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Lembranças Da Leitura - Ebook 2020
Lembranças Da Leitura - Ebook 2020
Lembranças Da Leitura - Ebook 2020
LEMBRANÇAS DA LEITURA
2020
Concurso
LEMBRANÇAS DA LEITURA
2020
“Quem escreve, tece. A palavra texto se origina do la-
tim ‘textum’ que significa tecido. Com fios de palavras
vamos dizendo, com fios de tempo vamos vivendo. Os
textos são como nós: tecidos que andam”
Eduardo Galeano
ÍNDICE
Apresentação........................................................................................7
Círculos de Leitura:
metodologia e ser multiplicador........................................................19
Gustavo Cléber Silva dos Santos
Ana Clara Moraes de Sousa
Antonia Juscilene Oliveira Dias
Gabriela Ferreira Fernandes
Alynne Ferreira Sousa
Sonhar................................................................................................35
Pauliana Lima
Alícia Araújo
Chris Bianca Melo da Silva
Sarah Cristina Lucas de Moraes
Antônio Gabriel Nobre de Arruda
Emilly Menezes Leite
Mariane Souza de Brito
Amor..................................................................................................59
Julia Viana Sobrinho Rocha
Antonio Vanutti Galvão da Silva
Rayan Fernandes da Silva
Francisca Vanessa de Sá Souza
5
A Comédia Humana: empatia............................................................71
Moisés Valério Caetano
Milena Barbosa dos Santos
Ciely da Silva Santos Lima
Superação...........................................................................................85
Andrya Braga Nunes
Laine da Silva Carvalho
Priscila da Silva Araújo
Sabrina Estevão Ferreira Da Silva
Marcos André Barbosa de Oliveira
Raiane Ferreira Lima
Wérgila Laiza da Silva Macêdo
Suelir da Silva Lima
Criatividade.....................................................................................127
Ingrid Cosmo Lopes
Pedro Emanuel Beserra Martins
Maria Eduarda Rodrigues Marques
Lana Catarina Alves da Cruz
6
O Conto da Ilha Desconhecida
e a busca pelo autoconhecimento....................................................139
Odete Vitória Sabino Ferreira
Rita de Cássia
Anne Carolline Lima Sousa
Daniel dos Santos Silva
Escolas participantes........................................................................171
Agradecimentos...............................................................................177
7
APRESENTAÇÃO
10
lido ficção científica quando jovens. Dessa forma os chineses passaram
a crer que a literatura de fantasia ajudaria a estimular a criatividade
de sua população e, em algumas décadas, certamente amparados por
outras medidas governamentais de controle e incentivo ao mercado
literário, aumentariam a competitividade do país em relação às
inovações produzidas no ocidente.
Tomando como base essas informações, podemos nos per-
guntar: Como é possível que a literatura não seja tratada na nossa
sociedade como uma fonte vital de crescimento pessoal e coletivo?
Felizmente, como disse o eterno Guimarães Rosa em seu conto O
Espelho, “quando nada acontece, há um milagre que não estamos
vendo”.
Se nos fixarmos apenas na nossa realidade de conexões
cada vez mais rápidas, de automatismos facilitadores que capturam
todas as nossas atenções por meio de aparelhos multifuncionais que,
no limite, podem provocar um atrofiamento da nossa sensibilidade
estética quanto a outras formas possíveis de percepção e relação com
o mundo, a maioria de nós não perceberá um certo tipo de milagre
acontecendo, pois esse milagre se dá de mansinho, como também
acreditava o autor mineiro do Grande Sertão.
É assim, de mansinho, que cada vez mais adolescentes estão
lendo literatura e transformando suas vidas em pequenos milagres,
pequenos fogos capazes de brilhar com luz própria. Entretanto são
fogos que não se acendem espontaneamente. Para que seja possível
brilharem, é preciso haver um preparo delicado, sensível, capaz de
despertar sensações esquecidas ou embotadas em meio a ordenações
lineares das ideias e dos corpos comumente contidos por muros,
horários, tarefas.
11
Para que não se apaguem e nem se queimem de uma vez,
extinguindo-se, esses fogos que incendeiam as noites escuras e a von-
tade de ir além precisam ser insistentemente alimentados e cuidados.
E é isso o que fazem, com um trabalho delicado e sensível, os Círcu-
los de Leitura já há mais de vinte anos.
Essa sensibilidade não é retórica e nem tampouco mero
componente de um método de ensino ou de leitura. Ela é a chave
mestra que abre todas as portas. Ela é o que torna possível pensar
por meio de sensações. É assim que o antigo dualismo cartesiano a
compreender razão e emoção como polos distintos cai por terra e
fertiliza novas ideias que preparam a vida para os sentidos que pode-
mos dar a ela.
Pensar por sensações é próprio da arte. É por sensações que
ela produz pensamento, algo que não acontece enquanto interpre-
tamos textos “apenas” racionalmente. Essa forma interpretativa de
lidar com a literatura pressuporia pontos de partida e de chegada,
reduzindo o percurso do leitor a apenas uma possibilidade. Não fa-
lamos, portanto, de interpretação, mas de busca por sentidos.
Para compreendermos melhor a diferença entre essa busca
e a interpretação, podemos relembrar a distinção que, a partir dos
estudos literários, se convencionou estabelecer entre poética e her-
menêutica. Enquanto a primeira indaga como os sentidos são obti-
dos ou o porquê da ambiguidade de um texto, a hermenêutica quer
interpretar os textos, saber o que eles exatamente significam a fim de
usá-los como respostas prontas, como se fossem textos religiosos ou
de leis a serem seguidas.
Os Círculos de Leitura estão muito mais próximos da poé-
tica, que abre portas à percepção, do que da hermenêutica, que visa a
12
respostas. Não há nos Círculos uma busca por respostas prontas, não
há apenas a busca por interpretar o que autores e seus textos querem
dizer, mas uma busca por dotá-los de sentidos, no plural, porque
também não há um sentido único a seguir.
A partir do momento que não existe uma única forma de
organizar as pistas deixadas pelos autores, os pontos de vista de alguns
leitores são impregnados, durante a leitura conjunta, pelos pontos de
vista de outros leitores. A construção do nosso edifício existencial, a
partir da prática coletiva em que o ouvir é tão importante quanto o
falar, também passa a ser conjunta e funda-se na alteridade.
Esse ato de fala só é significativo, neste caso, pois há alguém
com quem compartilhar as experiências e torná-las expressivas. Se
algo for produzido, se algum conhecimento for alcançado, não será
segundo uma reprodução ou interpretação, não será fazendo como
alguém determinou que fosse feito, mas com alguém, ou seja, em
conjunto.
Temos, assim, um importante tripé sobre o qual assentam-
se algumas das premissas dos Círculos de Leitura: ler em conjunto,
ouvir outras sensações que complementarão as nossas e darão novos
sentidos às leituras, e compartilhar por meio da fala as nossas pró-
prias sensações.
Ler em conjunto, a primeira parte desse tríptico, certamen-
te não é o mesmo que ler sozinho. Pressupomos, desde o início, uma
companhia; sabemos de antemão que não estamos sós; faremos par-
te daqueles que viveram a experiência provocada por esta ou aque-
la leitura: compartilharemos a emoção de encontrar personagens
que podem parecer falar diretamente conosco ou, pelo contrário,
13
dividiremos o desgosto provocado por algum antagonista cujas ati-
tudes desarrazoadas frequentemente culminam em alguma tragédia.
Ao ler os textos reunidos nesta coletânea, poderemos per-
ceber a satisfação de fazer parte desse “espírito de coletividade onde
todos leem e buscam aprender juntos”, como a certa altura revela
um dos autores selecionados para compô-la. Essa satisfação pode ser
creditada ao conjunto que, como sinos badalando ao mesmo tempo
para que uma cidade inteira os ouça, intensifica as sensações e nos
faz acordar de apatias, insensibilidades e automatismos a que nos
condicionamos diariamente sem nem mesmo perceber.
Ouvir algo que nos desperte é comum nos Círculos, desde
que estejamos atentos durante essa segunda parte do tripé que sus-
tenta as reuniões em grupo. Entretanto este é um estado de atenção
a que os participantes se entregam com devoção, pois o que se ouve
não são demandas de algo a cumprir, não são imposições, não são
palavras que carregam consigo certezas às quais temos que nos afer-
rar e obedecer. Há nelas um prazer insuspeitado de algo que ainda
não está pronto, mas formando-se; algo do qual podemos participar
com nossas próprias palavras a fim de construir em conjunto.
Esse conjunto do qual fazemos parte nos faz ir muito
além do que iríamos sozinhos. Em vez de patinarmos sobre a fina
superfície de textos congelados por anos de interpretações idênticas,
como as que condenaram Capitu e deram razão a Bentinho, o Dom
Casmurro, acabamos mergulhando e percebendo, segundo uma
relação de intensidade, a profundidade das águas sobre as quais apenas
deslizaríamos inocentemente se estivéssemos desacompanhados.
Nos Círculos não é possível estarmos sozinhos. Sempre
temos com quem compartilhar nossas sensações por meio da
14
fala. Essa terceira sustentação a formar o tripé, no entanto, não se
confunde com um diálogo que pressupõe, muitas vezes, a tentativa
de uma concordância a partir de visões diferentes sobre um tema.
Mais do que um diálogo, o que os Círculos promovem são um tipo
de fala plural. Não se trata de convencer alguém sobre o seu ponto
de vista, não se trata de argumentar em defesa de uma opinião para
reafirmá-la sobre as opiniões dos demais participantes; não se trata
de dividir, mas de somar.
Uma afirmação pode ser retomada e ampliada pelas sen-
sações de outros participantes que, por sua vez, a transformarão em
algo até então impensado, evidenciando o comprometimento do
grupo com a produção de novas sensações e ideias, ou seja, o pen-
samento por meio da arte. Entra-se, então, em uma “espiral entre
aprender e compartilhar”, como também registrou um participante
desta coletânea.
Há nisso uma riqueza tremenda porque não se joga um
jogo contra alguém, joga-se uma ideia, uma sensação para alguém
que irá transformá-la em algo cada vez maior e mais complexo do
que fomos capazes de imaginar, elevando ao infinito o jogo do pen-
samento.
A propósito, esse compartir não se dá apenas
presencialmente. Em 2020 os encontros foram possíveis de serem
desenvolvidos também por meios eletrônicos que encurtaram
milhares de quilômetros de distância. Além disso, desde há muito
esse compartilhamento é levado adiante pela prática da escrita de
cartas que participantes dos Círculos em uma escola, por exemplo, do
Ceará podem enviar com suas impressões a estudantes de São Paulo
que leem a mesma história, ampliando ainda mais as possibilidades
15
de partilhar impressões e ideias a respeito dos textos.
Esse tripé ler-ouvir-compartilhar cria uma experiência
única, algo que acontece apenas naquele momento de reunião,
com aquelas pessoas envolvidas nas sensações e nas falas de uma e
de outras e que não se repete, seja porque os grupos alteram-se ou
porque estamos, o tempo todo, sujeitos à influência de tudo o que
nos cerca: nossos problemas pessoais ou sociais, nossas conquistas e
esperanças, nosso humor. Ou seja, não podemos, como Heráclito
explicou, entrar duas vezes no mesmo rio.
Essa forma de experimentar a literatura, embora aconteça
em grupo e carregue consigo um sentido de comunidade, é também,
por ser única, uma experiência de liberdade, pois não teremos que
repetir as mesmas ideias e, de resto, nem seríamos capazes de repro-
duzi-las exatamente, pois elas já foram transformadas. Dobradas e
redobradas, ganharam novas formas: folhas que se tornaram origa-
mis.
Um tal tipo de experiência não é algo que apenas nos acon-
tece, mas algo que acontece em nós, e de uma forma profunda. É
por isso que poderemos encontrar, em um dos textos aqui publica-
dos, o relato de uma epifania que se deu durante a leitura de Fernão
Capelo Gaivota, algo intenso e potente o suficiente para, conforme
descreveu a autora, renovar suas forças e dar coragem para enfrentar
seus medos e inseguranças.
Essa intensidade com que se dão algumas sensações é capaz
de provocar alterações na maneira como nos vemos, como nos senti-
mos, como pensamos, no que cremos cegamente ou desacreditamos
sem motivo, no que nos compreendemos capazes de realizar ou não.
Passar por um processo dessa natureza, pensar outras maneiras de
16
pensar, nos possibilita criar soluções quando potências de extinção
da vida emergem e nos fazem parar diante de obstáculos que se apre-
sentam como se fossem muito maiores que nós.
Uma possibilidade como essa só existe porque levar o po-
tencial da literatura a sério, acolhê-la como fonte eternamente re-
novada, um lugar “onde tudo é possível”, como diz a autora de um
outro texto, altera precisamente as condições do que é possível ou
impossível nas nossas próprias vidas que, em vez da necessidade de
serem compreendidas conforme a interpretação de um modelo a se-
guir, passam a ser, elas mesmas, narrativas que devem ser autonoma-
mente construídas.
Essa autonomia vai contra as repetições, contra os automa-
tismos que nos causam sofrimento porque constrangem-nos a repe-
tir ações como se houvéramos sido, tal qual Sísifo, condenados ao
eterno rolar de uma pedra gigantesca morro acima. Ela é, portanto,
uma forma completamente diferente de lutar contra o caos com o
qual nos deparamos a todo o tempo.
É por isso que os Círculos são compreendidos, segundo a
definição de outra participante desta coletânea, como um momento
de aprendizado para a vida. Ou seja, não é um lugar de treinamento,
mas de produzir alianças com a vida, para a vida.
Parte do resultado dessas alianças pode ser encontrado nesta
coletânea. Aqui será possível perceber, segundo as palavras daqueles
que são o motivo dos Círculos de Leitura existirem, que há algo
acontecendo, não à feição de gritos de alarde, mas como sussurros;
não como ventania que destrói ou traz tempestades, mas como
brisa que facilita a jornada e provoca uma sensação que, embora
incompreensível a princípio, ou incompreensível a muitos, impõe-se
17
por intensidade e passa a exigir cada vez mais atenção porque nos faz
pensar em nós e no mundo que nos cerca.
São eles, os autores desta coletânea, que nos lembrarão
das obras lidas nos Círculos e revelarão o que os afetou, o que fez
sentirem-se menos sós, mais fortes ou mais esperançosos. Falarão,
por exemplo, de seus aprendizados e de como as leituras foram
importantes para formá-los como pessoas, além das diferenças entre
estudar um livro e aprender com ele sem o objetivo de obter notas;
falarão sobre a “vida em bando”, em conjunto, sem que isso signifique
ser sempre igual aos outros; falarão sobre a superação de angústias
profundas e o papel da literatura para torná-las menos perigosas;
sobre como é intenso o conhecimento que se forma por meio de
sensações; sobre a busca de uma Ítaca que pode ser reconhecida ou
criada à nossa feição, um lugar onde seja possível desenvolver nossas
capacidades sem abrir mão dos afetos que nos unem.
Para eles e para nós, a viagem está apenas começando.
18
Tema 01:
Círculos de Leitura:
metodologia e ser multiplicador
20
1. Gustavo Cléber Silva dos Santos
EEEP Dom Walfrido
21
donar minha raposa, soltar as mãos, pois, quando eu menos percebi,
aquilo já havia me cativado.
Então, o círculo foi fragmentado em vários outros. E com
uma nova roda eu pude sentir a conexão: eu estava conectado a
vários círculos, por meio de pessoas ou pelos livros, como vários
universos, como trilhões de células formando um organismo. Um
sorriso e continuei a missão. Eu sabia que aquilo era mais do que um
círculo e, por isso, eu nunca iria esquecer. O círculo ficou tatuado
no meu coração.
22
2. Ana Clara Moraes de Sousa
EEM José Ferreira Barbosa
Círculo Encantado
O Círculos de Leitura
Nos deixa encantados
Pois cada história
Traz um aprendizado.
23
A maioria das obras
É voltada para delicadeza
Algumas falam mais de crianças
Outras já são voltadas para a realeza.
Os títulos marcantes
Mostram bem os personagens
Que são fortes
E cheios de coragem.
24
Tem sempre aquela pessoa
Que está a procurar
Pela sua ilha desconhecida
E com determinação ela irá encontrar.
E aquele menino
Pequeno e tão sonhador
Com pensamento bonito
Dono de um jeito encantador.
25
3. Antonia Juscilene Oliveira Dias
EEM José Ferreira Barbosa
26
os melhores peixes para a refeição dos seus, já que se alimentavam
com restos que os navios pesqueiros deixavam.
Esse livro me mostrou que buscar me aprimorar não seria
benéfico somente a mim, mas para todos os que convivem ao meu
redor, uma vez que influenciaria no meu posicionamento perante ao
próximo, passando assim a ter um olhar mais humano e humilde.
Então, que sejamos como Fernão Capelo Gaivota, que todos
os dias busquemos aprimorar o vôo e decolar até o mais alto, profun-
do e longo de todos os caminhos.
27
4. Gabriela Ferreira Fernandes
Etec Tiquatira
Experiência de voo
28
Arrumou nossa postura,
Estendeu nossas asas,
Observou o vento,
E encorajou-nos!
Ao aterrissarmos,
Ela orientou:
Que multipliquem!
O que aprenderam,
O que sentiram.
29
Mesmo com o voo se aprimorando,
Há sempre algo novo
Dentro do outro,
Ou de nós mesmos
Nas entrelinhas
E no encontro.
Muito temi,
Ao pensar que aquilo acabaria....
Mas vi que é algo que não acaba!
Sempre digo:
“A vida é feita de momentos.”
Esses momentos fizeram parte da construção de minha vida.
30
“Nossa mente é sustentada por lembranças”
As lembranças da leitura ajudaram na sustentação de meu
intelecto.
Hoje percebo,
A luz que antes me cegou
Ajudou-me a olhar ao alto,
Para dentro e para fora.
Poderia ser o acaso?
O destino ou a vocação?
O Senhor?!
Talvez tudo isso,
Talvez haja certa substância,
Uma vaquinha que nos guie,
Pelos desconhecidos caminhos que nos elucidam
pelas páginas lidas, relidas e debatidas.
32
5. Alynne Ferreira Sousa
EEEP Professora Luíza de Teodoro Vieira
33
que diz respeito a criar vínculos. Ela foi capaz de mostrar que, apesar
de se deixar cativar por alguém, também é importante deixar a pes-
soa livre.
Kouros sempre foi o livro que mais gostei de ler em forma-
ções. A leitura dramática traz uma dinâmica diferente no dia a dia
dos alunos. Eu diria até que facilita a conexão com a obra. Entre as
frases de impacto, as três que mais me marcaram foram as seguin-
tes: “Lutar, vencer, sem matar”. No contexto em que o Teseu tinha
apenas duas opções - matar ou morrer - foi apresentado uma terceira
opção: transformar. “Ser forte é saber controlar a própria força” me
ensinou que não basta ter uma capacidade absurda. É preciso saber
controlá-la. E por último, “os velhos têm tempo, os jovens não”. De
início pode parecer que não faz tanto sentido, mas quando paramos
para pensar, os jovens estão sempre correndo. Nunca têm tempo
para nada. Os velhos entenderam que correr não é necessário. Tudo
se resolverá no tempo certo.
Por fim, cada enredo foi capaz de moldar uma parte do que
sou hoje. Sou muito grata por conhecer personagens que, sozinha,
eu não teria conhecido. Cada formador e aluno que passaram por
mim e dividiram suas vozes, suas ideias, seus tempos, foram e são
importantes pela pessoa que me tornei.
34
Tema 02:
Sonhar
36
1. Pauliana Lima
EM Flávio Rodrigues
37
2. Alícia Araújo
EEEP Maria Cavalcante Costa
38
e a nos tornarmos mais fortes. Depois de horas de muita conversa
no telefone, decidi que estava na minha hora de dormir, me despedi
de minha amiga e desliguei. Deitei-me ainda com aquilo tudo na
minha cabeça, a conversa, o livro, as reflexões, a vida, o Pequeno
Príncipe, até que caí no sono gradativamente e, naquela noite, eu
sonhei, sonhei que era eu quem estava naquele deserto, viajando por
todos aqueles planetas, conhecendo, aprendendo, me aventurando.
E desejei que todos os meus dias fossem assim.
39
3. Chris Bianca Melo da Silva
EEEP RITA MATOS LUNA
40
de ser reconhecida no sentimento da outra, sente espe-
rança e chora de alívio. A fome passa, as cores voltam às
faces, e a menina se percebe ávida não de comida, mas
em ser vista, escutada, entendida. Para isto a viagem.”
41
4. Sarah Cristina Lucas de Moraes
EE Professora Irene Branco da Silva
42
– Você consegue!
Com medo e desesperada, ela saiu correndo novamente.
Chegando no final, ela se deparou com um mágico sozinho, olhan-
do para o nada. Ela se aproximou e perguntou o que ele estava fa-
zendo ali, só. E ele disse:
– Estava observando a sua jornada e percebi o quanto tem para
aprender. O espantalho e o homem de lata representam o seu cére-
bro e o seu coração; as duas fadas, as decisões que você tem de tomar
ao longo de sua vida. Você tem de entender que fugir quando você se
sente perdida, nem sempre é a melhor opção e que errar e aprender
com os seus erros faz parte. Agora, volte para a casa e enfrente os seus
problemas.
Chorando muito, ela abraçou o mágico, quando, de repente,
ouviu-se um som como o de alguém batendo na sua porta. Ela abriu
os olhos e viu que tudo não passava de um sonho. Desde então, tudo
foi diferente, pois Dorothy compreendeu que errar e aprender com
os erros faz parte do processo.
43
5. Antônio Gabriel Nobre de Arruda
EEEP Maria Cavalcante Costa
44
6. Emilly Menezes Leite
EEFM Lions Clube
45
novas histórias e persistir na nossa. Nesta busca diária pelo nosso chão,
iremos ter medo das novas experiências que irão surgir, podem ser
elas: plantar uma flor, cozinhar, dançar nas brasas ou outras situações
que nos causarão dúvidas no início, mas com persistência e coragem
venceremos cada uma delas. Pois, todas as fases que percorremos são
camadas de chão da nossa vida que estamos construindo.
Assim como Terezinha, quando vamos ao encontro de chão,
nós crescemos, e isso é fato. Mas, eu não falo só de um crescimento
que nos faz não caber mais em uma roupa. Falo em crescimento de
sabedoria e discernimento. E todo esse crescimento nos faz obser-
var tanta vida que existe ao nosso redor, nos faz compreender assim
como Época, que por fora podemos ser belos, mas é o nosso interior
que determina a nossa verdadeira beleza.
A vida é tudo isso e muito mais. Tenho a plena certeza que
não citei nem um por cento das graças e dos desafios que ela nos traz,
mas quero lhes dizer que no final o que realmente importa, é o que
cada um carrega dentro do seu baú de chão e sonhos.
46
7. Mariane Souza de Brito
Etec de Carapicuíba
47
(…) inesperadamente para ele, ouviram-se passos
apressados e um frufru de vestido, uma ofegante voz
feminina murmurou: “”Até que enfim!”” e dois braços
macios, cheirosos, indiscutivelmente femininos, envol-
veram-lhe o pescoço; uma face tépida apertou-se con-
tra a sua e, ao mesmo tempo, ressoou um beijo. Mas,
imediatamente, aquela que o beijara soltou um pequeno
grito e, foi a impressão de Riabóvitch, afastou-se dele
com repugnância, num movimento brusco. Ele também
por pouco não gritou, e correu para a fenda fortemente
iluminada da porta […]
(O Beijo - Antón Tchékhov, p. 07).
48
deitou-se na cama e, por pirraça ao seu destino,
como que desejando fazer-lhe birra, não foi à casa do
general.
(O Beijo - Antón Tchékhov, p. 19).
49
Tema 03:
O Pequeno Príncipe:
introdução ao amor
50
1. Bianca Galante Farias de Souza
Etec de Carapicuíba
51
É exatamente nessa pergunta que O Pequeno Príncipe guarda
seu significado e sua grandeza. É quando nos questionamos em nos-
sa própria consciência “Como podemos atuar para mudar?” que a
obra passa a nos carregar em uma onda de sentimentalismo que nos
leva a desembarcar em uma aventura memorável.
Crescer não precisa ser sobre deixar no passado a alegria e as
brincadeiras da infância. O processo de crescer é sobre tentar até se
cansar, e então levantar mais uma vez e tentar de novo. É sobre errar
muitas vezes, e acertar muitas vezes. É sobre improvisar, arriscar, se
dedicar e se empenhar até o dia que você finalmente irá se encontrar.
Amadurecer é se arrepender, aprender, corrigir, e continuar
tentando; ser adulto não significa se prender ao usual e pacato. Ser
adulto é continuar na estrada do conhecimento próprio, se desco-
brindo cada vez mais, cometendo os mesmos erros e os consertando
em seguida.
Talvez seja clichê dizer que temos que viver cada segundo
como se fosse o último, mas é inegável a veracidade de que cada
instante é único e nunca poderemos voltar atrás. Quando errar, não
se arrependa; aprenda. E continue vivendo até cativar a si próprio
com suas próprias conquistas e seu próprio fascínio, dado que uma
vez que aprendemos a cativar a nós mesmos, é questão de tempo até
cativarmos aqueles ao nosso redor.
E o que torna cada um de nós único, é a forma como nos
cativamos.
(E a melhor parte de viver é compreender que o essencial é
invisível aos olhos.)
52
2. Letícia Pereira de Assunção
Etec Maria Augusta Saraiva
53
Mas há uma coisa que me consola
Ultimamente quando eu olho
Para as estrelas
Ouço a risada do meu pequeno príncipe
Como se fosse um presente para mim
Apenas para mim...
Minhas pétalas começaram a cair...
Lentamente...
Uma por uma...
Eu sinto falta dele...
- Rosa?
54
3. Micaella Ribeiro Teotônio Dos Santos
Etec Ferraz de Vasconcelos
55
resolver, não é? “Ora, se ele bebe para esquecer que está bebendo,
é melhor que ele pare de beber”. Parece bem simples, mas veja, não
é difícil parar de fazer mesmo as coisas que nos fazem mal? Desde
deixar de admitir um erro, apenas por orgulho, ou mesmo fingir que
não se importou com o erro de alguém que ama e... bem, deixe para
lá.
Mais tarde, no planeta 329, conheci um exausto acendedor
de lampião. Senti-me mal por ele. Ele nunca parava para descansar,
seguindo à risca um regulamento extenuante.
Vendo aquela situação, refleti sobre o quanto nos colocamos
em posições onde esquecemos completamente nossas próprias
vontades para satisfazer os caprichos de alguém. Sabe, isso é
adoecedor, murcha os resquícios de vida do planeta de qualquer um.
É uma catástrofe.
Todas essas emoções e lembranças que carrego comigo,
finalmente fizeram sentido na minha parada final, a Terra, onde
aprendi verdadeiramente o que é cativar.
Passei por diversos lugares. Em um deles me deparei com
várias rosas, que, para alguém que não lhe conhece como eu, seriam
iguais a você. Mas para mim, que reconheço teu perfume como o
único e o melhor em todo o universo, os perfumes delas são como
qualquer outro.
Foi então que entendi: cativar se trata de crescer contigo,
entender pouco a pouco nossos sentimentos um com o outro, se trata
de deixar o orgulho pra pedir desculpas e agradecer, falar e ouvir, se
trata de saber que nem sempre vamos concordar, mas sempre vamos
nos amar.
56
Minha rosa, saiba que eu sou eternamente feliz em ser
responsável por ter te cativado. Estou voltando para casa.
57
4. Jamyle de Almeida Aguiar
EEEP Maria Cavalcante Costa
Carinhosamente,
A menina Jamyle.
58
Tema 04:
Amor
60
1. Julia Viana Sobrinho Rocha
EE Pe. Manoel da Nóbrega
O amor possessivo
61
e proibimos a pessoa que juramos amar de fazer algo que ela goste,
fechamos os ciclos sociais e limitamos os lugares que ela pode sair.
Que amor é esse, que prende e sufoca?
Aprendemos a amar desde pequenos, será que estamos fazen-
do certo? Ou como tudo nesse mundo, destruímos a coisa mais pura
que existia nele.
62
2. Antonio Vanutti Galvão da Silva
EEEP Manoel Mano
63
em dançar São João e em muitos outros momentos. O amor não precisa
ser carnal, ele precisa ser verdadeiro, recíproco, saudável, contagiante
e feliz, assim como o amor de Nástenka e Sonhador. Existem pessoas
que aparecem no momento certo, oportuno, no momento kairótico
e que despertam o sentimento de amizade e confiança, que te
estimulam a ser melhor a cada dia e que transformam teus encontros
mais felizes. Essas pessoas te fazem contemplar a beleza e maravilha
do céu, do canto dos pássaros, do barulho do vento batendo nas
folhas, de uma leitura prazerosa. É aí que percebemos que nossa
história se renova a partir dos encontros e que o poder da lembrança
é capaz de inundar toda uma vida, pois por meio dos pensamentos
você consegue reviver encontros e ser feliz outra vez. Dostoiévski
sempre me fez pensar em relação às pessoas que chegam em nossas
vidas e a mudam completamente para melhor. Hoje, consigo ver
que tive e que ainda tenho bons encontros, que conheci e ainda
vou conhecer muitos Sonhadores e “Nástenkas”, que posso reviver
e ser feliz novamente através das minhas lembranças e que posso
me apaixonar e ter vários amores diferentes. Meu sentimento é só
de gratidão por ter conhecido a história desses dois personagens.
Gratidão a Dostoiévski por apresentar ao mundo o amor de amigos,
por meio do encontro de almas gêmeas do Sonhador e da Nástenka.
64
3. Rayan Fernandes da Silva
Etec Juscelino Kubitschek de Oliveira
Tenho complexidade
É a mente de sonhador
É de uma casa sentir dor
Ao passear pela cidade
65
É ver moça a chorar
Tentar ela consolar
66
Foi como olhar em um lago
De água tão límpida
Ver minha aparência ríspida
Imperfeições que ainda galgo
Busco elas apagar
Para a mim mesmo melhorar
E nisso eu reflito
Dostoiévski me ajuda
Ao viver paixão que não é muda
Gero sempre um conflito
Com quem penso em amar
Quem tive a me declarar
67
Mas é pior calar o peito
É viver dentro do casco
Mesmo amor sendo carrasco
Fugir a ele não tem jeito
Mesmo que a si mesmo rogue
Ele insiste e nunca foge
68
Se no lugar daquele moço
Estivesse eu em pessoa
Perder amor que em mim ressoa
Seria o fundo do poço
Não saberia o quê fazer
Qual sentimento iria ter
69
4. Francisca Vanessa de Sá Souza
Liceu Marcionílio Freitas
Minhas Faces
70
Tema 05:
A Comédia Humana:
empatia
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1. Moisés Valério Caetano
EE Joaquim Adolfo de Araujo
A Comédia Humana
73
fecham as pessoas para a gentileza, o aceno de alguém feliz é uma
dádiva.
Que nunca percamos a felicidade, que mora nesse olhar para
dentro de si, que nos mostra quem somos. Tema presente na pas-
sagem do missionário, que passou 30 anos se doando à igreja, e foi
questionado sobre sua salvação.
Na igreja, novamente a música levou Ulysses a sonhar, “ves-
tia roupas de domingo” É importante estar pronto para encontrar
leões, não enfrentar, pois aquele leão não transmitia medo ou perigo,
havia vida em seus olhos. Sobre roupas, as de domingo são especiais.
De maneira simbólica, essas roupas são as vestes da alma, nos veste
de bons sentimentos, pureza, amor, verdade e força para enfrentar os
leões da vida, que desafiam, mas não assustam o pronto.
Sobre olhos, aprendi que são a porta da alma, o caminho
que conduz a essência de um ser. Ulysses não vê vida nos olhos do
Mecano, pela primeira vez, experimenta o medo, a sensação de morte
de olhos sem vida. Eis que surge o jornaleiro, combatendo notícias
ruins e tragédias, consideradas falta de educação e indignas de gritos.
Coisas ruins? Não é de bom tom dar voz! Que sejam elaboradas e
curadas, mas sem gritar, seu barulho amedronta e paralisa. Coisas
ruins, curamos com vida, como as árvores, fortes, renováveis, e se
replantadas, renascem e dão frutos.
O medo de Ulysses, foi vencido pela esperança de encontrar,
na rua, alguém familiar. A família é nosso porto seguro, renova
esperanças e guia na busca de sermos, bons, pela família. Alguém que
nos é familiar, que carregue consigo tudo o que a família representa,
é família, pois a palavra família dá vida e origem a palavra familiar.
74
2. Milena Barbosa dos Santos
EEEP Irmã Ana Zélia da Fonseca
Ulisses
Para Ulisses,
Conhecimento é poder
É um mocinho curioso
Que está disposto a aprender
Ele não se limita
E de tudo quer saber
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Ulisses com interesse
Foi numa loja da cidade
Quando viu uma armadilha
Despertou curiosidade
Queria saber como funciona
E se tinha agilidade
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Ulisses enfrenta um momento apavorador
Conhece um homem máquina
Que lhe transmite terror
Tem olhos frios, sem vida,
Sem esperança e amor
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3. Ciely da Silva Santos Lima
EE Padre Romeo Mecca
Doce lembrança
78
eterno carinho e amor por ele e como ele deveria seguir se ele não
voltasse. Então, Homero sente-se com raiva em perceber que isso
poderia acontecer.
De fato, aconteceu, seu irmão não voltou para casa, nunca iria
voltar. Como ficariam as coisas? Como Homero ficaria? Como iria
enfrentar o luto?
Esse foi o sentimento que senti ao finalizar essa linda história
e pensar como a família Macauley seguiria. Para minha surpresa,
a mãe de Homero, mesmo nervosa com toda situação, olha para
o amigo de Marcus que retornou para a cidade e foi ao encontro
deles, sorriu e o chamou para conhecer a sua casa. Pois é, isso foi
uma grande lição de vida e força para enfrentar tais sentimentos e
me pego recordando também dos encontros que tive com a Camila,
que foram exatamente como a mãe de Homero fez, mesmo eu so-
frendo pela ausência de uma amiga, eu posso sorrir por tudo que ela
nos ensinou e seguir em frente com aquilo que sonhamos. Por isso,
essa história foi tão marcante pra mim e dou a esse pequeno texto
o título de Doce Lembrança, pois através desse livro posso recordar
cada momento em que vive neste círculo e olhar para onde estou
hoje e ter orgulho de ter tido a oportunidade de conhecer uma das
mais lindas almas Camila, como os amigos de Marcus e a família de
Homero o conheceram.
79
Tema 06:
A importância das ajudas
80
1. Isabella de Cássia Romeo
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
A Princesa Viajante
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-Princesas não são doentes... elas têm cabelos lindos e estão
sempre sorrindo...
Finalmente tinha entendido a situação, ela se sentia diferente
do que conhecia, naquele momento senti na pele o que o “carteiro
de bonecas” sentiu quando me viu chorar.
-Nem todas as princesas são iguais... olhe para mim... sou uma
princesa que nem sempre está sorrindo ou se sente linda, porém con-
tinuo sendo uma princesa...
A menina me olha espantada, totalmente incrédula
-Você é uma princesa!? – perguntou a menina, que pela pri-
meira vez me olhou nos olhos
-Claro que sou, somente uma princesa reconheceria outra!
A menina me olha com carinho, mas não estava totalmente
convencida da minha resposta.
-Nem todas as princesas usam coroas o dia todo, muitas estão
trabalhando, cuidando de seus reinos e também se cuidando... O
que te faz uma princesa não é seu cabelo esvoaçante, mas sim seu
coração generoso e seu amor pelos seus súditos...
A menina parecia menos triste, mas ainda não tinha sorrido
-Me encontre aqui amanhã, nesse mesmo horário -disse sor-
rindo para a pequena princesa
No dia seguinte ela estava lá, com o mesmo vestido magnífico
e com a mesma feição triste, me sentei ao seu lado e entreguei uma
coroa para ela.
-Essa foi a coroa que ganhei do meu reino, ela ficaria linda
com seu vestido!
A menina olha para a coroa com um olhar feliz e amoroso,
naquele momento coloquei a coroa em sua cabeça
82
-Como pensei, ficou magnífico!
-Mas... não posso ficar com ela, é sua
-Eu prometi que a entregaria para uma princesa de coração
puro, depois de anos de procura finalmente a achei, e sem dúvida
você é a princesa mais bela de todos os reinos
Pela primeira vez a menina sorriu, ela brincava com a coroa e
corria com ela para todos os lados. Todos os dias era isso, nos encon-
trávamos e eu contava a história do meu reino e de todas as aventuras
que eu vivi, pelo menos que ela acreditava que vivi, ela sempre ficava
extasiada com as aventuras e me perguntava quando seria as dela,
todos os dias ela sorria e se sentia a princesa que ela acreditava ser, e
no fundo realmente era.
Ela infelizmente não apareceu mais, demorei para aceitar que
a pequena princesinha poderia não estar mais feliz e cheia de vida,
não sabia como era sua vida longe daquela praça, mas sabia que onde
quer que ela estivesse ela ainda seria a princesa mais linda de todos
os reinos, hoje agradeço o “carteiro de bonecas” por ter me mostrado
que o sorriso de uma criança é o presente mais precioso que pode-
mos ganhar.
83
2. Vitoria Silva de Andrade
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
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se vê, outra vez, naquele lugar do seu coração, em pedaços, e percebe
que esse espaço, ou seja, o amor, é preenchido de tempos em tempos.
É preenchido por um cachorrinho na rua que recebe seu gesto, ou
em dias de frio que você sente aquele cheiro do café e do conforto
que ele traz, ou acaso você lê algo que te arrebata e é exatamente
aquela dose de palavras que preenchem seu espaço, novamente. Mas
veja bem o que estou escrevendo. O tempo precisa passar, senão, dói.
Podemos supor que o tempo é a vida, se ele não passar, nada acon-
tece, não tem futuro. Sei que precisamos de explicações melhores do
que essa. Mas o tempo é necessário, em cada aspecto da vida cotidia-
na se faz presente a fagulha da esperança que carregamos, é isso que
deve nos dar a energia para viver, os detalhes, o todo. Concluo que,
temos em nós, uma percepção oculta de onde deveríamos estar ou
não, alguns chamam de pressentimento. E Kafka estava exatamente
no lugar ideal para ir de encontro ao maravilhoso, esse lugar é ele
próprio, havia dentro de si, uma alma cheia de empatia. Então, para
todas as Elsies, que estão agora sentindo a perda, a devastação não é
tão cruel quando é acompanhada de cura, precisamos nos permitir
curar, uma dor, uma perda... Um sentimento é um processo, não
deve ser segurado mais do que o necessário. Como é esplêndida a
razão de que tudo há de passar!
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Tema 07:
Superação
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1. Andrya Braga Nunes
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
Quando me mataram…
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Acredito que pelo menos alguma vez na vida todos nós já
morremos e já matamos, alguns simplesmente conseguem achar a
sua vida de volta mais rapidamente.
Quando me mataram foram as pessoas que eu mais amava,
aquelas a qual eu entreguei o meu coração e lá eles me tinham sem
qualquer armadura ou forma de defesa, arrancaram pedaço por pe-
daço do meu coração que já havia sido partido.
O mais engraçado é que esse tipo de morte, morte de alma,
parece doer mais do que a morte de corpo.
Não me esqueço daquele dia, não me esqueço daquelas
palavras, não me esqueço do rosto daquela pessoa, a qual eu só
esperava amor. Mas agora eu estou aqui, com minha alma morta, e
meu corpo procurando por um sopro de vida por ela, vou ficar bem,
não se desespere, tomara que eu tenha outra chance, de escrever
sobre a minha próxima morte. Estou buscando a minha vida, até
que alguém me mate novamente.
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2. Laine da Silva Carvalho
EEM Jaime Laurindo
89
3. Priscila da Silva Araújo
EEM Jaime Laurindo
O pintor
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Só resta, para mim, me conhecer,
Eu nem sei sobre a palma da minha mão
Nem sei com exatidão.
91
4. Sabrina Estevão Ferreira Da Silva
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
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sociedade soprou e criaram-me nelas já.
Eu e muitas pessoas apenas mantemos essa bolha no ar, pois
temos medo de furá-la, com medo de perder algo ou alguém, na
verdade, a maioria das pessoas já nascem nas bolhas, mas também,
muitas pessoas entram em bolhas, não tem muito como medir isso,
mas sei, que eu vivo em bolhas sim! É muito difícil de estourarmos,
você vê poucas pessoas falando disso, e as que falam, geralmente são
pessoas que estão no processo ou já saíram delas, mas essas pessoas
dizem que é libertador, você ganha ar, fazendo com que você pare de
ser sufocado, também, faz com que nossa visão seja mais ampla da
realidade, fazendo nós enxergarmos fora da visão do protagonista, e
após a bolha ser estourada, viramos todos ar, mostrando que somos
iguais e nos conectamos, assim como mostra Tereza quando fala na
história, quando ela está na sua pós morte.
Eu já estourei várias das bolhas que eu estava, mas eu sei, é ex-
tremamente estranho ter ar de novo, as coisas vão acontecendo e eu
só sigo o barco, nem chego a me questionar, apenas vou refletindo,
após estourar as bolhas fica tudo novo, as vezes parece aquela questão
de “você atrai o que você sonha” ou “você atrai coisas boas e ruins,
mas isso depende das suas atitudes e pensamentos”, e simplesmente
essas coisas foram acontecendo nas bolhas, e por mais que pessoas
apareçam nelas, poucas permanecem, por minha causa ou por deci-
são própria delas. E aí você vai sufocar ou vai querer respirar?
93
5. Marcos André Barbosa de Oliveira
EEEP Balbina Viana Arraes
94
cia para a literatura brasileira. Contudo, a forma como suas obras
são trabalhadas nas escolas, deixam a leitura entediante e forçada.
Tudo se resume numa Ficha de Leitura com o fim de obter uma
nota. Minha surpresa foi total quando o conto foi apresentado. O
modo como os multiplicadores conduziram toda leitura e discussão
foi essencial para o aproveitamento. Assim, conheci e passei a amar
o conto do Jacobina, e a forma como Machado descreve um homem
simples e comum pode se perder totalmente do seu verdadeiro “eu”
por receber um simples status. Provavelmente se meu encontro com
essa obra tivesse acontecido em uma ficha de leitura, seria só mais
um livro lido que eu iria esquecer logo em seguida. Discutir, refletir
e compartilhar opiniões durante a leitura me proporcionou muitos
questionamentos. Conversar em Círculos sobre as metáforas usadas
no livro, o que entendemos sobre ter duas almas, uma com olhar
interno e outra com olhar externo, mas que precisam ter equilíbrio
para não gerar conflitos sociais e pessoais. Depois de concluir O Es-
pelho, eu finalmente entendi o porquê de Machado de Assis ser tão
prestigiado e admirado. Isso me fez refletir: Por que nossas escolas
não trabalham nossa literatura da mesma forma que os Círculos tra-
balham?
A leitura nos Círculos me aprimorou como leitor e multipli-
cador. Isso tudo foi de tamanha importância para minha formação
como pessoa. O projeto foi um leque de oportunidades para meu
conhecimento.
95
6. Raiane Ferreira Lima
EEEP Napoleão Neves da Luz
Me vi perdida num mundo, que não era meu, nem seu, nem
nosso, nem dele, nem dela;
Me vi numa melancolia eterna, que nunca teve fim, até crescer
e entender que o mundo era assim;
Uma reviravolta de alegria, tristeza, saúde, doença, sem perce-
ber, que o mais terrível era crescer e assim eu aprendi, que o mundo
só vai ser ruim, se a gente quiser ser;
E quanto mais a vida passa, mas fica sem graça, e a graça quem
faz é a gente, que pode fazer diferente e tornar-se um mundo melhor;
O mundo pode ser cruel, mas se sair do papel os planos que
temos para ele, poderíamos nos aceitar mais, nos entregar mais e
nos tornar ainda mais livres, como uma gaivota que voa sem cessar,
livre, leve e solta, assim podemos passar de um mundo cruel para
um melhor;
Podemos fazer diferente, ser diferentes, mostrar diferença, o
mundo só será melhor, quando nos aceitarmos só, sem medo, sem
insegurança, apenas com alma, com lembranças, de um mundo an-
tigo e sofrido, que evoluímos sem dó;
E assim a gente vai vivendo, caindo e aprendendo, que a vida
só vai ser sofrida, se a gente se deixar levar pelo sofrimento, pois a
paz vem de dentro, basta enxergar.
Eu sei, só queríamos ser criança novamente, com a inocência
estridente de um ser espetacular, sem medo do futuro, apenas com
um riso puro, onde de longe podemos enxergar;
96
Talvez o problema seja crescer, mas a solução seja amadurecer,
e assim entender o que quando criança nunca pôde.
E vamos vivendo o mundo agora, sem medo da demora, do
fim que pode chegar, esperando o futuro, tentando um riso puro, da
criança que já fomos um dia, sem esquecer da alegria, que conosco
sempre está.
97
7. Wérgila Laiza da Silva Macêdo
EEMTI Tabelião José Pinto Quezedo
98
mas uma coisa me incomodava, eu tinha uma colega que sempre se
saía melhor que eu em tudo e, é claro, que não pude deixar as coi-
sas assim. Então, em prol dos meus sonhos e do meu incontrolável
amor pelos números, causei a demissão dela. Como eu fiz isso? Bom,
algumas mentiras bastaram, mas veja bem, era por mim, pelos meus
sonhos. Aos 30 anos, eu continuava sem ninguém, todos me julga-
vam por isso, eu não tinha amigos, namorado e nem familiares por
perto. Nunca quis muita proximidade, pois eu sabia que uma hora
ou outra eles atrapalhariam os meus objetivos.
Aos 35, eu já tinha desbravado o mundo, tinha o melhor em-
prego, muitos carros, casas e dinheiro, pelo visto eu consegui né? Aos
40 anos, sair com um carro diferente a cada dia ficou sem graça, as
casas quase não eram visitadas, o dinheiro, ah....não me encantava
mais!!
Aos 60, os números perderam a graça e eu não entendia o
motivo, as minhas condições me permitiam ser feliz e mesmo assim
eu não era. Agora com 80 anos, sentada nesse sofá sozinha, eu só
consigo lembrar-me da minha rosa, do meu bem deixado há anos
para trás. Será que ele continua a exalar o seu perfume? Será que ele
continua colorindo o mundo de outras pessoas, ou eu o transformei
em alguém cinza como eu? Sinto saudade de mim, não sei quando
me tornei essa pessoa sem cor que escolheu viver sem o que existe de
mais lindo no mundo, o amor. Quem me dera ter entendido aquela
frase “O essencial é invisível aos olhos”, daquele livro lido aos meus
16 anos, se eu tivesse refletido, teria entendido que as coisas mais
valiosas do mundo não custam nenhum número.
99
8. Suelir da Silva Lima
EEEP Dr. José Iran Costa
100
Eu te julguei ser uma pessoa fraca
Só porque queria muito te proteger
Mas, lá no fundo, eu quem era fraco
Por não conseguir entender
101
Durante os dias cheios de destruição
E o presente desgastado e escuro
As palavras que ecoam vão revelar
A alma selada dentro desse casulo
Esse sonho que abandonei sem terminar
Vamos dar a ele outra motivação
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Tema 08:
Determinação em
Fernão Capelo Gaivota
104
1. Manoel Vieira do Nascimento Junior
EEEP Monsenhor Expedito da Silveira de Sousa
105
Nessa busca incessante
De buscar a perfeição
Ele sentiu o medo do fracasso
E o peso da tradição
E por seguir o seu sonho
Foi posto à condenação
Ao longo da caminhada
Muitas coisas ele aprendeu
Adquiriu novas habilidades
e confiou no seu eu
com a ajuda de grandes mestres
que a providência lhe deu
106
O trabalho em equipe
Passou a ter muita importância
Para aperfeiçoar as técnicas de voo
E driblar as circunstâncias
Que nos afastam do caminho
E que nos tiram a esperança
Fernão também aprendeu
A ter empatia e discernimento
De que é preciso compartilhar
Todo bom conhecimento
E ajudar outras gaivotas
A ter empoderamento
107
E assim Fernão voltou
Pra mudar a realidade
De tantas gaivotas aprisionadas
No padrão da sociedade
Que limitava suas asas
E as privava da liberdade
108
2. Fábio José Martins Monteiro
EEEP Maria Cavalcante Costa
110
3. Maria Julia Miranda
Escola Estadual Reverendo Tércio Moraes Pereira
111
Alguns meses se passaram e com imensa felicidade me tornei
multiplicadora. Com os “Chiangs” que já me acompanhavam e com
os que ganhei durante os grandes encontros, compreendi, assim
como Francisco, que cada vez que se inicia um processo de ensino
e aprendizagem é inaugurado um ciclo que não tem fim. Nesta
nova etapa entendi, de forma concreta e prática, que compartilhar o
conhecimento é o verdadeiro significado do amor.
Li novamente Fernão Capelo Gaivota, mas dessa vez como
multiplicadora. Me emocionei. Naquele instante, assim como
Francisco estava quando seu mestre partiu, me senti pronta. Voei.
112
4. Darlen Santos do Nascimento
EEEP Lysia Pimentel
113
contra o conformismo em que os outros viviam. Ao decorrer da
leitura, eu e meus colegas parávamos para discutir sobre o livro, e o
que observei foi em que todos os relatos e dentro de cada um de nós,
havia um Fernão Capelo Gaivota, sedento pela coragem que aquele
personagem do livro tinha para fazer a diferença e escolher o que
para ele, parecia ser a escolha correta. Para mim, percebi o mundo
real dentro daquelas poucas páginas, com uma sociedade onde
pessoas diferentes tinham medo de suas diferenças. Seja no amor,
amizade, na fé, nas roupas, ou opções pessoais das pessoas, hoje vejo
a diferença alçando vôo sem medo de julgamentos ou acusações, e
creio que Fernão Capelo Gaivota esteja orgulhoso pela coragem que
estes tiveram ao dizer não ao “normal”. Ao relembrar este conto,
sinto meu coração vibrar um pouco com este personagem, que se
tornou um exemplo para mim. O círculo de leitura sem sombra
de dúvidas, assim como os horizontes alcançados por essa gaivota,
amplia os nossos próprios horizontes. Agradeço por esse projeto
por ter me dado a oportunidade de conhecer este singelo e corajoso
personagem. Sou grata ao Fernão Capelo Gaivota que habita dentro
de mim pela lição aprendida com este livro, e que tenhamos coragem
para mergulhar em outros livros e, descobrir cada vez mais outros
personagens que existem em cada um de nós.
114
5. Maria Luiza Pessoa
EEMTI Tabelião José Pinto Quezedo
115
ser como Fernão Capelo Gaivota, compartilhar o que eu sei e tentar
sempre aprender. Coloco minha xícara na mesa e começo a escutar
tantas coisas bonitas, tantos significados para uma só história, tantas
verdades em palavras e até dores perceptíveis no desenrolar da leitu-
ra, pois como afirmara Drummond “a dor é inevitável, o sofrimento
é opcional”.
O tempo vai passando e eu vou escutando, lendo e falando
como aquela história me representou, entro em uma espiral entre
aprender e compartilhar.
Infelizmente o momento do encontro acabou! Quanto conhe-
cimento compartilhado, quanto sentimento descarregado!!
O Fim é uma palavra tão esquisita, tão cruel que não mede
forças. Em algumas ocasiões, toma o contorno da tristeza, do luto,
do choro, porém em outras vem com o sentido de recomeço, de an-
siedade para uma nova leitura. Entender o fim, o momento de parar
e não insistir é uma das maiores fases da maturidade. Mas esse fim é
diferente, é um bom fim, pois agora eu sei que tudo que eu aprendi
ficará comigo para sempre.
Pego meu café ... Está frio, assim como o clima lá fora. Mas
eu te juro, aqui dentro está quentinho.
116
6. Geovanna da Silva Holanda
EEEP Balbina Viana Arrais
117
estar se perguntando do que estou falando, bem, para isso tenho
que voltar um pouco no tempo, bem antes da minha jornada com
Fernão começar e assim sendo, desde já peço desculpas a você caro
leitor, caso algumas dessas lembranças não fiquem tão claras.
Minha pequena jornada começa no jardim de infância,
onde tive uma professora muito bacana, apaixonada pelo que fazia,
amorosa, uma excelente profissional, mas claro que na época eu só
pensava em como ela era legal e me deixava levar livros para casa, hoje
eu sei que ela foi minha primeira “mestra”, foi ela que me inspirou
a ter sonhos e me apaixonar pela leitura, e assim como todo bom
aprendiz, eu colhi todos os seus ensinamentos. Como por osmose
adquiri seu amor pela licenciatura e aos seis anos estava decidida
que iria me tornar professora, me tornar uma líder, repassar tudo
aquilo que iria aprender e para que tal coisa acontecesse, me esforcei
muito ao longo da minha carreira como estudante. Contudo, ser
uma jovem sonhadora em um mundo como o que vivemos não é tão
fácil quanto os filmes fazem parecer e as dificuldades de carregar um
sonho que parecia ser tão grande foi pesando ao longo do caminho
e apenas essa minha força de vontade inicial não foi suficiente para
carregá-lo sozinha.
Ao chegar no ensino médio, eu já não tinha mais tanta certeza
sobre o que eu queria fazer para minha vida e coisas como estabili-
dade financeira, status e sucesso social eram fatores que haviam se
tornado mais importantes, porque também era o que a maioria das
pessoas me diziam. Aos poucos, depois de todas as reações que vi
ao contar o meu grande sonho de vida, poucas delas positivas, fui
deixando ele de lado e outras profissões mais valorizadas socialmente
foram entrando em foco, fui me deixando ser levada pela maioria,
118
fui me misturando ao bando, deixando de ser a pária para fazer parte
da multidão, era mais fácil e parecia ser o mais certo.
Ao ler a história de Fernão, mesmo que metaforicamente eu
sabia como ele se sentia, e apesar da comparação não tão válida, eu
não via tanto sentido naquilo que eu fazia se não fosse para algum
dia repassar, ensinar outras pessoas, era isso que me motivava e ainda
motiva. Ao longo das semanas de leitura do livro, eu tinha grandes
momentos de reflexões sobre a pessoa que eu gostaria de me tornar,
e na medida que a história de Fernão ia evoluindo, eu adquiria
consciência de que apesar da falta de apoio da maioria, eu ainda
poderia alcançar meus sonhos, que não fazia sentido abandonar
quem eu era, quem sou. Me dei conta desse fato ao ler um trecho
específico do livro, que novamente não irei lembrar em detalhes, o
qual conta que Fernão caiu de uma grande altura durante um de seus
treinos, ao recuperar os sentidos, Fernão quer desistir, deseja morrer
ao fracassar e uma voz interior, que ele chama de “voz cavernosa”, o
faz refletir se desistir realmente o fará feliz. Foi nesse dia específico,
como em uma epifania, que Fernão, meu velho e ao mesmo tempo
novo amigo, renovou as minhas forças, me deu coragem para
enfrentar todos aqueles meus medos e inseguranças, me deu uma
nova perspectiva sobre os obstáculos que eu tinha a enfrentar.
Provavelmente, o motivo pelo qual tenho tanto carinho pelas
memórias dessa leitura é que eu compreendia o amor que Fernão
tinha pelo conhecimento e por repassa-lo, entendia como os sonhos
e aquilo que nascemos para ser, nossas vocações, é parte daquilo que
somos. Ao fim daquele ano, ao saber que seria uma multiplicadora,
que poderia ajudar outros jovens, assim como essa leitura havia
me ajudado, foi uma das melhores notícias que recebi. Me recordo
119
que nas férias daquele ano, procurei o livro para lê-lo na integra
e ao ler a dedicatória do autor – “Ao verdadeiro Fernão Capelo
Gaivota que vive em todos nós”, naquele exato momento, me senti
verdadeiramente grata ao meu Fernão por ter me guiado pela minha
própria jornada de autodescoberta.
Assim como Fernão, tive vários mestres, perdi alguns ao longo
do caminho, uns para sempre, outros como um até logo e reconheço
como todos foram importantes na minha formação, assim como sei
que ainda terei vários, que uma nova fase de aprendizado na minha
jornada está apenas começando, entretanto, gosto de pensar que a
leitura desse livro também foi uma espécie de “mestre” para mim.
Uma das poucas lembranças que tenho claramente do meu caminho
até agora, foi minha inscrição no vestibular, o momento de realmen-
te colocar em prática aquele sonho que há tanto estava internalizado
em mim, me recordo de lembrar de Fernão, na sensação que ele
descreve ao voar e a liberdade da escolha, de escolher não abrir mão
da vontade de aprender.
Para finalizar, caro leitor, aconselho que você também encon-
tre seu próprio Fernão e assim com vários outros párias, possamos
formar nosso próprio bando. Indico-lhe também a leitura desta obra
e desejo que assim como a mim, ela possa lhe guiar pela sua própria
pequena jornada, bem como também, lhe faça ter boas lembranças
dessa leitura.
120
Tema 09:
Vocação para a arte
122
1. Darla Monique
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
Me abraço na escrita
sempre escrevo porque não sei o que dizer
e por muitas vezes
escrevo, mas nem tenho o quê escrever...
porque machuca;
porque sara;
porque arde;
porque alivia;
porque inunda como rio
e às vezes,
esse rio seca.
quando seca,
penetram gotas em meu corpo e queima.
123
e eu me abraço
na escrita.
e me torno a mesma
que erra;
que acerta;
que se alegra;
que chora;
reclama;
declama.
124
que é escrava
do que sente
e desta vez
me tornei “solzinha”
125
2. Laura da Silva Pereira
EE Alexandre Von Humboldt
126
o palco mais clara e nítida. Gosto até de brincar dizendo que meu
olhar dentro de um teatro é mais brilhante que os holofotes de lá.
Desde então sigo refletindo e tentando entender melhor como
é possível que a arte teatral libere mais serotonina, endorfina, ocito-
cina e dopamina em mim do que apaixonar-me por alguém. Esse tal
quarteto da felicidade já me apareceu outras vezes, quando eu estava
à beira da coxia, quase entrando no palco para dançar.
A única conclusão que consigo consolidar em mente é que
para aqueles movidos pela arte, pelo amor e pela paixão de poder
assumir diversas personalidades e, a partir disso, sentir cada emoção
de forma diferente, todo e qualquer resquício, por mínimo que seja,
fará lembrar e consequentemente emocionar o espírito artístico. Até
meu último dia em uma plateia ou em um palco seguirei sendo hip-
notizada e apaixonada pelo pó de pirlimpimpim. Meu pózinho de
pirlimpimpim, o teatro.
127
Tema 10:
Criatividade
128
1. Ingrid Cosmo Lopes
EE Mário Kozel Filho
129
no geral não acontecia, deixara a porta aberta, não mais fechada, ou
entreaberta timidamente como antes.
O que facilitou a entrada da mulher, que muito parece ser
a mesma que se fazia de cega com o pretexto de observar-lhe,
pois naquele momento já deveria ter perdido o juízo e esperava o
momento certo - quando o homem estivesse aberto para o mundo -
para lhe pedir ajuda e foi o que fez.
Após ele ter sido visto por alguém e não somente ficar na posi-
ção de procurar, mas sim ser procurado, estava apto para receber um
pedido de ajuda, daqueles!
A mulher com o juízo perdido e ele sem saber onde encontrá-
-lo para ajudá-la e mesmo assim foram à procura juntos, o que ele
não estava acostumado.
Ela sem abaixar a cabeça, ao certo, para lhe direcionar novos
caminhos e ele com a cabeça ainda baixa na procura do juízo perdido
por ela, dispendendo sua confiança nela ao som do “taque-taque”
do sapato dela, mesmo que por caminhos desconhecidos, ele conti-
nuou, o que demonstra mais uma vez um ato de persistência de sua
parte.
O caminho era outro, os obstáculos, o cenário já não era mais
o mesmo, se prendeu os detalhes da natureza, como se finalmente
chegasse ao seu objetivo inconsciente.
Ao encontrar a primeira violeta da primavera se vê que sua
alegria não mais era por encontrar objetos materiais perdidos e sim
percebeu o significado do não palpável, de um sentimento que ele
carregava consigo para finalmente endireitar o corpo e expressá-lo.
130
Assim, de muito procurar, ele descobriu o significado da pro-
cura nos detalhes, saiu da sua caverna e conseguiu expressar o que
tanto procurava desde o início, mesmo que sem saber.
131
2. Pedro Emanuel Beserra Martins
EEEP Antonio Valmir
132
completa loucura, certo? Porém, não se engane, assim como qualquer
coisa em nossa vida, o amor, tem efeitos colaterais. Imagine ele como
uma rosa com espinhos. Por mais cuidadosos e incríveis jardineiros
que nós pudermos ser, em alguma hora vamos nos cortar, pois não
se trata de experiência. Esse é o grande paradoxo desse sentimento.
Como algo tão profundo pode ser tão dolorido? Bem, de dor, eu
consigo entender muito bem, pois além de um garoto apaixonado
por uma rosa, sou vascaíno roxo, então… é realmente uma vida
dolorida.
Enquanto escrevo isso entro e saio de diversos suspiros de
um sentimento que parece se confundir em meio a um mundo de
sonhos e uma realidade que a cada dia, mês e ano se torna cada vez
mais cruel e insensível com os sentimentos sinceros limitando-os a
suspiros e mais suspiros. Mas eu, o seu escritor e mais a infinidade
de outros apaixonados por rosas lhe pede com grande veemência
que da próxima vez que vir sua rosa, girassol, lírio ou margarida,
se lembre de cada pequeno momento que vocês viveram, seja de
forma fraterna ou romântico. E ah! A compre um espiga de milho-
cozido (isso é opcional tá?). Brincadeiras à parte, lembrem-se de
cada singelo momento que tiveram, pois, o essencial sempre será
invisível aos olhos. Sempre lembre dessa frase, pois ela se estende
aos mais diversos sentidos possíveis. O sorriso, o cheiro, a presença,
o sentimento verdadeiro, tudo isso que é o verdadeiro essencial
para a nossa longa e misteriosa jornada de amor pela nossa extensa
galáxia. Sendo esses detalhes e subjetividades que tornam o amor, o
sentimento mais peculiar que já passou pela nossa galáxia é algo que
mudou a vida desse projeto de escritor.”
133
3. Maria Eduarda Rodrigues Marques
EE Professora Irene Branco da Silva
O cérebro do Espantalho e
o coração do Lenhador de Lata
ENTREVISTA CEDIDA AO JORNAL TELEVISIVO
DE OZ
134
Espantalho: O Mágico me fez perceber que, muitas vezes, o que nós
mais queremos está bem debaixo de nosso nariz; porém, nós acaba-
mos não percebendo, apenas por estarmos concentrados em coisas
fúteis.
135
é mais importante para vocês? Ter um cérebro ou um coração? Parti-
cipem! Boa noite e até amanhã.
136
4. Lana Catarina Alves da Cruz
EEPe. Manoel de Nóbrega
Princesa Sofia
138
Tema 11:
O Conto da Ilha Desconhecida
e a busca pelo autoconhecimento
140
1. Odete Vitória Sabino Ferreira
EEEP Maria Cavalcante Costa
A procura do autoconhecimento
141
2. Rita de Cássia
EEEP Maria Cavalcante Costa
142
controle da embarcação e que, se errarmos o rumo, nós mesmos
que acharemos o destino final, se não conseguirmos manter o barco
firme durante as incontáveis e imprevisíveis tempestades, somos nós
que sofreremos as consequências e teremos que lidar com elas. Não
é o rei. Não é o reino. Somos nós. Sou eu. É você.
143
3. Anne Carolline Lima Sousa
EEM José Ferreira Barbosa
Lembranças da Leitura
144
o protagonista se aventura e persiste com sua determinação e fé e
segue seu caminho em busca do autoconhecimento e amor-próprio.
Simpatizei por completo quando o li, sua trama é envolvente, as
emoções que o autor transmite para leitor é surreal e por um minuto
me esqueci de absolutamente tudo, do mundo em que habito e me
teletransportei para aquele barco em alto mar, quando me peguei a
pensar, já estava no último parágrafo.
Um conto tão simples e necessário para maioria dos jovens,
que estão entre a infância e vida adulta, ou seja, a adolescência, fase
que descobrimos nossa essência e quem somos, a dificuldade em en-
contrar o nosso lugar no meio de uma sociedade tão perversa e im-
previsível. Não é apenas uma obra fictícia, mas sim um dos motivos
pelo qual existe o Círculos de Leitura e sua proposta de propagar
conhecimento e mostrar a importância da interpretação, pois, ela é
crucial para a formação do cidadão independente, engenhoso, jus-
to e cordial. Ser denominada como multiplicadora é uma honra, e
com certeza mudou a minha vida, a perspectiva sobre o mundo e as
pessoas. Agora entendo o que é de fato empatia e me reinventei em
meio ao caos, porque livros salvam os que escrevem e os que lêem.
145
4. Daniel dos Santos Silva
EE Mário Kozel Filho
146
seus e o homem responde que mais pertence o rei aos barcos do que
os barcos ao rei, e que este sem eles é nada, mesmo que eles, sem o
rei poderão sempre navegar.
Ou em outro trecho do livro, quando o homem em uma con-
versa com a mulher da limpeza refere-se ao barco como sendo dela,
afirmando que gostar é provavelmente a melhor maneira de ter.
Outro ponto sempre discutido e que reafirmado diariamente,
seria o se colocar à procura de algo, focado e com propósito, pois
contagia as pessoas ao redor. O homem nem sonha que, não tendo
ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já leva atrás de si a
futura encarregada das baldeações e outros anseios.
Sem que percebamos, pessoas ao nosso redor tomam decisões
inspiradas nas nossas ações, tornando-se aliados ou parceiros de mis-
sões ou projetos. Um exemplo na história está ao lermos que, além
dos pedintes na fila, algumas mulheres da janela se movimentam
em favor do homem gritando ao rei que lhe dê o barco e quando a
mulher da limpeza é chamada no castelo, mas a mesma já saiu com
o balde e a vassoura pela porta das decisões, que é raro ser usada, mas
quando o é, é.
Claro que nem todos se contagiaram, e um deles é o Capitão,
que fica encarregado de entregar o barco dado ao homem. Ele insiste
que já não há mais ilhas desconhecidas, ao que o homem responde
ser estranho ele dizer que já não há ilhas desconhecidas, pois, mesmo
sendo homem da terra não ignora que todas as ilhas são desconheci-
das enquanto não desembarcarmos nelas.
Cada personagem na história se apresenta como pessoas que
encontramos ou encontraremos na vida, além de ensinar como se
colocar à procura.
147
Não basta apenas estar a procurar, sem preparo para o desco-
nhecido, e isso se torna evidente quando a mulher da limpeza ao
conhecer o barco diz que um barco que vai procurar a ilha desconhe-
cida não pode ter um aspecto, como se fosse um galinheiro, ou refle-
tindo sobre o estado psíquico da procura, ao não encontrar pólvora
disponível, que não há nenhuma lei dizendo que ir em busca duma
ilha desconhecida tenha de ser uma empresa de guerra.
Reafirmando a necessidade de procura por ilhas desconheci-
das, o homem e a mulher discutem sobre encontrar a ilha desconhe-
cida para saber quem ele será quando nela estiver interligando com
a ideia de que nenhum homem é uma ilha e é necessário sair da ilha
para ver a ilha, que não vemos senão sairmos de nós.
148
Tema 12:
O livro como herança
150
1. Thiago da Silva de Sousa
EEEP Monsenhor Odorico
O sonho de Théo
151
as inscrições serão somente hoje, e estarão disponíveis durante todo
o dia, boa sorte a todos.
O pai de Théo ficou muito animado com a notícia e espe-
rançoso, viu essa proposta como uma grande oportunidade de seu
filho realizar seu sonho, o de mostrar a importância da leitura para
sua comunidade, algo que em outro momento havia relatado. O
Pai de Théo se dirige a uma lan house, preenche todos os dados e
aguarda ansiosamente que o seu filho seja selecionado a uma vaga.
Chegando em casa, mesmo com todas as dificuldades financeiras, ele
consegue comprar um livro, na verdade não se tratava de um livro
comum, era um dicionário Aurélio. Seu pai lhe deu um dicionário
para que ele pudesse aprender novas palavras, melhorar a sua forma
de se comunicar, conseguisse interpretar vários textos de linguagens
complicadas. Finalmente chegou o dia do resultado da seleção, o dia
definido para quem iria conhecer a grande Biblioteca Alfa. O pai de
Theo, muito preocupado com as tarefas de casa, como por exemplo
cuidar dos animais, e da roça, esqueceu de verificar o resultado. E
por incrível que pareça o jovem sorteado, foi Théo, com direito a
viagem e passeio gratuitamente. A notícia chegou ao pai de Théo,
ele muito feliz, diz ao seu filho:
- Théo não sabia o que fazer com uma notícia tão especial e
não lembrei de conferir o resultado, era uma surpresa que tinha para
você.
No outro dia Théo e seu pai viajaram para São Paulo. Três
dias se passaram, finalmente chegaram à Capital. Théo foi recebido
com uma apresentação de teatro e com uma citação de poesia. O
garoto estava muito feliz, de repente chega o dono da Biblioteca
“Ricardo Vale “, e diz:
152
- Você é o jovem premiado?
O garoto responde:
- Sim senhor, prazer em conhecê-lo.
Ricardo Vale mal respondeu o menino. Théo então falou:
- O senhor está bem?
- Que ousadia é essa, respondeu Ricardo
- Desculpa senhor, só queria ajudar.
153
eu possa fazer com que as pessoas possam ler mais, ser mais felizes
através das leituras. Leitura é vida, leitura é a fonte de pensamento e
sabedoria. O Mundo precisa da leitura.
Ricardo ficou tão emocionado com o discurso de Théo, que
fez uma proposta:
- Garoto, você aceita a partir de agora ser o dono dessa bi-
blioteca?
Théo não estava acreditando naquele convite. Ele pensou e
disse:
- Como eu vou contribuir sendo que sou muito novo?
- Eu serei seu ajudante, enquanto eu viver estarei com você.
Quero ver você compartilhar, distribuir conhecimentos e leitura por
todos o planeta terra.
- Aceito seu convite, senhor Ricardo.
Anos se passaram, Théo não era rico. Continuava pobre, mas
pobre financeiramente e não de conhecimento. Ele não queria luxo,
o sonho dele estava se realizando, fazer o mundo todo amar a leitura.
Faça como Théo, se você é amante da leitura, incentive as
pessoas ao seu redor a ler, porque feliz é o homem que faz uma lei-
tura. Ler não é só um prazer, ler é viajar no mundo mais diverso que
existe. É imaginar, é contribuir com a escrita, com a interpretação,
e o mais importante, contribuir para desenvolvimento intelectual.
Que a leitura venha diariamente fazer parte da vida dos brasileiros.
A leitura transmite um dos maiores conhecimentos já vistos na hu-
manidade. Permite a transmissão de conhecimentos ou saberes por
gerações. Além de tornar a vida mais saudável e até prevenir doenças.
Viva a leitura!
154
2. Raiane Costa Pereira
EEEP Doutor José Alves da Silveira
155
meu bando. Era uma sensação de medo, mas quase não comparado
ao tamanho do sentimento de início de uma nova e bela jornada,
deixando pra trás pessoas com as quais pude aprender muito sobre a
vida, mas que a caixa da rotina conseguiu, sem ser notada, ser mais
pesada. Embora fosse caixa, não tanto fechada, mas sempre caixa. E
eu, queria abri-la e ver o que tinha por fora.
No momento do primeiro voo, eu pensei em Jonathan,
era manhã, olhando as nuvens pela janela, me imaginei gaivota.
Sobrevoando meus sonhos, e carregando neles, a responsabilidade
de fazer de cada um, resultados positivos não só para mim, mas
para quem pudesse tropeçar sobre meu caminho. A vida em bando,
definitivamente, nos edifica pela troca e coragem de sermos únicos
em um conjunto de seres (gaivotas) diferentes.
Segundo, gaivota Jonathan, eu te falo que o mar pode ser
realmente muito perigoso e que precisei me molhar muitas vezes
para continuar batendo minhas asas e tentando de novo, de novo e
de novo. Molhar as minhas asas, foi frustrante. Cada gotícula que
encostava, deixava a sua marca e a asa mais pesada. Como foi difícil,
eu mesma achei que não ia conseguir. E de novo, cancelando um
projeto antes muito sonhado, lembrei novamente de você. Observei-
-me, de novo como uma gaivota, que precisava acreditar e reinventar
novas formas de voar e principalmente mostrar para as outras gai-
votas que passavam por mim, que era possível se refazer, se costurar,
pegar um ar e tentar de novo.
A caixa, do lado de fora, não era toda florida. Não tinha uma
cor vibrante, não tinha laço, não tinha nome. E foi pensando nisso,
que eu, chegando aos 20 anos, compreendi que do lado de fora não
tinha nada, porque quem precisava florir, pintar, enfeitar, era eu. E
156
foi assim, que de novo gaivota Jonathan, eu decidi perseverar em mi-
nha própria liberdade, e mais do que isso, um dia voltar para aqueles
que tanto me ensinaram para dizer para todos, o quanto o mundo
pode ser extremamente ilimitado, e cheio de infinitas possibilidades.
Eu, gaivota, aprendendo a voar, a me molhar no mar, me refazer e
agora perseverar para um dia reencontrar aqueles que talvez até mes-
mo acharam um desvairo eu rasgar a caixa.
Terceiro, bati tanto as minhas asas que encontrei um céu
limpo, com gaivotas que batiam ao mesmo ritmo, que acreditavam
da mesma forma, que me reconheceram como sendo do seu bando.
Me encontrei. Provei do meu próprio esforço, minhas asas já secas
podiam lançar voos cada vez mais altos, seguros e confiáveis. Depois
de tanto tempo, eu pude dizer que consegui. Que era possível co-
criar desejos que antes só existiam no meu imaginário.
Foi nesse lugar, Jonathan, que o líder veio até a mim e disse
que eu precisava seguir voando, mas dessa vez, demonstrando para
todos que ficaram dentro da caixa como era possível tudo que eu
estava fazendo. De fato, os mistérios da vida, fictícia ou real, existem
para que a gente possa parar um momento e pensar em como foi
possível, em qual momento nos tornamos aptos para as grandes rea-
lizações, depois de muitos pesares, e choros e lamentações. Me sentia
viva, uma gaivota plena, cicatrizada e principalmente muito feliz de
ter compreendido tudo que acontecia em minha volta.
E quando houve de fato o retorno, era nítido aquilo que
aconteceu na obra com você. Lideramos não porque temos maiores
capacidades, mas porque tivemos a coragem de acreditar e seguir
firme com os nossos sonhos. Liderei pelo exemplo, sem pretensão,
sem saber o que cada etapa até o voo final poderia me proporcionar.
157
Algumas gaivotas foram chegando aos pouquinhos, afinal, eu mes-
ma já tinha experimentado da dor que é olhar em volta da caixa e ver
que ela não tinha nada demais, além de infinitas possibilidades que
você mesma pode desenhar e contornar.
Hoje, Jonathan, te reencontrar é ler de forma esporádica a
obra em que você foi inserido. É ouvir por plataformas diversas a
narração de sua história e perceber o quanto ela pode ser parecida
e inspiradora para os meus dias, para os dias de todas as gaivotas
que decidiram optar pelo caminho mais difícil e infinitamente mais
agradável pelos frutos gerados. Obrigada, gaivota, por me fazer com-
preender que um dia nossas asas vão ficar mais fracas, e que de tudo
vale a pena se tivermos em um ímpeto de segundo, deixado um
legado de que é possível viver conforme nossos princípios, vontades,
determinação e, sobretudo, liberdade. A liberdade de voar é a liber-
dade de viver.
158
3. Maria Aparecida Freire Batista
EE Maria Daurea Lopes
O poder de um livro
159
“Um absurdo! Uma garota pobre como você querer ser uma
médica! Você não é capaz! ”...
Fernão Capelo Gaivota jamais desistiu. Para ele não existia
limites para realizar os sonhos. Batalhou mais e mais, sem passar por
cima de ninguém, conseguiu por seu mérito e esforço. Buscando
sempre melhorar e ajudar os outros. E com ele aprendi a de modo
algum abandonar o que eu tanto almejo na vida, independentemen-
te de as pessoas acreditarem ou não em mim. Hoje, estou cursando
Medicina e não é fácil, contudo, igualmente à gaivota, de maneira
nenhuma irei me render. Isso compreendi com a leitura de Fernão
Capelo Gaivota.
Agora termino o meu texto como iniciei, reafirmando como
é incrível o que um livro pode nos ensinar! Experiência melhor não
há. Um livro é um novo mundo, onde tudo é possível e muito mais.
Se não acredita, pegue um e verá.
160
4. João Pedro Tic
Major Arcy
Não sei ao certo quantos anos eu tinha, mas sei que ainda era
bem pequeno quando tive o meu primeiro contato com um livro.
Lembro-me da alegria em ter em mãos um livro: Extraordinário de
R. J. Palácio. Recordo-me de sua capa extraordinária que levava a
frase:”nunca julgue um livro pela capa”. Isso me fascinara tanto que
não me contive e desbravei todas aquelas páginas que contavam a
emocionante e inspiradora história de Auggie Pullman.Assim, foi-se
formando em mim o gosto por ler, é como dizem: “o nosso primeiro
livro a gente nunca esquece”.
Passaram-se os anos e continuei desbravando os mundos
dos sonhos que os livros nos transportam. Até que em certo
momento,acabei me deparando com o programa Círculos de Leitura
na escola em que estudava e me surpreendi com a proposta de leitura
em grupos,pois só conhecia a leitura solitária.
Foi então que li meu primeiro livro em grupo: Fernão Capelo
Gaivota, de Richard Bach e a experiência foi sensacional, pois se o
ato de ler era solitário, compartilhar a leitura foi um prazer que nos
uniu.A história de Fernão trouxe à tona diversas trocas de ideias e
acabei aprendendo muito sobre vários aspectos da vida,como que es-
colhemos o nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos
neste,ou seja,não aprender nada significa que o próximo mundo será
igual a este, com as mesmas limitações a vencer.
161
Logo após, lemos A Comédia Humana, de William Saroyan
que, à primeira vista, poderia ser sobre a desgraça humana, mas
embora o pano de fundo seja a guerra (o que há de pior no homem),
o livro relata justamente o oposto. Ele mostra pessoas (como a família
Macauley) que conseguem sobrepor a maldade com o amor. Acho
que o livro tem esse nome porque William é tão otimista que não
poderia nomear um livro seu, como A desgraça humana.
Por fim,chegamos ao clássico O Pequeno Príncipe de Antoine
de Saint-Exupéry e nele houveram diversas lições de vida, mesmo
sendo considerado como uma literatura infantil.Com seu alto teor
poético e filosófico,nós discutimos sobre a perda da inocência e fan-
tasia ao longo dos anos,pois as pessoas abandonam a infância a me-
dida que vão crescendo,por conta disso,concluímos que o livro passa
a ideia do resgate da criança interior que existe em cada um de nós.
Quando passei a frequentar a Casinha mais vezes, obtive
experiências incríveis, como as tragédias de Shakespeare: Rei Lear,
Hamlet e Macbeth.Posso dizer que abriu a minha mente sobre a vida
e acabei levando como ensinamento que chorar sobre as desgraças
passadas é a maneira mais segura de atrair outras.Já nos colóquios,
acabei me deparando com a obra de Yascha Mounk: O Povo Contra
A Democracia,que me habituou a questionar a política e economia
do país, assim me tornando um cidadão muito mais consciente e
engajado a mudar a sociedade em que vivemos.
Concluo que sem a experiência dos Círculos e dos livros que
li até o momento, eu não seria quem sou, pois, os livros que lemos e
gostamos, mostram quem somos.
162
5. Esterfany do Nascimento Albino
EEEP Lysia Pimentel
163
cuida; um acendedor de lampião que trabalha no automático e
que não tem tempo nem para si mesmo; um homem vaidoso que
necessita de elogios mesmo que esteja sozinho no seu planeta, e um
menino inocente que anda pelos planetas e se depara com adultos de
comportamentos incoerentes. São muitos exemplos que são retirados
do comportamento humano, sempre muito ocupado, trabalhando,
mandando nos outros, querendo elogios... resumidamente, esse livro
tem seus motivos de estar na estante de quase todas as pessoas e
bibliotecas espalhadas pelo mundo.
Ela transmitiu, transmite e transmitirá às gerações futuras, um
sentimento de paz e desconforto ao mesmo tempo. Paz por saber que
somos pessoas rodeadas de mais pessoas que devem ser cultivadas
e que também nos cultivam, e desconforto pois nos mostra que
muitas vezes as pessoas podem ser egoístas ou supérfluas. O fato de
este livro ser trabalhado no programa Círculos de Leitura e chegar a
mais de 19000 alunos, com mais de 19000 realidades diferentes, é
muito incrível, pois alcançou milhares de pessoas que talvez nunca
buscariam conhecer um livro na vida. Entre tantos outros livros que
li no Círculos de Leitura, O Pequeno Príncipe foi o que mais me
ensinou a refletir e viver. Ler nos Círculos de Leitura me fez conhecer
mais livros, conhecer a mim mesma e aos outros. Que esse projeto
continue espalhando essa diversidade de universos que são os livros.
164
6. Patrício da Costa Fonseca
EEEP José Maria Falcão
165
fez com que me colocasse realmente no lugar do outro, e não ser
egoísta, afinal, qual a vantagem que esse sentimento agregaria à mi-
nha vida? NENHUM! Homero, apesar da pouca idade, mostrou um
sentimento puro, verdadeiro, e, principalmente, sincero. Em suma,
uma reflexão espetacular para a vida.
O Pequeno Príncipe foi o primeiro livro que me fez chorar,
nunca pensei que seria possível tal feito pela leitura. Durante toda a
obra geram-se reflexões que fazem com que reflitamos sobre a nossa
vida. Uma delas é: “É preciso que eu suporte duas ou três larvas
se quiser conhecer as borboletas”. Essa citação reflete a situação de
muitos indivíduos, aquelas pessoas que esquecem que para conse-
guir o seu objetivo, passarão por várias dificuldades, existirão vários
obstáculos para desistir e abandonar seu sonho, porém, se não desis-
tirmos conseguiremos alcançar as nossas metas. Nada na nossa vida
é fácil, a única coisa que não podemos permitir é a auto-sabotagem
que nos faz desistir de um sonho.
Todas essas experiências, competências e aprendizados, fa-
zem com que eu sempre me lembre com muito carinho, felicidade e
saudade do Programa. Afinal de contas, o Círculos de Leitura pro-
porcionou-me momentos genuínos e únicos, e assim, faz com que
sempre me lembre que, “Quando a vida lhe proporciona algo que
vai muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar
quando isso chegar ao fim”. (Stephenie Meyer.)
166
7. Cauê Bull Gonçalves de Sousa
EE Professora Irene Branco da Silva
A poesia de Oz
167
Eu, às vezes, me sinto um covarde, mas como eu já disse,
preciso encontrar o meu Mágico de Oz para que ele me faça
perceber
que eu posso achar minha coragem no meu interior!!
E no final, eu percebo
que tudo o que eu queria, eu já tinha!
Eu só precisava olhar para dentro, nas profundezas do meu ser...
168
8. André de Carvalho Costa Silva
Etec Irmã Agostina
169
a profundidade dessa fala acaba respondendo a qualquer pergunta
que surja contra Markel.
Pouco depois ele pergunta se é digno de ser servido pelos
empregados e afirma que “cada um de nós é culpado de tudo em
relação a todos”, reforçando a ideia da “coletividade” necessária para
que a terra se torne o paraíso que tem capacidade de se tornar caso
nós compreendêssemos isso.
Escolho essa passagem, por ser uma das minhas favoritas do
livro, acredito que ela reforce ainda mais a experiência que passei no
Círculos onde nós mergulhamos na leitura. Parafraseando Gandhi,
quem não vive para servir não serve para viver, e foi graças aos
momentos de leitura onde recebi a ajuda de muitos que pude ver o
tal paraíso ao qual Markel se referia.
170
ESCOLAS PARTICIPANTES
São Paulo
EE Maria Aparecida de Castro Masiero
EE Deputado Manoel de Nóbrega
EE Reverendo Tércio Moraes Pereira
EE Alexandre Von Humboldt
Etec Tiquatira
Etec Juscelino Kubitschek de Oliveira
EE Prof Irene Branco
Etec de Carapicuíba
Etec Maria Augusta Saraiva
Etec Irmã Agostina
Etec Ferraz de Vasconcelos
Joaquim Adolfo de Araujo
EE Padre Romeo Mecca
EE Major Arcy
EE Mário Kozel Filho
Ceará
EEEP Maria Cavalcante Costa - Quixadá, 87.728 habitantes
EEEP Balbina Viana Arrais - Brejo Santo, 49.109 habitantes
EEMTI Tabelião José Pinto Quezedo - Aurora 24.654 habitantes
Escola Jaime Laurindo - Barroquinha, 14.475 habitantes
EEEP Irmã Ana Zélia da Fonseca - Milagres,, 28.316 habitantes
EEEP Monsenhor Odorico - Tauá, 58.119 habitantes
EEM Professora Luiza Távora - Cariús, 18.567 habitantes
172
EM Flávio Rodrigues - Croatá, 17.802 habitantes
EEEP Dom Walfrido - Sobral,, 210.711 habitantes
EEEP Dr. José Iran Costa - Várzea Alegre, 40.903 habitantes
EEEP José Maria Falcão - Pacajus, 70.911habitantes
EEEP Professora Lysia Pimentel - Sobral, 210.711 habitantes
EEM José Ferreira Barbosa - Aiuaba, 17.399 habitantes
EEMTI Lions Club - Crateús, 75.074 habitantes
EEEP Professor Antônio Valmir - Caucaia, 361.400 habitantes
EEEP Doutor Napoleão Neves da Luz - Jardim, 26.697 habitantes
EEEP Rita Matos Luna - Jucás, 23.809 habitantes
Liceu Marcionílio Gomes de Freitas -
Senador Pompeu, 26.494 habitantes
EEM José Ferreira Barbosa - Aiuaba, 17.399 habitantes
EE Maria Daurea Lopes - Iguatu, 102.013 habitantes
EEEP Doutor José Alves da Silveira -
Quixeramobim, 85.565 habitantes
EEEP Manoel Mano - Crateús, 75.074 habitantes
EEEP Monsenhor Expedito da Silveira de Sousa -
Camocim, 63.661 habitantes
EEM Maria José Coutinho - Quiterianópolis, 19.918 habitantes
EE Monsenhor José Augusto - Camocim, 63.661 habitantes
EEEP Francisco das Chagas Vasconcelos -
Santana do Acaraú, 29.977 habitantes
EEMTI Belarmino Lins de Medeiros - Abaiara, 11.663 habitantes
EEM Gov. Cesar Cals de Oliveira Filho -
Quixadá, 87.728 habitantes
EEM Mons Horácio Teixeira - Baixio, 6.196 habitantes
EEM Monsenhor José Carneiro da Cunha -
Chaval, 12.617 habitantes
173
EEEP Aderson Borges de Carvalho - Juazeiro do Norte, 276.264
EEEP Deputado José Walfrido Monteiro - Icó, 67.456 habitantes
EEEP Valter Nunes de Alencar - Araripe, 20.689 habitantes
EEEP Francisca Castro de Mesquita - Reriutaba,18.491 habitantes
EEEP Governador Virgílio Távora - Crato, 133,031 habitantes
EEEP Joaquim Filomeno Noronha - Parambu, 31.213 habitantes
EEEP José Augusto Torres - Senador Pompeu, 26.494 habitantes
EEEP Professora Rosângela Albuquerque de Couto -
Itarema, 41.445 habitantes
EEM Aristarco Cardoso - Porteiras, 14.996 habitantes
EEM Coelho Mascarenhas - Novo oriente, 27.453 habitantes
EEM Dona Antônia Lindalva de Morais -
Milagres, 28.316 habitantes
EEM Filgueiras Lima - Lavras da Mangabeira, 31.508 habitantes
EEM Mauro Sampaio - Barro, 21.556 habitantes
EEMTI Alda Férrer Augusto Dutra -
Lavras da Mangabeira, 31.508 habitantes
EEMTI Padre José Alves de Macedo - Icó, 67.456 habitantes
EEMTI Deputado Murilo Aguiar - Camocim, 63.661 habitantes
EEM Antônio Reginaldo Magalhães de Almeida -
Potiretama, 6.129 habitantes
EEMTI Valdo de Vasconcelos Rios - Itarema, 41.445 habitantes
EEEP Prof. Francisca Moreira de Sousa -
Beberibe, 49.334 habitantes
EEEP Alfredo Nunes de Melo - Acopiara, 53.931 habitantes
EEEP Antonio Mota Filho - Tamboril, 26.225 habitantes
EEEP Deputado José Maria Melo -
Guaraciaba do Norte, 40.784 habitantes
174
EEEP Gonzaga Mota - Maracanaú, 229.458 habitantes
EEEP Guilherme Teles Gouveia - Granja, 52.670 habitantes
EEEP Guiomar Belchior Aguiar - Cariré, 18.802 habitantes
EEEP Júlio França - Bela Cruz, 30.873 habitantes
EEEP Pedro de Queiroz - Beberibe, 49.334 habitantes
EEMTI de Irauçuba - Irauçuba, 24.156 habitantes
EEM Epitácio Pessoa - Orós, 21.392 habitantes
EEM José Correia Lima - Várzea Alegre, 40.903 habitantes
EEM Luzia Araújo Barros - Itarema, 41.445 habitantes
EEM Maria Stela Rocha Aguiar - Camocim, 63.661 habitantes
EEM Nazaré Severiano - Santana do Acaraú, 29.977 habitantes
EEM Olímpio Sampaio da Silva - Uruoca, 12.894 habitantes
EEM Prefeito Dario Campos Feijó -
Martinópole,, 10.220 habitantes
EEM Ricardo De Sousa Neves - Marco, 24.703 habitantes
EEMTI Simão Ângelo - Penaforte, 9.010 habitantes
EEM Vicente de Paulo - Acaraú, 62.557 habitantes
EEMTI Anchieta - Maranguape, 126.486 habitantes
EEM Vivina Monteiro - Icó, 67.456 habitantes
175
LISTA DE OBRAS QUE INSPIRARAM
OS TEXTOS DOS JOVENS
176
AGRADECIMENTOS
Nossos corretores:
Rita Depieri
Nícia Lira
Adriana Coppi
Arara Xestal
Camila Barbosa de Oliveira
Crélis da Silva Machado
Danilo Gonçalves
Denise Guaranha
Denise Santos
Deulza Ratti
Fernando Rangel
Luana Maria Ferreira
Mirna Colazingari
Myriam Bulhões
Fátima Simone Pereira
Valstilde Ferreira Lima
Vanessa Oliveira
178
AGRADECIMENTO