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Marcadores Laboratoriais Da Função Hepática e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
Marcadores Laboratoriais Da Função Hepática e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
Marcadores Laboratoriais Da Função Hepática e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
e Investigação de Icterícia
A avaliação da função hepática consiste em fazer um screening para verificar a pre-
sença de patologias que são capazes de promover alterações, entre elas a icterícia.
O fígado possui duas fontes de suprimento sanguíneo, uma delas é a artéria hepática,
que obtém o sangue oxigenado com metabólitos de tecidos periféricos, e a veia porta
hepática, que obtém o sangue venoso com fármacos, nutrientes recém-absorvidos, toxi-
nas do canal alimentar e até mesmo possíveis microrganismos, provenientes da absorção
do trato gastrointestinal (TGI).
Você Sabia?
Os fármacos são também chamados de xenobióticos. Eles são metabolizados nas mem-
branas das mitocôndrias e do retículo endoplasmático liso.
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Fígado
• Metabolismo da glicose e de gorduras
• Síntese de proteínas
• Síntese de hormônios
• Produção de ureia
• Destoxificação
• Armazenamento
Metabólitos para
Secretado no duodeno
Ducto Veia tecidos periféricos
biliar hepática
• Sais biliares • Glicose
• Bilirrubina • Proteínas plasmáticas
• Água, íons •Albumina, fatores de coagulação,
• Fosfolipídeos angiotensinogênio
• Ureia
• Vitamina D, somatomedinas
• Metabólitos para excreção
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O fígado possui a capacidade de se regenerar após uma perda significativa do
tecido, seja ela por uma lesão hepática que não seja causada e complicada por vírus,
por uma inflamação ou até mesmo por uma hepatectomia parcial.
Cerca de
930.000 de
europeus Cerca de 2
milhões de
asiáticos
Cerca de
400.000 de
sul-americanos
Cerca de
350.000 de
africanos
Prevalência do AgHBs
> 8% - Alta
2-8% - Intermediária
> 2% - Baixa
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é uma insuficiência hepática aguda. A icterícia é um sinal clínico comum a várias con-
dições patológicas. Ela pode ser evidenciada em vários locais do organismo devido à
grande capacidade de impregnação do pigmento biliar. A icterícia se evidencia quando
a concentração plasmática está acima de 2,5 a 3,0 mg.dL-1. A doença é diagnosticada
pelo aumento da bilirrubina plasmática (hiperbilirrubinemia), como ocorre na Síndrome
de Gilbert, caracterizada pela deficiência enzimática, que se manifesta clinicamente
como icterícia. A compreensão dos passos da formação e excreção da bilirrubina é
fundamental para entender as manifestações clínicas que ocorrem na icterícia.
A maioria das doenças hepáticas são silenciosas em um primeiro momento. Assim, o que
indica o aparecimento de sintomas de icterícia no indivíduo adulto?
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Figura 5 – Amostras de sangue para análise laboratorial
Fonte: Getty Images
Em muitos casos, o aumento das enzimas hepáticas ocorre devido ao uso de anti-infla-
matórios não esteroides, alguns antibióticos, diabetes, álcool, hipolipemiantes, cálculos
biliares, infecções como a hepatite viral e mononucleose, uso excessivo de alguns fitoterá-
picos e tumores de fígado.
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As aminotransferases são enzimas que estão presentes nos hepatócitos e são libe-
radas em caso de dano na membrana das células hepáticas. São aminotransferases de
avaliação laboratorial o AST e o ALT. O AST (aspartato aminotransferase), também
chamado de transaminase glutâmico-oxalacética (TGO), é encontrado no fígado, em
músculo esquelético, rins, cérebro, pâncreas, baço, pulmões e leucócitos. É considerada
uma das enzimas hepáticas mais utilizadas para avaliar dano hepático, assim como o
ALT. Juntamente com o AST, é avaliada a ALT (alanina aminotransferase), também
chamada de transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), que é encontrado principalmente
no fígado, portanto é mais sensível na avaliação de dano hepático do que o AST.
Os resultados de AST e ALT devem ser analisados em conjunto, pois isoladamente
não é possível avaliar a presença de dano hepático. Em casos de aumento dos valores de
AST isoladamente, é impossível avaliar se esse aumento é causado exclusivamente pelo
fígado, pois o AST está presente também em outros tecidos. Já em casos de aumento
de ALT, a probabilidade desse aumento ser causado por um dano hepático é maior, pois
sua presença é maior no fígado, comparado com o AST. Consequentemente, quando
ambos estão com seus valores aumentados, é possível considerar que há uma lesão ou
doença hepática.
A FA é um grupo de enzimas que realiza a hidrólise de ésteres de fosfato quando em
pH alcalino. Pode estar presente em vários tecidos, mas é encontrada principalmente
no fígado, nos ossos, no intestino e na placenta. A sua função ainda é desconhecida,
mas estudos indicam que ela pode estar envolvida com o transporte de ácidos biliares
na bile. Quando ocorre qualquer tipo de obstrução no trato biliar, a atividade da FA é
maior. Laboratorialmente, é considerada como marcadora da colestase hepática, que é
a interrupção ou o retardamento do fluxo nos canais biliares. O aumento de FA plas-
mática também pode ser gerado em grávidas devido a sua presença na placenta e em
períodos de crescimento ósseo rápido, comum em crianças e adolescentes. Não se pode
correlacionar diretamente que o aumento de FA é resultante de uma colestase hepática,
portanto, quando há dúvidas sobre o causador do aumento de FA, é realizada uma aná-
lise de resultado de outras enzimas em conjunto, como a GGT.
A GGT é uma enzima que realiza a transferência dos grupos glutamil de peptídeos
gama glutamil para aminoácidos ou outros peptídeos e pode estar relacionada com o
transporte de peptídeos através das membranas celulares. Ela é encontrada na maioria
dos órgãos, exceto nos músculos, mas a sua atividade plasmática é atribuível principal-
mente a isoenzimas hepáticas. A especificidade da GGT é baixa em casos de doença
hepática, principalmente de icterícia, mas pode ser útil em dois casos específicos. O pri-
meiro é quando a FA sérica apresenta níveis altos e é necessário saber a causa, portanto,
quando a GGT também aumenta, é possível que a origem seja o fígado. O outro caso é
relacionado ao consumo crônico de álcool, em que os níveis de GGT aumentam.
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Figura 6
Fonte: Getty Images
CH3
CH3
O
A maior parte da vitamina K presente no corpo humano é produzida pelas bactérias da flora
intestinal, por meio de um processo chamado de simbiose.
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podem ser gerados pela síntese hepática prejudicada, pelas fibrinolisinas, que realizam
a lise do fibrinogênio, ou até mesmo pela conversão do fibrinogênio em fibrina em caso
de excesso, impedindo a reposição adequada.
A diferenciação dos locais onde são encontradas as transaminases AST e ALT tem
ajudado na realização do prognóstico e no diagnóstico. Segundo o índice de Ritis, nas
doenças hepáticas como hepatites virais agudas, o AST e o ALT devem ter um valor de
relação menor que 1 e em casos de doenças como a cirrose e hepatites crônicas, essa
relação é maior que 1. Quando ambos os valores apresentarem aumento, deve-se analisar
qual está mais alta e correlacionar com tipo de lesão, conforme a "Avaliação do nível de
lesão no fígado".
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Paciente, sexo masculino, dez anos, realizou exames de rotina e apresentou valores de FA
elevados e nenhuma outra alteração em testes de função hepática. Pode-se dizer que esse
paciente possui uma disfunção hepática?
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As hepatites são inflamações no fígado e podem ser causadas por fármacos, vírus,
toxinas como o álcool e por causas autoimunes, que é uma causa mais rara. Para deter-
minar a presença de hepatite, são realizados os testes de função hepática, que também
estimam a gravidade da hepatite e permitem acompanhar a progressão, assim como
acompanhar a resposta à terapia. É importante realizar a distinção entre os tipos de
hepatite, sua causa e identificar o agente etiológico, porém, os testes de função hepática
não conseguem diferenciar as causas virais das não virais, portanto, devem ser realiza-
dos testes sorológicos para complementar o diagnóstico. As cinco principais hepatites
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(A, B, C, D e E) são causadas por vírus. Exceto o vírus da hepatite B, que é um vírus de
DNA, todos os outros são de RNA. Todos podem causar uma hepatite aguda, porém
somente as hepatites B e C podem provocar infecções de forma crônica. Elas podem ser
transmitidas de diferentes maneiras, conforme apresentado na Tabela 1.
Tipos de hepatite
Meio de Transmissão
A B C D E
As suspeitas clínicas de uma hepatite viral ocorrem em casos nos quais o paciente
apresenta icterícia e dor na parte superior direita do abdômen, condizente com a po-
sição anatômica do fígado. Há casos em que os pacientes não apresentam sintomas,
mas o diagnóstico é realizado devido à anormalidade da função hepática analisada nos
resultados dos marcadores hepáticos.
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Paciente com sinais e sintomas * Coleta de TGP (ALT) / TGO (AST) na UBS
Resultado
São sinais e sintomas da hepatite aguda: febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia,
colúria, hipocolia fecal e presença ou não de icterícia.
Suspeito de hepatite A
Preencher a ficha
Coletar marcador viral para epidemológica de hepatites
hepatite A (Anti-HAV IgM) virais e encaminhar por
malote à vigilância epidemilógica
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Suspeito de hepatite B aguda
Resultado
A confirmação diagnóstica da infecção pelo HBV (vírus hepatite B) pode ser realizada
pelos testes sorológicos, que buscam identificar os antígenos e anticorpos presentes nes-
sa infecção. Esses antígenos e anticorpos aparecem e desaparecem no soro de acordo
com a fase evolutiva da infecção, conforme demonstra a Tabela 3 e a Figura 11.
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anti-HBS (remissão)
Concentração Relativa
HBsAg (crônico)
HBeAg (crônico)
HBsAg
(agudo) soroconversão anti-HBe
Tempo
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Tabela 5 – Interpretação dos resultados dos marcadores sorológicos para Hepatite B
Interpretação
HBsAg Anti-HBc Anti-HBs Procedimento do professional
dos resultados
Verificar esquema completo da vacina contra a
hepatite B. Se necessário, indicar ou completar o
Negativo Negativo Negativo Suscepítivel
esquema vacinal. orientar sobre as formas de pre-
venção das hepatites virais
Colher 2ª amostra do Anti-HBc. Se o resultado for
Contato com vírus ou
Negativo Positivo Negativo reagente, agendar infectologista no Cismepar e
infecção
realizar as orientações de prevenção das hepatites.
Negativo Positivo Positivo Imunidade, infecção passada Orientações de prevenção das demais hepatites.
Repetir todos os marcadores em 30 dias (para escla-
Positivo Negativo Negativo Incubação
recer fase aguda ou falso-positivo).
Repetir o HBsAg e o Anti-HBs em 30 a 60 dias. Se o
HBsAg (-) e o Anti-HBs (+), indicam cura e alta ao
Positivo Positivo Positivo Fase de Transição; é raro
paciente. Se o HBsAg (+) e Anti-HBs (-), encaminhar
ao Cismepar.
Realizar o Anti-HBc IgM (se tiver história de hepa-
Fase Aguda ou Hepatite tite aguda), ou repetir o HBsAg e o Anti-HBs em 6
Positivo Positivo Negativo
Crônica meses. Se Anti-HBs (+), cura e alta ao paciente. Se
HBsAg (+), encaminha-lo ao Cismepar.
Fármacos e o Fígado
A maioria dos fármacos são biotransformados pelo fígado, o que pode causar ele-
vação assintomática das enzimas hepáticas: aspartato aminotransferase (AST), alanina
aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA). Pode ocorrer também hepatotoxicidade
aguda, levando ao desenvolvimento de hepatite aguda provocada por drogas, causando
icterícia, dor abdominal ou prurido. Pode-se também desencadear alterações nos parâ-
metros de função hepática, resultado da deficiência da síntese proteica, levando ao prolon-
gamento do tempo de protrombina (TP) e/ou diminuição dos níveis de albumina, o que
é mais raro.
O termo LHID (lesão hepática induzida por droga) é utilizado para caracterizar
qualquer mal com significado clínico, podendo abranger toda e qualquer lesão hepática,
até mesmo as assintomáticas. Isso inclui lesões causadas por fitoterápicos, plantas, suple-
mentos nutricionais e drogas. Em relação ao uso de fármacos, a fisiopatologia da doença
depende da droga utilizada, assim como de seus mecanismos de ação.
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Por sua vez, o termo DILI (Drug Induced Liver Injury) define reações adversas
com dano hepático, na maioria das vezes não previsíveis. A DILI é causada por drogas
ou xenobióticos. Quando causada por ervas medicinais ou suplementos alimentares, a
doença pode ser chamada de HILI (Herbal Induced Liver Injury). As manifestações
clínicas de DILI/HILI são as mais variadas, podendo ser: leve, grave, hepatocelular, mis-
ta, colestática, vascular, aguda ou crônica. O diagnóstico dessas doenças é dado através
da história de exposição a drogas, ervas e suplementos. Para isso, são consideradas
exposições que possam ter ocorrido até seis meses antes do agravo ao fígado.
Os padrões de lesão hepática das DILI podem ser previsíveis se ela for aguda, com
lesão imediata após a exposição a determinada droga, ou imprevisível, quando a lesão
se desenvolve após período de latência e não tem relação com a dose administrada.
A DILI previsível (em geral, intoxicação por acetaminofeno) é uma causa comum de
icterícia grave e insuficiência hepática grave. A DILI imprevisível é uma causa rara de
doença hepática grave. Já a DILI subclínica são aquelas que não apresentam reações
clínicas evidenciadas, sendo as mais frequentes do que aquelas que apresentam reações
adversas conhecidas.
Achados Medicamentos
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Os medicamentos potencialmente hepatotóxicos são capazes de desenvolver três tipos
de lesões hepáticas que, bioquimicamente, podem ser classificadas como:
• hepatocelular: hepatotoxicidade hepatocelular com elevação das aminotransferases
(AST, ALT ou ambas), podendo ser acompanhado por hiperbilirrubinemia em casos
mais graves. Hiperbilirrubinemia, nesse contexto, é considerada icterícia hepato-
celular e, de acordo com a Lei de Hy, associada à mortalidade superior a 50%. Se
a lesão hepatocelular é acompanhada de icterícia, comprometimento da função de
síntese e encefalopatia, então a chance de regeneração e restabelecimento é baixa e
o transplante de fígado deve ser considerado. Esse tipo de lesão pode ocorrer com
drogas do tipo isoniazida e acetaminofeno;
• colestática: hepatotoxicidade colestática caracteriza-se pelo aparecimento de pru-
rido e icterícia seguidos da grande elevação dos níveis das enzimas canaliculares. É
uma lesão menos grave do que a lesão hepatocelular, porém a recuperação pode
ser lenta. Vários fármacos podem desencadear esse tipo de lesão como amoxicili-
na/clavulanato e clorpromazina;
• mistas: nestas síndromes clínicas não há predomínio na elevação nem das amino-
transferases e nem da fosfatase alcalina. Os sintomas também podem ser mistura-
dos. Drogas como a fenitoína podem causar esse tipo de lesão.
Além disso, o paciente deve ser monitorado quanto aos níveis terapêuticos de tacrolimus
e cefalospiras, que são imunossupressores usados para evitar rejeição.
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Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma
síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua sín-
tese, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Em Síntese
O fígado é um órgão fundamental para a manutenção da vida e para o bom funcio-
namento de todo o organismo. Por isso, quando ocorrem doenças hepáticas, a manu-
tenção da glicemia, por parada de funcionamento do metabolismo de carboidratos, e a
produção de proteínas plasmáticas podem estar prejudicadas.
Os sintomas de doenças hepáticas geralmente aparecem quando elas estão avançadas.
É o caso da icterícia no indivíduo adulto, que só aparece quando o fígado não consegue
mais colocar a bilirrubina na bile e eliminá-la nas fezes.
Para o diagnóstico, monitoramento e avaliação do prognóstico dessas doenças são uti-
lizados exames laboratoriais. Eles são capazes de mensurar a gravidade e a progressão
das doenças (detecção de inflamações, lesões ou disfunções), além de medir a resposta a
tratamentos. Diante de qualquer alteração, os biomarcadores serão alterados, diagnos-
ticando doenças no fígado.
Os testes de função hepática são realizados em amostras de sangue, e medem os níveis
de enzimas e outras substâncias produzidas pelo órgão. Entre as substâncias analisadas
estão: alanina transaminase (ALT), albumina, fosfatase alcalina (FA), alfafetoproteína,
aspartato transaminase (AST), bilirrubina, gama glutamil transpeptidase, desidrogena-
se láctica e 5’-nucleotidase.
As concentrações de algumas delas apresentam a eficiência com a qual o fígado executa
suas funções normais de síntese de proteínas e de secreção de bile. Caso haja como re-
sultado concentrações de outras substâncias, detecta-se a presença de uma disfunção e
o grau da inflamação hepática.
O tempo de protrombina (TP) é um dos testes de função hepática, sendo usado para cal-
cular a razão normalizada internacional (RNI). O TP e a RNI são medições do tempo ne-
cessário para o sangue coagular. O fígado sintetiza algumas proteínas necessárias para
o processo de coagulação, denominadas fatores de coagulação sanguínea. Dessa forma,
medições de TP ou RNI anormais podem indicar um distúrbio agudo do fígado. Por sua
vez, nos distúrbios crônicos, o aumento de TP ou RNI indica, tipicamente, a progressão
para insuficiência hepática. Um exemplo disso ocorre quando um menino de dez anos
apresenta apenas a FA alterada, o que pode indicar um caso de colestase hepática, ne-
cessitando melhor investigação.
Por esse motivo, é necessário a realização de testes de função hepática para verificar o
funcionamento do fígado.
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Contextualizando o Cenário
As proteínas são essenciais para o bom funcionamento do organismo humano. Elas par-
ticipam das principais funções orgânicas e da manutenção da homeostase. Assim, torna-se
fundamental conhecer as técnicas laboratoriais de mensuração das proteínas. Da mesma
forma, é importante saber como conjugar os resultados com as patologias relacionadas.
Diante desse cenário, o principal questionamento para esse estudo é: quais são as
principais técnicas de separação das proteínas?
Proteínas
As proteínas são as macromoléculas mais importantes encontradas na natureza
e em toda a estrutura do corpo humano. Elas possuem muitas funções e controlam
praticamente todos os processos que ocorrem em uma
célula. As proteínas de cada organismo são construídas
a partir do mesmo conjunto de 20 aminoácidos. Portan- O termo resíduo se refere à
to, podemos dizer que proteínas são polímeros de ami- perda de água quando há
noácidos, em que cada resíduo de aminoácido é unido a formação de uma liga-
ção peptídica.
a outro por uma ligação covalente específica, chamada
ligação peptídica.
Figura 12
Fonte: Getty Images
Os aminoácidos apresentam algumas estruturas que são comuns a todos. Eles pos-
suem um grupo carboxila e um grupo amina ligados ao carbono central, chamado
também de carbono α. Nesses casos, o carbono α é um centro quiral. A única exceção
é a glicina, que possui como grupo radical um hidrogênio e, por apresentar dois grupos
iguais (dois hidrogênios), o carbono α não é quiral nesse aminoácido. O fato de um ami-
noácido possuir um centro quiral faz com que ele possua duas conformações possíveis,
a D– (dextrogira) e a L– (levogira) (NELSON; COX, 2014).
Após análises de muitas estruturas proteicas, se observou que os resíduos de aminoá-
cidos são exclusivamente estereoisômeros L–. Alguns microrganismos e vários processos
terapêuticos, como os antibióticos bacitracina e gramicidina A e o agente antitumoral ble-
omicina, são polipeptídeos que contêm aminoácidos D– e L– (RODWELL et al., 2015).
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A ligação peptídica que une os aminoácidos é formada pela catálise realizada pelo
ribossomo, a partir da codificação do RNAm, que chega ao citoplasma a partir do nú-
cleo. A ligação peptídica é formada pela reação entre o grupo carboxila de um amino-
ácido, com o grupo amina do outro aminoácido, restando uma molécula de água que
une os dois aminoácidos. Para formar um peptídeo, deve ser utilizado o código molde
de RNAm. Portanto, o primeiro aminoácido de qualquer cadeia polipeptídica possui
sempre o grupo amina livre, e é chamado de aminoácido animo-terminal. Da mesma
forma, o último aminoácido da estrutura possui o grupo carboxila livre, e é chamado
de aminoácido carboxi-terminal. Com essa união dos aminoácidos, ocorre a formação
da estrutura primária da proteína. Dependendo da sequência de aminoácidos, a cadeia
polipeptídica pode adquirir formato de α-hélice ou de cadeia β-pregueada e com isso
forma a estrutura secundária da proteína. A estrutura secundária pode enovelar-se ou
permanecer alongada, com um determinado formato tridimensional, que é chamado de
estrutura terciária da proteína. Várias proteínas apresentam apenas esses níveis confor-
macionais, como, por exemplo, a triose fosfato isomerase, porém muitas delas possuem
duas ou mais estruturas terciárias juntas (subunidades), formando a estrutura quaterná-
ria. Um excelente exemplo de proteína com estrutura quaternária é a hemoglobina, que
está nos eritrócitos e tem a função de transportar gás oxigênio e dióxido de carbono
na corrente sanguínea. Para que as subunidades permaneçam unidas, são necessárias
ligações covalentes, como as pontes de dissulfetos, e ligações não covalentes, como liga-
ções de hidrogênio, interações hidrofóbicas etc. As subunidades podem atuar de forma
independente ou cooperativamente no desempenho da função bioquímica da proteína.
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De acordo com Jacobucci (2010), a desnaturação pode ocasionar modificações, não somente
no grau de digestibilidade, mas também na biodisponibilidade de aminoácidos para o meta-
bolismo. Pode também alterar a velocidade e os mecanismos de absorção dos peptídeos, bem
como sua biodisponibilidade.
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Outras técnicas bastante utilizadas são baseadas no uso de anticorpos dirigido con-
tra antígenos sobre a molécula proteica, como o imunoensaio, que inclui testes como
imunodifusão radial, eletroimunodifusão em “foguete” de Laurell, imunonefelometria,
imunofluorometria, e radioimunoensaio, entre outros.
As técnicas de imunoensaio quantificam as proteínas individuais e não em geral,
o que garante resultados mais fidedignos com excelente sensibilidade e especificidade.
A imunoeletroforese ou técnicas semelhantes, como a imunofixação, dão um passo à
frente do imunoensaio e separam algumas moléculas globulínicas individuais em compo-
nentes estruturais eu em subclasses.
Além disso, a imunoeletroforese também pode detectar proteínas anormais que diferem
estruturalmente das proteínas normais, ou cujos componentes estruturais são produzidos
em diferentes proporções, conforme descrito na sequência (RAVEL, 1997).
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Albumina
Alfa 2 globulina
haptoglobina
macroglobulina Imunoglobulina
ceruplasmina
α1 β γ
α2
IgG
IgD IgM
IgA
Alfa 1 antitriosina Tranferrina
TBG
alfafetoproteína beta-lipoproteína
alfa 1 glicoproteína ácida C3
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Interpretação Laboratorial do Proteinograma
Entende-se por proteinograma o gráfico em que se registam, separadamente, as
frações proteicas do soro sanguíneo. As proteínas que constituem o foco da análise
clínica laboratorial são as que circulam na corrente sanguínea. Entre essas incluem-se as
proteínas plasmáticas, proteínas de transporte, de defesa e de coagulação.
As proteínas séricas totais correspondem à soma da concentração das proteínas circu-
lantes. O doseamento das proteínas totais compreende a quantificação dessas proteínas
no sangue (proteínas séricas), na urina (proteinúria) e no líquor, com maior relevância
para a albumina e as imunoglobulinas, que representam a maior porção desse valor.
A determinação da proteína total no soro é um exame de sangue que afere as quan-
tidades de proteína total, albumina e globulina no sangue. As quantidades de albumina
e de globulina também são comparadas (razão albumina: globulina). Em condições nor-
mais, existe mais albumina do que globulina, sendo, portanto, a razão > 1. Uma razão
< 1 ou > 1 fornece indícios sobre problemas orgânicos (WILLIAMSON; SNYDER,
2017). Na Tabela 8, estão listados os valores de referência das proteínas totais.
Figura 18
Fonte: Getty Images
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O valor das proteínas totais séricas pode sofrer variações por alteração de uma ou
mais proteínas específicas ou por alterações do volume de água no plasma. As altera-
ções nos níveis de proteínas totais apresentam uma correlação clínica variada e o inte-
resse da sua determinação é, essencialmente, o uso como teste de screening para avaliar
se os níveis proteicos estão de acordo com o esperado (FURTADO, 2015).
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Nas metodologias eletroforéticas (agarose ou de zona capilar), as proteínas são clas-
sificadas pela sua posição final em: albumina, alfa-1, alfa-2, beta e gama. A maioria das
imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM, IgD e IgE) apresentam mobilidade gama e ocupam maior
parte da região gama, mas podem ser encontradas nas regiões beta-gama e beta, podendo
inclusive ser encontradas na área alfa-2-globulina (WILLIAMSON; SNYDER, 2017).
A EPS pode ser considerada em todos os pacientes com níveis séricos elevados de
proteínas totais ou sinais e sintomas inexplicáveis, sugestivos da presença de distúrbio de
plasmócitos, incluindo as seguintes alterações:
• Elevação de vhs (velocidade de hemossedimentação) ou viscosidade do soro;
• Anemia inexplicada, dor lombar, fraqueza ou fadiga;
• Osteopenia, lesões osteolíticas ou fraturas espontâneas;
• Insuficiência renal com sedimento urinário discreto;
• Proteinúria maciça em pacientes com mais de quarenta anos de idade;
• Hipercalcemia;
• Hipergamoglobulinemia;
• Deficiência de imunoflobulina;
• Proteinúria de Bence Jones;
• Neuropatia periférica inexplicada;
• Infecções recorrentes.
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• Síndrome nefrótica;
• Estimulação estrogênica aumentada;
• Bandas duplas nas seguintes condições: Fenótipos de haptoglo-
Alfa2 Globulina bina (Hp) – sem significado clínico;
• Hemólise (complexo Bp-Hp);
• Betaliproteínas de migração anormal (amostras velhas).
• Hipolipoproteinemias;
• Anemia ferropriva;
• Estrogênio, gravidez ou esteroides anabolizantes;
• Comigração com transferrina, Hb (em excesso à quantidade ligada
nos complexos Hp-Hp);
Betaglobulina • Inflamação aguda (fase mais tardia);
• Imunoglobulinas monoclonais (presença de IgA);
• Bandas duplas;
• Fenótipos de transferrina;
• Etilistas.
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Quadro 3 – Valores diminuídos
• Analbuminemia congênita;
• Deficiência Nutricional;
• Síntese diminuída;
• Insuficiência hepatocelular, lesão hepática (cirrose, hepatite);
Albumina • Perda orgânica tecidual;
• Urinária (Síndrome nefrótica), cutânea (queimaduras excessivas),
excreção urinária na gravidez;
• Hipercatabolismo;
• Distúrbios endócrinos (tireotoxicose, síndrome de Cushing).
• Insuficiência hepatocelular;
• Desnutrição, perda de proteína;
Alfa1 Globulina • Deficiência congênita de ATT;
• Doença de Tangier.
• Fisiológica do recém-nascido;
• Imunodeficiências, induzidas (esteroides, imunossupressores,
quimioterapia e radioterapia;
Gamaglobulina • Síntese suprimida causada por gamopatias monoclonais (mie-
loma múltiplos, doenças de cadeias leves e amiloidose);
• Linfomas e leucemias.
Esses exames apresentam algumas limitações que devem ser levadas em conside-
ração. A presença de uma proteína monoclonal circulante pode interferir em um ou
mais exames laboratoriais realizados em analisadores automáticos com base em líquido,
precipitando durante a análise ou em virtude das propriedades específicas de ligação.
Além disso, o fibrinogênio no plasma é visualizado como uma banda distinta entre as re-
giões de mobilidade beta e gama, sendo indistinguível de uma proteína M. Sendo assim,
recomenda-se adicionar trombina com a qual o fibrinogênio reage e forma um coágulo,
e, após repetição da eletroforese, não é mais detectado.
Assim, a IF sérica é mais sensível do que a EPS, e determina o tipo de cadeia pesada
e cadeia leve da proteína monoclonal. Entretanto, ao contrário da EPS, a IF não fornece
uma estimativa quantitativa da proteína M, sendo indicada a realização junto com a eletro-
forese (WILLIAMSON; SNYDER, 2017; RAVEL, 1997).
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e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
Bioquímica Pediátrica
A bioquímica pediátrica é um tema extremamente relevante, apesar de uma literatura
escassa. Para isso, é preciso considerar suas particularidades, uma vez que as crianças
apresentam os sistemas ainda em desenvolvimento, com respostas individualizadas e
valores de referência específicos para os analitos, bem como manifestações diferentes
para as diversas doenças.
Tabela 11
Clearance de Creatinina
Idade
± SD ml/min./1,73m²
1ª semana 40,6 ± 14,8
2ª a 8ª semana 65,8 ± 24,8
Maior de 8 semanas e menor
95,7 ± 21,7
do que 2 anos
Fonte: Adaptada de BELANGERO, 2015
A coleta de 24 horas de urina, por ser muito difícil em crianças, pode ocasionar erros
de avaliação. Por isso, o clearance de creatinina deve ser realizado por fórmulas que re-
lacionam a estatura ou altura em centímetros, com o valor da creatinina sérica em mg%.
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As diferenças entre os coeficientes das duas fórmulas têm sido justificadas pelas metodolo-
gias laboratoriais empregadas na mensuração da creatinina sérica (BELANGERO, 2015).
A infecção de trato urinário (ITU) é uma das infecções bacterianas mais frequentes
na pediatria, e a mais prevalente no lactente, de acordo com a Sociedade Brasileira de
Pediatria (2016). A urocultura deve ser realizada na ITU, porém o exame de urina já
pode demonstrar alterações que permitem o início do tratamento precoce, já que resul-
tados da cultura demoram 24 a 72 horas para serem obtidos. Em alguns centros, a
coleta de urina é feita inicialmente através de saco coletor e, se tiver alterações, faz-se
uma nova coleta através de método adequado para a realização da urocultura.
A formação da cicatriz renal deve ser evitada com diagnóstico e a terapêutica preco-
ces. Após os dois anos de idade, aparecem sintomas mais relacionados ao trato urinário
inferior, tais como: disúria, polaciúria, urge-incontinência, enurese e tenesmo, além de
cistites. Estes quadros podem evoluir para pielonefrite (SBP, 2016).
Síndrome de Bartter
A síndrome de Bartter é uma canalículopatia, na qual o canal de Na+ – K+ – Cl–
não consegue reabsorver esses íons no túbulo renal. Com isso, ocorre alcalose me-
tabólica hipocalêmica, hipoclorêmica, hiperreninêmica, com renina e prostaglandina
aumentadas, e perdas urinárias de potássio, cloro e sódio, com pressão arterial normal.
Além disso, ocorre poliúria, polidipsia e desidratação, podendo se manifestar no perío-
do neonatal ou nos primeiros anos de vida. A maioria dos pacientes é desnutrida, com
grande retardo do crescimento. Estudos de crescimento e desenvolvimento de pacientes
com síndrome de Bartter indicam que o retardo é grave durante a infância, sendo que a
estatura normal raramente é obtida (MAIA et al., 2011).
Metabolismo de Carboidratos
O metabolismo de carboidratos envolve vários processos, desde a glicólise até a forma-
ção de glicoconjugados. Distúrbios desses metabolismos apresentados pelo paciente pedi-
átrico são geralmente hereditários.
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Alguns sinais clínicos comuns são observados nos pacientes com anemia hemolítica,
seja por deficiência na piruvato quinase ou na G6PD, como sintomas de anemias, icterícia
e esplenomegalia. Além disso, alguns exames laboratoriais apresentam resultados alte-
rados: reticulocitose ≥ 100.000; hiperbilirrubinemia não conjugada; haptoglobina baixa;
LDH alta; e nos exames de urina hemoglobinúria e hemossiderinúria (PALARÉ, 2014).
Alteração no metabolismo dos carboidratos podem ser muito graves, causando, por exem-
plo, anemias hemolíticas. Quais são os principais tipos de anemias hemolíticas, suas princi-
pais causas e seus possíveis agravamentos?
Existem várias doenças genéticas causadas pelas deficiências de enzimas que parti-
cipam do metabolismo do glicogênio. Essas doenças são chamadas genericamente de
glicogenoses. Como o glicogênio é um polissacarídeo de armazenamento de energia no
fígado, no músculo estriado esquelético e nomúsculo cardíaco, esses órgãos podem ma-
nifestar sintomas, dependendo da enzima deficiente. É possível citar as principais glico-
genoses, como a doença de von GIerke, a doença de Pompe e a doença de Forbes-Cori.
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A doença de von Gierke (glicogenose tipo I – GDSI) é causada pela deficiência
da enzima glicose-6-fosfatase (G6Pase), a qual catalisa a hidrólise de glicose-6-fosfato
(G6P) em glicose e fosfato inorgânico (Pi). São reconhecidos dois subtipos principais da
GSDI: GSD tipo Ia e GSD tipo Ib (GSDIb). Essa doença acomete fígado e rim, porém
não envolve músculo e coração. (SHERLOCK, 2002).
Quando a doença se manifesta na infância, ainda nos primeiros meses de vida, ela
progride de forma aguda e intensa, podendo levar a criança ao óbito por problemas
cardíacos e respiratórios. Como a doença nem sempre apresenta um curso esperado, o
paciente deve ser monitorado de forma minuciosa (SILVA; AVILA, 2015).
De forma inicial, o paciente apresenta hipertrofia do músculo cardíaco que pode ser
seguida de dilatação e da destruição das fibras musculares. Os portadores da doença
ainda podem apresentar taquiarritmias supraventriculares e morte súbita, por causa da
hipertrofia do ventrículo esquerdo – principalmente em casos de infecções, desidrata-
ção, hipertermia e anestesia geral (PEREIRA et al., 2008).
A doença de Pompe não pode ser excluída pela ausência de acúmulo de glicogênio
no tecido muscular, pois o teor de glicogênio pode variar. A cromatografia de oligossa-
carídeos ou o achado de glicogênio GLc4 na urina também pode auxiliar no diagnóstico
(PEREIRA et al., 2008).
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e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
A aparição dessa doença acontece entre os dois e os três anos de idade e pode se
apresentar de duas formas: fenótipo brando ou fenótipo grave (GOLDMAN; AUSIELLO,
2009). Pode-se dizer ainda que pacientes com a forma mais grave da doença possuem
fenótipos bastante semelhantes à MPS I, incluindo hepatoesplenomegalia, cardiopatias,
declínio neurocognitivo e surdez.
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Figura 19
Existem três métodos para diagnosticar uma MPS: exame de excreção de GAGs
na urina; exame de atividade enzimática; e teste genético. Destes, o segundo é o mais
eficiente e confiável para o diagnóstico, inclusive do subtipo. A atividade enzimática é
testada em leucócitos ou em cultura de fibroblastos, possibilitando o teste para os quatro
tipos de enzimas da degradação do heparan sulfato. Assim, de acordo com os níveis das
enzimas, será determinada a doença e seu tipo (WIJBURG et al., 2013). O exame ainda
pode ser realizado pelo líquido amniótico, facilitando um diagnóstico pré-natal.
Por sua vez, a MPS IV, também conhecida como síndrome de Morquio, ocorre pela
anormalidade da enzima galactose-6-sulfatase (do gene GALNS) no tipo A da síndrome,
ou de β-galactosidase (do gene GLB1) no tipo B, causando acúmulo de queratan sulfato
e dano progressivo.
O aparecimento dos sintomas começa a ocorrer geralmente entre um e dois anos de
idade. Caracteriza-se, principalmente, por baixa estatura, e pescoço e tronco curtos (com
comprometimento ósseo), levando a modificações na curvatura da coluna e encurtamento
de ossos longos.
Outras características que podem ser observadas são a ponta do nariz achatada e
a mandíbula quadrada. O esterno se curva para fora, causando o “peito de pomba”.
A estatura fica entre 100 e 130 cm, mas pode chegar a 150 cm. A má formação óssea
atinge também os dentes e pode causar infecções crônicas na boca. Os pulmões possuem
pequena expansão e deve ser sempre tomado os devidos cuidados para doenças pulmo-
nares (VIAPIANA et al., 2010).
Já na MPS VI ocorre deficiência na enzima arilsulfatase B (ASB), também chamada
de N-acetilgalactosamina 4-sulfatase, que acarreta em um acúmulo de dermatan sulfato
e condroitin sulfato nos órgãos e tecidos. O diagnóstico é apoiado pela evidência de
fenótipo clínico que inclui baixa estatura, disostose múltipla óssea, hepatoesplenomega-
lia, macrocefalia, hérnia inguinal ou umbilical, turvação da córnea ou espessamento da
válvula cardíaca. A confirmação é feita pela baixa atividade da enzima ASB, caracteri-
zada em 10% a menos do limite inferior normal (VALAYANNOPOULOS et. al., 2010;
PEREIRA et al., 2011).
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e Proteinograma e Bioquímica Pediátrica
As hepatites virais ocorrem por infecção dos vírus A, B, C, D e E, que são hepa-
totrópicos. Os vírus podem causar várias de manifestações clínicas, que vão desde um
estado de portador assintomático, hepatite aguda, fulminante ou crônica, até cirrose
hepática e carcinoma hepatocelular (FERREIRA et al., 2014). O diagnóstico das hepa-
tites é feito pela detecção dos marcadores presentes no sangue, soro, plasma ou fluido
oral da pessoa infectada. Isso é realizado através de imunoensaios, e/ou da detecção do
ácido nucleico viral, empregando técnicas de biologia molecular. (HEIAT; RANJBAR;
ALAVIAN, 2014).
A falência hepática aguda (FHA) é rara, porém apresenta caráter devastador, evo-
luindo para falência de múltiplos órgãos e óbito rapidamente. Por isso, o tempo entre
o início do quadro clínico e o desenvolvimento da encefalopatia deve ser inferior a
oito semanas. A FHA, geralmente, apresenta-se em uma criança ou adolescente previa-
mente hígido, iniciando com sintomas inespecíficos com duração variada. Depois surgem
sintomas como icterícia, vômitos, hipoglicemia e convulsões. Deve-se verificar se existe
evidência bioquímica de falência hepática aguda, ou doença hepática crônica, associada
à coagulopatia de origem hepática não corrigível pela vitamina K, podendo apresentar
ou não encefalopatia hepática (ALBERTO et al., 2015).
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Figura 20
Fonte: Getty Images
A CEP é uma doença colestática crônica, sem causa definida, caracterizada por in-
flamação progressiva, fibrose e estenose dos ductos biliares intra e extra-hepáticos. O
diagnóstico é comprovado por meio da colangiografia, que mostra áreas de dilatações
intercaladas com estenoses. Além da cirrose, ocorrem também colangites de repetição e
colangiocarcinoma. Ela está associada à alta incidência de doença inflamatória intestinal
(SANTOS et al., 2017).
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Teste Jejum
Colesterol 4h
Triglicerídeos –
< 1 ano 3h
1 a 6 anos 6h
6 anos 12h (máximo de 14h)
Fonte: Adaptada de SBC, 2005
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Recomenda-se manter a dieta habitual e o peso por pelo menos duas semanas e um
estado metabólico estável. Orienta-se, no caso de cirurgia, aguardar um intervalo de no
mínimo oito semanas entre o procedimento cirúrgico e a coleta, além de não realizar
nenhuma atividade física vigorosa nas 24 horas que antecederem o exame laboratorial.
Para que o bebê tenha todos os benefícios das proteínas é importante que ele seja
amamentado com o leite materno, alimento produzido pela mãe especialmente para
seu filho, de acordo com suas necessidades. As proteínas ingeridas nessa fase benefi-
ciam o indivíduo até a vida adulta, pois serão completamente utilizadas em quantidades
específicas a cada etapa de seus primeiros mil dias de vida (CAETANO et al., 2010).
Estudos mostram que crianças que consomem uma alta quantidade de proteína nos primeiros
anos de vida têm maior chance de desenvolver sobrepeso ou obesidade na vida adulta. Por
essa razão, o leite de vaca integral deve ser evitad , pois os cuidados na infância devem ser
totalmente pensados na prevenção das doenças crônicas como obesidade, diabetes, hiperten-
são arterial para a vida adulta.
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Para isso, elabore
uma síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua
síntese, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Em Síntese
Nesse capítulo, foram estudadas as principais técnicas laboratoriais de mensuração das
proteínas, seguidas das técnicas de separação proteica e de interpretação laboratorial
do proteinograma.
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