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Revisão de Ervilha

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO – UFES

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS – CCAE

JUSSARA OLIVEIRA GERVASIO

REVISÃO DE LITERATURA: CULTURA DA ERVILHA

ALEGRE
2021
JUSSARA OLIVEIRA GERVASIO – 2017102120

REVISÃO DE LITERATURA: CULTURA DA ERVILHA

Trabalho apresentado à disciplina -


Olericultura: Folhas, Flores e Frutos do
Curso de Agronomia da Universidade
Federal do Espírito Santo, Centro de
Ciências Agrárias de Alegre, como
requisito para avaliação.
Professor: Fábio Luiz de Oliveira

ALEGRE
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................4
1 ORIGEM .....................................................................................................................4
2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ..................................................................................5
3 VALOR NUTRICÊUTICO...........................................................................................6
4 FORMAS DE CONSUMO ..........................................................................................6
5 BOTÂNICA.................................................................................................................7
6 CULTIVO ....................................................................................................................9
6.1 EXIGÊNCIAS EDAFO-CLIMÁTICAS .................................................................9
6.2 PREPARO DO SOLO ....................................................................................... 10
6.3 ADUBAÇÃO ...................................................................................................... 10
6.4 CICLO VEGETATIVO ....................................................................................... 10
6.5 PLANTIO E ESPAÇAMENTO .......................................................................... 11
6.6 IRRIGAÇÃO ...................................................................................................... 12
6.7 PRAGAS ........................................................................................................... 13
6.8 DOENÇAS ........................................................................................................ 14
6.8.1 PODRIDÃO DO COLO .............................................................................. 14
6.8.2 OÍDIO ......................................................................................................... 15
6.8.3 PODRIDÃO-DE-ESCLEROTÍNIA ............................................................. 15
6.8.4 ASCOQUITOSE ........................................................................................ 16
6.8.5 MÍLDIO....................................................................................................... 17
6.8.6 VAGEM-MARROM .................................................................................... 18
7 COLHEITA ............................................................................................................... 19
8 COMERCIALIZAÇÃO .............................................................................................. 20
9 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 20
INTRODUÇÃO

A ervilha, Pisum sativum L., é uma espécie pertencente à família Fabaceae,


subdivisão Viciae. É uma hortaliça de alto valor nutritivo, com uso na alimentação
humana e animal. Os grãos verdes de ervilha podem ser consumidos "in natura",
enlatados ou congelados, já os grãos secos, podem ser reidratados para
consumo imediato ou para enlatar. Dos grãos seco ainda é possível obter farinha
de ervilha, usadas em sopas instantâneas e na panificação (GIORDANO, 1997).

A ervilha é uma cultura anual das zonas temperadas, com crescimento


determinado para cultivares destinadas à produção de grãos e indeterminado
para a produção de vagens comestíveis.

1 ORIGEM
Acredita-se que a ervilha seja originária da região entre o Cáucaso e a
antiga Pérsia, e que a partir deste local foi difundida para Europa e Mediterrâneo.
Ainda existe outra teoria que associa a origem da ervilha a região da Etiópia
(PARODI, 2016).

Figura 1. Região de origem e distribuição do cultivo de ervilhas. Fonte: SCHUCHERT, 2006.


2 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

A China e a Índia são os maiores produtores mundiais de ervilha, esses


países respondem por 60% e 26% da produção mundial da leguminosa, a
América do Sul os principais produtores são Peru, Argentina e Chile (FAO, 2018).

Na Tabela 1 abaixo estão dispostos o maiores produtores desta


leguminosa, no mundo e na América do Sul.

Tabela 1. Maiores produtores de ervilha, no mundo e na América do Sul, e quantidade produzida


e toneladas.

País/Ano 2011 2013 2015 2017


China 10.3 milhões 10.6 milhões 11.8 milhões 12.6 milhões
Índia 3.5 milhões 4 milhões 4.6 milhões 5.3 milhões
Peru 100 mil 130 mil 133 mil 131 mil
Argentina 27 mil 27 mil 28 mil 28 mil
Chile 18 mil 18 mil 10 mil 15 mil
Mundial 16.9 milhões 17.4 milhões 19.4 milhões 20.7 milhões
Fonte: FAO, 2018

No Brasil a produção de ervilhas foi de pouco mais de 3108 toneladas no


ano de 2020, a leguminosa é cultivada apenas nos estados de Minas Gerais,
São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal (SIDRA, 2021). A
quantidade de toneladas produzidas de ervilha no Brasil é apresentada na
Tabela 2 abaixo, dividida em regiões e estados brasileiros produtores.

Tabela 2. Produção de ervilha no Brasil, regiões e estados em toneladas.

Local/Ano 2017 2018 2019 2020


Brasil 2763 2813 2715 3108
Sudeste 2080 2085 2209 2257
Minas Gerais 2069 2014 2147 2195
São Paulo 11 71 62 62
Sul 459 448 226 571
Paraná 160 198 190 192
Rio Grande do Sul 299 250 36 379
Centro-Oeste 224 280 280 280
Distrito Federal 224 280 280 280
Fonte: Sidra, 2021

A quantidade de ervilha produzida no país é insuficiente para suprir a


demanda nacional, no ano de 2019 o Brasil importou 30,5 mil toneladas de
ervilha, provenientes da Argentina, Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia
(CNA SENAR, 2020). Atualmente a ervilha-torta classificação extra AA está
sendo cotada a R$ 18,56 (CEAGESP, 2021).

3 VALOR NUTRICÊUTICO

A ervilha é uma hortaliça com alto valor nutritivo, sendo rica em sais
minerais e vitaminas A, B e C (TEXEIRA). Além destes a ervilha é uma excelente
fonte de proteínas, principalmente em dietas veganas ou vegetarianas,
fornecendo aminoácidos necessários para manter a formação de músculos,
células e hormônios (ZANIN, 2021).

Na tabela 3 abaixo estão dispostas as informações nutricionais de uma


porção de uma xícara de ervilha (160 g).

Tabela 3. Informações nutricionais de uma xícara de ervilha.

Nutriente Quantidade/porção
Gordura 0,4 g
Carboidratos 25,0 g
Proteína 8,6 g
Cálcio 43,2 mg
Vitamina C 22,7 mg
Magnésio 62,4 mg
Fósforo 187,2 mg
Ferro 2,5 mg
Potássio 433,6 mg
Fonte: Adaptada do site YAZIO.

4 FORMAS DE CONSUMO
A ervilha pode ser consumida de diversas formas, podendo ser a ervilha
colhida seca e posteriormente reidratada ou ervilha verde fresca (LACERDA,
2016). A ervilha fresca fica envolvida em uma casca semelhante a uma vagem
e é usada em sopas tortas e saladas, ou ainda em conserva.

O modo de consumo pode ser distinto também em relação ao cultivar,


da ervilha-torta são consumidos tanto o grão como a vagem, sendo utilizada
no preparo de entradas, sopas e saladas e combina muito bem com a alface
e cebola. Já de ervilha em grão, ou ervilha de debulhar, apenas os grãos são
consumidos.

Figura 2. Representação da forma de consumo de ervilha torta à esquerda e ervilha em grão à


direita.

5 BOTÂNICA

A ervilha - Pisum sativum L., é uma planta anual herbácea, pertencente à


ordem Fabales, família Fabaceae, genêro Pisum. É um diploide com 2n=14
(Hancock, 2004). Na agricultura são utilizadas duas variedades P. sativum var.
sativum e P. sativum var. arvense.

Suas raízes são profundas podendo atingir cerca de 1 a 1,50 m, com muitas
raízes secundárias. Possui nódulos nas raízes onde fixa nitrogênio atmosférico
por ação da simbiose que estabelece com a bactéria Rhizobium leguminosarum.
Os caules das ervilheiras são herbáceos, angulosos e ocos, com uma altura
variável entre os 25 cm e até 3 metros, possuem também entrenós com
diferentes comprimentos podendo variar entre os 5 e 50 cm.
As folhas são alternas, compostas por folíolos ovais ou elípticos, inteiros ou
dentados (GRITTON, 1986). Algumas plantas podem apresentar diferentes
folhas, sendo elas: folha normal com folíolos, estípulas e gavinhas, folha
semiáfila com estípulas e gavinhas e folha áfila apenas com gavinhas, conforme
pode-se observar na Figura 3.

Figura 3. Morfologia da planta e diversos tipos de folha de ervilha.

A inflorescência é axilar, solitária ou em racimo floral de 2 ou 3 flores,


pedúnculo de tamanho variável, as flores podem ser de cor branca ou violeta, a
depender da variedade sativum apresenta flores brancas e a variedade arvense
apresenta flores violetas, como é demostrado na figura 4 abaixo. As flores são
papilionáceas, possuem simetria bilateral e têm 5 sépalas e 5 pétalas. A
fecundação é autogâmica, devido à um processo de cleistogamia que controla a
abertura das anteras no interior das flores, provocando a autofecundação
(Gritton, 1986).

Figura 4. – Planta de P. sativum var. sativum L. (A) planta de P. sativum var. arvense L. (B).
O fruto é uma vagem, como é característico das leguminosas, apresenta
coloração amarela quando maduro, podendo conter entre 2 e 10 sementes. As
sementes podem ser lisas ou rugosas (Franco, 1971), de cor verde, creme ou
pigmentada, dependendo das variedades.

6 CULTIVO

6.1 EXIGÊNCIAS EDAFO-CLIMÁTICAS

O cultivo de ervilha é adaptado em regiões de clima temperado, com


temperatura amenas, ou ainda, em locais com altitudes elevadas em regiões
tropicais. A ervilheira é uma planta bastante tolerante a baixas temperaturas,
tendo seu zero germinativo por volta de 4 °C. A temperatura ótima para produção
de ervilhas é entre 13 e 18 °C, temperaturas elevadas, acima de 27 °C,
prejudicam a produtividade (GIORDANO, 1997).

Segundo Salgueiro (1986), a cultura da ervilha prefere solos francos ou


franco-arenosos, bem drenados e textura leve, pois é intolerante ao alagamento.
O pH ideal para o cultivo da ervilha está na faixa de 5,5 a 6,5. A quantidade de
calcário depende dos resultados da análise do solo da área, este deve ser
aplicado e incorporado uniformemente até 25 cm de profundidade, pelo menos
três meses antes do plantio, para que possa reagir adequadamente no solo. Em
áreas onde a ervilha está sendo cultivada pela primeira vez, recomenda-se tratar
as sementes com inoculante, que é preparado da seguinte maneira: dissolver
625 gramas de inoculante em meio litro de uma solução contendo 500 gramas
de açúcar cristal por litro de água, para 40kg de sementes de ervilha. A mistura
deve ser feita à sombra, por ocasião do plantio (GIORDANO, 1997).

Com a inoculação de bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero


Rhizobium spp., a planta de ervilha é capaz de extrair nitrogênio do ar. Estas
bactérias formam nódulos nas raízes, melhorando o suprimento de nitrogênio
para as plantas. As sementes inoculadas devem ser plantadas imediatamente
após a inoculação (GIORDANO, 1997).
6.2 PREPARO DO SOLO

É necessário preparo do solo é essencial na produção de ervilha. Um bom


preparo do terreno facilita o plantio, os tratos culturais e a colheita. Se o solo
onde será realizado o plantio estiver compactado é necessário o uso de
subsoladores, com intuito de descompactar as camadas mais profundas do solo,
assim evitando o encharcamento (GIORDANO, 1997). Durante o preparo do solo
é um bom momento para realizar a calagem, incorporando o calcário durante as
operações de aração e/ou gradagem.

6.3 ADUBAÇÃO

No plantio é um momento ideal para fornecer nutrientes via sistema


radicular à ervilheira. Para os solos do Planalto Central, a aplicação de 400 kg/ha
de formulado 4-30-16 tem dado bons resultados. No plantio em solos de cerrado,
recomenda-se a aplicação de boro e zinco nas dosagens de 4 kg/ ha
(GIORDANO, 1997).

A adubação de plantio para as hortaliças deve ser rica em Fósforo, em


relação aos demais nutrientes, além disso a adubação de P não deve ser
parcelada. O formulado deve ter maior porcentagem de fósforo, menor de N, e
média de K 2O, pois N e K podem ser parceladas. Quando não se tem
informações da área a ser cultivada sugere-se que seja feita a seguinte
adubação de plantio: 20 kg/ha de N, 80-130 kg/ha de P 2O5 e 30-70 kg/ha de K2O.
São necessárias também adubações de cobertura para suplementar as
quantidades de N e K, que podem conter também Ca, Mg e S (CLEMENTE,
2015).

6.4 CICLO VEGETATIVO

A cultura apresenta quatro fases de desenvolvimento: I) fase germinação e


emergência, que inicia na sementeira e vai até à emergência, isto é,
aparecimento do 1º par de folhas; II) fase vegetativa, que vai desde o
estabelecimento inicial da cultura até ao início da floração; III) fase reprodutiva
que vai do início da floração até o início da maturação e; IV) fase de senescência
que vai desde o início da maturação e a colheita (KNOTT, 1987). Essas fases
podem ser visualizadas na Figura 5 abaixo.

Figura 5. Fases do ciclo vegetativo da ervilha.

As variedades de ervilha podem ser classificadas em 3 grupos: I) precoces


necessitam de 1150 a 1200ºC acumulados para atingirem a maturação; II)
tardias cerca de 1550ºC e; III) as variedades semi-tardias ou semi-precoces que
necessitam de valores que se situam no intervalo entre 1200 e 1550ºC. As
variedades precoces apresentam a primeira flor entre o 8º e 9º nó e as
variedades tardias por volta do 13º ao 15º nó (GRITTON, 1986).

6.5 PLANTIO E ESPAÇAMENTO

O plantio de ervilhas pode ser feito por semeadura direta em sulcos ou


covas no solo, sem que haja necessidade de encanteiramento. A ervilha-grão é
plantada apenas no sul, sudeste e centro-oeste, e deve ser plantada nos meses
de abril e maio, o espaçamento a ser adotado deve ser de 0,20 x 0,07 metros e
as formas de plantio podem ser semeadura direta ou sulcos. Já a ervilha-torta
pode ser plantada em todas as regiões do Brasil, o plantio deve ser feito períodos
diferentes em cada região, no sul o plantio pode ser feito de março à setembro,
no sudeste de abril à agosto, e nas demais regiões nos meses de maio a julho,
o espaçamento a ser adotado deve ser de 0,80 x 0,60 metros e o plantio deve
ser realizado por semeadura direta ou covas (CLEMENTE, 2015).

6.6 IRRIGAÇÃO

A ervilha pode ser cultivada durante a estação seca necessitando de


irrigação para suprir suas necessidades hídricas. A falta ou excesso de água
podem afetar a produtividade e a qualidade de grãos. Assim, o manejo adequado
da água de irrigação é indispensável para o sucesso da cultura. A necessidade
de água da ervilha varia principalmente em função das condições climáticas
predominantes e do ciclo da cultivar. Cultivares de ciclo longo (110 a 120 dias)
consomem de 300 a 500 mm de água ao longo do ciclo fenológico, enquanto as
precoces consomem entre 200 e 400 mm. O manejo inadequado da irrigação
pode causar doenças fúngicas diversas, acamamento de plantas decorrente de
excessivo desenvolvimento vegetativo, desuniformidade na maturação dos
grãos, baixa produtividade e qualidade insatisfatória dos grãos (SILVA e
MAROUELLI, 1997).

Segundo Silva e Marouelli (1997) a irrigação pode ser manejada de acordo


com as fases do ciclo vegetativo da ervilha:

 Estádio inicial: período que vai do plantio até a planta atingir de 4 a 6


folhas definitivas. As irrigações devem ser realizadas a cada 2 - 4 dias,
procurando manter umidade média no solo. Água em excesso pode
favorecer o desenvolvimento e ataque de fungos de solo, deficiência de
água e baixa uniformidade de irrigação pode acarretar germinação
desuniforme.
 Estádio vegetativo: período entre o estabelecimento inicial da cultura e o
início do florescimento. Há uma necessidade crescente de água nesta
fase, porém um teor elevado de umidade no solo favorece o
desenvolvimento excessivo da parte aérea, sem nenhum incremento na
produção de grãos. Irrigações excessivas também favorecer a incidência
de fungos de solo. Limitações no desenvolvimento de plantas devido à
déficits hídricos têm pequeno efeito na produtividade de grãos.
 Estádio de florescimento: manejo inadequado da irrigação (excesso ou
falta) durante a floração resulta na redução do número de vagens por
planta, comprometendo a produtividade de grãos.
 Estádio de enchimento de vagens: período entre o início de formação de
grãos e o início da maturação de vagens. Manejo inadequado de água
pode afetar a produtividade e a qualidade de grãos. Irrigações em excesso
ou em déficit reduzem o número de grãos por vagem e o tamanho de
grãos.
 Estádio de maturação: período entre o início do amarelecimento de
vagem até a colheita. Irrigações ou chuvas durante esta fase prejudicam
a qualidade de grãos, principalmente aumentando a descoloração.

6.7 PRAGAS

A planta de ervilha é relativamente pouco atacada por pragas, e apenas


cinco pragas têm importância econômica, estas estão dispostas na Tabela 3,
destacando-se o pulgão da ervilha, que ataca as plantas no estádio próximo ao
início do florescimento, formando grandes colônias na região apical dos caules
e na parte inferior das folhas. Outras pragas, de importância secundária,
raramente destroem mais de um terço da folhagem das plantas, pois estas, são
bem controladas pelos inimigos naturais, que praticamente dispensam a
aplicação de agrotóxicos (FRANÇA, 1997).

Tabela 3. Pragas de importância econômica.


6.8 DOENÇAS

A maioria das doenças da ervilha é causada por fungos, e o grau de


incidência e ataque depende do tipo de patógeno presente na lavoura, das
condições do clima, do solo e da suscetibilidade da cultivar plantada, abaixo
estão descritas as principais doenças da ervilha (LOPES e SANTOS, 1997).

6.8.1 PODRIDÃO DO COLO

Causada principalmente pelo fungo Rhizoctonia solani, é uma das mais


importantes doenças da ervilha no Brasil, chegando a reduzir em até 40% o
número de plantas do estande inicial. Outros fungos como Fusarium solani e
Cylindrocadium clavatum podem causar também, juntos ou isoladamente, a
podridão do colo, com sintomas semelhantes. O ataque da R. solani pode iniciar-
se imediatamente após o plantio, apodrecendo as sementes no solo e/ou
causando podridão no colo e na raiz das plantas. O ataque diminui de
intensidade 40 a 50 dias após a semeadura, quando as plantas se tornam mais
resistentes ao fungo. O controle pode ser obtido com o tratamento de sementes,
evitar áreas compactadas e excesso de água na irrigação. Os sintomas estão
representados da Figura 7.

Figura 6. O patógeno ataca principalmente a base da planta, causando lesões marrons. Fonte:
Embrapa.
6.8.2 OÍDIO

Causada pelo fungo Erysiphe pisi, esta doença pode ocasionar grandes
perdas na produção e na qualidade dos grãos, principalmente em cultivares de
ciclo curto suscetíveis. O clima seco em lavouras irrigadas por infiltração, pode
favorecer a ocorrência da doença e os ataques nos primeiros estádios de
crescimento causam maiores prejuízos. O plantio de cultivares resistentes, como
Maria e Samba, é a forma mais indicada para controlar o fungo. O controle
químico pode ser feito com fungicidas que sejam registrados para a cultura. Os
sintomas estão representados da Figura 7.

Figura 7. O oídio ataca folhas mais velhas, formando sobre elas um pó branco. Fonte: Embrapa.

6.8.3 PODRIDÃO-DE-ESCLEROTÍNIA

Causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, esta é atualmente a doença


mais importante da ervilha no Brasil, ocorrendo principalmente em áreas de solo
compactado e sob condições de excesso de irrigação. O fungo causa podridão
mole e aquosa na planta, próximo ao solo. O sintoma inicialmente observado é
a secagem das plantas em reboleiras, e sob alta umidade pode ocorrer a
formação de um "mofo branco" e a presença de escleródios nos tecidos doentes
e no solo. Deve-se evitar o plantio de ervilha em regiões onde o período de
floração e frutificação coincidam com as chuvas, no caso de áreas novas e ainda
não infestadas, a doença pode ser evitada ou com o plantio de sementes
certificadas, não somente de ervilha, mas, também, de soja e de feijão, que
fazem parte da maioria dos sistemas de rotação em cultivos irrigados. Não é
recomendável plantar sucessivamente ervilha, soja, feijão ou tomate na mesma
área, e é fundamental que seja realizada a rotação de culturas com gramíneas
e plantas de famílias diferentes das leguminosas, principalmente em áreas
irrigadas com pivô central.
Em áreas onde o fungo já está instalado, deve-se evitar o plantio em solos
compactados e sujeitos a encharcamento ou a acúmulo de água livre na
superfície, evitar irrigações excessivas, principalmente durante a floração e a
formação de vagens, considerando que esta fase é crítica para a doença. No
entanto, deve-se destacar que o manejo correto da irrigação é essencial,
considerando que não pode haver déficit hídrico na fase de enchimento dos
grãos. Os sintomas estão representados da Figura 8.

Figura 8. A prodridão de esclerotinia provoca morte das plantas em reboleira. Fonte: Embrapa.

6.8.4 ASCOQUITOSE

Devido ao excesso de chuvas na época de produção, há maior incidência


deste fungo na região sul do país. A doença é causada pelo patógeno Ascochyta
spp. e sua sintomatologia caracteriza-se pelo surgimento de pequenas lesões
foliares com bordas escuras e a parte central mais clara, podendo atacar as
hastes e as vagens. Para controlar e evitar a ocorrência da doença na área, não
se deve plantar em locais e épocas de alta umidade relativa do ar, utilizar
sementes sadias, fazer rotação de culturas por três a quatro anos e controlar a
irrigação, de modo a evitar excesso de umidade na plantação. Os sintomas estão
representados da Figura 9.

Figura 9. Manchas em folhas e vagens de ervilha, causadas por Ascochyta spp. Fonte:
Embrapa.

6.8.5 MÍLDIO

O míldio (Peronospora viciae), ocorre com maior severidade na região sul


do Brasil, devido ao clima frio e úmido, muito favorável ao fungo. Na região dos
cerrados a incidência é mais elevada em anos muito frios e em lavouras sob
excesso de irrigação, no entanto, sem causar grandes prejuízos. O míldio se
manifesta como manchas necróticas grandes, geralmente cobertas por um mofo
verde sobre a lesão. Devido à invasão sistêmica da planta pelo fungo, ocorrem
sintomas de distorsão na parte apical, os entrenós tornam-se curtos e as folhas
deformadas ficam cobertas por mofo roxo-acinzentado, formado pelas estruturas
reprodutivas do fungo. Não há cultivares resistentes a doença no Brasil, em
condições de clima seco geralmente não é necessária a aplicação de
agrotóxicos, pois a intensidade da doença vai naturalmente reduzindo à medida
que a temperatura se eleva (acima de 20°C) ou as plantas amadurecem. Em
regiões frias, recomenda-se a rotação de cultura por dois a três anos e triturar e
incorporar os restos das plantas logo após a colheita, para evitar a sobrevivência
do fungo no solo. Os sintomas estão representados da Figura 10.
Figura 10. Folíolos atacados por Peronospora viciae. Fonte: Embrapa.

6.8.6 VAGEM-MARROM

Causada pelo vírus do vira-cabeça do tomateiro (TSWV), transmitido por


tripes, é uma doença muito comum em lavouras de ervilha, principalmente na
região Centro-oeste. Os sintomas se manifestam durante a formação das vagens
e enchimento dos grãos, as vagens ficam bronzeadas, secas, chochas,
retorcidas e pequenas, e algumas apresentam anéis necróticos e concêntricos,
típicos dos sintomas da doença denominada "vira-cabeça". Plantas severamente
atacadas exibem discreta clorose e mosqueado foliar, arroxeamento e
endurecimento das hastes e do colmo e necrose dos ponteiros. A incidência da
doença é maior em lugares onde são feitos plantios de ervilha escalonados ou
próximos a lavouras de tomate industrial afetadas pelo vírus. O ataque é mais
intenso nos períodos secos e quentes do ano, condição favorável à multiplicação
do inseto vetor, e embora o vírus afete severamente as vagens, não foi detectada
a sua transmissão pelas sementes da ervilha.
Não há cultivares totalmente resistentes, mas observações de campo
indicam que a cultivar Mikado é menos suscetível que outras cultivares
normalmente plantadas. Como medida de controle, deve-se evitar a entrada e
multiplicação do inseto vetor - tripes na lavoura, não se deve plantar ervilha perto
de lavouras de pimentão, tomate, cebola, alho e lentilha, que são colonizadas
pelo inseto, e também é importante controlar as plantas daninhas que possam
ser hospedeiras do inseto e do vírus. Os sintomas estão representados da Figura
11.

Figura 11. O vira-cabeça faz com que as vagens da planta fiquem marrons. Fonte: Embrapa.

7 COLHEITA

A colheita mecanizada de sementes ou de grãos secos de ervilha é feita


quando estes atingem 13 a 14% de umidade. Quando as plantas estão muito
secas é preferível realizar a colheita seja pela manhã ou no final da tarde, quando
a umidade relativa do ar é maior, para evitar perda de grãos devido à deiscência
das vagens, com os golpes das lâminas de corte da colheitadeira. Nas máquinas
com plataforma flexível as perdas na colheita são menores (GIORDANO, 1997).

O ponto de colheita dos grãos secos para industrialização requer maior


atenção, um longo período de permanência das plantas no campo após a
maturação resulta em grãos descoloridos, prejudicando a aparência do produto
após o processamento. O ponto de colheita de grãos verdes para enlatamento
ou para congelamento, é determinado pela medição da maciez do grão, através
de aparelhos denominados "tenderômetros", no Brasil a colheita de grãos verdes
é feita por meio do corte planta no campo com máquinas adaptadas e trilha-se
os grãos na própria indústria (GIORDANO, 1997).

8 COMERCIALIZAÇÃO

A ervilha foi classificada como o 79° produto mais comercializado na


CEAGESP, apenas no ano de 2017 foram comercializadas 2.071,05 toneladas
de ervilha. As variedades comercializadas são ervilha-torta (78%) e ervilha-
comum (22%). Os principais municípios que enviam ervilha para a Companhia
de Entreposto Terminal de São Paulo (Ceagesp) são: Ribeirão Branco – SP
(16,5%), Senador Amaral – MG (15%), Guapiara – SP (13%). (CEAGESP, 2018).

O mercado de ervilhas no Brasil está dividido em dois grupos: o de ervilha


seca, que pode ser vendida seca ou reidratada ao consumidor; e o de ervilha
verde, que é consumida em saladas ou pratos frios, ou também pode ser
enlatada ou congelada, imediatamente após a colheita.

9 REFERÊNCIAS

CEAGESP - Companhia de Entreposto Terminal de São Paulo. Guia Ceagesp –


Ervilha Comum. 2018. Disponível em: <https://ceagesp.gov.br/guia-
ceagesp/ervilha-comum/> Acesso em: 01 de out. de 2021.

CLEMENTE, F. M. V. T. Produção de hortaliças para agricultura familiar. Brasília,


DF. Embrapa. 2015. P. 110.

CNA SENAR. Ervilha, do Oriente Médio ao Brasil. In: Ervilha. 2020. Disponível
em: <https://cnabrasil.org.br/cna-pulses/page4.html> Acesso em 02 de out. de
2021.
FAO – Food and Agriculture Organization of thes United Nations. FAOSTAT,
2018. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC>. Acesso em: 01
de out. de 2021.

FRANÇA, F. H. Pragas e seu controle. In: GIORDANO, L. B. Cultivo da ervilha


(Pisun sativum L.). 3 ed. Brasília, DF: Embrapa-CNPH, 1997. p. 20. Instruções
Técnicas da Embrapa Hortaliças 1.

GIORDANO, L. B. Clima, solo e adubação. In: GIORDANO, L. B. Cultivo da


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Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças 1.

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