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Barroso. Boletim XXXIX
Barroso. Boletim XXXIX
Barroso. Boletim XXXIX
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Boletim do Venerável D. António Barroso
Por Victor Pinho, Bibliotecário do çoar todos numa atitude de enorme A Procissão das Cruzes deste ano, que
contou com o novo Estandarte de D.
Município de Barcelos, 1984-2020
satisfação e alegria.
António Barroso, realizou-se debaixo
O grande missionário e destacado de uma carga de água, a fazer recor-
Imagens de Antosbento e CMB Bispo do Porto agradeceu a todos e dar o bem molhado dia 4/10/1918,
muito especialmente ao Dr. Duarte quando D. António foi trasladado do
A Procissão das Cruzes, que se Porto para Barcelos. Em baixo, Arco
Nuno, grande barcelense, que decidiu de Romaria, da freguesia de Remelhe.
vem realizando, ultimamente com custear Estandarte e opas.
certa regularidade, no dia 3 de Maio, A Procissão das Cruzes, que se vem
dia principal da Festa das Cruzes e realizando no dia 3 de Maio, nem sem-
Feriado Municipal, teve este ano um pre fez parte do programa das Festas
motivo especial de interesse, a inte- das Cruzes.
gração do Estandarte da Causa de É certo que, na tarde do dia 20 de
Canonização de D. António Barroso. Dezembro de 1504, logo após o mira-
Debaixo de chuva, tal como acon- culoso aparecimento da cruz, ter-se-á
teceu quando os seus restos mortais, organizado uma Procissão, que deve
de comboio, foram trasladados do ter saído da Colegiada, e que contou
Porto para Barcelos, o Estandarte foi com o envolvimento do clero e da
levado durante todo o seu percurso, Confraria de Nossa Senhora da Mise-
pelo Arquitecto Alberto Craveiro, la- ricórdia, transportando uma cruz de
deado pelo Dr. Amadeu Araújo, Vice- madeira “muito alta, muito bem feita”,
-Postulador da Causa da Canonização que foi colocada naquele chão sagrado
e por mim próprio, acompanhados por como “divisa de mostramento” do re-
vários devotos e amigos de D. António ferido milagre. Mas esta procissão, nem
Barroso, com as respectivas opas. sempre se realizou. Só para falarmos
Momento significativo foi a passa- nos tempos mais recentes, a partir de
gem do Estandarte, com a imagem e as 1960, teve lugar nos anos de 1965,
insígnias de D. António Barroso, junto 1966, 1967, 1969, 1971, 1973, 1982,
ao seu monumento, com a imagem do 1985 e 1988, só mantendo certa regu-
venerando e insigne Bispo, da autoria laridade a partir de 1994, mas não se
do escultor Euclides Nunes, a aben-
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realizou, por exemplo, em 1999. imagens de D. António Barroso, com
A partir do ano de 1995, numa feliz a legenda: “Pobre nasci. Rico não vivi
ideia do Monsenhor Manuel Ferreira e pobre quero morrer”, e de Santa
de Marinha e de Santiago, oragos, res-
Araújo (1942-2019), Prior de Bar- pectivamente, de Remelhe e da antiga
celos, passou a integrar as 89 Cruzes freguesia de Moldes, numa feliz com-
Processionais das paróquias do Ar- posição em que avultam várias Cruzes
ciprestado de Barcelos, algumas das Pascais. Uma primeira Exposição das
quais muito antigas e de grande valor Cruzes existentes na cidade e con-
patrimonial e histórico. celho realizou-se no ano de 1967, de
Destas, merece destaque a Cruz 29 de Abril a 7 de Maio, na chamada
Paroquial de Santa Maria Maior, cuja Casa dos Rapazes, durante o período
Paróquia é a organizadora da Procis- das tradicionais Festa das Cruzes, com
são, programa principal da Festa das o patrocínio da Junta da Província do
Cruzes, responsabilidade do Município Minho. Na sequência de um apelo feito
de Barcelos em colaboração com a aos párocos, reitores das igrejas, cape-
Real Irmandade do Senhor Bom Jesus lães e superiores religiosos, ali estive-
da Cruz. ram presentes, segundo a imprensa da
Todo o dia 3 de Maio, Dia da Inven- época, desde a famosa cruz de Areias
ção da Santa Cruz, é marcado ainda, da de Vilar, cujo valor orçará os duzentos
parte da manhã, pelas cerimónias reli- contos, até aos grandes crucifixos em
giosas, sendo de destacar a Missa Sole- tamanho natural, à desconhecida cruz
Verso do Estandarte:
ne, presidida por um alto dignatário da Missionário e Bispo (1854-1918)
do oratório, e à simples cruz do ro-
Igreja, no Templo que lhe deu o nome, sário.
e onde se destacam os belos tapetes depois, em 1980, e em 1982, ano em A organização desta exposição teve
de pétalas de flores naturais. que se realizou a Procissão das Cruzes, o contributo do Padre Joaquim de Bri-
De realçar ainda do programa des- e a fase preliminar do XXV Campeo- to (1920-2004), pároco de Chorente,
te ano, a exibição dos Arcos de Ro- nato Europeu de Hóquei em Patins, de que percorreu todo o concelho e re-
maria, que foram apresentados, pela Seniores. colheu autênticas maravilhas de arte e
primeira vez, no programa de 1972, da O Arco de Romaria deste ano da de valor, dando a conhecer um valioso
presidência do Dr. Vasco de Faria, e, freguesia de Remelhe, apresentava as património quase desconhecido.
ASSEMBLEIA GERAL
CONVOCATÓRIA
Nos termos do art.ª 18 dos estatutos da Associação, convoco
os sócios para se reunirem em Assembleia Geral, no dia 30 de
Setembro de 2023, pelas 15 horas, na Biblioteca do Centro Social
de Remelhe - D. António Barroso, em Remelhe, Barcelos, para
deliberarem sobre os seguinte pontos da
ORDEM DE TRABALHOS
1 - Nomeação dos corpos sociais para o triénio 2023/2025 (Di-
recção, Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal).
2 - Alteração do nome da associação e da sede e consequente
alteração de estatutos referentes ao artigo 1.º e n.º 2 do
artigo 2.º.
3 - Outros assuntos de interesse.
Se, à hora marcada, não houver quórum, a Assembleia funcio-
Face da pagela de D. António Barroso. Tem sido solicitada por
nará, decorrida meia hora, com qualquer número de membros. alguns leitores e estamos disponíveis para continuar a oferecê-la.
Aproveitando a presença de numerosos bispos nas Jornadas Mun-
Pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
diais da Juventude, mandámos imprimir 15.000 exemplares, para
Alberto Severino Novais dos Santos Craveiro distribuir por algumas dioceses de Angola, Moçambique e Brasil.
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perial das poderosas emergentes nações Moldes, uma grande casa agrícola, en- 5 de Maio de 1884, algo absolutamente
europeias, o Governo português vê-se contra “o rapaz” um protector atento. invulgar. Na ocasião, o mais jovem pre-
constrangido a seguir em frente com a O aristocrata, que vira morrer mulher e lado do país. António foi nomeado bispo
formação de jovens missionários para as filhos, desavindo com o único filho so- contava já 37 anos.
colónias ultramarinas. brevivente,(2) a partir de certa altura, Ambos são inteligentes, diligentes
É neste intrincado contexto políti- toma a seu cuidado a educação do jovem e cativantes. António é descrito como
co, nacional e internacional, que os ca- espontâneo de olhar inteligente e, alter- muito bondoso e determinado, um herói.
minhos dos dois jovens, se cruzam, no nando-lhe a labuta da terra e dos livros, Henrique, como mui distinto, simpático
Colégio Real das Missões, em Cernache troca-lhe as alfaias agrícolas pelas religio- e galante. Ambos se consideram zelosos
do Bonjardim. sas. O futuro possível. António, compro- servidores da dignidade e interesses da
metido, terá de sobreviver à dureza do religião que professam e da Coroa por-
Entre contar e cantar inextrincável e perigoso sertão africano tuguesa, que veneram.
Henrique chega, aos 17 anos, ao e às intrincadas jogadas internacionais, Mas, enquanto António, pragmático,
Colégio Real das Missões, no dia 29 de em terras de missão. Nada a fazer. Antes despreza comodidades materiais e gasta
setembro de 1871. António, dois anos morrer que quebrar. para bem dos outros, Henrique, também
mais tarde, a dois dias de completar 19 Henrique, por sua vez, é um jovem pragmático, não se dá com a humildade,
anos.(1) Depreende-se ter existido uma citadino. Vive na capital do reino. A famí- adora o conforto, porta-se como um
competição latente e saudável entre os lia é escolarizada. A mãe é irlandesa. O príncipe e gasta como se o fosse.
dois amigos. Muito diferentes de índole pai, funcionário público, participara nas Quando, em 1880, partem juntos, em
e carácter. Henrique é a estrela. Brilha lutas liberais, integrando o Batalhão de missão, para Angola, Henrique, protegido
naturalmente e sem esforço. António Voluntários da Rainha D. Maria II.(3)A por mão superior, fica em Luanda, no
tem de lutar afincadamente, mas o seu sua família gravita à volta da família real. conforto da capital. Ascende meteorica-
brilho é profundo e consistente. As no- Os mais altos nomes da nobreza portu- mente na carreira eclesiástica. António,
tas andam ela por ela. O comportamen- guesa, como Pombal, Saldanha e Palmela assume notável responsabilidade ao ser
to de António é continuamente clas- apadrinham os filhos de Sebastião José nomeado chefe da missão do Congo.
sificado como muito bom, torna-se o e Eliza Reed da Silva. Apenas Henrique Com os seus companheiros, parte, em
representante dos seus colegas. Henri- é apadrinhado por elementos da elite plena época das chuvas, para o descon-
que, por sua vez, ter-se-á esforçado por capitalista de Cabo Verde, para onde o fortável, inexplorado e mortal interior
reprimir alguma rebeldia, que os padres pai é destacado, em 1851, no âmbito dos da selva africana. António andará sempre
não se coíbem de assinalar. Também a propósitos da reconstrução social, polí- na esteira de Henrique, até o ultrapassar
Matemática, a última disciplina con- tica e económica do país. O tão ansiado pela fama de ”herói africano e pai dos
quistada, por Henrique, não terá sido momento de Regeneração é alcançado pobres”.
o seu forte. António, por seu lado, sem após o levantamento militar do duque Ambos são homens criativos e com
jeito para a música, nem para o canto, de Saldanha, no mesmo ano. Finalmente, ideias definidas. António lida com o im-
se consegue disciplinar. E entre cantar assente numa “paz de contrários”, se vai possível. Henrique vive no impossível.
e contar se decidirá o futuro. Ambos estabelecendo a acalmia necessária para É neste elevado realizar de sonhos
são ordenados padres, em 1879. O ca- o desenvolvimento e modernização de e projectos, em terras de missão, que
minho que os espera é áspero, cheio de Portugal. a amizade e união destes dois homens
escolhos e ter-lhes-á custado muitas será posta à prova, por motivos ex-
noites de sono e desgaste, físico e mo- A estima e o patrocínio do pai? ternos, que os transcendem. Mexeri-
ral. Mas enquanto António, que entrara Henrique é o último de onze filhos. cos desestabilizadores, problemas de
já homem feito para a vida eclesiástica, Quando nasce, o pai está em Cabo Verde, jurisdição, apontados por monsenhor
Henrique terá entrado menino para um onde morre em 1871.(4) Desde crian- Zaleski,(6) delegado apostólico da Pro-
seminário, aos 10 anos, com o engodo ça que o persegue a aura de uma certa paganda Fide (os olhos e ouvidos do Va-
de “ir para ali para ser bispo”, acenando aristocracia e, entre dentes, murmura-se ticano), e a construção da fabulosa, mas
como se o já fosse, no recreio, para os que é filho ilegítimo de D. Fernando Saxe dispendiosa catedral de São Tomé de
seus colegas. Duas experiências tão dís- Coburgo Gotha, logo, irmão do rei D. Meliapor, abespinham o Governo por-
pares, quão díspares serão as suas vidas. Luís I. Facto é que Henrique terá mere- tuguês e a Santa Sé. O financiamento
António é o primogénito de uma cido ao rei consorte particular “estima e da belíssima catedral neogótica, sagrada
família pobre, enraizada num ruralismo patrocínio”. A atenção recebida, o porte em 1896, requereu, indubitavelmente,
profundo, religioso e analfabeto, onde o majestoso e aristocrático de Henrique empenho e procura desesperada de so-
avô, professor sem escola, vai semean- e, até uma certa parecença física com D. luções criativas, ousadas e viáveis. Por-
do as primeiras letras. Habituado a uma Fernando II, granjeou-lhe a fama de filho tugal enfrentava o espectro da falência.
vida rude e plena de sacrifícios, trabalho ilegítimo do monarca. Facto é que, foi de- Em 1897, António vê-se obrigado a usar
exaustivo e abnegação católica, o jovem vido a esta mercê régia que, o pequeno a subtileza dos seus dotes diplomáticos.
desenvolve elevada resistência atlética e Henrique que entrara para o seminário A pedido do núncio apostólico em Lis-
moral. No vizinho, Bernardo Limpo da com a missão de ser bispo,(5) o foi real- boa, monsenhor Aiuti(7) tem de intervir,
Fonseca, senhor da Casa de Torre de mente, mal festejara os trinta anos, em
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Boletim do Venerável D. António Barroso
«Os Santos não fazem milagres, a graça de Deus é que age por
meio deles. O santo é um intercessor, aquele que reza por nós»
Papa Francisco, em 30/01/2022
NOTAS:
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TRIBUNA DO LEITOR
CONTAS EM DIA
A última relação de contas (até 31 de Março de 2023), está disponível no Boletim n.º 38, III Série. De 1 de Abril de
2023 até 30 de Junho de 2023, realizaram-se as seguintes despesas: Escola Tipográfica das Missões (Boletim n.º 38):
608.06 €; Consumíveis e correio: 70,00 €; Escola Tipográfica das Missões (15.000 pagelas de D. António Barroso, a en-
viar para dioceses de Angola e Brasil): 418.20 €; Renovação anual de domínio do site domantoniobarroso.pt: 18.39 €.
TOTAL: 1.114. 65 €.
No mesmo período, recebemos os seguintes donativos para apoio à Causa da Canonização e despesas do Boletim: Sr.
Joaquim Alves Pereira: 500, 00 €; Sr. Manuel Lopes Tereso: 50.00 €; D.ª Maria Justina Brito Ferreira Silva: 15.00 €; D.res Ma-
ria Clara Beleza Ferraz e José Manuel Meira de Matos: 30.00 €; Sr. Manuel Augusto Senra: 25.00 €: TOTAL: 620. 00 €.
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