A Contabilidade Pública Como Ferramenta de Gestão Do Orçamento em Instituições Públicas
A Contabilidade Pública Como Ferramenta de Gestão Do Orçamento em Instituições Públicas
A Contabilidade Pública Como Ferramenta de Gestão Do Orçamento em Instituições Públicas
ii
DECLARAÇÃO
Eu, Jenusse Alice Micheque Sigareta Joia, declaro por minha honra que este trabalho é da
minha autoria e nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico. Todas obras de outros autores, utilizadas neste trabalho foram
devidamente citadas e listadas na lista de referências bibliográficas.
iii
AGRADECIMENTOS
A realização do presente trabalho só foi possível graças à colaboração directa e indirecta de
outras pessoas e entidades. Nesta página, gostaria de manifestar a minha imensa gratidão a
todas elas e de forma particular:
À toda minha família, de maneira especial aos meus pais, Micheque e Maria Liontina Joia;
meus irmãos, Lopes, Sigareta e Angelina, pelo espírito de tolerância, sacrifício, trabalho,
crença e por me ter depositado confiança e oportunidade de continuar com os estudos e
mesmo nas condições difíceis para que pudesse faze-lo com sucesso.
Uma palavra de apreço ao meu supervisor, mestre Albino Jossias Maunja, pelo
acompanhamento e sábia orientação científica demonstrados durante o desenvolvimento do
presente trabalho de pesquisa e durante todo o percurso estudantil. Estendo ainda os meus
agradecimentos a todo o corpo docente do ISPM que tornou possível a minha formação e em
especial aos docentes do curso de Contabilidade e Auditoria, pela sua dedicação e
contribuição ao longo do curso.
Aos meus colegas e amigos Santa, Maria de Fátima e meu noivo, José da Silva Guanja, pelo
apoio moral, incentivo, confiança e camaradagem que depositaram em mim ao longo de todo
o processo de formação.
Por fim e, não por ser menos importantes, gostaria de agradecer a todos aqueles que, não
tendo sido mencionados nesta página, directa e indirectamente contribuíram para a realização
do presente trabalho.
iv
DEDICATÓRIA
v
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
ACI Agente de Controlo Interno
AEO Agente de Execuçao Orçamental
AICPA American Institute Certified Public Accountants
AR Assembleia da República
CI Controlo Interno
CIP Centro de Integridade Pública
COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
CP Contabilidade Pública
CRM Constituição da República de Moçambique
DAF Departamento de Administração e Finanças
DFs Demonstrações Financeiras
DPGCASM Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica
e-SISTAFE Aplicativo Informático do SISTAFE
FMO Fórum de Monitoria ao Orçamento
IFRS Normas Internacionais de Contabilidade (em inglês)
IGF Inspecção Geral das Finanças
IPBASB International Public Sector Accounting Standards Board
IPSAS Normas Internacionais de Contabilidade Aplicáveis ao Sector Público
ISPM Instituto Superior Politécnico de Manica
LEOE Lei do Enquadramento Orçamental
LOA Lei de Orçamentos Anuais
MEF Ministério de Economia e Finanças
OCAM Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique
OD Ordenador de Despesa
OE Orçamento do Estudo
PES Plano Económico e Social
PPA Plano Plurianual
SCI Sistema de Controlo Interno
SISTAFE Sistema de Administração Financeira do Estado
TA Tribunal Administrativo
UGEA Unidade de Gestão das Aquisições
LISTA DE FIGURAS
vi
Figura 1. Organograma resumida da DPGCASM......................................................................3
Figura 2. Género dos elementos da amostra..............................................................................3
Figura 3. Escolaridade dos elementos da amostra.....................................................................3
Figura 4. Tempo de serviço dos elementos da amostra.............................................................3
Figura 5. Nível de observância das medidas de controlo interno..............................................3
Figura 6. Conhecimento sobre entidades de controlo externo...................................................3
Figura 7. Processo de registo e controlo contabilístico..............................................................3
Figura 8. Observância dos princípios orçamentais....................................................................3
Figura 9. Importância da contabilidade pública.........................................................................3
LISTA DE QUADROS
vii
Quadro 1. Classificação Económica das Despesas Públicas......................................................3
Quadro 2. Lista das IPSAS emitidas pelo IPSASB....................................................................3
Quadro 3. Comportamento das rubricas orçamentais (2018-2020)...........................................3
viii
RESUMO
A Contabilidade Pública é uma ferramenta indispensável no registo, controlo e avaliação do
desempenho da gestão dos orçamentos nas instituições públicas. O presente trabalho de
monografia foi desenvolvido na Direcção Provincial do Género, Mulher e Acção Social de
Manica, localizada na cidade de Chimoio, tendo como objectivo central de analisar o papel
que a contabilidade pública tem no processo de gestão do orçamento naquela instituição
pública, de 2018 a 2020. Para atingir de forma eficaz esse objectivo, com base num estudo de
caso, realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, onde os dados
primários foram obtidos com recurso a inquéritos, entrevistas e consulta a documentos, tais
como planos e relatórios des gestão orçamental. Através deste estudo foi possível perceber as
contribuições da contabilidade pública na gestão nessa instituição. Verificou-se, portanto, que
a contabilidade pública desempenha um papel importante na gestão orçamental, contudo,
constatou-se também que devido à fraca aplicação de alguns procedimentos e normas
contabilísticas na gstão orçamental, aquela instituição deve melhorar determinados processos
que actualmente afectam o seu desempenho gerencial, como as medidas de controlo interno
de inventário e controlo fisico patrimoniais e as conciliações bancárias, assim como no
domínio dos princípios orçamentais por parte de seus funcionários.
ix
ÍNDICE
DECLARAÇÃO.......................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................iii
DEDICATÓRIA.......................................................................................................................iii
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS....................................................................iii
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................iii
LISTA DE QUADROS............................................................................................................iii
RESUMO..................................................................................................................................iii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................3
1.1 Contextualização.........................................................................................................3
1.2 Relevância do Tema....................................................................................................3
1.3 Problema de Pesquisa..................................................................................................3
1.4 Objectivos de Pesquisa................................................................................................3
1.4.1 Objectivo Geral....................................................................................................3
1.4.2 Objectivos Específicos.........................................................................................3
1.5 Delimitação do Tema..................................................................................................3
1.6 Estrutura do Trabalho..................................................................................................3
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA........................................................................3
2.1 Contabilidade....................................................................................................................3
2.1.1 Conceito de Contabilidade.........................................................................................3
2.2 Contabilidade Pública.......................................................................................................3
2.2.1 Conceito de Contabilidade Pública............................................................................3
2.2.2 Objecto da Contabilidade Pública..............................................................................3
2.2.3 Objectivo da Contabilidade Pública..........................................................................3
2.2.4 Aplicação da Contabilidade Pública..........................................................................3
2.2.5 Usuarios das Informações da Contabilidade Pública.................................................3
2.2.6 Importância da Contabilidade Pública.......................................................................3
2.3 Orçamento Público...........................................................................................................3
2.3.1 Conceito de Orçamento Público................................................................................3
2.3.2 Funções do Orçamento Público...........................................................................3
2.3.3 Classificação Económica das Despesas Públicas em Moçambique.....................3
2.4 Lei do Orçamento do Estado (LEOE).........................................................................3
2.4.1 Plano Plurianual (PPA)........................................................................................3
2.4.2 Lei de Directrizes Orçamentais............................................................................3
2.4.3 Ciclo Orçamental Moçambicano..........................................................................3
2.4.4 Princípios Orçamentais..............................................................................................3
2.5 Sistema de Administração Financeira do Estado-SISTAFE.......................................3
2.5 Normas Internacionais de Contabilidade Aplicáveis ao Sector Público..................3
2.6 Processo de Execução das Despesas Públicas.............................................................3
2.7 Procedimentos Contabilístico-Financeiros das Despesas Públicas.............................3
2.8 Controlos Interno e Externo nas Instituições Públicas................................................3
2.8.1 Controlo Interno.........................................................................................................3
2.8.2 Controlo Externo na Administração Pública.............................................................3
2.9 Gestão Pública.........................................................................................................3
CAPITULO III: METODOLOGIA...........................................................................................3
3.1 Descrição Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica.........3
3.1.1 Natureza e Localização..............................................................................................3
3.1.2 Funções da Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica......3
3.1.3 Missão, Visão, Valores, Compromissos e Serviços...................................................3
3.2. Classificação da Pesquisa................................................................................................3
3.2.1. Quanto aos Objectivos.........................................................................................3
3.2.2. Quanto à Abordagem do Problema......................................................................3
3.2.3. Quanto aos Procedimentos Técnicos...................................................................3
3.3 População e Processo de Amostragem........................................................................3
3.4 Técnicas de Recolha de Dados....................................................................................3
3.5. Análise e Processamento de Dados e Apresentação dos Resultados..............................3
CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................3
4.1 Caracterização da Amostra de Estudo..............................................................................3
4.1.1 Quanto ao Género......................................................................................................3
4.2 Processo de Planificação e Execução Orçamental...........................................................3
4.2.1 Planificação Orçamental............................................................................................3
4.2.2 Execução Orçamental................................................................................................3
4.3 Observância das Normas e Procedimentos Contabilísticos.........................................3
4.3.1 Medidas de Controlo Interno Contabilístico e Financeiro...................................3
4.3.2 Controlo Externo..................................................................................................3
4.3.3 Processos de Contabilização das Despesas Públicas...........................................3
4.3.4 Observância dos Princípios Orçamentais.............................................................3
CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..........................................................3
5.1 Conclusão.........................................................................................................................3
5.2 Recomendações................................................................................................................3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................3
ANEXOS E APÊNDICES.........................................................................................................3
A Contabilidade Pública como Ferramenta de Gestão do Orçamento em Instituições Públicas: Estudo de
Caso Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A Contabilidade, de forma geral, constitui um dos conhecimentos mais antigos de que
se tem notícia. Surgiu da necessidade de controlo das posses e das riquezas, ou seja, do
património. Existe a hipótese de que a contabilidade tenha surgido antes da escrita, dada
a sua importância para o homem (Mota, 2009).
Mota (2009), afirma ainda que a Contabilidade Pública regista a previsão da receita e a
fixação da despesa estabelecidas no orçamento público aprovado para o exercício,
escritura a execução orçamental, faz a comparação entre a previsão e a realização das
receitas e das despesas, revela as variações patrimoniais, demonstra o valor do
património e controla: as operações de crédito, a dívida activa, os créditos e as
obrigações.
Para a sociedade em geral, este estudo visa contribuir para uma reflexão cada
vez mais profunda e democrática sobre os procedimentos de gestão da “coisa
pública”, que se pretende transparente e acompanhada da necessária
transparência e legalidade, em que a Contabilidade Pública joga um papel
extremamente importante.
Porém, nos últimos anos, tem sido reportados por vários organismos independentes,
como o CIP e FMO1, irregularidades na gestão do Orçamento de Estado em
Moçambique, violando os princípios e normas estabelecidas para uma gestão eficiente,
eficaz e transparente do orçamento em várias instituições públicas. Essas irregularidades
são caracterizadas por desvios de aplicação, furtos, sobrefacturação na compra de bens e
serviços nas UGEAs, incumprimento de prazos na prestação de contas, entre outras
práticas lesivas ao Estado. Consequentemente, essas irregularidades na realização das
despesas públicas têm um impacto negativo tanto na economia nacional como na
qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos.
1
Relatórios do Centro de Integridade Pública e Fórum de Monitoria ao Orçamento publicados em 2018-2019
Jenusse Alice M. Sigareta Jóia Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria
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A Contabilidade Pública como Ferramenta de Gestão do Orçamento em Instituições Públicas: Estudo de
Caso Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica
Neste contexto, Greco e Arend (2013) definem a Contabilidade como a ciência que
regista, estuda e interpreta (por análise) os factos financeiros e económicos que afectam
a situação patrimonial de determinada pessoa física ou jurídica. Essa situação
patrimonial é apresentada ao usuário (pessoa que tem interesse em avaliar a situação da
entidade) por meio das demonstrações financeiras tradicionais e de relatórios de
excepção, específicos para determinadas finalidades.
Estes autores ainda consideram que a contabilidade capta, regista, acumula e interpreta
os factos contabilísticos, isto é, os fenómenos que afectam a situação patrimonial,
financeira e económica das pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou de direito
privado, e com ou sem fins lucrativos.
Para Ribeiro (2014) a Contabilidade é uma ciência social que tem por objecto o
património das entidades económico-administrativas. Seu objectivo principal é controlar
o património das entidades em decorrência de suas variações.
Araújo e Arruda (2009), por sua vez, entendem que a contabilidade pública é o ramo da
Ciência Contabilística voltado para o registo, o controlo e a demonstração dos factos
mensuráveis em dinheiro que afectam o património do País, Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações, ou seja, as entidades de direito público interno.
De acordo com Carvalho (2010), o património pode ser definido como sendo o conjunto
de bens e direitos, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados ou
mantidos com recursos públicos, integrantes do património de qualquer entidade pública
ou de uso comum, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios futuros
inerentes à prestação de serviços públicos.
Segundo Silva (2004), a Contabilidade Pública está intimamente ligada com regime
democrático adoptado pelos Estados Modernos, pois quando exerce o poder, se exerce
em nome do povo, e todos os aspectos da contabilidade encontram-se num ambiente
propício para suas elaborações teóricas e para suas aplicações práticas.
Segundo Baleeiro (2002), o Orçamento Público é tido como o acto pelo qual o Poder
Executivo prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo período, e em pormenor, a
execução das despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins
adoptados pela política geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas
em lei.
Franco (2000) define orçamento em Finanças Públicas como uma previsão, em regra
anual, das despesas a realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir, incorporando a
autorização concedida à Administração Financeira para cobrar receitas e realizar
despesas e limitando os poderes financeiros da Administração em cada período anual.
Portanto, com os conceitos acima, percebe-se que o orçamento público surgiu para
exercer como dispositivo no controlo das actividades financeiras do Governo. O
orçamento público é uma parte da contabilidade pública que contém a aprovação prévia
da despesa e da receita para um determinado período. É o dispositivo que utiliza do
Poder Público, em cada uma de suas esferas, para declarar, em um determinado período
de tempo, seu planeamento de actuação, distinguindo a origem e a quantia do dinheiro a
serem obtidos, bem como os gastos a serem executados.
controle público. Por esse critério, o orçamento se divide em dois grandes grupos: as
Contas Correntes e Contas de Capital (Brien, 2010).
Andrade (2013) diz que a Lei de Directrizes Orçamentais passou ainda a exaltar: o
equilíbrio entre receitas e despesas; critérios e formas de limitação de empenho, visando
cumprimento de metas fiscais e do resultado primário e nominal, além de direccionar
formas de limites com gastos com pessoal, e outros riscos capazes de afectar o
equilíbrio das contas públicas, e a inclusão de anexo de Metas Fiscais e Riscos Fiscais.
A primeira fase constitui uma competência do Governo, no âmbito das suas funções
políticas e administrativas, a iniciativa de apresentação da proposta de lei até 15 de
Outubro de cada ano. Quanto à duração do processo (prévio) de elaboração do
orçamento não há normas legais (habitualmente, inicia-se em Junho/Julho, durante
assim 3 a 4 meses).
A segunda fase, cabe à Assembleia da República “aprovar as leis das grandes opções
dos planos nacionais e do Orçamento do Estado. sob proposta do Estado.
Votação: até 5 dias após a apresentação da proposta de lei;
Aprovação: autorização legislativa ao Governo;
Até ao final do ano: promulgação e publicação;
Rejeição: nova proposta de lei ou demissão do Governo;
Generalidade-plenária da AR;
Especialidade (artigo a artigo) Omissão de Economia, Finanças e Plano;
Plenário-Matérias referentes ao sistema fiscal e limites ao endividamento.
As IPSAs que adoptam regime de competência são baseadas nas Normas Internacionais
de Contabilidade (IFRS, em inglês), emitidas pelo International Accounting Standards
2
Material de apoio na formação contínua dos Contabilistas da OCAM (2017)
Jenusse Alice M. Sigareta Jóia Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria
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A Contabilidade Pública como Ferramenta de Gestão do Orçamento em Instituições Públicas: Estudo de
Caso Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica
O IPSASB, até à presente data, emitiu 32 (trinta e duas) normas–as IPSASs - conforme
se descrevem no quadro seguinte:
Para Martin (2004), o controlo interno é um processo cuja finalidade é assegurar, num
grau razoável, que uma entidade atinja o sucesso organizacional, alcançando os
seguintes objectivos:
Eficiência e eficácia das suas operações;
Manutenção e conservação do seu património em bom estado de capacidade
produtiva inclusive mantendo os seus activos financeiros em bom estado de
liquidez;
Cumprimento das leis, normas e regulamentos, principalmente os emanados
das autoridades bancárias;
Cumprimento das directrizes, normas e regulamentos internos,
especialmente os que se referem a estratégia, políticas, procedimentos,
produtos e limites de risco;
Confiabilidade e precisão dos demonstrações contabilísticas e financeiras.
A Gestão Pública está intimamente ligada à Contabilidade, pois é através dela que se
pode oferecer ao administrador as informações necessárias para que este possa tomar
decisões durante sua gestão frente ao Poder Executivo e desta forma obter êxito. As
Administrações Públicas após a Lei de Responsabilidade Fiscal, entraram na era do
planeamento para que suas acções nos gastos públicos atendam os anseios da
população. A Lei define regras para execução dos trabalhos e proíbe que se gaste mais
do que se arrecada.
De acordo com Santos e Reis (2006), na Gestão Pública das actividades políticas,
sociais, económicas, administrativas, educacionais e policiais, o Estado precisa obter
meios financeiros (oriundos, quer da exploração do seu próprio património, quer das
contribuições de várias espécies efetuadas por particulares) e controlar a sua destinação,
aplicando-os no pagamento de pessoas e bens utilizados na criação dos diversos
serviços públicos.
Portanto, essa actividade que o Estado desenvolve para atendimento das necessidades
públicas é denominada Actividade de Gestão e Administração Financeira e consiste em
obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável àquelas necessidades que o
Estado assumiu directa ou indirectamente.
A Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica, foi criada pela
Lei n° 07/2019, de 31 de Maio e regulamentada pelo Decreto nº 63/2020, de 7 de
Agosto.
Visão
Ser um órgão do Aparelho Provincial do Estado, promotor da cultura de bem servir,
prestando assistência técnica e administrativa de qualidade.
Valores
Bem servir;
Celeridade;
Imparcialidade;
Integridade;
Profissionalismo;
Transparência;
Unidade Nacional.
Serviços básicos
Promover a emancipação e desenvolvimento da Mulher;
Promover a estabilidade da família, do seu papel de protecção dos seus membros
da sociedade;
Promover a assistência aos grupos populacionais com carência, apoio social,
psicológica, material e moral,
Articular com outros sectores do Estado na autorização das organizações não-
governamentais nacionais e estrangeiras que actuam nas áreas do Género,
Criança e Acção Social.
Compromissos
Competência e Zelo;
Idoneidade;
Igualdade de tratamento;
Imparcialidade;
Informação;
Justiça
Legalidade;
Proporcionalidade;
Simpatia;
Transparência.
Por outro lado, esta pesquisa classifica-se como documental, pois, através da consulta a
planos de actividades e relatórios de execução orçamental da Direcção Provincial do
Género, Criança e Acção Social de Manica, para o periodo de estudo, foi possivel obter
dados e informações relevantes sobre o tema estudado.
Finalmente, esta pesquisa classifica-se como estudo de caso, pois, tendo como objectivo
de obter dados e informações mais aprofundadas relativamente à Direcção Provincial do
Deste modo, a população desta pesquisa foi constituida por 31 (trinta e um) funcionários
existentes na Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica. A
amostra da pesquisa é de 9 (nove) afectos ao DAF, entre contabilistas, gestores
financeiros e orcamentais, os quais participaram no inquérito e que representam 29% do
total, sendo esta a amostra assumida para esta pesquisa.
Feminino
33%
Médio
22%
Superior
78%
Estes resultados mostram claramente que a maioria dos funcionários inquidos estão na
Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Manica num período
relativamente longo e, portanto, conclui-se que dominam o processo de gestão
orçamental da instituição.
Até 2 anos
11%
Mais de 10 anos
33% Entre 3 e 5 anos
22%
Entre 6 e 10 anos
33%
Figura 4. Tempo de serviço dos elementos da amostra
Fonte: Autora a partir dos dados da pesquisa (2021)
De forma geral, com esses resultados pode concluir-se que as medidas de controlo
interno contabilistico são implementadas de forma razoável na Direcção Provincial do
Género, Criança e Acção Social de Manica, havendo a necessidade de melhorá-las em
muitos aspectos, pois, de acordo com o AICPA, “o controlo interno consiste em
verificar e controlar os procedimentos adoptados na execução de tarefas no âmbito
interno das organizações a fim de se obter resultados favoráveis, visando o melhor
aproveitamento e emprego dos recursos financeiros”.
Do inquérito realizado aos funcionários da amostra, para aferir o seu domínio sobre o
controlo externo das instituições públicas, constatou-se que estes têm fraco domínio
sobre o processo de controlo externo, pois, 66.7% consideram o Tribunal
Administrativo e/ou Assembleia da República e apenas 33.3% consideraram a
Inspecção Geral das Finanças.
2.5
2 2
2
1.5
1
1 66.7% 66.7%
0.5 33.3%
0
Assembleia da República Tribunal Administrativo Inspeção Geral das Finanças
Figura 6. Conhecimento sobre entidades de controlo externo
Fonte: Autora a partir dos dados da pesquisa (2021)
67%
Conciliação bancária
2
33%
Inventário periódico
1
100%
Livros de requisições interna e externa
3
100%
Mapa de controlo bancário
3
100%
e-SISTAFE
3
100%
Mapa de controlo orçamental
3
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
Figura 7. Processo de registo e controlo contabilístico
Fonte: Autora a partir dos dados da pesquisa (2021)
Eficâcia 67%
2
Eficiência 67%
2
Economicidade 67%
2
Transparência 100%
3
Publicidade 33%
1
Legaidade 67%
2
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
Comparando as despesas realizadas por ano e tomando 2018 como ano-base, é possível
constatar que este orçamento cresceu para 113.6% em 2019 e para 123.5%, em 2020,
como resultados dos aumentos decorrentes dos planos anuais de actividades (PES)
aprovados para aqueles exercícios económicos.
Dos resultados obtidos também conclui-se que a instituição objecto de estudo cumpre
parcialmente com os princípios orçamentais, havendo a necessidade de melhorar a
maioria deles, pois, as opiniões expressas em inquérito mostram algum défice nesse
sentido.
gestão das suas despesas públicas durante o período de estudo, com eficiência, eficácia
e transparente. Porém, em vários aspectos, há necessidade de melhorar, tal como a
secção seguinte sugere.
5.2 Recomendações
Para fazer face às conclusões acima, recomenda-se o seguinte:
Promover mais acções de capacitação e formação aos funcionários do DAF, em
matérias de Contabilidade e Gestão Financeira e Orçamental;
Adoptar a função de Auditoria Interna na instituição; e
À Direcção de Economia e Finanças, para reforçar os orçamentos anuais
atribuidos à instituição para fazer face às suas necessidades de funcionamento e
de investimentos.
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São Paulo.
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CATARINO, J. R. (2011). Princípios de Finanças Públicas. Almedina. Coimbra.
FRANCO, H., (1997). Contabilidade Geral. Editora Atlas. São Paulo
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Alberto Santa Cruz do Sul.
GOVERNO DE MOÇAMBIQUE- Diploma ministerial 152/2005, de 2 de Agosto,
Maputo.
GOVERNO DE MOÇAMBIQUE-Decreto Lei N° 9 de 12 de Fevereiro (Lei Do
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PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. de (2013). Metodologia do Trabalho científico:
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Grande do Sul – Brasil.
RIBEIRO, J. J. T. (1991) – Lições de Finanças Públicas. 4ª ed. Editora Limitada.
Coimbra.
ANEXOS E APÊNDICES
APÊNDICE 1: QUESTIONÁRIO PARA PESSOAL TÉCNICO DO DAF
Sou Jenusse Alice Micheque Sigareta Jóia, estudante finalista do curso de Contabilidade e
Auditoria no ISPM. Com o presente questionário pretende-se colectar dados e informações
sobre o Papel da Contabilidade na Gestão do Orçamento desta Instituição (DPGCAS de
Manica), de 2018 a 2020. Esta pesquisa tem fins académicos, portanto, não se requerem os
nomes dos respondentes e seus os resultados serão utilizados exclusivamente para para esta
finalidade.
2. Idade do inquirido
( ) Até 25 anos
( ) Entre 26 e 35 anos
( ) Entre 36 e 45 anos
( ) Entre 46 e 55 anos
( ) Mais de 55 anos