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Questões - O Romance No Século XIX
Questões - O Romance No Século XIX
Questões - O Romance No Século XIX
Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões
nacionais, sabe-se que
(A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem
por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia.
(B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras
e das relações conflituosas entre as raças.
(C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a
vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos.
(D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro,
o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo.
(E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século
XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo.
QUESTÂO 02
Assim como as novelas de televisão da atualidade, os romances românticos foram inicialmente editados em capítulos nos
jornais, aumentando extraordinariamente a tiragem dos periódicos. Esses folhetins caíram no gosto do público burguês, e para
atender a essa demanda, os escritores precisavam satisfazer as expectativas e os valores ideológicos desses leitores. Nessa
perspectiva, leia os trechos abaixo e analise as proposições que vêm a seguir.
- Isto tudo me parece um sonho, respondeu Augusto, porém, dê-me este breve! A menina, com efeito, entregou o breve ao
estudante, que começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia era sua última esperança. Só falta a derradeira capa
do breve... ei-la que cede e se descose...salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
- O meu camafeu! O meu camafeu! A Sr.ª D. Ana e o pai de Augusto entraram nesse instante na gruta e encontraram o feliz e
fervoroso amante de joelhos e a dar mil beijos nos pés da linda menina, que também chorava de prazer. (Joaquim Manuel de
Macedo, A Moreninha)
- O que é isto, Aurélia? - Meu testamento. Ela despedaçou o lacre e deu a ler a Seixas o papel. Era efetivamente um testamento
em que ela confessava o imenso amor que tinha ao marido e o instituía seu herdeiro universal.
- Essa riqueza causa-te horror? Pois faz-me viver, meu Fernando. É o meio de a repelires. Se não for bastante, eu a dissiparei.
- As cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal.
(José de Alencar, Senhora)
Os finais felizes, com a resolução dos conflitos que quebraram, por instantes, a harmonia da ordenação social
burguesa, são característicos do gênero folhetinesco.
(A) Os folhetins, assim como as novelas, trabalham com a estratégia do suspense, interrompendo a narrativa num ponto
culminante, de modo a prender o leitor/telespectador até o capítulo seguinte.
(B) Ao submeter-se às exigências do público e dos diretores de jornais, o escritor romântico não podia criticar os valores da
época, criando uma arte de evasão e alienação da realidade.
(C) O gênero folhetinesco pretendia atender às necessidades de lazer e distração do público leitor.
(D) O gênero folhetinesco pretendia formar um público exigente e crítico, capaz de mudar os rumos de sua história.
QUESTÂO 04
Filosofia dos epitáfios
E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz
o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que
sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.
O fragmento de Memórias póstumas de Brás Cubas exemplifica a seguinte característica de seu autor:
(A) O pessimismo com que trata as personagens que ocupam postos privilegiados na sociedade burguesa, diferentemente do
modo como lida com indivíduos socialmente carentes.
(B) O uso da ironia como arma de combate às tendências estéticas do Romantismo, de qual nunca sofreu influência.
(C) A fixação nos problemas sentimentais, entendidos como única causa da conduta humana.
(D) A tendência à idealização das personagens, herança do Romantismo.
(E) A tentativa de compreender a natureza humana naquilo que tem de universal.
QUESTÂO 05
Leia com atenção o trecho extraído de A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Assinale a alternativa INCORRETA a
respeito da obra.
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas do perfil desenham-se distintamente
entre o ébano da caixa do piano e as bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que
fascinam os olhos, enlevam a mente e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra,
embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. (...) Os encantos da
gentil cantora eram ainda realçados pela singeleza, e diremos quase pobreza, do modesto trajar. (GUIMARÃES, 2002, p. 19.)
(A) O trecho ilustra a característica romântica de exaltação da mulher, por meio de descrições minuciosas que destacam a
beleza física.
(B) O retrato de mulher apresentado no início do livro corresponde ao projeto ideológico manifestado pelo autor de valorização
da beleza e da cultura negras.
(C) O trecho evidencia o caráter subjetivo do romance romântico, em que se destacam as impressões pessoais do narrador e
o excesso de adjetivos.
(D) O retrato de mulher apresentado no trecho representa os ideais românticos de beleza feminina, que dá ênfase à beleza
frágil e contemplativa.
QUESTÂO 06
"Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo, por mais que ouvissem
falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal
calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência,
devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou
subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas [...].
O baile da ilha Fiscal, [...] se realizou em novembro, para honrar os oficiais chilenos. [...]
Foi uma bela ideia do governo, leitor. Dentro e fora, do mar e de terra, era como um sonho veneziano; toda aquela
sociedade viveu algumas horas suntuosas, novas para uns, saudosas para outros, e de futuro para todos.".
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962, vol. I.p. 946; p. 1004-1006.
Nessa passagem, quem fala é Quincas Borba, o filósofo. Suas palavras são dirigidas a Rubião, ex-professor, futuro
capitalista, mas, no momento, apenas enfermeiro de Quincas Borba. É correto afirmar que a maneira como constrói
esse discurso revela preocupação com:
(A) A clareza e a objetividade, uma vez que visa à compreensão de Rubião da filosofia por ele criada, o Humanitismo.
(B) A emotividade de suas palavras, dado objetivar despertar em Rubião piedade pelos vencidos e ódio pelos vencedores.
(C) A informação a ser transmitida, pois Rubião, sendo seu herdeiro universal, deverá aperfeiçoar o Humanitismo.
(D) O envolvimento de Rubião com a filosofia por ele criada, o Humanitismo, dada a urgência em arregimentar novos adeptos.
(E) O estabelecimento de contato com Rubião, uma vez que o mesmo possui carisma para perpetuar as novas ideias.
QUESTÂO 12
O meu fim evidente era atar as duas pontas vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui
recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um
homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.
Este fragmento extraído do Dom Casmurro de Machado de Assis, deixa entrever
(A) a recusa do narrador em lembrar-se do passado vivido com sua mãe, com a amiga vizinha e com José Dias, o agregado.
(B) O objetivo do narrador em escrever suas memórias.
(C) um tom melancólico, ainda que o romance narre as peripécias burlescas do protagonista, chamado Leonardo.
(D) o tema do romance que é o sentido saudosista do romantismo brasileiro.
(E) uma euforia incontida vivenciada pelo protagonista.
QUESTÂO 13
LXIII - METADES DE UM SONHO
Fiquei ansioso pelo sábado. Até lá os sonhos perseguiam-me, ainda acordado, e não os digo aqui para não alongar
esta parte do livro. Um só ponho, e no menor número de palavras, ou antes porei dois, porque um nasceu de outro, a não ser
que ambos formem duas metades de um só. Tudo isto é obscuro, dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que perturbava
assim a adolescência de um pobre seminarista. Não fosse ele, e este livro seria talvez uma simples prática paroquial, se eu
fosse padre, ou uma pastoral, se bispo, ou uma encíclica*, se papa, como me recomendara tio Cosme. "Anda lá, meu rapaz,
volta-me papa!" Ah! por que não cumpri esse desejo? Depois de Napoleão, tenente e imperador, todos os destinos estão neste
século.
*Encíclica' Carta solene dirigida pelo Papa ao clero do mundo católico ou unicamente aos bispos de uma nação. (N.E.)
QUESTÂO 14
"O tísico do número 7 há dias esperava o seu momento de morrer, estendido na cama, os olhos cravados no ar, a boca
muito aberta, porque já lhe ia faltando o fôlego.
Não tossia; apenas, de quando em quando, o esforço convulsivo para atravessar os pulmões desfeitos sacudia- lhe
todo o corpo e arrancava-lhe da garganta uma ronqueira lúgubre, que lembrava o arrulhar ominoso dos pombos."
Das características a seguir, pertencentes ao Realismo-Naturalismo, apenas uma não aparece no excerto anterior.
Assinale-a.
(A) Animalização do homem.
(B) Visão determinista e mecanicista do homem.
(C) Patologismo.
(D) Veracidade.
(E) Retrato da realidade cotidiana.
QUESTÂO 15
UMA REFLEXÃO IMORAL
Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo XVI, que
Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os
joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e
fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é
ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela
testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema de pedras finas; nem menos amada. Marcela, por exemplo, que
era bem bonita, Marcela amou-me...
DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.
(Machado de Assis)