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Silo - Tips Evidencias de Validade e Precisao
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RIBEIRÃO PRETO - SP
2009
ERIKA TIEMI KATO OKINO
RIBEIRÃO PRETO - SP
2009
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho,
por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e
pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo
Banca Examinadora
Instituição:_____________________________Assinatura: ___________________________
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Dedicatória
Ao meu pai Tayde, por ser meu pai amado e querido, minha referência de vida, com
sua nobreza de caráter, sempre foi meu amigo e incentivador de todas as horas.
A minha mãe Shinae, por seu apoio contínuo, sua força e segurança, grande
orientadora em minha vida.
À minha filha Fernanda Tiemi, luz em minha vida, amor de Deus em meu caminho.
Aos meus irmãos Ricardo, Ernesto e Eduardo, pelo apoio, confiança e consideração.
À amiga Mariana Noce, por sua ajuda na coleta de dados e também naqueles difíceis
momentos da vida de um doutorando.
À Daniele Alves e Camila Corlatti pela ajuda na coleta de dados, pelos momentos de
apoio e amizade que tornaram esta experiência muito mais agradável.
À Anália Alves da Silva, pelo apoio e cuidados constantes comigo durante todo o
tempo.
À professora doutora Lucy Leal Melo Silva, por seu olhar sempre otimista da vida,
pela confiança integral em meu trabalho e por todo o apoio afetivo, moral e didático que
sempre me dedicou.
À professora doutora Maria Odília Teixeira, pela confiança, respeito e apoio ao meu
trabalho. Seus conselhos e orientações em meu exame de qualificação, suas considerações
nas reuniões de trabalho e no decorrer das análises foram fundamentais para nortear este
trabalho.
Ao professor doutor Ricardo Primi, pela concessão no uso do material do SDS neste
trabalho e pelas precisas contribuições em meu exame de qualificação.
À professora doutora Thaís Zerbini, por seu apoio e por sua gentileza em
compartilhar conosco seus conhecimentos precisos, lógicos e que foram tão favorecedores ao
nosso trabalho de reflexão.
À Márcia Okino e meu afilhado Eric, meus queridos que sempre me apoiaram tanto.
A minha amiga de infância, Cristina Emy Morisita Miyake, por sua amizade,
confiança e companheirismo.
Ao Geraldo Cássio dos Reis, por sua paciência e grande ajuda na compreensão dos
números e da estatística.
À Larissa Forni dos Santos, por sua valiosa ajuda na conferência do texto.
Aos adolescentes e seus pais que concordaram em participar desta pesquisa, aos
diretores, professores e funcionários das escolas que autorizaram a coleta de dados; sem eles
essa pesquisa não teria sido realizada.
Ao CPP, Centro de Pesquisa em Psicodiagnóstico, por todo o suporte técnico e
material para a realização deste trabalho.
À Deus, pela minha vida com saúde, por minha família, por meu trabalho, por minha
missão.
xiii
RESUMO
ABSTRACT
OKINO, E. T. K. The SDS and BBT-Br in Professional Guidance: Evidencies of validity and
reliability. 202f. Thesis (PhD degree) – Faculty of Phylosofy, Sciencies and Letters of
Ribeirão Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.
Quadro 2 - Caracterização dos oito fatores (radicais de inclinação) de Achtnich (1991) e seus
ambientes e instrumentos de preferência................................................................ 66
LISTA DE TABELAS
Tabela 6 - Estatística descritiva das escolhas RIASEC nas seções do SDS e sua
comparação estatística, em função do sexo dos adolescentes (n = 497) ............. 115
Tabela 7 - Comparações estatísticas dos fatores do RIASEC para cada sexo........................ 116
Tabela 8 - Coeficiente Alfa de Cronbach (α) para cada tipo do modelo RIASEC, de
acordo com o sexo dos adolescentes e para o conjunto da amostra .................... 117
Tabela 9 - Coeficiente Alfa de Cronbach (α) do SDS de acordo com as seções e cada
Tipologia RIASEC, para a amostra total (n = 497) ............................................. 118
Tabela 11 - Itens do SDS a compor o Fator 1, com respectivas tipologias e seções.............. 121
xx
Tabela 12 - Itens do SDS a compor o Fator 2, com respectivas tipologias e seções ..............123
Tabela 13 - Itens do SDS a compor o Fator 3, com respectivas tipologias e seções. .............125
Tabela 14 - Itens do SDS a compor o Fator 4, com respectivas tipologias e seções ..............127
Tabela 15 - Itens do SDS a compor o Fator 5, com respectivas tipologias e seções ..............128
Tabela 16 - Itens do SDS a compor o Fator 6, com respectivas tipologias e seções ..............129
Tabela 20 - Coeficientes Alfa (α) dos fatores do BBT-Br, de acordo com o sexo dos
participantes .........................................................................................................136
Tabela 23 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 1 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich ........................................139
xxi
Tabela 24 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 2 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 140
Tabela 25 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 3 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 141
Tabela 26 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 4 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 142
Tabela 27 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 5 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 143
Tabela 28 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 6 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 144
Tabela 29 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 7 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 145
Tabela 30 - Itens (fotos) do BBT-Br a compor o fator 8 para o sexo masculino (M) e
feminino (F), com os respectivos valores de Achtnich........................................ 145
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................xiii
ABSTRACT ............................................................................................................................xv
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................27
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 33
3. OBJETIVOS .......................................................................................................................81
4. MÉTODO ............................................................................................................................85
6. DISCUSSÃO..................................................................................................................... 151
2. INTRODUÇÃO
35
formação da identidade do indivíduo. Este autor ressalta a importância dos ambientes sociais
nos quais o indivíduo se insere ao longo de seu ciclo vital e também da qualidade das relações
interpessoais estabelecidas, já que, a partir dessas vivências, seu repertório vai se ampliando e
modelando seu processo de formação de identidade, favorecendo a confiança em si mesmo.
Na fase da adolescência, segundo Erikson (1976), os jovens mostram-se muito críticos
com as novas demandas. Tendem a se preocupar muito com o julgamento externo, revelando,
às vezes, uma ineficiência em:
estratégias, pode-se afirmar que a avaliação psicológica, segundo Duarte (2008), configura-se
como “instrumento de base para ajudar os indivíduos a realizarem suas escolhas” (p. 139) e deve
ser compreendida como um processo integrador de determinantes situacionais e características
pessoais do indivíduo. Em outras palavras, trata-se de um processo dinâmico, que auxilia os
indivíduos na compreensão interpretativa de suas necessidades, inseridos num processo contínuo
de desenvolvimento.
Segundo Duarte (2008), o processo avaliativo (em termos psicológicos) em muito
ultrapassa aquela antiga visão de que avaliar resume-se, simplesmente, na aplicação de um
conjunto de procedimentos para medição das capacidades do indivíduo, comparando-o ou
adequando-o às características exigidas por determinada profissão. É preciso ter em vista que esse
processo visa à obtenção de informações que irão ajudar o profissional e o indivíduo avaliado
num momento de tomada de decisões (Fensterseifer & Werlang, 2006).
Dentro desse contexto, torna-se necessário que na avaliação psicológica, aplicada aos
processos de OPV, seja cuidadosamente observada a seleção dos instrumentos. Esta deve
englobar os objetivos da avaliação, sua orientação teórica, a capacitação do avaliador e as
características do sujeito (Fensterseifer & Werlang, 2006) para que os resultados sejam
compreendidos de forma correta.
De acordo com as ponderações de Duarte (2008), considerando-se o sentido restrito do
termo avaliação psicológica na intervenção vocacional, haveria somente dois modelos de
avaliação que atenderiam a estes critérios. Seriam eles: o modelo de avaliação traço e fator de
Parsons e o modelo desenvolvimentista de Super.
O modelo do traço e fator caracterizou-se pela importância dada aos atributos
mensuráveis dos indivíduos enquanto preditores de sucesso ou insucesso profissional, ou seja,
com ênfase na psicologia das diferenças individuais. Neste modelo, cabia ao orientador
avaliar as capacidades do orientando e compará-las com as características e exigências das
profissões, tentando fazer um ajustamento harmônico entre elas (Duarte, 2008; Briddick,
2009). Nas considerações elaboradas por Briddick (2009) são apresentadas reflexões a
respeito da formação dos interesses a partir da análise de um manuscrito não publicado de
Parsons, exemplificando esse modelo teórico, como é possível verificar no trecho abaixo:
Essas reflexões demonstram que Parsons ponderava sobre a origem dos interesses e
sobre a influência do ambiente social neste processamento interno das motivações dos
indivíduos. Estas hipóteses apresentam proximidades e similaridades às concepções de
Savickas (1999) a respeito da história dos estudos relativos aos interesses. Ele recorre às
definições apresentadas por autores importantes como Super e Strong para descrever quatro
elementos dos interesses vocacionais: a associação, a estrutura, a proposta e a função. Dentro
dessas ponderações, considera-se o contexto social e ambiental no qual o indivíduo está
inserido como variável relevante nos processos originários e no desenvolvimento dos
interesses profissionais.
Por sua vez, o modelo desenvolvimentista concebe uma carreira como um processo
contínuo e de construção de uma identidade profissional / ocupacional. Neste contexto, a
avaliação psicológica poderia colaborar como um processo de verificação da saliência do
trabalho e da maturidade para a escolha profissional dentro do histórico de desenvolvimento
individual.
Nesta perspectiva, a dinâmica de construção de uma carreira seria acompanhada pela
evolução de interesses profissionais. Esses interesses impulsionariam a vivência de outros
papéis na vida adulta, sempre em busca da satisfação e realização de necessidades pessoais, as
quais estão diretamente relacionadas às características de personalidade do indivíduo. Estes
princípios gerais estão presentes em vários pesquisadores da área, como também nas
considerações de Holland (1997) e de Achtnich (1991) relativas aos processos de Orientação
Profissional / Vocacional, estimulando proposições de instrumentos avaliativos de interesses.
Dentro dessas considerações, pode-se destacar que a grande contribuição do modelo
desenvolvimentista de avaliação e aconselhamento da carreira, foi o de “considerar a
maturidade vocacional, no caso de jovens, e a adaptabilidade, no caso de adultos, como
elementos determinantes para que o indivíduo possa mais facilmente tomar decisões de
carreira” (Duarte, 2008, p. 146). Assim, dentro deste modelo teórico, os processos avaliativos
em OPV assumem a carreira como um processo contínuo ao longo da vida, buscando integrar
44
profissional, embora não exclusivos. Desta forma, argumentaram que, ao desempenhar suas
atividades profissionais, o indivíduo estaria satisfazendo suas necessidades psíquicas,
manifestando suas características de personalidade. Dentro desta concepção, a harmonia entre
estas demandas internas e os elementos da realidade profissional, seriam condições
favorecedoras de preservação da saúde mental do indivíduo (Achtnich, 1991; Holland, 1997).
A busca de estímulo ao desenvolvimento pleno e integral do indivíduo e, neste
sentido, a preservação de sua saúde, também faz parte das metas básicas dos processos de
OPV, como já argumentado e longamente demonstrado pela literatura científica da área.
Desta forma, as considerações teóricas formuladas por Holland (1997) e por Achtnich (1991)
têm lugar nos processos de OPV, fazendo-se necessário explorar elementos básicos de suas
proposições técnicas neste contexto de aplicação, objeto dos dois próximos tópicos deste
trabalho.
51
Com base nesses pressupostos, Holland (1958) já defendia e ainda defende (Holland,
1999), a idéia de que inventários de interesse eram também inventários de personalidade.
Postulava que ambos proporcionariam informações a respeito da pessoa, de sua auto-
percepção e de seus interesses, apesar das diferenças de conteúdo. Alicerçado nestes
princípios é que se compõe a base do modelo teórico proposto por Holland (1997).
A teoria de escolha vocacional de Holland foi descrita de modo mais detalhado em seu
artigo publicado no Journal of Counseling Psychology, em 1959. Neste trabalho ele afirma
que as escolhas profissionais do indivíduo seriam um produto da interação de fatores
52
hereditários e elementos pessoais e culturais, entre eles: pais, adultos significativos, classe
social, cultura e meio ambiente. Com o decorrer do desenvolvimento, os indivíduos
hierarquizariam seus conteúdos vivenciais e delineariam hábitos ou métodos preferidos para
resolverem tarefas exigidas por seu meio. Ao fazer sua escolha vocacional, o indivíduo
estaria, então, em busca de situações favorecedoras da satisfação desta hierarquia interna de
necessidades.
Ainda neste trabalho, Holland (1959) apresentou os pressupostos que fundamentaram
as seis dimensões de sua teoria sobre Personalidade Vocacional, cuja versão definitiva foi
apresentada em 1973. Nesta versão, Holland continuou a ressaltar que uma das manifestações
possíveis da personalidade seria sua expressão por meio de escolhas motivacionais e dos
interesses (Guichard & Huteau, 2002). Desde a primeira versão, o autor enfatizava a
importância do conhecimento a respeito das influências e das circunstâncias ocupacionais
como fatores que favoreceriam a adequação nas escolhas que um indivíduo poderia fazer em
sua carreira (Spokane et al., 2002).
Holland (1997) apresenta sua teoria como um modelo estrutural-interativo ou
tipológico-interativo. O aspecto estrutural de sua teoria advém da tentativa de organizar uma
série de informações a respeito de pessoas e seus trabalhos em um conjunto finito de variáveis
(tipos psicológicos) que se inter-relacionam. Já o caráter interativo tem por base a premissa de
que carreiras e comportamentos sociais resultam da interação entre pessoas e ambientes, os
quais exercem influências mútuas entre si. De forma a complementar suas colocações,
acrescenta que sua teoria apenas reúne “idéias simples e suas elaborações mais complexas”
(p. 1), para os quais seria possível caracterizar as pessoas e ambientes em seis tipos: Realista
(R), Investigativo (I), Artístico (A), Social (S), Empreendedor (E) e Convencional (C). Para
definição dessas seis dimensões, Holland (1996; 1997) recorreu a estratégias de análise
fatorial. Na base destas formulações, reside a noção de que um tipo psicológico congrega o
conjunto global das características pessoais do indivíduo, em termos hereditários, culturais e
ambientais.
Holland (1997) apresentou esses tipos psicológicos em um modelo gráfico hexagonal,
simétrico, facilitador da compreensão de sua proposta teórico-metodológica e estimuladora de
sua difusão. Esta proposição pode ser visualizada na Figura 1.
53
1) “Em nossa cultura, a maioria das pessoas pode ser categorizada como um de seis
tipos de personalidade: Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e
Convencional” (Holland, 1997, p. 2).
Esta categorização é teórica e considera que os tipos de personalidade são resultantes
de interações entre variáveis, como cultura e características pessoais, os quais incluem
qualidades, hereditariedade, características parentais, classe social e ambiente. Como fruto
dessas interações, as escolhas seriam feitas paulatina e precocemente, num processo onde o
indivíduo envolve-se em atividades de acordo com suas preferências. Logo a seguir passa,
então, a priorizar aquelas atividades onde o interesse é mais acentuado, verificando, assim,
sua área de competências. Finalmente, a clarificação desses interesses e competências levaria
a pessoa a pensar, perceber e agir de maneira característica e pertinente ao seu tipo de
personalidade, criando seu próprio repertório de atitudes e habilidades para solucionar
demandas ambientais.
3) “As pessoas buscam por ambientes nos quais poderão exercer suas habilidades e
aptidões, expressar suas atitudes e valores, e assumir problemas e papéis
agradáveis” (Holland, 1997, p. 4).
Como exemplo deste princípio, poder-se-ia afirmar que pessoas com características do
tipo Social tenderiam a procurar ambientes favorecedores do exercício de traços singulares a
este tipo de personalidade. Desta forma, a resolução dos problemas cotidianos passa a ser
efetivada de forma simples, natural e prazerosa, reforçando a escolha inicial.
estabelecido que este instrumento avalia a estrutura dos seis fatores do RIASEC nas amostras,
testou-se a ordem circular do modelo estrutural RIASEC. Os resultados apontaram
similaridades nas estruturas RIASEC nas duas amostras, no entanto, com sutis diferenças em
função do sexo e com uma formação mais retangular do que circular. Quanto à validade
convergente-discriminante, os resultados apontaram fracas associações entre interesses e
valores, principalmente entre o tipo R e valores. Na amostra americana, foram identificados
reduzidos índices de validade convergente entre os fatores S e E e, na amostra de Singapura,
entre os fatores I e E. Quanto à validade de critério de construtos relacionados, os resultados
indicaram que as preferências ocupacionais refletem os interesses dominantes, fato este que
reforça a teoria de Holland de que os indivíduos caminham em busca de ambientes e
atividades relacionados a suas características de personalidade. A maior contribuição deste
trabalho envolve a relação entre interesses e valores. O estudo alerta que a similaridade das
posições na estrutura RIASEC, encontrada em estudos transculturais, não garante que os tipos
sejam conceitualmente equivalentes, o que reflete a necessidade desta verificação em estudos
desta natureza.
Ainda na busca de verificar os fundamentos da teoria de Holland em outras
populações, além da norte-americana, Sverko e Babarovic (2006) investigaram sua validade
em uma amostra composta por 1866 adolescentes da Croácia, com idades entre 15 a 19 anos,
sendo 751 do sexo masculino e 1112 do sexo feminino. A coleta foi feita em dois momentos,
a primeira em 1998 e a segunda em 2002, com adolescentes que cursavam o ensino em nível
compatível ao médio, no sistema educacional brasileiro. Nesta amostra foi aplicada a Escala
de Valores desenvolvida no projeto internacional Work Importance Study (WIS), sob a
coordenação geral de Donald Super (Super & Sverko, 1995) e o Self Directed Search (SDS)
traduzido para a língua croata. Os autores argumentam que os cuidados técnicos necessários
no processo de tradução do instrumento foram cumpridos, sendo a versão croata (back
translation) aprovada pela Psychological Assessment Resources Inc. (PAR) e nomeada como
Upitnik za samoprocjenu profesionalnih interesa (USPI). Os resultados apontaram bons
índices de validade e fidedignidade (alfas entre 0,85 e 0,91) do SDS traduzido na Croácia e
possibilitou a confirmação de que a estrutura circular dos tipos de personalidade RIASEC têm
início na adolescência, tornando-se mais forte entre os jovens de 18 a 19 anos, com maior
proximidade ao momento de efetivação da escolha profissional. Esses resultados confirmam a
validade transcultural da teoria de Holland entre os estudantes croatas.
O interesse no paradigma teórico de Holland (1996) também despertou o interesse de
pesquisadores brasileiros. Dentre eles, pode-se destacar o trabalho de Magalhães (2005) que
61
Médio de duas escolas públicas e uma particular de uma cidade do interior do estado de São
Paulo. Os instrumentos utilizados foram: SDS ou Questionário de Busca Auto-Dirigida
(Holland et al., 1994), a Bateria de Provas de Raciocínio -BPR-5, forma B (Primi & Almeida,
1998), o Levantamento de Interesses Profissionais – LIP (Del Nero, 1984), o Inventário de
Interesses de Angelini (Angelini, 1954) e o Questionário Vocacional de Interesses – QVI
(Oliveira, 1982). Estes instrumentos foram aplicados coletivamente, em horário de aula. Os
resultados apontaram elevado nível de consistência interna (Alfa de Cronbach variando de
0,87 a 0,90) e elevados índices de estabilidade temporal (teste-reteste de sete a dez dias, com
coeficientes de Pearson variando de 0,82 a 0,91), em amostras de adolescentes brasileiros. A
análise fatorial dos dados do SDS, por meio do método dos componentes principais, indicou
seis fatores teoricamente compatíveis com os tipos profissionais de Holland (Realista,
Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional). A partir dos resultados
obtidos, as autoras concluíram que o SDS possui qualidades psicométricas satisfatórias para
estudantes de ensino médio brasileiro (ensino público e privado), independentemente do sexo.
Sendo assim, mostra-se um instrumento capaz de avaliar interesses profissionais. Foi possível
verificar também correlações significativas no estudo de validade convergente entre o SDS e
os instrumentos utilizados como medidas de critério (LIP, QVI e Angelini). Já na análise dos
resultados a partir dos estudos de validação discriminante entre SDS e BPR-5, foram
encontradas baixas correlações entre algumas habilidades e tipologias, confirmando assim,
coerência com o previsto em análises de validade discriminante. Este estudo sugeriu, no
entanto, nova constituição e apresentação dos itens para a versão brasileira do SDS. Além
disso, confirmou a hipótese inicial de identificação de um construto único neste instrumento
(interesses profissionais), medido em cada uma das tipologias do modelo RIASEC.
Este relevante trabalho de Mansão (2005) demonstrou a adequação técnica do SDS em
termos de precisão e de validade para o contexto brasileiro. Desta forma, ofereceu evidências
empíricas estimuladoras do uso deste instrumento nas práticas profissionais em OPV,
podendo funcionar como critério (padrão) para o estudo de outras técnicas de avaliação
psicológica de interesses e de motivações, como presentemente proposto.
64
princípios enquanto fatores essenciais para os processos de escolha profissional. Daí decorre a
sua concepção dos radicais de inclinação motivacional, a serem aplicados nas práticas em
Orientação Profissional com a finalidade de clarificar as necessidades e os interesses dos
indivíduos e, com isso, favorecer o sucesso nas escolhas profissionais.
Complementarmente, Achtnich (1991) elaborou um conjunto de formulações próprias
sobre os componentes da personalidade e suas ligações com os interesses pessoais, compondo
variáveis representativas de estruturas de inclinação motivacional, interferentes em toda a
vida dos indivíduos e, portanto, também em suas escolhas ocupacionais. Essas estruturas de
inclinação motivacional poderiam ser investigadas, na proposta de Achtnich, por meio de
escolhas e de rejeições de atividades, de ambientes e de instrumentos de trabalho, conforme
apresentado em representações figurativas de múltiplas fotos de indivíduos em situação de
trabalho. A fundamentação teórica do BBT pressupõe que os fatores de inclinação
motivacional constituem necessidades que podem ser satisfeitas no exercício da profissão
(embora não exclusivamente), de forma que elas se organizam para buscar sua satisfação.
Achtnich (1986, 1991) apresentou então, oito fatores (chamados radicais de
inclinação) como elementos básicos para se classificar as tendências, as aspirações
fundamentais e as inclinações essenciais dos interesses e da vida. Esses oito fatores co-
existem num mesmo indivíduo, combinados entre si de maneiras múltiplas, no entanto, com a
preponderância de uma ou mais tendências. Esses pareamentos entre os fatores e as possíveis
combinações fornecem uma estrutura profissional, a qual Achtnich (1991) nomeou de
estrutura de inclinação pessoal. Os oito fatores foram assumidos como sendo fatores de
determinação do comportamento, embora não exclusivos, por reconhecer a influência
sociocultural e a realidade imediata concreta das escolhas humanas, inclusive no processo de
decisão profissional. De forma sintética, poder-se-ia apresentar esses oito fatores
componentes da personalidade e das motivações humanas conforme informações apresentadas
no Quadro 2.
66
objetivo de identificar e codificar, pelas funções descritas pelos estudantes, quais fatores
estariam sendo representados em cada foto do material. Os dados permitiram a confirmação
do fator primário em 40 das 96 fotos. Apesar deste estudo demonstrar, na verdade, a
necessidade de revisão das fotos do BBT, foi um dos trabalhos pioneiros de utilização do
instrumento fora da Suíça (onde foi criado), merecendo o devido destaque e apontando
cuidados a serem tomados na transposição de instrumentos de avaliação psicológica a
contextos socioculturais diversos.
Em 1987, na Université Catholique de Louvain (Bélgica), Lievyns (1987) apresentou
sua pesquisa realizada para obtenção do grau de licenciada em Psicologia. Ela aplicou a
versão masculina do BBT em 506 estudantes belgas (289 do sexo feminino e 217 do sexo
masculino), com idade entre 17 anos a 24 anos. Essa amostra foi dividida em quatro grupos, a
saber: sexo feminino em OPV, sexo masculino em OPV, sexo feminino em re-orientação e
sexo masculino em re-orientação. Os casos em orientação referiam-se àqueles que procuraram
o serviço de OPV da Universidade de Louvain para escolha profissional e, aqueles em re-
orientação, referiam-se aos estudantes que já cursavam algum curso universitário, mas não
estavam satisfeitos com sua escolha. O objetivo do trabalho consistiu em verificar se as fotos
do BBT eram representativas do fator ao qual elas foram classificadas (validade interna) e
também, verificar se o conjunto de fotos de um mesmo fator eram representantes homogêneas
dos mesmos (consistência interna). Por validade interna do teste, a pesquisadora compreendia
a correlação positiva e significativa entre a foto e o fator Achtnich do BBT. Uma correlação
elevada significaria que uma foto seria típica representante do fator em questão. Para medir a
consistência do fator, a autora fez uso de dois recursos psicométricos, a saber: a correlação de
Pearson, adotando 0,20 como índice de corte para examinar as correlações encontradas entre
as variáveis estudadas (as demais correlações não foram por ela consideradas como relevantes
e não foram interpretadas) e o teste de Kuder-Richardson para avaliar a fidedignidade dos
itens. Por meio da correlação de Pearson, foram obtidos coeficientes que variaram entre 0,26
a 0,87 para os rapazes e 0,16 a 0,76 para as moças. Quanto à fidedignidade, obteve-se valores
que variaram entre 0,69 a 0,89 para os rapazes e 0,59 a 0,71 para as moças. Para a autora,
estes resultados foram considerados positivos e suficientes para subsidiarem a afirmação do
BBT enquanto método válido fidedigno para o contexto sociocultural belga.
Também nesta direção, em Portugal, Leitão (1993) investigou a validade preditiva do
BBT em grupos pré-profissionais e profissionais portugueses e a validade de conteúdo das
imagens representadas nas 96 fotos. Com este objetivo realizou a aplicação do BBT
individualmente em 40 adolescentes com idades entre 14 e 15 anos, equitativamente divididos
69
em relação a sexo e nível sociocultural. Os dados foram analisados por quatro juízes
independentes com o intuito de codificar as descrições com base na tabela de profissões de
Achtnich (1991), para cada fator. A autora observou um índice de acordo entre os juízes de
87,3% na escala masculina e de 92,0% na escala feminina. Não foram encontradas diferenças
significativas em função do sexo e do nível sociocultural. Esses dados permitiram a
confirmação do fator primário em 52 fotos na versão masculina e em 53 fotos na versão
feminina, indicando assim, a importância de estudos de adaptação de instrumentos às
realidades dos ambientes em que estaria a ser utilizado.
Estes trabalhos internacionais aqui citados, dentre vários existentes, como apontaram
Pasian, Okino e Melo-Silva (2007) e servem como demonstração das possibilidades de
aplicação e de estudos com o BBT em diferentes contextos. Na verdade, ilustram seus
alcances e suas necessidades de aprimoramento técnico-científico enquanto instrumento de
avaliação de inclinações motivacionais, compreendidas como interesses (Noce, Okino, Assoni
& Pasian, 2006).
Após a introdução do BBT no Brasil na década de 1980, por iniciativa do Prof. Dr.
André Jacquemin, várias pesquisas foram realizadas com o intuito de testar suas condições
psicométricas no contexto brasileiro, bem como adaptá-lo a esta realidade sociocultural. Deste
modo, como detalhadamente exposto em Pasian et al. (2007), o BBT foi pesquisado,
inicialmente, sob a ótica de sua validade interna (Jacquemin et al., 1985; Nunes, 1989).
Os estudos brasileiros, com o objetivo de checarem a adequação do instrumento ao
contexto sociocultural do Brasil, verificaram que várias imagens das fotos não suscitavam as
associações correspondentes aos respectivos fatores originalmente propostos por Achtnich.
Esses resultados incentivaram a realização de outras pesquisas em busca da adaptação e
padronização deste instrumento para a realidade nacional. Primeiramente foi pesquisada a
forma masculina do BBT, na qual foi detectada a necessidade de reformulação de 42 das 96
fotos originais. Em seguida o novo conjunto de fotos foi testado em 476 rapazes do ensino
médio, sendo 224 da rede particular e 252 da rede pública de ensino, além de 227
universitários (sexo masculino), sendo 69 da área de Ciências Exatas, 76 de Ciências
Humanas e 82 de Ciências Biológicas (Jacquemin, 1995; Jacquemin et al., 1995; Jacquemin et
al., 1998; Jacquemin, 2000; Jacquemin, Noce & Assoni, 2000; Okino et al, 2003)). Desta
forma, foi possível constituir a forma masculina adaptada do BBT para o Brasil, denominada
BBT-Br (M) (Jacquemin, 2000).
Posteriormente, em 1998, iniciou-se o trabalho com a forma feminina do BBT, na qual
foi detectada a necessidade de reformulação de 47 fotos das 96 originais. Estas fotos
70
problemáticas foram refeitas e o novo conjunto de fotos foi testado em 512 alunas do ensino
médio, sendo 221 da rede particular e 291 da rede pública de ensino. Também foram
estudadas 352 universitárias, sendo 111 da área de Ciências Exatas, 135 de Ciências Humanas
e 106 de Ciências Biológicas (Jacquemin et al., 2000; Jacquemin et al., 2001; Jacquemin et
al., 2003; Okino et al, 2003). Como resultante desses trabalhos, foi possível a publicação da
versão brasileira do BBT feminino, denominado como BBT-Br (F), como apresentado em
Jacquemin, Okino, Noce, Assoni e Pasian (2006).
Além desses trabalhos de padronização e de adaptação do BBT, outros estudos foram
desenvolvidos a respeito do uso deste instrumento em processos interventivos em OPV. Cabe
destacar que Pasian et al. (2007) procuraram traçar detalhadamente o percurso histórico das
pesquisas brasileiras com esta técnica projetiva, fazendo-se útil retomar esta revisão para se
compreender os cuidados técnicos tomados no processo de tentar disponibilizar este
instrumento aos psicólogos brasileiros. Dentro deste percurso, cabe destacar alguns destes
trabalhos que foram desenvolvidos no Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico, sob
orientação direta do Prof. Dr. André Jacquemin e de sua equipe, que foram anteriormente
detalhados também por Noce, Pasian, Okino e Melo-Silva (2008).
Em seu trabalho de doutoramento, Sbardelini (1997) explorou as possibilidades do
BBT na compreensão de casos de reopção de curso universitário e no estabelecimento de
prognósticos da adaptação a nova escolha profissional, destacando o valor preditivo do BBT.
Com esse intuito, a autora entrevistou 299 alunos que haviam solicitado reopção de curso em
uma universidade federal brasileira e dentre eles, aplicou o BBT em 19 estudantes para
caracterização de seus perfis profissionais. Além disso, investigou a concordância do perfil
motivacional com o perfil profissional dos cursos de primeira opção e de reopção. Os dados
possibilitaram o estabelecimento de um prognóstico favorável ou desfavorável a respeito da
possível satisfação das necessidades no novo curso escolhido. Pelo acompanhamento
acadêmico desses alunos, esta pesquisadora ressaltou o valor preditivo do BBT, uma vez que,
passados dois anos, apenas 10% dos casos não confirmaram os dados do prognóstico
elaborado a partir da avaliação psicológica com esta técnica projetiva. Esses resultados
destacaram a riqueza das informações obtidas com o BBT. O aprofundamento analítico destas
evidências, por meio de estudos de caso, confirmou a relevância do BBT para a compreensão
da dinâmica psíquica dos processos de reopção profissional, fortalecendo sua validade clínica
no contexto brasileiro, numa amostra de universitários. Conforme destacaram Pasian et al.
(2007), qualitativamente, os dados apontaram a necessidade de criação de um programa de
esclarecimento, atendimento e orientação aos alunos ingressantes nos cursos universitários,
71
estudantes do terceiro ano do ensino médio público e particular, com idades entre 16 e 19
anos. Os resultados do BBT-Br e do Desiderativo possibilitaram evidenciar sinais de interface
qualitativa entre os fatores de inclinação mais escolhidos ou rejeitados no BBT-Br e os
mecanismos de defesa/conteúdos rejeitados no Questionário Desiderativo. Além disso, os
resultados indicaram vivências de sentimentos de vulnerabilidade e de instabilidade pessoal
diante da escolha profissional, mas acompanhadas por sinais de bons recursos adaptativos.
Algumas diferenças significativas no processamento psicodinâmico dos adolescentes em
função do sexo e da origem escolar foram observadas, o que sugeriu especificidades
defensivas associadas ao treinamento adaptativo de vida experenciado por esses adolescentes
em seu contexto sociocultural. Em termos gerais, a associação do Questionário Desiderativo
ao BBT-Br mostrou-se um procedimento enriquecedor para a compreensão dos temores e das
ansiedades dos adolescentes neste período da vida, muitas delas bastante freqüentes e por eles
compartilhadas.
Seguindo a linha de investigações relativa às possibilidades de aplicação clínica do
BBT-Br, Melo-Silva, Assoni e Bonfim (2001) e Melo-Silva, Pasian, Assoni e Bonfim (2008)
estudaram a proposta de um modelo de análise da história das cinco fotos preferidas, com
objetivo de verificar a efetividade deste procedimento no diagnóstico e no prognóstico da
resolução de conflitos vivenciados durante o processo de escolha profissional. Para isso, 80
adolescentes (23 do sexo masculino e 57 do sexo feminino), com idades entre 15 e 20 anos,
foram avaliados com o BBT. O conteúdo de 160 histórias (duas de cada orientando) foi
avaliado, sendo a primeira história elaborada durante o processo de OVP e, a segunda, ao
término do atendimento. Os resultados apontaram que esse modelo de análise possibilitou
maior clarificação e compreensão do conflito envolvido na escolha profissional dos
adolescentes e a indicaram como uma estratégia útil e clinicamente válida para sinalizar a
resolutividade do processo de intervenção realizado com adolescentes em momento de
escolha ocupacional.
Um outro trabalho interessante foi desenvolvido por Campos (2003), que investigou a
congruência/incongruência entre o perfil vocacional (evidenciado pelo BBT) e o perfil da
profissão desempenhada por adultos, assumindo como parâmetro as intercorrências de saúde
por eles vivenciadas. Isso porque, de acordo com Achtnich (1991), a congruência entre a
profissão e o perfil de necessidades do indivíduo favoreceria diretamente sua saúde geral e
psíquica. Os resultados obtidos evidenciaram que indivíduos com maior satisfação
profissional e com sinais de congruência entre suas necessidades e as atividades
desempenhadas no trabalho apresentavam poucas intercorrências em sua saúde geral. Estas
74
Cabe ressaltar, no entanto, que esse tipo de questionamento não implica em demérito
ao BBT, pois, como já foram relatados acima, inúmeros trabalhos de pesquisa demonstraram
empiricamente seus alcances e suas riquezas técnicas e de aplicação, sobretudo em processos
de OPV. Apenas pretende-se apontar a necessidade de novas investigações com o instrumento
BBT na realidade brasileira, buscando seu aprimoramento técnico-científico, razão e foco do
presente trabalho.
76
qualidade das técnicas de avaliação psicológica utilizadas em nosso país (CFP, 2003). Ao
refletir sobre as implicações destas exigências técnicas no domínio das técnicas projetivas de
avaliação psicológica, Fensterseifer e Werlang (2006) argumentam que:
aplicadas da mesma forma aos projetivos, uma vez que se tratam de ferramentas com
princípios diferentes. Nesta mesma direção, Lilienfeld, Wood e Garb (2000) reforçam a
necessidade de investimento no estudo destas técnicas, sustentando que é falsa a idéia de que
pouca validade e pouca confiabilidade lhes são características inerentes.
Ainda na visão de Fensterseifer e Werlang (2006), a investigação de propriedades
psicométricas dos testes projetivos muitas vezes é dificultada devido ao fato deles não
fornecerem, normalmente, um escore ou um protocolo quantitativo que possibilite tratamento
estatístico. Além disso, muitas técnicas projetivas não possuem um sistema único de
avaliação, uma vez que se estimula a criatividade e a livre associação do sujeito, elementos de
alta complexidade compreensiva e interpretativa.
No caso da presente pesquisa, trabalhou-se apenas com os dados quantitativos do
BBT-Br, o qual fornece um protocolo de respostas e possui um sistema único de avaliação,
segundo orientações do próprio autor do teste (Achtnich, 1991). Na tentativa de viabilizar o
processo de validação do construto do BBT-Br, por meio de convergência de seus dados com
um outro instrumento e pela análise fatorial, esta foi uma questão considerada importante.
Assim, a possibilidade de escolhas foi ampliada para os instrumentos objetivos, de preferência
com dados psicométricos já validados, o que viabilizou a aproximação com o SDS.
Após amplo levantamento bibliográfico em busca de abordagens teóricas e respectivos
instrumentos de avaliação psicológica que avaliassem construtos similares aos envolvidos no
BBT, foi possível identificar zonas de proximidade entre as concepções da Personalidade
Vocacional de Holland (1996) e as formulações de Achtnich (1986, 1991). Um ponto central,
inclusive já apontado anteriormente, é a noção de que a integração da personalidade e o
equilíbrio psíquico do indivíduo são dependentes (embora não de maneira exclusiva) do nível
de satisfação de suas necessidades e de suas motivações, por sua vez, com possível efetivação
no exercício ocupacional e profissional (Roberti et al., 2003).
A análise da influência de características da personalidade sobre a identidade
profissional, nomeadamente, Personalidade Vocacional, é uma vertente historicamente
relevante dentro da OPV, mas sob diferentes perspectivas e possibilidades de aplicação.
Segundo levantamento bibliográfico dos últimos cinco anos na base de dados PsicInfo,
utilizando-se apenas a palavra-chave Vocational Personality, identificou-se mais de trezentos
trabalhos científicos publicados sobre o tema, sendo que um número expressivo deles refere-
se ou utiliza-se da teoria de Holland (1996, 1997) como estratégia de pesquisa sobre variáveis
implicadas na escolha ocupacional. Depreende-se, portanto, a relevância do trabalho teórico
deste autor, também bastante estudado no Brasil (Magalhães, 2005; Mansão, 2005; Mansão &
79
Yoshida, 2006; Primi et al., 2002, Sparta, 2003, Balbinotti et al., 2004; Primi et al., 2009 – no
prelo - manual) e no mundo (Rounds, Tracey & Hubert, 1992; Rounds & Tracey, 1996;
Ackerman & Beier, 2003; Staggs, Larson & Borgen, 2003; Sverko & Babarovic, 2006;
Hedrih, 2008; Gupta et al., 2008).
Em termos teóricos, o trabalho de Holland aproxima-se dos pressupostos básicos
estabelecidos por Achtnich (1986, 1991), na medida em que postula a preservação da saúde
mental do indivíduo como fortemente determinada pela concretização e satisfação das
necessidades motivacionais no trabalho. Outro ponto comum entre as formulações destes
referidos pesquisadores, além de princípios comuns em suas propostas, é a criação de
instrumentos de avaliação psicológica específicos como embasadores e norteadores das
práticas de intervenção em OPV. Desta forma, Holland et al. (1994) elaboraram o Self
Directed Search - SDS e, por sua vez, Achtnich (1986, 1991) criou o Berufsbilder-Test (BBT)
ou Teste de Fotos de Profissões. Estes dois instrumentos de avaliação psicológica (SDS e
BBT), embora distintos em suas proposições, podem oferecer contribuição
Paralelamente, no entanto, a proposição de Achtnich, bem como seu instrumento BBT,
embora comprovadamente úteis na prática clínica (Bernardes, 2000; Jardim-Maran, 2004;
Melo-Silva & Jacquemin, 1997; Melo-Silva & Santos, 1997; Melo-Silva & Jacquemin, 2000;
Melo-Silva et al., 2003; Noce, 2007), alcançaram, até o momento, inserção técnica
circunscrita em OPV, apesar de sua relevância e reconhecimento como teste projetivo
indicado para uso em OPV no Brasil (Bandeira et al., 2006; Noronha et al., 2003; Sparta et
al., 2006; Nascimento, 2007).
Tendo por base estas considerações, configura-se como possibilidade profícua para o
aprimoramento da área de OPV a busca de interseções metodológicas entre Holland e
Achtnich, contrapondo evidências empíricas de seus dois instrumentos de avaliação
psicológica, dentro de suas especificidades técnicas. Esses delineamentos permitiram a
visualização de uma proximidade teórica entre o BBT e o SDS, fato este que motivou a
elaboração e o desenvolvimento do presente estudo, delineando seu principal objetivo:
verificar evidências da validade de construto do BBT-Br, buscando suprir, assim, uma das
lacunas de pesquisa com este instrumento de avaliação psicológica.
É possível verificar, pelas pesquisas relatadas até o momento, que o SDS, além de
robusta sustentação teórico-metodológica, constitui-se num instrumento de avaliação
psicológica com seguros índices de precisão e de validade, demonstrados também na
realidade deste país. Quanto ao BBT-Br, existem fortes evidências científicas quanto à
validade preditiva e de conteúdo, no entanto, ressente-se a falta de se evidenciar seus
80
3. OBJETIVOS
83
3. Verificar a validade de construto por meio da análise da estrutura interna (análise dos
componentes principais) do SDS e do BBT-Br.
4. MÉTODO
87
4.1. AMOSTRA
Tendo em vista os objetivos deste trabalho, foram adotados como critérios de inclusão
nesta pesquisa: idade de 16 a 19 anos e ser estudante do terceiro ano do Ensino Médio diurno
de escolas públicas de Ribeirão Preto (SP), com histórico de desenvolvimento típico. A
definição deste grupo como objeto de estudo deu-se, sobretudo pelo fato de, nesta série
acadêmica e faixa etária, os adolescentes brasileiros se encontrarem em contato direto com a
necessidade de fazer uma escolha profissional, foco de aplicação deste trabalho. Este
momento da vida configura-se por inúmeras vivências de pressões, tanto por parte do
ambiente em que vivem (sobretudo família e escola) como por parte de sua própria auto-
exigência, em busca de definições pessoais, procurando-se verificar, nesta atual pesquisa,
quais seriam seus interesses a partir dos instrumentos de avaliação psicológica. A restrição da
amostra (focalizando apenas o ensino médio público) deveu-se ao cuidado de se evitar
contraposições da possível influência de variáveis sócio-econômicas na composição do
estudo, caso, por exemplo, fossem incluídos também os estudantes do ensino particular de
nível médio.
O desenvolvimento pessoal foi depreendido a partir de informações de seu histórico e
rendimento acadêmico no nível de estudos em curso. Foram selecionados os adolescentes que
não apresentaram histórico de atraso em seu rendimento escolar, além de voluntários ao
estudo, formalmente autorizados por seus pais ou responsáveis.
Estes critérios de seleção de voluntários ao estudo foram aplicados nas salas de
terceiro ano de duas escolas estaduais de ensino médio público da região central de Ribeirão
Preto (SP). Estas escolas foram selecionadas por reunirem alunos de diversos bairros da
cidade, bem como por possuírem estrutura operacional que permitia a realização do estudo,
além de serem aquelas que autorizaram formalmente a efetivação do trabalho em seu
contexto. Foram contatadas turmas de alunos até se atingir o mínimo de 200 participantes de
cada sexo. Desta forma, a amostra do presente trabalho foi composta por 497 adolescentes,
dentre os quais 295 são do sexo feminino e 202 do sexo masculino.
De acordo com os dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (2007), a cidade de Ribeirão Preto registrou 18.051 matrículas de alunos no
Ensino Médio público (estadual e municipal) no ano de 2005, correspondendo à informação
mais recente disponível sobre o tema. De acordo com esse valor, o número de participantes
88
Sexo Total
Idade Feminino Masculino
N % n % N %
16 58 19,7 37 18,3 95 19,1
17 203 68,8 128 63,3 331 66,6
18 29 9,8 28 13,9 57 11,5
19 5 1,7 9 4,5 14 4,7
Média 16,9 17,0
DP 0,6 0,7
Mediana 17 17
Subtotal 295 59% 202 41%
Total 497 100%
masculino, informaram que experenciaram alguma interrupção temporária nos estudos por
motivos de repetência, necessidade de inserção no mercado de trabalho e/ou dificuldades
financeiras na família. Estas informações foram consideradas como justificativas pertinentes e
não impeditivas de sua participação nesta pesquisa.
Por meio das respostas fornecidas ao Questionário sobre história pessoal e
familiar dos participantes (Apêndice B), foi possível verificar o nível de escolaridade e estado
civil dos pais e, por meio do Questionário de Nível Econômico - Escala Critério de
Classificação Econômica Brasil (Anexo A), verificou-se a classificação sócio-econômica dos
pais dos participantes desta pesquisa. No entanto, cabe informar que apenas 71,6% dos
participantes (n = 356) devolveram estes documentos devidamente preenchidos à
pesquisadora. O restante dos participantes (n = 141), o que corresponde a 28,4% dos
participantes, continham limites informativos que impediram a identificação das
características dos familiares desta amostra. Este fato pode ser decorrente de um
esquecimento desta atividade por parte dos alunos, acrescido ao fato de que o preenchimento
teria que ser realizado com a colaboração de seus pais ou responsáveis. Provavelmente, esta
pode ser uma das variáveis que dificultou a devolução dos documentos completamente
respondidos dentro do tempo disponibilizado aos estudantes.
Ao sistematizar a distribuição da amostra em função do estado civil dos pais,
verificou-se claro predomínio de uniões estáveis: 273 casos, correspondendo a 54,9%,
incluindo casados e amasiados. Seguiu-se a ocorrência de pais separados (71 casos,
equivalendo a 14,3% da amostra) e apenas 11 viúvos (2,2 %).
Ainda por meio do Questionário de história pessoal foi possível obter informações a
respeito do nível de escolaridade dos pais. Estes dados estão apresentados na Tabela 2,
juntamente com a classificação econômica das famílias dos participantes, embora abarcando
informações referentes a 356 casos desta amostra. Cabe informar que o nível de escolaridade
dos pais foi classificado pelo mais elevado grau existente entre os genitores, de acordo com as
informações fornecidas pelos participantes e seus responsáveis.
90
Pode-se notar que a freqüência de pais analfabetos foi praticamente ausente, havendo
predomínio de pais com nível escolar médio, seguidos por aqueles de escolaridade em nível
fundamental e superior. Observa-se também, que 3,90% dos participantes omitiram esta
informação. Em relação ao nível econômico dos participantes, identificou-se predomínio de
famílias classificadas no nível econômico B, seguidos por nível C, ou seja, representando
condições medianas em termos econômicos nos participantes deste estudo. Os níveis A e D
foram bem menos freqüentes entre os participantes, apontando que, de fato o alto nível
econômico pouco freqüenta a escola pública, assim como aqueles mais desfavorecidos
economicamente, embora por razões de natureza obviamente diversa. Cabe ainda lembrar que
as escolas colaboradoras deste estudo foram selecionadas entre as disponíveis na região
central da cidade, dado que concentram a grande massa de alunos do Ensino Médio, mas
também por receberem alunos provenientes de diversas partes do município. Desta forma, foi
possível também obter este perfil razoavelmente diversificado na distribuição econômica dos
participantes, a partir das informações disponibilizadas pelo instrumento utilizado (ANEP,
2005).
91
4.2. MATERIAIS
4.2.1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido: assinado pelos voluntários e seus pais ou
responsáveis, contendo a explicação dos objetivos do trabalho e direitos dos participantes
(Apêndice A)
4.2.2. Questionário sobre história pessoal e familiar dos participantes (Apêndice B): trata-se
de questionário elaborado para este projeto, com a finalidade de colher informações sobre o
histórico de vida dos possíveis voluntários, subsidiando conhecimento das variáveis decisivas
no processo de seleção da amostra.
4.2.4. Self-Directed Search Career Explorer (SDS - forma CE) – (Holland, Fritzsche &
Powell, 1994), denominado no Brasil como Questionário de Busca Auto Dirigida, conforme
tradução desenvolvida por Ricardo Primi.
lhe interessam. Esta tarefa já abre possibilidades ao respondente de realizar uma reflexão
sobre suas preferências e, ao final da avaliação, o indivíduo elabora o seu próprio Código de
Holland, composto pelos dois ou três tipos psicológicos que atingiram maior escore no SDS
como um todo. De acordo com o manual do SDS elaborado por Holland et al. (1994) o código
se comporia por duas letras, no entanto, na homepage do SDS (PAR, 2009) esta composição
permite até três tipos. Este Código de Holland tem a função de representar o perfil de
interesses deste indivíduo.
Trata-se, portanto, de um instrumento de avaliação de interesses, sinalizados pelo
próprio respondente (auto-relato), possibilitando que o orientador conheça o tipo psicológico
do indivíduo, segundo as concepções da Personalidade Vocacional de Holland (1958, 1959,
1996, 1997). Este recurso seria um facilitador no processo de escolha e clarificação das
motivações profissionais, sendo que vários estudos apontaram resultados satisfatórios quanto
à validade desse instrumento nos Estados Unidos (Rounds & Tracey, 1996; Rounds et al.,
1992; Gupta et al., 2008) e em diversas populações (Holland, 1997; Soh & Leong, 2001; Du
Toit & Bruin, 2002; Mansão, 2005; Hedrih, 2008).
Ao responder o SDS, o indivíduo é direcionado a fazer auto-reflexões em aspectos
relacionados às atividades que gosta ou não de realizar, às competências em que ele se julga
hábil ou manifesta interesse, às carreiras que ele gostaria ou não de seguir e às habilidades que
ele julga possuir. Apesar de apresentar-se como um instrumento objetivo, as reflexões que são
exigidas do indivíduo para o seu correto preenchimento demandam uma profunda consulta a
aspectos de personalidade, que foram concebidos ao longo de seu processo de formação de
identidade.
Holland (1997) elaborou também um Dicionário ocupacional, no qual o avaliado pode
procurar profissões que foram também classificadas de acordo com o acrônimo RIASEC, ou
seja, com cada um dos seis tipos de Holland. A interpretação do protocolo do sujeito é
realizada de acordo com a interpretação do código obtido, o qual fornece subsídios para a
exploração de diversas profissões no Dictionary of Holland Occupational Codes (Gottfredson
& Holland, 1996).
Desde a sua primeira publicação, o SDS sofreu várias revisões. Apresenta-se na forma
R (Regular); forma E (Easy), aplicável em indivíduos com pouca habilidade de leitura; Forma
CP (Career Planning), elaborada para adultos em processo de reorientação de carreira; e
forma CE (Career Explorer), indicada para indivíduos que estão cursando um nível situado
entre o último ano do Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
93
4.2.5. Teste de Fotos de Profissões - BBT-Br: versão masculina (Jacquemin, 2000) e feminina
(Jacquemin et al., 2006)
BBT, o indivíduo recorre a suas representações internas daquelas atividades profissionais ali
presentes, o que remete a seus componentes de personalidade, processados em seu
desenvolvimento. Em outras palavras, por meio das opções das fotos o indivíduo revela sua
constituição interna em termos afetivo-sociais e de interesses.
O BBT-Br é composto por 96 fotos que representam diferentes profissionais em
situação de trabalho. Originalmente elaborado para aplicação individual, as fotos do BBT-Br
podem ser manipuladas pelo indivíduo, que recebe a instrução de classificá-las em três
grupos: a) fotos positivas (fotos que agradam o sujeito); b) fotos negativas (fotos que não
agradam o sujeito); c) fotos indiferentes (fotos que nem agradam e nem desagradam, suscitam
indiferença no sujeito). Num segundo momento, o indivíduo é convidado a trabalhar com as
fotos escolhidas positivamente, de modo a compor grupos com as mesmas, respeitando
sentidos e percepções decorrentes deste seu contato com as fotos. Desta forma é convidado a
agrupar fotos que apresentam alguma semelhança, hierarquizando e justificando suas
preferências, explicitando descrições de cada um destes estímulos em função dos quesitos
informativos: profissional representado, atividade realizada, objetivo, instrumento, local de
trabalho. Este trabalho interpretativo do BBT foi denominado, por Achtnich (1991), como a
Fase de Associações desta técnica projetiva, parte que ele considerava fundamental.
Finalizada esta etapa, o indivíduo ainda é convidado a selecionar, entre as fotos escolhidas
como positivas, cinco fotos de preferência, elaborando uma história integradora destas
imagens.
Cada uma das 96 fotos apresenta, em seu verso, o fator motivacional correspondente
àquela atividade, representado por um fator principal (letra maiúscula) e um fator secundário
(letra minúscula). De acordo com as considerações de Achtnich (1991), é a partir da
freqüência de distribuição de escolhas (positivas e negativas) dos fatores (representados em
cada foto do teste) que será possível elaborar as estruturas de inclinação motivacional
(primária e secundária, positiva e negativa) do indivíduo. Também serão codificadas (em
termos de fatores representados) as associações elaboradas pelo respondente. Esta
classificação é possível a partir do Dicionário de Verbos (Achtnich, 1991; Jacquemin, Assoni
& Noce, 2006), no qual os autores listaram várias atividades profissionais e lhes atribuíram
um fator (W, K, S, G, Z, V, M e O), de acordo com a teoria de Achtnich (1991). Por fim é
também analisada, em termos qualitativos, a história das cinco fotos preferidas, examinando-
se, sobretudo, a(s) identidade(s) assumida(s) pelo respondente nesta elaboração projetiva. Em
uma aplicação clínica, a estrutura de inclinação motivacional é obtida a partir da classificação
95
das fotos realizada pelo sujeito, devendo ser interpretada juntamente com as associações e as
evidências advindas da história das cinco fotos preferidas.
Conforme padronização técnica desta técnica projetiva (Achtnich, 1991), busca-se
identificar as estruturas de inclinação motivacional no BBT, considerando os seguintes
aspectos: a) estrutura de interesses (a partir das escolhas positivas), b) estrutura de rejeições (a
partir das escolhas negativas). Estas duas estruturas são examinadas e elaboradas tendo em
conta os fatores primários ponderados do BBT (letras maiúsculas das fotos), bem como os
respectivos fatores secundários (letras minúsculas das fotos). As estruturas de inclinação
motivacional são constituídas pela apresentação dos fatores em ordem decrescente de escolhas
realizadas, seja ela positiva ou negativa, considerando-se, para interpretação os três ou quatro
maiores fatores, representando, respectivamente, as áreas de interesse e de rejeição
motivacional.
Cabe, ainda neste momento, retomar breve descrição sobre a necessidade de
ponderação técnica das estruturas primárias (positiva e negativa) do BBT. Achtnich (1991)
elaborou esta técnica projetiva com base em oito fatores motivacionais (W, K, S, Z, G, V, M,
O), sendo cada um, inicialmente, representado por oito fotos. Posteriormente incluiu,
especificamente para os fatores S, Z, V e G outras oito imagens, representando profissões que,
teoricamente, exigiriam formação acadêmica mais aprimorada, atingindo nível universitário.
Estas fotos ficaram conhecidas como “fotos linha”, compondo os fatores S´, Z´, V´e G´. Para
a composição das estruturas primárias (positiva e negativa), no entanto, utiliza-se apenas os
oito fatores de Achtnich, sendo necessário calcular a média das escolhas nestes quatro fatores
que possuem o dobro de fotos no teste. É a este processo que se chama de ponderação da
estrutura fatorial (de interesses e de rejeições) do BBT. Os demais fatores (W, K, M e O) são
apresentados de forma direta em sua freqüência simples de escolhas (positiva ou negativa,
conforme a estrutura em elaboração).
Este procedimento é realizado para cada indivíduo, gerando depois, na análise de um
conjunto de casos, a possibilidade de estruturação de um perfil global de áreas de interesse e
de rejeição motivacional. Isto é realizado para atingir a estrutura primária (representando as
atividades) quanto a estrutura secundária (representando os ambientes e os instrumentos de
trabalho).
Dentre as pesquisas realizadas com o BBT e BBT-Br, no âmbito de suas evidências
psicométricas, identificam-se trabalhos voltados ao estudo de sua validade interna
(Jacquemin, 2000; Jacquemin et al., 2006), validade preditiva (Bernardes, 2000) e validade de
critério (Noce, 2008). Relativamente à precisão, Sbarderlini (1997) examinou a estabilidade
96
das estruturas motivacionais identificadas pelo BBT, encontrando bons resultados nesta
direção.
Com relação aos parâmetros normativos do BBT-Br no Brasil têm-se os estudos
desenvolvidos por Jacquemin (2000) e Jacquemin et al (2006). Para obtenção dos dados
normativos do BBT-Br masculino (Jacquemin, 2000), o autor trabalhou com uma amostra de
476 rapazes de Ensino Médio, avaliados nos anos de 1995 e 1996, dos quais 224 eram da rede
particular e 252 da rede pública de ensino de Ribeirão Preto (SP). Além dos alunos de ensino
médio, o estudo investigou também com 227 universitários, dentre os quais 69 eram da área
de Ciências Exatas (Cursos de Química, Engenharia Civil e Análise de Sistemas), 76 da área
de Ciências Humanas (Cursos de Jornalismo, Direito e Administração de Empresas) e 82 área
de Ciências Biológicas (Cursos de Medicina, Odontologia e Ciências Biológicas). Em relação
ao estudo normativo da versão feminina do BBT-Br (Jacquemin et al, 2006), os dados foram
coletados nos anos de 1997 e 1998. Foram avaliadas 512 moças matriculadas no Ensino
Médio, dentre as quais 221 pertenciam à rede particular e 291 à rede pública de ensino de
Ribeirão Preto (SP). Seguindo o modelo adotado no trabalho com o BBT-Br masculino,
foram incorporados à amostra 352 universitárias, dentre as quais 106 pertenciam à área de
Ciências Biológicas (Cursos de Ciências Biológicas, Medicina, Odontologia e Enfermagem);
135 da área de Ciências Humanas (Cursos de Administração de Empresas, Pedagogia,
Psicologia e Jornalismo); e 111 da área de Ciências Exatas (Cursos de Análise de Sistemas,
Ciências Contábeis, Química e Arquitetura). Em ambos os trabalhos, a aplicação do BBT-Br
foi coletiva, em suas respectivas escolas e em dias e horários letivos.
Por fim, vale reiterar que o BBT-Br consta, no Sistema de Avaliação dos Testes
Psicológicos (SATEPSI) do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2003), como a única
técnica projetiva aplicada à área de Orientação Profissional / Vocacional com parecer
favorável ao uso no Brasil. Esta análise da técnica fortalece as suas possibilidades de
contribuição em processos de avaliação psicológica voltados aos interesses motivacionais e à
escolha profissional.
4.2.6. Equipamentos computacionais para registro e para análise dos resultados nos diferentes
instrumentos utilizados, em especial o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),
versão 15.0.
97
4.3. PROCEDIMENTOS
Tabela 3: Distribuição de freqüência (simples) das associações entre os oito fatores do BBT-
Br e os seis tipos psicológicos do SDS, segundo avaliação de sete avaliadores
independentes.
FATORES DO
BBT-BR K G Z Sh O M
(Achtnich, 1991)
W Se V
TIPOS
PSICOLÓGICOS R I A S E C
(Holland, 1997)
104
Uma análise sintética e interpretativa destas associações encontradas entre BBT e SDS
poderia ser assim esquematizada:
- O fator K associa-se claramente com o tipo Realista, sendo esta uma escolha unânime entre
os avaliadores, confirmando assim suas características de força, coordenação motora e
capacidades mecânicas.
- O fator G mostrou-se predominantemente associado ao tipo Intelectual, apesar de ter
apresentado também associações com o tipo Artístico, confirmando assim, sua característica
de criação, pensamento abstrato, originalidade e criatividade.
- O fator Z mostrou-se predominantemente associado ao tipo Artístico, caracterizando a
necessidade de apreciação do belo, de sensibilidade estética, além de criatividade, intuição e
emotividade.
- O fator S (em sua vertente Sh) e o fator W foram associados ao tipo Social, confirmando
assim, seu caráter humanitário, sua sensibilidade, empatia e também sua necessidade de
interação interpessoal e social, sempre no sentido de ajuda ao outro.
- Já o fator S (em sua vertente Se) e o fator O foram predominantemente associados ao tipo
Empreendedor, caracterizando as necessidades de dinamismo, energia psíquica, procura por
soluções e empreendedorismo.
- Os fatores M e V foram associados ao tipo Convencional, que descrevem pessoas
conscienciosas, prudentes, mantenedoras de regras e rotinas rígidas, ordenadas e que
priorizam a ordem, o cumprimento de normas, conservadorismo, além dos interesses pelo uso
da lógica, da razão, da precisão e objetividade.
Considerando-se os dados apontados nas Tabelas 2 e 3 e Quadro 3, foi possível inferir
indícios de uma aproximação teórica, ou mais especificamente, proximidade de propriedades
associativas entre os fatores do BBT-Br (Achtnich, 1991) e os tipos psicológicos de Holland
(1997), segundo análise de especialistas nestes instrumentos de avaliação psicológica.
Embasados por estas evidências, passa-se, a seguir, a descrever detalhadamente o processo do
estudo empírico aqui realizado, em atendimento aos objetivos delineados para esta pesquisa.
processo de coleta de dados somente foi iniciado após a devida aprovação do projeto por este
comitê (conforme documento do Anexo B).
A partir dos objetivos propostos neste trabalho, os cuidados relativos ao uso de
instrumentos de avaliação psicológica foram assegurados, assim como no que concerne aos
princípios éticos de pesquisa envolvendo a participação de seres humanos. Neste trabalho,
foram garantidos aos participantes os princípios propostos pelo Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Anexo 1), assinado pelos voluntários e seus pais/responsáveis. Manteve-
se ainda assegurado o direito sobre a informação obtida com a aplicação das técnicas de
avaliação psicológica, embora nenhum voluntário tenha solicitado devolutiva sobre seus
resultados. Informações sobre o processo de Orientação Profissional/Vocacional e conceitos
básicos envolvidos neste processo foram apresentadas aos alunos por meio de palestras nas
escolas participantes, na tentativa de retribuir aos envolvidos algum ganho pessoal de natureza
informativa e reflexiva. Talvez decorrente desta atenção ao processo coletivo dos estudantes
tenha preenchido parcialmente as necessidades situacionais de informações sobre os
processos de escolha profissional, de modo a não haver posterior solicitação de devolutiva
individual dos resultados encontrados.
Para dar início à execução desta investigação científica, inicialmente, a pesquisadora
identificou, na região central da cidade de Ribeirão Preto (SP), as escolas municipais e
estaduais de Ribeirão Preto (SP) de Ensino Médio. Esta região da cidade foi escolhida por
viabilidade técnica e por centralizar o atendimento educacional neste nível de formação,
favorecendo a realização do trabalho. Procurou-se o contato com os dirigentes destas escolas,
obtendo-se permissão para a pesquisa em duas delas, onde foi executada.
Uma vez obtida a autorização institucional para a pesquisa, solicitou-se a colaboração
voluntária dos estudantes, após esclarecimentos sobre o trabalho em sala de aula, focalizando
os objetivos e os métodos deste trabalho. A partir do interesse manifesto em colaborar com o
estudo, foram enviadas, por meio dos próprios voluntários, cartas explicativas, juntamente
com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice A), aos pais ou
responsáveis dos alunos, a ser assinado por ambos (responsável e participante do estudo).
Juntamente com o TCLE foram enviados também o Questionário sobre História Pessoal e
Familiar (Apêndice B) do participante da pesquisa e o Questionário de Nível Econômico
(Anexo A). Estes documentos, já preenchidos, foram devolvidos à pesquisadora, juntamente
com o TCLE, funcionando como base informativa para aplicação dos critérios de seleção dos
participantes.
106
Após a obtenção dos referidos documentos, deu-se início então ao processo de coleta
de dados, o qual foi desenvolvido em dois momentos. O primeiro se deu em Outubro de 2006
e, o segundo, nos meses de Março, Abril e Junho de 2007, respeitando-se a disponibilidade
das escolas colaboradoras, ainda que resultando em intervalos não desejados no processo de
coleta dos dados deste trabalho. Foi necessária a realização desta segunda etapa de busca de
participantes, tendo em vista que o número inicial alcançado era insuficiente para as análises
pretendidas no trabalho.
Devido à necessidade das aplicações coletivas ocorrerem em horário regular de aula,
verificou-se o quadro de horários dos alunos de terceiro ano médio das escolas colaboradoras,
agendando-se a aplicação dos instrumentos junto aos professores das várias turmas. A grande
maioria deles foi colaboradora com esta pesquisa e a aplicação dos instrumentos de avaliação
psicológica foi possível em horário regular de sala de aula.
Em função das duas formas do BBT-Br (masculino e feminino), foi necessário separar
os participantes em salas específicas para o processo de aplicação dos instrumentos desta
pesquisa. Para otimizar a coleta dos dados, no entanto, duas classes de alunos foram
agendadas para o mesmo horário já que, devido à separação das turmas em função do sexo, o
espaço físico de uma sala de aula comportava o número de alunos. Ainda para garantir os
devidos cuidados técnicos e a necessária tranquilidade nas aplicações coletivas dos
instrumentos, foram designados dois psicólogos para cada uma das salas. Vale a pena ressaltar
que o número de alunas foi sempre predominante em todas as turmas escolares.
Respeitadas as condições necessárias para a coleta dos dados, deu-se início à aplicação
dos instrumentos. O primeiro instrumento aplicado foi o BBT-Br, na forma de slides. As
instruções foram lidas em conjunto e após esclarecimento das dúvidas, deu-se início à
aplicação. As fotos foram apresentadas por meio de um projetor de slides, com tempo
programado de projeção de 17 segundos para cada foto, em tela específica para esta função.
Conforme as 96 fotos eram projetadas, os alunos as classificaram em formulário próprio,
segundo as instruções do teste. O tempo médio de aplicação foi de 40 minutos.
Finalizada a aplicação do BBT, seus protocolos foram recolhidos e na sequência,
foram distribuídos os protocolos do SDS (forma CE). Realizou-se a leitura da instrução
padronizada para o SDS e após esclarecimentos das dúvidas, deu-se início à aplicação do
SDS. O tempo médio utilizado pelos alunos ficou em torno de 20 minutos. Na medida em os
alunos finalizavam a resolução desta técnica, foram orientados a sinalizar isto a um dos
aplicadores, de modo a conferir rapidamente e recolher o material preenchido.
107
b) Comparação de médias de escolhas no SDS para cada um dos tipos RIASEC, de acordo
com o sexo e as seções (Atividades, Competências e Carreiras), com as respectivas estatísticas
descritivas: Teste t para amostras independentes.
c) Comparação dos fatores da tipologia RIASEC para cada sexo: Análise de Variância para
medidas repetidas (ANOVA), com post hoc de Bonferroni para determinação da direção das
diferenças significativas entre os fatores.
d) Comparação das médias, para cada sexo, das escolhas do BBT-Br versus a média
normativa de Jacquemin (2000) e Jacquemin et al (2006), com as respectivas estatísticas
descritivas: Teste t para uma amostra.
5. RESULTADOS
113
Para maior clareza na exposição dos resultados, optou-se pela apresentação dos dados
referentes às duas técnicas, SDS e BBT-Br, separadamente e nesta ordem. A explanação dos
resultados seguirá a sequência apresentada nos objetivos, a saber: estrutura de interesses,
análise da precisão (consistência interna) e verificação da validade de construto (Análise dos
Componentes Principais) de cada técnica de avaliação psicológica utilizada. Ao final serão
apresentados os dados referentes à validade convergente do BBT-Br a partir do SDS, por
meio do Coeficiente de Correlação de Pearson. Cabe destacar que o nível de significância
adotado no conjunto das análises estatísticas realizadas neste trabalho foi menor ou igual a
0,05.
Sexo
Tipos Masculino Feminino t p
(n = 202) (n = 295)
Média DP Média DP
R 22,50 10,48 11,50 7,44 12,87 0,000
I 20,83 10,67 19,39 10,46 1,49 0,136
A 20,33 11,39 20,98 11,78 -,61 0,538
S 21,97 9,96 27,78 9,69 -6,46 0,000
E 28,45 10,40 22,21 10,06 6,65 0,000
C 19,70 11,01 16,10 10,76 3,61 0,000
Tabela 6: Estatística descritiva das escolhas RIASEC nas seções do SDS e sua comparação
estatística, em função do sexo dos adolescentes (n = 497).
Atividades Competências Carreiras Habilidades
Tipo Sexo M DP t p M DP t p M DP t p M DP t p
Masc 5,57 2,95 12,40 ≤0,001 5,14 3,34 -9,53 ≤0,001 3,90 3,05 -11,68 ≤0,001 8,30 3,23 -10,04 ≤0,001
Masc 4,60 3,27 0,32 0,750 5,93 3,22 -2,39 0,017 3,61 3,19 -0,07 0,946 6,98 6,98 -2,54 0,011
Masc 4,84 2,87 1,26 0,209 4,53 3,02 1,29 0,199 3,89 3,36 0,02 0,986 7,47 3,67 -0,34 0,733
Masc 4,48 2,91 7,66 0,001 7,30 3,06 4,72 ≤0,001 2,81 2,87 4,20 ≤0,001 7,79 3,15 4,82 ≤0,001
Masc 7,28 2,80 -5,83 ≤0,001 7,35 2,97 -5,16 ≤0,001 5,40 3,55 -6,48 ≤0,001 8,88 3,02 -4,63 ≤0,001
Masc 3,31 3,71 -3,54 ≤0,001 4,30 3,14 -1,34 0,180 4,06 3,65 -4,65 ≤0,001 8,32 2,97 -2,38 0,018
A partir destas análises foi possível identificar diferenças significativas entre os fatores
RIASEC específicas para cada sexo, resultando numa ordenação peculiar de interesses, conforme
evidências do SDS. Focalizando-se inicialmente a análise dos dados relativos aos rapazes, notou-
se que, na estrutura geral, priorizaram os tipos Empreendedor, Realista e Social. No tocante às
atividades (que avaliam o que os adolescentes gostam ou gostariam de fazer) predominaram as
escolhas relativas ao Empreendedor e ao Realista, revelando motivação para efetivar atividades
voltadas para prática, lógicas e concretas, permeadas por atitudes decisórias, firmes e persuasivas.
Quanto às competências que, no SDS retratam as áreas em que os adolescentes se sentem
confiantes na própria capacidade de execução ou gostariam de aprender, os rapazes identificaram-
se sobremaneira com os tipos Empreendedor e Social. Essas escolhas denotam um perfil que
envolve o raciocínio lógico, prático, permeados por energia e liderança em sua execução,
acompanhados por interesses em atividades que envolvam contatos interpessoais, inclusive de
ajuda ao outro. Já nas carreiras, destaca-se claramente o tipo Empreendedor, que envolvem
atividades que envolvem relações interpessoais nos quais demonstram extrema capacidade de
vendas, de persuasão e liderança. Por fim, nas habilidades, eles se descreveram preferencialmente
como os tipos Empreendedor, Convencional e Realista, os quais denotam um perfil hábil nos
contatos interpessoais, acompanhados pela logicidade e praticidade, no entanto, permeados por
uma atitude conscienciosa e apegada a regras ordenadas. Seja na análise geral da estrutura de
interesses ou nas seções do SDS os rapazes se destacam como tipo Empreendedor, que retrata um
perfil permeado pela energia e força nas relações interpessoais, com aspectos de liderança e
capacidade de persuasão.
Na sequência da análise desta Tabela 7, cabe destacar que a estrutura geral dos interesses
das moças mostrou-se claramente pelo tipo Social, seguido pelo Empreendedor e Artístico.
Especificamente no tocante às atividades de maior interesse, elas se descreveram com esta mesma
estrutura fatorial: Social, Empreendedor e Artístico. Esta estrutura refere interesses ligados à
atividades que envolvem a sociabilidade, relacionamentos interpessoais de ajuda ao outro, com
117
A análise da precisão do SDS foi realizada por meio da verificação da consistência interna
(Alfa de Cronbach - α) do instrumento. Desta foi, estimou-se a homogeneidade dos itens
representativos das tipologias do modelo de Holland (RIASEC) nas quatro seções SDS e também
no instrumento total. A tabela 9 apresenta estes resultados, de acordo com o sexo dos participantes.
Tabela 8: Coeficiente Alfa de Cronbach (α) para cada tipo do modelo RIASEC, de acordo
com o sexo dos adolescentes e para o conjunto da amostra.
Tabela 9: Coeficiente Alfa de Cronbach (α) do SDS de acordo com as seções e cada
Tipologia RIASEC, para a amostra total (n = 497).
Tipologias
Seções Realista Investigativo Artístico Social Empreendedor Convencional
Atividades 0,81 0,83 0,80 0,81 0,83 0,88
Competências 0,86 0,84 0,81 0,82 0,82 0,84
Carreiras 0,83 0,81 0,86 0,79 0,85 0,88
Habilidades 0,58 0,24 0,78 0,72 0,70 0,70
Com o objetivo de analisar a validade do SDS, testando-se sua estrutura interna (modelo
RIASEC), foi realizada uma análise fatorial de natureza exploratória, por meio da Análise dos
Componentes Principais (ACP) do conjunto dos resultados da amostra. Como procedimento
anterior ao cálculo da análise fatorial, no entanto, foi estimado o coeficiente de Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO = 0,85) e foi realizado o Teste de esfericidade de Bartlett (p < 0,000) para verificar a
condição de utilização da Análise dos Componentes Principais. Os resultados indicaram que as
correlações entre os itens são suficientes e adequadas para proceder a uma análise fatorial
exploratória, conforme considerações de Dancey e Reidy (2006).
Recorreu-se a procedimentos de extração dos componentes principais deste conjunto
de dados do SDS, aplicando-se rotação Varimax. Como também já descrito nos
procedimentos, optou-se inicialmente por testar, neste processo, o agrupamento dos 204 itens
(distribuídos nas seções Atividades, Competências e Carreiras) em seis fatores, seguindo-se o
modelo original do instrumento. Os autovalores, porcentagem da variância por eles explicada
e sua respectiva porcentagem acumulada estão apresentados na Tabela 10.
Tabela 10: Autovalores e porcentagem da variância explicada na ACP do SDS com solução
de seis fatores.
Por meio desta solução de seis fatores do SDS conseguiu-se explicar 33,5% da
variância dos resultados, índice considerado frágil diante das expectativas teóricas a respeito
deste tipo de análise técnica. Apesar disso, os resultados foram bastante sistemáticos e
coerentes na medida em que reproduzem os fatores RIASEC em todas as seções do SDS e
120
também em seu conjunto. Pode-se, deste modo, confirmar o modelo hexagonal pressuposto
no SDS para a explanação dos interesses dos adolescentes.
Dada esta realidade, a seguir estão apresentadas as tabelas relativas à composição de
cada um destes fatores, de modo a examinar a adequação da solução fatorial encontrada em
relação a sua pertinência ao modelo RIASEC de Holland (1997). Estas tabelas trazem a
descrição dos itens que compõem cada fator, sua respectiva carga fatorial, bem como o tipo e
a seção do RIASEC a que estão relacionados. Nestas análises considerou-se que os itens
deveriam ter carga fatorial igual ou superior a 0,30 para compor cada fator.
Na tabela 11 estão reunidos os itens do Fator 1, juntamente com sua respectiva
tipologia do modelo RIASEC e sua respectiva seção.
121
Tabela 11: Itens do SDS a compor o Fator 1, com respectivas tipologias e seções.
Nota-se que há clara consistência nestes resultados, apontando um fator composto por
itens representativos do tipo Convencional de Holland (1997). Verificou-se 36 itens com
carga fatorial superior a 0,30 no Fator 1, dentre os quais, 34 são associados ao tipo
Convencional, um ao tipo Empreendedor e um ao tipo Investigativo. Desses 34 itens do tipo
Convencional, 11 fazem parte da composição da seção Atividades, 11 da seção Competências
e 12 da seção Carreiras. Quanto aos dois itens não associados ao tipo Convencional, a saber: o
item 5 (usar computador para analisar dados) e o item 1 (Especulador – faz investimentos
econômicos com base em previsões incertas) podem facilmente ser compreendidos como
próximos das atividades do tipo Convencional, pela sistemática analítica envolvida neste tipo
de atividades. Confirma-se, portanto, o tipo Convencional do RIASEC, o qual se caracteriza
pela eficiência no cumprimento de tarefas de maneira rígida e bem organizada, pela
valorização atribuída ao acúmulo de bens materiais, identificação com o poder e status social.
123
Tabela 12: Itens do SDS a compor o Fator 2, com respectivas tipologias e seções.
Novamente pode-se notar que dos 35 itens que compuseram o Fator 2, 10 itens são
pertencentes à seção Atividades, 11 à seção Competências e 14 à seção Carreiras. Dentre os
35 itens, apenas dois não cobrem o tipo Investigativo, sendo os demais representantes
consistentes do tipo Realista. Um deles (usar o microscópio, classificado como Investigativo)
possui similaridade com o tipo Realista, na medida em que permite observação minuciosa de
dados da realidade ambiental. Estas considerações podem, portanto, serem consideradas como
evidências de confirmação do tipo Realista do modelo RIASEC nos atuais resultados obtidos
com o SDS. Essa tipologia caracteriza pessoas que se interessam por atividades
sistematizadas, práticas e que envolvam o uso do raciocínio lógico, tanto em seu planejamento
como no manuseio de equipamentos.
125
Tabela 13: Itens do SDS a compor o Fator 3, com respectivas tipologias e seções.
O fator 3 do SDS, pela presente Análise dos Componentes Principais, apresentou uma
composição de 35 itens, sendo praticamente todos representativos do tipo Artístico do modelo
de Holland. Dentre eles, 12 são pertencentes à seção Atividades, 11 à seção Competências e
12 à seção Carreiras. Apenas um item estava relacionado ao tipo Realista (trabalhar ao ar
livre) que pode ser relacionado ao caráter de liberdade na expressão de idéias e emoções, sem
a presença de locais e regras pré-estabelecidas, características facilmente associadas ao tipo
Artístico, reforçando, mais uma vez, um dos componentes do modelo RIASEC. O tipo
artístico caracteriza-se pela criatividade e imaginação, valoriza o uso da abstração, das idéias
e por isso mesmo, mostra-se avesso às atividades rotineiras.
127
Tabela 14: Itens do SDS a compor o Fator 4, com respectivas tipologias e seções.
Observa-se aqui que o Fator 4 abarcou 32 itens do SDS dentre os quais, 11 são
pertencentes à seção Atividades, 11 à seção Competências e 10 à seção Carreiras. Todos os 32
itens foram unanimemente associados ao tipo Empreendedor de Holland, caracterizado pela
energia e firmeza aplicadas em suas atividades. Associa-se geralmente a grande habilidade
verbal e persuasiva, facilitando, assim, seu posicionamento coordenador e gerencial. A
consistência dos resultados da Análise dos Componentes Principais reforça, passo a passo, a
estrutura RIASEC deste modelo teórico.
128
Tabela 15: Itens do SDS a compor o Fator 5, com respectivas tipologias e seções.
Tabela 16: Itens do SDS a compor o Fator 6, com respectivas tipologias e seções.
Este último fator identificado na Análise dos Componentes Principais aqui realizada
mostrou-se composto por 31 dos 204 itens do SDS, todos associados ao tipo Investigativo.
Dentre eles, 11 itens são associados à seção Atividades, 9 à seção Competências e 11 à seção
Carreiras. Essa tipologia caracteriza-se por interesses ligados ao pensamento, criatividade,
manipulação de palavras e idéias novas, permeados pela necessidade de compreensão das
coisas. Novamente estes resultados corroboram para o fortalecimento da estrutura RIASEC
130
como um modelo apropriado para explorar a estrutura dos interesses dos adolescentes
avaliados. Evidenciou-se, deste modo, índices fortalecedores da validade de construto do SDS
na realidade sociocultural brasileira contemporânea, replicando achados da literatura nacional
e internacional da área.
131
Sexo
Estrutura do BBT-Br Feminino Masculino
Positiva S3,5 O3,4 Z3,0 W2,9 G2,5 V2,4 M1,5 K0,8 O3,1 G2,9 S2,8 V2,7 Z2,1 K2,0 M1,4 W1,2
Primária Negativa K5,9 M4,7 V3,9 W3,6 G3,5 Z3,2 O3,0 S2,9 W5,6 M4,6 K4,5 Z3,8 S3,3 G3,2 V3,0 O2,9
Referenciais normativos *
Positiva S4,1 O4,1 Z3,9 G3,4 W3,3 V2,8 M1,9 K1,1 S3,1 G3,1 V3,0 O2,8 K2,5 Z2,4 W1,5 M1,4
Primária Negativa K5,9 M4,6 V3,7 W3,4 G2,9 O2,6 S2,6 Z2,6 W5,1 M4,8 K4,4 Z4,1 G3,6 O3,6 S3,5 V3,2
* Referenciais normativos: Jacquemin (2000) para o sexo masculino e Jacquemin et al. (2006) para o sexo feminino.
132
Da mesma forma como foi calculado para o SDS, a consistência interna do BBT-Br
também foi calculada por meio da estimativa da homogeneidade dos itens representativos dos
construtos, neste caso, de cada fator de Achtnich. Utilizou-se o coeficiente Alfa de Cronbach
(α). Os resultados dos coeficientes gerais estimados para cada fator estão apresentados na
Tabela 20.
Tabela 20: Coeficientes Alfa (α) dos fatores do BBT-Br, de acordo com o sexo dos
participantes.
Desta ACP com extração (a priori) de oito fatores do BBT-Br feminino foi possível
explicar 38,36% da variância dos resultados. Novamente este valor é considerado frágil como
modelo de explanação para os resultados, embora bastante útil para exame detalhado das
características estruturais desta técnica projetiva.
As tabelas relativas à composição específica dos fatores extraídos desta ACP serão
apresentadas um pouco mais à frente. Julgou-se necessário examinar primeiramente as
evidências encontradas com esta mesma análise técnica para o BBT-Br masculino. Os
autovalores, porcentagem da variância explicada e respectiva porcentagem acumulada
advindos da ACP da versão masculina do BBT-Br compõem a Tabela 22.
A partir dos resultados fornecidos pela ACP com extração de oito fatores do BBT-Br
masculino, foi possível explicar 39,75% da variância dos resultados. Assim como para os
resultados da versão feminina, este valor pode ser considerado frágil como modelo de
explanação para os resultados, apesar de sua utilidade no exame detalhado das características
estruturais deste teste projetivo.
Encontradas estas evidências, passa-se agora a apresentar as tabelas relativas à
composição de cada um destes oito fatores extraídos dos resultados das duas versões do BBT-
Br, de modo a examinar a adequação da solução fatorial encontrada em relação a sua
pertinência aos pressupostos de Achtnich (1991). Estas tabelas trazem a descrição dos itens
que compõem cada fator, sua respectiva carga fatorial, bem como a versão (masculina ou
feminina) do BBT-Br a que estão relacionados. Nestas análises considerou-se que os itens
deveriam ter carga fatorial igual ou superior a 0,30 para compor cada fator.
139
Tabela 23: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 1 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
O fator 1 englobou 18 fotos do BBT-Br masculino, dentre as quais seis são associadas
ao fator W, quatro ao fator primário M, quatro ao fator Z, duas ao fator O e duas ao fator S. À
primeira vista esses resultados apontam um quadro diversificado de fatores e profissões, no
entanto, analisando-se as atividades profissionais envolvidas, pode-se observar que estão
reunidas nesse fator profissões que priorizam atividades que requerem a habilidade do toque,
a sensibilidade no uso das mãos, tanto no manuseio de materiais macios como de substâncias.
Pode-se inferir, portanto, tratar-se prioritamente de um fator da ACP representativo dos
pressupostos de Achtnich (1991) referentes aos fatores W e M.
Na versão feminina do BBT-Br, o primeiro fator identificado na ACP dos resultados
abarcou 15 fotos, dentre os quais oito são associadas ao fator primário Z, duas ao fator G,
duas ao fator W, duas ao fator M e uma ao fator V. Predominam neste fator, para o grupo
140
Tabela 24: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 2 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
Tabela 25: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 3 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
Tabela 26: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 4 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
Tabela 27: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 5 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
Tabela 28: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 6 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
Os resultados da ACP em foco apontaram que o fator 6 ficou composto por apenas
oito fotos do BBT-Br masculino, dentre as quais cinco são pertencentes ao fator primário S
(em sua vertente Se), duas ao K e uma ao G. Esses resultados sugerem a predominância neste
fator 6 das características do fator S de Achtnich (1991). As profissões reunidas neste fator
denotam preferências por atividades que requerem energia psíquica, dinamismo, gosto pelo
risco e situações não planejadas.
Por outro lado, no BBT-Br feminino, observa-se que o fator 6 mostrou-se composto
por 14 fotos, sendo um número bem maior de itens em relação ao BBT-Br masculino. Dentre
eles, seis pertencem ao fator primário K, cinco ao fator V, um ao S (vertente Se), um ao G e
um ao M. O fator K aparece de forma secundária em três itens e o Se em outros três itens.
Observando-se as profissionais aqui reunidas e os fatores predominantes, pode-se denotar o
predomínio de atividades que envolvem a utilização da força física, a energia e o dinamismo,
além do uso da razão. Esses resultados podem ser indicativos de que este fator 6 constitua-se
como confirmação do fator Se para o BBT-Br masculino e dos fatores K e V para o BBT-Br
feminino.
145
Tabela 29: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 7 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
O fator 7 apresentou-se composto por apenas cinco fotos do BBT-Br masculino, sendo
que três associam-se teoricamente ao fator primário S (em sua vertente Sh), uma ao K e uma
ao G. Esses resultados sugerem a predominância, neste fator 7, das características do fator S.
As profissões aqui reunidas indicam atividades voltadas às relações interpessoais de ajuda ao
outro, atividades estas que requerem a abstração, o pensamento e o uso das idéias.
No BBT-Br feminino observa-se que o fator 7 englobou sete fotos, dentre as quais
quatro associam-se teoricamente ao fator primário G, uma ao fator V, uma ao G e uma ao M.
Observando-se as profissionais aqui reunidas e os fatores predominantes, denota-se o
predomínio de atividades que envolvem a utilização da capacidade abstrata, criativa e gosto
pelo estudo e pesquisa. Esses resultados sugerem, neste fator 7, a confirmação do fator S, em
sua vertente Sh para o BBT-Br masculino e o fator G para o BBT-Br feminino.
Tabela 30: Itens (fotos) do BBT-Br a compor o Fator 8 para o sexo masculino (M) e feminino
(F), com respectivos fatores de Achtnich.
O fator 8 mostrou-se composto por apenas quatro fotos no caso do BBT-Br masculino,
dentre as quais três representam teoricamente o fator primário V e uma o fator S de Achtnich
(1991). Esses resultados sugerem a predominância das características do fator V neste oitavo
fator da ACP aqui realizada, indicando preferências por atividades lógicas, de ordem prática,
que primam pela organização e pela otimização de resultados.
No BBT-Br feminino, observa-se que o oitavo fator ficou composto por oito fotos,
dentre as quais três se associam ao fator primário M, uma ao fator V, uma ao G, uma ao Z,
uma ao O e uma ao W. Apesar do pequeno número de itens, observa-se o predomínio de
atividades que envolvem o gosto por atividades que lidam com coisas concretas, com o
manuseio de substâncias e produtos. Esses resultados sugerem, neste fator 8, a confirmação
do fator V no grupo masculino e o fator M para o BBT-Br feminino.
Na busca de uma síntese da ACP dos resultados relativos às duas versões do BBT-Br,
pode-se notar indicadores positivos no sentido de confirmar a estrutura fatorial de Achtnich
(1991) referente às inclinações motivacionais dos adolescentes. Pode-se evidenciar, dentro
dos alcances da atual análise, a existência dos fatores fortalecedores dos pressupostos clínico-
interpretativos apresentados na constituição do BBT-Br, fortalecendo a estrutura fatorial dos
interesses proposta por seu autor. Há que se apontar que o ajuste do modelo identificado ao
teoricamente previsto não foi de correspondência direta e nem aglutinadora da distribuição
teórica prevista pelas fotos do BBT-Br. No entanto, a análise minuciosa do conteúdo implícito
nestes agrupamentos demonstrou alguma consistência interna nos fatores identificados pela
atual análise, elementos promissores para uma técnica projetiva de avaliação psicológica.
147
Tabela 31: Índices de correlação (Pearson) entre a freqüência de escolhas positivas dos oito
fatores do BBT e dos seis tipos psicológicos do SDS no conjunto de estudantes do
terceiro ano do ensino médio (n = 497).
FATORES DO BBT
TIPOS DO SDS W K S Z G V M O
Sabe-se que recortes amostrais com elevado número de participantes podem favorecer
a correlação entre as variáveis em estudo, no entanto, do ponto de vista da força dessa
associação, podem mostrar-se pequenas, como aqui pareceu ocorrer. Sendo assim, considerar-
se á, neste estudo, o índice de correlação igual a 0,30 como ponto de corte para a devida
análise das associações significativas encontradas nos atuais resultados.
A partir dos dados apresentados na tabela 31, é possível observar que o tipo Realista
apresentou índices de correlação com os fatores K, V, G e M, sendo que a mais alta ocorreu
com o fator K. Este resultado é coerente com a caracterização tipológica dos modelos já
apresentada. Estas evidências sugerem, assim, uma direta e forte associação do fator K do
BBT-Br ao tipo Realista do SDS, confirmando as características de força, logicidade,
pensamento prático, boa coordenação motora, racionalidade e capacidade mecânica a elas
atribuídas na construção teórica de Achtnich (1991).
O tipo Intelectual do SDS, por sua vez, apresentou correlações significativas
moderadas (acima de 0,30) com os fatores G e V do BBT- Br. Esta correlação significativa
confirma as possibilidades de interpretação do fator G do BBT-Br como referentes ao
pensamento abstrato, criatividade, originalidade e interesse em atividades de pesquisa, já
consolidadas como hipóteses plausíveis para o tipo Intelectual de Holland, aqui adotado como
critério de construto teórico.
Por sua vez, o tipo Artístico de Holland apresentou índices de correlação significativa
(acima de 0,30) com os fatores Z e G. Confirmam-se, deste modo, as possibilidades
149
6. DISCUSSÃO
153
Esta seção do trabalho, referente à discussão dos dados frente à literatura científica da
área, foi organizada de modo a focalizar os objetivos delineados inicialmente para a pesquisa,
seguindo-se, portanto, esta ordenação para os argumentos. Primeiramente tratar-se-á dos
perfis motivacionais e de interesse dos adolescentes do terceiro ano do ensino médio, segundo
as possibilidades informativas do SDS e do BBT-Br. A seguir focalizar-se-á os elementos
psicométricos (precisão e validade) destes instrumentos de avaliação psicológica, abordando
com detalhes os aspectos relativos a sua fidedignidade (consistência interna) e,
posteriormente, os elementos relativos a validade (análise dos componentes principais e
validade convergente) do SDS e do BBT-Br. Devido à especificidade desses objetivos e dos
instrumentos utilizados, a literatura científica identificada como pertinente ao projeto,
mostrou-se reduzida e também bastante dirigida a questões pontuais sendo, na medida do
nosso alcance, apresentadas e inter-relacionadas aos atuais resultados.
dados em si, deve-se considerar também as possíveis distinções entre os grupos em relação à
ansiedade, à maturidade geral e à maturidade para escolha profissional desses jovens que
vivenciam diferentes etapas (e níveis de pressão) deste processo de decisão profissional. Esses
fatores podem justificar, pelo menos em parte, as diferenças estatisticamente significativas entre
os dados da presente pesquisa com os referenciais normativos.
Dado que a condição de estar matriculado no terceiro ano do ensino médio foi critério
de inclusão no presente trabalho, esta é uma variável que deve ser considerada na
compreensão destes dados. É fato que o estado de tensão dos alunos do terceiro ano tende a
ser mais elevado em relação aos alunos dos anos anteriores, por sua maior proximidade com o
momento de definição da escolha profissional. Neste sentido, os adolescentes da atual amostra
poderiam experenciar, neste contexto de vida, maior intensidade de sentimentos de dúvida, de
insegurança e de incertezas, os quais já são comuns na adolescência (Levisky, 1998),
expressando estas vivências em suas escolhas no BBT-Br.
Esta hipótese pareceu se reforçar quando tomamos em consideração o estudo de Pasian e
Jardim-Maran (2008). Elas aplicaram esta técnica, individualmente, em 60 alunos de terceiro ano
do Ensino Médio público e particular, com idades entre 16 e 19 anos e compararam os índices de
produtividade (medianas) nas duas versões do BBT-Br com suas respectivas normas, a saber: para
o sexo masculino o trabalho de Jacquemin (2000) e para o sexo feminino o estudo de Jacquemin
et al (2006). Os resultados indicaram diferenças significativas somente em relação às respostas
indiferentes, independentemente da origem escolar. Esta similaridade dos resultados de Pasian e
Maran (2008) aos dados normativos do BBT-Br também pode se dever à escolha técnica realizada
neste trabalho: utilizaram, para a comparação estatística, os dados medianos da produtividade na
técnica e não os resultados médios. Dada a variabilidade inerente ao tipo de comportamento
solicitado no BBT-Br, sobretudo em grupos pequenos, a tendência central de distribuição dos
resultados fica melhor representada pela mediana do que pela média, mostrando-se como uma
medida mais estável inclusive entre grupos de adolescentes avaliados em épocas diferentes. No
presente estudo, decidiu-se utilizar os dados médios para as análises, tendo por base o elevado
número de participantes dos grupos masculino e feminino de adolescentes. Neste processo é que
foram identificadas diferenças estatisticamente significativas em praticamente todas as variáveis
comparadas nas duas versões do BBT-Br. Este contexto exigirá novas checagens destas
comparações entre grupos atuais em relação aos obtidos nos estudos normativos originais desta
técnica projetiva.
Também faz-se necessário lembrar que, para além desta possibilidade técnica acima
referida, as diferenças entre dados atuais e normativos podem estar associadas à questão do
157
Para o delineamento de cada um dos seis fatores extraídos da Análise dos Componentes
Principais (ACP) dos atuais resultados do SDS foram considerados os itens com carga fatorial igual
ou superior a 0,30, como apontado anteriormente. Desta forma foi possível constituir, com clareza,
os itens representativos de cada um dos tipos do modelo RIASEC de Holland (1997). O fator 1
ficou composto por itens representativos do tipo Convencional, o qual se caracteriza pela eficiência
no cumprimento de tarefas de maneira rígida e bem organizada, pela valorização atribuída ao
acúmulo de bens materiais e identificação com o poder. O fator 2 contemplou claramente o tipo
Realista, que caracteriza o interesse por atividades lógicas, que primam a organização e otimização
dos resultados, além do manuseio de equipamentos. O fator 3 identificou o tipo Artístico,
caracterizado pela sensibilidade, criatividade, facilidade em tarefas que envolvam o raciocínio
abstrato. O fator 4 caracterizou o tipo Empreendedor, marcado pela firmeza e energia empregadas
na execução de tarefas e planejamento profissional, além de sua habilidade verbal e persuasiva,
facilitando assim, colocações profissionais de coordenação de atividades. O fator 5 identificou o tipo
Social, caracterizado pela sensibilidade, responsabilidade, humanismo nos contatos interpessoais de
ajuda. Por fim, o fator 6 aqui identificado caracterizou o tipo Investigativo, voltado aos
processamentos relativos ao pensamento, à criatividade, à manipulação de palavras e às novas
idéias, centrado pela necessidade de compreensão dos elementos da realidade.
Esses resultados comprovaram a estrutura RIASEC como um modelo apropriado para
explorar a estrutura dos interesses dos adolescentes avaliados. Evidenciou-se, deste modo,
índices fortalecedores da validade de construto do SDS na realidade sociocultural brasileira
contemporânea, confirmando achados da literatura nacional (Mansão, 2005; Primi et al, 2004)
e internacional da área (Tracey & Rounds, 1993; Rounds & Tracey, 1996; Holland, 1997; Soh
& Leong, 2001; Du Toit & Bruin, 2002; Elosua, 2007).
Ao focalizar os resultados da análise da estrutura interna do BBT-Br, apesar da ACP com
solução de oito fatores (como previsto pelo modelo teórico da técnica) explicar 38,4% da
variância dos resultados, a composição dos fatores não ficou claramente organizada em função
dos fatores de inclinação motivacional pressupostos por Achtnich (1991). Apesar deste limite,
esta análise carrega o mérito de detalhar características estruturais do instrumento, verificando a
complexidade e a multiplicidade de fatores que compõem as profissões (dificultando sua
representação unifatorial nas fotos do BBT), conforme Achtnich (1986, 1991) já ponderava em
suas considerações teóricas e clínicas. Desta forma, esta presente análise, apontou que as fotos do
BBT-Br, em suas duas versões, abordam os elementos teoricamente previstos (fatores de
Achtnich), porém numa distribuição onde estes fatores tendem a aparecer acoplados, o que exigirá
novos estudos, novamente ultrapassando as atuais possibilidades.
161
física). Por fim, o fator 8 do BBT-Br feminino constitui-se por fotos prioritariamente
representativas do fator M, caracterizando atividades ligadas ao manuseio da matéria, de
excrementos e de substâncias químicas (como a horticultora, a dona de casa e a caseira de sítio).
O resultado visualizado por meio da ACP das duas versões do BBT-Br permitiu
verificar a complexidade na demonstração e categorização dos fatores que compõem este
instrumento projetivo de clarificação das inclinações motivacionais, como teoricamente
definido por seu criador (Achtnich, 1991). O BBT-Br apresenta-se por estímulos visuais,
nomeadamente imagens fotográficas de profissionais em ação. De acordo com Achtnich
(1991), a composição deste instrumento por imagens favoreceria a manifestação de elementos
projetivos do indivíduo a respeito de seus interesses profissionais, os quais necessariamente
estariam arraigados em sua personalidade. Dentro deste contexto, é preciso relembrar a
multifatoriedade das profissões, concepção enfaticamente destacada por Achtnich (1991) por
ocasião da elaboração de seu instrumento, permitindo ao avaliando diversidade de abordagens
e de percepções / interpretações destes estímulos. Partindo dessas considerações, é possível
compreender a diversidade de elementos presentes nos oito fatores do BBT-Br determinados
pela ACP presentemente realizada. Apesar desta aparente diversidade, foi possível observar o
predomínio de itens que se concentravam em um fator específico ou então de itens bastante
relacionados. O fator G foi freqüente na composição de todos os fatores desta ACP, podendo
ser compreendido como evidência de sua importância como elemento integrador na
constituição da personalidade vocacional, ou seja, o uso da criatividade, do pensamento e do
raciocínio abstrato como sendo básico na composição de vários interesses profissionais.
Na direção de referências encontradas na literatura, é fato aceito pela maioria dos
especialistas da área de avaliação psicológica, que o rigor psicométrico agrega maior
sustentação aos instrumentos avaliativos (Alves, 2004). No entanto, torna-se necessário
refletir sobre a viabilidade da aplicação de uma análise psicométrica, com os mesmos rigores
técnicos, a um teste projetivo, uma vez que se tratam de instrumentos que se diferenciam em
seus princípios (Alves, 2004; Meyer & Kurtz, 2006; Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado,
2006; Fensterseifer & Werlang, 2008). Levando-se em conta essas considerações, pode-se
dizer que os resultados avaliados neste trabalho fortaleceram o BBT-Br como um instrumento
útil e apropriado na investigação da estrutura dos interesses dos adolescentes avaliados. No
entanto, considerando-se o caráter projetivo da técnica, ressalta-se a importância do avaliador
e da boa aplicação da técnica para que a interpretação de seus resultados seja realizada com
propriedade (Draime & Jacquemin, 1989).
164
motivacionais caracterizadas pela energia, força e precisão nas relações humanas, habilidade
verbal, relacionamentos interpessoais motivados pelo dinamismo, entusiasmo e extroversão,
como teoricamente proposto por Achtnich (1991). Para finalizar, observou-se correlações
significativas entre o tipo Convencional do SDS com o fator V do BBT-Br, sinalizando assim,
características de organização, raciocínio lógico, rigidez, conservadorismo e apreço por bens
materiais, típicos das características atribuídas ao tipo Convencional de Holland (1997).
Para facilitar a sistematização das correlações significativas acima descritas e
interpretadas, foi elaborado um quadro de síntese dos principais achados da atual análise
correlacional entre SDS e BBT-Br. Estas evidências estão apresentadas no Quadro 4.
TIPOS
PSICOLÓGICOS R I A S E C
(Holland, 1997)
FATORES DO
BBT-BR K, GeV ZeG S, W, VeO V
(Achtnich, 1991) V,G,M G, Z, O
afirmação vai de encontro com reflexões teóricas e empíricas de Achtnich (1988, 1991) no
sentido de afirmar que a escolha profissional estaria diretamente relacionada às características
de personalidade do indivíduo, sendo que uma boa escolha seria favorecedora de saúde
mental e de bem estar.
Esta concepção integradora de conceitos que antigamente eram avaliados
separadamente, a saber, cognição, personalidade e interesses, têm se mostrado uma tendência
atual na literatura da área de Orientação Profissional em interface com a avaliação
psicológica. Vários trabalhos confirmaram a hipótese de comunalidade dos construtos citados
e reforçam a sua importância no processo de escolha profissional (Ackerman & Beier, 2003;
Roberti, Fox & Tunick, 2003; Gasser, Larson & Borgen, 2004; Primi et al, 2002; Bueno,
Lemos & Tomé, 2004). Esse ponto de vista teórico, a priori, assume que as características de
personalidade e as disposições afetivas e emocionais de um indivíduo refletem diretamente
em suas escolhas motivacionais ao longo de seu desenvolvimento, podendo favorecer (ou
não) a satisfação das necessidades pessoais.
Poder-se-ia aqui argumentar que, dentro dessa visão abrangente de integração destes
citados construtos, a teoria de Holland (1997) apresentou-se como um modelo estrutural
interativo ou tipológico interativo. Por sua vez, o modelo de Achtnich (1991) assumiu que as
motivações profissionais também poderiam ser classificadas em fatores interativos. Isso
decorre do fato de serem constituídos por variáveis que se inter-relacionam constantemente e,
por isso, no caso do BBT-Br, nenhuma atividade profissional poderia ser caracterizada
somente por um fator. Portanto, identificam-se pontos de similaridade teórica entre os dois
modelos, como inicialmente hipotetizou-se nesta presente investigação, suposição que foi
aqui confirmada por meio da elevada convergência dos resultados provenientes do SDS e do
BBT-Br. Essas ponderações se harmonizam com as orientações de Messick (2000) a respeito
da necessidade de várias evidências empíricas cruzadas para, em sua integração, conseguir-se
demonstrar a validação de um construto ou hipótese. Este processo tornou-se profícuo e eficaz
no presente trabalho, onde foi possível fortalecer os indicadores de validade das técnicas de
avaliação psicológica utilizadas, nomeadamente as duas versões do BBT-Br.
167
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
169
8. REFERÊNCIAS∗
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9. ANEXOS E APÊNDICES
197
Protocolo nº:___________
Sistema de Pontos
Posse de itens
Não tem TEM
1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 2 3 4 5
Rádio 0 1 2 3 4
Banheiro 0 2 3 4 4
Automóvel 0 2 4 5 5
Empregada mensalista 0 2 4 4 4
Aspirador de pó 0 1 1 1 1
Máquina de lavar 0 1 1 1 1
Videocassete e/ou DVD 0 2 2 2 2
Geladeira 0 2 2 2 2
Freezer (aparelho 0 1 1 1 1
independente ou parte
da geladeira duplex)
1
ANEP – Associação Nacional de Empresas de Pesquisa – www.anep.org.br. Dados com base no Levantamento
Sócio Econômico – 2000 – IBOPE.
198
Estamos realizando uma pesquisa chamada: “O BBT-Br na atualidade: Evidências de validade”, que
será desenvolvida como atividade de Doutorado da psicóloga Erika Tiemi Kato Okino, sob orientação da Profa.
Dra. Sonia Regina Pasian, ambas do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Esta pesquisa pretende verificar a adequação
do uso de um teste de fotos de profissões (chamado BBT-Br) para avaliar interesses profissionais em estudantes
do ensino médio público de Ribeirão Preto (SP), que estejam no terceiro ano e com idade de 16 a 18 anos.
Pretende-se identificar os interesses comuns dos alunos desta idade no momento em que estão pensando sobre as
suas escolhas profissionais (final do ensino médio).
Com esta finalidade, os estudantes interessados em participarem desta pesquisa, serão convidados a
responder, juntamente com seus pais e/ou responsáveis, a um questionário sobre a sua história pessoal e outro
sobre o padrão socioeconômico da família. Após a devolução desses questionários, os adolescentes responderão,
em sala de aula de sua escola, a dois instrumentos de avaliação psicológica: 1) uma escala de interesses
profissionais e 2) um teste de fotos de profissões; ambos com o objetivo de avaliar os interesses e motivações,
envolvidos no processo de escolha profissional. Essas atividades deverão demorar em torno de 70 minutos, não
implicando em riscos aos participantes da pesquisa.
Ao final do processo de análise de dados, poderão ser apresentados, sob a forma de palestras, os
resultados gerais aos interessados, assim como aos coordenadores das escolas colaboradoras, podendo assim,
estimular a reflexão e o autoconhecimento sobre suas motivações e sobre esse momento de escolha profissional.
Os resultados dessa pesquisa serão utilizados em publicações científicas e apresentações em congressos,
devendo ser a base para o trabalho do Doutorado da pesquisadora principal. Os participantes desse estudo não
serão identificados, garantindo-se a preservação do sigilo de sua identidade, pois os resultados serão tratados de
forma coletiva, caracterizando o conjunto de adolescentes estudados.
Diante das informações recebidas, declaro que as compreendi e que:
1) aceito participar voluntariamente desse estudo, não tendo sofrido nenhuma forma de pressão para isso;
2) se for de minha vontade, posso deixar de participar do estudo a qualquer momento;
3) se não concordar em participar deste estudo ou interromper minha participação, minha possibilidade de
receber outras orientações de minha necessidade não será prejudicada.
Diante do exposto, assino o presente termo, declarando meu consentimento livre e esclarecido para esta
pesquisa, juntamente com meus pais ou responsáveis.
____________________________________ ______________________________
Nome por extenso do participante Assinatura do participante
___________________________________________________________________________
Nome por extenso e assinatura do PAI /MÃE ou responsável pelo participante
_______________________________
Erika Tiemi Kato Okino (pesquisadora principal)
PESQUISADORAS RESPONSÁVEIS:
- Erika Tiemi Kato Okino (CRP: 06/43607-6) - Psicóloga do Dep. de Psicologia e Educação da FCLRP/USP.
- Profa. Dra. Sonia Regina Pasian – Docente do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP-USP.
CONTATOS: Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico – Departamento de Psicologia e Educação – Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras – Universidade de São Paulo.
- Endereço: Av. Bandeirantes, 3900 – Monte Alegre – Ribeirão Preto (SP) – CEP: 14.040-901
- Fones: 3602.3831 / 3602.3785 - E-mail: erikatko@ffclrp.usp.br ou srpasian@ffclrp.usp.br
200
- Senhores pais e estudantes, solicitamos que, por favor, respondam às questões abaixo
da forma mais completa possível. Essas questões têm como objetivo ajudar a
compreender os estudantes que participam voluntariamente deste trabalho. Cabe
reafirmar nosso compromisso de completo sigilo a respeito das informações obtidas,
assim como da identificação dos participantes.
- Por fim, solicitamos que, por gentileza, devolvam esse questionário juntamente com o
Termo de Consentimento para Pesquisa, devidamente assinado.
- Muito Obrigada!
13. O estudante realiza atualmente ou já realizou algum tipo de trabalho ou estágio, junto
com os estudos? ( ) Não ( ) Sim. Qual? ________________________
14. Por quanto tempo trabalhou, considerando-se todas as experiências já realizadas?
( ) de 1 a 5 meses ( ) 6 meses ( )de 6 meses a 1 ano ( ) mais de 1 ano
15. Quais são as atividades profissionais / estágios que o estudante desenvolve ou já
desenvolveu?
____________________________________________________________________________
16. Informação complementar que deseja oferecer: ___________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
201
Prezado(a) colaborador(a),
Sônia Pasian
Profa. Dra. do Departamento de Psicologia e Educação
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade
de São Paulo
202