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Monografia UFJF: REQUALIFICAÇÃO DA SEDE DA COMPANHIA PANTALEONE ARCURI: Um Resgate À Memória Industrial de Juiz de Fora
Monografia UFJF: REQUALIFICAÇÃO DA SEDE DA COMPANHIA PANTALEONE ARCURI: Um Resgate À Memória Industrial de Juiz de Fora
Monografia UFJF: REQUALIFICAÇÃO DA SEDE DA COMPANHIA PANTALEONE ARCURI: Um Resgate À Memória Industrial de Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Juiz de Fora
Setembro/2013
1
Dedico este trabalho à Deus, força maior que
sempre me ilumina na conquista de meus
objetivos, aos meus pais e meu irmão querido,
que sempre acreditaram em mim, confiando e
apoiando-me incondicionalmente.
2
Agradecimentos
Agradeço também às minhas queridas amigas, Aline Dias, Patrícia Thevenet, Flávia
Ávila e Sidilaine Menezes, pelo companheirismo e momentos de descontração. Amizades
de faculdade que sem dúvida serão levadas pela vida.
Com carinho quero também lembrar dos queridos Steves Rocha e Otávio Starling.
Valeu pelas boas risadas!
Especialmente, aos meus pais, pela oportunidade para que eu me mudasse para Juiz
de Fora e pudesse concretizar meu sonho de me graduar Arquiteta e Urbanista! Também
agradeço ao meu irmão Vinícius, companheiro e amigo, sempre seguindo comigo este
caminho.
Por fim, quero agradecer aos trabalhadores da AMAC, dos diversos setores que
ocupam hoje o edifício objeto de estudo deste trabalho. Sempre atenciosos, me recebiam
de braços abertos nas inúmeras visitas que fiz ao bem.
3
“O ladrilho hidráulico é um elemento que
marca Juiz de Fora; infelizmente, hoje, mais
presente nas nossas memórias que na nossa
paisagem urbana. Nas primeiras décadas do
século XX revestia a maioria das calçadas do
nosso núcleo urbano. Devemos a Pantaleone
Arcuri e à sua firma o sucesso deste revestimento
em nosso município.” (OLENDER, Marcos)
4
Resumo
Em 1720, é aberta uma via destinada ao escoamento do ouro produzido nas Minas
Gerais até o porto do Rio de Janeiro. Surgia o “Caminho Novo”_uma das estradas da
Coroa portuguesa_ que induziu a ocupação ao longo de seu leito, originando diversos
povoados, um deles, o de Santo Antônio do Paraibuna, atual Juiz de Fora.
5
possuidor de valor histórico, cultural e artístico, é tema deste trabalho, que visa apontar
diretrizes para a requalificação do mesmo.
Palavras-chave
6
Sumário
1. Introdução .................................................................................................................................. 9
1.1. Apresentação ..................................................................................................................... 9
1.2. Objetivos gerais ................................................................................................................ 11
1.3. Método ............................................................................................................................. 12
2. Identificação e Conhecimento do Bem .................................................................................... 15
2.1. Contextualização Histórica ............................................................................................... 15
2.1.1. Introdução ................................................................................................................ 15
2.1.2. Apogeu Industrial: Juiz de Fora, a “Manchester Mineira” ....................................... 16
2.1.3. A imigração italiana em Juiz de Fora ........................................................................ 17
2.1.4. A Cia. Pantaleone Arcuri e a sua influência na paisagem de Juiz de Fora ................ 18
a. A trajetória de Pantaleone Arcuri e da sua companhia construtora ............................... 18
a.2. Fase 2: Companhia Pantaleone Arcuri, Timponi & Cia. ............................................. 22
a.3. Fase 3: Companhia Pantaleone Arcuri e Spinelli ....................................................... 23
a.4. A trajetória de Raphael Arcuri ................................................................................... 27
a.5. A trajetória de Arthur Arcuri ..................................................................................... 32
b. Produção da Companhia .................................................................................................. 33
b.1. As incríveis “cúpulas de ardósia” .............................................................................. 33
b.2. Os fascinantes ladrilhos hidráulicos .......................................................................... 34
b.3. O projeto para a nova sede da Companhia Pantaleone Arcuri ................................. 38
b.3.1. Características arquitetônicas e artísticas.......................................................... 38
b.4. Principais alterações realizadas na edificação .......................................................... 43
b.5. Declínio do grande ícone da construção civil em Juiz de Fora .................................. 44
b.6. Situação do bem pós-venda ...................................................................................... 45
2.1.5. A sede da Companhia como patrimônio cultural e industrial de Juiz de Fora ......... 47
a. Setor Histórico da Praça Antônio Carlos (contextualização, perímetro de tombamento
e sua relação social, política, urbana e paisagística com a sede)......................................... 47
b. Importância histórico-cultural da sede da Cia. ............................................................ 50
b.1. O patrimônio industrial ............................................................................................. 50
b.2. O tombamento da sede ............................................................................................ 51
b.3. O papel da antiga sede no contexto atual de Juiz de Fora........................................ 51
2.2. Contextualização Urbana e Paisagística ........................................................................... 54
3. Diagnóstico ............................................................................................................................... 61
4. Posturas iniciais de Intervenção............................................................................................... 69
7
4.1. Posturas gerais para intervenção no edifício-sede da Cia. Pantaleone Arcuri ................ 69
4.2. Posturas gerais para intervenção no entorno .................................................................. 71
5. Conclusão ................................................................................................................................. 73
6. Bibliografia ............................................................................................................................... 75
7. Anexos ...................................................................................................................................... 77
7.1. Entrevistas ........................................................................................................................ 77
7.2. Proposta para uma nova delimitação do perímetro de tombamento e do entorno do
Conjunto da Praça Antônio Carlos ............................................................................................... 78
7.3. Decreto de Tombamento da Sede ................................................................................... 80
7.4. Fichas Fotográficas e Desenhos gerais ............................................................................. 82
8
1. Introdução
1.1. Apresentação
O edifício da sede faz parte dos imóveis que compõem o Conjunto Histórico da Praça Antônio Carlos.
Na
Figura 1 o perímetro de tombamento do conjunto está delimitado e os bens a ele
pertencentes destacados: instalações da CEMIG (1), Villa Operária (2), Villa Iracema (3),
Escola Normal (4), Espaço Mascarenhas (5), 4º Depósito de Suprimento_DeSup (6 e 7),
12º Circunscrição de Serviço Militar_CSM (8) e o edifício sede da Pantaleone Arcuri (9).
Mais adiante, este perímetro de tombamento será melhor detalhado.
9
Seta- destaca o edifício da sede
Na Figura 2, temos a localização do bem em estudo com destaque para as avenidas
Rio Branco, Presidente Itamar Franco e Getúlio Vargas e rua Espírito Santo (onde localiza-
se o edifício da sede e demais remanescentes da Cia. Pantaleone Arcuri).
A escolha deste edifício como objeto de estudo para meu trabalho de conclusão de
curso justifica-se pela relevância histórica e cultural deste bem, sendo um representante da
atuação dos Arcuri em Juiz de Fora, podendo ser considerado patrimônio industrial.
10
Foi durante o desenvolvimento de um trabalho proposto na disciplina de Técnicas
Retrospectivas II, no segundo semestre de 2012, que eu percebi a importância do resgate
desta memória para a cidade. O projeto então desenvolvido foi a intervenção em um dos
edifícios remanescentes do complexo da Pantaleone Arcuri, onde funciona hoje o “Centro
de Convivência do Idoso”.
Espero com este trabalho poder reafirmar e destacar o valor imaterial presente neste
bem, que narra e evoca a fase do pioneirismo da Cia. Pantaleone no ramo da construção
civil e toda sua contribuição para a cidade de Juiz de Fora. Ladrilhos e telhas de “cimianto”
ainda hoje podem ser vistos em algumas edificações ou até mesmo em espaços públicos,
materiais estes representantes de um momento cultural intenso na cidade.
Estes materiais construtivos eram fabricados pela Cia. Pantaleone Arcuri e tornam-
se a marca registrada da mesma. A história de Juiz de Fora e a atuação da Cia. estão
estreitamente relacionadas e, através deste trabalho, pretendo resgatar esta memória
cultural. Os ladrilhos hidráulicos serão utilizados como inspiração para a proposta de
requalificação do edifício sede, que busca recuperar, além dos aspectos físicos, a
imaterialidade presente na produção destes materiais.
1.2.Objetivos gerais
Geral
Específicos
11
- Contribuir para o resgate da memória de um período de prosperidade econômica
da cidade e produção cultural intensa, permitindo uma maior apropriação do edifício pela
população através do uso que para ele será proposto;
1.3.Método
1
Manual de Elaboração de Projetos: Programa Monumenta. Brasília, 2005.
12
- Diagnóstico;
- Proposta de intervenção.
Para tanto, foram utilizadas diversas ferramentas, como a pesquisa in loco feita com
transeuntes, moradores e pessoas que trabalham no local, as entrevistas com Márcio Arcuri
(neto de Raphael Arcuri) e com a arquiteta Adriana Stephan Bragagnolo que, no ano de
1997, também desenvolveu seu TFG com o mesmo tema, no âmbito do Curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora.
As plantas originais não foram localizadas, sendo então usado como base para o
desenvolvimento deste trabalho, o levantamento realizado pelo Programa de Estudos e
Revitalização da Memória Arquitetônica e Artística_PERMEAR. Ao compararmos as
plantas fornecidas pelo PERMEAR, podemos observar algumas adaptações feitas no
edifício, ao longo do tempo. Estas alterações serão descritas no capítulo 2.
13
Os Processos de Tombamento do bem e da Praça Antônio Carlos foram consultados
para se conhecer o grau de proteção, além, é claro, de serem mais uma fonte de pesquisa e
conhecimento das transformações ocorridas, ao longo do tempo, no bem e na região em
que o mesmo se encontra inserido. O Plano Diretor também foi instrumento de pesquisa
para identificar os usos que ali são permitidos pelo zoneamento municipal.
14
2. Identificação e Conhecimento do Bem
2.1.Contextualização Histórica
2.1.1. Introdução
Juiz de Fora nasceu às margens do Rio Paraibuna e do “Caminho Novo”, via aberta
em 1720 para ligar Minas Gerais ao porto do Rio de Janeiro. As terras no entorno do rio
foram parceladas e concedidas através de sesmarias, induzindo à ocupação do povoado de
Santo Antônio do Paraibuna (atual cidade de Juiz de Fora).
15
deu em colônias: a chamada de cima, que abrange o atual bairro São Pedro; a do meio,
correspondente ao bairro Borboleta e a de baixo, conformada por parte das terras ocupadas,
hoje, pelos bairros Fábrica e Mariano Procópio.
16
Figura 4. Tecelagem Bernardo Mascarenhas. Figura 5. Cia. Pantaleone Arcuri.
Fonte: (Olender, 2011, p. 56). Fonte: (Olender, 2011, p. 241).
A indústria, além do desenvolvimento, trouxe para Juiz de Fora o “espírito do modo
de viver europeu”, com reflexos nos jornais, colégios e atividades culturais da cidade, que
aconteciam nos teatros e cinemas.
O principal destino dos imigrantes italianos recém chegados era o porto da cidade
de São Paulo, onde muitos se fixaram e outros seguiram rumo à outras cidades. A cidade
do Rio de Janeiro também recebia levas de imigrantes vindos da Itália3, (fato esse de
fundamental importância para o presente estudo porque, foi em uma delas que aportou a
família Arcuri) muitos deles pedreiros e carpinteiros.
2
Na década de 50 chegaram ao Brasil só 24 imigrantes; na primeira década pós-unificação da
Itália (1861) chegam 4916. Estes números progressivamente vão aumentando, até que na década
de 70 (do século XIX) chegam 47100 imigrantes. (OLENDER, 2011).
3
De acordo com relatório Carlos Prates, de 1894 a 1897 desembarcam em nosso país 70.817
imigrantes. Destes, 65.153 eram italianos. (OLENDER, 2011).
17
Juiz de Fora era um centro de interesse que também atraia os imigrantes. Os que
vieram da região dos Arcuri para o Brasil foram motivados pelos seguintes fatores:
18
movimento de imigração em massa da Itália para o país, na década de 70, mas sua
permanência foi curta nesse momento.
Seu pai, Angelo Raffaele estava sobrecarregado com o trabalho pesado e não
conseguia dedicar-se ao seu único filho. Raffaele decide então retornar à Itália, deixando
Pantaleone com parentes em sua cidade natal. O menino fica então aos cuidados de uma
tia, casada com o tio de Christina Spinelli, que viria a se tornar sua esposa.
Em 2 de abril de 1891, Pantaleone Arcuri casa-se com Cristina Spinelli. Logo após
o casamento eles retornam à Sant’ Agata d’ Esaro, na Itália. Em 27 de dezembro de 1891,
Christina da à luz a Raphael Arcuri, o primogênito da família. Pantaleone retorna ao Brasil
em 1892 e sua mulher permanece na Itália com Raphael por mais 5 anos, retornando ao
Brasil após este período.
Pantaleone construiu sua carreira aos poucos. Foi servente, pedreiro, encarregado,
mestre de obras e percebe então que, apesar de não possuir formação acadêmica, tinha o
dom para trabalhar em obras e era também ótimo comerciante, o que o estimula a montar
uma pequena empresa. À medida que os negócios cresceram, Pantaleone associa-se à
Timponi, seu concunhado, e montam uma empreiteira, em 1895.
19
a.1. Fase 1: Companhia Pantaleone Arcuri e Timponi
Pantaleone era muito visionário. Rapidamente ele percebe que poderia fabricar os
materiais que poderiam ser utilizados para a execução de suas próprias obras ou vendidos
para terceiros. Desde 1895, a companhia monta uma serraria para a fabricação de
esquadrias, guarnições, carroças entre outros produtos.
20
Em 1896, a firma Pantaleone & Timponi vence sua primeira concorrência pública.
Eles constroem então o novo muro para a cadeia de Juiz de Fora.
Em 1898 toda firma transfere-se para a Rua Espírito Santo, segundo consta no
Processo de Tombamento da Sede:
Este edifício foi demolido, ficando como remanescente deste período apenas a Villa (
Figura 11).
21
Figura 11. Villa Operária. Fonte: Processo de Figura 12. Villa Operária.
Tombamento da Villa Operária. Juiz de Fora: Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 09/01/13.
FUNALFA/DIPAC.
A instalação da firma de Pantaleone nesta região da cidade era estratégica por
diversos pontos:
A sociedade entre os três empresários durou pouco, pois em 1900, Pedro Timponi a
desfaz e a firma passa então a chamar-se Pantaleone Arcuri & Spinelli.
Nessa fase 2, temos a primeira obra executada por Pantaleone, em 1899. Foi a
reconstrução da fachada e alguns cômodos da loja de armas dos Irmãos Grippi, localizada
à Rua Halfeld, 143.
4
“Primeira Usina hidrelétrica da América do Sul inaugurada em 1889, foi construída por iniciativa
de Bernardo Mascarenhas que desejava utilizar energia hidrelétrica em sua fábrica (Companhia
Têxtil Bernardo Mascarenhas) e na iluminação da cidade” (Disponível em
<www.pjf.mg.gov.br/patrimonio/usina_marmelos.htm>. Acessada em 20 de julho de 2013).
22
a.3. Fase 3: Companhia Pantaleone Arcuri e Spinelli
Figura 13. A família Arcuri em um passeio, com caminhão da firma (primeiros anos da década de 10
do século XX). Em destaque, Raphael Arcuri.
Fonte: (Olender, 2011, p. 25).
A associação de Pantaleone e Spinelli foi muito vantajosa, pois o último possuia
noções de contabilidade e ambos tinham “temperamentos” mais parecidos, evitando-se
desentendimentos como ocorrera com Timponi.
Começa nesta fase uma de suas maiores empreitadas: a firma ganha a concorrência
para a reforma do Parque Halfeld, tanto para a elaboração do projeto (feita pelo técnico da
Cia., Salvatore Notarroberto) quanto para a execução da obra.
Outro serviço feito pela firma de Pantaleone nesse período foi o projeto e a
execução da obra da nova sede do colégio Granbery, inaugurada em 1904.
23
Figura 15. Obra concluída.
Fonte: (Olender, 2011, p.140).
Figura 14. O colégio Granbery em construção.
Fonte: (Olender, 2011, p. 140).
Figura 16. Piso da nave da Igreja. Figura 17. Detalhe do piso onde nota-se em um
Fonte: (Olender, 2011, p. 64). dos ladrilhos a abreviatura da Fábrica
Pantaleone Arcuri & Spinelli.
Fonte: (Olender, 2011, p. 77).
Ainda em 1905, a Cia. adquire uma prensa hidráulica para aumentar a fabricação
dos ladrilhos. A aquisição deste maquinário conferiu caráter industrial à produção da firma,
que sai então da escala artesanal, cuja quantidade diária produzida era menor, para uma
produção em massa.
24
Figura 18. Interior da fábrica, já com uma 2ª Figura 19. Fábrica.
prensa hidráulica, adquirida no ano seguinte Fonte: (Olender, 2011, p. 65).
àinauguração.
Fonte: (Olender, 2011, p.65).
A sociedade entre os dois empresários durou até 1918, quando Spinelli deixa a
firma e então Pantaleone passa a ser sócio majoritário.
25
Na Figura 21 temos duas edificações que também pertenciam à Cia. e localizavam-
se ao lado da última sede da firma. Atualmente funcionam o CREAS Infância e Juventude
na edificação à esquerda e o “Centro de Convivência do Idoso” na edificação à direita
(originalmente a carpintaria), ambas vinculadas à AMAC.
Figura 21. Edificações remanescentes da Cia. Pantaleone ao lado esquerdo da rua Espírito Santo.
Fonte: Arquivo histórico da UFJF.
Em 1958, aos 91 anos de idade, Pantaleone veio a falecer e, a partir daí, os negócios
são conduzidos por Raphael, Arthur e outros membros da família.
26
a.4. A trajetória de Raphael Arcuri
Conforme já mencionado,
Raphael nasce na Itália, em Sant’ Agata
d’ Esaro e, aos 5 anos, vem para o Brasil.
Aos 15 anos, retorna ao seu país natal para concluir sua formação. Em Nápoles, ele
dá início aos seus estudos de Arquitetura e lá permanece até 1911.
Figura 23. Santa Casa de Misericórdia. Foto Figura 24. Foto posterior à reforma com
anterior à reforma. fachada neogótica proposta por Raphael em
Fonte: (Olender, 2011, p. 205). 1912. Fonte: (Olender, 2011, p. 205).
27
Figura 27. S.d.
Fonte: (Olender, 2011, p.
Figura 25. Edifício Pinho, Figura 26. Perspectiva da 212.
1913. fachada.
Fonte: (Olender, 2011, p. Fonte: (Olender, 2011, p.
211). 211).
28
Figura 29. “Castelinho dos Bracher”. Figura 30. Villa Iracema.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
29
Figura 35. As Repartições Municipais com
Figura 34. Nova sede do Club Juiz de Fora, à
obras executadas pela Cia. (c. 1925).
esquerda (Postal da década de 30).
Fonte: (Olender, 2011, p. 227).
Fonte:(Olender, 2011, p. 222).
Geórgia, 12/07/13.
Figura 36. Associação
Comercial, 1917. Fonte:
(Olender, 2011, p. 234).
Figura 39. Projeto para a nova sede do Banco Figura 40. Sede da Companhia Pantaleone
do Brasil, 1922. Arcuri.
Fonte: (Olender, 2011, p. 240). Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
30
O Cine-Theatro foi a primeira
construção em concreto armado na cidade
e a Companhia Pantaleone passa a aplicar
tal técnica para a estrutura das edificações
por eles construídas. Raphael então
começa a adotar o estilo art-decó em seus
projetos, estilo este que se desenvolve
justamente com o início da utilização
Figura 42. Casa Magalhães. Figura 43. Edifício da Galeria Pio X. Autoria:
31
Após 1939, não há mais registro de projetos cuja autoria seja de Raphael Arcuri. A
partir de então, ele teria assumido a diretoria técnica da Companhia Pantaleone, atuando
como coordenador de obras.
O projeto de Raphael para a sede da Cia. Pantaleone Arcuri & Spinelli será
comentado mais adiante, num capítulo específico, exatamente por ser este o tema do
presente trabalho.
Arthur também imprime sua marca na Arquitetura de Juiz de Fora, porém num
outro momento, substituindo os estilos eclético, art nouveau e art decó muito presentes na
produção arquitetônica de seu irmão Raphael pela linguagem típica do modernismo.
Figura 47. Residência Luiz Stheling. Fonte: (Santana e Pugliesi, 2002, p. 155).
Fonte: www.vitruvius.com.br
32
Figura 49. Campus da UFJF.
Fonte: blogdopetcivil.com
b. Produção da Companhia
Em 1907, a Cia. Pantaleone Arcuri & Spinelli adquire a patente de seu novo
material construtivo: as telhas de cimento amianto. No ano seguinte, elas já começam a
fazer parte do cenário de Juiz de Fora, presentes nos torreões e telhados das novas
edificações.
Com formatos diversos e nas cores branca, preta e vermelha, estas telhas eram
aplicadas nas coberturas e causavam um efeito estético em função de suas cores e texturas.
Como já sabemos, as “cúpulas de ardósia” são uma referência às telhas de cimento
amianto.
Por volta da década de 20, a fabricação deste produto precisou ser encerrada, pois a
matéria-prima utilizada, o amianto, era importada do Canadá e, a dificuldade de aquisição
de fibras longas, necessárias para se obter um material de boa qualidade, tornaram inviável
sua produção.
33
b.2. Os fascinantes ladrilhos hidráulicos
Muitas vezes, associa-se a fabricação dos ladrilhos com uma produção de caráter
basicamente artesanal, mas vale ressaltar que é possível uma produção em série, como era
a da Cia. Pantaleone Arcuri, com a utilização de prensa hidráulica.
34
Os motivos decorativos são
diversos e fascinantes. Muitas peças
permitem várias combinações, formando
diferentes arranjos para pisos. Da Figura
52 a Figura 61, pode-se conferir a
variedade de opções que foram ciradas,
utilizadas e vendidas pela firma durante
Figura 52. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom.
várias décadas.
Figura 53. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom. Figura 54. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom.
Figura 57. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom. Figura 58. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom.
35
Figura 59. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom. Figura 60. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom.
Figura 62. Interior da loja, com destaque para o painel de exposição dos diversos padrões fabricados
pela firma. Fonte: ARBACH, Jorge, CD-rom.
36
Além da utilização dos ladrilhos nos pisos de Juiz de Fora, a família Arcuri
dissemina, apesar de numa escala bem menor, seu uso também em fachadas (Figura 63),
como vemos na da nova sede da própria Cia., (projetada por Rafael Arcuri e inaugurada
em 1926). É um exemplo do uso dos ladrilhos como ornatos bidimensionais.
37
b.3. O projeto para a nova sede da Companhia Pantaleone Arcuri
Figura 66. Projeto para a nova sede, 1923. Figura 67. Sede da Cia. Pantaleone Arcuri.
Fonte: (Olender, 2011, p. 241). Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
5
Fonte: (OLENDER, 2011).
38
Para descrição arquitetônica e artística do edifício, foi usado como base o texto de
caracterização arquitetônica presente no dossiê do tombamento.6
Diversos elementos que compõem esta edificação lhe conferem destaque em meio
ao cenário de Juiz de Fora. São eles, externamente, as paredes revestidas por ladrilhos
hidráulicos e a fascinante cúpula de cimento-amianto, já citados anteriormente, além dos
ornatos em forma de cabeças de Hermes (Figura 68) e a esquadria da porta principal em
estilo art-nouveau (Figura 69).
6
O dossiê de tombamento encontra-se disponível na Divisão de Patrimônio Cultural_DIPAC de Juiz de Fora.
39
Figura 69. Porta CREAS.
Figura 68. Ornamento “Cabeça de Hermes”.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
40
Figura 72. Ornamento em forma de busto
feminino. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia,
12/07/13.
A ornamentação é mais discreta
na parte inferior das fachadas e torna-se
mais complexa e exuberante no
entablamento.
7
Ângelo Bigi é um artista italiano que firmou parceria com a Cia. de Pantaleone até o início dos anos 1930.
Podemos então encontrar pinturas parietais do artista em construções executadas pela Cia., como nas
“Repartições Municipais”, na Companhia Dias Cardoso, no Hotel Príncipe (projeto de Raphael), na segunda
sede do Banco do Brasil, no Cine-Theatro Central, no Edifício Ciampi, na Associação Comercial e no Banco
de Crédito Real.
41
Figura 74. Interior da loja em 1929.
Fonte: Arquivo histórico da UFJF.8
O edifício foi construído sobre alicerce de pedra e a sustentação é feita por colunas
de tijolos maciços e pelas paredes externas, que suportam um vigamento de ferro em duplo
T. Este vigamento dá suporte aos barrotes que sustentam o assoalho de madeira do
pavimento superior. Na parte dos depósitos da firma o forro é de concreto, compondo um
terraço neste mesmo pavimento.
8
Reginaldo Arcuri formou-se em Engenharia Civil e Eletrotécnica em Juiz de Fora e trabalhou na
Itália na Fiat, em Turim. Relacionamos a isso a instalação da primeira revendedora dos automóveis Fiat em
Juiz de Fora, que funcionava no pavimento térreo da nova sede da Cia. Pantaleone Arcuri (inaugurada em
1926).
42
Com relação à camada pictórica das fachadas, não foi utilizada pintura sobre as
paredes, mas pigmento adicionado à própria argamassa do reboco.
Figura 75. Porta em ferro que comunica com o Figura 76. Abertura que dá acesso ao
galpão ao lado. galpão ao lado.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 01/08/13. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 01/08/13.
43
Consultar as plantas que constam no anexo 7.4. Na prancha 5/24, na copa do
PROMAD, localiza-se a esquadria a qual me refiro na Figura 75. Já a abertura da Figura 76
pode ser localizada na prancha 6/24.
Divisórias também foram inseridas para criar subdivisões onde funciona o CREAS
(no pavimento térreo), além de uma alvenaria para criação de mais um banheiro.
44
inadimplência e teve suas atividades encerradas. Os motivos que conduziram a este
declínio são expostos a seguir.
Até o período anterior ao governo de Getúlio Vargas, o Brasil importava todo tipo
de material (fechaduras, bacias sanitárias, pregos, parafusos entre outros) mas, neste
momento o país começa a sair de sua condição de economia basicamente agrícola e inicia
um processo de industrialização.
Outro fator ainda foi esse modo de trabalho usado por Pantaleone, que era sob o
sistema de empreitada, que passou a não mais ser viável com o aumento da inflação.
45
Foi firmado um convênio entre o governo de Minas Gerais e o município e, a partir
de então, o primeiro uso destinado à edificação foi o funcionamento da Escola Estadual
“Estevão de Oliveira”.
46
2.1.5. A sede da Companhia como patrimônio cultural e industrial de Juiz de Fora
Ao redor da Praça Antônio Carlos, da Praça João Penido e do Parque Halfeld tivemos
fortes elementos indutores do crescimento de Juiz de Fora.
A Praça João Penido, localizada na parte baixa da cidade, assim como a Praça
Antônio Carlos, eram regiões sujeitas às inundações do Paraibuna.
47
A Praça Antônio Carlos apresentava uma série de fatores que favoreceram a
localização das indústrias em sua proximidade, inclusive a própria sede Cia. Pantaleone
Arcuri & Spinelli, como já citado anteriormente:
- Baixo custo dos terrenos, considerando que era uma área próxima a um dos
meandros do rio Paraibuna (anteriormente ao aterramento) e logo, região sujeita a
inundações;
Quando Bernardo Mascarenhas instala exatamente neste local sua indústria têxtil e
investe no serviço de iluminação pública é que esta região começa a se desenvolver.
48
Figura 81. Perímetro de tombamento atual do Conjunto Paisagístico da Praça Antônio Carlos.
LEGENDA:
1. Instalações da CEMIG
2. Complexo que abrigava a antiga Villa Operária ligada à Pantaleone Arcuri
3. Villa Iracema
4. Escola Normal
5. Antigas instalações da Fábrica Bernardo Mascarenhas
6. 4º DeSup
7. 4º DeSup
8. 12º CSM
9. Antiga sede da Cia. Pantaleone Arcuri
A proteção legal desta região é um instrumento para preservar esta área delimitada
como “testemunho” da formação de um dos núcleos urbanos de Juiz de Fora, sendo a sede
da Companhia Pantaleone um dos edifícios remanescentes que relacionam-se com a
história da ocupação do local. Os “atrativos” que justificaram a instalação das indústrias na
região, como vimos anteriormente, conduziram ao seu desenvolvimento e configuração do
espaço urbano/paisagísto do entorno da Praça Antônio Carlos.
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b. Importância histórico-cultural da sede da Cia.
Logo, a preservação destes bens, relacionados à Cia. torna-se essencial como forma
de permitir que as futuras gerações possam conhecer este legado cultural. Eles são
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testemunhos históricos únicos e envolvem valores documentais, formais, memoriais e
simbólicos, de interesse individual e coletivo.
O decreto tem como justificativa sua importância como parte do Setor Histórico da
Praça Antônio Carlos, sua representatividade para a memória da comunidade juizforana,
pela atuação da Cia. e pelo valor arquitetônico por ser um dos remanescentes projetados
por Raphael Arcuri.
Como vimos no capítulo anterior, este conjunto merece ser preservado não só por
estas justificativas como também por ser patrimônio industrial da cidade, testemunho do
período de apogeu industrial de Juiz Fora e com contribuição para construção da paisagem
urbana. Está presente também nestes bens um valor imaterial.
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maio de 2013. O perfil dos entrevistados é diverso, composto por pessoas de várias faixas
etárias, sexos e níveis de escolaridade; transeuntes, moradores ou que frequentam a região
onde se localiza a sede com certa regularidade, por trabalharem ou estudarem nas
proximidades do edifício, inclusive usuários do mesmo.
E. Gostaria de ver materiais fabricados pela Cia., como os ladrilhos hidráulicos, sendo
comercializados hoje na cidade?
“Qualquer prédio antigo com valor histórico para a cidade deve ser preservado.”
(resposta à pergunta C)
“Sim. Comentou que era referente à construção civil e relatou as marcas nos
pilares do prédio, que acredita ser das máquinas quando a Cia. estava em atividade.”
(resposta à pergunta A)
“Com certeza. Vai trazer a história da cidade. Desperta saber como era feito, a
tecnologia... e tudo isso é cultura!” (resposta à pergunta E)
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“Foi um dos primeiros prédios aqui. A sede foi hotel, vendia material de
construção. Pantaleone era comerciante de destaque na cidade.” (resposta à pergunta A)
Figura 82. Gráficos que refletem as respostas obtidas dos entrevistados em relação às perguntas
A,C,D e E.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia.
Conforme podemos observar nos gráficos, a maioria dos entrevistados (77%)
desconhece a história da Cia. Pantaleone Arcuri, porém, ainda assim, a maioria reconhece
algum valor no bem e acha realmente acertado o fato de o mesmo estar tombado (90%), vê
alguma relação com o entorno (87%) e gostaria de ver os materiais novamente
comercializados em Juiz de Fora (87%).
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2.2.Contextualização Urbana e Paisagística
- Vias: canais por onde o observador se locomove. Podem ser vias locais, arteriais,
coletoras, ferrovias entre outras;
- Limites: elementos lineares que funcionam como fronteira entre duas regiões,
como praias, margem de rios, muros entre outros. Podem também ser vias;
- Bairros: muitas vezes o limite entre eles não é físico. Algumas características
definem, como usos e tipos de construções similares e topografia;
- Pontos nodais: pontos estratégicos onde o observador pode entrar ou para onde
pode se locomover. Ex.: um cruzamento, uma convergência de vias, um ponto de encontro
numa esquina ou um local com uso, como uma praça;
- Marcos: são referências e, diferente do ponto nodal, o observador não entra neles.
Ex.: um edifício, uma montanha. Sua escala pode ser bastante variada. A atividade de um
dado elemento pode transformá-lo em marco. Um objeto com um certo significado ou
história tem seu valor de marco intensificado.
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Figura 83. Mapa de análise urbana do entorno da sede da Cia. Pantaleone Arcuri.
Observamos no mapa a delimitação das principais vias do entorno e a classificação
do rio Paraibuna e da ferrovia como limites.
Apenas a praça Antônio Carlos foi definida como ponto nodal e as edificações
destacadas foram classificadas como marcos, considerando que nem todas as pessoas
podem ter acesso às mesmas. Porém, estes bens são referências na paisagem, carregados de
significado histórico-cultural. A topografia existente entre as ruas Espírito Santo e Antônio
Dias também foi considerada marco por auxiliar a referenciar a paisagem do local.
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Estes mapas foram gerados durante o desenvolvimento da disciplina de Técnicas Retrospectivas
II em conjunto com a turma, com participação dos alunos Otávio Starling, Arthur Gouvêa, Eulices
Neves, Fabrício Vianna, Renata Alves, Ana Márcia Duarte, Marina Cezar, Paulo Renato Andrade,
Mariana Coutinho e Ana Paula Luz e Juliana Vitral e Bárbara Novais.
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Figura 84. Mapa de Usos.
56
Figura 86. Mapa de Vias.
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Figura 88. Mapa de Equipamentos Públicos.
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Figura 90. Mapa de Cheios e Vazios.
Notamos que no entorno imediato da antiga sede da Cia. Pantaleone não existem
edificações de gabarito elevado. Somando-se a este fato, a presença da Praça Antônio
Carlos também contribui para uma “abertura” da paisagem por permitir uma ampliação do
campo visual e colocar o edifício da sede em destaque. O mesmo não ocorre na Rua
Espírito Santo, por possuir uma caixa mais estreita, além de edifícios de gabaritos mais
altos.
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Atualmente o fluxo de veículos na rua Espírito Santo é muito intenso,
principalmente por conta do fluxo que se origina nas Avenidas Presidente Itamar Franco e
Getúlio Vargas.
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3. Diagnóstico
Após inúmeras visitas à edificação, foi possível organizar o material que compõe as
fichas fotográficas apresentadas no anexo 7.4 e realizar os mapeamentos de danos das
fachadas Posterior A, Posterior B e Principal, além do salão nobre da residência Arcuri,
que abriga as pinturas parietais de Bigi.
- Fachada Principal:
Foram identificadas ações de vandalismo, como pichação. Esse tipo de dano ocorre
até uma altura de aproximadamente 1,90m a partir do nível da calçada, estando presente
inclusive nos painéis de ladrilhos hidráulicos.
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Próximo à J1B foi verificada intervenção inadequada, com preenchimento de
argamassa de cimento para recompor parte do edifício que se desprendeu.
- Fachada Posterior B:
Com relação à fachada Posterior B, o dano mais grave verificado foi a forte
incidência de vandalismo, com muita pichação em função do contato direto com a rua, o
que favorece a atuação das pessoas que não têm conhecimento do valor patrimonial que
este bem possui, fato este que agrava ainda mais este tipo de ocorrência.
- Fachada Posterior A:
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- Demais patologias identificadas na edificação:
Quanto à cobertura e beirais, não foi possível o acesso; logo, a análise do estado de
conservação dos mesmos não será apresentado.
Em relação aos ornamentos, não foi identificado nenhum dano grave ou peça
faltante. No geral, os problemas verificados foram em relação à perda ou desagregação de
camada pictórica e acúmulo de sujidades.
Sobre a estrutura, não foi verificado nenhum problema estrutural grave que
comprometa a edificação. O fluxo de veículos que ocorre atualmente no entorno do bem
não é bem vindo, pois pode ser um fator que contribui para ocasionar abaulamentos.
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Foi verificada perda/desagregação de camada pictórica nas alvenarias das salas de
aula ocupadas pelo PROMAD, em função do choque mecânico provocado pelas carteiras
que, ali, existiam.
Figura 94. Desagregação de camada pictórica Figura 95. Em função das intempéries ocorre
em sala ocupada pelo PROMAD no Pavimento desagregação de camada pictórica e atuação de
Térreo. microorganismos no muro do pátio.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
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Figura 96. Esquadria em marcenaria no Figura 97. Esquadria em marcenaria com
Pavimento Intermediário (PROMAD_sala dos gradil em ferro. Pavimento Térreo.
professores) em que podemos observar o Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
aspecto de ressecamento da camada pictórica.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
Quanto aos forros, identificamos muitos pontos onde houve atuação da água. Este
fato pode ser percebido pela presença de microorganismos ou, mesmo, pela perda de seção
de partes do forro em alguns ambientes. É necessário verificar em quais destes pontos as
infiltrações ainda ocorrem e onde a causa destes danos (que ocorrem em função da atuação
da umidade) foi solucionada mas ficaram os microorganismos como vestígios.
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Na ficha 28 (figura C), observamos vestígios de que houve infiltração no forro.
Conforme apresentado nas fichas fotográficas do anexo 7.4, diversos tipos de piso
são encontrados no edifício, como ladrilhos hidráulicos, tabuado entre outros. Não foi
verificada nenhuma situação grave, apenas desgaste natural dos materiais pelo uso e
sujidades aderidas. Merecem destaque os ladrilhos hidráulicos do salão principal (térreo),
onde encontramos muitos pontos de desgaste das peças, ocasionando até mesmo a
descaracterização dos desenhos que as compõem (ficha fotográfica 34, figura A). No
trecho que é hoje ocupado pelo CRAS, é possível ainda que ladrilhos estejam encobertos
pela manta vinílica que foi instalada no local (ficha fotográfica 31, figura A).
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As outras escadas em marcenaria_ a que dá acesso ao pavimento superior pela
fachada lateral direita e a que dá acesso ao pavimento intermediário, no salão principal_ se
encontram também em bom estado de conservação. Vestígios de organismos xilófagos não
foram encontrados.
Quanto aos forros, além deste trecho onde ocorreu, em algum momento, infiltração
de água, foi verificado deslocamento do alinhamento de algumas tábuas de madeira que o
compõe.
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Figura 101. Aspecto geral do forro no salão Figura 102. Trecho onde ocorreu infiltração da
nobre da residência Arcuri. água.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
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4. Posturas iniciais de Intervenção
Ao propor uma intervenção num bem com valor patrimonial é fundamental o bom
senso, pois a responsabilidade envolvida neste tipo de projeto, de bens de interesse
histórico-cultural, é enorme. Outras questões também se destacam, como a importância da
atuação de equipes multidisciplinares, envolvendo diversos campos do conhecimento e,
logo, agregando qualidade técnica e otimizando levantamentos e a elaboração do projeto.
A compatibilização entre a preservação e as demandas de uso contemporâneo devem se
harmonizar com a edificação possuidora de interesse de preservação, garantindo que as
atividades ali propostas contribuam para a sua preservação. Devemos considerar, ainda, o
respeito ao bem como documento, que registra e “relata”, através de intervenções nele
feitas ao longo do tempo, possíveis demandas do passado.
Para a intervenção que proponho para o edifício sede da Pantaleone Arcuri, teremos
ações de conservação, qualificação de uso e restauro.
- DISTINGUIBILIDADE:
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- REVERSIBILIDADE: deve ser prevista a possibilidade de se adaptar a
intervenção atual numa situação futura. Toda adição de um novo elemento que se faça
necessária deve acontecer de modo respeitoso e harmonioso ao bem.
No que tange ao restauro, explicito, neste primeiro momento, posição que será
adotada quando da elaboração do projeto que se baseia no que afirma Beatriz Kühl e na
Carta de Veneza, respectivamente: “É questão complexa, pois qualquer restauração, seja
para manter a função de origem, seja para estabelecer uma nova, interfere na edificação e,
por mais restrita que seja, implica mudanças” (KÜHL, 2009, p. 179).
70
Em relação à conservação, as ações serão pensadas no sentido de diminuir e/ou
eliminar as causas para as degradações existentes, sempre tendo em conta os cinco pontos
de intervenção explicitados anteriormente no início deste item (distinguibilidade,
reversibilidade, mínima intervenção, compatibilidade de técnicas e materiais construtivos e
autenticidade).
Com relação ao uso proposto para o bem, será mantida a ocupação atual, com as
unidades da AMAC que hoje lá funcionam. Nas diversas visitas ao edifício, realizadas
durante a fase de levantamento, foi verificado um intenso grau de apropriação e
identificação dos usuários com o bem, ficando claro que já existe um uso consolidado e
que se harmoniza com o patrimônio em questão.
Aproveito este momento para citar também posturas iniciais de intervenção para a
Rua Espírito Santo, entendendo que este entorno está fortemente relacionado ao edifício
sede e, portanto, a intervenção não poderia se encerrar no mesmo.
O “calçadão” que será proposto na rua Espírito Santo está compreendido no trecho
que se inicia no cruzamento com a Avenida Itamar Franco e encerra-se no cruzamento com
a rua Osório de Almeida. Desta forma, fica então criada toda uma ambiência que integra os
edifícios remanescentes da Cia. Pantaleone Arcuri e o entorno, gerando um espaço público
de qualidade.
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A acessibilidade fica garantida com a instalação de rampas e traffic calmings (em
acordo com o projeto de mobilidade que está sendo implementado pela Prefeitura na
cidade), tendo os últimos, além da função de nivelar as calçadas para que os cadeirantes
façam sua travessia, a responsabilidade pela redução da velocidade dos veículos no trecho.
Outro ponto chave nesta proposta será a execução das calçadas em ladrilhos
hidráulicos, no mesmo modelo dos remanescentes em frente ao Palacete Fellet, conforme
Figura 64. Desta forma, fica garantida uma continuidade visual no trecho, além do resgate
à memória cultural de Juiz de Fora, fazendo-nos relembrar o período em que os ladrilhos
eram aplicados nos passeios públicos e conferiam maior qualidade aos mesmos. É válido
lembrar que a sinalização tátil para os deficientes visuais será também instalada, porém,
somente com placas em tom de cinza, harmonizando-se com os ladrilhos hidráulicos.
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5. Conclusão
Como conclusão deste trabalho, opto por destacar algumas questões relacionadas
aos objetivos traçados para o mesmo.
1. Com relação ao uso atual, foi possível concluir que o mesmo é sim compatível com a
edificação e harmoniza-se com os usos existentes atualmente no entorno; porém, existe
carência quanto à história do bem e de tudo aquilo que foi realizado nele (inclusive a
produção de diversos materiais que reúnem saberes-fazeres diversos), por parte dos
próprios usuários, que sentem necessidade de ter maior conhecimento sobre a edificação
que ocupam. Neste sentido, proponho usos que venham a agregar-se ao existente hoje,
complementando-o. A criação de um memorial da atuação da Cia. de Pantaleone Arcuri e,
mesmo, a instalação de uma oficina de ladrilhos hidráulicos_ conforme apontado no TFG
da arquiteta Adriana Bragagnolo_ cumpririam este papel.
O memorial terá visitação aberta, atendendo não só aos usuários do edifício bem
como à população juizforana como um todo, que terá oportunidade de ter contato com este
patrimônio industrial, que faz parte da história da cidade.
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4. Conforme já mencionado, elementos possuidores de valor artístico, histórico, cultural e
arquitetônico foram desconsiderados no decreto de tombamento. Alguns destes elementos
acabaram descaracterizados, como pinturas de Bigi que foram encobertas por camada
pictórica sem valor cultural e os pilares do salão do térreo, que foram pintados na cor
vermelha. Considero então relevante a proteção do interior da edificação, a fim de
preservar elementos como as pinturas parietais de Bigi (que podem ser recuperadas), os
forros de madeira, os pisos em ladrilhos hidráulicos, as escadas em marcenaria, os pilares
do salão principal e demais elementos da edificação em que se identifique valor
patrimonial.
74
6. Bibliografia
OLIVEIRA, Mônica. Vivendo a História: novas pesquisas. Rio de Janeiro: FGV, 2011.
BRAGA, Márcia. Conservação e Restauro: Arquitetura. Rio de Janeiro: ED. RIO, 2003.
Normas da ABNT
75
Plantas e fachadas: PERMEAR
Sites pesquisados:
76
7. Anexos
7.1.Entrevistas
Figura 103. Acesso ao elevador no pavimento Figura 104. Acesso ao elevador no pavimento
intermediário. superior.
Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13. Autoria: OLIVEIRA, Geórgia, 12/07/13.
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Com relação à fachada, o entrevistado afirma que havia adição de pó de pedra e
óleo de baleia ao reboco que compunha a mesma.
A área da citada rua Espírito Santo, onde se encontra a Villa Iracema, e a parte mais
baixa, onde se encontram as antigas instalações da Companhia Pantaleone Arcuri, até a
Rua Osório de Almeida, entrada do bairro Poço Rico, e mesmo a Rua Antônio Dias, já no
bairro Granbery, deveriam constar desse limite de tombamento.
Figura 105. Perímetro de Tombamento Atual. Fonte: JUIZ DE FORA. Processo de Tombamento do
Conjunto Paisagístico da Praça Antônio Carlos. Juiz de Fora: FUNALFA/DIPAC. (adaptado).
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Instalações da CEMIG (1), Villa Operária (2), Villa Iracema (3), Escola Normal (4), Espaço
Mascarenhas (5), 4º Depósito de Suprimento_DeSup (6 e 7), 12º Circunscrição de Serviço Militar_CSM
(8) e o edifício sede da Pantaleone Arcuri (9)
79
7.3.Decreto de Tombamento da Sede
Figura 107. Decreto de tombamento da Sede- parte 1. Fonte: JUIZ DE FORA. Processo de
Tombamento das antigas instalações da Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri. Juiz
de Fora: FUNALFA/DIPAC.
80
Figura 108. Decreto de tombamento da Sede- parte 2. Fonte: JUIZ DE FORA. Processo de
Tombamento das antigas instalações da Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri. Juiz
de Fora: FUNALFA/DIPAC.
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7.4. Fichas Fotográficas e Desenhos gerais
82