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Sebenta de Biologia Oral-T
Sebenta de Biologia Oral-T
Sebenta de Biologia Oral-T
2020/2021
Estrutura do dente
A cavidade pulpar contem uma porção coronária- a câmara pulpar- e uma porção na raiz,
o canal radicular, estendendo-se até ao ápice do dente, onde o forame apical possibilita a
entrada e saída de vasos sanguíneos, linfáticos e nervos da polpa.
Nota: O órgão dentário é composto por esmalte, dentina e polpa. O cemento faz
parte do periodonto, por questões embriológicas.
Esmalte
É uma estrutura avascular, sem inervação e acelular (não contém células, por isso
não é considerado um tecido)
Na sua superfície macroscópica podemos observar bandas de ondas de 30 a 100
μm e linhas de Pickerill.
A sua unidade básica estrutural são os prismas, que se estendem desde da junção
amelo-dentinária até à superfície do esmalte, aumentando gradualmente o seu
diâmetro.
Apresenta zonas hipomineralizadas na sua camada mais interna: os tufos do
esmalte, compostos por tufelina e as lamelas do esmalte, mais longas e menos
comuns que os tufos e resultantes da maturação incompleta dos prismas.
Dentina
Tecido conjuntivo avascular e mineralizado, mais duro que o osso (2ª substância
mais dura do nosso corpo)
Composta por 70% de matéria inorgânica (sais de Ca2+ na forma de cristais de
hidroxiapatite), 18% de matéria orgânica (fibras de colagénio tipo I, proteoglicanos,
glicoproteínas) e 12% água
Coronalmente coberto por esmalte e apicalmente recoberto por cemento
Alto grau de elasticidade que protege contra fraturas no esmalte
Constitui a maior parte do volume do dente
A polpa está totalmente inserida na dentina com exceção da área do ápex, onde
comunica diretamente com o periodonto
Possui túbulos dentinários onde encontramos os prolongamentos dos
odontoblastos, distinguindo-se a dentina intertubular (entre os túbulos) e peritubular
(intratubular)
Composição orgânica e inorgânica, a densidade e diâmetro tubular e a
magnitude peritubular variam com a profundidade da dentina
Nota:
A matriz secretada pelos odontoblastos é inicialmente não mineralizada e denomina-
se pré-dentina.
Pré-dentina
j
Cortes desmineralizados de dentina:
O – Processos odontoblásticos
D – Túbulos dentinários
uhfuheohwf
ID – Dentina inter-dentinária
Polpa
Glicosaminoglicanos (GAGs) são glícidos complexos de elevado peso 15 anos vs. 67 anos
molecular (polímeros lineares não ramificados) constituídos por
aminoaçúcares e uronatos, em sequências repetitivas de dissacáridos.
BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
com exceção do hialuronato, todos os GAGs são sulfatados.
Periodonto
Possui também uma função nutritiva, sendo muito vascularizado e é ainda responsável por
selar a área periodontal da área oral, impedindo o acesso de bactérias.
A mucosa oral é geralmente lisa, apresentando rugas na língua, palato duro, “stippling” na
gengiva e na linha oclusal (ruga branca). Os seus limites são o vermelhão e a linha muco-
gengival. A mucosa oral é revestida por epitélios pavimentosos estratificados como
espessuras e níveis variados de queratinização, sendo a maior parte não queratinizado.
Gengiva Aderente
Depressão Gengival Livre
Gengiva Livre
Gengiva
Margem Livre Gengival
Linha muco-gengival
Mucosa oral
Papila Gengival
O queratinócito é o principal
tipo de célula do epitélio
gengival, bem como de
outros epitélios pavimentosos
estratificados (≈ 90%), outras
células encontradas no
epitélio, denominadas não
queranócitos:
Cemento
Nota: Tem uma atividade metabólica mais baixa que o osso, uma vez que é menos
irrigado, o que permite que haja movimentação dos dentes por meio de aparelhos
ortodônticos sem que ocorra reabsorção óssea
Ligamento Periodontal
Gengiva:
1.Artéria Supra-perióstea
3. Artéria Alveolar
4. Artéria Septal
Uma vez que a cavidade oral funciona como um ecossistema microbiano, é necessário
uma identificação precisa dos agentes patogénicos que causam a doença periodontal.
Não Saudável
Saudável
Inflamação é considerada
uma situação de inchaço,
dor, vermelhidão e calor.
O quadrilátero de Celso
Cálculos = Tártaro
BIOLOGIA ORAL | MIMD 2ºano/1ºsemestre
Por fatores sistémicos- defesas diminuídas:
o Hormonais
o Nutricionais
o Genéticos
o Traumatismo oclusal
Toxicidade direta:
o Libertação de enzimas:
A colagenase vai • Protéases (colagenase, hialuronidase, sulfatase de condroitina) que
destruir as fibras de destroem as proteínas de adesão das células, facilitam a entrada de
colagénio tipo IV
bactérias nos tecidos
presentes na gengiva,
• Fosfatases alcaninas e ácidas
ficando esta menos
resistente e mais mole, • Fosfolipases
sangrando ao toque. • Aminopeptidases
o Produtos finais do metabolismo bacteriano:
• Compostos voláteis sulfúricos, levam á desmineralização dos
cristais de hidroxiapatite
• Amónia
• Indol
• Ácidos gordos
Toxicidade indireta:
o Reação imunitária local, defesa contra a infeção bacteriana que pode
causar destruição tecidular por vários mecanismos imunológicos:
Ocorre uma destruição • Células inflamatórias: Neutrófilos, macrófagos, linfócitos, células
das fibras conjuntivas
plasmáticas
que são substituídas por
• Anticorpos: IgG, IgM, IgA, IgE, IgD
células inflamatórias.
• Complemento: ativado pela interação antigénio-anticorpo
O alargamento resultante dos espaços entre as células do epitélio juncional durante o início
da gengivite pode permitir que agentes nocivos, derivados das bactérias ou da própria
bactéria, tenham acesso ao tecido conjuntivo.
As papilas estão,
frequentemente, mais
comprometidas do
que a margem
gengival, e os
primeiros sinais da
gengivite ocorrem em
geral na papila.
É uma inflamação gengival, envolvendo o epitélio, tecido conjuntivo e fibras, que progride
para o osso alveolar e ligamento periodontal. Esta doença infeciosa, iniciada pela presença
de placa bacteriana, provoca inflamação dos tecidos de suporte do dente, perda
progressiva de inserção e perda óssea.
Nota: Existe uma discrepância entre a crista do osso alveolar e a junção amelocimentária que
fica ainda maior em situações de periodontite devido à reabsorção óssea, que decorre da
progressão e desenvolvimento da placa bacteriana.
Junções de ancoramento
Malha em forma
de folha com
uma espessura
de 60 a 120 nm
Nota: Os hemidesmossomas ligam a lâmina basal às células epiteliais, no caso específico do epitélio oral medeiam
a ligação das lâminas basais interna e externa ao esmalte e mesênquima, respetivamente.
Os outros componentes da
membrana basal interagem com o
polímero de laminina e a rede de
colagénio tipo IV para organizar
uma membrana basal funcional
sobre o lado basolateral das
células.
Estrutura da laminina
hidrófobas (a e d),
hidrófilas (b, c e f)
iónicas (e e g).
Constituído por células rodeadas por uma extensa matriz extracelular. Há vários tipos
diferentes de tecidos conjuntivos que são classificados de acordo com a organização e
composição dos componentes celulares e da matriz extracelular.
Características:
Fibroblastos
Sintetizam:
»Colagénio, » Elastina
»Glicosaminoglicanos » Proteoglicanos
»Glicoproteínas multiadesivas,
Macrófagos
Características:
Mastócitos
Substância fundamental
Fibras
Os espaços deixados entres as fibras é
Existem três tipos de fibras no tecido conjuntivo: onde se vai dar a mineralização
Fibras elásticas
Fibras reticulares São as proteínas mais abundantes nos mamíferos e
Fibras de colagénio representam 25-30% do conteúdo total de proteínas.
Características:
Estrutura do colagénio
Composta por 3 cadeias polipeptídicas α enroladas à volta umas das outras para formar
a configuração da tripla hélice, estabilizada por numerosas ligações por pontes de
hidrogénio.
As cadeias α do colagénio tem uma estrutura secundária repetitiva que é única desta
proteína. Adopta uma estrutura helicoidal anti-horária com três resíduos por volta.
Três destas hélices enrolam-se uma sobre as outras, no sentido horário, para formar a
tripla hélice.
Dependendo do tipo de colagénio, a molécula pode ser constituída por 3 cadeias alfa
idênticas (homotrimeros), ou duas ou três cadeias alfa diferentes (heterotrimeros).
Gliy - X - Y
Os colagénios representam uma grande família de proteínas e foram descritos até agora
mais de 25 tipos diferentes de colagénio, sendo que muitos tipos de colagénio distintos
foram genética, química, e imunologicamente identificados e são uma consequência de
Fibrilar
De ancoramento
A superfamília de colagénios tem duas classes principais fibrilar e não fibrilar, baseada nas
suas sequências genéticas e como os polipéptidos são processados e agregados. Há mais
de 27 genes do colagénio, dos quais apenas cinco são fibrilares. Os colagénios fibrilares,
especialmente o tipo I são os mais comuns.
Colagénio reticular
A ausência de vit. C resulta no escorbuto onde se verifica a perda de dentes, essa perda é motivada pela
perde colagénio que dá resistência às gengivas e ao ligamento periodontal.
As células
indiferenciadas da papila
vão se diferenciando até
se formarem os
odontoblastos
Já as células do epitélio
interno vão polarizar de
forma autócrina ficando
mais compridas e dando
origem aos ameloblastos
Dentinogénese
Os odontoblastos são
células bastante irrigadas
Estas células também libertam proteínas não colagénicas, sendo estas responsáveis pela
orientação e organização da matriz da dentina, sendo para isso necessário que as fibras
de colagénio fiquem bem orientadas de forma a ajudar na mineralização.
Síntese de colagénio
As células têm diferentes genes para sintetizar os diferentes tipos de colagénio, sintetizando
o tipo para o qual forma sinalizadas e sendo a síntese em si um processo semelhante.
As fibras de
colagénio
organizam-se
paralelamente umas
às outras, deixando
um espaço “GAP”
entre elas, tanto
entre filas como
dentro da mesma
fila, organização esta
que é favorecida
pelas proteínas não
colagénicas
libertadas pelos
odontoblastos.
Na dentina, as GAPs são o local onde se inicia a mineralização (formação dos cristais de
hidroxiapatite), sendo que esta continua para além destes espaços, ao longo das fibras de
colagénio, funcionando o mineral formado na GAP como um molde.
Para a formação dos cristais de hidroxiapatite é necessário que haja abundância de Ca2+
na sua forma livre e não precipitada, e para isso proteínas não colagénicas, aderem às
fibras de colagénio, estabilizando-as, e uma vez que têm carga negativa impedem que o
Ca2+ precipite, mantendo disponível e libertando-o apenas para que ocorra a mineralização.
Fase onde estão presentes os processos de Thomes, marcada por uma grande secreção
de proteínas não colagénicas e iões de Ca2+ e fosfato para a matriz extracelular.
Fase de maturação
Nota: Os matérias dentários são utilizados de forma a tentar biomimetizar o efeito destas
proteínas anteriormente descritas, uma vez que a dentina e o esmalte são acelulares e
avasculares, sendo difícil a sua regeneração
O colagénio tipo I com a estrutura [α1 (I) α2 (I) ] é o mais exclusivo na dentina e da
pré-dentina.
A dentina e a pré-dentina desmineralizada mostram fibras de colagénio compactas
de 20-50nm.
O colagénio da dentina contém 2 a 3 vezes mais hidroxilisina comparada com a dos
tecidos moles.
O colagénio da dentina é relativamente insolúvel em soluções ácidas e neutras.
O colagénio tipo III é considerado ser um contaminante do colagénio pulpar.
O colagénio tipo V é o único para além do tipo I sintetizado por odontoblastos em
cultura que é secretado na pré-dentina (apenas 3%)
Colagénio da polpa
Colagénio do osso
Ligamento periodontal
Colagénio do cemento
Gengiva
Acontecimentos intracelulares
Agregação de 3
Síntese das cadeias Hidroxilação da Glisolilação da
cadeias α na hélice
pro-cadeia α lisina e da prolina hidroxilisina
tripla
A hidroxilação da lisina e da prolina, resulta da ação dos enzimas lisil e prolil hidroxilase, α-
cetoglutarato, ferro ferroso, oxigénio molecular e ascorbato, sendo que os resíduos
proporcionam estabilidade. No caso da OH-lisina, servem como locais de glicosilações e
de formação de ligações cruzadas.
Relembrar:
Ligação iónica
Nas interações electroestáticas ocorre interação entre cargas opostas, no caso dos
sais as cargas negativas igualam as cargas positivas.
Consistem em ligações de um metal a um ou mais ligandos que podem ou não ter carga,
não tendo necessariamente de neutralizar as cargas do metal. São ligações mais fortes
que as iónicas, requerendo uma maior energia para serem quebradas.
Os ligandos têm
de ter um par de
eletrões não
ligantes que
podem ser doados
ao metal
GAG:
Glicosaminoglicanos
A acidificação do
meio é controlada
pelo bicarbonato
Uma vez formado o dente os processos que se dão são de remineralização, onde a única
fonte de iões, no caso do esmalte, é a saliva.
Desmineralização
O próprio Ca2+ quando deixa de estar ligado aos seus ligandos fica com a sua esfera de
coordenação afetada, acabando também por se libertar para a saliva.
Não havendo reversão do fenómeno, não só a camada superficial mas as mais interiores
começam a ser afetadas, passando o fenómeno a ser visível.
A desmineralização para de se dar na presença de meios ácidos pode ainda ser local devido
à acumulação de placa bacteriana, que se vai infiltrando no esmalte.
Remineralização
O ião fluoreto, presente por exemplo em pastas de dentes, é um ligado mais forte que o
OH-, tendo uma maior tendência para se ligar no local do grupo hidroxilo, retirando-o de
forma a ligar-se, sendo o pH crítico da fluoropatite de 4,5. Desta forma é mais estável e
resistente ao ácido que as hidroxiapatites puras, para além disso o flúor inibe o metabolismo
bacteriano, diminuindo a libertação de ácidos orgânicos e atuando como agente preventivo
da cárie dentária.
O grupo dos alcalinos não tem tendência a fazer ligações e formar complexos, uma vez que
doam os eletrões que tem a mais ficando mais estáveis como iões monovalentes. É o caso
do sódio (Na+), que pode ocupar as lacunas deixadas pelo Ca2+ mas não forma ligações
covalentes.
Nota: Na dentina parcialmente desmineralizada, as MMPs podem levar à perda gradual de áreas de gap
intramolecular. Este facto pode comprometer seriamente a capacidade da matriz para a remineralização
intrafibrilar, considerada essencial para restaurar as propriedades mecânicas da dentina.
Depois, num segundo nível, é constituído por unidades estruturais, chamadas de prismas.
Ainda existem zonas periféricas a estas, denominadas de regiões interprismáticas,
completando assim a estrutura cristalina.
Os prismas são barras mais ou menos cilíndricas, com 5-8 μm de diâmetro, perpendiculares
à junção amelocimentária, que se estendem desde o esmalte aprismático, que é a camada
depositada no início da amelogénese, até a superfície externa do esmalte. Nalgumas zonas,
a zona externa do esmalte pode estar coberta por esmalte aprismático.
Do centro dos prismas até à sua periferia, a orientação dos cristais vai mudando, havendo
uma inclinação progressiva até ao limite do prisma.
Esta matriz residual é um complexo de proteico formado por diferentes péptidos, os quais
mantêm os cristais juntos uns aos outros, tendo sido demonstrado que a presença deste
complexo peptídico, influencia as propriedades óticas e mecânicas do esmalte.
Fluorose Dentária
O Fluor é o elemento mais eletronegativo que se conhece e o elemento não metálico mais
reativo, e como ião fluor encontra-se maioritariamente na forma de composto químico.
Está presente na maioria dos organismos vivos estando em maior concentração nos peixes,
podendo também ser encontrado em muitas plantas (chá) e no ar (erupção vulcânica). Nos
ossos e nos dentes encontra-se na fluorapatite que reduz a ocorrência de carie dentária.
Muitos destes casos surgiram devido a altas quantidades de fluor na água de consumo
(13,7 ppm/F), sendo que o aumento do conteúdo de fluor na água, aumentava a gravidade
no grau de fluorose, correspondente a uma maior resistência à carie dentária.
Atualmente aceita-se que a dose ótima oscile entre 0,5 e 1,0 ppm de flúor.
Nota: A fluorose dentária não ocorre em indivíduos que já tenho a 2ª dentição completa
uma vez que os dentes já se encontram formados e a integração de fluor ocorre apenas
à superfície do dente.
Amelogénese imperfeita
Mutações que inibem qualquer uma das interações entre as proteínas estruturais
(amelogenina, Enamelina ou Ameloblastina), ou que causam perda de atividade
enzimática, causam amelogénese primária imperfeita, ausência ou formação
incompleta de esmalte sem efeitos sistémicos.
São exemplos:
Deficiência de vitamina D
Motivado por desnutrição ou condições metabólicas que resultam em defeitos nas vias de
mineralização »deficit na concentração extracelular de cálcio e fósforo.
Condições Sistémicas
-> Os defeitos herdados na dentina podem ser agrupados naqueles que afetam apenas os
tecidos da dentina e aqueles que mostram envolvimento ósseo junto com o defeito da
dentina, demonstrando frequentemente calcificações e anormalidades aberrantes do
complexo polpa da dentina.
Dentinogénese Imperfeita
Consiste numa patologia dentária hereditária que afeta a dentina e surge durante a
embriogénese, particularmente durante as fases de formação da matriz orgânica e
diferenciação tecidular da dentina.
Pode afetar as duas dentições, decídua e permanente, com maior ou menor severidade de
acordo com o tipo da Dentinogénese imperfeita em questão.
Raquitismo
Ex: a hipofosfatemia geralmente revela dentina pouco mineralizada e defeitos tubulares que
se estendem perto da junção amelodentinária.
Ciência Básica – explica porque alguns defeitos do esmalte e da dentina são causados por
uma variedade de fatores de interação biológica / bioquímica / ambiental.
Metaloproteases
(Dependentes de zinco)
Estas enzimas são importantes na adesão dos materiais dentários às estruturas dentárias,
sendo responsáveis pela degradação de componentes da matriz.
*As MMPs podem degradar a própria resina, ocorrendo nanoinfiltração 3 meses depois da restauração
Microflora Oral
Dependendo do tipo de
bactérias, o seu local de
colonização na boca pode
variar.
Durante o primeiro ano de vida, outras espécies também colonizam a boca e com a erupção
dos dentes, encontram-se disponíveis superfícies sólidas na cavidade oral para
colonização, onde os Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis estabelecem-se
nestas superfícies duras. Simultaneamente, há também um aumento do número de anaeróbios
obrigatórios, sobretudo no sulco gengival.
Ecossistemas Orais
A heterogeneidade dos tipos de tecidos na cavidade oral, tais como dentes, língua e
mucosa, leva a uma variedade de locais disponíveis para colonização.Cada local tem
características únicas, permitindo que os microrganismos mais adequados ao ambiente o
habitem:
Região Proximal:
»Gram+ e -;
Sulco Gengival: Anaeróbios obrigatórios
»Gram+ e -; Anaeróbios e facultativos
obrigatórios e
Nisseria
facultativos
Provetella
Provetella Streptococcus
Streptococcus Actinomyces
Actinomyces Veillonella
Fusobacterium
Eubacterium Fissura:
Treponema »Gram+
Anaeróbias facultativas
Streptococcus
Actinomyces
A superfície do dente
acabada de limpar é
rapidamente revestida por
uma película salivar e
depois por bactérias
colonizadoras primárias,
tais como espécies de
Streptococcus e
Actinomyces.
A importância da saliva na
formação da película de
aproximadamente 0,1 mm
de espessura (muito fina), A placa contém centenas de espécies
que recobre as superfícies diferentes de microrganismos numa
dentais. matriz de moléculas salivares hospedeiras
e produtos bacterianos extracelulares
Estas espécies proporcionam uma película de ligação para a posterior fixação e acumulação de
outras bactérias, tais como Veillonella e Actinomyces, que formam relações metabólicas estreitas
com Streptococcus.
O amoníaco gerado pode contribuir para o tamponamento do citosol, o ATP gerado pode ser
utilizado para o bombeamento de protões através de F-ATPase e o CO2 pode ser convertido
em HCO3 - ) através da anidrase carbónica. Um decréscimo no pH do meio provoca a activação
também da FM, que converte o malato em lactato e a CO 2.
• Acidogénicas.
• Capaz de produzir um pH suficiente baixo (geralmente pH<5)
• Capaz de sobreviver a pH baixos e continua a produzir ácido.
• Possui mecanismos de fixação e adesão às superfícies dentária.
• Capaz de produzir polissacáridos insolúveis (glucanos)
O ião fluoreto tem propriedades antimicrobianas, formando uma camada protetora no dente
e favorecendo a formação de fluorapatite que é mais estável em meios ácidos que a
hidroxiapatite, uma vez que tem um ph crítico mais baixo.
Nota: O xilitol-5-fosfato pode competir com a PEP-PTS e pode assim inibir a glicólise,
impedindo o crescimento e a produção de ácido. No caso da Streptococcus mutans
pode reduzir a síntese de polissacáridos extracelulares in vivo, levando a uma
alteração na distribuição da sua na placa-saliva (menor do nº).
Os indivíduos com deficiência na secreção salivar têm dificuldade em comer, falar, e engolir
e tornam-se propensos a infeções da mucosa e cáries.
Nota: A saliva glandular é estéril, sendo que os lábios, os movimentos da língua,
músculos da face, estendem a saliva a regiões mais amplas e mais longe do local onde
ela é secretada, misturando-se com o fluido crevicular, restos alimentares,
microrganismos e metabolitos, secreções orofaríngeas formando a “saliva mista”.
As glândulas salivares são glândulas exócrinas que produzem saliva e estão encerradas
numa cápsula de tecido conjuntivo (parótida e submandibular) e internamente divididas em
lóbulos. Classificação das glândulas salivares de acordo
com o tamanho e a localização:
Major
Parótida
Submandibular
Sublingual
Minor
Revestem os
ductos, importantes
No centro das na transformação da
saliva
células acinares
temos o lúmen
As frequências relativas dos três tipos de células acinares são uma característica primordial
pela qual as principais glândulas salivares são distinguidas.
Submandibular- glândula
tubulacinosa mista, com
predominância de células serosas
Para além disso, aceleram o fluxo inicial da saliva a partir das células
acinares, reduzem o volume luminal, podendo encurtar e alargar os
ductos ajudando a manter a sua abertura e ajudam o fluxo salivar a
superar a diminuição da resistência periférica dos ductos.
A saliva é basicamente secretada pelas glândulas salivares major (responsáveis por mais
de 90% do volume total da saliva).
Composição da saliva
A saliva inclui secreções combinadas de
todas as glândulas salivares, major e minor.
Sódio (Na+)
o Contribui para a osmolaridade da saliva (osmolaridade é 1/2 a 3/4 da do
sangue).
o A concentração de sódio dá informações de diagnóstico relacionadas com a
eficiência do sistema de transporte ductal. Concentração aproximadamente um
décimo da do sangue.
Potássio (K+)
o Contribui para a osmolaridade da saliva. Concentração aproximadamente sete
vezes superior à do sangue.
o O potássio atinge a saliva por processos ativos tanto em ácinos como em
ductos.
o A concentração cai imediatamente após a estimulação e depois é
aproximadamente constante.
Amílase
o Secretada pelas células serosas – glândulas parótidas e submandibular.
o Catalisa a hidrólise do amido e do glicogénio em dextrinas limite e em maltose.
É o início do processo químico da digestão.
o Hidrolisa as ligações glicosídicas α-1-4 do amido e do glicogénio.
o O pH ótimo necessário para a activação da amílase salivar é 6.
Maltase
o Secretada em quantidades vestigiais.
o Catalisa a hidrólise da maltose em glucose (20% de glucose na saliva).
Lípase lingual
o Secretada pelas glândulas von Ebner da língua» minor (células serosas)
o Envolvida na primeira fase da digestão dos lípidos
o Hidrolisa os triacilglicerois a monoglicéridos, diglicéridos e ácidos gordos de
cadeia curta e média
o Importante na digestão dos lípidos do leite nos recém-nascidos
o Ao contrário das outras lípases dos mamíferos, é altamente hidrófoba e
facilmente entra nas gotículas dos lípidos.
Anidrase carbónica
o Secretada pelas glândulas serosas linguais, da parótida e da submandibular.
o Responsável na catálise da formação do bicarbonato (solução tampão) –
importante na formação do tártaro dentário.
Lisoenzima
o Armazenadas nos grânulos secretores das células ductais.
o Enzima responsável pela degradação dos polissacáridos das paredes de vários
espécies de bactérias (como por exemplo Streptococcus), oferecendo alguma
proteção contra a infeção bacteriana ou geram produtos que inibem o
metabolismo
Lactoferrina
o Armazenadas nos grânulos secretores das células ductais.
o A glicoproteína da lactoferrina inibe o crescimento de bactérias que necessitam
de ferro, quelante do elemento
Lactoperoxidase
o Secretada pelas células epiteliais acinares das glândulas salivares
submandibulares e parótidas.
o Catalisa a oxidação de uma série de substratos orgânicos e inorgânicos pelo
peróxido de hidrogénio.
o Os produtos oxidados obtidos por ação deste enzima têm potentes atividades
bactericidas como pro exemplo a oxidação do Tiocianato a hipotiocianato
Calicreína
o Glicoproteína secretada pelos ductos estriados.
o Peptidases clivam ligações peptídicas nas proteínas, causando a libertação de
bradiquinina, que é um forte vasodilatador.
Funções da saliva
• Amílases
o Em solução, facilitam a eliminação de estreptococos viridianos
o Adsorvidas à superfície dentária, podem promover a aderência destas
bactérias e digerir o amido à maltose alimentar e à produção de ácido
• Esterina e proteínas ricas em prolina ácida
o Na superfície do esmalte, desempenham um papel importante na
mineralização, inibindo a formação de sais primários e secundários de fosfato
de cálcio. Quando absorvidos à superfície do esmalte, promovem a fixação de
microrganismos cariogénicos.
Fluido biológico mais importante em Medicina Oral e em grande medida responsável pela
aproximação entre a Medicina Dentária e a Medicina Geral
Tártaro