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Via Sacra - Pocket Terço
Via Sacra - Pocket Terço
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Pocket Terço
Esta maneira de meditar teve origem no tempo das Cruzadas (século X). Os fiéis que
peregrinavam na Terra Santa e visitavam os lugares sagrados da Paixão de Jesus,
continuaram recordando os passos da Via Dolorosa de Jerusalém. Em suas pátrias,
compartilharam esta devoção à Paixão. O número de 14 estações fixou-se no século
XVI. O Papa João Paulo II sugeriu que fosse criada uma décima-quinta estação na Via
Sacra para recordar a ressurreição de Jesus, embora esta seja opcional e não entre na
estrutura tradicional da Via-Sacra (assim como acontece com os Mistérios Luminosos no
Santo Rosário).
Esses quadros - ou estações, como são chamados - contam a trajetória de Jesus desde
o momento de Sua condenação até Seu sepulcro. Aparecem em seqüência: a
condenação, Jesus carregando a cruz, o encontro com Maria, a ajuda que recebeu de
Simão Cirineu, as três vezes em que caiu, o consolo às mulheres de Israel, a ocasião em
que Verônica enxugou seu rosto, o momento em que foi despido, sua crucificação, morte,
a descida da cruz, seu sepultamento e, por fim, sua ressurreição.
Oração Inicial
Ó meu Jesus, preparo-me neste instante para acompanhar-Vos em Vossa Via Sacra.
Nela eu Vos encontrarei chagado, sem forças e ensanguentado. Forte expressão usa a
Escritura ao referir-se à Vossa Paixão: “Eu porém, sou um verme, não sou homem, o
opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl 21, 7). Muito diferente está Vossa Divina
figura d’Aquela que os Apóstolos contemplaram no Tabor, ou caminhando sobre as
águas, ou curando os enfermos. Nessa divina tragédia verei estampada a feiúra e a
maldade de meus pecados. Aos Vossos pés deposito minhas misérias e peço-Vos
perdão pela enorme culpa que tenho em Vossos tormentos!
Recorro, para isso, à intercessão da Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra com seu
maternal manto, auxiliando-me a unir-me a Vós e também a abraçar a minha cruz.
I estação: Jesus é condenado à morte
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Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: “Tu és o rei dos judeus?”
(...) Respondeu Jesus:” O Meu Reino não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste
mundo, pelejariam os Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o
Meu Reino não é daqui” (Jo 18, 33 e 36).
Pilatos (...) fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse:
“Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!” E todo o povo respondeu:
Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” Libertou então Barrabás, mandou
açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado (Mt 27, 24-26).
Jesus, ao afirmar não ser o Seu reino deste mundo, não deixa de querer ser o Rei dos
nossos corações. Ele irá entregar-Se nas mãos dos carrascos por amor a nós. Neste
momento de Sua prisão, não devemos oferecer-Lhe também nossos corações?
Não quero ser neutro face a esse profundo desejo de Jesus. Essa foi a grande falta
cometida por Pilatos: a neutralidade diante de um apelo divino e de uma criminosa
acusação.
Jesus está a implorar meu coração neste passo da Paixão, Ele quer a minha
santificação.
Ó meu adorável Jesus, vejo o enorme peso dos meus pecados no ódio dos que Vos
rejeitam. Aceitai, Senhor, o meu pobre coração e assumi-o como Rei e dono absoluto.
Estou seguro de que se assim o fizerdes, jamais Vos ofenderei.
A morrer crucificado,
Teu Jesus é condenado
por teus crimes, pecador.
Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado
Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19, 17). Em verdade, Ele tomou sobre si nossas
enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos (Is 53, 4).
Jamais um romano poderia ser condenado à morte de crucifixão, por ser a cruz o
símbolo máximo da desonra, reservada aos piores criminosos. Mas o sinal da vergonha
por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz...”
Neste passo da Paixão, Jesus toma sobre Seus ombros adoráveis os meus pecados.
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Entretanto, o Divino Redentor é Rei tão grandioso que transformará a cruz em objeto de
elevada nobreza e distinção. Ela será colocada no alto das igrejas, nas coroas dos reis...
e será a paixão dos santos.
Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a cruz?
Ó Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para abraçar o instrumento do Vosso suplício, lanço-
me a Vossos pés contrito e humilhado. Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita
misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.
Mas Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades. O castigo
que nos salva pesou sobre Ele, e fomos curados graças às suas chagas (Is 53, 5).
Terríveis são os nossos crimes, eles fazem cair um Deus feito homem!
Não era longo o caminho até ao Calvário. Contudo, o esgotamento produzido pela
flagelação... a coroação de espinhos... a noite sem dormir...
Ele bem poderia negar-Se a continuar a Sua Via Sacra. Bastaria todo o ocorrido para
justificar uma incapacidade de prosseguir. Mas, Ele deseja ensinar-nos a nunca
desanimar, a jamais desistir. Neste passo, Ele demonstra estar disposto a nos reerguer
de nossas quedas, por piores que sejam.
Ó Jesus, castigado pelos meus crimes, elevai-me desta situação em que me encontro,
produzi em mim uma verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho de minha
salvação e nunca desanime de a alcançar. Que eu deteste tudo aquilo que me separa de
Vós. Que eu morra para o pecado e, quando cair, jamais desconfie do Vosso socorro.
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Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este Menino está destinado a
ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um
sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos
corações. E uma espada transpassará a tua alma (Lc 2, 34-35).
Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me
atormenta (Lm 1, 12).
“Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2, 51). Devia Ela lembrar-se
com exatidão das palavras do Arcanjo São Gabriel durante a Anunciação: “Ele será
grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai
David; reinará eternamente na casa de Jacob, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 32-33).
Mas como será esse trono e esse reino, deveria pensar Ela, se meu Filho é uma só
chaga da cabeça aos pés, sem forças sob o peso da cruz?
Maria, por sua sabedoria, conhecia profundamente a imensa gravidade do pecado. Mas
seria necessário levar as coisas a esse ponto? Quem poderia imaginar cena mais
trágica? Uma espada de dor penetrou em sua alma puríssima e ali depositou um
sofrimento lancinante.
Ó Virgem Dolorosa, perdão! Perdão pela grande culpa que tenho neste passo da Paixão.
Agradeço-Vos por Vos terdes associado aos tormentos de Vosso Divino Filho para me
redimir. Ó celeste Co-Redentora, invoco essa sagrada troca de olhares entre Mãe e
Filho, em circunstâncias tão dramáticas, para implorar perdão.
De Maria lacrimosa,
sua mãe tão dolorosa,
vê a imensa compaixão.
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Passava por ali certo homem de Cirene, chamado Simão, que vinha do campo, pai de
Alexandre e de Rufo, e obrigaram-no que Lhe levasse a cruz (Mc 15, 20-21).
Os soldados romanos receiam que o Divino condenado venha a morrer, antes mesmo de
chegar ao Gólgota. É urgente encontrar alguém que O auxilie a terminar o percurso.
O centurião que comandava os soldados romanos vê Simão. Quem era ele? Sabese
somente que era de Cirene, quase um anônimo. Porém, embora obrigado, ajudou a levar
a cruz de Jesus, e de alguma forma cooperou com a obra da Redenção.
Oh! exemplo extraordinário para mim! Mesmo que fosse inocente, devo lembrar-me das
palavras do Divino Mestre: “Quem não toma a sua cruz e não Me segue, não é digno de
Mim” (Mt 10, 38).
Ó Jesus que neste passo de Vossa Paixão pedis a minha ajuda, quero seguir-Vos com a
minha cruz. Mas, ajudai-me a ajudar-Vos, Senhor.
Em extremo desmaiado,
deve auxílio tão cansado,
receber do Cirineu.
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face. Confiado na Vossa justiça, eu
contemplarei a Vossa face; ao despertar, saciar-me-ei com a visão de Vossa imagem.(Sl
4, 7; 16, 15).
“Vera ícona”, ou seja, verdadeira imagem. Este é o significado do nome daquela que se
compadeceu de Jesus e Lhe enxugou o rosto. Que poderia oferecer Ele, naquele
momento, em retribuição por tão distinta atitude? A Sua verdadeira Face! Jesus quis
deixar-nos esta preciosa mensagem: sempre que, de alguma forma, eu Lhe enxugar a
Face, sua fisionomia se estampará em minha alma, serei outro Cristo. Sim, “christianus
alter Christus”, o cristão é um outro Cristo.
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Não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda
nas mãos do tosquiador. O Senhor torna firmes os passos do homem e aprova os seus
caminhos. Ainda que caia, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão (Sl
36, 23-24).
Apesar do auxílio do Cireneu, o peso da cruz vai se tornando esmagador. Quem, ao cair
pela segunda vez naquelas circunstâncias, não se deixaria permanecer no chão? Era a
oportunidade para desistir. Mas Jesus quis levar até ao fim o holocausto. E como eram
suaves aquelas pedras do caminho em comparação com os sofrimentos que ainda viriam
pela frente...
Mais uma vez, quis Jesus mostrar-nos qual deve ser a extensão de nossa confiança,
mesmo quando recaímos em nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos
perdoar. Tendo Ele assumido nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer.
Pelos infinitos méritos dessa Vossa segunda queda, confirmai-me na Vossa graça, por
Maria Santíssima eu Volo imploro.
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Ó Jesus, Senhor da Justiça que a todo bem premiais e a todo mal castigais, dai-me a
graça de ter plena consciência de minhas loucuras, crimes e pecados, a fim de pedir-Vos
perdão com sinceridade. Quanto mais profundamente eu reconhecer minhas faltas,
melhor será o meu arrependimento e mais completa será a Vossa absolvição.
Mas aprouve ao Senhor esmagá-Lo pelo sofrimento (Is 53, 3). Também Cristo padeceu
por vós, deixando-Vos exemplo para que sigais os Seus passos. Carregou os nossos
pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos
para a justiça (I Pe 2, 21.24).
Aí está, diante dos meus olhos, e sob o peso da cruz, a luz do mundo caída ao chão pela
terceira vez. De que serviu o Cireneu para carregar a Cruz? Por que não tomou ele sobre
seus ombros pelo menos a parte mais pesada? Se os soldados haviam já decidido
convocar compulsoriamente o Cireneu, não lhes faltava compreensão para perceber o
estado de esgotamento de sua vítima. Por que lhe exigem continuar a caminhada? Uma
vez mais é a imagem da nossa miséria. Assim somos nós.
Se eu fosse o Cireneu, procederia de outra forma? Quantas e quantas vezes não fui
relaxado no cumprimento de meus deveres, na prática da virtude, no evitar as ocasiões
que me levam ao pecado... Como estou longe da perfeição, deixando Jesus ser quase
esmagado sob o peso da Cruz, sem me preocupar em ajudá-Lo!
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Ó meu Jesus, eu Vos agradeço o exemplo de generosidade e entrega totais que neste
passo da Paixão me dais, e rogo-Vos graças eficazes para Vos servir continuamente com
amor desinteressado e ânimo forte.
Tomaram as Suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A
túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos
outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela para ver de quem será”. Assim
se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a
minha túnica (Jo 19, 2324).
Quem poderia imaginar tão grande humilhação? Jesus, o próprio criador do pudor é
despojado de Suas vestes diante de todo o populacho. Talvez para reparar a imoralidade
e falta de modéstia dos trajes de épocas futuras. De modas que receberiam a grave
censura de Nossa Senhora, em Fátima.
Sobre a túnica decidiram jogar a sorte, por concluírem os soldados tratar-se de uma peça
de elevado valor, pois não tinha uma só costura de alto a baixo.
A Santa Igreja é simbolizada em sua unidade perfeita pela túnica sem costura. Ela
reclama uma união total entre todos os seus fiéis, não comportando a menor divisão.
Ó meu Jesus, que eu ame a unidade de Vossa Santa Igreja e trabalhe por sua expansão
no mundo inteiro, jamais fazendo acepção de pessoas nessa tarefa, para ajudar-Vos a
salvar pobres ou ricos, enfim, todas as almas.
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Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, como também os
ladrões, um à direita e outro à esquerda. Pilatos redigiu uma inscrição e a fixou por cima
da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Lc 23, 33; Jo 19, 19).
Por fim chega Jesus ao Calvário, lugar onde, segundo uma piedosa e antiga tradição,
Adão havia sido sepultado. Ali abundara o pecado, ali transbordaria a graça.
Crucificado! Aquela mesma cruz que tanto Lhe pesara sobre os ombros seria o Seu
instrumento de morte. Os braços? Abertos, para atrair a Si a humanidade inteira,
conforme afirma S. João Crisóstomo. Já em estado préagônico, enormes cravos
perfuram as Suas sagradas mãos e divinos pés, levando Jesus a contorcer-Se de dor.
Ó Jesus meu! Vejo, nesta meditação, o drama da loucura de amor de um Deus por Suas
criaturas. Se fosse eu o único a haver pecado, Vosso procedimento não teria sido outro.
Vós fostes crucificado por mim.
Concedei-me as mesmas graças derramadas sobre o bom ladrão e possa eu, assim, um
dia estar convosco no Paraíso.
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Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: “Tudo está consumado”. Inclinou a cabeça e
rendeu o espírito. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que
com Ele foram crucificados.Chegando porém, a Jesus, como O vissem já morto, não Lhe
quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-Lhe o lado com uma lança e
imediatamente saiu sangue e água (Jo 19, 30; 32-34).
Ó meu Jesus, prova de amor maior não há! Vós destes Vossa preciosíssima vida por
mim! E que Vos devo dar eu? Pensar que esse mesmo sacrifício se renova todos os dias
sobre o altar, de forma incruenta, para que eu me beneficiasse dele totalmente!
Ah, Senhor, aceitai o meu pobre ser, o meu corpo, a minha alma, os meus familiares,
tudo o que me pertence agora e no futuro, até os meus méritos. Tudo é vosso, Senhor, e
a Vós entrego em retribuição, por meio de Maria Santíssima.
Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo
dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu.
Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente
fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.
Tomaram o corpo de Jesus e O envolveram em panos com os aromas, como os judeus
costumam sepultar (Jo 19, 38-40).
A Providência traça com perfeição as linhas da História. José de Arimatéia, além de ser
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nobre, era muito relacionado com Poncio Pilatos, reunindo portanto as condições
favoráveis para dele obter a autorização necessária para que Jesus não fosse enterrado
como um condenado qualquer, mas sim como uma pessoa ilustre. Quem, a não ser
José, teria coragem de se apresentar ao governador romano para lhe pedir o corpo de
um crucificado? Por isso, a respeito dele comenta S. João Crisóstomo: “Veja-se o valor
deste homem; põe-se em perigo de morte, atraindo sobre si as inimizades de todos, por
seu afeto a Jesus Cristo...”
Que graça insígne destes a este José! A de poder descer da cruz, com o auxílio de
Nicodemos, o Divino Corpo, vítima de valor infinito, e de sepultá-Lo.
Ó Sagrado Corpo de Jesus, vendo-Vos assim sem vida, sinto meu coração gemer. Essas
mãos que deram ordens aos mares e às tempestades, expulsaram os vendilhões do
Templo e fizeram o bem por todo Israel, já não se articulam. Os Vossos pés, que
caminharam sobre as águas e trilharam todos os caminhos em busca dos necessitados,
não se movem. A Vossa voz, que fazia estremecer os fariseus, mas perdoava com
doçura os pecadores arrependidos, já não se faz ouvir. Uma só chaga Vos cobre de alto
a baixo.
Ó Virgem Dolorosa, eu Vos imploro a insigne graça de manter diante de mim, pelo resto
da minha vida, essa terrível imagem da gravidade do pecado. Perdão, minha Mãe,
perdão! E ajudai-me a nunca mais pecar!
No lugar em que Ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em
que ninguém ainda fora depositado. Foi ali que depositaram Jesus por causa da
Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo. Depois (José de Arimatéia) rolou
uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora. Maria Madalena e a outra
Maria ficaram lá, sentadas defronte do túmulo (Jo 19, 41-42; Mt 27, 60-61).
Uma grande pedra nos separa, neste momento, do Corpo Sagrado de Jesus.
Quem tivesse Fé, poderia adorar a Jesus em Corpo e Divindade presente no Sepulcro, e
dEle se beneficiar, recebendo graças concedidas diretamente pelo Salvador. Esse foi o
grande consolo das Santas Mulheres.
Por isso afirma São Jerônimo: “As mulheres perseveraram no seu dever, esperando o
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que Jesus havia prometido; por esta razão mereceram ser as primeiras a verem a
Ressurreição, porque “quem perseverar até ao fim, se salvará.”
Felizes as Santas Mulheres! Mais felizes ainda somos nós, pois temos a Jesus em
Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Eucaristia. Nela nós O adoramos, não com “uma
grande lápide” de permeio, mas tão somente através das aparências do pão e do vinho.
Jesus disse [a Maria Madalena]: "Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas
vai ter com os Meus irmãos e diz-lhes: Subo para o Meu Pai, que é vosso Pai, para o
Meu Deus, que é vosso Deus.'"
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Vi o Senhor!" E contou o que Ele lhe
tinha dito. (Jo 20,17-18).
Em Vós, ó Virgem Dolorosa, recordo a síntese de todos os episódios por mim meditados.
Que graças místicas não Vos devem ter sido concedidas em meio àquelas angústias!
Graças de sentir em Si mesma as próprias dores do Redentor. Não é sem razão que,
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É a Vós que “recorro e de Vós me valho, gemendo sob o peso de meus pecados”, na
inabalável convicção de que “nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido
à Vossa proteção, implorado a vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por
Vós desamparado”.
Mãe Dolorosa, é a Vós que recorro, imploro e reclamo pelo perdão de meus pecados,
pela minha salvação eterna e pela total santificação de minha alma.
E muito Vos peço ainda pela sociedade em geral, e pela própria Santa Igreja Católica
Apostólica e Romana, para que cheguem à plenitude de seu esplendor e graça, e possa
assim ser realizada a proclamação universal do triunfo do vosso Imaculado Coração:
(fonte: http://www.arautos.org/via-sacra/)
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