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ATIVIDADE AVALIATIVA 2 Ano Ensino Medio
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Etapa 2: Vamos problematizar as várias referências para a revolta de escravos do Haiti. Os estudantes devem ser
separados em grupos pequenos, no máximo quatro estudantes. E a leitura pode ocorrer de forma coletiva, antes de
serem realizadas individualmente.
Leia e analise os documentos abaixo.
Texto 2
O bom Deus fez o sol
que nos ilumina lá do alto
que levanta o mar
e faz rugir o trovão
Escutem bem vocês
O Bom Deus escondido numa nuvem nos olha
Ele vê o que fazem os Brancos
O Deus dos Brancos pede o crime
O vosso quer o Bem.
Mas se o Deus que está tão longe
lhes ordena a vingança
Ele dirigirá nossos passos
Ele nos assistirá
Desprezem a imagem do Deus dos Brancos
que tem sede de nossas lagrimas
Escutem a liberdade que fala a nosso coração.
Texto 3
As primeiras lideranças dos escravos que se libertavam, como Toussaint Louverture, Jean-Jacques Dessalines e Henri
Christophe, eram abertamente adeptas da forma de governo monárquica. Sob esse ângulo, a Revolução Francesa era
percebida como adversária dos escravizados que iniciavam a luta revolucionária (…)
Dechaussée (Descalço), detido e interrogado pelo colono Leclerc em agosto de 1791, após falar em defesa do rei Luís
XVI, afirmou que o projeto de insurreição era conhecido por todos os negros da colônia: queimar as plantações,
degolar os brancos e se apropriarem do país.
Durante o ano de 1792, continua intensa – dramaticamente intensa e violenta – a guerra entre negros e brancos, entre
brancos e mulatos (…) Em setembro, chegaram a São Domingos três comissários enviados pela Convenção Nacional
para implantar o direito de igualdade entre brancos, mulatos e negros livres, decretados em abril. Ou seja, mantinha-
se o escravismo. (…)
O acompanhamento dos episódios reitera a afirmação de que foi a Revolução do Haiti que efetivou e empurrou a
Revolução francesa para a abolição da escravidão – dissipando a ideia de que as ideias francesas iluminaram a colônia
unilateralmente. O conflito irrompe entre as tropas colônias: o general Galbaud, colono, tenta destituir os comissários
enviados pela Convenção e, malsucedido abandona a Ilha com numerosos soldados e outros colonos, em 20 de junho
de 1793. No dia seguinte, Sonthonax decreta a anistia para todos os escravos revoltados: medida, na verdade, inócua,
pois os antigos escravizados já se assenhoram do território (…)
Entre 29 de agosto e 27 de setembro de 1793, o mesmo Sonthomax, na condição de representante do governo francês
e premido pela avalanche de acontecimentos, proclama a abolição da escravidão. No que recebe o imediato apoio de
Toussaint Louverture. As mudanças se precipitam. Ao receber a notícia da abolição da escravatura na colônia, a
Convenção Nacional, em Paris, decreta a mesma abolição em todas as colônias, em 4 de fevereiro de 1794.
Fonte: MOREL, Marco. A Revolução do Haiti e o Brasil escravista – o que não deve ser dito. SP: Pacco, 2017. p.104-106.
Texto 4
“Irmãos e amigos. Eu sou Toussaint Louverture; meu nome talvez seja conhecido de vocês. Eu realizo a vingança de
minha raça. Quero que a liberdade e a igualdade reinem a São Domingos. Eu trabalho para faze-la existir. Uni-vos,
irmãos, e combatam comigo pela mesma causa. Arranquem comigo as raízes da árvore da escravidão”.
Fonte: Falaatribuída à Toussaint Louverture, escravo liberto que se tornou principal líder revolucionário, em 1793 ApudMOREL,
Marco. A Revolução do Haiti e o Brasil escravista – o que não deve ser dito. SP: Pacco, 2017. p.39.
1. Marco Morel é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) escreveu o livro A Revolução do
Haiti e o Brasil escravista (2017). Ele é enfático em argumentar que a Revolução do Haiti não constituiu uma
mera reprodução de ideias iluministas. As ideias dos filósofos no século XVIII criticavam o antigo regime
(absolutismo), apregoavam a razão contra os preconceitos e dogmas religiosos cristãos, e defendiam a
liberdade individual, igualdade civil e propriedade privada. Muitos filósofos e liberais não viam contradição
entre a defesa da liberdade individual e a manutenção escravidão. Analise os documentos e descreva como
cada documento ajuda a compreender as motivações da Revolução do Haiti.
2. Escreva uma narrativa explicando a argumentação de Marco Morel: “a Revolução do Haiti empurrou e
efetivou a abolição da escravatura”.
3. “Em 1802, Napoleão reabilitou a escravidão nas colônias francesas, proibiu a entrada de negros e mulatos na
França e prendeu as lideranças da revolução haitiana…”. Pesquise como os atos da frase anterior levaram a
retomada dos protestos e a proclamação da Independência do Haiti em 1804. Após realizar a
pesquisa, escreva dois parágrafos narrando a Independência do Haiti, dando continuidade ao texto acima.
tapa 3: Nessa etapa, vamos relacionar o trabalho escravo no Brasil e a resistência dos escravizados. Recupere os
conhecimentos sobre o que foi o trabalho dos escravizados no Brasil e o medo do haitianismo no século XIX,
relacionando o tema com as etapas anteriores.
Leia o trecho do livro Os ganhadores, escrito pelo historiador João Reis e responda as questões abaixo.
O trabalho escravo no Brasil envolveu homens, mulheres, crianças e por mais de 300 anos predominou em todas as
atividades, tanto no campo como na cidade. Quem visitou o Brasil durante esse período caracterizou o que eram essas
atividades. Spix e Martius tratam de Salvador em 1818: “é tristíssima a condição dos que são obrigados a ganhar
diariamente uma certa quantia (uns 240 réis) para os seus senhores; são considerados como capital vivo em ação e,
como os seus senhores querem recuperar dentro de certo prazo o capital e juros empregados, não os poupam”. (REIS,
2019, p. 42)
O trabalho escravo nas cidades poderia ser feito “ao ganho”, quando o escravo exercia uma atividade remunerada e
esse valor deveria ser dado ao seu senhor. Por exemplo, segundo João Reis, em 1847 em Salvador, um carregador de
cadeiras e um sapateiro devia 400 réis por dia ao seu senhor; um ganhador de cesto, 320 réis, uma lavadeira, 240 réis;
Em 1872 as diárias variavam entre 428 (valor devido por um africano de 50 anos) e 571 réis (o mais novo) (REIS, 2019,
p. 42).
Em 1857, muitos escravos que faziam o ganho em Salvador se revoltaram e promoveram uma greve, que paralisou
todas as atividades que exerciam por alguns dias, até ter suas reivindicações atendidas. Segundo Reis:
“A paralisação de 1857 foi um capítulo da resistência dos africanos ao crescente controle e vigilância a que eram
submetidos sistematicamente em Salvador. Mas não foi um episódio qualquer. Os ganhadores suspenderam o
transporte na cidade durante mais de uma semana, num movimento que parece ter sido a primeira greve geral de um
setor importante da economia urbana no Brasil” (REIS, 2019, p. 35)
Fonte: REIS, João José. Os Ganhadores. A greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo, Companhia das Letras, 2018. p.35-42.
Adaptado.
Responda:
1. Qual relação que podemos fazer entre essa greve em
Salvador e a Revolta no Haiti?
2. Seria possível que esse movimento em Salvador se
espalhasse por outras cidades?
3. Quais os riscos de uma greve de escravos poderia oferecer
a manutenção da escravidão?
Etapa 4: No Brasil, a escravidão acabou por meio de uma lei, em
1888, e desde então não existem mais trabalhadores escravizados
no país. No entanto, sabemos como são precárias as condições de
trabalho de grande parte da população.
A partir da questão mobilizadora “O que foi a escravização dos
trabalhadores na diáspora africana? E quais os efeitos da abolição
de 1888?”, faça uma síntese apresentando o significado da
escravidão na formação da sociedade brasileira.
Na sequência, solicite aos estudantes a leitura dos textos 5 e 6,
reportagens em que a expressão “trabalho escravo” é utilizada na
atualidade, e que respondam as perguntas para cada texto.
Texto 5
Leia a notícia abaixo
(…) João é parte dos números que, para especialistas, comprovam a marginalização das populações negras. A
cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão entre 2016 e 2018, quatro são negros. Pretos e
pardos representam 82% dos 2.400 trabalhadores que receberam seguro-desemprego após resgate. (…)
Entre 2016 e 2018, de 2.570 trabalhadores resgatados, 2.481 receberam auxílio (96%), sendo que 343 se
autodeclararam brancos e 2.043 negros (soma de pretos e pardos). Os demais se autodeclararam amarelos (18),
indígenas (66) ou não fizeram declaração de raça. (…)
“Ser negro é igual a estar sujeito a situações diversas em que sua vida é desvalorizada, você é um ser desqualificado
socialmente e sua cultura é deslegitimada”, afirma Sérgio Luiz de Souza, professor da Universidade Federal de
Rondônia e pesquisador de História Afro-brasileira e Africana, mostrando como os números são sintomas da realidade
vivida pelos negros ainda hoje. (…)
Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/reporter-brasil/2019/11/20/a-cada-cinco-resgatados-em-trabalho-escravo-no-
brasil-quatro-sao-negros.amp.htm. Acesso em 28/10/2020.
1. Quais efeitos que essa mobilização dos trabalhadores autônomos podem gerar em seu benefício?
2. Qual a relação que você poderia fazer entre essa mobilização e a feita no Haiti?
3. Por que outros trabalhadores em condições análogas à escravidão não conseguem se mobilizar?
4. Por que o entregador Galo chama seu trabalho de “semi-escravidão”?