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UNIDADE I

Comunicação
e Expressão
Profa. Nívia Garcia
Comunicar é preciso

 “Quem não se comunica se trumbica” (Chacrinha).


 Comunicar – latim communicare = tornar comum.
 No filme Náufrago, o protagonista interpretado por
Tom Hanks, ao ficar preso em uma ilha deserta,
passa a se comunicar com uma bola, chamada
por ele de Wilson.
 Ele precisou conversar
com “alguém” para
manter a sanidade.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chacrinha
O que é necessário?

 Emissor – aquele que produz a mensagem. Modelo clássico:


 Receptor – quem recebe a mensagem.
 Mensagem – conjunto de
informações codificadas.
 Código – é a linguagem – pode ser
verbal ou não verbal.
 Canal – veículo que transporta a mensagem.
 Referente – aquilo a que a mensagem
se refere.
Emissor – função emotiva ou expressiva

 Quando a comunicação é centrada no emissor, no eu.


 A subjetividade de quem emite a mensagem se encontra em evidência.

“Quando nasci veio um anjo safado


O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim”

BUARQUE, C. Até o fim. In: O malandro: Chico 50 anos.


São Paulo: Universal, [s.d.]. CD. Faixa 14.
Receptor – função apelativa ou conativa

 Quando a comunicação tem foco no receptor, com a intenção de convencer, persuadir.


 Uso de pronomes como “você” e “seu” ou de verbos no imperativo.
 Publicidade: “Beba Coca-Cola”, “Abuse e use”, “Você e sua família merecem”.

Fonte: akatu.org.br
Mensagem – função poética

 Não importa apenas o que dizer, mas como dizer.


 Nesses casos, procura-se lapidar a forma da mensagem.
“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?”
Trecho do poema José, de Carlos Drummond de Andrade, escrito em 1942.

 A função poética se encontra em textos literários, mas não é exclusividade deles.


Código – função metalinguística

 Em alguns textos, há a preocupação de utilizar o próprio código para explicá-lo.


 Um exemplo clássico é o dicionário, que utiliza palavras para explicar o significado das
próprias palavras.
Hoje estamos aqui, A gente nunca
A vida é um mistério! sabe quando será
mas... Até quando?
a última tirinha...

Fonte: BECK, A. Armandinho. São Paulo, Matrix, 2017. p. 55. v. 0-10.


Canal – função fática

 O importante é simplesmente manter a comunicação.


 Um bom exemplo é a conversa de elevador – conversa vaga, sem conteúdo, apenas
para vencer o silêncio.
“Ele: — Pois é!
Ela: — Pois é o quê?
Ele: — Eu só disse pois é!
Ela: — Mas, “pois é” o quê?
Ele: — Melhor mudar de conversa
porque você não me entende.
Ela: — Entender o quê?
Ele: — Santa virgem, Macabéa,
vamos mudar de assunto e já!”
Fonte: trecho do livro A hora da
estrela, de Clarice Lispector.
Referente – função referencial

 A preocupação é com a informação, com o assunto.

 Uma notícia de jornal, como a apresentada a seguir, é um bom exemplo de texto em que
a função referencial predomina.

“As Olimpíadas Especiais, chamadas de Special Olympics


World Games, promovem o esporte para pessoas com
deficiência intelectual e são o segundo maior evento esportivo
do mundo, atrás apenas dos Jogos Olímpicos. A edição
2019 acontece de 14 a 21 de março, em Abu Dhabi, nos
Emirados Árabes” (FORTE, 2019).
Sobre as funções da linguagem

 As funções não são excludentes, sendo possível encontrar várias funções em um


mesmo texto.
 O predomínio de uma função sobre as demais é determinado pela intencionalidade,
pelo gênero textual e pela situação de comunicação.
 O fundamental não é decorar as funções da linguagem, mas, sim, compreender o
seu uso.
 Se a função emotiva é dominante, o efeito é mais subjetivo,
o que é inadequado em textos que exigem objetividade,
como as notícias e os trabalhos acadêmicos.
 Nesses dois casos, o enunciador deve privilegiar a função
referencial da linguagem.
 Entendeu? Então vamos a um exercício!!!!
Sobre as funções da linguagem

 Imagine que um estudante escreva o seguinte em um texto acadêmico:


 “Eu acho que a Segunda Guerra Mundial terminou em 1945. Felizmente os nazistas
foram derrotados no conflito.”
 A falta de precisão e o efeito de subjetividade são inadequados para esse tipo de texto.
 A expressão “eu acho” e o advérbio “felizmente” marcam a função emotiva da linguagem
e conferem imprecisão:
 Vamos corrigir:
 “A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, com a
derrota dos nazistas.”
Interatividade

No texto escrito por Fernando Pessoa, notamos a presença de duas funções de


linguagem, a saber:
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Trecho de Autopsicografia,
de Fernando Pessoa.
a) Poética e fática.
b) Poética e metalinguística.
c) Fática e metalinguística.
d) Fática e referencial.
e) Metalinguística e referencial.
Interatividade

No texto escrito por Fernando Pessoa, notamos a presença de duas funções de


linguagem, a saber:
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Trecho de Autopsicografia,
de Fernando Pessoa.
a) Poética e fática.
b) Poética e metalinguística.
c) Fática e metalinguística.
d) Fática e referencial.
e) Metalinguística e referencial.
O texto escrito

 Texto – latim texo – “tecer”. “O texto é um tecido, não um aglomerado desconexo de fios”
(FIORIN, 2001).
 Um texto possui coerência de sentido e não é apenas uma transcrição da fala.
 Deve ser considerado “naquilo que é dito; no como é dito; no porquê do dito; na
aparência; na imanência; como signo; como História” (DISCINI, 2005).
 Um exemplo: “Aquela menina que eu conheci ontem, ela
mora ali sabe, perto do mercado do antigo mercado bem
perto daquela avenida lá. Onde tem lá aquela praça que a
gente costuma ir, sabe”.
 Bem melhor assim:
 “A menina que eu conheci ontem mora perto
do antigo mercado, próximo à avenida na
qual fica a praça que costumo frequentar.
O que é um bom texto?

 Isso depende da intencionalidade desse texto.


CEJA BEM VINDO
 Um bom texto ou nos transmitiu bem uma informação NÓIS FASEMOS O MELHOR
ou nos envolveu, ou nos comoveu, ou nos foi útil em XURRASCO DA REJIÃO
algum aspecto.

 Se apenas ouvirmos a mensagem, não perceberemos SEJA BEM-VINDO


NÓS FAZEMOS O MELHOR
nenhum problema e compreenderemos o que foi dito. CHURRASCO DA REGIÃO

Vamos corrigir:
 A correção foi simples: a alteração na grafia tornou o texto
“bom”.
 Ou seja, ele cumpre sua função
comunicativa: convida possíveis clientes
a experimentarem a comida.
O que é um bom texto?

 Outro exemplo. Um aviso de hotel:


1) O hotel oferece café da manhã. Está incluso 2) O hotel oferece café da manhã. Está incluso
na diária. O desperdício será cobrada uma taxa na diária. Em caso de desperdício, será cobrada
de 20 reais, ou por itens específicos. uma taxa de 20 reais, ou por itens específicos.
Texto “bom”
O hotel oferece café da manhã incluso na diária. Em caso de desperdício,
cobraremos uma taxa de 20 reais ou o valor de itens específicos.

 Observe que deu mais trabalho “consertar”.


 Quando o problema envolve a estrutura sintática, a
correção não é tão simples.
O que é um bom texto?

Agora um artigo de opinião:


1) Se faz necessário, uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais onde se centra mais nos estudantes,
levando em conta suas potencialidades e capacidades e não apenas as disciplinas e resultados quantitativos,
favorecendo uma pequena parcela dos alunos.
2) Faz-se necessária uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais onde se centra mais nos estudantes,
levando em conta suas potencialidades e capacidades e não apenas as disciplinas e resultados quantitativos,
favorecendo uma pequena parcela dos alunos.

O texto “bom” ficaria assim:


 Faz-se necessária uma mudança de paradigma dos sistemas
educacionais a fim de que sejam levadas em conta as
potencialidades e as capacidades dos estudantes. O sistema
atual favorece uma pequena parcela dos alunos, pois foca
apenas nas disciplinas e nos resultados quantitativos.
 Precisamos reorganizar as ideias
e as orações.
Clareza

 Como ser claro? Primeira dica: 1) No dia seguinte do pagamento o banco envia um arquivo para
períodos curtos. o departamento de recursos humanos, que verifica se todos os
 Perceba que, no texto 1, há pagamentos foram realizados com sucesso, e caso haja algum
pagamento que não foi realizado verifica-se se os dados estão
apenas um período, com
corretos ou se há problemas com a conta bancária e se for um
orações mal articuladas e sem problema de numeração é corrigido e reenviado ao banco no dia
a pontuação adequada. seguinte ou é feito uma ordem de pagamento para o funcionário.
2) No dia seguinte ao pagamento, o banco envia um arquivo para
o departamento de recursos humanos, que confere se todas as
transações foram realizadas com sucesso. Caso ocorra algum
imprevisto, o setor verifica se os dados estão corretos ou se há
problemas com a conta bancária. Se houver erro de numeração,
corrigem-se e reenviam-se os dados ao banco, ou realiza-se uma
ordem de pagamento para o funcionário.
Clareza

 A ordem direta das sentenças (sujeito – verbo – complemento) pode causar


ambiguidade. Nesse caso, uma reorganização dos termos garante a clareza da
informação, como se pode ver abaixo.
Atriz afirma ter medo de morrer em entrevista. Em entrevista, atriz afirma ter medo de morrer.

Vigilância acha bactéria que causa aborto em Vigilância acha, em esfihas de lanchonete, bactéria que
esfihas de lanchonete. causa aborto.

Após morte de cachorro, empresa faz parceria Após morte de cachorro, empresa investe em treinamento
por castração e treinamento de funcionários. de funcionários e faz parceria por castração de animais.

 A atriz não tem medo de morrer durante a entrevista; esfihas não abortam e não faz
sentido castrar funcionários.
Estrutura sintática adequada

 Por que essa frase do cartum ao lado As ótimas são


inventamos que
não faz sentido? palavras... Agora
sintaxe precisamos
 Porque as palavras não estão em uma
sequência aceitável para a sintaxe da
nossa língua.
 Temos que reordenar os termos:
Fonte: adaptado de: ABAURRE, M. L.; PONTARA, M.
“As palavras que inventamos são Português. São Paulo: Moderna, 1990. p. 160.
ótimas... Agora precisamos da sintaxe”.
 Qualquer falante de uma língua sabe ordenar as palavras de modo que o sentido seja
construído.
 Mas, para escrever um bom texto, precisamos conhecer um pouco melhor os termos e
as suas funções na oração e no período.
Matriz SVC

Não dá! Por mais que a


 Claro que o humor dos quadrinhos vem da professora explique, eu
não entendo esse negócio
de sujeito e predicado!
crítica política. Miguelito erra o sujeito sintático
da oração, mas aponta a responsabilidade do
gestor público no cuidado com a cidade.

 Na oração dita por Mafalda, temos o sujeito É fácil, Miguelito. Se eu digo, por
exemplo, “Esse lixo enfeia a rua”. O prefeito?
(esse lixo), o verbo (enfeia) e o complemento Qual é o sujeito?

(rua).

Fonte: adaptado de: ttp://www.objetivo.


br/conteudoonline/imagens/conteudo_9
630/022.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2019.
Matriz SVC (SUJEITO – VERBO – COMPLEMENTO)

 Repare no texto
O cachorro invadiu o gramado.
Inesperadamente, o cachorro invadiu o gramado durante o jogo.
Inesperadamente, o cachorro, que vive nos arredores do estádio,
invadiu o gramado durante o jogo de futebol que definiria o campeão.

 Observe que os termos acrescentados são acessórios, pois


a estrutura sintática da oração já estava completa.

 Também podemos acrescentar outras orações e, assim,


formar um período composto.
Paralelismo

 Trata-se de estruturas nominais ou oracionais articuladas por um nexo comum, o que


exige construções similares.
Ele disse que, embora estivesse cansado e chovendo, ficaria conosco.
Ele disse que ficaria conosco, apesar da chuva e do cansaço que sentia.

 Os verbos “estivesse” e “chovendo” não têm o mesmo sujeito.

 Além disso, há quebra do paralelismo semântico, pois entre


chuva e cansaço não se estabelece relação.
Interatividade

Na frase abaixo, há um problema de clareza identificado em função:

“Tão logo se encontrou com Luísa, Afonso fez comentários acerca de seus excelentes
resultados nas provas finais.”

a) Do uso incorreto do verbo encontrar.


b) Do uso incorreto da palavra “acerca”.
c) Do uso ambíguo do pronome “seus”.
d) Da ordem indireta no texto.
e) De múltiplos erros gramaticais.
Interatividade

Na frase abaixo, há um problema de clareza identificado em função:

“Tão logo se encontrou com Luísa, Afonso fez comentários acerca de seus excelentes
resultados nas provas finais.”

a) Do uso incorreto do verbo encontrar.


b) Do uso incorreto da palavra “acerca”.
c) Do uso ambíguo do pronome “seus”.
d) Da ordem indireta no texto.
e) De múltiplos erros gramaticais.
Coesão

 A coesão se refere à articulação, ao encadeamento das ideias do texto.


 A coesão é construída por meio de dois tipos de mecanismos: gramaticais (os pronomes
anafóricos, os artigos, os verbos e as conjunções) e lexicais (reiteração, a substituição e
a associação).
“Paulo entregou o relatório ao chefe, porém o documento
estava incompleto. Por isso, o funcionário foi advertido.”

 Observe que o nome Paulo é retomado pela sua função na empresa: funcionário. O
substantivo “documento” substitui “relatório”.

 Entre os mecanismos gramaticais, destacam-se as conjunções “porém” e “por isso”, que


estabelecem, respectivamente, ideias de adversidade e de consequência.
Elementos de coesão

 Muitos elementos de coesão Explicação, causa e pois, porque, tanto que, por isso, uma vez que,
são didaticamente agrupados consequência na medida em que, tanto que.
de acordo com o sentido que Contraste ou oposição
mas, contudo, entretanto, pelo contrário, embora,
estabelecem na oração. apesar, ainda que.

A seguir, alguns exemplos: Adição e, mas também, nem, além disso, ainda mais.
Conformidade segundo, conforme, de acordo com.
principalmente, sobretudo, antes de mais nada,
Relevância
acima de tudo, primeiramente.
Condição se, caso.
Esclarecimento isto é, ou seja, por exemplo.
Certeza certamente, sem dúvida.
geralmente, normalmente, raramente, sempre,
Tempo ou frequência
nunca, imediatamente, mal, enquanto.
Elementos de coesão

Finalidade a fim de, para que.

Proporcionalidade à medida que.

 Para ilustrar, tomemos duas informações:


“Maria dormiu. Sua filha não voltou do trabalho.”
 Podemos articular essas informações de diferentes formas:
“Maria dormiu e sua filha ainda não voltou do trabalho.”
“Maria dormiu, apesar de sua filha não ter voltado do trabalho.”
“Maria dormiu antes de sua filha voltar do trabalho.”
Coerência

 Entende-se por coerência o respeito à lógica interna do texto.


 Ou seja, não pode haver contradições.
 Não se deve confundir coerência com verdade ou com correspondência entre
o texto e a realidade.
 O fato de um super-herói voar ou parar um trem com a mão não é incoerente.
“A pena de morte deve ser aplicada a assassinos,
pois ninguém tem o direito de tirar a vida de uma pessoa.”

 Não há como considerar o texto coerente, pois o autor entra em contradição:


 Se ninguém tem o direito de tirar a vida humana, não se pode tirar a vida do
assassino.
 É um caso de falta de coerência argumentativa.
Concisão

 Dizem que o poeta Carlos Drummond de Andrade afirmava que, para escrever bem, a
pessoa deveria aprender a “cortar” palavras.
 Um bom texto implica concisão, poder de síntese. Não se deve confundir, no entanto,
um texto conciso com um texto “curto”.
 Engana-se quem pensa que “enrolar” ou despejar um monte de palavras seja uma
qualidade de bons escritores. O mais difícil é justamente ser simples e direto.
 José Paulo Paes expressa muito bem a concisão em Poética:
“Conciso? Com siso.
Prolixo? Pro lixo.”
 A polaquinha, de Dalton Trevisan, também serve para ilustrar:
“Uma vez quase que um tarado. À noite, saída
de aula. Perto do cemitério, o meu caminho.”
Adequação da linguagem

 Normalmente pensa-se que apenas a informalidade pode ser inadequada.


 Todos estranhariam, por exemplo, um palestrante em um evento universitário que não
usasse a norma culta, como em “nós vai falar hoje”.
 Certamente isso desqualificaria sua fala e faria com que ele perdesse credibilidade
perante a plateia.
 No entanto, a formalidade em situações cotidianas também não é apropriada, como se
vê no exemplo utilizado em uma questão do Enade, em 2007:
“Vamos supor que você recebeu de um amigo um pedido, por escrito:
Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de
Redação para concurso, para fins de...”
Níveis de linguagem

 Considera-se que existem dois níveis básicos de linguagem: o formal e o informal.


 No nível formal, há maior cuidado na escolha das palavras, evitam-se as gírias, e
procura-se elaborar melhor a construção das orações e períodos.
 No nível informal, há mais liberdade e espontaneidade.
 Não existe um nível de formalidade certo e outro errado. Existe o nível adequado para
cada situação comunicativa:
“O Arnesto nos convidô prum samba, ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo cuma baita duma reiva
Da outra veiz nóis num vai mais
Nóis não semo tatu!” Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa
 Adoniran consegue representar na música a fala popular, misturando o dialeto rural com
o urbano.
 Na norma padrão, a canção perderia toda a graça.
Escolha vocabular e variantes linguísticas

 A seleção lexical (escolha de palavras) é muito importante na construção de


qualquer texto.
 Entende-se por léxico o conjunto de palavras usadas pelos falantes da língua.
 Embora haja os sinônimos, a troca de palavras, muitas vezes,
altera o efeito de sentido.
 Se um jornal diz que os sem-terra invadiram mais terras e outro diz que os
sem-terra ocuparam mais terras, há, obviamente, uma diferença de sentido.
 Estrangeirismos – o carro tem air bag e não saco de ar.
 Outra categoria especial do léxico é o regionalismo:
uai, bá, massa.
 E temos também os neologismos,
como “sextou”, por exemplo.
Paragrafação adequada

 “O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período,


em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras,
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”
(Comunicação em prosa moderna, de Othon Garcia).
 A divisão do texto em parágrafos depende do gênero a que ele pertence, do
desenvolvimento e do encadeamento das ideias.
 O romance Memorial de Santa Cruz, de Sinval Medina, tem apenas dois parágrafos.
 O primeiro diz apenas:
“Cheguei em tempo de escravidão”.
 O segundo, por sua vez, é composto por 291 páginas.
Obviamente, trata-se de um recurso literário explorado pelo
autor que confere originalidade à obra.
Interatividade

O texto de Drummond, abaixo, chama a atenção pela:


a) Falta de clareza e prolixidade. “Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos
b) Paragrafação inadequada. outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se
reunindo com maior ou menor velocidade, mas com
c) Escolha léxica impecável. igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá
d) Verbos inadequados. fora a vida estoura não só em bombas como também
em dádivas de toda natureza, inclusive a simples
e) Confusão na sintaxe. claridade da hora, vedada a você, que está de olho na
maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente
para se reduzir a marginália, puré de palavras,
reflexos no espelho (infiel) do dicionário.”
Carlos Drummond de Andrade, O Poder Ultrajovem
Resposta

O texto de Drummond, abaixo, chama a atenção pela:


a) Falta de clareza e prolixidade. “Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos
b) Paragrafação inadequada. outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se
reunindo com maior ou menor velocidade, mas com
c) Escolha léxica impecável. igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá
d) Verbos inadequados. fora a vida estoura não só em bombas como também
em dádivas de toda natureza, inclusive a simples
e) Confusão na sintaxe. claridade da hora, vedada a você, que está de olho na
maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente
para se reduzir a marginália, puré de palavras,
reflexos no espelho (infiel) do dicionário.”
Carlos Drummond de Andrade, O Poder Ultrajovem
Ortografia

 Embora não seja o único tipo de problema, os erros


SOARES, L.;
ortográficos são, em geral, os mais evidentes. CAMARGO, J.
E. O Brasil das
 É preciso considerar que o registro escrito placas: viagens
por um país ao
feito por pessoas com baixa escolaridade pé da letra. São
tende a reproduzir o aspecto sonoro das palavras. Paulo: Abril,
2005. p. 71.

“Quando era ministro da Educação, Passarinho recebeu correspondência de um reitor de uma


universidade, solicitando verbas ao ‘iminente ministro’, que não pestanejou. Colocou-a de volta
no correio, dizendo que já havia sido nomeado...” Trecho da revista Veja de 22/1/1986:
 Iminente = algo que está prestes a acontecer.
 Eminente = algo/alguém hierarquicamente superior, proeminente.
Pontuação

 A pontuação não é um mero acessório.


 Muitas pessoas “salpicam” vírgulas e pontos pelo texto sem perceberem que os pontos,
as vírgulas e os demais sinais marcam a entonação e o sentido das frases.
 A pontuação ordena e orienta a leitura. A pontuação também indica a expressividade
pretendida pelo enunciador.
“A Maria casou de novo.
A Maria casou de novo?
A Maria casou de novo!
A Maria? Casou de novo!
A Maria casou de novo?!”
 Observa-se que a reação emocional do enunciador e o julgamento do fato que
ele faz alteram-se consideravelmente nos cinco exemplos.
Concordância verbal Fonte: livro-texto

 Além do uso incorreto do particípio, há um erro de concordância, pois o núcleo do sujeito


é gangue, que é feminino e está no singular. A frase reescrita na norma culta seria:
 “Uma gangue de ladrões foi pega pela Polícia ontem e...”
 Há casos em que o sujeito não existe ou não é muito evidente:

“Fará três meses que estou naquela empresa.”


 O verbo “fazer” para indicar tempo deve ficar sempre no singular.
Concordância verbal

 Outro caso é do verbo “haver” no sentido de “existir”.


 O verbo é impessoal, ou seja, não tem sujeito, por isso deve ficar sempre no singular.
Veja os exemplos:
“Havia muitas pessoas na festa.”
“Houve muitas manifestações contra a corrupção.”
 O verbo “haver” só terá plural se for auxiliar, como no período a seguir:

“Eles já haviam saído quando as pizzas chegaram.”


 O uso da partícula apassivadora “se” também gera dúvidas. Usamos o “truque” de
transformar a oração para a voz passiva analítica, desta forma:
 Analisaram-se todos os aspectos da questão = Todos os aspectos da questão foram
analisados.
Concordância nominal

 Nos casos de concordância nominal, a regra básica é o adjetivo, o pronome, o artigo


e o numeral concordarem com o substantivo a que se referem. Na frase abaixo, tal
concordância não se percebe:

“O coordenador não deixou claro, na reunião, suas propostas.”


 Fazendo a concordância de acordo com a norma culta, ficaria:

“O coordenador não deixou claras, na reunião, suas propostas”.


 Os adjetivos “anexo” e “incluso” se referem ao sujeito, que muitas vezes está no fim da
oração, e por isso devem concordar ele:
“Segue anexo o contrato.” (O contrato segue anexo)
“Seguem anexos os contratos.” (Os contratos seguem anexos)
Outro caso que merece destaque é a palavra “meio”.
Se tiver sentido de advérbio, é invariável. O feminino é usado para designar a metade.
Veja os exemplos:
“Ela está meio nervosa.” (Ela está um pouco nervosa)

“Comeu meia torta.” (Comeu metade da torta)


Regência verbal e nominal

 Observar a regência significa verificar se a palavra exige uma preposição.


 O “segredo” é observar a regência dos verbos ou dos adjetivos e substantivos que
usamos. Veja a seguir:
“Não gostei do filme a que (ao qual) assisti.” (assistir a algo)
“Não li o regulamento a que (ao qual) devemos obedecer.” (obedecer a algo)
 O pronome cujo concorda com o termo posterior:
“Apaixonei-me por uma menina cujas amigas me odeiam.”
 Já o pronome onde equivale a em que e no(a) qual quando antecedente um lugar:
“São Paulo é a cidade onde moro.
Não sei onde estão os meus livros”
Uso dos pronomes pessoais

 Os pronomes do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós e eles), na norma culta, não podem ser
usados como complementos do verbo (objetos).
 Para isso, devem ser empregados os pronomes oblíquos.
Incorreto Correto
Encontrei ele na rua Encontrei-o na rua
Avisaram ela de que a prova foi adiada Avisaram-na de que a prova foi adiada.

Vamos Vamos Mas antes, vamos


massacrá-los! arrasar eles! acertar o pronome
VERISSIMO, L.
F. As cobras. Se
Vamos! Vamos! Deus existe que
eu seja atingido
por um raio.
Porto Alegre:
L&PM, 1997.
Emprego de formas verbais

“Se ele tivesse chego mais cedo, faria a prova.” (chegado)


 Nessa sentença, o uso do particípio do verbo chegar não é o usado na norma culta.
 Existem verbos que admitem mais de um particípio, como “pegar” (pegado, pego),
“pagar” (pagado, pago) e “entregar” (entregado, entregue).
 O verbo chegar só tem como particípio a forma regular, ou seja, chegado. Assim:

“Se ele tivesse chegado mais cedo, faria a prova.”


 Esse problema também acontece com o verbo “trazer”, que só tem como particípio a
forma regular, ou seja, “trazido”.
 Assim, de acordo com a norma culta, diz-se:

“Ele deveria ter trazido um casaco”. (e, não, trago)


Dúvidas e problemas comuns do dia a dia

 Mas/mais: “mas” é uma conjunção adversativa, com sentido de “porém”, e “mais” é


o oposto de “menos”, dá a ideia de quantidade.
“Ele deveria ir à aula hoje, mas apareceram mais urgências no trabalho.”
 Porque/por que/porquê/por quê: “por que” significa “por qual motivo” / “porque” é
uma conjunção causal, que pode ser substituída por “uma vez que” ou “pois / “porquê”
corresponde à substantivação da palavra, ou seja, quando ela passa a designar
“motivo”/ “por quê” se usa apenas no final de sentenças.
 A/há/à/ah – A LUTA HÁ LUTA
À LUTA

BECK, A.
Armandinho. Volumes
de 0 a 10. São Paulo:
Matrix, 2017. p. 33.

 Na tirinha, só faltou a interjeição ah, como em: Ah, que saudades daqueles dias...
Dúvidas e problemas comuns do dia a dia

 Mau/mal: “mau” é o antônimo de “bom”, e “mal” é o contrário de “bem”.


“Ela canta mal (canta bem).
Ele foi um mau aluno (bom aluno).”
 Onde/aonde: “onde” restringe-se à referência a algum espaço físico, lugar estático:
“A rua onde moro é tranquila.”
 “Aonde” usamos para verbos que exigem a preposição “a”, indica movimento em direção
a algum lugar:
“A cidade aonde fomos era minúscula.”
 O mesmo: não tem função de pronome pessoal, de acordo com a norma padrão.

“Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar.” (ele)

 Em vez de/ao invés de:

 “Ao invés de” significa “ao contrário de” – ideias opostas:

“Ao invés de chorar, ela riu”.

 Já “em vez de” significa “no lugar de” – não são ideias opostas:

“Em vez de comer salada, decidi pedir uma pizza”.


Interatividade

A frase abaixo contém um erro comum no uso:

“Ele teria pago o boleto se tivesse trago o cartão bancário.”

a) Do verbo pagar.
b) Dos verbos pagar e trazer.
c) Da palavra boleto.
d) Do verbo trazer.
e) Da palavra bancário.
Interatividade

A frase abaixo contém um erro comum no uso:

“Ele teria pago o boleto se tivesse trago o cartão bancário.”

a) Do verbo pagar.
b) Dos verbos pagar e trazer.
c) Da palavra boleto.
d) Do verbo trazer.
e) Da palavra bancário.
ATÉ A PRÓXIMA!

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