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Reflorestamento de Mangal em Icidua
Reflorestamento de Mangal em Icidua
Reflorestamento de Mangal em Icidua
Autor:
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Supervisor:
Dedico este trabalho de licenciatura peculiarmente a minha mãe Fátima Pedro (in memoriam)
que plantou mais não colheu os frutos. E a todos que evidenciaram esforços para a realização
deste curso.
Dedico!
Crescimento e cobertura do mangal Avicennia marina nos campos de reflorestamento de Icidua, Cidade
de Quelimane.
Agradecimentos
O meu maior agradecimento vai para Deus todo-poderoso criador da Terra, dos céus e tudo que
nele existe pelo dom gratuito da vida a mim concedido.
Ao meu supervisor Msc. Bonifácio Carlitos Manuessa pelo apoio, incentivo e orientação na
elaboração desse estudo.
Aos meus amigos António Paulo Muregue, Camacho Elias Melo, José da Silva Guanja e
Nordino Manuel Raimundo que me apoiaram com a sua amizade. Aos colegas que me apoiaram
no campo Armando Enginheiro, Kátia Matucanduva, Manito Marcolino, Segredo Saina, Doirado
Cebola, Vicente Braz, Gilda Mário pela ajuda na colecta dos dados. E a todos os colegas da
turma de biologia marinha (2014).
Palavras me faltam para agradecer aos meus tios Acácio Sebo e Rafaela Uapita que me
acolheram, apoiaram, e me suportaram durante todo o tempo de minha formação, meus primos
irmãos Domingo, Querino, Acácio, Luciana, Leonel, Ilídio, Feliciano, Benjamim, Pascoa, Minda
e Vanessa.
Agradecimentos especiais vão para os meus irmãos Plácido, Júlio, Dionísio, Betânia, Leonardo,
e minha sobrinha Thais da Gloria.
Um agradecimento especial também vai para Hemery Agostinho Ambrósio pelos conselhos,
carinho e conforto que me ofereceu nos momentos de angústia e por estar presente em todos os
momentos da minha vida ao longo desse percurso, obrigado pelo companheirismo.
Declaração
Eu Abel António Real Declaro por minha honra, que este trabalho intitulado, “ Crescimento e
cobertura de mangal Avicennia marina nos campos de restauração de Icidua, Cidade de
Quelimane” é da minha autoria e fruto do meu esforço pessoal com a orientação do meu
supervisor Msc. Bonifácio Carlitos Manuessa. A informação aqui contida reflecte fielmente aos
dados obtidos no campo e foi elaborado na base dos recursos a que tive acesso, estando indicadas
no texto do trabalho, assim como na página das Referências Bibliográficas todas as fontes
consultadas. O mesmo nunca foi submetido ou apresentado completamente ou parcialmente em
nenhuma outra instituição para fins de obtenção de qualquer grau ou título académico.
____________________________
Resumo
O presente estudo sobre o crescimento e cobertura de mangal, foi desenvolvido com o principal
objectivo de monitorar as diversas fases de crescimento e cobertura de mangal Avicennia marina
nos campos de reflorestamento de Icidua, arredores da cidade de Quelimane, O trabalho foi
realizado, no período correspondente a onze meses em duas fazes, entre as quais a 1ª fase que
cobriu os meses de Fevereiro à Setembro de 2016 e a 2ª fase que cobriu os meses de Maio á
Setembro de 2017. Os parâmetros analisados nesse estudo foram taxa de crescimento, número
total de plantas existentes em cada bloco, plantas com alturas superior e inferior que meio metro
(50 <h cm <50). O número das plantas existentes em cada bloco foi obtido mediante contagens
mensais nos blocos e calculado no final do monitoramento a média aritmética. Foram contadas
também mensalmente as plantas que atingiam uma altura superior que 50 cm e achado a média
aritmética. Para as plantas com altura inferior que 50 cm, o número total foi obtido mediante a
diferença entre o número total das plantas existentes em cada bloco com as plantas com altura
superior que 50 cm. Para se obter a taxa de crescimento das plantas da área monitorada foram
seleccionados 4 blocos experimentais onde faziam-se medições de altura das plantas com o
auxílio de fita métrica em algumas plantas sinalizadas e enumeradas.
Os resultados obtidos indicam presença de cerca de treze mil e noventa e seis plantas (13096)
onde o bloco 4 apresenta maior cobertura vegetal seguido pelo bloco 5 ocupando uma
percentagem equivalente á 57% e 13 % respectivamente. A altura máxima das plantas é igual a
130 cm e a taxa de crescimento médio registado foi de 9%. No total existem cerca de mil e
setecentas e uma (1701) plantas que possuem altura igual ou superior a 50 cm. Com base no
estudo feito Conclui-se que as plantas de mangal Avicennia marina reflorestadas no campo de
reflorestamento de Icidua estão a registar crescimento com uma taxa equivalente a 9 % por mês.
Abstrat
The present study on mangal growth and cover was developed with the main purpose of
monitoring the various stages of growth and cover of Avicennia marina in the reforestation fields
of Icidua, near the city of Quelimane. corresponding to eleven months in two phases, including
the first phase that covered the months of February to September 2016 and the second phase that
covered the months of May to September 2017. The parameters analyzed in this study were
growth rate, number total plants in each block, plants with higher and lower heights than half a
meter (50 <h cm <50).
The parameters analyzed in this study were growth rate, total number of plants in each block,
plants with higher and lower heights than half a meter (50 <h cm <50). The number of plants in
each block was obtained by monthly counts in the blocks and calculated at the end of the
monitoring the arithmetic mean. Plants that reached a height of more than 50 cm were also
counted monthly and the arithmetic mean was found. For plants with a height less than 50 cm,
the total number was obtained by the difference between the total number of plants in each block
and the plants with a height greater than 50 cm. In order to obtain the growth rate of the plants of
the monitored area, 4 experimental blocks were selected where measurements of height of the
plants in some plants signaled and listed.
The results obtained indicate the presence of approximately thirteen thousand and ninety - six
plants (13096), where block 4 presents the highest vegetation coverage followed by block 5
occupying a percentage equivalent to 57% and 13% respectively. The maximum plant height is
130 cm and the average growth rate is 9%. In total there are about one thousand seven hundred
and one (1701) plants that have height equal or superior to 50 cm. Based on the study done, it is
concluded that the Avicennia marina mangrove plants reforested in the Icidua reforestation field
are growing at a rate equivalent to 9% per month.
Lista de abreviaturas
Abreviaturas Significado
B Bloco
C Carbono
Cm Centímetro
Km Quilometro
m2 Metro quadrado
ha Hectare
% Percentagem
h Altura
Lista de figuras
Figura 4: Variação da (%) taxa de crescimento em altura nos 4 blocos experimentais. ............. 17
Lista de equações
Índice
Dedicatória ....................................................................................................................................... I
Agradecimentos .............................................................................................................................. II
Declaração..................................................................................................................................... III
Resumo ......................................................................................................................................... IV
Abstrat ............................................................................................................................................ V
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
3. Metodologia ........................................................................................................................... 11
3.4.1. Número total de plantas existentes em cada bloco e de toda área reflorestada .......... 14
3.4.3. Número médio de plantas com altura superior e inferior que 50cm .......................... 15
4. Resultados .............................................................................................................................. 16
4.1. Número total de plantas por bloco e de toda área reflorestada ...................................... 16
5. Discussão ............................................................................................................................... 19
5.1. Número total de plantas por bloco e de toda área reflorestada ...................................... 19
6. Conclusões ............................................................................................................................. 22
7. Sugestões: .............................................................................................................................. 22
1. Introdução
O ecossistema de mangal possui diversas funções importantes para o equilíbrio ambiental. Sendo
apontado, como indicadores naturais para as modificações de linha de costa, processos
geomorfológicos, sedimentares e oceanográficos em função da rápida resposta das suas espécies
vegetais a qualquer alteração no ambiente (Almeida et al, 2008).
Para além dos mangais desempenharem um papel importante como fonte de matéria orgânica
para as águas costeiras, estes ecossistemas ecologicamente também servem de área de abrigo,
para reprodução, desenvolvimento e alimentação de espécies marinhas, estuarinas, terrestres, e
visitação de aves migratórias (Balidy & Laissone, 2011).
Por outro lado, em termos de importância ambiental e económico os mangais são estruturas de
protecção da linha de costa contra erosão, assoreamento dos corpos de água adjacentes,
prevenção de inundação, protecção contra tempestades; manutenção da biodiversidade da região
costeira; absorção e imobilização de produtos químicos, são biofiltradores de poluentes
orgânicos e sedimentos, além de tratamento de efluentes em seus diferentes níveis (Novelli,
1999).
A província da Zambézia destaca-se como sendo a que apresenta maior cobertura de floresta de
mangal em Moçambique com destaque para os distritos de Pebane, Mocubela, Maganja da
Costa, Namacurra, Quelimane, Inhassunge e Chinde, totalizando uma área de cerca de 155,757
hectares distribuídos ao longo da costa (Saket, 1994), área que nos últimos anos tem vindo a
registar uma grande perda devido ao elevado índice de desmatamento, facto que acelera a sua
destruição, causada pelo crescente aumento da população e as inúmeras dificuldades económicas
que se fazem sentir no seio da população (Camara, 2013).
O presente trabalho pretende contribuir com conhecimentos que podem ajudar a melhorar as
condições ecológicas perdidas nesse local devido ao abate de mangal, oferecendo informações
importantes sobre a restauração de mangais em Icidua e para outros campos de reflorestamento
já existentes.
1.1. Problematização
Os mangais são ecossistemas importantes do ponto de vista ambiental pelo facto da sua
ocorrência constituir um berçário para inúmeras espécies de animais marinhos que se introduzem
ao mangal para várias finalidades como por exemplo o refúgio contra predadores numa certa fase
da vida, reprodução, como zona específica de crescimento e a procura de alimentação. Suas áreas
de ocorrência estão desaparecendo indiscriminadamente em todo o planeta, apesar de serem
consideradas áreas de preservação permanente (Huber, 2004).
Falta de outros recursos alternativos como o caso do coqueiro que devido a problemática
do amarelecimento letal acabaram por morrer. Assim sendo o mangal passou a ser a
única solução para a população, onde através da exploração e comercialização das suas
estacas podiam garantir a subsistência das famílias, construção de novas casas e na
geração de renda para suprir necessidades básicas tais como educação e saúde;
Construção de salinas abandonadas, deixando vários hectares sem nenhuma vegetação;
Construção e abandono de infra-estruturas de aquacultura
Expansão de novas áreas para habitação.
O problema que se verifica actualmente nessa região (de Icidua) é de fortes influências de
inundações e de erosão costeira devido a falta de mangais.
Com intuito de reverter tais problemas de falta de mangais e evitar suas consequências,
pesquisadores buscam, desde a década de 1970, em várias regiões tropicais e subtropicais do
mundo, aperfeiçoar técnicas que possibilitem restaurar os ecossistemas dos mangais, através do
replantio e monitoramento de suas espécies vegetais (Field, 1997) citado por (Huber, 2004).
Tais estudos têm como objectivos o levantamento de dados sobre diferentes técnicas, como: a
produção de mudas; a avaliação das melhores épocas para semear propágulos, plantar e
transplantar plântulas; a forma de plantio; e o monitoramento pós-plantio (Huber, 2004).
No país existem vários projectos que iniciaram a restauração de mangais, contudo pouco se
conhece ao fundo sobre as técnicas de monitoramento desde a fase de replantio, crescimento e
cobertura nas zonas de reflorestamento de mangais.
1.2. Justificativa
Segundo o relatório do ministério da terra ambiente e desenvolvimento rural [MITADER]
publicado em 2015, os principais tópicos relativos à ecologia dos mangais, tais como o impacto
da poluição agrícola; as melhores práticas de plantio e as causas naturais de perda de
ecossistemas, controle de pragas e doenças, bem como o monitoramento das áreas de restauração
entre outros, ainda não foram respondidas no contexto específico da costa de Moçambique.
Vários estudos sobre mangais foram realizados em Quelimane, destacando-se os realizados por
Armando (2011) “Estudo da Dinâmica da Floresta do Mangal no Estuário dos Bons Sinais”;
Tembe (2010) “Caracterização da estrutura da vegetação e estado de exploração do mangal da
Ponta Olinda”; Mapai (2015) “Influencia da densidade arbórica e da humidade no carbono
contido no solo na floresta de mangal de Mirazane, estuário dos bons sinais”; Mariano (2015)
“Técnicas usadas para restauração de ecossistemas de mangal degradados” e Mega (2017)
“Condições hidrológicas nos campos de recuperação de Mangal de Icidua, Cidade de Quelimane.
Entretanto, nenhum dos estudos acima mencionados abordou sobre aspectos do reflorestamento e
muito menos o monitoramento do seu crescimento e cobertura de mangal em zonas
completamente desmatadas. Não obstante, trabalhos de género se traduzem em alternativas
necessárias para travar os efeitos associados a origem de muitos problemas, assim como na
preservação e gestão desse ecossistema que com o crescimento populacional e a urbanização, o
efeito do homem se fez sentir negativamente na devastação da floresta de mangal para atender
aos diversos fins, empobrecendo desse modo a biodiversidade que nele esteve presente e
deixando desse modo a região susceptível a fortes influências de inundações e de erosão costeira.
1.3. Objectivos
Determinar o número total de plantas existentes por bloco e de toda área reflorestada;
Estimar a taxa de crescimento por bloco;
Estimar o número médio de plantas com altura superior e inferior que 50cm por bloco
durante o período amostrado.
2. Revisão bibliográfica
As maiores extensões de mangais do mundo estão presentes na região Indo pacífica (FEMAR,
2001). A sua distribuição é dividida em um grupo oriental e um grupo ocidental. O grupo
oriental inclui África Oriental, Índia, Sudeste Asiático, Austrália e Pacífico Ocidental. O grupo
ocidental inclui África Ocidental, Atlântico da América do Sul, Caribe, Flórida, América Central
e Pacífico Norte e América do Sul (Elizabeth & Salm, 2006).
O mangal em Moçambique ocupa uma área estimada de 390 000 hectares (FAO, 2007), que se
estendem ao longo dos 2.770 quilómetros de costa e geralmente ocorre ao longo de estuários,
baías e lagunas (FAO, 2005).
De acordo com Bandeira (2012) o delta do rio Zambeze foi a maior área com cobertura de
mangal em toda costa do leste da África ocupando uma área de cerca de 100 000 ha. Com
diversidade de oito (8) espécies de mangal: Avicennia marina, Rhizophora mucronata, Ceriops
tagal, Bruguiera gymnorrhiza, Sonneratia alba, Lumnicera racemosa e Xilocarpus granatum
(Barbosa et al, 2001; Hoguane, 2007).
No norte de Moçambique, os mangais são encontrados a partir do rio Rovuma em Cabo Delgado,
até Angoche em Nampula, com áreas de notável desenvolvimento em Lumbo, Ibo- Quissanga e
baia de Pemba. No Sul do país, os mangais ocorrem com notável desenvolvimento em
Morrumbene, baia de Inhambane, baía de Maputo, e na Ilha de Inhaca (MITADER, 2015).
Conforme o estudo feito pela World Wide Fund for Nacture [WWF] (2017) Cerca de 11 espécies
de mangal ocorrem em Moçambique e as dominantes são as seguintes: Avicennia marina,
Bruguiera gymnorrhiza, Ceriops tagal, Rhizophora mucronata, Sonneratia alba; e as menos
dominantes são: Xylocarpus granatum, Lumnitzera racemosa, Acrostichum aureum,
Barringtonia racemosa, Hibiscus filiaceus, e Thespesia populnea.
Avicennia marina é a espécie mais dominante dentre os mangais que se podem encontrar no
delta de oceano indico (Aziz & Khan, 2000), Tolera elevados índices de salinidade, diferentes
Esse ecossistema funciona como barreira mecânica à acção erosiva das ondas e marés, área de
retenção de sedimentos carregados pelos rios, área de retenção de metais pesados, área de
concentração de nutrientes; área de reprodução, de abrigo e de alimentação de inúmeras espécies
e área de renovação da biomassa costeira e estabilizador climático (FEMAR, 2001).
Segundo Burguer (2005), os mangais fixam solos estáveis e actuam como quebra ventos e
quebra marés.
Dentre várias importâncias do mangal destaca-se o papel dos mangais na mitigação das
mudanças climáticas e muitos deles referem que os mangais são equivalentes a florestas tropicais
na medida em que eles armazenam carbono orgânico no solo (MITADER, 2015).
De acordo com a mesma fonte os mangais são conhecidos por realizar serviços ambientais
divididos nas seguintes categorias:
O entendimento dos processos do ecossistema dos mangais é essencial para distinguir entre
mudanças naturais que não requerem intervenções de gestão e degradação que devem ser
prevenidas (Duke, 2015).
Os mangais estão a registar declínio em termos de suas áreas de cobertura em todo mundo. Em
Moçambique a taxa global de desmatamento é estimado em 18,2 Km2/ano (UNEP, 2003) e as
causas de degradação dos mangais estão ligadas a factores antropogénicos e naturais. Os factores
antropogénicos constituem a principal ameaça aos mangais no país, e estão relacionados com as
principais formas de uso dos recursos de mangal (Macamo & Sitõe, 2017).
As principais formas de uso dos mangais em Moçambique são: o corte para obtenção de
combustível lenhoso, madeira e estacas (para venda e consumo doméstico); a construção de
barcos, de vedações e de vários utensílios domésticos (Barbosa et al. 2001).
3. Metodologia
O presente estudo foi realizado no campo de restauração de mangal de Icidua (Figura 1) que teve
o plantio das mudas de Avicennia marina em 2015 no bairro de Icidua localizado entre as
seguintes coordenadas 17 º 53.460’S e 036 º 54.553’E, arredores da cidade de Quelimane.
O clima do Distrito de Quelimane é do tipo tropical Chuvoso de savana com duas estações; Fria
e Seca (Abril a Outubro) e quente e húmida (Novembro a Março), com uma precipitação média
de 800 mm e uma temperatura máxima absoluta de 42.1 ºC, temperatura média de 25.7 °C,
temperatura mínima absoluta de 10.3 ºC, humidade Relativa de 74.9% e Precipitação Média
Mensal 72.1 mm (INE, 2011).
Fita métrica;
Paquímetro;
Máquina calculadora;
Máquina fotográfica;
Tabela de maré de INAHINA 2017;
GPS e
Bloco de notas
3.3. Amostragem
O estudo foi realizado durante onze meses envolvendo duas fases. A primeira fase aconteceu no
período correspondente aos meses de Fevereiro à Setembro de 2016, ondem foram obtidos dados
referentes a cobertura do mangal. A segunda fase que tinha como objectivo obter dados
referentes ao crescimento decorreu no período correspondente ao mês de Maio á Setembro de
2017.
A área de reflorestamento possui uma extensão de 8ha e esta dividida em oito (8) blocos onde
cada bloco possui em média uma área equivalente a 1ha, não havendo diferenças significativa
nas áreas entre os blocos.
O monitoramento foi feito mensalmente em cada bloco e os parâmetros analisados nesse estudo
foram: altura (em cm) do sedimento a base da gema apical (Menezes, 1999), número total de
plantas por cada bloco e taxa de crescimento. Não foi possível determinar a taxa de
sobrevivência nesse estudo devido a ausência de informações sobre o número inicial das plantas
reflorestadas em cada bloco.
Observou-se no campo que a distribuição do mangal em cada bloco é desigual, tendo sido
verificado que em outros blocos as plantas estavam aglomeradas somente nas extremidades e
noutros blocos mais para o centro e as outras partes do bloco permanecendo sem plantas ou com
número muito reduzido e não representativa. Considerando essa distribuição desigual e por
razões de representatividade do resultado optou-se por escolher em cada bloco os locais com
maior vegetação e parcelada uma área equivalente a 5m2 com a ajuda de uma fita métrica de 5m
de marca Oxford com o intuito de obter dados de altura (cm) da planta para permitir determinar a
taxa de crescimento das plantas existentes.
A altura das plantas foi medida com base numa fita métrica. Os diâmetros do caule das plantas
foram obtidos mediante o uso de paquímetro com precisão de 0,1mm. As plantas estavam
Os valores médios da altura da planta nos blocos foram analisados utilizando-se a análise de
variância ANOVA mediante o programa estatístico SPSS 22.0. Verificadas diferenças entre os
blocos ao nível de 5% (α= 0.05) recorreu-se ao teste de Tuckey para a obtenção das diferenças
mínimas significativas. Os cálculos para o teste de Tuckey foram feitos manualmente.
3.4.1. Número total de plantas existentes em cada bloco e de toda área reflorestada
Para se obter o número total de plantas existentes por cada bloco e de toda área reflorestada
foram usadas as seguintes expressões matemáticas (equação 1 e 2) abaixo indicadas:
∑
(equação 1)
∑
(equação 2)
Com dados de comprimento de plantas obtidos mensalmente foi possível obter a taxa de
crescimento mediante a equação abaixo adaptado a partir da fórmula de Reis & Muller (1979):
(equação 3)
Onde:
3.4.3. Número médio de plantas com altura superior e inferior que 50cm
O número médio de plantas por bloco foi obtido com base nas seguintes expressões matemáticas:
∑
Nh> 50cm = (equação 4)
∑
Nh< 50cm = (equação 5)
Onde:
4. Resultados
A figura abaixo (figura 3) ilustra a cobertura do mangal na área reflorestada mostrando o número
de plantas que cada bloco possui. De acordo com este resultado observa-se que o bloco 4 possui
maior cobertura vegetal com sete mil e trezentos e noventa e cinco (7395) plantas ocupando 57%
de cobertura de toda área monitorada seguido por bloco 5 com mil e seiscentos e noventa e
quatro (1694) que ocupa 13%. O bloco com menor cobertura de mangal é o bloco 1 que
apresenta simplesmente setecentos e setenta e oito (778) plantas ocupando 6%. Numa análise
geral o resultado mostra a presença de cerca de treze mil e noventa e seis (13096) plantas,
havendo maior número de plantas nos blocos quatro e cinco (4 e 5).
Observou-se nesse monitoramento que a altura mínima das plantas existentes nos campos de
reflorestamento é de 17 cm e a altura máxima é igual a 130 cm. A taxa média observada foi de
9% com incremento que varia entre 8 cm á 11cm.
A figura 5 mostra o número de plantas que atingiram mais de meio metro na sua altura ao longo
do período monitorado e as que não atingiram essa altura. Numa abordagem geral ao longo do
período em estudo os resultados mostram que cerca de mil e setecentos e uma planta (1701)
atingiram altura superior que meio metros (50cm) ao passo que a maior parte das plantas não
atingiram essa altura tendo-se verificado presença de onze mil e trezentos e noventa e cinco
(11395) plantas. O bloco 4 apresenta maior número de plantas com alturas superiores e inferiores
a 50 cm seguido pelo bloco 5.
h>50cm h<50cm
8000 N=13096
7500
7000
6500
6000 6035
5500
Numero de plantas
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000 1370 1360 1547
1500 997
632 814
1000
500 72 95 147
21 6
0
B1 B2 B3 B4 B5 B8
Blocos
Figura 5: Número de plantas com alturas superior e inferior que 50 cm. Abreviaturas: h= altura; B=
bloco.
5. Discussão
O menor número de plantas existentes no campo de reflorestamento de Icidua pode ser associado
com as condições hidrológicas nele existente. Os blocos 4 e 5 possuem o maior número de
plantas existentes em todo o campo de reflorestamento quando comparado com os blocos 1, 2 e
3. Observou-se nesse estudo que as características que os blocos apresentam em termos do tempo
de permanência de água são diferentes devido a topografia dos solos e a facilidade de entrada e
permanência das águas.
Segundo observações feitas no campo durante as marés enchentes e vazantes nesse estudo,
permitiram concluir que os blocos 4 e 5 possuem maior capacidade de retenção da água ao passo
que os blocos 1, 2 e 3 que apesar de estarem directamente ligadas ao estuário dos bons sinais não
tem capacidades para reter água por muito tempo. Essas observações permitiram entender que o
número de plantas esta associado com as condições hidrológicas disponíveis no campo.
Segundo Mega (2017), as condições hidrológicas que se podem observar no campo de Icidua não
são favoráveis para o reflorestamento de plantas nessa região e aponta que as configurações do
tereno não são favoráveis.
Um outro factor que pode ser associado ao número das plantas nesse campo é a propiá acção
humana, uma vez que vivem próximo da zona de reflorestamento, é comum ver-se pessoas a
caminhar nos campos principalmente nos blocos 2, 3 e 5 onde usam como via de acesso. Ao
redor do campo de reflorestamento de Icidua existem habitações principalmente de pescadores e
camponeses que passam pelo campo quando se dirigem ao estuário com finalidades de pescar ou
comprar o pescado.
Os blocos que estão mais distantes do estuário (B4 e B5) apresentam maior crescimento quando
comparado com os blocos próximos ao estuário (B2 e B3). Essas diferenças podem ser
associadas com a presença de nutrientes nos blocos provenientes da principal fonte de irrigação
no campo (estuário dos bons sinais).
Apesar dos blocos 2 e 3 estarem mais próximos da fonte de irrigação esses não permanecem por
muito tempo submersos pois as águas escorrem com mais facilidade quando comparado com os
blocos 4 e 5 que estão distantes do estuário mais permanecem mais tempo em relação aos outros
blocos. O desenvolvimento das plantas nesses blocos esta sendo afectada pela presença de
nutrientes.
O estudo feito por Menezes (1999) indica que a maré é responsável pela distribuição dos
nutrientes necessários para o desenvolvimento dos mangais. A mesma autora expõe que quanto
maior a amplitude da maré ao longo de uma costa baixa, maior será a área afogada durante cada
ciclo tidal, favorecendo ao crescimento de extensos mangais.
O crescimento das plantas tanto em comprimento bem como em largura depende das condições
hidrológicas, quantidade de nutrientes, aspectos ligados ao solo e ao clima (Mcleod & Salm,
2006).
Em termos de quantidades o bloco 4 possui maior número de plantas com alturas superiores e
inferiores que 50 cm, esse bloco sugere que as condições hidrológicas nele existente são
adequadas para o desenvolvimento das plantas da espécie Avicennia marina. Portanto esse
detalhe pode ser usado para estudos de outros parâmetros que contribuem para o
desenvolvimento dessa espécie no bloco 4 quando comparado com os outros blocos.
6. Conclusões
O campo de reflorestamento de Icidua possui uma cobertura vegetal com cerca de treze
mil e noventa e seis (13096) plantas das quais cerca de mil e setecentas e uma planta
(1701) atingiram altura superior que meio metro (50cm) e onze mil e trezentos e noventa
e cinco (11395) planta possuem alturas inferiores que 50cm;
As plantas possuem uma taxa média de crescimento igual a 9%;
7. Sugestões:
8. Referências bibliográficas
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na região metropolitana do Rio de Janeiro através de técnicas de sensoriamento remoto
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