Análise Do Livro Coerção
Análise Do Livro Coerção
Análise Do Livro Coerção
LONDRINA
Outubro/2007
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LONDRINA
Outubro/2007
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AGRADECIMENTOS
aqui. O primeiro deles é à minha mãe, pelas tantas palavras de incentivo e momentos de
colo que sempre me deram a força necessária para alcançar nossos objetivos. Por ter me
resgatado e ter ficado comigo em tantos momentos difíceis e, sobretudo, me feito lembrar
de cada dia de sol que teríamos juntas. Agradeço também ao meu pai, que me apoiou de
ajuda me deram, cada uma à sua maneira. “Vocês são muito importantes na minha vida e
é uma alegria tê-las sempre comigo!”. Outro agradecimento é à minha terapeuta, Juliana
dos Santos Taki, a quem estimo e agradeço sobretudo pela confiança em mim. “Ju, você
nem imagina o quanto foi importante na minha vida. Todo o seu trabalho foi muito
significativo e fez toda a diferença na vida de muitas pessoas, não apenas na minha. Muito
incentivado diariamente. Tem estado comigo em momentos não só de alegria, mas também
de dificuldades. Obrigada por tudo, obrigada por ser exatamente como você é. Eu te
amo!”.
convivência. Com ela aprendi, não só grande parte do que sei hoje de Análise do
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faz. Obrigada aos demais professores da UEL, sobretudo à Maria Rita, de quem sempre
Aos amigos Jonas, Tati e Ieda, obrigada por todos os bons momentos que
passamos juntos durante o curso. Vocês deixaram todo esse período mais agradável!
4
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Dedico este trabalho aos meus pais, minhas irmãs e ao meu Daniel, amo muito todos
vocês!
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SUMÁRIO
R ESUMO
INTRODUÇÃO
2.3. PASSO III: EXAME DE TEXTOS DE OUTROS AUTORES E SELEÇÃO DE TEMAS PARA
ANÁLISE ........................................................................................................................... 36
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3 R ESULTADOS 51
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RESUMO
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INTRODUÇÃO
apenas para profissionais que trabalham com intervenções comportamentais, mas também
para o público leigo: “para todas as pessoas que estão preocupadas com nosso futuro como
ou de programas comportamentais em países fora dos Estados Unidos (Society for the
implicações, afirmou ter extrapolado a partir dos estudos de laboratório realizados por
(reforçamento positivo versus punição). Segundo ele, foi capaz de confirmar que os efeitos
colaterais da punição são responsáveis pela maior parte dos elementos que tornam a vida
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desagradável e, às vezes, até mesmo sem valor. Ao término de seu discurso, Sidman (2001)
relatou que suas contribuições tenderam a levantar mais perguntas do que fornecer
respostas e afir mou que esta é a origem de seus próprios reforçadores, já que ele sempre
1995. Um índice interessante para verificarmos essa repercussão é o número de vezes que
reúne trabalhos apresentados durante os Encontros da ABPMC (que têm sido realizados
o livro foi citado 51 vezes. Além disso, 5 capítulos têm títulos relacionados a Sidman
11
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por esta revista até o volume VII, número 1, verifica-se que publicações de M. Sidman
foram citadas 19 vezes, sendo nove dessas do livro “Coerção e suas implicações”. Estes
dados também nos mostram o quanto o autor é citado no Brasil e a amplitude do alcance de
seu livro “Coerção e suas implicações” para a área aplicada da Análise do Comportamento.
(SABA): Dr. Masayo Sato, Dr. Emilio Ribes-Inesta, Comunidad los Horcones, Dr. Liliana
Mayo, Dr. Carolina Bori, Paolo Moderato, Dr. Maria Malott, Dr. Michael Davison, Dr. R.
ocorrência da expressão poderia ocorrer em qua lquer lugar da página e em qualquer site ou
domínio. Os resultados obtidos não foram filtrados por qualquer tipo de licença e referem-
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Masayo Sato 0 0
Emilio Ribes-Inesta 23 22
Comunidad los Horcones 8 15
Liliana Mayo 32 33
Carolina Bori 562 569
Paolo Moderato 0 0
Maria Malott 6 10
Michael Davison 15 5
Douglas Greer 20 25
Joseph Morrow 2 2
Murray Sidman 86 85
segundo autor mais disseminado no Brasil, ficando atrás apenas de Carolina Bori. É
importante notarmos que talvez o falecimento de Carolina Bori (no dia ????) pode ter
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utiliza a tradução do livro de Sidman e o quanto essa obra do autor é conhecida, até mesmo
vários anos, ensinando, pesquisando e/ou atuando na área prática. Além de Sidman, já
foram premiados: Donald Baer, Montrose Wolf, Ogden Lindsley, Sidney Bijou, Jack
Michael, Victor Laties, Beth Sulzer-Azaroff, Jon Bailey, James Dinsmoor, Philip Hineline
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Donald Baer 17 17
Montrose Wolf 2 1
Ogde n Lindsley 0 0
Sidney Bijou 1 1
Jack Michael 387 222
Victor Laties 0 0
Beth Sulzer-Azaroff 2 1
Jon Bailey 8 4
James Dinsmoor 0 0
Philip Hineline 0 0
Joseph Brady 99 83
Murray Sidman 86 85
Murray Sidman e o quanto seu livro “Coerção e suas implicações” é citado em relevantes
detalhada do livro mostra-se justificada por sua relevância tanto teórica, como social.
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Comportamento como uma ciência que provê métodos para formular e responder
importantes questões sobre a conduta humana. Ele defende que aprimorando-se essa
público acerca da coerção, dos prejuízos que esta acarreta e de técnicas que poderiam
substituí-la.
negativo são denominadas controle aversivo. Punição seria uma relação em que as
Para Sidman (1995), o uso da coerção é a forma mais comum com que as
coerção seria a forma de controle utilizada quase que exclusivamente. Nosso mundo é
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perigo e ameaças. A natureza desaba suas forças sobre nós se não tomarmos precauções:
utilizamos muito tempo e trabalho para nos prevenir de ameaças tais como frio, calor,
chuva, neve, enchente, terremoto e fogo. O próprio corpo do ser humano o coage à medida
população como um todo, podem, em parte, ser produto da coerção a que somos
submetidos.
desligue-se da aula, o aluno passa a desistir fisicamente. Impedidas essas duas formas de
fuga, surgem agressão e outros tipos de disrupção. Quando adultos, esses alunos
seguirem o mesmo modelo coercitivo ao se tornarem professores e/ou pais. E não apenas os
alunos abandonam o sistema educacional, mas os professores que se descobrem não apenas
Sidman (1995) pontua que punição freqüente acarreta fuga dos filhos de
casa, assim que puderem. Logo cedo, a criança aprende a utilizar coerção e se torna
sociedade serão diferentes de outra que foi exposta a contingências de reforço positivo.
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prestam pouca atenção ao que é dito a eles, não assumem maiores responsabilidades, não
dão, nem solicitam afeto. Posteriormente, podem reproduzir esse modelo como pais.
responsabilidade passando-a para outras pessoas. Esta rota de fuga tem levado à
uma medida de eficiência. A fuga da solução de problemas torna -se ainda mais reforçadora
quando uma decisão errada poderia causar catástrofe. Desse modo, não se faz nada.
desobediência; e para os que fazem cumprir o sistema, brutalidade. Entre as nações, com o
No campo político, a diplomacia coercitiva produziu uma verdadeira corrida por produção
de armas nucleares.
pessoas deixem suas igrejas e talvez até mesmo abandonem sua fé pessoal. As estruturas
descobrem que é cada vez mais difícil reter congregações e recrutar jovens.
1
Consideração da autora e não de Sidman (1995).
18
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educadores traria prejuízos aos clientes, aos quais seriam negados benefícios de muitas
técnicas não coercitivas de Análise do Comportamento que provaram ser efetivas. Além
disso, desde que um único episódio de punição pareça funcionar, o uso de punição pelo
Como vimos, Sidman (1995) procura mostrar que a coerção está por todos
comportamentais que, segundo o autor, têm sua probabilidade aumentada com a ocorrência
1.2.2.1 AGRESSÃO
comportamentos agressivos: um indivíduo depois de ser punido, fará qualquer coisa para
ter acesso a outro indivíduo para que possa atacá- lo. Desse modo, o sucesso da contra-
agressivo.
19
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1.2.2.2 FUGA
produzirá contracontrole, o que pode ser indesejável por parte de quem tenta co ntrolar seu
comportamento.
negativos como uma conseqüência de algo que tenham feito. Sidman (1995) explica:
seja, um choque do qual se foge, também pune o que quer que se tenha feito antes de sua
negativo: ele reforçará tudo o que quer que façamos para desligá- lo ou escapar dele.
20
21
condicionada. Ele pontua que existem punidores naturais, ou seja, estímulos que ocorrem
de maneira excessiva, incomum, dolorosa ou perigosa e que param comportamento que está
não inerentemente aversivos, também podem funcionar como punidores. Esses eventos
neutros que se tornam punidores são chamados de “punidores condicionados”, já que sua
Assim, um ele mento que leva à punição torna -se também um punidor.
onde o individuo é punido torna-se ele mesmo punitivo e o indivíduo reage a ele como a
um punidor natural. “O primeiro efeito colateral da punição, então, é dar a qualquer sinal de
punição a habilidade para punir por si mesmo” (Sidman, 1995, p. 101). Com a adição de
cada novo punidor ao ambiente, a vida se tornaria menos satisfatória e mais desesperada.
condicionados: apenas sua presença pode ser punitiva e as outras pessoas podem fugir,
problemas que surgem mais tarde consomem esforço, dinheiro e sofrimento emocional; e,
freqüentemente, é muito tarde para resolvê - los. Controle coercitivo engendraria efeitos
colaterais, freqüe ntemente não esperados, que envenenam a relações institucionais e sociais
rebelião” (Sidman, 1989, p. 18). E mais: “(..) o predomínio da coerção é responsável por
21
22
muitos dos mais sérios problemas da sociedade; nossa dependência contínua da coerção em
relações internacionais ameaça agora nos levar ao extermínio mútuo” (p. 27).
A principal razão para se punir seria obter o controle sob a ação de outras
pessoas. Para Sidman (1995), a punição somente ensina o que não fazer, quando muito. A
procedimentos de punição têm sérias desvantagens e, por isso, a urgência por alternativas
Segundo o autor, por mais que o uso da coerção atinja seu objetivo
imediato, em longo prazo, ela não funciona. De acordo com ele, o animal em um esquema
muitíssimo intensos, a atividade não mais se recupera, se o rato não encontrasse outra
maneira de obter comida, por exemplo, morreria de fome. “Se a punição for
suficientemente forte, pode até mesmo por um fim à produção de reforçadores positivos
que sustentam a vida” (Sidman, 1995, p. 87). As conseqüências da punição cancelam seus
benefícios e são responsáveis por muito do que está errado em nossos sistemas sociais.
22
23
1.2.2.3 ESQUIVA
esquiva como adaptativos, no sentido de nos proteger do mundo natural em que vivemos,
ele avalia que vários prejuízos sociais derivam-se desse tipo de comportamento. Muitas
então um vácuo nas instituições de governo representativo, segurança pública, justiça social
criar um sistema de justiça duplo. As outras pessoas, diante dessa situação, esquivam-se
olhando para o outro lado, ou seja, não tomam providências no sentido de incriminarem os
culpados para que a mesma regra se aplique a todos. Tal atitude resulta em incompetência e
23
24
usualmente classificados pela psiquiatria como transtornos mentais. Muitos dos efe itos
colaterais da coerção envolvem atos de esquiva que são desnecessários, irrealistas ou não-
colaterais.
vezes, podem preocupar tanto uma pessoa a ponto de interferir em seu cotidiano. Sendo a
coerção social tão predominante, a ansiedade severa oriunda de sinais de aviso de punição,
Essas práticas coercitivas resultam em pessoas que geram ansiedade, pânico, paralisia e
depressão nos demais. Alguns chegam a atribuir o autismo infantil a uma história de
punição excessiva. Também a depressão do adulto tem como característica mais consistente
auto-respeito. “Então, em qualquer momento que uma punição inevitável seja iminente,
seus sinais de aviso podem produzir incapacitação completa ou parcial, preocupação inútil
e sofrimento físico” (Sidman, 1995, p. 219). Embora consideradas uma forma de ansiedade
24
25
patológica.
decisões erradas não tomando decisão alguma. O terrorismo também seria uma maneira de
vigilância por desligar choques. O único critério de sucesso passa a ser sua efetividade em
estreito, deixando o sujeito temeroso por novidades e com medo de explorar. Seu repertório
25
26
que se está em perigo, nenhum sinal específico diz de onde e quando a punição virá. Essa
seguro é ficar quieto e fazer tão pouco quanto possível, ficando cada vez mais sob controle
coercitivo. O autor assinala que “.... este triste estado de coisas tem aumentado
tempo passa sem punições, a esquiva parece desnecessária. Desse modo, conseqüências
raras e remotas parecem irreais, tais como: destruição nuclear, doenças. O controle por
esquiva produz todos os efeitos colaterais da punição. Se os indivíduos puderem fugir, eles
o farão.
26
27
o julgamento. Também o suicídio é a fuga última de uma vida dominada por reforçamento
negativo e punição. As pessoas podem tentar suicidar-se e obter concessões dos demais, ou
desistentes podem ser fugitivos da coerção, que jamais tiveram acesso a reforçadores
reforçadores positivos.
Comportamento as pessoas de boa vontade podem ficar otimistas quanto às nossas chances
mudanças em nosso próprio comportamento. E para mudar nossas interações uns com os
outros, devemos mudar o que nós fazemos. Dessa maneira, se quisermos que nossas
27
28
olhamos para o quadro geral (...) punir ou não punir deixa de ser um problema genuíno. A
resposta clara é “não” (Sidman, 1995, p. 21). O autor também previne as pessoas
ensinando a um paciente o que fazer do que alertando-o sobre o que não fazer” (Sidman,
1995, p.34). E mais, seria papel dessas pessoas divulgar alternativas às práticas coercitivas:
além de mostrar que qualquer uso de punição deve ser deplorado, produziu muitas
alternativas efe tivas que atingem os mesmos objetivos da punição. Ele alerta que essas
alternativas são não-tradicionais e não- familiares, mesmo para psicólogos. Algumas não
são tão fáceis de aplicar ou tão rápidas em sua ação, comparando-se com uma precisa e
prática de recompensar pessoas não por deixá-las fugir da punição, mas por deixá-las
28
29
produzir algo bom. O reforço negativo, a punição e o reforço positivo são as três fontes
vários aspectos positivos: “Reforçamento positivo deixa-nos livres para satisfazer nossa
natureza, parecendo até mesmo tão fácil quanto a coerção e agindo não menos
comportamento tanto quanto a coerção. Mas sua vantagem é nos ensinar novas formas de
agir ou manter aquilo que já aprendemos, sem criar os subprodutos típicos da coerção.
utilizá- lo para essa substituição. Reforço positivo pode ser utilizado em qualquer relação.
uma punição esporádica não causará prejuízo algum em longo prazo. Desse modo, uma
maneira de impedir que as pessoas façam algo sem puni-las é oferecer-lhes reforçadores
positivos por fazerem alguma outra coisa. Fortalecer as ações desejáveis que substituirão a
indesejável.
oportunidade para ensinar ao indivíduo algo novo, ou seja, uma outra maneira de obter os
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30
exemplo, pode ser necessária para colocar um fim rápido a uma situação perigosa. “Erros,
justificar a punição como um tratamento de último recurso, mas nunca como o tratamento
perigosas. A noção de esquiva útil conduziu à concepção de que a ansiedade não deve
sempre ser eliminada. Aprendemos muitos tipos de esquiva útil, não por meio da
experiência real, mas por meio de controle verbal de pais, professores e parceiros. “Com
fortes, provavelmente não devem produzir crianças ansiosas ou medrosas” (Sidman, 1995,
p. 143). Se quisermos fazer algo sobre o comportamento de esquiva, nosso curso mais
30
31
mundo é imperfeito e assim somos nós” (Sidman, 1995, p. 241). Não podemos ter a
Ele também admite como inevitável alguma coerção social, pois provavelmente ainda
substituindo contracontrole. Para colocar nosso atual comportamento sob controle de seus
resultados em longo prazo, Sidman (1995) sugere apontar para pequenas indicações de que
processos úteis realmente existem se conseguirmos isso. Ele indica uma série de
31
32
positiva entre eles. Nessa situação, pontua que toda doação entre os países precisa ser
também é uma forma de controle e pode ser destrutivo, mantendo as pessoas incapazes.
(1995) é que talvez os governos não tenham qualquer escolha a não ser contracoerção
programação efetiva, onde o aluno possa aprender sem errar. Ele considera que a única
resultados, obteríamos menores índices de desistência por parte dos alunos e uma mudança
32
33
de estudos sobre esse tema nas décadas de 70 e 80. Até mesmo no cinema tais estudos
tiveram impacto, com o sucesso de filmes como Laranja mecânica, Admirável mundo novo
e 1984.
colocadas por ele. O problema apontado pelo autor seria o acesso desigual de segmentos da
população aos recursos naturais. Assim, Sidman (1995) contribui para trazer à discussão da
evitar choques pareça muito pessimista, isso parece verdadeiro para certas parcelas da
sentido, é louvável.
33
34
relacionados ao controle aversivo. Alguns temas tratados pelo autor são de grande
complexidade e, exatamente por isso, têm sido foco de diferentes discussões e análises por
implicações”, de M. Sidman, procurando apontar qual o objetivo do autor com essa obra,
quais são suas principais posições a respeito da coerção e quais são as posições de outros
autores sobre certos temas complexos, tratados por ele nesse livro. O objetivo principal da
de autores que publicaram seus estudos após 1989, data da publicação do livro de M.
Entende-se que, exatamente por ter sido escrito para o público leigo, o
importantes à comunidade científica que o consulta. Espera-se, com este estudo, contribuir
resultados desse estudo possam contribuir com a melhoria dos procedimentos utilizados por
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35
2. DELINEAMENTO M ETODOLÓGICO
ampla sondagem dos temas abordados por Sidman e as principais posições do autor foram
examinadas. Este passo foi finalizado com a produção de um resumo da obra, apresentado
no capítulo anterior.
OUTROS AUTORES
pontos levantados por Sidman, neste passo procurou-se reunir textos de diferentes autores
bibliográfico preliminar foi realizado com a finalidade de identificar textos que tratavam de
abrangeu trabalhos publicados entre 1980 e 2006, nas bases de dados PsycINFO e Scielo.
35
36
conceito e/ou a aplicação de controle aversivo de mane ira significativa. Após comparação
2.3 PASSO III: EXAME DE TEXTOS DE OUTROS AUTORES E SELEÇÃO DE TEMAS PARA ANÁ LISE
especialmente às posições dos seus autores sobre temas que também tivessem sido tratados
tema sobre o qual tratavam, de forma a facilitar a visualização de temas tratados por ele.
Sidman, quanto as dos outros autores, ou seja, para um determinado tema ser selecionado,
ele deveria ter sido discutido tanto por autores dos textos selecionados no passo II, quanto
por Sidman. Desse modo, garantiu-se a seleção de temas relevantes e também complexos,
por terem suscitado discussões e terem sido debatidos por diferentes autores.
aversivo (contingências de reforço negativo e de punição). Este tema incluía (a) definições
história dessas definições e (c) críticas atuais ao modo como são utilizadas.
36
37
mudanças comportamentais.
nos levantamentos acima citados. Para facilitar a visualização, nas tabelas, o levantamento
37
38
publicação, (4) Seleção de tipos de publicação e (5) Seleção da língua utilizada. Procurou-
se, desse modo, garantir que o levantamento fosse mais abrangente que o realizado
período pós 1989 e 2006, por 1989 ser o ano da publicação do livro “Coerção e suas
implicações”.
38
39
publicados:
Coercion 413
Aversive 834
Aversive control 6
Aversive contingency 5
Negative reinforcement 82
Aversive stimulus 6
Punishment 4615
também foi desenvolvido em cinco etapas: (1) Definição de palavras-chave, (2) Escolha da
base de dados, (3) Seleção dos períodos de publicação, (4) Seleção dos tipos de publicação
e (5) Seleção da língua utilizada. Procurou-se garantir que esse levantamento fosse mais
39
40
controle aversivo.
publicações no período pós 1989, por este ser o ano da publicação do livro “Coerção e suas
implicações”. Contudo, uma busca inicial com tal período revelou um número muito
bibliográfico: passou-se a considerar apenas as publicações dos últimos dez anos, isto é,
40
41
textos completos.
Número de resumos
Cruzamentos de palavras-chave publicados no período
entre 1996 e 2006
Tabela 2: Número de resumos publicados no período entre 1996 e 2006, obtidos através de
busca bibliográfica com cruzamentos de palavras-chave.
6552 resumos.
41
42
Para isso, foram elaborados três critérios de seleção de resumos, mais um critério
dos resumos obtidos com a palavra punishment não foram lidos, conforme explicado mais
apontavam que seus resultados seriam discutidos com base em outro referencial teórico.
2
A autora agradece à Paula (?) pela participação neste passo do estudo.
42
43
química).
conceituais.
do termo coerção.
em hospitais psiquiátricos.
traços comportamentais.
43
44
encontrados 4615 resumos com a palavra-chave punishment, no período entre 1989 e 2006.
Coercion 413 25
Aversive 834 35
Aversive control 6 5
Aversive contingency 5 1
Negative reinforcement 82 28
Aversive stimulus 6 1
Tabela 3: Número de resumos mantidos no estudo após critérios de exclusão, com palavras-
chave do controle aversivo.
44
45
continuidade do estudo apenas aqueles relacionados aos temas levantados no passo III do
estudos que:
45
46
Coercion 413 25 7
Aversive 834 35 16
Aversive control 6 5 0
Aversive contingency 5 1 1
Negative reinforcement 82 28 18
Aversive stimulus 6 1 1
Tabela 5: Número de resumos mantidos no estudo após critérios de inclusão, com palavras-
chave do controle aversivo.
46
47
aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, foram mantidos no estudo 106 resumos.
Foram então excluídos resumos que apareciam mais de uma vez na seleção. Após essa
47
48
publicação. Assim, os 86 resumos mantidos no estudo foram divididos de acordo com seu
semelhante à feita por um artigo, o capítulo seria excluído do estudo. Por outro lado, se um
capítulo de livro abordasse um tema de maneira muito original, de forma diferente das que
tivessem sido feitas em artigos, tal capítulo seria mantido no presente estudo. O mesmo
poderia se dar com dissertações. Com a leitura completa dos artigos, decidiu-se manter
48
49
Critérios de exclusão
do estudo
Critérios de inclusão
no estudo
21 capítulos 53 artigos 12
de livro dissertações
49
50
dados PsycInfo.
COMUT e BIREME, ou ainda, diretamente aos seus autores. Foi obtido um total de x
com sua relevância para a discussão de cada tema do estudo. Após sua leitura completa, x
textos foram excluídos do estudo por não trazer discussões consideradas relevantes ou
principais e secundários. Cabe lembrar que um mesmo texto poderia ser utilizado para a
discussão de mais de um tema e, para cada tema, ter uma classificação diferenciada de
50
51
seus autores foram então comparadas às de Sidman. A partir dessas comparações, foram
3. RESULTADOS
temas sobre o controle aversivo e positivo, abordado por Sidman e pelos autores
seguida, será discorrido um breve histórico acerca dessas definições e finalmente, serão
apresentadas críticas atuais a estas definições. Tal discussão tem aparecido com freqüência
51
52
do controle aversivo, no qual se insere o tema coerção, utilizada por Sidman para deno tar o
3
A presente seção baseia-se no trabalho de Mazzo (2007).
52
53
Conforme pontuado por Mazzo (2007), embora Sidman empregue o termo “coerção” para o
4
Conforme pontua Mazzo (2007), na definição de contingência são descritos três termos principais: eventos
ambientais antecedentes à ocorrência do comportamento, chamados estímulos discriminativos (SD );
comportamento; e eventos ambientais que seguem a ocorrência do comportamento, denominados
conseqüências ou estímulos reforçadores (SR). Estímulos discriminativos e estímulos reforçadores afetam a
probabilidade do comportamento ocorrer, podendo aumentá-la ou reduzi-la. Estímulos discriminativos
referem-se à ocasião, na qual o comportamento (se emitido) pode apresentar maior ou menor probabilidade de
ser reforçado. No entanto, a função dos estímulos discriminativos depende, primeiramente, do efeito
produzido pelas conseqüências do comportamento, sendo determinada pelo condicionamento de estímulos
neutros aos estímulos reforçadores (Skinner, 1953/2000i).
53
54
estudo desse tipo de controle, a denominação “controle aversivo”, conforme utilizada por
negativo.
de punição).
54
55
nos estudos de laboratório e também na vida diária das pessoas. Um exemplo de ocorrência
de reforço positivo pode ser observado na resposta de preparar o jantar. Quando se está
com fome e prepara-se uma bela macarronada para o jantar de forma rápida, é mais
contingência de reforço negativo como uma classe comportamental que é fortalecida pela
Retornando aos exemplos da vida diária, vamos imaginar uma garota que
tem o dever de sempre deixar a louça da cozinha limpa. Quando sua mãe chegava em casa e
encontrava a louça suja na pia, ela escutava um discurso sobre a importância da disciplina,
o que não era muito agradável. O comportamento da garota de lavar a louça portanto,
produzia uma mudança em seu ambiente – o término do discurso da mãe. Com repetidas
55
56
lavagens da louça, pode-se concluir que esse comportamento, nessa situação, também foi
reforçador negativo, uma vez que o comportamento de lavar a louça removeu algo da
a louça.
de lavar a louça também aumentava em uma proporção direta. No exemplo dado, diz-se que
o discurso da mãe funcionou como um reforçador negativo: reforçador por ter modificado e
situação em que são apresentados ou retirados. Dessa maneira, seria mais apropriado evitar
56
57
choques não eram aversivos em uma determinada intensidade. O autor també m cita um
um estímulo depende do contexto ambiental e não pode ser medida sem atentar-se para seu
efeito sobre o comportamento, ou seja, para determinado estímulo ser ou não aversivo
depende da função que exerce e não da sua estrutura (ser, por exemplo, um choque). As
esquiva. De acordo com Catania (1999), comportamentos de fuga são os exemplos mais
simples de reforço negativo, onde a resposta do indivíduo reduz, remove ou termina com
são incondicionados, isto é, os organis mos fogem de situações onde reforçadores negativos
estão presentes, mesmo sem uma história prévia de reforço negativo em situações similares.
Voltando ao nosso exemplo da garota que lava a louça, imagine que a mãe chegou antes do
previsto e começou seu discurso sobre a disciplina. A garota prontamente começa a lavar a
louça, e ao término, pode voltar a assistir televisão sem ouvir o discurso da mãe.
adiamento. No caso da garota do nosso exemplo, ela lavar a louça antes da mãe chegar
57
58
configura uma situação de esquiva, var iante adiamento. Caso a garota contratasse alguém
para lavar a louça para ela, evitaria permanentemente o discurso da mãe, o que pode ser
acordo com Skinner (1953), o comportamento pode ser suprimido ou ter sua freqüência
situação. Já quando este efeito ocorre pela remoção de reforçadores positivos disponíveis,
58
59
passa a ser seguido por sua remoção: os vizinhos sempre aparecem para jantar. Após
cozinharmos sem obter um resultado satisfatório – um delicioso prato para nós, paramos de
cozinhar. Diz-se, portanto, que o comportamento de cozinhar foi punido pela retirada do
supor que agora cada vez que cozinhamos conseguimos uma macarronada muito ruim.
do comportamento de cozinhar, pode-se dizer que nessa situação, a macarronada ruim tenha
eliciadas, tais como dor e medo; os eventos são definidos por sua relação com o
comportamento podem reduzir sua probabilidade de ocorrência futura, sem ser punição.
59
60
comportamento:
PUNIÇÃO
5
É importante salientar que embora o campo de estudo do controle aversivo tradicionalmente envolva a
investigação de contingências de reforço negativo e de punição, não apenas essas contingências podem ser
consideradas aversivas. Hineline (1984), por exemplo, aponta que a supressão condicionada e a agressão
induzida por estímulos também fazem parte do chamado controle aversivo, quando envolvem eventos que
comumente funcionam como aversivos.
60
61
qual, o comportamento podia ser apagado ou fixado de acordo com sua capacidade de
agradar ou gratificar. Tais conexões entre estímulos e respostas constituíam a chamada Lei
do Efeito Forte, e foi nesse momento que surgiu o termo punição. Contudo, em 1931,
experimentos com humanos, o autor concluiu que a punição não era efetiva para manter o
continuava essencial para a aprendizagem, mas a punição já não tinha um efeito direto no
Thorndike retirou a punição da descrição de sua Lei do Efeito, que passou a ser considerada
Lei do Efeito Fraca. Segundo essa, as respostas que eram seguidas por um resultado
satisfatório eram fortalecidas e as que não eram seguidas por fortalecedores eram
desse livro consistia nos resultados de experimentos realizados inicialmente por Skinner e,
mais tarde, por Estes. Skinner iniciou uma linha de experimentos que questionava a
permanência do efeito redutor do estímulo reforçador negativo e foi seguido por Estes,
cujos trabalhos deram suporte às suas primeiras conclusões. Em uma sessão chamada
conforme a Lei do Efeito de Thorndike (1931). Nesse capítulo, os autores afirmaram que os
estímulos que serviam para diminuir a freqüência de respostas as quais seguem são hoje
chamados de reforço negativo, contud o, esse efeito não seria permanente – logo, os
61
62
estímulos não seriam bem definidos considerando-se sua função. Assim, encontrou-se uma
efeito enfraquecedor dos estímulos reforçadores negativos foi abandonada. Enquanto era
de extinção diminuía a freqüência das respostas), o mesmo não ocorreu com o reforço
negativo. Isso trouxe importantes implicações práticas, sugerindo que o uso de reforço
negativo para eliminar comportamento era uma prática de valor questionável (Michael,
1975).
conhecida entre reforço positivo e negativo: apesar de ambos terem o mesmo efeito -
apresentação ou remoção. Skinner define então a punição sem considerar seus efeitos,
Holz (1966), Skinner argumentou que procedimentos punitivos produziam apenas efeitos
62
63
uso de procedimentos aversivos e por sua vez, perpetuaram estes e outros efeitos negativos
Podemos dizer que, uma vez que Sidman baseia-se em Skinner (1953) na
apresentação de seus argumentos contra a coerção, podemos ver o quanto tais concepções
influenciaram sua obra e, por sua vez, perpetuaram os efeitos negativos atribuídos a esse
questionável, tanto por seus sub-produtos, quanto por sua efetividade para modificar o
Efeito de Thorndike (1898). Com pesquisas de Skinner (1938) e Estes (1944), segundo as
modificada: deixou de considerar a punição e passou a ser chamada de Lei do Efeito Fraca,
reforço e punição facilita o entendimento das críticas feitas por alguns autores acerca do
63
64
REFORÇO E DE PUNIÇÃO
dessa distinção.
e definiu diferentes áreas de pesquisa. Por um lado, têm-se pesquisas com reforço positivo
estímulo e geralmente apresentam comida como reforçador. Por outro lado, têm-se
negativos.
pela distinção atual entre reforço positivo e negativo e defende o abandono dessa
diferenciação, já que alguns fatores determinam sua irrelevância. O tema abordado por ele
não foi completamente novo. Problemas de definições já haviam sido considerados por
D’Amato (1969) e Mowrer (1960). Baron e Galizio (2005) apontam que programas
64
65
fuga-esquiva (reforço negativo) envolvia arranjos nos quais respostas reduziam ansiedade
alguns problemas. O abandono da distinção entre reforço positivo e nega tivo representa
(2005) resgataram essa discussão, a qual será brevemente apresentada aqui devido à sua
pertinência com a análise do livro de Sidman. Assim como Michael (1975), os autores
embora comida seja usualmente vista como reforçador positivo, sua apresentação também
reduz um estado de privação (reforço negativo). Para eles, se alguma distinção deve ser
feita, deve ser entre processos de reforço e processos de punição, ou seja, entre mudanças
anos da publicação do artigo de Michael (1975), Baron e Galizio (2005) reconsideram três
quais podem diferir de acordo com suas propriedades temporais, sua relação com outras
65
66
distinção é difícil de ser feita, logo, o aviso também deve ser difícil de ser seguido; (2) é
questionou se é valioso manter a distinção no nível de ciência básica por suas possíveis
implicações sociais. Sem dúvida, procedimentos que usam reforço negativo como método
argumentar que o uso de termos como reforço e punição deveria ser abandonado para que
posicionaram em relação aos pontos apresentados por Baron e Galizio (2005). Para Iwata
não resolvida. De acordo com Chase (2006), Baron e Galizio (2005) examinam os avanços
precisa. Para o próprio Michael (2006), tais autores fizeram uma versão clara e acurada de
seus argumentos contra o uso da distinção entre reforço positivo e negativo na análise do
conforme veremos mais adiante. Sidman (2006) também discute os artigos de Baron e
Galizio (2005) e de Michael (1975). Ele relata que não fica claro se os autores estão
66
67
uma mudança nos princípios básicos, ou ao menos, uma nova forma de conceituar os dados
(2006).
área aplicada começaram a enfatizar a distinção entre reforço positivo e reforço negativo
indivíduos variam na extensão em que seus comportamentos são mantidos por uma ou
outra forma de reforço. Tal estudo distinguiu as instâncias nas quais comportamento
autolesivo era mantido por fuga das tarefas demandadas (reforço negativo) de instâncias
nas quais era mantido por atenção de outro ou por acesso a comida e outros materiais
(reforço negativo). Embora tais resultados possam dar suporte a uma classificação útil dos
identificada por Michael (1975), ou seja, é melhor falar da conseqüência como aumento da
atenção ou como alívio da solidão? De fuga de uma tarefa aversiva ou do acesso a uma
atividade alternativa? Para Baron e Galizio (2005), nenhuma dessas descrições parece
apropriada.
drogas. Alguns propuseram que o uso de drogas pode inicialmente ser mantido por
contingências positivas, mas que quando o uso se torna mais crônico, o controle passa a ser
negativo (término do período de abstinência). Desse modo, reforço negativo seria o fator
mais crítico a ser considerado na dependência de drogas. Sem dúvida, diversas mudanças
ocorrem com o uso crônico, incluindo diminuição dos efeitos da droga que leva a tolerância
67
68
e a ocorrência de vários sintomas de retirada que terminam com o uso da droga. Contudo,
mudança de um estado sem droga para um no qual a droga está ativa. Como com outros
reforçadores, as funções comportamentais de cada estado não podem ser avaliadas sem
a resposta termine um período prévio, no qual o estímulo estava ausente. Da mesma forma,
o término contingente à resposta de um estímulo não pode ocorrer a menos que a resposta
fosse precedida por um período no qual o estímulo estivesse presente. Portanto, reforço
positivo e negativo são mudanças de uma condição de estímulo para outra, não apenas
exclusivamente positivo ou negativo sempre pode ser questionada pela asserção de que a
Iwata (2006) avalia algumas questões de forma diferente. Para ele, tanto
Similarmente, terminar o choque não envolveria a apresentação de segurança por si, mas
sim o reverso de uma condição na qual um estímulo específico (choque) estava presente.
Finalmente, Iwata (2006) avalia que a entrega de dinheiro poderia ou não terminar um
período no qual não se tinha dinheiro, mas isso resultaria em uma maior disponibilidade de
dinheiro.
68
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entre as condições pré e pós-mudança, o fato de a comida ser entregue apenas na condição
envolve condições pré e pós-mudanças, nas quais estímulos específicos (comida, choque,
dinheiro, elogios, etc) estão presentes em uma condição, mas ausentes em outra, as
transições entre condições podem ser facilmente descritas como envolvendo apresentação
contínuo são mais difíceis de classificar porque ambas envolvem apresentação, mas as
estímulos. Nesses casos, definir se tais mudanças de parâmetros funcionam como reforço
positivo ou negativo requer uma análise mais extensiva, conforme as propostas por Michael
NEGATIVO
punição, desde que tal termo substituto mantivesse a noção de que fuga e esquiva são tipos
de reforço. Embora se considere incapaz de formular tal termo, o autor diz aceitar
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70
sugestões. De qualquer forma, considera que Baron e Galizio (2005) foram mal-sucedidos
apenas falar de diferentes tipos de reforço. Para Sidman (2006), a tendência a se equiparar
reforçadores.
de um tipo. Dado o contexto e a história apropriada, qualquer evento pode funcionar como
naquela ocasião é positivo ou negativo. Eles ilustram essa dificuldade com o experimento
clássico de Weiss e Laties (1961), no qual ratos aprendem a pressionar uma barra que
acende uma lâmpada quente, a qual aumenta a temperatura do ambiente frio. O reforço aqui
produz calor (reforço positivo) ou reduz o frio (reforço negativo)? Baron e Galizio (2005)
Argumentam que a produção de estímulos (reforço positivo) sempre envolve a fuga de uma
estímulo (reforço negativo) sempre envolve produção de uma situação (reforço positivo) no
qual o estímulo estava ausente. Sidman (2006) faz duas considerações a esse argumento.
70
71
Em primeiro lugar, ele aponta que mesmo embora Baron e Galizio (2005)
emocionais, eles sustentam seu principal argumento recorrendo à tais estados. Pesquisas
iniciais voltadas a dar suporte a tal tipo de explicação para a efetividade de comida e água
como reforçadores não se provaram convincentes, e a teoria de que reforço deve envolver
conseqüência como aumento de atenção ou como alívio de solidão. Essa pergunta vem
como suporte à sua tese, apesar de sua crítica válida acerca de processos emocionais como
explicação.
é o reforçador em cada caso particular. No exemplo de Weiss e Laties (1961) citado por
eles, é claro que ambas as temperaturas antecedentes e conseqüentes devem ser levadas em
podem ser classificadas somente como reforço positivo ou negativo provê razões
suficientes para abandonar a distinção? Não seria ainda verdadeiro que geralmente é
Michael (1975) de que o conceito de reforço negativo tem causado confusão, especialmente
denota o oposto de algo “positivo”. Por já se ter adotado a definição de reforço positivo e
6
“drive reductions” no original.
71
72
comportar mal após ter sido pedido para ela parar, teve seu mau comportamento punido?
Quando se pergunta por algo e a resposta é “não”, o fracasso em pedir novamente significa
que esse comportamento foi punido? Por essas razões, Sidman (2006) não acredita que a
definição de punição de Baron e Galizio (2005) seja mais livre de ambigüidade do que a
aparente, e embora possa ficar óbvia por uma cadeia intrincada de razões verbais, ela
continua como um produto não muito elegante da teoria do reforço. A definição de punição
de Azrin e Holz (1966) cai na mesma questão para um segundo conceito fundamental. A
definição original de Skinner evita essa inabilidade porque não requer nenhum resultado
comportamental particular para identificar um estímulo punitivo. Sidman (2006) relata que
talvez maiores discussões sobre esse tema aliviassem seu incômodo quanto ao uso da
reforço negativo.
72
73
sobre os efeitos indesejáveis do reforço negativo. Para Sidman (2006), tais efeitos são
procedimentos de reforço negativo são indesejáveis. O que a ciência pode fazer, contudo, e
tem feito, é prover dados que podem ser relevantes para decisões – dados extensivos, por
exemplo, sobre fuga e esquiva, punição, supressão condicionada, extinção, etc. A ciência
deveria apresentar tais dados à sociedade não para dizer apenas o que tais procedimentos
fazem. O papel de um cientista é prover informações, mas se ele quiser também ajudar a
distinção no nível de ciência básica por causa de suas possíveis implicações sociais” (p.42).
Se alguma ciência sobreviverá ou será aceita pela sociedade como algo que vale a pena - o
que significa dizer: que tenha valor sustentável – então é melhor relacionar seu conteúdo a
problemas da vida diária. Para Sidman (2006), as ciências começam em problemas da vida
73
74
utilizá- los. Coerção, definida por ele como punição e reforço negativo é um tópico que
chama a atenção das pessoas até hoje. Mesmo sem nenhum treino em ciência
comportamental, ele interessou-se em estudar fuga e esquiva por as ver como origens do
considerados importantes no mundo pode não apenas falhar em sobreviver, mas também
6.1.3.2. POR QUE A DISTINÇÃO ENTRE REFORÇO POSITIVO E NEGATIVO CONTINUA SENDO
UTILIZADA E ENSINADA?
Para Iwata (2006), a distinção não apenas continua, mas está mais
volumes de 1 a 20, enquanto 64 apareceram nos volumes 21 a 37. Segundo Chase (2006),
Baron e Galizio (2005) não deram pistas do por quê a distinção entre reforço positivo e
negativo continuou por 30 anos após a análise desses termos por Michael (1975). Contudo,
tais autores consideram outras três possibilidades além das três justificativas apresentadas
por Michael, conforme veremos a seguir: (1) respostas competitivas; (2) sentimentos; e (3)
operações estabelecedoras.
relação temporal entre a resposta operante e a mudança de estímulo foi uma distinção
74
75
resposta, determinado estímulo está ausente no caso do reforço positivo, mas presente no
caso do reforço negativo. Imagine um rato pressionando uma barra e obtendo comida. Após
qual provoca várias respostas características (por exemplo, pular, correr) que podem
interferir com a resposta escolhida pelo pesquisador. Contudo, uma vez que a resposta
limitado em alguns aspectos. Retomando o exemplo dado acima, um rato trabalhando por
evocar comportamentos que são incompatíveis com a resposta de pressão a barra (por
ocorrer na ausência de respostas que poderiam interferir com aquele comportamento, como
despertador para a manhã seguinte. De acordo com Baron e Galizio (2005), Catania (1998)
reconheceu tal ambigüidade e para ele “reforço sempre envolve mudanças na situação do
75
76
punição por séculos. Skinner não questionou se diferentes formas de reforço poderiam
evocar diferentes sentimentos, os quais foram entendidos por ele como eventos privados
que se tornam relevantes ao indivíduo quando sua comunidade verbal pergunta como ele se
1960, Mowrer cunhou o termo “alívio” para referir-se aos estados que acompanhavam a
retirada da estimulação aversiva. Skinner entendeu os sentimentos como outros eventos que
poderosamente reforçáveis por açúcar, sal e contato sexual por ação de processos
evolucionários, e não porque tais estímulos teriam gosto bom ou proporcionam bons
sentimentos.
humano, é dependente de relatos verbais e pode não ser claro – a interrupção de estados
agradáveis pode ser aversivos e o término de estados dolorosos ou de ansiedade pode ser
outras variáveis contextuais que levam a sentimentos. No caso de reforço por comida, por
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77
operações como uma contribuição para que o reforçador seja visto como positivo ou
positivos, na verdade envo lvem reforço negativo por serem coercivos. Baron e Galizio
solitárias, são permitidos de receber contato social como reforçador para docilidade;
Primeiramente famintos, podem depois ter comida para a sua sobrevivência” (Sidman,
1989, p. 41).
positivo e negativo inovadora. Contudo, seu uso pareceria limitado porque não há formas
continuidade do uso da distinção entre reforço positivo e negativo, embora não se proponha
a mantê-la. O primeiro ponto refere-se a situações nas quais várias mudanças de estímulos
envolvem condições pré e pós-mudanças nas quais pode-se determinar qual o estímulo está
presente ou ausente. Michael (1975) e Baron e Galizio (2005) apontaram o fato de que
77
78
contingências de reforço envolvem operações que podem não ser facilmente descritas como
mudança, bem como a diferença entre as duas, mais do que simplesmente referir-se a elas
como apresentação ou remoção de estímulos. De acordo com Iwata (2006), fica clara a
pertinência desses exemplos, mas ele questiona se temos tantos exemplos similares.
De acordo com Iwata (2006), alguma coisa pode-se ganhar por identificar
a natureza da mudança de estímulo que serve como reforço. Saber que dar atenção serve
como reforço positivo para problemas de comportamento pode ajudar a: (a) identificar
situações (condições pré- mudança) nas quais a atenção seria ou não efetiva como
atenção), e (c) para identificar outras mudanças de estímulos que teriam o mesmo efeito
estímulos serve como reforço pode ser importante para desenvolver contingências efetivas
sem considerar o que está disponível durante o tempo livre. Em contraste, se a natureza das
efeito do reforço, então o simples término do trabalho seria esperado ter pouco valor
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terapêutico; ou seja, considerações mais cuidadosas devem ser dadas às condições pós-
mudança que são apresentadas, do que às condições pré- mudanças que são terminadas.
podem ser úteis para determinar como melhor implementar extinção. Se o término do
trabalho serve como reforço, extinção deve envolver a continuidade do trabalho. Contudo,
se acesso a atividades durante o tempo livre serve como reforço, a continuidade do trabalho
é desnecessária para produzir extinção (ou seja, prevenir fuga não é importante), mas
paramétricas de estudo, as quais são relevantes não apenas para considerar os efeitos da
extinção e punição.
níveis, se não na maioria dos conceitos, ainda que isso não os torne inutilizáveis. Por
exemplo, se algo é grande ou pequeno, rápido ou lento, alto ou baixo, apenas podemos
pode ser especificada como algo mais do que simplesmente a ausência de uma alternativa.
qual os choques estão ausentes, mas será que o animal trabalharia para produzir (ou
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80
Sidman (2006), esse experimento pode ser feito, mas os resultados são tão previsíveis que
ninguém o fez. O término do choque será reforçador mesmo se o ambiente produzido pelo
ser levada para o quarto de time-out apenas quando é requerido que ela se engaje em uma
interação social no caminho do quarto pode ser reforçador, e não a fuga em si. A
conjuntura e também uma investigação da área, como uma averiguação dos livros de ensino
hipótese é que o ensino da distinção tenha função útil. Além disso, de acordo com Baron e
aquela descrita por Keller e Schoenfeld (1950). Chase (2006) coloca que ninguém que
Para ele, Keller foi o melhor professor que já conhecera. Então, como um membro
representativo da pesquisa potencial com professores, Chase (2006) comenta sobre o por
que a distinção entre reforço positivo e negativo pode ser útil ao ensinar Análise do
Comportamento.
professores, ajudam a focar em análises detalhadas dos tipos de variáveis que podem
80
81
distinção entre comportamento e ambiente. Então, deve -se passar a descrição de mudanças
prioridade da seleção por conseqüências, verifica que algumas das mudanças nas
para ilustrá- las, demonstram as práticas utilizadas por behavioristas para resolver
exemplos de reforço positivo envolvem exemplos de reforço negativo. Para ele, isso mostra
estudantes, ajuda-os a resolver problemas como behavioristas. Uma vez que analistas do
intervenção, para observá- lo e modificá- lo, o foco em questões como reforço positivo e
comportamentais.
81
82
POSITIVO E NEGATIVO
reforço humano consiste em uma mudança de estímulos que tem valor por causa de vários
eventos que ocorreram na presença de uma outra condição de estímulos, com um valor
funcionariam como punição para as respostas que imediatamente as precedem. O valor total
de uma condição de estímulo resultará de uma adição desses diferentes tipos de valores
momentâneos.
Michael (2006) ilustra tal tipo de análise com uma situação experimental
doloroso pode ser apresentado aos pés do animal através de uma grade no chão, uma pelota
de comida pode ser derrubada em um recipiente, e um tom em alto volume pode ser ligado
freqüência na qual os choques e as pelotas de comida são apresentadas (em uma base
randômica) e a duração com a qual o tom soa. O valor condicionado do reforço de uma
mudança dessa condição de estímulos para outra, na qual o tom não está soando, será
baixa, o valor total daquela condição seria muito alto, em comparação a uma condição tom-
82
83
mudança de um tom desligado para um tom ligado seria alta, assim, qualquer resposta que
aumentada. A mudança de tom-desligado para tom- ligado seria muito boa, da perspectiva
do animal — uma mudança de uma situação muito ruim para uma muito boa.
claramente uma forma de reforço – deve ser considerada reforço positivo ou negativo.
desligado, certamente seria considerada punição, mas seria punição positiva ou negativa?
subtração de um estímulo. Já que a mudança de tom-desligado para tom- ligado parece uma
adição de estímulo, deve -se considerar o reforço como positivo e a punição relativa como
negativa. Mas isso obviamente seria uma tolice, uma vez que a mudança da condição boa
reforço ne gativo e de punição positiva, uma vez que estaríamos diminuindo o estímulo
tornando o tom-desligado e aumentando-o por ligá- lo? Michael (2006) orienta o abandono
83
84
dessa não seja encorajado. Para ele, autores de livros didáticos devem redigir a distinção em
sua forma tradicional e então descrever sua ambigüidade, e na continuidade do livro debater
termo “aversivo”. Segundo ele, uma preocupação para os leitores do debate sobre
procedimentos aversivos é a definição sobre os significados dos termos que são usados.
evita ou escapa. É essencial atentarmos aos fatos de que todo estímulo pode ser aversivo em
algumas situações e de que nenhum estímulo é aversivo para todas as pessoas o tempo todo.
técnico. Geralmente, porém, oponentes de intervenções aversivas não argúem por utopia,
mas por suporte comportamental que (1) não envolva a apresentação de dor física, (2) não
produza efeitos que requeiram atenção médica, e (3) seja julgada subjetivamente como
estando dentro das normas típicas pelas quais as pessoas devem tratar umas às outras.
Atualmente, não há uma linguagem operacional, nem consenso para definir tal critério.
Horner (1990) acredita que o termo “não-aversivo” é desafortunado, e que o debate sobre
84
85
avaliação dos efeitos colaterais indesejáveis deve ser consoante à severidade da desordem
número menor de categorias. Embora não haja suporte para a classificação em termos de
seria uma maneira útil de organizar operações que podem ter efeitos reforçadores e
punitivos. A conclusão dos autores, assim como a de Michael (1975) é que tal distinção é
difícil pela ambigüidade essencial aos procedimentos. Em suma, ao se referir a dois tipos de
reforço, deve-se cuidar com a forma com a qual isso é feito, já que os termos “positivo” e
inerentes à distinção, fica-se menos propenso a usá- la para justificativas éticas ou decisões
85
86
controvérsias. Segundo Malott (2004), existem críticas aos efeitos contingências punitivas
extinção. Conforme visto na seção anterior, diferentes critérios foram utilizados para
subseqüentes que mostram que punição contínua com estímulo aversivo intenso pode
oposto do efeito do reforço” (p. 110), ou seja, estando o comportamento em uma linha de
base estável, quando a punição inicia, o comportamento diminui até uma taxa de resposta
resposta volta gradativamente à linha de base, da mesma forma que ocorre com o reforço
positivo. Também para Malott (2004), é bastante claro que a extinção segue o
reforçamento. Além disso, dados de pesquisa mostram uma resistência de longa duração
punitiva. O mesmo ocorre com persistentes respostas de esquiva, que continuam mesmo
e imediato o estímulo punitivo, mais eficaz ele será para modificar comportamentos. A
Conforme aponta (Catania, 1999), tais experimentos mudaram os critérios para avaliar a
adequadamente.
86
87
comportamento, de acordo com Azrin e Holz (1966): não pode haver fuga possível da
estimulação aversiva, que deve ser intensa, freqüente e imediata; a estimulação aversiva
deve ser intensa desde o início, ou seja, a intensidade não pode aumentar gradualmente; se
a intensidade for baixa, o período de punição deve ser curto; a estimulação aversiva não
pode ocorrer junto com reforço positivo (caso contrário se torna um estímulo
motivação para a resposta deve ser diminuído; a freqüência de reforço positivo para a
resposta deve ser diminuída; deve existir resposta alternativa à punida, caso não haja, o
sujeito deve ser levado à outra situação onde tenha 7 ; se um estímulo aversivo primário não
efetividade da punição para mudar comportamentos, apenas diz que não funciona em
poucas páginas. Para ele, “Skinner (1953)...não apresenta dados novos, não faz revisão de
literatura, ... é mais um manifesto contra o uso de punição” (Todorov, 20010, p. 39). Afinal,
1987, uma entrevista editada em videotape com Skinner foi mostrada no II Simpósio anual
janeiro de 1988, Skinner escreveu que ficara chateado com a maneira pela qual seu nome
7
Conforme Catania (1999), é mais fácil diminuir a probabilidade de uma resposta quando há respostas
alternativas que produzem o mesmo reforçador. Malott (2004) também pontua que a punição é ainda mais
efetiva se uma resposta alternativa produzir o mesmo reforçador que a resposta punida.
87
88
tinha sido usado por aqueles que são contra todas as formas de tratamento aversivo ao lidar
com problemas de comportamento, não importa o quão severos. Ele então declarou sua
O uso de punição tem sido largamente debatido, especialmente em conexão com a educação e
terapia. Eu sou freqüentemente dito como opositor a todas as formas de punição, e eu gostaria de
fazer a seguinte correção.
Punição é usualmente utilizada para a vantagem do punidor, mas há exceções, e às vezes elas são
justificáveis. Algumas crianças autistas, por exemplo, machucarão seriamente a si mesmas ou se
engajarão em outro comportamento excessivo ao menos que sejam drogadas ou restringidas, e outro
tratamento é então virtualmente impossível. Se estimulação aversiva breve e não perigosa, feita
precisamente contingente ao comportamento autodestrutivo ou outro comportamento excessivo,
suprime o comportamento e deixa a criança livre para desenvolver-se de outras maneiras, eu acredito
que seja justificado. Quando tomado fora de seu contexto, tal estimulação pareça ser menos que
humana, mas ela não pode ser distinguida daquela estimulação muito mais dolorosa às vezes
requerida no dentista e em várias outras práticas medicas. Permanecer satisfeito com punição sem
explorar alternativas não punitivas é realmente um erro.
Com exceção do acasalamento e o cuidado com os jovens, o comportamento social dos animais é
quase completamente punitivo. Território e outras posses são defendidas com força ou ameaça de
força. Presumivelmente, isto também seja verdadeiro para a espécie humana, e aqueles que tem a
força para ameaçar os demais ainda freqüentemente o fazem. Há conseqüências não desejáveis;
incluindo a fuga e o contra-ataque.
A alternativa é reforço positivo. Comparado ao reforço negativo ou punição, seus efeitos são um
pouco atrasados e não são tão facilmente aprendidos. O atraso é tão crítico que outras espécies não
usam reforço positivo. (Animais fazem várias coisas que reforçam o comportamento de outros, mas
não porque essa seja uma conseqüência reforçadora.)
Não há dúvidas dos ganhos de práticas que são únicas (e bem apropriadamente chamadas) humanas,
mas isso é apenas o começo. Leis éticas, religiosas e governamentais são primariamente punitivas,
especialmente quando designadas a restringir comportamento aversivo. As exceções que testificam a
unicidade do comportamento humano são raras. Por exemplo, nós estamos longe de abandonar o uso
da força em relações internacionais ou em manter a ordem doméstica. Pessoas vivendo próximas, o
que inclui professores e alunos, terapeutas e clientes, raramente podem evitar todas as formas de
punição.
Eu acredito que não haja mais nenhum uso de punição corporal nas escolas e muito se ganhou com a
supressão disso. Sobre outras formas de punição, então, a questão remanescente é a severidade. Uma
punição muito severa por não cumprir uma tarefa estaria longe do adequado da punição por trazer
uma arma ou uma faca para dentro da sala de aula.
Eu tenho orgulho do sucesso que temos tido em encontrar tantas alternativas à punição e eu esqueço
que essa controvérsia parece renovar a visão de que behaviorismo significa punição. Essa é, eu
espero, a única esperança para a eventual eliminação do controle punitivo em todos os campos.
(Skinner apud Griffin et al, 1988).
independentes de sua relação de contingência com as respostas” (p. 113), ou seja, é difícil
analisar a punição porque seus efeitos precisam ser distinguidos daqueles que dependem da
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89
comportamento é que os estímulos aversivos eliciam respostas que são incompatíveis com
evidência que suporte tal hipótese. Experimentos de Azrin (1956) e Schuster e Rachlin
potenciais de eliciar respostas, mas o fato dessas interferirem com a resposta punida parece
ser função de uma seleção arbitrária de respostas, e não de um efeito supressivo direto. É
punida não pode ser vista como um suporte para a ocorrência de uma resposta competitiva
efetivas para alterar comportamentos. Contudo, aceitar tal eficácia não significa validar o
uso dessas contingências em intervenções. Seus efeitos colaterais também devem ser
levados em consideração. Enfim, alternativas à punição são várias e justificáveis, pelos seus
subprodutos (Skinner, 1988; Todorov, 2001). Além disso, já que a punição pode modificar
contingências punitivas não tem simplesmente sim ou não como resposta. O autor afirma
que se podem utilizar contingências de reforço positivo e reforço negativo para ensinar
agindo da maneira desejada. Contudo, mesmo com esse efeito, para o autor, a utilização de
contingências punitivas nunca é benéfica, pois o preço pago é muito alto, ou seja, as
89
90
conseqüências da punição são tantas e tão prejudiciais que cancelam seus benefícios.
claro: afirma que no longo prazo, contingências punitivas não funcionam, que o uso de
esquiva com animais ou provendo exemplos a partir de estudos de caso. De acordo com tais
livros, conforme indicam os autores, o controle aversivo teria efeitos colaterais eliciados e
responsável por muitos dos mais sérios problemas da sociedade, devido às suas implicações
90
91
um indivíduo com repertório comportamental eficaz, não seria importante que esse consiga
lidar com frustrações e punições, de forma a não trazer problemas mais sérios? Mas como
obter esse resultado? Será através do uso contínuo de contingências de reforço positivo,
aversivo pode ser benéfico ao indivíduo submetido a intervenções desse tipo, conforme
COMPORTAMENTO
contingências naturais” (Catania, 1999, p. 113). Conforme Skinner (apud Griffin et al,
indivíduos, como soprar café quente, por exemplo. Há ainda casos nos quais a falta de
temperatura da água na qual estavam inseridas rãs acabou por cozinhá- las. Nesse caso,
91
92
comportamento útil em longo prazo, como por exemplo, na educação. Para Hineline
procedimentos punitivos podem produzir bases mais efetivas para o acesso do bem social”
(p. 496).
de novas respostas. De acordo com Millenson (1975), “quando várias respostas podem
produzir o reforço positivo na mesma situação, a punição de uma resposta pode facilitar o
procedimento. A conclusão a que se chegou foi que se as escolhas incorretas eram punidas
e corretas eram reforçadas positivamente, a aquisição da resposta era mais rápida do que
apenas reforçar positivamente as respostas corretas. Estudos desse tipo sugerem uma
qualquer que seja o reforço, ele deve tornar-se disponível através de um comportamento
comportamento de esquiva, mesmo que esse seja um processo filogenético, ou seja, que
apresenta valor de sobrevivência. Ele aponta que praticamente todo tipo de esquiva seja
sociedade como um todo. Contudo, em nosso dia-a-dia, por exemplo, nos esquivamos da
92
93
condicionado, protetor solar, etc). Dessa forma, podemos dizer que o controle por meio de
necessariamente ruim, às vezes pode ser bom. Já reforço positivo não é necessariamente
bom, pode também ser ruim. É importante percebermos que o controle aversivo é inerente
apontados por ele parecem ser todos produzidos por ambientes danosos aos indivíduos,
Millenson (1975) afirma que não há leis gerais sobre o tema punição.
Segundo ele, “os processos e resultados dos procedimentos de punição são variáveis e
condicionais ao tipo de comportamento que está sendo punido, assim como os estados de
(Millenson, 1975, p. 402). O autor conclui que a solução é ter cautela em relação aos
subprodutos emocionais de tal tipo de procedimento. Por outro lado, Hineline (1984)
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pontua que efeitos emocionais intensos não são peculiares ao controle aversivo – toda
respondentes.
produzidos por respostas suprimem o responder mais do que os choques independentes das
respostas. Analisando um experimento realizado com macacos, Catania (1999) aponta que
um choque de mesma freqüência pode ser responsável pela manutenção e também pela
palavra masoquismo, a qual utilizamos para nos referir a um estímulo que acreditamos que
deveria ser punidor, funciona como reforçador. Assim, o efeito da punição deve depender
da contingência (ou seja, da relação entre resposta estímulo punitivo) e não simplesmente
da aplicação de punidores. Conforme bem colocado por Catania (1999), “o responder pode
ser aumentado ou diminuído pela mudança de suas consequências, e esses efeitos são
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REFERÊNCIAS
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Behavior Analysis, 3, 16, pp. 283-296.
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through negative reinforcement. Journal of Organizational Behavior Management.
Extraído de http://www.dickmalott.com. em 10/06/05.
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Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações (M. A., Andery, & M. T. Sério, Trads.).
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Paulo: E.P.U e Edusp. (Originalmente publicado em 1972)
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M. L. F. Goulart, Trads.). Rio de Janeiro: Bloch. (Originalmente publicado em 1971)
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A partir da leitura dos resumos dos resultados obtidos, foram excluídos resultados
de publicações com as seguintes características:
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