bactéria se divide e consequentemente divide o DNA viral. O material
genético depois de replicado na célula hospedeira (junto ao seu DNA) passa a ser chamado de
provírus e no caso do bacteriófago: prófago. Se o material genético fica livre no citoplasma da
célula, fica inativo e é chamado de epissomo.
- O ciclo tem início quando uma glicoproteína do envelope viral se liga a moléculas receptoras específicas
da célula hospedeira.
- Perceba que cada vírus tem afinidade com receptores celulares específicos, por isso um vírus HIV
atacará os linfócitos T auxiliares (também conhecidos por CD4). Essas células são importantes para a
defesa, mas quando vai tentar eliminar o vírus, ele aproveita e se reproduz. Por isso causa uma deficiência
imune na pessoa portadora.
- O vírus entra pela fusão do envelope na membrana plasmática da célula. O que entra é o nucleocapsídeo
(capsídeo + RNA).
- Ocorre a liberação do material genético viral (RNA) juntamente com a enzima transcriptase reversa.
- A enzima transcriptase reversa produz DNA com fita dupla, a partir do RNA viral. Esse DNA de fita
dupla irá migrar para o núcleo e se associar ao DNA da célula hospedeira.
- Nesse momento o provírus pode ficar inativo por algum tempo e se multiplicar com a célula.
- A célula irá começar a produzir RNA viral (a partir do DNA viral incorporado no material genético da
célula). Esse RNA poderá atuar como RNAmensageiro e traduzir (formar) mais RNA viral, dando origem
a novos vírus, que abandonarão a célula em busca de outras (geralmente a célula morre após esse
processo).
- Virusoides: mesmas características dos viroides, mas necessitam da ajuda de um vírus para se propagar.
Se multiplicam apenas quando a célula hospedeira está infectada por um determinado vírus.
- Príons: moléculas de proteínas infectantes, eles alteram a forma de outras proteínas, formando um
exército infectante dentro do animal doente. Doenças causadas por príons são conhecidas por encefalites
espongiformes, exemplo: “doença da vaca loca” ou em humanos a insônia familiar fatal (a pessoa morre
porque não consegue dormir).
c) Gripe:
- Ataca as vias respiratórias.
- Agente etiológico: vírus de RNA envelopado, chamado influenza.
- Por ser de RNA sofre muitas mutações, por isso existem variados tipos.
- Tem vacina.
e) Hepatites infecciosas
- Inflamação no fígado causada por vírus (existe infecções no fígado por outros motivos).
- Hepatite A: Transmissão fecal-oral.
- Hepatite B: Transmissão – DST, sangue, transplacentária.
- Hepatite C: Transmissão – DST, sangue.
g) Outras viroses
Raiva, herpes, catapora, caxumba sarampo, rubéola, varíola.
Organismos de células procariontes pertencem a dois domínios: Archaea e Bactéria (veja módulo
anterior). Vamos estudar cada um deles.
DOMÍNIO BACTERIA
Lembre-se que esses organismos podem ser considerados como reino Monera. São as bactérias e as
cianobactérias.
BACTÉRIAS
CARACTERÍSTICAS GERAIS:
- Células muito simples (procarióticas).
- São unicelulares.
- Podem viver em colônias.
- Representantes: bactérias e cianobactérias.
- Autótrofos ou heterótrofos.
- Aeróbicas ou anaeróbicas.
Importância das bactérias:
- Saúde pública (doenças, produção de antibióticos, etc).
- Alimentos (iogurte, queijos, vinagre).
- Estética (toxina botulínica - botox).
- Microbiota.
- Fertilização do solo (ciclo do nitrogênio).
- Associação com outros seres vivos: fixação do nitrogênio direto para as leguminosas – bactérias do
gênero Rhizobium.
- Biotecnologia.
ESTRUTURA:
- Possui membrana plasmática, no seu interior tem o citoplasma.
- Não possui organelas (ribossomos são considerados organela por alguns autores).
- Como não possui organela, não possui núcleo.
- Mesossomo: dobramentos da membrana plasmática (estrutura ainda em discussão).
- possuem ribossomos, que são responsáveis pela produção de proteínas na célula.
- Material genético constituído por uma única molécula de DNA circular (portanto tem apenas um
cromossomo), encontrado na região conhecida por nucleoide.
- Plasmídeo: pequena molécula circular de DNA extra com função relacionada a resistência bacteriana.
Não é fundamental para a vida da bactéria.
- Além da membrana plasmática, as bactérias quase sempre possuem parede celular, que confere rigidez e
proteção para a célula, essa parede celular é constituída de peptídeoglicano.
- Muitas bactérias possuem flagelos, que permite a movimentação da célula. Esses flagelos são diferentes
dos flagelos de células eucarióticas, na sua base existe uma espécie de “motor molecular”, semelhante aos
motores elétricos e pode girar a uma incrível velocidade de 15 mil rotações por minuto, gerando o
movimento do flagelo.
- Algumas bactérias apresentam cápsula bacteriana, uma cobertura gelatinosa externa a membrana
plasmática. Dependendo da bactéria ela pode ser de polissacarídeos, proteínas ou ambos. Em algumas
bactérias patogênicas essa cápsula pode dificultar sua fagocitose e consequentemente aumentar sua
virulência, exemplo: Streptococcus pneumoniae (causam pneumonia), mas algumas linhagens dessa
bactéria não possuem cápsula, e não causam pneumonia.
- Pili (fímbrias): local por onde ocorre troca de material genético de bactérias.
Alguns exemplos
de agrupamentos
de bactérias.
b) Transdução: envolve o vírus bacteriófago, que transfere fragmentos de DNA de uma bactéria para
outra, duratan te a infecção.
c) Conjugação: pedaços de DNA são passados diretamente de uma bactéria doadora (“macho”), para
uma receptora (“fêmea"). Isso acontece através do pili, que as bactérias "macho" possuem em sua
superfície.
COLORAÇÃO DE GRAM
1°- É realizada a coloração primária utilizando o Cristal Violeta, no qual o corante púrpura irá impregnar
todas as células;
2° - A lâmina é lavada e recoberta com Iodo (mordente);
3° - Na próxima etapa, o esfregaço receberá uma solução descolorante de álcool-cetona, que irá remover
a cor púrpura apenas de bactérias Gram negativas;
4°- Por fim, após o enxágue da lâmina, a mesma será recoberta com Safranina.
Ao final de todas as etapas, o esfregaço será lavado e seco, para posterior análise em microscópio.
As bactérias Gram positivas, por possuírem uma parede celular mais espessa contendo peptidioglicanos,
não são descoradas ao entrarem em contato com o álcool-cetona, por isso retêm a coloração roxa/azul
Esta coloração tem uma grande importância médica, uma vez que é capaz de fornecer informações para o
tratamento de doenças, pois identifica o tipo de bactéria.
CIANOBACTÉRIAS
Cianobactérias são procariontes e possuem clorofila, portanto são todas autotróficas fotossintetizantes.
Mas cuidado para não confundir, por serem procariontes não possuem cloroplasto, a clorofila fica
dispersa no citoplasma em lamelas fotossintetizantes, que são ramificações da membrana plasmática.
As cianobactérias se reproduzem por fissão binária (assim como as bactérias - estudado anteriormente).
Em situações extremas, elas também podem formar esporos. Não se conhece nenhum tipo de reprodução
sexuada (recombinação genética) entre as cianobactérias.
DOMÍNIO ARCHAEA
ARQUEAS
Na classificação dos cinco reinos, as arqueas estão incluídas no reino Monera, mas como vimos na aula
sobre os três domínios, esses organismos são mais semelhantes bioquimicamente com os eucariontes, do
que com as bactérias. Por isso foi feito um domínio exclusivo para as arqueas, o domínio Archaea.
As arqueas são procariontes e não possuem peptidoglicano na parede celular. Elas são conhecidas por
viverem em ambientes extremos e, portanto, são chamadas de extremófilos. Vivem em locais com alta
temperatura como em fendas vulcânicas submarinas.
- Halófilas: vivem em ambientes com alta concentração de sal, como no Mar Morto. A maioria das
arqueas halófilas são aeróbias fotossintetizantes.
- Termófilas: vivem em ambientes com alta temperatura, como em gêiseres ou fendas vulcânicas
submarinas. Elas realizam quimiossíntese.
- Metanogênicas: vivem em regiões pantanosas, lodos, esgotos e interior de tubos digestivos de animais
herbívoros e cupins, onde produzem metano. São anaeróbias estritas, utilizam CO2 para oxidar o H2,
produzindo metano.
Lembre-se que a minoria das bactérias causam doenças. Para essas doenças você tem que saber que existe
o antibiótico. Para algumas doenças como o tétano e o botulismo, existe soro, que age rapidamente para
neutralizar a ação da toxina liberada por essas bactérias. Veremos a seguir as principais doenças causadas
por bactérias. É importante você acompanhar com a aula e fazer anotações, é recomendado também ler
mais sobre as diferentes doenças, atualize-se.
TUBERCULOSE
- Tem cura, porém ainda é elevada a taxa de mortalidade. Antes da descoberta do antibiótico, essa doença
era um grande problema.
- Tem vacina.
HANSENÍASE (LEPRA)
- Causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), uma bactéria parasita intracelular obrigatória.
- Baixa transmissibilidade.
- Tem vacina.
TÉTANO
- Doença grave causada pela bactéria Clostridium tetani (anaeróbia obrigatória, assim como todas as
outras do gênero Clostridium).
- Bactéria é encontrada principalmente no solo, em uma lesão profunda ela penetra e passa a se dividir,
pois encontra ambiente adequado na lesão (sem O2).
- Bactéria inicia sua multiplicação no tecido necrosado da pessoa e passa a liberar a toxina, que impede o
relaxamento muscular e causa a tetania.
- Tem vacina.
BOTULISMO
- Causada por uma bactéria do mesmo gênero que a do tétano (Clostridium botulinum), portanto ela é
anaeróbica obrigatória.
- A toxina botulínica é usada (controlada) para diminuir as rugas (botox), pois ela causa o relaxamento
muscular.
PNEUMONIA BACTERIANA
- Tem vacina.
MENINGITE BACTERIANA
- Infecção por bactérias nas meninges que protegem o sistema nervoso central.
- Meningite bacteriana é mais forte que a viral. É grave e pode matar ou causar sequelas.
- Pode ser causada por diversas espécies de bactérias. As mais comuns são Neisseria meningitidis,
Mycobacterium tuberculosis, Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae.
- Causa grave desidratação pela abundante diarréia. Podendo o doente eliminar até dois litros de água por
hora!
- Higiene pessoal, saneamento básico e tratamento dos doentes estão entre as principais medidas de
profilaxia.
PESTE BULBÔNICA
- Doença histórica e muito grave, na idade Média matou um terço da população européia. Na época era
chamada de peste negra, devido a manchas escuras que causam na pele.
- A bactéria é transmitida pela picada de uma pulga (vetor), que pica ratos, fica com a bactéria e pica os
humanos, transmitindo.
FEBRE MACULOSA
Sabia que o professor Samuel Cunha esteve no programa É de Casa da rede globo falando sobre como
evitar picadas de carrapato? Assista e se aprofunde no assunto.
http://gshow.globo.com/tv/noticia/2016/10/biologo-explica-como-se-proteger-dos-carrapatos-no-e-de-
casa.html
LEPTOSPIROSE
- Roedores são os principais hospedeiros, mas acomete o homem, cães, coelhos etc.
- Transmissão principalmente pelo contato com a urina do gato.
- Evitar contato com água de enchentes, controle de roedores, consumir água potável.
SIFILIS
- É uma DST.
- Evolução lenta, mas muito perigosa. A sífilis primária causa uma lesão chamada de cancro duro, que em
alguns dias some, mas a pessoa não está curada. Em alguns meses (ou até anos) aparece a sífilis
secundária, caracterizada por lesões na palma das mãos e pés. Se não tratada, ela desaparece, mas pode
voltar como sífilis terciária, acarretando lesões nos órgãos internos, inclusive no sistema nervoso.
Características gerais
Os protozoários apresentam diversos tipos de locomoção, e por isso sua classificação está baseada
principalmente nessa característica. Existe ainda uma grande discussão sobre a classificação desses
organismos. Essa apostila segue a classificação que mais se enquadra nos vestibulares do Brasil. Os
quatro grupos principais são
Ainda existem outros dois grupos menos importantes em vestibular, mas que podem aparecer.
Vale ressaltar que esses últimos dois grupos podem estar classificados dentro do grupo dos
rizópodes, pois também emitem pseudópodes. São eles:
5. FORAMINÍFERA (Foraminíferos)
6. ACTINOPODA (radiolários e heliozoários)
Por terem grande diversidade e características únicas, vamos estudar cada um dos grupos separadamente
e, na próxima aula, falaremos das doenças que eles podem causar.
1. RIZÓPODES (Rhizopoda)
- Algumas espécies vivem no corpo humano (e de outros animais) sem causar prejuízo, para essa relação
damos o nome de comensalismo (estudaremos em ecologia).
- Algumas espécies formam carapaças (testas), são chamados então, genericamente de tecamebas,
considerados por uns como jóias microscópicas.
- Possuem uma importante estrutura chamada de vacúolo pulsátil (vacúolo contrátil) que tem por função
regular a quantidade de água e eliminar excretas.
- Reprodução predominante: divisão binária (divisão celular simples). No final dessa aula retomarei com
vocês como é essa divisão.
2. CILIADOS (Ciliophora)
- Possuem mais de um núcleo por célula. Um deles é maior (macronúcleo), e um ou mais núcleos, os
menores (micronúcleo).
- Poucas espécies parasitas (exemplo. Balantidium coli, que parasita o ser humano).
- Sulco oral: depressão no citoplasma formando sulco oral, se estende e forma o citóstoma (estrutura
análoga a boca), que se abre para um canal interno da célula, a citofaringe, onde existe um tufo de cílios
que arrastam o alimento (bactérias, pequenas algas, leveduras etc).
- Quando o alimento passa para citofaringe é envolvido por uma membrana formando o fagossomos, que
fica circulando no citoplasma.
- Após a digestão o vacúolo com os resíduos é chamado de vacúolo residual e é eliminado por uma região
chamada citopígeo (ou citoprocto)
- Regulação osmótica feita por dois grandes vacúolos contráteis (ou pulsáteis), um em cada extremidade
da célula. Esses vacúolos além de eliminar a água, eliminam substâncias desnecessárias para a célula
exercendo, portanto, papel de osmorregulação e também de excreção.
- Quando em perigo, o paramécio elimina explosivamente os tricocistos, como forma de defesa.
- O flagelo não é uma novidade evolutiva no grupo (exemplo: algumas algas também possuem), por isso
alguns sistemas mais modernos subdivide esse grupo em outros.
- Podem viver no mar ou em água doce (vida livre), onde nadam com o flagelo para capturar alimento
por fagocitose (exemplo, Boda ou Streblomastix).
- Podem ser sésseis (fixados no substrato), nesse caso o flagelo cria correntes liquidas atraindo assim
partículas de alimento (exemplo Monosiga ou Codosiga – esses apresentam uma espécie de funil que
auxilia a captura do alimento).
- Alguns vivem em tubo digestório de baratas e cupins, fazendo uma relação de troca de benefícios
(mutualismo) – exemplo Trichonympha. Os protozoários ganham abrigo e proteção, os insetos ganham
nutrientes da digestão da celulose pelos protozoários.
4. ESPOROZOÁRIOS (Apicomplexa)
- Antigamente chamados de Sporozoa, pois muitos representantes do grupo possuem estágio do ciclo de
vida que ocorre a formação de esporos.
- Representantes mais conhecidos: Plasmodium spp. espécies causadoras da malária, doença parasitária
que mais mata no mundo. E Toxoplasma gondii, que causa a toxoplasmose. Falaremos deles na próxima
aula.
5. FORAMNÍFERA (foraminíferos)
- Possuem uma carapaça externa constituída de carbonato de cálcio, quitina ou fragmentos calcários ou
silicosos que o protozoário seleciona da areia.
- Carapaça possui numerosas perfurações, pelas quais são projetados os pseudópodes, que são finos e
delicados e servem para captura de alimento.
- Maioria marinho: muitas espécies fazem parte do plâncton, outras vivem no fundo dos mares ou sobre
algas e animais.
- Foram abundantes no passado, suas carapaças formam depósitos no fundo do oceano e originam as
rochas sedimentarias calcárias (vasas). Pirâmides do Egito foram construídas com essas rochas,
compostas por calcário de foraminíferos Nummulites, hoje extintos, mas comuns nos mares a 100
milhões de anos.
- A presença de determinados foraminíferos está relacionada a rochas sedimentares que contém petróleo!
Ao encontrar certos tipos de carapaças de foraminíferos durante as perfurações, é indicativo de petróleo.
Bizu!
- Apresentam pseudópodes finos (axópodes) sustentados em um eixo central que se projetam como raios
de sol em torna da célula.
- Existem dois grupos de actinópodes: radiolários e heliozoários.
Radiolários
- Exclusivamente marinhos.
- Constituem o plâncton.
- Muito abundantes.
- Possuem uma cápsula esférica central
Heliozoários
- São esféricos.
- Diferenciam dos radiolários por não apresentarem uma cápsula esférica central.
- Algumas espécies são de água doce, capturam alimento por fagocitose, realizada por seus finos
pseudópodes.
REPRODUÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS
Reprodução assexuada
Divisão binária
Divisão múltipla
Alguns sarcodíneos e apicomplexos fazem esse tipo de reprodução assexuada. Ocorre a multiplicação do
núcleo por sucessivas mitoses até a célula se fragmentar e dar origem a diversos protozoários.
Reprodução sexuada
Conjugação
- Não ocorre o aumento do número de indivíduos, mesmo assim é considerada por muitos autores como
reprodução sexuada, pois promove a recombinação genética entre indivíduos.
Amebíase
- Infecção causada pelo protozoário Entamoeba histolistica, é capaz de encistar (forma cistos que
suportam condições adversas).
- O ciclo biológico inicia com a ingestão dos cistos desse protozoário por alimento e água contaminada.
No intestino os cistos se rompem e liberam quatro amebas que se alimentam no intestino sem trazer
grande prejuízo (sem sintomas, muitas vezes). Mas em algumas situações o protozoário pode penetrar na
mucosa intestinal, gerando ulcerações e atingindo órgãos como o fígado, pulmão e até o cérebro. Os
sintomas podem variar de diarréia até hemorragias.
Giardíase
- Alguns deles viram cistos e saem com as fezes, dando continuidade ao ciclo.
- A giardíase pode provocar má absorção de nutrientes, diarréia, perda de peso, e dores abdominais.
Algumas vezes pode ser assintomática.
- A prevenção se dá por hábitos de higiene, como lavar as mãos e os alimentos, beber água potável, tratar
os doentes e saneamento básico.
Tricomoníase
- É uma DST.
- No homem a doença geralmente é assintomática. Na mulher pode causar corrimentos de odor fétido,
irritação e dor ao urinar.
- As respostas inflamatórias podem causar problemas de fertilidade e riscos na gravidez, além de tornar a
mulher mais vulnerável a outras infecções por alterar o PH vaginal.
Leishmaniose
- Um deles é o mosquito do gênero Lutzomyia sp., popularmente conhecido por mosquito-palha. O outro
hospedeiro é um mamífero, geralmente roedores, canídeos e primatas.
Leishmaniose visceral ataca principalmente o baço e o fígado. Pode levar a morte. É transmitida pela
picada do mosquito. Os cães também são atacados por essa doença.
Leishmaniose tegumentar (conhecida também por úlcera de bauru) causa lesão na pele em forma de
úlceras com bordas
elevadas e fundo granuloso. Pode causar lesões deformantes no septo nasal (se você tiver interesse
procure por imagens na internet). A transmissão também ocorre pela picada do mosquito-palha.
- Para prevenir essa doença devemos evitar o mosquito, usando repelentes e evitar que formem poças da
água, que é onde o mosquito pode se reproduzir (meio difícil essa). Podemos evitar que o mosquito entre
em nossas casas usando tela nas portas e janelas. A aplicação de inseticida pode ser feita por instituições
especializadas, nas áreas atingidas por essa doença. Lembre-se que o uso de inseticida nunca é uma boa
medida, pois prejudica outras espécies, polui rios e pode prejudicar nossa saúde também.
Doença de Chagas
- Te liga que o nome desse inseto é chamado popularmente de barbeiro porque ele pica normalmente a
região do rosto, enquanto a pessoa dorme (hábito noturno). Eles são atraídos pelo CO2 liberado pela
respiração da pessoa.
- Outros tipos de transmissão podem ocorrer, como por transfusão de sangue contaminado, pela passagem
do protozoário por via placentária, leite materno ou ainda pela ingestão do parasita que ocorre geralmente
junto ao suco de açaí ou cana-de-açúcar, pois é um local onde pode estar presente o barbeiro
contaminado, que é dilacerado junto com a bebida.
- O protozoário quando entra na corrente sanguínea da pessoa começa a se multiplicar intensamente. Isso
causa febre e edemas localizados, essa fase é chamada de aguda. Após um período o protozoário se
instala na musculatura do hospedeiro e pode ficar anos sem ter nenhum sintoma, nesse período a doença
está na fase crônica e pode ficar assintomática pelo resto da vida.
- Caso o protozoário volte a se multiplicar intensamente nas células musculares pode causar lesões como
o aumento no coração, no intestino ou no esôfago, principalmente.
- A prevenção se dá principalmente ao combater o vetor. Impedir que ele chegue nas residências é a
melhor maneira, para isso as casas devem ter construções adequadas, evitando fendas nas paredes, que é
onde o barbeiro se esconde durante o dia. Analisar o sangue dos doadores também é importante.
Veja o ciclo resumido (a) e detalhado (b) da doença de chagas:
a.
b.
Principais doenças causadas por Esporozoários
Malária
- É a doença parasitária que mais mata no mundo, com estimativas de 1 milhão de óbitos por ano (quase
todos na África, onde existe a forma mais forte da doença).
- No Brasil a doença é praticamente restrita a região amazônica, o Plasmodium vivax causa a malária
conhecida por febre terça benigna, ou seja, ocorrem casos febris a cada 48 horas, vai e volta. O
Plasmodium malariae gera a febre quartã benigna, com crises de febre a cada 72 horas.
- O Plasmodium mais forte é o P. falciparum, causado a febre terçã maligna, com acessos febris
irregulares entre 36 e 48 horas, essa é a que mais mata.
Febre terçã
- Alguns merozoítos no sangue, se diferenciam em gametócitos e quando sugados fazem reprodução
sexuada no corpo do mosquito, continua seu ciclo e fica apto a infectar um novo hospedeiro.
- A melhor maneira de prevenir a malária é usando repelentes, mosquiteiros e telas em portas e janelas,
evitando assim o contato com o mosquito Anopheles.
Toxoplasmose
- Ser humano contrai a doença ingerindo os cistos maduros no ambiente, alimento (como carne) ou água.
Pode ser transmitido de mãe para feto.
- Os gatos não são os vilões. Raramente uma pessoa contrai a doença pelos cistos eliminados pelas fezes
dos gatos. O principal meio de contágio é pela ingestão de carne mal passada.
- Diferem das plantas por não apresentarem embriões dependentes do organismo materno para sua
nutrição.
- São encontradas em rios, lagos, mares, regiões árticas, em associação com diversos organismos e em
ambientes terrestres, que possuem alguma umidade.
- Os tipos de pigmentos fotossintetizantes das algas também são importantes para sua classificação (Além
das clorofilas possuem, xantofilas, carotenos etc. – mascarando a cor verde da clorofila e sobressaindo
outras cores como marrom, amareladas ou avermelhadas).
- Algas multicelulares formam estruturas chamadas de talo, que lembram caules, mas não são! Em
algumas algas o talo pode ter 60 metros.
- Produção de O2.
1. Euglenas (Euglenophyta)
- Se movimentam.
- Fazem fotossíntese.
- Unicelulares.
- De água doce.
- Unicelulares.
- Quando existe muita disponibilidade de nutrientes, causado por exemplo por poluição, algumas espécies
de dinoflagelados se proliferam muito, e como possuem pigmento vermelho, causam a famosa maré
vermelha.
- São unicelulares.
- A parede celular é formada por duas metades que se encaixam, uma maior e outra menor. Quando
unidas, são chamadas de carapaças ou frústula.
- Durante a divisão uma das células-filha fica com a carapaça maior e a outra com a carapaça menor. Por
isso uma das linhagens sempre diminui de tamanho a cada geração, chegando a um ponto que não pode
mais se reproduzir assexuadamente. Dessa forma se divide por meiose, formando gametas que após a
fecundação forma uma nova diatomácea que agora cresce até o tamanho original.
CRIPTOFITAS E CRISÓFITAS
- São flagelados.
- Crisófitas também são chamadas de algas douradas, são unicelulares e podem viver em colônias. Possui
pigmento fucoxantina em abundância, tendo a cor dourada, que reflete as cores do arco-íris. Algumas
possuem parede celular de celulose com minerais. Algumas são ornamentais.
ALGAS PARDAS (Phaeophyta ou feófitas)
- Além da clorofila, possuem pigmento fucoxantina, que dá a cor marrom típica ao grupo.
- Algumas possuem bolsas cheias de ar que flutuam e permite que elas fiquem eretas.
- Podem ter 60 metros, como os kelps (formando “florestas de kelps”). Lembre-se que elas não possuem
caule, mas sim talos.
- Geralmente marinhas.
- Maioria multicelular.
- Algumas espécies depositam carbonato de cálcio em suas paredes, sendo conhecidas por coralináceas,
que fazem parte dos recifes.
ALGAS VERDES (Chlorophyta ou clorófitas)
- Unicelulares ou multicelulares.
1- Assexuada:
Nos unicelulares:
Nos multicelular:
b) Fragmentação do talo: uma parte do talo se fragmenta, cai no substrato e da origem a outra alga.
c) Zoosporia (esporulação): formação de células flageladas (zoósporos) que se liberam da alga e nadam
até chegarem a locais favoráveis, se fixam e ali crescem. Ex. clorófitas.
2- Sexuada
Dois adultos n se fundem e formam uma célula diplóide (2n), contidas no interior de um envoltório, o
zigósporo. A célula dentro do zigósporo sofre meiose e origina quatro células haplóides. O envoltório é
liberado e cada uma das 4 células haplóides dão origem e um indivíduo adulto, que pode repetir o
processo ou se dividir assexuadamente.
b) Conjugação
- Nesse tipo de reprodução ocorre a alternância entre indivíduos adultos haplóides (n) e diplóides (2n),
por isso alternância de geração.
- Usaremos de exemplo a alga verde Ulva sp. Que apresenta dois tipos de talo, que embora sejam
parecidos, um deles possui células haplóides e o outro diplóides.
- os talos diplóides são chamados de esporófitos. Algumas das suas células sofrem meiose originando
células haplóides, chamadas de esporos.
- Os esporos se libertam do talo diplóide e em condições adequadas germinam, produzindo um talo inteiro
haplóide, chamado de gametófito.