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Artigo - Liderança
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Artigo - Liderança
INTRODUÇÃO
A globalização e as novas tendências macroeconômicas estão exigindo
das organizações um maior preparo e estratégias inovadoras para que
garantam a sobrevivência no mercado. Um dos pontos chaves para que uma
organização seja bem sucedida é a liderança.
É comum a existência de empresas lideradas por pessoas que não
passaram por uma escola de gestão. Estes líderes, muitas vezes são formados
em uma outra área e que por algum motivo em especial, resolveram assumir a
administração de organizações.
O estudo foi realizado em uma empresa que atua no mercado a quase
30 anos e que é liderada por 9 empreendedores sem formação acadêmica em
administração. Sabendo que liderança é algo praticado por todos no dia-a-dia,
ao longo do artigo uma análise será apresentada para o conhecimento das
habilidades exercidas por estes gestores.
1
A autora é graduanda em Administração com Ênfase em Comércio Exterior pela FDV
(Faculdade de Viçosa)
2
A autora é Administradora, Mestre em Extensão Rural e Professora do curso de
Administração da FDV (Faculdade de Viçosa).
1
O objetivo deste artigo é compreender o que é liderança comparando os
diferentes conceitos que são colocados pelos autores de Administração. Em
seguida, será traçado um paralelo entre o significado da liderança, bem como
seus princípios práticos, exercido por estes gestores que não possuem
formação acadêmica na área de gestão.
A liderança na organização
A liderança tem sido o foco de estudo da psicologia social nas últimas
décadas. Pesquisas são feitas em busca de um modelo ideal de liderança que
seja capaz de mover os membros de uma organização na busca dos objetivos
propostos, que promova iniciativa das pessoas e alcance a competitividade
organizacional.
As organizações modernas estão exigindo novos valores, novos
parâmetros e novas práticas administrativas. [...] Em um mundo novo
e diferente onde os tradicionais fatores de produção natureza, (capital
e trabalho) já exauriram quase todas as possibilidades devido às
tecnologias e aos modernos processos de trabalho, o segredo do
sucesso organizacional está nas pessoas (CHIAVENATO, 2002, p.
6).
É inquestionável a complexidade no ato de liderar, devido as inúmeras
variáveis que envolvem uma organização e a realidade macroeconômica. A
sobrevivência de uma organização no mercado se dá pela competitividade e,
portanto, cabe ao líder atender as novas exigências dos mercados futuros.
Cada líder encontra uma forma diferente para conduzir a equipe, tomando
decisões, assumindo riscos ostentando a segurança de seu modelo.
“Para manter uma sólida posição de liderança os executivos
precisam entender que qualquer organização, seja ela uma nação,
cidade ou empresa privada, recebe aceitação explícita ou implícita
dos indivíduos ou grupos que são afetados por sua existência”.
(HESSELBEIN et al., 1996, p. 15)
As organizações são constituídas por pessoas, que desempenham
diferentes funções em busca de diversos objetivos. Algumas pessoas são
responsáveis por gerenciar o trabalho e resultados de outras e assim vai se
formando a hierarquia organizacional. A diferença de valores, costumes,
crenças e estilos de vida se tornam barreiras no alcance dos objetivos
organizacionais. Para Hesselbein (1996) é necessário repensar na maneira
atual de administrar, devido às mudanças que a sociedade está passando.
2
Definições de Liderança
Ao longo dos anos diversas definições foram propostas por vários
autores. Todas com pontos em comum e a grande maioria com a mesma
acepção.
Etimologicamente, liderar significa dirigir e líder é o que dirige o grupo.
Assim, Lacombe & Heilborn (2003) dizem que liderar é dirigir um grupo de
pessoas, influenciando suas ações e comportamentos a fim de atingir objetivos
de interesse comum, baseando-se em um conjunto coerente de idéias e
princípios.
Bennis (apud Lacombe & Heilborn, 2003) refere-se à diferença entre
administrar e liderar: administrar é assumir responsabilidade, no tempo que,
liderar é influenciar, guiar em direção a um determinado objetivo. De forma que
o líder age de acordo com os recursos emocionais e espirituais da organização,
sobre seus valores, comprometimento e aspirações, enquanto que o
administrador atua sobre os recursos físicos da organização: capital,
habilidades humanas, tecnologia e matéria-prima.
Para Tannenbaum & Schmidt (1973), a liderança apóia-se em três teses e
através delas, o líder é capaz de escolher um estilo de liderança que adotará
em um determinado momento de acordo com as variáveis. As teses, ou forças,
como são chamadas, são:
forças no gerente, que vem a ser a motivação interna do líder e fatores
externos que ele sofre;
forças no subordinado, que são a motivação externa, proveniente do
líder, e fatores externos que atuam sobre os subordinados;
forças na situação, que são as condições pelas quais a liderança é
exercida.
Tannenbaum (apud Minicucci, 1986) define liderança como influência
interpessoal numa situação, utilizando o processo de comunicação, para atingir
uma meta ou objetivo.
Penteado (1986) considera líder aquele que se destaca em um ambiente
diante dos demais, influenciando as pessoas ao redor de alguma forma. O
autor trata a influencia como a essência do processo de liderança.
Em termos gerais, a literatura que trata de liderança mostra que a
maioria dos autores está de acordo em ser a liderança o processo de
3
influenciar um indivíduo ou um grupo social, em prol de um determinado
objetivo proposto.
4
desejado pelo líder? Este autor, que se inspira no sociólogo Max Weber, trata o
poder e a autoridade como estilos divergentes de liderança. Para ele,
autoridade é uma habilidade de conduzir as pessoas a fazerem de boa vontade
o que o líder deseja devido a influencia pessoal (HUNTER, 2004).
Influência pessoal é incentivar as pessoas usando a simpatia, o caráter e
o respeito pessoal. Em nenhum momento, trata-se de autoridade como uma
força decorrente do poder hierárquico, ou seja, se o líder possui a autoridade
não há necessidade de agir com poder. Em suma, poder é obrigar os liderados
a fazerem a sua vontade, devido a sua posição, mesmo que estes optem por
não fazer.
Hunter (2004) coloca o poder, como uma forma de se liderar que, apesar
de ser negativa, traz resultados. Analisando esta conclusão do autor, pode-se
dizer que, ao longo prazo, o poder deteriora as relações pessoais, gerando
conflitos e ocasionando uma série de sintomas desagradáveis para a
organização, como violência, grande rotatividade de funcionários, baixa
produtividade, desinteresse e outros. O poder pode ser imposto em
determinada situação, mas é perceptível o fato de que, se houve necessidade
de agir com poder, a autoridade foi questionada em algum momento. A partir
daí, percebemos a diferença entre ter o poder sobre as pessoas e ter
autoridade com as pessoas.
Habilidades de um líder
Segundo Minucucci (1986) durante muitos anos o estudo da liderança
focalizava o líder e a sua personalidade ideal. Discutia-se que a eficácia da
liderança seria explicada pelas características psicológicas e físicas.
Eugene E. Jenning ( apud, Hersey e Blanchard 1986) concluiu que
mesmo após cinquenta anos de estudos, não foi possível apresentar um
conjunto de qualidades que possa diferenciar os líderes de não líderes.
Em diversas situações, são observadas as freqüências dos
comportamentos de líderes, para que seja possível desenvolver um modelo
teórico com o objetivo de auxiliá-lo em um determinado contexto.
Lacombe & Heilborn (2003) aponta a Liderança como habilidade
adquirida pela experiência profissional. Segundo o autor, antigamente a
liderança era considerada uma virtude concebida a poucos. Mas, sabe-se que
5
hoje esta habilidade pode ser treinada dentro de determinados contextos.
Existem diversos cursos nestes sentidos que ajudam a identificação do estilo
pessoal de cada um e ensina como ele deve agir para conseguir liderar e não
apenas chefiar os subordinados.
Drucker apud James Hunter (2006), declara que pode haver muitos
líderes natos, mas ainda assim é um número pequeno para que as
organizações dependam deles. O autor diz que “A liderança é uma coisa que
deve ser adquirida” (DRUCKER, 2006, p.24). Warren Bennis apud James
Hunter (2006, p. 24) acrescenta: “O mito mais perigoso é o de que há um fator
genético na liderança [...] Os líderes são feitos, em vez de nascerem líderes.”
Metodologia
Foi realizado um estudo descritivo que, segundo Sâmara e Barros
(2002), busca apresentar situações de mercado a partir de dados primários,
obtidos originalmente através de entrevistas pessoais ou conversas em grupo,
relacionando e aprovando as proposições levantadas na elaboração do
problema em questão. Em seguida, as respostas foram analisadas de modo a
produzir interpretações e explicações que procurem dar conta, em alguma
medida, do problema e das questões que motivaram a investigação. A
população da pesquisa é composta por nove executivos não formados em
administração, que atuam em uma empresa privada. Esta organização
corresponde a uma rede educacional, na cidade de Viçosa – Minas Gerais.
Na pesquisa realizada, os gestores foram contatados mediante
entrevista com base em um questionário. O propósito desta análise foi de
entender o significado de liderança na visão destes gestores que não são
formados em administração, identificar as habilidades exercidas por eles na
organização e conhecer as táticas consideradas eficientes na liderança de
cada um.
Resultados e Discussões
A liderança é uma habilidade exercida por todas as pessoas no viver
cotidiano. Algumas pessoas sabem desempenhar essa aptidão com êxito e
outras necessitam de aperfeiçoamento no modo como exerce essa
capacidade. Assim acontece com os gestores em questão, de nove executivos
6
entrevistados, dois carecem desenvolver as habilidades para atingir os
resultados desejáveis na organização.
7
organização, sobre o seu capital, matérias-primas e tecnologia. Portanto não se
gerencia pessoas e sim, lidera pessoas.
Entende-se então, que a maioria dos gestores, mesmo não possuindo
uma formação em administração, pode compreender o significado de liderança.
De acordo com a descrição destes gestores, eles se auxiliam em livros, textos,
palestras e outras fontes de informação para que consiga liderar de forma
eficiente.
8
O espaço direcionado para citação de aptidões que os gestores
julgassem indispensáveis à liderança eficiente, foi preenchido por 5 gestores. O
gestor 2 mencionou: “parceria, bondade, humildade, respeito e compromisso”.
O gestor 6 relatou “justiça e amor” como habilidade essencial. O autor
Lombardi, V. trata do amor como sentimento intrínseco à liderança.
Não tenho necessariamente que gostar de meus jogadores e
sócios, mas como líder devo amá-los. O amor é lealdade, o amor é
trabalho de equipe, o amor respeita a dignidade e a individualidade.
Esta é a força de qualquer organização. (LOMBARDI, V. apud James
Hunter, 2006, p. 72)
FORMAÇÃO DO LÍDER
11%
33%
45%
11%
9
Traçando um paralelo entre as concepções dos autores Minucucci,
Eugene E. Jenning, Lacombe & Heilborn, Drucker e Warren Bennis,
verificamos uma divergência de idéias. Os autores consideram a liderança algo
a ser aprendido através da formação educacional e da prática habitual,
enquanto os gestores apostam na liderança como um dom ou virtude.
CONCLUSÃO
Diante deste estudo descritivo, conclui-se que ser líder pode ser um ato
praticado por qualquer pessoa, mesmo não possuindo uma formação na área
de administração. É primordial possuir algumas características, como saber
ouvir, criatividade, dinamismo, resistência e auto-estima, habilidades que são
exercidas pelos empreendedores na rede de ensino.
A escola de gestão tem como função o aprimoramento e
desenvolvimento das habilidades da liderança, uma vez que, traz um
conhecimento mais profundo de grandes teorias, de casos e exemplos
ocorridos ao longo dos anos e que serviram de pesquisa para diversos autores.
Se liderar é uma habilidade exercida por todas as pessoas, não só em
uma organização, mas também no dia-a-dia, não significa que é uma liderança
eficiente. Como foi demonstrado no artigo, alguns gestores mesmo exercendo
a função de líder, não possuem a aptidão que garanta a eficácia na
organização.
BIBLIOGRAFIA
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Prentice Hall, 2002.
DRUCKER, Peter Ferdinand. O Líder do Futuro: visões, estratégias e práticas
para uma nova era. 6. ed. São Paulo: Futura, 1996.
HERSEY, Paul.; BLANCHARD, H. Kenneth; Psicologia para
administradores: A teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo:
EPU, 1986.
HESSELBEIN, F. et al. (ed.). O líder do furuto: visões, estratégias e práticas
para uma nova era. São Paulo: Futura, 1996. 320p.
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_________. Como se tornar um líder servidor. Rio de Janeiro: Sextante,
2006
LACOMBE, F.J.M.; HEILBORN, G.L.J. Administração: princípios e
tendências. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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MINICUCCI, A. Liderança e Poder. São Paulo: Vetor, 1986
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PENTEADO, J. R. W. Técnica de chefia e liderança. São Paulo: Pioneira,
1986.
SAMARA, S. B.; BARROS, C. J. Pesquisa de marketing: conceitos e
metodologias. São Paulo: Pearson Education, 2004
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