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Apontamentos de Biologia Oral

2020/2021
Estrutura do dente

No ser humano adulto existem geralmente 32 dentes


dispostos em duas arcadas, com 8 dentes em cada
quadrante: 1 incisivo central, 1 incisivo lateral, 1 canino, 2
pré-molares e 3 molares (incluindo o ciso).

Na dentição decídua existem apenas 20 dentes, 5 em cada


quadrante, não existindo pré-molares (os molares decíduos
são precursores dos pré-molares, sendo que os molares
permanentes não têm um percursor decíduo).

Cada dente tem uma porção que se


projeta acima da gengiva- a coroa- e
uma ou mais raízes abaixo da
mesma.
Coroa

A coroa é revestida por um tecido


mineralizado designado esmalte e as
Colo do dente raízes por outro tecido mineralizado,
o cemento, sendo que estes se
encontram no colo do dente.
LIGAMENTO
PERIODONTAL
Mais interna e imediatamente abaixo
do esmalte e do cemento temos a
Raiz

dentina, tecido mineralizado que


compõem a maior parte do dente e
que circunda a cavidade pulpar,
preenchida pela polpa dentária,
tecido conjuntivo frouxo muito
Forame
Apical vascularizado e inervado.

A cavidade pulpar contem uma porção coronária- a câmara pulpar- e uma porção na raiz,
o canal radicular, estendendo-se até ao ápice do dente, onde o forame apical possibilita a
entrada e saída de vasos sanguíneos, linfáticos e nervos da polpa.

O ligamento periodontal é um tecido conjuntivo com feixes grossos de fibras colageneas


que se inserem no cemento e no osso alveolar, fixando o dente firmemente ao alvéolo.

Nota: O órgão dentário é composto por esmalte, dentina e polpa. O cemento faz
parte do periodonto, por questões embriológicas.

Para observar estas estruturas ao microscópio são utilizadas diferentes técnicas


dependendo se estamos a observar tecidos dentários duros (cortes não-desmineralizados-
Microscopia ótica de luz polarizada) ou tecidos dentários moles (técnicas
desmineralizadas).

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


Nota: o fluoreto de cálcio protege o esmalte

Técnica desmineralizada Microscopia ótica de luz polarizada

Esmalte

O esmalte é a estrutura mais mineralizada (mais dura) do corpo humano


Dureza na escala de knoop=343
Composto por cerca de 96 a 97% do peso e 86% do volume inorgânico (formado
principalmente por cristais de hidroxiapatite e outros iões como o chumbo, fluor
magnésio e estrôncio), 3% de água e apenas 1% matéria orgânica (glicoproteínas,
proteínas não colagénicas; 90% amelogeninas e 10% enamelina e ameloblastina)
Tem origem ectodérmica
Espessura diferente conforme as zonas, é mais fininho na zona cervical junto à
dentina
É translúcido, sendo que a cor varia com a espessura e translucidez (quanto mais
mineralizado mais translúcido) e a coloração da dentina subjacente
É secretado pelos ameloblastos e após completar a sua formação, estes involuem,
desaparecendo durante a erupção dentária por apoptose (o esmalte não tem poder
regenerativo).
Nota:
Os ameloblastos são células exócrinas responsáveis pela amelogénese (formação
de esmalte), são compostos por: Processos de Thomes (embebidos na matriz do
esmalte excretada), RER , Complexos de Golgi, Vesículas e muitas mitocôndrias.

É uma estrutura avascular, sem inervação e acelular (não contém células, por isso
não é considerado um tecido)
Na sua superfície macroscópica podemos observar bandas de ondas de 30 a 100
μm e linhas de Pickerill.
A sua unidade básica estrutural são os prismas, que se estendem desde da junção
amelo-dentinária até à superfície do esmalte, aumentando gradualmente o seu
diâmetro.
Apresenta zonas hipomineralizadas na sua camada mais interna: os tufos do
esmalte, compostos por tufelina e as lamelas do esmalte, mais longas e menos
comuns que os tufos e resultantes da maturação incompleta dos prismas.

Esmalte Lamela Tufos

Dentina

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


O ácido ascórbico pode causar a
desmineralização dos cristais de hidroxiapatite.
Dentina

Tecido conjuntivo avascular e mineralizado, mais duro que o osso (2ª substância
mais dura do nosso corpo)
Composta por 70% de matéria inorgânica (sais de Ca2+ na forma de cristais de
hidroxiapatite), 18% de matéria orgânica (fibras de colagénio tipo I, proteoglicanos,
glicoproteínas) e 12% água
Coronalmente coberto por esmalte e apicalmente recoberto por cemento
Alto grau de elasticidade que protege contra fraturas no esmalte
Constitui a maior parte do volume do dente
A polpa está totalmente inserida na dentina com exceção da área do ápex, onde
comunica diretamente com o periodonto
Possui túbulos dentinários onde encontramos os prolongamentos dos
odontoblastos, distinguindo-se a dentina intertubular (entre os túbulos) e peritubular
(intratubular)
Composição orgânica e inorgânica, a densidade e diâmetro tubular e a
magnitude peritubular variam com a profundidade da dentina

A sua mineralização continua mesmo após a formação completa do dente, podendo


regenerar-se.
É secretada pelos odontoblastos, células alongadas localizadas na periferia da
polpa, junto à pré-dentina, que possui uma extensão apical ramificada que penetra
nos túbulos dentinários percorrendo toda a sua extensão- prolongamentos
odontoblásticos

Nota:
A matriz secretada pelos odontoblastos é inicialmente não mineralizada e denomina-
se pré-dentina.

Pré-dentina

Nota: 90% da matéria orgânica da dentina são proteínas colagénicas

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


A hidroxiapatite pode combinar-se com o flúor
e formar a fluoropatite, sendo esta menos
solúvel e mais resistente ao ataque ácido

j
Cortes desmineralizados de dentina:
O – Processos odontoblásticos
D – Túbulos dentinários
uhfuheohwf
ID – Dentina inter-dentinária

Polpa

Consiste num tecido conjuntivo especializado pouco denso (laxo) rico em


proteoglicanos e glicosaminoglicanos
É constituída por 25% de material orgânico e 75% água
Entidades estruturais:
o Células: Odontoblastos, fibroblastos, células mesenquimatosas
indiferenciadas, histiocitos e macrófagos. Poucas células inflamatórias
o Fibras: Colagénio, elásticas e reticulares
o Substância intersticial: Carboidratos complexos, glicoproteínas e outros
Possui uma extensa rede vascular e nervosa, bem como alguns linfáticos.
Comunica com o ligamento periodontal através do forame apical (abertura no ápex
radicular
Encontra-se dividida em 4 zonas:
o (A) Odontoblástica- corresponde há
porção mais próxima da dentina
circumpolar. É onde se encontram os
corpos dos odontoblastos
o (B) Acelular ou de Weil- sem células,
permite algum movimento ao corpo dos
odontoblastos
o (C) Celular- rica em fibroblastos e
células mesenquimatosas
indiferenciadas
o (D) Central- tecido conjuntivo rico em
fibras colagénicas, troncos nervosos,
vasos sanguíneos e células
mesenquimatosas.

Em idade adulta os odontoblastos são mais curtos


e achatados, com densos depósitos acumulados
em vacúolos autofágicos.
A polpa vai perdendo a sua celularidade com a
! idade

Glicosaminoglicanos (GAGs) são glícidos complexos de elevado peso 15 anos vs. 67 anos
molecular (polímeros lineares não ramificados) constituídos por
aminoaçúcares e uronatos, em sequências repetitivas de dissacáridos.
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com exceção do hialuronato, todos os GAGs são sulfatados.
Periodonto

O periodonto compreende a gengiva, o cemento, o osso alveolar e o ligamento periodontal


e a sua principal função é unir o dente ao tecido ósseo da mandibula e da maxila, bem
como manter a integridade da superfície da mucosa oral, uma vez que resiste às forças
mastigatórias.

Possui também uma função nutritiva, sendo muito vascularizado e é ainda responsável por
selar a área periodontal da área oral, impedindo o acesso de bactérias.

A mucosa oral é geralmente lisa, apresentando rugas na língua, palato duro, “stippling” na
gengiva e na linha oclusal (ruga branca). Os seus limites são o vermelhão e a linha muco-
gengival. A mucosa oral é revestida por epitélios pavimentosos estratificados como
espessuras e níveis variados de queratinização, sendo a maior parte não queratinizado.

Constituição geral da mucosa oral

Gengiva Mucosa oral ≠ Gengiva


(A gengiva tem +fibras colageneas e é - elástica)
É uma membrana mucosa, firmemente aderida ao periósteo dos ossos maxilar e
De modo a
mandibular satisfazer
Composta por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado ou não, dependendo as
da região, e lâmina própria contendo numerosas papilas conjuntivas. exigências
funcionais
Possui uma parte especializada do epitélio, designado epitélio juncional, que se
encontra unida ao esmalte do dente através de uma cutícula semelhante a uma
espessa camada basal, onde estão aderidas células epiteliais por meio de
hemidesmossomas.
Entre o esmalte e o epitélio acima do epitélio juncional encontramos o sulco
Sulco gengival
gengival, com profundidade de até 3mm e circundando a coroa.
espaço à volta
do dente, AG- gengiva aderente
delimitado Nota:
FG- gengiva livre
pela superfície Durante um exame clínico
E- Esmalte
do dente de a medida da profundidade
OSE- Epitélio sulcular oral
um lado e pela do sulco gengival é muito
JE- epitélio juncional
margem importante no diagnóstico
CEJ- junção amelocimentaria
gengiva da de uma possível doença
LP- lâmina própria
livre do outro periodontal.
AB- Osso alveolar
lado.

O topo da crista do osso alveolar está 1mm abaixo da


junção amelocimentaria, distância com importância clínica
BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
Podemos identificar 4 tipos de epitélio na gengiva: c
G
o Oral- composto por quatro camadas:

Epitélio Gengival Oral


• Córnea- +externa
O sulco gengival é revestido • Granulosa Prickle cells layer
E
pelo epitélio sulcular que não é
• Espinhosa- presença de junções
queratinizado e se torna
progressivamente mais fino,
celulares através de desmossomas
passando para o epitélio • Basal ou germinativa- mais próxima
juncional que contacta com a do tecido conjuntivo que emite B
superfície do dente. papilas para o epitélio de forma a
Tecido conjuntivo
nutri-lo
o Juncional- epitélio unido ao esmalte do dente, abaixo do sulco gengival.
Sofre um aumento de espessura na presença de bactérias
o Sulcular- epitélio no sulco gengival, + estreito que o juncional
o Do Col- extremamente fino

Nota: O septo entre os molares é mais largo


(e contém ramos da artéria septal?)
Septo
O tecido conjuntivo gengival é constituído:
o Células: Fibroblastos, Mastócitos, Macrófagos, Células inflamatórias
o Fibras: Colageneas, Oxintalâmicas, Reticulares, Elásticas
As fibras gengivais podem dividir-se em
5 tendo em conta as suas inserções:
o Dento-gengivais (1)
o Dento-periósteas (2)
o Trans-septais (3)
o Gengivo-periósteas (4)
o Circulares (5)

Referências Anatómicas Clínicas Gengivais e Para-gengivais

Gengiva Aderente
Depressão Gengival Livre

Gengiva Livre
Gengiva
Margem Livre Gengival

Linha muco-gengival

Mucosa oral

Papila Gengival

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As células mais
superficiais
estão mortas
Distinção entre epitélio queratinizado ou não

A- Gengiva ortoqueratinizada mostra uma camada granular estreita e escura.


B- Gengiva paraqueratinizada mostra escamas de queratina que retêm núcleos
picnóticos e uma camada granular que contém apenas alguns grânulos dispersos.
Apesar de não Diferentes
C- Mucosa bucal não queratinizada não mostra distinção clara entre os estratos
queratinizados o tipos de
Ep. Sulcular e
celulares, e os núcleos são aparentes nas camadas superficiais. queratina
juncional têm Epitélio oral contribuem
Nos tecidos não queratinizados as
citoqueratina o Paraqueratinizado – 75% células à superfície estão vivas, há
para as
distribuída no o Ortoqueratinizado – 15% propriedades
uma maior permeabilidade, o que
citoplasma, de diferentes
o Não queratinizado – 10% os torna suscetíveis à entrada de
tipos de
queratina rica microrganismos.
em resíduos de Epitélio sulcular » não queratinizado e estreito. epitélio.
cisteínas. Epitélio juncional » não queratinizado.
As queratinas são ácidas (tipo I) e básicas
Nota: À medida que as células vão sendo queratinizadas, a queratina (uma (tipo II). Associam-se uma com a outra para
formar hélices α entrelaçadas e estendidas,
escleroproteína) vai sendo acumulada no citoplasma das células superficiais.
longitudinalmente e lateralmente em camadas
A queratina, além de ser impermeável, proporciona resistência ao atrito. e/ou arranjos extremidade a extremidade para
formar filamentos intermediários citosólicos.
Fluído crevicular gengival

O fluido crevicular é proveniente


principalmente dos fluidos teciduais
nos capilares sanguíneos. Ele flui para
a lâmina própria, através do epitélio
juncional e para o fluido crevicular
gengival (GCF). Em seguida, ele
passa para a saliva a uma taxa de
cerca de 0,3 μL/ dente/h.
Este fluído possui propriedades
antimicrobianas que ajudam a limpar o
sulco gengival, bem como proteínas
plasmáticas que aumentam a adesão
entre as células epiteliais

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


No epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, as
células basais são ancoradas por hemidesmossomas à
lâmina basal e por desmossomas às células adjacentes,
Células do epitélio oral contendo no seu citoplasma filamentos de citoqueratina.

O queratinócito é o principal
tipo de célula do epitélio
gengival, bem como de
outros epitélios pavimentosos
estratificados (≈ 90%), outras
células encontradas no
epitélio, denominadas não
queranócitos:

o Células de Langerhans- são monócitos modificados (origem hematopoiética), com


função imunológica, reconhecendo e processando antigénios pelos linfócitos T.
Para além do epitélio Oral são também encontradas no epitélio Sulcular, menos no
epitélio juncional
o Células de Merckel- Localizam-se no estrato basal do epitélio oral e estão
adjacentes a terminações nervosas amielínicas, sendo que desempenham função
de recetores mecânicos da mucosa oral.
o Melanócitos- Encontram-se no epitélio, entre os queratinócitos da lamina basal;
Apresentam Retículo Endoplasmático e Complexo de Golgi bem desenvolvidos
dando origem aos melanossomas, grânulo que contêm o pigmento melanina, sendo
a melanina produzida é transferida para os queratinócitos.

Cemento

Recobre a dentina radicular e assemelha-se em composição


ao tecido ósseo, embora não contenha vasos sanguíneos e
sistemas de havers
É composto por 65% matéria mineral, 23% matéria orgânica
e 12% água
É mais espesso na região apical da raiz, onde podem ser
encontrados os cementócitos, semelhantes aos osteócitos,
estando também enclausurados em lacunas, no entanto
quase não comunicam entre si por canalículos como ocorre
nos osteócitos
A sua nutrição provém sobretudo do ligamento periodontal
Pode ser dividido em:
o Celular- região apical
o Acelular- região coronária
As fibras da matriz estão dispostas paralelamente á superfície radicular e com
menor espaçamento comparativamente ao osso alveolar e as fibras de sharpey
estão imobilizadas(?)- fibras de colagénio tipo V

Nota: Tem uma atividade metabólica mais baixa que o osso, uma vez que é menos
irrigado, o que permite que haja movimentação dos dentes por meio de aparelhos
ortodônticos sem que ocorra reabsorção óssea

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


Osso Alveolar

Está em contacto direto com o ligamento periodontal


É um tipo de osso imaturo ou primário, uma vez que as fibras colageneas não estão
arranjadas no padrão lamelar típico do osso adulto
Possui vasos sanguíneos que o atravessam penetrando no ligamento periodontal
ao longo da raiz formando os vasos perfurantes
Distinguimos:
o Tábua Vestibular
o Tábua Lingual
o Canal Dentário
o Canais de Volkmann (V)
o Crista Óssea
o Septo Interdentário (I)
o Septo Inter-radicular

Canal Dentário (?)

Septo inter-radicular (?)

Ligamento Periodontal

É composto por um tipo especial de tecido conjuntivo cujas fibras se encontram


arranjadas em feixes espessos (Fibras de Sharpey), que penetram no cemento e
osso alveolar de forma a que a haja um movimento limitado do dente
Constituição:
o Outro tipo de fibras: Elásticas e Oxitalâmicas
o Células: Fibroblastos, Osteoblastos, Cementoblastos, Osteoclastos,
Macrófagos e Mastócitos
As fibras de Sharpey são mais numerosas e mais finas no cemento acelular e menos
numerosas, mais espessas e inseridas de modo mais distanciado no osso alveolar
A sua espessura varia entre 0.1-0.4 mm, dependendo da área e função
As fibras de colagénio principais podem ter diferentes orientações:
o Fibras da crista dento-alveolar (1)
o Fibras horizontais (2)
o Fibras obliquas (3)
o Fibras apicais (4)
o Fibras inter-radiculares (5)

Nota: As fibras do ligamento estão organizadas de forma


a suportar as forças exercidas durante a mastigação, o
que evita a transmissão direta dessas forças sobre o osso
alveolar e prevenindo eventos de reabsorção óssea.

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Irrigação do periodonto

Gengiva:

Vasos subperiósteos, ramos das artérias:


o Sublingual
o Mentoniana
o Bucal
o Facial
o Grande palatina
o Infra-orbitária
o Dentária supero-posterior

1.Artéria Supra-perióstea

2. Artéria do Ligamento Periodontal

3. Artéria Alveolar

4. Artéria Septal

Fundamentos de Periodontologia- Da saúde para a patologia

A doença periodontal compreende um grupo de condições inflamatórias dos tecidos de


suporte dos dentes causadas por bactérias.

Uma vez que a cavidade oral funciona como um ecossistema microbiano, é necessário
uma identificação precisa dos agentes patogénicos que causam a doença periodontal.

Não Saudável
Saudável

Inflamação é considerada
uma situação de inchaço,
dor, vermelhidão e calor.

O quadrilátero de Celso

Os microrganismos periodontais são uma comunidade complexa, sendo o seu isolamento


quase impossível em laboratório. Correntemente, parece que múltiplas espécies são
patogénicas, e que espécies que funcionam como agentes patogénicos num sítio podem
também estar presentes numa reduzida população em sítios saudáveis.

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


É de realçar que a saliva, para além de ter uma ação antimicrobiana, em condições
extremas (quando esta tem uma alteração da qualidade, por exemplo) pode promover o
armazenamento de bactérias e a potencialização da manutenção da placa bacteriana.

A placa bacteriana é um biofilme associado


ao hospedeiro, sendo a comunidade do
Nota: biofilme é formada, inicialmente, através de
A placa interações bacterianas com o dente, e, então,
bacteriana é através de interações físicas e fisiológicas
a principal entre diferentes espécies dentro da massa
causa de microbiana.
gengivite e
As bactérias encontradas na placa de
periodontite.
biofilme são fortemente influenciadas por
fatores do meio ambiente externo que podem
ser mediados pelo hospedeiro.

A placa bacteriana é amplamente classificada em dois tipos conforme a sua localização na


superfície do dente:

Supragengival- encontrada acima ou ao nível da margem gengival


Subgengival- encontrada abaixo da margem gengival, entre o dente e o tecido
gengival do sulco

Consideramos saúde periodontal um estado de equilíbrio no qual a população bacteriana


coexiste com o hospedeiro, não ocorrendo danos irreversíveis nem para os tecidos do
hospedeiro, nem para as bactérias.

A quebra no equilíbrio pode constituir alterações tanto no hospedeiro como no biofilme


bacteriano, e tem como resultado a destruição do tecido conjuntivo do periodonto. Há
diversos fatores que afetam a dinâmica de equilíbrio:

Por aumento da agressão devido a fatores locais:


o Cálculos (placa bacteriana calcificada)
o Dentisteria defeituosa (p.e anomalias na forma dentária)
o Tratamentos Ortodônticos (Retenção de placa, irritação provocada pelas bandas)
o Impacto alimentar
o Respiração bucal (não há filtração do ar pelas vibricias, mais bactérias)
o Hábitos (parafuncionais- bruxismo, roer as unhas, morder o lápis, etc.)

Cálculos = Tártaro
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Por fatores sistémicos- defesas diminuídas:
o Hormonais
o Nutricionais
o Genéticos
o Traumatismo oclusal

Nota: Os inícios bruscos característicos da doença periodontal devem ser o resultado


da penetração bacteriana ativa e destruição dos tecidos periodontais.

Mecanismo de destruição mediado pelas bactérias

As bactérias libertam substâncias que afetam direta ou indiretamente os tecidos que


compõem o periodonto:

Toxicidade direta:
o Libertação de enzimas:
A colagenase vai • Protéases (colagenase, hialuronidase, sulfatase de condroitina) que
destruir as fibras de destroem as proteínas de adesão das células, facilitam a entrada de
colagénio tipo IV
bactérias nos tecidos
presentes na gengiva,
• Fosfatases alcaninas e ácidas
ficando esta menos
resistente e mais mole, • Fosfolipases
sangrando ao toque. • Aminopeptidases
o Produtos finais do metabolismo bacteriano:
• Compostos voláteis sulfúricos, levam á desmineralização dos
cristais de hidroxiapatite
• Amónia
• Indol
• Ácidos gordos
Toxicidade indireta:
o Reação imunitária local, defesa contra a infeção bacteriana que pode
causar destruição tecidular por vários mecanismos imunológicos:
Ocorre uma destruição • Células inflamatórias: Neutrófilos, macrófagos, linfócitos, células
das fibras conjuntivas
plasmáticas
que são substituídas por
• Anticorpos: IgG, IgM, IgA, IgE, IgD
células inflamatórias.
• Complemento: ativado pela interação antigénio-anticorpo

Primeira linha de defesa

Para combater as infeções provocadas por agentes patogénicos, o nosso organismos


desenvolveu mecanismos de defesa:

Descamação- o epitélio oral vai descamando, não permitindo uma grande


aglomeração de bactérias
O fluído crevicular- que tem propriedades antibacterianas. Quanto maior o fluxo de
fluído maior a inflamação causada.
Aumento de espessura do epitélio- com o epitélio juncional a emitir digitações sobre
o tecido conjuntivo, aumentando a sua superfície, bem como uma proliferação da
camada basal como método de defesa, acompanhados da formação de neovasos,
tornando a gengiva inflamada mais sensível e suscetível a sangramentos.

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Efeito antimicrobiano- anticorpos
Função fagocítica- polimorfonucleares (PMNs) e Macrófagos
Função perniciosa do Complemento sobre microrganismos- proteínas plasmáticas
que vão fixar opsinas nos agentes patogénicos levando à sua fagocitose e induzindo
uma série de respostas inflamatórias que vão ajudar no combate à infeção

Gengivite Nota: A gengivite é um processo reversível

A gengivite, por definição, trata-se de uma inflamação da


gengiva, estando as alterações patológicas associadas à
presença de microrganismos no sulco gengival.

Esses organismos são capazes de sintetizar produtos (por


exemplo, colagenase, hialuronidase, protéase, endotoxina...)
que causam danos às células epiteliais do tecido conjuntivo e
aos constituintes intercelulares, como o colagénio, substância
fundamental e glicocálice (revestimento celular).

O alargamento resultante dos espaços entre as células do epitélio juncional durante o início
da gengivite pode permitir que agentes nocivos, derivados das bactérias ou da própria
bactéria, tenham acesso ao tecido conjuntivo.

As papilas estão,
frequentemente, mais
comprometidas do
que a margem
gengival, e os
primeiros sinais da
gengivite ocorrem em
geral na papila.

A periodontite pode ocorrer de


um gengivite que não foi tratada.
Periodontite

É uma inflamação gengival, envolvendo o epitélio, tecido conjuntivo e fibras, que progride
para o osso alveolar e ligamento periodontal. Esta doença infeciosa, iniciada pela presença
de placa bacteriana, provoca inflamação dos tecidos de suporte do dente, perda
progressiva de inserção e perda óssea.

Nota: Existe uma discrepância entre a crista do osso alveolar e a junção amelocimentária que
fica ainda maior em situações de periodontite devido à reabsorção óssea, que decorre da
progressão e desenvolvimento da placa bacteriana.

BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre


Proteínas de adesão da camada epitelial

No epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, as células basais são ancoradas por


hemidesmossomas à lâmina basal e por desmossomas às células adjacentes, contendo no
seu citoplasma filamentos de citoqueratina.

Na porção mais apical da


célula, as posições relativas
das junções são as mesmas
em quase todos os epitélios
vertebrados.
À medida que as células se diferenciam e se deslocam pelo epitélio estratificado as
proteínas de citoqueratina mudam de forma de baixo peso molecular para proteínas de
maior peso molecular, enquanto as células desenvolvem corpúsculos lamelares, que são
grânulos circundados por membrana contendo fosfolipídios posteriormente secretados por
exocitose para o meio extracelular.

Proteínas de adesão transmembranar

Estas proteínas ligam o citoesqueleto a estruturas extracelulares, sendo que a ligação


externa pode ser:

a outras células » junções célula-célula, mediadas tipicamente por caderinas


à matriz extracelular » junções célula-matriz,
mediadas tipicamente por integrinas

A ligação interna ao citoesqueleto é geralmente


indireta, via proteínas adaptadoras intracelulares.

As caderinas são acopladas indiretamente aos


filamentos de actina através de um complexo de
proteínas adaptadoras contendo p120-catenina, β-
catenina e αcatenina.

Outras proteínas, incluindo a vinculina, associam-se à


α-catenina e ajudam na ligação à actina. A β-catenina
tem uma segunda e muito importante função na
sinalização intracelular.
Integrinas
Glicoproteína transmembranar com domínios no meio extracelular
(liga-se à laminina, à fibronectina e ao colagénio) e intracelular (liga-
se aos microfilamentos de actina, talina, vinculina, plectina, etc.).
É um heterodímero com cadeias α e β BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
As proteínas de ligação
transmembranares,
desmogleína e desmocolina,
são membros da família das
Na superfície citoplasmática caderinas, moléculas de
de cada uma das adesão célula-célula
membranas plasmáticas
interactuantes está uma
placa densa composta de
uma mistura de proteínas de
ligação intracelulares Preenchem o espaço entre as
(incluindo placoglobinas e células epiteliais por ligações
desmoplaquinas). homofílicas do seu domínio
Cada placa está associada
extracelular a outras
com uma rede densa de caderinas do desmossoma na
filamentos de queratina, que célula adjacente, isto é, ligam-
estão ligados à superfície da se às placas e interatuam
placa através dos seus domínios
extracelulares para manter as
membranas adjacentes juntas
por um mecanismo
dependente de Ca2+

Junções de ancoramento

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Tight Juction

Cadeias de proteínas mantêm as superfícies


extracelulares de duas membranas
plasmáticas adjacentes unidas de modo que
não haja espaço extracelular entre elas.
Restringe o movimento da maioria das
moléculas orgânicas entre as células, mas
permite a passagem de pequenos iões e de
água.
As proteínas de membrana integral das duas
células ligam-se através do espaço
extracelular e vedam o espaço entre elas.
Os principais componentes extracelulares da
são proteínas com quatro domínios
transmembranares. Uma dessas proteínas, a
claudina, é a mais importante, enquanto a
proteína occludina
Os dois terminais dessas proteínas estão ambos no lado citoplasmático da
membrana, onde interagem com proteínas scaffolding que se ligam ao
citoesqueleto de actina.
Suporte não celular entre o epitélio e o tecido conjuntivo, é resistente
Lâmina Basal
e tem uma função importante no controlo do comportamento celular
A lâmina basal é derivada a partir do epitélio e do tecido conjuntivo, mas os seus principais
componentes são formados a partir dos fibroblastos do tecido conjuntivo e pelas células
epiteliais sobrejacentes.
Secretadas por fibroblastos: laminina-1 mais abundante;
Esta lâmina divide-se em: composta também por laminina-5, secretada por células epiteliais

Lâmina lucida »composta por lamininas, contacta as células epiteliais basais


Lâmina densa » composta por colagénio tipo IV, contacta com os colagénios e
outras proteínas da matriz extracelular.

Malha em forma
de folha com
uma espessura
de 60 a 120 nm

Nota: Os hemidesmossomas ligam a lâmina basal às células epiteliais, no caso específico do epitélio oral medeiam
a ligação das lâminas basais interna e externa ao esmalte e mesênquima, respetivamente.

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Modelo da estrutura molecular de uma lâmina basal

A lâmina basal (A) é formada por interações específicas


entre as proteínas de colagénio, de laminina e de
entactina mais as proteoglicanas perlecana (B). As setas
em (B) ligam as moléculas que se podem ligar
diretamente umas às outras.

Formação da matriz extracelular da lâmina basal

1. As células sintetizam a maioria dos


componentes da membrana basal
(protómeros de colagénio tipo IV e trímeros
de laminina, nidogeno/entactina e
perlecano), e depois secretam essas
unidades funcionais
2. Polimerização da laminina inicia a formação da membrana basal na superfície
basolateral das células. Está ancorado às células por proteínas recetoras tais como
integrinas.

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3. A deposição da laminina leva à associação com a rede de colagénio tipo IV.
O nidógeno/entactina faz a ponte entre o polímero de laminina e a rede de colagénio
tipo IV, embora alguns estudos tenham indicado que a interação direta entre o
polímero de laminina e a rede de colagénio tipo IV é possível.

Os outros componentes da
membrana basal interagem com o
polímero de laminina e a rede de
colagénio tipo IV para organizar
uma membrana basal funcional
sobre o lado basolateral das
células.

Estrutura da laminina

A laminina é composta por três polipéptidos homólogos (α, β e γ), codificados


separadamente e cada um com mais de 1500 aminoácidos.

Contém muitos domínios unidos por ligações


persulfureto numa hélice tripla com extremidades
globulares. O domínio superenrolado do
heterotrímero da laminina é estabilizado por ligações
entre os resíduos de aminoácidos por interações:

hidrófobas (a e d),
hidrófilas (b, c e f)
iónicas (e e g).

Estabilização da estrutura superenrolada da


laminina

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Tecido Conjuntivo

Constituído por células rodeadas por uma extensa matriz extracelular. Há vários tipos
diferentes de tecidos conjuntivos que são classificados de acordo com a organização e
composição dos componentes celulares e da matriz extracelular.

Características:

Predominantemente material intercelular (matriz).


Células amplamente espaçadas.
Origem - mesoderme, crista neural (região da cabeça).
Vascularizada.
Não está presente em superfícies livres ou cavidades corporais.
Inervado.
Classificação - com base na matriz, células, fibras Células do Tecido Conjuntivo
Células Transitórias = Ameboídes
Não têm origem no tecido
conjuntivo e sim na medula

Fibroblastos

Células mais abundantes do tecido conjuntivo, são produtoras


de fatores de crescimento, que controlam o crescimento e a
diferenciação celular e são ainda capazes de modular a sua
atividade metabólica, que se vai refletir na sua morfologia:

o Fibroblasto- maior atividade metabólica


o Fibrócito- menor atividade metabólica

Sintetizam:
»Colagénio, » Elastina
»Glicosaminoglicanos » Proteoglicanos
»Glicoproteínas multiadesivas,

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NOTA: Durante o processo de cicatrização, ocorre a libertação de determinados fatores
tróficos, que fazem com que os fibrócitos se transformem em fibroblastos.

Macrófagos

Célula fagocitária proveniente da medula, o seu precursor no sangue é o monócito


transformando-se em macrófagos nos tecidos.

Características:

Características morfológicas muito variáveis que dependem do seu estado de


atividade funcional e do tecido que habitam;
Citoplasma irregular. Possuem um núcleo oval ou em forma de rim, localizado
excentricamente.
Lisossomas
REL, RER, Golgi desenvolvidos.
Proliferam localmente.
Os macrófagos estão distribuídos na maioria dos órgãos e constituem o sistema
fagocitário mononuclear.

Participam em reações imunes, processos inflamatórios, reações alérgicas e na expulsão


de parasitas.

Mastócitos

Célula globulosa, grande e com citoplasma repleto de grânulos;

A superfície dos mastócitos contém recetores específicos para imunoglobulina E, produzida


pelos plasmócitos.

Núcleo pequeno, esférico e central e de difícil observação por estar frequentemente


encoberto pelos grânulos citoplasmáticos;

Os seus grânulos secretores são heterogéneos e contêm mediadores químicos como:


• Histamina promove o aumento da permeabilidade vascular, importante na inflamação
• Glicosaminoglicanos (heparina e sulfato de condroitina).
• Proteases neutras e o fator quimiostático dos eosinófilos importante na anafilaxia

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Plasmócitos Desempenha um papel de síntese de anticorpos- imunoglobulina
Características:

o Células grandes e ovoides que possuem um citoplasma basófilo, rico em RER e


CG;
o O complexo de Golgi e os centríolos localizam-se numa região próxima do
núcleo;
o Núcleo esférico, excêntrico e com grânulos de cromatina à periferia;
o Pouco numerosos no tecido conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à
penetração de bactérias e proteínas estranhas.
o Origem nos: Linfócitos B.

Substância fundamental

É constituída principalmente por proteínas e glúcidos (glicoproteínas e


proteoglicanos) e quantidades variáveis de água, preenchendo o espaço entre as
células e as fibras.
Participa na ligação das células às fibras de tecidos conjuntivos e suporta as células,
ligando-as e fornece um meio para a troca de substâncias entre o sangue e as
células.
Incolor, transparente e viscosa.
Atua como um lubrificante e barreira à penetração de partículas estranhas e
desempenha um papel ativo na forma como os tecidos se desenvolvem, migram,
proliferam, e mudam de forma.
Granular na aparência, mas com uma consistência que varia de fluido a gel.

Fibras
Os espaços deixados entres as fibras é
Existem três tipos de fibras no tecido conjuntivo: onde se vai dar a mineralização

Fibras elásticas
Fibras reticulares São as proteínas mais abundantes nos mamíferos e
Fibras de colagénio representam 25-30% do conteúdo total de proteínas.

Características:

As fibras de colagénio são resistentes e apenas ligeiramente elásticas e ocorrem


frequentemente em feixes com as fibras paralelas umas às outras, que confere
grande resistência à tração.
As fibras fazem diferentes associações em
diferentes tecidos, como p.e no arranjo molecular
da cartilagem permite-lhe extrair mais água em
comparação com o osso.
Principal componente fibrosa da pele, osso, tendão,
cartilagem e dentes.
Constitui cerca de 90% da matriz orgânica do osso.
O colagénio é essencial para manter a integridade
dos tecidos.
Quando o colagénio é aquecido em água,
decompõe-se gradualmente para produzir
proteínas solúveis (gelatina).

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Hierarquia do colagénio

Nota: As fibras de colagénio têm elevada


resistência à tração, sendo um importante
componente estrutural dos tecidos como o
ligamento periodontal e os tendões
musculares em que as forças mecânicas
precisam de ser transmitidas sem perdas.

Estrutura do colagénio

A subunidade de colagénio ou tropocolagénio tem uma forma alongada com cerca de


300 nm de comprimento e 1,5 nm de diâmetro.

Composta por 3 cadeias polipeptídicas α enroladas à volta umas das outras para formar
a configuração da tripla hélice, estabilizada por numerosas ligações por pontes de
hidrogénio.

As cadeias individuais de polipéptidos contêm aproximadamente 1000 resíduos de


aminoácidos.

As cadeias α do colagénio tem uma estrutura secundária repetitiva que é única desta
proteína. Adopta uma estrutura helicoidal anti-horária com três resíduos por volta.

Três destas hélices enrolam-se uma sobre as outras, no sentido horário, para formar a
tripla hélice.

Dependendo do tipo de colagénio, a molécula pode ser constituída por 3 cadeias alfa
idênticas (homotrimeros), ou duas ou três cadeias alfa diferentes (heterotrimeros).

Existem mais de 20 tipos de colagénios. Colagénios I, II e III formam 80 a 90% de todos


os colagénios do corpo humano.

A glicina ocupa a terceira posição na


sequência repetitiva de aminoácidos,
correspondendo a 1/3 dos aminoácidos
existentes no colagénio.

Gliy - X - Y

onde X e Y são qualquer aminoácido que


não a glicina, embora o X seja
frequentemente a prolina e o Y, a
hidroxiprolina.

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Os resíduos de glicina (representados a vermelho)
preenchem o interior de tripla hélice de
tropocolagénio (têm a cadeia lateral + pequena).

A observação a partir do topo mostra uma cavidade,


através dos quais o átomo de hidrogénio dos
resíduos de glicina mantém as três cadeias
polipeptídicas juntas por ligações por pontes de
hidrogénio, sendo assim essencial para a
conformação em tripla hélice do tropocolagénio.

Composição em aminoácidos do tropocolagénio

Cada molécula de colagénio é estabilizada através de ligações cruzadas intra e


intermoleculares derivadas da lisina.

A estrutura do colagénio depende tipicamente de quantidades elevadas de prolina e


hidroxiprolina nas cadeias α. Estes diferem de outros α-aminoácidos de proteínas porque
possuem uma estrutura cíclica rígida. Esta estrutura rígida impede a rotação da cadeia
polipeptídica.

Composição química do Colagénio

O constituinte mais abundante é a glicina, constitui quase 1/3 da molécula de


colagénio.
O colagénio contém dois aminoácidos, hidroxiprolina e hidroxilisina , que não são
encontrados noutras proteínas dos tecidos animais.
A hidroxiprolina está presente como 1 em 10 resíduos, enquanto a hidroxilisina está
presente como 1 em 200 resíduos.
A prolina e a hidroxiprolina representam em conjunto 2/9 dos resíduos

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Tipos de colagénio

Os colagénios representam uma grande família de proteínas e foram descritos até agora
mais de 25 tipos diferentes de colagénio, sendo que muitos tipos de colagénio distintos
foram genética, química, e imunologicamente identificados e são uma consequência de

1. Diferenças na associação das cadeias polipeptídicas básicas


2. Diferentes comprimentos das hélices
3. Várias interrupções na hélice,
4. Diferenças nas terminações dos domínios helicoidais.

Fibrilar

Associado a fabrilas FACIT


Tipos de Colagénio
Não fibrilar reticular

De ancoramento

A superfamília de colagénios tem duas classes principais fibrilar e não fibrilar, baseada nas
suas sequências genéticas e como os polipéptidos são processados e agregados. Há mais
de 27 genes do colagénio, dos quais apenas cinco são fibrilares. Os colagénios fibrilares,
especialmente o tipo I são os mais comuns.

Colagénio formado por fibrilas

Sem interrupções na tripla hélice.


Arranjo regular resulta num período característico de 67nm.
Diâmetro de 50 a 500nm.
Exemplo: Tipos I, II, III,V e XI.

Colagénio associado a fibrilas com triplas hélices interrompidas (FACIT)

Consiste de proteínas em que os domínios colagenosos são interrompidos por


sequências não colagenosas.
Estão associadas a superfícies de colagénio que formam fibrilhas.
Possuem glicosilaminoglicanos ligados covalentemente ao colagénio.
Exemplos: Tipos IX, XII e XIV

Colagénio reticular

Forma uma rede na membrana basal (colagénio IV) e membrana de Descemet


(colagénio VIII).
Filtração molecular.
Exemplo: Tipos IV, VIII e X.

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Fibrilas de ancoramento

Fornece integridade funcional através da ligação do epitélio ao estroma.


Exemplo: Tipo VII.

Nota: Nas modificações pós-tradicionais, há necessidade da presença da vitamina C, sendo então


importante na formação de colagénio uma vez que ajuda a sintetizar a hidroxilisina e a hidroxiprolina
(essenciais na formação das ligações cruzadas do tropocolagénio- ligações covalentes).

A ausência de vit. C resulta no escorbuto onde se verifica a perda de dentes, essa perda é motivada pela
perde colagénio que dá resistência às gengivas e ao ligamento periodontal.

Embriologia do dente e a síntese de colagénio

Tanto a Dentinogénese (formação da dentina) como a


amelogénese (formação do esmalte) ocorrem quando há
uma sinalização para tal.

No início da formação do dente as células do epitélio dentário


interno recebem sinais e expressam e secretam moléculas
sinalizadoras e fatores de crescimento que atuam nas células
não diferenciadas da papila (sinalização parácrina), induzindo
a sua diferenciação.

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Durante este processo a
membrana basal deixa
de ser continua e vai
desaparecendo.

As células
indiferenciadas da papila
vão se diferenciando até
se formarem os
odontoblastos

Já as células do epitélio
interno vão polarizar de
forma autócrina ficando
mais compridas e dando
origem aos ameloblastos

Dentinogénese

A dentina é a primeira a ser formada, sendo o seu início que sinaliza


os ameloblastos a começar a produzir o esmalte.

Os odontoblastos secretam primeiramente colagénio do tipo III que


é o mais abundante na primeira dentina- a dentina do manto, em
seguida quando os prolongamentos dos odontoblastos
(protoplasmas) se tornam mais fininhos e compridos é que começa
a ser secretado o colagénio do tipo I, que é o mais abundante na
dentina primaria e secundária.

Os odontoblastos são
células bastante irrigadas

Estas células também libertam proteínas não colagénicas, sendo estas responsáveis pela
orientação e organização da matriz da dentina, sendo para isso necessário que as fibras
de colagénio fiquem bem orientadas de forma a ajudar na mineralização.

Síntese de colagénio

As células têm diferentes genes para sintetizar os diferentes tipos de colagénio, sintetizando
o tipo para o qual forma sinalizadas e sendo a síntese em si um processo semelhante.

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Cristais de Hidroxiapatite

As fibras de
colagénio
organizam-se
paralelamente umas
às outras, deixando
um espaço “GAP”
entre elas, tanto
entre filas como
dentro da mesma
fila, organização esta
que é favorecida
pelas proteínas não
colagénicas
libertadas pelos
odontoblastos.

Na dentina, as GAPs são o local onde se inicia a mineralização (formação dos cristais de
hidroxiapatite), sendo que esta continua para além destes espaços, ao longo das fibras de
colagénio, funcionando o mineral formado na GAP como um molde.

Para a formação dos cristais de hidroxiapatite é necessário que haja abundância de Ca2+
na sua forma livre e não precipitada, e para isso proteínas não colagénicas, aderem às
fibras de colagénio, estabilizando-as, e uma vez que têm carga negativa impedem que o
Ca2+ precipite, mantendo disponível e libertando-o apenas para que ocorra a mineralização.

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O esmalte dentário humano recebe um
incremento de aproximadamente 4mm
diários, iniciando pelo local das futuras
Amelogénese cúspides, no 3º/4º mês de gravidez

Com início da amelogénese, que é sinalizada pela formação da primeira dentina, os


ameloblastos preparam-se para a grande atividade celular sintetizando mais proteínas e
produzindo mais mitocôndrias.

No final dos ameloblastos, na sua porção basal, identificamos os processos de Thomes, de


onde se dá a libertação de proteínas (não-colagénicas) para a matriz extracelular, que vão
posteriormente mineralizar e formar o esmalte.

A formação do esmalte compreende duas fases, uma secretória e outra de maturação.

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Fase secretória

Fase onde estão presentes os processos de Thomes, marcada por uma grande secreção
de proteínas não colagénicas e iões de Ca2+ e fosfato para a matriz extracelular.

No esmalte não há orientação da matriz por parte da colagénio, sendo as proteínas


libertadas: Possui grupos fosfato
Amelogenina (90%) não é responsável pela nucleação e crescimento do cristal de
hidroxiapatite, é essencial para o normal e controlado crescimento do cristal, quer
no que se refere à sua orientação, quer na arquitetura prismática do esmalte;
Ameloblastina (8-10%) desempenha um papel na adesão celular bem como no
crescimento e diferenciação dos ameloblastos (o knockout do gene Ambx antecipa
a perda de polaridade dos ameloblastos e, consequentemente, a conclusão da
amelogénese);
Enamelina (quantidades vestigiais) desempenha um papel ao nível da formação e
organização do mineral (o knockout do gene Enam origina uma fina e extremamente
irregular camada/crosta de mineral a cobrir a dentina)
Fosfoproteínas que ligam iões de Ca2+

Fase de maturação

Os ameloblastos são sinalizados para passar da fase secretória para a de maturação,


ficando mais curtos e gordos e sem processos de Thomes.

Esta fase consiste em dois ciclos:

Os ameloblastos com terminais lisos, onde não há libertação de proteínas, ocorre


em pHs mais ácidos
Os ameloblastos com terminais pregueados, onde há libertação de proteínas para
a matriz e mineralização do esmalte, ocorre em pHs mais neutros, 5.5-7ph

Estes ciclos ocorrem de modo a regular os ameloblastos e garantir a correta formação do


prismas do esmalte, ciclos estes que são controlados pelas próprias células que vão
libertando iões para a matriz tornando o meio mais ou menos ácido- papel importante
canais e transportadores iónicos, transportadores de Mg2+ e proteínas reguladoras do Ca2+

As proteínas características desta fase são:

Fosfoproteínas que ligam iões Ca2+


Amelotina a sua ausência origina uma mineralização estruturalmente inalterada,
mas mais tardia, resultando na hipomineralização da camada interna do esmalte e
defeitos na camada externa.
ODAM parece assegurar a integridade da ligação do epitélio juncional, prevenindo
a doença periodontal.

Existem estudos que associam a orientação do esmalte, não só às proteínas não


colagénicas , mas à frente de mineralização, onde se encontram fibras de colagénio
libertadas pelos prolongamentos dos odontoblastos e possivelmente podem dar
origem há nucleação da mineralização que serve de molde de orientação.

Nota: Os matérias dentários são utilizados de forma a tentar biomimetizar o efeito destas
proteínas anteriormente descritas, uma vez que a dentina e o esmalte são acelulares e
avasculares, sendo difícil a sua regeneração

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Colagénio da dentina

O colagénio tipo I com a estrutura [α1 (I) α2 (I) ] é o mais exclusivo na dentina e da
pré-dentina.
A dentina e a pré-dentina desmineralizada mostram fibras de colagénio compactas
de 20-50nm.
O colagénio da dentina contém 2 a 3 vezes mais hidroxilisina comparada com a dos
tecidos moles.
O colagénio da dentina é relativamente insolúvel em soluções ácidas e neutras.
O colagénio tipo III é considerado ser um contaminante do colagénio pulpar.
O colagénio tipo V é o único para além do tipo I sintetizado por odontoblastos em
cultura que é secretado na pré-dentina (apenas 3%)

Colagénio da polpa

Aproximadamente 34% do peso seco da polpa é colagénio.


Teor de colagénio superior nas áreas radiculares do que na camara pulpar e uma
concentração mais elevada na porção média e apical da raiz em comparação com
o resto do dente.
O colagénio tipo I e III são encontrados no tecido pulpar. O primeiro está
concentrado à volta dos vasos sanguíneos e entre os odontoblastos, enquanto, o
último aparece como filamentos ramificados distribuídos em rede por toda a polpa.

Colagénio do osso

Contém predominantemente colagénio tipo I [α1 (I) α2 (I)].


Insolúvel em sais neutros e ligeiramente solúvel em soluções ácidas.
O osso tem menos hidroxilisina diglicosilada no colagénio do que a pele. A razão
hidroxilisina-glicosilo-galactosilo/hidroxilisina-galactosilo é 0,47 no osso e 2,06 na
pele.
O elevado grau de hidroxilação da lisina confere a insolubilidade mesmo após a
descalcificação.
Principais ligações cruzadas -hidroxilisina norleucine -di-hidroxilisina norleucine

Ligamento periodontal

Colagénio de tipo I é o principal


constituinte das fibras.
Colagénio tipo III e XII também estão
presentes. A síntese de colagénio tipo III
aumenta durante a remodelação do
ligamento periodontal, enquanto que o
colagénio tipo XII é considerado
importante para manter a organização
dos feixes de fibras de colagénio.
As fibras de colagénio tipo III têm
diâmetro mais pequeno e parecem
suportar melhor a deformação do que as
do tipo I. Também ajuda a reduzir o
diâmetro da fibrilas com o tipo I.

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A presença de ligações cruzadas covalentes entre as moléculas de colagénio
estabiliza as fibras dos ligamentos e aumenta a resistência à tração.
o Ligação cruzada major: di-hidroxilisina norleucina;
o Ligação cruzada minor: hidroxilisina norleucina
Ao contrário dos outros tecidos, a proporção de ligações cruzadas redutíveis nos
ligamentos periodontais não diminui com a idade.
O nível persistentemente alto de ligações cruzadas redutíveis pode refletir um
elevado turnover do colagénio com um processo de maturação incompleto. Níveis
elevados de DHLNL e de colagénio tipo III resulta possivelmente do turnover rápido
do colagénio como uma consequência de microtraumas repetidos induzidos por
tensões mecânicas durante a função de oclusão normal.

Colagénio do cemento

Colagénio tipo I, responsável pela resistência à tração e substrato para a


mineralização
5% do colagénio tipo III é responsável pelas fibras de Sharpey que fazem parte do
ligamento periodontal.
Outros colagénio (III, V, VI, XII, XIV) associados ao coilagénio I.
Principais ligações cruzadas
o Desidro di-hidroxilisina norleucine (DHLNL).
o Desidro hidroxi lisina norleucine (HLNL).

Gengiva

Os colagénios são o constituinte


bioquímico mais abundante do tecido
conjuntivo da gengiva (90%).
A matriz de colagénio do tecido conjuntivo
da gengiva é organizado nos feixes
fibrilares, que constituem o ligamento
gengival.
Baseado na sua orientação preferencial,
arranjo arquitetónicos e locais de inserção,
as fibras de colagénio são classificados em:

Local de síntese do colagénio:

Células da mesênquima e células suas derivadas:


o Fibroblastos (principais células).
o Condroblastos.
o Osteoblastos.
o Odontoblastos.
o Cementoblastos.
Outras:
o Células epiteliais.
o Células endoteliais.
o Células musculares.
o Células de Schwanns.

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Biossíntese do colagénio

Divisão do processo de biossíntese do colagénio em duas fases:

Etapas intracelulares da síntese do colagénio ou acontecimentos de tradução ou


pós-tradução.
Acontecimentos extracelulares da biossíntese do colagénio

Acontecimentos intracelulares

As três cadeias polipeptídicas de moléculas de colagénio são


formadas separadamente a partir dos seus respetivos genes, sendo
a transcrição do DNA processada para o RNAm, que dá origem às
cadeias polipeptídicas nos ribossomas.

A cadeia polipeptídica formada inicialmente é uma molécula


helicoidal com duas extensões não helicoidais, uma na extremidade
-NH2 e outra na extremidade -COOH. A extensão terminal -NH2 tem
uma sequência sinal que dirige a entrada da molécula para o retículo
endoplasmático.

Modificações pós-traducionais da síntese do colagénio

Agregação de 3
Síntese das cadeias Hidroxilação da Glisolilação da
cadeias α na hélice
pro-cadeia α lisina e da prolina hidroxilisina
tripla

A hidroxilação da lisina e da prolina, resulta da ação dos enzimas lisil e prolil hidroxilase, α-
cetoglutarato, ferro ferroso, oxigénio molecular e ascorbato, sendo que os resíduos
proporcionam estabilidade. No caso da OH-lisina, servem como locais de glicosilações e
de formação de ligações cruzadas.

A glicosilação da hidroxilisina, resulta do enzima galactosil transferase que catalisa a adição


de galactose a um resíduo de hidroxilo da lisina, a glucosil transferase catalisa a adição
adicional de glicose. Manganês(Mn) é necessário como cofator.

Após hidroxilação e glicosilação, as 3 cadeias polipeptídicas formam uma tripla hélice e o


pró-colagénio é secretado para os espaços intersticiais depois de ter passado pelo C.Golgi.

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Acontecimentos extracelulares na síntese do colagénio

Ligação cruzada das fibrilhas


Transporte de vesiculas Clivagem dos peptidos de Agregação de moléculas de
de colagénio, dispostas lado a
contendo pro-colagénio para registo para formar o tropocolagénio em micro-
lado para formar fibras de
a superficie celular tropocolagenio fibrilhas
colagénio

Clivagem dos péptidos de registo


presentes nas extremidades, graças à
ação de peptidases do colagénio (pro-
colagénio aminopeptidase e o
procolagénio carboxilase)

A insolubilidade do pro-colagénio leva à sua


deposição no espaço extracelular, e desta forma as
moléculas de tropocolagénio assim formadas
associam-se espontaneamente a outras moléculas de
tropocolagénio, num arranjo típico do colagénio do
tipo I, ou seja, as moléculas associam-se topo-atopo
e lateralmente, deixando um espaço. Deste modo,
constituem as fibrilas de colagénio, que, por sua vez,
se associam, originando as fibras de colagénio.

A glicosilação da hidroxilisina determina a formação


da fibrila, e as ligações cruzadas estabilizam a
estrutura. No osso, dentina e cemento a
biomineralização começa nos espaços (lacunas)
entre os tropocolagénios individuais (tipo I).

Formação das ligações cruzadas

Ligações covalentes cruzadas intramoleculares e intermoleculares formadas entre as


cadeias laterais de lisina modificadas nas fibrilhas de colagénio. As ligações cruzadas são
formadas em vários passos. A maior parte das ligações cruzadas formam-se entre os
segmentos não helicoidais curtos das moléculas de colagénio.

Grupos ε-amino de um resíduo de lisina numa cadeia polipeptídica de


tropocolagénio (cadeia1) é oxidado a aldeído pelo enzima lisil oxidase secretado
pelos fibroblastos. Este enzima liga-se à região lacunar dos arranjos estriados.
O aldeído reage espontaneamente com um resíduo de hidroxilisina ou lisina vizinho
noutra cadeia (cadeia 2) para formar uma ligação cruzada desidro-hidroxilisina
norleucina. (reações entre a alisina e a hidroxilisina é mais frequente do que entre
a alisina e a lisina).

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A desidro-hidroxilisinorleucina forma-se na região da N-
ou C-extremidade do telopéptido próximo da região
lacunar. A piridinolina é formada quando um resíduo de
lisina de um terceiro polipéptido é oxidado pelo lisina
oxidase e liga-se covalentemente à desidro-
hidroxilisinorleucina. O conteúdo plasmático dos
péptidos com piridinolina e hidroxilisinorleucina são bons
indicadores da degradação do colagénio

Arranjos das moléculas de colagénio

Os telopéptidos de moléculas de tropocolagénio adjacentes interatuam, de modo a


formar arranjos escalonados com lacunas. A sobreposição das moléculas escalonadas
causa uma aparência estriada, correspondendo a bandas claras e escuras
intercaladas.

As lacunas controlam como as fibras formam ligações cruzadas, se calcificam e


degradam. O arranjo escalonado das moléculas de colagénio maximiza a resistência à
tração do agregado.

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Hidroxiapatite Desmineralização ⇌ Mineralização

Relembrar:

Ligação iónica

Resulta na partilha de eletrões de forma a que tenham todas as camadas eletrónicas


preenchidas, ficando desta forma a molécula estável.

Nas interações electroestáticas ocorre interação entre cargas opostas, no caso dos
sais as cargas negativas igualam as cargas positivas.

A solvatação consiste na capacidade das moléculas de água neutralizarem os sais que


as rodeiam através dos seus dipolos, p.e o hidroxilo de cálcio quando colocado em
água dissolve-se ficando em equilíbrio químico com os seus iões.

𝑪𝒂(𝑶𝑯)𝟐 (𝒔) ⇌ 𝑪𝒂𝟐+ (𝒂𝒒) + 𝟐𝑶𝑯-(𝒂𝒒)

O equilíbrio desta reação depende da constante do período de solubilidade (Ksp),


sendo que quanto maior esta constante mais facilmente se formam os iões.

Ligação de coordenação ou ligação complexa

Consistem em ligações de um metal a um ou mais ligandos que podem ou não ter carga,
não tendo necessariamente de neutralizar as cargas do metal. São ligações mais fortes
que as iónicas, requerendo uma maior energia para serem quebradas.

Os ligandos têm
de ter um par de
eletrões não
ligantes que
podem ser doados
ao metal

Os complexos ou compostos de coordenação podem ser neutros, mas também podem


ser carregados negativa ou positivamente (são muitas vezes estáveis na forma iónica).

Hidroxiapatite» o equilíbrio químico


Constante de
formação
Não pode estar em ambientes muito ácidos
se não fica protonado necessários Muito elevada
neste reação
Necessário na formando-se logo
forma livre, algo hidroxiapatite na
difícil uma vez presença dos
que precipita componentes
com facilidade necessários

O Ca2+ tem 9 ligações na


hidroxiapatite- ligação complexa
onde o Ca2+ é o metal

O aumento da concentração de cálcio e/ou fosfato favorecem a formação do


cristal (mineralização), já a diminuição da concentração de cálcio e/ou fosfato
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favorecem a desmineralização
Nota: Os cristais de hidroxiapatite
dão suporte á malha de colagénio

A nucleação consiste na formação da primeira unidade


estrutural de hidroxiapatite, a partir do qual os outros iões
utilizam como molde, ocupando rapidamente a sua posição

Os grupos fosfatos possuem


Oxigénio que se liga ao Ca2+,
sendo que cada grupo
fosfato pode ligar-se a mais
do que um Ca2+

(Vários ligados incluindo 6 fosfatos)

Crescimento dos prolongamentos dos odontoblastos

Os odontoblastos libertam vesiculas com os minerais necessários (cálcio e fosfato),


diretamente par o local da mineralização da dentina, impedindo p.e a precipitação do Ca 2+.

As NCPs são proteínas não colagénicas, possuem zonas carregadas negativamente,


ligando-se electrostaticamente ao Ca2+, impedindo-o de precipitar e interagindo
posteriormente com o colagénio de forma a libertar o Ca 2+ e disponibilizá-lo na forma livre
para a mineralização. Nota: Na dentina, onde há mais túbulos é transmitida mais dor

O cálcio e o fosfato presentes nestas células provem da corrente


sanguínea, tanto nos odontoblastos como nos ameloblastos BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
Nota: É através dos túbulos dentinários que fluidos
da polpa chegam ao dentina, circulando de dentro
para fora pela pressão intrapulpar (70 Hmg)

A acidificação do meio ativa proteínas que


degradam as GAG permitindo que haja
espaço para o esmalte em crescimento

GAG:
Glicosaminoglicanos

A acidificação do
meio é controlada
pelo bicarbonato

*É na fase de maturação que se dá maior mineralização

A hidroxiapatite formada durante a amelogénese mantem-se em equilíbrio com o seu meio


envolvente, a saliva, que lhe fornece ou capta iões, sendo que em equilíbrio, a velocidade
média de dissolução do cristal (desmineralização) é igual à de formação do cristal
(mineralização).

Uma vez formado o dente os processos que se dão são de remineralização, onde a única
fonte de iões, no caso do esmalte, é a saliva.

No caso da dentina, a que se encontra mais junto à polpa e é consequentemente mais


vascularizada tem algum aporte de iões ao nível sistémico e a dentina mais próxima da linha
amelodentinária pode um aporte mínimo sistémico através dos túbulos dentinários.

Desmineralização

Em meios ácidos, com um pH abaixo do pH crítico da hidroxiapatite (pH=5,5), ocorre um


desequilíbrio na superfície do dente que favorece a desmineralização do mesmo, uma vez
que ocorre a protonação de ligandos, que formam compostos com menos afinidade para a
liação com o metal, enfraquecendo a ligação que acaba por se quebrar libertando os iões
no meio.

O próprio Ca2+ quando deixa de estar ligado aos seus ligandos fica com a sua esfera de
coordenação afetada, acabando também por se libertar para a saliva.

Não havendo reversão do fenómeno, não só a camada superficial mas as mais interiores
começam a ser afetadas, passando o fenómeno a ser visível.

A desmineralização para de se dar na presença de meios ácidos pode ainda ser local devido
à acumulação de placa bacteriana, que se vai infiltrando no esmalte.

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Saliva

Remineralização

O processo de remineralização é constante, sendo que após a nucleação, a evolução do


equilíbrio no sentido da formação do mineral depende da presença dos iões intervenientes.

Se os iões necessários para a remineralização não estiverem presentes ocorre a


substituição de catiões e/ou aniões na hidroxiapatite que leva `formação de hidroxiapatites
não estequiométricas, que podem resultar em:

• Locais não ocupados (pelo catião e/ou anião)


• Cristalinidade da hidroxiapatite mais pobre
• Superfícies com diferentes solubilidades

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Se houver falta de iões fosfato, estes podem ser substituídos por aniões, o Ca2+ por outros
metais e o grupo hidroxilo por fluor ou carbono (Fluoropatite e Carbonopatite).

O ião fluoreto, presente por exemplo em pastas de dentes, é um ligado mais forte que o
OH-, tendo uma maior tendência para se ligar no local do grupo hidroxilo, retirando-o de
forma a ligar-se, sendo o pH crítico da fluoropatite de 4,5. Desta forma é mais estável e
resistente ao ácido que as hidroxiapatites puras, para além disso o flúor inibe o metabolismo
bacteriano, diminuindo a libertação de ácidos orgânicos e atuando como agente preventivo
da cárie dentária.

Estas substituições na hidroxiapatite ocorrem a nível tópico, na superfície do dente.

O grupo dos alcalinos não tem tendência a fazer ligações e formar complexos, uma vez que
doam os eletrões que tem a mais ficando mais estáveis como iões monovalentes. É o caso
do sódio (Na+), que pode ocupar as lacunas deixadas pelo Ca2+ mas não forma ligações
covalentes.

Nota: Na dentina parcialmente desmineralizada, as MMPs podem levar à perda gradual de áreas de gap
intramolecular. Este facto pode comprometer seriamente a capacidade da matriz para a remineralização
intrafibrilar, considerada essencial para restaurar as propriedades mecânicas da dentina.

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Abordagem química do equilíbrio mineralização/desmineralização

Consideramos desgaste dentário um fenómeno erosivo extrínseco e intrínseco; que


consiste na abrasão e atrição. Na presença de desgaste dentário ocorre desmineralização
do esmalte e da dentina da coroa do dente que são as primeiras estruturas a serem
afetados após lesões traumáticas ou lesões cariosas.

O reparo rápido e eficiente do esmalte e / ou dentina é fundamental para prevenir infeções


e danos que se estendem aos tecidos moles dentários (isto é, polpa dentária, periodonto)
e osso alveolar, recorrendo a substituição e restauração dos tecidos duros dentários
destruídos ou perdidos por materiais compósitos sofisticados.

As causa deste desgasto dentário podem ser:

• Intrínsecas- refluxo, bulimia, vómitos…


• Extrínsecas- bebidas ácidas (coca-cola, sumos de limão e laranja), bruxismo,
escovagem bruta dos dentes…

A Prevenção Primária consiste na diminuição da Prevalência e Incidência de Fatores de


risco (estímulos).

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Fluor e Apatites biológicas

No esmalte podemos encontrar uns feixes combinados designados de Bandas de Hunter-


Schreger. Estas bandas têm aproximadamente 50 μm de largura e são visíveis devido às
diferentes direções que os prismas de esmalte apresentam e pela maneira que refletem e
transmitem a luz.

Depois, num segundo nível, é constituído por unidades estruturais, chamadas de prismas.
Ainda existem zonas periféricas a estas, denominadas de regiões interprismáticas,
completando assim a estrutura cristalina.

Num corte transversal, os prismas de


esmalte podem ter vários padrões, sendo o
mais o comum o de “buraco de fechadura”,
podendo ser descritas duas partes: uma
cabeça e uma cauda. A cabeça é
arredondada e circunscrita por uma bainha
proteica de 0,5 μm de espessura. A cauda é
uma estrutura menos definida e que acaba
por se fundir com as zonas interprismáticas.

Os prismas são barras mais ou menos cilíndricas, com 5-8 μm de diâmetro, perpendiculares
à junção amelocimentária, que se estendem desde o esmalte aprismático, que é a camada
depositada no início da amelogénese, até a superfície externa do esmalte. Nalgumas zonas,
a zona externa do esmalte pode estar coberta por esmalte aprismático.

Do centro dos prismas até à sua periferia, a orientação dos cristais vai mudando, havendo
uma inclinação progressiva até ao limite do prisma.

Os cristais de hidroxiapatite, constituintes da fase mineral do esmalte, apresentam um


aspeto de barra hexagonal, com, aproximadamente, uma largura de 70nm e uma
espessura de 30nm, estando organizados em estruturas prismáticas e interprismáticas.

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Quando se dá erupção completa do dente a maior parte da matriz orgânica é removida
durante a maturação do esmalte, pela atividade das proteínases. Embora isto aconteça,
algumas proteínas resistem à ação das proteínases e que ficam retidas nos cristais de
hidroxiapatite.

Esta matriz residual é um complexo de proteico formado por diferentes péptidos, os quais
mantêm os cristais juntos uns aos outros, tendo sido demonstrado que a presença deste
complexo peptídico, influencia as propriedades óticas e mecânicas do esmalte.

Fluorose Dentária

O Fluor é o elemento mais eletronegativo que se conhece e o elemento não metálico mais
reativo, e como ião fluor encontra-se maioritariamente na forma de composto químico.

Está presente na maioria dos organismos vivos estando em maior concentração nos peixes,
podendo também ser encontrado em muitas plantas (chá) e no ar (erupção vulcânica). Nos
ossos e nos dentes encontra-se na fluorapatite que reduz a ocorrência de carie dentária.

Em Medicina dentária as fontes mais comuns para uso


médico dentário são: o fluoreto de sódio (NaF) e o
monofluorfosfato de sódio (Na2FPO3).

A fluorose dentária é uma doença causada pelo excesso


de fluor, cujo primeiro sintoma é marcado o aparecimento
de manchas nos dentes que se observam em alguns
países e regiões (nos Açores, por exemplo) onde a
ingestão deste elemento excede os teores aconselháveis.

Manchas têm um carácter intrínseco;


Estas manchas não aparecem em indivíduos adultos
Os indivíduos que têm este esmalte “moteado”, têm
menos cáries que o resto da população

Muitos destes casos surgiram devido a altas quantidades de fluor na água de consumo
(13,7 ppm/F), sendo que o aumento do conteúdo de fluor na água, aumentava a gravidade
no grau de fluorose, correspondente a uma maior resistência à carie dentária.

Atualmente aceita-se que a dose ótima oscile entre 0,5 e 1,0 ppm de flúor.

Nota: A fluorose dentária não ocorre em indivíduos que já tenho a 2ª dentição completa
uma vez que os dentes já se encontram formados e a integração de fluor ocorre apenas
à superfície do dente.

Defeitos do esmalte e da dentina

Os defeitos do esmalte e da dentina são causados por uma variedade de fatores de


interação, defeitos estes onde o controlo genético da formação pode ser influenciado por
mudanças ambientais como doenças médicas sistêmicas, infeções, venenos químicos,
radiação e trauma, bem como outros efeitos de ordem epigenéticos.

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As condições que mostram defeitos no esmalte podem ser geralmente agrupadas em
condições conhecidas como:

• Amelogénese imperfeita, onde os defeitos no desenvolvimento são limitados aos


dentes
• Condições sistémicas hereditárias associadas a defeitos nos tecidos epiteliais ou
nas vias de mineralização

Amelogénese imperfeita

Mutações que inibem qualquer uma das interações entre as proteínas estruturais
(amelogenina, Enamelina ou Ameloblastina), ou que causam perda de atividade
enzimática, causam amelogénese primária imperfeita, ausência ou formação
incompleta de esmalte sem efeitos sistémicos.

A amelogénese secundária imperfeita está associada à odontogénese imperfeita devido


a mutações no colagénio. Esmalte imperfeito forma-se devido à orientação alterada do
colagénio mineralizado na dentina. Mutações especificas alteram a organização do
estroma e também podem resultar em esmalte anormal ou ausente.

Estes dois tipos de defeito do esmalte não se distinguem um do outro visualmente.

Clinicamente podemos classificar este defeito como hipoplasia, hipocalocificação e


hipomaturação conforme a fase de desenvolvimento do esmalte que é afetada pela
anomalia genética.

Nesta condição correm alterações ao nível


da disposição das estrias de retzius, linhas
proeminentes que se dispõem
obliquamente ao longo dos prismas, que Estrias de Retzius
suportam o crescimento do esmalte

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Defeitos do esmalte em condições hereditárias associadas a defeitos dos tecidos
epiteliais

Muitos síndromes hereditários, particularmente aquelas que envolvem pele, cabelo e


unhas, comungam de defeitos generalizados no esmalte, uma vez que ambos têm origem
ectodérmica, p.e:

• A porfiria congénita eritropoética, também chamada de doença de Günther;


• A displasia ectodérmica (DE);
• A epidermólise bolhosa
• ... entre outras

Defeitos de esmalte em condições hereditárias associadas a defeitos nas vias de


mineralização

São exemplos:

• Síndromes hereditários que apresentam hipoparatiroidismo


o Fenda palatina

Deficiência de vitamina D

Motivado por desnutrição ou condições metabólicas que resultam em defeitos nas vias de
mineralização »deficit na concentração extracelular de cálcio e fósforo.

EX: Raquitismo e hipoplasia de esmalte

Condições Sistémicas

Defeitos no esmalte podem ser classificadas em distúrbios metabólicos, infeções, produtos


químicos e drogas. Os fatores locais podem ser agrupados em infeções locais, trauma e
radiação. Exemplos:

• Hipoplasia do esmalte comumente vista em crianças com paralisia cerebral, nas


quais perturbações sistémicas, como infeções, anóxia fetal e hiperbilirubinemia,
danificaram o cérebro em desenvolvimento e o esmalte
• Sífilis congénita adquirida por Treponema foi uma causa bem conhecida de
hipoplasia do esmalte em crianças nas últimas décadas. Além disso, infeções virais
como a rubéola, sarampo, gripe e citomegalovírus foram associadas a defeitos de
esmalte nas dentições temporária e permanente

-> Os defeitos herdados na dentina podem ser agrupados naqueles que afetam apenas os
tecidos da dentina e aqueles que mostram envolvimento ósseo junto com o defeito da
dentina, demonstrando frequentemente calcificações e anormalidades aberrantes do
complexo polpa da dentina.

Dentinogénese Imperfeita

Consiste numa patologia dentária hereditária que afeta a dentina e surge durante a
embriogénese, particularmente durante as fases de formação da matriz orgânica e
diferenciação tecidular da dentina.

Pode afetar as duas dentições, decídua e permanente, com maior ou menor severidade de
acordo com o tipo da Dentinogénese imperfeita em questão.

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Displasia da Dentina

EX: Púlpitos (hipercalcificações dentro da polpa); raízes curtas dependendo do tipo de


displasia

Raquitismo

Ex: a hipofosfatemia geralmente revela dentina pouco mineralizada e defeitos tubulares que
se estendem perto da junção amelodentinária.

Ciência Básica – explica porque alguns defeitos do esmalte e da dentina são causados por
uma variedade de fatores de interação biológica / bioquímica / ambiental.

Ciência Clínica - Demonstrar que clinicamente, os defeitos do esmalte no desenvolvimento,


geralmente apresentam problemas de descoloração e estética, de sensibilidade dentária e
suscetibilidade a cárie, desgaste e erosão. Por outro lado, os defeitos da dentina são um
risco de complicações endodônticas resultantes da hipomineralização da dentina e
anormalidades pulpares.

Metaloproteases

(São endógenas ao colagénio)

(Dependentes de zinco)

Estas enzimas são importantes na adesão dos materiais dentários às estruturas dentárias,
sendo responsáveis pela degradação de componentes da matriz.

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As MMP são endopeptídases: clivam no interior das cadeias polipeptídicas, nunca
originando aminoácidos como produtos da reação, ao contrário das exopeptidases de
amina (clivam a ligação peptídica a N terminal) e de carboxilo (clivam a ligação peptídica a
C terminal).

Quando estamos a colocar uma resina, fazemos um


tratamento ácido, que com a chegada dos fluidos
vindos da polpa a zona de restauração formam
moléculas ácidas que ativam as Metaloproteases que
É na camada Híbrida (interface adesivo) que se vão degradar a camada híbrida
dá a junção da resina com a malha de colagénio,
zona principal de adesão e ação das MMPs BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre

*As MMPs podem degradar a própria resina, ocorrendo nanoinfiltração 3 meses depois da restauração
Microflora Oral

A Cavidade oral reúne as condições necessárias para o crescimento bacteriano:

• Temperatura (na cavidade oral 36°C)


• Humidade (Fluido crevicular e saliva)
• Nutrientes (extrínsecos »dieta e Intrínsecos »células epiteliais descamadas)
• pH (ligeiramente ácido ou alcalino)
• Presença de oxigénio Nota: Na boca a humidade deriva da saliva, mas no
Nichos ecológicos da cavidade oral: sulco gengival deriva do fluido crevicular. O ambiente
deste sulco difere do ambiente da restante boca

Dependendo do tipo de
bactérias, o seu local de
colonização na boca pode
variar.

Umas alojam-se na língua,


outras no sulco gengival
(geralmente anaeróbias),
outras na superfície dos
dentes (p.e Streptococcus)…

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A dissolução da estrutura do dente é
motivada pela junção Bactéria
acidogénicas com Hidratos de
carbono fermentáveis e ácidos
orgânicos

As bactérias da microbiota oral são sacarolíticas, ou seja metabolizam açúcares e o


principal produto final da fermentação é o ácido láctico.

No caso dos Streptococcus mutans, a produção e secreção de quantidades consideráveis


do ácido lático, produto metabólico final, pode causar desmineralização da estrutura
dentária quando presente em quantidades suficientes, participando na formação de
biofilmes cariogénicos nas superfícies dos dentes.

Microflora da Cavidade Oral

A cavidade oral contém aproximadamente 700 espécies diferentes de microrganismos,


predominantemente bactérias (anaeróbias e aeróbias), mas também fungos unicelulares e
protozoários.

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De todas as bactérias presentes na boca, os Streptococcus são o grupo predominante,
sendo encontradas várias espécies desta bactéria na boca.

Os lactobacilos também são frequentemente encontrados na boca, sendo estes bactérias


importantes para promover o progresso da lesão cariosa após a iniciação da cárie dentária
por Streptococcus mutans.*contribuem para a acidez na boca, mas não têm tão boa adesão
como os Streptococcus

Aquisição da microflora oral

A boca do recém-nascido à nascença é geralmente estéril, contudo em poucas horas após


o nascimento, Streptococci estabelece-se na boca, em que o Streptococcus salivarius é
dominante nesta fase.

Durante o primeiro ano de vida, outras espécies também colonizam a boca e com a erupção
dos dentes, encontram-se disponíveis superfícies sólidas na cavidade oral para
colonização, onde os Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis estabelecem-se
nestas superfícies duras. Simultaneamente, há também um aumento do número de anaeróbios
obrigatórios, sobretudo no sulco gengival.

Ecossistemas Orais

A heterogeneidade dos tipos de tecidos na cavidade oral, tais como dentes, língua e
mucosa, leva a uma variedade de locais disponíveis para colonização.Cada local tem
características únicas, permitindo que os microrganismos mais adequados ao ambiente o
habitem:

• Mucosa: adesão instável de microrganismos, apenas em monocamada, devido à


descamação das células.
• Superfícies dentárias: áreas em contacto com a gengiva, sulcos, fossos, fissuras e
espaços interproximais, constituem um verdadeiro ecossistema primário

Local com + bactérias

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Quando a cárie é estabelecida, o
ambiente ácido reduz a diversidade e
a riqueza da microbiota local

Região Proximal:
»Gram+ e -;
Sulco Gengival: Anaeróbios obrigatórios
»Gram+ e -; Anaeróbios e facultativos
obrigatórios e
Nisseria
facultativos
Provetella
Provetella Streptococcus
Streptococcus Actinomyces
Actinomyces Veillonella
Fusobacterium
Eubacterium Fissura:
Treponema »Gram+
Anaeróbias facultativas
Streptococcus
Actinomyces

Estrutura das células bacterianas

Gram+ Parede Celular espessa


Bactérias
Gram- Parede celular delgada

A coloração de Gram, é um método de coloração de bactérias o qual permite diferenciar


bactérias com diferentes estruturas de parede celular a partir das colorações que estas
adquirem após tratamento com agentes químicos específicos.

Portanto, são as diferenças da estrutura da parede bacteriana, principalmente com relação


à espessura da camada de peptidoglicano, que é responsável pelo diferente
comportamento das bactérias diante da coloração de Gram.
Gram +
Gram -

*As Gram+ resistem mais a meios ácidos

Bactéria Gram + tem uma camada espessa de peptidoglicanos.


Bactéria Gram - tem uma camada fina de peptidoglicanos e uma
membrana externa.
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As bactérias da microbiota oral podem ser classificadas de acordo com as necessidades
em oxigénio:

• Aeróbias - necessitam de oxigénio para crescer.


• Anaeróbias – não necessitam de oxigénio para crescer.
• Aeróbias obrigatórias – se crescem apenas na presença de oxigénio. Ex.:
Pseudomonas, bacillus.
• Anaeróbios facultativos – se são aeróbias mas podem crescer com carência de
oxigénio ou na ausência de oxigénio. Ex.: Streptococci.
• Anaeróbios obrigatórios – se crescem estritamente na ausência de oxigénio. Podem
morrer na presença de oxigénio. Ex. Clostridia, Bacteroides

Podem ainda ser divididas em:

• Bactérias sacarolíticas – metabolizam açúcares e o principal produto final da


fermentação é o ácido láctico.
• Bactérias assacarolíticas – metabolizam compostos não glucídicos. A maior parte
hidrolisa proteínas e usa aminoácidos para a obtenção de energia.
• 3º tipo de fermentação – usa moléculas inorgânicas como aceitador de eletrões
(por exemplo, o nitrato)

A superfície do dente
acabada de limpar é
rapidamente revestida por
uma película salivar e
depois por bactérias
colonizadoras primárias,
tais como espécies de
Streptococcus e
Actinomyces.

A importância da saliva na
formação da película de
aproximadamente 0,1 mm
de espessura (muito fina), A placa contém centenas de espécies
que recobre as superfícies diferentes de microrganismos numa
dentais. matriz de moléculas salivares hospedeiras
e produtos bacterianos extracelulares
Estas espécies proporcionam uma película de ligação para a posterior fixação e acumulação de
outras bactérias, tais como Veillonella e Actinomyces, que formam relações metabólicas estreitas
com Streptococcus.

À medida que os ambientes locais se desenvolvem na comunidade, é favorecida a retenção de


bactérias como as Porphyromonas em associação com Streptococcus.

As condições anaeróbias também favorecem a incorporação de Fusobacterium, que interage com


um espectro amplo de bactérias da placa e por isso tem sido sugerido como um importante
componente de ligação.
As Fusobacterium e Porphyromonas também facilitam o crescimento de Treponema (patogénico
periodontal). Com a imunidade do hospedeiro comprometida, a inclusão de fungos (p.e. Candida
albicans) na placa Subgengival.
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Ligação inicial dos Streptococcus mutans à superfície do dente é o primeiro acontecimento
na formação da placa dentária.

A adesina do Streptococcus mutans (conhecida como antigénio I / II) interage com α-


galactosídeos dos constituintes da glicoproteína derivada da saliva da película dentária. A
sua superfície inclui ainda, proteína de ligação a glucanos (GBP), hidratos de carbono de
sorotipos e GTFs.

Na presença de sacarose, os GTFs sintetizam glucanos extracelulares a partir da glucose,


e este é considerado o segundo acontecimento na formação da placa dentária.

Nota: Bactérias como Streptococcus mutans produzem lactato a partir de açúcares


fermentáveis que podem ser metabolizados em ácidos mais fracos por Veillonella spp.

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O metabolismo de vários sacáridos (incluindo glicose e frutose) pelo biofilme bacteriano
acumulado resulta na produção e secreção de quantidades consideráveis do ácido lático,
produto metabólico final, o que pode causar desmineralização da estrutura dentária quando
presente em quantidades suficientes.

*Papel importante dos glucanos na formação de EPS


Os microrganismos em biofilmes vivem numa matriz autoproduzida de EPS (Substâncias
Poliméricas Extracelulares) que formam o seu ambiente imediato, sendo esta matriz
estabilizada pelas Interações eletrostáticas fracas e emaranhado de biopolímeros.

Os principais componentes da matriz - polissacáridos, proteínas e DNA - distribuídos entre


as células num padrão não homogéneo, originando-se diferenças entre regiões da matriz.
*Não há biofilme sem matriz de EPS – os EPS são essenciais para a formação do biofilme

Metabolismo dos Hidratos de Carbono na Streptococcus mutans


Os oligossacarídeos são transportados principalmente por transportadores msm,
MsmEFGK e MalXFGK, membros da superfamília cassetes de ligação ao ATP (ABC). Os
mono- e dissacáridos são predominantemente absorvidos por permeases PEP-PTS que
derivam da glicólise. Em S. mutans, há pelo menos 3 PTS envolvidos no transporte de
frutose e vários PTS e permease envolvidos no transporte de glicose.

O PEP-PTS (fosfoenolpiruvato fosfotranferase) é o sistema mais significativo de transporte


para mono- e dissacáridos em bactérias orais acidogénicas (Streptococcus, Actinomyces,
Lactobacillus). O PEP-PTS envolve a transferência do grupo fosfato do PEP através de duas
proteínas citoplasmáticas, HPr e enzima I (E1), para um enzima II ligado à membrana
específico para açúcar. EII catalisa a fosforilação do açúcar.

Nota: Se inibirmos a presença de glucose, não ocorre a glicólise e


não se forma o fosfoenolpituvato, não se formandos os PEP-PTS.
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Desta formam não entram monossacáridos na bactéria e esta
morre.
Mecanismos de adaptação de Streptococcus mutans ao stress ácido

O catabolismo dos hidratos de carbono dietéticos em ácidos orgânicos faz cair


imediatamente o pH do meio. A exposição a pH baixo (sub-letal) desencadeia uma resposta
adaptativa aos ácidos, denominado ATR. Este mecanismo de adaptação transcricional e
fisiológico para a homeostase do pH é feito através da alteração da permeabilidade aos
protões, geração de moléculas neutralizantes e alterações na composição dos ácidos
gordos da membrana.

• A transcrição do F1F0-ATPase é induzida a pH baixo e é o principal mecanismo


para manter a homeostase do pH.
• As modificações da composição na membrana refere-se a um aumento dos ácidos
gordos monoinsaturados sobre os Ácidos gordos saturados, e no comprimento das
cadeias de átomos de carbono que compõem os ácidos gordos membranares.
• Outra forma importante de adaptação ao stress ácido é a conversão da agmatina
encontrados na placa dental, a amónia, CO2, putrescina, e ATP.

O amoníaco gerado pode contribuir para o tamponamento do citosol, o ATP gerado pode ser
utilizado para o bombeamento de protões através de F-ATPase e o CO2 pode ser convertido
em HCO3 - ) através da anidrase carbónica. Um decréscimo no pH do meio provoca a activação
também da FM, que converte o malato em lactato e a CO 2.

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Cárie dentária

Propriedades essenciais das bactérias para o desenvolvimento de cáries dentárias:

• Acidogénicas.
• Capaz de produzir um pH suficiente baixo (geralmente pH<5)
• Capaz de sobreviver a pH baixos e continua a produzir ácido.
• Possui mecanismos de fixação e adesão às superfícies dentária.
• Capaz de produzir polissacáridos insolúveis (glucanos)

Fatores de suscetibilidade / risco biológico:

Quando não temos fatores que inibam a desmineralização – fatores desprotetores;


Quando temos fatores que não aumentem a remineralização – fatores protetores;
Quando não temos inibição da atividade bacteriana reduzindo a produção de
lactato dos hidratos de carbono ingeridos;

O ião fluoreto tem propriedades antimicrobianas, formando uma camada protetora no dente
e favorecendo a formação de fluorapatite que é mais estável em meios ácidos que a
hidroxiapatite, uma vez que tem um ph crítico mais baixo.

Assim podemos afirmar que são determinantes biológicos de cárie:

• Saliva (fluxo, composição e capacidade tampão)


• Composição microbiana
• Presença ou não de fluoretos
• Dieta do individuo (composição, frequência)
• Tempoa

Nota: O xilitol-5-fosfato pode competir com a PEP-PTS e pode assim inibir a glicólise,
impedindo o crescimento e a produção de ácido. No caso da Streptococcus mutans
pode reduzir a síntese de polissacáridos extracelulares in vivo, levando a uma
alteração na distribuição da sua na placa-saliva (menor do nº).

Assim, a bactéria encontra-se fracamente ligada à placa (menor adesão), sendo


facilmente removida pela saliva durante a estimulação mecânica da saliva

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Saliva e Glândulas Salivares

A saliva é um líquido viscoso, claro, insípido, inodoro e ligeiramente ácido (pH6,8),


constituído por secreções da glândula salivar parótida, sublingual e submandibular e das
glândulas mucosas da cavidade oral.

É um fluido complexo com função importante na manutenção do bem-estar da boca,


composto por 99% de água e que mantêm a cavidade oral húmida através de uma película
de saliva que reveste os dentes e a mucosa.

Os indivíduos com deficiência na secreção salivar têm dificuldade em comer, falar, e engolir
e tornam-se propensos a infeções da mucosa e cáries.
Nota: A saliva glandular é estéril, sendo que os lábios, os movimentos da língua,
músculos da face, estendem a saliva a regiões mais amplas e mais longe do local onde
ela é secretada, misturando-se com o fluido crevicular, restos alimentares,
microrganismos e metabolitos, secreções orofaríngeas formando a “saliva mista”.

• Total de saliva diária: 500 e 700 ml


• Volume médio na boca: 1,1 ml
• A produção de saliva está controlada pelo SNA
• Sem estímulo externo existe um fluxo continuo entre 0,25 e 0,35 ml/min (saliva em
repouso) – produzida 70% glândulas minor
• Com estímulo externo, pode chegar a 1,5 ml/min (saliva estimulada) - produzida
70% glândulas major

As glândulas salivares são glândulas exócrinas que produzem saliva e estão encerradas
numa cápsula de tecido conjuntivo (parótida e submandibular) e internamente divididas em
lóbulos. Classificação das glândulas salivares de acordo
com o tamanho e a localização:
Major

Parótida
Submandibular
Sublingual

Minor

Linguais (von ebner)


Labial
Bucal
Jugais
Palatinas

Tecido epitelial- reveste os ductos e produz


saliva (células epiteliais secretoras)
Glândulas salivares (major e minor)
Tecido conjuntivo- envolve o epitelio,
suportando e protegendo a glândula

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O tecido conjuntivo vai constituir a Cápsula, que envolve a parte externa de toda a glândula
formando ainda Septos, que ajudam a dividir a parte interna da glândula em lóbulos
maiores e depois em lóbulos menores. Tanto a cápsula como o septo transportam nervos
e vasos sanguíneos que servem a glândula.

Revestem os
ductos, importantes
No centro das na transformação da
saliva
células acinares
temos o lúmen

CÉLULAS SECREÇÃO FORMA


SEROSAS Proteínas Esféricas
MUCOSAS Mucinas Tubulares
*Existem também ácinos mistos contêm tanto células serosas como mucosas

As frequências relativas dos três tipos de células acinares são uma característica primordial
pela qual as principais glândulas salivares são distinguidas.

Parótida- glândula acinosa serosa

Submandibular- glândula
tubulacinosa mista, com
predominância de células serosas

Sublingual- glândula tubulacinosa


mista, com predominância de
células mucosas

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Nos ácinos
serosos as células
são alongadas, os
núcleos esféricos,
o lúmen é mais
Nos ácinos
estreito e os
mucosos os
grânulos
núcleos são mais
secretores são
achatados, o
zimogénios
lúmen é mais largo
e os grânulos
secretores são
mucinas

As células mioepiteliais são encontradas entre a lâmina basal e as células


acinares, e apresentam longos processos que envolvem as células
acinares subjacentes e o ducto intercalar, diminuindo o retorno do fluido.

São estimuladas pelo sistema nervoso simpático e parassimpático


possuem efeito sinérgico, resultando na estimulação da contração das
células acinares, promovendo a secreção da saliva formada.

Para além disso, aceleram o fluxo inicial da saliva a partir das células
acinares, reduzem o volume luminal, podendo encurtar e alargar os
ductos ajudando a manter a sua abertura e ajudam o fluxo salivar a
superar a diminuição da resistência periférica dos ductos.

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Nota: As glândulas Major são maiores, em menor
número e contribuem com cerca de 95% da saliva
comparativamente às glândulas Minor

Variações da composição da saliva:

A saliva é basicamente secretada pelas glândulas salivares major (responsáveis por mais
de 90% do volume total da saliva).

Fluxo salivar não estimulado, ausência de Fluxo salivar estimulado, presença de


estímulo: estímulo:
G. submandibular – 65% G. parótida – 65%
G. parótida – 20% G. submandibular – 20%
G. sublingual – 7 a 8% G. sublingual – 7 a 8%
G. minor – 7 a 8% G. minor – 7 a 8%
Regulação de secreção salivar

• A taxa de secreção das glândulas salivares depende inteiramente do sistema


nervoso autónomo.
• Tanto os nervos autónomos simpáticos e parassimpáticos aumentam a secreção.
• Composição modificada pela aldosterona.
o Aumenta a reabsorção de Na+ e Cl- .
o Aumenta a secreção de K+.
• A composição da saliva é afetada pela taxa de salivação, durante a salivação
máxima, a taxa de formação da secreção primária aumenta, o que a faz fluir
rapidamente através dos ductos.
*Hipocilia » baixo fluxo salivar
O fluxo salivar varia consoante:

Grau de hidratação O estado emocional


Posição do corpo A idade
O ritmo circadiano A dentição
Tamanho das glândulas

Nota: Indivíduos alcoólicos têm as glândulas


salivares hipertrofiadas BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
Ciclo circadiano do fluxo salivar

A secreção salivar diminui com a


diminuição de alerta e durante o sono
(paralelamente à diminuição da
frequência de deglutição).

Regulação Parassimpática (tem uma maior atividade na secreção salivar)


o Mensageiro – Acetilcolina (Ach) (recetores muscarínicos)
o Estimulação aumentada em resposta a reflexos condicionados (sabor, cheiro)
e não condicionados (mastigação)
o Estimulação diminuída devido ao sono, medo, desidratação
o Estimula:
• Iniciação e manutenção da secreção (pobre em proteínas e elevado K+
e HCO3 - )
• Contração das células mioepiteliais
• Taxa metabólica
• Fluxo sanguíneo por dilatação dos vasos sanguíneos
• Crescimento
o Seccionamento diminui acentuadamente o fluxo e leva à atrofia
Regulação Simpática
o Mensageiro – Noradrenalina. (recetores adrenérgicos)
o Estimula:
• Secreção (principalmente de enzimas)
• Contração das células mioepiteliais
• Taxa metabólica
• Crescimento
o Seccionamento tem um impacto mínimo na secreção

Formação e secreção de Saliva

A formação e secreção da saliva é um processo que ocorre em duas fases:

1ª Fase – as células acinares secretoras produzem uma saliva primária isotónica


relativamente ao plasma, com composição iónica é semelhante e contendo a
maioria dos compostos orgânicos e H2O secretado pela glândula. A secreção
proteica ocorre por exocitose, ou seja, fusão de grânulos secretores com a
membrana luminal para libertar o seu conteúdo no lúmen.
2ª Fase – fase de modificação em que a saliva primária flui através dos ductos
estriados e excretores e à medida que passa pelo sistema ductal, a composição
iónica da saliva é modificada por reabsorção seletiva de Na + e Cl- (mas não água)
e alguma secreção de K+ e HCO3- . A saliva final é hipotónica com uma
concentração de sal menor que a saliva primária e é secretada na boca.

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Ducto intercalar:
• O lúmen é contínuo com as células acinares.
• Primeira passagem da saliva primária.
• Revestido por uma única camada de células cuboides.
• Não atuam como simples ductos, mas modificam a saliva através de um processo
de secreção e absorção.
• Contribuem para os componentes macromoleculares da saliva armazenada em
grânulos secretores (lisozima, lactoferrina).
• Células indiferenciadas presentes (podem sofrer diferenciação para substituir
células danificadas).
Ducto estriado
• Recebem a saliva primária a partir dos ductos intercalados, constituem a maior
porção de ductos.
• Os ductos estriados são revestidos por um epitélio cuboide simples que se torna
gradualmente colunar à medida que se aproxima do ducto excretor.
• Local de reabsorção de eletrólitos (Na+ e Cl- ). Secreção de K+ e HCO3–
• As condutas estriadas também modificam o conteúdo orgânico da saliva primária.
As células do ducto sintetizam e secretam glicoproteínas como a calicreína e o fator
de crescimento epidérmico
Ducto excretor
• Localizado no septo de tecido conjuntivo entre os lóbulos da glândula (conduta
interlobular).
• Maior em diâmetro do que as condutas estriadas.
• Células epiteliais colunares pseudostratificadas.
• São revestidos com células, que não levam a cabo qualquer modificação da saliva.
• Pequenos ductos dentro das glândulas salivares levam a ductos maiores, formando
eventualmente um único grande ducto que se esvazia na cavidade oral

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Propriedades físico-químicas da saliva

• Aspeto: opalescente, às vezes límpida e incolor.


• Viscosidade: elevada devido à presença de mucinas.
• Volume: de 1.000 a 1.500 mL/dia, correspondente a um fluxo salivar médio de 0,7
ou a 1,0 mL/min, ou a 0,2 a 0,5 mL/min em descanso e 2,0 a 5,0 estimulada.
• Densidade: de 1.000 a 1.020 g/mL.»superior água (mistura de água co proteínas)
• Osmolaridade: a saliva é hipotónica em relação ao plasma.
• pH: variação de 6,7 a 7,4; maior incidência é 6,8/6,9

Composição da saliva
A saliva inclui secreções combinadas de
todas as glândulas salivares, major e minor.

*Contém também células epiteliais orais descamadas, microrganismos e os seus produtos,


leucócitos, fluido crevicular gengival, e restos de comida.

Componentes inorgânicos da saliva

Sódio (Na+)
o Contribui para a osmolaridade da saliva (osmolaridade é 1/2 a 3/4 da do
sangue).
o A concentração de sódio dá informações de diagnóstico relacionadas com a
eficiência do sistema de transporte ductal. Concentração aproximadamente um
décimo da do sangue.
Potássio (K+)
o Contribui para a osmolaridade da saliva. Concentração aproximadamente sete
vezes superior à do sangue.
o O potássio atinge a saliva por processos ativos tanto em ácinos como em
ductos.
o A concentração cai imediatamente após a estimulação e depois é
aproximadamente constante.

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Cálcio (Ca2+)
o A saliva é supersaturada com iões cálcio, essencial para o desenvolvimento e
manutenção normal dos dentes, conjuntamente com o fosfato.
o Também facilita a mineralização do esmalte.
Bicarbonato (HCO3-)
o Elevada concentração (aproximadamente três vezes superior à do sangue).
o Sistema tampão primário da saliva. Resiste à variação do pH salivar, protegendo
os dentes da desmineralização causada pelos ácidos bacterianos produzidos
durante o metabolismo do açúcar e por fatores intrínsecos e extrínsecos.
Fosfato (HPO42-)
o Até certo ponto contribui com o sistema ácido carbónico/bicarbonato para a
sua ação tampão.
o A saliva é supersaturada em iões fosfato, essencial para o desenvolvimento e
manutenção da integridade da superfície do esmalte, conjuntamente com o
cálcio.
Cloreto (Cl- )
o Contribui para a osmolaridade da saliva. O gradiente osmótico resultante do
aumento da concentração luminal de Cl - (e de Na+) resulta no movimento da
água para o lúmen e na formação da saliva final hipotónica.
o Os ductos reabsorvem iões de Cl- (e de Na+) e secretam K+ e bicarbonato
Fluoreto (F- )
o O flúor é bem conhecido pela sua propriedade anti cárie.
o Na presença de flúor, o esmalte remineralizado torna-se mais resistente do que
o esmalte normal, diminui a solubilidade dos cristais e aumenta a
remineralização das lesões iniciais de cárie.
o Os picos de concentração de flúor na saliva glandular são observados cerca de
30-60 minutos após a ingestão da dose de flúor.
Tiocianato (SCN-)
o Secretado pelo sistema ductal e na presença da lactoperoxidase (secretada
pelas células acinares) e do peróxido de hidrogénio catalisa a formação de iões
hipotiocianato (OSCN) que inibe crescimento bacteriano na saliva

Soluções tampão na saliva

Bicarbonato: o mais importante na saliva (concentração aumenta na saliva estimulada)


H2CO3 ↔ HCO3- + H+ pKa = 7,4
Os bicarbonatos libertam ácido carbónico (ácido fraco) quando se adiciona ácido; este é
rapidamente decomposto em H2O e CO2, o que deixa a solução resultando na remoção
completa dos ácidos
Fosfatos: presente em maior quantidade na saliva não estimulada (concentração
diminui com aumento do fluxo)
H2PO4- ↔ H+ + HPO4-2 pKa = 6,86
Proteínas salivares e seus subprodutos (ureia, amónia).

Componentes orgânicos da saliva

Enzimas– amílase salivar, lactoperoxidase, lisoenzima


Proteínas–mucinas, defensinas, estaterina, histatina, lactoferrina, albumina e IgA
Desperdícios metabólicos–ureia e ácido úrico

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Principais enzimas digestivos Enzimas antibacterianas que matam as
encontrados na saliva: α-amílase e bactérias: Lisoenzima,
Lípase lingual Lactoperoxidase, Lactoferrina e IgA

Amílase
o Secretada pelas células serosas – glândulas parótidas e submandibular.
o Catalisa a hidrólise do amido e do glicogénio em dextrinas limite e em maltose.
É o início do processo químico da digestão.
o Hidrolisa as ligações glicosídicas α-1-4 do amido e do glicogénio.
o O pH ótimo necessário para a activação da amílase salivar é 6.
Maltase
o Secretada em quantidades vestigiais.
o Catalisa a hidrólise da maltose em glucose (20% de glucose na saliva).
Lípase lingual
o Secretada pelas glândulas von Ebner da língua» minor (células serosas)
o Envolvida na primeira fase da digestão dos lípidos
o Hidrolisa os triacilglicerois a monoglicéridos, diglicéridos e ácidos gordos de
cadeia curta e média
o Importante na digestão dos lípidos do leite nos recém-nascidos
o Ao contrário das outras lípases dos mamíferos, é altamente hidrófoba e
facilmente entra nas gotículas dos lípidos.
Anidrase carbónica
o Secretada pelas glândulas serosas linguais, da parótida e da submandibular.
o Responsável na catálise da formação do bicarbonato (solução tampão) –
importante na formação do tártaro dentário.
Lisoenzima
o Armazenadas nos grânulos secretores das células ductais.
o Enzima responsável pela degradação dos polissacáridos das paredes de vários
espécies de bactérias (como por exemplo Streptococcus), oferecendo alguma
proteção contra a infeção bacteriana ou geram produtos que inibem o
metabolismo
Lactoferrina
o Armazenadas nos grânulos secretores das células ductais.
o A glicoproteína da lactoferrina inibe o crescimento de bactérias que necessitam
de ferro, quelante do elemento
Lactoperoxidase
o Secretada pelas células epiteliais acinares das glândulas salivares
submandibulares e parótidas.
o Catalisa a oxidação de uma série de substratos orgânicos e inorgânicos pelo
peróxido de hidrogénio.
o Os produtos oxidados obtidos por ação deste enzima têm potentes atividades
bactericidas como pro exemplo a oxidação do Tiocianato a hipotiocianato
Calicreína
o Glicoproteína secretada pelos ductos estriados.
o Peptidases clivam ligações peptídicas nas proteínas, causando a libertação de
bradiquinina, que é um forte vasodilatador.

α-globulina+ Calicreína= bradiquinina que é um vasodilatador

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Histatinas
o Proteínas principalmente catiónicas ricas em histidina identificadas como
antimicrobianas e antifúngicas nas secreções das glândulas da parótida e da
submandibular e da sublingual humanas. Componentes orgânicos da saliva
Cistatinas
o Ligam-se a iões de cálcio, criando um ambiente rico em cálcio na superfície do
esmalte, formando uma película salivar
o inibidores da protéases de cisteína que desempenham várias funções
indispensáveis na biologia dos microrganismo (agentes antibacterianos / virais)
Estaterinas
o Pequena proteína salivar com segmento aminoterminal carregado
negativamente
o Favorecem remineralização e evitam a precipitação ou cristalização de fosfato
de cálcio supersaturado nos ductos salivares e fluído oral (impedem a formação
de cálculo dentário)
o inibem a precipitação espontânea dos sais de cálcio nas superfícies dentárias,
mantendo a saliva sobressaturada em cálcio
o Produzido pelas células acinares das glândulas salivares
o Também é um lubrificante eficaz
Imunoglobulinas
o Sintetizadas por plasmócitos no tecido conjuntivo que envolve os ácinos
secretores das glândulas salivares
o Agentes antibacterianos
o IgA – imunoglobulina salivar predominante. IgG e IgM detetadas em pequenas.
o Imunoglobulinas salivares pode também entrar na saliva através do sulco
gengival.
o As imunoglobulinas salivares podem atuar principalmente através da sua
capacidade de inibir a adesão dos microrganismos aos tecidos orais.
o Componente secretor pode aumentar a resistência das moléculas IgA a
desnaturação ou proteólise na cavidade oral
Proteínas ricas em prolina (PRPs)
o A película de esmalte adquirida é uma camada de material macromolecular de
espessura 0,1-1,0µm na superfície mineral do dente
o A película é formada por adsorção seletiva de proteínas salivares que reagem
com os cristais de hidroxiapatite, proteínas séricas e produtos microbianos tais
como glucanos e glucosil transferases
o Película atua como uma barreira de difusão, atrasando o ataque pelos ácidos
bacterianos e a perda de iões de fosfato e de cálcio dissolvidos.
o Função das PRPs na formação da película de esmalte:
• Tal como as Estaterinas, as PRPs também são altamente assimétricas.
• Inibidores do crescimento dos cristais de fosfato de cálcio
• Inibição devida aos resíduos da extremidade aminoterminal carregada
negativamente
• Presente na película de esmalte formada inicialmente e nas películas
maduras

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Mucinas
o Glicoproteína que é o constituinte primário do mucus
o Cadeias laterais podem terminar em grupos carregados negativamente, tais
como ácido siálico e sulfato ligados.
o Hidrófilo, incorporando água (resiste à desidratação).
o Propriedades reológicas únicas (por ex., elevada elasticidade, adesividade e
baixa solubilidade)
o Duas principais mucinas (MG1 e MG2).
o Funções das Mucinas:
• Revestimento do tecido
Revestimento protetor sobre tecidos duros e moles.
Função fundamental na formação de película adquirida
Concentra moléculas antimicrobianas na interface da mucosa.
• Lubrificação
Facilita a deglutição, humedecendo e lubrificando os alimentos.
Ao fornecer lubrificação, impede que os tecidos orais adiram uns
aos outros, permitindo-lhes deslizar facilmente uns sobre os
outros.
Aumenta as qualidades lubrificantes (resistência da película).
Resistência da película determina como as superfícies em
movimentos opostos são mantidas separadas
As mucinas formam também uma barreira contra estímulos
nocivos e traumas menores.
• Agregação de bactérias
As bactérias aderem às mucinas, podendo resultar numa
superfície de ligação
As bactéria envolvidas por mucinas podem ser incapazes de se
ligarem à superfície
Adesão bacteriana
Os oligossacáridos das mucinas simulam a superfícies das células
da mucosa
Reage com a adesina da superfície celular das bactérias, deste
modo bloqueando-as.

Fatores de crescimento secretados pelas glândulas salivares

• Encontrados nas glândulas salivares humanas (ductos intercalados da glândula


parótida)
• Influencia a erupção dentária, queratinização epidérmica e proliferação celular e
diferenciação
• Absorvida a partir da saliva pelas células que revestem a cavidade oral

Funções da saliva

• Digestivas (solubilidade dos alimentos; alfa- amílase; sabor; …)


• Protetoras:
o Integridade das mucosas; fatores de coagulação VII, IX, X e XII;
o proteção contra fatores de stress – citoproteção da mucosa oral;
o Antimicrobiana (PMN, água, fluor existente nos dentífricos ou na dieta, …);
o Imunitária (IgA, IgG e IgM, mediadores imunitária como PMN e linfócitos);

Nota: Existe uma relação entre o aparecimento


de doenças como a Carie e problemas na saliva; BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
Outras funções da saliva:

• Exerce como um solvente para as moléculas que estimulam as papilas gustativas.


Somente as moléculas presentes na solução podem reagir com os recetores das
papilas gustativa
• Facilita o movimento da língua e dos lábios
• Desempenha um papel importante na higiene oral, ajudando a manter a boca e os
dentes limpos. Arrasta as partículas residuais dos alimentos, células epiteliais e
partículas estranhas
• Ajuda na excreção de muitas substâncias, por exemplo chumbo, mercúrio, drogas,
alcaloides, antibióticos, vírus, ureia (resultante do metabolismo dos aminoácidos).

A saliva pode ter tanto propriedades protetoras como prejudiciais:

• Amílases
o Em solução, facilitam a eliminação de estreptococos viridianos
o Adsorvidas à superfície dentária, podem promover a aderência destas
bactérias e digerir o amido à maltose alimentar e à produção de ácido
• Esterina e proteínas ricas em prolina ácida
o Na superfície do esmalte, desempenham um papel importante na
mineralização, inibindo a formação de sais primários e secundários de fosfato
de cálcio. Quando absorvidos à superfície do esmalte, promovem a fixação de
microrganismos cariogénicos.

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Relações funcionais entre as diferentes moléculas na saliva

Dois tipos de complexação (covalente e não covalente):

• homotípico (entre moléculas semelhantes)


• heterotípico (entre diferentes moléculas)
• Exemplo: Mucinas
o complexos homotípicos necessários para lubrificação e propriedades
viscoelásticas
o complexos heterotípicos com imunoglobulina A (sIgA), lisozima e Cistatinas
concentram estes antimicrobianos nas interfaces dos tecidos

Atualmente os estudos microbiológicos da saliva são feitos através da saliva estimulada,


onde o paciente coloca uma pastilha de parafina na boca, debitando posteriormente a saliva
formada para um frasco que irá para análise.

A saliva reflete o estado fisiológico do corpo incluindo as variações emocionais, endócrinas,


nutricionais e metabólicas sendo considerado como "O ESPELHO DO CORPO"

Fluido biológico mais importante em Medicina Oral e em grande medida responsável pela
aproximação entre a Medicina Dentária e a Medicina Geral

Tártaro

Consiste na calcificação da placa bacteriana, formando-se por:

• Sobressaturação de sais na saliva e na matriz, que precipitam a pH alcalino;


• Sistema pirofosfato-pirofosfatase na matriz, a produção bacteriana de pirofosfatase
facilitaria o processo de mineralização;
• Desregularização do processo de mineralização, por destruição proteica de
proteínas reguladoras
• Cristalização intracelular, microcristais intracitoplasmáticos

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