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Sugestões de Acolhimento - Texto
Sugestões de Acolhimento - Texto
Sugestões de Acolhimento - Texto
E esse é um assunto muito comum e frequente no início do ano, com a chegada de novos
professores e alunos. No entanto, não é só nesse período que devemos fazer isso. As
angústias, medos, inseguranças, problemas e outras tantas situações que exigem um olhar
diferente, um gesto acolhedor, estão presentes o ano todo. Por isso, escolhi falar com vocês da
continuidade desse acolhimento, que começa na chegada de cada um na escola, mas que se
estende por toda sua jornada.
Tem o aluno que chega até sua sala porque bateu em um colega, mas que você sabe que ele
enfrenta sérios problemas na família e sofre com a saída do pai de casa. Tem a professora
recém-chegada, que fica quietinha na reunião pedagógica, mas você percebe suas dificuldades
no cotidiano com as crianças e do quanto aquele novo universo tem sido assustador para ela.
A mãe que está preocupada porque seu filho ainda não aprendeu a ler. A gestão da escola
aflita pelo bom andamento do Projeto Político-Pedagógico. Enfim, exemplos não faltam e nem
precisariam ser listados aqui, porque certamente vocês conhecem uma porção!
Mas como o coordenador pode acolher a todos e fazer com que cada um avance no âmbito da
escola? Para responder a essa pergunta trago a experiência que, à lembrança do grande
educador Paulo Freire, fala sobre nossa incompletude e da necessidade de educarmos uns com
os outros.
Ao entender as relações humanas desta forma, busquei desde então estratégias para atender
as múltiplas demandas que recebia, a partir de uma perspectiva mais horizontal, pelo exercício
do diálogo e empatia. E não se trata de ser o coordenador bonzinho, aquele que faz tudo para
agradar a todos. Pelo contrário, já que a tarefa de educar também exige nosso rigor,
comprometimento e competência profissional, o mix de tudo isso é o que pode dar o tom às
ações do coordenador.
Embora sejam inúmeras as demandas, é importante lembrar que o volume maior delas está
entre os professores, uma vez que o coordenador também trabalha com a formação
profissional deles. As estratégias que escolhi para compartilhar acabam tendo como foco
maior o professor:
2) Não tenha medo de mostrar suas incompletudes: quando o coordenador compartilha sua
experiência anterior como professor, incluindo os sucessos, fracassos, fragilidades e
inseguranças, ajuda o grupo a confiar muito mais na figura do coordenador, que deixa de ser
aquele profissional fiscalizador, julgador e passa a ser de fato um refúgio e um apoio
fundamental para o trabalho do professor. Da mesma forma quando você conversa com as
famílias e fala, por exemplo, de suas preocupações e experiências como mãe, aproxima e
favorece o diálogo.
3) Seja você a motivação da equipe: nada contra vídeos de autoajuda ou filmes motivacionais
– eles são ótimos, faço uso sempre que possível – mas esse recurso sozinho dificilmente lhe
ajudará a alcançar o que precisa. Há que se mobilizar a equipe diariamente, seja com o bom
humor na segunda-feira, na escolha de uma estratégia diferente da planejada, quando
percebe que o grupo não está bem, na apresentação dos resultados e na necessidade de
avanços etc.
4) Seja a mudança que você quer ver: não tem jeito, é do ser humano: ele aprende com o
exemplo (positivo e negativo). Então, se você quer que seu professor saia mais da sala de aula
e ocupe outros espaços da escola, suas reuniões pedagógicas não poderão ser sempre na sala
dos professores em volta de uma mesa, há que se usar a quadra, o pátio, o jardim da escola,
um passeio pelo bairro etc.
5) Evidencie o que o outro tem de melhor: todos nós gostamos de ser valorizados! Um
professor que é muito bom em fotografia pode ser escolhido para registrar um evento da
escola ou comandar uma reunião pedagógica, compartilhando técnicas de fotografia para
melhorar o registro do professor, bem como usar esse recurso com as crianças. Práticas
positivas em sala também podem ser socializadas entre os pares. E por aí vai!
Camila Zentner Tesche é formada em Pedagogia com especialização em Educação Infantil pela
Universidade de São Paulo (USP) e está na coordenação pedagógica da Escola da Prefeitura de
Guarulhos Manuel Bandeira há oito anos. A EPG atende a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental I e, desde 2015, faz parte do mapa de escolas inovadoras do MEC.
Atividades para Educação Infantil: acolhimento e adaptação