O documento discute as aproximações entre aconselhamento psicológico e psicoterapia. Rogers foi pioneiro em aproximar os dois campos ao focar no crescimento do cliente independente de diagnósticos. Isso tornou o aconselhamento menos diretivo e mais focado no processo de mudança. Há debates sobre se o aconselhamento deveria incorporar mais técnicas da psicoterapia ou manter sua natureza mais geral.
O documento discute as aproximações entre aconselhamento psicológico e psicoterapia. Rogers foi pioneiro em aproximar os dois campos ao focar no crescimento do cliente independente de diagnósticos. Isso tornou o aconselhamento menos diretivo e mais focado no processo de mudança. Há debates sobre se o aconselhamento deveria incorporar mais técnicas da psicoterapia ou manter sua natureza mais geral.
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APROXIMAÇÕES ENTRE ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO E PSICOTERAPIA
O documento discute as aproximações entre aconselhamento psicológico e psicoterapia. Rogers foi pioneiro em aproximar os dois campos ao focar no crescimento do cliente independente de diagnósticos. Isso tornou o aconselhamento menos diretivo e mais focado no processo de mudança. Há debates sobre se o aconselhamento deveria incorporar mais técnicas da psicoterapia ou manter sua natureza mais geral.
O documento discute as aproximações entre aconselhamento psicológico e psicoterapia. Rogers foi pioneiro em aproximar os dois campos ao focar no crescimento do cliente independente de diagnósticos. Isso tornou o aconselhamento menos diretivo e mais focado no processo de mudança. Há debates sobre se o aconselhamento deveria incorporar mais técnicas da psicoterapia ou manter sua natureza mais geral.
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APROXIMAÇÕES ENTRE ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO E
PSICOTERAPIA
Strang (1949) foi um dos pioneiros a destacar a dificuldade em se
diferenciar aconselhamento e psicoterapia, haja vista que ambos os processos visam a ajudar os indivíduos e obter um melhor desenvolvimento. Ainda assim, estabelece um continuum no qual o aconselhamento educacional e profissional estaria em uma posição inicial, realizado quando há diretividade, brevidade e menor grau de sofrimento. A psicoterapia seria um processo derivado do aconselhamento, representando um atendimento mais intenso e aprofundado, embora com os mesmos objetivos. De modo similar, para Scheeffer (1980), aconselhamento e psicoterapia se confundem em suas finalidades, haja vista que buscam ajudar a pessoa a compreender melhor a si mesma para orientar-se quanto aos seus problemas vitais. A partir da leitura de Rogers, Scheeffer afirma que a diferença entre essas modalidades reside apenas na terminologia, o que nos faz analisar de modo mais atento as proposições rogerianas acerca desses processos. Rogers (1942) foi o pioneiro no sentido de aproximar a prática do aconselhamento psicológico à psicoterapia justamente por não focar sua atenção na demanda trazida pelo cliente, em seu psicodiagnóstico, em contraposição à teoria traço e fator e à tradição psicométrica predominantes em sua época. Para esse autor, o ser humano viveria em busca da autorrealização, ou seja, em busca de uma experiência de crescimento. Assim, desde o primeiro encontro entre psicólogo e cliente, há uma experiência de crescimento, não havendo diferenças quanto a diagnósticos – todos os clientes, possuam eles patologias ou não, visam, em última instância, a atingir esse crescimento. Como afirmado no início deste estudo, pela aproximação que Rogers promove entre o aconselhamento psicológico e a psicoterapia, suas ideias são frequentemente evocadas quando o objetivo é comparar esses dois campos. Assim, o psicólogo seria um facilitador desse processo, justamente por possuir conhecimentos necessários à condução do processo juntamente com o cliente (Mahfoud, 2013). O foco é sempre o indivíduo e sua experiência de crescimento pessoal. No entanto, mais do que pontuar as semelhanças entre aconselhamento e psicoterapia, Rogers (2001) trouxe ao campo do aconselhamento psicológico, anteriormente compreendido de modo mais diretivo, algumas diretrizes por ele utilizadas na psicoterapia. Assim, pode-se dizer que as contribuições de Rogers tornaram o aconselhamento um processo menos mecânico e diretivo, que se apropriou de conhecimentos discutidos no campo da psicoterapia para promover mudanças, aprendizagem significativa e bem-estar nos clientes. Ao ampliar o escopo do aconselhamento, tornou essa área mais relacionada aos saberes psicológicos e à pesquisa envolvendo seres humanos. Assim, o aconselhamento passou a ser compreendido para além do oferecimento de conselhos e informações de modo diretivo e intencional e passou a incorporar técnicas desenvolvidas no contexto psicoterápico. Como exemplo dos elementos trazidos por Rogers (2001) para o campo do aconselhamento está a não-diretividade, a atenção às atitudes básicas como condições para modificações construtivas da personalidade, a tendência à autorrealização e o foco no processo de facilitação por parte do psicólogo, sendo a ele vedada a oferta de conselhos, informações e interpretações. O sucesso de uma intervenção, para Rogers (1992 [1951]), dar-se-ia por certas atitudes básicas que se formam na relação com o cliente, entre elas a congruência ou autenticidade, a consideração positiva incondicional e a postura empática, anteriormente apresentadas. A postura de abertura ao cliente e o envolvimento do psicólogo com o modo de existir dessa pessoa em busca de ajuda é compreendida por Forghieri (2007b), na abordagem fenomenológico-existencial, como um envolvimento existencial, de modo que o psicólogo compreenda as suas aproximações com o seu cliente justamente por compartilharem o existir-no-mundo, com frustrações, dificuldades, sofrimentos e potencialidades. Esse compartilhamento faria com que o aconselhando não visse o psicólogo como autossuficiente e alheio aos seus problemas, mas, pelo contrário, como alguém que, por conhecer o problema e permitir-se estar com o paciente apresentaria real potencial de ajuda na situação de sofrimento. Scheeffer (1980), pensando nas aproximações entre aconselhamento e psicoterapia, destaca que um mesmo cliente em sofrimento pode receber tratamentos diferentes a partir dessas duas formas de intervenção, ou seja, uma mesma problemática pode ser abordada de modos distintos a depender de como esse problema é compreendido pelo profissional. Assim, destaca a necessidade de que o profissional possua formação tanto em aconselhamento como em psicoterapia, a fim de identificar claramente sob qual enquadre o cliente poderia ser atendido, a depender do problema relatado, ou seja, que tenha acesso a uma ajuda que corresponda às suas necessidades. A partir das considerações de Scheeffer (1980), o foco, nesse sentido, recairia sobre a necessidade de um adequado diagnóstico, o que se opõe radicalmente ao pensamento rogeriano, a fim de oferecer encaminhamento correto a cada caso. Isso não impediria, por exemplo, que um caso inicialmente atendido em aconselhamento pudesse ser encaminhado a uma psicoterapia devido a observações ao longo do processo, o que reforça a necessidade de o psicólogo estar atento às necessidades de cada cliente. Investir na formação de psicólogos habilitados tanto para o aconselhamento como para a psicoterapia é uma das propostas apresentadas por Corey (1983). No Brasil, não existe, na formação do bacharel em Psicologia, uma atenção específica ao aconselhamento. Em muitos currículos de universidades brasileiras, não existe nem mesmo uma disciplina de aconselhamento psicológico, obrigatória ou eletiva. Mesmo assim, encontram-se relatos de experiências de estágio que fazem uso do aconselhamento, como no estágio supervisionado básico, obrigatório para a formação do psicólogo (Conselho Nacional de Educação, 2004, 2011; Silva, 2006). Ainda que o aconselhamento psicológico não seja uma disciplina presente em todos os currículos, muitos dos seus saberes são veiculados e experienciados pelos estudantes de Psicologia a partir do plantão psicológico, modalidade fortemente presente em nosso contexto universitário de oferta de extensão à comunidade (Mahfoud, 2013). Assim, não podemos afirmar que o aconselhamento não está presente nesses currículos, mas existem diferentes possibilidades de abertura para que os conhecimentos advindos do aconselhamento psicológico perpassem a formação do psicólogo no contexto nacional. Nessas experiências de estágio, o aconselhamento psicológico é, por vezes, empregado como uma fase inicial do processo de formação, na qual o aluno pode tatear o campo da psicoterapia e dele se aproximar. A existência do aconselhamento nos anos iniciais dos cursos de Psicologia reforça o caráter generalista e que oferece base para a formação como psicólogo nos anos posteriores, nos atendimentos em psicoterapia nas diferentes abordagens psicológicas. Na abordagem centrada na pessoa, o psicólogo não daria conselhos, informações ou apoio, nem mesmo ofereceria interpretações. Ao contrário, ele seria responsável por facilitar, refletir e vivenciar tanto quanto possível os sentimentos do cliente (Santos, 1982). Nesse sentido, observa-se uma compreensão do aconselhamento bastante próxima do processo psicoterápico, ou seja, um processo não-diretivo que colocaria o profissional como alguém que deveria manter uma relação de profunda e constante reflexão acerca do seu papel. O modo como a psicoterapia compreende o psicólogo possui nuanças em relação às diferentes abordagens, mas a centralidade do seu papel na condução do processo de mudança do cliente é evidente (Corey, 1983). Cabe a esse profissional ter clareza acerca das técnicas empregadas e refletir constantemente sobre a evolução do cliente, seus desafios, suas transferências, suas contratransferências (por exemplo, na abordagem psicodinâmica) e sua capacidade de estar com o outro de modo autêntico e genuíno (por exemplo, na abordagem centrada na pessoa). Essa necessidade estaria presente também no aconselhamento, ainda que a discussão pudesse ser reduzida ao tempo de duração do processo de ajuda, às demandas trazidas pelo cliente ou mesmo em relação aos possíveis encaminhamentos de cada caso. Barros e Holanda (2007) aproximam o aconselhamento psicológico da atividade clínica justamente por considerarem a psicoterapia como uma área suficientemente ampla e que pode ocorrer em uma gama diversa de cenários e contextos que não os classicamente difundidos. Em um propósito de clínica ampliada, os autores compreendem o aconselhamento psicológico como possibilidade de ocorrência do encontro clínico fundamental, mesmo que em um tempo reduzido. No aconselhamento psicológico, como há a possibilidade de se encaminhar o cliente a outras modalidades (por exemplo, à psicoterapia ou a um serviço psicológico), a depender das características desse cliente e de suas demandas, trata-se de uma clínica com sentido preventivo. Além disso, o aconselhamento não necessita de um espaço específico, favorecendo a ampliação dos contextos possíveis para a chamada “clínica nova psicológica” (Barros e Holanda, 2007, p. 90). Desse modo, o aconselhamento seria uma possibilidade dentro da clínica, mais ampla, estando a serviço da psicoterapia no sentido de encaminhar a ela os casos que demandam uma atenção mais específica, aprofundada e a longo prazo, bem como encaminhar a serviços de atenção especializados os casos que tratem de demandas que não sejam abarcadas pelo aconselhamento. Em uma meta-análise conduzida por Ahn e Wampold (2001), foram analisados os resultados de intervenções utilizando aconselhamento psicológico e psicoterapia em diferentes abordagens. Os resultados apontaram não haver diferenças significativas entre as intervenções no que se refere à efetividade do processo terapêutico. Isso pode evidenciar que mais do que buscar a diferenciação ou a aproximação entre essas modalidades, deve-se compreender a qualidade da ajuda oferecida em termos das atitudes básicas do psicólogo e se ele conhece os mecanismos pelos quais pode ofertar essa ajuda. Isso nos faz retornar a Rogers (2001) no que tange ao fato de que mais importante do que diferenciar modalidades de ajuda é investir na formação de profissionais aptos a desenvolverem ambas intervenções a depender do enquadre possível, da demanda apresentada e das condições existentes para aquele atendimento. Isso quer dizer que o manejo do cliente diante das condições existentes parece ser o mais importante, de modo que isso recai sobre a figura do psicólogo e suas atitudes. A atitude de congruência e a postura empática, dessa forma, parecem ser importantes apontamentos no sentido de oferecer um clima de segurança e apoio à pessoa em sofrimento. O encaminhamento dessa demanda (Barros e Holanda, 2007), posteriormente, pode assegurar que a pessoa receba o atendimento adequado e que possa se desenvolver a partir das próximas intervenções, quer sejam em um processo de aconselhamento psicológico, em uma psicoterapia ou em um serviço especializado.