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Catequese de Inspiração Catecumenal
Catequese de Inspiração Catecumenal
Catequese de Inspiração Catecumenal
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Cf. Reflexão de Dom Peruzzo. Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética.
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6. Sexta etapa de 538 A.c. ao ano 0: tempo de Judeus – a legislação do povo de Deus
Na volta do exílio babilônico começa para o Povo de Deus um longo processo iniciático na legislação da Aliança. A
tentação de assimilar a cultura pagã desses povos era contínua, e acontecia paralelamente com a tentação de criar um
fechamento na compreensão e vivência de Povo de Deus e de criar um legalismo exagerado. Foi um período de
iniciação para aprender a normatizar a vivência da Aliança de Iahweh
7. Sétima etapa do ano 0 – 100 d.c: tempo dos cristãos – universalização do povo de Deus
Com a encarnação do Filho de Deus, a vinda de Jesus de Nazaré, começa a primeira, a fundamental e a grande
iniciação. Urge voltarmos a essa prática iniciática do cristianismo, para formarmos hoje discípulos missionários de Jesus
Cristo, ser Igreja cristã, sinal de salvação de todos. O período cristão primitivo foi um período de iniciação para aprender
a universalizar a salvação do Deus Trindade.
“Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu
seguimento ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora.” (Documento de Aparecida, 287)
“Para que as comunidades sejam renovadas, devem ser a casa de Iniciação à Vida Cristã, onde a catequese há de ser
uma prioridade” (CNBB. Doc. 100)
5º - A comunhão impele à missão: cada discípulo atrai outros para a mesma experiência;
A Missão leva à transformação da sociedade: a consequência social do seguimento do Evangelho
deve ser tonar visível para que a missão seja coerente.
O Documento de Aparecida é enfático ao falar da necessidade urgente de assumir o processo
iniciático na evangelização: "Impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã,
que além de marcar o quê, também dê elementos para o quem, o como e o onde se realiza" (n.287; cf. n.
286-294).
“Há muitos séculos, Tertuliano já dizia que "os cristãos se fazem, não nascem"5. Isso vale para qualquer religião. Para "tornar-se"
algo novo é preciso passar por um processo de iniciação que envolve mais do que conhecer ideias” (CNBB. Doc 97).
Batismo, Confirmação e Eucaristia. É na Vigília Pascal que os catecúmenos são acolhidos na comunidade
para a celebração destes sacramentos com toda solenidade e riqueza própria da liturgia pascal.
E por último o Tempo da Mistagogia: aprofundamento da fé e inserção na vida da comunidade. O
termo mistagogia é de origem grega, composta do substantivo mystes-mistério e do verbo agein que significa
conduzir, iniciar. Assim, mistagogia significa todo ato de conduzir uma pessoa ao mistério, ao conhecimento
de uma verdade oculta no rito que a constitui. A mistagogia indica o último período do Catecumenato antigo e
acontece ao longo do Tempo Pascal até o Pentecostes. Neste período “se obtém o conhecimento mais
completo dos mistérios através das novas explanações e, sobretudo da experiência dos sacramentos
recebidos” (cf. RICA, 38).
Este tempo é caracterizado pela experiência dos sacramentos e pelo ingresso na comunidade. Nele
há o aprofundamento progressivo e gradual do mistério pascal e vivência cristã. Neste processo é necessário
que a comunidade seja acolhedora dos novos catecúmenos, os novos cristãos. Espera-se também, que a
comunidade seja uma comunidade de fé, missionária, testemunha de Jesus Cristo e comprometida com a
caridade solidária.
O Diretório Geral para a Catequese acentua que o catecumenato é considerado modelo inspirador ou
fonte da catequese pós-batismal (DGC, 98). Ao implementar uma catequese de inspiração catecumenal,
seguindo estes Tempos e Etapas, a Igreja busca formar novos membros comprometidos com o mandado
missionário de Jesus e renovando a comunidade paroquial.
“Impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã, que além de marcar o quê,
também dê elementos para o quem, o como e o onde se realiza" (n.287; cf. n. 286-294).
O processo de iniciação tem que ser pensado, em cada grupo, a partir das necessidades e características
das pessoas envolvidas. Todos precisam ser amados, reconhecidos e ajudados na busca do caminho.
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Concluindo
Como catequistas testemunhas e discípulos missionários de Jesus Cristo, coloquemo-nos numa
atitude orante e exodal, na acolhida e no despertar para a renovação catequética, à luz de um novo
paradigma emergente: redescobrir a beleza da essência missionária. A missão catequética parte da inserção
no conjunto das ações evangelizadoras da Igreja. Ou, melhor, dizendo, despertar a consciência de que
Catequese é “ato essencialmente eclesial”. Sua missão consiste em formar verdadeiros e autênticos
discípulos missionários de Jesus Cristo.
Ao refletirmos sobre a história da Salvação como ação pedagógica de Deus, que elege um povo e
inicia este povo na fé bíblica, percebemos que a iniciação a fé percorre toda a Sagrada Escritura. A Iniciação
Cristã no processo de formação para o discipulado nos fez perceber que na ação catequética evangelizadora
faz-se necessário “ir ao essencial e revelar seu conteúdo bíblico-teológico”2. Daí a importância de
implementar uma catequese bíblica e mistagógica que possibilite o verdadeiro encontro com Jesus Cristo.
A Iniciação Cristã, mais do que iniciação teórica a um conjunto de doutrinas e verdades da fé, implica
necessariamente no seguimento concreto de uma Pessoa: Jesus Cristo. Nele o cristão é convidado a modelar
a sua vida, pautar as suas ações e redimensionar suas atitudes. Esta Iniciação, por sua vez, não termina com
a celebração dos sacramentos, mas tem um caráter de continuidade, de permanência, de duração ao longo
da vida.
Vimos que é de fundamental importância investir na formação dos catequistas para uma adequada
Catequese de iniciação. A iniciação cristã é tarefa de toda Igreja, que ministerial se coloca a convite do
Mestre em estado permanente de missão.
Percebemos que o convite à Iniciação cristã é o clamor do momento histórico em que vivemos. A
Conferência de Aparecida, como um evento eclesial, nos convoca a assumir a Iniciação Cristã como
prioridade na catequese e como consequência de uma Igreja Missionária. Ser discípulo missionário
apaixonado a serviço da vida. O discípulo e a missão estão a serviço da vida. A finalidade e o objetivo da
missão do discípulo é a vida plena da pessoa humana. O discipulado e a missão estão a serviço da vida
digna.
As propostas do Documento da CNBB (Iniciação à Vida Cristã. Um processo de Inspiração
Catecumenal), constituem um horizonte que nos estimula a transformarmos o modo como educamos as
pessoas na fé. A catequese de inspiração catecumenal não é um projeto fechado, mas abre um leque de
possibilidades.
“Completai a minha alegria, deixando-vos guiar pelos mesmos propósitos e pelo mesmo amor, em
harmonia buscando a unidade" (Fl 2,2).
2 AGOSTINHO, Santo. A Instrução dos Catecúmenos. Teoria e prática da Catequese, Vozes, 2005, p.16.