Poemas de Anchieta
Poemas de Anchieta
Poemas de Anchieta
I
9 788533 619562
~ CANTIGA POR "O SEM VENTURA" 1 CANTIGA POR "O SEM VENTURA"
A NOSSA SENHORA 1 A NOSSA SENHORA 1
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15. -..h Nde porã'-ngatu r-ausupa , 15. Amando tua grande beleza,
t-ekó-a'iba oro-mombó 2 • a vida ruim atiramos fora.
Nde r-esé meme oro-í'kó, Contigo sempre estamos,
~ nde r-obá r-epí'ak-a'upa, tendo saudades de tua face,
nde r-apekóbo, freqüentando-te ,
nde su-nde-supa, ficando a visitar-te,
oré ybyi-me nde r-erupa. fazendo-te estar em nosso interior.
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2 CANTIGA POR "QUERENDO 2 CANTIGA POR "QUERENDO
O ALTO DEUS"4 O ALTO DEUS"
86 87
9. "Santa Maria" s-era, anhang - 9. Santa Maria é seu nome, inimiga
[upí'ara, [do diabo,
Tupã r-endab-eté, Tupã r-alyra. verdadeira estância de Deus, filha
Tupã sy-rama ri i monhang-y-mbyra, [de Deus.
t-e'õ r-uplara nhê, t-ekobé í'ara. Para mãe de Deus é a que foi feita,
adversária da morte, senhora da vida.
13 . . S-ygé-pe o eté-rama Tupã t-ar-i,
i puk-e'y-me nhê o-'á o-upa. 13. Em seu ventre Deus tomou seu corpo,
Iandé poreausub-oka, í'andé supa, nasce ndo sem corrompê-la.
pitang-amo-ngatu s-ekó-potar-i. Para arrancar nossa miséria, para
[nos visitar,
17. Maria, Tupã sy, moro-í:tyk-ara, quis bem estar como uma criança.
anhanga sumarã, i xykysylé-(sa)ba,
landé maran-in1, í'andé abalté-(sa)ba, 17. Maria, mãe de Deus, vencedora,
t-ekó-katu r-esé landé moí'ngó-ara 8 . inimiga do diabo, causa do seu temor,
nossa companheira das guerras,
21. T'í:a-s-ausu'-pabê Santa Maria, [causa de nossa bravura,
landé py'a 9 pupé s-ekó mondepa, a que nos faz estar na virtude.
t'o-puar 10 anhanga ri, mburu 11
[mombepa 12 , 21. Amemos todos Santa Maria,
s-ekó-poxy suí í:andé r-eí:yla. dentro de nosso coração sua lei
[colocando ,
para que bata no diabo, achatando o
[maldito,
de sua vida má nos afastando.
88 89
~
""' CANTIGA POR "EL SIN VENTURA"t3 3 CANTIGA POR "EL SIN VENTURA"
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15. E-í'ori, Pa'i Tupã, 15. Vem, Senhor Deus,
xe 'anga moí'ngó-katü-abo! para fazer estar bem minh'alma.
T'a-royrõ t-ekó-memOã, Que eu deteste a vida má,
anhanga r-ausu-pe'abo. afastando o amor ao diabo.
T'oro-ausu'-ne, Que te ame,
nde mombegu-abo 18 , proclamando-te,
.nde nhõ, nde moeté-katu-abo! a ti somente, louvando-te muito!
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4 DA ASSUNÇÃ0 21 4 DA ASSUNÇÃO
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13. Nde por-ausubá-katu-á'-pe, 13. Por causa de tua muita misericórdia
na xe r-eroyrõ-i iepé. não me detestas tu.
Nde ma'enduá meme Tu te lembras sempre
xe r-esé, xe r-ausup-á'-pe. de mim, por me amar.
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37. Nei), taUié, xe r-eiyia, 37. Eia, depressa desviando-me,
t'oro-akypOer-eká. para que eu te busque as pegadas.
Ta xe mondó, sapy'a, Que me mandes logo
nde ri xe nhe-mboryryia3°. a fazer ocupar-me de ti.
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5 PITANG-I32 5 PITANG-I
100 101
17. 5º Pitang-1 r-epiak-a'upa,
17. 5º Tendo saudades do nenenzinho,
a-iur xe r-oka suí.
vim de minha casa.
E-iori, xe !ara sy,
Vem, mãe de meu senhor,
xe 'anga pupé s-erupa!
para fazê-lo estar deitado dentro de
[minh'alma.
21. 6º Iandé monhang-ara nhe
ere-noi nde iybá-pe.
21. 6º Nosso criador
Xe abé, s-ausu-katu-á'-pe,
fazes estar contigo em teus braços .
t'a-rur xe py'a pupé.
Eu também, por muito amá-lo,
traga-o dentro de meu coração.
25 . 7º E-ma'e-ngatu oré ri,
Tupã sy, Santa Maria!
25. 7º Olha por nós,
Iori, anhanga mondyia,
Mãe de Deus, Santa Maria!
oré moaUié suí! 33
Vem fazer tremer o diabo,
para não nos vencer.
29. 8º Mor-ausuberekó-sá' -pe,
asé 'anga ere-io-sub.
29. 8º Por teres misericórdia,
E-1-moingé pa'i iesu,
nossa alma visitas.
nde membyra, xe py'a-pe .
Faze entrar o senhor Jesus,
teu filho , em meu coração.
33. 9º Tupã sy, xe sy abé,
a-royrõ t-ekó-poxy.
33. 9º Mãe de Deus, minha mãe também,
A-s-ausub nde membyr-1.
detesto a vida má .
Xe pe'a ume iepé.
Amo teu filhinho.
Não me desterres tu.
37. 10º Oro-ausu-katu gui-t-ekóbo,
xe r-ekobé ia-katu.
37. 10º Estou amando-te muito,
Xe iekyi-me, t'ere-iu,
como a minha própria vida.
ybaté xe r-erasóbo.
Ao morrer eu, que tu venhas,
para levar-me para o alto.
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41. 11º Amõ a'e t-ubixá-katu 34 41. 11º Aqueles outros chefes
nde r-esé-o-ie-robiá. em ti confiam.
Kó xe r-ekó-0 35 nde r-eká, Eis que aqui estou para te procurar,
xe r-ub-i, pa'i iesu. meu paizinho, senhor Jesus.
45. 12º Nde r-ekó-katu potá, 45. 12º Querendo tua virtude,
a-royrõ xe r-ekó-pOera. detesto minha lei antiga.
I porã-ngatu nde r-era. É muito belo teu nome.
E-iori, xe r-aOsubá! Vem, para se compadecer de mim.
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6 TUPANA KUAPA36
6 TUPANA KUAPA
1. Tupana kuapa,
ko'y a-s-aúsu 1. Conhecendo a Deus,
xe í'ara Íesu . agora amo
meu senhor Jesus.
4. Akúeí'-me, gúi-manõmo,
4. Antigamente, morrendo eu,
anhanga, esapy'a 37 ,
o diabo, de repente,
xe 'anga o-í'uká 38
minh'alma mataria
p ecado irü-mo-mo39 •
com o pecado.
A'e r-eroyrõmo,
A ele detestando,
ko 'y a-s-aúsu
agora amo
xe í'ara Íesu.
meu senhor Jesus.
11. Xe t-ekó-kuaba
11. Meu entendimento
opá a-mokanhem.
todo eu fiz desaparecer.
Xe 'anga o-monem
Minh'alma fez fe de r
t-ekó-angaí'paba.
a vida pecaminosa.
Xe 'ang-oryp-aba:
A causa de minha alegria :
ko'y a-s-aúsu
agora eu amo
xe í'ara Íesu.
a meu senhor Jesus.
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18. Xe r-aôsubá-sá' -pe, 18. Por se compadecer de mim,
xe 'anga moten-i. minh'alma faz firme.
Pitang-amo s-en-i Como criança está
Maria í'ybá-pe. no ventre de Maria.
A'e kuap-á'-pe, Por conhecê-lo,
ko'y a-s-aôsu agora eu amo
xe í'ara Iesu. a meu senhor Jesus.
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(
7 TRILOGIA40 7 TRILOGIA
Parati y 1. Eu de Parati
1. vim, para ver a mãe de Deus,
Xe Parati 'y suí
ficando a enfeitar-me,
a-iu, Tupã sy r-epiaka,
por causa de minha alegria.
gui-nhe-moieguá' -ieguaka,
xe r-oryb-a'-Dama ri.
5. Está muito feliz meu interior
5. por causa da sua muita beleza.
S-ory-katu xe ybyia,
I porã-ngatu r-esé. Está alegre, como eu,
S-oryb, xe iabé, meu pai tupiniquim.
xe r-uba Tupinakyia.
9. Hei de me aproximar dela
9. para ver bem sua beleza.
A-roby-katu-pe-ka
Vamos hoje para anunciá-la,
~ porang-epia-katu-abo.
alegrando todas as velhas .
Ia-só kori, i mombegu-abo,
guaibJ: moesãia mbá.
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Oração Oração
13. Tupã sy porang-eté, 13. Mãe de Deus muito bela,
xe anama nde r-aüsu . minha família te ama.
T'o-s-arõ pa 'i lesu Que guarde o senhor Jesus
xe r-etama, nde abé. a minha terra, e tu também.
Rerityba Rerityba
17. Rerityba, xe r-etama, 17. Reritiba, minha terra,
taba-angaturã-ngatu! aldeia muito boa.
Xe anama xe mboú Minha família me fez vir
Tupã sy r-epí:aka-rama. para ver a mãe de Deus.
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Tupinambá Tupinambá
34. Xe Tupinambá-guasu. 34. Eu sou o grande tupinambá.
Pa'i-guasu 43 iru-ndyba, A multidão de companheiros do
opakatu karaíba, Provincial - todos os cristãos -
xe mombaeté-katu. honram-me muito.
Oração Oração
50. Paranã-guasu r-asapa O grande mar atravessando
50.
a-1u, nde r-ep1á-potá. eu vim, querendo ver-te.
E-iori, oré r-ausubá! Vem, para se compadecer de nós!
T'e'i-katu nde kuapa Que possa conhecer-te
xe r-uba Tupinambá! meu pai Tupinambá!
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8 DOS MISTÉRIOS DO ROSÁRIO DOS MISTÉRIOS DO ROSÁRIO
8
DE NOSSA SENHORA44 DE NOSSA SENHORA
Gozos os
Gozos os
5. Nde mombaeté
Tupã, nde r-ausupa, S. Honrou-te
nde ybyia pu pé Deus, amando-te,
pitang-amo o-upa. dentro de tuas entranhas
Tupana r-erupa, como criança estando (deitado).
i por nde r-ygé. Levando a Deus
Abá-pe ara pora está cheio teu ventre.
o-ikó nde iabé? Que habitante do mundo
há como tu?
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13. São João pitang-i, 13. São João nenenzinho,
t-ygé-pe o end-á'-pe4s, estando no ventre ,
nde r-ura andup-á '-pe, ao perceber tua vinda,
.? por-o-por-i, ficou saltando,
Iesu, o í'ar-1, Jesus, seu senhorzinho,
kuapa aunhenhe. reconhecendo imediatamente.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-í'kó nde í'abé? há como tu?
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37. Nde pó-pe o-guapyka, Em tuas mãos sentando-se,
37.
o-só kunumi, vai o menino,
Tupã-T-uba ri por Deus Pai
nde r-eroí:eaybyka 48 , fazer-te curvar a cabeça,
nde moapysyka, consolando-te,
og uba r-esé. por causa de seu Pai.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-í:kó nde í:abé? há como tu?
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61. 0-íké íu-guasu 61. Entram grandes espinhos,
i akanga kutuka, espetando sua cabeça,
opá i mombuka. furando-a toda.
0-í-momboreausu. Afligem-no.
Xe íara Iesu Meu senhor Jesus
s-osang por-esé. sofre pela gente.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-íkó nde íabé? há como tu?
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Gloriosos Gloriosos
85. O-sem o-ikobébo 85. Saiu vivendo
o tym-y-roiré 52 , ' após o enterrarem,
anhanga ndibé o diabo
t-e'õ moaQiébo, e a morte vencendo;
nde r-ok-y-pe o-ikébo, entrando em tua casa,
nde supa aunhenhe. visitando-te imediatamente.
Abá-pe ara pora Que habitante do mundo
o-ikó nde iabé? há como tu?
93. Ybaka r-asapa, Atravessando o céu
93.
o-só, nde r-eiá, foi, deixando-te,
opá o boiá todos os seus discípulos
nde pó-pe i monguapas3. para tuas mãos fazendo passar.
Tupã moioiapa, Sendo igual a Deus,
s-ekó-u ybatés 4• está nas alturas.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-ikó, nde iabé? há como tu?
101. Nde 'anga o-s-apy 101. Queimou tua alma
s-atá o-gueiypa, seu fogo, descendo,
Tupã r-eroiypa fazendo descer Deus consigo
ybaka suí. do céu.
0-syk oré ri Chegou a nós
s-endy iepi nhe. sua luz para sempre.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-ikó, nde iabé? há como tu?
124 125
109. T-e'õ mbasemb-á'-pe, Ao chegar a morte
109.
Tupã-T-uba pyr-i, para junto de Deus
Iesu nde r-upir-i, Jesus te fez subir consigo,
nde moeté-sá'-pe. por te honrar.
Iesu 'e-katu-á'-pe, À direita de Jesus,
nde nhõ ere-imbé 55 . somente tu estás.
Abá-pe 'ara pora Que habitante do mundo
o-ikó nde iabé? há como tu?
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9 PITANG-I PORANG-ETÉ57 PITANG-1 PORANG-ETÉ
9
128 129
14. 3º Nde porausub-1, e-í'upa,
ybytu nde r-asap-á'-pe, 14. 3º Tu és um pobrezinho, estando
[deitado,
tapi 'ir-usu s-aru-á'-pe,
~apü anhe r-erupa. trespassando-te o vento,
0 boi impedindo-o,
Iori xe moí'ekosupa,
nde r-ekó-katu me'enga. capim às pressas colocando.
Vem para me fazer regozijar,
T'a-1-mopó-ne nde nhe'enga,
xe py'a-pe nde r-ausupa. dando tua lei boa.
Que eu cumpra tua palavra,
22. 4º S-ory karai'-bebé, em meu coração amando-te.
ikó 'ara momoranga.
E-í'ori, xe í'ar-1 gué, 22. 4º Estão felizes os anjos,
ta s-oryb-eté xe 'anga, festejando este dia.
nde 'ar-ag-Dera r-esé. Vem, ó meu senhorzinho,
Akueí'-me a-í'kotebe para que seja muito feliz minh'alma,
xe r-ekó-poxy puru-abo. ' por causa do teu nascimento.
T'a-í'tyk pá koty, i pe'abo, Antigamente estava aflito,
xe nhy'ã-me t'ere-í'ké praticando meus vícios.
xe py'a 58 mo!-ngatu-abo. ' Que eu lance fora todas as
[armadilhas, afastando-as,
32. 5º Adão, oré r-ub-ypy, para que entres no meu _cora_ção,
oré mokanhem-eté, fazendo estar bem meu mtenor.
anhanga r-atá-pe nhe
oré kaí'-á '-uama ri. 32. 5º Adão, nosso pai primeiro,
Nde ere-í'emosusun-P9 fez-nos perder verdadeiramente,
oré moí'ngobé-potá. ' para nos queimarmos
E-í'ori, t'o-í'e-pe'a no fogo do diabo.
t-ekó-a 'iba xe suí. Tu te agitaste,
querendo fazer-nos viver.
Vem, para que se afaste
a vida má de mim.
130
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40. 6º Anhanga xe moaiu,
40. 6º O diabo me importuna,
ko 'ara pukôi xe r-a 'anga,
ao longo deste dia tentando-me,
t-ekó-po:xy momoranga,
xe py'a pobu-pobu . festejando o mau proceder,
Kunumi-porang fesu, meu coração ficando a revirar.
xe r-aôsu-katu íepé. Belo menino Jesus,
Taxe momotar-eté ama-me tu muito.
nde r-obá-porã-ngatu . Que me atrata verdadeiramente
teu rosto muito belo.
48. 7º Nde moangaturam-eté
pa'i Tupã, Virgem Maria. 48. 7º Fez-te muito bondosa
Iori anhanga mondyia, o senhor Deus, Virgem Maria.
ta xe momo:xy ume. Vem para espantar o diabo,
Xe r-arõ-ngatu íepé, para que não me dane.
nde py'a pupé xe mima. Guarda-me bem tu ,
Nde poro-potar-e'yma6o escondendo-me dentro de teu
t'o-lakatu xe r-esé. [coração.
Tua pureza
56. 8º 0-lké Tupã nde pupé, seja igual em mim.
pitang-amo o-nhe-monhanga,
opabi nde momoranga, 56. 8º Entrou Deus em ti,
karai'-bebé sosé. como criança fazendo-se,
Nde r-era r-endupa abé, embelezando-te totalmente,
anhanga-ryry!a o-só-ápa. acima dos anjos.
E-íori , muru mombapa, Tão logo ouvindo teu nome,
s-atá-pe s-eltyka nhe. o diabo, trêmulo, vai completamente.
Vem para destruir o maldito,
em seu fogo lançando-o.
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64. 9º 0-'á nde r-ygé suí
P~ 'i Tu~ã-T-uba r-a'yra. 64. 9º Nasceu de teu ventre
T a-re~o-ne nde membyra o filho do Senhor Deus Pai.
xe PY a-pe, Tupã sy. Hei de ter teu filho
~
Xe ~xe 'a nga a-1-momoxy, em meu coração, mãe de Deus.
::-e .1ara nhe'enga aby-abo. Eu minh'alma enfeio,
Ion xe moingó-katu-abo transgredindo a palavra de meu
nde r-ekó -katu r-upi. [senhor.
Vem para me fazer estar bem,
72. 10º Tupã sy-ramo ere-ikó segundo a tua boa lei.
i pitang-I mokambu-ab'
E ~ o.
-Jori xe poi-katô-abo· 72. 10º Estás como mãe de Deus,
nde membyr-amo t'a-tkó. aleitando seu neném.
Xe ~anama abé e-moingó, Vem para me alimentar bem:
s-ausup-ar-amo i xupé. que eu esteja como teu filho.
I nhe'e?~a abé s-endup(a) é, Minha família também faze ser
s-oryp-a -pe nhe t'o-ikó. amante dele, junto a ele.
Tão logo ao ouvir suas palavras
80. 11º fandé r-ub-eté, Tupã, na alegria dele esteja.
ere-noi nde iybá-pe.
Nde 'anga moapysyk-á'- 80. 11 º Nosso pai verdadeiro, Deus,
~ ~ b pe,
oro-1-am ã-iubã. fizeste estar sentado em teus braços.
E-1-pysyrõ xe nhy'ã Para confortar tua alma,
nde membyra r-en-â-uama nós o ficamos abraçando.
S-ekó-puera angaturama . Liberta meu coração,
xe r-ese' t 'o-1e-ratã61.
~ ' lugar onde estará teu filho.
A bondade de sua vida
em mim se fortaleça consigo.
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88. 12º Oré 'anga i poreausu,
88. 12º Nossa alma é miserável,
pecado monhang-iré .
após fazer o pecado . .
Iori s-eky1a taôlé,
Vem para arrancá-lo logo,
i py suí, serubu 62 •
de dentro dela, o tinhoso.
Oro-ausu-potá-katu ,
Queremos amar-te muito,
oro-1e-me'enga endébo.
entregando-nos a ti.
Nde t'ere-1-me'eng orébo
Que tu dês para nós
nde memby-poranga, Íesu.
teu belo filho Jesus.
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10 0-Ú T-UBIXÁ'-KATU63
10 0-Ú T-UBIXÁ-KATU
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11
DA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA64
11 DA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA
1. Ave Maria-porang65,
karai'-bebé sosé 1. Ave Maria bela,
acima dos anjos,
nd'o-íkó-1 abá nde íabé.
não há ser humano como tu.
Kori ere-nhe-monhang66
Hoje te geras
Santa Ana r-ygé pupé.
dentro do ventre de Sant'Ana.
6. Nd'o-íe-potar-i nde ri
6. Não se desejou em ti
ko'y, nde nhe-monhang-á'-pe,
t-ub-ypy r-ekó-poxy, agora, ao te gerares,
a lei má do pai primeiro,
nde pysyrõ-te i xuí
mas livrou-te dela
Tupã, nde r-aúsu-katu-á'-pe.
Deus, por te amar muito.
11.
0-nhe-momotá xe 'anga
11. Atrai-se minh'alma
nde 'anga poranga ri.
T'a-royrõ tekó-poxy. pela beleza de tua alma.
Que eu deteste o mau proceder,
~de r-ekó-katu r-a 'anga,
t mokanhema suí.
imitando tua virtude,
para não a fazer perder.
140
141
16.
E-ma'enã-ngatu xe ri,
xe mbo'ar-e 'ym-uká. 16. Vela bem por mim,
T-ekó-puera t'a-í'-pe'a, mandando que não me façam cair.
t'a-í'kó ume-ne maran-í67 Que eu afaste o proceder antigo,
Tupã nhe'enga r-apí'á. ' para que não seja mau ,
obedecendo à palavra de Deus .
21. Í aysó, n 'ipó, í'asy,
og obá-guasu r-eru. 21. É formosa, certamente, a lua,
Endé-te, pa'i Íesu trazendo sua grande face.
nde moaysó-eté i xuí, Mas tu , o senhor Jesus
nde r-e(ra)-momorã-ngatu68. tornou-te mais formosa do que ela,
teu nome festejando muito.
26.
Anhanga nde momburu
'
nde r-obá r-epí'á-poôsupa. 26. o diabo te amaldiçoa,
Xe-te, nde r-epí'ak-a'upa, temendo ver tua face.
oro-amotá-katu, Mas eu, tendo saudades de ti,
xe py'a-pe nde r-ausupa. quero-te muito bem,
amando-te em meu coração.
31.
Kuarasy, n 'ipó, o-berá,
putun-usu kuab-iré. 31. o sol certamente brilha,
Nde-te, ere-berá i xosé após passar a grande noite.
oré r-esapébo pá, ' Mas tu brilhas mais do que ele,
nde r-ekó-katu pupé. iluminando-nos todos
com tua virtude.
36. Putun-usu porarábo,
oro-í'kotebe-ngatu. 36. Suportando a grande noite,
Emonã-namo ere-í'u estamos muito aflitos.
oré putuna pe' 'abo, ' Assim, tu vens
Tupã beraba r-eru . para afastar nossa noite ,
trazendo 0 brilho de Deus.
142
143
41. Tupã nde r-aôsub-eté
'
graça ri nde moynysema.
41. Deus ama-te muito,
de graça enchendo-te.
Nde nd'ere-roby-1 ko'ema,
Tu não fazes azul a manhã
'ara r-ura 1anondé
antes de o dia vir,
putun-usu mokanhema69.
fazendo sumir a grande noite.
46. Anhanga monhegôasema,
s-ekó-poxy r-esebé,
46. Afugentando o diabo,
com sua vida má,
ere-ru nde abaeté.
trazes tua bravura.
E-1ori muru mosema
' Vem para fazer sair o maldito,
ta xe mokanhem ume.
para que não faça perder-me.
51. Anhanga nde moaba1té
nde suí o-syky1ébo. ' 51. O diabo te agasta,
de ti tendo medo.
Xe mopyatã 1epé,
Faze-me tu forte,
t'a-puam muru r-esé
' para que eu me oponha ao maldito,
aôlérama i moaô1ébo.
para sempre vencendo-o. I
144 145
66. Nde r-eburusu riré
Tupã sy-ramo ere-Ikó-ne. 66. Após seres grande,
Nd'oré poreausub-i xo'e-ne serás mãe de Deus.
nde pyr-i oro-í'kóbo nhe· ' Não seremos miseráveis,
n d' oro-1"kotebe-bé-i xó-ne.
' junto de ti estando;
não estaremos mais aflitos.
71.
Nde r-esá por-ausubara
ero-bak ixé koty, 71. Teus olhos misericordiosos
t'o-í'e-'ok ixé suí volta em minha direção,
xe r-esá poro-potara, para que se arranquem de mim
t'a-ma'e-ngatu nde ri. meus olhos concupiscentes,
para que eu olhe bem para ti .
76.
Ko '~, nde nhe-monhang-aba?o
o-gu-eru t-oryb-eté. 76. Agora tua conceição
S-ory karai'-bebé trouxe grande alegria.
'
s-ory pakatu apyaba, Felizes estão os anjos,
s-ory kunhã nde r-esé. felizes estão todos os homens,
felizes estão as mulheres por
81.
Nde r-ok-angaturam-Oama [tua causa.
oro-1-mo!, nde r-ausupa ,
n d~e r-a 'angaba r-erokupa?J.
'
81. Tua casa santa
E-10ri oré r-etama edificamos, amando-te,
'ara r-upi nhe, i xupa. tua imagem fazendo estar conosco.
Vem, no dia de nossa terra,
86.
T'o-se anhanga i xuí para visitá-la.
gu ekó-poxy r-erosylan.
E-í'ori muru mondyí'a 86. Que saia o diabo dela,
t'o-puam ume oré ri ' fazendo afastar consigo seu mau
o-gu atá '-pe oré r-ek,yí'aF3 [proceder.
Vem para fazer tremer o maldito,
para que não nos assalte,
para seu fogo nos arrastando.
146
147
91. Nde r-esé t-e'õ n'o-syk-i
91. A ti a morte não chegou, .
t-ekobé 1ar-eté endé. ' tu és a senhora verdadeira da vtda.
Oré mo1ngobé 1epé. Faze-nos tu viver.
Orébe t'oré mondyk-F4, Que ela nos destrua .
nde irü-mo t'oro-1kobé. para que vivamos conttgo.
96. Nde pó guyr-y-bo pabe
96. Sob tuas mãos
t'oro-nhe-nong oro-1upa, colocando-nos estejamos todos,
nde ~~mbyr-amo oro-kupa, como teus filhos estando,
ybate t oro-base para que cheguemos ao alto ,
'
a01érama nde r-ausupa. para amar-te para sempre.
148 149
12 A NOSSA SENHORN'
12 A NOSSA SENHORA
1. 1º Rerityba, xe r-etama
1. 1º Rerityba, minha terra,
i xuí xe r-ur-i ké. ' dela venho aqui,
"Xe r-apixar-i pabe dizendo:
'ar-eté-angaturam~ - meus coleguinhas,
t 'a-s-epfá-ne/" uí''í'-abo nhe. hei de ver o feriado santo 76 .
A-rur-etá kó reri Trouxe muitas destas ostras,
'
i pupé nde poí'-potá. com elas querendo alimentar-te.
Pé ku'a-pe, kunumr No meio do caminho, meninos
puam-a'ub-i xe ri assaltaram-me mesquinhamente,
xe suí i gôabo pá.' de mim comendo-as todas.
Kó nhõ a-nose í'epé Em todo o caso, somente estas retirei
moxy suí, ôi-n~-nha~a. dos malditos, com elas correndo.
Etéume kori marana Tomara que hoje guerra
r-erekóbo xe r-esé.
x: poí'-uká-te í'epé,
não se tenha comigo.
Mas faze-me tu alimentar,
kuesé bé mba'e n 'a-'u-í'. desde ontem não como nada.
A-gôatá kó 'ara pukuí' Caminhei durante este dia ,
nde r-erapuana r-esé. por causa da tua fama.
150 151
19. 2º Xe Parati 'y suí
a-!u , rainha r-epiaka, 19. 2º Do rio Parati
~e akanga moieguaka vim para ver a rainha,
1 moesãi-uama ri. ' enfeitando minha cabeça,
~d 'a:rur-i amõ parati, para alegrá-la.
01epe xe pysá para, Não trouxe vários paratis,
um só é o conteúdo de minha rede .
.Nd'ere-'u-1-xu 'e-mo , Sen h ora
1 angaibar-atã mo:xy suF71 , Não o comerás, Senhora,
Endé-te , nde r-ese~õ . ele está duramente ressequido por
arinhama, ta1asu. [deterioração
Nde pyr-i mba 'e t'a-'u: Mas a ti, sobram-te
t-urusu xe kane'õ. galinhas e porcos .
Junto de ti que eu coma algo:
31. 3º I porang, erimba'e grande é o meu cansaço.
Miaj, xe r-etã-mbDera.
Xe Ietu'u r-ayr-uera 31. 3º Era bela, outrora,
a-n~:-monhang i p~pé. Miaí, minha antiga região.
Akue1-me ' r'ako' , p1ra
. - Sou antigo filho de Jetuú
a-s-eky!-marangatu: criei-me dentro dela.
ku 'uka, guarapuku, Antigamente, em verdade, peixes
kamuri, gúatukupá. pescava bem:
Xe pindá-porang-eté garoupas, cavalas,
t'o-pindá-1tyk-y-ne endéb robalos, corvinas.
k o,
unapu r-eky1-etébo Meu anzol muito belo,
guaraobanhan-eté. ' há de pescar para ti
Rei-amo ere-ikó tenhe puxando bem os meros
s-etá tenhe nde boiá ' e os olhos-de-boi verdadeiros.
;e-te t'oro-poraká, ' Embora sejas rainha,
Ietu 'u r-ayra, ixé. embora sejam muitos teus servos,
eu, não obstante, pesco para ti,
eu , o filho de Jetuú.
152
153
47. 4º Xe GGarapar1 suí
47. 4º Eu sou de Guaraparim,
rainha r-eplaka a~lu para ver a Rainha eu vim.
Xe r-oryb-eté-katu . Eu estou muitíssimo feliz,
'ara angaturama ri' pela santidade do dia .
AkGei-me
_ ·
, ere-s-apekó Antigamente freqüentavas
o;e r-etama, s-ausupa. nossa terra , amando-a.
Ae-pe
, ·
_ , m1ssa r-endupa, Ali, para ouvir missa ,
ar-ete-reme ere-só por ocasião dos feriados , ias.
AkGei-me, a-pyt' · _ Antigamente eu ficava sempre
nde . a, meme
pyr-1, ybytyr-apGá-pe junto de ti, na ponta da montanha.
Xe anama gGatá-sá'-pe . Ao passar minha família,
nde mor-ereko' _'a 7s s-ese- tu tinhas cuidado por ela.
En:onã-namo, xe r-ur-i . Portanto, eu vim
ndebo 'ara momoranga a ti, para o dia festejar.
Ndébo · t-oryb a monhanga· 79 Para fazer-te festa
xe anama xe mboúr-i. , minha família me fez vir.
158
159
13 POLO MOLEJR090
13 POLO MOLEIRO
1. Pitang-i-mor-ausubara
iandé r-uba, fandé iar~. 1. Neném compadecedor,
nosso pai, nosso senhor.
3. Pitang-I pa'i Íesu
o-gue1y 1andé r-ekó-á'-pe, 3. o neném senhor jesus
1andé 'anga r-ausup-á'-pe. desceu aonde estamos
Ybaté suí o-ú por amar nossa alma.
)
166
167
98. E-1-monheguasem anhanga.
t' o-te-pe a xe suí.
A ' '
98. Faze fugir o diabo;
que se afaste ele de mim.
E-~~molngó-katu xe 'anga, Faze estar bem a minh'alma,
Pa 1 Tupã r-ekó r-upi. segundo a lei do Senhor Deus.
102. E-í'ori xe r-esapébo 102. Vem para me iluminar,
t'a-robla-katu Tupã~ para que eu creia muito em Deus.
T'a-í'ty pá t-ekó-memuã Que eu lance fora toda a vida má,
t'a-le-ausub-ukar endébo. para que eu te faça amar-me.
106. Tupã sy-ramo ere-lkó. 106. Como mãe de Deus estás.
E-í'ori xe r-ausubá! Vem para de mim se compadecer!
Nd'a-só-potar-i mamõ Não quero ir para longe,
nde iru-namo a-lkó-p~tá. contigo quero estar.
110. Santa Maria, nde r-era 110. Santa Maria, teu nome
asé r-oryp-ab-eté. é a causa verdadeira da alegria da
Ta xe momotar umê [gente.
xe r-amyfa r-ekó-puera. Que não me atraia
a lei antiga de meus avós.
114. T'o-pytá pa'i Iesu
nde iru-mo bé xe nhy'ã- me. 114. Que fique o Senhor Jesus
T' A
contigo também, em meu coração.
a-s-epta-ne, pe r-etã-me
pe r-obá-porã-ngatu. ' Que eu veja em vossa terra
vossos rostos muito belos.
118. E-robak oré koty
nde r-esá-por-ausubara 118. Volta em nossa direção
t'o-só-pá xe mara'ara ' teus olhos compadecedores,
kue-pe xe 'anga suí. para que vá toda a minha doença
para longe de minh'alma.
168
169
122. A-1-momba'eté nde r-oka
i pupé gúi-porasela. ' 122. Honro tua casa,
E-lori xe 'anga r-ela, dentro dela dançando.
i motinga, i po:xy 'oka . Vem para lavar minh'alma,
branqueando-a, sua maldade
126. M~raúsub-erekó-sá '-pe, [arrancando.
ase 'anga ere-:lo-su.
E-1-molngó pa'i iesu, 126. Por compaixão,
nde membyra, xe py'a-pe. nossa alma visitas.
Faze estar o Senhor Jesus ,
130. T'oro-aúsu-katu gúi-t-ekóbo teu filho, em meu coração.
xe r-ekobé lakatu .
Xe lekyl-me, t'ere-:lu 130. Que eu te esteja amando muito,
ybaté xe r-erasóbo. como a minha vida.
Quando eu morrer, que venhas tu
para me levar para o alto.
170
171
14 DANÇA
14 DANÇA
172
173
13. Nde pó guyr-y-pe oro-í'kó Sob tuas mãos estamos,
13.
nde r-esé oro-í'e-koka. ' em ti apoiando-nos.
E-í'ori o ré mong-oka 101, Vem para nos arrancar o visgo
Tupã pyr-i t'oro-só. para que vamos junto de Deus.
17. ~-
S-ory pabê nde b o1a, 17. Estão alegres todos os teus súditos,
nde 'ara moeté-katu-abo teu dia honrando muito,
t-e~ó-puera moasy-abo, ' da vida antiga arrependendo-se,
ndebo o-nhe-me'enga mbá. a ti entregando-se todos.
174 175
37. E-ru para'ib-yguara
37. Traze os habitantes do Paraíba
oré r-etama irumõ-mo. para aumentar nossa terra.
Ta s-etá nde r-ausup-ara, Que sejam muitos os que te amam,
nde r-esé o-ie-pysyrõ-mo. por tua causa salvando-se.
176 177
15 DA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA
15 DA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA
178
179
16. Santa Maria r-esé
16. A Santa Maria
t-ekó-poxy nd'o-basem-i.
a vida má não chegou.
O ekó-katu pupé,
Com sua virtude
anhanga apypyka nhe,
0 diabo oprimindo, com efeito,
moxy r-ekó mokanhem-i.
faz desaparecer a lei do maldito.
21. 0-lo-pyk muru akanga,
21. Ela aperta a cabeça do maldito,
i moatãe'y-ngatu-abo.
tornando-o sem força .
S-ory-katu landé 'anga,
Está muito alegre nossa alma,
Tupã r-ekó momoranga,
festejando a lei de Deus,
anhanga r-ausu-pe'abo.
afastando o amor ao diabo .
26. Íandé Íar-amo-ngatu 101,
26. Como nossa senhora, de fato ,
t'i r-ekó Santa Maria 105 .
tenhamos Santa Maria.
Anhanga t'i momburu .
Que amaldiçoemos o diabo.
Tupã sy t'la-s-ausu,
Que amemos a mãe de Deus,
s-esé la-nhemoryryla.
por ela interessando-nos .
31. S-ekó-katu r-erekóbo
Sua vida bondosa tendo,
landé 'anga lekosub-i.' 31.
nossa alma goza.
N'i maran-angá-! 106 o-lkóbo
A )
Não tendo absolutamente maldades,
meme Jesus landé sub-i,
sempre Jesus nos visita,
landé r-apekó-pekóbo.
ficando a freqüentar-nos .
36. O membyra iru-mo bé,
36. Com seu filho, também,
Tupã sy, Santa Maria,
a mãe de Deus, Santa Maria,
asé sumarã mondyla,
fazendo tremer o inimigo da gente,
asé sub-i lepi nhe,
nos visita sempre, com efeito,
i xuí asé r-elyla.
dele nos afastando.
180
181
41. T'ia-'é, í'andé py'a-pew7, 41. Façamos estar,
Santa Maria r-erupa. Santa Maria em nosso coração.
S-ekó-katu potá-sa'-pe, Ao desejar sua virtude,
!an~é 'ang-y-me s-ausupa, amando-a em nossa alma,
1a-so Tupã r-oryp-á'-pe. vamos para o lugar de felicidade
[de Deus.
Dança108
46. 1º Pe-iori, xe iru-etá 109 Dança
t'ia-só Maria supa, ' 46. 1º Vinde, meus companheiros ,
~ nhe'e-porang-endupa, vamos para visitar Maria,
Iandé a'iba t'o-1-pe'a. escutando suas belas palavras,
para que afaste nossa maldade.
50. 2º Ene'!, t'ia-só taôí'é
i xupé ia-ierurébo ' 50. 2º Eia, vamos logo
'
t'o-1-me'eng kori iandébo a ela rogar
o memby-porang-eté. que dê hoje a nós
seu filho muito belo.
54. 3º I por-ausubá-katu
Tupã sy, Santa Maria. 54. 3º É muito misericordiosa
Emonã-namo a-s-ausu a mãe de Deus, Santa Maria.
s-esé gui-nhe~moryryia: Portanto, amo-a,
por ela tendo cuidado.
58 4º Maria i katu-eté·
'
n'o-nh-andu-1 moro-potara. 58. 4º Maria é muito bondosa;
0-nhe-monhang iandé !ara não sentiu o desejo.
s-ygé-poranga pupé. Gerou-se Nosso Senhor
dentro de seu ventre belo.
182 183
"
62. 5º Anheté, kó s-erapuan
Maria r-ekó-poranga. 62. 5º Eis que era famosa, certamente,
Nd'e'i te'e, i pupé Tupã a bela vida de Maria.
Por isso mesmo, dentro dela, Deus
pitang-amo o-nhe-monhanga.
como criança se fez.
66. 6º
Virgem-ramo o-1kóbo bé
Maria, kunhã-ngatu, ' 66. 6º Sendo também virgem,
o puruá-ramo , ra'e,
110 Maria, mulher bondosa,
t-ekó-p oxy o-1-mom buru. engravidando,
0 vício amaldiçoa.
70. 7º N'o-1-potar-i 1andé ri
1andé sumarã pu'am~ ; 70. 7º Não quis, em nós,
1andé r-ekó-katu-rama o assalto de nosso inimigo.;
o-1-me'eng-uká 1epi. Nossa boa lei
faz dar sempre.
74. 8º I membyra o-'ar umã,
amõ putuna r-esé, 74. 8º Seu filho já nasceu ,
pitang-I-porang-eté. numa noite,
I xy na s-uguy-1 tiruã: um neném muito belo.
i aku'i, n'i k0ar-i 111 , nhe. Sua mãe nem sequer sangrou , .
estava seca, estava virgem, com efeltO.
79. 9º Jesus i membyra r-era,
a'e í'andé pysyrõ. 79. 9º Jesus é o nome de seu filho,
S-ekó o-mongaturõ ele nos libertou.
1andé r-ekó-poxy-pOera. Sua lei ordenou
nossa antiga vida má .
83. 10º A-s-ausu-katu-potá
xe í'ar-I p a'i ]esu 83. 10º Quero amar muito
t'i ma'enduá-katu meu senhorzinho, o senhor Jesus,
xe r-esé, xe r-ausubá. para que se lembre bem
de mim, de mim compadecendo-se.
184
185
16 TUPÀ SY, SANTA MARIA
16 TUP Ã SY, SANTA MARIA
190
191
17 DANÇA PARA OS REIS MAGos n3
17 DANÇA PARA OS REIS MAGOS
192
193
14. 4º Ixé s-esé gui-porandupa,
14. 4º Eu, a respeito dele perguntando,
xe r-oka suí a-lu.
vim da minha casa.
A-nhe-moesãi-ngatu, Alegro-me muito,
miausub-etá r-ausupa. amando os escravos.
18. 5º Xe n'a-í"u-potar-i bià 11 5,
18. 5º Eu não queria vir (mas vim)
karaíba moabaí"tébo. irando os homens brancos.
Meme nhe moxy í"andébo Sempre os malditos para nós
marã e'i-mcmuã-memuã. dizem maldades, mui perversamente.
22. 6º Nã e'i meme í'epi
22. 6º Assim dizem sempre
í"andé r-epí"aka serã:
vendo-nos:
- i porang-eté kunum~ - Ah, é muito bonito o menino
miausub-ambuer-1 mã! que poderia ser escravozinho!
26. 7º Como nos vêem pequeninos, 26. 7º Como nos vêem pequeninos,
dançadores e gaiteiros, dançadores e gaiteiros,
logo dizem os malignos logo dizem os malignos
- Oh, que bonitos meninos - Oh, que bonitos meninos
para ser nossos boieiros! para ser nossos boieiros!
31. 8º Taté, taté 116 kunum!
' ' 31. 8º Bobagem, bobagem, menino,
na nde nupã-í' karaíba. não te castiga o homem branco.
I nhe-moyrõ-nduá 11 7 moxy O que se irrita, desgraçado,
n'o-1-petek-i nde at;ba, ' não esbofeteia tuas têmporas
gu erekó-a'iba ri.
por o tratares mal.
194 195
36. 9º r a bat'b aípó nhe'enga.
36. 9º É difícil essa língua.
Taúié-té t'ía-nhe-mboíns. Bem logo nos livremos.
T'i nhyrõ-ngatu kori Que eles perdoem hoje
iandébo, pindá me'enga. a nós, dando anzóiS. 118
196
197
NOTAS DA LÍRICA TUPI
211
em questão, inspirado nas orações da Ave Maria e
Salve Rainha. É um poema autógrafo, isto é, escrito 9 . Py'a, mais propriamente falando, sig~ifica
fígado (V.L.B. , 138) e não coração. A questão e que
no texto que chegou até nós com a própria letra de
Anchieta. os antigos índios da costa do Bra~il admitia~ que o
órgão sede das emoções era o ftgado e nao o c~
2. mombo(r)- de mo+ po(r)- fazer saltar
(fora) ração ... Uma tradução literal, nesse caso, r~sultana
ininteligível. Coração em Tupi antigo, propnamente
~·. arebo aparece no Vocabulário na Língua
Brastlzca (V.L.B.) com o significado de cada dia. falando, é nhy'ã.
Forma-se a partir dos seguintes morfemas: 'ara _ 10. Bater em está registrado em Montoya (T~s.,
dia; é - distinto, diferente; -bo - em (posposição): 322 como puâ [pw'a] 0 que nos l:va a ~credttar
)
em distintos dias. que tal verbo em Tu pi antigo fosse puar e nao poar
como transcrevem Martins (1954) e Cardoso (19~4).
4. Anchieta novamente aproveita, aqui, a toada
de uma canção portuguesa, adaptando a ela um 11. Um dos aspectos que distinguem o Tup~ ~o
Tupinambá (variantes dialetais da dita língua braszltca
poema de sua autoria. É o único poema em decas-
sílabos heróicos (métrica característica do Renasci- dos séculos XVI e XVII) é o emprego freqü,en~e .do
mento) escrito em Tupi. alofone mb (em vez de m) em posição pre-toruca.
Em dialeto Tupinambá dir-se-ia muru e não mburu.
5. moiekosupa - compõe-se dos seguintes
12. mombepa- gerúndio de mombeb [mo-
morfemas: mo- (causativo) + -ie - (pronome reflexi-
vo) + ekó - estar, ser, vida + sub - achar: lit. fazer (causativo) + peb - achatado]. .
achar-se o próprio ser, regozijar-se. 13. A canção "O Sem Ventura", que menciOna-
mos ~nteriormente , estava vertida também em cas-
6. Parece-nos que, aqui, ngatu (forma nasaliza-
telhano. Isso se devia ao bilingüismo vigente em
da de katu - bom) esteja sendo usado adverbial-
Portugal no século XVI, onde, por várias ~razõ~s, ~
n:_en:e: B:m esteja como minha mãe. Isso porque
castelhano era falado ao lado do portugues, pnnct-
~ao e d_a mdole do Tupi usar um adjetivo qualifica-
tiVO apos uma posposição ou após um sufixo (no palmente nos meios sociais mais eleva~os .
caso, -ramo). 14. momboreafisu'-katu- compoe-se de mo-
(caus.) + poreafisub - miserável, coitado + katu,
7. i puk-e'y-me - lit. não a furando isto é
não a fazendo perder a virgindade. -Rem~ é umd advérbio de intensidade. .
15. iandé 'anga r-afisup-á'-pe- Temos, aqut,
posposição tupi usada para construir expressões com
valor de gerúndio. aüsub(s) + -aba (sufixo nominalizador) + -pe (pos-
posição átona). Lit. Por causa do amor de nossa
8. Segundo Rodrigues (inédito), ter-se-ia, nesse
caso, moingô-ara, convertendo-se a vogal o em alma. · f
semi-vogal W (que aqui representamos com Ü). 16. Baptista Caetano (p. 218) dá-nos uma m ar-
mação que esclarece o uso de manõ nesse caso.
212
213
Segundo ele, manõ "(é) .
tivo isto é q - .. .propnamente verbo adje- 22. oryp-aba (t) - literalmente significa lugar
, , ue so tem conju -
paciente: che mau- gaçao com pronome da alegria, lugar da felicidade, forma com que se
o - morro " Ist - _
usado no exemplo ~.. o e, mano foi designava, em Tupi antigo, o paraíso cristão.
' em questao - , 23. Nde r-eiar... nde membyra - Tanto a edi-
mas sim no modo . ' nao no gerundio
Clfcunstancial ' ção de Martins (1954) quanto a de Cardoso (1984)
foi usado como predicad . , uma vez que ele
bo. (xe manõ-namo n~nomm:l e não como ver- apresentam uma tradução equivocada desses ver-
n ) ' mano-namo o - sos. A tradução correta é deixou-te (outrora, nesta
amo . Ocorre aí a queda de '1 b . '- mano-
o ma - st a a. mano-nam > terra) teu filho. Em nde r-eiar, nde é objeto e não
no-mo, como ocorre em irü-namo > iru) o
17. Anhang-aba - o SU f lXO
' -mo. sujeito da oração, que é membyra. Se membyra
· -ab ' fosse objeto, dever-se-ia escrever ere-s-eiar ... nde
ctpalmente, com temas v b . a e usado, prin-
verbal que expressa er ats pa~a formar um de- membyra.
· nome de ctrcu ~ · 24. s-ero-sy'-pyra - ero-syk significa aproxi-
d ngues, inédito) N . nstanCJa (Ro-
. o caso actma contud ~ . mar-se, ajuntar-se com, fazer achegar-se com .
com um tema nom· 1 c , o, Ol usado
ma , IOrmando 25. o-ie-momotar- momotar compõe-se de
substantivo derivado. , nesse caso, um
mo- (causativo) e potar (querer). Em ambiente na-
18. mombegfi-abo - O ve b
o sufixo -abo do geru' d' c r o mombe'u, com sal, p nasaliza-se em mb (mbotar). Por outro lado,
n 10, 10rma 0 d't ~
mb é alofone de m. Daí a passagem de mbotar para
textos antigos costu 1 ongo ua. Os
colocar g, o que, nam:e~a~~es_ da semi:vogal fi [w) motar. Momotar significa atrair ( lit. jazer querer).
do ditongo. ' e uma ma percepção 26. epiak-a'ub - ver ficticiamente, ver na ima-
19. ker-anama - anam e' d ' . ginação, donde ter saudades.
d . a Jettvo· cond 27 . ... Karaí'-bebé nde r-obá-porang-epiaka-
o, macxço, grosso. Falando- . ensa-
por pesado. (Correção d d's~ de sono, traduz-se Temos, aqui, o verbo epiak intransitivado pelo obje-
20. moobá-ybak as e tçoes de 1954 e 1984). to obá-porang-a, a assumir caráter de predicado
a - O tema ybak - nominal e não verbal. Literalmente se traduz por os
pode tornar-se substant· e nominal
Ivo ou adJ.et' anjos são os contempladores de tua face e não os an-
raro neste último Ivo, sendo mais
emprego: obá- bak
rosto erguido Co . Y -a - rosto alto jos contemplam tua face.
· m o prefiXo ~ '
verbo que significa fiazer e mo- orma-se um 28. nde r-opesyka - Montoya (Tes., 155 v)
2 rguer o rosto mostra-nos que syk pode também ser transitivo,
1. Esse poema faz alu - , .
imagem de Nossa S h sao a entronização da tendo o sentido de esfregar. Opé (t) significa pálpe-
. en ora da Gl- · bra. Assim, e~Jregar as pálpebras queria dizer o mes-
tgreja da aldeia de R . b ona no altar da
em 1580. Fala da m ~nty a, fundada por Anchieta mo que çhegar diante de.
Maria ao céu. o e, ressurreição e assunção de 29. giü-xyia: giü- ou ili - prefixo número-pes-
soal do gerúndio; syi: tremer(Montoya, Tes., 115v).
214
215
30. mboryryí':- mo- (causativo)+ ryryi- tor-
nar diligente ou cuidadoso, jazer ter cuidado, zelo . -mo põe no
39 Vemos que o cI,ltlCo . condicio-
(ou também fazer tremer). . - C rincipal e subordmada).
na! as duas oraçoes p t ês índios de diferen-
31. t'o-1-momotá- Veja a nota 25. 40. Nesse poema, ~emdos r. Parati um Tupi-
32. Temos, aí, uma dança e canto de doze me- ·- C Tam01o o no '
ninos. Cada menino índio cantava uma estrofe. O
tes regloesR um
d ·r ba e um T upl·nambá da Bahia). Os
niquim e en y . vir comemorar a festa
poema foi escrito, segundo Cardoso (op. cit.) para "fe- três falam de sua alegna e;erityba Cada um termi-
char o recebimento do Padre Marcos da Costa, novo da Assunção de Mana em_ .
superior da casa de Vitória, que visitava em 1596 as na sua fala com ~uma or~çao. - - ara(b) significa
aldeias indígenas, acompanhado de Anchieta". 41. i angalpa-para-para p
33. Oré moafiié suí- A posposição suí signifi- . · do variegado.
multtcor, vana • ·ção rara com o verbo
ca também para não, isto é, tem sentido de exclu- 42 o-;o-obá-upa - compOSl f"
são. Ex. -A-só nde r-epiaka suí.- Vou para não te ~ b I uba (t). O verbo está no gerun d.~~ com o~ pre IXO
• I ,
ver. (Lit., Vou para a não visão de ti.); A-ker xe lU , ronome reciproco -10-.
o-, que tambem serve ao? e'ncl·a a um provincial da
porabyky suí. - Dormi para não trabalhar. U.e., 4 p ,. giiasu - re1er
Dormi para o não trabalhar de mim.) 3. a 1- talvez o próprio Anchieta) com
Companhia de Jesu.s C b , fala deveria ter vindo
34. t-ubixá'-katu- chefe, maioral (de ubixaba
(t) + katu) o qual o índio Tupmam b~~u~esignava os bispos.
da Bahia. Tal termo tam t.. os mistérios do ro-
35. kó xe r-ekó-ii - Kó, aqui, é advérbio de- 44 E Poema apresen "'
monstrativo, levando, assim, o verbo para o modo . . sse , s passos da VI.da d e Maria e de jesus.
, . e, oozosos remetem a, infância de jesus, os
sário, . 1sto
indicativo circunstancial (cujo uso, com a 1ª pessoa,
é facultativo). Os mlstenos g . - rte os gloriosos, a sua
dolorosos, a sua palxao e mo , .
36. Esse poema é um vilancete, constando as- . - , 10 rificação de Mana.
ressurre1çao e a g . t' . gozoso é a vinda
sim, de um refrão e de glosas. É um poema em hon- ma 0 4Q m1s en 0
ra ao menino Jesus. Nesse
. poe os e •nao_ a aprese ntação de jesus no
dos reiS mag orque ten h a SI·do escrito para ser
37. anhanga esapy'a- as edições de Martins I
templo , ta vez P . d R ·s Magos no Espírito
(op. cit.) e Cardoso (op. cit.) divergem quanto ao d a Alde1a os e! '
apresenta o n . Anchieta não usou a partícu-
significado de tal frase. No original lemos "Acoeime Santo. Perceba-se que h Virgem Maria, mas a
guimanomo Anhanga eçapiga x e a nga ajuça pecca- . ~ - C,0 ) para c amar a .
do irumomo." la Tup1 gue . . ão do portugu e' s Có Viraem o Mana) .
pró pria interJelÇ um problema de
38. Acreditamos que Anhanga, aí, deva ser su- Isso se deve, provavelmente, a
jeito da oração principal e que o verbo ajuça deve
escrever-se o-iuká. 45. t-ygé-pe o end-a., -pe _ l"t1 . no tempo does-
métrica.
ta r dele no ventre.
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46. I poia-miri- Montoya e Baptista Caetano 55. ere-imbé - temos, aqui, o verbo in, estar
nos mostram que miri pode ser adjetivo e advérbio.
quieto, sentado, parado, com a partícula bé, que ex-
Neste último caso, ele foi usado adverbialmente: ali-
mentando-o um pouco. pressa o aspecto permansivo.
56. piian (-io-)- passar à frente de .
. , 47. -Ietanonga era a oferenda que se fazia ao
57. É uma dança de doze meninos, em que ca-
paJe da aldeia antes de uma guerra, esperando-se
da qual recita uma estrofe. Seis estrofes re~er~m-~e
obter um bom sucesso na peleja.
ao menino Jesus no presépio e as outras sets, a Vtr-
48. nde r-eroieaybyka - feaybyk é inclinar a
gem Maria.
cabeça. Na voz causativo-comitativa (com o prefixo
58. Veja a nota 9.
ero-), passa a significar jàzer inclinar a cabeça (tendo
59. o sufixo -i) que expressa o aspecto lusivo
o agente ~envolvimento com o ato que causa).
(Rodrigues, 1953) pode apresentar-se, também, eles-
49. Ia-popiiar-atã - Amarraram-lhe as mãos
nasalizado (-í).
fortemente. Veja-se o interessante emprego de ia-
60. nde poro-potar-e'yma - lit. teu não dese-
:on:_o marcador de 3ª pessoa. Isso porque o sujeito
jar de gente. Daí, por extensão, pureza. .
e nao focal. O foco do discurso, nesse caso, é
objeto. 0 61. t'o-ie-ratã - em ratã temos o preftxo r- ,
alomorfe de ero-, da voz causativo-comitativa, com
50. krusá -houve, aqui, um empréstimo voca-
o tema nominal atã. Lit. fortalecer consigo.
bul~r do p_ortuguês para o Tupi, com modifica'ç ões
62. Termo que não se encontra nos dicionários
fonet;cas. _E co~um, também, encontrar-se kurusá,
do Tupi e Guarani antigos . Parece significar a mal-
que e mats da mdole do Tupi, uma vez que nessa
dade, 0 próprio diabo. Anchieta emprega-a mats uma
língua não há encontros consonantais.
vez em sua lírica tupi.
51. Houve, aqui, reduplicação monossilábica 63. o-ú t-ubixá-katu- Esse poema deveria fazer
que expressa a subdivisão do processo verbal (ur:z
após o outro). parte de um texto maior, que nos é desconhecido.
64. Tal poema corresponde ao exórdio do auto
52. O tym-y-roiré - A posposição roiré ape-
Na Aldeia de Guaraparim, cantado por dez mem-
sar de tõnica, apresenta alomorfes como rirê ré
nos, que recitam, cada um, duas estrofes. Refere-se
iré. No caso em exame, ela é usada de forma p~uc~
usual, como se fosse uma ênclise. 0 poema à recepção da imagem da Imaculada Con-
ceição, na inauguração da igreja de Santa Ana.
53. ...nde pó-pe i mongiiapa - temos aqui
0 65. Ave Maria porang - No original lemos Ave
verbo kuab - passar, na voz causattva (com o prefi-
xo mo-): fazer passar, entregar.
Maria poranga. Acreditamos que houve engano ele
um copista, uma vez que se usa, aí, o vocativo, o
54 . ... s-ekó-ii-ybaté - está no alto- ybaté foi
usado, aqui, adverbialmente. que leva à queda do sufixo nominativo _-a de po-
rang-a. Ademais, o verso com que este pnmetro de-
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ve rimar é kori ere-nhe-monhang (no original cori
erenhemonhanga), que é gramaticalmente a forma se nos textos quinhentistas , um g, em virtude da pro-
~orreta . A forma ere-nhe-monhanga não tem sen- xi:Uidade do ponto de articulação de fia e _gfia. .
ttd~, uma vez que estamos diante de um predicado 74. orébe t'oré mondyk-i- correçao da edt-
e nao_de um infinitivo (ou de um argumento, na ex- ção de 1954.
pressao de Rodrigues, 1997). 75. Trata-se de uma composição cantada por
66. Ver a nota acima. oito meninos diante do altar de Nossa Senhora da
Glória. Cada um deles vem oferecer a Maria seus
67. maran-í - Montoya (210 v.) registra tal ter-
mo com o sentido de ruim, velhaco, erifermiço. Pa- presentes. o índio Poraceon, de~o~s ?e aprese nta~
rece que aí existe um tema nominal (maran ) com sua oferenda, faz alusão a uma mtmtzade entre st
sufixo -í , que expressa o diminutivo ou o aspecto
0 mesmo e os índios da aldeia e m que se execut~ a
lusivo. composição, exemplo das divisões entre grupos m-
6B. Correção das edições de 1954 e 1984. dígenas existentes no passado, que levavam a mter-
69. Anchieta quer dizer, aqui, que Maria é a au- mináveis guerras. . .
r~ra,. isto é, a que não faz a manhã azul antes de 76. Em Tupi antigo não existe o discurso mdtre-
dta (L e., o sol) chegar. Com efeito, antes de ficar
0 to. Cita-se ipsis litteris aquilo que se disse. _
azu l, o céu se avermelha no nascer do dia. 77. i angaibar-atã moxy suí - lit. Ele e~ta. ~u
ramente ressequido por deterioração. Moxy stgmftca
70. nde nhe-monhang-aba - lit. teu fazer-se
teu. gerar-se ou, ainda, o tempo de teu gerar-se. o maldade, ruindade, mas também estrago, detenora-
ção, falando-se de alimentos. (v. Montoya, 312 v.)
suftxo -aba pode nominalizar uma circunstância ou
uma ação. 78. nde mor-erekó-á s-esé - mor-erek6-ara
está, aqui, usado como predicativo: tu eras cuidado-
71. nde r-a'angaba r-erokupa -fazendo estar
tua xrr:_agem conosco. No original está rerosupa , sa com ela ou tu tinhas cuidado dela. .
que nao faz sentido, uma vez que, se se tratasse do
0 79. Ndebo t-oryba monhanga- t-oryba stg-
~erbo sub (visitar), não se poderia usar a voz causa- nifica tanto alegria quanto festa.
t~vo-comitativa , já que tal verbo é transitivo e o pre- 80. fii) gfi asap-á' -fiama ri - lit. - no tempo fu-
ftxo ero- da voz causativo-comitativa só pode apa- turo de seu passar (asab) ali. A posposição ri tem
recer com temas verbais intransitivos. também sentido temporal.
72. Correção das edições de 1954 e 1 84. 81. s-erapuã xe r-enõi-ndaba - lit. é famos.o o
9 modo de me chamarem (enõ1 - chamar + sufiXo
73. o-gô atá-pe oré r-eky!a - Entre a vogal
ou u e uma vogal qualquer pode dar-se a inserção
0 (s)aba, nominalizador de circunstância).
de w (que representamos aqui por fi). Formando-se 82. 1 gôara - correção da edição de 1954.
83. e-1epotá-ne - 1epotar é chegar por mar.
um ditongo (otlatá-pe), freqüentemente interpunha-
Correção das edições de 1954 e 1984.
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84. ...sauiá r-eru-r-erupa 1. r:
comigo os sauiás . t , - lt. Jazendo estar o ser, imitar. Embora não tenhamos encontrado re-
, IS o e, acumulando-os.
85 ... .xe porandub-í-reme - O 1- , ferência nos dicionários , parece-nos claro que haja,
sufixo , nesse caso e
no passo supramencionado, uma composição: sy
"' .que expressa o aspecto lusivo: perguntando
eu tPor perguntar). (mãe, mas também origem, raiz donde algo proce-
86. s-enõi-mbyra _ lit _ (.) h de) e ar no modo indicativo circunstancial: sy-ar-i:
é chamada (enõi- cham. e f~ c amada, a que tomou origem, nasceu.
. ar+ su IXO -pyr - nomi
na lIZador de paciente + s f - 93. I kamu-sei kunumi- É desejoso de mamar
87 inh ~u IXO -a - caso nominal)
moin ~-rara -amo ffiOlngó-pyra - em vez de i o menino. O verbo sei expressa o querer fisiológico
, g py - o pronome de 3a pessoa é omitido e só se usa com objeto incorporado (kamu <
as vezes, nos temas aos quais se sufixa -pyr- ' kamby - leite e 'u - ingerir). A incorporação do
88. nde iara gu~ ·b- - a. objeto leva à intransitivação do verbo, fazendo com
de uma . - ' a1 1 sose - as velhas gozavam
posJçao de respeito na sociedade l·nd' que ele possa ser usado como predicado nominal.
89 ik- ~ - 1gena
. o 1U1, xe r-upiara - u iara , . 94. iase'o porará-sá'-pe - A edição de Car-
adversário aquele ao 'P (t) e o
. . .' o qual se está sempre contrá- doso (op.cit.) traduz tal passo por. .. Chora, dores su-
no, mclustve buscando-se captur' -1 T . portando ... Parece-nos que a tradução correta seja a
por presa. a o. raduz-se, aqlll,
que toma iase'o como objeto direto: suportando o
90. As Trovas do Moleiro eram uma . - choro. Se não for assim, a oração deixa de ser su-
musrcal feita em Portugal no f' 1 d composlçao
d e grande voga no século XVI ma a Idade Méd · bordinada e não se justificaria o uso do modo indi-
. Ja e
texto d . AnchJeta adaptou o cativo circunstancial na linha seguinte, (em r-ui) se
. - o poema que escreveu à música daquela houvesse um período simples, sem apresentação de
posJçao medieval. com-
uma circunstância que leve o verbo para aquele mo-
91. Nda abã byk-aba ruã - Nd -
predicativos que são substantivos B a.~.rua _nega do acima mencionado.
substantivo deverbal Cbyk t . ~k aba e um 95. kabará - cabras. Vemos, aqui, um por-
- ocar + (s)aba f tuguesismo no Tupi.
nominalizador: objeto do tocar) , - su IXO
genitiva com abá (home ) . ,bque esta em relação 96. pe'a-papa - gerúndio de pe'a-pab - des-
me . m . o l)eto de tocar de bo- truir completamente (pab, neste caso, tem valor
m. Negando-se o sintagma abá byk- b
nda ruã h a a usa-se adverbial e não verbal, como indica a edição de 1984).
, ... - e _c ega-se ao conceito de "vi em" .
e, que nao e objeto do tocar de bom rg , Isto 97. T'ia-iá t-ekó-katu - para que colhamos
92. No original lemos cyar1· eOm. b [a(r) conjuga-se a-ia(r), ere-ia(r), o -gil-ar, ia-ia(r)l.
:a2 ~ - ver o ar to-
Vo~r~a composições. Lemos em Baptista C;e ta-
. onq. Esp. , 105) uma delas: ekó-ar- tomar
O Tupi, à diferença do Tupinambá, conjuga-o sem o
-r final. (As edições de 1954 e 1984 traduzem tal
verbo por alimentar, o que não se justifica.
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98. O verbo 'e, dizer, recebe o objeto geral- 105. t'i r-ekó Santa Maria (em vez de t'ia-
men~e ~nteposto. Por se tratar de um poema sujeito rek6 Santa Maria ) -No modo permissivo, o prefi-
a metnca , usou-se o objeto (aquilo que foi dito)
posposto. xo de 1ª pes. inclusiva (ia) perde, muitas vezes, o a.
106. N'i marã-angá-1 - a partícula angá re-
99. esá-etá (t) literalmente significa muitos olhos.
força a negação: não absolutamente. ,
Significa aqui cuidado, preocupação. Sempre a con-
107. T'la-'e iandé py'a-pe - O verbo e tam-
cretude :stá presente na expressão indígena. Em pi-
bém é usado como auxiliar, da mesma forma que o
tanga guabo (para comer a cnánça) há referência verbo to do do inglês. Nesse caso, o verbo que o
à eucaristia, que será completada nos dois versos se-
guintes. acompanha fica sempre no gerúndio.
108. É uma dança de dez meninos, cada qual a
100. Tanto a edição de Martins quanto a de Car-
cantar sua estrofe.
doso traduzem mokonambá por rapaz. Nenhuma
109. Pe-iori, xe irii-etá - etá é usado, aqui,
~bonação disso há no V.L.B., em Montoya, em Res- como uma flexão de número, fato conente com a co-
ttvo ou mesmo em Baptista Caetano. O sentido da
lonização, por influência do português e de outras lín-
frase parece-nos claro. Faz-se alusão, nos versos an-
guas européias. .
teriores, à eucaristia ... pitanga gfiabo - .. .para co-
110. 0 puruá-ramo- o gerúndio dos dttos ver-
mer o menino (na hóstia consagrada). Em seguida, bos da segunda classe(ou predicativos) é obtido com
fala-se de engolir o menino completamente (kunu-
o sufixo -ramo.
mi mokona mbá), fazendo-o ficar em vosso co- 111. n 'i kfiar-i - lit. , não teve buraco. Expres-
ração C. .. pe nhy'ã-me mombytábo).
são bem concreta do conceito de virgem.
101. E-iori oré mong-oka - monga é o visgo,
0 112. iandé r-akypfie-mbo-ú - lit. .. fez vir nos-
pez. Mong-oka é arrancar o visgo, arrancar a sub-
sos rastros.
stância pegajosa. Coneção das edições de 1954 e 1984.
113. Esse poema pressupõe uma confraria de ín-
102. i-1 yky-é-(a)bo - yky - debulhar, colher
dios escravizados pelos colonos portugueses, como
vem com a partícula é (mesmo, com efeito), seguida
pelo sufixo -abo de gerúndio. ocorria no Brasil colonial. Nesse poema, Anchieta
ataca fortemente a escravização do índio. Nele, cada
103. og oryb-amo meme - o gerúndio de menino cantava uma estrofe. Uma delas, a sétima, é
temas nominais se faz com -(r)amo: alegrando-se
sempre. cantada em português.
114. kó 'a' ri !ara - o mesmo que kó 'ara ri (i)
104. iandé iar-amo-ngatu - o tema nominal
!ara. Além da queda da silaba final de 'ara, ocorreu
katu (forma nasalizada: ngatu) modifica adverbial-
a absorção de i por um iode (i + tara> !ara) ·-
mente o tema nominal iar acompanhado do sufixo _
115. Xe n'a-iu-potar-i biã - A partícula bta ex-
amo). Não significa bom, mas bem, defato.
pressa o aspecto frustrativo (Rodrigues, 1953), isto
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é, mostra que o processo não se desenrolou como
se pretendia.
116. Taté, taté kunumr- taté é um tema no-
minal, com o significado de erro. O texto nos mos-
tra que ele podia ser empregado também como uma
interjeição de desprezo, repúdio. O contexto em que
se escreveu o poema em questão nos escapa, mas se DOCUMENTAÇÃO E ICONOGRAFIA
pode perceber que há, nele, um confronto de opiniões
acerca do homem branco colonizador.
117. i nhe-moyrõ-nduá - Embora o sufixo
ndua(ra) seja usado para nominalizar complementos
circunstanciais, aparecendo, geralmente, após pospo-
sições ou partículas (p.ex., kiiesé-nduara- o de on-
tem), há casos em que ele é usado após temas ver-
bais, como se fosse um norninalizador de predicado
(o que se irrita, o que se agasta).
118. pindá me'enga - Os cronistas do século
XVI narram o gosto que tinham os Tupinambá, os
Tupinikin, etc., em ganhar anzóis, objeto altamente
valorizado por eles.
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