Teologia Do at
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LINGUÍSTICA TEOLOGIA E
HUMANIDADES
REVELAÇÃO
O que é Revelação?
Podemos definir revelação como “o ato de Deus se manifestar e se fazer
conhecido ao ser humano”. Isso ocorre de forma geral na criação e de
forma especial no relacionamento com seu povo. O Antigo Testamento
fala com frequência em “conhecer” ou “não conhecer” Javé. Mas o
conhecimento de Deus é mais que um mero conhecimento intelectual;
diz respeito à vida humana como um todo. Assim, “conhecer Javé” é ser
obediente a ele, ter um compromisso com ele. “Não conhecer a Deus”
significava “rebelar-se contra ele”, “negar o compromisso com ele”.
A expressão hebraica “o conhecimento de Deus” traz, pelo menos, três
conotações: o sentido intelectual; o sentido emocional; o sentido volitivo.
No imaginário hebraico, “conhecer” não envolve somente ter
informações sobre algo, por isso no entendimento hebraico não havia
uma faculdade específica que compreendesse o intelecto ou a razão. O
hebraico não possui uma palavra que signifique “cérebro”. A palavra mais
comum usada em lugar de “mente” em hebraico é “coração”, (1Sm 9.20;
Is 46.8). O coração é considerado sede do intelecto, bem como da
vontade e das emoções.
Teologia do Antigo Testamento 4
Meios de Revelação
As Teofanias
Um dos meios pelos quais Deus se revela no Antigo Testamento é pelas
suas aparições. Os estudiosos referem-se a todas as aparições de Deus
no Antigo Testamento como teofanias. Adão e Eva ouviram o som de
Deus andando no jardim (Gn 3.8). O Senhor apareceu aos patriarcas
Abraão, Isaque e Jacó.
As teofanias mais notáveis no Antigo Testamento são a sarça ardente (Êx
3), o estremecimento do Sinai (Êx 19-24), os chamados de Isaías (Is 6) e
Ezequiel (Ez 1), e o redemoinho (Jó 38). Bem próximos das teofanias
estão os relatos de aparições de Deus a pessoas em visões e sonhos ou
no anjo do Senhor.
As Palavras
No Antigo Testamento as palavras ocupam lugar de destaque como
meio divino de comunicação com seu povo. Essa é a verdade confirmada
em cada livro do Antigo Testamento. A frase mais comum empregada
nesse sentido é “a palavra do SENHOR veio a...” (Gn 15.1; 2Sm 7.4; 1Rs
6.11; 17.2 e na maioria dos profetas). Há três tipos de palavra no Antigo
Testamento:
1. Palavra de Anúncio (salvação ou julgamento);
2. Palavra de Instrução (leis ou mandamentos);
Teologia do Antigo Testamento 5
O Nome
O conhecimento de Deus no Antigo Testamento brota não só da palavra
e da teofania, mas também da revelação do nome YAWEH (Javé). No
antigo Oriente, o nome denotava a essência de algo, chamar algo pelo
nome é o mesmo que conhecê-lo. Os israelitas acreditavam que a
essência total da pessoa se concentrava em seu nome. O nome estava
relacionado à natureza do caráter da pessoa. O nome de Eva, “vida”,
ligava-a ao homem, assim como a nome de Adão “homem/ser humano”,
ligava-o a sua natureza humana.
No Antigo Testamento, era necessário invocar o nome de YAWEH para se
aproximar dele. A primeira palavra de muitas das orações nos salmos é
uma invocação, “Javé” (3.1; 6.1; 7.1; 8.1; 12.1). A invocação do nome era
ainda importante na época do Novo Testamento. Jesus ensinou seus
discípulos a começar assim suas orações: “Pai nosso [...] santificado seja o
teu nome” (Mt 6.9).
Teologia do Antigo Testamento 6
ELEIÇÃO
Um Povo Escolhido
YAWEH não era o Deus de Israel desde o início do mundo. Israel não
aparece como povo até o livro de Êxodo. O Antigo Testamento descreve
a escolha divina de Abraão como indivíduo e daí apresenta a história de
sua família até que ela se transforma em uma nação. Então a nação é
libertada do Egito e se estabelece na terra prometida.
O Antigo Testamento alega que Deus escolheu Israel como seu povo
especial. Sempre que se examina o Antigo Testamento, encontra-se a
convicção obstinada de que Javé, em sua graça soberana, chamou Israel
para si, livrou-o da escravidão e lhe deu a terra prometida, e que Israel,
portanto, ocupa uma posição especial entre as nações da terra como seu
povo escolhido. A crença na eleição de Israel percorre todo o AT, tanto
no início como depois. Não encontramos em sua história nenhum
período em que Israel não cresse que era o povo escolhido de Javé.
A palavra “escolher” aparece várias vezes, ela é usada em referência à
escolha divina em diversos momentos. Exemplo:
› Patriarcas (Ne 9.7);
› Israel (Dt 4.37; 10.15; 14.2; Sl 105.43; Is 44.1-2; Ez 20.5);
› Davi (2Sm 6.21; 1Rs 8.16; Sl 78.70; 89.3);
› O lugar de culto (Dt 12.18; 31.11; Js 9.27; Sl 132.13);
› Sacerdotes (Nm 16.5; 17.5; Dt 18.5; 1Sm 2.27-28).
Um Deus Soberano
A base da eleição no Antigo Testamento é a soberania de Deus. Jeremias
retratou Deus como o oleiro com poder absoluto de transformar o barro
em qualquer vaso desejado. Mas Deus não é impulsivo, sua vontade e
propósito incluem sua sabedoria e seu amor. A eleição é a manifestação
Teologia do Antigo Testamento 8
O Propósito da Escolha
Algumas partes do Antigo Testamento indicam que Israel foi escolhido
para ser uma benção para as nações. Pode ser sugerido então, que a
eleição de Israel deve de algum modo ser a resposta para o problema da
humanidade. O profeta Isaías, portanto, não está trazendo uma nova
doutrina quando diz que Deus chamou Israel para ser “luz para os
gentios” (Is 42.5-7).
O Antigo Testamento alerta ao povo de Israel, que ele não foi escolhido
por sua bondade ou grandeza (Dt 7.7-8; 9.4-6). Deus escolheu Israel
como seu povo simplesmente porque o amava e havia feito uma
promessa a seus pais (Dt 4.37; 2Rs 19.34; Is 37.35). O propósito de Deus
na eleição era a revelação e o serviço. A eleição de Israel, portanto, não
foi baseada no mérito, mas na graça misteriosa de Deus.
O Pecado do Orgulho
A fé dos israelitas em sua eleição firmava-se num orgulho natural de
nação e raça e na fé em Javé, a quem representavam entre as nações. O
povo e os profetas compreendiam que Israel ocupava uma posição
especial entre as nações.
Porém, é incorreto afirmar que, porque Deus escolheu Israel, ele rejeitou
as nações do mundo, e por isso Israel é mais importante para Deus que
as outras nações, pois Israel só foi eleito para servir a Deus na tarefa de
levar as outras nações à Ele. Em Israel Deus buscava o mundo. Israel era o
ponto de partido de Deus para os demais povos do mundo.
Infelizmente, por diversas vezes Israel interpretou mal a eleição divina,
como privilégio sem responsabilidade. Muitos confundiam eleição com
Teologia do Antigo Testamento 9
ALIANÇA
Deus fez com Abraão. (Êx 2.23-24; 6.2-8). Israel chegou ao Sinai no
terceiro mês depois de sair do Egito (19.1-2). Deus ofereceu uma aliança
a Israel, com a qual todo o povo concordou. Moisés serviu como
mediador entre Deus e Israel (19.3-9).
O povo preparou-se para a manifestação de Deus (19.10-15). Na manhã
do terceiro dia, Deus desceu sobre o Sinai em fogo, fumaça, nuvens,
trovão e terremoto (19.16-25). Então Javé proclamou os Dez
Mandamentos da aliança (20.1-17). O povo recuou em temor e tremor,
pedindo a Moisés que fosse seu mediador (20.18-21). As leis da aliança
foram dadas (20.22—23.33), e a aliança entre Deus e Israel foi selada com
sangue sacrificial e com uma refeição comunitária (24.1-18). Antes de
deixar o Sinai, Israel quebrou a aliança com Javé, fazendo um bezerro de
ouro e cultuando-o (Êx 32.3-8). Após o julgamento divino e a intercessão
de Moisés, a aliança foi renovada (Êx 34.10, 27-28). A aliança do Sinai, em
contraste com a aliança abraãmica, parece destacar a obrigação humana
de guardar as leis e ordenanças, para que ela pudesse continuar em
vigor.
A Nova Aliança
A futura esperança para Israel tomava a forma de uma promessa de uma
nova aliança. Israel não tinha poder, mérito nem base para reclamar uma
nova aliança, mas Deus iniciou a primeira aliança e iniciaria uma nova.
Nessa nova aliança, Deus perdoaria os pecados passados e escreveria a
lei da sua aliança no coração (ou seja, na mente e na vontade) de seu
povo, dando-lhes assim o desejo e a capacidade de obedecer a ela e de
viver como seu povo. Não estava claro quando isso ocorreria, tudo o que
Jeremias conseguia dizer era: “Eis aí vêm dias” (31.31). Essa nova aliança é
em alguns aspectos semelhante à antiga. Foi dada por iniciativa divina e
baseada na graça, com a expectativa de obediência. A diferença é que o
povo é renovado. A aliança do Sinai lembrava a Israel a graça de Deus e
as obrigações deles. As alianças abraãmica e davídica lembravam a Israel
que seu futuro não dependia em última análise do que eles eram ou
faziam ou deixavam de fazer, mas do “propósito imutável de Deus”. No
Novo testamento vemos que esses padrões de aliança foram todos
cumpridos por Jesus, o Cristo, e a nova aliança firmada no seu sangue foi
estabelecida.
Além da expressão “nova aliança”, ocorrem outras, como “aliança
perpétua” e “a aliança da paz”. A expressão “nova aliança” ocorre uma
vez no Antigo Testamento (Jr 31.31) e 07 vezes no Novo Testamento (Mt
26.28; Mc 14.24; Lc 22.20; 1Co 11.25; Hb 8.8; 9.15; 12.24), e a expressão
“aliança eterna” ocorre 19 vezes no Antigo Testamento e uma vez no
Novo (Hb 13.20). Em duas ocasiões a futura aliança entre Javé e Israel é
chamada uma “aliança de paz” (Ez 34.25; 37.26). Essa aliança de paz
também será uma aliança eterna (Ez 37.26; Is 54.4-10).
Teologia do Antigo Testamento 14
QUEM É DEUS?
Um Deus Salvador
Começamos pela salvação, porque Israel conheceu a Deus como salvador
antes de conhecê-lo como Senhor. O êxodo (salvação) veio antes da
aliança entre Javé e Israel no Sinai. Israel também conheceu Javé como
salvador antes de conhecê-lo como criador. “A história de Israel começou
com a ação salvadora de Deus motivada pela compaixão”.
Salvação é um termo com vasta gama de significados. Pode referir-se a
ser salvo de inimigos, de doença, de pecado, da destruição ou da morte.
É usado em referência a pessoas, mas no Antigo Testamento a referência
mais frequente é a Deus. O termo é usado em relação a livramentos
passados, presentes e futuros. É usado principalmente em relação à
salvação de Israel, mas pode referir-se à salvação da raça humana ou de
um indivíduo.
A maior parte do Antigo Testamento diz respeito a Israel como nação ou
grupo; assim, a principal função de Javé como Deus salvador era livrar
Israel de seus inimigos. Às vezes os inimigos eram outras nações, como
os egípcios, amalequitas, filisteus e babilônios. Outras vezes, Israel
precisava ser salvo do próprio pecado da idolatria ou do culto a Baal, o
que equivalia a quebrar a aliança com Javé. Se existe uma coisa muito
clara em todo AT é que “Do SENHOR é a salvação” (Sl 3.8; Jn 2.9).
Um Deus Abençoador
O conceito mais amplo de bênção está na narrativa da criação (Gn 1.1—
2.3). Ali, o Deus Criador concede a toda a raça humana e a cada criatura
vivente a bênção da fertilidade, “sede fecundos, multiplicai-vos” (Gn 1.22,
28); do espaço, podiam encher as águas, o ar e a terra (Gn 1.22, 28); e do
alimento (Gn 1.29-30). Os homens receberam a bênção especial de
Teologia do Antigo Testamento 16
Um Deus Santo
Santidade é uma palavra intimamente divina. Ela tem a ver com a própria
natureza da divindade, mais do que qualquer outra, na verdade como
nenhuma outra. Santidade é a qualidade mais típica da fé em Deus no
Antigo Testamento. De todas as qualidades atribuídas à natureza divina,
a santidade ocupa uma posição especial, tanto pela frequência como
pela ênfase com que é usada. Deus não é criatura; consequentemente,
ele é santo. O atributo da santidade refere-se a esse mistério do ser
divino que o distingue como Deus, ele é diferente de tudo o que existe.
Criaturas e objetos têm santidade apenas em sentido derivado, quando
são designados por Deus para servir numa função especial. De todos os
“atributos” divinos, a santidade chega mais perto de descrever o ser de
Deus e não sua atividade.
Deus é chamado “santo” três vezes em dois lugares do Antigo
Testamento. Os serafins cantaram: “Santo, santo, santo é o Senhor dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). Em um dos salmos
de entronização, o salmista proclamou três vezes que Deus é santo (Sl
99.3, 5, 9). Oseias destacou a ideia de que a santidade de Deus é o que o
distingue das pessoas: “Eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de
ti” (Os 11.9). A expressão “o santo de Israel” ocorre trinta vezes no livro
de Isaías em referência ao Deus de Israel. Talvez uma visão de perto do
chamado de Isaías mostre a essência da santidade de Deus na sua
relação com seu povo. Isaías viu Deus em um trono, alto e elevado. Ele
viu a glória de Deus representada na nuvem e sentiu o tremor do
movimento do chão. Ele foi dominado por seu senso de pecado e
impureza e pelo mesmo sentimento do povo. Experimentou a purificação
de Deus por meio de uma brasa do altar. Depois ouviu o chamado de
Deus para o compromisso e serviço.
Teologia do Antigo Testamento 18
Um Deus de Amor
Será que o Deus do Antigo Testamento é um Deus de amor? Ou Marcião
estava certo ao dizer que o Deus do Novo Testamento era de amor, e o
Deus do Antigo Testamento, de ira? Marcião afirmou que o Deus do
Antigo Testamento era judicial, duro, severo e cruel, enquanto o Deus
revelado em Jesus Cristo era carinhoso, calmo, bom e amoroso. Para
Marcião, o Deus do Antigo Testamento é um ser diferente e inferior, o
Deus vingativo da lei, totalmente oposto ao Pai de Jesus, o Deus gracioso
revelado no evangelho. O amor de Deus por Israel e pelo mundo, apesar
de não ser mencionado muitas vezes no Antigo Testamento, é muito
poderoso. A ideia veterotestamentária do amor de Deus é que ele é
profundo, forte e permanente. Ele serve de pano de fundo para o
conceito de amor de Deus no Novo Testamento.
A palavra “amor” e suas variações aparecem mais de 400 vezes no Antigo
Testamento. Faz referência ao amor entre marido e mulher (Gn 24.67;
29.18; Jz 16.4; 1Sm 1.5); dos pais pelos filhos (Gn 22.2; 25.28); da nora
pela sogra (Rt 4.15); e entre amigos (1Sm 18.1-3). Diversas vezes o Antigo
Testamento fala do amor de Deus por Israel (Dt 7.8-9; 23.5; 1Rs 10.9; 2Cr
2.11). Ele o amou como marido (Ez 16.8; Os 3.1) e como pai (Os 11.1).
Amou Jacó e odiou Esaú (Ml 1.2). Por Israel ser precioso aos seus olhos,
ele o amou, redimiu e renovou (Is 43.4; 63.9; Sf 3.17). Entre suas ênfases
estão: bondade, fidelidade, graça, misericórdia, compaixão, etc.
Oseias 11 talvez seja o maior capítulo sobre o amor de Deus no Antigo
Testamento. De muitas maneiras, Oseias se aproxima do conceito
neotestamentário da natureza de Deus. Ele destaca que o amor de Deus
é: a) amor que escolhe (v. 1); b) amor rejeitado (v. 2); c) amor protetor (v.
3-4); d) amor disciplinador (v. 5-7); e) amor sofredor (v. 8-9); e f) amor
redentor (v.10-11). Oseias apela a todos os recursos da linguagem na
tentativa de atingir a profundeza incompreensível do amor santo de
Deus, amor que inclui tanto juízo quanto misericórdia. Israel recebe a
ordem de amar a Deus várias vezes no AT (Dt 6.5; 11.1; 19.9; 30.16). De
fato, Jesus disse que esse é o maior dos mandamentos (Mt 22.37; Mc
Teologia do Antigo Testamento 19
Um Deus de Ira
A ira é um dos sentimentos de Deus mais frequentemente mencionados
no Antigo Testamento. A ira de Deus é bem real e muito séria para as
pessoas do AT. Mais de 580 vezes o Antigo Testamento se refere à ira de
Deus. Esse conceito fazia parte tão normal da pessoa de Deus no Antigo
Testamento que os primeiros israelitas não viam problema nele.
A crença popular de que o Deus e Pai de Jesus Cristo é um ser
sentimental que não liga para os nossos erros e nos ama
independentemente do que fazermos não combina com a revelação do
AT. Em toda a Bíblia, Deus destrói Israel e a raça humana inteira por sua
falta de dependência de seu senhorio e por sua rebeldia contra seus
mandamentos soberanos.
Este com certeza é parte do sentido da cruz de Cristo, que o ser humano
é condenado a morte e ao tormento por pecar contra Deus. O Antigo
Testamento fala da ira ou da indignação de Deus três vezes mais do que
da ira humana. A ira é apresentada mais como uma atividade de Deus do
que uma emoção.
Duas palavras ligadas de perto à ira no Antigo Testamento são “ciúme” e
“vingança”. O ciúme de Deus significa que ele não tolerará nenhum outro
deus (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24). Os inimigos de Israel são objeto da ira
ciumenta de Deus (Na 1.2-3; Sf 1.18). Às vezes o ciúme de Deus se torna
o zelo de Javé por seu povo, para estabelecer seu reino (Is 9.7; 37.32; Ez
39.25; Zc 1.14). O ciúme de Deus no Antigo Testamento tem relação com
sua santidade. O fato de a Bíblia dizer que Deus é ciumento é uma
surpresa ou até um choque para algumas pessoas. O ciúme é condenado
Teologia do Antigo Testamento 20
“Eis que os olhos do Senhor Deus estão contra este reino pecador, e eu o
destruirei de sobre a face da terra; mas não destruirei de todo a casa de
Jacó, diz o Senhor.” (Am 9.8).
“Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre
ti, porque eu sou compassivo, diz o Senhor, e não manterei para sempre a
minha ira.” (Jr 3.12).
“Não passa de um momento a sua ira, o seu favor dura a vida inteira. Ao
anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.” (SI 30.5).
“Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces
da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua
ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.” (Mq 7.18).
Teologia do Antigo Testamento 22
CULTO E ADORAÇÃO
Lugares de Adoração
No Antigo Testamento, um lugar era santo porque Deus havia aparecido
ali. Ele apareceu a Abraão no carvalho de Moré em Siquém, e Abraão
edificou um altar ali (Gn 12.6, 7) e outro em Betel (Gn 12.8). Em Berseba,
Deus apareceu a Isaque, e este levantou um altar ali (Gn 26.23-25).
Apareceu a Jacó em Betel, e Jacó erigiu uma pedra para marcar o lugar
da sua visão, chamou a pedra de mãzzebâ, “coluna”, e disse que ela seria
a casa de Deus (Gn 28.18-22). Deus apareceu a Moisés no monte Horebe,
(Êx 3) e a Josué em Gilgal, perto de Jericó (Js 5.13-15). Estes e outros
lugares em que Deus apareceu tomaram-se “lugares santos” em Israel.
Além desses altares construídos pelos patriarcas e por outros líderes de
Israel, a Palestina estava cheia de altares, pedras sagradas, colunas e
árvores que os cananeus tinham construído ou plantado. A maioria
desses altares, colunas e árvores sagradas ficava no alto de montes,
chamados “lugares altos” (bamôt). Israel recebeu a ordem de destruir
esses lugares de adoração quando entrasse na terra (Nm 33.52; Dt 12.2,
3). Em vez de fazê-lo, Israel com frequência se esqueceu de Javé e serviu
a falsos deuses (Jz 2.12; 3.7; 6.25, 26, 30; 8.33; 10.6; 17.4-6; 18.14). Nem
todos os lugares sagrados em Israel eram altares cananeus. Quando as
tribos de Israel entraram na terra prometida, levantaram altares em
certos lugares e sempre voltavam a alguns deles para celebrar e
comemorar o que Javé fizera por eles ali.
Teologia do Antigo Testamento 24
Formas de Adoração
O Antigo Testamento nos traz poucas informações sobre as formas de
adoração na antiga aliança. Durante boa parte da história de Israel, cada
dia começava e terminava com o sacrifício de um cordeiro no altar (Êx
29.38; Nm 28.3-8). Além desses sacrifícios diários havia três grandes
festas que duravam sete ou oito dias, com procissões (Sl 43.4; 48.12;
68.22-27), liturgias de abertura (Sl 24; Is 33.13-16; Jr 7), a benção
sacerdotal (Nm 6.22-27), cerimônias para a oferta de primícias e dízimos
(Dt 26.1-15) e a leitura das maldições e bênçãos da aliança (Dt 27.9-26; cf.
Lv 26; Dt 28; Js 24).
Eventos importantes na vida das pessoas com frequência davam
oportunidade para a adoração. Logo depois do nascimento de uma
criança, a mãe devia oferecer um sacrifício pelo pecado. Os meninos
eram circuncidados no oitavo dia. Algumas crianças eram consagradas ao
Senhor ao nascer (Samuel, Jeremias). Era comum que alguém que
sofresse de doença ou corresse perigos orasse por ajuda e prometesse
uma oferta de gratidão se Deus o salvasse (Sl 6; 116; Jn 2).
Teologia do Antigo Testamento 26
Limites da Adoração
Mas essas formas de adoração, não eram nem permanentes e nem
adequadas para atender todas as necessidades de culto do ser humano.
O sistema de sacrifícios era inadequado. Os profetas reconheceram que
Deus exigia antes de tudo, obediência, e não meras ofertas rotineiras e
externas. Os sacrifícios do Antigo Testamento eram dádivas apresentadas
a Deus, mas eram as pessoas, e não Deus, que precisavam de ajuda. Se
era a pessoa que fornecia o sacrifício, como algo levado por um ser
humano poderia absolver alguém da culpa?
O sistema sacrificial do Antigo Testamento acabou no ano 70 d.C.,
quando o templo foi destruído. O Novo Testamento declara que a morte
de Jesus na cruz foi o sacrifício definitivo, que cumpriu os sacrifícios do
Antigo Testamento (Hb 9.23-10.14). Não apenas os sacrifícios do Antigo
Testamento eram insuficientes, mas também o templo como morada de
Deus. O próprio Antigo Testamento reconheceu isso. Deus não podia
viver em um templo feito por mãos humanas (1Rs 8.27). A adoração no
templo no Antigo Testamento era exclusivista. Certos grupos não podiam
entrar. Pessoas desfiguradas, filhos ilegítimos, moabitas e amonitas não
podiam entrar no lugar de adoração (Dt 23.1-3). Leprosos ou impuros
não podiam entrar no acampamento (Nm 5.1-4).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA