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Diversidade Cultural

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REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO

CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959

https://www.nucleodoconhecimento.com.br

DIVERSIDADE CULTURAL: A IMPORTÂNCIA DAS DIVERSAS


CULTURAS NO ENSINO-APRENDIZAGEM, NO DESENVOLVIMENTO
DA CIDADANIA E NA PRESERVAÇÃO DE VALORES ÉTICOS E
MORAIS

OLIVEIRA, Rosane Machado de 1

OLIVEIRA, Rosane Machado de. Diversidade Cultural: A Importância das Diversas


Culturas no Ensino-Aprendizagem, no Desenvolvimento da Cidadania e na
Preservação de Valores Éticos e Morais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo
do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 376-403, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma síntese da obra do pintor Victor Meirelles de Lima
(A Primeira Missa no Brasil), como também, uma análise das diversas culturas no
ensino-aprendizagem, no desenvolvimento da cidadania, na preservação de valores
éticos e morais, e nas relações sociais. Verifica-se, a necessidade da escola e dos
professores/educadores reverem o currículo educacional e suas práticas
pedagógicas, as quais devem contemplar à valorização para com a diversidade
sociocultural de cada aluno que chega até a escola, de forma a reconhecer a
“bagagem” e as experiências acumuladas, que os educandos trazem para o contexto
escolar. O objetivo geral da pesquisa é analisar a influência das diversas culturas no
ensino-aprendizagem e na construção de identidades a partir das diferenças. O
objetivo específico é aprofundar o conhecimento e o conceito sobre a diversidade
cultural na escola e na sociedade. O procedimento metodológico é de natureza

1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Internacional de Curitiba – PR,


(FACINTER), Graduanda de Licenciatura Plena em História (FACINTER),
Especialização em Educação Especial e Inclusiva (FACINTER), Especialização
Docência no Ensino Superior (Faculdade de Educação São Luís), Pós-Graduanda em
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (FACINTER).

RC: 8248
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qualitativa desenvolvida através de pesquisa bibliográfica exploratória. Através dos


resultados do assunto investigado, foi possível compreender, que a diversidade
cultural é a relação do “eu” com o “outro”, isto é, do respeito para com as diferenças
individuais, coletivas, locais, regionais e nacionais. O desafio analisado
contemporaneamente concentra-se, na ausência de atividades pedagógicas culturais
diversificadas no contexto formal e não formal. Analisa-se, que falta uma formação
crítica, reflexiva para professores e gestores educacionais. Nota-se ainda, que a má
formação não efetiva o processo de aprendizagem, de cidadania, ética, moral, e de
coletividade. O que precisa ser modificado, não é a cultura dos discentes, mas, a
cultura da escola, a qual muitas vezes, segue um padrão tradicional, passivo, e
totalmente fragmentado, “desligado” da realidade social.

Palavras-Chave: Diversidade Cultural, Victor Meirelles de Lima, Aprendizagem,


Valores, Cidadania.

1. INTRODUÇÃO

O estudo realizado tem por objetivo analisar a obra do pintor Victor Meirelles de Lima
(A Primeira Missa no Brasil), como também, a importância das diversas culturas no
ensino-aprendizagem, no desenvolvimento da cidadania e na preservação de valores
éticos e morais.

Nota-se, que a escola, juntamente com os professores/educadores, e a comunidade


escolar em geral, devem obter posturas éticas e ações democráticas, a fim de
reconhecer e respeitar a diversidade cultural e social entre as pessoas, e
principalmente, entre os discentes que chegam até a escola, trazendo uma bagagem
de conhecimentos, experiências, vivências, valores éticos, morais e culturais. É
necessário, que o currículo escolar esteja agregado há valores, com base na realidade
sociocultural de todos os alunos, e não apenas voltado a atendar aos interesses da
classe dominante. Em relação a isso Barreiros e Morgado afirmam:

Observa-se que a escola, assim como o seu currículo, reflete os interesses da classe
dominante por meio de um currículo arbitrário, que oculta às distâncias culturais e

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identidades presentes em sala de aula e na sociedade. A instituição do saber contínua


a desenvolver uma educação monocultural, com posturas nada democráticas na
difusão dos conhecimentos. A diversidade cultural ainda é associada ao outro, ao
exótico e ao diferente. (BARREIROS: MORGADO, 2002, p. 96).

O tema proposto resultou de interesse, investigação e reflexão pelo assunto abordado,


assim como de pesquisa, análise crítica e compreensão dos fatos. Em análise a
pesquisa, verificou-se a importância e a influência das diversas culturas na
aprendizagem qualitativa, na relação benéfica entre as pessoas, na preservação de
valores éticos e morais, e na construção de identidades a partir das diferenças
encontradas nos diversos contextos sociais. O entrosamento com as diversas culturas
oferece oportunidades de participação efetiva no meio social, tanto no contexto formal,
quanto no contexto não formal. O tema abordado buscou verificar quais soluções e
conhecimentos pode-se alcançar para desenvolver um ensino-aprendizagem mais
amplo, significativo e qualitativo, como também, um processo de desenvolvimento
cultural mais diversificado em nossas escolas e em nossa sociedade contemporânea.
A abordagem metodológica é de natureza qualitativa, sendo desenvolvida através de
pesquisa bibliográfica exploratória (livros, metodologia científica, dicionário, jornais,
revistas, etc.). Em relação à pesquisa exploratória, Gil (1999), descreve que, a
pesquisa exploratória tem como objetivo, proporcionar maior familiaridade do
pesquisador com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, pode envolver
levantamento bibliográfico (neste caso, da intuição do pesquisador). Através de
estudos aprofundados sobre o tema, (diversidade cultural), elaborou–se o seguinte
problema de pesquisa.

Por que contemporaneamente muitas escolas persistem no modelo monocultural de


ensino aprendizagem e não na diversidade cultural presente no contexto escolar?

Em relação a tal problematização, pode-se, ressaltar através de estudos


aprofundados sobre o tema, que há uma necessidade muito grande da parte da
escola, dos educadores e funcionários em geral, em contemplar as diferenças
culturais de forma ética, inclusiva e comprometida com a realidade sociocultural dos
alunos. Contudo, os discentes precisam ser valorizados, pois ao chegar à escola, os

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mesmos já trazem conhecimentos, crenças, tradições culturais, e valores


fundamentais para viver em sociedade.

É preciso urgentemente, de uma atuação competente no âmbito escolar, no


desenvolvimento de metodologias culturais diversificadas, com saberes pedagógicos
ampliados e recursos concretos para fazer a diferença no ensino, como também,
oferecer oportunidades aos alunos, para que cada um possa contar um pouco de sua
cultura em sala de aula para os demais colegas e professores, pois, atitudes assim,
enriquecem as aulas, a aprendizagem, a curiosidade dos alunos pela cultura do
colega que pode ser diferente da sua, o respeito pelas diferentes tradições e a
valorização na construção da identidade cultural dos educandos. O resultado do
estudo oferece possibilidades para a escola, juntamente com os educadores e a
comunidade escolar em geral, repensarem novas práticas educativas em novos
contextos sociais, com o desenvolvimento de atividades alternativas, e de fato,
voltadas para a realidade e a diversidade cultural dos discentes.

2. A INFLUÊNCIA DA DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL É


DESTACADA NA OBRA DO PINTOR VICTOR MEIRELLES DE LIMA

Quando paramos para refletir e analisar profundamente a cultura brasileira, podemos


até nos questionar, como surgiram tantas culturas? Será que estamos preparados
para lidar com a diversidade cultural existente? O que é de fato a construção de
identidades culturais dos povos? Ou, o que é o conceito de cultura?

Tais questionamentos surgem, e nos fazem repensar, questionamentos esses, que


devem ser pesquisados, estudados, analisados, e refletidos concretamente, em busca
de respostas objetivas e qualitativas. Precisamos entender de fato, a variedade, a
diversidade, os processos culturais dos povos, para então, podermos nos socializar
com as mais diversas pessoas através do diálogo, da amizade, da compreensão, da
solidariedade, do respeito para com o outro e suas diferenças.

Analisa-se, que um importante antropólogo, ao escrever sobre o conceito de cultura


afirma o seguinte:

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Não dirigido por padrões culturais – sistemas organizados de símbolos significantes –


o comportamento do homem seria virtualmente ingovernável, um simples caos de atos
sem sentido e de explosões emocionais, e sua experiência não teria praticamente
qualquer forma. A cultura, a totalidade acumulada de tais padrões, não é apenas um
ornamento da existência humana, mas uma condição essencial para ela – a
participação base de sua especificidade. (GEERTZ, 2008, p. 33).

De fato, a cultura é uma arte, é um sistema de símbolos e significados, isto é, a cultura


envolve diferenças e semelhanças, entre (linguagens, relações de parentesco,
gênero, religiões, crenças, vestimentas, cardápio, tradições, arte, economia, valores,
etc.), sendo estes, estabelecidos pelo grupo o qual as pessoas estão inseridas.
Contudo, entende-se por diversidade uma variedade, conforme afirma Anete
Abramowicz:

Diversidade pode significar variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é


qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a falta de igualdade
ou de semelhança. (ABRAMOWICZ, 2006. P.12)

Contemporaneamente, existe uma multiplicidade de culturas, de povos, de classe


social, etnia, religião, clima, economia, diferenças sociais e culturais, o que representa
que, “apenas hoje é assim, uma multiplicidade de culturas”. Mas de fato, a
multiplicidade de culturas e as diferenças sociais sempre existiram no Brasil. A
diversidade cultural faz parte da história do Brasil, o qual é composto por um território
amplo, extenso e diversificado. Verifica-se, através dos registros históricos, que muito
antes do descobrimento do Brasil pelo português Pedro Álvarez Cabral, em 22 de abril
do ano de 1.500, os indígenas já habitavam em território brasileiro, sendo que os
principais disseminadores da cultura brasileira são primeiramente os povos indígenas,
em seguida, os colonizadores europeus e os escravos africanos, e, posteriormente,
os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros.

Através de estudos aprofundados sobre diversidade cultural no Brasil, analisou-se, a


importante obra do pintor Victor Meirelles de Lima, o quanto obra de Victor é influente
e imprescindível para o ensino-aprendizagem na educação brasileira. A obra do pintor

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Victor Meirelles de Lima (A Primeira Missa no Brasil), é detalhada pelo pintor passo-
a-passo, o qual utilizou de conhecimentos sólidos e reais para elaborar a grandiosa
arte, assim como de referências, registros escritos e saberes precisos em relação aos
povos indígenas e aos povos europeus.

O pintor Victor Meirelles de Lima nasceu em Desterro, atual Florianópolis, capital do


Estado de Santa Catarina, em agosto do ano de 1832. Vindo de família de poucos
recursos financeiros, Meirelles começou a demostrar seu talento e seu gosto pela
pintura ainda menino, sendo que aos 14 anos de idade, o mesmo foi conduzido ao Rio
de Janeiro, para fazer parte do grupo de estudantes da Academia Imperial de Belas
Artes. Victor Meirelles de Lima fez parte da primeira geração de alunos da Academia
Imperial de Belas Artes, o qual se firmou como um dos grandes nomes no cenário
artístico nacional. O mesmo obteve do governo imperial, bolsas de estudos para
continuar os estudos na Europa, alternando de residência entre França e Itália, o qual
lecionou na Instituição até o fim do Regime Monárquico. É importante ressaltar, que
Meirelles desenvolveu a maior parte de sua carreira durante o Segundo Reinado,
entre os anos (1840 há 1889), encontrando no Imperador Dom Pedro II, um grande
admirador de suas obras, de suas pinturas. Meirelles dedicou-se três anos na
elaboração de sua esplêndida obra (A Primeira Missa no Brasil de 1859 há 1861),
quando conseguiu expô-la no Salão Oficial de Paris, sendo o mesmo o primeiro artista
brasileiro a participar de uma mostra internacional desse porte, fato esse, que marcou
não somente sua carreira como a própria história da Academia Imperial de Belas
Artes. Em 1876, a tela volta a ser exposta no exterior, na Filadélfia, juntamente com
outras composições do mesmo artista.

Certamente, a obra de Meirelles retrata momentos muito significativos na história do


descobrimento do Brasil, das populações, e da diversidade cultural presente dentro
do mesmo contexto social. A pintura de Victor Meirelles de Lima (A Primeira Missa no
Brasil) é realmente influente no contexto cultural do país, onde o pintor deixa explícito
de maneira mais real possível, a diversidade cultural do povo brasileiro ou do imigrante
no Brasil, um povo “misturado”, simples, de fé, que frequentavam os mesmos lugares,

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que se respeitam em seus costumes, crenças, vestimentas, ideais, tradições e em


suas diversas culturas.

Muitas pessoas precisam ter em mente, que ninguém nasce pronto e acabado, pois
um recém-nascido precisa de todo o cuidado necessário para sobreviver, crescer e
evoluir, assim é o conhecimento, ninguém nunca saberá tudo, pois o conhecimento
precisa ser primeiramente ensinado, em seguida estudado a fundo, para então,
adquirir o saber, e de fato, estar em constante atualização, pois até o que se sabe ou
se adquire como certo, é modificado século após século.

É necessário reverter o quadro de preconceitos sobre as diversas culturas, pois,


verifica-se, que ninguém nasce com preconceito sobre a cultura de outras pessoas,
da cor de pele, dos olhos, do cabelo, da altura, da magreza, da gordura exagerada,
das crenças religiosas, do machismo adquirido como, “as mulheres são seres frágeis”,
ou “quem usa roupa ou qualquer objeto cor – de - rosa é mulherzinha, homem que é
homem usa azul e não rosa”. Analisa-se, que o preconceito, a discriminação, e a
rebeldia para com as diferenças, vêm muitas vezes de dentro dos próprios lares
chamados - famílias, pois, é com as famílias que as crianças crescem e aprendem
muito até chegar à escola. O que nota-se muitas vezes, é que algumas crianças já
chegam à escola com piadas de mau gosto, como falar ou rir da cor de pele do colega,
da roupa simples que usa, ou até mesmo do cabelo meio “desarrumado”.

Muitas crianças, ainda na infância, já se mostram “carregadas” de preconceitos dentro


de si, em relação a qualquer diferença encontrada, tais preconceitos, certamente, são
adquiridos com aqueles que a criança convive. Em seguida, a análise da importante
obra do pintor Victor Meirelles de Lima.

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Figura 1 - A Primeira Missa no Brasil, em 1861. Óleo sobre tela, 268 x 356 cm,
MNBA/RJ. Fonte: Imagem ilustrativa do “Quebra-cabeça Primeira Missa no Brasil”,
Bharat Brasil. Disponível em: www.consuladodosbrinquedos.com.br/produto/quebra-
cabeca-primeira-missa-no-brasil-1000-pecas-bharat Brasil/ 1349. Acesso em: 19 jun.
2016.

Nota-se, através das imagens na tela, que o pintor Victor Meirelles de Lima, buscou
desenvolver uma arte real, não excludente sobre o descobrimento do Brasil, e sobre
a diversidade cultural presente no território brasileiro, onde indígenas e europeus
participavam democraticamente do mesmo contexto religioso (A Missa), essa
realizada no Brasil no dia 05 de maio do ano de 1.500 (Mil e quinhentos).

Meirelles representou a verdadeira diversidade cultural dos povos, o qual buscou


destacar em sua tela a óleo, a natureza harmoniosa e exuberante, com árvores altas,
coqueirais, vista para o mar, e a população indígena e europeia participando da
cerimônia religiosa. Verifica-se, a cruz grande de madeira no altar bem construído, o
Frei Henrique de Coimbra segurando a taça e erguendo-a com o cálice enquanto

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desenvolvia a Sagrada Missa. A pintura de Meirelles, simplesmente mexe com a


emoção e a sensibilidade de quem a vê, pelo fato de ser uma arte real “a mistura dos
povos”, com base na diversidade cultural do Brasil, no qual, Victor teve muitas fontes
escritas para elaborar o quadro, sendo que uma foi de muita influência, como, a carta
de Pero Vaz de Caminha, o qual descobriu o Brasil em 1.500 juntamente com Pedro
Álvarez Cabral.

A Carta de Caminha é um documento muito importante e significativo para a


compreensão dos fatos reais na época do descobrimento do Brasil. Caminha, escreve
em sua carta sobre a chegada ao Brasil, e o espanto dos portugueses ao se
depararem com os povos indígenas que já viviam em terra brasileira. O espanto dos
portugueses, certamente foi pelos costumes e os modos dos indígenas, modos esses,
que eram completamente diferentes dos portugueses, um exemplo de grande
diferença que se verifica de imediato é: os indígenas andavam “nus”, já os
portugueses andavam bem vestidos. A seguir o início da Carta a el-rei dom Manuel
sobre o descobrimento do Brasil, escrita por Pero Vaz de Caminha.

Senhor, posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães
escrevem a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se
agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar nisso minha conta a Vossa
Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba
pior que todos fazer! [....] E portanto, Senhor, do que hei de falar começo. E digo quê:
A partida de Belém foi – como Vossa Alteza sabe, segunda feira 9 de março. E
sábado, 14 dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto
da Grande Canária. E ali andamos todo aquele dia em calma, á vista delas, obra d de
Cabo Verde, a saber da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto. e
três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, ás dez horas mais ou menos,
houvemos vista das ilhas. FONTE: CAMINHA, 1974.

Nesse exemplo, por meio da narrativa, são apresentadas informações precisas acerca
de quando e onde ocorreram os fatos, marcadas por expressões adverbiais de tempo
(horas e datas) e de lugar (espaço geográfico). Ao lado das informações sobre o

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tempo e o lugar, também são apresentadas informações sobre o modo como as ações
se desenvolveram: “E ali andamos todo aquele dia em calma”.

Se continuarmos lendo o relato de Caminha, encontraremos várias passagens em que


ele descreve suas percepções do que foi encontrado pela expedição.

Ali veríes galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos
como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles
quarto ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas
andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela
tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as
curvas assim de tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com
tanta inocência assim descoberta, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos
andavam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e
pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece
uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um parece papagaio pardo
que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como
se os houvesse ali. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe
queriam pôr a mão.

Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe
cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase
nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em
uma taça; mal lhe puseram na boca; não gostavam dela nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas
não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu deles umas contas
de rosário, brancas; fez sinal que lhes dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as
no pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e
novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.
FONTE: CAMINHA, 1974.

A descrição de Caminha, enfatizando o estranhamento diante do povo desconhecido,


procura revelar impressões iniciais das características desse povo, sem pretender

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sistematiza-las ou explicá-las. São relatados alguns de seus aspectos físicos e


algumas de suas ações não condiz com os padrões de comportamentais dos
portugueses, o que provoca espanto e curiosidade. É a descrição do exótico, de um
“outro” cujas diferenças abalam nossas formas cristalizadas de compreensão, do que
seja a espécie humana, mas também nos ajudam a conhecer a entender esse “outro”.

Pode-se afirmar que a obra de Victor Meirelles de Lima é uma obra realista, inclusiva,
inspiradora e diversificada, pois o mesmo ressaltou da melhor forma possível os
personagens do contexto brasileiro, de maneira a abranger muitos aspectos culturais,
ambientais, religiosos, sociais entre outros.

É relevante, em nossa atualidade, as escolas e os professores/educadores, se


atualizarem, buscarem aprofundar seus estudos e se espelharem na obra de
Meirelles, a qual pode ser encontrada nos livros de história utilizados no contexto
escolar. Nota-se, a influência que têm a pintura e a imagem de Meirelles, a qual pode
ser trabalhada em sala de aula, debatida, e refletida com os discentes, na busca de
observar concretamente que as diferenças fazem parte da história, e que as mesmas,
são muito significativas para o conhecimento e para o ensino-aprendizagem. De fato,
o exemplo é que faz a diferença na construção de saberes ampliado, e a tela de
Meirelles, se analisada profundamente, oferece oportunidades, exemplos e pontos
positivos, esses, os quais podem ser trabalhados na escola e nos demais contextos
sociais, na busca de uma ampla conscientização sobre as diferenças. As diferenças
de vida, dos povos, de classe, economia, religião entre outros, são benéficas para
todos que desejam viver bem em sociedade, isto é, viver com as diferenças
eticamente, é saber respeitar a si próprio e aos outros. A pintura histórica de Meirelles
foi a mais valorizada na Academia em meados do século XIX. Como explica Coli
(1998, p. 117).

Meirelles atingiu a convergência rara das formas, intenções e significados que fazem
com que um quadro entre poderosamente dentro de uma cultura. Essa imagem do
descobrimento dificilmente poderá vir a ser apagada, ou substituída. Ela é a primeira
missa no Brasil. São os poderes da arte fabricando a história.

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Contudo, buscou-se analisar e ressaltar a grandiosa obra do pintor Victor Meirelles de


Lima (A Primeira Missa no Brasil), na busca de demostrar o quanto a diversidade
cultural é significativa na construção de uma sociedade justa, inclusiva e democrática.
Como se analisou, o Brasil é marcado pela cultura indígena, pelos habitantes
indígenas que já viviam no Brasil muito antes dos portugueses chegarem ao Brasil, e
antes mesmo, deste país vim a se chamar Brasil. É essencial refletir, que a mistura
dos diversos povos no mesmo contexto social é gratificante. Na obra de Meirelles, o
pintor deixa bem claro, a importância da diversidade cultural, das diferenças, do
conhecimento, do saber, e do respeito mútuo nas relações sociais, econômicas,
culturais, ambientais, religiosas etc.

2.1 A IMPORTÂNCIA DAS DIVERSAS CULTURAS NO ENSINO-


APRENDIZAGEM

É imprescindível analisar, que a cultura é um conjunto de conhecimentos, de


significados, ideias, crenças, valores, arte, representações simbólicas, linguagem,
religião, regras, economia, saberes construídos e acumulados por diversos grupos de
pessoas na sociedade, e transmitidos de geração em geração, por meio do processo
de assimilação - ensino-aprendizagem. Nesse sentido, podemos afirmar que a cultura
é:

Cultura é um conjunto de princípios (explícitos e implícitos) herdados por indivíduos


membros de uma dada sociedade, princípios esses que mostram aos indivíduos como
ver o mundo, como vivenciá-lo emocionalmente e como se comportar em relação ás
outras pessoas, ás forças sobrenaturais ou aos deuses e ao ambiente natural. Essa
cultura também proporciona aos indivíduos um meio de transmitir suas diretrizes para
a geração seguinte mediante o uso de símbolos, da linguagem, da arte e dos rituais.
Em certa medida, a cultura pode ser vista como uma “lente” herdada para que o
indivíduo perceba e entenda o seu mundo e para que aprenda e viver nele. Crescer
em determinada sociedade é uma forma de enculturação pela qual o indivíduo, aos
poucos, adquire a sua “lente”. Sem essa percepção de mundo, tanto a coesão, quanto

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à continuidade de qualquer grupo humano seriam impossíveis. (HELMAN, 2003, p.


12).

O Brasil é um país rico em conhecimentos, saberes e diversidade cultural, por outro


lado, não podemos deixar de acrescentar, a grande desigualdade social que existe no
Brasil. Por este motivo, verifica-se a importância de se obter na escola um ensino-
aprendizagem voltado ás mais diversas culturas brasileiras, pois é fundamental
trabalhar com os discentes a importância dos povos indígenas no Brasil, os quais
constituíram a população nativa do país, em seguida, os povos portugueses, os quais
colonizarão a nação, e posteriormente os negros africano que foram trazidos para o
Brasil, e explorado a força de trabalho dos mesmos. Os escravos eram considerados
pelos seus senhores como uma “mercadoria/ propriedade”, em outras palavras,
(negros – escravos dos senhores de posses de terras).

Analisando tais fatos, pode-se afirmar que não tem lógica a escola ou a sociedade
querer focar apenas uma cultura para ensinar valores, modos, costumes, crenças
entre outros, pois isso é alienar crianças, jovens e adultos em processo de
desenvolvimento e conhecimento. É fundamental, entendermos, que não existe
apenas uma cultura, mas sim, diversas culturas produzidas exclusivamente pelas
pessoas. Focar uma cultura em si, é se fechar para as demais, certamente, é viver
sem saber a amplitude dos conhecimentos humanos, dos valores de cada povo, e das
tradições das mais diversas culturas existentes. O antropólogo Claude Lévi – Strauss,
citado por Castro (2000), define cultura como:

O processo por meio do qual o homem dá sentido a si e a todas as coisas que o


cercam: a natureza e o outro com o qual estabelece relações de convivência. A cultura
não possui conteúdo em si mesma: é produto exclusivo da condição humana. O
homem é tanto seu produtor quanto é por ela produzido.

É importante ressaltar, que somos produto e produtores de diversas culturas, sendo


que é pela cultura que somos construídos, e de fato, contribuímos positivamente para
a construção ou para a continuação da cultura de geração em geração. Ou seja,
somos capazes de assimilar conhecimentos e utilizá-los em nosso favor, isto é, de

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produzir o que não temos, e enriquecer nossa cultura com novas e diversas atividades.
Como ressalta Guerreiro (2001).

A capacidade de simbolização e criação cultural permitiu-nos constituir uma


extraordinária característica: pensar no que não está presente, diante dos nossos
olhos. Essa capacidade de abstração e transcendência possibilitou superar as
limitações impostas pela natureza. Com isso, conquistamos o planeta e colocamos as
demais espécies sob nosso domínio. Somos capazes de elaborar uma vestimenta que
nos protegerá do frio e, assim, embora sem um organismo adaptado para tanto,
sobrevivemos em regiões árticas. Somos capazes de criar aviões e submarinos e,
sem asas ou nadadeiras, avançamos por ares e mares. Tornamo-nos os mais
poderosos do planeta. (GUERREIRO, 2001, p. 27)

É preciso refletir, que a escola quando não contempla as diferenças individuais e


sociais eticamente, essa assume uma postura antidemocrática que reduz a
diversidade, homogeneizando-a, desconsiderando de fato as características
socioculturais próprias e resultantes das vivências dos alunos. Em 1997, com a
publicação do documento Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o Ministério da
Educação e Cultura (MEC) tornou pública sua preocupação com a realidade escolar
e com as diferenças culturais nela presentes. Nesse documento, o Ministério da
Educação e da Cultura (MEC), admite que:

O Brasil apresenta uma composição populacional cuja heterogeneidade é tão


significativa que faz com que o país desconheça a si mesmo e, por isso, acabam por
prevalecer no ambiente escolar “vários estereótipos, tanto regionais quanto em
relação a grupos étnicos, sociais, e culturais” (BRASIL, 1997).

Contudo, analisa-se ainda, que quando a escola se fecha em seu mundo e se


acomoda em sua estrutura, ou “faz de conta” que não enxerga ou não valoriza os
saberes dos discentes no âmbito educacional, pode-se acrescentar, que tal escola
encontra-se totalmente desligada da realidade social de todos os alunos, assim como
do mundo globalizado.

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Desligada do que acontece lá fora de todos estes acontecimentos surpreendentes e


inesperados que não podem ser programados previamente. Desligada da realidade
cotidiana das crianças, do tipo de experiência ou de vivência no qual os alunos se
sentiriam á vontade. Desligada da realidade política que daria sentido ao ensino. (São
raras as aulas onde o que se escreve serve realmente para uma comunicação com o
mundo exterior ou onde a matemática é utilizada para a solução de problemas reais).
(HARPER, et al., 1980, p. 62)

Na escola o professor/educador deve ter uma visão ampla do que é diversidade


cultural, do quanto à diversidade é importante e fundamental para a vida em
sociedade, para a vida em grupos, e para a vida em comunidade/coletividade.

Analisa-se a seguir, a figura 2, a qual representa um pouco da diversidade cultural no


Brasil, onde, cada cultura de vários povos é formada por muitos elementos
significativos e qualitativos, entre eles pode-se destacar (etnia, crenças, ideais, mitos,
valores éticos e morais, festas populares, danças, objetos, tradições, alimentação,
vestimentas, trabalho, religião etc.).

Figura 2 - Diversidade Cultural: Cultura estampada nas vestes, na pele, nos gestos,
nas cores, nos objetos utilizados e nos movimentos realizados. Fonte:

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http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-diversidade-cultural-brasileira-
sala-aula.htm

Observa-se, que a cultura brasileira é um tema de extrema importância que deve ser
trabalhado na escola com os educandos no processo de ensino-aprendizagem, onde,
o ensino deve ser voltado para uma educação humana e multicultural, no sentido de
construir como princípio ético, o respeito e a convivência com as diversas realidades
existentes.

De acordo com o Artigo 4 – Os direitos humanos, garantia da diversidade cultural.

A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito á


dignidade humana. Ela implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as
liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem à
minoria e os dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para
violar os direitos humanos garantidos pelo direito internacional, nem para limitar seu
alcance. (UNESCO, 2002, p.3).

Portanto, o ensino-aprendizagem é mais significativo quando se busca trabalhar com


as diferenças sociais, culturais, ambientais, religiosas, econômicas entre outras.
Trabalhar com a diversidade em sala de aula, é fundamental para construímos um
mundo mais justo, mais ético, e muito mais compreensível e sensibilizado. Pois,
muitas vezes quem “julga” uma cultura ou uma religião, certamente é uma pessoa que
não possui uma consciência sólida, do quanto às diferenças são importantes,
significativas e complementares no dia a dia e na sociedade. Obviamente, as pessoas
que não aceitam as diferenças, não obtiveram conhecimentos precisos e concretos
quanto ao significado, a influência e o privilégio das diferenças na vida humana em
sociedade.

A diversidade deve ser reconhecida e compreendida como determinante na formação


de identidade. Portanto, pensar a diferença na escola é fundamental para realizar um
trabalho que reconheça a existência de diversos grupos culturais, com manifestações
específicas (visões de mundo, representações, etc.), que sejam capazes de perceber

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influências – sociais, culturais, e étnicas, presentes no cotidiano do/ aluno/ da aluna.


(BARREIROS; MORGADO, 2002, p. 93).

Carlos Rodrigues Brandão, um importante educador brasileiro, com relevantes obras


na área da educação e também na de antropologia, no livro – A educação como
cultura, ao tratar do tema, afirma:

Pois somos a única espécie que, munida de um mesmo aparato biopsicológico, ao


invés de produzir um único modo de vida, ou maneiras de ser muito semelhantes,
geramos quase incontáveis formas de ser e de viver no interior de inúmeras
variedades de culturas humanas. (BRANDÃO, 2002, p. 23)

De tal forma, somos de fato todos da mesma espécie, mas em relação á cultura, não
há igualdade, somos todos diferentes nas crenças, nos costumes, isto é, as diferenças
culturais são produzidas historicamente. Se imaginarmos um mundo sem diversidade,
devidamente poderíamos pensar num mundo sem abrangência, e sem a variedade
de conhecimento que temos, pois seríamos todos “um povo da mesma cultura”, e
nesse contexto, não haveria as diferenças para complementar as relações entre as
pessoas e o mundo. Por isso, a escola precisa estimular as diferenças e dar
significados, na busca de oportunizar e produzir saberes em diferentes níveis de
aprendizagens, segundo Soares (2003 pág. 161).

As diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são para explicar
que homens e mulheres negros e brancos, distinguem entre si, é antes entender que
ao longo do processo histórico, as diferenças foram produzidas e usadas socialmente
como critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão.

As diferenças culturais são essenciais em todas as sociedades, pois são as diferenças


que fazem a diferença, é a diversidade que oferece oportunidade de conhecer o outro,
de respeitar, entender, analisar e estudar os conhecimentos culturais passados, na
busca de enriquecer as diversas culturas do presente.

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Certamente, quando nos deparamos com as diferenças, essas mesmas diferenças


nos fazem refletir, e ampliar nossa visão de mundo, de sociedade, de saberes, de
valores éticos e morais. Carvalho (2013), afirma:

É preciso valorizar a diversidade em conjunto com as teorias e culturas, para assim


sobrepor as barreiras e colisões que existem na sociedade ofertando desse modo
melhorias no âmbito educacional da maneira que se espera para o desenvolvimento
do país... Uma educação acolhedora que tem em vista considerar em toda área
educacional todos os estudantes no seu beneficio à escolarização. (CARVALHO,
2013)

Porém, a escola como função social, deve garantir a socialização, a valorização da


diversidade cultural humana, à ética, a moral e o respeito mútuo para com as
diferenças entre todas as pessoas, principalmente com as famílias dos alunos e com
os alunos inseridos no contexto escolar. Sejam famílias tradicionais ou não, todos
devem ter acesso ao conjunto de conhecimentos produzidos e acumulados
historicamente e socialmente pela humanidade. É imprescindível compreender, que
quando se fala de família na escola, na participação das atividades dos filhos, tem que
haver o entendimento que a escola precisa saber respeitar e aceitar eticamente os
diferentes tipos de família da atualidade, de modo a vim atender á diversidade, e
contemplar as diferenças dentro e fora da escola. Em relação á constituição familiar,
Lima (2009), contribui para com essa análise. Não podemos criar em nossas mentes
modelos de família tradicional ou ideal. Lima (2009) acrescenta o que deve ser
considerado pela escola em relação à participação da família:

Um outro aspecto a ser considerado é a participação dos pais no processo pedagógico


e nas discussões relativas á diversidade. Assim como a escola passou por
transformação ao longo da história, a família também. Essa constatação nos faz
pensar sobre os diferentes tipos de família na atualidade, essas mudanças familiares
refletem diretamente na escola e na relação entre as crianças. Vale destacar que
essas diferenças devem ser consideradas na prática educativa de modo a não criar
situações de discriminação e preconceito com as crianças que não possuem uma

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família nos moldes tradicionais e presentes muitas vezes nas imagens de livros
didáticos: pai, mãe e dois filhos. (LIMA, 2009, p. 20)

É essencial que a escola, os professores, e todos aqueles que compõem a equipe


escolar, saibam desenvolver um ensino-aprendizagem baseado na experiência dos
discentes que chegam até a instituição de ensino, onde a escola deve reconhecer que
para educá-los, é necessário conhecer o meio o qual os alunos vivem, isto é, a escola
deve buscar saber da cultura, da vida, da família, do sofrimento, dos sonhos e das
alegrias dos educandos. A respeito disso, é interessante lembrar-se do poema de
Vidal Didonet, citado por Campos (2005), no poema (Para você me educar), que diz:

Você precisa me conhecer. Precisa saber da minha vida, meu modo de viver e
sobreviver. Conhecer a fundo as coisas nas quais eu creio e ás quais me agarro nos
momentos de solidão, desespero e sofrimento. Precisa saber e entender as verdades,
pessoas e fatos aos quais atribuo forças superiores ás minhas e ás quais me entrego
quando preciso ir além de mim mesmo.

Para você me educar, precisa me encontrar lá onde eu existo, quer dizer, no coração
das coisas, nos mitos e nas lendas, nas cores e movimentos, nas formas originais e
fantásticas, na terra, nas estrelas, nas forças dos astros, do sol e da chuva. Para você
me educar, precisa estar comigo, onde eu estou, mesmo que venha de longe e que
esteja muito adiante. Só há uma forma de construí-lo: a partir de mim mesmo de do
meio em que vivo. [....]

Contudo, a escola jamais pode reproduzir desigualdades sociais, culturais, e


econômicas, religiosas, princípios ideológicos, entre outros, pois tal conduta é
antiética, e de fato, fragmenta o processo de ensino-aprendizagem dos discentes,
criando barreiras e bloqueios. Percebe-se, que a escola quando não exerce um papel
democrático nos diversos contextos sociais, certamente a mesma, busca privilegiar a
classe dominante, e exclui a democracia e a igualdade para com a maioria de seus
alunos.

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2.3 A DIVERSIDADE CULTURAL NO DESENVOLVIMENTO DA


CIDADANIA E NA PRESERVAÇÃO DE VALORES ÉTICOS E MORAIS

Pensar na educação de forma ética e democrática é sem dúvidas pensar na


diversidade cultural, na cidadania, na inclusão social, na preservação de valores éticos
e morais, e no bem comum de todas as pessoas. Observa-se, que se faz necessário
uma educação voltada para a diversidade cultural, onde a educação deve estar
interligada há projetos educacionais e propostas de intervenções pedagógicas
consistentes, que compreendam socialmente o mundo de vivências onde os discentes
estão inseridos, como também, que compreenda o mundo de forma global, isto é, uma
educação que seja capaz de formar pessoas cidadãs que saibam se colocar no lugar
do outro, na cultura do outro, na vida, na alegria, no sofrimento do outro, que saibam
viver eticamente no meio social, onde as pessoas devem desenvolver atitudes de
respeito á alteridade e se tornarem visíveis às diferenças socioculturais existentes em
todos os contextos sociais. Vejamos o que afirma Libâneo, ao falar em sentido amplo
da educação (1994):

Em sentido amplo, a educação compreende os processos formativos que ocorrem no


meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável
pelo simples fato de existirem socialmente, neste sentido, a prática educativa existe
numa grande variedade de instituições e atividades sociais decorrentes da
organização econômica, política e legal de uma sociedade, da religião, dos costumes,
das formas de convivência humana. (LIBÂNEO, 1994, p. 17)

Ser portador ou portadora de uma cultura diferente do outro, é obvio que não torna
ninguém mais cidadão, mais ético, mais importante ou menos importante que as
demais pessoas portadoras de outras culturas. Conforme La Taille, citado por Rossein
(2006, p. 169):

A teoria de Piaget vai ao encontro das características da sociedade democrática


moderna [....]. O sistema democrático pede a cooperação. Basta verificar quais são
suas exigências: levar em conta o ponto de vista alheio, respeitá-lo, fazer acordos,
negociações, contratos com o outro, admitir e respeitar as diferenças individuais,

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conviver com a pluralidade de opiniões, de crenças, de credos etc. Além do mais,


pelas características do mundo moderno, somos cada vez mais levados a ter de
encontrar e nos relacionar com pessoas e culturas diversas, de formação diversa, de
religiões diversas [....]. Como diz Piaget, a nova exigência é a de coordenar os
diversos pontos de vista e diferenças e não mais de reduzi-los através de modelos a
serem imitados por todos.

A cultura de cada cidadão deve ser privilegiada, respeitada eticamente e valorizada


em todos os contextos sociais. Verifica-se, o quanto as regras culturais são essências
para a construção da cidadania, para o viver bem em sociedade, e para a formação
digna da espécie humana. Obviamente, nossos sentimentos, nossas ações, nossos
valores, nossos juízos morais, éticos e religiosos são compostos culturalmente pelas
regras que aprendemos com nossos familiares, com o nosso grupo social, sendo que
com o tempo, podemos seguir ou não os valores adquiridos, na busca de preservar,
construir ou acrescentar ao longo da vida, novos valores, novas crenças ou uma nova
ordem. Nesse sentido Passador (2001) acrescenta:

Essa ordem, que é a ordem humana por definição, tem por princípio e fundamento as
regras que produzimos e sobre as quais alicerçamos a possibilidade de sermos
humanos. Sem regras, seríamos incapazes de produzir ordem e sentido para nossas
ações e pensamentos e, consequentemente, para a realidade que vivemos e
produzimos. Sem elas, não seríamos a espécie de homem que somos. (PASSADOR,
2001, p. 62).

Em 10 de dezembro do ano de 1948, em assembleia geral, a Organização das Nações


Unidas (ONU) proclamou e adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
importante documento que norteia as políticas públicas em relação aos cidadãos e
cidadãs, bem como o seu respeito deve também fazer parte das relações entre as
nações. Dada à importância do tema e a frequência com que a violação dos direitos
humanos se faz presente no nosso cotidiano, vamos relembrar os artigos primeiro,
segundo e sétimo da Declaração:

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Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São


dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas ás outras com o
espírito de fraternidade.

Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades


estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo VII – Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a
igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação
que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
(ONU, 1948).

É imprescindível a escola observar, que cada aluno é produto de um conjunto de


experiências, de vivências, e de sonhos nos mais diferentes espaços sociais dos quais
participa.

A homogeneização dos sujeitos como alunos corresponde à homogeneização da


instituição escolar, compreendida como universal. A escola é vista como uma
instituição única, com os mesmos sentidos e objetivos, tendo como função garantir a
todos o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente acumulados pela
sociedade. Tais conhecimentos, porém, são reduzidos a produtos, resultados e
conclusões, sem levar em conta o valor determinado dos processos. (DAYRELL,
1996, p. 139)

Todavia, é necessário convivermos com as diferenças, a fim de reconhecê-las,


respeitá-las, como também, crescer pessoalmente e profissionalmente através das
diferenças, da diversidade. Na escola, para a construção da cidadania, da ética e da
moral, é preciso que a escola saiba se adaptar as mais diversas culturas de seus
discentes, na busca de preservar valores, crenças, tradições, como também, um
ensino-aprendizagem democrático em todos os contextos sociais. Banks, citado por
Candau (2002b), defende:

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O que precisa ser mudado não é a cultura dos alunos, mas a cultura da escola, que é
construída com base em um único modelo cultural, o hegemônico, apresentando um
caráter monocultural. A educação multicultural é um movimento reformador destinado
a realizar grandes mudanças no sistema educacional. Concebe como a principal
finalidade da educação multicultural favorecer que todos os estudantes desenvolvam
habilidades, atitudes e conhecimentos necessários para atuar no contexto da sua
própria cultura étnica, no da cultura dominante, assim como para interagir com outras
culturas e situar-se em contextos diferentes dos de sua origem.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), a moral é o conjunto


de princípios, crenças, regras que orientam o comportamento dos indivíduos nas
diversas sociedades é no campo da moral que dominam os valores relacionados ao
bem e ao mal, como aquilo que deve ser buscado ou de que se deve afastar.

Assim, tornasse necessária a elaboração de critérios que classifiquem as ações


como boas ou más corretas ou inadequadas, e que orientem e justifiquem
a escolha do cidadão.

A ética, por sua vez, é a reflexão crítica da moral e serve para verificar a
coerência entre práticas e princípios, questionando e/ou reformulando os valores
e as normas estabelecidas pela moral. Observa-se, que quando a cidadania, a ética
e a moral estão presentes nas relações sociais e no contexto escolar, certamente
estes valores, proporcionam conhecimentos amplos, concretos e uma conduta
humana para os educandos em fase de escolarização. Segundo Boff (2003, p. 38):

Ética é a parte da filosofia. Considera concepções de fundo acerca da vida, do


universo, do ser humano e de seu destino, estatui princípios e valores, orientam
pessoas e sociedades. Partamos dos sentidos da palavra ethos, donde deriva ética.
Constatamos que a escrita da palavra ethos aparece em duas formas, [....]
significando a morada humana e também caráter, jeito, modo de ser, perfil de uma
pessoa; e [....] querendo dizer costumes, usos, hábitos e tradições.

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Precisa-se de uma escola, composta por educadores e gestores que saibam


diferenciar a ética da moral, buscando nesse sentido, acrescentar tais valores no
ensino-aprendizagem dos discentes no contexto escolar. Em relação à diferenciação
dos termos, Sung e Silva (2007, p. 13), argumentam que geralmente:

Visa-se distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e


convenção social dos princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. O conceito
de ética é usado aqui para se referir á teoria sobre a prática moral. Ética seria então
uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que
regem um determinado sistema moral (dimensão prática).

De fato, o respeito para com a diversidade cultural é uma questão de ética, educação,
e princípio humano. A Constituição de 1988 em seu Art. 5° deixa bem explícito que
todos são iguais perante a lei, e acrescenta:

Educação, direito de todos e dever da família e do estado, é a base para a construção


e o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, solidária e livre, e contribui tanto
para o desenvolvimento individual, quanto para o desenvolvimento social. No Brasil
são marcantes as diferenças regionais e sociais, portanto, na escola convivem
pessoas das mais diversas origens, raças, credos, gênero e condições sociais; isto é,
nela encontramos o retrato dessa mistura que traduz a diversidade do povo brasileiro,
e para qual os educadores precisam se preparar e desenvolver ações que cumprem
o preceito constitucional de que “todos são iguais perante a lei” (CF, Art. 5.°).

Observa-se, diariamente, como é comum a escola ensinar muitas regras, sendo


essas, regras de memorização, decoreba e crendices fora da vida prática dos
discentes. Contudo, no contexto escolar, é preciso ensinar aos educandos o caminho
dos valores, da ética, da moral e da diversidade, de forma que alunos possam
aprender a conviver eticamente com as diferenças em sociedade, em
comunidade/coletividade. Thums (2003, p. 405) afirma que:

É preciso saber os caminhos da cultura, conhecer as motivações das pessoas nos


respectivos grupos sociais e tentar proporcionar formas de vida possíveis em meio á

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miséria e á intolerância. O elemento do bem comum é um dos mais significativos no


momento atual da sociedade brasileira. É preciso valorizar as ações destinadas á
coletividade, de forma justa e equitativa, bem como evitar as condições de
miserabilidade das pessoas. Esta é uma forma urgente de salvaguardar a cidadania.

Portanto, verifica-se o quanto se faz necessário no contexto escolar o educar para


vida. Educar, com base em ensinamentos e em valores fundamentais para se viver
bem em sociedade, valores esses, que não se memoriza, nem escreve e reescreve,
mas que os discentes concebem através de uma aprendizagem concreta, qualitativa
e significativa em diversos contextos. Obviamente, uma escola democrática saberá
desenvolver nos discentes atitudes éticas, sensibilidades, solidariedade, pensamento
crítico, e real para viver em sociedade e se entrosar com as diferenças. Conclui-se,
que a escola deve formar os educandos para serem capazes de se desenvolveram
como cidadãos livres e não alienados pela mídia, ou pela sociedade, onde o ensino-
aprendizagem escolar deve ser crítico, e voltado há valores.

3. METODOLOGIA

Na procura de analisar e obter resultados qualitativos sobre a importância das


diversas culturas no ensino-aprendizagem, no desenvolvimento da cidadania e na
preservação de valores éticos e morais, a realização e conclusão desde trabalho
fundamentou-se em pesquisa bibliográfica exploratória, realizada na biblioteca do
município de Bela Vista da Caroba – PR, e na biblioteca Universitária do Polo de
Capanema – PR, da Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER). Onde, utilizou-
se de (livros de metodologia científica, obras literárias e didáticas, artigos científicos,
dicionários, revistas, jornais etc.). Na pesquisa identificou a necessidade da escola,
juntamente com os professores e a comunidade escolar em geral, desenvolver
práticas de ensino-aprendizagem diversificadas e concretas, baseadas na realidade
sociocultural dos educandos que a instituição de ensino recebe na busca de valorizar
cada cultura de cada discente que chega até a escola trazendo histórias, crenças,
tradições, opiniões, sonhos, alegrias e sofrimentos. Como também, é preciso que a
diversidade cultural, seja dialogada em casa pelos pais para com seus filhos, na busca
de construir consciência do quanto às diferenças são importantes e necessárias para

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a vida em sociedade, assim como o respeito aos valores éticos e morais de cada
pessoa.

A pesquisa bibliográfica científica foi realizada com base em material bibliográfico


referente ao assunto abordado, (diversidade cultural), analisada em escritos
meramente pedagógica sob a visão de vários autores, assim como suas obras. Na
busca por obter respostas aos questionamentos suscitados pela consecução das
metas estabelecidas, optou-se pelo estudo de natureza qualitativa, que para Gil
(1999):

O uso dessa abordagem propícia o aprofundamento da investigação das questões


relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima
valorização do contato direto com a situação estudada, buscando-se o que era
comum, mas permanecendo, entretanto, aberta para perceber a individualidade e os
significados múltiplos.

Através do estudo de natureza qualitativa, foi possível compreender os valores


construtivos, ético, moral e as relações sociais. O conteúdo abordado foi desenvolvido
com base em análise crítica, investigativa, pesquisa ativa, e conhecimentos sólidos
sobre o tema norteador do trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisou-se, durante o desenvolvimento do trabalho científico, que a escola, a


sociedade e a população em geral, devem obter uma consciência ética e moral, na
busca de compreender profundamente as diferenças culturais e sociais de cada povo,
de cada grupo/comunidade. É fundamental, o respeito mútuo para com os diferentes
grupos e culturas que compõem a sociedade, como também, é preciso desenvolver
convivências com os diversos grupos de pessoas, e utilizar-se das diferenças, para o
enriquecimento cultural e social do país.

Contudo, é imprescindível que a instituição escolar busque valorizar os saberes dos


alunos que chegam até a escola na busca de conhecimentos significativos, pois, tais

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discentes, já trazem uma bagagem de conhecimentos, experiências, vivências, e,


sobretudo, de cultura.

A escola precisa ser ética, democrática, flexível, e sensível para com as diferenças,
na busca de abrir caminhos e possibilitar oportunidades para os discentes se
apropriarem de conhecimentos críticos e científicos, através de interações com os
demais colegas, de cooperação, coletividade, e construção de identidades a partir das
diferenças. É preciso uma escola, que saiba desenvolver uma metodologia de ensino
concreta, diversificada, ética, humana e qualitativa, com o objetivo de desenvolver
habilidades e competências necessárias para o exercício da cidadania plena dos
alunos.

Com isso, as escolas, juntamente com seus educadores e a comunidade escolar em


geral, devem valorizar a pluralidade cultural, isto é, garantir um processo de inclusão
social diversificado, de modo a beneficiar á todos os alunos, respeitando as
necessidades e as possibilidades de desenvolvimento de cada educando.

Valorizar a diversidade cultural, as várias formas de ver o mundo, de se expressar e


de se relacionar com a comunidade escolar, são mudanças necessárias para que a
escola desenvolva a aprendizagem da convivência, do respeito e da tolerância,
cumprindo assim o que prevê a Lei de Diretrizes e Bases – LDB 9.394/ 96 em seu
primeiro artigo.

O tema abordado resultou em um amplo aprendizado em questão á problematização


apresentada, como também, de reflexão crítica acerca da realidade dos fatos
estudados, assim como, de compreensão dos diversos contextos sociais, da análise
da importante obra do pintor Victor Meirelles de Lima (A Primeira Missa no Brasil),
onde, Meirelles ressalta em sua pintura, a diversidade cultural existente no Brasil.
Certamente, a obra marcou a história do Brasil, onde Meirelles fez questão de incluir
em sua tela os povos indígenas e os povos europeus participando do mesmo contexto
religioso, na Missa do Frei Henrique Coimbra.

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As culturas diversificadas proporcionam conhecimentos aprofundados, ricos em


saberes e essencial à conduta humana, contudo, conhecer e participar de outras
culturas, certamente, oferece para crianças, jovens, adultos e idosos, maiores
oportunidades e capacidade de estabelecer laços e se desenvolver fisicamente e
cognitivamente, através do contato com diversas realidades, atividades e com
diferentes pessoas, o que pode auxiliar, por exemplo, no desenvolvimento da
(memória, percepção, imagem mental, raciocínio, linguagem, entre outras).

Em forma de conclusão do artigo científico, pode-se afirmar que as contribuições


trazidas pelo trabalho foram meramente qualitativas e significativas, porém, é preciso
acrescentar, que se faz necessário, estudos continuados e aprofundados sobre o
tema diversidade cultural, para então, podermos atingir novas metas, novos objetivos
e novos resultados na inclusão social, e em relação às diferenças culturais, tanto no
contexto formal, quanto no contexto não formal.

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