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EBOOK Blockchain 2
EBOOK Blockchain 2
EBOOK Blockchain 2
blockchain e suas
possíveis aplicações
no Comércio Exterior
A tecnologia
blockchain e suas
possíveis aplicações
no Comércio Exterior
Brasília, 2021
© 2021. CNI – Confederação Nacional da Indústria.
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Superintendência de Desenvolvimento Industrial
FICHA CATALOGRÁFICA
C748t
7 OBJETIVO DO ESTUDO
9 INTRODUÇÃO
13 CAPÍTULO 1
Blockchain, que bicho é esse?
19
CAPÍTULO 2
Comparando as principais tecnologias que aplicam
blockchain no mundo
27
CAPÍTULO 3
A regulação internacional das redes blockchain
33
CAPÍTULO 4
Blockchain para as PMEs exportadoras
39
CAPÍTULO 5
Aplicações da tecnologia blockchain e casos de sucesso
61
CAPÍTULO 6
Recomendações finais
71
REFERÊNCIAS
OBJETIVO
DO ESTUDO
7
INTRODUÇÃO
9
Por que o blockchain é imprescindível para a
competitividade dos produtos brasileiros no
mercado global?
A
s tecnologias da informação e das telecomunicações avançam em
velocidade exponencial, apontando a necessidade de digitalização
de toda a complexidade burocrática de países, governos e,
consequentemente, das relações multilaterais de comércio. Esse processo
de transformação está modificando os chamados padrões e protocolos de
certificação internacional, ou seja: os padrões de mútuo reconhecimento
de país a país estão sendo reorganizados. Processos analógicos tornam-se
digitais, encurtando o fluxo processual das cadeias produtivas e logísticas e
oferecendo maior segurança, transparência e eficiência em suas transações.
Cabe reforçar que, se hoje adotar essa nova tecnologia ainda é um diferencial
competitivo, logo se tornará compulsório: quem não o fizer, vai se deparar
com barreiras comerciais. O Brasil já começa a sofrer barreiras em virtude de
questões ambientais, e outras barreiras surgirão em relação à rastreabilidade
dos produtos, advindas, principalmente, dos mercados mais maduros. Sendo
assim, o blockchain pode significar para os segmentos da indústria e demais
setores produtivos brasileiros - sobretudo aqueles que estão atentos ao fator
inovação – a abertura de portas e novas fronteiras comerciais para garantir a
competitividade dos nossos produtos em âmbito global.
Boa leitura!
INTRODUÇÃO 11
CAPÍTULO 1
Blockchain, que
bicho é esse?
13
E
m crescimento exponencial, a tecnologia blockchain se configura
em uma rede de computação distribuída, na qual os participantes
encontram a segurança necessária para se integrarem com outros
atores distintos, inclusive com desconhecidos, com os quais não possuem
histórico de compartilhamento de dados, recebendo uma garantia técnica
de inviolabilidade, transparência, interoperabilidade e imutabilidade dos
Inviolabilidade - Que não registros. Traduzindo: uma rede de computação que permite realizar transações
pode ser violado. diversas com muito mais segurança e transparência, e sem intermediários.
Interoperabilidade -
Capacidade de um Numa tradução livre, blockchain significa cadeia de blocos: um conjunto
sistema de se comunicar de informações registradas em um bloco se interliga a outros blocos de
de forma transparente
com outro sistema.
informações criados antes ou depois nessa rede sincronizada.
CONTEÚDO CONTEÚDO
CONTEÚDO + +
HASH 0 HASH 1
Demonstração
gráfica de uma HASH 0 HASH 1 HASH 2
cadeia de blocos.
Demonstração gráfica
de uma rede centralizada.
Demonstração gráfica
de uma rede distribuída.
80k
Registro de preço do Bitcoin em dólares americanos
60k
40k
20k
0k
2012 2014 2016 2018 2020
1 2 3
19
A
ntes de apresentar um comparativo entre as principais tecnologias
que dominam as aplicações de blockchain no mundo, vamos
conhecer os diferentes tipos de redes que podem ser criadas a
partir da tecnologia.
Blockchain pública
É uma rede aberta, não-permissionada, onde qualquer um pode participar,
recebendo, enviando e auditando informações. Antes de uma transação ser
considerada válida, ela precisa ser autorizada por cada um dos “nós”, por meio
do processo de consenso da cadeia. Se seus protocolos estiverem corretos, a
transação será validada e adicionada à cadeia do blockchain. Sendo que cada
nó de uma blockchain pública não-permissionada tem o mesmo poder de
transmissão e recebimento que todos os outros “nós”, esse tipo de rede não é
apenas descentralizada, mas distribuída e totalmente transparente.
Blockchain híbrida
Uma rede híbrida possui a maior parte dos dados aberta aos seus membros,
mas opera a partir de permissão. Em uma linguagem clara, esse tipo de rede
busca unir o que existe de melhor nas redes públicas e privadas. Seus membros
decidem, por exemplo, quem pode fazer parte da rede e quais transações
poderão ser tornadas públicas. Sendo assim, o que diferencia essa rede
blockchain híbrida de uma rede blockchain privada? A diferença reside no fato
de que, mesmo que exista um conjunto de pessoas controlando a rede, eles
não têm o poder de alterar a imutabilidade e a segurança das transações. Nas
redes híbridas, os controladores podem somente definir quais transações serão
tornadas públicas e quais não serão.
Desde 2016, a Hyperledger optou por não ter uma criptomoeda própria,
operando abertamente com as existentes ou outras formas de ativos. Um dos
projetos Hyperledger, o HL Besu, por exemplo, utiliza como criptomoeda o
Ether da Ethereum.
O Hyperledger Fabric se
ajusta melhor às demandas
empresariais do segmento
industrial e de PMEs, no que se
refere a interoperabilidade de
cadeias produtivas e integração
delas com agentes públicos,
com as mesmas características
de inviolabilidade, transparência,
privacidade dos dados
verificados numa rede aberta,
como a Ethereum. Motivo pelo
qual o presente estudo dará
ênfase na sua utilização.
27
A
decretação de Pandemia por parte da Organização Mundial da
Saúde (OMS) no ano de 2020 trouxe um impacto generalizado para a
humanidade e, particularmente, ao comércio exterior.
A rede blockchain
da União Europeia
A rede blockchain oficial da União Europeia, chama-se European blockchain
Services Infraestructure (EBSI), traduzida como “Infraestrutura Europeia
de Serviços Blockchain”. Não se dedica exclusivamente ao foco do comércio
exterior, mas ao processo de integração burocrática dos países-membros, com
vistas à facilitação da vida dos cidadãos europeus.
A REDE EM SUA
ORIGEM FOI
ESTRUTURADA
PARA OPERAR
COM APENAS
20 DOS 27
ESTADOS
MEMBROS
+ + +
30% 10% 30%
No volume de No número de
Aumento do número
compartilhamentos, solicitações feitas
de países que
representando ao eTranslation,
implantaram ao menos
aproximadamente representando
um dos 25 “nós”
491 milhões de 328 milhões de
da rede
documentos traduções
33
C
om a segurança e a agilidade asseguradas pela rede blockchain,
manter as operações em âmbito global sem a adoção desta
tecnologia é como jogar tempo e dinheiro fora. Naturalmente
que estes dois recursos são preciosos, e quaisquer otimizações podem
significar aumento na capacidade competitiva e na viabilidade exportadora,
especialmente das micros, pequenas e médias empresas.
5% 400%
PME´s exportadoras -
Cooperativismo
A exportação pela via do cooperativismo expande-se a cada ano no Brasil.
Aproximadamente 137 cooperativas atuam no comércio exterior embarcando
produtos agrícolas ou agroindústrias e importando insumos. São 19 Estados
brasileiros (cerca de 94 municípios) onde cadeias produtivas se organizam e
se submetem ao cenário competitivo internacional.
OS ESTADOS CUJAS
COOPERATIVAS Em 10 dos 94 municípios as cooperativas respondem por 100% dos
MAIS EXPORTAM embarques. Os estados cujas cooperativas mais exportam são: Mato Grosso
(25%), Rio Grande do Sul (21%), Minas Gerais (16%), São Paulo (14%) e Paraná
(13%), em dados de 2020.
14% - SP
até o ponto de venda.
13% - PR
de competitividade destes coletivos, fortalecidos com a adoção de
procedimentos respeitados e reconhecidos internacionalmente dentre as
melhores práticas globais de comércio.
39
N
este capítulo, vamos conhecer algumas das aplicações da tecnologia
blockchain no comércio exterior, envolvendo, inclusive, as transações
financeiras, cambiais e de auditoria envolvidas nos processos, e
alguns casos de sucesso que servem como referência e inspiração para as
empresas brasileiras.
Blockchain na indústria de
alimentos e bebidas
Boa parte das dificuldades encontradas no setor de alimentos e bebidas,
formado em sua maioria por PMEs, se deve ao número de processos
humanos e físicos não integrados. Por meio da tecnologia blockchain é
possível acompanhar as etapas de produção, industrialização, transporte e
distribuição de alimentos e bebidas. Pode-se gerar um histórico imutável de
cada etapa do processo produtivo de um produto, dando acesso rápido,
fácil e confiável ao consumidor sobre a procedência e o cumprimento de
exigências legais.
No Brasil, o Carrefour é um dos pioneiros na adoção da tecnologia e se
esforça para educar o consumidor sobre a importância de uma alimentação
mais saudável e sustentável, em acordo com as diretrizes globais da
empresa, chamada “Act For Food”.
Caso
Blockchain na logística
internacional
RASTREAMENTO
FÍSICO DE CARGAS
1 2 3 4
5 6 7 8
9 10 11 12
17 18 19 20
21
BANCO DO EXPORTADOR
TRANSFERE PARA ELE AS
CAMBIAIS RECEBIDAS
Caso
Caso
Covantis
A Covantis elegeu o Brasil por ser uma das nações líderes na produção
e comercialização de commodities, ao mesmo tempo pelas imensas
dificuldades logísticas e burocráticas que impactam o resultado destas
empresas. O consórcio não tem o objetivo de provocar alterações no valor da
cotação internacional das commodities devido ao ganho de eficiência, mas
reduzir drasticamente a complexidade burocrática dos processos envolvidos.
O ganho de eficiência com o uso da rede blockchain para uma das Trading
Companies individualmente não garantiria a mudança estrutural necessária
para justificar a tentativa de modernização logística do país como um todo.
RESULTADOS OBTIDOS
ATÉ INÍCIO DE 2021 • Estatísticas do movimento gerado na rede até o período citado -
150 players (entre membros e usuários), aproximadamente 2 bilhões de
Continentes
• Interface de cadastramento diferenciado de membros e usuários -
o que possibilita o registro de dados de acesso e conexão, interface do
usuário específico com possibilidade de registro de dados digitizados ou
600 natodigitais, ou seja, que são gerados como digitais ao invés de convertidos
Portos
geradas e suas evoluções ao longo da cadeia documental, gerando trilhas
de auditoria de todo o histórico.
A integração do Brasil
à rede Tradelens
A Câmara de Comércio Exterior do Brasil – Camex e a Secretaria da Receita
Federal respondem sobre a viabilidade de integração entre a rede e o Portal
Único do Governo, que por si, integra diversos sistemas governamentais,
para fins de simplificação. O Serviço de Processamento de Dados (Serpro)
tem papel fundamental na garantia operacional e na observação desta
viabilidade, no que se refere à observação das legislações que regulam, por
exemplo, o aceite de documentação digital. Outro fator relevante é que o
governo não pode dizer que a empresa será obrigada a usar uma solução ou
outra, a não ser que seja uma solução do próprio governo.
O GOVERNO NÃO
PODE DIZER QUE
A EMPRESA SERÁ
OBRIGADA A USAR
UMA SOLUÇÃO
OU OUTRA, A NÃO
SER QUE SEJA
UMA SOLUÇÃO
DO PRÓPRIO
GOVERNO.
Caso
As flores do Quênia
O Quênia é um país conhecido por sua produção e exportação de flores,
destinadas principalmente ao mercado europeu e norte-americano. Contudo,
a descoberta de uma bactéria nas flores embarcadas pelo país fizeram com
que estes mercados se fechassem para suas exportações, gerando um
enorme impacto na economia local, tão dependente das divisas cambiais
provenientes desta comercialização.
HSBC
Considerada a primeira operação bancária do blockchain no comércio
internacional, esta experiência do Banco HSBC testou com sucesso a
agilidade e a segurança num processo exportador de soja Argentina para a
Malásia. Sabe-se que a experiência positiva levou a instituição financeira a
diversas outras utilizações da tecnologia nas transações internacionais, até
sua adoção.
Caso
Caso
61
A
adoção da tecnologia blockchain já está se tornando um padrão
na sistemática global do comércio exterior, motivo pelo qual a
orientação do setor produtivo brasileiro, com vistas a adoção desta
modalidade, é imprescindível. Trata-se de garantir a competitividade das
empresas nacionais, expostas aos concorrentes do comércio exterior que
aceleram suas adequações para operarem em um cenário de controle
aduaneiro global totalmente digitalizado e integrado.
Uma parceria entre elas e seus sindicatos vinculados, com o apoio dos Sebraes
estaduais, facilitaria a adesão dos organismos municipais e estaduais, dos bancos
de fomento, dos órgãos anuentes e aduaneiros, dentre outros, com vistas a
assegurar a agilidade dos processos e das etapas de embarques internacionais.
Recomendações às empresas
exportadoras brasileiras
1. Avaliar a possibilidade de integração da cadeia de fornecimento de
produtos, matérias-primas e prestadores de serviços, em uma plataforma
blockchain em diferentes categorias: membros ou participantes.
Passo
desenvolvimento de redes blockchain -
permissionadas.
1 Regional Communities – Hyperledger:
www.hyperledger.org/participate/regional-communities
Recomendações ao Sebrae
1. Mobilizar prioritariamente os Arranjos Produtivos Locais com experiência exportadora, fornecendo
conhecimento da tecnologia blockchain e sua importância para a integração das cadeias produtivas e
adequação às normas internacionais da logística de comércio exterior.
4. Apoiar as federações indústrias numa ampla articulação junto aos órgãos anuentes do comércio
exterior nas esferas federal, estadual e municipal, no que se refere à possibilidade de participação
dos entes públicos em redes de blockchain lideradas pelos setores industriais, representados por seus
sindicatos e apoiados pelos Centros Internacionais de Negócios – CIN´s;
71
ALIANÇA PORTUGUESA BLOCKCHAIN. Etiópia considera utilizar
blockchain na exportação de café. Disponível em: https://all2bc.com/
noticias/etiopia-considera-utilizar-blockchain-na-exportacao-de-cafe. Acesso
em: 13 ago. 2021.
REFERÊNCIAS 73
MANCINI, Claudia. Começará no Brasil uso global de blockchain por
ADM, Bunge, Cargill, Glencore, LDC e COFCO. 20 abr. 2020. Disponível
em: https://www.blocknews.com.br/corporativo/comeca-no-brasil-uso-
global-de-blockchain-por-adm-bunge-cargill-glencore-ldc-e-cofco/. Acesso
em: 13 ago. 2021.
DIRETORIA DE SERVIÇOS
CORPORATIVOS – DSC
Carlos Neri
Projeto gráfico