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Introdução À Engenharia.021

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Prof. Me.

Diego Ruben Martin


Prof.ª Me. Tamires Soares Ferreira

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
PAULISTA

INTRODUÇÃO À
ENGENHARIA

PROF. ME. DIEGO RUBEN


MARTIN
FACULDADE
CATÓLICA PAULISTA
Diretor Geral
Valdir Carrenho Junior

A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação


integrada de suas atividades educacionais, visando à geração,
sistematização e disseminação do conhecimento, para formar
profissionais empreendedores que promovam a transformação e
o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade
em que está inserida.

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Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200
Marília - São Paulo.

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Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência,
sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
SUMÁRIO
O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO BRASIL 05
FORMAÇÃO E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO 17
ÓRGÃOS REGULAMENTADORES DA ENGENHARIA NO BRASIL 23
O MERCADO PROFISSIONAL PARA A ENGENHARIA 29
ÉTICA NA ENGENHARIA 39
RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ENGENHEIRO 53
SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE NA ENGENHARIA 61
ENSINO E PESQUISA CIENTÍFICA NA ENGENHARIA 69
A CRIATIVIDADE NA ENGENHARIA 77
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO NA ENGENHARIA 85
O PROJETO NA ENGENHARIA 91
O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – I 101
O MÉTODO DE PROJETO DE ENGENHARIA – II 109
A ENGENHARIA APLICADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 115
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA ENGENHARIA 123
ENGENHARIA 4.0 131
CONCLUSÃO 137
ELEMENTOS COMPLEMENTARES 139
REFERÊNCIAS 141
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

INTRODUÇÃO
UNIDADE I

O INÍCIO E A EVOLUÇÃO
DA ENGENHARIA NO
BRASIL
O INÍCIO E A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA NO
BRASIL

O conceito de engenharia existe desde a antiguidade, junto com as primeiras


criações do homem, como, por exemplo, as armas de caça, a roda, a alavanca,
entre outras invenções. Todas exploravam princípios básicos do que hoje cha-
mamos de engenharia moderna. A maior parte das invenções iniciais tinha um
propósito militar de conquista e de domínio sobre outros povos. Contudo, à
medida que estruturas civis foram sendo criadas para usos não-militares, sur-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

giu o termo Engenharia Civil, e esse conceito foi se estendendo para as demais
áreas de Engenharia hoje conhecidas, como a Engenharia de Alimentos, de
Produção, Mecânica, Elétrica, de Controle e Automação, entre outras.
Os primeiros engenheiros nem levavam este título. Eram chamados de
Mestres nas grandes construções. Sabe-se que desde a antiguidade já existia o
conceito de engenharia, mas começou a tomar forma por volta do século XVI,
quando se referia ao mestre que construía ou operava um “engenho”, que era
uma máquina de guerra, semelhante a uma catapulta. E essa palavra engenho
em latim era o “ingenium”, que significa “gênio” ou uma invenção inteligente
(OLIVEIRA, 2016).
São diversos os conceitos da palavra Engenharia e, em muitos casos, utili-
zar um exemplo prático para definir este termo pode ser uma alternativa mais
eficaz, entretanto, Cocian (2009) define a Engenharia como a arte da aplicação
dos princípios científicos, da experiência, do julgamento e do senso comum,
para implementar ideias e ações em benefício da humanidade e da natureza.
Os engenheiros fazem coisas diversas, como projetar pontes, equipamentos
médicos, automóveis, desenvolver processos para a produção de alimentos e
sistemas para o transporte de massas. Em outras palavras, a engenharia envolve
o desenvolvimento de um produto técnico ou sistema que seja adequado para
resolver uma questão específica, valendo-se, para isso, de técnicas de utilização
de materiais que a natureza oferece com a energia para fazer as transformações
requeridas. Pensando nisso, outra definição interessante pode ser: “A engenha-
ria é a aplicação dos saberes científicos para criar algum elemento de valor a
partir dos recursos naturais” (COCIAN, 2009).

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Estes profissionais exercem, certamente, um papel importante ao trazer
objetos comuns até o mercado. Além disso, os engenheiros são participantes
fundamentais em alguns dos mais animadores feitos da humanidade. Por exem-
plo, o programa Apolo foi uma empreitada fabulosa que permitiu à humanidade
se libertar de seu confinamento na Terra e pousar na Lua. Foi uma proeza da
engenharia que empolgou os Estados Unidos e o mundo. Alguns especialistas
argumentam que os astronautas jamais deveriam ter ido à Lua, simplesmente
porque todos os outros feitos e conquistas perdem em comparação; no entanto,
acredita-se que desafios ainda mais excitantes aguardam você e sua geração

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(HOLTZAPPLE; REECE, 2013).

Isto está
na rede

Como surgiu a Engenharia?

Quando paramos para pensar que a engenharia está relacionada a aplicar o conhecimento para

a melhoria da qualidade de vida, desenvolvendo ferramentas, equipamentos e objetos úteis,

podemos voltar aos tempos antigos, na época da invenção da roda, da polia e da alavanca.

Mas, nesse mesmo contexto, estão as ferramentas muito antigas usadas pelos pré-históricos,

como facas feita de pedras, lanças e outros objetos. Ou seja, os engenheiros estavam lá, mas

não levavam o título. Este artigo apresenta um panorama da origem dessa grandiosa profissão.

Fonte: Instituto de Engenharia (2019). Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org.

br/site/2019/03/29/como-surgiu-a-engenharia/. Acesso em 25 nov 2019.

O HISTÓRICO DA ENGENHARIA

O surgimento da Engenharia remonta ao aparecimento das primeiras civi-


lizações e acompanha a evolução do ser-humano. Desde o primeiro momento
em que o homem pré-histórico se viu na necessidade de construir sua própria
casa, ou ainda, fabricar suas ferramentas e armas para caça e defesa de seu ter-
ritório, construir sistemas de transporte, podemos dizer que surgem os primeiros
engenheiros, uma vez que estas atividades exigiam o desenvolvimento de capa-
cidades e habilidades como o raciocínio lógico, projeto, planejamento e
experiência adquirida. A Figura apresenta em ordem cronológica a evolução

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da roda, elemento importante no desenvolvimento de sistemas de transporte,
criado no período neolítico, quando os principais materiais e ferramentas eram
as pedras, ossos e madeiras.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura – Evolução da roda


Fonte: Shuttersctock. James Steidl – ID: 39705466

A figura mostra claramente que as primeiras rodas eram construídas uti-


lizando pedras e madeiras. À medida que o conhecimento e o domínio do
homem sobre os materiais da época são desenvolvidos, sistemas mais com-
plexos e tecnológicos são criados. Com o surgimento do pneu de borracha no
ano de 1845 e a descoberta de novos materiais, como as ligas metálicas e os
compósitos, as rodas tiveram seu desempenho aumentado, trazendo inúme-
ras vantagens, como leveza, resistência, durabilidade, entre outros benefícios.
Não se pode deixar de destacar as grandiosas construções da antiguidade.
Com certeza você já se questionou como um palácio, ou uma pirâmide, foi
construída há tantos anos? Como as pedras com dimensões enormes foram
transportadas até o topo de montanhas? Quanto tempo poderiam ter levado
essas construções? Os engenheiros (ou os precursores dos engenheiros) esta-
vam presentes nas populações antigas quando pensamos na construção das
pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, Machu Picchu e outras constru-
ções icônicas. Eles também estavam envolvidos na base matemática e física
que formam a engenharia, como é o caso do conhecido teorema de Pitágoras.
Acredita-se que o primeiro engenheiro civil foi Imhotep, um dos funcio-
nários do faraó que projetou e construiu a pirâmide de Djoser. Isso aconteceu
por volta de 2630 – 2611 a. C. Vale destacar que ele também foi considerado o
primeiro arquiteto da história antiga. A palavra “engenheiro” só começou a ser
usada no século XI, derivada do latim “ingeniator”. Ela era usada para definir

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alguém que criava invenções engenhosas e práticas. Leonardo da Vinci, por
exemplo, tinha o título de Ingegnere Generale devido a suas engenhosas ideias.
Suas notas revelam que os engenheiros da época começavam a questionar
sobre uma avaliação do “como” e “por que” funciona (FEREGUETTI, 2019).
Outras invenções mostram a evolução da engenharia e criatividade dos
engenheiros da Antiguidade, dadas as poucas ferramentas e conhecimentos
da época. Um exemplo é a Eolípila (Figura), uma máquina a vapor criada por
Heron de Alexandria, para diversão. Ela funcionava pelo aquecimento da água
em uma bacia (ou caldeira) que era aquecida com fogo. O vapor passava atra-

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vés de um tubo que também servia de eixo para
esfera e saía através de dois tubos curvos em lados
opostos, fazendo com que a esfera girasse. Heron
de Alexandria pode ser considerado o primeiro
engenheiro mecânico da história e precursor da
máquina a vapor (MANERA, 2013).
Ao longo dos séculos, novas invenções e des-
cobertas foram feitas, os conhecimentos foram se
avolumando, mas tudo isso acontecia, em essên-
cia, apenas por força da experiência prática de
vários artesãos, que aperfeiçoavam empirica-
mente seus produtos ou processos, transmitindo
suas técnicas de fabricação para novas gerações
(BAZZO; PEREIRA, 2014).
Figura – Eolípila: máquina a vapor de Heron
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/bstorage/18994011658. Acesso em 26 nov 2019.

A ENGENHARIA MODERNA

A engenharia moderna surgiu na revolução científica, com a obra de Galileu,


que buscava explicações sistemáticas e adotava uma abordagem científica para
problemas práticos. Foi o início da análise estrutural, da representação matemática
e do projeto de estruturas de construção. A primeira fase da engenharia terminou
com a Primeira Revolução Industrial, quando as máquinas começaram a substituir

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os homens e o motor a vapor foi melhorado. Os então chamados artesãos eram
os responsáveis pelo desenvolvimento dessas máquinas (FEREGUETTI, 2019).
Com a rápida expansão dos conhecimentos científicos e sua aplicação a pro-
blemas práticos, surge o engenheiro. O aparecimento formal desse profissional
resultou, na realidade, de todo um processo de evolução ocorrido durante milha-
res de anos. Aos poucos a engenharia foi se estruturando, fruto fundamentalmente
do desenvolvimento da matemática, da explicação dos fenômenos físicos, dos
experimentos realizados - em ambiente controlado -, da prática de campo, da sis-
tematização de cursos formais. Quando no século 18 se chegou a um conjunto
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sistemático e ordenado de doutrinas, estava lançada, definitivamente, a semente


da nova engenharia. Essa sistematização, podemos dizer, estabeleceu um marco
divisório entre duas engenharias: a engenharia do passado e engenharia moderna.
A engenharia moderna é aquela que se caracteriza por uma forte aplica-
ção de conhecimentos científicos à solução de problemas. Ela pode dedicar-se,
basicamente, a problemas da mesma espécie que a engenharia do passado se
dedicava, porém com uma característica distinta e marcante: a aplicação de
conhecimentos científicos. Se antes os artefatos eram construídos com base
em determinantes estéticos e operacionais, tomando sempre como referên-
cia a experiência pregressa do construtor, agora um projeto teórico - baseado
em conceitos científicos, em teorias formalmente estudadas e em experiên-
cias de laboratório metodologicamente controladas - antecede a construção.
Conhecimentos sistematizados a respeito da natureza – por exemplo a estru-
tura da matéria, os fenômenos eletromagnéticos, a composição química dos
materiais, as leis da mecânica, a transferência de energia, as modelagens mate-
máticas dos fenômenos físicos - passam a fazer parte da prática dessa nova
engenharia (BAZZO; PEREIRA, 2014).
A Engenharia moderna caminha junto com a Idade Moderna da história,
que teve seu início marcado pela tomada da Constantinopla em 1453. Nesse
período viveu um gênio do Renascimento, atuante em diversas áreas do conhe-
cimento e considerado o primeiro engenheiro multiáreas da história. Estamos
falando de Leonardo Da Vinci, italiano, que tem a si atribuídas importantíssi-
mas invenções como calculadora mecânica, tanque de guerra, helicóptero, o
uso da energia solar e o casco duplo nas embarcações (PINTO, 2006).

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Um marco importante para a disseminação da ciência e da técnica foi esta-
belecido por volta de 1450, quando Johannes Gensfleisch Gutenberg (1400
- 1468), partindo de uma antiquíssima invenção dos chineses, a imprensa, a
aperfeiçoou - implantando os tipos móveis metálicos para composição grá-
fica – e mecanizou o processo, garantindo uma impressão mais rápida. Este
fato injetou novo dinamismo no progresso intelectual, porque a partir daí os
conhecimentos passaram a circular com maior velocidade, pois podiam ser
reproduzidos mais facilmente. Até essa época, os conhecimentos só circulavam
verbalmente ou através de manuscritos, que eram raros e de difícil reprodu-

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ção (BAZZO; PEREIRA, 2006).
Nos séculos XVI e XVII, na Europa, a engenharia desenvolveu-se princi-
palmente pelas necessidades de segurança dos fortes militares e dos recursos
bélicos. Na Revolução Industrial, Thomas Newcomen, em 1712, criou o motor
a vapor, e a partir dele vários outros equipamentos foram desenvolvidos. Em
1778, na França, foi criada a primeira escola de engenharia do mundo, a École
Nationale des Ponts et Chaussées (Escola de Pontes e Estradas), voltada para o
ensino prático e teórico (CARDOSO, 1999).
O século XX foi a era da Engenharia das Telecomunicações e Informática e,
dentre as principais invenções, devemos destacar a televisão em 1926 e o com-
putador digital eletrônico, que foi implementado pela primeira vez em 1936
por Konrad Zuse. O computador foi fundamental para o avanço da ciência,
tecnologia e da Engenharia em todas as áreas, propiciando cálculos mais com-
plexos e rápidos, simulações e armazenamento de dados. A divulgação e troca
de conhecimentos tomou um novo impulso com o advento da Internet no fim
da década de 1960 e da World Wide Web (Rede Mundial de Computadores),
que foi criada em 1992, tornando a ciência e a tecnologia acessíveis a todos.
Em 1974, foi realizada a primeira chamada a partir de um telefone celular. Esse
inovador invento associado à internet reduziu a distância entre as pessoas e as
informações (ZIMMERMANN, 2016).
O século XXI é a era das descobertas, com um aumento vertiginoso na
velocidade das pesquisas em todas as áreas da ciência e Engenharia. Algumas
descobertas da última década: o genoma humano, por meio da engenharia
genética, foi mapeado em 2003, obtendo-se a ordem dos genes. Em 2011, foi

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criada uma haste de metal, visível a olho nu, com comportamento, segundo a
física quântica, o que antes era aplicado apenas a objetos como o tamanho de
átomos; existência de gelo enterrado no solo e em grandes blocos em Marte;
as doenças câncer, diabetes e Alzheimer relacionados a respostas inflamató-
rias; além de algumas técnicas que levaram à comprovação de que o Cosmos
é plano (BIOLOGIANAREDE, 2011).

A ENGENHARIA NO BRASIL
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Não é possível estabelecer com certeza o início da atividade de engenha-


ria no Brasil, mas podemos imaginar que ela se iniciou com as primeiras casas
construídas pelos colonizadores que chegaram aqui no Brasil; porém, como
estas construções eram muito precárias não é considerada por muitos histo-
riadores como engenharia em si.
No Brasil, a engenharia se iniciou com a entrada das atividades de duas
categorias de profissionais: os oficiais-engenheiros e os mestres de risco. Os
mestres de risco eram construtores de edificações civis e religiosas, suas ativi-
dades se assemelham as dos arquitetos de hoje em dia, e foi devido à atividade
destes profissionais que os brasileiros tiveram teto, repartições e templos.
Já os oficiais-engenheiros tinham como funções obras de defesa, demarcação
de fronteiras e levantamentos geográficos, ensino, obras civis diversas, entre outras.
De acordo com Telles (1984) sempre houve falta de engenheiros na época
colonial. Por volta de 1630, Pedro Roiz foi contratado pela Câmara Municipal
de São Paulo para corrigir alinhamentos de ruas, sendo por isso considerado
o patriarca dos engenheiros paulistanos.
O ensino da engenharia no Brasil pode ter iniciado, como afirmam Bazzo
e Pereira (2014), com a contratação do holandês Miguel Timermans, entre
1648 e 1650, para ensinar sua arte e ciência.
A primeira escola de engenharia propriamente dita - a Academia Real
Militar - foi criada em 4 de dezembro de 1810 pelo príncipe Regente - futuro
Rei D. João VI - vindo a substituir a Real Academia de Artilharia, Fortificações
e Desenho, essa instalada em 17 de dezembro de 1792.

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Com o passar dos anos, a Academia Real Militar sofreu várias reformas e
transformações. Após a Independência, teve seu nome alterado para Academia
Imperial Militar e, posteriormente, para Academia Militar da Corte. Em outu-
bro de 1823, um decreto possibilitou a matrícula de alunos civis, que não mais
eram obrigados a fazer parte do Exército.
Outras mudanças aconteceram até que, pelo decreto n° 2.116, de primeiro
de março de 1858, por meio da nova organização das escolas militares, a Escola
Militar da Corte passou a denominar-se Escola Central, sendo então destinada
ao ensino das Matemáticas e Ciências Físicas e Naturais e, também, das dou-

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trinas próprias da Engenharia Civil. Com estas modificações, o ensino militar
ficou a cargo da Escola de Aplicação do Exército, agora denominada Escola
Militar e de Aplicação do Exército, e da Escola Militar do Rio Grande do Sul.
Em 25 de abril de 1874, através do decreto nº. 5.600, foi criada a Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, sucessora da antiga Escola Central.
Também durante o Segundo Império, foi criada a Escola de Minas de Ouro
Preto, em 12 de outubro de 1876. Ainda no século 19, mais cinco escolas de
engenharia foram implantadas: em 1893, a Politécnica de São Paulo; em 1896, a
Politécnica do Mackenzie College e a Escola de Engenharia do Recife; em 1897,
a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre.
Até 1946 já existiam 15 instituições de ensino de engenharia e, de lá para
cá, muitas outras foram implantadas no país, o que representa, hoje, algumas
centenas de cursos.
A evolução da engenharia no Brasil culminou no reconhecimento da profis-
são em 11 de dezembro de 1933 através do Decreto nº 23.569, que regulamentou
o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor, sendo, nessa
data, comemorado o dia do engenheiro. A partir desta data podemos listar, em
ordem cronológica, grandes feitos e obras da Engenharia no Brasil:
■ 1936 – Abreugrafia: forma de visualizar órgãos internos, como o pul-
mão. Técnica inventada pelo brasileiro Manuel Dias de Abreu, indicado
ao Nobel em 1950.
■ 1959 – Escorredor de arroz: patenteado pela dentista, porém engenheira
intrínseca, Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich.

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■ 1972 – Walkman: percursor do diskman e players portáteis da atua-
lidade. Inventado por Andreas Pavel, alemão naturalizado brasileiro.
■ 1984 – Usina Hidrelétrica de Itaipu: com capacidade para 14 mil MW,
foi construída integrando diversas áreas da engenharia tais como elé-
trica, civil, mecânica, eletrônica, química, metalúrgica e de materiais.
■ 1997 - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron: laboratório de alta tec-
nologia com capacidade de acelerar elétrons até a velocidade da luz,
percorrendo 93 metros gerando radiação para aplicações diversas sobre
o estudo da matéria.
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Isto acontece
na prática

O Trabuquete: Um engenho de guerra

O trabuquete é um primitivo engenho de guerra. Consiste em uma longa viga, livre para girar em

torno de uma articulação fixa. Em uma das extremidades da viga há uma cesta ou bolsa na qual

os projéteis são colocados. Na outra extremidade há um contrapeso que, quando liberado, faz

com que a viga gire e lance o projétil no ar. O trabuquete foi inventado na China há cerca de 2200

anos e chegou a região do Mediterrâneo há, aproximadamente, 1440 anos. Esse engenho podia

lançar, a grandes distâncias, objetos pensando até 1 tonelada; na realidade, ele continuou sendo

utilizado mesmo após a invenção do canhão, pois seu alcance superava o das primitivas peças

de artilharia. Um moderno trabuquete construído na Inglaterra podia lançar um automóvel de

476kg (sem motor) a uma distância de 80 metros, com um contrapeso de 30.000kg. As máquinas

antigas lançavam pedras, cavalos mortos e, até mesmo, cadáveres humanos, como uma forma de

arma biológica. Como frequentemente ocorre, a prática precedeu a teoria; os trabuquetes foram

construídos e empregados muito antes que sua teoria fosse entendida. Aparentemente, diversos

conceitos modernos, como vetores força e trabalho foram desenvolvidos por engenheiros na

tentativa de melhorar o desempenho de trabuquetes.

Fonte: Introdução à Engenharia dos autores Holtzapple e Reece.

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UNIDADE II

FORMAÇÃO E ÁREAS
DE ATUAÇÃO DO
ENGENHEIRO
Para formar profissionais que atuem com competência nas inúmeras ativida-
des, é imprescindível que os cursos de graduação sejam bem estruturados, a fim de
contemplar um conjunto consistente de conhecimentos que os habilitem para tal.
Disciplinas teóricas bem fundamentadas, estágios no mercado de trabalho e aulas
práticas são, portanto, mais que necessárias, essenciais para que se possa alcançar
estes propósitos. Os cursos de graduação são elaborados de maneira a fornecer um
conjunto de conhecimentos que habilitem cidadãos a dominar uma determinada
área de atuação. A Figura apresenta a estrutura básica dos cursos de engenharia.
Na formação básica temos as matérias

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que pertencem a todas as engenharias, estas
podem ser diferentes dependendo da insti-
tuição de ensino, mas são basicamente:
■ Matemática (cálculo vetorial; cál-
culo diferencial e integral; geometria
analítica; cálculo numérico; álgebra
linear; probabilidade e estatística);
■ Física (medidas físicas; fundamentos
de mecânica clássica; teoria cinética;
termodinâmica; eletrostática e eletromag-
netismo; física ondulatória; introdução à
mecânica quântica e relativista; introdu-
ção à física atômica e nuclear);
■ Química (estrutura e propriedades
periódicas dos elementos e com-
postos químicos; tópicos básicos da
físico-química);
■ Mecânica (estática, cinemática e dinâ-
mica do ponto e do corpo rígido);
■ Desenho (representações de forma
e dimensão; convenções e norma-
lização; utilização de elementos
gráficos na interpretação e solução
Figura – Estrutura básica dos cursos de engenharia
Fonte: adaptado de Holtzapple e Reece (2015). de problemas);

18
■ Elétrica (circuitos; medidas elétricas e magnéticas; componentes e equi-
pamentos elétricos e eletrônicos);
■ Resistência dos Materiais (tensões e deformações nos sólidos; análise de
peças sujeitas a esforços simples e combinados; energia de deformação);
■ Fenômenos dos Transportes (mecânica dos fluidos; transferência de
calor e de massa), entre outras.

Estas matérias básicas podem se diferenciar em relação também aos con-


teúdos e nomenclatura.
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De acordo com Bazzo e Pereira (2014), a formação geral é formada por


conhecimentos que tem como objetivo complementar a formação do engenheiro,
estas matérias vão abranger, de modo geral, temas de natureza humanística e
de ciências sociais. Também fazem parte desta formação geral matérias como
economia, administração e ciências sociais, que irão fornecer aos engenhei-
ros conhecimentos relacionados a contabilidade, administração, organização
industrial, preservação do meio ambiente, entre outros.
Em seguida, faz parte do processo de formação do Engenheiro, uma série
de conteúdos profissionalizantes que estão voltados para a área de atuação
deste profissional. Alguns conteúdos que abrangem a formação profissional do
Engenheiro são citados a seguir: Algoritmos e Estruturas de Dados; Ciência dos
Materiais; Bioquímica; Telecomunicações; Controle de Sistemas Dinâmicos;
Circuitos; Elétricos; Geotécnica; Máquinas de fluxo; Ergonomia e Segurança
do Trabalho; Eletrônica Analógica e Digital; Matemática Discreta; Hidráulica,
Hidrologia Aplicada e Saneamento Básico; Qualidade; Pesquisa Operacional;
Sistemas Estruturais e Teoria das Estruturas; Estratégia e Organização; Sistemas
Térmicos; Modelagem, Análise e Simulação de Sistemas; Conversão de Energia;
Sistemas Mecânicos, Modalidades de Ciências do Ambiente, Mineralogia e
Tratamento de Minérios; Engenharia do Produto; Sistemas Operacionais;
Materiais de Construção Civil; Mecânica Aplicada; Expressão Gráfica Processos
Químicos e Bioquímicos; Gerência de Produção; Sistemas de Informação;
Reatores Químicos e Bioquímicos; Paradigmas de Programação; Química
Orgânica; Organização de Computadores; Processos de Fabricação; Topografia
e Geodésia; Circuitos Lógicos; Compiladores; Construção Civil; Termodinâmica

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Aplicada; Métodos Numéricos; Eletromagnetismo; Geoprocessamento; Físico-
química; Tecnologia Mecânica; Operações Unitárias; Gestão Ambiental; Gestão
Econômica; Materiais Elétricos; Química Analítica; Gestão de Tecnologia;
Instrumentação; Microbiologia; Transporte e Logística.
Por fim temos a formação complementar, desta formação fazem parte as
disciplinas extracurriculares. Estas disciplinas podem ser oferecidas pela gra-
duação como parte complementar da grade curricular, como por exemplo
disciplinas que tratam sobre a sustentabilidade na atuação do Engenheiro.
Aprender um outro idioma é muito importante, se tornando um diferencial

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no currículo do futuro profissional. Algo que também pode melhorar o cur-
rículo e despertar o interesse na profissão são os estágios, sendo eles obrigatórios
ou não, são uma ótima estratégia para ganhar experiência.

Anote isso

Passar no vestibular e iniciar um curso de graduação é algo marcante na vida de muitas pessoas

que sonham com isso. São várias as expectativas relacionadas com este fato, como fazer amizades,

adquirir conhecimentos e ter uma profissão, e a instituição de ensino é um fator importante para

se alcançar esses objetivos. Sendo assim, se faz necessário que a instituição forneça a estrutura

adequada para que o ensino aconteça, como laboratórios, salas de aula, docentes especializados.

Porém, essa estrutura só será eficiente se houver interesse por parte do aluno, sendo esta parte

essencial na formação do futuro profissional. O aluno tem que tomar uma decisão firme de apro-

veitar todas as oportunidades oferecidas pela instituição, participando das atividades oferecidas,

tendo um senso crítico em relação aos conhecimentos passados e buscando sempre aprender

mais sobre cada assunto. Mesmo estando no primeiro, ano é necessário levar com seriedade a

graduação e a profissão que escolheu e já pensar no tipo de profissional que deseja ser no futuro.

AS DIFERENTES ÁREAS DE ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO

Os engenheiros podem executar diversas atividades e, dependendo do


trabalho a ser realizado, este profissional precisa de muitas informações especí-
ficas, para dominar as tecnologias e recursos disponíveis de forma sustentável,
sempre preocupando-se com a integridade do meio ambiente e da sociedade.

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Assim, um único profissional não seria capaz de dominar todas as áreas do
conhecimento, por exemplo, um engenheiro não consegue saber tudo sobre
construção civil, projetos de equipamentos mecânicos, projetos elétricos, pro-
cessos de fabricação de alimentos e desenvolvimento de produtos químicos.
Desta forma são necessários diversos tipos de engenheiros, diferenciando-se
entre si pelas competências adquiridas nas disciplinas da formação profissio-
nal do curso (BAZZO; PEREIRA, 2014).
Vamos conhecer algumas áreas da Engenharia? A seguir serão apresen-
tadas as áreas de atuação específicas das diferentes engenharias com base nos
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cursos aprovados pelo MEC. Serão abordadas as engenharias mais tradicio-


nais e algumas das mais recentes:
■ Engenharia Civil: o profissional projeta, gerencia e executa obras como
casas, viadutos, barragens, portos, entre outras. Também tem como atri-
buições a análise das características do solo, o estudo da insolação e da
ventilação do local e a definição dos tipos de fundação.
■ Engenharia Mecânica: é o ramo que cuida do desenvolvimento, projeto,
construção e manutenção de máquinas e equipamentos. Este profissio-
nal desenvolve e projeta máquinas, equipamentos, veículos, sistemas
de aquecimento e de refrigeração e ferramentas específicas da indús-
tria mecânica.
■ Engenharia de Produção: é o setor da engenharia responsável pelo
gerenciamento de recursos humanos, financeiros e materiais, visando
aumentar a produtividade de uma empresa. O engenheiro de produ-
ção é um profissional fundamental em indústrias de praticamente todos
os setores.
■ Engenharia de Alimentos: utilização de técnicas na fabricação, con-
servação, armazenamento e transporte de alimentos industrializados.
O engenheiro vai cuidar do processo de preparo e conservação de ali-
mentos, sejam de origem animal ou vegetal.
■ Engenharia Elétrica: o profissional atua nos diversos aspectos que
envolvem a energia, desde a geração, transmissão, transporte e a dis-
tribuição. Também planeja, supervisiona e executa projetos nas áreas
de eletrotécnica, relacionadas à potência da energia.

21
■ Engenharia de Computação: conjunto de conhecimentos usados no
desenvolvimento de computadores e seus periféricos. Cabe a esse pro-
fissional projetar e construir computadores, periféricos e sistemas que
integram hardware e software.
■ Engenharia de Controle e Automação: desenvolve e executa projetos
de automação industrial. O engenheiro de controle e automação pro-
jeta e opera equipamentos utilizados nos processos automatizados de
indústrias em geral, além de fazer sua manutenção.
■ Engenharia de Energia: visa o planejamento, análise e desenvolvi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mento de sistemas de geração, transporte, transmissão, distribuição e
utilização de energia.
■ Engenharia de Petróleo e Gás: utiliza técnicas para a descoberta de
jazidas e para a exploração, produção e comercialização de petróleo e
gás natural. O engenheiro de petróleo e gás atua em petroleiros, refi-
narias, plataformas marítimas e em petroquímicas.
■ Engenharia Química: é o ramo da engenharia responsável pelo desen-
volvimento de processos industriais que empregam transformações
físico-químicas. O engenheiro químico cria técnicas de extração de maté-
rias-primas, bem como de sua utilização ou transformação em produtos
químicos e petroquímicos, como tintas, plásticos, têxteis, papel e celulose.
■ Engenharia de Telecomunicações: é a área da engenharia que projeta,
opera e realiza a manutenção de equipamentos e sistemas de telecomu-
nicações. Esse profissional desenvolve e implanta redes de
telecomunicações.

Isto está
na rede
Por mais recente que seja, todas as modalidades de engenharia necessitam de registro no CREA.

Existem outras modalidades de Engenharia que você poderá explorar, além de conhecer mais sobre

as atribuições das demais engenharias através dos Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia.

Fonte: Disponível em: http://abepro.org.br/arquivos/websites/1/referenciais_engenharias_MEC.pdf.

Acesso em: 26 dez 2019.

22
UNIDADE III

ÓRGÃOS
REGULAMENTADORES
DA ENGENHARIA NO
BRASIL
Você já se perguntou quais são as atividades que um engenheiro pode rea-
lizar no exercício de sua função? E quais são os órgãos que regulamentam e
fiscalizam as atividades executadas por estes profissionais? As atribuições dos
engenheiros correspondem aos direitos, poderes e privilégios concedidos pela
legislação para desenvolverem suas atividades e funções. Existem competências
e habilidades gerais que engenheiros de todas as áreas de engenharia devem
estar preparados para exercer.
De um ponto de vista mais amplo, atribuições são os direitos, os poderes
ou os privilégios concedidos a certas autoridades. De um ponto de vista mais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
restrito, as atribuições profissionais são essas mesmas prerrogativas concedidas
pela lei aos profissionais liberais para executar trabalhos, desenvolver atividades
ou exercer funções em suas respectivas áreas de formação. Às vezes as atribui-
ções profissionais são chamadas de competências profissionais.
Os juristas as definem como o conteúdo ocupacional decorrente
da característica profissional em função de seu título, curso ou currículo.
Independentemente destes conceitos, todos os profissionais têm o dever ético
de conhecer as atribuições para o desempenho correto e legal de suas atividades.
A Lei Nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 regulamenta o exercício da
profissão dos engenheiros e arquitetos. Nela estão descritas as funções e com-
petências dos engenheiros, dentre as quais podemos citar:
a. desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, para-
estatais, autárquicas, de economia mista e privada;
b. planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras,
estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvi-
mento da produção industrial e agropecuária;
c. estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e
divulgação técnica;
d. ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
e. fiscalização de obras e serviços técnicos;
f. direção de obras e serviços técnicos;
g. execução de obras e serviços técnicos;
h. produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.

24
ÓRGÃOS FISCALIZADORES

Após concluir a formação acadêmica, o engenheiro deve inscrever-se no


Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), que é o órgão fiscali-
zador do exercício da profissão. O CREA é um conselho de classe regional; cada
estado tem o seu (CREA-SP, CREA-MG, etc.) e regulamenta a profissão nos
estados. Além disso, este conselho é uma manifestação estadual do CONFEA
(Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) que é a instância máxima.
A Lei Nº 5.194 citada, determina no Art. 24 que “A aplicação do que dispõe
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

esta lei, a verificação e fiscalização do exercício e atividades das profissões nela


reguladas serão exercidas por um Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia (CONFEA) e Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia (CREA), organizados de forma a assegurarem unidade de ação”.
O CONFEA é um órgão nacional de representação da classe dos engenhei-
ros, é a instância superior da fiscalização do exercício profissional da Engenharia
e da Agronomia, ao qual os CREAs regionais estão submetidos. O principal
objetivo do CONFEA é zelar pela defesa da sociedade e do desenvolvimento
sustentável do País, observados os princípios éticos profissionais. Para tanto,
no desempenho de seu papel institucional, o Conselho Federal exerce ações:
I. regulamentadoras, baixando resoluções, decisões normativas e deci-
sões plenárias para o cumprimento da legislação referente ao exercício
e à fiscalização das profissões;
II. contenciosas, julgando em última instância as demandas instauradas
nos CREAs;
III. promotoras de condição para o exercício, a fiscalização e o aperfeiçoa-
mento das atividades profissionais, podendo ser exercidas isoladamente
ou em parceria com os CREAs, com as entidades representativas de
profissionais e de instituições de ensino nele registradas, com órgãos
públicos ou com a sociedade civil organizada;
IV. informativas sobre questão de interesse público; e
V. administrativas, visando:

25
a. gerir seus recursos e patrimônio; e
b. coordenar, supervisionar e controlar suas atividades e as atividades dos
CREAs e da Mútua, observando, especificamente, o disposto na legis-
lação federal, nas resoluções, nas decisões normativas e nas decisões
proferidas por seu Plenário.

Mais especificamente, entre as atribuições do CONFEA estão baixar e fazer


publicar resolução e decisão normativa; homologar ato normativo de Crea; apro-
var proposta de composição dos plenários do CONFEA e dos CREAs; julgar,
em última instância, matéria referente ao exercício das profissões inseridas no

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sistema CONFEA/CREA e as infrações ao Código de Ética Profissional, bem
como recurso sobre registro, decisão ou penalidade imposta pelos CREAs ou
sobre decisão da diretoria-executiva da Mútua; promover a unidade de ação entre
os órgãos que integram o Sistema CONFEA/CREA e a Mútua; supervisionar o
funcionamento dos CREAs e da Mútua; dirimir dúvida, quando houver con-
trovérsia sobre matéria no âmbito do CREA, desde que previamente analisada
sob os aspectos técnicos e jurídicos; fixar e alterar as anuidades, emolumentos
e taxas a pagar pelos profissionais e pessoas jurídicas; registrar obras intelectu-
ais de autoria de profissionais do Sistema CONFEA/CREA; posicionar-se sobre
matérias de caráter legislativo, normativo ou contencioso de interesse do Sistema
CONFEA/CREA; articular com instituições públicas e privadas sobre questões
de interesse da sociedade e do Sistema CONFEA/CREA; e manter atualizadas as
relações de títulos, cursos, instituições ensino, entidades de classe, profissionais e
pessoas jurídicas registrados nos CREAs (todas as atribuições estão listadas nos
artigos 27 da Lei nº 5.194/1966 e 3º do Regimento do CONFEA).
É necessário o cadastro no CREA para receber um número de registro e a
carteira do CREA, que é a autorização para exercer a profissão, além de pagar
uma taxa anual que é recolhida pelo conselho. Caso o formando tenha rece-
bido apenas o comprovante de conclusão do curso, ele recebe um número do
CREA Provisório, até que o diploma definitivo seja emitido. Quando o diploma
for apresentado, o profissional recebe o CREA Definitivo.
Toda vez que o engenheiro realizar uma obra ou uma prestação de ser-
viço para pessoa jurídica na área que compreende as atribuições do CREA,
ele deve emitir uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), de acordo

26
com a Resolução nº 1.025, de 2009, do CONFEA. A anotação é feita por meio
do formulário eletrônico, disponível na Internet no site do CREA regional
onde o serviço é prestado.
Quando o profissional não tiver registro no CREA do seu estado ou esti-
ver com ele suspenso, não poderá atuar, assim como executar atividades
estranhas às atribuições descritas na legislação. Caso isso ocorra, será consi-
derado exercício ilegal da profissão punível pela lei. Além disso, se o engenheiro
assinar como responsável por um projeto ou por uma empresa sem que efeti-
vamente esteja trabalhando, também incorrerá em exercício ilegal da profissão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(CONFEA, 2019).

Isto acontece
na prática

Um exemplo de exercício ilegal da profissão ocorreu no centro do Rio de Janeiro, em 2012,

onde uma moradora de um apartamento do nono andar, juntamente com um pedreiro, mudou

o banheiro de lugar. Esse prédio desabou e a reforma está implicada nas causas do desaba-

mento. Nenhum dos dois tinha diploma de Engenharia e, ao realizar a reforma, colocaram em

risco todos os moradores. No Brasil, o exercício ilegal da profissão é uma contravenção, e o art.

47° do decreto-lei n° 3.688 de 1941 prevê para esses casos uma pena de prisão simples, de 15

dias a três meses, ou multa. Porém, se por exercer ilegalmente a profissão ocorrerem danos ao

patrimônio ou às pessoas, será outra situação, o que poderá implicar os envolvidos em outras

punições referentes ao código penal sobre homicídio doloso.

Fonte: Instituto de Engenharia (2012).

Disponível em: http://www.institutodeengenharia.org.br/site/2012/02/06/exercicio-ilegal-de-

-profissao-para-engenheiros-e-apenas-contravencao-penal/. Acesso em 26 dez 2019.

O engenheiro pode exercer inúmeras funções, o que atribui a ele carac-


terísticas que interessam muito a vários segmentos do mercado como o da
indústria, do comércio e de serviços. Esse fato faz com que o profissional da
área de Engenharia seja bastante solicitado pelo mercado de trabalho, mesmo
fora de sua área de formação.

27
UNIDADE IV

O MERCADO
PROFISSIONAL PARA A
ENGENHARIA
A engenharia é considerada uma carreira em alta no Brasil, e pesquisas da
área indicam que a demanda por engenheiros continuará intensa nos próximos
anos. Apesar da grande quantidade de profissionais que se formam todo ano
(cerca de 38 mil engenheiros por ano) ainda se fala em escassez de mão-de-obra
qualificada em engenharia para atender as necessidades do mercado brasileiro.
O Brasil possui seis engenheiros para cada grupo de 100 mil pessoas, de acordo
com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O ideal, de acordo
com a Finep, seriam pelo menos 25 por 100 mil habitantes, proporção verificada
nos Estados Unidos e Japão. O mesmo estudo da CNI, entidade que representa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o setor produtivo nacional, diagnostica que dos 40 mil engenheiros que se diplo-
mam anualmente no Brasil, mais da metade opta pela engenharia civil - a área que
menos emprega tecnologia. Assim, setores como o petroleiro, de gás e biocombus-
tível são os que mais sofrem com a escassez desses profissionais (PINTO, 2018).
O Brasil perde na formação de novos engenheiros até mesmo de outros
países, emergentes. Anualmente, graduam-se em engenharia 30 mil brasileiros.
Na Coreia do Sul, 80. E na China, são 400 mil novos profissionais especializa-
dos em engenharia, todos os anos. Além de poucos, o Brasil forma engenheiros
em especialidades muito similares. Dados do Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (Confea), demonstram esse quadro. Do total de pro-
fissionais registrados, 1.003.387, mais de 77% são formados em apenas quatro
especialidades: técnico industrial (339.822, ou 33,87% do total), engenheiro
civil (201.290, 20,06%), engenheiro eletricista (122.066, 12,16%) e engenheiro
mecânico e metalurgia (109.788, 10,94%) (PINTO, 2018).
Estes fatos demonstram que, além de faltarem engenheiros no mercado,
faltam profissionais em áreas específicas de engenharia, como por exemplo,
alimentos, petróleo e gás, materiais, química, ambiental etc.
A partir destas informações, você, aluno, consegue visualizar oportuni-
dade? O mercado de trabalho está cheio de graduados, mas não são todos que
conseguem assumir posições de liderança na hierarquia empresarial. Portanto,
essa é a hora para que vocês invistam na formação e na experiência profissio-
nal de vocês para que sejam requisitados futuramente.
Outro motivo é a busca por profissionais com bom relacionamento. As
empresas estão cada vez mais procurando profissionais que sejam completos.

30
Ou seja, que além de possuírem os conhecimentos técnicos, também tenham habilida-
des de relacionamento. O profissional precisa saber se comunicar e trabalhar em equipe.

QUANTO GANHA UM ENGENHEIRO

A carreira de engenheiro é uma das que mais abre leques de atuação, o que a
torna também uma das mais populares no Brasil: o CONFEA (Conselho Federal de
Engenheiros de Arquitetura e Agronomia) estipula que o país conta com 600 mil enge-
nheiros e que, a cada ano, novas 40 mil pessoas se formam na área (MIOZZO, 2017).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Atualmente, existem ao menos 20 áreas da engenharia que contam com


profissionais no país. O portal InfoMoney apontou, com base nos salários publi-
cados, qual o salário médio de cada uma delas, conforme a Tabela.
Cargo e área Salário médio
Engenheiro de petróleo R$ 15.126 mensais
Engenheiro de segurança no trabalho R$ 8.024 mensais
Engenheiro de minas R$ 7.768 mensais
Engenheiro naval R$ 7.559 mensais
Engenheiro mecânico R$ 7.546 mensais
Engenheiro civil R$ 7.325 mensais
Engenheiro de produção R$ 7.312 mensais
Engenheiro de telecomunicações R$ 7.080 mensais
Engenheiro eletricista R$ 7.043 mensais
Engenheiro químico R$ 7.009 mensais
Engenheiro agrícola R$ 6.897 mensais
Engenheiro de software R$ 6.648 mensais
Engenheiro industrial R$ 6.571 mensais
Engenheiro mecatrônico R$ 6.310 mensais
Engenheiro ambiental R$ 6.234 mensais
Engenheiro de controle e automação R$ 5.992 mensais
Engenheiro florestal R$ 5.966 mensais
Engenharia aeronáutica R$ 5.526 mensais
Engenharia de alimentos R$ 4.878 mensais
Engenheiro sanitarista R$ 4.628 mensais
Tabela – Média salarial de engenheiros.
Fonte: InfoMoney (2017). Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/quais-os-salarios-de-engenheiros-de-
20-areas-diferentes-no-brasil/. Acesso em 27 dez 2019.

31
Embora possa ser observada uma variação na média salarial de acordo com
a especialidade, o piso salarial que deve ser pago ao engenheiro em exercício é
determinado pela Lei 4.950-A/66, de 1966, que regulamenta a remuneração dos
profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia
e Veterinária, a tabela salarial do engenheiro está vinculada ao valor do salá-
rio mínimo vigente e à jornada diária do profissional, independentemente do
seu local de atuação.

■ Jornada de 6 horas: 6 salários mínimos;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Jornada de 7 horas: 7,25 salários mínimos;
■ Jornada de 8 horas: 8,5 salários mínimos.

De acordo com a Tabela Salarial da consultoria Robert Half, publicada na


revista Exame, que leva em consideração o tempo de experiência e o porte da
empresa onde atua, temos os seguintes exemplos de salário médio para car-
gos ocupados por engenheiros:
Engenheiros com 3 a 5 anos de experiência em empresas de pequeno e
médio porte:

■ Diretor de Supply Chain: R$ 21.000,00 a R$ 30.000,00


■ Diretor de Operações/Industrial: R$ 20.000,00 a R$ 40.000,00
■ Gerente de Projetos/Contratos: R$ 7.000,00 a R$ 13.000,00
■ Gerente de Compras/Logística: R$ 7.000,00 a 17.000,00
■ Engenheiro Civil/Planejamento: R$ 5.500,00 a R$ 10.000,00

A mesma tabela salarial da Exame indica salários acima dos R$ 40.000,00


para engenheiros com mais de dez anos de experiência.

32
Isto está
na rede

De um lado o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta e projeta escassez de enge-

nheiros (sobretudo civis) até 2020. Do outro, recém-formados relatam dificuldade em encontrar

o primeiro emprego efetivo com o título de profissional da engenharia.


Flávio Pavan, gerente de projetos e pesquisa da Carreira Muller, consultoria que faz semestralmen-

te levantamento de remuneração de engenheiros em todo Brasil, explica o aparente paradoxo.

Como o piso salarial da categoria é estabelecido por lei federal (4.950-A/66) e fiscalizado pelo

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) com amparo dos sindicatos da categoria, o

recém-formado acaba saindo “caro” para as empresas, tendo em vista o risco da sua “inexperiência”.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A reportagem mostra um mapeamento da remuneração dos engenheiros no Brasil, desde es-

tagiários a profissionais de nível sênior.

Fonte: Exame (2014).

Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/quanto-ganham-os-engenheiros-no-brasil/.

Acesso em 27 dez 2019.

QUALIDADES DESEJÁVEIS DE UM ENGENHEIRO

Para que um engenheiro tenha um bom desempenho de sua profissão, ele pre-
cisa contar com sua formação acadêmica e seu raciocínio. Mas também é importante
que tenha um senso crítico para que saiba lidar com as questões contemporâneas
que são complexas e envolvem características de vários campos disciplinares.
Porém a competência profissional não envolve apenas o conhecimento
científico, atualmente é preciso que se tenha conhecimento no campo CTS
(Ciência, Tecnologia e Sociedade) que abrangem conhecimentos da econo-
mia, psicologia, sociologia, ecologia, relacionamento pessoal, entre outros.
Os estudos do campo da CTS visam compreender as características do fenô-
meno científico tecnológico e quais as suas consequências para a sociedade e para
o meio ambiente. Também buscam promover a alfabetização científica e tecno-
lógica mostrando a importância destas duas áreas para a sociedade em geral.
Isto não quer dizer que o engenheiro precise dominar todos os campos de conhe-
cimento, mas sim que possua um mínimo conhecimento sobre diversos assuntos, além
de uma consciência de cidadania, para que consiga desenvolver soluções para diver-
sos problemas e, que essas soluções possam repercutir positivamente na sociedade.

33
Desse modo, além dos conhecimentos científicos, diversas qualidades
devem fazer parte das ações de um engenheiro, algumas destas qualidades
serão apresentadas neste tópico.

Aperfeiçoamento contínuo

Um bom profissional, independentemente de sua área de atuação, deve


estar sempre atento aos avanços tecnológicos de sua profissão, e para o enge-
nheiro esta premissa não seria diferente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Um título alcançado com a graduação é o primeiro passo para uma carreira sólida,
mas ela sozinha não é suficiente para que o profissional se mantenha dentro do mer-
cado de trabalho, é preciso que o profissional esteja em constante aperfeiçoamento
através de livros, periódicos, palestras, congressos, simpósios, feiras e entidades de
classe. Algumas destas podem já fazer parte da vida do engenheiro mesmo durante
a sua formação acadêmica, já o preparando para o futuro profissional.
Os engenheiros também podem se especializar em determinadas áreas de
atuação durante sua vida profissional, essa especialização pode ser alcançada
por meio de cursos de pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, ou
em cursos de especialização e treinamento.
O mestrado busca aprofundar os conhecimentos em determinada área,
enquanto o doutorado visa formar pesquisadores. Já as especializações são
uma maneira dos profissionais se atualizarem e serem treinados em determi-
nados assuntos, através de cursos de curta duração.

Comunicação

Muitos engenheiros cometem o erro de afirmar que justamente por serem enge-
nheiros não precisam saber falar ou escrever de maneira correta por trabalharem
com números. Mas isto é um equívoco, em várias oportunidades vão ser exigidos dos
engenheiros a capacidade de comunicação, tanto oral como escrita. Exemplos de oral
é a participação em seminários, congressos e até mesmo de entrevistas de emprego.
Já em relação à comunicação escrita temos a elaboração de relatórios téc-
nicos, onde deve-se expor as atividades realizadas, utilizando gráficos e tabelas

34
para expor os dados e textos bem escritos para explicar de maneira clara e pre-
cisa o desempenho de um sistema ou projeto. Além da parte escrita, os relatórios
possuem a parte oral onde o redator do relatório deve explicar a sua equipe ou
seus superiores o conteúdo escrito.
Como podemos ver, uma comunicação é uma qualidade indispensável para
que um engenheiro tenha sucesso em sua carreira profissional, sendo assim se faz
necessário que os futuros engenheiros desenvolvam o hábito da leitura para auxi-
liá-los na lógica de elaboração de textos e na construção de um vasto vocabulário.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ética profissional

Os engenheiros com suas ações têm o poder de modificar hábitos, ambien-


tes, qualidade de vida, a maneira como moramos, nos locomovemos, podem
até mudar consideravelmente o comportamento de uma sociedade. Diante
dessa responsabilidade associada à preocupação de adotar soluções adequa-
das, as ações de um engenheiro devem ser coerentes e racionais, pautadas em
princípios éticos bem rígidos.
Um engenheiro sempre deve estar preocupado em saber quais são os seus
deveres, direitos, atribuições e quanto deve cobrar pela prestação de seus ser-
viços. As ações do engenheiro perante a sociedade, seus clientes, fornecedores
e concorrentes devem ser baseadas em preceitos éticos, no respeito pelo tra-
balho de outros profissionais e na garantia de adoção de uma postura correta
na aplicação de seus conhecimentos.

Experimentação

Diversas vezes se faz necessário realizar experimentos, seja para verificar


algum resultado teórico, ou para obter dados, ou para analisar como determi-
nado sistema se comporta. Saber realizar estes experimentos, quando é preciso
realizá-los e interpretá-los é uma das qualidades desejáveis de um engenheiro.
Esta experimentação envolve simular modelos, testar protótipos, regular o
funcionamento de sistema, medir variáveis, entre outros. Além disso o enge-
nheiro deve saber como interpretar os resultados da experimentação, como

35
citado acima, sabendo identificar se há erros e quais são, os possíveis erros rela-
cionados com os equipamentos de medição, quando há ou não a possibilidade
de repetição dos testes, as incertezas, e vários outros parâmetros que podem
surgir dependendo do tipo de experimento que está realizando.

Relações humanas

Outra qualidade que também é muito importante que um engenheiro tenha


é um bom relacionamento com as pessoas. Em sua vida profissional o engenheiro

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terá que se relacionar com clientes, funcionários, políticos, diretores da empresa,
por isso é necessário que possua habilidade para interagir, convencer, argumen-
tar, discutir, expor suas opiniões sempre mantendo um bom nível de diálogo.
Um outro aspecto no qual essa qualidade é indispensável para o enge-
nheiro, é que ele muitas das vezes acaba assumindo cargos de liderança e vai
ter que saber lidar com pessoas com as mais variadas personalidades.

Trabalho em equipe

O exercício de todas as profissões exige em algum momento uma certa


habilidade em se trabalhar em equipe, pois o mundo está cada vez mais inter-
ligado e os negócios mais complexos e dinâmicos.
É preciso acabarmos com a ideia de que o mundo é formado por forças
individuais. O trabalho em equipe é muito importante pois busca valorizar cada
indivíduo e permite que todos façam parte de uma mesma ação. Além disso,
possibilita que os membros da equipe troquem conhecimentos e experiências.
Muitos profissionais acham que estão trabalhando em equipes, mas na
verdade estão trabalhando em grupo, como se o trabalho fosse uma linha de
produção, onde o trabalho é individual. No trabalho em equipe, cada membro
sabe o que os outros estão fazendo e sua importância para o sucesso da tarefa.
Quando o trabalho é realizado em equipe os membros possuem objetivos
em comum e desenvolvem metas coletivas que geralmente vão além daquilo
que foi determinado. Por isso o trabalho em equipe é tão importante e deve
ser desenvolvido desde a formação acadêmica.

36
Anote isso

A empregabilidade está diretamente relacionada à capacidade de falar inglês! Segundo o Sindi-

cato dos Administradores no Estado de São Paulo (2016), o candidato deve dominar pelo menos
o idioma inglês, pois tê-lo fluente pesa mais do que um curso de MBA ou de pós-graduação na

disputa por uma boa posição no mercado de trabalho.


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37
UNIDADE V

ÉTICA NA
ENGENHARIA
Os engenheiros geralmente trabalham em equipe, dificilmente trabalham
sozinhos, e os produtos que são frutos de seu trabalho impactam a sociedade
como um todo. Sendo assim, se faz necessário que haja um conjunto de regras
de interação que estabeleça qual é o comportamento adequado do engenheiro
no seu relacionamento com outras pessoas e com a sociedade (Figura).
Essas regras envolvem tanto a sociedade quanto o engenheiro: as obriga-
ções que o engenheiro tem para com a sociedade e as obrigações que a sociedade
tem para com o engenheiro. As regras de interação podem ser classificadas
como etiqueta, direito, morais e ética.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura – a conduta ética é exigida dos engenheiros
Fonte: Pixabay.com

A etiqueta é formada por um conjunto de códigos de comportamentos e


cortesia, estes códigos nos instruem a como colocar os talheres em uma mesa
de jantar formal e qual o vestuário utilizar em um casamento, por exemplo.
Já existem livros que tratam sobre as regras de etiqueta, mas geralmente as
aprendemos a partir da experiência diária. Não existem consequências muito
sérias de se violar estas regras de interação, o máximo que pode acontecer é
um mal-entendido entre os envolvidos.
Dentro da engenharia, a etiqueta se vê presente no respeito aos funcioná-
rios, chefes e clientes, em uma atitude profissional ao atender o telefone, entre
outras atitudes.

40
O direito retrata um conjunto de regras que são determinadas por autori-
dades, governos, sociedade ou costumes do local, estas regras são denominadas
de leis. De forma diferente da etiqueta, há punições para quem não respeitar as
leis, como prisão, multas, serviços comunitários, suspensão de algum direito.
Cada sociedade impõe suas próprias consequências para as violações das leis.
Como a violação das leis pode gerar punições, muitas vezes gravíssi-
mas, é necessário que seja claramente identificável, para que assim todos
saibam quais são os limites que separam o legal do ilegal. Cada país possui
sua maneira de estabelecer e impor suas leis, assim como de identificar o que é
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

legal ou não. E temos os direitos legais que são “pleitos justos”, como afirmam
Holtzapple e Reece (2015), concedidos a todas as pessoas sob a jurisdição de
um governo. A maioria dos governos outorga direitos a seus cidadãos através
de uma constituição.
A moral é considerada como sendo os comportamentos aceitos de certo e
errado, geralmente são aplicados ao comportamento individual. Estes compor-
tamentos padrões podem ser adquiridos dos pais, da religião, dos amigos e até
da mídia. Alguns dos padrões morais estão registrados em escritos religiosos
e ainda que existem diversas religiões e culturas pelo mundo, temos concor-
dância em relação a alguns padrões morais. Um exemplo são os assassinatos e
roubos que são considerados por vários países como comportamentos imorais.
Por outro lado, temos alguns comportamentos em que há opiniões diver-
gentes em relação a moralidade ou não destes, como jogos de azar, consumo
de álcool e tabaco, algumas culturas consideram essas práticas como imorais,
porém para outras não há problemas.
Os direitos morais, segundo Holtzapple e Reece (2015), são “pleitos justos”
que pertencem a todas as pessoas, independentemente de serem reconhe-
cidas ou não por um governo. A sociedade reconhece que apenas o fato de
sermos humanos nos cobre de direitos, não sendo necessário fazer nada para
conquistá-los.
A moral, como já mencionado anteriormente, regulariza como o homem
deve se comportar consigo mesmo, definem os costumes, deveres e como o
homem deve agir com os outros homens, estando de acordo com a justiça e a
equidade natural. Dessa forma, podemos considerar que os princípios éticos

41
e morais são os pilares de uma identidade profissional. Estes princípios são os
pilares da construção de um profissional que exerça o Direito Justo, este pro-
fissional se diferencia dos demais por seu talento e por sua moral.
Oliveira (2012) afirma que o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo
dos juízos de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juí-
zos de realidade).
Entretanto, a moral pode ser considerada como sendo a parte subjetiva
da ética, pois o homem em muitas vezes não pode o que quer e nem sempre
quer o que pode.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como em todas as relações, a ética deve ser aplicada no campo das ati-
vidades profissionais e é essencial ao profissional, pois nas ações humanas o
“fazer” e o “agir” estão relacionados. O fazer está relacionado com a compe-
tência, o profissional precisa ser eficiente no exercício da sua profissão. Já o
agir é referente à conduta do profissional, em como ele age no cumprimento
de sua profissão.
Segundo Oliveira (2012), o varredor de rua que se preocupa em limpar o
canal de escoamento de água da chuva; o médico cirurgião que confere as sutu-
ras nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; o contador que impede
uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o
engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma
ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões, ao
fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não saberá quem fez.
A ética é, portanto, o estudo do que é correto ou incorreto, justo ou injusto,
adequado ou inadequado. E tem como um dos seus objetivos a busca de jus-
tificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito, diferindo destes
dois por não estabelecer regras.
Cada profissão deve ter leis que são determinadas com o intuito de prote-
ger os profissionais e as pessoas que dependem deles. Porém, além destas leis
temos vários outros aspectos não previstos especificamente e que devem fazer
parte do compromisso do profissional com a ética, que recebendo ou não elo-
gios pelo o que fez, faz a coisa certa.

42
CÓDIGO DE ÉTICA DO ENGENHEIRO

A ética, como já mencionado, é um conjunto de conceitos gerais e abstra-


tos de comportamentos que são considerados certos e errados, são derivados
da filosofia, teologia e das sociedades profissionais. As profissões são exerci-
das por pessoas de diferentes culturas e religiões, por isso os padrões de ética
das profissões devem ser seculares. A maior parte das sociedades profissio-
nais tem um código de ética formal para guiar seus associados. De acordo com
Holtzapple e Reece (2015), fazendo uma análise desses códigos, podemos per-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ceber que fornecem as seguintes orientações:


1. Proteger a segurança, a saúde e o bem-estar públicos;
2. Atuar apenas em áreas de competência;
3. Ser verdadeiro e objetivo;
4. Comportar-se de forma honrosa e digna;
5. Seguir aprendendo para aprimorar as aptidões técnicas;
6. Prover trabalho honesto a árduo aos empregadores ou clientes;
7. Informar as autoridades competentes sobre atividades danosas, peri-
gosas ou ilegais;
8. Envolver-se com assuntos cívicos e comunitários;
9. Proteger o meio ambiente;
10. Não aceitar propinas ou presentes que possam interferir no julgamento
da engenharia;
11. Proteger informação confidencial de empregadores e clientes;
12. Evitar conflitos de interesse.

A elaboração de um código de ética deve sempre se iniciar pela determi-


nação dos princípios que o fundamentam e se desenvolve em torno de dois
eixos de normas: direitos e deveres. Quando define os direitos, o código de
ética está cumprindo o objetivo de delimitar o perfil do seu grupo. Quando
define os deveres, abre o grupo à universalidade.

43
A definição de deveres tem que ser completa o bastante, de modo que cada
membro que o cumprir realize o ideal de ser humano. O processo de elaboração do
código de ética já tem que ser considerado como um exercício da ética. De outro
modo, não deixará de ser apenas um código moral defensivo de uma corporação.
A elaboração de um código de ética necessariamente precisa abranger todos
os componentes do grupo social que ele envolverá e irá representar. Isso requer
um processo de formulação do diverso ao unitário, de modo que o resultado
seja um código que represente todas as disposições morais e éticas do grupo.
O engenheiro, assim como outras profissões, possui um código de ética,

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sendo este apresentado abaixo.

Código de Ética do Profissional da Engenharia, da


Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia

1 - Preâmbulo
Artigo 1º - O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos
e as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia,
da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona direi-
tos e deveres correlatos de seus profissionais.
Artigo 2º - Os preceitos deste Código de Ética Profissional têm alcance
sobre os profissionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação,
modalidades ou especializações.
Artigo 3º - As modalidades e especializações profissionais poderão estabe-
lecer, em consonância com este Código de Ética Profissional, preceitos próprios
de conduta atinentes às suas peculiaridades e especificidades.

2 – Da identidade das profissões e dos profissionais


Artigo 4º - As profissões são caracterizadas por seus perfis próprios, pelo
saber científico e tecnológico que incorporam, pelas expressões artísticas que
utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que
realizam.
Artigo 5º - Os profissionais são os detentores do saber especializado de
suas profissões e os sujeitos pró-ativos do desenvolvimento.

44
Artigo 6º - O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se
para o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas
diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação
e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura.
Artigo 7º - As entidades, instituições e conselhos integrantes da organiza-
ção profissional são igualmente permeados pelos preceitos éticos das profissões
e participantes solidários em sua permanente construção, adoção, divulgação,
preservação e aplicação.
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3 - Dos princípios éticos


Artigo 8º - A prática da profissão é fundada nos seguintes princípios éti-
cos aos quais o profissional deve pautar sua conduta:

Do objetivo da profissão
I - A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz
de exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento
harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;

Da natureza da profissão
II - A profissão é bem cultural da humanidade construído permanen-
temente pelos conhecimentos técnicos e científicos e pela criação artística,
manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria da
qualidade de vida do homem;

Da honradez da profissão
III - A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta,
digna e cidadã;

Da eficácia profissional
IV - A profissão realiza-se pelo cumprimento responsável e competente
dos compromissos profissionais, munindo-se de técnicas adequadas, assegu-
rando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e produtos
e observando a segurança nos seus procedimentos;

45
Do relacionamento profissional
V - A profissão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com
espírito progressista dos profissionais para com os gestores, ordenadores, des-
tinatários, beneficiários e colaboradores de seus serviços, com igualdade de
tratamento entre os profissionais e com lealdade na competição;

Da intervenção profissional sobre o meio


VI - A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento
sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído e da inco-

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lumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;

Da liberdade e segurança profissionais


VII - A profissão é de livre exercício aos qualificados, sendo a segurança
de sua prática de interesse coletivo.

4 - Dos deveres
Artigo 9º - No exercício da profissão são deveres do profissional:

I - Ante ao ser humano e a seus valores:


a. oferecer seu saber para o bem da humanidade;
b. harmonizar os interesses pessoais aos coletivos;
c. contribuir para a preservação da incolumidade pública;
d. divulgar os conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos ineren-
tes à profissão;

II - Ante à profissão:
a. identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão;
b. conservar e desenvolver a cultura da profissão;
c. preservar o bom conceito e o apreço social da profissão;
d. desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e
de sua capacidade pessoal de realização;

46
e. empenhar-se junto aos organismos profissionais no sentido da conso-
lidação da cidadania e da solidariedade profissional e da coibição das
transgressões éticas;

III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:


a. dispensar tratamento justo a terceiros, observando o princípio da equidade;
b. resguardar o sigilo profissional quando do interesse de seu cliente ou empre-
gador, salvo em havendo a obrigação legal da divulgação ou da informação;
c. fornecer informação certa, precisa e objetiva em publicidade e propa-
ganda pessoal;
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d. atuar com imparcialidade e impessoalidade em atos arbitrais e periciais;


e. considerar o direito de escolha do destinatário dos serviços, ofertando-
-lhe, sempre que possível, alternativas viáveis e adequadas às demandas
em suas propostas;
f. alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições téc-
nicas e às consequências presumíveis de sua inobservância;
g. adequar sua forma de expressão técnica às necessidades do cliente e às
normas vigentes aplicáveis;

IV - Nas relações com os demais profissionais:


a. atuar com lealdade no mercado de trabalho, observando o princípio da
igualdade de condições;
b. manter-se informado sobre as normas que regulamentam o exercício
da profissão;
c. preservar e defender os direitos profissionais;

V - Ante ao meio:
a. orientar o exercício das atividades profissionais pelos preceitos do desen-
volvimento sustentável;
b. atender, quando da elaboração de projetos, execução de obras ou cria-
ção de novos produtos, aos princípios e recomendações de conservação
de energia e de minimização dos impactos ambientais;

47
c. considerar em todos os planos, projetos e serviços as diretrizes e disposi-
ções concernentes à preservação e ao desenvolvimento dos patrimônios
sócio-cultural e ambiental.

5 - Das condutas vedadas


Artigo 10º - No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional:

I - Ante o ser humano e seus valores:


a. descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;

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b. usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de
forma abusiva, para fins discriminatórios ou para auferir vantagens
pessoais;
c. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer
ato profissional que possa resultar em dano às pessoas ou a seus bens
patrimoniais;

II - Ante à profissão:
a. aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não
tenha efetiva qualificação;
b. utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de
direito profissional;
c. omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética pro-
fissional;

III - Nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:


d. formular proposta de salários inferiores ao mínimo profissional legal;
e. apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou des-
respeitando tabelas de honorários mínimos aplicáveis;
f. usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vanta-
gens indevidas, ganhos marginais ou conquista de contratos;
g. usar de artifícios ou expedientes enganosos que impeçam o legítimo
acesso dos colaboradores às devidas promoções ou ao desenvolvimento
profissional;

48
h. e. descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua
coordenação;
i. f. suspender serviços contratados, de forma injustificada e sem prévia
comunicação;
j. g. impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou
assédio moral sobre os colaboradores;

IV - Nas relações com os demais profissionais:


a. intervir em trabalho de outro profissional sem a devida autorização de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

seu titular, salvo no exercício do dever legal;


b. referir-se preconceituosamente a outro profissional ou profissão;
c. agir discriminatoriamente em detrimento de outro profissional ou pro-
fissão;
d. atentar contra a liberdade do exercício da profissão ou contra os direi-
tos de outro profissional;

V - Ante ao meio:
a. prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer
ato profissional que possa resultar em dano ao ambiente natural, à saúde
humana ou ao patrimônio cultural.

6 - Dos direitos
Artigo 11º - São reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às
profissões, suas modalidades e especializações, destacadamente:
a. à livre associação e organização em corporações profissionais;
b. ao gozo da exclusividade do exercício profissional;
c. ao reconhecimento legal;
d. à representação institucional.

Artigo 12º - São reconhecidos os direitos individuais universais inerentes aos


profissionais, facultados para o pleno exercício de sua profissão, destacadamente:

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a. à liberdade de escolha de especialização;
b. à liberdade de escolha de métodos, procedimentos e formas de expressão;
c. ao uso do título profissional;
d. à exclusividade do ato de ofício a que se dedicar;
e. à justa remuneração proporcional à sua capacidade e dedicação e aos
graus de complexidade, risco, experiência e especialização requeridos
por sua tarefa;
f. ao provimento de meios e condições de trabalho dignos, eficazes e

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seguros;
g. à recusa ou interrupção de trabalho, contrato, emprego, função ou
tarefa quando julgar incompatível com sua titulação, capacidade ou
dignidade pessoais;
h. à proteção do seu título, de seus contratos e de seu trabalho;
i. à proteção da propriedade intelectual sobre sua criação;
j. à competição honesta no mercado de trabalho;
k. à liberdade de associar-se a corporações profissionais;
l. à propriedade de seu acervo técnico profissional.

7 - Da infração ética
Artigo 13º - Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo profissional
que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, prati-
que condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.
Artigo 14º - A tipificação da infração ética para efeito de processo discipli-
nar será estabelecida, a partir das disposições deste Código de Ética Profissional,
na forma que a lei determinar.

50
Isto acontece
na prática

Crea vai apurar conduta de engenheiros da Arena após incidente na avalanche

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS) vai apurar se os três engenheiros


que a polícia aponta como responsáveis pelo desabamento de torcedores no fosso da Arena, em

janeiro de 2013, cometeram desvios éticos. Os engenheiros Marcos Benicio dos Santos, líder de

projetos da OAS no Rio Grande do Sul, Jacques Andrade Antipoff, gerente de contratos da OAS,

e Ricardo Sabino da Silva, contratado pela empresa terceirizada Aço Inox do Brasil, serão indi-

ciados por dois crimes: lesão corporal culposa e exposição de outras vidas ao perigo iminente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Conforme a perícia do Departamento de Criminalística, o alambrado que cedeu no jogo entre

Grêmio e LDU, ferindo oito pessoas na noite de 30 de janeiro, nem sequer atendia às normas

para construção de um guarda-corpo em prédio residencial. Portanto, jamais poderia oferecer

segurança a milhares de pessoas em um estádio. O coordenador da comissão de ética do Crea,

Odir Francisco Ruckhaber, explica que a conduta dos três profissionais deverá ser primeiramente

avaliada em câmaras setoriais do conselho. Santos e Antipoff, que são engenheiros civis, serão

submetidos à câmara de engenharia civil, formada por 30 conselheiros - e Sabino, engenheiro

mecânico, será analisado na câmara de engenharia industrial, com 20 integrantes.

Fonte: Paulo Germano (2013). Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noti-

cia/2013/05/crea-vai-apurar-conduta-de-engenheiros-da-arena-apos-incidente-naavalan-

che-4147506.html. Acesso em 28 dez 2019.

51
UNIDADE VI

RESPONSABILIDADE
SOCIAL DO ENGENHEIRO
Há algumas décadas surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável e
muitos valores já foram acrescidos a essa expressão desde então, mas apesar
disso muitos se prendem apenas ao fato de poluir menos ou não desmatar. No
entanto, nos dias de hoje esse conceito vai muito mais longe do que apenas
proteger as florestas e colaborar para a diminuição do efeito estufa, se mostra
necessário que não adianta apenas isso, se não houver conscientização de todos
nada vai funcionar com êxito. O desenvolvimento sustentável está totalmente
entrelaçado com a responsabilidade social, pois é com a educação, conscien-
tização e com exemplos que se criam projetos de sucesso.

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Para que projetos de responsabilidade social sejam cada vez mais implantados
é necessário capacitar profissionais para planejar e pôr em prática. Os engenhei-
ros são profissionais que lidam diretamente com grandes projetos e com pessoas
em todos os sentidos, por isso a necessidade de conscientizá-los de que a res-
ponsabilidade de um planeta mais sustentável depende dele, para que projetos
continuem a acontecer e que novos sejam criados. Portanto o engenheiro precisa
ser um profissional coerente, precisa ter técnica, criatividade, ter uma atuação
crítica, precisa sempre ter ética para avaliar bem os danos que um novo projeto
possa vir a causar ao meio ambiente, e se for necessário causar, como recompen-
sar para amenizar esse mal causado por um benefício necessário.
Exigir das grandes e médias empresas atitudes sustentáveis e socialmente res-
ponsáveis é tão necessário quanto exigir das instituições de ensino o compromisso
com a sociedade, pois só dessa maneira os engenheiros e estudantes de engenharia
poderão ter a consciência do quanto eles são importantes para a sociedade e de que
se eles falharem não apenas eles pagaram por esse erro, mas possivelmente tam-
bém a sociedade e/ou o meio ambiente (SILVA FILHO; SANTANA; SILVA, 2011).

RESPONSABILIDADES CIVIS E PENAIS

A partir do momento que o engenheiro começa a exercer a sua profissão


surgem responsabilidades e não se pode fugir delas. Estas responsabilidades
se enquadram em quatro modalidades: Técnicas e ético-profissionais; Civis;
Penais ou criminais e Trabalhistas.

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As responsabilidades são diferentes umas das outras e independentes, resul-
tantes de ações ou fatos diferentes, ou ainda de um único fato ou ação ligados
a alguma atividade que você como profissional está exercendo.
Como exemplo temos o desabamento de uma obra, que foi executada por
um engenheiro civil habilitado, porém no decorrer da execução ele foi impru-
dente, negligente ou ocorreu imperícia e este desabamento provocou lesões
nos funcionários da obra ou prejuízos a terceiros. Este problema causado pelo
engenheiro, de acordo com o Manual do profissional da engenharia, arqui-
tetura e agronomia elaborada pelo CREA, vai gerar penalidades dentro das
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

quatro responsabilidades acima mencionadas:


■ Responsabilidade técnica: punição a nível profissional pelo descumpri-
mento da legislação específica e/ou Código de Ética;
■ Responsabilidade Civil: reparação dos prejuízos causados ao cliente e
a terceiros se houver;
■ Responsabilidade Penal: punição criminal pela comprovação da culpa;
■ Responsabilidade Trabalhista: indenização aos funcionários acidentados.

Falaremos agora sobre cada uma das responsabilidades e suas caracterís-


ticas, informações muito importantes para todo profissional.

Responsabilidade Técnica e Ético-Profissional

É a responsabilidade desenvolvida entre o profissional e o Poder Público


representado pelo sistema CONFEA/CREAs. Ou seja, o Poder Público e
toda a comunidade se sentem prejudicadas quando ocorrem infrações nesse
âmbito. Os profissionais de engenharia que exercem atividades das áreas tec-
nológicas têm o dever de assumir a responsabilidade técnica pelo trabalho
realizado por eles.
A responsabilidade técnica vem de princípios morais, de regras que regem
o exercício da profissão, do respeito que deve haver entre os profissionais e
suas empresas e das normas que os profissionais devem seguir em suas rela-
ções com os clientes.

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Existe uma legislação específica que rege esta responsabilidade prevista nas
Leis nº 5.194/66 e nº 6.496/77, estas leis são complementadas por Resoluções
do CONFEA e o Código de Ética. Esta legislação define e caracteriza os tipos
de infrações e determina as penas cabíveis.
Se um profissional não cumprir a legislação ou exercer a profissão inadequa-
damente podem sofrer um processo ético-disciplinar, em que as penalidades são
aplicadas sobre a pessoa e podem variar dependendo da gravidade ou reincidência
da falta. Estas penalidades podem ser: advertência reservada, censura pública, multa,
suspensão temporária do exercício profissional, cancelamento definitivo do registro.

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Responsabilidade Civil

É o tipo de responsabilidade que, quando ocorre um dano, é necessário que


o profissional repare os danos causados, porém desde que este dano seja carac-
terizado e que a culpa tenha sido atribuída ao profissional. Esta reparação não é
somente pelo prejuízo efetivo, mas também por tudo o que ela deixou de ganhar
e/ou as despesas que tiver. A responsabilidade civil do engenheiro está funda-
mentada no Novo Código Civil Brasileiro e nas Leis nº 5.194/66 e nº 6.496/77.

Responsabilidade Penal ou Criminal

Qualquer ação que seja caracterizada como crime ou contravenção, torna


o profissional responsável criminalmente e pode resultar em penas de reclusão
de acordo com a gravidade das ações cometidas pelo profissional. As infrações
também podem ter agravantes. Se por acaso foram cometidas intencionalmente
ou sabendo do agente que poderia gerar risco com a sua prática, a infração
será dolosa. Porém, quando ocorre por um ato de imprudência e negligência,
no qual se caracteriza a falta de intenção do causador, a infração é culposa,
sendo esta a que mais ocorre nas atividades profissionais.
Dentre os atos que podem ser considerados como crime, merecem destaque:
desabamento (queda de construção causada por humanos); desmoronamento
(causado pelas forças da natureza); incêndio (provocado por sobrecarga elétrica);
contaminação (ocasionada por vazamentos de elementos radioativos e outros).

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A legislação que trata sobre a responsabilidade penal é o Código Penal,
abaixo são apresentados problemas citados que podem ser gerados por ativi-
dades profissionais e que de acordo com o Código são considerados crimes e
suas penalidades.
Incêndio: Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade
física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Inundação: Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a inte-
gridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e
multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Perigo de inundação: Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio


próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimô-
nio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena
- reclusão, de um a três anos, e multa.
Desabamento ou desmoronamento: Art. 256 - Causar desabamento ou
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimô-
nio de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Crime de Peculato: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1o - Aplica-se a mesma
pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a quali-
dade de funcionário.
Crime de Falsidade Ideológica: Art. 299 - Omitir, em documento público
ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inse-
rir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente rele-
vante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público,
e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo
único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
aumenta-se a pena de sexta parte.

57
Crime de Corrupção passiva e ativa: Art. 317 - Solicitar ou receber, para
si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
Corrupção ativa: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício: Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
Portanto, é dever do profissional, ao exercer suas atividades profissionais,
antecipar todas as situações que possam ocorrer a curto, médio e longo prazo,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
para que fique isento de qualquer ação penal.

Responsabilidade Trabalhista

Fazem parte desta qualquer responsabilidade decorrente das relações


contratuais ou legais assumidas com empregados que realizam serviços, esten-
dendo-se a obrigações acidentárias e previdenciárias.
Esta responsabilidade é regulamentada pelas Leis Trabalhistas em vigor,
resultando das relações com os empregados e trabalhadores que apresentam:
direito ao trabalho, remuneração, férias, descanso semanal e indenizações,
incluindo as decorrentes de acidentes que podem afetar a integridade física
do trabalhador.
O engenheiro só vai assumir esse tipo de responsabilidade quando hou-
ver a contratação de empregados, seja feito pessoalmente ou por meio de um
representante seu ou representante de sua empresa. Quando as contratações
são realizadas pela administração o profissional fica isento desta responsabili-
dade, desde que seja o proprietário quem irá assumir o encargo da contratação
dos funcionários.

58
Isto está
na rede

TOP 11 erros de engenharia que resultaram em desastres

Confira 10 erros de engenharia que causaram acidentes que marcaram a história:

10 – Ônibus espacial Challenger

O ônibus espacial Challenger explodiu, matando sete passageiros, aconteceu devido ao selamento interno

do ônibus espacial ser feito de borracha.

9 – Desastre do melaço em Boston

Em Boston, a Purity Distilling Company construiu um tanque de 2 milhões de litros para armazenar melaço, que

devido à negligência na construção, explodiu e o melaço vazou matando 21 pessoas.

8 – Deepwater Horizon
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A plataforma de petróleo Deepwater Horizon explodiu e despejou 180 milhões de litros de petróleo no mar.

O acidente matou 11 pessoas e feriu 17, ocorreu devido à falha mecânica nas torres de perfuração.

7 – “Metáfora da Liberdade” do MIT

O MIT construiu um prédio com paredes inclinadas, muitas pessoas que passavam por lá sentiam vertigem.

Após 3 anos o edifício começou a desintegrar.

6 – Sistema de canais e diques de Nova Orleans

A cidade de Nova Orleans foi atingida pelo furacão Katrina devido ao sistema de diques e canais ser defasado

e irregular 80% da cidade ficou inundada.

5 – Barragem de Banqiao

Construída na China, foi recomendada a construção de 12 comportas, mas 5 foram feitas. A cidade foi atingida

pelo tufão Nina e com o desastre 171 mil pessoas morreram.

4 – Torre de Pisa

Construída, em 1173, na Itália, devido a uma falha, sua base começou a se inclinar.

3 – Explosão do Mont Blanc

A explosão do Navio Mont-Blanc carregado de explosivos matou duas mil pessoas em Nova Escócia, Canadá,

ocorreu devido à colisão com outro navio, ambos se recusaram a recuar.

2 – Queda da Ponte de Tacoma Narrows

Ventos a uma velocidade de 64 km/h atingiram a ponte pênsil Tacoma Narrows em Washington e fizeram

parte da estrutura desabar.

1 – Chernobyl

O reator da usina explodiu matando 4 mil pessoas devido à alta radiação, ocorreu devido à falta de manutenção

preventiva nos equipamentos.

Fonte: Jornal Ciência escrito por Gustavo Teixeira (2019). Disponível em: http://www.jornalciencia.com/top-

-11-erros-de-engenharia-que-resultaram-em-desastres/. Acesso em 28 dez 2019.

59
Isto acontece
na prática

O Colapso da Passarela do Hotel Hyatt Regency da Cidade de Kansas Em 1976, a Crown Cen-

ter Redevelopment Corporation decidiu construir o Hotel Hyatt Regency na cidade de Kansas,

Missouri. A firma de engenharia escolhida para os cálculos estruturais foi a G.C.E International,

Inc., e as vigas de aço foram fabricadas pela Havens Steel Company. O prédio teria três passa-

relas suspensas que cruzavam o átrio e conectavam o segundo, o terceiro e o quarto andares.

A construção iniciou em 1978. Em janeiro de 1979, a siderúrgica Havens contactou Daniel M.

Duncan (engenheiro da G.C.E) a respeito de uma proposta de alteração do projeto, em que ao

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
invés de utilizar um único vergalhão de ferro de 14 metros de comprimento para prender as

passarelas suspensas ao teto, fosse utilizado um vergalhão separado em dois. As alterações foram

incorporadas às plantas de engenharia, que foram aprovadas por Jack D. Gillum, presidente da

G.C.E. Em julho de 1980, o hotel foi inaugurado. No dia 17 de julho de 1981, durante uma festa

dada no hotel a passarela do quarto andar despencou sobre a passarela do segundo, matando

114 pessoas e ferindo mais de 200. Em 1985, Gillum e Duncan foram condenados por grave

negligência, má conduta e falta de profissionalismo na prática da engenharia. O colapso deu

origem a uma análise minuciosa de seu trabalho, revelando diversas irregularidades. Duncan e

Gillum perderam suas licenças de engenheiros no estado de Missouri.

Fonte: Introdução à Engenharia dos autores Holtzapple e Reece.

60
UNIDADE VII

SUSTENTABILIDADE
E MEIO AMBIENTE NA
ENGENHARIA
Engenharia é a aplicação de métodos do conhecimento científico ou empí-
rico destinados à utilização de recursos materiais e naturais para o benefício
do ser humano. É a área do conhecimento que aborda os conceitos de proje-
ção, desenvolvimento, construção, análise e manutenção de alternativas que
auxiliem e facilitem a vida da sociedade nas atividades cotidianas. A palavra
engenharia tem origem do latim ingenium, que significa “produzir ou gerar
talento ou qualidade nata”. Inicialmente, ela era aplicada a qualquer equipa-
mento mecânico, sobretudo na área militar.
A Engenharia provavelmente é a ciência que mais modifica o ambiente e se

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apropria dos recursos naturais para extrair materiais para obras, que na maior
parte das vezes são consideradas degradadoras do meio ambiente. A extração
de minérios, o descarte de resíduos, a implantação de infraestruturas como
barragens, rodovias e loteamentos vêm sendo consideradas as atividades mais
degradadoras do ambiente no país.
Mas, se por um lado a Engenharia apresenta esse componente degra-
dador do ambiente, é a própria engenharia a ciência com o maior potencial
para recuperar e promover a qualidade ambiental. Desenvolver técnicas para
modificar e se apropriar dos recursos naturais de forma que garantam a sus-
tentabilidade é o grande desafio.
Para enfrentar esse desafio, a palavra-chave é inovação. Isto significa desen-
volver novos materiais e tecnologias que produzam bens e serviços, poupando
recursos naturais.
Nesse sentido, para trilhar o caminho da sustentabilidade a engenharia deve
priorizar o desenvolvimento de novos materiais, recuperar e reciclar outros,
além de novas tecnologias que priorizem as fontes naturais de produção de
energia e redução de consumo de água (JUNQUEIRA, 2018).

SUSTENTABILIDADE

Atualmente, a sustentabilidade vem ganhando destaque nas discussões sobre


materiais e métodos de trabalho, isso se deve ao fato de que a sociedade tem
percebido os impactos gerados pelas atividades do homem no meio ambiente.

62
E nas atividades desempenhadas pela engenharia isto não é diferente, por isso
a importância de o engenheiro ter pensamentos e atitudes sustentáveis.
Entende-se por sustentabilidade a integração dos aspectos econômicos, sociais
e ambientais, de forma que a produção de bens e serviços preserve a diversidade
e a integridade dos ecossistemas, reduzindo a sua vulnerabilidade, buscando ser
compatível com a velocidade de renovação dos recursos naturais, extraindo o
que é necessário para o funcionamento do sistema econômico (DIAS, 2015).
O conceito de sustentabilidade aborda a maneira como se deve agir em relação
à natureza. Além disso, ele pode ser aplicado desde uma comunidade até todo o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

planeta. A sustentabilidade é alcançada através do Desenvolvimento Sustentável.


O termo “desenvolvimento sustentável” foi usado pela primeira vez em
1987, por Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega e que
atuou como presidente de uma comissão da Organização das Nações Unidas.
Ela publicou um livro (Our Common Future) onde escreveu, em partes:
“Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem
afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”.
Ao longo da maior parte da história do homem, ele viu-se como um dominador
da natureza e acreditava que ela estava disponível somente para o seu bem-estar,
para servir ao desenvolvimento econômico. Essa forma de pensar produziu uma
“sociedade de consumo”, que é exatamente o oposto do desenvolvimento susten-
tável, pois as indústrias e fábricas buscam extrair o máximo de recursos do planeta
para acumular riquezas e satisfazer o consumismo exagerado da população, ocor-
rendo muito desperdício. O caminho seguido pela economia até o momento foi
extrair, produzir, vender, utilizar e descartar, sem se preocupar com a natureza e
com as futuras gerações, como se os recursos naturais não tivessem fim.
Esse modelo de desenvolvimento da nossa sociedade estabelecido até o
momento levou a consequências drásticas, como poluição ambiental e desi-
gualdade social. Está comprovado que o ser humano não pode consumir o que
e quanto quiser sem se preocupar com as consequências (FOGAÇA, 2019).
O desenvolvimento sustentável tem como objetivo a preservação do pla-
neta e atendimento das necessidades humanas. Isso quer dizer que um recurso
natural explorado de modo sustentável durará para sempre e com condições
de também ser explorado por gerações futuras.

63
Tripé da Sustentabilidade

O chamado tripé da sustentabilidade (Figura) é baseado em três prin-


cípios: o social, o ambiental e o econômico. Esses três fatores precisam ser
integrados para que a sustentabilidade de fato aconteça. Sem eles, a sustenta-
bilidade não se sustenta.
■ Social: Engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação,
saúde, violência, lazer, dentre outros aspectos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Ambiental: Refere-se aos recursos naturais do planeta e a forma como
são utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas.
■ Econômico: Relacionado com a produção, distribuição e consumo de bens
e serviços. A economia deve considerar a questão social e ambiental.

Figura – Tripé da sustentabilidade


Fonte: Lana Magalhães (2019). Disponível em: https://www.todamateria.com.br/sustentabilidade/. Acesso em 08 jan 2020.

A sustentabilidade social sugere a igualdade dos indivíduos, baseado no


bem-estar da população. Para isso, é necessária a participação da população,
com intuito de fortalecer as propostas de desenvolvimento social, acesso à edu-
cação, cultura e saúde.
Sustentabilidade ambiental abrange a conservação e a manutenção do
meio ambiente. Importante notar que, para que a sustentabilidade ambiental

64
seja efetivada, as pessoas devem estar em harmonia com o meio ambiente,
para obterem melhoria na qualidade de vida. O objetivo da sustentabilidade
ambiental é que os interesses das gerações futuras não estejam comprometi-
dos pela satisfação das necessidades da geração atual.
A sustentabilidade econômica é fundamentada num modelo de gestão
sustentável. Isso implica na gestão adequada dos recursos naturais, que obje-
tivam o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a melhoria da
distribuição de renda. Em resumo, corresponde à capacidade de produção, de
distribuição e de utilização das riquezas produzidas pelo homem, buscando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uma justa distribuição de renda (MAGALHÃES, 2019).

Sustentabilidade em projetos de engenharia

Uma empresa sustentável é aquela na qual o foco das atividades de pes-


quisa, desenvolvimento e inovação, da política de recursos humanos, do trabalho
produtivo, das estratégias de marketing e mesmo do departamento financeiro encon-
tram-se no horizonte da sustentabilidade (AMATO NETO, 2011). As diferentes
áreas das engenharias possibilitam a solução de pequenos a grandes problemas.
No âmbito da sustentabilidade, há uma nova necessidade na área de enge-
nharia, em aplicar a sustentabilidade para atenuar os problemas trazidos pelas
mudanças climáticas. Abrem-se assim várias oportunidades nas diferentes
áreas de engenharia, como o aumento de projetos com selos internacionais de
gestão energética e soluções para equipamentos e sistemas eficientes em con-
sumo de energia. Os projetos protocolados na UNFCCC (Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) estão associados às “questões de
troca de combustíveis em plantas industriais, troca de caldeiras em processos
de calor, eficiência em processos agrícolas, de produção de papel, extração de
madeira, nos modais de transporte, na produção de alimentos, entre outros”
(POLIQUEZI, 2012, p. 1).
Na engenharia, a aplicação do conceito sustentabilidade deve ser feita
desde a concepção do projeto. Nele, é possível verificar e planejar, juntamente
a todas as diversas áreas da engenharia envolvidas no projeto, as propostas e as
soluções para executá-lo dentro dos padrões de sustentabilidade exigidos pelo

65
mercado e pela sociedade. O conceito de um projeto sustentável “é um sistema
que promove intervenções sobre o meio ambiente, sem esgotar os recursos
naturais, preservando-os para as gerações futuras” (BAZZO e PEREIRA, 2006).
O tema sustentabilidade é tão extenso que já existe outra área de atuação
do engenheiro, o curso de graduação em nível superior derivado da Engenharia
de Produção, chamado de Engenharia de Sustentabilidade. Esse curso aborda:
planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas pro-
dutivos diversos, a destinação e o tratamento dos resíduos e efluentes destes
sistemas, bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e respon-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sabilidade social (ABEPRO, 2016).

MEIO AMBIENTE

É importantíssimo que a sociedade – e em especial a Engenharia, a arte


de modificar o mundo – torne-se cada vez mais consciente do seu papel. As
atividades humanas, pautadas na ciência e na Engenharia, são o estopim das
mudanças no meio ambiente. A Engenharia de Minas auxilia na obtenção dos
recursos minerais; a Agronomia trata do plantio dos alimentos que nutrem as
populações e alimentam a pecuária; a Engenharia Civil constrói o meio ami-
gável e necessário às atividades humanas; a Mecânica desenvolve máquinas; a
Elétrica dá energia. Todas estas atividades, contudo, causam impactos ambien-
tais, em maior ou menor escala.
Cabe aos profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências atuar com
a mais absoluta responsabilidade ambiental, visando minimizar e mitigar os
impactos inerentes à sua atividade, para preservar o meio ambiente.
A expressão meio ambiente (milieu ambiance) foi usada em 1835 pela pri-
meira vez na obra Études progressives d´un naturaliste (Estudos Progressivos de
um Naturalista), por Geoffrey de Saint-Hilaire, na qual milieu significa o lugar
onde está ou se movimenta um ser vivo, e ambiance designa o que rodeia esse
ser (FREITAS, 2001). A norma ISO 14001:2004 define meio ambiente como:
“circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo,
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações”. Já a Lei

66
6.938, de 31 de agosto de 1981, apresenta uma definição mais abrangente, no
seu art. 3º, caracterizando meio ambiente como:

“O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas”.

Toda a atividade do homem de forma direta ou indireta irá influenciar


o meio ambiente positiva ou negativamente, portanto, é de responsabilidade
dos indivíduos e do governo atuar de forma responsável em relação a ele. No
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Brasil, a Constituição Federal de 1988, Capítulo VI, art. 225, trata do meio
ambiente, afirmando que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

O ser humano, desde seu surgimento, explora a natureza, tirando dela o


que necessita para a sua sobrevivência. No início da civilização, a relação do
homem com a natureza era harmônica e todos os acidentes ambientais acon-
teciam devido a fatos naturais e não causados pela ação do homem. Com a
evolução da civilização, essa relação foi se desequilibrando, devido ao domí-
nio e à exploração da natureza, que teve como prioridade projetos de ocupação
do espaço, porém sem planos de desenvolvimento (social, econômico e cul-
tural) e de conservação da natureza (e do ambiente) (SCHONARDIE, 2011).
As ações do homem sobre a natureza até os dias de hoje causam impactos
sobre o meio ambiente, mas o que é impacto ambiental? Segundo o art. 1º da
Resolução n.º 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
impacto ambiental é:

“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas


do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente
ou indiretamente: a saúde, a segurança, e o bem-estar da população;
as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias ambientais; a qualidade dos recursos ambientais”.

67
É papel fundamental do Engenheiro a busca constante por processos pro-
dutivos mais limpos e econômicos do ponto de vista dos recursos naturais;
produtos igualmente inovadores em termos de novas funções e com meno-
res impactos ambientais; novas matérias-primas para produtos já conhecidos;
serviços mais intensos em conhecimento para a gestão ambiental; políticas
internas de administração que envolvam educação, tecnologia e redução de
gastos relacionados à matéria-prima, processos de produção e formas de orga-
nização do trabalho (AMATO NETO, 2011).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Isto acontece
na prática

Rompimento da barragem de Brumadinho.

Um exemplo de impacto ambiental foi o que aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019, com o rom-

pimento da barragem da Vale em Brumadinho, MG. Cerca de 14 milhões de toneladas de lama e

rejeitos de minério de ferro percorreu 8 quilômetros em poucos dias, poluindo o rio Paraopeba. O

desastre causou a morte de 252 pessoas e treze continuam desaparecidas. Estudo realizado pela

Fundação SOS Mata Atlântica concluiu que os rejeitos de minério de ferro derramados mataram

vários trechos do rio Paraopeba. O tsunami de lama e rejeitos de minérios carreou para o rio,

árvores e animais mortos, restos de casas, fossas sépticas e bactérias.

Fonte: Sabrina Rodrigues (2016). Disponível em: https://www.oeco.org.br/noticias/rompimen-


to-da-barragem-de-brumadinho-e-a-primeira-grande-tragedia-ambiental-do-ano/. Acesso em

08 jan 2020.

68
UNIDADE VIII

ENSINO E PESQUISA
CIENTÍFICA NA
ENGENHARIA
Além dos ramos de atuação dos Engenheiros já discutidos anteriormente,
existem duas áreas que são muito importantes para o desenvolvimento de novas
tecnologias, materiais, processos de fabricação e conhecimento. Estamos falando
do ensino e da pesquisa científica na engenharia, afinal de contas, a maioria de
seus professores em um curso de Engenharia são engenheiros. Novas pesqui-
sas científicas são desenvolvidas continuamente por engenheiros. Mas afinal,
o que é ciência e quais são os caminhos que um engenheiro deve percorrer
para atuar nessas áreas importantíssimas?
Após o nascimento da ciência moderna e do aparecimento daquilo que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
convencionou chamar de tecnologia - o que aconteceu mais ou menos a
partir do século 17 -, a civilização humana não foi mais a mesma. Nem a
engenharia. A aplicação da ciência nas ações técnicas por certo foi respon-
sável pela grande evolução dos meios de transporte e comunicação, dos
equipamentos cirúrgicos e de lazer, dos processos de fabricação, dos uten-
sílios domésticos etc. O grau de dependência que a sociedade moderna tem
dos resultados da ciência e da tecnologia é tal que não podemos mais conce-
ber a sua existência sem estes dois empreendimentos humanos. Praticamente
tudo o que se faz hoje tem relação direta ou indireta com elas. Escovar os
dentes, assistir à televisão, surfar, ler uma revista, escutar música ou reali-
zar uma experiência de laboratório seriam, sem as contribuições da ciência
e da Tecnologia, tarefas impossíveis ou pelo menos bem mais dificultosas.
Mesmo assim, poucos compreendem o que elas são ou o que representam
(BAZZO e PEREIRA, 2006).

PESQUISA CIENTÍFICA NA ENGENHARIA

O engenheiro pode se dedicar à realização de pesquisas científicas? Claro


que sim! Aliás, essa atividade é fundamental para que seja possível o desenvol-
vimento de tudo que temos de mais recente e atual. Mas o que é ciência afinal?
Segundo Michaelis (2016), ciência é o ramo de conhecimento sistemati-
zado como campo de estudo ou observação e classificação dos fatos atinentes
a um determinado grupo de fenômenos e formulação das leis gerais que os

70
regem. De acordo com Oliveira (2002) ciência é uma forma de conhecimento
sistemático, dos fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos fenôme-
nos biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um conjunto
de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis, por meio da pes-
quisa e dos testes.
Ciências não são apenas conjuntos de informações, nomes e proposi-
ções. Nem são apenas conjuntos de teorias que explicam o funcionamento da
natureza tal como ela é. São processos dinâmicos que implicam a interação
da comunidade científica com a sociedade, onde interagem forças políticas e
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sociais. A ciência - cada uma delas - não é politicamente neutra, pois depende
de motivações culturais para o seu desenvolvimento, que acabam ditando como
acontece a pesquisa, o seu planejamento, o seu financiamento e os assuntos a
serem pesquisados. Até porque a ciência, formando uma imagem interpretada
do mundo em que vivemos, nos providencia instrumentos para transformá-
-lo (BAZZO e PEREIRA, 2006).
O conhecimento científico tem como objetivo compreender a natureza e
o universo por meio de elementos conhecidos, concretos e objetivos. Para que
a ciência funcione bem, as opiniões pessoais, as especulações, os conhecimen-
tos prévios, as crenças, os preconceitos, as expectativas e as paixões devem ser
deixados de lado. É necessário também formular perguntas lógicas, propor
hipóteses, aferir de forma experimental e cuidadosa os fatos.
A pesquisa é um conjunto de investigações racionais, operações e traba-
lhos intelectuais ou práticos que objetiva a criação de novos conhecimentos,
a invenção de novas técnicas e a exploração ou criação de novas realidades. E
uma busca minuciosa com o intuito de averiguar um evento, uma hipótese, um
fato ou uma idéia. Seria um trabalho intelectual intencional, racional, baseado
em procedimentos consagrados, aceitos e respeitados pela comunidade cien-
tífica. Não significa que só possamos trilhar caminhos previamente traçados,
mas devemos, antes de tudo, respeitar de alguma forma as lógicas dos nossos
contextos históricos e sociais para podermos trabalhar realidades concretas
(BAZZO e PEREIRA, 2006).
Uma das formas de integrar o estudante de engenharia com a pesquisa
científica é por meio da oferta de vagas em programas de iniciação científica.

71
Ao longo da graduação nos deparamos com diversos conceitos e formas de
aplicá-los, mas nem sempre temos a chance de colocar em prática o que apren-
demos. Isso causa certa insegurança em alunos de diversos cursos. Visando
proporcionar novas experiências de aprendizado e pesquisa, as universidades
oferecem aos estudantes vagas de iniciação científica. A iniciação científica
coloca o aluno diretamente na área de pesquisa, onde ele vai ter o auxílio de
um professor orientador e responsabilidades com seu projeto. Ela é muito
importante na engenharia, pois com suas experiências diárias de laboratório
e de convivência com pessoas, o aluno tende a se desenvolver tanto no profis-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sional como no pessoal (SANTOS, 2014).
Outra forma de incentivar o estudante de engenharia a realizar pesqui-
sas científicas durante o curso de graduação é promovendo na universidade
eventos como congressos, simpósios ou feiras de inovação e tecnologia
(Figura), incentivando o aluno a desenvolver uma pesquisa científica sobre
determinado assunto ou até mesmo criar uma inovação tecnológica na sua
área de estudo.

Figura – Exposição em feira de inovação e de tecnologia


Fonte: disponível em: https://images.app.goo.gl/aXtK7uZHwH9pAHeP9. Acesso em 09 jan 2020.

72
Outro fator que demonstra a importância da atuação de engenheiros na
área de pesquisa científica é o crescente investimento que as empresas têm
feito em seus departamentos de Pesquisa & Desenvolvimento, com o intuito
de desenvolver novos processos, tecnologias e recursos que possibilitem desta-
que destas empresas frente a seus principais concorrentes no mercado. Além de
sempre estarem em busca de novas tecnologias para torná-las mais sustentáveis.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é uma das chaves
para se alcançar a inovação e o desenvolvimento econômico. Com novos pro-
dutos e processos, a sociedade maximiza sua capacidade tecnológica, aumenta
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sua produtividade e, portanto, o crescimento econômico. Não é sem razão que


os formuladores de políticas têm considerado importante estimular o investi-
mento em P&D. Muitos países aumentaram o valor dos recursos nessa rubrica.
Entre 1995 e 2000 o crescimento do investimento em P&D na Finlândia foi de
13,02%, na Irlanda, de 10,92%, em Portugal de 10,01% e na Espanha de 6,32%.
A Grécia não ficou muito atrás. O responsável pela maior parte deste aumento
foi o setor público, como forma de resolver o problema da sua falta de produ-
tividade em muitas áreas (RODRIGUEZ-POSE, 2004).
De que forma estudantes de engenharia podem contribuir para o desenvolvi-
mento da ciência e da tecnologia? Através de uma formação profissional consistente,
de uma conscientização das necessidades da sociedade em que vive e de uma visão
realística de uma perspectiva de futuro para a humanidade. Desenvolver confiança,
interesse, trabalho em equipe, perseverança, bom senso e uma boa capacidade
para solucionar problemas também é um bom caminho para isso. Além do mais,
podem contribuir para esse desenvolvimento compreendendo de forma crítica o
papel da ciência e da tecnologia perante a sociedade, e buscando desenvolver uma
engenharia com cada vez maior embasamento científico.
Para isso não basta apenas aprender a teoria de como pesquisar ou pro-
jetar, ou apenas assimilar todos os conteúdos trabalhados durante o curso.
Devemos também procurar criar condições que colaborem para a nossa pró-
pria evolução. Isso pode ser conseguido através da participação concreta no
nosso processo educacional. Dessa forma, estaremos também contribuindo
para o progresso da ciência, da tecnologia e, consequentemente, da própria
sociedade (BAZZO e PEREIRA, 2006).

73
ENSINO DE ENGENHARIA

Agora que você compreendeu um pouco melhor a importância de os pro-


fissionais de engenharia atuarem no ramo de pesquisa científica, a seguinte
pergunta deve estar ecoando em seus pensamentos: o Engenheiro pode atuar
no ensino dessa profissão? Qual caminho devo seguir se desejo tornar-me um
professor de Engenharia? Para responder estas perguntas, serão apresentados
alguns pontos importantes.
A Resolução CNE-CES 11/2002 (DCN das Engenharias) estabelece que os

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
projetos pedagógicos dos cursos de engenharia contemplem conteúdos básicos,
profissionalizantes e específicos. Os conteúdos profissionalizantes que caracteri-
zam a área de atuação do futuro engenheiro podem ser escolhidos pelo Núcleo
Docente Estruturante (NDE) e colegiado do curso, dentre uma diversidade de
disciplinas indicadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Os conteúdos espe-
cíficos se constituem em extensões e aprofundamentos dos conteúdos do núcleo
de conteúdos profissionalizantes, bem como de outros conteúdos destinados a
caracterizar modalidades. Sendo assim, os conteúdos básicos não necessitam ser
ministrados, obrigatoriamente, por engenheiros (CASARIN, 2012).
Por outro lado, reserva de mercado à parte, os conteúdos profissionalizan-
tes e específicos devem ser ministrados, prioritariamente, por engenheiros. Aí
é que começam as dificuldades.
É muito comum que um professor de alguma disciplina da graduação
demonstre profundos conhecimentos em sua área de atuação profissional,
porém, não se destaque como professor. De certa forma existe uma grande
distância entre o conhecimento técnico de um profissional engenheiro e a sua
capacidade de transmitir o conhecimento de uma forma clara e didática. Essa
discordância acaba tornando-se um dos principais motivos de evasão de alunos
dos cursos de engenharia. Santos e Souza (2010) tratam de forma interessante a
forma de transmitir conhecimentos, quando chegam a falar em Engenharia do
Conhecimento. Bazzo (2000, apud Reis, C.A.C., 2008) em seus estudos sobre o
ensino tecnológico, considera a formação específica para a docência como um
requisito fundamental para a melhoria da qualidade do ensino de engenharia.

74
Anote isso

A didática e atualização docente nas engenharias são imprescindíveis para evitar o que há muito

vem se ouvindo falar dos cursos de graduação oferecidos pelas instituições de ensino superior
(públicas e privadas): que os cursos estão em descompasso com a realidade do mercado de

trabalho (CASARIN, 2010) e (SILVA e CECÍLIO, 2007). Como destacam Moran et al (2000) “há uma

preocupação com ensino de qualidade mais do que com educação de qualidade. Ensino e edu-

cação são conceitos diferentes”.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Isto está
na rede

Se um estudante ou recém-formado em Engenharia conversar com um(a) engenheiro(a) forma-

do(a) há 20 anos, verá que as mudanças foram tão significativas que muitas vezes nem parece se

tratar da mesma faculdade. Embora as disciplinas básicas sejam as mesmas, muita coisa mudou

no ensino de Engenharia nas últimas duas décadas. O Blog da Engenharia conversou com alguns

alunos e professores e reuniu as 5 mudanças mais significativas.

Fonte: Kalinka Araneda (2018). Disponível em: https://engenharia360.com/5-mudancas-no-

ensino-de-engenharia/. Acesso em 09 jan 2020.

75
UNIDADE IX

A CRIATIVIDADE NA
ENGENHARIA
De forma geral, o engenheiro é tido como um indivíduo frio e calculista,
dedicado apenas a assuntos técnicos e a problemas práticos específicos. Muitos
enxergam nos engenheiros, profissionais sérios, atarefados, que fazem cálculos
precisos o dia inteiro e expedem soluções miraculosas para qualquer problema
que lhes é apresentado. O seu trabalho dependeria estritamente de conheci-
mentos científicos formais confiáveis e já consagrados e de desenvolvimentos
tecnológicos dominados. Muitos também imaginam que para todos os pro-
blemas da engenharia existem técnicas de solução próprias e fórmulas prontas
que, convenientemente aplicadas, resolvem qualquer questão.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entretanto, o engenheiro é um profissional criativo, usa e precisa usar
a criatividade para resolver seus problemas técnicos - e não se pode imagi-
nar que a criatividade dependa apenas de estudos científicos. Além do mais,
seu trabalho cotidiano nem sempre está exclusivamente calcado em aspectos
puramente técnicos, em cálculos precisos ou mesmo em conceitos científicos
complexos e sacramentados.
Mesmo que olhemos pelo lado técnico da profissão, logo perceberemos
que, junto com os conhecimentos científicos e tecnológicos, aparecem outras
questões que definem a ação profissional. Se é certo que podemos dizer que o
engenheiro aplica conhecimentos específicos à criação de estruturas, dispo-
sitivos, processos e informações, não podemos esquecer que o seu trabalho
ultrapassa esse âmbito particular. Afinal, a sua ação visa à conversão de recursos
disponíveis na natureza em formas adequadas ao atendimento de necessidades
humanas, e essa característica amplia o leque de possibilidades e de exigências
profissionais. A engenharia é uma mescla complexa e sutil de ciência, técnica,
arte, experiência, bom senso etc (BAZZO e PEREIRA, 2006).

DEFINIÇÃO DE CRIATIVIDADE

A criatividade não é uma característica exclusiva dos artesãos e artistas


plásticos. Todo ser humano possui a capacidade de desenvolver o seu poten-
cial criativo, independente de condição social ou nível de instrução. Mas afinal,
o que é criatividade? Quem pode ser considerado criativo?

78
De forma resumida, podemos dizer que a criatividade pode ser encontrada
nas pessoas que geram ideias calcadas em características tais como novidade,
utilidade e simplicidade. Uma pessoa criativa também é aquela distinguida
pela capacidade de sintetizar novas combinações de ideias e conceitos entre
formas comuns e usuais. Seria como olhar para a mesma coisa que os demais
olham e ver algo diferente, visualizá-la sob outro ponto de vista, num outro
contexto, desempenhando uma nova função.
Talvez seja exatamente quando estamos preocupados em conceber soluções
para os nossos problemas que as ideias aflorem de forma mais significativa. É
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

neste momento que o engenheiro deve desenvolver e liberar a sua criatividade


de forma mais intensa, para poder gerar quantidade, qualidade e diversidade
de soluções. Neste contexto - durante o desenvolvimento de um projeto -, uma
etapa em que a criatividade é particularmente importante é a fase da concep-
ção de soluções, pois nesse momento, quantidade, qualidade e diversidade de
ideias serão de grande utilidade. Para Laranjeiras (2014) a criatividade é um
processo mental de geração de novas ideias por indivíduos ou grupos.
A criatividade é algo inerente aos seres humanos, porém, muitas vezes, é
inibida por fatores diversos relacionados à pessoa e ao ambiente. Esses fatores
podem ser culturais, como também emocionais, intelectuais ou barreiras históri-
cas, biológicas sociológicas e psicológicas (ALENCAR; SOUSA-FLEITH, 2008).
Um equívoco popular é que um artista é limitado somente por sua imaginação. Na
realidade, todos os artistas, todos os criadores, de escritores a pintores, são de alguma
forma limitados pelo seu meio. Os maiores criadores se tornaram grandes por encon-
trar caminhos para alongar as possibilidades do seu meio, mas um livro ou uma pintura,
não importa quão grandes, sempre serão definidos por palavras ou pigmentos. O mesmo
vale para a engenharia. Engenheiros trabalham em um meio também, definido dife-
rentemente por um campo, mas em última análise tão restrito quanto. Uma estrutura
ou máquina sempre será limitada pelos materiais (e pelo orçamento) usado para cons-
trui-la. Uma peça de software sempre será restringida pelos limites dos computadores
para qual foi escrita para executar (um grande exemplo disso, conforme pode ser obser-
vado na Figura, é a necessidade dos programadores de economizar memória, que levou
ao uso de dois dígitos para representar os anos, que mais tarde teve que ser corrigido na
virada do milênio, quando bytes extras eram mais fáceis de conseguir) (MARTIN, 2015).

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura - Placa afetada pelo “bug do milênio” em Nantes, mostrando o ano 1900 ao invés de 2000
Fonte: Jeremy Martin (2015). Disponível em: http://engenharialivre.com/criatividade-na-engenharia-o-que-eu-aprendi-
construindo-pontes/. Acesso em 10 jan 2020.

Ao contrário do que muitos pensam, as ideias não aparecem apenas de lam-


pejos mágicos e nem muito menos são privilégios de uns poucos, que já teriam
nascido com algum dom particular para inovar. Ativar o cérebro na busca de
ideias inovadoras: esta parece ser a chave que abre as portas do mundo cria-
tivo. Muitos aspectos têm relação direta com o grau de criatividade de uma
pessoa. Identificá-los e procurar ampliar as suas próprias fronteiras é um exce-
lente início para desenvolver a capacidade criativa. Em linhas gerais, podemos
identificar quatro desses aspectos: conhecimento, esforço exercido, aptidão e
método empregado (BAZZO e PEREIRA, 2006).

FATORES QUE INFLUENCIAM A CRIATIVIDADE

O conhecimento é uma ferramenta fundamental utilizada no processo


criativo. Quanto mais informações sobre os aspectos relacionados ao trabalho
que se deseja desenvolver, melhor. Em todo projeto existem os fatores técni-
cos, econômicos, ambientais, de processo, de gestão, dentre outros, que serão
úteis para poder exercer a criatividade (BAZZO e PEREIRA, 2006). O sucesso

80
ou o fracasso empresarial depende do que se faz com essas informações. A
criatividade é importante para entender melhor as informações e vislumbrar
a sua utilização de forma diferente do concorrente, a fim de conseguir maio-
res lucros (SOUZA, 2012).
Apenas com a aplicação do esforço pessoal é difícil obter boas soluções.
Entretanto, este particular poderá complementar as demais características. A
perseverança é um fator decisivo no processo de projeto, pois não podemos
sucumbir ao primeiro obstáculo. Prosseguir no trabalho enquanto divisamos
possibilidade de sucesso é uma das atitudes mais acertadas. Devemos lembrar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que qualquer pessoa pode aumentar o seu esforço num trabalho até quando
quiser (BAZZO e PEREIRA, 2006).

Isto está
na rede

Conta-se que Thomas Alva Edison (1847-1931), quando já havia realizado cerca de setecentos

experimentos, na tentativa de obter a lâmpada de iluminação elétrica, teria sido aconselhado

por um dos seus auxiliares a desistir, pois julgava já ter sido provada a sua inviabilidade. Afinal,

Edison estava esgotado, financeiramente abalado, e as possibilidades de êxito pareciam cada

vez mais remotas. Centenas de fracassos era uma dose excessiva de frustrações. Ouvindo tal

conselho, o inventor teria dito que estava no caminho certo, pois já sabia centenas de formas de

não se construir um filamento incandescente duradouro. Ele imaginava que, portanto, já estava

bastante perto da solução. Aliás, dizia ele que “gênio é 1% de inspiração e 99% de transpiração”.

Disponível em: https://www.portalraizes.com/surpreendente-resposta-de-thomas-edison-

depois-de-700-fracassos/. Acesso em 10 jan 2020.

Aptidão: algumas pessoas têm mais aptidão direcionada a determinado tipo


de atividade do que outras. Isso se deve à formação, à educação e aos fatores sociais.
Todas as pessoas podem ser criativas, mas não usam seu potencial por falta de
oportunidade de desenvolvê-lo. Para desenvolver esse potencial criativo, preci-
samos deixar crenças, ideias antigas, para dar lugar ao novo (OLIVEIRA, 2010).

81
Método empregado: um método é um caminho ao longo do qual
podemos chegar ao ponto desejado. Isso implica intencionalidade e movi-
mento, características que evidenciam o caráter dinâmico de um método.
É importante o emprego de um método na procura de soluções, pois isso
pode auxiliar em muito a criatividade, despertando e sistematizando a
busca e economizando tempo com a eliminação de tarefas desnecessárias.
Um método também auxilia a busca em fontes de consulta - livros, revistas,
jornais, catálogos, internet etc. -, realimentando o acervo de conhecimen-
tos do profissional (BAZZO e PEREIRA, 2006).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Exercer a criatividade é algo fundamental para os engenheiros, uma vez
que a engenharia é uma profissão que envolve vários aspectos da ciência e da
tecnologia. A criatividade é fundamental no desenvolvimento de novos pro-
jetos, criação de equipamentos e processos.

FERRAMENTAS PARA DESENVOLVER A CRIATIVIDADE

Existem algumas ferramentas que contribuem com o estímulo a criativi-


dade, portanto, caso você não se ache criativo, aproveite os conceitos que serão
abordados neste tópico, pois algumas das técnicas podem ser úteis para desen-
volver essa importante característica.
Brainstorming: significa tempestade cerebral ou tempestade de ideias
(Figura). É uma expressão inglesa formada pela junção das palavras “brain”,
que significa cérebro, intelecto e “storm”, que significa tempestade.
A técnica de brainstorming propõe que um grupo de pessoas se reúnam
e utilizem seus pensamentos e ideias para que possam chegar a um denomi-
nador comum, a fim de gerar ideias inovadoras que levem um determinado
projeto adiante. Nenhuma ideia deve ser descartada ou julgada como errada
ou absurda, pois causa inibições, quanto mais ideias, melhor; todas devem
estar na compilação ou anotação de todas as ideias ocorridas no processo, para
depois evoluir até a solução final.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura – Brainstorming: tempestade de ideias


Fonte: Pixabay.com – ID: 4260689

Quebra de adaptação psicológica: nessa técnica, simula-se um ambiente


completamente novo e se realiza um exercício que faça com que as pessoas
sejam capazes de desenvolver a sua criatividade para solucionar problemas
completamente fora do comum. Por exemplo, propor a solução de um pro-
blema no interior de um vulcão.
Analogia: está relacionada a utilizar soluções para um problema ou situa-
ção por meio da analogia com uma situação similar à que ocorre na natureza.
Por exemplo, Marc Isambard Brunel inventou uma proteção para túneis, obser-
vando os vermes que consomem a madeira.
Empatia: é uma identificação com um sentimento ou a situação de alguém.
Isso pode ser extrapolado na solução de problemas, por exemplo, imaginar que
você é a água passando por uma tubulação para encontrar a melhor disposi-
ção dessa (FERRAREZZO, 2017).

83
Anote isso

Criatividade é privilégio de seres humanos. Não há máquina no mundo que possa pensar cria-

tivamente. Mesmo o fantástico computador Deep Blue, que derrotou Kasparov, campeão mun-

dial de xadrez, não possui pensamento criativo – apenas uma capacidade imensa de combinar

matematicamente opções pré-definidas para alcançar um objetivo previamente determinado.


Esse computador é incapaz de, no decorrer da partida, tomar uma iniciativa que fuja da sua

programação. E, mesmo que fosse, isso só seria possível porque, pelo ser humano, foi progra-

mado para tanto. A própria IBM acredita nessa ideia: seu slogan, em meados da década de 1970,

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era “machines should work, people should think” (máquinas devem trabalhar, pessoas devem

pensar) (SOUZA, 2012).

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UNIDADE X

COMUNICAÇÃO
E EXPRESSÃO NA
ENGENHARIA
Para ser um bom Engenheiro não é suficiente apenas saber utilizar os
conhecimentos adquiridos durante a sua formação. Não basta saber utilizar
as técnicas e instrumentos, saber empregar métodos de cálculo e de análise
de sistemas, conhecer em profundidade os procedimentos técnicos pertinen-
tes à profissão. Até porque alguns deles já estarão obsoletos quando chegar a
hora de usá-los na prática; e muitos outros conhecimentos vistos na universi-
dade jamais serão de fato necessários - de forma direta – durante toda a vida
profissional. De qualquer forma, todos eles cumprem o seu papel no processo
de educação, de formação de uma mentalidade e de abordagem de problemas.

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Um profissional eficiente é, antes de mais nada, aquele que sabe utilizar
os seus conhecimentos, a sua memória, o seu raciocínio e a sua capacidade de
pesquisar. Mas também é aquele que sabe se expressar, comunicando com efi-
cácia idéias e resultados de seu trabalho. Uma boa solução presa na cabeça de
seu criador é praticamente inútil (BAZZO e PEREIRA, 2006).
O Engenheiro precisa saber se comunicar, pois é uma atividade que realiza
constantemente em sua rotina de trabalho. Seja para emitir uma ordem de ser-
viço aos seus subordinados, seja para apresentar um projeto para clientes ou
órgãos financiadores, elaborar relatórios para a diretoria da empresa, preparar
manuais de instalação ou utilização de produtos, ou até mesmo para apresentar
trabalhos técnico-científicos em congressos, seminários, revistas técnicas etc.
Para o trabalho do Engenheiro não basta apenas ter o conhecimento se
não o souber transmitir. E a comunicação não é inerente apenas àquele profis-
sional que deseja seguir carreira no ensino da Engenharia, mas sim para todo
tipo de atuação, pois comunicando-se com eficiência, o Engenheiro consegue
desenvolver bem o seu trabalho e transmitir as mensagens de forma clara e
objetiva de forma que o escopo seja atendido.
O sucesso profissional depende tanto da qualidade do trabalho realizado
quanto da habilidade de fazer com que as pessoas entendam o que foi feito. Ser
compreendido é tão importante quanto ser competente tecnicamente (BAZZO
e PEREIRA, 2006).

86
A ENGENHARIA E A COMUNICAÇÃO

Na Engenharia, é responsabilidade do engenheiro saber qual é o melhor


meio de comunicação para seu público-alvo, seja a escrita, a fala, gráficos, pro-
jetos, plantas, painéis, palestras ou apresentações (MÜLLER, 2013).
O sucesso dos engenheiros depende da boa comunicação, de que as infor-
mações, técnicas ou não, sejam assimiladas. Exige-se do engenheiro o emprego
das práticas da comunicação visual e técnica, pois a comunicação é uma fer-
ramenta fundamental para a disseminação dos conceitos e descobertas no
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

campo da Engenharia, possibilitando que eles sejam usados e desenvolvidos


(SCHMID, 2007).
Pode parecer fácil realizar uma comunicação, transmitir uma mensa-
gem com clareza e receber uma resposta, com o objetivo de compreender a
informação pelas partes envolvidas, porém nem sempre isso ocorre de forma
eficiente. Vários fatores interferem no processo de comunicação, podendo
ocorrer uma falha no processo de emissão e de compreensão da mensagem
(PMKB, 2016).
Não é mais suficiente para um engenheiro conhecer fórmulas, concei-
tos e realizar cálculos, nem saber profundamente os procedimentos técnicos
pertinentes à profissão. É necessário, além de saber usar seus conhecimentos,
raciocínio e sua capacidade de pesquisar, ter uma boa capacidade de expres-
são, comunicando claramente suas ideias e trabalhos (LUIZ, 2012).
Há várias formas de comunicação, entre elas: oral, escrita e gráfica. Sabe-se
que para a engenharia todas são importantes e devem ser aperfeiçoadas e
estudadas.
Saber fazer um bom relatório, conciso e completo, que contenha gráficos
apresentados de forma clara e de fácil entendimento e, no final de tudo, você
ter a capacidade de explicar todo seu trabalho, desde a uma pessoa leiga no
assunto até para seu chefe, fazendo com que todos entendam, é crucial para
qualquer engenheiro.

87
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura – Meios de comunicação na Engenharia.
Fonte: Disponível em: https://images.app.goo.gl/cbNq1Y5PQZrBWJXs5. Acesso em 15 jan 2020.

Os principais meios de comunicação em uma empresa são orais e visuais:


reuniões, entrevistas, relação direta, rádios, alto-falantes, telefones, semáforos,
indicadores por números, informação anual, jornal da empresa, cartas dire-
tas ao pessoal, manual de recepção, circulares, panfletos, boletins, murais etc.
Além desses meios, a comunicação via e-mail, intranet e extranet tem sido a
mais utilizada.
Na intranet, as informações dos diversos departamentos são repassadas
aos colaboradores e os processos administrativos são realizados, propiciando
maior rapidez nas ações do dia a dia da empresa. Melhorando essa comunica-
ção, ela poderá ser expandida para fornecedores, criando uma extranet.
A forma mais usada nas empresas para a comunicação é o e-mail, devido
à sua facilidade de acesso através de smartphones e tablets, imediatamente
após o envio da mensagem e em qualquer lugar. O engenheiro usa dessa forma
de comunicação o tempo todo e em diversas atividades, portanto é impor-
tante saber como empregar essa ferramenta de forma coerente e elegante
(FERRAREZZO, 2017).
A seguir são apresentadas algumas dicas importantes sobre o que fazer ou
não fazer no uso do e-mail:

88
■ Endereço de e-mail profissional: tenha um e-mail exclusivo para usar
na empresa, um endereço corporativo, não trate de assuntos empresa-
riais com o endereço de e-mail pessoal. Ele deve ser escolhido de tal
forma que mostre quem você é e que fique claro para o destinatário
quem está enviando a mensagem.
■ Assunto da mensagem: ao definir o assunto da mensagem, procure ser o
mais objetivo possível. Evite usar o nome da empresa ou frases longas e
lembre-se, as pessoas abrem ou não as mensagens de acordo com o assunto.
■ Copiar todos e responder para todos: estes recursos precisam ser bem
utilizados. Copie todos os envolvidos no assunto a ser tratado, pois o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e-mail é uma prova de que os membros foram informados. Cuidado


antes de responder a todos, pois nem todos os que receberam a mesma
mensagem que você precisam saber a sua resposta. Cuidado se você
pretende responder algo particular, só para uma pessoa do grupo, para
não clicar acidentalmente no “Responder a todos”.
■ Conteúdo da mensagem: evite tratar de vários assuntos no mesmo
e-mail. Use um e-mail para cada assunto e procure sempre ser obje-
tivo, evitando escrever mensagens longas.
■ Confirmação de recebimento: garanta que as pessoas receberam a men-
sagem solicitando confirmação de recebimento do e-mail, pois 35% das
mensagens não chegam aos usuários de e-mail.
■ Estilo: na dúvida do estilo que deve usar para escrever, use a linguagem
culta e técnica para os assuntos corporativos. Algumas empresas são menos
formais e uma abordagem mais informal pode ser utilizada, mas cuidado
com o excesso de humor, que pode ser mal interpretado. Não use letra em
caixa alta, isto significa que você está “gritando”. Evite pontos de exclamação
em excesso e reticências. As abreviações podem ser interessantes em apli-
cativos de bate-papo, mas não devem ser usadas em e-mail corporativos.
■ Abreviações utilizadas: PSC - Para Seu Conhecimento, pode ser subs-
tituída por PSI (Para Sua Informação), em inglês, usa-se FYI (For Your
Information); ASAP - As Soon As Possible – é o mesmo que urgente;
Atte: Atenciosamente (não use att, pois significa at this time).
■ Assinatura do e-mail: seu e-mail deve ter uma assinatura automática, contendo:
nome completo, cargo, telefone fixo com ramal, celular, skype e/ou MSN,
site. Opcional: redes sociais (OGLOBO, 2014; MARKETINGDROPS, 2012).

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura – Importância de verificar o e-mail.

Isto acontece
na prática

Quando a comunicação é ineficaz, problemas acontecem. É o caso de uma grande indústria

paulista, Jofel do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Seu departamento de marketing correu contra

o tempo para preparar o lançamento de uma novidade na data determinada. Faltavam poucos

dias quando se descobriu que estava tudo pronto, menos o produto. A área de marketing não

havia sido avisada que componentes da embalagem do produto, importados, estavam retidos

na alfândega. A empresa teve de adiar o evento e as campanhas de divulgação. Desperdiçou


tempo, dinheiro e ainda sofreu arranhões em sua imagem com fornecedores e clientes [...]”
(ANTONIO, 2011, p. 1)

90
UNIDADE XI

O PROJETO NA
ENGENHARIA
Um dos aspectos mais interessantes da engenharia é o projeto, pois nos
permite criar algo do zero. Para que um engenheiro de projeto seja bem-su-
cedido é necessário que possua uma série de talentos, alguns deles já citados
nos tópicos anteriores, como criatividade, conhecimento e habilidades, para
lidar com pessoas e se planejar.
Apesar dos engenheiros utilizarem os conhecimentos adquiridos pelo método
científico, não é este método que é utilizado no dia a dia dos engenheiros para
a elaboração de seus projetos, utiliza-se o método do projeto de engenharia.
O método de projeto de engenharia possui algumas etapas, que serão

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apresentadas mais detalhadamente nesta unidade e que devem ser seguidas,
porém, não necessariamente de maneira rigorosa, por não ser um procedi-
mento rígido, o profissional possui a liberdade para utilizar o método do modo
que mais adeque ao seu trabalho.
Basicamente o método de projeto de engenharia contém os elementos:
Síntese, junção de vários elementos de maneira integrada; Análise, na qual se
utiliza matemática, ciência, técnicas de engenharia e economia para avaliar
de modo quantitativo o desempenho das diversas alternativas; Comunicação,
onde são realizadas apresentações de modo escrito e oral; e Implementação,
execução do que foi planejado.

O QUE É PROJETO

Projeto, segundo o Guia PMBOK (2013), pode ser definido como sendo um
esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado
exclusivo. Os projetos são temporários, tendo, portanto, início e fim definidos.
Se alcança o fim do projeto quando atingimos os objetivos do projeto, quando
precisamos encerrar o projeto porque os objetivos não podem ser alcançados
ou se não há mais a necessidade de existência do projeto.
Não é porque o projeto é temporário que ele vai ser de curta duração, há
projetos que possuem um tempo de duração muito longo. O que faz o projeto
ser temporário é o seu ciclo de vida, ou seja, uma hora ele vai acabar. Algo muito
importante e que temos que ter em mente é que este termo “temporário” não

92
se aplica aos resultados do projeto, normalmente iremos criar algo que deva
ser feito para durar muito tempo. Por exemplo, no projeto de construção de
um prédio, o projeto dele irá durar até o término da construção, mas, o pré-
dio, que é o nosso resultado, deve ser feito para durar muitos anos.
Cada projeto é único e vai gerar um produto ou serviço únicos. Nós vamos
ter elementos nos projetos que irão se repetir, como os materiais utilizados, a
mesma equipe de projeto, o mesmo modelo de projeto, mas isto não tira a sin-
gularidade de cada resultado, por mais que pareçam iguais. No caso da
construção de prédios, por exemplo, às vezes podem parecer iguais, além de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

utilizar materiais similares, mas cada um tem características diferentes como


a localização diferente, design diferente, clientes diferentes, entre outros.

Figura – Cada projeto é único


Fonte: Pixabay.com – ID: 2682641.

Assim como temos atividades dentro dos projetos que podem ser repetitivas,
também temos atividades que podem ser novas para a equipe de projeto, e quando
isso ocorre é necessário realizar um planejamento mais dedicado do que um tra-
balho de rotina. De acordo com o Guia PMBOK (2013), um projeto pode criar:
■ Um produto que pode ser um componente de outro item, um aprimo-
ramento de outro item, ou um item final;
■ Um serviço ou a capacidade de realizar um serviço (por exemplo, uma
função de negócios que dá suporte à produção ou distribuição);

93
■ Uma melhoria nas linhas de produtos e serviços (por exemplo, um pro-
jeto Seis Sigma executado para reduzir falhas); ou
■ Um resultado, como um produto ou documento (por exemplo, um pro-
jeto de pesquisa que desenvolve o conhecimento que pode ser usado
para determinar se uma tendência existe ou se um novo processo bene-
ficiará a sociedade).

O Guia PMBOK (2013) também nos apresenta como exemplos de projetos:


■ Desenvolvimento de um novo produto, serviço ou resultado;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Efetuar uma mudança na estrutura, processos, pessoal ou estilo de uma
organização;
■ Desenvolvimento ou aquisição de um sistema de informações novo ou
modificado (hardware ou software);
■ Realizar um esforço de pesquisa cujo resultado será apropriadamente
registrado;
■ Construção de um prédio, planta industrial ou infraestrutura; ou
■ Implementação, melhoria, ou aprimoramento dos processos e proce-
dimentos dos negócios existentes.

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Gerenciamento de projetos é realizado quando se aplicam conheci-


mentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades de um projeto para
alcançar seus objetivos. O gerenciamento de projetos é realizado por meio de
processos de gerenciamento de projetos, agrupados em cinco grupos de pro-
cessos pelo Guia PMBOK (2013), sendo estes:
■ Iniciação;
■ Planejamento;
■ Execução;
■ Monitoramento e controle; e
■ Encerramento.

94
Geralmente, o gerenciamento de um projeto normalmente deverá incluir
algumas características como identificar os requisitos necessários; abordar as
necessidades, preocupações e desejos dos envolvidos no planejamento e execu-
ção do projeto; estruturar a comunicação entre os envolvidos no projeto para que
seja a mais eficaz possível, fornecendo informações corretas na hora certa; geren-
ciar as partes interessadas com o objetivo de atender aos requisitos do projeto e a
elaborar as entregas; equilibrar as restrições conflitantes do projeto que podem ser
o escopo, a qualidade desejada, cronograma, orçamento, recursos, entre outros.
As características próprias de cada projeto podem intervir nas restrições
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

em que a equipe de projeto precisa se concentrar. A relação entre esses fatores


é tanta que se algum deles mudar, pelo menos um outro fator mudará tam-
bém. Como exemplo, podemos citar a alteração do cronograma do projeto,
com uma abreviação no tempo de vida deste, em muitas vezes, se isso acon-
tece, precisaremos aumentar o orçamento para incluir recursos adicionais com
a finalidade de concluir a mesma quantidade de trabalho em menos tempo.
Caso não haja recursos financeiros para tal, será necessário reduzir a quali-
dade, por exemplo, para entregar o produto em menos tempo.
Como um projeto é passível de mudanças, a elaboração do plano de geren-
ciamento do projeto é uma atividade iterativa, elaborada ao longo do ciclo de
vida do projeto. O modo como é feita esta elaboração permite melhorar con-
tinuamente o plano do projeto à medida que informações mais precisas e
estimativas mais exatas tornam-se disponíveis.

PAPEL DO GERENTE DE PROJETOS

Dentro de uma equipe de projetos você pode se tornar o gerente, mas,


qual seria sua função? O gerente de projetos é a pessoa cuja função é liderar a
equipe designada para atingir os objetivos do projeto.
Ele tem um papel diferente do gerente funcional e do gerente operações.
O gerente funcional, geralmente busca supervisionar o gerenciamento de uma
unidade funcional ou de negócios, enquanto os gerentes de operações têm como
responsabilidade buscar a eficiência das operações de negócios.

95
Os gerentes de projetos, de um modo abrangente, têm como função atender
necessidades que podem ser: de tarefas, necessidades de equipe e necessidades
individuais. O gerente de projetos acaba se tornando o elo entre a estratégia e a
equipe, pois o projeto é uma parte indispensável ao crescimento e sobrevivên-
cia das organizações. Os projetos ajudam na criação de valor, melhorando os
processos de negócios, são essenciais para o desenvolvimento de novos produ-
tos e serviços, e tornam o processo de mudanças na organização mais fáceis.
Dessa forma, a função do gerente de projetos torna-se cada vez mais
estratégico. Porém, compreender e aplicar corretamente o conhecimento, as

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ferramentas e técnicas de projeto não são suficientes para um bom gerencia-
mento de projetos. Além das habilidades técnicas específicas e das proficiências
de gerenciamento geral do projeto, o gerenciamento de projetos bem feito exige
que o gerente possua as seguintes competências, segundo Lopes, Gonçalves e
Pacagnella Júnior (2014):
■ Conhecimento: Refere-se ao que o gerente de projetos sabe sobre geren-
ciamento de projetos.
■ Desempenho: Refere-se ao que o gerente de projetos é capaz de fazer ou
realizar quando aplica seu conhecimento em gerenciamento de projetos.
■ Pessoal: Refere-se ao comportamento do gerente de projetos na execu-
ção do projeto ou atividade relacionada. A efetividade pessoal abrange
atitudes, principais características de personalidade, e liderança, que
fornecem a habilidade de guiar a equipe do projeto ao mesmo tempo
em que atinge objetivos e equilibra as suas restrições.

EQUIPE DO PROJETO

Agora nós iremos falar sobre um elemento muito importante para o bom
desempenho de um projeto, que é a equipe que irá trabalhar nele. Fazem parte
da equipe do projeto o gerente do projeto e o grupo de pessoas que trabalham
em conjunto para executar o trabalho e alcançar os objetivos propostos.

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Compõem a equipe pessoas de áreas diferentes, que possuem conhecimentos
sobre um assunto específico ou habilidades específicas para executar cada etapa.
Esta equipe é estruturada e as características dela podem variar, porém uma carac-
terística que não muda é a função do gerente de projetos como líder da equipe,
não importa qual seja o nível de autoridade que ele tenha sobre os seus membros.
Como apresenta o Guia PMBOK (2013), as equipes de projeto incluem
papéis como:
■ Pessoal de gerenciamento do projeto: aqueles que realizam as ativida-
des relacionadas com o gerenciamento do projeto, sendo estas elaborar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

cronograma, orçamento e relatórios e atividades de controle, comuni-


cações, gerenciamento dos riscos e suporte administrativo.
■ Recursos humanos do projeto: os membros responsáveis por organizar
e gerenciar a equipe do projeto.
■ Especialistas de suporte: os especialistas de suporte atuam realizando
atividades específicas de cada área de atuação, estas atividades podem
ser gerenciamento financeiro, logística, jurídicas, de segurança, enge-
nharia, testes ou controle da qualidade. De acordo com o tamanho do
projeto estes especialistas podem trabalhar integralmente ou somente
quando suas habilidades forem exigidas.
■ Representantes de usuários ou de clientes: são os membros da equipe
para os quais o projeto é realizado. Eles fazem parte da equipe como
forma de manter contato com o cliente e assim garantir uma coorde-
nação adequada, orientada sobre os requisitos exigidos e que podem
validar a aceitabilidade dos resultados do projeto.
■ Vendedores: são empresas externas contratadas para fornecer os mate-
riais ou serviços necessários ao projeto. A equipe do projeto possui a
responsabilidade de supervisionar o desempenho e a aceitação das entre-
gas ou serviços dos vendedores.
■ Parceiros de negócios: são empresas externas também, mas com uma
relação especial com a empresa, que pode ser obtida por meio de um pro-
cesso de certificação. Estes parceiros concedem consultoria especializada
ou desempenham um papel específico, como instalação, personaliza-
ção, treinamento ou suporte.

97
■ Membros parceiros de negócios: membros de organizações parceiras
podem fazer parte da equipe de projeto para assegurar sua coordena-
ção adequada.

A composição das equipes de projeto varia de acordo com fatores como


localização e tempo de dedicação ao projeto, conforme ocorre essa variação,
varia também o nível de autoridade do gerente para com a equipe.
Em relação ao tempo de dedicação ao projeto, nós temos dois tipos, a
equipe dedicada e a de tempo parcial. Na dedicada todos, ou pelo menos à
maioria dos membros da equipe, irão exercer suas funções em tempo integral

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e se reportam diretamente ao gerente do projeto. Para o gerente, esta estru-
tura é a mais fácil de lidar, devido às linhas de autoridade que são mais claras,
e ao fato de que os membros da equipe podem se concentrar exclusivamente
aos objetivos do projeto.
Já na equipe de tempo parcial, os projetos são estabelecidos como um
trabalho adicional temporário, então, tanto o gerente de projeto como os mem-
bros da equipe trabalham no projeto, porém continuam em suas organizações
desempenhando suas funções. Neste caso, geralmente, o gerente do projeto
continua a executar outras tarefas de gerenciamento e os membros da equipe
podem ser alocados para mais de um projeto de uma vez.
Como comentamos, a composição da equipe do projeto pode variar tam-
bém conforme a localização geográfica de seus membros. Como exemplo temos
as equipes de trabalho virtuais. Atualmente temos tecnologias de comunica-
ção que nos permitem ter este tipo de estrutura, em que os membros da equipe
podem estar localizados em locais ou países diferentes do restante dos outros
membros. Para ter este tipo de equipe é necessário disponibilizar ferramentas
colaborativas, como espaços de trabalho compartilhados on-line e videocon-
ferências. O gerente que lidera uma equipe virtual deve entender as diferentes
culturas dos membros, as horas de trabalho, os fusos horários, as condições
locais e os diferentes idiomas.

98
CICLO DE VIDA DO PROJETO

Como já mencionado nos tópicos acima, o projeto é um esforço temporá-


rio, possuindo um ciclo de vida que, segundo Reis (2011), são as várias etapas
pelas quais um projeto passa, do início ao fim. As etapas normalmente seguem
uma sequência pré-estabelecida e os nomes e a quantidade de etapas podem
variar de acordo com as necessidades de gerenciamento, o tipo de projeto e
sua área de aplicação. Frequentemente, são restringidas pelo tempo, possuindo
início e fim definidos ou um ponto de controle.
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O ciclo de vida nos apresenta uma estrutura básica para o gerenciamento


do projeto, por isso, é importante retratarmos este ciclo em uma metodologia
para que todas as fases sejam detalhadas e conhecidas antes do início do projeto.
Apesar dos projetos variarem em tamanho e complexidade, todos eles
podem ser mapeados para a estrutura genérica de ciclo de vida a seguir, como
apresenta o Guia PMBOK (2013):
■ Início do projeto,
■ Organização e preparação,
■ Execução do trabalho do projeto, e
■ Encerramento do projeto.

Segundo o Guia PMBOK (2013) a estrutura genérica do ciclo de vida geral-


mente apresenta as seguintes características:
■ Os níveis de custo e de pessoal são baixos no início, atingem um valor
máximo enquanto o projeto é executado e caem rapidamente conforme
o projeto é finalizado.
■ A curva típica de custo e pessoal acima pode não se aplicar a todos os
projetos. Um projeto pode exigir despesas substanciais para assegu-
rar os recursos necessários no início do seu ciclo de vida, por exemplo,
ou dispor de uma equipe completa bem no início do seu ciclo de vida.
■ Os riscos e incertezas são maiores no início do projeto. Esses fatores
diminuem ao longo da vida do projeto à medida que as decisões são
tomadas e as entregas são aceitas.

99
■ A capacidade de influenciar as características finais do produto do pro-
jeto, sem impacto significativo sobre os custos, é mais alta no início do
projeto e diminui à medida que o projeto progride para o seu término.

As características citadas estão presentes até certo momento nos ciclos


de vidas de praticamente todos os projetos, porém não se apresentam sempre
com a mesma intensidade. O ciclo de vida do projeto será apresentado mais
detalhadamente nos próximos tópicos, onde iremos falar sobre o método do
projeto de engenharia.

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Anote isso

Sugestão de leitura:

Guide to the Project Management Body of Knowledge (ou guia para o conjunto de conhecimen-

tos de gerenciamento de projetos), mais conhecida como PMBOK e já citada nesta unidade. Ele

é considerado por muitos autores como um evento que marcou o antes e o depois do Guia na

história da gestão de projetos. O PMBOK foi elaborado pelo Project Management Institute (PMI),

mais precisamente, pelo comitê de padronização do PMI.

O PMBOK tem como objetivo abordar os principais aspectos pertencentes ao gerenciamento

de um projeto, porém não de ser utilizado como metodologia, pois cada projeto possui sua

singularidade. O Guia é, na realidade, um método de padronização que determina e conceitua

processos, áreas de conhecimento, ferramentas e técnicas, portanto o gerente de projetos deve

se basear no Guia para gerenciar seu projeto, sempre buscando o que melhor se adapta para

sua situação. Se você pensa em gerenciar projetos, é altamente recomendável a leitura deste

Guia antes de iniciar seus trabalhos.

100
UNIDADE XII

O MÉTODO DE PROJETO
DE ENGENHARIA – I
Neste tópico iremos apresentar de modo detalhado o método de projeto de enge-
nharia, este método é genérico e não precisa ser seguido à risca, mas seguiremos as
etapas descritas por Holtzapple e Reece (2015) e ilustradas na Figura a seguir.

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Figura – o método de projeto de Engenharia.


Fonte: Holtzapple e Reece (2015).

As quatros etapas iniciais devem ser realizadas em sequência, as quatro


etapas seguintes devem ser repetidas três vezes: no estudo de viabilidade, fase
em que esboçamos as ideias; no projeto preliminar, em que as ideias com mais
chance de sucesso são estudadas mais detalhadamente; e no projeto detalhado,
onde, a melhor alternativa de projeto é altamente detalhada por meio de dese-
nhos e especificações.

102
Depois de feito isso, as duas últimas etapas são realizadas em sequência.
Como resultado de um projeto de engenharia temos um produto, serviço ou
processo feito para atender as necessidades da sociedade. Nos próximos tópi-
cos serão detalhadas cada uma das etapas do método de projeto de engenharia.

PRIMEIRA ETAPA: IDENTIFICAR A NECESSIDADE E


DEFINIR O PROBLEMA
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Todo trabalho de um engenheiro surge quando é identificada uma neces-


sidade, visto que este profissional utiliza seus conhecimentos para suprir as
necessidades da humanidade. Essas necessidades podem ser detectadas, por
exemplo, por engenheiros criativos, que estão sempre questionando tudo ao
redor e procurando uma maneira melhor de fazer algo.
Outras necessidades podem surgir por meio da percepção dos gerentes ou
do setor de vendas de uma indústria, que conhecem o mercado consumidor
e podem verificar a necessidade de um novo produto. Campanhas políticas
podem criar necessidades ao fazer promessas aos eleitores de estabelecimento
de novas estradas ou prédios. A crescente urbanização e industrialização
provoca impactos no meio ambiente e cria a necessidade de reduzir estes
impactos. Geralmente o engenheiro não detecta as necessidades, depois
que estas surgem é que o engenheiro se apresenta à humanidade para suprir
estas demandas.
Depois que identificamos a necessidade, é preciso definir o problema. Esta
etapa é de extrema importância, pois se identificarmos o problema errado, todas
as etapas realizadas posteriormente serão perdidas. Como exemplo, vamos ima-
ginar uma estrada que tenha muitos congestionamentos e, consequentemente,
cause atrasos aos motoristas. Como problema para o exemplo podemos definir:
“Como aumentar a capacidade da estrada para receber mais tráfego?” Porém,
por experiência sabemos que quando se aumenta a capacidade de uma via, a
duplicando por exemplo, outros motoristas que não a utilizavam antes ficam
sabendo deste aumento e passam a trafegar por ela, aumentando assim o trá-
fego, e os congestionamentos continuam.

103
Pode ser que o problema não seja a capacidade da via. Talvez, para resolver
este problema, precisamos construir uma pista exclusiva para ônibus ou para
caminhões dependendo dos tipos de veículos que trafegam pela via. Podemos
então mudar o problema para: “Como podemos elaborar um sistema de trans-
porte que seja mais rápido e mais eficiente?”

SEGUNDA ETAPA: MONTAR A EQUIPE DE PROJETO

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Como os projetos modernos de engenharia têm atualmente uma alta com-
plexidade, dificilmente um projeto é realizado por uma única pessoa, pelo
contrário, o projeto é elaborado por uma equipe formada por pessoas com pos-
suem habilidades que se complementam. Até algum tempo atrás utilizava-se
a engenharia sequencial, onde o projeto seria realizado de maneira comparti-
mentada, onde cada especialista trabalhava separadamente dos demais.
De acordo com Santos (2015), neste sistema de engenharia sequencial cada
uma das etapas do projeto é realizada de maneira isolada, por diferentes espe-
cialistas, sem integrar um ao outro, apesar de se tratar do mesmo projeto final.
Ao término de cada uma das etapas, é necessário elaborar um projeto de com-
patibilização, que vai analisar e unir todos os planejamentos realizados, com o
objetivo de resolver conflitos entre os sistemas projetados.
Um dos problemas encontrados na engenharia sequencial é o desenvolvimento
do projeto de compatibilização, que demanda uma quantidade considerável de
tempo para sua elaboração, porém, o maior problema é que a resolução dos confli-
tos, muitas vezes, exige novas revisões dos projetos iniciais, demandando ainda mais
tempo. A demora causada por este processo acaba reduzindo também os níveis de
qualidade e detalhamentos, além de prejudicar o início e/ou andamento das obras.
Visando suprir as necessidades da engenharia sequencial, foi criada a engenha-
ria simultânea, na qual os especialistas fazem parte da mesma equipe trabalhando de
maneira integrada, facilitando o compartilhamento de informações e todas as etapas
do projeto são realizadas de maneira paralela e integrada. Este novo sistema possi-
bilita maior agilidade nas tomadas de decisão levando em conta todos os sistemas
e características do projeto, fazendo com que um se ajuste ao outro de modo eficaz.

104
Com a engenharia 
sequencial os projetos são elaborados de maneira har-
mônica, mais rápido e mais eficiente. Dessa forma, a vantagem da utilização
deste sistema é principalmente a redução significativa do tempo utilizado para
a elaboração da fase de projeto e contribuição para o cronograma de obras,
visto que a qualidade dos projetos elaborados irá minimizar os erros e proble-
mas de execução que seriam corrigidos in loco.

TERCEIRA ETAPA: IDENTIFICAR LIMITAÇÕES E


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CRITÉRIOS DE SUCESSO

Todos os projetos possuem algum tipo de restrição, devido aos recursos


que são finitos. Devemos identificar essas limitações já no início do projeto,
visto que afetam o planejamento. De acordo com Holtzapple e Reece (2015),
fontes típicas de limitações são listadas a seguir:
■ Orçamento: se faz necessário o conhecimento do orçamento antes que
o projeto se inicie, pois, ele nos informa quais recursos podem ser uti-
lizados no projeto.
■ Tempo: temos que conhecer em quanto tempo temos que concluir o
projeto, pois é ele quem vai ditar a quantidade e quais operações podem
ser consideradas. Nós temos projetos com urgência, por exemplo, que
precisam ser terminados com rapidez, por isso a importância.
■ Pessoal: o engenheiro deve conhecer sua equipe e quais as habilida-
des de cada um para que os possa alocar para suas respectivas funções.
■ Leis: antes do início do projeto, precisamos conhecer quais são as exi-
gências dos diversos órgãos governamentais que precisam ser atendidas,
pois as leis podem ser muito restritivas, e as limitações causadas por
elas podem gerar grandes atrasos e custos desnecessários se não esti-
verem incluídas no projeto.
■ Propriedades de materiais e disponibilidade: sempre houve limitações
devido às propriedades dos materiais, e elas devem ser levadas em conta,
para que possamos decidir quais materiais utilizar em nossos projetos.

105
■ Construção com itens do estoque: devemos saber se teremos que utili-
zar itens que já estão em estoque, se temos estes itens em estoque, ou se
podemos comprar os materiais de acordo com as necessidades do projeto.
■ Competição: é necessário saber se o produto final é único ou teremos
concorrência com produtos parecidos.
■ Viabilidade de fabricação: outra fonte de limitação é conhecer se o seu
projeto é viável ou não.
Depois que identificamos os fatores que limitam os projetos, se faz neces-
sário identificar o critério de sucesso, ou seja, quais são os objetivos do projeto.

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Holtzapple e Reece (2015) definem como possíveis objetivos:
■ Estética: quando fazemos projetos pensando no consumidor devemos
levar em consideração a estética do nosso produto. A estética vai deter-
minar se nosso produto vai ser um sucesso ou não, pois não importa
qual seja a resistência ou funcionalidade de um produto, se ele for feio
ninguém comprará.
■ Desempenho: o desempenho, geralmente é determinado por quem está
produzindo, mas em determinadas situações pode atender a uma exi-
gência do consumidor.
■ Qualidade: já a qualidade é sempre determinada pelo consumidor, os
produtos devem atender às exigências do consumidor para que o mesmo
seja considerado de qualidade.
■ Fatores humanos: como a maior parte dos produtos são utilizados por
humanos, devemos considerar os usuários humanos para realizar nos-
sos projetos.
■ Custo: por mais que um produto seja bonito, com qualidade e de fácil
utilização, se for muito caro não terá sucesso no mercado. Devemos
considerar dois tipos de custos: o custo de capital inicial, que é o preço
de venda do produto, e o custo do ciclo de vida, que são os custos com
a utilização e manutenção.
■ Segurança: deve-se sempre projetar produtos seguros para quem o vai
utilizar. Como não é possível produzir produtos totalmente seguros,
devido aos custos, o engenheiro deve seguir padrões de segurança pre-
viamente estabelecidos.

106
■ Ambiente de operação: o engenheiro deve projetar os produtos de
acordo com o ambiente de operação, se vai ser submetido a tempera-
turas muito altas ou muito baixas, se pode sofrer corrosão, entre outras
características.
■ Efeito nas cercanias: devido ao aumento da preocupação com as degra-
dações ambientais que determinados processos causam, devemos levar
em conta os efeitos que nossos projetos podem causar nos arredores,
como poluição, vibrações e descarte de resíduos.
■ Logística: devemos considerar a logística nos nossos projetos, desde a
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compra de matéria-prima até os suportes de manutenção de nossos pro-


dutos, se não estiverem próximos podem causar atrasos e custos altos.
■ Confiabilidade: um produto confiável é aquele que desempenha a fun-
ção prometida pelo período especificado e no ambiente determinado
pelo usuário.
■ Viabilidade de manutenção: o produto deve ter a possibilidade de manu-
tenção sempre que necessário.
■ Facilidade de conserto: se o produto tiver a possibilidade de manutenção,
ele também será consertável, algo que é considerado muito importante
pelos consumidores.
■ Disponibilidade: é necessário que um produto esteja sempre disponí-
vel para o uso.

Depois de identificar o que se espera de um produto, é necessário deter-


minar sua importância relativa. No próximo tópico iremos estudar as demais
etapas do projeto.

107
Isto acontece
na prática

Paul MacCready, o Engenheiro do Século

Em 1997, Paul MacCready se tornou famoso ao receber o Prêmio Kremer, de U$95 mil, por ser

a primeira pessoa a construir um aeroplano mais pesado que o ar, movido a energia humana
e capaz de voar de forma sustentada e controlada. Paul o recebeu por construir o Gossamer

Condor. Henry Kremer então ofereceu um prêmio de U$213 mil à primeira pessoa a construir

um aeroplano mais pesado que o ar, movido pela força humana e capaz de atravessar o Canal da

Mancha. Em 1979, o Gossamer Albatross, de MacCready, venceu o desafio. Em 1981, MacCready

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
construiu o Solar Challenger, que carregou um piloto por 261 km a 3350 m de altitude em um

veículo movido pela energia solar. Em 1984, seu Bionic Bat movido a energia humana recebeu

dois Prêmios Kremer por velocidade. Em 1987, ele construiu o Sunny Racer, carro movido a

energia solar que venceu uma corrida na Austrália. Em 1990, MacCready introduziu o automóvel

elétrico Impact, que foi produzido em massa pela General Motors. Paul MacCready fundou a Ae-

roVironment, Inc., uma companhia envolvida com a qualidade do ar, resíduos perigosos, fontes

alternativas de energia e veículos eficientes. MacCready recebeu diversos prêmios, incluindo a

Medalha de Ouro do Engenheiro do Século.

Fonte: Introdução à Engenharia dos autores Holtzapple e Reece.

108
UNIDADE XIII

O MÉTODO DE PROJETO
DE ENGENHARIA – II
Neste tópico iremos continuar abordando as etapas no método de projeto
de engenharia.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura - Estudo de viabilidade faz parte do método de projeto de Engenharia.
Fonte: Freepik.com

QUARTA ETAPA: BUSCAR SOLUÇÕES

Esta etapa exige que os engenheiros busquem ideias para resolver os pro-
blemas do projeto. A geração de ideias faz parte de um processo criativo, não
podendo, portanto, ser feita por meio de um algoritmo. Em vez disso, Holtzapple
e Reece (2015) oferecem algumas heurísticas:
■ Posso eliminar a necessidade? Os engenheiros sempre devem pensar
de modo com que consigam eliminar totalmente a necessidade e não
somente “remediá-la” com soluções alternativas.
■ Questione as hipóteses básicas: sempre questione como as coisas estão
sendo feitas, você pode encontrar a solução para um problema somente
mudando o método de realizá-lo.
■ Adquira conhecimento: na engenharia o surgimento das ideias não

110
acontece do zero, trabalhamos sobre uma base de conhecimento. Na
busca de uma solução, o engenheiro deve buscar tanto conhecimento
quanto possível sobre o problema estudado.
■ Empregue analogias: quando se utiliza analogias, o engenheiro de proje-
tos pode analisar informações de outras áreas, encontrar as similaridades
e utilizá-las em seu projeto.
■ Identifique os parâmetros críticos: vários projetos possuem uma carac-
terística crítica que deve ser eliminada para se adquira a funcionalidade
do projeto, depois que estes parâmetros são caracterizados e elimina-
dos, o projeto terá uma solução funcional.
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■ Altere a sequência de etapas: geralmente os processos seguem etapas


pré-estabelecidas, porém, pode ser que para a solução de um problema
seja somente necessário inverter as etapas desse processo, esteja sem-
pre disposto a questionar o modo como são realizadas.
■ Use a imaginação: enquanto está realizando o projeto, imagine este pro-
jeto pronto e você vistoriando o produto final.
■ Empregue princípios básicos de engenharia: ao longo de sua graduação
você aprenderá vários princípios básicos de engenharia, procure sem-
pre empregá-los em seus projetos.

Para ajudar na busca pelas soluções de um projeto, devemos nos colocar


em um ambiente e em situações que estimulem nossa criatividade e isso varia
de pessoa para pessoa, por isso teste ambientes e situações até encontrar a que
mais estimule sua criatividade.

ESTUDO DE VIABILIDADE

Este estudo tem como objetivo eliminar ideias de modo rápido, olhando o
quadro de maneira geral e focando nos aspectos mais importantes do problema.
Quinta Etapa - Analisar cada solução em potencial: nesta primeira aná-
lise de cada solução em potencial, a equipe do projeto pode utilizar cálculos
simples ou heurísticas simples, como número de etapas do projeto, número de
componentes, para caracterizar cada projeto e analisar as opções de projeto.

111
Sexta Etapa – Escolher a Melhor Solução: apesar de os engenheiros gosta-
rem de analisar cada opção de maneira detalhada, isso geralmente é impossível.
Como não temos tempo suficiente para fazer esta análise detalhada, é neces-
sário excluir algumas opções com base no estudo de viabilidade.
Sétima Etapa – Documentar a Solução: depois de buscar a solução e
fazer as escolhas, os resultados devem ser documentados de forma escrita. O
relatório tem que conter o problema, os critérios de sucesso identificados, a des-
crição e análise das várias opções, a descrição de como foi feita a classificação
da melhor opção e a recomendação da melhor opção. Depois de finalizado, o

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relatório deve ser entregue a todos os componentes da equipe para que todos
trabalhem em sincronia.
Oitava Etapa – Comunicar a Solução à Gerência: os engenheiros devem
sempre relatar os resultados obtidos à gerência, enviando uma cópia do rela-
tório que foi desenvolvido nesta etapa.

PROJETO PRELIMINAR

O estudo de viabilidade, de acordo com Holtzapple e Reece (2015), tem


como função fazer uma investigação rápida para descobrir se vale a pena levar
o projeto adiante. Se a resposta for positiva, os engenheiros devem se dedicar
então a um estudo mais detalhado que o de viabilidade.
Quinta Etapa - Analisar cada solução em potencial: no projeto preliminar
os engenheiros vão utilizar cálculos mais detalhados para analisar os projetos
que se mostraram mais promissores no estudo de viabilidade.
Sexta Etapa – Escolher a Melhor Solução: a análise deste projeto traz infor-
mações a mais com as quais identificamos a melhor solução. Um método para
determinar a melhor solução é listar as vantagens de desvantagens de cada opção.
Sétima e Oitava Etapas – Documentar a Solução e Comunicá-la à Gerência:
os resultados obtidos com este projeto também devem ser documentados em um
relatório, que primeiramente deve passar pelos membros da equipe para que todos
concordem com seu conteúdo, para então ser repassado para a gerência. O rela-
tório deve possuir o mesmo conteúdo do estudo de viabilidade, porém com mais

112
detalhes. Este relatório deverá ser apresentado à gerência de maneira oral, para que
eles possam fazer perguntas sobre o projeto e determinar se é viável seguir em frente.

PROJETO DETALHADO

Se o projeto passou com sucesso pelo projeto preliminar, pode seguir


adiante, para a fase do projeto detalhado. Este projeto envolve uma equipe
grande que irá trabalhar na solução que surgiu do projeto preliminar.
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Quinta a Oitava Etapas do Projeto Detalhado: neste projeto todos os


componentes da solução serão especificados muito mais detalhadamente.
Características como materiais, tolerâncias, dimensões e etapas de processa-
mento devem ser relatadas em desenhos e relatórios detalhados que permitem
a construção de um protótipo.

NONA ETAPA: CONSTRUIR A SOLUÇÃO

Segundo Santos (2015), depois da construção do protótipo, a partir dos


documentos elaborados no projeto detalhado, ele vai para teste, e se o teste for
bem-sucedido, o projeto será finalizado. Nesta fase há muitas pessoas envolvidas,
os fornecedores de matéria-prima devem ser identificados e, se for necessário
elaborar contratos, devem ser realizados nesta etapa.

DÉCIMA ETAPA: VERIFICAR E AVALIAR

O trabalho do engenheiro não estará terminado até que o produto seja


fabricado por completo. Depois de finalizado o produto deve-se verificá-lo e
avaliar se está realmente condizente com o projeto e se atende às necessidades
e especificações do cliente. Caso a resposta seja negativa, mudanças devem ser
feitas para adequá-lo ao pedido do cliente. Caso a resposta seja positiva, pode-
-se finalizar o presente projeto e então dedicar-se a novos.

113
Isto acontece
na prática

Uma etapa muito importante no desenvolvimento de projetos é o registro de todas as etapas.

Um excelente exemplo disso pode ser observado na criação do removedor de ferrugem, muito

conhecido no mercado pelas suas diversas aplicações, o WD-40. O WD-40 foi inventado há mais
de 60 anos, em 1953, por três funcionários da Rocket Chemical Company. A partir de um pequeno

laboratório em San Diego, Califórnia, procuraram criar uma gama de solventes e desengordu-

rantes que prevenisse a ferrugem, para utilização na indústria aeroespacial. O chefe da equipe,

o químico Norm Larsen, procurava uma solução para a NASA que repelisse a água, de modo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a proteger o míssil espacial Atlas contra a ferrugem e a corrosão. No entanto, só ao final de 40

tentativas é que Larsen e a sua equipe descobriram a fórmula de renome mundial. Daí o nome

do produto, WD-40: Water Displacement – 40ª tentativa.

Disponível em: https://wd40.pt/diversos/o-que-e-e-para-que-serve-wd-40-produto-multiusos/.

Acesso em 12 jan 2020.

114
UNIDADE XIV

A ENGENHARIA
APLICADA NA
RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS
O trabalho do engenheiro é uma incessante procura pela redução de peso,
custo, consumo e pelo aumento do rendimento de sistemas, da sua produti-
vidade, utilidade. Como sempre, existem várias soluções para cada problema,
o engenheiro deve também estar apto a selecionar a melhor dentre elas. Essa
seleção nem sempre se dá por decisões puramente técnicas, nem acontecem
por passe de mágica. Além do mais, um bom profissional jamais estará satis-
feito com o seu trabalho enquanto não conseguir melhorar uma solução até
quanto lhe for possível. O procedimento utilizado para se chegar a estes obje-
tivos é a otimização.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Otimização é o processo de procura por uma solução que forneça o máximo
benefício segundo algum critério; ou seja, é a busca da melhor condição.
Afirmamos que é procura, porque nem sempre a condição ótima é alcançada,
embora o ótimo seja sempre uma meta. Às vezes, restrições econômicas, de
tempo, de recursos técnicos ou mesmo de falta de conhecimento limitam essa
busca pelo ótimo.
Por ótimo entendemos o melhor possível, ou seja, a melhor solução para
um problema ou a condição mais favorável de um parâmetro, que pode apa-
recer de diferentes formas. Por exemplo, em algumas situações procuramos
por um máximo - como no caso de melhorar a produtividade na colheita de
grãos numa plantação de soja -, e em outras, por um mínimo – quando pro-
curamos reduzir um custo - como no caso em que queremos reduzir os gastos
com transporte de frangos entre o aviário e o abatedouro. Assim, o processo
de otimização em engenharia pode ser entendido como um procedimento de
maximizar ou minimizar variáveis (BAZZO e PEREIRA, 2006).
Entretanto, em todo processo de otimização, o engenheiro em algum
momento irá se deparar com uma situação na qual ele deverá tomar uma deci-
são que, de acordo com Lachtermacher (2016), é identificar um problema (ou
oportunidade) e escolher uma forma de resolvê-lo. O problema ocorre quando
o estado atual de um cenário é diferente do esperado e a oportunidade se dá
no momento em que as circunstâncias permitem que metas ou objetivos sejam
superados. De modo complementar, a definição de decisão segundo Chiavenato
(2003) remete ao “processo de análise e escolha entre as alternativas disponí-
veis de cursos de ações que a pessoa deverá seguir”.

116
Para auxiliar no processo de tomada de decisão, o engenheiro desenvolve
ao longo da sua formação diversas habilidades e competências, além de dispor
de inúmeras ferramentas para essa aplicação. Nesta unidade serão discutidas
duas importantes ferramentas que são a modelagem e a simulação aplicada
na resolução de problemas.

MODELAGEM EM ENGENHARIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Imagine como seria a construção de um transatlântico, de uma aeronave


comercial, de uma barragem para uma usina hidrelétrica ou de uma indústria
petroquímica se os responsáveis pela obra partissem diretamente para a sua
fabricação. Se, depois de conceber mentalmente a obra - fundamentados ape-
nas na concepção de alguma solução - rapidamente eles começassem a juntar
materiais, operários, recursos financeiros, equipamentos, espaço físico e partis-
sem para a construção. É bem possível que o resultado não fosse dos melhores.
Ao menos três grandes preocupações constantes da engenharia estariam seve-
ramente comprometidas neste caso: segurança, custos e eficiência do sistema.
É muito arriscado, além de difícil, e às vezes até impossível, propor uma
solução direta para muitos problemas, dando-lhe imediatamente um corpo para,
em seguida, colocá-la em operação. Esta dificuldade não ocorre apenas nestes
casos extremos, de grandes obras ou de produtos sofisticados. Mesmo quando
o objetivo é a construção de produtos visivelmente mais simples, como uma
tesoura, uma campainha elétrica ou um pequeno galpão rural, há a necessi-
dade de algum tipo de planejamento para que se alcance o sucesso pretendido.
Durante este planejamento, uma das principais tarefas do engenheiro é
modelar adequadamente o problema. Modelar no papel, na mente, num labo-
ratório ou no computador uma representação do produto final é um passo
indispensável para a construção de algo. Modelar, no caso, pode ser a cons-
trução de uma maquete ou a dedução de equações representativas do sistema.
Pode ser também uma descrição formal, no papel, com esquemas e palavras,
daquilo que se pretende construir. Dessa forma, podemos representar o produto
- antes da sua concretização - usando para isso artifícios que nos possibilitem

117
compreender o que de fato ele será - a sua essência, funcionamento, detalhes
construtivos, operação, manutenção etc.
Modelar significa representar o sistema físico real, ou parte dele, em forma
física ou simbólica de maneira convenientemente preparada para predizer
ou descrever o seu comportamento. A modelagem é a atividade de construir
o modelo para representar o sistema físico real, ou seja, é o ato de modelar
(BAZZO e PEREIRA, 2006).
Os modelos são uma representação simplificada da realidade, pois além do
nível de complexidade da realidade, têm alguns parâmetros que podem exer-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cer alguma influência no comportamento real, mas que não nos interessam.
É evidente que quanto mais o modelo se aproximar da realidade, mais com-
plexo será e mais difícil para obter a solução ótima, necessitando, para tanto,
de um maior processamento (MUNHOZ e AOKI, 2018).
Agora que você já sabe que o engenheiro pode fazer a utilização de mode-
los na busca por uma solução ótima para um problema, ou para auxiliar no
processo de tomada de decisão, vamos conhecer quais são os principais tipos
de modelos e suas características.
Os modelos podem ser classificados em icônicos, que também podem ser
chamados de concretos, modelos analógicos e modelos simbólicos, também
chamados de abstratos.
Os modelos icônicos são aqueles que são construídos por meio de fatos
da realidade, tal como o mapa da malha do metrô de São Paulo, com a divi-
são dos bairros, apresentado na Figura.

118
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura – Mapa da cidade de São Paulo


Fonte: Disponível em: https://images.app.goo.gl/gMNxKv1dw5HS4u8C8. Acesso em 14 jan 2020.

119
Os modelos analógicos são uma representação física de um fenômeno ou
processo para que possamos entender adequadamente seu funcionamento ou
origem. Por exemplo, um termômetro é um modelo analógico que tem como
finalidade medir a temperatura, ou seja, por meio de um termômetro conse-
guimos representar um fenômeno físico e fazer uma medição.
Já os modelos abstratos são aqueles que serão aplicados na pesquisa opera-
cional, pois eles podem ser utilizados para o estudo de propriedades por meio
da simulação. Normalmente este é o tipo de modelo utilizado por engenhei-
ros na resolução de problemas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SIMULAÇÃO EM ENGENHARIA

É muito comum ouvir o termo “simular” e suas variantes em diversas situ-


ações do nosso cotidiano, como: simular o valor do benefício a receber diante
as novas regras da aposentadoria, simular o financiamento da casa própria,
simular o comportamento de um novo modelo de automóvel no túnel de vento.
Até mesmo no jogo de futebol de fim de semana ouvimos que o jogador simu-
lou sofrer uma falta.
Encontramos o significado de simular em diversos dicionários como
“imitar”, “replicar”, “repetir” e outros que se assemelhe a “representar com
semelhança”. No ambiente de Engenharia a simulação é uma ferramenta muito
aplicada, com objetivos específicos em diversas situações em sua rotina. Por
exemplo, simular a força do vento e as cargas em uma estrutura metálica, de
acordo com o tipo de material utilizado; programação da produção para veri-
ficar a existência de gargalos em indústrias de alimentos etc.

“Simulação implica na modelagem de um processo ou sistema, de tal


forma que o modelo imite as respostas do sistema real numa sucessão
de eventos que ocorrem ao longo do tempo” (SCHRIBER, 1974 apud
FREITAS FILHO, 2008).

O objetivo é criar um ambiente em que se possa conseguir informações


sobre ações alternativas através da experimentação, permitindo uma análise
mais aprofundada do sistema em estudo (MOORE, 2005).

120
O objetivo da simulação é tentar prever como se comportarão os siste-
mas no futuro, ou seja, uma maneira de antecipar os efeitos produzidos por
mudanças, ou implantação de novos métodos nas rotinas e operações. Através
da simulação é possível propor hipóteses e teorias considerando as observa-
ções do comportamento do modelo construído, o que facilita a compreensão
e aceitação de resultados.
A simulação pode envolver protótipos - primeiros exemplares de um pro-
duto, construídos para testes - ou modelos submetidos a ambientes físicos reais.
No caso particular de modelos matemáticos, eles são submetidos a distúrbios
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

matemáticos para avaliar a condição de serviço esperada.


Com a simulação conseguimos a reprodução, em condições diferentes
das reais, do funcionamento de um determinado sistema. Isso permite a com-
paração de diferentes soluções sem incorrer nas despesas, demoras e riscos,
algumas vezes proibitivos - em geral inevitáveis - nos ensaios em verdadeira
grandeza, sob condições reais.
Podemos citar como exemplos em que o recurso da simulação é altamente
desejável: desenvolvimento de um coração artificial, projeto de um avião comer-
cial, lançamento de um satélite, construção de uma grande barragem, construção
de um complexo entroncamento rodoviário.

Anote isso

A simulação permite visualizar o comportamento do sistema e economiza tempo e recursos,

possibilitando ganho de produtividade e qualidade. Além disso, a construção do modelo de

simulação é bem mais simples que os modelos matemáticos analíticos, exigindo conhecimento

avançado de matemática ou simplificações para que seja possível tratá-los matematicamente,

podendo prejudicar a representação do sistema real que está sendo simulado. E a simulação

é, geralmente, mais fácil de aplicar que os métodos analíticos (FREITAS FILHO, 2008, p. 26). Os

softwares de simulação permitem acelerar ou diminuir a velocidade de trabalho do sistema.

Ao acelerar a velocidade, poupamos tempo em relação ao sistema real em estudo, enquanto

diminuindo a velocidade nos possibilita estudar detalhadamente os fenômenos.

121
UNIDADE XV

TECNOLOGIA E
INOVAÇÃO NA
ENGENHARIA
É muito comum ouvirmos o termo inovação tecnológica associado à
Engenharia. A criação de novos produtos, o desenvolvimento de novos proces-
sos ou a utilização de novos métodos fazem parte dessas inovações tecnológicas.
O desenvolvimento científico aliado ao tecnológico tem tornado o século XXI
a Era da Tecnologia, levando a sociedade a mudanças de hábitos de consumo
e mudanças culturais.
Nesta unidade abordaremos a tecnologia e as principais inovações aplicadas
à engenharia em suas diferentes áreas, para isso iremos conhecer as principais
definições destes termos e apresentar exemplos que comprovam esse constante

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
avanço na engenharia.

TECNOLOGIA NA ENGENHARIA

Você já deve ter ouvido inúmeras vezes o termo tecnologia, afinal estamos
no século XXI, na Era da modernidade e dos avanços tecnológicos, época em
que os filmes de ficção científica retratavam com tudo o que pode ser imagi-
nado de mais futurístico. Carros voadores, avanços na medicina, robôs com
sentimentos humanos, tudo isso faz parte de um avanço tecnológico, mas afi-
nal, o que é tecnologia?
A palavra tecnologia é de origem grega: techné significa saber fazer, e logos
significa razão, portanto a tecnologia pode ser definida como “um conjunto
de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um
determinado ramo de atividade” (SILVA, 2002, p. 1). O termo tecnologia come-
çou a ser empregado ao final do século XVII nas indústrias têxtil e mecânica,
porém passou a ser aplicado em todas as áreas do conhecimento.
A tecnologia é sempre associada a conhecimentos sofisticados e à ciência,
mas, desde o desenvolvimento das primeiras ferramentas e utensílios pelos
homens primitivos, ela já estava sendo aplicada. A técnica surgiu antes do
conhecimento científico, que viria a explicar o funcionamento daquela.

Nos dias atuais, a tecnologia é um conhecimento prático que tem


origem no conhecimento teórico-científico, em que as teorias mais
amplas substituem as anteriores (VERASZTO et al., 2008).

124
Conforme mudam os padrões sociais e culturais, a tecnologia também
muda, sendo muito dinâmica. O que em um momento é considerado tecnolo-
gia de ponta, no momento seguinte é obsoleto, exigindo novos procedimentos,
conceitos e atitudes para inovar. Ao final, a tecnologia é um produto de
todas as formas de conhecimento humano produzido ao longo da história
(VERASZTO et al., 2004).
Autores de livros, filmes e desenhos de ficção científica antigos previam
alguns avanços das tecnologias utilizadas na atualidade. Como exemplo, temos
o livro Vinte mil léguas submarinas, de Júlio Verne, publicado em 1870, que
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previu o submarino e os tanques de mergulho. Outro exemplo é o desenho ani-


mado Os Jetsons, que foi produzido por Hanna-Barbera e exibido entre 1962
e 1963, apresentando alguns avanços tecnológicos como robôs, viagens à lua,
tablets, vídeo chamadas e clonagem.
A Figura mostra uma ilustração do desenho animado Os Jetsons, em que é
possível observar o robô que faz os serviços domésticos da residência da família.

Figura – Desenho animado Os Jetsons da produtora Hanna-Barbera


Fonte: Disponível em: https://images.app.goo.gl/HzLo4EGAXARx3eWR7. Acesso em 14 jan 2020.

125
A tecnologia, em conjunto com a ciência, pode ser aplicada em todas áreas
do conhecimento, trazendo incontáveis benefícios para a humanidade, que
vive em constante evolução. A seguir serão apresentados o desenvolvimento
de algumas tecnologias em diferentes áreas da engenharia:
Engenharia civil: como apresentado no primeiro capítulo, Imhotep é con-
siderado o primeiro engenheiro, pois construía pirâmides para o Rei Djoser,
no Egito, em 2.500 a.C. Qual era a tecnologia utilizada para transportar as
pedras de 2,5 toneladas pelo deserto? Essa pergunta demorou muitos anos para
ser respondida e alguns acreditavam na hipótese de que alienígenas constru-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
íram as pirâmides! Mas, pesquisadores holandeses conseguiram descobrir a
resposta: as pedras eram transportadas por uma espécie de trenó puxado por
dezenas de escravos sobre a areia molhada, o que diminuía muito o atrito
(OLIVEIRA, 2014). Veja, na Figura, a ilustração de uma estátua sendo trans-
portada, com um escravo molhando a areia e dezenas de outros puxando o
trenó. Com o passar do tempo, a tecnologia dos sistemas de construção evo-
luiu muito: existem estruturas pré-fabricadas que propiciam a construção
rápida de prédios, preenchimento com cimento bombeado diretamente em
estruturas previamente fabricadas e sistemas em que um único operário é capaz
de cimentar um andar inteiro de uma casa ou edifício.

Figura – Sistema de transporte de estátua no Egito.


Fonte: Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira (2014). Disponível em: https://universoracionalista.org/cientistas-
descobrem-como-os-egipcios-moveram-pedras-gigantes-para-formar-as-piramides/. Acesso em 14 jan 2020.

126
Engenharia de Produção: a forma de produção sofreu grande mudança
desde o início da civilização, quando os primeiros artesãos trabalhavam de
modo individualizado e manual, sem uma metodologia específica. Uma revo-
lução tecnológica do sistema de produção foi o Fordismo, criado por Henry
Ford no século XIX, que introduziu o conceito de linhas de montagem. Nessas,
o operário ficava parado, realizando uma tarefa específica, enquanto o produto
fabricado se deslocava pelo interior da fábrica, aumentando a produtividade
e os lucros; esse método é utilizado até os dias de hoje (TENÓRIO, 2011). O
controle do processo produtivo nos tempos atuais conta com sistemas infor-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

matizados e modernos.
Engenharia de Alimentos: a indústria de alimentos está em evolução cons-
tante e a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante neste setor.
Os avanços científicos e técnicos permitem hoje produzir alimentos e bebidas
que se adaptam melhor à procura dos consumidores de uma forma segura, com
processos produtivos mais sustentáveis e eficientes, cobrindo a procura dos mer-
cados globais. Com a adoção de novas tecnologias, a área de Alimentação vem
conseguindo otimizar significativamente o uso de energia elétrica, gás, além
de diminuir o consumo de água e a produção de resíduos orgânicos, o que se
reflete em impacto positivo no meio ambiente. Para se ter ideia, segundo dados
do Ministério do Meio Ambiente, os resíduos orgânicos correspondem a mais
de 50% do total de resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil.
Engenharia de controle e automação: a automação e o controle dos siste-
mas de produção foram possíveis devido à evolução tecnológica da informática
e da ciência. Após a invenção do computador, o desenvolvimento da automa-
ção e da inteligência artificial foi vertiginoso e os sistemas robóticos passaram
a exercer um papel importante na sociedade. Exemplos de aplicação: operários
nas linhas de montagem foram substituídos, em parte, por braços robóticos e
os sistemas de controle da produção tornaram-se totalmente automatizados,
em que um só operário pode controlar várias linhas de produção através do
computador.

127
INOVAÇÃO NA ENGENHARIA

No Brasil, os cientistas, técnicos e engenheiros envolvidos com inovação


e desenvolvimento tecnológico estão na sua grande maioria em universidades
e institutos de pesquisa públicos, e apenas 23% desses trabalham em empre-
sas; comparando com outros países, o número de pesquisadores em empresas
privadas é maior. Na Coreia do Sul, esse número é de até 59% e nos Estados
Unidos, de 80%. No Brasil, há um número insuficiente de cientistas e enge-
nheiros envolvidos com inovação em empresas (FERRAREZZO, 2017).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Há ainda a falta de engenheiros da área de PD&I para criar produtos em
larga escala, o que é um problema (WATANABE, 2016). A baixa quantidade de
cientistas e engenheiros nas empresas leva a dificuldades no desenvolvimento
econômico brasileiro, como a baixa competitividade tecnológica e a pequena
capacidade para transformar inovação em riqueza (BRITO CRUZ, 2004).
Um engenheiro deve saber identificar a diversidade de variáveis de um
problema que pretende solucionar, fazer um levantamento das ferramentas
disponíveis, ou criá-las, além de direcionar seus esforços para obter resulta-
dos que levem a uma coesão social, mantendo o desenvolvimento tecnológico
como aliado, e não como premissa para sua ação (FERRAREZZO, 2017).

128
Isto está
na rede

Um exemplo de avanço tecnológico é o robô Kengoro (Figura), desenvolvido por cientistas da

Universidade de Tóquio e considerado o robô humanoide mais avançado do mundo. Embora

a robótica tenha dado vida a todos os tipos de robôs, com capacidades múltiplas e diversas, o
objetivo dos robôs humanoides é imitar os seres humanos ao máximo possível. Para isso, os

especialistas japoneses projetaram peças articuladas muito especiais, que permitem reproduzir o

movimento dos seres humanos quase à perfeição. Kengoro, como foi batizado o robô humanoi-

de, pode realizar todos os tipos de flexões, abdominais e até jogar peteca. Além disso, ao emular
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o sistema muscular, ele é capaz de suar e dispõe de válvulas para liberar o vapor produzido.

Figura – Robô humanoide Kengoro praticando exercícios físicos.

Disponível em: https://br.historyplay.tv/noticias/este-e-o-robo-humanoide-mais-avancado-do-

-mundo. Acesso em 14 jan 2020.

129
UNIDADE XVI

ENGENHARIA 4.0
A engenharia é um dos pilares da sociedade e as mudanças no cenário tec-
nológico também impactaram o segmento. O surgimento do conceito Indústria
4.0 é um dos principais sinais de que este é apenas o começo de uma nova fase
da revolução industrial na qual o mundo está prestes a vivenciar.
O futuro das melhores práticas na engenharia está na Engenharia 4.0,
a próxima revolução da engenharia. Este novo paradigma tem a ver com a
mudança e a capacidade das empresas de responderem rapidamente às con-
dições de um mercado cada vez mais dinâmico. Empresas que podem adotar
rapidamente as ferramentas de engenharia mais modernas terão a vantagem

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sobre os concorrentes no que diz respeito aos processos de desenvolvimento
de produto. Essa revolução também impactará o mercado de trabalho do
engenheiro, proporcionando mais áreas e especialidades promissoras para o
desenvolvimento da nação.
Neste capítulo conheceremos mais sobre a indústria 4.0, como ela influen-
cia o universo da Engenharia e, por fim, as características que o mercado busca
no perfil do engenheiro do futuro.

A INDÚSTRIA 4.0

Ao longo de mais de 20 séculos, o mundo já atravessou 3 grandes Revoluções


Industriais que trouxeram diversas transformações para o mercado como um
todo, trazendo novas formas de fazer negócios, de produzir mercadorias e
atender às necessidades dos diferentes públicos.
Por fim, com a chegada do século XXI e o desenvolvimento crescente
de novas tecnologias, alcançamos um novo patamar: a indústria 4.0, que
promete elevar a eficiência dos sistemas de produção ao torná-los cada
vez mais autônomos, inteligentes e customizáveis. Para isso, ela se baseia
em alguns pilares:

132
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura – As 4 revoluções industriais.


Fonte: Netscan Digital (2019). Disponível em: https://netscandigital.com /blog/o-que-a-digitalizacao-de-documentos-e-
a-industria -4-0-tem-em-comum/. Acesso em 15 jan 2020.

Manufatura aditiva: ou Impressão 3D é a adição de material para fabricar


objetos, formados por várias peças, constituindo uma montagem. A prototi-
pagem rápida, como é também conhecida, pode ser aplicada nas mais diversas
áreas da engenharia. Desde pequenas peças mecânicas a edifícios podem ser
fabricados por esta tecnologia, que é capaz ainda de produzir rapidamente ali-
mentos, medicamentos e até mesmo órgãos artificiais.
Inteligência artificial: é um segmento da computação que busca simular a
capacidade humana de raciocinar, tomar decisões, resolver problemas, dotando
softwares e robôs de uma capacidade de automatizarem vários processos.
Big Data: é a análise e a interpretação de grandes volumes de dados de
grande variedade. O grande desafio das empresas não é só coletar e armaze-
nar esses dados, mas também analisar e interpretá-los. As ferramentas de Big
Data são de grande importância para definir as estratégias de marketing das
empresas. Com elas é possível, por exemplo, aumentar a produtividade, redu-
zir custos e tomar decisões de negócios mais precisas e inteligentes.
Internet das Coisas (IoT – do inglês, Internet of Things): representa a pos-
sibilidade de que objetos físicos estejam conectados à internet podendo assim
executar de forma coordenada uma determinada ação. Um exemplo seriam
carros autônomos que se comunicam entre si e definem o melhor momento
(velocidade e trajeto, por exemplo) de fazer um cruzamento em vias urbanas.

133
Biologia Sintética: É a convergência de novos desenvolvimentos tecno-
lógicos nas áreas de química, biologia, ciência da computação e engenharia,
permitindo o projeto e construção de novas partes biológicas tais como
enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de sistemas biológicos
existentes.
Sistemas ciber-físicos: consiste na combinação de componentes de softwa-
res com partes eletrônicas ou mecânicas. Para deixar mais claro, esses sistemas
ciber-físicos visam o desenho, construção e caracterização de novos circuitos
através da utilização de partes biológicas e modelos computacionais, tendo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como objetivo, redesenhar microrganismos para aplicações biotecnológicas.
Os sistemas ciber-físicos constituem uma parte importante da indústria 4.0,
uma vez que fazem a integração da parte física e biológica com a parte de sof-
tware. Podemos citar os robôs, a Internet das Coisas e máquinas conectadas
em rede como exemplos de sistemas ciber-físicos.

A ENGENHARIA 4.0

Com as mudanças trazidas pela indústria 4.0 para os processos de produ-


ção nas fábricas, na fabricação e também na operação de máquinas e outros
equipamentos, surge o conceito da Engenharia 4.0.
Também conhecida como manufatura avançada, essa nova era da
Engenharia vem para atender às necessidades de um mercado cada vez mais
dinâmico, que exige mais rapidez e eficiência em todos os processos. Do chão
de fábrica à gestão de projetos, novas ferramentas passam a fazer parte do coti-
diano da Engenharia, como:
■ Aplicativos que ajudam a listar e organizar rotinas de trabalho;
■ Softwares e plataformas que contribuem para o planejamento e a ges-
tão de projetos;
■ Programas de desenho técnico e construção de modelos 3D;
■ Robôs que auxiliam o trabalho nas linhas de produção.

134
Essas novas tendências têm impacto direto na atuação dos engenheiros,
demandando profissionais mais qualificados que sejam capazes de lidar com
os novos aparatos tecnológicos, deixando de executar tarefas repetitivas para
atuar em áreas mais estratégicas.
Esse cenário, na contramão do pensamento que enxerga a substituição
de funcionários por máquinas — principalmente nas linhas de produção —,
aponta para um futuro com boas oportunidades de crescimento no campo da
Engenharia, principalmente nas áreas de mecânica e tecnologia da informação.
Mas quais serão as competências necessárias para se tornar um engenheiro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de sucesso? No tópico seguinte, serão listadas algumas das habilidades mais


valorizadas pelo mercado atual.

O PERFIL DO ENGENHEIRO 4.0

Em um mercado que valoriza cada vez mais a alta qualificação dos profis-
sionais, buscando mão de obra especializada, existem algumas características
que fazem a diferença na hora de conquistar uma oportunidade de trabalho
e, neste tópico, serão listadas as principais:
Atualização constante: Investir em novos conhecimentos é imprescindí-
vel para qualquer profissional que deseja se adaptar às mudanças trazidas pela
indústria 4.0. Por isso, é muito importante ir além da graduação e investir em
novos cursos de especialização de acordo com as demandas do mercado de tra-
balho em Engenharia. Dessa forma, você se mantém sempre atualizado, amplia
o networking ao interagir com professores e outros alunos e ainda adquire um
perfil multidisciplinar, altamente valorizado pelas empresas.
Boa comunicação interpessoal: Transmitir orientações aos colaboradores
de forma clara e objetiva, fornecer feedbacks construtivos ou saber como apre-
sentar sugestões aos superiores é um fator de suma importância que contribui
com o aumento da produtividade e a excelência na realização das atividades
diárias. Essa habilidade de comunicação também contribui para o estabeleci-
mento de um bom relacionamento com toda a equipe, ajudando a manter um
clima corporativo mais harmonioso e saudável.

135
Visão analítica: Ter um olhar aguçado para captar e analisar as tendências,
não só da Engenharia, mas do mercado corporativo como um todo, é essen-
cial para o crescimento do profissional atual, fazendo com que ele se adapte às
mudanças de forma mais ágil e tranquila. Além disso, essa capacidade de ava-
liar as transformações da indústria também é extremamente importante para
as empresas, ampliando o seu potencial competitivo diante da concorrência.
Planejamento estratégico: Outra habilidade bastante valorizada é a capa-
cidade de construir um planejamento bem estruturado e colocá-lo em prática
com sucesso a partir de um cronograma preestabelecido e de acordo com os

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
objetivos que a empresa deseja conquistar. Para isso, é importante que o pro-
fissional saiba aplicar as competências de comunicação e visão analítica que
mencionamos anteriormente, junto à interpretação de dados, gráficos e tabelas
para realizar um estudo do perfil do mercado e alinhar os projetos às tendên-
cias mais atuais.
Como você percebeu, o futuro da Engenharia está chegando com tudo
para transformar o mercado, trazendo novos desafios e tecnologias para as
indústrias dos mais diversos segmentos. Do ponto de vista profissional, essa
evolução pode trazer excelentes oportunidades de atuação. Basta ficar de olho
nas tendências e investir em capacitação constante.

Isto está
na rede

Mudanças na indústria apontam para necessidade de um novo perfil de Engenheiro.

Uma das carreiras que mais visualizou mudanças ao longo das décadas foi a engenharia. Enquan-

to no século 18, com a Revolução Industrial, o grande avanço foi a substituição da força humana

por máquinas a vapor, no cenário atual o grande desafio é reconfigurar o trabalho humano

para a chamada Indústria 4.0, em que máquinas trocam dados entre si para fazer a automação

completa das linhas de produção.

Fonte: Estadão (2019). Disponível em: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,mudan-

cas-na-industria-apontam-para-necessidade-de-um-novo-perfil-de-engenheiro,70003094949.

Acesso em 15 jan 2020.

136
CONCLUSÃO

Parabéns caro(a) aluno(a)! Se você chegou até aqui, significa que concluiu
exitosamente o curso Introdução à Engenharia. Ao longo dos capítulos deste
livro foram abordados diversos temas com informações importantes para o
futuro profissional de Engenharia.
Desde as primeiras unidades vimos que os engenheiros são profissio-
nais que buscam aplicar conhecimentos adquiridos nos campos da ciência,
matemática, economia e social, por meio da teoria, da experimentação e da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

prática, para que sejam desenvolvidos meios econômicos da utilização de


recursos em benefício da humanidade. Conforme a civilização e a tecnologia
evoluíram, o impacto da engenharia aumentou. A engenharia é a profissão
que visa aplicar os conhecimentos adquiridos, e acima mencionados, para
criar, aperfeiçoar e implementar materiais, estruturas, máquinas, aparelhos,
sistemas e processos.
Você aprendeu que a Engenharia é uma área muito abrangente, dando ao
futuro profissional diversas opções a seguir na carreira profissional, como por
exemplo a Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia Mecânica,
dentre outras. De acordo com informações apresentadas podemos perceber
que apesar da economia do Brasil passar por um momento de crise, temos
boas perspectivas em relação ao mercado de trabalho para os engenheiros,
mas para se manter competitivos no mercado é necessário, desde já, possuir
uma preocupação com a formação adequada e com a experiência profissional
que será exigida futuramente, pondo em prática sua criatividade na resolução
constante de problemas, atuando sempre de maneira ética e sustentável e pre-
ocupando-se com o meio ambiente.
Conforme você viu ao longo deste livro, os engenheiros dificilmente traba-
lham sozinhos e os frutos de seu trabalho impactam a sociedade como um todo.
Dessa forma, é preciso que existam determinadas regras de interação que esta-
beleçam qual é o comportamento ideal do engenheiro no seu relacionamento
com outras pessoas e com a sociedade. As regras de interação são classifica-
das como etiqueta, direito, morais e ética. Todas as profissões devem ter leis
que são determinadas, objetivando proteger os profissionais e as pessoas que

137
dependem deles. Mas, além das leis há diversos outros aspectos não previstos
especificamente e que devem fazer parte do compromisso do profissional com
a ética, estes aspectos podem ser dispostos em um código de ética.
Você aprendeu também que o projeto é um dos fatores mais interessantes
da engenharia. Um projeto é iniciado sempre que temos um problema concreto.
Portanto, é a elaboração de uma solução para um problema, onde, para resolver
este problema, iremos transformar ideias em ações. Para encontrar esta solu-
ção para o problema é necessário documentar, ou seja, colocar no papel, tudo
o que é preciso para desenvolver o conjunto de atividades a serem realizadas,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como quais são os objetivos, como faremos para atingi-los, quais os recursos
necessários, onde serão obtidos e como avaliaremos os resultados. Vimos tam-
bém o método de projeto de engenharia e todas as suas etapas. A Síntese, etapa
inicial do projeto onde iremos identificar o problema a ser solucionado e ini-
ciar a busca pelas soluções; Análise, etapa de análise das potenciais soluções e
utilizar ferramentas para escolher a melhor delas; Comunicação, documenta-
ção das soluções e apresentação destas para os interessados; Implementação,
executar o que foi planejado; e Análise, etapa final do projeto em que se irá
analisar o que foi feito e verificar se realmente atingimos o objetivo planejado
no início do projeto.
Por fim, você viu que o Engenheiro é um profissional que trabalha em cons-
tante busca da solução para os principais problemas da humanidade e para
isso, deve utilizar métodos científicos que abrangem a modelagem e a simula-
ção, aliados à inovações tecnológicas desenvolvidas para tornar o trabalho do
Engenheiro mais rápido e eficiente, tornando este profissional cada vez mais
apto a atuar no que chamamos hoje de Indústria 4.0.
Com os temas que foram abordados ao longo deste curso, com certeza você
estará preparado para dar sequência em sua formação em Engenharia, sempre
com a consciência de atuar na busca da resolução de problemas de maneira
responsável, ética e sustentável, priorizando a segurança e a minimização dos
impactos ambientais. Que você tenha excelentes estudos e muito sucesso em
sua carreira profissional!

138
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
Título: A Engenharia e os Engenheiros na Sociedade Brasileira
Autor: Pedro Carlos da Silva Telles
Editora: LTC Editora
Sinopse: O livro A Engenharia e os Engenheiros na Sociedade Brasileira do autor Pedro
Carlos da Silva Telles é um livro indispensável a qualquer estudante e futuro profissional
da área de Engenharia que queria conhecer a história, saber como a profissão evoluiu
e engenheiros que foram de grande importância para a história, desde o início (época
colonial) até os dias atuais. O autor do livro, o Professor Pedro Carlos da Silva Telles, além
de ser um dos engenheiros mais renomados e conhecidos da atualidade, no meio
acadêmico e no mercado, possui um vasto conhecimento do cenário da profissão,
conhecimento este adquirido ao longo de sua carreira de quase 70 anos. Neste
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

livro, constam tópicos que envolvem um histórico da Engenharia, como ela


influenciou a história da humanidade e a responsabilidade no contexto social.
O autor afirma que toda obra de engenharia sempre deve buscar atender a estes
objetivos: funcionalidade, segurança, economia e estética. Portanto, o autor escreveu
este livro visando apresentar tais aspectos, o que faz muito eficientemente.

Título: Introdução à Engenharia


Autor: Mark Holtzapple e W. Dan Reece
Editora: LTC Editora
Sinopse: O livro Introdução à Engenharia apresenta conceitos de engenharia a
estudantes do primeiro ano de cursos de graduação em engenharia. Tem como objetivo
principal motivar os alunos para o restante de seus estudos de formação, assim como
em suas futuras carreiras profissionais. Os objetivos específicos do livro incluem
motivar os estudantes em relação à engenharia; desenvolver aptidões para a
solução de problemas; cultivar o profissionalismo; prover informação que os
estudantes provavelmente não encontrarão em outras fontes; apresentar o
processo de projeto; enfatizar a importância de aptidões de comunicação.

Título: Ética para Engenheiros


Autor: Arménio Rego e Jorge Braga
Editora: Lidel-Zamboni
Sinopse: A engenharia está em praticamente tudo a nossa volta, na água que
utilizamos, nas pontes que atravessamos, nas casas que moramos, nos alimentos que
ingerimos, nas roupas que vestimos. O trabalho dos engenheiros tem muita importância
na vida da sociedade e por isso é necessário um vigoroso sentido de responsabilidade
ética. O livro Ética para Engenheiros promove a reflexão sobre a temática e procura
estimular a ação ética discutindo alguns temas-chave:
• Qual a responsabilidade ética dos engenheiros nas decisões desastrosas por vezes
tomadas nas organizações?
• Qual o papel dos códigos de ética e deontológicos na melhoria ética das
organizações e das atividades de engenharia?
• Deverão os engenheiros denunciar, e em que condições, as atividades
ilegais, ilícitas ou perigosas levadas a cabo nas suas organizações?
• Como podem os engenheiros conciliar as suas responsabilidades perante a
sociedade, a lealdade ao empregador e as responsabilidades familiares?
O livro é composto por vários casos concretos, envolvendo dilemas éticos para os
engenheiros. Inclui também códigos de ética profissional de várias organizações de
engenharia, de diversas especialidades e de várias proveniências geográficas.

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Título: Projeto na Engenharia
Autor: Gerahrd Pahl, Wolfgang Beltz, Jorg Feldhusen, Karl-Heinrich Grote
Editora: Blucher
Sinopse: O livro Projeto na Engenharia é um manual, teórico e prático
reconhecido internacionalmente que estabelece os fundamentos metódicos
do projeto de engenharia como pressuposto de eficaz desenvolvimento
de um produto. Foi bastante aceito tanto entre estudantes, como entre
desenvolvedores e projetistas. Esta edição reforça os fundamentos
científicos do projeto:
• Descrevendo o desenvolvimento do projeto com exemplos práticos;
• Apontando novos campos de solução presentes nos materiais
consorciados com fibras, na mecatrônica e adaptrônica;
• Mostrando a eficiência econômica embutida nas séries construtivas e
modulares, com ênfase sobretudo na contribuição das modulares;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
• Incentivando a política de qualidade com medidas promissoras.

Título: 2001: uma odisseia no espaço


Ano: 1968
Sinopse: Uma estrutura imponente preta fornece uma conexão entre o
passado e o futuro nesta adaptação enigmática de um conto reverenciado
de ficção científica do autor Arthur C. Clarke. Quando o Dr. Dave Bowman
e outros astronautas são enviados para uma misteriosa missão, os chips
de seus computadores começam a mostrar um comportamento estranho,
levando a um tenso confronto entre homem e máquina que resulta em
uma viagem alucinante no espaço e no tempo.

140
REFERÊNCIAS

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